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Revista atualize marlon henrique roslaine barbosa

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Trabalho feito para o curso de Design Gráfico da faculdade Una. 1 semestre/2014 Marlon Henrique e Roslaine Barbosa

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Companheirosde cama e mesa

DESIGN NO BRASIL

Do primeiro aparelho de som, ninguém esquece. Jovens na faixa dos 20 anos gan-haram, quando pequenos, o “meu pri-meiro Gradiente”, tradução do “my first Sony”, com dispositivo de Karaodê, es-tímulo à auto-exibição. Mas e o primeiro aspirador de pó, o fogão da infância a cafeteira, companheira das manhãs sono-lentas, quem se lembra desses itens trivi-ais, alguns tão prestativos, que se tornam imprescindíveis? Ou alguém se imagina vivendo sem geladeira?

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A exposição “Eletrodomésticos, Origens, História & Design no Brasil”, inaugurada no Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, nos faz prestar atenção nessas máquinas servidoras que povoam a maio-ria dos lares brasileiros, A mostra é programa para toda a família. As bisavós ficarão encantadas com o fonógrafo de sua infância, as geladeiras que não gelavam – eram apenas armários bem vedados, nos quais se colocava gelo, trazidos por vendedor. Vão se lembrar das lides de cozinhar no fogão a carvão, nos difíceis anos da Segunda Guerra Mundial. Os avós vão lembrar das primeiras geladeiras elétri-cas, compradas em seríssima decisão de conselho familiar e aguardadas com festa e exibição aos vizin-hos. Vão recordar dos programas da TV Tupi a que assistiam, sentados em poltronas com pés de palito e diante de telas com imagens em preto-e-branco, emolduradas por madeiras de alta qualidade. E tam-bém das novelas do rádio, a que suas mães ouviam, diariamente, enquanto bordavam ou cerziam roupas da família diante de enormes aparelhos de madeiras ou já menores, de baquelite.Quem tem mais de 40 anos vai reconhecer a encera-deira, presença obrigatória nas casas brasileiras de classe média para cima, nos anos 1950 e 1960. Seu ruído característico preenchia todos os cômodos, mesmo que fosse utilizada apenas na sala, deixando o assoalho de tacos brilhando para receber as visi-tas. Mas a exposição permite leituras mais precisas, especialmente para quem estuda história do design. Nos países com forte tradição na área, as mostras históricas se sucedem, reconstruindo visões do passado, recuperando personagens esquecidos, em tentativas de criar linhagens do presente. Elas partem de acervos preexistentes, reorganizando objetos em novas narrativas. O esforço brasileiro é bem maior. Aqui, o garimpo é um verdadeiro suplício, pois não temos centros de memória industriais e os useus mal cumprem uma de suas prerrogativas básicas, a con-servação de objetos. Não há instituições preocupadas com a memória recente, especialmente aquela da vida urbana, caracterizada pela industrialização. A pesquisa demonstra um rastreamento cuidadoso, que traz projetos de design brasileiro, como os fogões Dako e Wallig e os rádios da Invictus, assim como os primeiros objetos Arno e Walita. Sem qualquer ufanismo, a mostra revela as cópias de alguns pro-dutos, como o ventilador Picolino, da Walita, “sem-

elhante” ao modelo da Siemens alemã. No entanto, não há nessa constatação uma reprovação moral, mas o reconhecimento de esforços para acompanhar o patamar dos artigos importados. A televisão Phil-co Curvilínea, de 1969, em que o aparelho de TV é engastado a um painel curvo, que lhe serve de abrigo, foi projetada e vendida apenas no Brasil – e não deixa de ser interessante essa dualidade formal reto/curvo, plástico/madeira como expressão singular de nossa arquitetura moderna. Nesse mesmo mote, vale a pena observar os objetos reunidos – batedeira le liquidi-ficador Walita e a TV Widevision, com referências explícitas às colunas do Palácio do Alvorada. Os esforços historiográficos dos últimos anos refle-tem-se na mostra. O reconhecimento das matrizes racionalistas européias (Peter Behrens) tem o mesmo peso das fontes norte-americanas, que incorpor-aram o streamlining e várias características do art déco em seus produtos. Ambas comparecem nos eletrodomésticos distribuídos e depois fabricados no Brasil, privilegiando o design como campo da história cultural. Destoando um pouco da expografia contemporânea, que não recomenda a profusão de textos, a mostra abusa de legendas explicativas, adotando postura didática e unívoca da narrativa apresentada. Parece medida acertada para expor objetos tão prosaicos como fogões, ferros de passar roupas e aspiradores de pó num museu, prática aidna incipiente no Brasil. Ah, e grande curiosidade: a exposição foi patroci-naa pela rede de varejo Ponto Frio, que, quem diria, adotou esse nome pela tradução da famosa geladeira projetada por Raymond Loewy para a Sears, em 1935, a Coldspot!

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Aquecimento global

mata 300 mil pessoas

por ano

MEIO AMBIENTE

Estudo divulgado pelo Fórum Humanitário Global diz que número de mortes em decorrência das mudanças

climáticas será de meio milhão por ano em 2030Qual o impacto, medido em números, do aquecimento global sobre os seres humanos? Até aqui, houve muita especulação e chute. Onde havia sombra agora no entanto, há luzes: foi publicado nesta sexta-feira (29) o estudo mais completo e mais claro sobre o tema. A autoria não poderia ser mais qualificada: o Fórum Humanitário Global, uma organização internacional destinada a identificar os principais desafios da humanidade e presidida por Kofi Annan, antigo secretário-geral da ONU.Os números são alarmantes: segundo o relatório, 300 mil pessoas morrem anualmente em decorrência da mudança de clima, vitimadas por uma longa lista de catástrofes que vão de inundações à destruição de colheitas. Em 2030, mantidos os padrões atuais, as mortes chegarão a meio milhão por ano. As perdas econômicas batem em US$ 125 bilhões anualmente. Calcula-se que 325 milhões de pessoas sejam “seri-amente afetadas” pelo aquecimento global. Quatro bilhões de pessoas estão “vulneráveis”, afirma ainda o relatório, e 500 milhões enfrentam “extremo risco”. Estes dados podem ser “conservadores”, diz o estudo. Apenas desastres ligados ao clima causaram prejuízos de US$ 230 bilhões nos últimos cinco anos. Pouco? Mesmo que a comunidade internacional seja eficiente e tenaz agora nas ações climáticas, “pelas próximas décadas a sociedade deve estar preparada para mudanças de clima mais fortes e para impactos mais perigosos sobre as pessoas”, de acordo com o relatório. “O aquecimento global já produz intensos danos para os seres humanos, mas é uma crise silenciosa: é uma área de pesquisa negligenciada, uma vez que o debate está focado nos efeitos físicos da mudança de clima a longo prazo.”O estudo, feito com a estimativa corrente de que a temperatura vem-se elevando anualmente 0,74 graus, vem a público poucos meses antes de uma conferência da ONU em Copenhague destinada a discutir medidas em regime de urgência para enfrentar o problema em escala global. “O tempo para agir é agora”, afirma o relatório. “Uma conclusão-chave dos estudos é que a sociedade global deve agir conjuntamente para enfrentar este drama compartilhado. Em Copenhague espera-se que os países ajam de acordo com seu interesse comum, e com uma só voz.” Um grupo de 20 cientistas, economistas e escritores já premiados com o Nobel uniu-se ao apelo do Fórum Humanitário Global em prol de ações imediatas. “As discussões em Copenhagen podem ser a última chance de evitar uma catástrofe global”, diz o grupo. O relatório não é, todavia, unanimidade entre os estudiosos. O cientista político Roger Pielke Junior, da Universidade do Colorado, especial-ista em tendências de desastres, classificou o método utilizado no estudo como “um embaraço”, numa reportagem publicada no site do jornal The New York Times. “A mudança climática é um assunto importante que requer uma atenção profunda nossa”, disse Pielke. “Mas o relatório

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Aquecimento global

mata 300 mil pessoas

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vai prejudicar a causa do combate ao aquecimento por ter tantos furos.” Choque de vaidades na busca da proeminência no combate ao aquecimento? Talvez. O que é indiscutível na essência do estudo – a despeito de discussões de metodologia -- é que não há desafio maior para a humanidade do que a mudança de clima.

Ideias para salvar o planetaDiante do estrago, surge todo tipo de loucura para remendar o clima da Terra. Simular erupções vulcânicas é só uma delas“É como estar em um carro sem freios, dirigindo no meio da neblina e indo em direção a um precipício.” Foi com essa frase que John Holdren, consultor de ciência de Barack Obama, se referiu à atual situação climática da Terra.A declaração de Holdren foi feita em seu primeiro pronunci-amento oficial. Ele disse que a única medida para evitar um colapso climático seria a adoção de medidas tecnológicas de grande impacto, como refletores em órbita para bloquear o sol e diminuir a temperatura do planeta. Nos últimos dois anos, o rápido aumento da temperatura global e suas consequências levaram muitos cientistas, antes contrários à manipulação do clima, a se interessar pelas megaobras – chamadas de geoengenharia – como uma saída rápida o suficiente para evitar desastres ecológicos como o derretimento de parte significativa das calotas polares, enchentes, furacões e secas. Uma pesquisa recente feita pelo jornal britânico The Independent perguntou a 80 cientistas especializados em clima o que eles pensavam sobre geoen-genharia. Dois terços afirmaram que apoiam a realização de mais pesquisas na área. A Academia Nacional de Ciência, uma associação americana que reúne alguns dos mais importantes nomes da ciência, vai sediar um debate sobre geoengenharia em junho. Na Inglaterra, o governo cogita a possibilidade de financiar novos estudos. Essa tentativa de reverter danos causados pelo homem ao planeta pode funcionar? Os arquitetos da geoengenharia têm duas estratégias para salvar o mundo. A primeira é tentar bloquear parte dos raios solares. Um dos projetos mais ambiciosos é do cientista Paul Crutzen. Ele ganhou o Nobel de Química em 1995, por estu-dar como a camada de ozônio é destruída. Agora se inspirou nos vulcões. Em 1991, o Vulcão Monte Pinatubo, nas Filipi-nas, lançou 10 milhões de toneladas de enxofre na atmosfera terrestre. Os sedimentos criaram uma camada de poeira, que filtrou os raios solares durante dois anos reduzindo em 0,6 grau célsius a temperatura média da Terra. Inspirado por esse efeito, Crutzen defende lançar 1 milhão de toneladas de enxofre na atmosfera, para criar a primeira tela de proteção à radiação solar feita pelo homem. A tática poderia até resfriar o planeta, mas causaria outros danos, como problemas respi-ratórios nas pessoas, chuva ácida e, ironicamente, destruição da camada de ozônio. Outro efeito colateral peculiar seria afetar o crescimento das plantas e diminuir a produtividade da energia solar, uma das melhores alternativas de energia ren-ovável e não poluente.

Outras possibilidades para bloquear o Sol parecem saídas de um filme de ficção científica. A mais controversa é colocar milhares de espelhos na atmosfera. “Alguns dos projetos que pretendem refletir o Sol são eficazes. O risco é que, se a iniciativa for aban-donada, a temperatura pode subir bruscamente”, afirma Nem Vaughan, pesquisadora inglesa que conduziu um dos primeiros estudos comparativos sobre as diferentes técnicas de geoengen-haria, ao lado do cientista Tim Lenton, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Nem Vaughan acredita mais em outra estratégia de geoengenha-ria que vise tirar da atmosfera parte do gás carbônico responsável pelo aquecimento global. Uma das opções mais se-guras é investir em grandes projetos de reflorestamento. Quando crescem, as árvores retiram carbono do ar. Mas não há área suficiente para limpar a atmosfera só com florestas plantadas. Uma opção para isso foi sugerida pela empresa californiana Planktos, em 2007. Ela iria despejar ferro no mar das Ilhas Galápagos. A ideia, chamada de fertilização do mar, era incentivar a proliferação de algas, que absorveriam uma grande quantidade de gás carbôni-co. Depois de mortas, elas afundariam, enterrando o carbono no leito marinho. A iniciativa gerou protes-tos de ambientalistas, que temiam a destruição de ecossistemas inteiros com a proliferação das algas. Neste ano, estudos com-provaram que a fertilização dos mares não combateria o aquecimento global, pois a quantidade de carbono retirada pelas algas seria insuficiente.

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F A V E L AS I T I A D AMoradores de favela sofrem mais no período de chuvas

Há 20 dias, a desempregada Edna Cândida de Queiroz perdeu a principal fonte de renda. As chuvas das últimas semanas caíram com mais força e junto vieram os problemas. Buracos surgiram na rua sem asfalto em frente à casa dela. Uma das crateras foi aumentando de tamanho até fazer a carroça de Edna virar e quebrar. Desde então, ela perdeu a chance de fazer os bicos que sustentam a família de seis pessoas. “Vou botar a culpa em quem: na chuva ou no governo?”, questiona. Como consolo, ela viu a prefeitura colocar cascalho no buraco.Junto com ela, outras duas mil famílias enfrentam as mesmas dificuldades na favela Super Quadra (SQ) 19, na Cidade Oci-dental, município de Goiás, no Entorno de Brasília, localizada a 47 quilômetros da Praça dos Três Poderes.No auge da chuvas, os buracos impedem a entrada de caminhões e ambulâncias na favela. Os moradores são obrigados então a colocar lixo na avenida lateral ao bairro. Muitas vezes, os caminhões não passam a tempo e a chuva arrasta o lixo e o espal-ha em frente às casas. Assim, ratos, baratas e outros insetos invadem os lares. No quarto do filho, Edna Cândida encontrou uma aranha, daquelas peludas, típicas dos filmes de terror. Na SQ 19, também não há esgoto e, por vezes, o cheiro de fezes das fossas domina o local.

Mas a chuva não pode ser considerada a principal causa para tantos males. A Super Quadra 19 – con-siderada bairro em razão do alto índice demográf-ico – é o espelho das políticas públicas feitas no Entorno nas últimas décadas. A região tem a pior distribuição de renda do País, segundo levantam-ento do Instituto de Estudos do Trabalho e Socie-dade (IETS), feito no ano passado. A maior parte da população da SQ 19 é desempregada e depende de bicos e cestas básicas da prefeitura. E o motivo dos problemas na Cidade Ocidental, com 50 mil habitantes, é o mesmo de toda a região de pobreza que cerca Brasília: distribuição eleitoreira de lotes e crescimento desenfreado.

COTIDIANO

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PROMESSASAntes, a favela era um brejo e ponto de diversão de crianças. No fim da década de 1990, começaram a se espalhar promessas de que a prefeitura iria doar lotes. Foi o suficiente para mais de duas mil famílias ocuparem o local em poucos anos. E os problemas fundiários estão longe de serem resolvidos. O terreno sequer é da prefeitura, até hoje enrolada na promessa da

regularização da terra por parte do governo do Distrito Federal. Em no-vembro do ano passado, o município iniciou o processo de cadastramen-to dos moradores do bairro. “Não é porque o lote ainda não é nosso que a gente vai ficar aqui largado”, conclui o ajudante de pedreiro Messias Santos da Silva. Os moradores da favela correm o risco de serem desapropriados. O bairro está localizado em uma área de proteção ambiental, em cima de um lençol freático. Além dos problemas típicos das chuvas, em algumas ruas, literalmente, brota água de nascentes. A dona-de-casa Iara Martins é uma das muitas moradoras acostumadas às infiltrações. Anualmente, ela é obrigada a reparar as paredes e refazer a pintura. “Se soubesse que essa terra seria só problema, eu não teria colocado o primeiro tijolo”, diz Iara, que veio do Maranhão. A dona-de-casa conta ter visto até um trator atolar em frente de casa. As ruas serão asfaltadas e um sistema de saneamento básico e drenagem será construído, além de escola e posto policial.As obras, porém, estão paradas há seis meses, segundo os moradores. No local, não há qualquer vestígio de obras em andamento. No Ministério das Cidades, o projeto consta como “em execução” e com 33% concluído. O último acompanhamento feito pelo ministério é de outubro do ano

passado, quando foram repassados 300 mil reais à construtora Coensa pelos serviços prestados.Segundo a assessoria do Ministério das Cidades, a responsabilidade de execução das obras é do município. O prefeito Plínio Araújo, do PSDB, está hospitalizado desde o início do mês, quando sofreu graves complicações em um pós-operatório. A vice-prefeita Sônia de Melo Augusto está no comando de Cidade Ocidental desde a terça-feira 11, mas não retornou os con-tatos de Carta Capital.

“Vou botar a culpa em quem: na chuva ou no governo?”- Edna, desempregada.

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COMER BEM

PARA VIVER

MELHORNos últimos anos, o prazer de comer passou a ser associado à culpa. Não precisa ser assim. Novos estudos mostram as virtudes de dietas simples e saborosas que fazem bem à saúde, e ao planeta

Os gregos antigos tinham razão. Hipócrates, o Pai da Medicina, notou 400 anos antes de Cristo que a escolha dos alimentos certos para o ser humano era o resultado da sabedoria acumu-lada ao longo das gerações, ao preço de muitas tentativas, erros

e descobertas. Desse esforço, dizia ele, nasceu a dieta ideal para “a saúde e a segurança” do homem. “A essas investigações e achados, que nome poderia se dar mais adequado do que Medicina?”, perguntou Hipócrates em sua obra Da medicina antiga.Dois milênios e meio depois, o ser humano entende cada vez melhor que a boa alimentação é um excelente método de medicina preventiva. Graças ao avanço da ciência da nutrição, descobrimos as substâncias benéficas e maléficas nos alimentos. Entendemos melhor do que nunca o que se deve comer para viver mais e melhor. E as pesquisas recentes levam a uma con-clusão surpreendente, que faria Hipócrates sorrir: nas dietas tradicionais, criadas séculos atrás por diferentes povos em todos os cantos do planeta, estão muitas das virtudes indispensáveis a uma dieta saudável. Uma dieta que pode ser seguida sem a culpa incutida nos últimos anos por uma série de estudos que parecem nos proibir de comer o que é saboroso.Os estudos não devem ser ignorados – eles alertaram, por exemplo, para os danos à saúde provocados por muitas substâncias adicionadas aos ali-mentos industrializados –, mas não devem ser vistos como uma forma de repressão alimentar. “As pessoas têm de buscar o caminho do prazer, não da restrição”, diz Richard Béliveau, professor do Departamento de Bio-química da Universidade do Québec, em Montreal. “A ‘junk food’ (‘comida lixo’, nome usado para definir a comida industrial de baixo valor nutricion-

SAÚDE

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al) é, literalmente, monótona. As dietas tradicionais têm muito mais variedade: são simples e deliciosas.” Béliveau, autor do livro A saúde pelo prazer de comer bem (ainda inédito no Brasil), faz parte de um grupo de pesquisadores que prega o resgate das tradições culinárias de cada país como modo saudável – e saboroso – de se alimentar.

Culinária mediterrânea

Entre as dietas capazes de conciliar saúde e prazer, a mais conhecida é a mediterrânea. Estudos e mais estudos relacionam os alimentos consumidos tradicionalmente em países como Grécia, Espanha e Itália à redução de doenças crônicas. Na dieta mediterrânea, destacam-se o azeite de oliva, as castanhas e o consumo moderado de álcool, geralmente vinho – todos associados à redução de risco de doenças cardiovasculares. Um dos estudos mais relevantes foi completado meses atrás pela Universidade de Florença, na Itália, e publica-do no British Medical Journal. Uma equipe liderada por Francisco Sofi, pesquisador de nutrição clínica, compilou dados de várias pesquisas feitas entre 1966 e junho de 2008 e concluiu que a dieta mediterrânea está associada a uma redução de 9% na mortalidade geral e na mortal-idade por doenças cardiovasculares, uma diminuição de 6% na incidência de câncer e de 13% na incidência de Parkinson e Alzheimer.A dieta mediterrânea, porém, não é a única capaz de garantir uma alimentação saudável sem culpa. Os estu-dos mais recentes mostram evidências dos benefícios de costumes de japoneses, indianos – e brasileiros – à mesa. Qualidades comuns às dietas tradicionais desses povos são a abundância e a variedade de legumes e verduras – e a ausência de alimentos industrializados. Da tradição culinária japonesa herdamos o consumo de alimentos valiosos, como soja e chá verde, contra o câncer, e peixes ricos em ômega-3, importantes para a saúde do coração e do cérebro. A dieta indiana nos inspira a substituir o sal por pimentas e especiarias como a cúrcuma, que combate o câncer, e a limitar o consumo de carne vermelha. E a brasileira nos ensina a respeitar uma proporção adequada dos alimentos no prato e incentiva o consumo de frutas.“A mistura do feijão com o arroz cria o mesmo tipo de proteína da carne, e a salada traz os fitoquímicos que combatem o câncer”, afirma o neurologista francês David

Servan-Schreiber, autor do Best-seller Anticâncer (editora Objetiva),livro cuja tiragem mundial já ultrapassou 1 milhão de exemplares. “A proporção de 75% a 80% de vegetais para 20% a 25% de carne em um prato é perfeitamente saudável e costumava ser a base da maioria das dietas tradicionais”, diz ele. “O prato tradicional brasileiro é o que os nutricionistas gostariam que todo mundo comesse”, diz Mônica Elias Jorge, nutricionista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de SãoPaulo.As tradições à mesa deram lugar a uma alimentação globalizada não necessariamente ideal. A predominantes dieta amer-icana, segundo Servan- Schereiber, é perigosa. Não se trata de americanofobia francesa. Toda vez que comemos açúcar, nosso corpo secreta hormônios que estimulam o crescimento das células.

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Equipe/Editorial:

Marlon HenriqueMontagem da capa / Layouts/ Cores / Montagem das imagens

Roslaine BarbosaDiagramação / Escolha das fontes / Escolha dos artigos