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ART IT Entrevista com Andre Arruda Conheça a biografia de Lucian Freud A dança por dançarinos! Compilação de textos escritos por bailarinos sobre o que é dançar para eles. Nº 69 R$ 25,00 Novembro/Dezembro 2013 www.artit.com

Revista Completa ART IT

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ART IT

Entrevista com Andre Arruda

Conheça a biografia de Lucian Freud

A dança por dançarinos!

Compilação de textosescritos por bailarinos sobreo que é dançar para eles.

Nº 69R$ 25,00Novembro/Dezembro 2013

www.artit.com

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SumárioCarta aos leitores

Entrevista Andre Arruda

Lucian Freud

Mise en scéne

Conhecer para atuar

Eduardo Saron

O fotógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo.

Cid Costa Neto

Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.

A importância de estudos e pesquisas na formulação de políticas públicas para a cultura.

Ana Letícia Fialho e Ilana Seltzer Goldstein

Compilação de textos escrito sobre a dança por bailarinos.

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Cinema para quem precisa

Quando o todo era mais do que a soma das partes

George Kornis

Arte , cultura e seus demônios O direito ao teatro

Música, dança e artes visuais

Uma análise contemporânea sobre as manifestações culturais e suas representações.

Ana Angélica Albano

O cinema como via de inclusão social nas comunidades do Rio de Janeiro pós UPPs

Francisco Alambert

Teatro de direito e direito ao teatro. Dois lados de uma mesma moeda?

Sérgio de Carvalho

Aspectos do trabalho artístico em discussão em tempos de lei do patrocínio

Liliana Rolfsen Petrilli Segnini

Álbuns, singles e os rumos da música gravada contemporânea

Marcia Tosta Dias

As especificações do mercado de artes visuais no Brasil do século XXI.

Isaura Botelho

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Entrevista: Andre Arruda

Carioca, formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Audiovi-

sual, o fotógrafo Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal

do Brasil e O Globo. Atualmente trabalha na área publicitária e editorial, mas sem

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Entrevista

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Entrevista: Andre Arruda

Claudia Francis, no “Fortia Femina”.

deixar de lado o trabalho autoral, onde tem liberdade de expressar sua criatividade

em ensaios como o Fortia Femina e no livro 100 coisas que cem pessoas não vivem

sem. Suas fontes de inspiração são as mais váriadas.

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Entrevista

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Como foi o seu primeiro contato com a fotogra-fia e como foi a decisão de se profissionalizar?

AA. Meu pai tinha uma TLR BeautyFlex, im-itação japonesa da Rolley, e fiz algumas fotos com ela quando criança. Cheguei inclusive a tentar fazer uma estória em quadrinhos com avioes da II guerra, modelos de montar Revell, que é claro, não ficaram técnicamente boas. Me lembro até hoje da imensa sensação de dificul-dade daquela tarefa. Um dia a câmera pifou e não tinha conserto. Como a família não tinha recursos, ficou-se sem equipamento mesmo. Depois, somente na faculdade tive contato com fotografia, numa aula de fotojornalismo. Nos foi mostrada uma série de fotos de HCB e aque-la imagética foi como se eu tivesse aprendido uma língua nova instantaneamente. No curso de jornalismo comecei a me interar da fotogra-fia e pouco tempo depois resolvi ser fotógrafo.

Mal sabia da fria em que estava me metendo.

Como surgiu a oportunidade no meio editorial?

AA. Antes tive um experiência amarguíssima. Fui em um determinado jornal levando meu hu-milde portifolio, basicamente um ensaio sobre Copacabana. Depois de dias tentando, consigo uma hora para conversar com o editor. Chego lá, quem me atende é um coordenador, que abre a pasta, folheia as fotos com o desdém de um del-egado de polícia, e ainda vira pro lado, falando com outra pessoa: “O teu vascão ontem, hein?” Joga a pasta na mesa e diz secamente: “Serve não”. Volto pra casa com a pasta “pesando uns 100 kg” e com uma decepção knock down. Uns dois anos depois, já na lida do jornalismo, en-contrei o sujeito do “serve não” numa cobertura qualquer e o pessoal foi almoçar e ele não tinha grana: acabei pagando o almoço dele. O ensaio

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Entrevista

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Layout em páginas abertas do livro “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”.As atletas e apresentadoras de TV Bia e Branca Feres e seu fusca cor de rosa.

que não serviu ganhou um prêmio na Funarte, outro da UFF e foi publicado em quatro páginas na Revista de Domingo, do JB, o principal en-carte do Rio naquele tempo.

Mas voltando: Um amigo trabalhava no ex-tinto Jornal do Brasil e disse que tinha vaga lá. Marquei uma hora com o editor, o caladís-simo Rogério Reis, que viu o portfolio “inútil” e me admitiu. Depois de um ano tentando en-trar lá, consegui. Ainda tive a sorte de estar no fim da era de ouro do fotojornalismo, que no JB era capitaneado pelos editores Rogério Reis e Flavio Rodrigues, um período intenso e de muita cobrança, de salários baixos mas de muita criatividade, onde a editoria de fotografia era composta por um time de feras. Impos-sível não ter saudade daquela época, onde nem se sonhava com a internet. Fiquei lá de 92 a 98 e em outro jornal de 98 a 2000, mas nun-ca me senti o repórter per se, sempre gostei de features, de fotografia mais “pensada”.

Qual a importância de um trabalho autoral para quem trabalha apenas comercialmente?

AA. É fundamental, absolutamente. Eu creio – na maioria dos casos - o trabalho comercial deve financiar o trabalho autoral, pois este irá nortear a carreira do fotógrafo. O fotógrafo deve estar atento para não se tornar mais uma peça dentro do mercado.

Como é a concepção do trabalho autoral e como funciona o seu processo de criação?

AA. No momento tenho dois trabalhos de minha inteira con-cepção, “Fortia Femi-na” e um livro chamado “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. O “Fortia” é um ensaio sobre mulheres

adeptas da musculação, em preto e branco, de viés livre de publicação ou lucro. São imagens que não residem num limbo preferencial: ou se ama ou se odeia. Até agora não vendi uma úni-ca cópia para coleção. O “100” nasceu da idéia

“Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas pro-porções e me encantou como o relevo e o volume dos corpos “respondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso.”

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Entrevista

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de fazer um livro de retratos, mas não queria um tomo que fosse um compilação de fotos de gente, isso o medium visual está repleto e sin-ceramente acho repetitivo e um tanto tedioso. Como toquei baixo muitos anos, tive bandas e escrevi muitas letras, creio que títulos/temas são tão importantes quanto a obra. Nome é desti-no. Comecei a brincar com a idéia de número, de rima, de ritmo, de pessoas e que o conceito de uma pergunta instigaria o leitor. Depois de muita elocubração, veio o título, cujo paradoxal conceito é “arqueologia instantânea”, conhecer um pouco as pessoas pelos seus objetos. E des-de agosto de 2005 venho fazendo o “100”, um desafio logístico muito pesado. E bancado inte-gralmente por mim.

“Fortia Femina” na-sceu antes, em 2003, 2004. Zapeando, paro em uma transmissão de um campeonato Mr. Olimpia, creio, e vi mul-heres na competição. Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas proporções e me encan-tou como o relevo e o volume dos corpos “re-spondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso. Então com-ecei a pensar numa série de fotos de nu, sem grandes compromissos, mas que fosse distinta do que havia visto até então.

Um ensaio, um trabalho, deve ser adequa-do às condições de quem o elabora. Adotei o fundo branco para o “Fortia” pela facilidade do suporte (papel branco, pano branco, parede branca existe em qualquer lugar) e pela leveza que o branco fornece ao conteúdo, que talvez seja uma herança do meu tempo de garoto, quando pensava em ser desenhista, cartunista. Sou fanático pelas ilustrações a bico de pena e gravuras de Da Vinci, Vesalius e Henry Gray so-bre a anatomia do corpo humano; descobri que me influenciaram bom tempo depois de estar fazendo o Fortia Femina. O “100” também é em fundo branco, retrato e objeto, mas em conjun-to com outra inspiração agregada, que são os catálogos de produtos, tão comuns em jornais. Como vivemos em uma época “catalogal”, onde somos reduzidos perfis e frases definidoras, o “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem” é um comentário – pretenso – sobre este nosso tempo. Zeitgeist.

Você busca inspiração em outras mídias, como quadrinhos, música e cinema. Porque conside-ra isso tão importante?

AA. Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. Todo o tipo de manifes-tação me atrai. Na literatura ‘O Estrangeiro’, de Camus, teve um profundo impacto quando li. Outro fantástico observador é William Gibson, autor do termo cyberspace em “Neuromancer” e de “Reconhecimento de padrões” um livro importante para qualquer pessoa que trabalhe com imagens; que aliás tem uma tradução efici-ente em português brasileiro. Toquei baixo por uns oito anos e até hoje tenho o instrumento, embora quase não toque. A música desem-

penha um papel funda-mental na minha vida, tanto ou mais quanto o cinema; meus mais an-tigos amigos vêm da música. Não vejo, por exemplo, chance de ter uma namorada que tenha um gosto musical muito diferente do meu. Música é alma. Ouço de

Slayer à Cole Porter, passando por bossa nova, industrial, alguns eletrônicos, rock, heavy met-al e muita black music dos 50, 60 e 70. Refuto qualquer discurso que relativise a cultura e a educação e que enalteça o mero empirismo de processos na formação. Aproveito da máxima socrática: “quanto mais sei, mais sei que nada sei.” Quando vou editar um trabalho meu, sem-pre procuro se há algo bom. Inicialmente, acho tudo medíocre, apressado e raso. Sempre pode ser melhor...

Além das questões gráficas, o ensaio Fortia Femina lida com um tabu da estética feminina. Como foi a recepção desse trabalho?

AA. Amor ou Repulsa. Já me disseram que Fortia Femina está à frente do tempo dele. Não sei e não procuro me preocupar com isto. Hoje a estética da mulher muscular é um fator presente na sociedade, uma tendência desde os anos 80, quando explodiram as academias de ginástica e as “aulas de jazz”, que mistura-vam dança com exercício físico pesado. Fausto Fawcett, um excelente pensador pop, até cita na letra de “Facada Leite Moça” a frase “coxas de quem faz jazz”, no fim dos 80. Cabe ao au-

“Com uma platéia tão grande foi a primeira vez. Gostei muito da ex-

periência, embora tenha achado, com o benefício da distância, que a apre-sentação foi um tanto exagerada em

alguns aspectos.”

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Entrevista

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“Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebri-

dades.”

por Cid Costa Neto

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Entrevista

tor suscitar e abrir questões. E isso não vem de graça, sempre se paga um preço.

Existe um projeto para publicar o Fortia Fem-ina?

AA. O livro em tese está pronto, como fotos já tratadas e prontas para edição, mas falta uma editora com coragem para abraçar o projeto.

Durante o Nu Photo Conference você realizou um ensaio ao vivo para uma platéia de 300 pessoas. Como foi essa experiência? Já tinha feito algo parecido?

AA. Com uma platéia tão grande foi a pri-meira vez. Gostei muito da experiência, embo-ra tenha achado, com o benefício da distância, que a apresentação foi um tan-to exagerada em alguns aspec-tos. Foi um desafio redobrado porque aconteceu diferente do planejado. A minha proposta inicial seria verdadeira sessão do Fortia Femina mas a mod-elo, uma atleta, desistiu. Então propus que fossem duas modelos e parti do zero. Gostei muito de uma imagem resultante daquela sessão.

Durante a sua palestra você citou a importân-cia de usar o fotômetro de mão. Com o digital, muitos fotógrafos da nova geração dispensam o seu uso. Porque você acha que isso acontece?

AA. O fotômetro é um símbolo. Quis ressal-tar a importância da técnica, da pesquisa e do estudo constante. Não existe fotografia “fácil” e quem está começando não deve crer em soluções simplórias, como se a fotografia fosse uma série de “macetes” que resolvem qualquer situação. Todos os fotógrafos de cinema, cuja fotografia é exponencialmente mais complexa que a still, usam fotômetro, mesmo os fotógra-fos com 30, 40 anos de experiência. É saber in-terpretar, usar a luz e não ser refém dela. Não creio que o fotografo deva se ater a fórmulas e resoluções fixas; quanto mais conhecimento, melhor; é quase pueril falar isso, mas há quem acredite que a fotografia é simples, quase in-tuitiva e o Photoshop resolverá tudo depois. O que interessa mesmo é a luz (saber iluminar) e a direção. A câmera, desde que seja manu-al, minimamente boa e gere arquivos RAW, re-

solve a maioria dos casos. A grande diferença entre uma câmera Pro e a amadora é que a Pro tem resistência e robustez. Tenho uma objetiva 70-200 2.8 que deve ter uns 10 anos e funciona muito bem, apesar de algumas “cicatrizes”, arra-nhões na lente e marcas de uso.

Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção?

AA. Vários me influenciaram e influenciam. Seria injusto nomear alguns, então fico com o meu trio sagrado, Cartier-Bresson, Avedon e Helmut Newton. E Sebastião Salgado, claro, por ser o maior fotógrafo vivo e por sua visão e so-bretudo planejamento. Até o momento acredi-to que nenhum fotógrafo tem ou terá uma obra como a dele.

É mais complicado ou mais fá-cil fotografar celebridades?

AA. Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades. Em geral a fotografia, para a

maioria das “celebridades”, é uma atividade aborrecida e que elas querem se livrar o mais rápido possível. Mulheres respondem muito bem a locação, com homens creio que uma cer-ta tensão desenvolve melhor. A mulher tem que ser seduzida o tempo inteiro.

Quem você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade?

AA. carlett Johansson, atriz; Yelena Isinba-yeva, atleta e Angela Gossow, cantora da banda de heavy metal Arch Enemy. Aqui, Roberto Car-los, o cantor.

O que você diz para quem quer seguir a carrei-ra de fotógrafo ou está começando?

AA. Persista. Mais do que nunca fotografia está difícil como negócio rentável. Somente quem tiver talento, senso de oportunidade e principalmente um manifesto sincero de idéias perante o mundo poderá ter sucesso. E procure fazer vídeo também. O futuro caminha inex-orável para a imagem em movimento.

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por Rafaela Chmura

Mise en scène

“Quer ver um bailarino

feliz? Procure uma platéia

arrepiada. Nada supera

o sensação de conseguir

transmitir um sentimento

aos outros com tanta ver-

dade que os deixem ar-

repiados e os faça sentir

o mesmo que você.”

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Bailarinos são pessoas diferentes. Nós vemos no movimento uma forma de dar ao nosso cor-po o que ele precisa e não encontra em nen-hum outro lugar.

De alguma maneira encontramos na dança a válvula de escape para os sentimentos que não conseguimos transformar em palavras nem ex-pressar de nenhuma outra forma. Encontramos, do nosso jeito, como tocar o mundo, como, memso que por um momento ter importância e influência na mente e no coraçãos das pessoas, ou, como nós gostamos de chamar, da platéia.

Apesar de compartilharmos o mesmo amor, cada dançarino tem sua peculiaridade, seu mo-tivo, seu sentimento, sua história e o que tudo aquilo representa pra ele. Por isso, decidimos invadir um pouco desse mundo pessoal de cada artista pra descobrir um pouco mais sobre esses sentimentos peculiares a cada um.

Aqui vamos encontrar cada bailarino con-tando um pouco sobre o que a dança faz com ele. Isso mesmo “faz com ele”, porque dançar

tranforma alguma coisa dentro de você, cria um borbulhar, uma ebulição, que sai de você a cada movimento e toca o público. Quer ver um baila-rino feliz? Procure uma platéia arrepiada. Nada supera o sensação de conseguir transmitir um sentimento aos outros com tanta verdade que os deixem arrepiados e os faça sentir o mesmo que você.

O que você lerá a seguir são textos escritos por dançarinos apaixonados pelo que fazem tantando mostrar e passar um pouco do quão incrível dançar pode ser.

Os textos foram escritos por profissionais da área de jazz, ballet, sapateado, hip hop, dança moderna e dança contemporânea.

Leia pronto para se surpreender e para entrar no mundo do teatro. Queremos proporcionar à todos a experiência de estar em cena e de fazer arte com o próprio corpo.

Aproveitem nosso mise en scène!

Capa

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Balança minha alma, sacode minha mente, abala meu humor, destrói minha sanidade. Faço porque amo, porque gosto, porque preciso, porque não vivo sem. Faz parte do meu dia, da minha rotina, da minha pele, do meu cor-po. Quando danço sinto cada partícula do meu corpo em harmonia com a minha mente, com a minha áurea. Cada gota de suor me faz lem-brar que tem solução, que eu posso. Cada sus-piro é a válvula de escape da minha panela de pressão. Me refaz, me desfaz, me constrói e me reconstrói. Masoquista ou não, dor faz bem, ME faz bem. Dor faz com que eu me sinta viva, me faz saber que eu posso mais e que ainda posso dar cada célula do meu corpo para o chão do palco em troca de vida. Dançar é a minha vida.

Figurinos são minha segunda pele. São o ‘’eu’’ que eu entro ao entrar em cena. Me trans-formo, não conheço ninguém que me assiste, só vejo uma luz ofuscante nos meus olhos que me diz: agora é a hora. Entrar em cena é algo inexplicável, sair sabendo que você deu tudo que havia dentro de você e que seus braços

e pernas ficaram espalhados pela platéia que aplaude de pé, está além da sensação que qualquer droga pode te proporcionar. Nada dá errado no palco, o teatro é um santuário que te impede de sentir qualquer coisa ruim. Quebrar o pé ou qualquer outra coisa que aconteça em cena não te impede de continuar dançando ou de entrar para mais 1, 2 ou 100 coreografia, a dor só vem depois, dançar é analgésico, estar em um palco é surreal.

Posso usar todas as milhões de palavras de todos os dialetos para tentar explicar o que tento dizer, mas não conseguirei. Estar na cox-ia vestida de sapo, de princesa, de boneco de neve, de biscoito, de qualquer coisa, escutando os últimos segundos da música que antecede a sua, é deslumbrante, mas sair sabendo que fez o seu melhor e que tudo(inevitavelmente) deu certo, é indescritível. Só sabe quem dá a cara a tapa mas dá tudo de si mesmo, quem sente dor, quem se entrega, quem vive, e mais que tudo, quem DANÇA.

Desmembro

por Rafaela Chmura

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O meu voo é dançar

por Patrícia Rivero

O meu voo é calmo,paciente,delicadoe exige muita dedicação.

O meu voo é a minha terapia,minha nostalgiauma das melhores formas de sentir alegria.

O meu voo é a minha fuga da realidade.E além de felicidade,faz com que eu sinta liberdadede voar.

O meu voo é expressão.É interpretação.É paixão e emoção.

O meu voo é sentir os sentidos.Tocare ser tocada.

O meu voo é uma loucura.É andar, comere viver sempre com postura.

O meu voo é tão eficazque, por vezes, é o único capazde me trazer paz.A paz que eu preciso.

O meu voo é suado,cansado.Mas, acima de tudo, muito amado.

O meu voo acredita no amanhã.Acredita na evoluçãoE na superação.

O meu voo é especial.É fundamental.É essencial.

O meu voo não tem asas,mas tem música, tem sorrisose tem sonhos.

O meu vooé na ponta dos pés...

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Capa

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Ser bailarina, bom, ser bailarina é ser leve, ser fina, ser fria e mesmo assim encontrar nes-sa frieza o calor que nos aquece e que nos dá forças para fazer cada aula, para ir a cada en-saio, para continuar lutando por aquele sonho que as vezes parece impossível.

Ser bailarina é ver no palco, na dança e em cada gesto uma saída de emergência para o té-dio, para a tristeza e para a monotonia do dia a dia da vida.

Amar ballet, amar dançar, amar cada músi-ca, cada exercício, cada dor de aquecimento que sabemos que vem para um bem maior, um bem que ninguém mais entende, mas que é o NOSSO bem.

A academia é nosso refúgio, a aula é nosso

lazer, nossas amigas de aula são uma raça, um tipo, um estilo, um grupo, um conjunto, uma união, um CORPO DE BAILE. Nossos profes-sores, nossos mestres que nos passam o que queremos saber, que torcem por nós quando nós mesmos não estamos torcendo, que nos ensinam mesmo quando nós não nos sentimos capazes de aprender.

Dançar não é um hobbie. Coitados dos que pensam assim, nunca vão ter o privilégio de entender. Dançar é uma vida, é um presente, é uma ideia, é um pensamento, é uma teoria, é o ar de uma bailarina, é a vida de um dançarino, é a minha vida.

Ser bailarina é amar e saber expressar esse amor com a mais linda das artes: a dança.

Bailarina

por Rafaela Chmura

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Capa

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Lucian Freud

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Biografia

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Lucian Freud is considered one of Eu-

rope’s greatest modern artists. He

painted unsettling portraits and nudes

in drab rooms, with peculiar focus on

the texture of their flesh. Freud was the

grandson of Sigmund Freud. He moved

to Britain from Germany with his family

in 1933 to escape persecution as a Jew.

He spent most of his working life in Lon-

don’s Paddington, saying that its sleazi-

ness appealed to him.

Girl with a white dog, Lucian Freud

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Biografia

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Who is Lucien?

Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Mor-ris’s East Anglian School of Painting and Draw-ing in Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Paint-er’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is

autobiographical, it’s all to do with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous se-ries of portraits of his mother, portraits of fel-low painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works includ-ing Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’.

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Agradecimentos

Biografia

Freud’s early works, like Girl With A White Dog, were very controlled and formal. Over time his style changed and his later painting were main-ly nudes, using coarse, layered dabs of paint to create skin texture. The figures in Freud’s paint-ings often look distant and depressed. However he had a close relationship with his subjects and claimed his pictures are “to do with hope and memory and sensuality”. One of his best known

paintings, Benefits Supervisor Sleeping, was re-portedly bought by Russian billionaire Roman Abramovich for $33m at auction. This was a re-cord at the time for a living British artist. Freud provoked public outcry with a portrait of Her Majesty Queen Elizabeth II. Many people said the painting made her look old and unhappy. The Queen refused to comment.

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Lucien biography

British painter and draughtsman. Freud spent most of his career in Paddington, London, an inner-city area whose seediness is reflected in Freud’s often sombre and moody interiors and cityscapes. In the 1940s he was principally inter-ested in drawing, especially the face. He experi-mented with Surrealism. He was also loosely as-sociated with Neo-Romanticism. He established his own artistic identity, however, in meticulously executed realist works, imbued with a pervasive mood of alienation. Two important paintings of 1951 established the themes and preoccupa-tions that dominated the rest of Freud’s career: Interior in Paddington (Liverpool, Walker A.G.) and Girl with a White Dog (London, Tate). Both paintings demonstrate an eagerness to estab-lish a highly charged situation, in which the artist is free to explore formal and optical problems

rather than expressive or interpretative ones. By the late 1950s brushmarks became spatial as he began to describe the face and body in terms of shape and structure, and often in fe-male nudes the brushstrokes help to suggest shape. Throughout his career Freud’s palette remained distinctly muted. A close relationship with sitters was often important for Freud. His mother sat for an extensive series in the early 1970s after she was widowed, and his daughters Bella and Esther modelled nude, together and individually. Although the human form dominat-ed his output, Freud also executed cityscapes, viewed from his studio window, and obsessive-ly detailed nature studies. The 1980s and early 1990s were marked by increasingly ambitious compositio

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Considerações finais

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