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Revista Agropecuária Catarinense - Nº39 setembro 1997

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Revista RAC da EPAGRI sobre pesquisa agropecuária e extensão rural

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.10, n.3, p.1-60, setembro 1997

3 e 422 a 25

2637 e 38

4754 e 55

60

Agribusiness ..........................................................................Registro ...............................................................................Novidades de Mercado ..................................................................Flashes ................................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Pesquisa em Andamento ..........................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

5

9

12

16

20

42

48

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T e c n o l o g i a

Potencial de produção de feno de campo natural de Planossolo,no Rio Grande do SulArtigo de Carlos Alberto Lajús, Lotar Siewerdt e Frank Siewerdt .........................

Mortalidade perinatal em ovinos no Planalto Serrano CatarinenseArtigo de Guilherme C. Coutinho, Edison Martins,Vera Maria V. Martins e Luiz Carlos Greiner .........................................................

Caracterização dendrológica da floresta com araucária- resultados preliminaresArtigo de Luiz Cláudio Fossati, Laerte Bonetes,André Luís Wendt dos Santos, José Hilário Koehler ............................................

Adoção de práticas de conservação do solo em microbaciasdo Meio Oeste CatarinenseArtigo de Milton da Veiga e Osmar Luiz Trombetta .............................................

“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga nacitricultura catarinenseArtigo de Luís Antônio Chiaradia e José Maria Milanez ........................................

Avaliação de dez cultivares de capim-elefante no Litoral Sul CatarinenseArtigo de Simião Alano Vieira e Augusto Carlos Pola ..........................................

EPAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieiraArtigo de José Luiz Petri, Frederico Denardi e Atsuo Suzuki ................................

Doença açucarada do sorgo forrageiro em Santa Catarina: diagnose e controleArtigo de Amauri Bogo ........................................................................................

Eliminação do escapo floral em diferentes estádios de crescimentode três cultivares de alhoArtigo de Tosiaki Kimoto, Marie Yamamoto Reghin, João Bosco Carvalho da Silva,José Walmar Setúbal, Marleide Magalhães de Andrade Limae Rosa Lúcia Rocha Duarte ...................................................................................

R e p o r t a g e m

Floresta Nacional tem projeto de educação ambientalReportagem de Paulo Sergio Tagliari ................................................................

Pequeno agricultor vira microempresário ruralReportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari ....................................................

27 a 36

39 a 41

O p i n i ã o

Editorial ..................................................................................................................

O solo em perspectivaArtigo de José Augusto Laus Neto .........................................................................

Agricultura Familiar... agricultura “insuficiente”?Artigo de Eros Marion Mussoi ................................................................................

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Esta edição da revista Agropecuária Catari-nense traz mais uma reportagem sobre florestas,desta feita destacando a função da Flona (Flo-resta Nacional) de Três Barras na educaçãoambiental.

Uma segunda reportagem aborda outro temade grande importância para Santa Catarina, queé a busca de alternativas de renda para a pequenapropriedade, caso da produção de vassouras nomunicípio de Araranguá.

A parte técnica desta edição traz nove arti-gos, um deles também sobre florestamento, osdemais enfocando fruticultura, alho, ovinocul-tura, forrageiras e outras áreas de interesse donosso público-alvo.

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2 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Airton Rodrigues Salerno, Amaro Hillesheim, ArmandoCorrêa Pacheco, Áurea Tereza Schmitt, Cézar Mário LautertDuarte, Edison Xavier de Almeida, Giovanina Fontanezzi Huang,Ivan Dagoberto Faoro, Jefferson Araújo Flaresso, José RivadaviaJunqueira Teixeira, Milton Geraldo Ramos, Murilo Pundek,Osmar de Moraes, Paulo Antonio de Souza Gonçalves, SiegfriedMueller

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Souza,Mariza T. Martins

CAPA: IBAMA e Gilson Gallotti

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Marlete Maria da Silveira Segalin, Rita de Cassia Philippi, SelmaRosângela Vieira, Vânia Maria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e MirnaBianchini Vali/Rosane Chaves Furtado e Zulma Maria VascoAmorim - GMC/EPAGRI, C.P. 502, Fones (048) 234-1344 e234-0066, Ramais 245 e 243, Fax (048) 234-1024, 88034-901 Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GED/EPAGRI - Fone (048)234-0066, Ramal 263 - Fax (048) 234-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566- Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone (051)221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela EPAGRI (1997- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE SETEMBRO DE 1997

Impressão: EPAGRI CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da EPAGRI- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, Fones (048) 234-1344 e 234-0066, Fax(048) 234-1024, .88034-901 Florianópolis, Santa Catarina,Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Osvaldo Carlos Rockenbach,Editor-Técnico: Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assis-tentes: Marília Hammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Osvaldo Carlos RockenbachSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Carlos Luiz Gandin,Roger Delmar Flesch

A EPAGRI é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

Santa Catarina: uma imagem a preservarSanta Catarina: uma imagem a preservarSanta Catarina: uma imagem a preservarSanta Catarina: uma imagem a preservarSanta Catarina: uma imagem a preservar

O Estado de Santa Catarinasempre se destacou como uma dasunidades mais desenvolvidas daFederação, tanto nos aspectos eco-nômicos como social. Isto se com-prova pelo nível tecnológico dossetores agrícola e industrial e peladistribuição de renda - menos con-centrada que no resto do país.

A pequena propriedade famili-ar catarinense é considerada mo-delo em termos de exploração agrí-cola principalmente pela diversifi-cação da produção e pelaintegração com a agroindústria. Osetor agroindustrial é outra marcaregistrada catarinense, que tam-bém serve de modelo ao país e aomundo.

Esta situação de destaque emdiversas oportunidades serviu deexemplo e ensejou visitas de orga-nismos nacionais e internacionais,seja de países desenvolvidos, sejade países em desenvolvimento.

A ocupação do territóriocatarinense foi feita inicialmenteno Litoral por imigrantes euro-peus de índole aventureira e em-

preendedores. Mais tarde o Planaltofoi ocupado por pioneiros valorososque partiram de São Paulo e poste-riormente do Rio Grande do Sul. Ebem mais tarde o Oeste e o Vale doRio do Peixe foram colonizados poragricultores filhos de imigranteseuropeus vindos do Rio Grande doSul. Esta gente, através de muitaluta e sacrifício, abriu caminhos,construiu cidades, implantou umparque industrial invejável e de-senvolveu uma agricultura moder-na e rentável.

Apesar de tantos motivos de or-gulho e de tantas realizações, nossoEstado ultimamente vem ocupandoa mídia nacional e internacional poroutras razões.

O que é preciso dizer com ênfasenesta hora é que o povo catarinense,o trabalhador urbano ou rural, nãotem nada a ver com as suspeitas deirregularidades que vem abalandoa nação no chamado escândalo dosprecatórios. Na verdade estas de-núncias só admitem duas situações:ou são verídicas ou são falsas. Emambos os casos estão envolvidos ino-

centes e culpados e o que se esperaé distingui-los e identificá-los omais brevemente possível, a bemda verdade e da justiça.

Infelizmente estamos diante deum jogo político - político no mausentido - em tudo lamentável ereprovável que leva à opiniãopública a seguinte impressão: outemos um governo inconseqüenteou mal-intencionado capaz de to-das as irregularidades de que oacusam, ou temos uma oposiçãotambém inconseqüente e mal-in-tencionada que busca alcançar opoder pela via da mentira, da ca-lúnia e do golpe.

De todo o modo o que a socieda-de espera e merece é que tudoaquilo que foi conquistado econstruído com tanto sacrifício pelopovo catarinense seja preservado.Somente assim as gerações futu-ras terão orgulho dos seus ante-passados que souberam construirum Estado de progresso, respei-tando a personalidade de cadacidadão e deixando opções aber-tas para as gerações futuras.

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AGRIBUSINESS

Algodão: produtividadeAlgodão: produtividadeAlgodão: produtividadeAlgodão: produtividadeAlgodão: produtividadeé a soluçãoé a soluçãoé a soluçãoé a soluçãoé a solução

Andrew Macdonald, diretorde Alpargatas-Santista e coorde-nador da Comissão de Algodão daABIT (Associação Brasileira daIndústria Têxtil), diz que a solu-ção para ampliar a produção dealgodão no Brasil é a mesma ado-tada pelo setor industrial: aumen-to da produtividade e redução decustos. “Hoje existe um círculovicioso: o produtor não planta,por estar quebrado e não ter em-préstimo de custeio. Como o re-torno do seu investimento é insu-ficiente - por causa da produtivi-dade baixa e dos altos custos decolheita, o banco não quer em-prestar”, explica.

O remédio, segundo ele, nãoé a redução do financiamento aoalgodão importado ou o aumentode sua alíquota. “É preciso facili-

tar a obtenção, pelo produtor, detecnologia mais moderna, se-mentes de qualidade e mecani-zação - aumentando a produtivi-dade, reduzindo custos de co-lheita e gerando maior rendapara quem produz algodão noBrasil. É a receita que está sendoadotada com sucesso no MatoGrosso, Goiás e São Paulo”, diz.

Macdonald acredita que, es-tendendo essas medidas a todo opaís, o algodão se tornará rentá-vel para o produtor, o Brasil dei-xará de importar 1 bilhão dedólares por ano, podendo voltara exportar esse produto. “Outravantagem será o aumento doemprego no campo, agora maisqualificado”, garante ele.

Informações pelo fone(011)815-3988.

Mercado de hortaliças cresce eMercado de hortaliças cresce eMercado de hortaliças cresce eMercado de hortaliças cresce eMercado de hortaliças cresce eincentiva investimentos no Brasilincentiva investimentos no Brasilincentiva investimentos no Brasilincentiva investimentos no Brasilincentiva investimentos no Brasil

Acreditando no crescimentodo mercado de hortaliças no Bra-sil, a empresa Seminis VegetableSeeds-SVS do grupo mexicanoPulsar, que detém ao redor de20% do mercado mundial de se-mentes de hortaliças - está am-pliando sua atuação no país. “Oconsumo de hortaliças (frescas,congeladas ou em fast-foods) temaumentado bastante nos últi-mos anos, como reflexo da novarealidade econômica e da profis-sionalização dos produtores queinvestiram para diversificar emelhorar a qualidade dos produ-tos”, afirma o Gerente deMarketing da empresa, MárcioNascimento. É nesse segmento- o de agricultores profissio-nais - que a SVS atua. Hoje,detém cerca de 30% do mercadobrasileiro com quatro marcascomerciais (Asgrow, Petoseed,Royal Sluis e Bruinsma) etem metas para crescer rapida-mente, na ordem de 10 a 12% aoano.

Com sede em Campinas, SP,a empresa tem um faturamentomundial da ordem de US$ 360milhões ao ano. O principal dife-rencial da SVS é a constantepreocupação em oferecer alter-nativas rentáveis aos olericul-tores, com a introdução de novi-

dades que agradam o consumidor.A alface americana (a alfacecrocante dos lanches McDonalds),o brócolis-de-cabeça, os pimen-tões coloridos (amarelo, creme,roxo entre outros), os tomateslonga-vida, os pepinos sem semen-tes, a linha de melões nobres emuitos outros foram trazidos parao Brasil de forma pioneira pelaSVS. Esses produtos foram de-senvolvidos em diferentes paísese depois adaptados ao Brasil naEstação Experimental da empre-sa em Paulínia, SP, região de Cam-pinas.

“O mercado brasileiro estácrescendo e queremos crescerjunto, oferecendo o que há demais moderno em tecnologia desementes e atendendo ao novomodelo de consumo no país”, ex-plica Nascimento. Além datecnologia de sementes, adquiri-da pela experiência de anos demercado em vários países, a SVSmantém no Brasil uma infra-es-trutura de distribuição e assistên-cia técnica, que está sendo refor-çada para prover um melhor ser-viço aos usuários.

A sede da Seminis VegetableSeeds fica na Rua Sampainho no

438, em Campinas, SP. Mais infor-mações pelo Fone (019) 252-0555ou Fax (019) 255-8631.

TTTTTomates longa-vida com saboromates longa-vida com saboromates longa-vida com saboromates longa-vida com saboromates longa-vida com saborchegam ao mercadochegam ao mercadochegam ao mercadochegam ao mercadochegam ao mercado

Um novo tomate do tipo lon-ga-vida, o Donador, está chegan-do ao mercado brasileiro com al-gumas novidades: é saboroso,mais produtivo e as sementesestão sendo oferecidas a um cus-to menor que as demais do mes-mo segmento. Os tomates tipolonga-vida têm este nome por-que duram mais após a colheita,diminuindo as perdas no cami-nho entre o campo e a mesa doconsumidor. Desenvolvido naHolanda pela Bruinsma, empre-sa coligada à Asgrow, o híbridoDonador é precoce (ciclo de 100 a110 dias) e rende quase 1kg amais por pé em relação aos de-mais, segundo o agrônomo Rogé-rio Marui, da Asgrow. Cada plan-ta produz em média uma penca amais que os concorrentes - cercade três frutos com peso entre 300a 400g cada. Outro diferencial doDonador, segundo informaçõesda empresa produtora, é seu de-senvolvimento genético. “Este hí-brido é poligênico (desenvolvidopela interação de vários genes),fórmula que lhe confere sabor e

permite que adquira a cor ver-melha quando maduro, mesmoque colhido verde.

O novo tomate longa-vida érecomendado tanto para cultivoem estufa como em campo aber-to. Ele já foi plantado e colhidocom sucesso em São Paulo (re-gião de Campinas) e está sendotestado nos Estados de MinasGerais, Santa Catarina e RioGrande do Sul, com indicaçõesde boa adaptação. Na região deCampinas, SP, os produtoresFernando Andrade (Sumaré) eAgostinho Briske (Monte Mor)ficaram tão entusiasmados coma primeira colheita que abriramsuas lavouras para observaçãode aproximadamente 50 agri-cultores interessados em conhe-cer melhor o desempenho doproduto em campo.

Maiores informações pelosfones (019) 252-0555/Asgrow(agrônomo Rogério Marui), (019)874-3116/Estação Experimental(agrônomo Carlos Alberto) ou(019) 253-4863/Portal (Assesso-ria de Imprensa - Cibele Vieira).

Mais arroz para regiões produtoras eMais arroz para regiões produtoras eMais arroz para regiões produtoras eMais arroz para regiões produtoras eMais arroz para regiões produtoras enão-tradicionaisnão-tradicionaisnão-tradicionaisnão-tradicionaisnão-tradicionais

A Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -EMBRAPA, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abaste-cimento, coloca à disposição dosprodutores três variedades dearroz que também podem serplantadas em regiões não tradi-cionais.

A cultivar Rio Formoso éde arroz irrigado, portanto umproduto que, após cozido, torna--se solto e com textura macia.Com grão longo fino, esta varie-dade é recomendada para o Es-tado do Tocantins. A safra desteano está sendo dirigida aos pro-

dutores de sementes, devendo osagricultores comerciais ter ma-terial à disposição a partir de1998.

Outra cultivar nova, chamadaMaravilha, de arroz de sequeiro,é recomendada para Mato Gros-so, Goiás, Pará, Acre, Amapá, Ron-dônia e Tocantins. É moderada-mente resistente às principaisdoenças e os agricultores interes-sados poderão adquirir sementeseste ano.

Também para terras altas desequeiro, a cultivar Primavera éindicada para Mato Grosso do Sul,Mato Grosso, Goiás, Maranhão,

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AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

Software ajuda produtor de suínos aSoftware ajuda produtor de suínos aSoftware ajuda produtor de suínos aSoftware ajuda produtor de suínos aSoftware ajuda produtor de suínos aadministrar sua propriedadeadministrar sua propriedadeadministrar sua propriedadeadministrar sua propriedadeadministrar sua propriedade

Comércio em bandejasComércio em bandejasComércio em bandejasComércio em bandejasComércio em bandejasincentiva cultivo do pepino Hatemincentiva cultivo do pepino Hatemincentiva cultivo do pepino Hatemincentiva cultivo do pepino Hatemincentiva cultivo do pepino Hatem

Piauí e Tocantins. Semeada napresente safra, sua produçãodestina-se, por enquanto, a pro-dutores de sementes. Os agri-cultores comerciais terão se-mentes à disposição a partir de

1998.Jornalista Jorge RetiMais informações:Embrapa Arroz e FeijãoFone (062) 212-1999, Fax (062)

212-2960

tradicionais como Monte Alto eSão José do Rio Pardo criaramuma estratégia para divulgar oconceito de cebola suave, basea-dos no exemplo americano. A cam-panha, bem direcionada, envolvedesde marca própria (“CebolaSuave de São José do Rio Pardo”foi a marca criada peloscebolicultores do município e re-gistrada no Instituto Nacional daPropriedade Industrial-INPI em1995), selo de qualidade, embala-

Numa economia globalizada,administrar bem uma proprie-dade rural passa a ser uma ne-cessidade fundamental. Atentaa essa realidade, a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agrope-cuária - EMBRAPA, vinculadaao Ministério da Agricultura edo Abastecimento, está lançan-do a versão 2.0 do softwareAtepros (Administração Técni-ca e Econômica da PropriedadeSuinícola), que traz todas as in-formações para gerenciamento,tomada de decisões e controle daprodutividade em rebanhos su-ínos.

Com o Atepros 2.0 o produ-tor de suínos pode saber precisa-mente custo e benefício de suapropriedade, além de controlaras coberturas, avaliar desempe-nho de fêmeas e machos, reno-

vação de plantel, data de parto,idade média de desmame, nú-mero de animais desmamados,compra de insumos, medica-mentos, peso dos leitões, vendase movimento de animais na gran-ja.

O programa ajuda a elevar onível tecnológico do produtor desuínos, facilitando a administra-ção da propriedade, equiparan-do-a a uma pequena e média em-presa. A versão 2.0 contém, ainda,uma bateria de coeficientes técni-cos que permitem comparar emelhor avaliar o desempenho daatividade.

Mais informações: EmbrapaSuínos e Aves - PesquisadorAdemir Girotto - Fone (049)442-8555, Fax (049) 442-8559.

Nota: Texto de Roberto Pen-teado.

Cebola suave chega ao mercadoCebola suave chega ao mercadoCebola suave chega ao mercadoCebola suave chega ao mercadoCebola suave chega ao mercadoA cebola que não faz chorar

e tem sabor suave já está che-gando ao mercado paulista. Comcolheita entre julho e setembronas principais regiões produto-ras, a cebola suave está fazendosucesso no Brasil e conta comapoio de uma campanha dos pro-dutores para enfrentar a con-corrência das ácidas argenti-nas. O objetivo da iniciativa émostrar ao consumidor que acebola produzida no interiorpaulista é um produto diferenci-ado, com sabor mais agradável(menos ácido), com característi-cas próprias e diferentes das de-mais cebolas produzidas no Bra-sil, podendo ser consumidas innatura, em saladas e muitas va-riações culinárias. As sementesutilizadas para este cultivo sãoda cebola híbrida Granex 33, daAsgrow, que adaptou no Brasil,há alguns anos, a experiênciadesenvolvida nos Estados Uni-dos, onde as “cebolas doces” são

muito apreciadas.O engenheiro agrônomo Mar-

cos David Ferreira, que trabalhano programa de melhoramentogenético de Cebolas Tropicais daempresa, na Estação Experimen-tal de Pesquisas em Paulínia, SP,explica que além do sabor agradá-vel, esta cebola “é uma excelentefonte de vitamina C, tem baixoteor de calorias, nenhum teor degorduras, colesterol ou sódio, sen-do apropriada para uso em sala-das, tortas e sopas”. Ele afirmaque o MERCOSUL influenciou oshábitos de consumo, pois o brasi-leiro, acostumado com cebolas decascas claras, passou a ter no mer-cado um produto (vindo principal-mente da Argentina) mais unifor-me, de casca escura e sabor ácido,extremamente pungente. Atraí-do pelo visual, o consumidor pas-sou a preferir esse produto emdetrimento do nacional.

Para vencer a concorrência,os produtores de cebola de regiões

gens diferenciadas (finas, higiê-nicas e práticas caixas de pape-lão com capacidade para 2kg) eaté um folheto da quituteiraCacilda de Oliveira Ferreira (comreceitas de tortas, sopas, refoga-dos, empanados, etc.) onde oingrediente principal é a cebola.

Mais informações com osagrônomos Marcos DavidFerreira, Fone (019) 874-3116,Rogério Marui ou CarlosBiondo, Fone (019) 252-0555.

A crescente tendência de uti-lização de bandejas de isopor paraembalar produtos diferenciadosno mercado de hortaliças, estáincentivando agricultores profis-sionais dos Estados de São Pauloe Rio de Janeiro a aumentar oplantio de híbridos de alta qualida-de, com bom retorno financeiro.O exemplo mais recente é a pro-cura por sementes do pepinoHatem, desenvolvido exclusiva-mente para cultivo em estufa pelaBruisma, na Holanda, e importa-do para o Brasil no ano passadopela Asgrow.

Diferencial

“A alta produtividade - cercade 50% superior ao pepino japo-nês, - o baixo índice de refugo, opreço maior na hora dacomercialização e a uniformidadedos frutos incentivaram os produ-tores que já experimentaram oHatem a ampliar os plantios”, afir-ma o agrônomo Carlos Alberto M.Tavares, responsável pelo Depar-tamento Técnico da Asgrow. Eleexplica que “a novidade já con-quistou também o consumidorpela polpa (grossa, crocante, semsementes e nenhum amargor,altamente digestiva), pelo visualdos frutos (verde bem escuro euniformes) e o formato diferenci-ado (mais curto e com diâmetroum pouco maior que o pepinojaponês)”.

Produção superior

O Hatem, em condições demanejo adequadas, pode produ-zir até 9,5kg por planta, numciclo de 42 a 45 dias, sendocultivado durante todo o ano,

com índice máximo de 5% derefugo. Seu concorrente maispróximo, o pepino japonês, pro-duz em média 4,5kg/plantanas mesmas condições e noinverno o índice de refugo podechegar a 30% do total produzi-do, explica o técnico. É umproduto resistente a problemascomuns da cultura, comogomoso ou sarna.

Várias regiões já estão complantações comerciais e deveminiciar a segunda colheita desteano a partir de julho. Em SãoPaulo, os principais produtoresestão localizados na região deCampinas (Elias Fausto, Mon-te-Mor, Indaiatuba) e no Rio deJaneiro na região Serrana (prin-cipalmente no município deMiguel Pereira).

Histórico

O Hatem é um híbrido dosegmento Beit-Alpha, sendo oprimeiro pepino indicado no Bra-sil para cultivo específico em es-tufas. É o híbrido mais plantadonos países árabes e foi trazidopara o Brasil para atender àdemanda de produtores que játrabalham com segmentos demercado mais sofisticados, queexigem produtos de alta quali-dade em embalagens padroni-zadas. Foi desenvolvido naHolanda pela Bruinsma, sendotestado e aprovado para cultivonas condições brasileiras pelaAsgrow, sediada em Campinas,SP.

Mais informações com osagrônomos Carlos AlbertoTavares, Fone (019) 874-3116ou Rogério Marui, Fone (019)252-0555.

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Campo naturalCampo naturalCampo naturalCampo naturalCampo natural

Potencial de produção de feno de campo natural dePotencial de produção de feno de campo natural dePotencial de produção de feno de campo natural dePotencial de produção de feno de campo natural dePotencial de produção de feno de campo natural dePlanossolo, no Rio Grande do SulPlanossolo, no Rio Grande do SulPlanossolo, no Rio Grande do SulPlanossolo, no Rio Grande do SulPlanossolo, no Rio Grande do Sul1

Carlos Alberto Lajús, Lotar Siewerdt eFrank Siewerdt

exploração de rebanhos pecuá-rios constitui-se numa ativida-

de primária importante para a econo-mia do Rio Grande do Sul. Um contin-gente de animais, principalmente ru-minantes, superior a 25 milhões decabeças (1) são criados em áreas depastagens naturais. Esses camposocupam aproximadamente 61% daárea territorial, representando, apro-ximadamente, 16 milhões de hecta-res (2). No sistema de pecuária exten-siva que se pratica na maioria dosestabelecimentos pastoris, a alimen-tação dos rebanhos é baseada inte-gralmente na forragem produzida eoferecida por essas áreas de pasta-gens nativas. As espécies forrageiras(principalmente gramíneas) são deciclo estival, diminuindo e paralisan-do seu crescimento durante os mesesde outono/inverno. Nesse período doano (maio a setembro), as baixas tem-peraturas médias (<17oC) e a ocorrên-cia de geadas determinam uma acen-tuada diminuição na oferta de forra-gem do campo natural. Essa variaçãosazonal na disponibilidade e qualida-de da pastagem se reflete de formanegativa no desempenho dos animais,bem como em todos os índiceszootécnicos que caracterizam a pro-dução e a produtividade da pecuáriagaúcha, principalmente de bovinos decorte (elevada idade de abate do novi-lho, prolongado intervalo entre par-tos, elevada idade da novilha à primei-ra parição, elevada taxa de mortalida-de de inverno, baixa taxa de desfrute,etc.). A produção de feno, a partir docampo natural, é uma alternativa (3)que pode ser adotada, aproveitando operíodo favorável de elevado cresci-

1. Parte da dissertação de mestrado apresentada pelo autor à UFPel/FAEM.

mento das espécies forrageiras nati-vas. Na área experimental foramidentificadas espécies de plantasforrageiras pertencentes aos gênerosIschaemum, Axonopus, Botriochloa,Piptochaetium , Eragrostis, Paspalum,Andropogon , etc.

A fenação do campo natural é viá-vel do ponto de vista técnico desde quese proporcionem condições de cresci-mento e desenvolvimento de plantasde boa qualidade e ocorram condiçõesclimáticas favoráveis para o processo(4). A adubação nitrogenada deve serconsiderada primordial para asgramíneas forrageiras(5), já que seuefeito reflete no aumento imediato damassa verde. Não existe dúvida deque o nitrogênio quando aplicado ade-quadamente no cultivo de gramíneaspromove o desenvolvimento das plan-tas, aumenta o teor de nitrogênio naforragem, melhora o nível biológicoda proteína do alimento, melhorandoseu valor nutritivo. Em pastagens onitrogênio deve ser aplicado após cadacorte ou pastejo, considerando-se ofato de que quando são feitos cortes(fenação) toda a forragem é retirada,não havendo retorno de nutrientespara o solo (6). As quantidades remo-vidas, particularmente de nitrogênio,fósforo e potássio, são elevadas, ne-cessitando reposição. A eficiência donitrogênio depende das espéciesforrageiras, estádio de desenvolvimen-to das plantas, doses aplicadas e seufracionamento, freqüência de utiliza-ção, fatores ambientais e fertilidadedo solo (7). A produção de matéria secaem resposta à adubação nitrogenadaé, normalmente, linear dentro de cer-tos limites, que variam, principalmen-

te, com o potencial genético das dife-rentes espécies, com a freqüência decortes e com as condições climáticas(8).

A composição mineral das plantasforrageiras (macronutrientes) variacom diversos fatores (9) sendo quenitrogênio (N), fósforo (P) e potássio(K) são móveis nos tecidos das plantas(migrando para tecidos novos), en-quanto que cálcio (Ca) e magnésio(Mg) são relativamente imóveis, con-centrando-se nos órgãos velhos e cau-lares. O correto suprimento de macro-nutrientes com P, K, Mg, Ca, etc.depende da composição mineral dasplantas forrageiras que constituem adieta dos ruminantes em pastejo.

O objetivo deste experimento foiobter, através da fertilizaçãonitrogenada, subsídios para avaliar opotencial de produção de feno de cam-po natural de Planossolo e as quanti-dades extraídas via matéria seca, dosprincipais macrominerais (P, K, Ca eMg).

Metodologia

O experimento foi conduzido emárea de campo natural, no municípiode Capão do Leão, RS, em umPlanossolo, pertencente à unidade demapeamento Pelotas. O delineamen-to experimental foi o de blocoscasualizados, com quatro repetições.Os tratamentos constaram de oitodoses de adubação nitrogenada (zero,100, 200, 300, 400, 500, 600 e 700kg/hade N), na forma de sulfato de amônio(21% de N). O nitrogênio foi aplicadofracionadamente, sendo cada trata-mento dividido em cinco aplicações,

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de 30 em 30 dias a partir de 01/10/93.Os cortes para avaliação da produçãoe extração de macrominerais da for-ragem foram feitos com segadeira debarra horizontal, a uma altura médiade 3cm do solo, quando as plantasatingiam desenvolvimento suficienteque justificasse a realização de cortevisando a produção de feno (25 a 30cm).Foram realizados dois cortes (20/12/93 e 18/05/94) nas parcelas com me-nor adubação nitrogenada (zero, 100 e200kg/ha de N) e três cortes (19/11/93,31/01/94 e 18/05/94) nas parcelas comadubações mais elevadas (300, 400,500, 600 e 700kg/ha de N). Foi colhidaa forragem verde de uma área útil de10,00m2 por parcela, para determina-ção da produção, retirando-se umaamostra da mesma para as análiseslaboratoriais. Analisaram-se estatis-ticamente as seguintes variáveis: pro-dutividade de matéria seca e proteínabruta; extrações de fósforo, potássio,cálcio e magnésio. Para as produtivi-dades realizou-se a análise de regres-são polinomial em função das dosescrescentes de nitrogênio. Foram ava-liados os efeitos isolados de cortes edoses de nitrogênio, bem como suasinterações.

Resultados

Rendimento total de matériaseca - Nota-se (Figura 1) que o camponatural de Planossolo apresenta umelevado potencial de aumento de ren-dimento de matéria seca, chegando a10.000kg/ha de MS com uma aduba-ção na faixa de 300 a 400kg/ha de Ndistribuída durante a primavera-ve-rão a partir de outubro. O esquema deadubação adotado neste trabalhoproporciona, nas doses acima de300kg/ha de N, até três cortes porciclo de crescimento. Os rendimentosde matéria seca obtidos podem serconsiderados como o provável poten-cial para produção de feno desses cam-pos naturais. Considerando-se que com200 a 300kg/ha de N se pode produzir8.000 a 9.000kg/ha de MS, não se devedescartar a possibilidade de aprovei-tar este potencial do campo naturalpara constituir reservas forrageirassob a forma de feno, para alimentaçãodos rebanhos pecuários durante os

Figura 1 - Produtividade de matéria seca em função de doses crescentes de nitrogênio

meses de inverno.A eficiência na utilização do nitro-

gênio (kg MS/kg N) entretanto é baixa(Tabela 1), não ultrapassando 20kg deMS/kg N aplicado na faixa de 100 a200kg/ha de N, e caindo nas dosesmais elevadas para 10 a 12kg deMS/kg N aplicado.

Com o esquema de adubação ado-tado, obteve-se a máxima produção dematéria seca desse campo (11.634kg/ha) com 684kg/ha de N. Resultadosemelhante (10.850kg/ha) foi obtidono mesmo trabalho (10) no ano ante-rior (1992/93), atingindo, entretanto,o ponto de máxima com 453kg/ha deN. A fenação talvez se constitua naforma eficiente de aproveitar racio-nalmente a forragem produzida pelocampo nativo, em comparação com odesperdício que normalmente ocorreem condições de pastejo contínuo. Nosistema de exploração de campo nati-

vo em condições extensivas e lotaçãoanimal inadequada, a maior parte daforragem produzida ao longo da pri-mavera/verão de cada ano é subapro-veitada, constatando-se que apenas25% dos recursos forrageiros natu-rais existentes nas pastagens são apro-veitados pelos ruminantes (11), resul-tando na baixa produtividade de pesovivo por área e por ano (50kg/ha/ano).Como se constata na Tabela 1 a produ-ção do campo natural com fertilizaçãode 300 a 400kg/ha de N está na faixade 10.000kg/ha de MS que poderiamser integralmente transformados comum desperdício mínimo, ou seja, uti-lizando-se 75% de forragem disponí-vel ao invés de 25%.

Produção total de proteínabruta - Não se atingiu o ponto demáxima produção (Figura 2) devidoao comportamento diferenciado dosteores de PB em relação às doses de

Tabela 1 - Rendimento total de matéria seca, proteína bruta, eficiência da utilização donitrogênio, taxa de recuperação do nitrogênio e teor médio de proteína bruta

Produção total Proteína Taxa debruta recuperação

(kg/ha de MS) (kg/ha de PB) (%) (% N)

zero 4.289 169,14 3,9 - -100 6.313 314,81 5,0 20,24 17200 8.012 460,49 5,7 18,61 16300 9.386 606,16 6,5 16,99 21400 10.433 751,84 7,2 15,36 25500 11.155 897,51 8,0 13,73 22600 11.552 1.043,19 9,0 12,10 21700 11.623 1.188,86 10,2 10,47 23

Eficiência(kg MS/kg N)

Doses de N(kg/ha)

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Campo naturalCampo naturalCampo naturalCampo naturalCampo natural

N. Na faixa de 200 a 300kg/ha de N, aprodutividade de proteína brutatriplicou, quintuplicando-se com do-ses na faixa de 400 a 500kg/ha de N,em relação ao tratamento sem nitro-gênio. Constata-se, também, na Ta-bela 1, que a taxa de recuperação donitrogênio é mais alta nas doses maiselevadas, não ultrapassando, porém,a 25%.

Extração de macronutrientes -A extração dos macronutrientes tam-bém foi submetida à análise estatísti-ca para avaliar o efeito das doses denitrogênio. No que se refere à extra-ção total desses macronutrientes,verifica-se (Tabela 2) que para as do-ses de nitrogênio testadas, todos (P,K, Ca e Mg) foram afetados significa-tivamente (teste F). Analisados porregressão polinomial, obteve-se efei-to linear para doses de nitrogênio,para os elementos P e K, e efeitoquadrático para Ca e Mg.

Extração de fósforo - As quanti-dades de fósforo removidas pelas plan-tas variaram entre 6,33 e 17,27kg/ha

nos dois extremos de adubação. Osresultados da extração através damatéria seca indicam a necessidadede reposição desse macronutriente,principalmente quando o objetivo fora produção de feno, pois nesse casoocorre remoção total da forragemproduzida na área. Os teores defósforo na forragem obtida nos diver-sos cortes realizados oscilaram entre0,10 e 0,17%, valores que se encon-tram em torno da concentração médiade 13% determinada para outrasáreas de pastagens nativas do RioGrande do Sul. O teor de fósforo naforragem não foi afetado pelas dosesde nitrogênio da forma como foramaplicadas.

Extração de potássio - As quan-tidades removidas pelas plantas vari-am de 43,84 a 126,81kg/ha de potássionos dois extremos da adubação. Aextração de potássio acompanhou ba-sicamente a curva de produção dematéria seca, já que o nitrogênio nãoinfluenciou o teor de potássio na for-ragem. Os teores médios de potássio

Figura2 - Produtividade de proteína bruta em função de doses crescentes de nitrogênio

Tabela 2 - Quadro geral das análises de variância (teste F) e regressão polinomial paraextração dos macronutrientes através da matéria seca

Extração totalEspecificação

P K Ca M g

N (teste F) S S S SN (Regressão) Linear Linear Quadrática Quadrática

Nota: S - Significativo (P < 0,05).

na forragem variaram nos diversoscortes, oscilando entre 0,63 e 1,53%na matéria seca, sendo mais elevadosnos cortes de primavera e declinandoaté o outono. As concentrações depotássio obtidas suprem as necessida-des mínimas e são adequadas para asexigências nutricionais de bovinos eovinos.

Extração de cálcio - As quantida-des de cálcio extraídas variaram de8,54kg/ha na dose zero a 19,64kg/hana dose de 600kg/ha de N, sendo quea relação foi quadrática. Os teoresmédios de cálcio variaram de acordocom as doses de nitrogênio, sendo quenas doses baixas foram de 0,22 a0,16%, diminuindo à medida que seaumentou a quantidade de nitrogênioaplicado. Nas doses altas ocorreu amesma tendência, variando de 0,18a 0,16%. Aparentemente a aduba-ção com nitrogênio em doses cres-centes deprime a concentração decálcio na matéria seca. Assim, parabovinos de corte e para ovinos, essesteores não são adequados, encon-trando-se nos limites mínimos parasatisfazer as exigência desses rumi-nantes.

Extração de magnésio - A extra-ção de magnésio foi de 19,25kg/ha, eas quantidades de magnésio removi-das variaram de 4,21 a 29,02kg/ha. Osteores médios de magnésio na forra-gem variaram somente em funçãodas doses altas de nitrogênio, oscilan-do entre 0,20 e 0,27% de magnésio namatéria seca. Da mesma forma ocor-reram diferenças entre os cortes nes-sas doses de nitrogênio, variando en-tre 0,20 e 0,24%. Em diversas regiõesde pastagens nativas do Rio Grandedo Sul, os teores médios de magnésioencontram-se na faixa de 0,20%, o queé adequado para a nutrição de rumi-nantes.

Conclusões

O esquema de adubação nitroge-nada adotado proporciona, nas dosesacima de 300kg/ha/ano de N, até trêscortes por ciclo de crescimento, comuma produção total de MS em tornode 11t/ha, ficando assim viabilizadatecnicamente a produção de feno des-

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Campo naturalCampo naturalCampo naturalCampo naturalCampo natural

se campo.A eficiência de utilização do N pelo

campo natural de Planossolo diminuicom os aumentos das doses, a partirde 300kg de N/ha/ano.

Teores de proteína bruta acimadas exigências nutricionais mínimasde mantença de ruminantes somentesão atingidos na matéria seca do cam-po natural de Planossolo no corte deprimavera, para as doses iguais ousuperiores a 300kg/ha de N.

Há uma redução dos teores de Cae incremento nos teores de Mg naforragem do campo natural dePlanossolo, com o aumento das dosesde nitrogênio.

Literatura citada

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11. VANONI, E.J. Manejo de la explotaciónbovina. Buenos Aires: OrientaciónGráfica Editora S.R.L., 1984.137p.

Carlos Alberto Lajús, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 2.309-D, CREA-SC, EPAGRI/Centro de Pesquisa para Pequenas Pro-priedades. C.P. 791, Fone (049) 723-4877,Fax (049) 723-0600. 89801-970 Chapecó,SC; Lotar Siewerdt, eng. agr., PhD., Pro-fessor Titular, UFPel/FAEM - Dept o

Zootecnia. C.P. 354, Fone (053) 275-7270.96001-970 Pelotas, RS e FrankSiewerdt, eng. agr., M.Sc., Professor As-sistente, UFPel/FAEM - Depto de Mate-mática, Estatística e Computação. C.P.354, Fone (053) 275-7346. 96001-970Pelotas, RS.

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OvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinocultura

Mortalidade perinatal em ovinos noMortalidade perinatal em ovinos noMortalidade perinatal em ovinos noMortalidade perinatal em ovinos noMortalidade perinatal em ovinos noPlanalto Serrano CatarinensePlanalto Serrano CatarinensePlanalto Serrano CatarinensePlanalto Serrano CatarinensePlanalto Serrano Catarinense1

Guilherme C. Coutinho, Edison Martins,Vera Maria V. Martins e Luiz Carlos Greiner

ovinocultura se desenvolve emdiversos tipos de ambientes, que

determinam variações significativasna eficiência reprodutiva do rebanho.Em países como Uruguai, Argentina,Chile e Sul do Brasil, a criação é feitana maioria das propriedades em pas-tagens naturais, com predomínio degramíneas (1). Na região do PlanaltoCatarinense, detentora de um reba-nho ovino de aproximadamente 80mil cabeças, o sistema predominanteé o de criação extensiva, com pariçõesao ar livre e com vigilância mínima, oque implica o desconhecimento dascausas de mortalidade perinatal decordeiros.

Diversos trabalhos têm demons-

1. Projeto desenvolvido com apoio financeiro do FEPA.

trado que a mortalidade perinatal deovinos, definida por alguns autorescomo a morte dos cordeiros antes oudurante o parto até ao 28o dia de vida(2), é um dos fatores mais importantesde perda da eficiência reprodutiva (3).Essa mortalidade ocorre em todas asépocas de parições, sendo sua intensi-dade variável durante o ano, existin-do variação na magnitude das perdasentre rebanhos, assim como na épocade parição (4). Em países como Ingla-terra, Austrália e Nova Zelândia, ondea criação de ovinos é altamentetecnificada, a mortalidade de cordei-ros foi estimada entre 13 e 20% (5).No Uruguai este índice é um poucomaior, 15 a 32% (6). No Rio Grande do

Sul a EMBRAPA/CPP-SUL - Bagé,estima que a mortalidade nesse pe-ríodo encontra-se entre 15 e 40%.

O governo do Estado de Santa Ca-tarina, através da Secretaria deEstado do Desenvolvimento Rural eda Agricultura, tem aplicado conside-ráveis recursos no fomento à produ-ção ovina e no desenvolvimento detecnologias que propiciem maior pro-dutividade e retorno econômico à ati-vidade. Nesse sentido, o presente tra-balho teve como objetivo determinare quantificar as causas de mortalidadeperinatal e possíveis fatores associa-dos, em ovinos, na região do PlanaltoCatarinense.

Material e método

Durante três períodos de parições,nos anos de 1992 a 1994, foram acom-panhados três rebanhos ovinos da raçaIle de France, em três estabelecimen-tos pecuários localizados no municí-pio de Lages. O estabelecimento I,situado na localidade denominadaSanto Cristo, a 50km da sede munici-pal, possuía um rebanho de 145 ove-lhas mantido em campo natural comsuplementação de pastagem deazevém, o que proporcionava boa dis-ponibilidade de forragem para o reba-nho no período hibernal. A estação deparição neste estabelecimento ocor-reu nos meses de agosto e setembro.O estabelecimento II, situado na loca-lidade de Morrinhos, distante 30kmda sede municipal, possuía um reba-nho formado por 77 ovelhas, tambémmantido em campo natural, com aces-so temporário a uma pastagem de

A boa alimentação das ovelhas no terço final da gestação e durante alactação é um fator importante para garantir a sobrevivência do cordeiro

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OvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinocultura

azevém no período hibernal. Nesteestabelecimento a estação de pariçãoocorreu nos meses de julho e agosto.O estabelecimento III, situado na lo-calidade de Cajuru, possuía um reba-nho de 71 ovelhas, mantido tambémem campo natural com suplementaçãodeficitária de pastagem de azevém noperíodo hibernal. A estação de pariçãotambém ocorreu nos meses de julho eagosto. Durante os períodos deparições, os rebanhos foram vistoria-dos duas vezes por dia e os cordeirosmortos foram recolhidos, identifica-dos, acondicionados em sacos plásti-cos e estocados em freezer a -15oC.Semanalmente os cordeiros mortoseram enviados ao laboratório de pato-logia animal da Estação Experimen-tal de Lages/EPAGRI, onde foram re-alizadas as necropsias conforme téc-nica descrita (7) e após modificada (8),para determinação da causa mortis .

Considerou-se como períodoperinatal aquele compreendido entreo parto e o 28o dia de vida, e as causasde mortalidade foram classificadasem: complexo inanição/exposição;distocia; predação; infecções neonataise outras causas.

Resultados e discussão

A taxa geral de mortalidadeperinatal encontrada neste estudo foide 12,78%, variando de 9,14% no esta-belecimento II a 18,56% no estabele-cimento III. Estes índices estão próxi-mos daqueles estimados na Inglater-ra, Nova Zelândia, Austrália, Uru-guai e Rio Grande do Sul. Dentre ascausas de mortalidade (Tabela 1), ocomplexo inanição/exposição (mortepela não ingestão de alimentos e ex-posição às condições adversas do cli-ma), com taxa de mortalidade especí-fica de 5,42%, foi responsável por42,39% das mortes, seguido pordistocia, que teve taxa de mortalidadeespecífica de 3,19% ou 25,00% dasmortes; predação, com taxa de morta-lidade específica de 1,81% ou 14,13%das mortes; infecções neonatais, comtaxa de mortalidade específica de1,11% ou 8,70% das mortes, e outrascausas, com taxa de mortalidade es-pecífica de 1,25% ou 9,78% das mor-tes. Os índices de inanição/exposição

Tabela 1 - Número e percentagem de cordeiros mortos de acordo com as causas, nos trêsestabelecimentos estudados no período de 1992 a 1994

PropriedadesCausa Total

I II III

Sobreviventes 301 (88,53)a 169(90,86)a 158(81,44)b 628(87,22)Inanição/exposição 10(2,94)a 10(5,38)ab 19(9,79)b 39(5,42)Distocia 12(3,53)a 3(1,61)a 8(4,12)a 23(3,19)Predação 10(2,94)a 0(0,0) 3(1,55)a 13(1,81)Infecção neonatal 4(1,18)a 1(0,54)a 3(1,55)a 8(1,11)Outras causas 3(0,88)a 3(1,61)a 3(1,55)a 9(1,25)Total de mortes 39(11,47)a 17(9,14)a 36(18,56)b 92(12,78)Total de nascimentos 340(100) 186(100) 194(100) 720(100)

Notas: • Não houve diferença estatística significativa (P < 0,05) pelo teste de qui-quadradonos dados acompanhados por mesma letra nas linhas.

• Dados entre parênteses estão em percentagem.

verificados foram similares aos rela-tados na Inglaterra, Nova Zelândia eAustrália e inferiores aos encontra-dos no Rio Grande do Sul (9).

Analisando o complexo inanição/exposição, com taxas de mortalidadeespecíficas de 2,94%, 5,38% e 9,79%para os estabelecimentos I, II e IIIrespectivamente, observou-se diferen-ça significativa (P < 0,01) pelo teste dequi-quadrado entre os estabelecimen-tos III e I, ambos não diferindo noentanto do estabelecimento II. Estadiferença foi atribuída às condiçõesnutricionais das ovelhas, uma vez quenos estabelecimentos I e II havia maiordisponibilidade alimentar e as ove-lhas apresentavam melhores condi-ções corporais que as do estabeleci-mento III. Na região do Planalto Ser-rano Catarinense, a maioria dasparições ocorreu entre os meses dejunho e agosto, época em que as bai-xas temperaturas e a pouca disponibi-lidade de forragens naturais determi-nam inadequada nutrição das ovelhasno terço final da gestação, períodocrítico para o desenvolvimento fetal.Além disso, ao nascimento ocorremajustes fisiológicos nos cordeiros, taiscomo o início dos processos respirató-rios, digestório e de termorregulação,cuja demanda energética é intensa.Portanto, se ao nascimento as reser-vas energéticas forem baixas, como oocorrido no estabelecimento III, aschances de ocorrência do complexoinanição/exposição serão maiores.

A distocia representou 25,0% dasmortes, com mortalidade específicade 3,19% nos três estabelecimentos(Tabela 1). Apesar das taxas de morta-lidade específica para esta causa se-rem mais elevadas nos estabeleci-mentos III (4,12%) e I (3,53%), a dife-rença entre os três estabelecimentosnão foi significativa pelo teste qui--quadrado (P < 0,02). No estabeleci-mento I a distocia foi responsável por30,77% das mortes, com taxa de mor-talidade específica de 3,53%, o que foiatribuído ao encarneiramento inade-quado, pelo uso de carneiros cuja pro-gênie teve alto peso ao nascimento.As condições nutricionais neste esta-belecimento não estiveram deficien-tes no período em estudo. No estabe-lecimento III, onde houve o maioríndice de mortalidade específica paradistocia (4,12%), esta foi atribuída àsdeficiências nutricionais das ovelhasno período perinatal.

A predação somente foi importan-te no estabelecimento I, onde 25,64%das mortes foram atribuídas a estacausa. Este índice elevado de mortali-dade como causa primária foi relacio-nado com a alta população de canídeossilvestres no local e com a falta devigilância do rebanho no período deparição. Nos demais estabeleci-mentos houve uma variação de 0 a8,33%.

As mortes por infecções neonataisrepresentaram 8,70% das mortes,com taxa de mortalidade específica

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OvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinoculturaOvinocultura

O frio e a chuva diminuem a produção. O encarneiramento de outono(abril/maio), visando obter nascimentos a partir de setembro, é uma boa

alternativa para se reduzir a mortalidade de cordeiros

de 1,11% e foram decorrentes princi-palmente de onfalites e pneumonias.

Observou-se que 62% dos cordei-ros morreram no período hebdomadaldilatado, que compreende os três pri-meiros dias de vida, faixa etária con-siderada a mais suscetível à mortali-dade perinatal, demonstrando ser esteo período mais crítico para a sobrevi-vência dos cordeiros (10).

Uma vez que o complexo inanição/exposição, distocia e predação juntosforam responsáveis por 81,52% dasmortes perinatais em cordeiros, hánecessidade de aplicação de diversasmedidas para reduzir-se os índices demortalidade e elevar a eficiência dosrebanhos. Para tal, deve-se observara alimentação adequada da ovelhadurante a prenhez e a época ideal parao nascimento de cordeiros, que deveocorrer de preferência na primavera.É importante ainda a seleção de car-neiros adequados às categorias deovelhas a serem encarneiradas, evi-tando-se servir borregas com carnei-ros genitores de cordeiros com altopeso ao nascimento, e uma maiorvigilância do rebanho no período deparição, para que se possa intervir nospartos laboriosos e diminuir as perdaspor distocia e predação.

Literatura citada

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09. OLIVEIRA, A.C.; BARROS, S.S. Mor-talidade perinatal em ovinos nomunicípio de Uruguaiana, RioGrande do Sul. Pesquisa Veteriná-ria Brasileira, Rio de Janeiro, v.2,n.1, p.1-7, 1982.

10. HIGHT, C.K.; JURY, K.E. Lambmortality. In: RUAKURAFARMER’S CONFERENCE,1970, New Zealand. Proceedings .p.78-91.

Guilherme Caldeira Coutinho, méd.vet., M.Sc. CRMV/SC 0232, EPAGRI/Es-tação Experimental de Lages, C.P. 181,Fone (049) 224-4400, Fax (049) 222-1957,88502-970 Lages, SC, Edison Martins,méd. vet., M.Sc., CRMV/SC 0449, EPAGRI/Estação Experimental de Lages, C.P. 181,Fone (049) 224-4400, Fax (049) 222-1957,88502-970 Lages, SC, Vera Maria V.Martins, méd. vet., M.Sc., professora,C.A.V./UDESC, C.P. 281, Fone (049)225-2866, Fax (049) 225-3401, 88520-000 Lages, SC e Luiz Carlos Greiner,eng. agr. (falecido).

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FlorestasFlorestasFlorestasFlorestasFlorestas

Caracterização dendrológica da floresta comCaracterização dendrológica da floresta comCaracterização dendrológica da floresta comCaracterização dendrológica da floresta comCaracterização dendrológica da floresta comaraucária - resultados preliminaresaraucária - resultados preliminaresaraucária - resultados preliminaresaraucária - resultados preliminaresaraucária - resultados preliminares

Luiz Cláudio Fossati, Laerte Bonetes,André Luís Wendt dos Santos, José Hilário Koehler

recuperação de áreas degrada-das em Santa Catarina pode ser

considerada uma das prioridades damoderna pesquisa florestal, tendo emvista a busca do modelo de desenvol-vimento com utilização sustentáveldos recursos naturais. Dendrologia éa ciência que visa identificar espéciesarbóreas através de critériosmorfológicos e práticos, sendo que oadequado conhecimento do ambientenatural é fundamental para subsidiaras ações de interferência no meio.Neste enfoque torna-se imprescindí-vel o estudo da floresta com araucária,um dos ecossistemas mais importan-tes e desconhecidos do Estado.

Apresentam-se neste trabalho re-sultados parciais do projeto “SistemaMultimídia de CaracterizaçãoDendrológica da Floresta OmbrófilaMista Montana”, obtidos no levanta-mento exploratório de um fragmentodesta tipologia florestal, correspon-dente a fase inicial da metodologiaprevista para o estudo. O projeto ori-ginal objetiva elaborar um manual,um guia simplificado e um filme devídeo das características da florestacom araucária, além de fornecer sub-sídios à elaboração de um softwaremultimídia, à montagem de umherbário florestal, à criação de trilhasecológicas, estação fenológica e áreade coleta de sementes - ACS, inician-do com um levantamento, para reco-nhecimento prévio e identificação ini-cial de 77 espécies arbóreas. Apósserão selecionadas cinco árvores porespécie para levantamento fotográfi-co, filmagem, coleta de dadosdendrológicos e dendrométricos vi-sando a publicação do sistemamultimídia.

O presente trabalho teve comoobjetivos:

• Apresentar os resultados par-

ciais obtidos na primeira fase do pro-jeto original, produzidos pelo levanta-mento exploratório.

• Tornar disponível a infra-estru-tura de trilhas ecológicas para conti-nuação do projeto original e outrostrabalhos de dendrologia, ecologia,educação ambiental, dendrometria eatividades correlatas.

A Floresta Ombrófila Mista ocorreesparsamente desde o Sul de MinasGerais e no Vale do Rio Doce, descen-do rumo a Sudoeste pela Serra daMantiqueira, SP, até atingir as forma-ções mais extensas distribuídas pelosEstados do Paraná, Santa Catarina eRio Grande do Sul, neste último até oVale do Rio Jacuí, aproximadamentea 30o de latitude S. A Oeste alcança aArgentina na província de Missiones,aproximadamente a 54 o de longitudeW. Dentro desta região, os pinheiraisencontram-se formando parte de dife-rentes associações florísticas, desdeformações densas, praticamente pu-ras, até capões, nas áreas de campo.As temperaturas médias anuais nes-tas áreas variam entre 12 e 18oC, ondeocorrem fortes e numerosas geadas,com precipitações de 1.270 a 2.494mmanuais em regime de distribuição uni-forme, isto é, sem déficit hídrico (1).

Na região de Canoinhas, SC, aFloresta Ombrófila Mista ocorre dife-rencialmente, sendo então denomi-nada de Floresta Ombrófila MistaMontana. Esta formação é caracteri-zada pela ocorrência da Araucariaangustifolia, vegetação típica do Pla-nalto Meridional, onde ocorria commaior freqüência. Apresenta quatroformações distintas: aluvial, em ter-raços antigos ao longo de rios;submontana, de 50 até mais ou menos400m de altitude; montana, de 400 atémais ou menos 1.000m de altitude ealtomontana, situada a mais de

1.000m de altitude (2).A floresta com araucária, encon-

trada atualmente em poucas reser-vas, ocupava quase que inteiramenteo planalto acima de 500m de altitudenos Estados do Sul do Brasil. Ainda nadécada de 50, em áreas extensas en-tre Lages, SC e Rio Negro, PR, obser-vava-se a Araucaria angustifolia emer-gindo da submata de canela lageana(Ocotea pulchella) e erva-mate (Ilexparaguariensis). Ao Norte de SantaCatarina e Sul do Paraná, o pinheirobrasileiro (Araucaria angustifolia ) es-tava associado com a imbuia (Ocoteaporosa), formando agrupamentos bemcaracterísticos que foram desapare-cendo e sendo substituídos pormonoculturas agrícolas (3).

Em 1971, de 75 a 80% do consumode madeira para serraria era supridopor florestas de araucária. A exporta-ção chegava a 165 mil toneladas demadeira beneficiada em 1975 e em1978 gerava aproximadamente US$25 milhões, somente para o Estado doParaná. Já no período de 1970 a 1978a produção de madeira industrializa-da de pinheiro brasileiro alcançava2,5 milhões de metros cúbicos. Parasuportar esta produção, 6.500ha deflorestas primárias e 22.700ha de flo-restas secundárias foram exploradasanualmente entre 1974 e 1978 (4).

As florestas de pinheiro brasileiroocupavam originalmente 2,16% doterritório do Estado de São Paulo,36,67% no Paraná, 60,13% em SantaCatarina e 17,38% no Rio Grande doSul, abrangendo ao todo 182.295km2.A ocorrência em 1979 já era somente4,9%, 3,18% e 1,18% para o Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul,respectivamente. Hoje encontram-seapenas fragmentos de vegetação, re-presentando 0,7% de sua área origi-nal. Esta situação crítica atual, resul-

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FlorestasFlorestasFlorestasFlorestasFlorestas

tante da intensa exploração madeirei-ra, agrava-se devido à reduzida ocor-rência de unidades de conservação(5).

Metodologia de trabalho

Os dados foram coletados em frag-mentos da floresta com araucária,localizados na Floresta Nacional -Flona - de Três Barras, SC (IBAMA),perfazendo cerca de 40ha, distribuí-dos em três talhões florestais, entresetembro/1995 e abril/1996. Estes es-tão situados no Planalto Norte Cata-rinense em altitude média de 850m. Oclima é do tipo Cfb segundo Köeppen,com chuvas bem distribuídas duranteo ano e a temperatura média do mêsmais frio menor que 18oC. O relevo éondulado a levemente ondulado e ossolos são predominantemente síltico--argilosos e argilosos.

A área foi dividida conforme o mapada Flona, em que se definiu a seqüên-cia para a execução dos trabalhos decampo, consistindo basicamente noreconhecimento e identificação dasespécies arbóreas. Em cada talhãorealizou-se um deslocamento paradeterminar as árvores mais significa-tivas. Iniciou-se a primeira trilha noextremo leste do talhão, identifican-do-se entre cinco e oito indivíduos porespécie, marcados com uma plaquetade alumínio (5 x 5cm) presa com umafita vermelha em torno do diâmetro aaltura do peito (DAP), contendo umnúmero e uma letra para identifica-ção da espécie e da repetição, respec-tivamente, dentro do talhão. Cadaárvore foi registrada em ficha de cam-po e em croqui, com orientaçãomagnética e amarração de referênciaà trilha seguindo-se em direção à pri-meira árvore mais representativa deum espécie, repetindo-se o processoaté o final. Esta forma de deslocamen-to formou um caminho definindo tri-lhas ecológicas. Os critérios conside-rados para escolha das árvores forama conformação característica da espé-cie e a superioridade fenotípica entreas demais da mesma espécie. Paracada árvore identificada foramcoletados os seguintes dadosdendrométricos: circunferência a al-tura do peito (CAP) com fita métrica

em centímetros e altura total da árvo-re com hipsômetro Blume-Leiss emmetros. Foram coletados ainda oscaracteres macromorfológicosmarcantes: as características do fuste,da casca externa e interna, o formato

da copa, as características das folhas,das flores e frutos.

Resultados obtidos

Na Tabela 1 são apresentados os

Tabela 1 - Listagem das árvores, por espécie, trilha e total na Floresta Nacional de TrêsBarras (IBAMA/SC) selecionadas para caracterização dendrológica

Número de árvoresNome popular Nome científico

Trilha I Trilha II Trilha III Total

1. Açoita-cavalo Luehea divaricata - 3 3 62. Araçá Psidium cattleianum - 2 4 63. Ariticum Rollinia silvatica 2 2 - 44. Aroeira Schinus terebinthifolius 1 - 5 65. Bracatinga Mimosa scabrella 1 3 1 56. Branquilho Sebastiana klotzchiana - 1 5 67. Bugreiro Lithrea brasiliensis 2 4 2 88. Cafezeiro-do-mato Casearia silvestris 1 2 - 39. Cajuja Clethra scabra - 2 - 210. Cambará Gochnatia polymorpha 4 5 2 1111. Canela-alho Gallesia gorarema 1 5 1 712. Canela-amarela Nectandra grandiflora 2 5 2 913. Canela-guaicá Ocotea puberula 3 5 - 814. Canela-imbuia Nectandra megapotamica 5 4 - 915. Canela-lageana Ocotea pulchella - 2 - 216. Capororoca Rapanea ferruginea 5 2 1 817. Capororoca-vemelha Rapanea umbellata 4 4 - 818. Carne-de-vaca Styrax leprosus 2 4 - 619. Caroba Jacaranda micrantha 2 5 3 1020. Carvalho-brasileiro Roupala asplenioides - 1 3 421. Cataia Drymis brasiliensis 3 5 - 822. Caúna Ilex brevicuspis 2 2 5 923. Cedro Cedrella fissilis 5 5 - 1024. Cerninho Blepharocalyx sp. 2 5 - 725. Congonha Ilex dumosa - 3 2 526. Corticeira Erythrina falcata - - 2 227. Cuvatã Cupania vernalis 1 5 4 1028. Cuvitinga Solanum variabile - 3 - 329. Erva-mate Ilex paraguariensis 4 5 - 930. Esporão-de-galo Acnistus breviflorus 2 - 2 431. Farinha-seca Diatenopterix sorbifolia 2 1 2 532. Fumo-bravo Solanum erianthum - 1 - 133. Guabiroba Campomanesia xanthocarpa 1 4 2 734. Guaçatunga-branca Casearia inaequilatera 2 2 - 435. Guaçatunga-preta Banara tomentosa 1 5 - 636. Guaramirim-cambuí Myrceugenia bracteosa - - 2 237. Guamirim Eugenia prismatica 1 4 2 738. Guamirim-folha-miúda Eugenia catharinae 2 2 - 439. Guamirim-ferro Calyptrantes concina - - 2 240. Guaraperê Lamonia speciosa 3 1 - 441. Imbuia Ocotea porosa 3 1 - 442. Ingá Inga sellowiana 2 1 - 343. Ipê-amarelo Tabebuia alba 1 4 - 544. Jarivá Arecastrum romanzoffianum 2 5 - 745. Juvevê Fagara kleinii 2 4 - 646. Leiteiro Spanium glanulatum 1 5 - 647. Mamica-de-porca Fagara rhoifolia 3 5 2 1048. Marmeleiro Dalbergia brasiliensis 1 5 4 1049. Miguel-pintado Matayba eleagnoides 5 5 - 1050. Orelha-de-mico Ilex theezans 5 5 2 1251. Pau-andrade Persia major 5 3 - 852. Pessegueiro-bravo Prunus sellowii 1 5 - 653. Pimenteira Capsicodendron dinissi 5 5 3 1354. Pinheiro brasileiro Araucaria angustifolia 5 5 - 1055. Pinho-bravo Podocarpus lambertii 10 - - 1056. Pitanga Eugenia uniflora - - 1 157. Sapopema Sloanea lasiocoma 1 - - 158. Sete-capotes Britoa guazumaefolia - 3 2 559. Tarumã Vitex megapotamica - 5 4 960. Timbó Ateleia glazioviana - 2 5 761. Vacum Allophylus guaranitucus 2 5 - 762. Vassourão-branco Piptocarpha angustifolia 1 5 - 663. Vassourão-preto Vernonia dsicolor 5 5 - 10

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FlorestasFlorestasFlorestasFlorestasFlorestas

resultados obtidos no levantamentoexploratório dos três talhões que re-presentam a vegetação estudada (Fi-gura 1).

Foram identificadas 403 árvores,correspondentes a 63 espéciesarbóreas representativas da forma-ção, distribuídas nos talhões levanta-dos. Não foram encontrados indiví-duos representantes de catorze espé-cies preestabelecidas. Sendo ametodologia de rigorosa varreduranos talhões, ficou evidenciada a au-sência destas no local. A constataçãoindica que o desbaste seletivo, ocorri-do quando a área ainda sofria forteinfluência antrópica, aliado ao com-portamento mais competitivo de es-pécies secundárias tardias, fizeramcom que as faltantes sofressem asconcorrências impostas e estejam en-contrando dificuldades de regenera-ção natural.

Chamou a atenção a ausência deduas importantes espécies frutíferas,como a jaboticabeira (Myrciariatrunciflora) e a cerejeira (Eugeniainvolucrata), o baixo número de indi-víduos de ingá (Inga sellowiana),pitangueira (Eugenia uniflora ) ,ariticum (Rollinia silvatica) e araçá(Psidium cattleianum), além do pe-queno porte e pequena represen-tatividade da espécie sete-capotes(Britoa guazumaefolia). Devido à co-nhecida abundância da fauna nestetipo de vegetação, principalmentepássaros que alimentam-se de frutassilvestres, é necessário o desenvolvi-mento de pesquisas visando oadensamento/enriquecimento comespécies frutíferas (Figura 2).

Destacaram-se ainda a ausênciada canela-sassafrás (Ocotea pretiosa)e do louro-pardo (Cordia trichotoma),possivelmente presentes em outrosfragmentos. Houve ainda baixa ocor-rência de espécies importantes comoa canela-amarela (Nectandragrandiflora) e a sapopema (Sloanealasiocoma), ratificando o exposto an-teriormente, pois estas espécies apre-sentam valor comercial significativoe tiveram certamente alta pressãosobre os melhores exemplares, elimi-

Figura 1 - Dossel característico defloresta secundária com araucária

Figura 2 - Guabiroba(Campomanesia xanthocarpa)

Figura 3 - Araucária(Araucaria angustifolia)

Figura 4 - Imbuia(Ocotea porosa)

nando-se, em seleção inversa, as ár-vores produtoras de sementesgenotipicamente superiores. A ocor-rência de indivíduos de pinheiro brasi-leiro (Araucaria angustifolia) (Figura

3), imbuia (Ocotea porosa) (Figura 4),cedro (Cedrella fissilis) (Figura 5) ecanelas (Ocotea spp. e Nectandraspp.) com desenvolvimento abaixodo esperado, além da presença

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FlorestasFlorestasFlorestasFlorestasFlorestas

degradação ocorrida e indicam que oestágio sucessional alcança a fase demata secundária.

Em relação à infra-estruturaimplantada, foram alocadas três tri-lhas ecológicas com árvoresidentificadas e marcadas conforme ametodologia prevista. A área fornececondições de início dos trabalhos deinstalação de estação fenológica, po-dendo desde já desempenhar a funçãode área de coleta de sementes deespécies florestais nativas da mata depinheiros.

As trilhas já vêm sendo efetiva-mente utilizadas pelo programa deeducação ambiental da Flona deTrês Barras - IBAMA/SC, para aulasde botânica, dendrologia e outrasdisciplinas do curso de EngenhariaFlorestal da UnC-Canoinhas, porprofessores e escolas de primeiro esegundo graus, grupos escoteiros ecursos de profissionalização deagricultores da EPAGRI. Além dis-so, as trilhas facilitam a coleta dematerial para pesquisas em tecnologiaflorestal, dendrologia, ecologia,herbário florestal e propiciam o pros-seguimento das ações desta pesquisavisando a montagem do sistemamultimídia.

Literatura citada

1. GOLFARI, L. Coníferas aptas para oreflorestamento nos Estados doParaná, Santa Catarina e RioGrande do Sul. Boletim TécnicoIBDF, Brasília, n.1, p.3-71, 1971/74.

2. VELOSO, H.P.;R A N G E L ,A.L.; LIMA,J.C. Classifica-ção da vegeta-ção brasileira,adaptada aum sistemauniversal. Riode Janeiro:IBGE, 1991.124p.

3. JARENKOW, J.A. Composição florísticae estrutura da mata com Araucariaangustifolia na Estação Ecológicade Aracuri, Esmeralda, Rio Grandedo Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1985.85p. Dissertação de Mestrado.

4. DE HOOGH, R.J. Site-nutrition-growthrelationship of Araucariaangustifolia (Bert) O. Ktze inSouthern Brazil . Freiburg:Fakultat de Albert-Ludwig-Universitat, 1981. DissertationDortorwurde.

5. LONGHI, S.J. Floresta ombrófila mista.Curitiba: UFPR, 1993. 61p. Tra-balho Acadêmico de Doutorado.

Luiz Cláudio Fossati, eng. florestal, Cart.Prof. 21.346-6, CREA-SC, EPAGRI/Es-tação Experimental de Canoinhas, C.P.216, Fone (047) 624-1144, Fax (047) 624-1079, 89460-000 Canoinhas, SC, LaerteBonetes, eng. florestal, Cart. Prof. 18.378-D, CREA-SC, UnC-Universidade do Con-testado, Professor Curso de EngenhariaFlorestal, C.P. 1, Fone (047) 622-3299,Fax (047) 622-3574, 89460-000Canoinhas, SC, André Luís Wendt dosSantos , acadêmico do Curso de Engenha-ria Florestal da UnC, C.P. 1, Fone (047)622-3299, Fax (047) 622-3574, 89460-000 Canoinhas, SC e José HilárioKoehler, acadêmico do Curso de Enge-nharia Florestal da UnC, C.P. 1, Fone(047) 622-3299, Fax (047) 622-3574,89460-000 Canoinhas, SC.

Figura 5 - Cedro(Cedrela fissilis)

Figura 6 - Canela-guaicá(Ocotea puberula)

significativa de espécies pioneirascomo a bracatinga (Mimosascabrella), vassourão (Vernoniadiscolor) e canela-guaicá (Ocoteapuberula) (Figura 6) confirmam a

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

Adoção de práticas de conservação do solo emAdoção de práticas de conservação do solo emAdoção de práticas de conservação do solo emAdoção de práticas de conservação do solo emAdoção de práticas de conservação do solo emmicrobacias do Meio Oeste Catarinensemicrobacias do Meio Oeste Catarinensemicrobacias do Meio Oeste Catarinensemicrobacias do Meio Oeste Catarinensemicrobacias do Meio Oeste Catarinense11111

Milton da Veiga eOsmar Luiz Trombetta

Projeto de Recuperação, Con-servação e Manejo dos Recursos

Naturais em Microbacias Hidrográ-ficas, mais conhecido como ProjetoMicrobacias/BIRD, está obtendo êxi-tos significativos em termos de ado-ção de práticas de conservação do soloem todas as regiões do Estado deSanta Catarina. Este fato pode serconfirmado nos relatórios consolida-dos por região e estadual (1).

Para analisar com detalhes esteaspecto, foi efetuado um levantamen-to da adoção de práticas de conserva-ção do solo em 20 de um total de 30microbacias trabalhadas pelo ProjetoMicrobacias/BIRD na região Meio--Oeste Catarinense. Este levantamen-to foi efetuado na safra 95/96, emmicrobacias dos seguintes municí-pios: Capinzal (3), Catanduvas (1),Herval do Oeste (2), Erval Velho (3),Lacerdópolis (2), Ouro (2), Água Doce(3), Tangará (3) e Campos Novos (1). Aárea total destas microbacias é de112.097ha, sendo que a áreaamostrada foi de 29.330ha, correspon-dente a grande parte das áreas ocupa-das com lavouras temporárias. As in-formações foram levantadas pelosextensionistas que trabalham no pro-jeto em cada município, sob a supervi-são do gerente regional do projeto, esistematizadas na Estação Experi-mental/Administração Regional daEPAGRI de Campos Novos.

Foi dada ênfase ao levantamentoda utilização de coberturas verdes deinverno (espécie e forma de semeadu-ra) e ao manejo do solo para implanta-ção das culturas de verão. Foramutilizados questionários específicospara lavouras com tração animal etração motomecanizada, os quais fo-ram posteriormente compatibilizadospara melhor entendimento e discus-

são dos resultados.

Culturas de inverno

Na Tabela 1 são apresentadas asáreas ocupadas com culturas comerci-ais ou de cobertura de inverno nosdiferentes sistemas de semeadura,bem como a área dessas culturas queforam submetidas a pastoreio.

Foi observado que estão sendo uti-lizadas culturas comerciais ou cultu-ras de cobertura de inverno em gran-de parte da área amostrada, destacan-do-se a aveia preta, a vica, o azevém eo trigo. A área com pousio invernal,no entanto, é relativamente alta(11.756ha ou 40% da área). A aveiapreta é a cultura de cobertura maisutilizada, tanto solteira (7.795ha ou27%) como consorciada com azevém(2.050ha ou 7%) ou vica (505ha ou 2%).

A maior utilização da aveia pretapode ser explicada por sua maior ver-

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1. Trabalho executado com recursos do Projeto Microbacias/BIRD.

satilidade, podendo ser usada parapastagem e como adubo verde, bemcomo pela facilidade de produção desemente na propriedade ou mesmo deadquiri-la nas casas agropecuárias lo-cais. Comparativamente ao azevém,que também poderia ser utilizadocomo pastagem, a aveia é mais apro-priada ao sistema de produção de grãosna região, onde predomina o milhocomo cultura de verão. Além disso, aaveia é mais precoce e apresentamenor infestação da lavoura atravésde ressemeadura.

Foi observado que grande parte daárea de lavouras está sendo utilizadapara pastoreio no inverno, inclusiveem parte da área com vegetação es-pontânea (pousio). Do total da áreaonde foram semeadas culturas de in-verno (excetuando-se a área com tri-go e sob pousio), aproximadamente70% é utilizada para pastoreio. A uti-lização de áreas de lavoura para

Tabela 1 - Área ocupada com culturas comerciais ou de cobertura de inverno, em trêssistemas de semeadura; área mantida sob pousio e área submetida a pastoreio, em 20

microbacias da região Meio-Oeste Catarinense

Forma de semeadura

Sem Lanço + Apóspreparo incorporação(A) preparo

------------------------------------ha--------------------------------------

Pousio invernal - - - 11.756 450Aveia preta 420 6.735 640 7.795 6.197Vica comum 1.300 550 30 1.880 280Azevém 330 1.310 200 1.840 1.650Aveia preta + azevém 110 1.800 140 2.050 2.050Aveia preta + vica comum 25 450 30 505 330Trigo 0 1.230 630 1.960 0Outras 5 954 685 1.644 480

Total 2.190 13.029 2.355 29.330 11.437

(A) Com grade (motomecanizado) ou com arado fuçador (tração animal).

Cultura Total Pastoreio

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 17

Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

Tabela 2 - Área ocupada com culturas comerciais de verão em diferentes sistemas demanejo do solo, em 20 microbacias da região Meio-Oeste Catarinense

Sistema de manejo do soloCultura Pastoreio

Semeadura Conserva- Convencional(C) Outros(D)

direta(A) cionista(B)

---------------------------------------------ha---------------------------------------------

Milho 1.660 10.722 6.610 2.408 21.400Feijão 60 1.630 985 610 3.285Soja 585 1.680 905 845 4.015Outras 50 180 250 150 630

Total 2.355 14.212 8.750 4.013 29.330

(A) Semeadura sem preparo do solo.(B) Cultivo mínimo e preparo com arado fuçador de tração animal e preparo com escarificador

ou reduzido com tração motomecanizada.(C) Preparo com arado de discos + grade com tração motomecanizada.(D)Roçada e queimada, capina, etc.

pastoreio no inverno é uma realidaderegional e deverá aumentar com oaumento da criação de gado leiteiroou mesmo engorda de gado de corteneste período. Observa-se, então, quea espécie a ser semeada no invernodeve necessariamente ter boa aptidãopara pastoreio. Isto pode explicar, emparte, o fato de serem pouco utiliza-das outras espécies indicadas parasemeadura anterior ao milho, como onabo forrageiro, a espérgula (gorga),o chícharo (xinxo) e a ervilhaforrageira.

A utilização das áreas de lavourapara pastoreio no inverno deve serfeita com critério, pois o excesso depastoreio pode resultar em maior ero-são do que o pousio invernal, pormanter o solo com pouca coberturavegetal e compactado superficialmen-te. Para evitar esses problemas deve--se dimensionar corretamente a lota-ção de animais por área, fazer rotaçãode pastoreio entre as áreas e, se pos-sível, não deixar o gado entrar nasáreas com o solo muito úmido.

O que preocupa em relação aosdados levantados é que predomina asucessão de culturas aveia preta/mi-lho, às vezes por muitos anos na mes-ma área. Com a introdução de siste-mas de manejo conservacionistas dosolo, tais como o cultivo mínimo e oplantio direto, pode aumentar os pro-blemas advindos desta monocultura,resultando em menor produção defitomassa de aveia preta e de grãos demilho, bem como maior incidência dedoenças no milho, interferindo na suaqualidade (grãos ardidos). Em parteesses problemas podem estar sendominimizados nas áreas com pastoreio,pois grande parte da massa passa pelotrato digestivo dos bovinos, alterandosua constituição. Outro aspeto é autilização de esterco de aves e desuínos nas lavouras da região, às ve-zes em grande quantidade, o que podeminimizar os problemas da sucessãogramínea/gramínea, pelo aporte denutrientes, principalmente do nitro-gênio.

Para reduzir este potencial proble-ma a médio e longo prazos, poderiaser utilizada no inverno a vica comumem consorciação com a aveia preta,centeio ou triticale, na proporção de

aproximadamente 50% da quantidadede sementes recomendada para cadaespécie. Como a vica tem um ciclomais tardio que as outras espécies e,sendo utilizada para pastoreio, estadeverá predominar por ocasião domanejo dos adubos verdes para seme-adura do milho, resultando em maiorpotencial de produção da cultura (for-necimento de N). A consorciação érecomendada também porque a vicacomum em cultivo solteiro não podeser utilizada para pastoreio, por apre-sentar problemas de timpanismo etambém porque sua palha decompõe--se rapidamente, reduzindo a cobertu-ra por resíduos durante o período decrescimento do milho.

Com relação à forma de semeadu-ra das culturas de inverno, há predo-minância da semeadura a lanço, comincorporação através de gradagem ouarado fuçador (Tabela 1). Isto porqueos agricultores, via de regra, não dis-põem de semeadeiras para culturasde inverno, geralmente semeadas emespaçamento próximo de 20cm entrelinhas. O preparo e posterior semea-dura e a semeadura sem preparo (se-meadura direta) são pouco utilizados.

Culturas de verão

Na Tabela 2 é apresentada a áreaocupada com culturas comerciais deverão em diferentes sistemas de ma-

nejo do solo. Foi observado que nasmicrobacias estudadas, como em todaa região Meio-Oeste Catarinense, pre-domina a cultura do milho no verão.Da área amostrada, 21.400ha (73%)foi ocupada com milho, 3.285ha (11%)com feijão e 4.015ha (14%) com sojana safra 95/96. A soja foi cultivadabasicamente nas microbacias traba-lhadas nos municípios de CamposNovos e Capinzal. Assim sendo, nasmicrobacias dos outros municípios aárea ocupada com milho foi aindamaior. Da área cultivada com milho,aproximadamente 70% é monocultura(pelo menos os dois últimos cultivosde verão foram com milho). Este índi-ce diminuiu para 29% na soja e 28% nofeijão.

Estas informações são de especialinteresse para os técnicos da regiãopois, como já foi abordado anterior-mente, com a utilização de sistemasde manejo conservacionistas do solo,mantendo parcialmente ou totalmen-te os resíduos na superfície, aumen-tam os problemas relacionados àmonocultura. Isto pode resultar, numcurto período, em redução da produti-vidade e da qualidade dos grãos demilho, que são em grande parte utili-zados na propriedade.

Com a rotação de culturas, tantono inverno como no verão, obtêm-semaior produtividade e qualidade degrãos, com índices variáveis entre

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

os sistemas de produção e culturasenvolvidas (2). Esta prática poderiainicialmente ser utilizada em parte dapropriedade, sem afetar o volume to-tal de grãos de milho necessários parao abastecimento da propriedade. Como aumento da produção na área comrotação de culturas, esta prática pode-ria ser estendida para toda a áreautilizada com culturas anuais na pro-priedade.

Manejo do solo

Na área amostrada ainda foi gran-de a utilização do manejo convencio-nal do solo na safra 95/96, o qual secaracteriza por grande mobilização dosolo e incorporação quase completados resíduos (Tabela 2). Este tipo demanejo é representado pela aração egradagens com tração motomeca-nizada (Figura 1). A área total utiliza-da neste sistema foi de 8.750ha (30%).Foi observado, no entanto, que a áreautilizada sob manejo conservacionista,incluindo-se principalmente o cultivomínimo (Figura 2), o preparo comarado fuçador com tração animal e opreparo com escarificador/subsoladorcom tração motomecanizada (Figura3), ocupa praticamente metade da área(14.212ha ou 48%). Estes sistemas demanejo do solo resultam em incorpo-ração parcial dos resíduos e, conse-qüentemente, manutenção da super-fície do solo mais protegida em rela-ção ao preparo convencional, princi-palmente no período compreendidoentre o preparo do solo e o desenvol-vimento inicial das culturas, com me-nor risco de erosão (3).

A semeadura sobre os resíduos,sem preparo do solo, mais conhecidacomo plantio direto, ocupou na safra95/96 uma área de 2.355ha (8%). Estesistema de manejo do solo, no entan-to, vem sendo cada vez mais utilizadopelos produtores, em função da aqui-sição de semeadoras para plantio di-reto (tração animal ou motomeca-nizada), ou de “kits” para plantio dire-to adaptados em semeadoras utiliza-das no sistema convencional. Valeressaltar que em grande parte essesequipamentos estão sendo adquiridoscom recursos do Prosolo, um dos com-ponentes do Projeto Microbacias/

Figura 1 - Erosão severa em lavoura com preparoconvencional

BIRD.O plantio direto

é o sistema de ma-nejo conservacio-nista do solo maiseficiente no contro-le da erosão, pormanter a quase to-talidade dos resí-duos sobre a super-fície do solo (Figura4). Esses resíduosevitam o impactodireto das gotas dachuva sobre o solo,dissipando suaenergia cinética eevitando ou redu-zindo, assim, a pri-meira etapa do processo erosivo, queé a desagregação do solo. Os resíduosdeixados sobre a superfície tambémreduzem a erosão provocada pelo es-coamento superficial da água que nãoinfiltra no solo, pela redução de suavelocidade (4). Este efeito é mais sig-nificativo nas lavouras onde existampráticas complementares de controleda erosão, como terraços e patamaresvegetados e/ou de pedras.

Deve-se ressaltar que em parte daárea com semeadura direta da culturade verão não está sendo adotado oplantio direto como conceitualmentedefinido. Isto porque as culturas deinverno estão sendo instaladas atra-vés de semeadura a lanço com incor-poração, ou seja, o solo está sendorevolvido pelo menos superficialmen-te. Além disso, mui-tas vezes a semea-dura é efetuada ape-nas sobre resíduosda cultura do verãoanterior e de plan-tas daninhas de in-verno (pousioinvernal) e/ou compequena quantida-de de resíduos nasuperfície. A rota-ção de culturas, umrequisito básicopara o êxito do plan-tio direto, muitasvezes não é utiliza-da. Esses proble-mas, no entanto,

são perfeitamente equacionáveis coma evolução do conhecimento sobre osistema de manejo do solo em plantiodireto.

O plantio direto em áreas utiliza-das sob pastoreio no inverno mereceespecial atenção. O princípio básicodeste sistema é a existência de palha(resíduos) na superfície e, por isso, omanejo do pastoreio deve ser feito deforma que, por ocasião da semeadurada cultura de verão, haja um mínimode massa de resíduos (3 a 4t/ha). Istopode ser obtido dimensionando-se bema quantidade de animais por área,fazendo-se rotação de pastoreio entreas glebas e retirando-se o gado de 30a 40 dias antes da dessecação da cultu-ra de inverno. A aplicação de estercolíquido de suínos ou de nitrogênio em

Figura 2 - Cultivo mínimo com tração animal emlavoura com vica comum

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Conservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do soloConservação do solo

ocupado uma área pouco expressivana safra 95/96, está em franca expan-são, principalmente pela aquisição desemeadoras para plantio direto oumesmo de “kits” para adaptação desemeadoras convencionais, com re-cursos do Prosolo.

Agradecimentos

Os autores agradecem aosextensionistas do Projeto Microbacias/BIRD que efetuaram o levantamentodas informações nos municípios deCapinzal (Vilmar Rech e DaniloBonissoni), Catanduvas (Luiz Domin-gos Hess), Herval do Oeste (PoncianoTex de Vasconcelos), Erval Velho(Darci Severino Gallio), Lacerdópolis(Henrique Morigutti), Ouro (HélioBasei), Água Doce (Eudes ErasmoLenzi e Edson Nunes), Tangará (EneoW. Webber) e Campos Novos (TúlioCesar Dassi).

Literatura citada

1. EPAGRI. Levantamento da situação emconservação do solo - consolidado doEstado. Florianópolis, 1996. 1p.

2. RUEDELL, J. Plantio direto na Região deCruz Alta. Convênio FUNDACEP/BASF.FUNDACEP/FECOTRIGO, Cruz Alta,RS, 1995, 134p.

3. CASSOL, E.A. Erosão do solo: Influênciado uso agrícola, do manejo e do preparodo solo. 2 ed. Porto Alegre: Secretaria daAgricultura/Instituto de Pesquisa dosRecursos Naturais Renováveis AtalibaPaz, 1986. 40p. (IPRNR. Publicações,15).

4. WISCHMEIER, W.H.; SMITH, D.D. Pre-dicting rainfall erosion losses: a guideto conservation planning. WashingtonU.S. Department of Agriculture, 1978,60p. (Agriculture Handbook, 537).

Milton da Veiga, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.7.290, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experi-mental de Campos Novos, C.P. 116, Fone(049) 544-1748, Fax (049) 544-1777, 89620-000 Campos Novos, SC e Osmar LuizTrombetta, eng. agr., Cart. Prof. 10.242-1,CREA-RS, EPAGRI, Gerência Regional deCampos Novos, C.P. 116, Fone (049)544-1748, Fax (049) 544-1777, 89620-000Campos Novos, SC.

Figura 3 - Preparo com escarificador em resteva demilho

Figura 4 - Plantio direto de milho em resteva de aveiapreta

cobertura, após a retirada dos ani-mais aumenta a produção de massaverde das culturas de inverno e podeencurtar esse intervalo. O excesso depastoreio nas culturas de inverno,além de resultar em pequena massade resíduos remanescentes sobre osolo, aumenta a compactação superfi-cial do solo e pode, inclusive, apresen-tar erosão semelhante a do sistemade manejo convencional.

Outras informações

Foram levantadas, ainda, outrasinformações relacionadas com a con-servação do solo. Do total da áreaamostrada, 12.282ha (42%) foram con-duzidos predominantemente com tra-ção animal ou manual e 17.048ha

(58%) com traçãomotomecanizada.Estes dados apon-tam para a utiliza-ção cada vez maiorda tração motome-canizada em pelomenos uma etapado manejo do solo.A utilização de ter-raços ou de patama-res vegetados e depedras é significati-vo na região(6.285ha ou 21%).Esta prática com-plementar de con-trole da erosão éimportante tanto

pela redução do volume e velocidadeda enxurrada como por disciplinar asemeadura em contorno (4). A queimados resíduos é uma prática cada vezmenos utilizada (1.105ha ou 4%), res-tringindo-se basicamente às áreasonde é roçada a vegetação secundária(capoeira) para reutilização da áreaapós dois ou mais anos sob pousio.

Conclusões

• A utilização de culturas de cober-tura de inverno na área destinada aculturas anuais no verão é expressivanas microbacias amostradas, sendoque grande parte da área é utilizadapara pastoreio neste período.

• A cultura do milho é a de maiorexpressão, ocupando aproximadamen-

te 73% da área plan-tada com culturasde verão nas micro-bacias amostradas. • Os sistemas

conservacionistasde manejo do solopara implantaçãodas culturas de ve-rão estão sendo lar-gamente utilizados,r e p r e s e n t a n d oaproximadamente56% da área (inclu-indo-se o plantio di-reto). • O plantio dire-

to, apesar de tero

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CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga na“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga na“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga na“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga na“Lagarta-minadora-dos-citros”, uma nova praga nacitricultura catarinensecitricultura catarinensecitricultura catarinensecitricultura catarinensecitricultura catarinense

Luís Antônio Chiaradia e José Maria Milanez

“lagarta-minadora-dos-citros”,conhecida cientificamente por

Phyllocnistis citrella Stainton, 1856(Lep., Gracillariidae), é uma nova pra-ga que se instalou no Estado de SantaCatarina. Trata-se de uma pequenamariposa, cuja fase larval se desen-volve no interior de folhas jovens dasplantas cítricas, formando minas tiposerpentina, dano que reduz o desen-volvimento e a produção das plantas.Esta espécie foi constatada no OesteCatarinense em dezembro de 1996, erapidamente infestou os pomares daregião causando elevados prejuízos.

Origem e distribuição dapraga

Este inseto já era conhecido peloscitricultores europeus e asiáticos des-de o fim do século passado. No ano de1993 surgiu em pomares cítricos daFlórida e, em 1994, em pomares daAmérica Central (1). No Brasil, estamariposa foi constatada em pomarespaulistas no início do ano de 1996, e nofinal deste mesmo ano alcançou ospomares situados na região Oeste doEstado de Santa Catarina, onde en-controu condições ambientais favorá-

veis para seu desenvolvimento. Atu-almente, esta praga encontra-se dis-tribuída em todas as principais re-giões citrícolas do mundo, tendo sidorelatada em 53 países, sendo 25 asiá-ticos, 9 africanos, 6 da Oceania, 3europeus e 11 americanos (2).

Características da praga easpectos biológicos

O adulto desta espécie é uma pe-quena mariposa que mede aproxima-damente 4mm de envergadura e 2mmde comprimento. As asas anterioresapresentam escamas de coloraçãobranca-prateada, mescladas com pe-quenas manchas de coloração mar-rom-amarelada e preta, destacando--se uma mancha preta de tamanhomaior na porção apical das asas (Figu-ra 1 A). O corpo e as asas posterioressão de coloração branca. Estas mari-posas possuem hábito crepuscular enoturno, ficando abrigadas no solo ena vegetação de porte baixo durante odia. No final da tarde podem ser vistasvoando ao redor de plantas cítricas aprocura de brotações novas, quandosão facilmente dispersadas pelo vento(1 e 2).

A longevidade dos adultos podevariar de 1 a 22 dias, período em queas fêmeas põem de 7 a 108 ovos,colocados preferencialmente na pági-na inferior das folhas (2). As lagartasrecém eclodidas penetram rapidamen-te nas folhas, iniciando sua alimenta-ção, e aí permanecem até atingir apro-ximadamente 4mm de comprimento(Figura 1 B). No final da fase larvalestas lagartas passam por uma fase depré-pupa, seguida da fase pupal (Figu-ra 1 C), que ocorre em uma câmaraespecial, geralmente localizada nasmargens das folhas, onde sobrevivemem diapausa, quando as condiçõesambientais forem adversas, principal-mente no inverno. De acordo com ascondições climáticas, o ciclo de vidadestes insetos pode variar de 11 a 33dias, alcançando de 5 a 13 geraçõesanuais (2).

Sintomas do ataque edanos

A fase larval desta mariposa sedesenvolve no parênquima de folhasnovas das plantas cítricas. Em decor-rência de sua alimentação eexcrementos, formam galerias ou

Figura 1 - Fases do ciclo biológico de P. citrella: A - fase adulta; B - fase larval; C - fase pupal

A B C

A

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CitriculturaCitriculturaCitriculturaCitriculturaCitricultura

minas tipo serpentina, que assumemcoloração prateada com um risco es-curo na parte central, dano que facil-mente a identifica (Figura 2 A). Emaltas infestações a lagarta pode sedesenvolver também na casca de ra-mos e frutos novos (2 e 3).

As folhas atacadas tornam-seretorcidas e com manchas descora-das, provocando redução no desenvol-vimento e na produção das plantas.Estas folhas geralmente permanecemaderidas à planta (Figura 2 B), des-prendendo-se apenas nos períodos deestiagem. Por isso, os danos destapraga são mais significativos em vi-veiros de mudas, pomares em forma-ção e em variedades que apresentambrotações por períodos mais longos(1). Os hábitos das lagartas favorecemtambém a entrada de microorga-nismos patogênicos nos tecidos vege-tais, tais como a bactériaXanthomonas citri, causadora do can-cro-cítrico, doença limitante dacitricultura (Figura 2 C).

Métodos de controle

O controle biológico é a principal

opção utilizada em outros países vi-sando manter a população de P.citrella abaixo do nível de dano econô-mico. São relacionadas aproximada-mente 40 espécies de parasitóides epredadores, sendo o principalAgeniaspis citricola (Hym.,Encyrtidae), endoparasita específicodesta praga, e responsável por até80% do controle natural (1 e 4).

No Brasil já foram catalogadas maisde quinze espécies de predadores eseis gêneros de parasitóides nativos.Está sendo providenciada também aimportação de A. citricola , visandoaprimorar o controle natural da pra-ga, a exemplo do que ocorreu naFlórida, onde o parasitóide foi encon-trado em 37% das câmaras pupais dalagarta minadora, cinco meses apóster sido introduzido (4).

O controle químico é recomendadopara viveiros e pomares com menosde cinco anos de implantação, paranão comprometer o desenvolvimentovegetativo das plantas. O nível decontrole para esta praga é quandoocorrem 10% de folhas novas ataca-das com lagartas até o terceiro ínstarou quando, em média, aparecer o

sinal de ataque em três das cincofolhas mais novas de cada broto. Paraverificar a necessidade da utilizaçãodo controle químico é recomendada arealização de amostragens em 1% dasárvores do pomar no mínimo em 20plantas. Nos pomares comprova-damente infectados com a bactériacausadora do cancro-cítrico, o contro-le químico é recomendável em qual-quer situação (1).

Até o momento, existem poucosinseticidas registrados no Brasil parao controle de P. citrella, visto o recen-te surgimento da praga. Os produtosquímicos mais utilizados em outrospaíses pertencem à classe dosorganofosforados não sistêmicos(fention, metil paration, paration,triazofós e quinalfós) e dos piretróides(cipermetrina, deltametrina, fenva-lerato, fempropatrina, fluvalinato epermetrina), embora mais recente-mente estejam sendo recomendadosprodutos a base de imidaclopride,abamectina e diflubenzurom, consi-derados seletivos aos inimigos natu-rais (2).

Literatura citada

1. NAKANO, O. Nova praga ataca os pomarescítricos. Correio Agrícola, São Paulo,n.2, p.2-5, 1996.

2. CÔNSOLI, F.L.; ZUCCHI, R.A.; LOPES,J.R.S. A lagarta minadora dos citros.Piracicaba: FEALQ, [1996]. 39p.

3. WHITESIDE, J.O. Pest injuries resemblingdisease effects. In: WHITESIDE, J.O.;GARNSEY, S.M.; TIMMER, L.W.Compendium of citrus diseases. St.Paul, APS, 1993. p.65.

4. BICHO minador dos citros - O parasito quefalta! Manejo Ecológico de Pragas -Informativo, Jaboticabal, v.3, n.8,p.87.

Luís Antônio Chiaradia, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. 11.485, CREA-SC, EPAGRI/Cen-tro de Pesquisa para Pequenas Propriedades,C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax (049) 723-0600, 89901-970 Chapecó, SC e José MariaMilanez, eng. agr., Ph.D., Cart. Prof. 14.539,CREA-SC, EPAGRI/Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades, C.P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89901-970Chapecó, SC.

A B

C

Figura 2 - Sintomas e danosprovocados por P. citrella emcitros: A - minas em folhas;

B - folhas retorcidas em brotações;C - minas associadas à ocorrência

de cancro-cítrico em folhas

o

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Holanda interessada emHolanda interessada emHolanda interessada emHolanda interessada emHolanda interessada emvariedade de batatavariedade de batatavariedade de batatavariedade de batatavariedade de batata

catarinensecatarinensecatarinensecatarinensecatarinense

A Holanda, líder mundial em pro-dução de batata-semente, exportan-do anualmente 700 mil toneladaspara mais de 50 países, está interes-sada em produzir batata-semente davariedade EPAGRI 361-Catucha, re-centemente lançada pela Estação Ex-perimental de Urussanga. Para isso,a empresa holandesa Stet Holland jáentrou em contato com a diretoriada Empresa de Pesquisa Agropecuá-ria e Extensão Rural de SantaCatarina S.A. - EPAGRI, no sentidode obter licenciamento para produ-zir a variedade catarinense e tam-bém acertar o pagamento de“Royalties”. A empresa holandesa,além de produtora e exportadora debatata-semente de inúmeras varie-dades, possui um extenso programade melhoramento em cooperaçãocom a Polônia, Itália e Israel, mani-festando interesse em cooperar tam-bém com o Brasil, através de SantaCatarina.

Diante da potência da Holandaneste setor, exportando inclusivepara o Brasil inúmeras variedadesholandesas, famosas mundialmentee muito cultivadas no Brasil, taiscomo a Bintje e Baraka, por que ointeresse na variedade desenvolvidaem Santa Catarina? A razão desteinteresse está no fato de que aCatucha apresenta alta resistênciaàs doenças da folhagem (requeima epinta preta), reduzindo em 70% ocusto de produção com fungicidas. Avantagem da Catucha sobre as varie-dades holandesas, alemãs e outras,quanto a resistência às doenças dafolhagem, é explicada pela seleçãodesta variedade em condições favo-ráveis ao aparecimento destas doen-ças (umidade, baixas e altas tempe-raturas), enquanto que as estrangei-ras foram criadas em condições des-favoráveis para estas mesmas doen-ças. Esta alta resistência garante aoprodutor da variedade Catucha bonsrendimentos, mesmo na entressafra,

época de maior ocorrência das doen-ças, mas com a obtenção de melhorespreços pelo produto.

Existem ainda outras vantagensda Catucha sobre as variedades maisplantadas em Santa Catarina e noBrasil, como a qualidade culinária,especialmente para fritas e tambémpara aproveitamento na indústria de“chips” e pré-fritas.

Na indústria de “chips” e batatapalha a Catucha dá maior rendimentocom melhor qualidade. A Catuchaproduz 15% a mais quando com-parada às variedades mais plan-tadas .

A Catucha, lançada recentemente(agosto/95) pela Estação Experimen-tal de Urussanga/EPAGRI, no Sul deSanta Catarina, tem sido produzida deforma mais concentrada nesta região.Nos plantios de março e agosto comcolheitas em junho/julho e novembro/dezembro se concentra a maior ofertade batata. Indústrias de “chips” e bata-ta palha, supermercados e restauran-tes interessados em adquirir a batataCatucha devem contatar com aEPAGRI, em Criciúma, Pedras Gran-des, e Estação Experimental deUrussanga.

A EMBRAPA, através do Serviçode Produção de Sementes Básicas,Gerência Local de Canoinhas, SC, emconvênio com a EPAGRI, está produ-zindo e comercializando batata-semen-te básica. Os interessados devem en-trar em contato com a EMBRAPA,através do fone (047) 624-0127 e fazersua reserva com antecedência.

Encontro discuteEncontro discuteEncontro discuteEncontro discuteEncontro discutenovidades sobre onovidades sobre onovidades sobre onovidades sobre onovidades sobre o

plantio diretoplantio diretoplantio diretoplantio diretoplantio direto

O Brasil já possui cerca de 6 mi-lhões de hectares cultivados no siste-ma de plantio direto. No Sul do paísexistem 2 milhões de hectares no RioGrande do Sul, 1,5 milhão no Paranáe 300 mil hectares em Santa Catarina.Estes números referem-se à safra

passada e para este ano estima-seque os valores cresçam ainda mais,refletindo a importância que os pro-dutores rurais brasileiros estão dan-do para este inovador sistema demanejo do solo. Os dados acima fo-ram apresentados durante o II En-contro Estadual de Plantio Direto naPalha e III Seminário Regional so-bre Plantio Direto realizado no perí-odo de 16 a 17 de julho último, emCampos Novos, SC, promovidos peloNúcleo de Engenheiros Agrônomosde Campos Novos da AEASC e peloProjeto Microbacias da EPAGRI.

As palestras técnicas, que atraí-ram a atenção dos 450 técnicos eprodutores rurais presentes ao even-to, abordaram os seguintes temas:calagem e adubação (engenheiroagrônomo e pesquisador SírioWiethölter-EMBRAPA-CNPT), ma-nejo de pragas em plantio direto(engenheiro agrônomo e pesquisa-dor Mauro Tadeu Braga da Silva-FUNDACEP/FECOTRIGO), manejode plantas daninhas em plantio dire-to (engenheiro agrônomo HaroldoMarochi - MONSANTO), plantas decobertura do solo e rotação de cultu-ras (engenheiro agrônomo e pesqui-sador Leandro do Prado Wildner-CPPP/EPAGRI). No final do segun-do dia realizou-se a exposição demáquinas utilizadas no sistema deplantio direto, tanto para tração ani-mal como motomecanizada, apre-sentando novos lançamentos, o queatraiu sobremaneira a atenção dosagricultores e técnicos.

Redução de custos

O coordenador do encontro enge-nheiro agrônomo e pesquisador daEPAGRI Milton da Veiga ressaltouque o plantio direto está paulatina-mente realizando uma revolução naagricultura, conforme as modernasdiretrizes mundiais preconizadaspelo novo paradigma da agriculturasustentável. Ele citou ainda que agrande aceitação do sistema não sóno Brasil, mas no mundo todo, deve--se muito à sensível redução de cus-tos (podendo chegar a mais de 30%depois da estabilização do sistema)

REGISTRO

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

em relação ao manejo convencional,seja em termos de menor uso detempo de maquinaria, combustíveise mão-de-obra, seja na diminuiçãoda utilização de agroquímicos (prin-cipalmente fertilizantes). Além dis-so, lembra o pesquisador, o enfoqueambiental do plantio direto, que bus-ca a recuperação das propriedadesfísicas, químicas e biológicas dos so-los, de maneira sustentável, é umdos pontos fundamentais do siste-ma.

O pesquisador da EMBRAPA SírioWiethölter informou que para aque-las lavouras que já estão com o siste-ma de plantio direto bem implanta-do, as necessidades de calagem eadubação NPK tendem a diminuircom o passar do tempo, conformecritérios técnicos levantados pelapesquisa, o que significa redução decustos pelo produtor. Já o pesquisa-dor Mauro Tadeu Braga da Silvada FUNDACEP/FECOTRIGOalertou que podem ocorrer no plan-tio direto pragas desconhecidas aosistema convencional de preparo,como por exemplo o bicudo na soja ea larva de vaquinha no milho.Mauro enfatizou a necessidade dese fazer rotação de culturas eutilizar o manejo integrado de pra-gas (MIP) para reduzir as perdas deprodução e diminuir os custos docontrole.

O engenheiro agrônomo HaroldoMarochi (MONSANTO) apresentouresultados de pesquisa sobre manejode plantas daninhas, ressaltando téc-nicas de controle através deherbicidas, com atenção para os cui-dados na pulverização (vazão, tem-peratura, luminosidade, etc.). Tam-bém falou sobre a necessidade de seutilizar plantas de cobertura do soloe da rotação de cultura para dimi-nuir a incidência de plantas dani-nhas e utilizar diferentes princípiosativos de herbicidas, prevenindo acriação de resistência das plantasdaninhas aos mesmos.

O uso de adubos verdes dentro dosistema de plantio direto é impres-cindível para alcançar o sucesso es-perado, alertou o pesquisador Lean-dro do Prado Wildner, do Centro de

Pesquisa para Pequenas Proprieda-des da EPAGRI. Essas espécies, utili-zadas de forma programada em umarotação de culturas, promovem areciclagem de nutrientes, reduzem aerosão, a infestação de plantas dani-nhas e o ataque de pragas e doenças,resultando em menor uso deagroquímicos.

Dado o sucesso do II Encontro Es-tadual e III Seminário Regional sobrePlantio Direto, técnicos de outras re-giões de Santa Catarina e Sul do Bra-sil já estão se movimentando pararealizar eventos semelhantes em ou-tras localidades, contando com o apoiodos especialistas e pesquisadores daEPAGRI, EMBRAPA, cooperativas eempresas privadas que, em parceria,procuram divulgar este novo métodode cultivar a terra. O III EncontroEstadual de Plantio Direto na Palhaserá realizado no próximo ano no Suldo Estado sob a responsabilidade daGerência Regional da EPAGRI deUrussanga.

Mais informações sobre os resulta-dos do evento podem ser obtidos juntoà Estação Experimental de CamposNovos da EPAGRI, BR 282, km 342,Caixa Postal 116, 89620-000 CamposNovos, SC - Fone (049) 544-1748 e Fax(049) 544-1777.

Controle de infecçõesControle de infecçõesControle de infecçõesControle de infecçõesControle de infecçõesurinárias de suínosurinárias de suínosurinárias de suínosurinárias de suínosurinárias de suínos

Dra. Ana Letícia ZodiMédica veterinária

Infecções urinárias ocorrem nor-malmente devido a penetração e mul-tiplicação de bactérias ou vírus. Ani-mais doentes eliminam os agentes naurina, contagiando os outros.

Entre as infecções urinárias, umadas mais importantes é a cistite, infec-ção da bexiga. A cistite causada porbactérias é um problema bastantefreqüente entre matrizes. Os animaisdoentes podem apresentar febre, faltade apetite, apatia e sensação dolorosa

ao urinar. Muitas vezes observa-sepus e/ou sangue na urina.

O controle dessa doença que afe-ta a produtividade dos suínos é umproblema para os veterinários e pro-dutores. Geralmente são adotadaspráticas de manejo como melhora dahigiene. Essas medidas, no entanto,nem sempre são eficientes e o con-trole exige o emprego de antibióti-cos.

Os antibióticos podem ser admi-nistrados na ração, o que nem sem-pre é prático, ou pela via injetável.Injeções intramusculares de antibi-óticos é a opção mais adequada prin-cipalmente nos casos agudos, emfunção de uma resposta mais rápida.Quando o consumo alimentar foi afe-tado, a via injetável é também a maisindicada. Os antibióticos de eleiçãodevem ser de amplo espectro e longaação de forma a evitar o estresse detratamentos repetidos.

Na busca de um antibiótico defácil utilização e alta eficácia no con-trole da cistite, foi avaliada aoxitetraciclina1 na dosagem de 30mg/kg de peso vivo. Essa formulação foiescolhida por oferecer o maior perí-odo de proteção das formulações deamplo espectro do mercado - cinco aseis dias.

Avaliação a campo

A avaliação foi realizada em umagranja de suínos de bom nível sanitá-rio na região de Campinas, Estado deSão Paulo. Foram utilizadas 30 ma-trizes.

Todos os animais escolhidos apre-sentavam sintomas de cistite. Foiidentificada presença de muco, san-gue ou pus na região da vulva, caudaou no piso das instalações após amicção. Todas as matrizes escolhi-das apresentaram resultado positivopara presença de bactérias na urina,comprovando a infecção. As princi-pais bactérias identificadas foramStaphyilococcus sp, Streptococcus spe E. coli, agentes freqüentementeassociados a cistites.

Após a comprovação laboratorialda cistite, os animais foram dividi-dos, por sorteio, em dois grupos de#

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

quinze animais cada. Um grupo nãorecebeu nenhum tratamento. O ou-tro grupo recebeu uma doseintramuscular de oxitetraciclina30% 1 na dosagem de 30mg/kg depeso vivo.

Após o tratamento, os animaisforam observados diariamente, duasvezes ao dia, por duas semanas bus-

cando sinais de melhora.

Resultados

Na avaliação diária, foi observadamelhora considerável a partir do quin-to dia após o tratamento. Do quintoaté o décimo quarto dia, 93% dosanimais tratados já não apresenta-

vam muco, sangue ou pus na urina,tendo a mesma readquirido seu odore limpidez característicos.

Os animais que não receberamtratamento com antibióticos conti-nuaram a apresentar os sintomas decistite.

Conclusão

Os resultados demonstraram queoxitetraciclina 30%1, quando aplica-da em dose única, na dosagem de30mg/kg, via intramuscular, é eficazno tratamento de cistites inespe-cíficas de suínos.

1. Tetradur® LA - 300

Ocorrência da aranhaOcorrência da aranhaOcorrência da aranhaOcorrência da aranhaOcorrência da aranhamarrom em residênciasmarrom em residênciasmarrom em residênciasmarrom em residênciasmarrom em residências

nas áreas rural enas áreas rural enas áreas rural enas áreas rural enas áreas rural eurbana de Chapecó, SCurbana de Chapecó, SCurbana de Chapecó, SCurbana de Chapecó, SCurbana de Chapecó, SC

Jocélia Vargas Campos e FlávioRoberto Mello Garcia

A aranha marrom (Loxosceles sp.)é um animal peçonhento. Sua picadacausa a degeneração e morte dascélulas associadas a coloração edesidratação dos tecidos de animaise do homem, o que é chamadotecnicamente de necrose. A necro-se pode ser cutânea ou cutânea--visceral, havendo predomínio da pri-meira (aproximadamente 97% doscasos).

O estudo microscópico da lesãorevela dilatação dos vasossangüíneos, edema e acúmulo deleucócitos (células de defesa doorganismo), presença de coágulosnos vasos e hemorragias. O venenoatua ainda sobre as plaquetas(células envolvidas na coagulação dosangue, ativando-as e causando suaagregação, e sobre os glóbulosvermelhos, destruindo-os, o que é

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

chamado tecnicamente de hemó-lise (1).

Identificação, hábito ebiologia

São aranhas pequenas de até 1cmde diâmetro do corpo e até 3cm decomprimento total; o colorido é mar-rom acinzentado, podendo apre-sentar no dorso do cefalotórax umdesenho amarelo em forma de estre-la (2).

O hábito das aranhas marrons énoturno, pois vivem em teias irregu-lares que lembram fios de algodãoesparsos, revestindo uma superfíciesempre em lugares ao abrigo da luz(3). Na natureza são encontradas emfendas de barrancos, junto a raízesde árvores parcialmente descober-tas pela erosão, sob pedras, em cas-cas de árvores, folhas de palmeiras,bambu e cavernas; ocorrem tam-bém nas imediações e dentro deresidências, abrigando-se atrás demóveis, no meio de pilhas depapel, de tijolos, de madeira, emgaragens, porões, etc. A maioria dosacidentes, cerca de 80%, ocorre den-tro de casa, quando a aranha écomprimida contra o corpo da vítima(4, 5 e 6). Este tipo de acidente se dá

pelo fato da aranha se abrigar dentrode sapatos, toalhas de banho, roupasde cama, fugindo sempre da lumino-sidade.

As fêmeas da aranha marrom al-cançam a maturidade sexual, ou seja,estão aptas a se reproduzir, aos 328,5dias, e os machos aos 454,7 dias. Umafêmea pode produzir até quinzeootecas (estojos de ovos) contendocada uma de 22 a 138 ovos. A duraçãoé de 1.536 dias para as fêmeas e 696dias para os machos (6). Os acidentescom estas aranhas podem ser causa-dos por machos e fêmeas, jovens ouadultos.

Ocorrência emSanta Catarina

Em Chapecó foi constatada a pre-sença de Loxosceles intermedia emresidências em áreas rurais e urba-nas, cabendo salientar que essa é umadas espécies mais perigosas do gêne-ro. A expressiva maioria das aranhasfoi capturada embaixo e no interior demóveis como armários, ou ainda den-tro de sapatos, roupas, roupas de camae toalhas. Alguns exemplares foramincorporados à coleção do LaboratórioZoobotânico da UNOESC, Campus deChapecó.

Recomendações

Deve-se tomar cuidado ao se ves-tir ou até mesmo ao se deitar, veri-ficando se os utensílios domésticosestão isentos da presença da aranha.Serão testados no Departamento deCiências Biológicas e da Saúde daUNOESC alternativas de controlequímico. É importante que em casode acidente o animal seja capturadopara posterior identificação, o quefacilita a busca de um soro específi-co. O soro antiloxoscélico é produzi-do pelo Instituto Butantan de SãoPaulo.

Literatura citada

1. BARBARO, C.B. Aranhas venenosasno Brasil: fatos e mitos sobre operigo que esses animais oferecemà população. Ciência Hoje, SãoPaulo, v.19, n. 114, 1995.

2. SCHVAREMAN, S. Plantas veneno-sas e animais peçonhentos. São Pau-lo: Ed. Sarvier, 1992. 288p.

3. SOERENSEN, B. Animaispeçonhentos. São Paulo: Ed.Atheneu, 1990. 138p.

4. GAJARDO TOBAR, R. Mi experiênciasobre loxoscelismo. Memórias doInstituto Butantan, São Paulo,v.33, n.1, p.689, 1966.

5. GALIANO, M.E.; HALL, M. Ciclo bio-lógico y desarollo de Loxosceleslaeta Nicolet. Acta ZoológicaLilloana, Tucumán, v.23, n.3,p.431-464, 1967.

6. GALIANO, M.E.; HALL, M. Notasadicionales sobre el ciclo vital deLoxosceles laeta Nicolet (Aranae).Physis, Buenos Aires, v.32, n.85,p.277-288, 1973.

Jocélia Vargas Campos, acadêmica doCurso da UNOESC e Flávio RobertoMello Garcia, biólogo, M.Sc., CRB17.071-03D, professor do Curso deBiologia da UNOESC, Rua SenadorAttílio Fontana, 591-E, C.P. 747,89809-000 Chapecó, SC. E-mail:[email protected]. rct-sc.br

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Aranha marrom (Loxosxeles sp)

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NOVIDADESDE MERCADO

Mococa lança Creme de Leite LightMococa lança Creme de Leite LightMococa lança Creme de Leite LightMococa lança Creme de Leite LightMococa lança Creme de Leite Lightcom 50% menos gorduracom 50% menos gorduracom 50% menos gorduracom 50% menos gorduracom 50% menos gordura

Divisão de Sementes da CargillDivisão de Sementes da CargillDivisão de Sementes da CargillDivisão de Sementes da CargillDivisão de Sementes da Cargillbrasileira é aprovada na ISO 9002brasileira é aprovada na ISO 9002brasileira é aprovada na ISO 9002brasileira é aprovada na ISO 9002brasileira é aprovada na ISO 9002A Divisão de Sementes da fi-

lial brasileira do Grupo Cargillacaba de ter aprovada sua Cen-tral de Produção em Andirá, PR,para a certificação da ISO 9002.Maior unidade de beneficiamentoda América Latina, Andirá é aprimeira área de sementes a ob-ter esta conquista em todo o Gru-po, que está presente em 64 paí-ses, desenvolvendo a produção desementes em 25 deles. A aprova-ção foi obtida já na primeira audi-toria, fato que ocorre apenas com18% das empresas que secandidatam à certificação nomundo.

“A ISO 9002 é o reconheci-mento formal de que os processosde produção de sementes daCargill brasileira são uniformes eobservam rigorosamente os re-quisitos estabelecidos nos manu-ais de qualidade desenvolvidospela companhia”, afirma aengenheira agrônoma Maria RosaMonteiro, gerente de Controle deQualidade em Andirá. Segundoela, os benefícios decorrentes daaprovação para a ISO 9002 são osmais amplos possíveis.“Para o cliente, é a ga-rantia do comprometi-mento do fornecedorcom a busca da melhoriacontínua; para a empre-sa, é a certeza de disporde condições para elevaros níveis de produtivida-de e competitividade,consolidando a satisfa-ção do cliente”.

Participaçãoprogressiva

Líder entre as uni-dades congêneres daCargill no mundo tropi-

cal, a Divisão de Sementes bra-sileira tem se destacado no mer-cado nacional por sua atuaçãono desenvolvimento, produçãoe comercialização de sementeshíbridas de cereais tropicais. Comuma completa família de híbri-dos disponibilizada no mercado,cinco unidades de produção,quatro centros de pesquisa e seteregionais de vendas espalhadaspelo Sul, Sudeste e Centro-Oes-te do Brasil, a Divisão vem con-quistando participação progres-siva no mercado de sementes.Atualmente, uma em cada qua-tro sementes de milho produzi-das no país leva a marca Cargill.

Além do reconhecimento ex-terno da ISO 9002, o processocontínuo de melhoria que vemsendo empreendido pela Divi-são de Sementes brasileira rece-beu, por duas vezes consecuti-vas, o “Chairman’s QualityAward”, a mais importantepremiação mundial do GrupoCargill no campo da qualidade.

Jornalista responsável:Thaís Reginu Aiello

Sadia lança Cortes SuínosSadia lança Cortes SuínosSadia lança Cortes SuínosSadia lança Cortes SuínosSadia lança Cortes SuínosTTTTTemperados Congeladosemperados Congeladosemperados Congeladosemperados Congeladosemperados Congelados

A Sadia está lançando, inici-almente nos Estados de SãoPaulo, Rio de Janeiro, MinasGerais, Goiás, no Distrito Fede-ral, em Florianópolis e no LitoralCatarinense, a linha de CortesSuínos Temperados Congelados,composta por seis itens: FiléMignon Suíno, Bife de Pernil,Lombo Fatiado, Bisteca Suína,Pernil Inteiro e Lombo Inteiro.A nova linha faz parte dos cercade 30 novos produtos que aempresa tenciona lançar em1997.

Fruto de pesquisas com con-sumidores, os Cortes SuínosTemperados Congelados Sadiasão uma evolução dos cortessuínos tradicionais, já que o re-sultado das sondagens apontoupara a demanda de produtos maispráticos, de fácil preparo, semi--elaborados, porcionados emquantias ideais para uma famí-lia média, além de origem ga-rantida. São dirigidos a consu-midores que exigem redução notempo de preparo e versatilida-de, em especial às mulheres quetrabalham fora. A linha tambémintegra a estratégia adotada háalguns anos pela empresa delançar produtos de maior valoragregado.

Os produtos são tempera-dos com ingredientes naturais -alho, cebola, sal, salsinha -, con-gelados e embalados individual-mente em envelopes proteto-res, o que permite facilitar apreparação e descongelar a quan-tidade adequada à necessidadedo consumidor. Expostos emilhas polares ou freezers verti-cais, vêm em caixas litogravadas

com instruções de preparo, dicasde descongelamento e sugestõesde acompanhamentos, com os pe-sos: Filé Mignon, 800g; LomboFatiado, 700g; Bisteca, 720g e Bifede Pernil, 600g. O Lombo Inteiro,com 1,3kg a 1,5kg e o Pernil Intei-ro, com 4,8kg a 5,2kg, sãocomercializados em sacosencolhíveis. Podem ser prepara-dos grelhados, fritos, assados emforno convencional ou utilizadosem churrasco.

Os Cortes Suínos Tempera-dos Congelados Sadia têm prazode validade de oito meses a partirda data de fabricação, se congela-dos sob temperatura de 12 grausnegativos. Na geladeira podemser mantidos por dois dias, desdeque permaneçam nos envelopesprotetores.

Para facilidade dos varejistasa linha traz código de barras tantonas embalagens ao consumidor,como nas de transporte. No casodos porcionados, a embalagem detransporte vem com doze unida-des cada e no caso dos inteiros,com seis a sete peças para o Lom-bo Inteiro e duas peças para oPernil Inteiro. O lançamentoconta com apoio mercadológiconos pontos de venda, incluindomóbiles, folhetos, brindes,“broadsides” para distribuidorese demonstração. A nova linha éproduzida pela unidade indus-trial de Ponta Grossa, PR, daFrigobrás - Cia. Brasileira de Fri-goríficos, uma das treze em-presas do Grupo Sadia. A empre-sa estima um crescimento de cer-ca de 10% ao ano da linha deCortes Suínos Temperados Con-gelados.

A Mococa S.A. Produtos Ali-mentícios está lançando maisum produto de sua linha light.Trata-se do Creme de Leite Light,que supera os produtos da con-corrência ao atingir 50% menosgordura e 41% menos calorias.Comercializado em embalagensTetra Pak de 250g, o Creme deLeite Light já está nas gôndolasdos supermercados.

As pesquisas feitas com con-sumidoras durante o desenvol-vimento do novo produto ajuda-ram a definir o sabor e também

a consistência, que continua to-talmente cremosa e apropriadapara qualquer receita. O cremede leite light pode ser usado emsubstituição ao tradicional coma certeza de que o resultado finalde uma receita continuará a serigual.

“Podemos garantir que estaimportante redução de calorias egorduras não alterou a cremo-sidade e o sabor, semelhantes aotradicional. Só que , agora, os con-sumidores têm a vantagem decontar com um produto mais sau-

dável”, diz Ana Maria D’Arco, ge-rente de produto da Mococa.

O mercado de creme de leiteesterilizado (não inclui o creme deleite fresco) movimentou no anopassado US$ 207 milhões com avenda de 42 mil toneladas. Para1997, a previsão é chegar a 47 miltoneladas, com um faturamentototal de US$ 215 milhões.

Há dois meses, a Mococa lan-çou o primeiro Leite CondensadoLight do mercado. Sua principalcaracterística é ter 50% menosgordura, mantendo o mesmo sa-bor e consistência do tradicional.Comercializado em lata de 400g, o

novo produto substitui o tradici-onal em qualquer receita, comopudim de leite ou brigadeiro.

A Mococa tem uma linhadiversificada de produtos: leiteem pó, leite condensado, cremede leite Bate Chantilly, doce deleite, farinha láctea, farinha lác-tea com aveia e mel, flocos decereais com mel, mingau demilho, mingau de arroz, mingaude aveia, Mocoquinha (leitearomatizado), Moc (achocolatadoem pó).

Mococa - Fone (011) 826-2255 - Serviço de Atendimentoao Consumidor - 0800-162255.

Processos de produção uniformes ecomprometimento com qualidade

garantem à Divisão de Sementes daCargill brasileira a aprovação na

ISO 9002

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Mais de 4 mil hectares de uma Floresta Nacional, localizada no PlanaltoNorte Catarinense, com as mais diversas espécies de árvores e animais

começam a ser visitados por estudantes, crianças, jovens, técnicos epesquisadores. Estudos científicos e educação ambiental através de

trilhas ecológicas são os objetivos de um grupo de entidades quepretende difundir conhecimentos e incutir uma mentalidade

conservacionista na população.

A preservação do ecossistema florestal e da diversidade de espécies nele contidas éum dos objetivos do projeto de educação ambiental

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Floresta Nacional tem projetoFloresta Nacional tem projetoFloresta Nacional tem projetoFloresta Nacional tem projetoFloresta Nacional tem projetode educação ambientalde educação ambientalde educação ambientalde educação ambientalde educação ambiental

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Brasil, na época do descobri-mento, era coberto por uma

densa floresta tropical, no Norte, epela mata dos cerrados, no Centro--Oeste, e ao longo do seu extensoLitoral vicejava a Mata Atlântica.Todos sabemos o que aconteceu delá para cá. A exploração desenfrea-da vem destruindo e acabando comtalvez o maior tesouro ou patrimô-nio que o país já teve, as suas flo-restas. Quantas espécies vegetais eanimais foram aniquiladas nesteperíodo? Provavelmente muitas plan-tas raras, de grande utilidade medici-nal foram e estão sendo perdidas.Talvez a cura do câncer e de outrasdoenças estejam escapando da mão dohomem pela falta de respeito à natu-reza.

Apesar dos intensos ataques quesofreram nos últimos cinco séculos,as florestas brasileiras conseguiramsobreviver, e hoje, bem menores emextensão, ainda podem ser recupera-das, pelo menos parcialmente. Umadas ações mais importantes no senti-do de recuperar e preservar as matasbrasileiras foi a criação, a partir dadécada de 40, das hoje chamadas Flo-restas Nacionais. Elas foram criadascom base nas americanas, que exis-tem desde o início do século. Além da

Canoinhas e de Três Barras. Estasentidades, que fundaram este ano umcomitê, iniciaram o Projeto de Educa-ção Ambiental que consiste na uti-lização de trilhas ecológicas abertasda Floresta Nacional de Três Barras,no município do mesmo nome, visan-do educar e ensinar estudantes (jo-vens e crianças), principalmente, e opúblico em geral sobre assuntos liga-dos à floresta e à preservação da natu-reza. O comitê é integrado pordezesseis pesquisadores e técnicos erecebeu o nome de Organização doContestado de Tecnologia e EducaçãoAmbiental - OCOTEA. A sigla coinci-de com a denominação científica daOcotea porosa, a imbuia, árvore-sím-bolo de Santa Catarina, que junto àaraucária forma a floresta dos pinhais.O comitê foi criado para gerir e coor-denar pesquisas e atividades de edu-cação ambiental.

Trilhas ecológicas

Segundo informa o coordenador doprojeto de implantação das trilhasecológicas, o engenheiro agrônomo epesquisador Gilson J.M.Gallotti, che-fe da Estação Experimental deCanoinhas, e um dos responsáveistécnicos pelo Projeto de EducaçãoAmbiental na Floresta Nacional deTrês Barras, um dos métodos empre-gados na formação da consciênciaconservacionista é a chamada inter-pretação ambiental, que segundo vá-rios especialistas nada mais é do queuma modalidade de educação que pre-tende revelar significados e interre-lações através de objetos originais,por um contato direto com o recursoou por meios ilustrativos. Com isso, ohomem sabe qual o seu lugar no meioe assim contribuirá para a conserva-ção do meio ambiente, sendo ummultiplicador da idéia conserva-cionista.

Diz ainda o pesquisador que atual-mente a investigação ambiental temgerado um grande número de conhe-cimentos, através de teses sobre otema e também como especialidadede pós-graduação para estudantes deciências biológicas, florestais, de edu-cação ou de áreas de comunicação,

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Aguapé, cogumelo e borboletas,exemplo da biodiversidade da

floresta

preservação, a Floresta Nacional tema função de utilizar racionalmente osrecursos naturais renováveis, comvistas à pesquisa e à produção, respei-tando os mecanismos de sustentaçãodo ecossistema. A floresta tambémtem a função de testar novas espéciese adaptá-las às condições climáticasda região. É o caso dos pínus, porexemplo. A Floresta Nacional, ouFlona, também pode servir de regu-lador do preço da matéria-prima,colocando madeira (pínus) no merca-do, evitando a alta exacerbada do pre-ço do produto. Mas a Flona tem umoutro importante objetivo que é aeducação ambiental, além das ativida-des de recreação, lazer e turismo.Atualmente Santa Catarina conta comtrês Flonas, a Floresta Nacional deChapecó, a Floresta Nacional de Ca-çador e a Floresta Nacional de TrêsBarras.

Um bom exemplo da importânciade preservar as florestas e o meioambiente e de educar as novas gera-ções sobre o assunto está sendo dadopor um grupo de instituições do muni-cípio de Canoinhas, no Planalto Nortecatarinense, reunindo o Instituto Bra-sileiro do Meio Ambiente e dos Recur-sos Naturais Renováveis - IBAMA, aEmpresa de Pesquisa Agropecuária e

Extensão Rural de SantaCatarina S.A. - EPAGRI, atra-vés da Estação Experimentalde Canoinhas, a CompanhiaIntegrada de Desenvolvimen-to Agrícola de S.C. - CIDASC, ea Universidade do Contestado- UnC/Campos de Canoinhas,com o apoio da Prefeitura de

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

especialmente nos Estados Unidos,Canadá e Inglaterra.

A interpretação, no caso de trilhasecológicas, é uma fonte de comunica-ção dirigida a quem busca recreação,desfrute e cultura nas florestas. As-sim, em essência, interpretaçãoambiental é uma forma de educaçãoambiental com mensagens claras,precisas e dirigidas a um público de-terminado de maneira informal masprofissional.

Trocando em miúdos, o objetivodas trilhas ecológicas é fazer com queas pessoas passem a conhecer de per-to os recursos da floresta, as diferen-tes espécies vegetais e, inclusive, ani-mais existentes no local. Com isso,espera-se que o melhor conhecimen-to e contato com a natureza, com osrecursos naturais, desperte e ampliea mentalidade conservacionista naspessoas, principalmente as novasgerações.

Foram abertas quatro trilhas eco-lógicas dentro da Flona de Três Bar-ras, denominadas de Trilha do Futu-ro, Trilha Rica, Trilha Comprida eTrilha da Divisa. A extensão destastrilhas varia de 494m (Trilha da Divi-sa) 2.221 ou 3.555m, dependendo dopercurso desejável(no caso da TrilhaComprida).

O diretor da Floresta Nacional de

principais utilidades. Um guia treina-do conduzirá os visitantes por entreas trilhas, e, no percurso, serão feitasparadas estratégicas para discutir de-

Três Barras, engenheiro florestalGabriel El-Kouba, explica que as tri-lhas são mantidas roçadas, para facili-tar a circulação dos visitantes porentre a mata. A partir do próximo ano,as pessoas receberão um folheto coma identificação das principais espéciesvegetais encontradas na floresta (nofolheto constam 79 espécies), obser-vando o nome científico, popular e

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Participantes do Comitê OCOTEA realizam levantamentos preliminaresem trilha ecológica

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FOTO: PAULO TAGLIARI

Gilson Gallotti, coordenador do projeto das trilhas ecológicas, mostra o início deuma das trilhas da Floresta Nacional de Três Barras

O pesquisador Gilson Gallotti daEPAGRI e o agente administrativo do

IBAMA João Chupel mostrando semen-tes de pinhão tendo por fundo um grupo

de araucárias #

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terminados assuntos (18 no total) comoespécies pioneiras, árvores porta-se-mentes, plantas epífitas, espéciesclímax, enfim, uma série de temasque servem para esclarecer eampliar o conhecimento das pessoassobre a vida da floresta. Estes as-suntos são relatados no folheto entre-gue aos visitantes, cabendo ao guiatransmitir mensagens claras, e des-pertar a percepção, reflexões, per-guntas, etc.

O engenheiro florestal El-Koubacomenta ainda que o projeto temcomo público alvo a comunidade esco-lar de primeiro, segundo e terceirograus das escolas públicas e particu-lares da cidade e da região. Profes-sores de ciências, com o apoio deguias, poderão dar suas aulas práti-cas, fazendo passeios ecológicos nastrilhas. Como educação informal, acomunidade e visitantes adultos emgeral, percorrendo as trilhas e acom-panhando no folheto, identificam ár-vores que eram comuns na região e sesurpreendem com a diversidade en-contrada.

Gilson Gallotti complementa in-formando que o projeto prevê parabreve cursos de capacitação em edu-cação ambiental, tanto para os guiascomo para interessados. Nos cursosserão abordados os seguintes assun-tos: educação ambiental, legislação

ambiental, fauna, primeiros socorrose comportamento e sobrevivência namata. A carga horária prevista é de 20horas e o número de participantes éde no máximo 20. O período dos cur-sos ainda está para ser definido, de-vendo iniciar no primeiro semestre de1998. Os leitores interessados em maisinformações sobre o Projeto de Edu-cação Ambiental da Floresta de TrêsBarras podem contatar os seguintesendereços:

Estação Experimental deCanoinhas/EPAGRI

A/C Eng. agr. Gilson GallottiBR 280, km 3, C.P. 216Fones (047) 624-1144 e 624-107989460-000 Canoinhas, SCFloresta Nacional de Três BarrasA/C Eng. florestal Gabriel El-KoubaBR 280, km 213, C.P. 204Fone (047) 624-296289460-000 Canoinhas, SC

Biodiversidade em 4,45 milhectares

A Floresta Nacional de Três Bar-ras, distante apenas 5km do municí-pio de Canoinhas, SC, tem 4.458ha deárea total, sendo que 641ha estãoocupados por uma floresta secun-dária, de araucárias. Este tipo demata, localizada no Planalto Sul-Bra-sileiro, onde predominam as

araucárias, imbuias, etc., é denomi-nada tecnicamente de FlorestaUmbrófila Mista Montana. Ali seencontram também o cedro, a erva--mate, o ipê-amarelo, o tarumã, oaraçá, a bracatinga e outras árvoresde pequeno, médio e grande porte.Borboletas multicoloridas, broméliascom suas flores vistosas, árvores fru-tíferas nativas e variadas espéciesanimais fazem parte desse ecossiste-ma único no mundo.

A história da Flona de Três Barrasremonta ao ano de 1941, quando foicriado o Instituto Nacional do Pinho,para atuar exclusivamente nas re-giões Sul e Sudeste, habitat naturalda Araucaria angustifolia. Este Ins-tituto imediatamente promoveu acriação de inúmeros parques flores-tais, os quais a partir de 1942 começa-ram a ser reflorestados com a maisimportante espécie florestal brasi-leira.

Essas reservas, hoje denominadasFlorestas Nacionais, são as únicasáreas de domínio público federal exis-tentes no Brasil, com plantios dearaucária com aproximadamente 50anos de idade. O Instituto Nacional doPinho foi também um pioneiro naintrodução do gênero Pinus no Brasila partir de 1958.

Em 3 de outubro de 1944 foi criadoo Parque Florestal “Joaquim FiúzaRamos”, posteriormente denominadaFloresta Nacional de Três Barras,com o objetivo de reflorestar áreasdegradadas pela intensa exploraçãomadeireira na região.

Houve uma reestruturação, em1967, da administração florestal bra-sileira com a criação do Instituto Bra-sileiro de Desenvolvimento Florestal- IBDF, que absorveu toda a estruturaflorestal então existente, com a con-seqüente extinção do Instituto Nacio-nal do Pinho, do Departamento deRecursos Naturais Renováveis doMinistério da Agricultura e do Insti-tuto Nacional do Mate.

Através da Portaria 560/68, o Par-que Florestal “Joaquim Fiúza Ramos”passou a denominar-se Floresta Naci-onal de Três Barras, com área de4.458,50ha, mantendo sua estruturae atribuições.

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Gambá capturado no laboratório do IBAMA na Floresta de Três Barras

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

O IBDF absorveu as FlorestasNacionais - Flonas e deu prossegui-mento aos trabalhos que vinham sen-do desenvolvidos. No ano de 1989 foicriado o Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis - IBAMA, absorvendo aestrutura e atribuições do IBDF, Se-cretaria Especial do Meio Ambiente -SEMA, Superintendência do Desen-volvimento da Pesca - SUDEPE eSuperintendência do Desenvolvimen-to da Hevea - SUDREVEA (Hevea

brasiliensis é o nome científico daseringueira).

A Floresta Nacional de Três Bar-ras apresenta a seguinte coberturavegetal: plantio de pínus: 1.470,50ha;plantio de araucária: 641,16ha; flores-ta nativa: 767,94ha; mata ciliar:634,69ha; banhado: 720,68ha; lagos,represas: 6,73ha e estradas, sede:217,30ha.

Devido à preservação de espéciesflorestais importantes, há ocorrênciacrescente de fauna e é possível avistarcatetos, lontras, tatus, ouriços, iraras,lobos-guarás, lebres, bugios,tamanduás e outros animais.

Espécies e utilidadesEspécies e utilidadesEspécies e utilidadesEspécies e utilidadesEspécies e utilidades

A Floresta Nacional de Três Bar-ras apresenta uma grande diversida-de de espécies vegetais. A revistaAgropecuária Catarinense apresentaa seguir a descrição e utilidades dealgumas das principais espécies, apre-sentando ilustração de um ou outromaterial. Ao descrever a utilidade dasespécies não se pretende estimular asua exploração pura e simples, a nãoser dentro de um manejo sustentado.O que se quer é alertar para a impor-tância de preservar e multiplicar esteverdadeiro tesouro nacional.

Vegetação típica da Floresta Umbrófila Mista Montana(Floresta Nacional de Três Barras)

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FOTO: IBAMA

FOTO: GILSON GALLOTTI

Detalhe do junquinho, planta típica damata ciliar (nascentes ou cursos d'água) Fêmea de bugio na Floresta Nacional de Três Barras #

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32 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

• Espécie: Araucaria angustifoliaFamília: AraucariaceaeNome popular: pinheiro, pinho-do-

-paraná, pinheiro-brasileiroOs pinheiros novos, muito elegan-

tes, são usados para “árvore de Natal”ornamentando com cunho nacionalos nossos lares nas festas de fim deano. Presta-se para expressivo ador-no dos jardins e parques. Os pinhõesfornecem alimento nutritivo e apreci-ado pelos homens e animais. A madei-ra é utilizada para taboado, vigamen-tos, pranchões, caixas, móveis, cabosde vassoura e de ferramentas, palitosde dentes e de fósforo, fabricação decompensado, pasta mecânica, celulo-se, papel, lã e seda artificiais, instru-mentos de música, instrumentos deadorno, artigos de esporte,separadores de acumuladores, caixasde ressonância de piano, tacos de nó,mourões, telhas de taboinhas, etc. Osnós de pinho convenientemente pre-parados servem para belíssimas obrasartísticas. A resina serve de base paraa fabricação de vernizes, terebentina,acetona, ácido pirolenhoso, e outrosprodutos químicos. Os galhos, a cascae refugo serve para lenha.

• Espécie: Ilex paraguariensisFamília: AquifoliaceaeNome popular: erva-mate, mate,

ervaO uso desta planta como bebida

tônica e estimulante já era conhecidopelos indígenas da América do Sul. Aspropriedades principais do mate são:estimulante, como tal age benefica-mente sobre nervos e músculos;diurético, favorece a diurese, sendotambém de grande proveito nas mo-léstias da bexiga; estomático, facilitaas digestões e suaviza os embaraçosgástricos; sudorífero, é benéfico nasconstipações e resfriados. A cafeínaque contém atua em casos de cólicasrenais, neurastenia, depressões ner-vosas, fadigas cerebrais em geral. Fa-cilita o trabalho intelectual.

• Espécie: Cedrela fissilisFamília: MeliaceaeNome popular: Cedro, cedro-rosa,

cedro-vermelhoA madeira é de uso bastante gene-

ralizado em virtude de suas ótimas emúltiplas propriedades. Largamenteempregada em contraplacados, com-pensados, obras de talha, esculturas,molduras ou modelos de fundição,móveis em geral, marcenaria,esquadrias, portas, janelas, especialpara fabricação de portas grandes degaragens e porteiras de pastagens portornarem-se extremamente leves,caixilhos, venezianas, portas, jane-las; madeira de construção civil, na-val e aeronáutica, muito procuradapara capas de lápis, para o que éexcelente, caixas para charutos emuitas outras aplicações artísticas,

instrumentos musicais,fundos de fórmica. Desti-lada a madeira, obtêm-seum óleo de cheiro desa-gradável. Oferece doisprincípios: um aromáticoe outro medicinal. • Espécie: Ocotea poro-sa Família: Lauraceae Nome popular: imbuia,embuia, imbuia-rajada Uma das madeirasmais procuradas e em-pregadas para a fabrica-ção de móveis finos e deluxo, sobretudo por sua

beleza, seus veios pretos, castanhosou avermelhados, ora paralelos, oraondulados, formando por vezes figu-ras atraentes; sua durabilidade emaleabilidade são notórias. É utiliza-da em construções civis, obras expos-tas, marcenaria de luxo, painéis, dor-mentes e carpintaria, folhas externasde contraplacados e decorações inter-nas, lambris, tacos, esquadrias,laminados para revestimento de mó-veis. Localmente é empregada paraconstruções de casas, pontes e até

Araucárias no fundo da sede do IBAMA na FlorestaNacional de Três Barras

Cedro, uma das árvores típicasencontradas na Floresta Umbrófila,

possui madeira nobre

El-Kouba e Gallotti na frente de umaimbuia, árvore símbolo de

Santa Catarina

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FOTO: GILSON GALLOTTI FOTO: PAULO TAGLIARI

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cercas. É resistente à umidade e abichos e boa para envernizar.

• Espécie: Arecastrum roman-zoffianum

Família: PalmaeNome popular: jerivá, coqueiro,

coco-de-cachorroPalmeira de 10 a 15m de altura

com frutinhos amarelos característi-cos, comestíveis, é planta melífera eserve de alimento para certos ani-mais da floresta.

• Espécie: Vitex megapotamicaFamília: VerbenaceaeNome popular: tarumã, tarumã-

-preto, tapinhoãMadeira muito procurada para vi-

gas de pontes, dormentes para estra-da de ferro, obras expostas, palanquede cerca, tonel de cachaça (dá à mes-ma gosto todo especial); resistente àumidade e bichos.

• Espécie: Prumus sellowiiFamília: RosaceaNome popular: pessegueiro-bravo,

pessegueiro-do-mato, varovaA alta anisotropia (relação entre as

contrações tangencial e radial) limitao uso desta espécie como madeiraserrada, apesar de sua resistência,

Coqueiro jirivá - fonte de alimentos paraanimais e também melífero

trabalhabilidade e bom acabamento.Apesar do exposto acima, é usada empequena escala na confecção de mó-veis, tacos, dormentes, vigas, caibros,cabos de ferramentas e em instru-mentos agrícolas. A infusão das folhasé um energético calmante para tossese acessos asmáticos. A casca apresen-ta a mesma característica. As floressão melíferas e procuradas por abe-lhas. As sementes e folhas são consi-deradas venenosas. Fornece lenha deboa qualidade e fácil de rachar.

• Espécie: Ocotea pulchellaFamília: LauraceaeNome popular: canela-lageana,

canela-do-brejo, canela-pimentaSua freqüência é contínua, mos-

trando-se como espécie companheirada Araucaria angustifolia . A madeiraé de boa qualidade, de fáciltrabalhabilidade, porém pouco atra-ente. Pela sua baixa durabilidade na-tural, a madeira é indicada para vigas,táboas, assoalho e peças de uso inter-no geral. Durante a laminação e pro-dução de compensados não se obser-vam problemas, porém as lâminas sãopouco atrativas.

• Espécie: Mimosa scabrellaFamília: LeguminosaeNome popular: bracatinga,

bracatinga-branca, bracatinga-pretaMuito utilizada para escoramento

na construção civil, é de crescimentorápido. A utilização principal de suamadeira, entretanto, é na produçãode energia, na forma de carvão vege-tal, quando apresenta alto podercalorífico, e como lenha para fornos,pois além da vantagem acima suaqueima produz baixa quantidade defumaça. É planta melífera.

Ecossistema florestalEcossistema florestalEcossistema florestalEcossistema florestalEcossistema florestal

Os visitantes das trilhas ecológicasda Flona de Três Barras utilizam umfolheto com a descrição e utilidade dasespécies que encontram nas cami-nhadas pelas trilhas. Em algumasparadas o guia do grupo explica sobredeterminados assuntos (registradostambém no folheto) que ajudam aentender as complexidades doecossistema da floresta. Um resumode alguns assuntos é apresentado aseguir.

Floresta primáriae secundária

Floresta primária

São as florestas que ainda não fo-ram tocadas pelo homem, as chama-das florestas virgens. Existem hoje noEstado algumas reservas nativas eem pequenos fragmentos florestais,geralmente nas áreas íngremes daSerra do Mar e Serra Geral, de difícilacesso.

Floresta secundária

É a floresta que de alguma forma já

Tarumã tombada sobre córrego nafloresta, formando ponte natural em

trilha ecológica

Fungos basidiomicetos em tronco decanela em fase de decomposição

FOTO: GILSON GALLOTTI

FOTO: GILSON GALLOTTI

FOTO: GILSON GALLOTTI

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a 20m de altura e ocorrem na comuni-dade com poucas espécies (menos dedez), mas com muitos indivíduos. Tam-bém têm distribuição natural muitoampla e apresentam crescimento rá-pido com ciclo de vida curto (10 a 25anos). Os frutos e sementes são pe-quenos, disseminados por pássaros,morcegos e vento. A viabilidade dassementes é muito longa, permane-cendo viáveis no solo de forma laten-te. As espécies desse grupo, na suagrande maioria, apresentam madeiraleve e tronco com epífitas e diâmetromenor que 0,60m a 1,3m do solo.

Exemplos de espécies desse grupo:guabiroba (Campomanesia xantho-carpa), louro-pardo (Cordia tricho-toma), pitanga (Eugenia uniflora), ca-nela-lajeana (Ocotea pulchella) ,capororoca (Rapanea ferruzinea ), ca-nela-guaíca (Ocotea puberula), etc.

Espécies secundárias tardias

As espécies desse grupo apresen-tam a característica marcante de se-rem caducifólias (perdem as folhas),mesmo em condições de intensa pre-cipitação pluvial, onde esse fenômenoé incomum.

As essências secundárias tardiasocorrem quando jovens nas capoeirase capoeirões, apresentando alturamédia, quando adultas, entre 20 e30m. As famílias Meliáceas, Bomba-cáceas e Tiliáceas aparecem com altafreqüência neste grupo, com algumadiversidade de espécies (30 a 60 nototal). Algumas têm crescimento rá-pido, outras lento, atingindo um ciclode vida entre 40 e 100 anos de idade.São tolerantes à sombra na fase jo-vem mas à medida que crescem tor-nam-se intolerantes, preferindo a luzdifusa para crescer.

Uma das várias espécies abrigadas nafloresta

Espécie de cipó (inhapindá) encontradona Floresta Nacional de Três Barras

Detalhe dacopa dovassourãobranco(plantapioneira,prepara oterrenoparasecundáriase tardias)

Sementes de pinhão, fonte de alimentopara animais na floresta

FOTO: GILSON GALLOTTI

FOTO: GILSON GALLOTTI

FOTO: GILSON GALLOTTI

FOTO: GILSON GALLOTTI

Espécies secundáriasiniciais e tardias

Espécies secundárias iniciais

São também espécies intolerantesà sombra. Implantam-se, crescem edesenvolvem-se em coberturas vege-tais com luz difusa. Apresentam de 12

foi explorada e que se encontra hojeem fase de regeneração.

Na floresta secundária, as associa-ções vegetais surgem naturalmente,após a derrubada da mata. Densasaglomerações de ervas e arbustos pi-oneiros invadem os terrenos de culti-vo, após um período mais ou menosprolongado de abandono. As florestassecundárias encontram-se mais oumenos desenvolvidas em função dotempo em que se encontram em rege-neração natural. É necessário conhe-cermos bem os diferentes estágios deregeneração natural, porque é nelesque podemos interferir no sentido demelhorar a qualidade e diminuir otempo de regeneração.

A regeneração apresenta váriasfases, como os estágios das ervas pio-neiras, de capoeirinha ou vassourais,de capoeira ou capororoca, decapoeirão ou jacatirão-açu e, final-mente, de mata secundária, que como passar do tempo pouco se diferenciada floresta primária que a originou,ficando muito difícil distingui-las.

Espécies pioneiras

São espécies florestais que nãosobrevivem fora das clareiras, poisnecessitam de luz (heliófitas) paragerminação das sementes, crescimen-to e desenvolvimento. Por isso apare-cem nas fases de capoeirinha e capo-eira baixa, tendo, em geral, alturamédia de 5 a 8m, ocorrendo semprepoucas espécies (menos de 5) commuitos indivíduos. São plantas quetêm ciclo de vida curto (menos de dezanos), apresentando florescimentoprecoce, frutos e sementes pequenose viabilidade longa, dispersos por pás-saros, morcegos e vento. Apresentamcrescimento rápido, folhas verdes e

capacidade fotossintética máxima,auxiliado por um evoluído sistemaradical de absorção, feito através deraízes graminóides (finas, ramificadase compridas). O tronco e a madeirasão leves (mais celulose e menoslignina).

Exemplos de espécies pioneiras:bracatinga (Mimosa scabrella), timbó(Ateleia glazioviana), vassourão-preto(Vermonia discolor), vassourão-bran-co (Piptocarpha angustifolia), fumo-bravo (Solanum erianthum), laranjei-ra-do-mato (Scutia buxifolia), araçá(Psidium cattleianum ), cambará(Gochnatia polymorpha), esporão-de--galo (Acnistus breviflorus ), etc.

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Exemplos de espécies deste grupo:cedro (Cedrella fissilis), corticeira(Eritrina falcata ), canela-branca(Nectandra lanceolata), cuvatã (Cupa-nia vernalis), cerejeira (Eugenia invo-lucrata), canela-imbuia (Nectandramegapotamica), tarumã (Vitexmegapotamica), uvaia-do-campo(Eugenia reitziana), etc.

Espécies clímax

São espécies que se apresentamnos estágios de sucessão florestal maisadiantados, surgindo em condiçõesde solos bem elaborados e com micro--clima bem evidenciado, característi-cas dos capoeirões e florestas secun-dárias. Estão presentes nas comuni-dades em equilíbrio com grande hete-rogeneidade de espécies. Apresentam--se como árvores imponentes, de 30 a45m de altura dominando a floresta. Asua ocorrência é de forma heterogê-nea na comunidade (mais de 100 espé-cies), com distribuição natural usual-mente restrita, freqüentemente deforma endêmica (característica de cadalocal), formando quatro a cinco extra-tos na estrutura da floresta. As espé-cies clímax são de crescimento lento emuito longo, com ciclo de vida muitogrande (de 100 a 1.000 anos ou mais).

Exemplos de espécies clímax: erva--mate (Ilex paraguariensis ), imbuia(Ocotea porosa ), sassafrás (Ocoteapretiosa), etc.

Árvores matrizes ouporta-sementes

Infelizmente muitas das melhoresárvores das florestas brasileiras jáforam extintas pelos primeiros explo-radores que, ao longo dos séculos,retiraram as madeiras. Para escolher

as sementes que gerarão novas árvo-res, seja para exploração comercial,seja para recuperação das matas, énecessário um minucioso trabalho deprocura e coleta, principalmente emáreas onde ainda existam extratosflorestais primários praticamenteintocados e que possivelmente abri-gam exemplares de grande porte, e dequalidade, que servirão de matrizespara multiplicação das espécies empauta.

Reciclagem da vida

Toda vida na terra baseia-se nofato de que o vegetal é autótrofo e porconverter energia solar pelafotossíntese, consegue sintetizar to-dos os elementos necessários à suaprópria existência, sendo capaz deformar açúcares, proteínas e gordu-ras a partir de água, gás carbônico eminerais em presença de luz. Esteselementos são essenciais para herbí-voros, consumidores primários, se-cundários e terciários, etc.

Os organismos fotossintéticos, osvegetais, servem, então, de alimentopara outros animais ou microorganis-mos, os quais incorporam esta maté-

Cambará (madeira dura) suportandoplanta epífita (bromélia)

Fungos baridiomicetos, líquens, musgosparticipam na reciclagem da vida na

floresta

FOTO: GILSON GALLOTTI

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FOTO: IBAMA

ria orgânica vegetal transformada emsuas células e tecidos. Estes animaise microorganismos são “alvo” de ou-tros animais que participam da cadeiaalimentar.

A matéria orgânica dos animaisposteriormente é convertida eminorgânica pela mineralização reali-zada por fungos e bactérias, principal-mente. A decomposição da matériaorgânica em minerais propicia os nu-trientes essenciais aos vegetais, fe-chando, assim, o ciclo da vida.

Plantas epífitas

Entre os vegetais, a competiçãopela energia luminosa favorece asplantas que, embora de pequeno por-te, vivem sobre árvores, conseguindoassim uma posição privilegiada paracaptar a luz do Sol.

Essa ligação é chamada epifitismoe as plantas são chamadas epífitas.Elas não devem ser confundidas comparasitas, como o cipó-chumbo, poisnão retiram da árvore em que vivemqualquer alimento. Exemplos conhe-cidos de epífitas são as orquídeas, asbromélias, algumas samambaias,musgos e líquens.

Musgos, hepáticas esamambaias

Vegetais como musgos, hepáti-cas e samambaias são plantasinferiores na cadeia evolutiva,não possuindo um aparelhoreprodutor complexo como aschamadas angiospermas. Sãovegetais encontrados em luga-res sombreados, úmidos. Sãotambém rústicos, podendo cres-cer independente de sais mine-rais do solo, pois podem se de-senvolver em frestas de rochasou em pedra quase sem terra. Amaioria são plantas terrestres,mas há algumas epífitas como ocipó-cabeludo, e alguns habitampântanos e banhados.Os musgos e as hepáticas sãobriófitos, avasculares e apresen-

tam rizóides para a fixação nosubstrato. Já os pteridófitos estão aci-ma dos briófitos na escala de evolu-ção, são vasculares, geralmente ter-restres, conhecidos como samam-baias, avencas, xaxins, etc.

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Nascentes ou cursos d’água

É comum encontrarem-se nascen-tes ou cursos de água que sãomargeados por um tipo de vegetaçãocaracterístico, chamado de mata ciliar.As plantas que habitam estes locaissão típicas de locais onde há sempreágua. Durante muito tempo não sedeu o devido valor a essa vegetação,até que os efeitos do desmatamentoforam sendo percebidos nas águas,pelo seu turvamento, assoreamento eerosão das encostas.

Atualmente já se sabe de inúme-ras importâncias das matas ciliarespara o ecossistema:

• Atuam como filtro de nutrientese de produtos químicos dos cursosd’água e daqueles que são trazidos por

filtragem de sedimentos.Além de todas essas funções existe

uma que deve ser bem ressaltada, é aimportância para a fauna. As matasciliares têm importante função deconservação dos mamíferos, oferecen-do opção maior de alimentação, localde abrigo, água para beber e refúgiocontra o fogo que hoje em dia tem setornado mais freqüentes nos cerra-dos.

Bromélia, planta epífita, uma das váriasespécies encontradas nas trilhas

Mata ciliar protegendo as encostas,barrancas do rio

Funcionário do IBAMA colocandoarmadilha para levantamento de

mamíferos na Floresta de Três Barras

lixiviação.• Controlam a erosão das ribancei-

ras e margens das águas pelo desen-volvimento e manutenção do emara-nhado radicular.

• Pela filtragem do escoamentosuperficial e contenção da erosão im-pedem ou dificultam o assoreamentodas águas (depósito de sedimentosque podem em grande quantidade di-minuir a profundidade dos rios).

• Proporcionam sombreamento ealimentação para peixes e outros ani-mais da fauna aquática.

• Controlam a temperatura daágua, interceptando os raios solares,contribuindo para a estabilidade tér-mica da água.

• Funcionam como redutores dofluxo das águas pela contenção e

FOTO: IBAMA

FOTO: IBAMA

FOTO: GILSON GALLOTTI

Outros assuntos abordados nas tri-lhas ecológicas são: Floresta Ombró-fila Mista, defesas a nível de lenho,dispersão de sementes, estratos,fenologia, taquaras e carás, cipós,caraguatá e plantas medicinais e re-florestamento.

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Localização: Três Barras, SC (situado às margens daBR 280, a 5km do município de Canoinhas, SC)Área: 4.458,50ha

Convenção: 1 Trilha do Futuro (842,7m) 2 Trilha Rica (1.397,6m) 3 Trilha Comprida (2.221m) 4 Trilha da Divisa (494m)

Estradas internas da floresta

Floresta Nacional de Três Barras

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 37

FLASHES

Pesquisador daPesquisador daPesquisador daPesquisador daPesquisador daEPEPEPEPEPAGRI publicaAGRI publicaAGRI publicaAGRI publicaAGRI publica

artigo emartigo emartigo emartigo emartigo emperiódicoperiódicoperiódicoperiódicoperiódico

internacionalinternacionalinternacionalinternacionalinternacionalO pesquisador Milton da

Veiga, da Estação Experimentalda EPAGRI de Campos Novos,publicou, em conjunto com ou-tros autores, o artigo “The impactof erosion on the productivity ofa Ferralsol and a Cambisol inSanta Catarina, Southern Bra-sil” na revista “Soil Use andManagement”, uma das princi-pais publicações internacionaissobre solos e recursos naturais.

Os resultados da pesquisaque deu origem ao artigo foramobtidos em dois experimentosconduzidos sob a coordenaçãodo pesquisador, sendo um noCentro de Pesquisa para Peque-nas Propriedades (CPPP/Epagri-Chapecó) e outro no Co-légio Agrícola São José (CASJ/FESC - Itapiranga). A pesquisafoi realizada em convênio com aOrganização das Nações Unidaspara Agricultura e Alimentação(FAO/ONU), fazendo parte deuma rede internacional de pes-quisa para o estudo da relaçãoentre a erosão e a produtividadedo solo, desenvolvida por 18 pa-íses da África, Ásia, Europa eAmérica do Sul.

II SeminárioII SeminárioII SeminárioII SeminárioII SeminárioInternacional doInternacional doInternacional doInternacional doInternacional doSistema PlantioSistema PlantioSistema PlantioSistema PlantioSistema PlantioDireto será emDireto será emDireto será emDireto será emDireto será em

outubro emoutubro emoutubro emoutubro emoutubro emPasso FundoPasso FundoPasso FundoPasso FundoPasso Fundo

Está em fase de elaboraçãoo programa técnico do II Semi-nário Internacional do SistemaPlantio Direto, que aconteceráno Cine Teatro Pampa, em Pas-so Fundo, RS, de 6 a 9 de outubrode 1997. O evento é uma promo-ção da EMBRAPA Trigo e daRevista Plantio Direto, comapoio da Emater-RS, da Facul-dade de Agronomia da Universi-dade de Passo Fundo, entre ou-tras entidades.

Para a segunda edição doseminário, os organizadores es-peram a participação de um pú-blico de aproximadamente 1.500

pessoas, entre técnicos, pesquisa-dores, produtores, estudantes eoutros segmentos ligados àagropecuária. Já estão confirma-das as participações de represen-tantes do Paraguai, da Argentina,do Uruguai e dos Estados Unidosda América do Norte. Em 1995,durante o I Seminário, realizadono Circo da Cultura, estiverampresentes 1.300 participantes.

No programa técnico do even-to deste ano deverão serpriorizados temas importantes daárea ambiente, como a questão daágua e dos resíduos deagroquímicos. Entre os pesquisa-dores de renome internacionalque participarão do seminário,destaca-se a confirmação da pa-lestra do consultor de Iowa, EUA,Richard Fawcet, especialista emmeio ambiente. Outros temasimportantes para o desenvolvi-mento do sistema plantio direto,como microbiologia do solo, tam-bém estão recebendo tratamentoespecial. Conforme José EloirDenardin, pesquisador daEMBRAPA Trigo, e um dos coor-denadores do evento, a temáticadeste ano deverá discutir aspec-tos importantes da relação ho-mem-ambiente, além daquelesitens que normalmente são fun-damentais para a evolução do sis-tema, como controle de plantasdaninhas, de doenças e de pragas.Ainda segundo Denardin, umadas funções básicas do evento éum debate aberto para estabele-cer novos rumos de pesquisa easpectos ligados à evoluçãotecnológica do plantio direto noBrasil.

Nota: Texto de LianeMatzenbacher

Consumidor querConsumidor querConsumidor querConsumidor querConsumidor quertrigo de qualidadetrigo de qualidadetrigo de qualidadetrigo de qualidadetrigo de qualidade

superiorsuperiorsuperiorsuperiorsuperiorAtendendo às novas exigênci-

as de qualidade da agroindústria edo consumidor, a Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abaste-cimento, oferece ao produtor no-vas cultivares de trigo de tipo su-perior: as variedades Embrapa119, Embrapa 120 e Embrapa 49.

A farinha obtida da Embrapa119 é indicada para mistura comfarinhas originárias de trigos deglúten fraco, possibilitando assima melhoria da qualidade do produ-to para panificação e para uso

doméstico. Nos testes de qualida-de industrial, a nova variedadeapresentou, em 67% das amos-tras, resultados que a enquadramna classe melhoradora e em 28%na classe superior. Portanto é tam-bém indicada para farinha a serutilizada em massas alimentíciase de crackers. Sua produtividademédia é de 3.086kg/ha sem trata-mento químico para doenças, bemsuperior à média brasileira de1.950kg/ha. É também resistentea diversas doenças. As sementesda nova cultivar estarão disponí-veis, em escala comercial, para asafra de 1999. Em 1997 e 1998, avariedade estará sendo multipli-cada pelos produtores de semen-tes.

Outra variedade nova é aEmbrapa 120, indicada para fari-nhas destinadas à panificação e aouso doméstico. Na avaliação daqualidade industrial, 60% dasamostras da Emprapa 120 foramclassificadas como superiores e40% como intermediárias. A pro-dutividade chegou a 3.190kg/hasem uso de fungicidas, tambémsuperior à média brasileira. Essacultivar é resistente ou modera-damente resistente a diversasdoenças. Sementes para plantioestarão à disposição em 1998 e emgrande escala a partir do ano 2000.

A Embrapa 49, apresentadaem 1996 e cujas sementes estarãoà disposição dos produtores aindanesse ano, é recomendada para oRio Grande do Sul e SantaCatarina. Indicada para farinhasdestinadas à panificação, massase crackers, sua produtividademédia é de 2.770kg/ha. A previsãoé de que, na safra de 1999, estanova cultivar esteja plantada emcerca de 150 mil hectares no RioGrande do Sul, o que correspondea 30% da área de cultivo no Estadona safra de 1996.

Mais informações: EmbrapaTrigo, Fone: (054) 311-3444, Fax:(054) 311-3617

Nota: Texto de Jorge Reti.

Frutas maisFrutas maisFrutas maisFrutas maisFrutas maissaborosas esaborosas esaborosas esaborosas esaborosas eprodutivasprodutivasprodutivasprodutivasprodutivas

Neste ano os produtores defrutas terão à disposição mais duasnovas variedades de pêssego, umade nectarina e uma de araçá, de-senvolvidas pela Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abaste-

cimento.O pêssego Leonense atende

tanto à indústria quanto ao con-sumo in natura , com uma pro-dutividade entre 20 e 25t/ha.Possui frutos doce-ácidos e deboa firmeza, garantindo bommercado para o produtor. O fru-to apresenta resistência a doen-ças e sua casca é amarela, comaté 25% de colorido vivo.

Outra variedade de pêssego,a Turmalina, foi desenvolvidapara processamento industrial.Com boa produtividade, alcançaaté 25t/ha e adapta-se bem emmunicípios do Sul do Rio Grandedo Sul.

A nectarina Anita tem polpafirme e suculenta e uma produ-ção de 15t/ha. Adapta-se até emregiões sujeitas a geadas e apre-senta alto teor de açúcar.

O outro lançamento é o araçáIrapuã, que dá frutos a partir dedois anos de idade, produzindode 9 a 40t/ha. Uma característicadesse fruto é o pequeno númerode sementes, servindo para fa-bricação de doces em pasta.

Mais informações: EmbrapaClima Temperado, Fone: (0532)21-2921, Fax: (0532) 21-2121.

Nota: Texto de RosângelaEvangelista.

Embrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançamilho com omilho com omilho com omilho com omilho com o

dobro dedobro dedobro dedobro dedobro deproteínasproteínasproteínasproteínasproteínas

BR 2121 é o novo milho lan-çado pela Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária -EMBRAPA, vinculada ao Minis-tério da Agricultura e do Abaste-cimento, contendo aminoácidosessenciais à alimentação huma-na, com teor 50% superior aosencontrados em outras cultiva-res. O valor protéico desse novoproduto corresponde a combi-nação de vegetais como lentilhacom trigo ou feijão e arroz.

O produtor poderá contarcom um híbrido duplo precoce,com potencial de produtividadeelevado. O BR 2121 destina-seao consumo humano e proporci-ona, na alimentação animal, umaeconomia de 31,8% no consumode farelo de soja usado na for-mulação de rações. Isto repre-senta uma ração balanceadamais barata.

Atualmente, do total de vari-edades de milho plantadas no#

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38 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

F lashesF lashesF lashesF lashesF lashes

Brasil, 75% são da Embrapa. Nomercado de milhos híbridos aparticipação da Empresa é de12%. Essas variedades são, emsua grande maioria, plantadaspor pequenos produtores.

Mais informações: EmbrapaMilho e Sorgo, Fone: (031) 773-5644, Fax: (031) 773-9252.

Nota: Texto de RosângelaEvangelista.

EPEPEPEPEPAGRI lançaAGRI lançaAGRI lançaAGRI lançaAGRI lançavídeo sobrevídeo sobrevídeo sobrevídeo sobrevídeo sobreembutidos eembutidos eembutidos eembutidos eembutidos e

defumados dedefumados dedefumados dedefumados dedefumados deovinosovinosovinosovinosovinos

Aproveitando o espaço no IICongresso de Turismo Rural doMERCOSUL, a Estação Experi-mental de Lages, através do ge-rente regional, Celso Dalagnol,lançou o vídeo explicativo so-bre embutidos e defumadosde ovinos, e ainda deu oportu-nidade aos participantes do Con-

gresso de degustarem os produ-tos produzidos aqui.

mações que proporcionam ao in-teressado todos os passos que vaidesde o abate até a fabricação doproduto. “No início, ensinamoscomo selecionar o animal paraobter um produto de qualidade,objetivando o aproveitamento daovelha de descarte”, disse Celso,explicando que as vezes a ovelha,que não tinha valor de mercado,pode chegar a cinco vezes ao valorde uma comum, na fabricação dosembutidos. Comentou ainda, queo vídeo explica a forma de abate,inspeção da carne, preparaçãopara o processamento e oprocessamento em si, além tam-bém, de fornecer várias receitasdas formas saborosas de comopreparar os embutidos.

Dionísio CerqueiraDionísio CerqueiraDionísio CerqueiraDionísio CerqueiraDionísio Cerqueiracria feiracria feiracria feiracria feiracria feira

agroecológicaagroecológicaagroecológicaagroecológicaagroecológicaMais uma feira de produtos

orgânicos está funcionando emSanta Catarina, desta feita na ci-

dade fronteiriça de DionísioCerqueira, o importante portoseco do MERCOSUL. Hortali-ças diversas, leite e seus deriva-dos, embutidos, frutas, ovos evários tipos de carnes, produzi-dos organicamente por agricul-tores do município, atraem se-manalmente os consumidoreslocais.

O secretário de Indústria,Comércio e Turismo de DionísioCerqueira, o engenheiro agrô-nomo Ivan Canci, relata que afeira iniciou no último dia 26 dejulho, por ocasião das comemo-rações do Dia do Colono, e reúne20 famílias de agricultores domunicípio. Ivan informa tam-bém que estes agricultorespassaram por um período de trei-namento e curso sobre produ-ção orgânica, a cargo do Centrode Agricultura Ecológica de Ipê,RS.

A feira agroecológica rea-liza-se todos os sábados, das8 horas ao meio-dia, perto darodoviária de Dionísio Cerquei-ra.

Segundo Dalagnol, os produ-tos foram lançados em dezembrode 96 com sucesso absoluto, “ago-ra, resolvemos lançar o vídeo, paraque mais pessoas tenham acessoas informações do produto”.

O vídeo foi desenvolvido pelaEPAGRI de Lages e tem 35 minu-tos de duração, que contém infor-

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

7. Artigos técnicos devem ser redigidosem até seis laudas de texto corrido (alauda é formada por 30 linhas com70 toques por linha, em espaço dois).Cada artigo deverá vir em duas vias,acompanhado de material visualilustrativo, como tabelas, fotografi-as, gráficos ou figuras, num montan-te de até 25% do tamanho do artigo.Todas as folhas devem vir numera-das, inclusive aquelas que contenham

gráficos ou figuras.8. O prazo para recebimento de arti-

gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

11.Dúvidas porventura existentes po-derão ser esclarecidas junto àEPAGRI, que também poderá forne-cer apoio para o preparo de desenhose fotos, quando necessário, bem comona redação.

12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

Normas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária Catarinense

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 39

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Pequeno agricultor vira microempresário ruralPequeno agricultor vira microempresário ruralPequeno agricultor vira microempresário ruralPequeno agricultor vira microempresário ruralPequeno agricultor vira microempresário rural

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

Criatividade, faropara negócios, muita

disposição, entusiasmoe dedicação são as

receitas do sucessopara o pequeno

empresário ruralcatarinense Itamar

Viana da Rocha. A suaprodução artesanal de

vassouras, um nichoespecializado de

mercado, é o temaprincipal desta

reportagem. A produção artesanal de vassoura é uma fonte alternativa de rendapara o pequeno agricultor

á exatamente um ano, na ediçãode setembro de 1996, a revista

Agropecuária Catarinense publicouuma reportagem sobre aspectos daagroindustrialização da mandioca, edentre os assuntos abordados desta-cou as pequenas empresas familiares,as farinheiras, as fecularias. Umadessas microempresas, localizada nomunicípio de Araranguá, gerenciadapor Itamar Viana da Rocha, apresen-tou a particularidade de ser uma daspoucas e primeiras bijuzeiras em San-ta Catarina, fabricando produtos ca-seiros à base de polvilho e massaprensada de mandioca como o biju (omais comercializado), roscas, bolos,biscoitos, etc. Agora a reportagem darevista volta à comunidade de Pon-tão, na propriedade de Itamar paradivulgar outro importante trabalhodesenvolvido por este dinâmico em-

presário rural. Trata-se da produçãoartesanal (e familiar) de vassouras,utilizando matéria-prima natural, ouseja, o sorgo vassoura que ele própriocultiva nas cercanias de sua casa.

Pequena empresa, grandesnegócios

Apesar de ser pequena e familiar asua produção, Itamar possui o faropara o bom negócio. Ele vivia basica-mente da agricultura, principalmenteo cultivo de fumo. Mas decidiu daruma virada em sua vida e arriscar naagroindustrialização caseira. Usandode criatividade, muito esforço físico eocupando um nicho de mercado aindapouco explorado, hoje o pequeno em-presário vai abrindo novas fronteiras.Ele mesmo vende pessoalmente asvassouras e já tem freguês garantido,

e bom freguês. Para começar, trêssupermercados das cidades vizinhasde Criciúma, Maracajá, e do própriomunicípio de Araranguá estão com-prando toda a produção do Itamar. Avenda não baixa de 100 dúzias devassouras por mês, que sãocomercializadas a R$ 2,50, enquantoos supermercados repassam ao con-sumidor pelo preço de R$ 3,50, jáincluído o ICMS de 17%.

“Para administrar bem, eu deveriaficar só na venda”, pondera Itamar,“mas minha empresa é ainda peque-na, temos pouca mão-de-obra, eu te-nho que trabalhar junto. Além daesposa, o agricultor empresário contacom a ajuda do filho, irmão, cunhado,esposa do cunhado e mais dois cama-radas, totalizando oito pessoas. Des-tas, três trabalham direto na confec-ção das vassouras e outras três na

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

bijuzeira.Com o apoio técnico da EPAGRI,

Itamar conseguiu financiamento dequinze mil reais do PRONAF e com odinheiro fez melhorias na proprieda-de, como drenagem da área onde plan-ta parte do sorgo e outros cultivosagrícolas, reforma da casa e dos galpõesonde fabrica as vassouras e onde selocaliza a bijuzeira.

Com as vendas crescentes dabijuzeira e agora das vassouras,Itamar já conseguiu adquirir um tele-fone celular. “Este celular está facili-tando muito os contatos. Agora nãopreciso correr até os possíveisfrequeses, o pessoal telefona e vemaqui”, comemora.

Como é feita a vassoura

A confecção das vassouras é umprocesso artesanal e familiar, masmuito eficiente. O colmo superior e opendão floral da planta do sorgo(panícula) é que formam a palha dapopular vassoura de varrer. Tudo co-meça com a colheita do sorgo na la-voura. O agricultor corta a plantaaproximadamente uns 50cm abaixodo pendão, formando feixes. Estesfeixes são levados até o galpão da casaonde são passados em um batedor(cilindro dentado) movido por motorelétrico, que retira as sementes porfricção. Em seguida os feixes são dei-xados secar ao sol de dois a três dias.Em tempo ruim, a secagem é feita na

estufa de fu-mo. Após a se-cagem, é fei-ta uma clas-sificação dosfeixes ou pa-nículas portamanho equalidade.

As paní-culas são fi-xas no caboda vassourapor meio deum aramefirmementepreso. O ara-mador utilizaprimeiro aspanículas fi-nas e miúdas, dando duas voltas noarame. As panículas melhores ficampara a segunda e terceira camadas.Itamar revela que existem pessoasque, para vender mais barato, usamoutras palhas, capins que não o sorgo,produzindo uma vassoura de baixaqualidade, enganando o consumi-dor.

Após a amarração com o arame,um funcionário procede ao encor-doamento dos feixes para juntar bema palhada e dar firmeza à vassoura.Para emparelhar e não deixar rebar-bas, ele corta as bordas das panículascom uma machadinha bem afiada.Pronto, está saindo mais uma vassou-ra da fábrica do Itamar.

Osnúmerosdalavoura

A área to-tal da propri-edade do agri-cultor em-presário é de16ha e elecultiva o sor-go em 5ha,fazendo rota-ção com man-dioca e fumoe sucessãocom feijão.

Este ano, em parte da lavoura desorgo colhida, numa área de banhadoele está plantando cebola. “O mercadoestá bom e eu pretendo diversificarminha produção”, aponta decidido.

Para se ter uma idéia, 1ha de sorgodá para produzir 80 dúzias de vassou-ras. Mas Itamar também necessitacomprar fora para atender a crescen-te demanda. Anualmente, em média,ele adquire 300 arrobas de palha de

O feixe de panículas é levado ao batedor para retirada das sementes

Funcionário seleciona e corta os feixes,após a secagemColheita do sorgo, destacando o corte das panículas

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

curtido deaviário parareforçar a fer-tilização emelhorar ascondições fí-sico-quími-cas e biológi-cas do solo. Asemeaduracom saraquáé à base de 4sementes porcova. O espa-çamento é de80cm a 1mentre linhase 55cm entreplantas na li-nha.

Por oca-sião da separação das sementes dosfeixes no batedor, Itamar reserva assementes boas para novo plantio. Aspiores sementes vão para o trato dasgalinhas e ração do gado misturandocom milho de espiga.

Do plantio à colheita, leva-se cincomeses. O ciclo inicia em agosto e vaiaté novembro. Itamar planta mês amês para ter sempre matéria primadisponível. Semeia também nasafrinha, em janeiro e fevereiro. “Sónão gosto de plantar em dezembro,pois aqui na região dá seca, é muitoquente, a semente germina mal, e aplanta que nasce dá muito alta”, expli-ca o microempresário rural.

Quando o sorgo atinge 40 a 60cmde altura, é realizada a “poda”, queconsiste no desbaste das folhas visan-do engrossar a cana, o colmo, para darmais firmeza à planta, que crescemais parelha. Itamar esclarece que sedeixasse normal, o sorgo cresceriadeitado, fino, e com o desbaste a paní-cula fica mais grossa e reta, o que éideal para a confecção das vassouras.

O Centro Nacional de Milho e Sorgoda EMBRAPA, em Sete Lagoas, MGpossui informações adequadas sobre asemeadura, adubação, tratos cultu-rais, etc. do sorgo vassoura. Segundorevela o engenheiro agrônomo e pes-quisador Fredolino Giacomini dosSantos do Centro Nacional, aEMBRAPA está avaliando materiais

de sorgo vassoura quanto a caracte-rísticas de panícula, resistência a do-enças, etc. com vistas à difusão parapequenos produtores rurais que estãointeressados em produzir ecomercializar vassouras. Entre osmateriais testados estão algumas cul-tivares que tendem a apresentarmaior resistência ao míldio, uma sé-ria doença que ataca o sorgo e tam-bém o milho. Quanto a isso, o enge-nheiro agrônomo e pesquisadorEstanislao Diaz Dávalos do Centro dePesquisa para Pequenas Proprieda-des-CPPP da EPAGRI, em Chapecó,SC, alerta os agricultores e técnicosque o cultivo indiscriminado do sorgovassoura pode causar sérios proble-mas, pois o míldio tem como hospe-deiro o sorgo, podendo se disseminarpara lavouras de milho vizinhas eocasionar prejuízos aos agricultores.Portanto, todo o cuidado é necessário,e os produtores devem sempre con-sultar o técnico de seu município ouregião antes de iniciar o cultivo dosorgo vassoura.

O endereço do Centro Nacional deMilho e Sorgo é Rodovia MG 424 Km65, Fone (031) 779-1000, 35701-970Sete Lagoas, MG. Para mais informa-ções sobre o trabalho do Itamar Vianada Rocha, os contatos podem ser fei-tos via Escritório Municipal daEPAGRI, Rua XV de Novembro, 1432,Fone (048) 522-0114, 88900-000Araranguá, SC.

sorgo, e cada arroba equivale a 2dúzias.

No preparo da lavoura ele segue asorientações técnicas da EPAGRI, rea-lizando as adubações conforme as aná-lises de solo. Também utiliza esterco

Fixação com o arame da segundacamada dos feixes no cabo da vassoura

Encordoamento da vassoura

O microempresário rural Itamar Viana da Rocha com sua vassourapronta para comercialização

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42 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

ForragemForragemForragemForragemForragem

AAAAAvaliação de dez cultivares de capim-elefantevaliação de dez cultivares de capim-elefantevaliação de dez cultivares de capim-elefantevaliação de dez cultivares de capim-elefantevaliação de dez cultivares de capim-elefanteno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinenseno Litoral Sul Catarinense

Simião Alano Vieira e Augusto Carlos Pola

bovinocultura no Litoral SulCatarinense constitui-se numa

atividade econômica importante emquase todas as propriedades agríco-las. Embora sendo poucas aquelasque têm na pecuária sua principalfonte de renda, ela participa eficiente-mente no equilíbrio financeiro da pro-priedade, especialmente nos anos decrise no meio agrícola e na entressafrada atividade principal.

O desfrute do rebanho bovino noLitoral Sul é baixo, e tem como prin-cipal causa a alimentação deficienteem termos de qualidade e quantidade.Este problema é mais grave, de umamaneira geral, nas pequenas proprie-dades, onde a pastagem nativa é pra-ticamente a única fonte de alimenta-ção dos animais. A baixa fertilidadenatural dos solos da região resulta emforragem de pouco valor nutritivo,problema agravado pela seleção feitapelos animais, os quais eliminam dapopulação vegetal as espécies demaior potencial forrageiro, devidoao manejo inadequado das pasta-gens. Isto resultou para o Litoral Sulem um dos índices mais baixos naprodução de leite vaca/ano do Estado,pouco mais de 1.000 litros. Oarraçoamento complementar dos ani-mais é feito em pequena escala commandioca, cana-de-açúcar, capim-ele-fante, silagem, pastagem de inverno eração balanceada, principalmente noinverno.

O uso indiscriminado de ração ba-lanceada tem aumentado os custosvariáveis da produção de leite em até50% (1). O volumoso a base de capim--elefante apresenta alta produção porárea no verão e primavera e bomvalor nutritivo, constituindo-se numaalternativa de fácil adoção e de baixo

custo. Sabe-se que a renovação dapastagem nativa é um processo difícile de alto custo, devido principalmentea baixa fertilidade natural dos solos.

O valor nutritivo mínimo que umalimento deve ter para que um ani-mal não perca peso é de 7% de proteí-na bruta (PB) e de 45 a 48% de nu-trientes digestíveis totais (NDT) (2).Estamos vivendo a síndrome da des-nutrição que se caracteriza pelodesajuste entre o potencial genético ea alimentação (3). O capim-elefanteapresentou um teor de PB de 14,3%aos 56 dias de idade, caindo para 9,3%aos 84 dias (4). O rendimento de maté-ria seca (MS) do capim-elefante tendea crescer com o aumento do intervalode corte, enquanto que a qualidadediminui. Determinações feitas aos 35,56 e 84 dias resultaram respectiva-mente na produção de MS de 15,3,18,7, e 29,2t/ha e o teor de PB foi de15,2, 12,2 e 9,5% (5).

Com o intuito de minimizar osproblemas de nutrição bovina, especi-almente nas pequenas propriedades,foram testadas dez cultivares de ca-pim-elefante na Estação Experimen-tal de Urussanga e no Campo Experi-mental de Jaguaruna, visando seleci-onar e recomendar para plantio aque-les materiais que apresentassem asmelhores características agronômi-cas para essas regiões.

Metodologia

Dez cultivares de capim-elefante(Pennisetum purpureum Schum)foram avaliadas a campo no períodode 1989/90 a 1992/93, na EstaçãoExperimental de Urussanga (soloPodzólico Vermelho Amarelo), emUrussanga, SC e no Campo Expe-rimental de Jaguaruna (solo AreiasQuartzosas), em Jaguaruna, SC (Ta-belas 1 e 2).

A

Tabela 1 - Produção média de matéria seca (MS), em t/ha, na primavera e verão (PV),outono e inverno (OI) e produção total de dez cultivares de capim-elefante, no período de

1989/90 a 1992/93, em Urussanga, SC

Produção de MS(t/ha)

PV OI Total

IJ 7137 10,82 5,25 16,07aEMPASC 306 (Itajaí) 11,37 4,41 15,78aFaculdade de Agronomia 10,34 4,82 15,16aVolta Grande 10,07 4,68 14,75aMineiro x 23-A 9,99 4,68 14,67aEMPASC 307 (Testo) 9,73 4,30 14,03aEMPASC 308 (Liso) 8,73 4,13 12,86aEMPASC 305 (Anão) 8,22 4,13 12,35aCameroon Roxo 8,41 3,94 12,35aIJ 7135 8,62 3,51 12,13a

Nota: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste deDuncan, ao nível de 5% de probabilidade.

Cultivar

Page 44: Revista Agropecuária Catarinense - Nº39 setembro 1997

Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 43

ForragemForragemForragemForragemForragem

Os tratamentos foram delineadosem blocos ao acaso, com quatrorepetições, ocupando uma área totalpor parcela de 16m2 (3,2m x 5,0m),com área útil de 6,4m2 (1,6m x 4,0m)e espaçamento entre linhas de0,80m.

Os valores iniciais e finais dos nu-trientes químicos das áreas experi-mentais de Urussanga e Jaguarunaconstam na Tabela 3. A adubação demanutenção seguiu a recomendaçãoda Rede Oficial de Laboratório deSolos, de acordo com a análise de solo.Em Urussanga, anualmente, foramusados por hectare: N = 175kg, P2O5 =60kg e K2O = 110kg; em Jaguaruna: N= 175kg, P2O5 = 110kg e K2O = 140kg.O nitrogênio foi dividido em cincoaplicações iguais, sendo uma efetua-

da 20 dias após o corte de uniformiza-ção (início da primavera) e as demaisapós os quatro primeiros cortes deutilização.

O plantio do capim-elefante, emambos os locais, foi feito na segundaquinzena de agosto de 1989 e as ava-liações da produção de MS iniciaram--se em 05/02 e 20/03/90, respectiva-mente, em Urussanga e Jaguaruna,após um prévio corte de uniformiza-ção. A produção de MS era efetuadasempre que a maioria das cultivaresatingia aproximadamente 1,5m dealtura, com cortes a aproximadamen-te 7cm do solo.

Após a determinação da MS emestufa com circulação forçada de ar a60 a 65oC, uma amostra de cada culti-var foi enviada para o Laboratório de

Tabela 2 - Produção média de matéria seca (MS), em t/ha, na primavera e verão (PV),outono e inverno (OI) e produção total de dez cultivares de capim-elefante, no período de

1989/90 a 1992/93, em Jaguaruna, SC

Produção de MS(t/ha)

PV OI Total

IJ 7135 6,79 2,49 9,28aMineiro x 23-A 6,41 2,53 8,94aIJ 7137 6,22 2,35 8,57abEMPASC 307 (Testo) 6,30 2,22 8,52abVolta Grande 5,72 2,37 8,09abCameroon Roxo 5,58 2,00 7,58abcFaculdade de Agronomia 4,84 2,33 7,17abcEMPASC 308 (Liso) 4,82 1,67 6,48bcEMPASC 306 (ltajaí) 4,40 1,50 5,90cEMPASC 305 (Anão) 4,62 1,03 5,65c

Nota: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste deDuncan, ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 3 - Dados de análise de solo, inicial e final, das áreas experimentais deUrussanga e Jaguaruna. EPAGRI/Estação Experimental de Urussanga, SC, 1997

AIDado pH água lnd-SMP trocável

(me/dl)

Experimento de Urussanga

Inicial 5,2 6,1 36,0 47 1,9 0,0 4,9Final 5,2 6,5 16,0 36 1,3 0,2 4,6

Experimento de Jaguaruna

Inicial 5,0 6,6 12,0 22 1,2 0,1 1,1Final 5,0 6,7 21,0 14 0,7 0,2 0,9

Nutrição Animal de Lages para a de-terminação do teor de PB,digestibilidade in vitro da matéria or-gânica (DIVMO) e NDT.

A variável MS foi submetida àanálise de variância e as médiascomparadas entre si pelo teste deDuncan ao nível de 5% de probabilida-de.

A evapotranspiração foi calculadasegundo Penman, sendo a deficiên-cia hídrica determinada para umacapacidade de armazenamento deágua no solo de 100mm (Figura 1).Na mesma figura são apresentadosos dados de temperatura médiamensal para os quatro anos doestudo.

Resultados obtidos

Clima

Na Figura 1 consta o balanço hídricopor decêndio de 1990 a 1993, períodoem que foi desenvolvido o trabalho depesquisa. Observa-se que a estiagemfoi uma constante em todos os anos,prejudicando seriamente a produçãode biomassa, principalmente no soloAreias Quartzosas, em Jaguaruna,conforme a Tabela 2. As maioresdeficiências hídricas ocorreram nosmeses de fevereiro, outubro e dezem-bro de 1990; janeiro, fevereiro, mar-ço, maio, agosto, setembro e outubrode 1991, janeiro, março, abril, ou-tubro, novembro e dezembro de1992, agosto e novembro de 1993 (Fi-gura 1).

Produção de matéria seca (MS)

As produções de MS das diferentescultivares de capim-elefante, no pe-ríodo 1989/90 a 1992/93, emUrussanga e Jaguaruna, são apre-sentadas nas Tabelas l e 2, respectiva-mente.

As produções obtidas, de uma ma-neira geral, foram muito baixas, fi-cando aquém do potencial da espécie.O baixo teor de matéria orgânica (MO)no solo, que variou de 1,9 a 1,3% emUrussanga e de 1,2 a 0,7% emJaguaruna respectivamente, no iní-cio e final dos trabalhos de pesquisa

Cultivar

P K MO Ca + Mg(ppm) (ppm) (%) (me/dl)

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44 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

ForragemForragemForragemForragemForragem

(Tabela 3), pode ter sido um dos fato-res determinantes da baixa produtivi-dade.

A produção de MS, mesmo na pri-mavera e no verão, foi baixa. Poroutro lado, alcançou aproxima-damente o dobro da obtida no outonoe inverno (Tabelas l e 2). As deficiên-cias hídricas ocorridas no período(Figura 1) e a fertilização exclusivacom adubo químico e solo combaixo teor de MO foram outras variá-veis que contribuíram significativa-mente para o baixo rendimento deMS.

Em Urussanga, não foi observada

significância estatística entre os tra-tamentos testados, apesar de ter havi-do uma diferença de 3,9t de MS/haentre a cultivar de maior produção(IJ 7137) e a de menor (IJ 7135)(Tabela 1).

Em Jaguaruna, foi observada dife-rença significativa entre os trata-mentos. As cultivares IJ 7135 eMineiro x 23-A produziram 9,28t/hae 8,94t/ha de MS, respectivamente,e foram estatisticamente superioresà EMPASC 308 (6,48t/ha), à EMPASC306 (5,9t/ha) e à EMPASC 305(5,65t/ha), porém semelhantes àsdemais, de acordo com o teste de

Duncan ao nível de 5% de probabilida-de (Tabela 2).

Proteína Bruta eDigestibilidade

O teor de PB e a DIVMO, de umamaneira geral, apresentaram poucasvariações nas diferentes estações doano (Tabelas 4 e 5). Os teores de PBpara os diferentes intervalos de cortesão relativamente baixos, provavel-mente devido ao baixo índice de MOobservado desde o início do trabalho(Tabela 3). Os valores de PB e deDIVMO, todavia, situam-se acima do

Figura 1 - Deficiência hídrica por decêndio (barras) e temperatura média mensal (linhas) na Estação Experimentalde Urussanga - 1990/1993 - EPAGRI/Estação Experimental de Urussanga - Urussanga, SC, 1997

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 45

Tabela 5 - Dados médios de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matériaorgânica (DIVMO) de dez cultivares de capim-elefante, no período de 1989/90 a 1992/93

em Jaguaruna. EPAGRI/Estação Experimental de Urussanga - Urussanga, SC, 1997

PB DIVMO(% na MS) (%)

P(A) V(A) OI(A) Média P V OI Média

IJ 7135 7,1 8,0 8,4 7,8 40,2 46,5 40,6 43,7EMPASC 7,3 8,1 8,5 8,0 42,5 47,1 37,8 44,2IJ 7137 6,9 8,7 8,1 8,1 41,1 45,8 39,6 43,4Mineiro x 23-A 7,5 8,5 8,0 8,1 45,0 48,3 40,0 45,9Volta Grande 7,6 8,4 8,5 8,2 39,2 49,2 44,7 45,6EMPASC 306 (Itajaí) 7,0 8,0 7,8 7,7 39,1 46,8 45,2 44,4Faculdade de Agronomia 6,9 8,6 8,8 8,2 42,2 46,3 46,8 45,3EMPASC 308 (Liso) 7,5 8,5 8,0 8,1 41,5 45,0 44,2 43,9Cameroon Roxo 8,2 8,9 8,7 8,7 40,7 45,4 40,9 43,3EMPASC 305 (Anão) 9,3 9,7 10,6 9,8 46,8 51,6 48,0 49,6Intervalo de corte (dia) 55,0 64,7 89,0 66,5 55,0 64,7 95,0 67,6Número de cortes 3 6 2 5,5 3 6 2 5,5

(A) P = Primavera, V = Verão, OI = Média outono-inverno.

ForragemForragemForragemForragemForragem

mínimo exigido (PB > 7% e DIVMOentre 45 e 48%) para que um bovinonão perca peso (2).

Em ambos os locais o capim-ele-fante anão (EMPASC 305) desta-cou-se quanto ao teor de PB eDIVMO, cujos valores médios foramde 10,2 e 57,2%, respectivamente,em Urussanga, e de 9,8 e 49,6% em

Jaguaruna. O capim-elefante roxo temum pequeno destaque quanto ao teorde PB em relação aos demais, excetu-ando a cultivar EMPASC 305 (capim-elefante anão).

Considerações

O Cameroon Roxo produziu 3,43t/

ha a menos que a EMPASC 306. En-tretanto, é a cultivar mais plantadano Litoral Sul. O colmo do capim-elefante roxo é relativamente macioe, por essa razão, os bovinos o aceitammelhor. Sabe-se que na prática é difí-cil manejar uma capineira de manei-ra correta, seja por falta de conheci-mento do produtor, seja pela dificul-dade de estimar de maneira maisprecisa a oferta e demanda de forra-gem. Esse conjunto de fatores deter-mina a preferência do produtor pelocapim-elefante roxo (Figura 2).

O capim-elefante anão (EMPASC305), apesar de não ter se diferenciadoestatisticamente dos demaisgenótipos, apresentou uma produçãoligeiramente inferior (l2,35t/ha), emrelação aos de maior produção. Ascaracterísticas específicas dessa culti-var justificaram a sua recomendação.O porte baixo faz dela a mais indicadapara a implantação de cordões vege-tais, entre as diferentes cultivares decapim-elefante. O alto valor nutritivoe a sua aptidão para pastejo faz docapim-elefante anão (Figura 3) umaespécie de elevado potencial para abovinocultura das regiões tropicais esubtropicais.

A IJ 7135, a mais produtiva emvalor absoluto, é conhecida comoCameroon, já recomendada e uti-lizada para quebra-vento. As folhasapresentam intensa pilosidade, cau-sando irritação na pele e, princi-palmente por essa razão, é poucoutilizada como forrageira paracorte. A EMPASC 308 foi selecio-nada e recomendada para cultivona forma de capineira por apresen-tar pouca pilosidade, embora a suaprodução de MS seja um pouco inferi-or a de outras cultivares recomenda-das.

O capim-elefante roxo já é umacultivar de domínio público. As de-mais cultivares de capim-elefante,recentemente lançadas para cultivopela EPAGRI através das EstaçõesExperimentais de ltajaí e ltuporanga,atendem plenamente a demanda deespécies para a formação de capineiras.Os demais genótipos testados e ainda

Cultivar

Tabela 4 - Dados médios de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matériaorgânica (DIVMO) de dez cultivares de capim-elefante, no período de 1989/90 a

1992/93, em Urussanga. EPAGRI/Estação Experimental de Urussanga -Urussanga, SC, 1997

PB DIVMO(% na MS) (%)

P(A) V(A) OI(A) Média P V OI Média

IJ 7135 6,8 8,7 9,9 8,3 48,3 55,8 56,4 53,1EMPASC 307 (Testo) 7,3 8,8 7,1 7,8 51,5 57,1 55,1 54,5IJ 7137 7,8 8,6 7,9 8,1 51,6 52,7 53,3 52,4Mineiro x 23-A 8,3 8,6 8,0 8,3 52,0 55,0 55,0 53,8Volta Grande 8,5 8,5 8,6 8,5 49,1 50,7 55,0 51,1EMPASC 306 (Itajaí) 8,3 8,5 7,7 8,2 51,2 54,4 54,7 53,2Faculdade de Agronomia 7,1 8,7 7,6 7,8 54,5 53,3 52,9 53,7EMPASC 308 (Liso) 8,0 8,6 7,8 8,2 54,6 52,1 50,6 52,7Cameroon Roxo 8,9 9,4 8,4 8,9 56,0 54,6 52,6 54,7EMPASC 305 (Anão) 10,2 10,3 10,0 10,2 59,4 56,4 54,8 57,2Intervalo de corte (dias) 50,2 51,0 79,5 58,3 50,2 51,0 80,3 57,5Número de cortes 6 5 4 5 5 5 3 6,5

(A) P = Primavera, V = Verão, OI = Média outono-inverno.

Cultivar

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46 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

não recomendados pela EPAGRI nãoapresentaram características relevan-tes para serem indicados para plantio.A utilização destas cultivares sobpastejo, permitindo a seleção pelosanimais, certamente possibilitará umacolheita de forragem de maior quali-dade.

Conclusões

A produção de matéria seca ficoumuito aquém do potencial do capim--elefante.

A baixa fertilidade do solo, espe-cialmente em termos de matéria or-gânica, e os constantes déficits hídricos

ocorridos no período foram fatoresnegativos importantes na produçãode biomassa.

O capim-elefante anão destacou-sequanto ao valor nutritivo em termosde PB e DIVMO.

Literatura citada

1. ECHEVERRIA, L.C.R.; CAVALAZZI,M.R.; LANZER, E.A. Produção deleite em Santa Catarina: análise daoferta. Florianópolis: EMPASC,1984. 17p. (EMPASC. Documentos,25).

2. SALERNO, A.R.; TCACENCO, F. A.Características e técnicas de cultivode forrageiras de estação fria no Valedo Itajaí e Litoral de Santa Catarina.Florianópolis: EMPASC, 1986. 56p.(EMPASC. Boletim Técnico, 38).

3. OLIVEIRA, J.0. de. A síndrome dasubnutrição. A Lavoura, Rio de Ja-neiro, n. 604, p. 7-10, 1993.

4. VIEIRA, L. M.; GOMIDE, J. A. Compo-sição química e produção forrageirade três variedades de capim elefan-te. Revista Ceres, Viçosa, v.15, n.86,p.245-260, 1968.

5. GUARAGNA, G. P.; COSENTINO, J.R.; PAULINO, V. T.; SCHAMMASS,E.A. Efeito da freqüência de cortesobre o rendimento e qualidade decapim-elefante (Pennisetum pur-pureum Schum) Var. Uruckwami.Boletim da Indústria Animal,Nova Odessa, v. 50, n. 2, p. 79-85,1993.

Simião Alano Vieira, eng. agr., M. Sc.,Cart. Prof. 6.307-D, CREA-SC,EMBRAPA/EPAGRl/Estação Experi-mental de Urussanga, C. P. 49, Fone/Fax(048) 465-1209, 88840-000 Urussanga,SC e Augusto Carlos Pola, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 6.917-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental deUrussanga, C. P. 49, Fone/Fax (048)465-1209, 88840-000 Urussanga, SC.

Figura 2 - Capim-elefante roxo

Figura 3 - Capim-elefante anão (EMPASC 305)

ForragemForragemForragemForragemForragem

o

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 47

Cadeias produtivas do Es-tado de Santa Catarina:Pêssego e ameixa. BoletimTécnico nº 80. 73 p.

O trabalho é um estudo dofluxo destes produtos em San-ta Catarina, desde o produtoraté o consumidor. Foi elabo-rado pelos engenheiros agrô-nomos Jean-Pierre HenriJoseph Ducroquet e ValérioPietro Mondin, especialistasnas culturas de pessegueiroe ameixeira, da EstaçãoExperimental de Videira/EPAGRI.

Boletim Didático nº 6. 18 p. 2ªedição.

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Impactos econômicos, so-ciais e ambientais em duasmicrobacias hidrográfi-cas de Santa Catarina: Ri-beirão das Pedras e RioMacaco. Documentos nº 188.84 p.

O autor, engenheiro agrôno-mo Valdemar Hercílio deFreitas, apresenta os impac-tos e as transformações ocorri-das nestas duas microbaciasem função dos trabalhos de re-cuperação e conservação da ca-pacidade produtiva dos solos edo controle da poluição no espa-ço rural.

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vitivinicultura tem como obje-tivo principal apresentar as li-gações intersetoriais e as ca-racterísticas intrínsecas doprocesso produtivo da uva e dovinho catarinense no contextonacional e com vistas aoMERCOSUL. O trabalho é deautoria dos pesquisadores daEPAGRI Jean Pierre Rosier eMilton Losso.

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Face aos inúmeros pedi-dos, a EPAGRI está reedi-tando este livro, de autoria deVilson Marcos Testa, Raul deNadal, Luiz Carlos Mior, IvanTadeu Baldissera e NelsonCortina, pesquisadores doCentro de Pesquisa paraPequenas Propriedades/Chapecó/EPAGRI. O traba-lho tem como objetivos geraisrealizar um diagnósticosocioeconômico e ambientalda região e propor ações parao desenvolvimento sustentá-vel, mantendo na produçãoagropecuária o modelo daprodução familiar diversifi-cada.

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48 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

EPEPEPEPEPAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieiraAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieiraAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieiraAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieiraAGRI 405-Fuji Suprema: Nova cultivar de macieira

José Luiz Petri, Frederico Denardi eAtsuo Suzuki

cultivar Fuji foi introduzida noBrasil na década de 60. As culti-

vares Fuji e Gala, são as mais planta-das, representando 90% da produçãonacional. A cultivar Fuji é origináriada Estação Experimental de Moriokano Japão, onde foi lançada em 1939,como resultado do cruzamento dascultivares Jonet x Delicious Rouge(1).

A cultivar Fuji caracteriza-se porapresentar a epiderme dos frutos comcoloração vermelho-clara, com estri-as em aproximadamente 50% do frutosobre fundo amarelo. É característicada cultivar Fuji adquirir a coloraçãovermelha tardiamente, sendo muitodependente da amplitude térmicadiária. A coloração é melhor quantomaior for esta amplitude. Muitas ve-zes isto leva a atrasar a colheita paramelhorar a coloração vermelha dosfrutos.

Em plantas muito sombreadas, osfrutos não expostos aos raios solaresnão adquirem coloração vermelha, ouadquirem em percentual inferior a30% da superfície do fruto, o quedificulta a comercialização, reduzindoo percentual de frutos extras na clas-sificação.

Os frutos da cultivar Fuji sãofirmes, crocantes, com resistência dapolpa entre 53,8 e 58,7 N/cm2 aoponto de consumo, têm teores de açú-car entre 13 e 18o Brix e acidez de 4 a5 meq/100ml (2).

Desde a criação da cultivar Fuji noJapão, em 1939, surgiu grande núme-ro de mutações somáticas. Há refe-rência de mais de 100 mutações noJapão. Algumas nem chegaram a re-ceber nome, sendo multiplicadas pelopróprio fruticultor (3). No Brasil, fo-ram recomendadas a ‘Fuji 1’ e a ‘Fuji2’ que são mutações antigas, comcoloração do fruto mais vermelha.

Estas mutações não foram muito plan-tadas por apresentarem a forma dofruto muito achatada, o que depreciao fruto na comercialização. A tendên-cia de frutos mais achatados é caracte-rística de regiões com temperaturashibernais mais amenas, onde se acen-tua este problema (4).

As mutações de ‘Fuji’ mais fre-qüentes são de coloração dos frutos,mas ocorrem também mutações deoutras características, como o tipo deplanta ou época de maturação. Asmutações de coloração dos frutosmantêm as demais característicasidênticas às da ‘Fuji’ original. Quantoà coloração, as mutações são classifi-cadas em estriadas, semi-estriadas esem estrias.

Outro fator a considerar nas culti-vares provenientes de mutações é aestabilidade das mesmas, ou seja, amanutenção das característicasmutantes ao longo dos anos. Asmutantes da ‘Fuji’ têm tendência deserem instáveis, principalmente asmutantes de coloração vermelho--estriada, em relação às mutantes decoloração vermelha sem estrias. Noscasos em que não ocorre a estabilida-de, é freqüente observar-se variaçõesna coloração dos frutos entre plantas,ou mesmo dentro de uma mesmaplanta, determinando riscos de se mul-tiplicar material vegetativo revertidoao tipo original, com a mutação.

Deve-se ter mais cuidado na co-lheita das mutações da ‘Fuji’ comepiderme de coloração vermelha semestrias, pois a degradação do amidotem tendência a ocorrer mais tarde.Em função da coloração vermelhamais precoce existe tendência do pro-dutor em realizar a colheita maiscedo. Isto resultaria em perdas nasqualidades organolépticas, pois nãose colhem os frutos no ponto ótimo de

maturação.No grupo das mutações semi-es-

triadas inclui-se a cultivar EPAGRI405-Fuji Suprema, que após teste empequenos pomares está sendo lançadacomo nova cultivar, com as mesmascaracterísticas da cultivar original,porém com a epiderme dos frutosmais vermelha e mais uniforme-mente distribuída na superfície dofruto.

Origem

Em 1986, um pequeno ramo comfrutos totalmente vermelhos foi loca-lizado pelo extensionista rural GilmarDalla Maria em uma planta da culti-var Fuji no pomar de macieira do Sr.Gilberto Brandt, no município deCuritibanos, SC. Neste mesmo ano,durante o inverno, o ramo mutantefoi coletado e enxertado sobre porta--enxerto M-26, produzindo-se duasplantas. Estas, ao entrarem emprodução, produziram frutos com amesma coloração do ramo original,ou seja, frutos totalmente verme-lhos e, portanto, diferente da cultivarFuji standard. Para verificar o graude estabilidade da mutação, foramfeitas mais três enxertias sucessivas,sendo que sempre as plantas mostra-vam os frutos com mesma caracterís-tica mutante. Comprovada a esta-bilidade, o material foi multipli-cado por cultura de meristema, ob-tendo-se material livre das principaisviroses.

Como as demais característicasagronômicas da planta mantiveram--se idênticas às da cultivar Fujistandard, porém com coloração daepiderme do fruto considerada supe-rior, nominou-se esta mutaçãosomática de cultivar EPAGRI 405-Fuji Suprema.

A

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

Características da planta

As plantas apresentam as mesmascaracterísticas da cultivar Fujistandard quanto ao hábito de cresci-mento, exigência em frio época deflorescimento, maturação dos frutose frutificação. A coloração dos ramos éum pouco mais avermelhada que na‘Fuji’, o que permite distingui-la, mes-mo quando não há frutos na planta.

As polinizadoras utilizadas para a‘Fuji’ podem também ser utilizadaspara a ‘Fuji Suprema’ (Tabela 1) (5).

Características dos frutos

O que distingue a ‘Fuji Suprema’da ‘Fuji standard’ é a coloração ver-melha uniforme da epiderme cobrin-do 80 a 100% dos frutos sob fundoverde-amarelado (Figuras l e 2). Aslenticelas são salientes, propiciandoum contraste com a cor da epiderme(Figura 3). Outra característica quedistingue os frutos da ‘Fuji Suprema’da maioria das demais mutações de‘Fuji’ é que já aos 30 dias após afloração a epiderme dos frutos estátotalmente vermelha, mesmo nos fru-tos localizados nas partes sombreadasda planta (Figura 4). Quando inicia oprocesso de maturação, a coloraçãovermelho-escura, torna-se mais clarae brilhante, aparentando uma levedescoloração. Mesmo assim, acima de80% da superfície do fruto mantémcoloração vermelha. Isto proporcionamaior percentagem de frutos extraspor ocasião da colheita. Frutos oriun-dos da mesma gema florífera man-

Tabela 1 - Cultivares polinizadoras da ‘Fuji Suprema’

PeríodoCultivar de Cultivar polinizadora

floração

Fuji Suprema 05/10 à 30/10 Gala, Willie Sharp, Granny Smith SpurFuji standard 05/10 à 30/10 Gala, Willie Sharp, Granny Smith Spur

Fonte: DENARDI & CAMILO (1996).

Figura 1 - Fruto da cultivarEPAGRI 405-Fuji Suprema,

em São Joaquim, SC

Figura 2 - Fruto dacultivar EPAGRI 405-FujiSuprema em comparação

com a ‘Fuji standard’em Caçador, SC

(direita ‘Fuji Suprema’ eesquerda ‘Fuji standard’)

tém-se com coloração vermelha mes-mo nas partes que se tocam ou quandohá folhas na superfície do fruto. A cor

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Frut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul turaFrut icul tura

de fundo é verde-amarelada, difícil deser observada e podendo dificultar adeterminação do ponto de colheita poreste parâmetro.

Os teores de sólidos solúveis, aci-dez, firmeza da polpa e degradação deamido são similares aos da ‘Fujistandard’ (Tabela 2). A forma do frutomedida pela relação comprimento/diâ-metro (C/D) assemelha-se à da ‘Fujistandard’. Isto distingue a ‘Fuji Su-prema’ de outras mutações, quefreqüentemente apresentam frutos deforma achatada (Tabela 2).

Considerando-se que os frutos ad-quirem a coloração vermelha bemantes do ponto de maturação, a colhei-ta deverá ser monitorada através dosseguintes parâmetros auxiliares: teorde sólido solúveis, firmeza da polpa edegradação do amido.

Literatura citada

1. YOSHIDA, Y.; KATSURAYAMA, Y. Me-lhoramento genético da macieira noBrasil. Perspectivas e contribuições dascultivares japonesas. AgropecuáriaCatarinense, Florianópolis, v.6, n.4,p.12-15, 1993.

2. MASSERON, A.; TRILLOT, M.; MATHIEU,V.; TRONEL, C. Fuji. Paris: CentreTechnique Interprofessionnel desFruits et Legumes, 1995. 58p.

3. SANSINANEA, A.; BARRIA, J. Fuji.Rompecalezas Tecnológico, v. 1, n. 2,p. 42-43, 1994.

4. RIBEIRO, P. de A. Descrição e comporta-mento de algumas cultivares de maci-eira no Sul do Brasil. ln: EMPASC.Manual da cultura da macieira. Flo-rianópolis: 1986. p.59-91.

5. DENARDI, F; CAMILO, A. P. Maçã: In:EPAGRI. Recomendação de cultivarespara o Estado de Santa Catarina - 1996/97. Florianópolis: 1996. 152p. (EPAGRI.Boletim Técnico, 74).

José Luiz Petri, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.987-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Expe-rimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000Caçador, SC, Frederico Denardi, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 3.182-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental de Caçador,C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Caçador, SC e Atsuo Suzuki,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 4.777-D, CREA-SC, EPAGRI/Estação Experimental de Caça-dor, C.P. 591, Fone (049) 663-0211, Fax (049)663-3211, 89500-000 Caçador, SC.

Tabela 2 - Teores de sólidos solúveis totais (SST), resistência da polpa, índice dedegradação do amido, acidez titulável, relação comprimento diâmetro (C/D) e peso

médio dos frutos da cultivar Fuji Suprema

‘Fuji Suprema’ ‘Fuji standard’Especificação

94/95 95/96 96/97 Média 94/95 95/96 96/97 Média

SST % 13,8 14,4 15,0 14,4 12,2 14,6 15,0 13,9Resistência da polpa (N) 69,5 68,3 66,4 68,0 71,7 67,9 66,5 68,7Degradação do amido 6,9 7,2 5,60 6,5 8,1 7,6 5,05 6,9Acidez (meq/100ml) - 7,7 8,4 8,0 - 7,5 7,3 7,4Relação C/D 0,82 0,79 0,82 0,81 0,79 0,79 0,85 0,81Peso médio dos frutos (g) 101,5 119,9 144,0 121,8 99,8 108,8 145,0 117,8

Figura 4 - Frutos da cultivar EPAGRI 405-Fuji Suprema, na fase inicial dedesenvolvimento, mostrando os frutos já totalmente vermelhos

Figura 3 -Fruto dacultivarEPAGRI405-FujiSuprema,mostrando aproeminênciadas lenticelas

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Doença açucarada do sorgo forrageiro emDoença açucarada do sorgo forrageiro emDoença açucarada do sorgo forrageiro emDoença açucarada do sorgo forrageiro emDoença açucarada do sorgo forrageiro emSanta Catarina: diagnose e controleSanta Catarina: diagnose e controleSanta Catarina: diagnose e controleSanta Catarina: diagnose e controleSanta Catarina: diagnose e controle

Amauri Bogo

cultivo do sorgo forrageiro nasregiões de pecuária leiteira de

Santa Catarina constitui-se em umaexcelente opção para a alimentaçãoanimal, principalmente na forma desilagem.

A doença açucarada do sorgo é deocorrência esporádica e localizada,devido às condições climáticas favorá-veis para o seu desenvolvimento. Emregiões de clima temperado úmido ossintomas da doença são semelhantespara diversas espécies de gramíneas(1).

Em 1996 foi registrada a ocorrên-cia da doença em Santa Catarina (2),causando perdas econômicas acentu-adas nas lavouras de sorgo forrageiro,principalmente naquelas utilizadas naformação de silagem. Neste sentido,pela contaminação dos grãos com olíquido açucarado, durante o processode colheita, ocorre um aumento nodesenvolvimento de fungos saprofíti-cos, que comprometem a qualidade doproduto (3). A viabilidade das semen-

tes é igualmente alterada, e quandosemeadas, há um aumento no ataquede fungos de solo, o que determinauma redução na emergência, mesmode sementes com vigor e germinaçãodentro dos padrões estabelecidos pelaLegislação (4).

Sintomas

A doença é facilmente reconhecidapela presença de gotas de líquido pe-gajoso de coloração rosada (Figura 1),proveniente do ovário infectado. Es-tas gotas, ricas em esporos do fungo,são doces e atraem inúmeros insetosresponsáveis pela disseminação, alémde permitir o desenvolvimento do fun-go saprofítico Cerebella volkensii(Ces.), de maneira a converter as go-tas em uma massa negra e espessa,levando ao escurecimento total dapanícula (Figura 2). Em clima seco,após a formação do líquido açucarado,a secreção seca e forma uma crostacristalizada branca, facilmente detec-

tada na panícula (Figura 3). Com odesenvolvimento do fungo, há a for-mação de estruturas de resistência,os escleródios, que se formam no inte-rior das glumas, ocupando os lugaresdas sementes e se assemelhandograndemente a estas, apresentando,porém, coloração escura (Figura 4).

Etiologia

A doença açucarada é causada pelofungo Claviceps africana (Kulk), fasesexuada de Sphacelia sorghi (McRae).Este patógeno sobrevive em restos decultura e livremente no solo na formade escleródios. Seus esporos podempermanecer viáveis nas panículas porvários meses, sobre as gotas cristali-zadas (Figura 5). A doença afeta osfloretes individuais da panícula, sen-do que as espiguetas infectadas nãoproduzem grãos.

A morfologia dos escleródios é se-melhante à dos grãos de sorgo, egeralmente têm um volume maior e

O

Figura 1 - Gotas de líquido açucarado e pegajoso sobre apanícula

Figura 2 - Ataque do fungo saprofítico levando aoescurecimento total das panículas #

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coloração escura, desenvolvendo-seentre as glumas. Os escleródios de C.africana podem apresentar uma per-centagem de alcalóides que varia de0,2 a 0,5% por grama de escleródios,os quais podem vir a ser tóxicos aosanimais quando oferecidos como úni-ca fonte energética na formação desilagem (5).

A disseminação da doença ocorreprincipalmente através de sementescontaminadas. A doença é favo-recida por temperaturas de 20 a 25oC,alta umidade relativa do ar eocorrência de chuvas durante a fasede antese (6).

A entrada de sementes contamina-das por C. africana, oriundas de ou-tros Estados e de países doMERCOSUL, poderá limitar a produ-ção de sorgo forrageiro no Estado deSanta Catarina.

Controle

O controle da doença açucarada dosorgo forrageiro depende de váriasmedidas que visam prevenir a entra-da do patógeno em uma área nãoinfestada e que visam eliminar opatógeno já estabelecido em uma áreaou órgão atacado da planta. As seguin-

tes medidas são recomendadas para ocontrole da doença:

• Uso de sementes sadias, prove-nientes de produtores que assegurema não existência do patógeno a campo,não formação de novos plantios emáreas afetadas, eliminação ouerradicação das plantas afetadas, alémde tratamento de semente com pro-

Figura 3 - Líquido açucarado brancocristalizado sobre a panícula

Figura 4 - Estruturas de resistência tipo escleródios semelhantes àssementes, porém de coloração escura

Figura 5 - Esporos de Sphacelia sorghi, fase assexuada de C. africana

dutos curativos e/ou erradicantes.• Rotação de cultura de um a três

anos com plantas resistentes ou nãohospedeiras do patógeno, visto quepanículas infectadas e armazenadaspor um ano e meio a temperatura de25oC e umidade relativa do ar de 30%têm mantido a capacidade infectivaem inoculações artificiais realizadas

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Fi topatologiaFi topatologiaFi topatologiaFi topatologiaFi topatologia

FUNDAGRO

Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável

do Estado de Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor agrícola público e privado do Estado de Santa

Catarina.

• Diagnósticos rápidos.

• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor agrícola.

• Consultorias.

• Realizações de cursos especiais.

• Projetos para captação de recursos, desde que haja fontes de recursos.

• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor agrícola.

• Projetos de financiamento do PRONAF e outros.

• Serviços de previsão de tempo.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.188, Itacorubi, C.P. 1391, Fone (048) 234-0711, Fax (048) 234-3048,

E-mail: fundagro@climerh. rct-sc.br, 88010-970 Florianópolis, SC.

em sorgo após a aplicação de fentinhidroxide (7). Apesar da pulverizaçãodas plantas com produtos químicosser eficiente, deve-se considerar arelação custo x benefício.

Literatura citada

1. DICKSON, J.G. Diseases of field crops.New York: Mc Graw-Hil, 1956. 517p.

2. BOGO, A.; BOFF, P. Ocorrência da do-ença-açucarada (Claviceps africana)na cultura do sorgo forrageiro(Sorghum bicolor), no Brasil.Fitopatologia Brasileira, Brasília,v.22, n.2, 1997. (No prelo).

3. BOVE, F.J. The story of ergot . Basel: S.Karger, 1970. 297p.

4. MUGHOGHO, L.K. Compendium ofsorghum diseases. St. Paul: TheAmerican PhytopathologicalSociety, 1986. 83p.

5. FREDERICKSON D.E.; MANTLE,P.G.; DE MILLIANO, W.A.J.

em casa de vegetação no CentroAgroveterinário de Lages, SC (2).

• Semeadura de variedades maisprecoces ou antecipação do plantio,como forma de promover condiçõesfavoráveis à planta e desfavoráveis aopatógeno.

• O uso de variedades resistentesé outra alternativa para diminuir asperdas, porém, como a doença é deocorrência recente, ainda não se têmdados sobre níveis de resistência doshíbridos de sorgo utilizados no país.Cuidados podem ser tomados na esco-lha do híbrido a ser plantado, pois asmaiores perdas devido à doença fo-ram registradas com o híbrido AG2002, sugerindo a não utilização destematerial nas áreas onde a doença jáfoi identificada.

• Fungicidas a base de tebucona-zole, triadimenol, propicanazole,benomyl, fentin hidroxide nas dosesde 125, 125, 250, 750, 500g do ingredi-ente ativo/ha, respectivamente, sãoeficientes no controle da doença, quan-do aplicados na fase de antese. Proble-mas de fitotoxicidade podem ocorrer

Claviceps africana sp. nov. thedistintive ergot pathogen of sorghumin Africa. Mycological Research,Cambridge, v.95, p.1.101-1.107,1991.

6. FREDERICKSON, D.E.; MANTLE,P.G; DE MILLIANO, W.A.J.Susceptibility to ergot in Zimbabweof sorghum that remained in theirnative climates in Ethiopia andRwanda. Plant Pathology, London,v.43, p.27-32, 1994.

7. FERREIRA, A.S.; PINTO, N.F.J.A.;CASELA, C.R. Avaliação defungicidas para o controle de ergot oudoença açucarada (Claviceps africa-na) em sorgo . Sete Lagoas:EMBRAPA-CNPMS, 1993. 4p.(EMBRAPA-CNPMS. Pesquisa emAndamento, 142).

Amauri Bogo, eng. agr., M.Sc., CentroAgroveterinário (CAV-UDESC), C.P. 281,Fone/fax (049) 225-2866/225-3401.88520-000 Lages, SC.

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54 Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997

PESQUISA EMANDAMENTO

Qualidade de água na pisciculturaQualidade de água na pisciculturaQualidade de água na pisciculturaQualidade de água na pisciculturaQualidade de água na pisciculturaintegrada à suinoculturaintegrada à suinoculturaintegrada à suinoculturaintegrada à suinoculturaintegrada à suinocultura

Tabela 1 - Valores médios de algumas variáveis físico-químicas e microbiológicasobtidos em viveiros de cultivos de peixes em sistemas integrados à suinocultura, no

período de maio/95 a maio/96 no município de Chapecó

Variáveis observadas Modelo Modelo Modeloe padrões legais para Vertical Horizontal Variável

o corpo receptor(rios e riachos) Cultivo Efluente Cultivo Efluente Cultivo Efluente

Transparência (cm) 27,5 - 26 - 18,4 -

pH(A) (6 a 9)** 6,7 a 8,0 6,7 a 7,9 6,8 a 8,4 6,7 a 8,5 6,9 a 8,7 6,8 a 8,5N-Nitrito < 1,0 (mg/litro)** 0,051 0,065 0,066 0,079 0,068 0,071

N-Nitrato < 10,0 (mg/litro)** 0,264 0,266 0,234 0,242 0,27 0,28N-Amônia < 0,50 (mg/litro)** 0,86 0,9 1,13 1,56 0,88 0,93

Oxigênio dissolvido> 5,0 (mg/litro)** 4,81 5,7 4,9 5,17 5,25 5,51

> 4,0 (mg/litro)***Coliformes totais (% amostras)

< 5.000 NMP/100ml** 75 75 75 74,2 91,7 100< 20.000 NMP/100ml*** 93,8 94,6 96,9 96,8 100 100

Coliformes fecais (% amostras)< 1.000 NMP/100ml** 75 74,1 81,3 71 83,3 84,2

< 4.000 NMP/100ml*** 85,4 86,6 93,8 93,5 100 100

Nota: Pela legislação vigente, número mais provável (NMP) de coliformes totais e fecais para80% de cinco amostras consecutivas para águas de classe 2** e para águas de classe3***, decreto no 14.250 de 1981.

(A) Valores obtidos pela manhã e à tarde.

O policultivo de peixes integradoà resíduos de animais, que é o prin-cipal sistema de cultivo adotado emSanta Catarina, desenvolveu-se acen-tuadamente nos últimos anos. A pro-dução de peixes de água doce foi de4.978 e 6.700t 1 em 1994 e 1995 res-pectivamente, um crescimento rápi-do se comparado com a produção de1991, que foi de 1.680t. Entre algunsfatores que propiciam este cresci-mento estão a disponibilidade dematéria orgânica, pouca exigênciade mão-de-obra e baixo custo de pro-dução, consolidando-se como umaatividade do produtor rural para au-mentar sua renda.

Apesar de todo esse crescimento,muitas vezes a desinformação sobrea qualidade da água tem gerado difi-culdades para o setor, principalmen-te com relação à legislação ambientalexistente. Portanto, como em qual-quer atividade geradora de efluentes,há necessidade de se conhecer osparâmetros físico-químicos emicrobiológicos de qualidade deágua para que se possa desenvol-vê-la sem prejuízos da qualidadeambiental, podendo inclusive sermelhorada.

O Centro de Pesquisa para Pe-quenas Propriedades (CPPP/EPAGRI) vem desde 1995 estudan-do, no município de Chapecó, a qua-lidade de água dos modelos vertical,horizontal e variável de cultivos depeixes integrados à suinocultura. Osmodelos vertical e horizontal, comaporte contínuo de matéria orgâni-ca, são diferenciados quanto à locali-zação das baias dos suínos, que noprimeiro fica sobre os viveiros e nosegundo se encontra às margens,sendo a matéria orgânica, neste caso,conduzida por um canal até o vivei-ro. No modelo variável não há aportecontínuo de matéria orgânica, ha-

vendo necessidade do produtor levá-laaté o viveiro. Devido à maior exigên-cia de mão-de-obra é o modelo menosutilizado.

Os pesquisadores Osmar TomazelliJúnior, Jorge de Matos Casaca e Re-nato Dittrich são os responsáveis poreste estudo.

Os efluentes gerados pela piscicul-tura não devem conferir aos corposreceptores, ou seja, rios e riachos querecebem a água proveniente dos cul-tivos, características físico-químicase microbiológicas em desacordo com oestabelecido pelo decreto no 14.250 de1981, do Governo do Estado de SantaCatarina, que classifica as águas con-forme sua utilização:

Classe 1 - águas destinadas aoabastecimento doméstico sem trata-mento prévio ou com simples desin-fecção. Não é permitido lançamentode efluentes mesmo que tratados.

Classe 2 - abastecimento domésti-

co, após tratamento convencional,irrigação de hortaliças ou plantasfrutíferas e recreação de contato pri-mário.

Classe 3 - abastecimento domés-tico, após tratamento convencional,preservação de peixes em geral e deoutros elementos da flora e da faunae dessedentação de animais.

Como a resolução do CONAMA,Conselho Nacional do Meio Ambien-te no 20, de junho de 1986, faz refe-rência à criação natural e/ou intensi-va (aqüicultura) de espécies destina-das à alimentação humana paraáguas de classes 1 e 2, utiliza-setambém esta resolução comoreferencial.

Para estudar a qualidade da águados efluentes provenientes da pisci-cultura integrada à suinocultura, foirealizada uma amostragem, consi-derando cada modelo como um es-trato. De uma população de 161 vi-

1. EPAGRI-GAPES. Dados de produção dapiscicultura em Santa Catarina. Elabora-ção Mauro Roczanski, Florianóplis, SC.

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Pesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamento

veiros de cultivo de peixes, foramamostrados 31, equivalente a umafração amostral de 19,25%. As amos-tras de água do cultivo e do efluen-te foram coletadas periodicamen-te ao longo do ano, totalizando atémaio/96 - 144, 32 e 24 amostras paraos modelos vertical, horizontal e va-riável, respectivamente. Os resulta-dos analíticos foram comparados comos limites permitidos de qualidadede água do corpo receptor e encon-tram-se na Tabela 1.

Nota-se na Tabela 1 que os valo-res médios encontrados para pH, N-nitrito, N-nitrato e oxigênio dissolvi-do (analisados nas primeiras horasda manhã quando se encontra com amenor concentração do dia) encon-tram-se dentro dos parâmetros exi-gidos para águas de classe 2. Apesardas concentrações de N-amônia parao cultivo e para o efluente estaremacima do máximo permitido para ocorpo receptor, as mesmas estão bemabaixo do limite máximo permitidopela legislação para efluentes, que éde 5mg/litro. As contagens decoliformes fecais, em NMP, encon-tram-se dentro dos padrões exigidospara águas de classe 3, e para águasde classe 2 para o modelo variável.Para os outros dois modelos, o resul-tado ficou fora do permitido pelalegislação para o corpo receptor. Istonão significa que a concentração ob-tida de coliformes fecais no cultivo eno efluente resultará em uma con-centração maior que 1.000 NMP/100ml no corpo receptor.

Para que o cultivo tenha sucesso,ou seja, obter a maior produção depeixes utilizando a menor carga pos-sível de matéria orgânica, o mesmodeve ser manejado utilizando umapequena vazão e em alguns casosalimentação de água suficiente pararepor perdas por evaporação e in-filtração, minimizando desta formao aporte de água ao ambiente duran-te o cultivo. Pelo que foi expostoacima, a qualidade da água dos efluen-tes pela piscicultura integrada àsuinocultura na região amostradaresultou como boa, segundo osparâmetros determinados e repre-sentados pelas classes de águas 2 e 3.

Espaçamentos e densidadesEspaçamentos e densidadesEspaçamentos e densidadesEspaçamentos e densidadesEspaçamentos e densidadesde milhode milhode milhode milhode milho

A população de plantas é um dosfatores responsáveis pela produtivi-dade do milho. Em baixas populações,a produtividade é baixa. Com o au-mento da população, a produtividadeaumenta até um ponto ótimo, a partirdo qual diminui. Em Santa Catarina,o potencial produtivo da cultura domilho não é de todo explorado devido,em parte, à baixa população de plan-tas das lavouras, que gira em torno de35 mil a 40 mil plantas por hectare.Muito embora Santa Catarina des-ponte como quinto produtor nacionalde milho e segundo em produtividade(3.500kg/ha), estas posições poderiamser melhoradas caso a população deplantas nas lavouras fosse aumentadae fossem obedecidas as recomenda-ções técnicas para a cultura. A deter-minação ideal de população de plantase espaçamento entre fileiras para acultura do milho, de porte alto e deporte baixo, é o objetivo de dois expe-rimentos que estão sendo desenvolvi-dos no Centro de Pesquisa para Pe-quenas Propriedades - CPPP/EPAGRI,em Chapecó: 1) Espaçamento e densi-dade populacional de um híbrido demilho de porte alto; 2) Espaçamento edensidade populacional de um híbridode porte baixo. Nos dois experimentosestão sendo avaliados: quatroespaçamentos entre fileiras de milho- 70cm, 85cm, 100cm e 115cm; quatropopulações de plantas - 30 mil, 50 mil,70 mil e 90 mil plantas por hectare. Asemeadura ocorreu entre 15 e 20 desetembro nos dois anos agrícolas(1995/1996 e 1996/1997) e os híbridosutilizados foram Agroceres 1051(porte alto) e Pioneer 3099 (portebaixo). Nos resultados de dois anosde experimentação, foi observadoque os quatro espaçamentos utiliza-dos não produziram variações signi-ficativas no rendimento de grãos,nem nos seus componentes (númerode espigas/planta, número de grãos/espiga e o peso de mil grãos), tantopara o híbrido de porte alto, comopara o de porte baixo. Já entre as

diferentes populações de plantasavaliadas, foi observado que a densi-dade de 30 mil plantas por hectareteve uma produtividade de grãosbem inferior à das demais popula-ções (50 mil, 70 mil e 90 mil). Estastrês populações não diferiram esta-tisticamente em produtividade en-tre si, mas foi observada umatendência de aumento na produ-tividade com o aumento da popula-ção de 50 mil para 70 mil plantaspor hectare. Quanto aos componen-tes do rendimento, os maiores valo-res foram obtidos com a populaçãode 30 mil plantas por hectare ediminuiram significativamente atéa população de 90 mil plantas porhectare.

De uma maneira geral, os resul-tados preliminares de ambos os ex-perimentos foram semelhantes emrelação aos efeitos das populaçõessobre o rendimento de grãos e seuscomponentes, porém foram sempresuperiores para o híbrido de portealto. O híbrido de milho de porte altorendeu, em média, 1.100kg/ha a maisdo que aquele de porte baixo. Orendimento de grãos ótimo econô-mico, tanto para o híbrido de portebaixo como o de porte alto, deverásituar-se entre as densidades 50mil e 70 mil plantas por hectare,confirmando a necessidade de seaumentar a população de plantasnas lavouras de milho do Estado.Maiores respostas dos componentesdo rendimento a 30 mil plantas porhectare eram esperadas, pois àmedida que se aumenta a populaçãode plantas numa determinada área,há maior competição entre as plan-tas por fatores ambientais, com re-flexos negativos nestes componen-tes.

Estes experimentos estão sendoconduzidos pelos pesquisadores en-genheiros agrônomos Roger DelmarFlesch e Luiz Carlos Vieira, amboslotados no CPPP/EPAGRI, Chapecó,SC.

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Práticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturais

Eliminação do escapo floral em diferentes estádios deEliminação do escapo floral em diferentes estádios deEliminação do escapo floral em diferentes estádios deEliminação do escapo floral em diferentes estádios deEliminação do escapo floral em diferentes estádios decrescimento de três cultivares de alhocrescimento de três cultivares de alhocrescimento de três cultivares de alhocrescimento de três cultivares de alhocrescimento de três cultivares de alho

Tosiaki Kimoto, Marie Yamamoto Reghin, João Bosco Carvalho da Silva,José Walmar Setúbal, Marleide Magalhães de Andrade Lima e

Rosa Lúcia Rocha Duarte

ocorrência de escapo floral emalho tornou-se freqüente com o

cultivo de alhos nobres no Sul e Su-deste brasileiro. A haste central ouescapo floral pode atingir mais de 1mde comprimento, contendo no ápice aumbela com bulbilhos aéreos. Aindução e desenvolvimento floral éum processo complexo e não dependesomente do fator genético, envolven-do também os fatores ambientais. Porisso, alguns materiais apresentamescapo floral sob uma grande variaçãode meio ambiente, enquanto outrosnão o emitem sob qualquer condição.O fotoperíodo, a temperatura duranteo desenvolvimento, o armazenamentode bulbos em temperatura baixa e acultivar têm efeito de interação naindução do escapo floral em alho (1).Experimentos realizados no Brasil (2)com tratamentos de vernalização de 3e 8oC, por 40 dias, além do tratamentosem vernalização em alho cultivarQuitéria, por dois anos, mostraramque em 1991 a presença de hastefloral foi de 85%, 74% e 1%, respecti-vamente e em 1992, de 28, 25 e 16%.

A incidência de escapo floral emdeterminados anos torna-se generali-zada na plantação; sua presença édesejável quanto ao aspecto do bulbo,mas é indesejável pela concorrênciacom os nutrientes que seriam desvia-dos para a formação dos bulbilhosaéreos (3); por isso a eliminação podeser favorável à produtividade de bul-bos de alho. Não se tem muitas infor-mações a respeito da validade de seproceder a eliminação; contudo, paraa cultivar Roxo Pérola de Caçador (3)foi verificada vantagem desta práticana produtividade, mas não foi definidaa época para realizar tal operação.

Materiais e métodos

Conduziu-se um ensaio na Fazen-da Experimental São Manuel,UNESP, F.C.A., Botucatu, SP, no pe-ríodo de 11/05 a 29/09/95, com o obje-tivo de verificar a influência da elimi-nação do escapo floral em diferentesestádios sobre a produtividade de alho,cultivares Caçador-20, Jonas e Con-testado, cujos bulbos foramvernalizados em pré-plantio por 44dias a 4oC. A eliminação do escapofloral foi feita manualmente nos está-dios 1, 2 e 3, mantendo-se testemunhasem eliminação. O estádio 1 represen-tou o período compreendido logo apóso aparecimento visual do escapo; oestádio 2 correspondeu ao escapo com-pletamente desenvolvido e comenrolamento da haste, e o estádio 3representou a eliminação por ocasiãoda colheita. O delineamento experi-mental usado foi blocos ao acaso dis-posto em esquema fatorial 3 x 4 (cul-tivar x estádio) com quatro repeti-ções.

A colheita teve início em 22/09 e seprolongou até 29/09, quando os últi-mos tratamentos atingiram o pontode colheita. Durante a colheita dasparcelas da testemunha observou-sea percentagem de plantas com escapofloral de 97,8%, 98,1% e 98,0%, res-pectivamente para as cultivares Caça-dor-20, Jonas e Contestado. Após acura de 25 dias fez-se a toalete dosbulbos, a classificação e a pesagem.

Resultados e discussão

Os resultados encontram-se naTabela 1. As cultivares Caçador-20 eJonas apresentaram produções signi-

ficativamente superiores às da Con-testado. A eliminação do escapo floralnos estádios 1 e 2 beneficiou a produ-ção total de bulbos, contudo não hou-ve diferença significativa quando sefez eliminação no estádio 2 ou noestádio 3. Também não houve dife-rença entre fazer a prática na épocada colheita ou não procedê-la (teste-munha). Os bulbos apresentaram bomaspecto, independentemente do tra-tamento. De modo geral pode-se dizerque a eliminação do escapo floral foibenéfica quando realizada no estádio1, para as cultivares Caçador-20 eContestado. Não foi constatado efeitodesta prática em ‘Jonas’.

Procedendo-se a eliminação noestádio 1, além da vantagem do corteem tecido ainda tenro, facilitando aprática, antecipou a maturação dasplantas promovendo a colheita setedias antes dos demais tratamentosnas três cultivares. O efeito positivoda eliminação do escapo floral foi com-provado em “Caçador-20” pelo aumen-to da produção de bulbos da classe 6 e7, quando a eliminação foi feita nosestádios 1 e 2, diferindo significativa-mente da testemunha. Por sua vez,houve predomínio de bulbos das clas-ses 4 e 1 a 3 na testemunha, diferindosignificativamente do observado quan-do se fez a eliminação do escapo noestádio 1. Vale ressaltar que é degrande interesse comercial a alta pro-dução de bulbos nas classes 6 e 7, oque foi obtido com a eliminação doescapo floral somente na “Caçador-20”. Na cultivar Jonas esta práticanão deve ser recomendada pois so-mente encareceria o custo de produ-ção. Esta cultivar não apresentou res-posta à prática de eliminação do esca-

A

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Agrop. catarinense, v.10, n.3, set. 1997 57

Tabela 1 - Produção total e produção de bulbos após classificação por peneiras nasclasses 6 e 7, 5, 4 e 1 a 3 das cultivares Caçador-20, Jonas e Contestado submetidas a

eliminação do escapo floral nos estádios 1, 2, 3 e testemunha (sem eliminação) -Botucatu, SP, 1995

Estádio 1 Estádio 2 Estádio 3 Testemunha

Produção total(kg/ha)

Caçador-20 11.771 A a 11.385 AB a 10.892 AB a 9.825 B aJonas 11.308 A a 11.492 A a 10.696 A a 10.971 A aContestado 8.150 A b 7.800 AB b 6.633 B b 6.842 B bMédia 10.408 A 10.226 AB 9.408 B C 9.212 C

Produção nas classes 6 e 7(kg/ha)

Caçador-20 6.892 A a 5.725 AB a 4.950 BC a 3.254 C aJonas 5.833 A a 6.767 A a 5.042 A a 5.492 A aContestado 1.337 A b 1.187 A b 321 A b 583 A bMédia 4.687 A 4.558 A 3.437 AB 3.233 B

Produção na classe 5(kg/ha)

Caçador-20 4.087 A a 4.358 A a 4.367 A a 4.458 A aJonas 4.525 A a 3.867 A a 4.267 A a 4.054 A abContestado 3.871 A a 3.417 AB a 1.975 C b 2.433 B bMédia 4.162 A 3.881 A 3.537 A 3.650 A

Produção na classe 4(kg/ha)

Caçador-20 312 B b 708 A a 758 A a 846 A aJonas 450 A b 262 A b 633 A a 562 A aContestado 987 A a 646 AB ab 742 AB a 542 B aMédia 583 A 537 A 712 A 650 A

Produção nas classes 1 a 3(kg/ha)

Caçador-20 483 C b 592 C b 817 B b 1.267 A bJonas 500 A b 600 A b 750 A b 858 A bContestado 1.954 B a 2.546 AB a 3.596 A a 3.283 A aMédia 979 B 1.246 B 1.721 A 1.804 A

Notas: • Estádio 1 - início do aparecimento visual do escapo.• Estádio 2 - quando o escapo estava totalmente desenvolvido, com enrolamento da

haste.• Estádio 3 - por ocasião da colheita.• As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não

diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey 5%.

Práticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturaisPráticas culturais

buiu para melhor produtividade dascultivares Caçador-20 e Contestado.A cultivar Jonas não apresentou res-posta aos tratamentos.

Literatura citada

1. POOLER, M.R.; SIMON, P.W. Garlicflowering in response to clone,photoperiod, growth temperatureand cold storage. Hortscience, MountVernon, v.28, p.1.085-6, 1993.

2. BIASI, J.; ALVES SOBRINHO, J.Vernalização do alho Quitéria emduas temperaturas, anos 1991 e1992, em Caçador-SC. HorticulturaBrasileira , Brasília, v.11, n.1, p.63,1993. Trab. apres. no 33. Congres-so Brasileiro de Olericultura, 1993,Brasília, DF. Resumo 25.

3. IZIOKA, H. Influência da torta demamona e da cobertura nitrogenadana cultura de alho (Allium sativumL.) cv. Roxo Pérola de Caçador, emdois tipos de solo. Botucatu: UNESP,1990. 94p. Tese Mestrado.

Tosiaki Kimoto, Prof. Titular, UNESP,F.C.A., C.P. 237, 18603-970 Botucatu,SP; Marie Yamamoto Reghin; JoãoBosco Carvalho da Silva; José WalmarSetúbal; Marleide Magalhães deAndrade Lima e Rosa Lúcia RochaDuarte, alunos do curso de pós-gradua-ção em Agronomia, UNESP, F.C.A., C.P.237, 18603-970 Botucatu, SP.

po em nenhum dos estádios testados.Para a cultivar Contestado houve efei-to da eliminação do escapo no estádio1 sob a produção superior de bulbosdas classes 5 e 4, diferindo significati-vamente da testemunha. Na teste-munha foi verificada maior produçãode bulbos de classe inferior como 1 a3, diferindo significativamente do ob-servado quando se fez eliminação noestádio 1. O predomínio de bulbos

pequenos (classe 1 a 3) nas cultivaresCaçador-20 e Contestado quando nãose procedeu à eliminação do escapo(testemunha) demonstra que os nu-trientes desviados para o desenvolvi-mento dos bulbilhos aéreos compro-meteram a produtividade de bulbos.Pode-se concluir que a prática de eli-minação do escapo floral, popular-mente denominada de “despitamento”,quando realizada no estádio 1, contri-

Cultivar

o

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OPINIÃO

O solo emO solo emO solo emO solo emO solo emperspectivaperspectivaperspectivaperspectivaperspectiva

José Augusto Laus Neto

utilização do solo pelo homemcomo suporte básico para o desen-

volvimento de espécies vegetais desti-nadas à alimentação humana e animalremonta a séculos.

No início, o homem cultivava o solopara uso próprio. Os alimentos se desti-navam apenas para o consumo no pró-prio local de produção.

Com o surgimento de grandes aglo-merações urbanas, cresceu a necessida-de de suprir essa demanda alimentar.As áreas cultivadas cresceram de formadesordenada, às custas de desmata-mentos não programados.

A degradação do meio ambiente, con-seqüência do desmatamento, manejoinadequado do solo, falta de tratamentodos dejetos urbanos e rurais, e da utili-zação indiscriminada de agrotóxicos,vem se constituindo em um flagelo paraa natureza. O que levou milhões de anospara ser construído está sendo destruídoem uma velocidade espantosa.

Os países desenvolvidos e, portanto,com uma visão clara do futuro, têm in-vestido somas consideráveis no desen-volvimento de uma consciência voltadapara a preservação de seus recursos na-turais.

Sob o ponto de vista agrícola, o solo seconstitui em um dos mais importantesrecursos naturais da Terra. Sem ele, nãohá vida.

Um solo não nasce de um dia para ooutro! Sendo um produto da decomposi-ção da rocha pela ação do clima e dosorganismos, influenciado pelo relevo enecessitando milhares de anos para sedesenvolver, não representa apenasmera mistura de rochas fragmentadas ematéria orgânica em vários estágios dedecomposição e de mineralização. É narealidade um pouco mais do que os co-nhecimentos disponíveis permitemvisualizar: representa um conjunto defenômenos naturais ainda mal percebi-dos pelos recursos atuais disponíveis àinvestigação.

Quem estuda o solo percebe clara-mente tratar-se de uma parte bem orga-nizada da natureza, harmoniosamenteajustada às múltiplas funções de umequilíbrio dinâmico que necessita exer-citar. Quem se aproxima do solo verificaser ele um corpo natural e dinâmico,adquirindo propriedades ou caracterís-ticas variáveis com a natureza, intensi-

dade e extensão das forças que sobre eleatuam.

O solo representa um elo de conexãoentre os seres orgânicos e inorgânicos doglobo terrestre, atuando por suas funçõesmais nos domínios dos seres vivos do queno das substâncias inanimadas. Oferece àbiologia terrestre um ambiente próprio àelaboração de matérias-primas diversas,possibilitando o armazenamento da ener-gia liberada nas transformações ou nadireta utilização em condensações e sínte-ses. Tem, finalmente, o privilégio de com-portar, para uso do ambiente onde a vidaorganizada se manifesta, as matérias--primas obtidas de formas primitivas emantê-las na condição de elevado estadode complexação orgânica.

O solo pode ser definido a grosso modocomo o “meio natural para o crescimentoe desenvolvimento dos vegetais, à super-fície da terra”. Em condições naturais, istoé, sem a interferência do homem, o equilí-brio solo/plantas é perfeito.

A cobertura vegetal protege o solo daação erosiva das chuvas e das enxurradas,ao mesmo tempo em que fornece condiçõespara o desenvolvimento e preservação davida animal. A quebra desse equilíbrioestá trazendo conseqüências desastrosaspara o homem. A ação da chuva sobre umsolo sem cobertura vegetal é altamentedestrutiva. Sem a proteção natural dafloresta a chuva cai sobre o solo desnudo,provocando a erosão.

A camada superficial do solo, sob oimpacto da água, é degradada e carregadapara dentro dos rios. As conseqüênciasdisso são o turvamento das águas,assoreamento e poluição dos rios, enchen-tes e, principalmente, o empobrecimentodo solo pela perda de sua camada super-ficial. Tudo isso resulta no declínio daprodutividade agrícola, gasto com aduba-ções e corretivos levados pelas águas dasenxurradas e no empobrecimento gradativodo homem do campo. Sem a camada su-perficial do solo e seus componentes mine-rais e orgânicos não há agricultura. Semagricultura, o agricultor é obrigado a aban-donar a terra e ir para as cidades em buscade trabalho, na maior parte das vezes nãocompensatório.

Toda essa problemática é agravada noEstado de Santa Catarina face ao seusistema fundiário e ao relevo. As peque-nas propriedades requerem um uso inten-sivo do solo para serem rentáveis e pro-dutivas.

A falta de recursos do pequeno produ-tor impõe-lhe a necessidade de aumentara área plantada devastando a mata nati-va, em detrimento do aumento da produ-tividade, que requer aplicação detecnologia nem sempre ao seu alcance,quer pelo alto custo, quer pelo difícil aces-

so.A falta de informação e de

conscientização vem em muito agravaresse quadro. A problemática ligada aomau uso do solo impôs a necessidade deuma ação firme por parte do governo doEstado e de toda comunidade em buscado equacionamento da questão.

Com este objetivo foi criado o ProjetoMicrobacias/BIRD. Desenvolvido por téc-nicos conscientes do dever em ingressarna modernidade, veio mostrar à socieda-de algo mais que um “novo” projeto: estámostrando a porta certa. O ProjetoMicrobacias foi concebido com a visãoabrangente de que o planejamento e usointegrado do solo e da água não podemmais continuar dentro dos limites deuma propriedade, sob pena de continuarcontribuindo para o nada.

Para planejar é necessário, antes demais nada, conhecimento de onde ocorrea degradação, do porquê e onde se esta-belecem os conflitos.

Dentro dessa visão prática, moder-na, abrangente e dinâmica se situa aUnidade de Mapeamento de Projeto. Aconcepção moderna para um planeja-mento integrado necessita de informa-ções e subsídios que serão fornecidosatravés de mapas temáticos. O processoque compreende organizar um programae executá-lo no campo muitas vezes sofredesvios tecnológicos, quando um fluxoágil de informações não existe. Nesseprocesso o técnico de campo, muitas ve-zes isolado em pequenos municípios, seminformações precisas e confiáveis, come-ça a desviar-se das linhas básicas daação organizada.

Neste ponto é que começa a atuaçãoda Unidade de Mapeamento. Os produ-tos a serem gerados (mapas) serão fun-damentais para uma tomada de decisãocorreta. A partir dos mapas de Uso daTerra e Aptidão de Uso de cada unidadede solo presente na microbacia poder-se--á estabelecer os conflitos existentes.Vale lembrar que o solo utilizado fora desua aptidão natural, além de estar sujei-to à degradações muitas vezesirreversíveis, não traduz em produtivi-dade o investimento efetuado.

A agricultura em Santa Catarina,com o advento do Projeto Microbacias/BIRD, está conhecendo uma nova reali-dade. O planejamento integrado de ma-nejo e uso do solo certamente trará àvocê, agricultor catarinense, a certeza deque vale a pena sua permanência nocampo.

José Augusto Laus Neto, eng. agr., Cart.Prof. 2.604-D, CREA-SC, EPAGRI, C.P. 502,Fone (048) 234-0066, Fax (048) 234-1024,88034-901 Florianópolis, SC.

A

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CONJUNTURA

AgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaFamiliarFamiliarFamiliarFamiliarFamiliar...............agriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura

“insuficiente”?“insuficiente”?“insuficiente”?“insuficiente”?“insuficiente”?Eros Marion Mussoi

ualquer debate sobre AgriculturaFamiliar impõe uma reflexão so-

bre o modelo de “desenvolvimento” noqual este tipo de agricultura está inseri-do. Este repensar nos leva a uma série deconstatações que evidenciam que o “mo-delo” assumido desgastou-se sem aten-der às demandas concretas do conjuntoda sociedade.

A natureza “urbano-industrial-expor-tadora” já identifica setores privilegia-dos com os seus resultados. O modelo foi( e é) concentrador (de riquezas e poderpolítico), excludente socialmente e agres-sivo em termos de meio ambiente,desprestigiando a satisfação das neces-sidades básicas da grande maioria dapopulação em favor da produção paraexportação e da produção industrial (su-bordinando a agricultura à indústria).

Outro ponto fundamental, como con-seqüência, é a definição de um novo dese-nho de ocupação do espaço territorialnacional, que provoca a potencializaçãodo “urbano”, principalmente das gran-des cidades e polos industriais dinâmi-cos, em detrimento do “agrário”, provo-cando um drástico esvaziamento deste(em termos humanos, produtivos e deimportância política).

Inúmeros estudos mostram que aagricultura no geral e a Agricultura Fa-miliar em particular, através da trans-ferência de recursos/capital foi condicio-nada a dar suporte a este processo. Noentanto, pelas suas características, aAgricultura Familiar (como produtorade alimentos básicos baratos, como re-serva de mão-de-obra, como consumido-ra de insumos industriais, e como gera-dora de um movimento econômico consi-derável), é, ao mesmo tempo, importan-te para o modelo geral, e gradativamenteexcluída dele. Esta exclusão pode serdireta ou relativa. Direta no sentidoem que os atores sociais componentesdeste tipo de agricultura, por um proces-

so de marginalização/exclusão, são obri-gados a abandonar sua atividade/modo devida. Relativa na medida em que, para se“adaptar” ao que o modelo impõe, a Agri-cultura Familiar é obrigada a “abrir mão”de características que determinam suaexistência enquanto modo de produçãoespecífico.

Este processo histórico pode ser verifi-cado de maneira crescente em muitaspartes do mundo, embora em graus e in-tensidades diferentes. No geral, o que seconstata é que a Agricultura Familiargradativamente está sendo condicionadaa mudar o seu perfil, adequando-se aomodelo de desenvolvimento hegemônico e,portanto, subordinando-se definitivamen-te à indústria e ao “místico” mercadoneoliberal. Neste processo, a AgriculturaFamiliar vai perdendo a sua identidade.Características fundamentais vão se de-gradando num processo de “erosão cultu-ral” que poderá ser irreversível. Semquerer desenhar um “tipo ideal”, podería-mos, para efeito de raciocínio, caracteri-zar a Agricultura Familiar como possui-dora de um conjunto de elementos funda-mentais que atuam integrados sistemi-camente. Este conjunto de elementos cer-tamente define a Agricultura Familiarcomo uma forma de vida que tem umsaber/conhecimento construído históricae coletivamente; que tem uma lógica pró-pria de decisão, tendo uma relação harmô-nica com o meio ambiente (ou pelo menosmuito mais harmônica que a agriculturaempresarial-capitalista convencional);usando de forma articulada e eficiente otrabalho familiar; baseando-se num pro-cesso de diversificação produtiva que ga-ranta a produção para o abastecimentopróprio e a necessária integração com omercado local/regional, garantindo tam-bém níveis adequados de biodiversidade(produtiva, medicinal, artesanal e de re-serva biológica); sendo capaz de processarmuitos dos produtos por ela produzidos ereciclar dejetos para sua reutilização. Estetipo de agricultura é, a nível externo, capazde se articular no seu conjunto, possibili-tando a resolução organizada/coletiva deseus problemas, uso de potencialidades einstrumentos de produção. Estas caracte-rísticas lhe proporcionam mecanismospróprios de resistência ao processo de“modernização” convencional.

No entanto, o que se verifica é a cres-

cente negação destas características pelapregação da “agricultura empresarial” eda “formação profissional de um novoagricultor” (voltado à agricultura demercado e portanto especializado). Sãopolíticos (que quase sempre falam de“segunda-mão”, pois se utilizam do quedizem os economistas monetaristas e ostecnocratas), burocratas, técnicos e,freqüentemente, até agricultores quepraticam o discurso da “modernidade”,da “adaptação à realidade” (construídadentro da lógica do capital), da“reconversão”. Reconverter o que e paraquê? Será que “reconverter” a Agricultu-ra Familiar para produzir para o “mer-cado” (sem discutir quem é o mercadoe quem determina o mercado) nãoserá subordinar definitivamente estetipo de agricultura a uma lógica que nãoé a dela? Buscar “alternativas econômi-cas” fora do agrário ou em “nichos demercado” pela reconversão é, a bem daverdade, admitir que a Agricultura Fa-miliar é insuficiente para o seuautodesenvolvimento e incapaz de seintegrar a outros setores da vida social.Certamente a Agricultura Familiar nãoé “insuficiente”, pelas suas característi-cas fundamentais. Insuficiente é o mo-delo de crescimento econômico geral (e asdiversas versões de políticas de governoque lhe dão suporte). Certamente, antesde pensar em “reconverter” a Agricultu-ra Familiar (com suas qualidades implí-citas), deveria se tentar reconverter amentalidade monetarista e consumistaque permeia qualquer decisão políticaatual.

Talvez seja necessário concordar quea Agricultura Familiar é praticamenteincompatível com o modelo de cresci-mento econômico atual. O futuro destetipo de agricultura passa por uma revi-são profunda do paradigma de desenvol-vimento que, sem dúvidas, indica asdimensões da agroecologia e dasustentabilidade como fatores funda-mentais de viabilização de um novomodelo agrário e de sociedade, ambien-talmente são e com justiça social

Eros Marion Mussoi, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 34.472-8, CREA-SC, EPAGRI e professorUFSC, atualmente em Curso de Doutorado emAgroecologia e Campesinato junto à Universida-de de Córdoba (Córdoba, Espanha), como bolsis-ta da CAPES-Ministério da Educação.

Q

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Criar cabras é umCriar cabras é umCriar cabras é umCriar cabras é umCriar cabras é umbom negóciobom negóciobom negóciobom negóciobom negócio

A cabra, além de produzir um dosmelhores leites que se possa exigir para asaúde humana, produz carne, pele, estercoe,algumas raças, pêlo.

Diversas pesquisas feitas com leite decabra comprovam que este leite contém osquatro elementos necessários à nutrição: oaçúcar, a proteína, a gordura e as vitami-nas, além de conter valiosas substânciascomo ferro, cálcio e fósforo; assemelha-seà composição do leite da mulher e é isentodo micróbio da tuberculose. Experimen-tos comprovam que 1 litro de leite de cabraequivale a 150g de boa carne ou 400g degaleto ou oito ovos.

A leitora da revista AgropecuáriaCatarinense Neyd M. MakiolkaMontingelli, proprietária da Kissleite Pro-dutos Lácteos Ltda, descreve abaixo asvantagens e as características do leite decabra.

A cabra é um animal rústico, alimen-ta-se do que lhe dão, ou do pior que umapastagem oferece, e consegue transformarem leite rico e saboroso tudo o que os outrosanimais rejeitam. A capacidade que acabra tem de processar cascas de árvores,ramos secos, arbustos e outros verdes emum alimento puro, filtrado, rico em com-ponentes essenciais à saúde, remédio paraos necessitados, é fato que nem a ciência etecnologia conseguiram explicar.

Da composição do leite de cabra, comproteínas e sais minerais em maior e me-lhor quantidade que os outros leites, pode--se destacar a gordura, sempre a vilã, quepossui a estrutura de seus glóbulos detamanho reduzido, facilitando a diges-

tão, pois as enzimas naturais do organismohumano a processam com muito mais faci-lidade. O ácido cáprico, tido como estimu-lante, faz deste leite um produto altamenteafrodisíaco, pois pode trazer um grandebem estar diário, estimulando as funções doorganismo.

Para as crianças com alergia ou intole-rância ao leite de vaca, o leite de cabramostra-se como alternativa na alimenta-ção. Devido a composição e percentagem delactose, é muitas vezes o único alimento queum bebê com este problema pode ingerir.Quando estas crianças passam a tomar oleite de cabra, desaparecem os sintomasalarmantes que deixam os pais muito pre-ocupados: diarréias, gases, dores abdomi-nais, escamação, coceira, ardência, refluxoe alergias de pele.

Os produtos originalmente fabricadoscom leite de vaca podem ser feitos com o leitede cabra: iogurte, queijinho Petit Suisse,leite condensado (para fazer os bolos e bri-gadeiros), balas, pirulitos, sorvetes, picolés,doce de leite, requeijão cremoso e catupiri.

Os franceses são os maiores consumido-res e fabricantes de queijos finos de leite decabra. Naquele país existem mais de 300tipos de queijos feitos só com o leite de cabra.

O leite de cabra não serve somente comoremédio para os casos de alergia do leite devaca. Para os problemas digestivos em adul-tos e crianças é um excelente ajudante. Aofacilitar e apressar a digestão, ele evita aformação de excesso de sucos gástricos, con-tribuindo para a diminuição da azia , mádigestão, gases e sensação de peso no estô-mago. Tomar um copo de leite de cabra,morninho pela manhã em jejum, “semprecai bem”, pois ajudará o estômago a traba-lhar menos e com mais prazer durante odia.A cabra transmite certos anticorpos ao leite

que fazem muito bem para problemasrespiratórios. No caso de bronquite e asma,é um ótimo ajudante para a cura. Várias“simpatias” com o uso do leite existempara acalmar as crises e, como nahomeopatia, com as doses diárias e contí-nuas podem levar a cabo problemas demuitos anos.E a pele? Um tratamento de beleza comproduto natural sempre dá ótimos resul-tados. Com o leite de cabra não é diferente:para ajudar a acabar com escamação,feridas, manchas, asperezas e coceiras,nada mais natural que usar o leite frio,quente, morno, coagulado ou o soro, emcompressas. A pele absorve rapidamente eagradece mostrando-se com a texturamacia e sedosa.

A criação de cabras é muito fácil evantajosa. Estes animais não precisam demuito espaço, apenas um capril, coberto,elevado e de piso ripado. A alimentação écomposta de pastagem, das mais diver-sas, ração balanceada quando estão emprodução e, principalmente, água limpa.Com o manejo correto e ordenha higiênica,o produtor terá facilmente leite e rendi-mentos. Os produtos poderão sercomercializados nas redondezas da pro-priedade, nos grandes centros ou direta-mente nos laticínios.

Para auxílio na instalação de umcapril familiar ou rural, o produtor deve-rá procurar órgãos da prefeitura local,Associações de Criadores do Estado. EmCuritiba, temos a CAPRIPAR, Associa-ção dos Caprinocultores do Paraná, e tam-bém a Kissleite Produtos Lácteos, que ofe-rece os profissionais de sua empresa paraauxílio técnico. Rua Luíza Verone Pícoli150, Fone/fax (041) 356-1354, Bacacheri82600-220 Curitiba, PR, E-mail:[email protected]

Fonte: CASTRO, A. de. A cabra.Avaliação da idade dos caprinos - Arcada dentária inferior

Até um ano1 - pinças; 2 - primeiros médios;3 - segundos médios; 4 - cantos.

18 a 24 meses Três anos Quatro anos Cinco anos