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Revista bimestral do Lectorium Rosicrucianum A NEUTRALIZAÇÃO DA VONTADE E DO DESEJO A ESFINGE E O CRISTO O CAMPO DE TRABALHO UMA CONVERSA "LUMINOSA" A LANÇA DE LUZ DIÁLOGO ENTRE A LUZ E A MATÉRIA PELA PORTA "ABERTA"! 2005 número 1

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Revista bimestral do

Lectorium Rosicrucianum

A NEUTRALIZAÇÃO DA VONTADE E DO DESEJO

A ESFINGE E O CRISTO

O CAMPO DE TRABALHO

UMA CONVERSA "LUMINOSA"

A LANÇA DE LUZ

DIÁLOGO ENTRE A LUZ E A MATÉRIA

PELA PORTA "ABERTA"!

2005 número 1

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PENTAGRAMA

A árvore elefante africana.

ÍNDICE

2 NEUTRALIZAR A VONTADE

E O DESEJO – Um artigobaseado numa alocução deJ. van Rijckenborgh

8 A ESFINGE E O CRISTO

14 O CAMPO DE TRABALHO –Solo fértil nos quatro conti-nentes

28 UMA CONVERSA

"luminosa"

30 A LANÇA DE LUZ – Umaalocução para os alunosrealizada pela DireçãoEspiritual Internacional

37 DIÁLOGO ENTRE A LUZ E A

MATÉRIA

40 PELA PORTA "ABERTA"! – Aobra de J. Anker Larsen

ANO 27NÚMERO 1

Do campo de trabalho

A Rosacruz moderna, em seus oitenta anos,

encontrou solo fértil nos quatro continentes.

Desta vez, a ênfase será dada aos países

africanos onde a Escola experimenta um

florescimento que, no contexto ocidental,

é geralmente inconcebível.

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rimeiro: o homem é uma criação doEspírito único. Sua manifestação atualé, contudo, imperfeita e está danifica-da. Quando morre, ele abandona seucorpo físico e seus quatro corpos vei-culares já não formam uma unidade.Nesse estado imperfeito, ele já nãopode "trazer a imagem do celeste",não lhe sendo mesmo possível conti-nuar a existir, e muito menos aindaalcançar o reino eterno.

Segundo: o reino de Deus, tal comoconcebido tradicionalmente, o céu, oalém, não é o verdadeiro reino deDeus, e por isso não garante nenhumaimortalidade, pois o além é apenas ametade deste mundo dos opostos, aparte invisível que ainda permaneceoculta para a maioria de nós. Essedomínio não pode abrigar nenhumaeternidade, pois ele também é tãotransitório e perecível quanto o domí-nio de vida terrestre ao qual estamosconscientes de pertencer neste exatomomento. O reino de Deus pretensa-mente destinado à carne e ao sangue ea incorruptibilidade concebida comoum prolongamento eterno de nossaexistência são um engano, uma ilusão.

Por que não temos o poder de alcan-çar a imagem do celeste, a radiação deLuz que nos envolve, a fim de adqui-rirmos uma melhor compreensão des-sas coisas?

Certamente recebemos essa radia-ção da Luz, porém nós a transforma-mos em algo negativo. Podemos rea-gir de diferentes maneiras a essa vibra-ção designada como "radiação crísti-ca" ou "Cristo", que nos toca e pene-tra o nosso ser. A radiação crística éonipresente na atmosfera e age semdescanso em cada ser humano, nãoimportando o que ele faça. Sua açãonos prepara para uma nova maneirade ser no mundo, para um novoperíodo humano, e de acordo comnossa reação ela pode ter um efeitoconstrutivo ou destrutivo.

A filosofia da nova vida que a Escolada Rosacruz Áurea incessantementepropaga abrange princípios que estãoem inteira concordância com a citaçãode Paulo no quadro ao lado.

E assim como trouxemos a imagem dohomem terrestre, assim traremos tam-bém a imagem do celestial. E, agora,digo isto, irmãos: que carne e sanguenão podem herdar o reino de Deus,nem a corrupção herdar a incorrupção.Eis aqui vos digo um mistério: na ver-dade, nem todos dormiremos, mas todosseremos transformados, num momento,num abrir e fechar de olhos, ante a últi-ma trombeta; porque a trombeta soará,e os mortos ressuscitarão incorruptíveis,e nós seremos transformados.I Coríntios 15: 49-52

A neutralização da vontade e do desejoUm artigo baseado numa alocução de J. van Rijckenborgh

P

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Todavia, essa radiação não propor-ciona à nossa vida material a imortali-dade. Uma reação positiva não nosliberta da morte física. Mas quandoempregamos a força de Cristo emnosso avançar, a morte do corpo físicopode significar um seguir adiante paraa consciência. Se, no decorrer de nossavida, adquirimos um conhecimentoprofundo de nós mesmos e do lugarque ocupamos neste campo de exis-tência, subseqüentemente o novohomem cresce em nós e a necessidadede reencarnar poderá até ser omitida.É a radiação crística e sua força – nãoos dogmas da Igreja – que atuam emnós até a ressurreição, até o despertarno corpo espiritual, quando a segundamorte, a do remanescente dos corpossutis e da consciência, é então vencida.

Caso contrário, a morte significa oconseqüente viver na ilusão, com aúnica diferença que, a partir de então,a existência continua no mundo doalém. O falecido permanece na ilusãode que o além seja o céu, o paraíso, opurgatório ou o inferno. Às vezes, aopassar para o mundo que se encontrapor detrás do véu, ele faz a amargadescoberta de ter sido advertidodurante toda a sua vida de que ali nãoexiste nada que ele possa chamar de"totalmente outro". O que é, pois,necessário fazer para chegar, ainda emvida, à ressurreição, no sentido crísticodo termo?

Desde o primeiro sermão evangéli-co, soou para o mundo e para a huma-nidade a exigência de um renascimen-to espiritual. Como temos reagido aele no curso destes dois mil anos?

Muitos pesquisadores ligaram-se àEscola Espiritual. Isso significa que aFraternidade da Luz deu-lhes a possi-bilidade de realizar o cristianismo ori-ginal introduzindo-os na verdadeira

filosofia gnóstica. Caso se consagrema ela com a entrega de todo o ser, todoo antigo neles desaparecerá e tudo setornará novo.

Enfim, uma abertura?

Dois mil anos. Quantas encarna-ções viveu o homem nestes dois milanos? E quantas lições ele aprendeunos períodos entre as encarnações?Sua consciência cresceu e sua com-preensão amadureceu? O que os ho-mens de hoje alcançarão individual-mente com isso? Quantas gerações jánão foram influenciadas pelo novoimpulso crístico, tal como descrito noEvangelho nestes dois mil anos?

Se considerarmos oitenta geraçõesdas quais o homem atual é o resultadofinal, percebemos uma série de repeti-ções gravadas em seu sangue. Neleestão ativas todas as oitenta gerações,que sempre fazem a mesma exigênciamartelada na bigorna psico-religiosade seu sangue.

A luz irromperá!

A luz se acumula no sangue até queele atinja uma certa "qualidade", as-sim como é dito em Dei gloria intac-ta1. Mas essa provisão de luz não podecontinuar indefinidamente. E comotudo neste mundo dialético, isso tam-bém é levado a uma crise. E essa crise,esse momento de grande tensão, devedescarregar-se: um relaxamento deveacontecer para que isso não termineem destruição. No momento demaior tensão, estamos diante de umadecisão, pois a qualidade acumuladadeve desembocar em algo. Chegamosa uma encruzilhada no nosso cami-nho. Temos apenas duas opções: res-surreição ou queda.

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Algumas pessoas sentem esse mo-mento de crise de modo agudo. Ou-tras não estão ainda totalmente cons-cientes dele. Talvez não tenham com-pletado seu ciclo de experiências. Oupertençam à categoria dos "mornos"que continuam a "ser cozidos no fogobrando" do hábito e do entorpeci-mento do ser interior que poderia tra-zer a vida a este planeta. São pessoasque não podem ficar sem a autoridadede um "guru", da Igreja ou do Estado,e que apenas têm uma abordagemintelectual do ensinamento universal.Como não têm uma percepção inte-rior, elas não podem ou não queremaceitar o "tudo ou nada", e tambémnão o realizam em sua prática de vida.

Quem conhece essa crise por expe-

riência própria e continua a suportá-lada maneira correta torna-se uma pes-soa com reminiscência. O impulsocrístico percebido como um lampejode reminiscência divina cumpriu, en-tão, sua tarefa. Um primeiro objetivoé atingido: a "centelha" no ser interioré reavivada. A pré-memória da glóriado homem paradisíaco, do homemprimordial da ordem divina, está maisou menos viva. A lembrança conser-vada e desenvolvida na alma-sanguepor milhares de gerações permitiuescolher a direção certa nesse momen-to de crise: a da filosofia gnóstico-eso-térica renovada que leva ao renasci-mento.

O impulso espiritual da pré-memó-ria nos impele para a luz, mas desco-

A rosa, símbolo da

nova vida, pode se

tornar inteira-

mente consciente

no homem.

Mas para que as

mãos não se apos-

sem dela, é preciso

ter perdido a

hábito de querer

dela se apoderar,

segundo A voz do

silêncio.

Foto Pentagrama.

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brimos, e isto é o que há de particular,que é impossível ser aceito pela luzcom base na magia natural.

Este é o sentido de: "A carne e osangue não podem herdar o reino deDeus. O perecível não pode herdar oimperecível". Em outras palavras: aluz não pode desenvolver nenhumaforça neste campo de vida; ela nãopode dar-nos apoio algum nestemundo dos opostos, senão pelo des-pertar da pré-memória.

"Morro diariamente em Cristo"

A conclusão lógica que se impõe éa necessidade de romper com estecampo de existência. Essa é uma reali-dade inevitável, e muitos não a acei-tam. Isso não é uma invenção deCristo ou da Escola Espiritual, embo-ra a Rosacruz martele essa exigência ea reitere sem trégua.

Romper com este campo de exis-tência é "morrer diariamente" segun-do a expressão de Paulo, renunciardiariamente a uma parcela do "velhohomem", aos antigos valores da vidaterrestre. Isso significa: romper com aconsciência biológica, dissolver aautoconservação, as cobiças e as espe-culações que regem todo nosso com-portamento, ou seja, o desapareci-mento, em longo prazo, de todas asfunções animais.

Não se pode colocar os pés emduas jangadas. Não é possível entrarno reino de Deus e continuar ligadoàs coisas terrestres. Não podemos ser-vir a Deus e a Mamon. Tudo ou nada.Esta é a condição para se poder trilharo caminho do renascimento.

"Quem quiser entrar no outro mundo,como lemos em Cleopatra de HenryRider Haggard2, terá de deixar morreras raízes em sua própria terra e arran-

car impiedosamente as gavinhas davideira que o prendem ao antigo."

Em certo sentido isso concordainteiramente com a idéia da EscolaEspiritual de que não são várias raízesque devem perecer, mas todas as raí-zes. Quem quiser ingressar no outromundo deverá deixar morrer todas asraízes de seu próprio mundo.

Essas raízes são ramificações deuma raiz-mãe: a autoconservação. Éela que deve perecer para que possa-mos extirpar suas ramificações. Masatentai para o seguinte: deixar morrer,e não podar o que continua vivo.Podar significa forçar. E foi justamen-te tentando alcançar à força algo quenão nos era destinado que perdemosnossa condição paradisíaca, criandoum mundo de opostos.

O forçar apesar de tudo é causadopela vontade impelida por desejosturbulentos e desmedidos. Nós, sereshumanos, nos deixamos levar pelavida apressados em satisfazer os dese-jos desenfreados. Corremos de umlado para outro. O homem é comoum cavalo puro-sangue que pateianervoso e agitado, e esqueceu o que érepouso e paciência.

Daí a insistência com que é reco-mendado nada forçar, especialmenteno que diz respeito a alcançar o"Reino". Forçar não traz libertação.Aquilo que pensais alcançar ou teralcançado através do forçar, eventual-mente e apesar de tudo, vos leva aocampo oposto, ao que foi reprimido.E o que é reprimido volta sempre deforma mais virulenta.

Mas como podemos apreender oque é novo?

Não gostaríeis de vos voltar para onovo desejo, com a mesma grande

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força de vontade com que continuaisa correr de um objetivo para outro?

Não, assim foi-nos dito, na verda-de, devemos esperar pelo novo, e nãoquerer dele nos apossar.

Quereis, de qualquer modo, dizeradeus à natureza terrestre. Então,deveis rejeitar o dialético e sinistrojogo do desejo baseado em autocon-servação no sentido especulativo.Desejar significa, aqui, atrair para sipróprio. Mostrais um certo grau deimpaciência, pois acreditais que asatisfação não é alcançada com a devi-da rapidez.

Entretanto, por "esperança" com-preendemos: possuir fé é alimentar aconfiança de que "Isso" existe, e que"Isso" virá a nós. E "Isso" virá, quan-do chegar o momento, se continuar-mos a nos preparar em auto-oferendano altar de serviço e permitirmos ocontínuo processo de autodemolição.E portanto existe somente um cami-nho: a neutralização da vontade e dosdesejos. Devemos aprender a eliminara vontade e os desejos se quisermosencontrar o Outro. Para que as mãospossam apreender, elas devem primei-ro desaprender a agarrar, como é ditoem A voz do silêncio3.

Neutralizar a vontade e os desejos éum passo no caminho da supressão daautoconservação. Essa autoconserva-ção vos arma ciladas, mesmo quandoansiais por alimento e elixir espiri-tuais, mesmo quando buscais comconvicção o reino de Deus e aspiraissomente por aquilo a que tendesdireito. Mesmo esse desejo, por maisespiritual e não terreno que pareça,deve ser neutralizado, pois enquantoreconhecerdes esse desejo, é sinal deque ainda não vos distanciastes do eu.Nós ainda continuamos desejando.

Neutralizar o desejo! É isso que

deveis fazer! Fazei o trabalho que ocaminho requer de vós, como pesqui-sadores ou como alunos da Rosacruza serviço da grande obra. Não o façaispara vós mesmos, mas sim porquevosso amor vos diz que isso deve serfeito. Não penseis em vosso próprioadiantamento espiritual, nem especu-lai sobre a promoção interior, porqueeles virão a seu tempo e na hora exata.Não é verdade que "vosso Pai sabe doque tendes necessidade antes de lhopedirdes"4, como disse Cristo?

Quando a neutralização dos dese-jos foi levada ao extremo e toda espe-culação filosófica e metafísica aban-donada, desenvolve-se, dentro doquadro do aprisionamento estrutural,uma recuperada liberdade da faculda-de de pensamento. Vede então clara-mente em que consiste a meta de vidade alguém que encontrou a Gnosis: aedificação do homem celeste pormeio dos mistérios cristãos. Então,através de uma reversão fundamental,alcançareis um estado de solidão indi-cado no Apocalipse de João como a"ilha de Patmos"5. Esse é um estadode espera inteligente e neutro pelo"Dia do Senhor". E é nesse estado deneutralização de vossa vontade edesejos que "elevais os olhos para osmontes de onde virá o socorro"6.

1 Rijckenborgh, J. v., O mistério iniciático cris-tão: Dei gloria intacta. São Paulo, Jarinu: Edi-tora Rosacruz, 2003.2 Haggard, H. R., Cleopatra: Being anaccount of the fall and vengeance of Harma-chis, the royal egyptian, as set forth by hisown hand, Wildside Press, 2000.3 Blavatsky, H.P., A voz do silêncio – frag-mentos do livro dos preceitos áureos.4 Mateus 6-9.5 Apocalipse de João 1:9.6 Salmo 121.

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As principais teorias concernentes à civilização e à religião do antigo Egito sãoconstantemente revistas e modificadas. A respeito de muitos assuntos tateia-seainda no escuro. O como e o porquê da Grande Pirâmide são exemplos dasmuitas interrogações a respeito desse período essencial da história dahumanidade.

A esfinge e o Cristo

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pista que conduz ao cristianismopassa pelo Egito. Esta afirmaçãoprovocará muitas controvérsias, masnós a fazemos conscientemente por-que, segundo o ensinamento rosa-cruz, o desenvolvimento da consci-ência ocidental e da religião cristã se-ria inconcebível sem a base egípcia.

São numerosas as passagens bíbli-cas que sustentam esta opinião:• a permanência de José no Egito,

onde ele assumiu importantes fun-ções;

• os anos de cativeiro que os israeli-tas ali passaram;

• o conflito de Moisés com os sacer-dotes egípcios;

• a fuga de Jesus para o Egito e aspalavras: "Do Egito chamei meufilho"1.

Não devemos ver o Egito apenascomo uma certa região, mas comouma civilização resplandecente, umlugar onde duas forças opostas seencontram há milhares de anos e ondeconseqüentemente tornou-se visível aluta entre a luz e as trevas.

Os tesouros funerários do Egito,como o de Tutankamon, despertam aadmiração. A vida desse faraó criançaestá associada a uma tragédia quemostra claramente o jogo de forçasentre a luz e as trevas.

Tutankamon era filho de Akenaton,o "faraó herético". Ele foi casado comuma de suas irmãs, como era costumena família real egípcia.

Desde a juventude, Akenaton dese-java operar uma renovação radical nareligião do Egito, país governado emanipulado pela casta sacerdotal. Elesuprimiu todo o panteão que cercavao deus Amon, substituindo-o por umdeus único, Aton. Assim Akenaton –junto com Moisés – apresentou-se co-

mo o primeiro fundador de uma reli-gião monoteísta. Moisés, na mesma é-poca, ensinava o monoteísmo ao povojudeu.

O centro de gravidade de sistemascomo o de Akenaton ou o de Lao Tsé,por exemplo, é a orientação funda-mental sobre Aton, ou o Tao.

O impulso dado por Akenaton eLao Tsé não tem um efeito direto emnossos dias, muito embora lance umaluz interessante sobre os problemassociais e políticos que nossa consciên-cia, com sua maneira de trabalhar uni-camente voltada para a percepção sen-sorial, é quase incapaz de resolver2.

Em meio ao declínio da civilizaçãoda época, com a religião solar deAton, Akenaton instituiu um novopoder, a despeito das resistências doclero de Amon. Esse período, bas-tante discutido, durou muito poucotempo, aproximadamente quinzeanos, de 1353 a 1335 a.C. Desse perío-do dão testemunho as ruínas deAkhet-Aton, "Horizonte de Aton", aentão nova cidade fundada por Ake-naton, conhecida hoje como Tel el-Amarna, no Médio Egito.

É provável que Akenaton tenhasido assassinado. Em todo caso, acidade solar foi aniquilada e o nomede Akenaton apagado tanto quantopossível. Foi como se esse faraó jamaistivesse existido. Em seguida veio umperíodo de instabilidade. E um novofaraó, Tutankaton, de nove anos, umdos filhos de Akenaton, cujo nome foimudado para Tutankamon.

Os sacerdotes retomaram o poder epermaneceram em segundo plano.Durante a curta vida de Tutankamon,todo o impulso de renovação de Ake-naton foi reduzido a nada.

Não é de se surpreender então queuma criança como Tutankamon tenha

Gravura de uma

pirâmide e da bri-

lhante irradiação da

"pedra do cume".

Pentagrama.

A

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sido abusada em tais circunstâncias eque viesse a morrer jovem. Em seucrânio foram encontradas marcas degolpes violentos.

No livro Akenaton, aquele quevive na verdade do prêmio Nobelegípcio Nagib Mahfuz, é dito:

"Meu coração estava inquieto pelomeu mestre, o faraó Akenaton. Estavaaflito com a idéia de que algo terrívelpudesse acontecer a ele devido a tan-tas intrigas. Mas, em todas as circuns-tâncias, ele permanecia imperturbável.Sua fé tornava-se cada dia mais forte;mais forte do que outrora, quando eleacreditara na vitória. Ele se prendia aoamor, talvez ainda mais fortementeque antes, como se tomasse as trevascomo sinais precursores de uma res-plandecente claridade.

Em um daqueles dias sombrios, sobinstigação dos sacerdotes, um assassi-no penetrou traiçoeiramente seusaposentos para matá-lo. Felizmente,minha flecha foi mais rápida; do con-trário meu soberano não estaria vivo.Eu atingira o assassino no peito. Ake-naton mal teve tempo de assustar-se.Com o coração apertado, ele olhoupara o homem que dava o seu últimosuspiro. Após certo tempo, ele sevoltou para mim e disse com ar cansa-

do: "Cumpriste o teu dever, Maho"."Eu daria minha vida por ti!",

exclamei. Mas Akenaton me pergun-tou tristemente: "Não podias tê-lodeixado viver?" "De modo algum",respondi ao meu senhor. E isso eraverdade. Então, preocupado, ele sus-pirou: "Esses infames tramaram algu-ma ação criminosa que Aton abomi-na. Embora não tenham conseguidome eliminar, caímos na armadilha".Febrilmente, exclamei: "Os crimi-nosos devem ser passados a fio deespada!"

"É justamente isso que o mal quer.Terá o mal jamais sido eliminadodessa maneira? Quando? Quando ahumanidade inteira verá as coisas soba mesma luz?"3

Eis aqui o grande dilema da existên-cia humana: servir a luz em vez de seentregar ao desejo de poder; oferecero amor misericordioso em vez de pro-vocar o medo de viver.

Muitas pessoas buscam o amor.Todos os desenganados e aflitos bus-cam, no mais fundo de seu coração,um chamado, um sinal de esperança.Para toda a humanidade, o símbolodesse chamado, dessa esperança,encontra-se no Egito, sob a forma daesfinge, como um poderoso sinal dereconhecimento. Mas não o monu-mento do leão com cabeça humanaque vemos desgastado e danificadopelos milênios.

Não, o que temos em mente é umhomem com juba e força de leão, quenos impressiona por seu poder e ma-jestade. A esfinge é banhada pelo halodo sol que está atrás dela, como o bri-lho do deus solar descido dos céus.

Com essa imagem diante dos olhos,aquele que é tocado e deseja seguircom entusiasmo essa nova direçãodeve ir ao encontro da luz que o

Baixo-relevo com

o monograma de

Cristo. Síria.

O círculo da

eternidade, o P

(rhesch) que

representa Deus

o Filho, e o X (chi)

que representa

Cristo. O Alfa, à

direita, é

o começo e

o Ômega, o fim.

Foto Pentagrama.

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chama. Mas, inesperadamente, ele érepelido. Não se pode passar assimpura e simplesmente diante da esfinge,pois a partir desse momento pisamosem terreno mágico. Caso o buscadordesconheça a senha secreta, ele nãopode seguir adiante. O acesso à pas-sagem secreta que vai da esfinge àGrande Pirâmide lhe é negado. Apoderosa e impressionante esfingepermanece silenciosa. Como saberquais são suas exigências? Comosaber o que ela nos solicita quefaçamos? Resta-nos olhar a silhuetaimponente que nos barra a passagem.

A esfinge monta guarda no lugar deAton, o deus-Sol, que chama o serhumano… mas o homem, em seuestado atual, não pode ultrapassá-la.

O ser humano não pode receber asenha a menos que tenha triunfadosobre seu inimigo interior, o inimigoque vive nele e em nenhuma outraparte. É esse inimigo que impossibili-ta a passagem, pois sua voz jamais secala e ele sempre se impõe.

Alfa e ômega – princípio e fim

E assim o inimigo persevera até oinstante em que o ser humano se lem-bra do outro leão: o Leão de Judá, odivino vitorioso cujo poder reduz oego ao silêncio.

Então, no meio do deserto de suavida, ele se lembra das palavras: "Eusou o Alfa e o Ômega, o Princípio e oFim. Eu sou o Deus do qual todas ascoisas são"4. A esfinge permanece ca-lada, mas o homem começa a adi-vinhar que é o Pai de todas as coisasque lança esse chamado.

Agora ele compreende o mur-múrio: "Meu ser e meu coração sevoltam para ti, tu me pertences". E asenha se mostra de modo evidente:

"O Leão de Judá". É Cristo, a energiasolar libertadora do cosmo, queemana do Pai a fim de chamar ospequenos seres humanos para quesaiam do deserto e retornem à sua ver-dadeira pátria. E esse chamado nãoressoa apenas agora, ou ressoou hádois mil anos, ou no antigo Egito,porém ele ressoa incessantemente,pois há sempre um ser que busca euma força libertadora que responde.

O círculo de fogo foi ultrapassado:entre as poderosas patas leoninas daesfinge abre-se o acesso à pirâmideradiante de luz.

Agora podemos olhar o interior docaminho iniciático que se abre. Se tra-çarmos uma linha reta, veremos queela aponta para a estrela polar. Mas ocorredor de entrada da pirâmide nãosobe, porém desce. E o neófito ficaestupefato. Acaso não acreditava elerealmente poder conquistar o céu? A"iniciação" não consiste em elevar-se,em treinar-se ou cultivar-se de modorefinado? "Aproximar-se de Deus"não significa "fugir do mundo"? Nomais profundo de sua consciência, oneófito deve compenetrar-se da idéiade que a iniciação é um "caminho decruz". E essa cruz está fincada nonadir de seu ser. A esse propósito, J.van Rijckenborgh escreveu: "É neces-sário coragem para descer. Que herói,que heroína segundo o espírito ousaavançar? Para ter essa audácia, é ne-cessário abnegação, compreender asexigências do Leão de Judá, imersonas areias do deserto da miséria hu-mana: ‘Vai, vende tudo o que tens… esegue-me’ […] Não se trata de fugirdo mundo, mas de abarcar o mundo;de ‘tomar sua cruz’; e, em nome daLuz, escolher as trevas para ali desper-tar a Luz"5. A abnegação conduz à câ-mara subterrânea da pirâmide.

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O que acontece após a oferendade si mesmo?

Percorrer o caminho significa doar-se, em auto-rendição, à Luz, que nosliberta quando servimos a outrem.Nada pode ser mais claro! Disso re-sulta o autêntico autoconhecimento.Algumas vezes ouvimos dizer: é pre-ciso primeiramente conhecer a simesmo antes de encetar o caminho.Segue-se daí uma investigação mentalmediante a qual acredita-se atingir ascamadas profundas do ser, ou mesmoo subconsciente. Esse caminho é im-praticável, pois o autoconhecimentonão é mental, porém essencial. Ele dizrespeito ao âmago dos homens. Eaquele que se coloca a serviço do pró-ximo e sacrifica-se pelos outros, pelaluz nos outros, acaba encontrando a simesmo. Tudo o que nele se encontra-va oculto, tudo que lhe era desconhe-cido, lhe é revelado, e muitas ilusõessão expulsas. Até mesmo a ilusão deser um candidato, pois é unicamente oser de luz, o Outro nele, que se encon-tra no caminho de iniciação.

Começamos por tomar consciênciade nossos erros intencionais, pois, aoquerer ajudar os demais, cometemoserros. Ao progredirmos, descobrimos

o pouco valor de nossa ajuda bemcomo a maneira como fracassamos. Eexperimentamos como tudo, come-çando pela consciência humana natu-ral, é deformado, esquisito, embara-lhado como o fio de um novelo. Con-jecturas errôneas, por parte dos ou-tros ou de nós mesmos, interpõem-sepor toda parte. E finalmente descobri-mos a causa, o motivo a partir do qualtudo começou.

Tal é a degradação do homem culto– e também a do homem natural.Eventualmente o caminho leva parabaixo, para a fonte, a raiz, o fogo fun-damental do plexo sacro. É ali que seencontra a câmara subterrânea da pi-râmide. À semelhança de uma criançaingênua, purificado pelos serviçosprestados e pela compreensão, cheiode arrependimento, como o filhopródigo, o homem se encontra diantedo fogo criador.

Mas, esse também é um momentoperigoso! Pois, como ir mais além?Acaso não é esse fogo criador mal uti-lizado a causa de toda miséria dahumanidade? Como é possível fazerbom uso desse fogo?

Quando o serviço ao próximo euma sábia compreensão iluminam oamor no coração, o caminho passa a

subir por um curtoinstante, pois aprogressão da inici-ação na pirâmidedo serviço ao pró-ximo logo se chocacontra um grande epesado bloco degranito: para umser comum, o ca-minho, nesse mo-mento, torna-seabsurdo e impra-ticável. Que sig-

Representação

fantasiosa das

pirâmides de Gisé.

Gravura do século

dezenove.

Fonte: O velho

mundo.

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nifica esse símbolo representado poruma barreira de pedra senão a imagemdo ser humano com todos seusmotivos egocêntricos? Por melhoresque sejam suas intenções adquiridaspela humildade, ele não se encontraapto para verdadeiramente percorrero caminho iniciático. Apenas a vi-vificação nascida da ajuda ao próxi-mo, que corresponde à rendição aoamor universal e ao núcleo divino emsi, permite seguir o caminho ascen-dente.

Por isso, o processo de auto-rendi-ção a esse princípio não pode ser se-guido senão pelo poder da nova alma.Por esse novo caminho, desta vez ho-rizontal – o madeiro transversal dacruz no caminho – o homem-almachega à câmara da rainha, o lugar ondea Luz renasce. Aqui o Cristo interiorimaculado é recebido, o Outro emnós, que emana da "Mãe" simbólica,símbolo da virgem dos mistérios. Tra-ta-se da recepção de uma nova forçaespiritual não material. J. van Rijcken-borgh disse que nesse ponto o bus-cador vence todos os fatores deoposição que entravam o verdadeirodesenvolvimento da humanidade.

A câmara do rei

A despeito desse santo momento nacâmara da rainha, o neófito recebeuma séria advertência: "Quem estiverem pé cuide-se para não cair". NaGrande Pirâmide, esse aviso é sim-bolizado por uma passagem queparece uma armadilha; esse fosso lem-bra a câmara subterrânea. Depois,após uma nova purificação, o cami-nho deve ser reiniciado.

Nessa força espiritual crística háuma atividade desenfreada, dinâmica epacífica ao mesmo tempo. Quando o

desenvolvimento da alma chega a esseponto, abre-se diante do candidatouma galeria grande, alta e larga queleva à câmara do rei.

Trata-se do caminho triunfal emque a Luz abençoa a personalidadeque perseverou. Uma inexprimívelmajestade preenche a galeria ascen-dente. Aqui, novamente e antes de seuingresso, o candidato deve dar provasde que realmente compreendeu o mis-tério crístico que a esfinge lhe ensi-nou, pois para entrar na câmara do reié preciso que o candidato se curvepara passar por uma abertura bastantebaixa.

Somente em humildade ele pode aíentrar. Ele ainda nada sabe das gran-des provas que o aguardam. Nele ape-nas arde o único saber: por meuserviço, eu me reduzi a nada; somenteele, o Outro em mim, tornou-se tudo.

Toda substância terrestre desapare-ceu e o sarcófago é totalmente preen-chido de vibrações do Espírito. Aimagem da fênix, o pássaro dos mis-térios egípcios, aplica-se agora ao can-didato: o egocentrismo da personali-dade foi vencido, aniquilado, e ocorpo da alma ressuscita no fogo dapurificação.

A Grande Pirâmide pronunciou apalavra mágica. A missão do ser hu-mano, da humanidade inteira, estáinscrita em suas pedras. Esse é o cha-mado da esfinge para seguir a Cristo:"Vende tudo o que tens… e segue-me"1.1 Mateus 2,15.2 Rijckenborgh, J. v. e Petri, C. d., A Gnosischinesa, cap. 3. Jarinu: Ed. Rosacruz – empreparação.3 Machfus, N., Echnaton. Der in der Wahrheitlebt. Zurique: Unionsverlag, 1999.4 Apocalipse 21, 6-8.5 Rijckenborgh, J. v., A Grande Pirâmide –Pentagrama ano 4, no 9, 10 e 12 (ed. francesa).

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A Rosacruz moderna, em seus oitenta anos, encontrou solo fértil nos quatrocontinentes. Já é uma tradição apresentar, no primeiro número da revista Pen-tagrama de cada ano, um relatório sobre a extensão de seu campo de trabalhomundial. Desta vez, a ênfase será dada aos países africanos onde a Escolaexperimenta um florescimento que, no contexto ocidental, é geralmente incon-cebível.

O campo de trabalho

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Novos núcleos

Na primeira se-mana de janeirode 2004 foramabertos três nú-cleos. No dia 3 dejaneiro, em Ren-

nes, a noroeste da França; no dia 6 dejaneiro, em Bolzano/Bozen, Itália/Áustria; e no dia 8 de janeiro, emKoszalin, na Polônia.

O núcleo de Bolzano é único,pois, estando situado na fronteiraentre a Itália e a Áustria, é freqüenta-do por alunos desses dois países. Emsetembro, esses dois grupos organi-zaram uma tarde de orientação euma exposição: "Os quatrocentosanos da Rosacruz". Nessa ocasião,um funcionário dos arquivos muni-cipais fez uma palestra sobre "AdamHaslmayer, escritor da cidade deBolzano e propagador dos Mani-festos Rosacruzes". Haslmayer,músico, filósofo, alquimista e teóso-fo, foi o primeiro a publicar umaresposta à Fama Fraternitatis, ochamado da Fraternidade Rosacruz,de 1614. As autoridades eclesiásticassentiram-se confrontadas, e ele foicondenado às galés por tempo inde-terminado, sendo liberto somentequatro anos e meio mais tarde.

América do Norte

Em abril, uma primeira Conferên-cia de Renovação aconteceu na parteanglófona do Canadá. Em Inverary,Ontário, está localizado o KingstonConference Center, a meio caminhoentre as grandes cidades de Torontoe Montreal. No início havia apenasduas conferências por ano, especial-mente para os alunos de Ontário quenem sempre podiam fazer a longaviagem para Chatham, no estado deNova Iorque. Nessa primeira con-ferência estavam presentes alunos daHolanda e da Califórnia.

América Central, México

No México, novamente vemosconfirmado o longo alcance do olhardos fundadores da Escola Espiritual:em todo o mundo, muitos bus-cadores se voltam para a força liber-tadora e a orientação prática de umavida totalmente interior mostradapela Escola Espiritual da RosacruzÁurea. Um grupo de amigos mexi-canos, reunidos por um longo tempona busca comum da verdade, tomoucontato, pela primeira vez, com aobra dos grão-mestres. A conse-qüência desse feliz acontecimentofoi a abertura, em Guadalajara, Mé-xico, do primeiro núcleo do Lectori-um Rosicrucianum. Aproximada-mente sessenta e dois alunos, dentreos quais alguns vindos dos EstadosUnidos, da Holanda e da Espanha,assistiram essa conferência realizadapor ocasião da inauguração. Nosdias que se seguiram, foram real-izadas duas palestras públicas, acom-panhadas com bastante interesse.Num artigo de uma próxima ediçãoda revista Pentagrama de 2005 rela-taremos as características espirituaisparticulares desse país.

América do Sul, Brasil

Exatamente abaixo da linha doequador, a 3° de latitude sul e 60° delongitude oeste, está Manaus, umacidade de um milhão e meio de habi-tantes. Ela se estende pela margemnorte do rio Negro, um afluente dorio Amazonas, e é praticamente ina-tingível por via terrestre. A cidadesomente pode ser alcançada de aviãoou de barco – 1000 km pelo rioAmazonas! A capital do Amazonas éum dos mais importantes portos doBrasil. Desde o final dos anos 70, aEscola está ali estabelecida. Certa-mente podemos imaginar a grandealegria do grupo de quase 25 alunosquando, em 17 de julho, um núcleo e

15

À esquerda: o sím-

bolo do Lectorium

Rosicrucianum

marca a entrada

do núcleo de

Pointe Noire na

República do

Congo.

o cam

po de trabalh

o

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1 e 6: Reunião da

Mocidade no Cen-

tro de Conferên-

cias La Source

Vive, em Kinshasa,

República

Democrática do

Congo.

2 e 4: Entrada do

Jardim do Centro

de Conferências

de Libreville,

Gabão.

3:Terreno do novo

núcleo de Matadi,

República

Democrática do

Congo.

5:Alguns alunos

em frente da

entrada do núcleo

de Pointe Noire.

um templo foram inaugurados. Nes-sa ocasião estavam presentes, alémde alunos de outros núcleos doBrasil, visitantes dos EUA, Suíça eHolanda.

No Espírito Santo, bem mais aosul do país, foi encontrado um novolocal para o trabalho, cujo prédio foitotalmente reformado. Além de todoo espaço especial de núcleo, existetambém um espaço para o trabalhopúblico. A consagração, em 5 demaio, de um novo templo paraaproximadamente 50 pessoas culmi-nou todos esses esforços.

Em 24 de outubro, no Centro deConferências Pedra Angular, em Ja-rinu, aconteceu um dia de "portasabertas". O tema das curtas palestrasforam o Santo Graal e a mensagemespecial da Escola Espiritual. Houveum animado intercâmbio de idéias.Aos visitantes – 550 amigos, pa-rentes e pesquisadores – forammostrados os prédios e o templo.

Jovens alunos e jovens do Trabalhoda Mocidade prepararam uma peçasobre a lenda de Parsifal. Abertura,transparência, atenção, compreen-são, alegria e realização internaforam as palavras com as quaisalunos e visitantes comentaram asexperiências desse dia.

África, Camarões

Camarões é tão grande quanto aAlemanha e tem 16 milhões de habi-tantes. Ali se encontram dois centrosimportantes do Lectorium Rosicru-cianum: em Iaundê, a capital, há umCentro de Conferências de Reno-vação, "A Nova Aurora", e outroCentro encontra-se na cidade por-tuária de Duala, a 350 km de Iaundê.Além disso, em Edea, entre Duala eIaundê, os alunos se reúnem regular-mente em um pequeno templo par-ticularmente bonito.

O Centro de Conferências "A

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Nova Aurora" foi abandonado em2005. Com capacidade para 300 pes-soas, ele se tornara muito pequenodiante do crescimento do grupo.Como resultado de grandes esfor-ços, um novo Centro foi construídono Monte Febé, incluindo os aloja-mentos. Do alto dessa colina tem-seuma bela vista da cidade. É um lugaresplêndido, onde a temperatura ébem mais amena que o calor tropicalque impera nos arredores. Em marçode 2005 será consagrado o grandetemplo, com capacidade para 500

pessoas. Camarões conta com 700alunos e o Trabalho da Mocidadeestá em plena florescência. Palestraspúblicas e reuniões são realizadas emespaços menores, e simpósios são àsvezes organizados na capital. Tudoisso desperta ali um grande interesse.

África, República Democráticado Congo

Em Kinshasa – 6 milhões de habi-tantes – capital da RepúblicaDemocrática do Congo, encontra-seo Centro de Conferências La SourceVive (A Fonte Viva). Ali acontecemensalmente, além dos serviços eoutras reuniões, uma Conferência deRenovação para cerca de 150 a 200alunos. Esse Centro não pára decrescer. Atualmente, um refeitório ealojamentos encontram-se em fasede construção, porém a falta de di-nheiro retarda o andamento da obra.A República Democrática do Congo

o cam

po de trabalh

o

Sobre a placa do

Lectorium

Rosicrucianum de

Brazzaville brilha, à

esquerda, a rosa

sétupla mencionada

em Summum Bonum

de Robert Fludd.

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é cinco vezes maior que a Alemanhae conta com 57 milhões de habi-tantes. Apesar da situação difícil (ummédico competente não ganha alimais que 30 dólares por mês, quandorecebe!) a obra da Escola Espiritualprossegue.

A cidade de Matadi (a rocha), `asmargens do rio Congo, a 350 km deKinshasa, é rodeada por pequenaselevações e situa-se ao lado dooceano Atlântico. Ali, um grupo deaproximadamente 70 alunos deu osúltimos retoques no pequeno núcleoe em seu templo. A conclusão doconjunto está prevista para o iníciodeste ano. Muitos alunos estãoespalhados nessa imensa repúblicacongolesa. Em Boma (Baixo Con-go), perto da fronteira de Angola,existem aproximadamente 50 alunos.Na província de Katanga estão ascidades de Lubumbashi (2000 km asudoeste de Kinshasa) e de Likasi.Na primeira residem cerca de 50alunos e na segunda, 35. Nessaregião existem minas de cobre,cobalto, urânio e rádio. Em MbujiMayi, capital da província de KasaïLeste, conhecida por suas minas dediamantes, há 90 alunos. Ainda maislonge, encontram-se alunos nas ci-dades de Mwene Ditu e Kananga(em Kasaï Oeste). Os meios de co-municação entre essas cidades sãobastante ruins. Algumas estradas sãoperigosas, com uma só mão dedireção, ou simplesmente são intran-sitáveis. Mesmo assim o Trabalho daMocidade é bastante ativo: as cri-anças vão de bom grado aos núcleos,seja a pé ou em veículos improvisa-dos.

África, Gabão

O Gabão tem um milhão de habi-tantes e compreende 40 grupos étni-cos. Na capital, Libreville, há umbelíssimo núcleo do LectoriumRosicrucianum. O interesse pela

Escola Espiritual ali é grande, e osserviços e palestras são bastante fre-qüentes; não é raro que o númerode interessados que assistem a umapalestra pública chegue a 150. Al-guns alunos doaram um terreno nosarredores da cidade, onde futura-mente se erguerá o centro de con-ferências. Os trabalhos já tiveraminício. No Gabão existem cerca de130 alunos.

África, Costa do Marfim

Nesse país em guerra há um grupode 40 alunos devotados ao trabalhoda Escola. Há pouco tempo eles seinstalaram em um novo núcleo noporto de Abidjan, antiga capital.Infelizmente, as atividades dosrebeldes causaram a perda de outronúcleo situado em Buakê, 459 km aonorte de Abidjan. O novo núcleodessa cidade foi inaugurado em ou-tubro. Ali também é grande o inte-resse pela Escola Espiritual. A Costado Marfim, com uma superfíciemenor do que o Gabão, possui 17milhões de habitantes. Ali imperaforte recessão econômica e, depoisda guerra, o país terá de enfrentaruma dívida externa de cerca de 14bilhões de dólares.

África, Benin

Esse país de sete milhões de habi-tantes espreme-se entre o Togo e aNigéria, rica em petróleo, e é quasedo tamanho do Acre. Entre a cidadede Cotonu, na embocadura doQueme, e a capital, Porto Novo,encontra-se a pequena vila de Djere-bé, onde está situado o Centro deConferências Sole Novo (Novo Sol),numa região rural sem ruído de trá-fego. No Benin há aproximadamente100 alunos, principalmente nessasduas grandes cidades. Uma confe-rência de renovação é realizada men-salmente em Sole Novo. No norte do

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país há uma pequena construção(que ainda não é um núcleo) onde sereúne regularmente um certo núme-ro de alunos.

África, República do Congo

A República do Congo situa-seimediatamente abaixo do equador etem 3,5 milhões de habitantes. Acapital, Brazzaville fica em frente aKinshasa, na outra margem do ma-jestoso rio Congo, e tem um milhãoe meio de habitantes. Nessa cidadebastante sofrida existem mais oumenos 35 alunos que construíramum núcleo em terreno próprio. Emjulho de 1997, o núcleo foi saqueadodurante um conflito político arma-do. A cidade e os arredores oferecempouca segurança por causa dos sol-dados que continuam rondando porali. Tomar o trem para ir até o portode Pointe Noire não é recomendá-

vel. Nessa cidade existe um pequenonúcleo na casa de um dos alunosmais antigos. Nos arredores da ci-dade, um bonito terreno foi adquiri-do pelos alunos de Pointe Noire e asparedes de um novo núcleo já foramerguidas.

Europa, Alemanha

Em 6 de março, um sábado, foraminauguradas as novas instalações donúcleo de Sarrebrücken, no sudoesteda Alemanha. No dia 20 do mesmomês foi erigido no Templo Christia-nopolis, em Birnbach, um monu-mento que representa a atividade danatureza superior voltada para a hu-manidade e a de um grupo de ho-mens que aspira a se elevar até ela.Isso é simbolizado por duas pirâmi-des que se unem no vértice. A pirâ-mide descendente mostra a rosa daCabeça Áurea – o campo da ressur-

O bonito jardim

do Centro de

Conferências de

Edshult, na Suécia,

refletido em um

vaso.

o cam

po de trabalh

o

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reição. No primeiro capítulo da ter-ceira parte de A Gnosis em sua atualmanifestação, Jan van Rijckenborghexplica a importância dessa ligação.Uma escola espiritual estabelecidana terra aplica-se a vencer, semdescanso, as forças cármi-cas, o carma do mundo,bem como o carma indi-vidual, a fim de poderpermanecer no purocampo nutridor daGnosis. Isso exige umtrabalho sobre si mes-mo, empreendido comtoda a energia necessáriapara vencer o mundo (nosentido místico, as forçascármicas são designadas pelapalavra "mundo"). O pólo norte docampo magnético da Escola Espiri-tual, então, liberta-se desta naturezae se torna pura luz. Para os alunos,esse campo é o campo da ressurrei-ção. Esta é a atividade empreendida

pela Escola Espiritual na terra: a vi-tória sobre o mundo. Desse modo,os alunos sustentam e valorizamuma ligação pura com o novo campode vida.

Europa, Suécia

A conferência interna-cional realizada emEdshult, de 4 a 8 deagosto, despertou gran-de interesse. Cerca de80 alunos estrangeirosencontraram-se na at-

mosfera campestre dessenúcleo. Um grupo de ho-

landeses, que veio de carro,seguiu para Visingsö, uma ilha

situada ao norte de Jonköping, emcujo centro encontra-se um grandepentagrama de pedra, como não háem parte alguma na Suécia. Numadas tardes da conferência foi aborda-da a história de Edshult, e ficou pa-

1 e 3:A exposição

"Rosacruz e

Hermetismo" em

Barcelona,

Espanha.

2: O núcleo de

Bozen/Bolzano na

Áustria/Itália.

4: Cartaz do

Simpósio "400

anos de Rosacruz"

em Moscou,

Rússia.

5 e 6: O novo

núcleo de Lisboa.

7:As duas

pirâmides

imbricadas no

Templo

Christianopolis.

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tente que a Luz aí já vinha atuandohá muito tempo.

Em 4 de dezembro, os alunos sue-cos de Estocolmo organizaram umseminário sobre Erik Johan Stag-nelius, um poeta descrito como umtípico romântico nórdico, que viveude 1793 a 1823. Não se sabe quasenada de sua vida, mas ele é tidocomo um dos maiores poetas da li-teratura sueca e um típico represen-tante de seu tempo. Atormentadoentre os desejos irrealizáveis e aproblemática romântica da época,seus sentimentos faziam-no passardo abatimento mais profundo aosmais sublimes êxtases. Sentia-se umestrangeiro em sua terra – mas tam-bém sabia a razão desse sentimento.Em Amigo de uma época desespera-da ele escreveu: "Que anjo conso-lador colocará em tua alma ordem ebeleza, restabelecerá este mundodespedaçado, elevará o altar demoli-do e nele acenderá a chama sagrada?

Que outro ser senão o ser todo po-deroso que, de um beijo, deu vidaaos serafins, saindo das trevas infini-tas, lançando na dança os inu-meráveis sóis e faz, mediante suaforça, girar os mundos até os dias dehoje? Sim, alegra-te, meu amigo, ecanta em meio aos mais negros tor-mentos: a noite é a mãe do dia, ocaos é vizinho de Deus." Stagneliusé, com muita freqüência, qualificadode "poeta gnóstico". Esse foi o as-pecto amplamente evocado nesse se-minário.

Europa, Espanha

Nos meses de setembro e outubroaconteceu em Barcelona uma expo-sição com o tema "Hermetismo eRosacruz: os mistérios egípcios e suainfluência na vida espiritual da Eu-ropa". Essa manifestação foi prepa-rada pela Fundación Rosacruz daEspanha e pela Bibliotheca Philo-

o cam

po de trabalh

o

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sophica Hermetica de Amsterdã emcolaboração com a Biblioteca Arúsde Barcelona. Esta última, fundadaem 1895, é a mais rica biblioteca domundo em franco-maçonaria. Naépoca do general Franco, essa insti-tuição precisou esconder seus livrosesotéricos por receio de vê-los con-fiscados.

Por ocasião da exposição, foramfeitas duas palestras públicas. Ospainéis mostravam eloqüentementeque o hermetismo, cuja fonte é oEgito dos faraós, passando pelaalquimia, havia sido o fundamentodo trabalho da Rosacruz clássica,um trabalho que perdura até os diasde hoje.

Hermes é a fonte!Um bonito catálogo com muitos

detalhes e livros de uma grandebeleza tocaram o coração do visi-tante desejoso de mergulhar, por al-guns momentos, no assunto emquestão, e assim elevar-se acima docotidiano.

É possível ver essa exposição –com os livros originais – no Centrode Conferências El Nuevo Mercu-rio, em Zaragoza, antes que ela sejatransferida para Madri.

Europa, Malta

A ilha de Malta é conhecida porseus velhos templos de milhares deanos, onde o caduceu e o signo deTouro ocupam importante lugar. Asruínas desses templos e os subterrâ-neos são considerados os mais anti-gos monumentos de pedra domundo. Eles são tão singulares que a

UNESCO de-clarou essa ar-quitetura mega-lítica de aproxi-m a d a m e n t e6000 anos pa-trimônio da hu-manidade. Em

Valetta, a capital, foram realizadas,em 15 de novembro, uma Conferên-cia de Renovação e uma palestrapública com o tema "Carma e reen-carnação", assistida por quarentainteressados. Os painéis que traziamtodos os tipos de informação provo-caram numerosas discussões. Todosouviram atentamente e, após o inter-valo, não faltaram trocas de idéias.Disso resultou um grande interessepelo curso que deveria começar duassemanas mais tarde.

Europa, RússiaSão Petersburgo

Na Rússia, as formalidadesadministrativas tomam muito tem-po. Em 2004 um terreno com al-guns casebres deteriorados foi ad-quirido nas proximidades de SãoPetersburgo. Foram necessáriosdois meses para a assinatura docontrato, e sem dúvida não levarámenos tempo para a aquisição do

1: Confraterniza-

ção no hall do

primeiro núcleo

do México,

durante a inaugu-

ração em Guadala-

jara.

2 e 3: "Portas

abertas" no Cen-

tro de Conferên-

cias "Pedra Angu-

lar" em Jarinu,

Brasil.

4: O porto de

Manaus, no Rio

Negro, mil

quilômetros rio

adentro.

5: Centro de Con-

ferências de

Kingston em

Ontário, Canadá.

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terreno limítrofe pelo qual a Esco-la se interessa. Para se ganhar umpouco do tempo despendido comesses procedimentos, pensa-se emerguer uma construção pré-fabrica-da para 100 pessoas.

Novo centro de conferências perto deMoscou

É compreensível que os alunosrussos sonhem com seu próprioCentro de Conferências, mas nomomento trata-se apenas de umdesejo. Alguns alunos adquiriramum terreno de cerca de cincohectares a uns 30 quilômetros anoroeste de Moscou, mas ainda nãotêm permissão para construir. Con-tudo, com o atual desenvolvimentoeconômico russo, é muito provávelque isso aconteça rapidamente.

Colaboração particularUm (jovem) campo de trabalho

tem a possibilidade de trilhar novos

caminhos e de desenvolver canais deinformação alternativos. A EditoraRosacruz da Rússia cedeu à editoraesotérica Amrita-Rous os direitos deedição, com formato específico, dostomos I e II da Arquignosis egípcia.Esses dois tomos contêm todas asinformações necessárias sobre oLectorium Rosicrucianum e sua li-teratura. A tiragem foi de 5000exemplares para cada tomo. A dis-tribuição e a divulgação serão feitasem toda a Rússia. Assim, as obras deJan van Rijckenborgh e de Catha-rose de Petri alcançarão o grandepúblico: o editor prevê que essesexemplares se esgotarão em umsemestre. Além disso, os tomos de Ia IV serão igualmente publicadospela Editora Rosacruz da Rússia.

Exposição e simpósioEm abril de 1993 duas palestras

públicas e uma exposição foram oponto de partida do trabalho na

o cam

po de trabalh

o

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Rússia. Foi no decorrer de um sim-pósio organizado de comum acordopela Bibliotheca Philosophica Her-metica e a Biblioteca Rudomino deMoscou, e sob a iniciativa da direto-ra desta última, sra. EkaterinaGenieva, que a Escola Espiritual daRosacruz Áurea teve a oportunidadede se apresentar.

Em 29 de novembro de 2004,depois desse acontecimento e emcontinuidade a ele, o embaixador daHolanda na Rússia, Dr. Tiddo Hof-stee, inaugurou a exposição "Osquatro séculos da Rosacruz" na pre-sença de aproximadamente 200 visi-tantes do simpósio.

Nessa ocasião, a Escola Espirituale a Bibliotheca Philosophica Her-metica realizaram, no imenso etotalmente renovado auditório daBiblioteca Rudomino, um colóquiodo qual participaram diferentesmovimentos esotéricos. O temaforam as relações espirituais detodos eles com a Rosacruz. É notá-vel que há exatamente quatrocentosanos J. V. Andreæ escrevia DieChymische Hochzeit ChristianiRosencreuz anno 1459.

Nas proximidades de Moscou,após o colóquio e a abertura daexposição, realizou-se a quarta Con-ferência Internacional de Reno-vação, da qual participaram aproxi-

madamente quarenta alunos vindosda Europa e 210 alunos russos.

Simpósios e conferências de umdia na Holanda

AlkmaarEm setembro, o aniversário de

750 anos de Alkmaar foi o ponto departida para a realização de um sim-pósio sobre o tema "CornelisDrebbel, uma destacada personali-dade de Alkmaar". Na bibliotecapública, mais de 100 convidados vi-sitaram a exposição e assistiram àpalestra com o mesmo tema. Nelasfoi ressaltada a íntima conexão entreesse personagem e a primeira ediçãointegral do Corpus Hermeticum emholandês. Foi mencionado o círculoao qual Drebbel pertencia e que, sobos auspícios do cáiser Rodolfo II deHabsburgo, tentou revelar a grande-za potencial do ser humano: o ho-mem universal como reflexo do Bemúnico, do Espírito único. Drebbel eseu amigo Robert Fludd, que eleconhecera na corte de James I, parti-lhavam esse mesmo conhecimento, eesse fio condutor os uniu. Por meiode tentativas diversas, de invenções ede experiências químicas, eles prova-ram que os fenômenos herméticostinham seu equivalente até na ma-téria; que a luz influía nas mínimaspartículas impondo-lhes suas leis.

Renova"A Gnosis é o conhecimento da-

quilo que fomos e do que viremos aser, do lugar onde estávamos e da-quele para o qual nos precipitamos,para onde nos apressamos e de quenos libertamos, do que é nascimentoe renascimento."

Essa citação do filósofo Teódoto(século II d.C.) constituiu o temado simpósio que aconteceu em Re-nova no dia 15 de maio com o títu-lo "Fundamento e significado docristianismo interior". O ponto de

Desenho do sécu-

lo XVII represen-

tando o "moto

contínuo" conce-

bido por Cornelis

Drebbel, inventor

e alquimista de

Alkmaar.

À direita: painéis

de apresentação

do Simpósio "400

anos de Rosacruz,

a linguagem de

Aquarius" em

Renova, Bilthoven,

Holanda.

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po de trabalh

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partida foi O Evangelho de Tomé ea Carta a Reginos sobre a ressur-reição, dois escritos gnósticosdescobertos em Nag Hammadi,muito importantes para o atualdesenvolvimento da humanidade.A primeira alocução abordou osachados de Nag Hammadi comosendo uma "biblioteca gnóstica" emostrou que os chamados escritoshermético-gnósticos não parecemter sido unicamente um fenômenocristão, pois pertencem a todos ostempos e a quase todas as culturasdo mundo.

Gnosis quer dizer: conhecimento,compreensão. Não se trata de conhe-cimento exterior, mas de conheci-mento interior, o saber que Deus e ohomem não são seres separados, oque foi o tema da segunda alocução.A Gnosis diz respeito à conexão e àrelação de semelhança entre o ho-mem, o cosmo e Deus. No versículo24 do Evangelho de Tomé é dito:

Seus discípulos pediram:Ilumina-nossobre o lugar onde estás;porque nós o devemos procurar.Respondeu-lhes ele:Quem tem ouvidos, ouça!Há luz dentro de um homem de luz,e ele ilumina o mundo inteiro.Se não iluminar, ele é treva.

A terceira alocução colocou a Car-ta a Reginos sobre a ressurreição nopresente, pois a ressurreição não é,como dizem, um acontecimento dopassado. Qualquer estudo sobre esseachado extraordinário que são ostextos do deserto egípcio não temnenhum sentido se não encontrarseres humanos que realizem, aqui eagora, a sabedoria que eles contém.

A linguagem de AquárioO outono europeu foi marcado

pelo signo de Aquário. Em 10 deoutubro, no Centro J. van Rijcken-

borgh, e duas semanas depois noseminário em Renova, foram abor-dados o período vindouro, os plane-tas dos mistérios e as possibilidadesparticulares de desenvolvimento in-terior e crescimento da alma, tão for-temente estimulados pela evoluçãocósmica. Estiveram em pauta noçõesastronômicas como a precessão dosequinócios, as fases que marcaram aera de Peixes e as exigências e opor-tunidades astrofísicas no romper daera de Aquário, e foram apresentadasde modo bastante simples questõesdifíceis e apaixonantes como essas.As influências dos planetas Urano,Netuno e Plutão atingem a Terra etornam-se ativas na humanidade.Esses desenvolvimentos foram deli-neados de modo claro com base nasexplicações de Jan van Rijckenborgh.

O Centro J. van RijckenborghEm 14 de novembro de 2004, em

Haarlem, durante a conferência deum dia para os Jovens Alunos,alguém perguntou a uma interessada:"Você está vindo pela primeira vez?""Não, também vim para a conferên-cia de um dia em 10 de outubro",respondeu ela. "E você gostou?""Sim, é claro. E sei que vocês têmaqui um templo bastante especial.Sabe, assim que entrei nele senticomo se tivesse voltado para casa."Após curto silêncio ela retomou:"Logo me mudarei para cá".

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Na primeira alocução, escrita eproferida por jovens alunos, foi dito:"Todos que aqui estão presentesinteressam-se por saber o que é a ver-dade, o que é verdadeiramente a vida,enquanto outros fazem algo dife-rente. Muitos procuram motivaçõesde vida. Mas é preciso fazer grandesesforços antes de abordar algo daverdade: é necessário perseverar porlongo tempo no mesmo comprimen-to de onda, com a mesma força. Issoé remar contra a fragmentação querege nossa vida! Quando se com-preende isso, a primeira parcela deverdade já foi encontrada. Aprimeiríssima.

A próxima pergunta é: comoenfrentar a sensação de limitação, dedescaminho? Sentimos que deveexistir algo mais. É como se você nãotivesse ainda sido sacudido o bas-tante. Você crê, espera, até mesmosabe que existe algo mais, mas nãosabe o que, e acaba se dando conta daprópria ignorância. Eis uma verdade:você descobre, mesmo vendo a vidapelo lado bom, que não sabe nada arespeito desse ‘algo mais’. E issopode representar uma abertura.Porque há realmente um saber asso-ciado a este pensamento: ‘O que de-veria ser diferente?’ O desesperotransforma-se em paz serena: ‘Seexiste algo mais, eu sou uma partedisso’. Nessa paz chega a terceiraverdade; e essas três verdades são ocomeço da Gnosis. Esta palavra sig-nifica: ‘saber fundamental, ou co-nhecimento do coração, conheci-mento totalmente interior, que ape-nas se descobre pouco a pouco’."

A segunda alocução ligada a essetema abordou o aspecto prático docomportamento: "Certamente não éna literatura que se vive o ensina-mento da Rosacruz Áurea. Tambémé importante viver a vida plenamen-te, com olhar crítico e autodomínio.Dito de outro modo: não se deixelevar pelas ondas e tempestades que

lhe causam a sociedade e o eu. Nocaos do mundo, você deve encontrarum porto de paz onde a tormentanão possa penetrar. Porque ver-dadeiramente existe algo mais, quenão pertence a esta vida. Mergulhefundo na existência, porém não de-penda dela, mas liberte-se dela cadavez mais".

A conclusão da conferência foiuma citação de J. van Rijckenborgh:"Jovem vida, busque a vida! Se per-tences a esta juventude que, apesar detudo, não pode ser impedida de aspi-rar a perspectivas luminosas e liber-tadoras e a uma via concreta que con-duz as elas, só falta te libertares, telibertares interiormente de tudo oque as concepções caducas destemundo consideram como evidente enormal. Trata-se de descobrir inces-santemente os valores gerais que seabrem para perspectivas concretas deuma vida verdadeiramente libertado-ra. Dito de outro modo: encon-tremos juntos o caminho da verdadevivente!"

Cento e cinqüenta pessoas, emcinco grupos, participaram do deba-te. O texto de encerramento foi umtrecho de O chamado da Frater-nidade Rosacruz:

"Os homens que não falam de simesmos, que não pedem nada para

Da esquerda para

a direita:

1: andaimes no

Templo de

Noverosa.

2: Perspectiva da

abertura de uma

lâmpada.

3: Planificação de

uma quadra de

esportes ao lado

do estacionamento

do Centro de

Noverosa, em

Doornspijk.

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si, são extremamente raros.Não preconizamos e não ensi-

namos o abandono da consciência-eu, como o oriental que, sentadono meio da maior desordem, podemeditar e partir em busca de so-nhos no vazio. Vede o que o cris-tianismo ensina: perder-se a simesmo a serviço de todos. ‘Quemperder a sua vida por amor de mim,achá-la-á.’ No Ocidente, o cristia-nismo dá um passo a mais, ensinan-do-vos que somente podeis serpuros se vosso ambiente for puro,se vosso país for puro, se o mundofor puro. Compreendei bem a liga-ção do individual com o coletivo,de um homem com todos os ho-mens. Aí está o grande segredo dosmistérios do Ocidente, o grandesegredo do cristianismo, o do se-gundo degrau."

Com a promessa de voltar a en-contrar-se numa data determinada(em 18 de junho de 2005), todos re-gressaram a seus lares.

Semana de trabalho do grupointernacional dos JovensAlunos

Na Europa, o grupo dos JovensAlunos participou, em circunstân-cias difíceis, da construção e manu-

tenção dos centros de conferênciasda Escola Espiritual: calor e seca emDovadola, calor e esgotamento naFrança, nuvens de mosquitos naPolônia. Mas jamais esteve tão úmi-do como na última semana do mêsde agosto de 2004, quando o grupo,com 270 participantes vindos de 17países, encontrou-se em Noverosa,o Centro de Conferências da Moci-dade na Holanda. Foi feita a manu-tenção do templo, o chalé foi des-montado até os alicerces, retirado dosolo e refeito. Foi necessário cavar asvalas a mais de um metro de profun-didade para que os novos dutos degás, por trás do templo, chegassem atéao prédio. Um estacionamento de 600metros foi planificado segundo asnormas. Os telhados dos bangalôsforam renovados e o caminho queleva ao templo recebeu uma nova ilu-minação. Essas e outras tarefasdebaixo de uma chuva que não cessoudurante a semana.

No Brasil, no Centro de Conferên-cias de Brasília, Jovens Alunos bra-sileiros e holandeses participaram deuma produtiva semana de reformas,pinturas e construção de um pequenojardim com os símbolos da Escola. Osserviços templários ocorreram pelamanhã, e à noite houve exibição decriativas peças musicais e teatrais.

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A: — Obras mal sucedidas?B: — Sim, vejo em cada um deles umaimagem, uma idéia. Isso nem sempreé evidente, mas podemos dizer quecada um representa uma imagemexata da natureza, do espírito, dohomem perfeito. Contudo, é precisoadmitir que a maior parte delesreduziu esse modelo a uma caricaturana qual já não é possível reconhecer aimagem que se encontra na base daobra de arte.A: — O que você quer dizer?B: — Tomemos, por exemplo, aquelasenhora ali do outro lado. Delaemana uma tristeza indefinível, umcerto tédio. Ela dá a impressão de tersido enganada pela vida. Será quepercebe que existe, oculta dentro delamesma, uma outra realidade? Outalvez essa outra realidade não estejaainda totalmente evidente para ela; ouela ainda não esteja plenamente cons-ciente disso.A: — Mas que realidade é essa? Noinício você falou de uma imagem que,para você, seria a imagem do homemperfeito.B: — Sim, para mim o ser humano éum ser espiritual. Ele tem suas raízes

em um mundo espiritual e, portanto,a meu ver, ele tem a feliz oportu-nidade de poder trazer esse mundo àmanifestação, e agir de acordo comele… Mas o homem tem preocu-pações absolutamente diferentes. Elenão busca senão sua própria realiza-ção, a realização de seus desejos e desuas idéias. E nesse sentido ele éestimulado por seu meio ambiente.Assim, ele constrói uma personali-dade que racha seus esforços e isso,portanto, reprime sua vocação para aperfeição.A: — Não estou compreendendototalmente.B: — De acordo com um antigo mito,o homem é um "pensamento divino".Ele traria consigo a reprodução imor-tal desse pensamento. No decorrer desua evolução, ele se desviou daenorme possibilidade de construiruma personalidade imortal que mani-festaria essa idéia dotada de atributosdivinos.A: — Ah, sim! Agora compreendo.B: — O homem estragou seu desen-volvimento – que não depende senãode sua orientação interior – em con-formidade com a lei espiritual. Eleconstruiu sua personalidade depressademais. Assim, o contato com aimagem original foi perdido; e suaobra de arte, sua personalidade,tornou-se uma caricatura.A: — Se entendi direito, é como seum artista, em vez de seguir sua inspi-ração, procurasse satisfazer os outrospara poder ganhar muito dinheiro.Essa é a confusão!B: — Mais ou menos. E essa perso-

A: — Faz um tempinho que observo omodo como você está concentrado naspessoas deste Café, como se elas fos-sem obras de arte únicas.B: — Você tem razão. Estou obser-vando com atenção. E percebo que osseres humanos são obras de arte úni-cas, porém falta muito ainda para queestejam totalmente concluídas.

Uma conversa"luminosa"

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nalidade desnaturada, que já não sealimenta das energias originais, nadatem de divino. O homem morre por-que se tornou mortal, e não obstanteexiste essa idéia divina. É preciso,pois, que apareça um novo homem,uma nova personalidade, e então serápossível que se manifeste uma novapersonalidade que seja a expressãodessa idéia. O artista perdeu o con-trole de sua criação; sua obra esca-puliu e se tornou independente paracair num circuito absurdo de nasci-mentos e de mortes não intenciona-do, até que a idéia criadora original denovo a penetre.A: — Sim, tudo bem. Mas será quesomos mesmo essas marionetes?B: — Você acha normal que existamguerras, doenças, que fiquemos ve-lhos e morramos? Tudo isso existeporque o homem ignora sua ver-dadeira essência.A: — Como retornar à fonte da cri-ação? É possível encontrar de novo aidéia criadora original?B: — Para o artista, é possível apren-der a encontrar a ligação com a intui-ção. Como ser humano é possívelaprender a encontrar a ligação com oplano interior original. A conseqüên-cia é um novo homem, que pertenceao campo de criação original.A: — É uma bela imagem, essa.Assim, cada vida seria um elo de umacadeia infinita. Cada ser seria autôno-mo, teria sua própria meta para reali-zar e não se deixaria guiar por nadanem por ninguém.B: — É uma tarefa pesada que cabe aele, de acordo com o destino da hu-

manidade. Mas foi-lhe dito que senão começá-la, ele jamais conseguiráquebrar o círculo.A: — Essa tarefa ainda pode ser bemadministrada? Porque, se entendidireito, a situação está ruim. Pareceque o artista se esqueceu completa-mente de sua imagem divina nodecorrer do tempo.B: — Sempre é possível fazer algo.Enquanto viver, ele carregará consigoo modelo do homem perfeito imortal,e ainda poderá se decidir a agir.A: — Por onde começar?B: —Em primeiro lugar é necessárioum insight (visão e compreensãointerior) de sua própria situação.Quero dizer: insight daquilo que omove; então, quando você tem esseinsight, a essência divina pode terespaço para se desenvolver.A: — Você acha que isso pode seaplicar à senhora ali em frente?B: — Sim. Isso é válido para todomundo. Creio que qualquer um podedecidir-se a dar início a isso, desde quetenha o insight da situação. Mas vocênão pode fazer isso por conta própria.Esse insight deve fazer parte de você.Para isso é necessário buscar, ler, dis-cutir com outras pessoas, para con-seguir ver, pouco a pouco, as peças doquebra-cabeça se ajustarem.A: — Por que você não vai até aquelasenhora para explicar-lhe tudo isso?B: — Não, impossível. É preciso queo impulso venha da própria pessoa.Quando ela estiver preparada, elamesma fará as perguntas, buscará eachará, pois não é verdade que elatraz em si mesma a reposta?

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m primeiro lugar, partilhamostodos uma inquietude, um sentimen-to de irrealização, de que esta não é avida que deveríamos viver. Somostodos buscadores natos, porém oscaminhos de pesquisa são múltiplos:religião, misticismo, ocultismo, filo-sofia, arte, ciência, estudo de antigassabedorias, simbolismo, mitologia,lendas, astrologia, filantropia. E o"encontrar" continua distante. Aconfusão e a nostalgia permanecem.

Hoje, por fim, encontramos. Masa pergunta é: o que exatamente en-contramos?

Isso começou com um impacto dereconhecimento, um golpe recebidopor meio de uma palavra, uma leitu-ra, um acontecimento. Um súbitoinsight das coisas e da meta humananos encheu de alegria, mas tambémnos mergulhou no sofrimento.

Alegria porque vivenciamos adescoberta de que existe algo bemmaior que nós e nossa existênciacomum. Sofrimento por saber intui-tivamente que, doravante, tudo serádiferente; que um adeus se impõe,uma partida sem retorno.

Algumas pessoas acolhem de co-ração aberto essa nova vida; outras,embora a reconheçam, recusam-na.

Em segundo lugar, participamosdo fato de que nossa vida está sub-metida a um toque de natureza não-humana, algo da ordem da Luz. Porum momento, o torpor da ignorân-

cia cessa. Uma pálpebra se ergue, eentão vemos, e também ouvimos umnovo som.

O chamado do reino longínquo

O chamado que soa é maravilhosoe ao mesmo tempo inquietante.Talvez pensemos que a Escola Espi-ritual seja o próprio chamado, masna realidade ela é tão-somente ointérprete. Então, aflora a idéia denos fecharmos a um chamado quepoderia vir do exterior. Então torna-se claro que o chamado vem do inte-rior, ressonância misteriosa, como nalenda da "Princesa e o grão de ervi-lha", na qual, não obstante a espes-sura dos colchões sobrepostos, ajovem não conseguia dormir porcausa de um grão de ervilha coloca-do debaixo deles. Ela suspira pelobeijo do príncipe desconhecido, aquem se sabe autenticamente unida.Essa é a experiência que fazemos.

Não é possível explicar essascoisas a uma pessoa que não conheçaessa experiência. É preciso ser tras-passado pela lança de Luz para po-der compreender do que se trata. Alança de Luz toca o buscador quan-do ele cai de joelhos. E todos que sãotocados participam, no mesmoinstante, do mesmo destino: elestrazem uma ferida que não cica-trizará.

A missão dos fundadores da EscolaEspiritual não foi satisfazer as pessoasnem tampouco agradar. Não; elesexpuseram, impessoalmente, em plenaluz e a despeito de todos, esse feri-mento em nome da Luz. Eles tinhamde fazer isso, pois o momento havia

A lança de LuzUma alocução para os alunos do Lectorium Rosicrucianum

Por que somos rosacruzes? Cada qualtem suas razões, mas apesar das dife-renças de motivação, o que temos emcomum? O que nos une?

E

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chegado. Na Luz o ser humanodescobre de início sua própria malig-nidade. Quão forte, às vezes, é aresistência que oferecemos ao auxílioque, nos momentos mais sombrios,imploramos tão apaixonadamente! Eagora a oração é atendida.

Não é freqüente acontecer de umapessoa pedir muito por auxílio eacabar por rejeitá-lo? Sabe-se sub-conscientemente que essa ajuda nãoé destinada ao eu, mas a uma reali-dade mais elevada que reside no serhumano e que, contudo, não lhe per-

tence, uma realidade da qual é porta-dor, mas da qual ele não pode seapropriar e nem controlar. Muitasvezes ele se engaja numa luta pre-cisamente contra o Amor que vempara libertá-lo da miséria, da dor edo sofrimento.

Todos os buscadores tendem aessa libertação; ela é sua aspiraçãomais elevada. Mas, o que deve serlibertado? E o que deve ser suprimi-do e vencido? É possível que umapessoa se revolte durante um longotempo até chegar o momento em que

Miguel vence o

dragão com a

lança. Imagem

copta encontrada

no Egito,

ca. século 2 d.C.

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a resistência deve cessar. Ela se vênum beco sem saída e se torna claropara sua consciência que "não nós,Senhor, mas Tu és a meta de nossocoração". Então, o buscador fatiga-do é conduzido às portas de umaEscola Espiritual, perguntando-se oque o futuro lhe reserva.

As duas funções da EscolaEspiritual

Todos os interessados são bem-vindos e a radiação infravermelhaaquece os corações. Eles se impa-cientam querendo saber quandocomeçará a iniciação que os instruirános maravilhosos segredos dos Mis-térios. Passam-se dias e semanas, osmeses se sucedem. Aparentemente,nada muda, e acaba-se cedendo à re-signação e ao arrefecimento. Contu-do, a intensa graça do campo deforça está atuante, embora ele nemsequer seja perceptível.

Alguns são vencidos por umacerta impaciência e perdem o entusi-asmo do início. Sua curiosidade e suaatenção são atraídas pelas ofertasbarulhentas dos camelôs da grandefeira do mundo. Talvez aqui ou aliseja possível obter-se um resultadomais rápido. E toda vez que um

aluno deixa a Escola, é uma decepçãopara os obreiros.

E eles se perguntam: será que oacompanhamento correto foi dado?Esse tipo de pergunta é justificado.Mas todo o possível foi feito, e oacompanhamento ideal, que osobreiros não poderiam poupar anenhum aluno, é a prova do des-mascaramento. Não o desmascara-mento para outrem, mas para o tra-balho da Luz! Pois imediatamenteapós ter sido beneficiado pelo calorda radiação infravermelha, o alunoé tocado pela radiação ultravioleta,a radiação demolidora. A com-preensão progride, o desejo se refi-na. A partir de agora, na maioriadas confrontações da vida comumcom sócios, com membros dafamília, com colegas, ele confron-tará… a si mesmo.

Incessantemente ele terá de fazerescolhas difíceis a fim de permanecercoerente com o caminho, sem jamaissaber para que lado a balança vaipender. Por melhor que seja o acom-panhamento, os obreiros não podemimpedir que os alunos se decidampor abandonar a Escola Espiritualem um momento ou em outro.

Nossa presença no campo de forçatorna impossível simplesmente con-

Iluminura em um

manuscrito flamen-

go do século XIV

representando a

"távola redonda"

sobre a qual estão

colocados o Graal,

de onde se eleva a

criança divina, e a

lança que fere o

rei e em seguida

cura-o.

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tentar-nos com uma assimilação in-telectual do Ensinamento, pois eledeve ser posto em prática, o que sig-nifica não só receber, mas tambémdar. Trata-se de muito mais que umacontribuição financeira, por maisnecessária que esta seja, pois o essen-cial é doar a si mesmo.

O único meio de convencer: umnovo comportamento

O que testifica de nosso discipula-do é uma vida marcada por atos li-bertadores, uma mudança radical e atotal doação de si mesmo. Mais quepalavras, é o ato silencioso realizadocom amor e discrição que tem valor.Os buscadores tocados pela EscolaEspiritual não esperam apenas umafilosofia. Eles querem encontrar pes-soas que dêem provas manifestas deque vivem um ensinamento liberta-dor, pois este é um encontro queabrirá seus olhos; apenas isto é con-vincente.

Certa vez J. van Rijckenborgh dis-se: "É necessário perturbá-los comfatos!". Com isso ele queria dizer:não vos contenteis em falar de umestado renovado, mas irradiai esseestado, deixai que vejam. Não temosde tentar persuadir, mas sim dar tes-temunho mediante nosso comporta-mento. Não com demonstrações deerudição, mas com uma palavra sim-ples que vá direto ao coração.

Ora, não é fácil, de início, com-preender em que consiste um com-portamento nascido de um estadode consciência renovado. Não épreciso dizer que isso implica, entreoutras coisas, amizade, boa von-tade, delicadeza, atenção para comos outros. É possível, contudo,demonstrar tais qualidades mesmoquando o foco do ego, atrás do ossofrontal, ainda não perdeu sua força.A civilidade e a gentileza em socie-dade não são o que a Escola Espiri-tual visa por "novo comportamen-

to". Isso é algo completamente di-ferente e muito mais profundo.

Este nosso mundo de oposições éo produto de doze esferas de in-fluência que a filosofia da Escolaglobalmente denomina "dialética".São doze esferas que correspondemaos doze signos do zodíaco. J. vanRijckenborgh os chama de "dozeeões zodiacais". Neste sentido,podemos falar de uma "dominaçãoeônica" duodécupla ou ainda de"prisão zodiacal". Essa força eônicase projeta no microcosmo sob a for-ma de um firmamento aural duodé-cuplo, denominado lípica. Por suavez o ser aural ou "ser da lípica" pro-jeta-se no cérebro.

Somos os primeiros a reconhecerque o ser humano é capaz de de-monstrar grande amizade, cordiali-dade, civilidade, mas isso não modi-fica em nada a força do deusduodécuplo do cérebro, regido pelocampo aural, que está sujeito aosdoze eões do zodíaco.

Este estado é designado comosendo "pecado", não porque o ho-mem seja mau ou perverso, mas simporque enquanto manifestação tem-poral, ele é literalmente manipuladocomo uma marionete na ilusão eôni-ca. Fizeram-nos engolir essa ilusãoem pequenas doses desde nossonascimento. Mais ainda, enquantofenômenos naturais, somos nascidosdela. Por isso é dito no hino tem-plário 161:

Eis que ainda estamos na terra,anelando renascer.Dentre todos os pecadosa ilusão é o maior.

Em outras palavras, a ilusão, a dia-lética, está incorporada em nossavida como o fermento à massa. Comexceção do átomo-centelha do Es-pírito, a rosa-do-coração, não existeum só órgão, uma única célula denosso corpo que esteja isenta da dia-

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lética. Quando cessa a ilusão, um ou-tro processo de fermentação operaem nós. Somos impregnados por umoutro fermento, a começar pelosangue. Esse novo fermento é desig-nado "o prana da nova aliança" ouainda "o sangue místico de Cristo".

Trata-se de um processo tremen-do. Mas o importante é que eletenha início em nós; que não deixe-mos para mais tarde ou tentemosnos esquivar dele, tal como o fize-ram os convidados à "grande ceia"do Evangelho de Lucas1, um sob opretexto de casar-se, outro sob opretexto de enterrar seu pai, e aindaum terceiro sob o pretexto de la-vrar seu campo.

O reino dos céus, como zodíacooriginal, nova constelação aural esantuário da cabeça renovado, bate àporta de nosso coração.

O campo de força abarca e afilosofia esclarece o processo

O novo comportamento significaabrir a porta, liberar o acesso a essetotalmente outro, deixar esse novo eestranho processo de fermentaçãooperar em nós, apesar da angústia edo sofrimento que ele gera; apesardo sentimento de nos tornarmosestrangeiros no mundo e a seushábitos. Que zombarias e insultosnão é preciso suportar! Que opres-são não devemos sofrer por amor aCristo, até dizer, a exemplo de Pau-lo: "Porque para mim, o viver éCristo, e o morrer é ganho."2

Esse processo só pode ser reco-nhecido quando ele tem início emnosso interior. A filosofia da EscolaEspiritual não deixa qualquer dúvidaa esse respeito: somos arrastados aum desenvolvimento radical.

Mas o aluno nem sempre discerneem que momento esse processo afli-tivo tem início. Ele tende, então, aalegações do tipo: "Não me com-preendem"; "Minha caminhada éobstaculizada"; "As circunstânciasestão contra mim"; "Se tão-somenteeu pudesse me livrar deste ou daque-le obstáculo"; "A Escola não está aípara tudo?"

O que importa é dar um fim aauto-piedade e lamentações, reco-nhecer o processo e a ele nos subme-termos. Nisto não somos abandona-dos a nós mesmos: A Escola Espiri-tual circunda a alma combatentecom seu campo de força e seuauxílio, e seu ensinamento esclareceo processo.

Gradualmente novas capacidadesse manifestam no homem; esse é opotencial que temos em comum eque nos une: o processo eliminaindividual e coletivamente nossaslimitações e fraquezas e nos eleva atéas alturas mencionadas no Livro doApocalipse3:

E vi outro anjo forte, que descia docéu, vestido de uma nuvem; e por

Mão alada brandin-

do uma espada

nua. Baixo-relevo

sobre a porta da

cidade de Medina,

Malta. Pentagrama.

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cima da sua cabeça estava o arcoceleste, e o rosto era como o sol, e ospés como colunas de fogo; e tinha namão um livrinho aberto e pôs o pédireito sobre o mar e o esquerdosobre a terra; e clamou com grandevoz, como quando brama o leão; ehavendo clamado, os sete trovões fi-zeram soar suas vozes. E, sendo ou-vidas dos sete trovões as suas vozes,eu ia escrevê-las, mas ouvi uma vozdo céu, que dizia: "Sela o que os setetrovões falaram e não o escrevas". E

o anjo que vi estar sobre o mar esobre a terra levantou a mão ao céu ejurou por aquele que vive para todoo sempre, o qual criou o céu e o quenele há, e a terra e o que nela há, e omar e o que nele há, que não haveriamais demora, mas nos dias da voz dosétimo anjo, quando tocar a suatrombeta, se cumprirá o mistério deDeus, como anunciou aos profetas,seus servos.

E a voz que eu do céu tinhaouvido tornou a falar comigo e disse:

O que a Escola Espiritualentende por:

Campo aural ou lípicaÉ a totalidade dos centros sensori-

ais, dos centros de força e focos nosquais todo o carma do homem seencontra consolidado. A manifes-tação humana é uma projeção do fir-mamento aural, que determina suascapacidades, suas limitações e suarealização natural. O ser aural é apersonificação de todo o "fardo depecados" (expressão da antiga Igreja)do microcosmo decaído. É o "velhocéu" microcósmico que, graças auma total transformação conduzidapela Gnosis, deve desaparecer e sersubstituído por um "novo céu"acompanhado de uma "nova terra" eda ressurreição do verdadeirohomem em quem espírito, alma ecorpo formam uma unidade harmo-niosa imperecível, em sintonia com oplano divino.

EõesSão formações imensas de forças

naturais, invisíveis, porém tangíveis,criadas no decorrer dos tempospelos homens (inicialmente de formainconsciente). Os eões exercemagora uma influência coercitivasobre a existência humana. Como a

autoconservação se tornou a princi-pal característica da humanidadenatural, os eões, dos quais há doze,também têm como característicanegativa que sua principal motivaçãoé uma forma de autoconservação.

Juntos formaram, no decorrer dostempos, um grupo hierárquico quereina sobre os domínios do espaço-tempo. À custa de enorme sofrimen-to humano, as entidades eônicasmais poderosas conseguem comrelação à roda dos nascimentos, umapseudo-liberdade – uma paralisaçãoou um retardamento da dissoluçãode sua personalidade na esfera refle-tora – uma existência que elassomente podem preservar com oaumento do sofrimento dahumanidade, pois alimentam-se deéteres liberados pela violência da dorou pelo seu oposto, a alegria intensa.

GnosisÉ o alento divino; o Logos, a fonte

de todas as coisas, manifestando-secomo Espírito, Luz, Amor, Força eSabedoria universal. Ela designatambém a Fraternidade Universalcomo veículo e manifestação docampo de radiação crística.

Gnosis, enfim, representa o con-hecimento vivo de Deus, que setorna parte de todos que alcançam aconsciência da alma-luz.

O que a E

scola Espiritual entende por…

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"Vai e toma o livrinho aberto damão do anjo que está em pé sobre omar e sobre a terra". E fui ao anjodizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E eledisse-me: "Toma-o e come-o, e ele tefará amargo o ventre, mas na tuaboca será doce como o mel". E tomeio livrinho da mão do anjo e comi-o;e na minha boca era doce como mel;e, havendo-o comido, o meu ventreficou amargo. E ele me disse:"Importa que profetizes outra vez amuitos povos, e nações, e línguas ereis."

O auxílio da Fraternidade

Em todos os tempos, os sublimesauxiliares da Gnosis, os servidoresda Fraternidade, têm descido dasesferas de Luz até a humanidadesofredora a fim de reconduzi-la aoscaminhos divinos. Diz-se que umanjo, um dos poderosos, um dos li-bertos, desceu do novo campo devida. Seu brilho solar é velado poruma nuvem para que sua radiaçãopossa ser suportada pelos mortaisque povoam a terra. No passado, foium homem como nós. Porém, per-maneceu no ardor purificador dofogo: suas pernas são como colunasde fogo.

Ele se tornou um filho da Luz. Seurosto brilha como o sol e o adorno deflamas ao redor de sua cabeça revela oespírito sétuplo que opera nas suassete cavidades cerebrais. O cande-labro de sete braços está aceso. Aenergia de seu misterioso poderemana dele e fende, com a força doleão, o "vale de lágrimas". Os setesons originais da Palavra perdidaressoam através de sua voz, à seme-lhança de trovões nos domínios danoite, despertando os mortais: elesvêem o mensageiro que segura oLivro aberto e que, mediante umgesto, difunde o Ensinamento. Seuspés estão pousados um sobre a terra eoutro sobre o mar, pois ele tem odomínio das esferas material e refle-

tora. "E as sete vozes falam."O primeiro reflexo do homem

nascido da natureza é o de semprequerer escrever, fixar o Ensinamentoem palavras, escrever livros. Mas avoz do outro reino faz umaadvertência: Não faças isso! Guardaem segredo a mensagem; assimila-a;realiza-a em ti; "toma o Livro edevora-o".

Nossos primeiros passos no cami-nho são dados em relativa calma.Sentimos uma certa alegria que dá àsnossas palavras uma certa suavidade.Mas quando o processo de assimi-lação do Ensinamento tem início epassamos à realização, surgem difi-culdades e oposições: estamos diantedo conflito. O Livro se torna amar-go em nosso ventre. O adversário, oser astral, tem de perder o seudomínio; o deus do santuário pélvi-co deve ser destronado. A vitória éconquistada apenas a esse preço.Uma vez libertos, seremos tambémcapazes de ajudar na libertação deoutros. Este é o ideal que nos une epara o qual estamos prontos a vertero sangue de nosso coração. É istoque nos torna rosacruzes.

A Direção Espiritual Interna-cional

1: Evangelho de Lucas 14:18-20.2: Epístola de Paulo aos Filipenses 1:21.3: Apocalipse de João 10:1-11.

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Diálogo entre a luz e a matéria

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Luz: — Tu te enganas, sombra. Nasdiversas formas que tomas, é a mimque eles buscam e desejam. E porquetu os cegas e os obscureces, eles nãopercebem sua essência. Sua essência éluz, assim como a minha é luz.Matéria: — Se fosse como dizes, porque, então, se agarrariam eles tanto amim, vivendo de mim e através demim? Por que teriam eles criado o seupróprio mundo? Sim, eles são serescriadores. Não foi sempre essa a tuavontade?Luz: — Eu queria que eles espalhas-sem minha luz, minha criação. Porém,eles criaram a aparência, a escuridão,na qual se perdem e permanecemcativos. E tu és essa escuridão!Matéria: — Tu me chamas, pois,"escuridão"?Luz: — Sim. Tuas formas são, de fato,ilusórias. Tu mesma és engano. Nãodeixas entrar a luz; estás fora da ver-dade e, por conseguinte, és irreal.Matéria: — Eu me sinto, contudo,muito real. O fato de estarmos con-versando já mostra isso.Luz: — Tuas inúmeras aparênciasmantêm o mundo. Porém ele é ummundo de sombras. Tu apenas existesgraças à "ausência de luz".Matéria: — Então, concede-me aqui-lo a que aspiro. Deixa que eu seja luz!

Luz: — Tu eras o Universo. Foi justa-mente esse pensamento, matéria, quecausou teu vir-a-ser, teu surgimento.Matéria: — Por que, então, me privasde tua luz? Não sabes, apesar de tudo,que este é meu maior desejo?Luz: — Naturalmente.Matéria: — Por que não realizas,então, o meu desejo? Quero ser comotu; luz!Luz: — Nas trevas, a chama de umavela é bastante útil. Então, por quequerer ser a chama de uma vela entreos raios do sol? Quem a acenderá?Sonhas muito alto, compreendes?Matéria: — Mas eu quero fazer partedo sol!Luz: — O sol já existe. Por que nãoaceitas simplesmente as possibilidadesque se encontram a teu alcance? Oque queres, pois, conseguir? Torna-teparte do todo – então permanecerásna luz e estarás ligada a tudo. Aban-dona tua vontade própria!Matéria: — Mas eu sou vontade pró-pria. Não me disseste isso tantasvezes? Pode a vontade própria entre-gar a própria vontade?Luz: — Existe um caminho, e tu o co-nheces… Já falamos dele muitas vezes.Matéria: — Pode haver outro cami-nho.Luz: — Tu o buscas há milhões deanos.Matéria: — Eu o encontrarei.Luz: — Ele não existe. Sabes muitobem que existe apenas um caminho.Crê em mim. Entrega-te a mim. Re-nuncia à aparência e à forma. Então teencontrarás na luz. Porém, nunca algopode ser a luz.Matéria: — Mas tu mesma és a luz!Luz: — Sou tudo em todos e, não

Luz: — Tens sob o domínio de tuas aparências mul-

tiformes os seres humanos que me pertencem.

Matéria: — Tu te enganas. Eu não retenho nada.

São eles que se agarram fortemente. Eles me dese-

jam e se apegam muito a mim. É que, como tu vês,

eles amam mais a mim que a ti.

A natureza jamais

poderá vencer o

Espírito, ela se

abisma sobre a

estática impertur-

bável. Mas se ela

conhecer o cami-

nho para se ofere-

cer ao Espírito, a

nova senda se ele-

vará sobre ela

como uma aurora.

Pentagrama.

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obstante, não sou. Quando já "não"fores, então tudo serás.Matéria: — Mas como se pode "não"ser?Luz: — Eu já te disse. Nada forces.Renuncia a ti mesma e confia-te amim. Somente então poderei con-tribuir para a tua libertação.Matéria: — Mas, se eu fizer isso, eunão existirei mais e me tornarei nada!Luz: — Escuta. A gota de água que caino oceano deixa de ser uma gota. Elase torna muito mais que uma gota!Chamar isso de morte não é umengano? Se levares em conta que agota se torna infinita, que ela éenvolvida pelo oceano… Ela somenteperde sua condição de gota. E ao mar,à união de todas as gotas, à plenitude,tu chamarias "nada"?Matéria: — Tenho medo.Luz: — De quê?Matéria: — De não ser, de nada ser.Luz: — Mas se te confias a mim, se tefundes em mim, então tu te tornas"tudo".Matéria: — Bem. Admitamos que sejaassim como dizes. Se assim fosse, en-tretanto, eu não poderia desaparecersimplesmente, mesmo que quisesse.São as formas das quais sou compostaque me fazem desaparecer. Não fales,então contra elas e nem contra mim!Luz: — Quando falo contigo, eu medirijo também a elas, pois as criaturase tu são um só.Matéria: — Antes, tu disseste que elassão tuas. E agora garantes que são mi-nhas. Tu te contradizes!Luz: — O fruto provém da semente.Matéria: — Está correto. Então achasque a semente provém de ti, que acasca provém de mim e com ela eu

posso ficar, não é?Luz: — Eu amo o fruto inteiro; nãoapenas a semente ou a casca. Emboraa polpa seja corruptível, ainda assimeu não separo a semente e o fruto.Matéria: — Queres, então, me privarde tudo? Queres para ti o fruto inteiroe a mim também? Confessa.Luz: — Sim, eu envolvo todas as par-tes do fruto. Mas não para destruí-las.Não esqueças que minha semente éamor. Os frutos, entretanto, se trans-formam. Eles se transformam nos fru-tos da árvore da vida que está no cen-tro. É lá que eu espero que venhas.Então, seremos unas.Matéria: Vou refletir sobre isso.Luz: Eu sei. Vou esperar.

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autor dinamarquês Johannes An-ker Larsen (1874-1957), cujo trabalhofoi traduzido para muitas línguas,descreve idéias que encontramos tam-bém nos conceitos da Rosacruz mo-derna e que podem ser encontradosigualmente na obra do místico JacobBoehme, do século XVII. Esses con-ceitos têm validade universal, pois são"herança" da humanidade.

Quem foi aquele que escarneceu dateoria da evolução chamando-a de"sufocante"? Que em seus romancesfalava do mundo "aberto" e "fecha-do", "do ponto e da curva"? Quemera esse escritor dinamarquês da pri-meira metade do século passado quedizia que a vida do homem destemundo era como usar roupas no aves-so ou caminhar sobre as mãos, ao in-vés do contrário?

Sem dúvida, Larsen pertence à listados escritores modernos cujos livros

são muito lidos no mundo. Seus ro-mances como Der Stein der Weisen (Apedra filosofal), Martha und Maria(Marta e Maria), e Rausch (Em-briaguês) são filosóficos e religiosos etornaram Larsen conhecido além dasfronteiras de seu país. Muitos co-nhecem sua autobiografia, Bei offenerTür (Pela porta aberta), escrita na ter-ceira pessoa:

"Era uma vez um jovem camponêsde Langeland. Ele queria ser pastor,mas não o foi. Antes, ele desejara serator, mas não o foi. A rigor, ele bemque teria sido um poeta, mas tambémnão o foi. Ele jamais teria desejado serdiretor, mas foi isso que ele se tornou.Contudo, ele se livrou disso. Duranteum longo tempo ele se sentiu entedia-do no mundo terrestre. Mesmo quan-do tudo corria bem, ele nunca se sen-tia verdadeiramente em casa. Per-manecia um imigrante provindo de

Dag Hammarskjöld

(1905-1961) foi o

segundo presi-

dente das Nações

Unidas, de 1953 a

1961. Em seus

cadernos pessoais

ele escreveu: "A

mais longa viagem

é aquela para o

interior".

Não podes brincar com o animal interiorsem te tornares o próprio animal, brincarcom a mentira sem perderes o direito àverdade, brincar com a crueldade semperderes a suavidade do coração. Quemquer ter um jardim bonito não reservalugar para ervas daninhas.

Dag Hammarskjöld em "Merkstenen"(Balizas)

Pela porta "aberta"!

A obra de Johannes Anker Larsen

O

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uma outra "vida", da qual estava tran-qüilamente consciente, e na qual sesentia perfeitamente à vontade. Cheiode esperança, ele aguardava o momen-to em que não teria mais necessidadede se esforçar para ser outra coisasenão aquilo que sempre fora."1

Larsen se considerava um membroda "desgarrada família dos explo-radores da eternidade". A citação aseguir nos mostra que ele não amava apalavrinha "eu". Em sua autobi-ografia espiritual, Pela porta aberta,ele diz francamente: "Nunca vi ohomem tornar-se tão avarento comoquando usa a palavrinha ‘eu’." Desdea juventude ele tinha o sentimentoprofundo da eternidade. Ele a experi-mentava como uma realidade presente"dentro dele" e ao mesmo tempo aoseu redor. De tempos em tempos,acontecia de a eternidade demonstrar-se nele como um sol tão bom e pro-fundo que ele se esquecia de que exis-tia um outro mundo à sua volta.

Seus romances apresentam umatendência claramente gnóstica. Comoum sopro benfazejo, a idéia daexistência de dois mundos percorre os

seus contos cintilantes de vida. Nelesdescobre-se o grande interesse comque Larsen propaga o ensinamentodas "duas ordens de natureza", queele designa como "o aberto" e "ofechado", magnificamente ilustradonum fragmento de seu últimoromance intitulado Hansen, cujasemelhança com as concepções deJacob Boehme é notável.

"O velho professor Hansen, apóslongo e fatigante passeio estival, caiadormecido e, ao despertar, descobreque se encontra em um mundo claro epuro. Em dado momento, ele pro-nuncia o ‘Pai Nosso’ e se pergunta oque poderia significar: ‘Seja feita a tuavontade’. Ele reflete sobre certasrespostas, sem chegar a nenhuma con-clusão. E permanece em um estado dequestionamento, privado do todopensar. Então, algo lhe acontece: ele vêuma imagem surgir. Ele sabe que essavisão não passa de uma imagem, en-tretanto compreende que ela ocultauma profunda realidade. Isto se passado seguinte modo: ele vê um solvivente, símbolo da eternidade, a luzque brilha nas trevas. Essas trevas se

J.Anker Larsen

(1874-1957).

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estendem por toda parte onde os raiosda luz não chegam. Ele compreendeque ao mesmo tempo essas trevas nãotêm uma existência real e são tão-somente uma resistência à luz! Sim,ele vê isso claramente: essa oposição àluz criou o mundo tenebroso, a mora-da do gênero humano, um mundofechado, em realidade, uma prisão. E éisso que Hansen compreende dessaimagem."2

Jacob Boehme diz a mesma coisa deuma outra maneira em Aurora. Estáclaro que ambos tiveram a mesmavisão. Boehme escreveu em 1612: "Ainteira casa deste mundo, constituídade substância visível e tangível, é aantiga casa de Deus ou o antigo corpoque, antes do tempo da cólera, estevena claridade celeste. Mas quando odemônio despertou a cólera nestacasa, ela tornou-se a casa da cólera eda morte.”3 Desde então, as ondas dacólera se opõem à mansidão e asondas da mansidão se opõem à cólera.Elas formam dois reinos diferentes nomesmo corpo do mundo.

Um pouco mais adiante, ele es-creve: "Agora, quando contemplas as

estrelas e o espaço, assim como a terra,vês com teus olhos corporais apenas oantigo corpo que jaz na morte.”4 Onascimento exterior neste mundo damorte não pode compreender o nasci-mento no mundo celeste. Esses mun-dos estão um diante do outro assimcomo a vida diante da morte, comoum homem diante de uma pedra. Ora,há uma fechadura entre o céu superi-or divino e nosso mundo da cóleraonde reina a morte. Portanto, estandoaferrolhada essa fechadura, surge umabismo entre esses dois mundos.

Em nossa época, Jan van Rijcken-borgh explica o mesmo princípio dosdois mundos opostos e separados emO advento do novo homem: "Todaentidade que se desenvolve dentro dosetenário cósmico, está estreitamenteligada à fórmula fundamental de vidadeste planeta. Quem de alguma formase opõe a essa lei de vida fundamental,produz uma vibração que suscitaresistência imediata por parte dasforças naturais fundamentais. Comoque de modo automático, essas forçasnaturais emitem uma corrente eletro-magnética que envolve e prende a en-

O romance Heilig-

ung (Santificação),

edição do início do

século XX e a no-

vela Der Bruder

(O irmão), edição

do início do século

XXI.

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tidade rebelde a fim de que ela já nãopossa ter iniciativa nem viole a lei.Assim, ela é mantida em um ‘todo iso-lado’, para ficar protegida de si mes-ma."5

Ao refletirmos sobre isso, reco-nhecemos a verdade das palavras deJacob Boehme quando diz que Deusfez de nosso campo de existência umtodo isolado, onde a humanidadedecaída não cessará de girar em umincessante "subir, brilhar e descer" atéo dia de sua própria libertação.

Quando esse dia chega para qual-quer criatura – como aconteceu aHansen – e ela se abre ao "aconteci-mento divino", nela tem início umprocesso de purificação que podemosdefinir como "a remissão, e o perdãodos pecados".

Quando Hansen sente que per-tence a um outro campo de vida, umirmão do Graal lhe aparece, e ambosse dirigem para o oriente, ali onde aluz do novo dia se torna cada vez maisforte. De repente um novo sol enche oespaço diante deles: uma luz vivente,uma luz áurea flamejante. Hansen vêalgo mover-se diante de si. Olhando

melhor, percebe que são sereshumanos como ele, mas que pouco sedistinguem do fogo vivente. Esse fogovivente irradia através deles, tudoneles se torna visível e nada podemesconder. Hansen interroga o irmãodo Graal que lhe explica que esseshomens atiraram ao fogo os velhosandrajos: idéias e ações que lhes per-tenceram e com as quais já não queri-am ter nada a ver. Eles as arremes-saram às chamas para que quei-massem e fossem aniquiladas. Esseoceano de fogo é o "todo amor", portrás do qual se encontra a "vida".

Aquilo que habitualmente denomi-namos vida é na realidade um proces-so de nascimento progressivo atravésda experiência da dor e da alegria. É,portanto, um caminho de experiên-cias. O próprio Hansen deve aí per-manecer por algum tempo, de acordocom seu guia. Após ter meditadosobre seus pensamentos e seus atos,ele nota que estes o deixam frio, aindaque outrora ele tivesse sentido remor-so e pesar. "Esses são os velhos andra-jos," diz o irmão do Graal.

Hansen declara que jamais passoupelo fogo do "todo amor". O irmãosugere que ele possui algo desse fogoem si mesmo. "Disto eu nada sei,"responde Hansen, ao que o irmãoretruca: "Quanto menos se tem cons-ciência disso, mais esse fogo age pura-mente. Deixa tranqüilamente queesses velhos trapos se consumam eque o vento disperse suas cinzas. Istoé o que se chama "remissão dos peca-dos".

"O perdão dos pecados!" exclamaHansen. Essas palavras o surpreen-dem de modo extraordinário. Elaspercorrem todo o seu ser, iluminamsua alma e seu corpo, têm o efeito deum bebida libertadora, como se con-tivessem uma força vivente.

No romance de Larsen, esse contose intitula Der Bruder (O irmão), eocorre na natureza superior. Penetra-do por esse acontecimento, ele desco-bre, no fundo de seu ser, "algo" de

Anker Larsen em

sua casa, na Dina-

marca.

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superior que estava latente. Esse algoé uma força que o impulsiona a seguirum caminho para uma meta gravadadentro dele desde a origem. O queAnker Larsen denomina "algo"chamamos de átomo-centelha doEspírito no coração do microcosmo."O que nós denominamos vida co-mum não passa de um processo denascimento através das experiênciasde felicidade e de dor", diz o irmão doGraal a Hansen. Jacob Boehme e Janvan Rijckenborgh dizem exatamentea mesma coisa. Este último declara,em As núpcias alquímicas de Chris-tian Rosenkreuz: “A obra de Deuspara a humanidade ainda não está ter-minada; a humanidade encontra-seem eterno devir. O dia da realização,o Grande Dia de Deus, somente teminício quando um homem começa aformar para si uma nova alma.”6

Em Da vida suprasensível de Jacob

Boehme, um aluno pergunta por queDeus permite tantas lutas no mundo.E é-lhe respondido: "As lutas da vidaexistem para conduzir à revelação e àexperiência, e que por fim a sabedoriaseja reconhecida, a fim de servir à ale-gria eterna da vitória."7

1: Larsen, J. A., Bei offener Tür.2: Larsen, J. A., H. Hansen, 1949.3 e 4: Boehme, J., Aurora, 1620.5: Rijckenborgh, J. v., O advento do novohomem, São Paulo: Lectorium Rosicru-cianum, Brasil,1988, p. 111.6: Rijckenborgh, J. v., As núpcias alquímicas deChristian Rosenkreuz, v.2., São Paulo: Lecto-rium Rosicrucianum, Brasil, 1996.7: Boehme, J., Da vida suprasensível em Ocaminho para Cristo.

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Fazei o trabalho que o caminho requer de vós, como pesqui-

sadores ou alunos da Rosacruz, a serviço da grande obra.

Não o façais para vós mesmos, mas sim porque vosso amor

vos diz que isso deve ser feito. Não penseis em vosso próprio

adiantamento espiritual, nem especulai sobre a promoção

interior, porque eles virão a seu tempo e na hora exata. Não é

verdade que "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes

de lho pedirdes", como disse Cristo?

(A neutralização da vontade e do desejo,

de J.van Rijckenborgh, p.7)