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Revista Conexão #4

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Revista da Fachesf - Fundação Chesf

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índice

Ponto de Vista | 6Clayton Paiva

Especial | 8Chega de empurrar com a barriga

Educação Previdenciária | 13Quando aprender é o melhor negócio

Artigo | 17 Rogério Cardoso

Seu dinheiro | 18Malabaristas do orçamento familiar

Artigo | 22Maria Elizabete Silva

Teste | 23Você sabe tudo sobre previdência?

No consultório | 25 Longe de casa

Pergunte ao doutor | 29 Os perigos da estação do sol

Foco no participante | 30Uma mãe rock’n roll

Central de Relacionamento | 3324 horas com você

Fachesf-Saúde | 35Um salto para a qualidade de vida

Artigo | 38Geraldo von Sohsten

Mundo Animal | 39

Eles têm o dom de guiar

Artigo | 42Synara Rillo

Cultura e Lazer | 43Capivara que corre para o mar

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] Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional

[Editora Geral] Laura Jane Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Fotografia] Acervo Fachesf [Estagiária de Jornalismo] Gabriela Santana [Colaboraram nesta edição] Aline Menezes, com as matérias: Malabaristas do orça-mento, Longe de casa e Capivara que corre para o mar. Rakel Azevedo, produção, fotografia e textos.

[Comissão de Pauta]Laura Lima, Nathalia Duprat, Valcenir Lisboa, Wanessa Cysneiros, Rômulo Siqueira.

[Tiragem] 11 mil exemplares

[Redação] Rua do Paissandu, 58 – Boa Vista Recife – PE | CEP: 50070-210Telefone: (81) 3412.7508 / 7509[E-mail] [email protected]

Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Clayton Ferraz de Paiva · Presidente Luiz Ricardo da Câmara Lima · Diretor de Adm. e Finanças Robstaine Alves Saraiva · Diretor de Benefícios

[Projeto Gráfico e Diagramação] Corisco Design | Fátima Finizola [Ilustrações] Damião Santana (p. 8-12), Eugênio Lima (p.38 e 42), Juliana Lisboa (p. 12-16, 18-21 e 35-36) e Leandro Lima (p. 22, 24-27, 33-34).

[Impressão]Gráfica Santa Marta

* Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf.** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail [email protected].

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editorial

[Nasce uma ideia, cresce uma parceria]

Esta edição abre oficialmente as atividades de 2010 da Conexão Fachesf. E como é bom começar um novo período de trabalho! É como inaugurar um caderno cheio de páginas em branco ou como um passaporte recém-emitido, no qual poderemos registrar novas e grandes aventuras. Enfim, come-çar o ano é ganhar, de fato, uma oportunidade de fazermos mais e melhor, em todos os sentidos e aspectos de nossas vidas.

As primeiras páginas desta edição seguem essa linha e dão o tom das grandes possibilidades, através da matéria intitulada Chega de empurrar com a barriga. O texto aborda a procrastinação, que, embora tenha esse nome tão estranho, é algo bem conhecido por nós: o tal costume de jogar para frente aquilo que podemos fazer hoje, desde coisas simples, como um telefonema, até assuntos decisivos e vitais, como saúde e previdência. A ma-téria alerta para o fato de que, sim, estamos com uma nova oportunidade em mãos para fazermos, hoje, aquilo que já deveríamos ter feito. E que o tempo voa nas asas desses dias acelerados, que não param.

A Conexão também traz uma entrevista especial com o presidente da Fachesf, Clayton Ferraz de Paiva, que comenta diversos temas de interesse dos Participantes e uma matéria sobre o Progra-ma de Educação Financeira e Previdenciária que a Fundação acaba de desenvolver, seguindo as orientações da Superintendência Nacional de Pre-vidência Complementar (Previc).

Já que a época é de planejar, a revista também dá uma mãozinha àqueles que não têm tanta desen-voltura para organizar o orçamento familiar. Refle-xo do atual contexto social e cultural no qual es-

tamos inseridos, a nova família brasileira funciona com uma estrutura diferenciada, em que, muitas vezes, filhos, noras, genros e netos são inseridos, sem que o rendimento que vai prover toda essa turma tenha seguido o mesmo crescimento. O que fazer para adaptar a mesma verba para tanta gente sob um mesmo teto? A Conexão Fachesf dá algumas boas alternativas. Nos assuntos relativos à saúde, falamos do Mal de Alzheimer, que atinge mais de 25 milhões de pes-soas em todo o mundo, e os perigos do câncer de pele, sobretudo na época de verão, quando os ter-mômetros passeiam pela casa dos 35 graus.

Como de costume, trazemos ainda grandes histó-rias, a exemplo da corajosa Participante aposen-tada Marlusa Tenório, que dedicou os momentos mais importantes da sua vida ao filho André Gus-tavo, enfrentou as dificuldades da adaptação pós-aposentadoria e encarou o desafio de uma cirurgia de redução de estômago. Também apresentamos a história do Participante Cláudio de Castro, 87 anos, que contabilizou um salto na sua qualidade de vida quando aderiu ao Programa de Gerencia-mento de Pacientes Crônicos (PGPC), promovido pela Fachesf desde 2007.

Por fim, você sabia que a Central de Relaciona-mento está funcionando 24 horas, em fase expe-rimental, durante todos os dias da semana? Essa e muitas outras novidades, você encontrará nas páginas a seguir.

Boa Leitura!Laura Jane Lima | Editora Geral

Começando com tudo.4 · 5

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ponto de vista

Resultados de 2009

“Mesmo sendo um período pós-crise financeira internacional, o ano de 2009 foi muito bom para a Fachesf. Em termos de investimentos, por exem-plo, alcançamos um superávit da ordem de R$ 400 milhões, o que consideramos um excelente resul-tado. Tudo isso foi possível devido ao caráter mais conservador da nossa Política de Investimento que, numa época financeiramente turbulenta em todo o mundo, foi capaz de evitar grandes transtornos para a Fundação. Em nenhum momento estivemos em uma posição crítica. Além disso, o Fachesf-Saúde conseguiu ampliar suas reservas, garantindo mais segurança e equilíbrio para o Plano.”

Perspectivas 2010

“Com relação aos aspectos financeiros, o ano de 2010 deve ser um período mais moderado para a Fachesf, uma vez que os ganhos de rentabilida-de do mercado tendem a ficar cada vez menores. Diante da própria dinâmica da economia do Brasil e do mundo, nossa expectativa é que ocorra um crescimento no patrimônio da Fundação, mas cer-tamente menor do que o vivenciado nos ciclos anteriores. As perspectivas continuam sendo po-sitivas, no entanto, é fundamental reavaliarmos as estratégias da nossa Política de Investimento, no sentido de ajustar melhor as decisões e processos. Mas não vamos diminuir o ritmo. Ao contrário, continuaremos investindo na modernização, no

aperfeiçoamento da nossa gestão e, sobretudo, na capacitação profissional dos nossos colabora-dores, cujos conhecimentos serão essenciais para enfrentar os desafios futuros. “

Meta Atuarial e expectativa de vida

“Por conta da estabilização econômica, estamos prevendo ganhos menores em 2010. Esse é um dos motivos que está levando a Fachesf a estudar a viabilidade da continuidade de sua meta atuarial, hoje de IGP-M + 6% ao ano. No entanto, como acontece com as importantes mudanças, esse pro-cesso não é fácil, pois implica a ampliação das nos-sas reservas. Mas a Fachesf já está se preparando para isso. Um dos primeiros passos nessa direção foi a alteração da nossa Tábua de Mortalidade, que passou a considerar a expectativa de vida cada vez maior do brasileiro. E já se espera que, em dois ou três anos, a Superintendência Nacional de Previ-dência Complementar (Previc) altere novamente essa tábua por outra mais conservadora. Tudo isso trará impacto nos negócios da Fundação, exigindo maiores reservas.“

Principais desafios

“Um dos maiores desafios enfrentados atualmente está relacionado aos contenciosos que a Fachesf enfrenta na justiça. Isso tem a ver com o próprio negócio da Fundação, que administra planos de

Fachesf: realizações e novos desafiosEntrevistado | Clayton Paiva

Começo de ano é época de fazer um balanço dos acontecimentos e realizações. É também o momento de traçar objetivos e estratégias para o novo ciclo que se apresenta, sempre cheio de oportunidades. E para realizar um raio-x do que a Fachesf vivenciou em 2009 e traçar as expec-tativas para 2010, o primeiro Ponto de Vista do ano traz uma conversa franca com o presidente da Fundação, Clayton Ferraz de Paiva.

Clayton exerce atualmente seu segundo mandato no comando da Fachesf. Também já foi membro eleito do Conselho Deliberativo, entre 2001 a 2003. Engenheiro eletricista e civil de formação, ele utiliza toda a experiência que vem acumulando como dirigente do maior fundo de pensão do Norte/Nordeste para comentar sobre os mais recentes resul-tados, os principais desafios da atual gestão, as perspectivas de futuro e outros temas relevantes para a entidade e todos os seus Participantes.

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previdência baseados em contratos de longo pra-zo. Lidar com isso diariamente é um grande desa-fio, pois não desejamos, em momento algum, o confronto com nossos Participantes. Do contrário, trabalhamos para aperfeiçoar a administração e al-cançar os melhores resultados possíveis para toda a coletividade.

Outro ponto que merece destaque refere-se aos valores das suplementações. Alguns dos nossos aposentados e pensionistas, principalmente os que recebem suplementações muito pequenas, estão passando por dificuldades diárias. Atentos à questão, a Diretoria Executiva da Fachesf e os Conselhos estudam alternativas para minimizar o problema. O desafio, no entanto, é encontrar uma solução que, além de ser satisfatória para todos os interessados, não comprometa as nossas reservas e não venha a criar um contencioso futuro.

Já na área de Saúde, o desafio não se restringe a conter os custos do Fachesf-Saúde. Também é muito importante que as despesas do plano se-jam controladas passo a passo, objetivando sua redução, sem, no entanto, afetar o alto padrão de qualidade oferecido. Essas questões têm recebido atenção especial da Fundação.”

Melhoria contínua

“A Fachesf vem investindo na melhoria contínua dos processos de seus diversos segmentos. Um exemplo disso é o fortalecimento da comunica-ção interna (com nossos empregados) e externa (principalmente com os Participantes). Estamos trabalhando para comunicar cada vez mais e me-lhor, através de uma linguagem mais clara e de canais mais ágeis, como a internet. Nossos con-troles envolvendo todas as áreas da entidade (in-vestimentos, econômico-financeiro, tecnologia da informação, recursos humanos, jurídico e outros), também estão sendo aperfeiçoados e hoje utilizam apenas sistemas operacionais de ponta. Em 2009, por exemplo, demos início ao projeto de mapea-mento dos nossos processos, como uma forma de otimizar as atividades desenvolvidas na Fundação e atender melhor a todos os Participantes. Além disso, fizemos recentemente uma ampla reforma nas instalações físicas do prédio-sede da Fachesf, no sentido de dar melhores condições de traba-lho para os nossos colaboradores e possibilitar um acesso mais fácil e seguro para os Participantes e seus Beneficiários”.

Planejamento Estratégico

“Neste ano, vamos dar continuidade às ações do Ciclo 2008-2010 do Planejamento Estratégico, buscando atingir a Visão que traçamos para a Fun-dação. Temos projetos em andamento nas áreas de previdência, investimento, saúde e tecnologia da informação. Em curto prazo, no entanto, pre-cisaremos aprofundar nossos desafios e definir novas estratégias. Em relação ao futuro do sistema elétrico nacional, por exemplo, ainda não sabemos o que vai acontecer. A Fachesf está atenta e, no momento oportuno, vai analisar os impactos das mudanças que virão e traçar suas metas”.

Eleições Fachesf

“O que considero essencial no processo de Eleição é que todos os candidatos conheçam profunda-mente os negócios da Fundação e, caso eleitos, priorizem a coletividade e a instituição, buscando as melhores práticas de governança que garantam o cumprimento dos compromissos firmados com os Participantes. Além disso, e não menos impor-tante, espero que todos vistam a camisa da Fachesf por cima das camisas de suas origens. A Fundação é uma entidade que, por sua própria constituição, sempre precisará lidar com essa alternância de po-der. É por isso que, ao longo de toda a sua existên-cia, vem sendo construída uma base muito sólida entre todos os empregados, para que esses pro-cessos de mudanças de dirigentes e Conselheiros não atinjam os negócios da entidade”.

O Futuro

“Creio que a Fachesf, dentro de 10 a 15 anos, em termos patrimoniais, deverá superar a própria Pa-trocinadora (Chesf). A criatura, enfim, será maior que o criador. Precisamos estar bem preparados e unidos para atuar nessa nova realidade.”

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especial

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empurrar com a barrigaSegunda-feira eu começo. Depois penso nisso. Amanhã eu faço. Claro que vai dar tempo! Pare um momento, reflita e res-ponda: você costuma usar frases desse tipo com uma certa fre-quência? Se sua resposta for sim, saiba que você provavelmen-te faz parte de um grandioso grupo de pessoas que cultivam a procrastinação, o velho hábito de deixar tudo para depois. Ou, em bom brasileirês, empurram mesmo com a barriga.

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Apesar de ser confundido com o famoso jeitinho brasileiro (de acreditar que, no fim, tudo dará certo), o ato de procrastinar ultrapassa fronteiras geográficas e está ligado à própria condição do homem: em variados níveis e áreas, do trabalho à vida pessoal, pessoas do mundo inteiro adiam algo que não lhes dá prazer ou demandam algum esforço. E isso pode incluir relatórios profissionais com prazo apertado, marcações de consultas médicas, e-mails para responder ou simplesmen-te a louça na pia esperando para ser lavada.

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Ou seja, a procrastinação está tão presente na nossa vida quanto qualquer outra atividade que assumimos diariamente. É comum deixarmos para depois tudo aquilo que consideramos cha-to, seja por preguiça ou indisposição. Mas é pre-ciso ficar atento: quando foge do controle e tor-na-se frequente, o ato de procrastinar pode gerar um acúmulo sufocante de tarefas pendentes e a velha sensação de que 24 horas é muito pouco tempo para dar conta de tudo em um único dia. Ou ainda pior: fazer o prejuízo atingir também o próprio bolso.

Um bom exemplo desse tipo de comportamen-to é a questão previdenciária. Muitos jovens em início de carreira adiam o momento de começar a fazer uma reserva financeira voltada especifica-mente para a aposentadoria porque acreditam que essa realidade está muito distante e que, até lá, tudo estará resolvido. “O que eles não perce-bem, porém, é que a estabilidade de sua vida fu-tura depende do tempo que investem para isso. Quanto mais tardiamente contribuírem, mais tempo terão que pagar para assegurar um be-nefício previdenciário”, explica Christian Barbosa, especialista em gerenciamento do tempo e pro-dutividade pessoal e empresarial.

Outra situação comum entre os procrastinadores de carteirinha é o pagamento de contas com ju-

ros: como deixam sempre tudo para última hora, perdem os prazos e acabam tendo que arcar com o ônus do atraso. Mas por que agimos as-sim, mesmo sabendo que depois nos sentiremos culpados pelas incontáveis horas ou recursos desperdiçados?

Segundo Christian Barbosa, há algumas razões possíveis para tal questão. Uma delas está ligada à sensação de urgência que motiva muitas pes-soas. Algo como acreditar na ideia de que, sob pressão, age-se melhor. “Esse, entretanto, é um pensamento bastante equivocado, pois tal hábi-to rouba nossa energia, que termina canalizada para algo que não é produtivo”, diz. Outras razões são a mera falta de planejamento das atividades, a complexidade ou dificuldade de execução da tarefa, a falta de foco e, em pior caso, fuga ou au-tossabotagem. E é aí que reside o perigo.

Muitas vezes, o medo do sucesso é o real motivo escondido da procrastinação. A baixa autoestima e insegurança também fazem com que protele-mos decisões, evitando uma situação negativa,

“Sempre acho que conseguirei dar conta de tudo. Se o prazo para algo está longe, por exem-plo, relaxo. Mas no fim, acabo esquecendo. No trabalho, não tenho problemas com isso, mas recentemente amarguei um prejuízo financei-ro por causa dessa prática: tinha que levar uma documentação para a prefeitura e perdi o prazo. O resultado foi o pagamento de uma multa alta, que só consegui efetuar porque peguei dinheiro emprestado. Foi quando percebi que precisava mudar esse hábito. Comprei então uma agenda, na qual anoto todos os pagamentos e pendên-cias que preciso resolver, e procuro consultá-la todos os dias. Ainda estou me acostumando, mas acredito que já estou mais organizada”.

Tânia Regina Arrivabem Participante | São Paulo

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“O que eles não percebem, porém, é que a estabilidade de sua vida futura depende do tempo que investem para isso. Quanto mais tardiamente contribuírem, mais tempo terão que pagar para assegurar um benefício previdenciário.”

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caso o resultado esperado não seja atingido. É aquele currículo que você não atualiza por ter re-ceio de assumir uma nova posição ou de sair da sua estabilidade; é a sala que você não aluga por não acreditar no seu potencial empreendedor; é aquele telefonema que você não dá por medo do que irá ouvir; é, enfim, o “não” que você não fala por ser sempre mais fácil dizer “sim”.

Essa é a mesma origem do velho hábito de dar início a muitas coisas sem terminar quase nada: começar a academia e parar poucos meses de-pois, interromper dietas, abrir uma empresa e fe-char antes mesmo de dar certo, entre tantos ou-tros exemplos. Nesses casos, é preciso descobrir o que motiva o comportamento.

A psicoterapeuta Elenita Domingues esclarece que quando tudo isso se torna muito frequente a ponto de interferir na produtividade ou nos pro-cessos de tomada de decisão de alguém, há uma forte probabilidade de que o comportamento esteja mascarando sintomas de depressão, ansie-dade ou até mesmo DDA, o chamado Distúrbio de Déficit de Atenção.

Nessa hora, é essencial procurar um profissio-nal especializado no assunto e investigar o que a procrastinação está mascarando. Em casos de depressão, por exemplo, o doente opta por adiar coisas importantes ou nem tenta resolver certas questões por achar que não será bem su-cedido. Já os ansiosos adiam porque acreditam que conseguirão dar conta de tudo, mesmo que seja através do velho “jeitinho”.

Para essas pessoas, deixar algo para depois traz um alívio momentâneo nas situações que carre-gam em si alguma tensão ou angústia. “Elas têm tanta dificuldade de viver o hoje, que passam a lidar com uma ideia de tempo que não é real: ora remoendo o passado, ora apostando num amanhã que nunca chega”, exemplifica Elenita Domingues. De acordo com a psicoterapeuta, é comum ver esse tipo de comportamento entre aqueles que, por medo de descobrir doenças graves, acabam sempre adiando a hora de pro-curar um médico. O resultado disso, porém, pode trazer consequências ainda piores.

ReflexãoSeja por quais motivos forem, entretanto, hoje em dia é comum ouvirmos reclamações genera-lizadas sobre a falta de tempo e o acúmulo de tarefas. O que pouco se questiona, no entanto, é por que temos deixado esse ciclo vicioso tomar, cada vez mais, conta do cotidiano, enquanto as-sistimos silenciosamente ao fortalecimento de uma cultura do urgente e do “para ontem”. Afi-nal, o tempo está de fato mais curto ou nós que desaprendemos a lidar com ele?

“Costumo adiar minhas consultas médicas e até mesmo as visitas que preciso e quero fazer. Sinto-me com frequência sobrecarregada e an-gustiada para conseguir cumprir todas as mi-nhas obrigações, principalmente em relação ao serviço doméstico: começo a fazer várias coisas ao mesmo tempo e demoro a concluir algo. Fui criada em um tempo em que a mulher precisava dar conta de tudo e acho que isso fez com que eu me cobrasse tanto. Meu marido costuma di-zer que quero abraçar o mundo com as pernas. Mas depois que minha mãe morreu, aos 91 anos, aprendi que precisava relaxar mais e tenho ten-tado melhorar.”

Adelrice de Souza Participante | Recife

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Adeus, procrastinação!Confira algumas dicas de como evitar a procrasti-nação e pare de empurrar a vida com a barriga.

Elabore uma lista com tudo o que deseja fa-zer e eleja prioridades.

Divida suas tarefas em pequenas partes; ativi-dades muito grandes são mais difíceis de serem fo-cadas e acabam sendo levadas inconscientemente ao adiamento. Uma dica é não ter na lista pendên-cias superiores a duas horas de duração. Mais do que isso, deve-se dividir em ações menores.

Aprenda a utilizar e consultar sua agenda. Marcar horários e prazos de pagamentos aju-dam a manter tudo em dia.

Se achar que não conseguirá resolver tudo o que assumiu, seja honesto: peça ajuda ou de-

legue tarefas para outra pessoa. Mas não faça disso um meio para fugir das suas responsa-bilidades.

Firme um pacto consigo mesmo, permi-tindo-se algumas recompensas por ativida-des cumpridas. Estabelecer acordos públicos também é uma boa alternativa, pois a noção de coletividade ajuda a dar mais força.

Quando começar alguma coisa, pense na importância que isso terá para sua vida: você não está apenas fazendo um curso de inglês, está garantindo a viagem dos seus sonhos. Você não está de regime, está na busca de saúde, bem estar ou um namoro. Você não está somente na faculdade, mas garantindo sua realização profissional. Se não houver re-levância, nem perca seu tempo e pare antes de começar.

especial

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Apesar de ter ganhado força nos últimos anos, a discussão sobre educação previdenciária sem-pre foi motivo de atenção para a Fachesf. Já faz algum tempo que a Fundação vem alertando sobre a importância de o Participante conhecer profundamente seus planos de benefícios e as-sim planejar melhor suas reservas financeiras.

Quando aprender é o melhor negócio

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Em outubro de 2009, esse tipo de ação ganhou um novo aliado: o Programa de Educação Finan-ceira e Previdenciária da Fachesf, desenvolvido segundo as orientações da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Seu objetivo é ampliar o nível de conhecimento dos Participantes Ativos e Assistidos sobre aspec-tos financeiros e previdenciários, incentivando-os a planejar seus gastos e pensar no futuro de maneira mais estruturada, seja antes ou depois da aposentadoria.

Segundo Laura Lima, assessora de comunicação institucional da Fachesf, quando o Participante passa a conhecer de forma mais profunda o fun-cionamento da entidade e como os seus recursos são aplicados, ele compreende melhor quais são os seus papeis e responsabilidades, sentindo-se estimulado a acompanhar mais de perto a ges-tão da Fundação. “Percebemos, por exemplo, que a complexidade dos conceitos que envol-vem questões financeiras e previdenciárias – vo-cabulário complexo, legislação, números, índices, etc. – muitas vezes tira das pessoas o interesse em conhecer melhor o tema. Costumamos dizer que o Participante faz parte, mas não participa de fato do dia a dia da Fachesf”, explica Laura Lima.

Um outro problema observado é o comporta-mento da chamada cultura do imediatismo, mui-to comum no Brasil. Como a aposentadoria é vis-ta como um futuro muito distante para aqueles que permanecem na ativa, faltam iniciativas no sentido de planejar a saída definitiva do trabalho. E a consequência disso pode ser desastrosa, uma vez que o recém-aposentado descobre tardia-mente que não está preparado para administrar sua nova situação e sente-se desorientado.

AçãoTodas essas questões, no entanto, já estão sen-do consideradas no Programa de Educação Fi-nanceira e Previdenciária da Fachesf. Além da continuidade das atividades já em andamento, a iniciativa inclui a realização de novas práticas focadas nos pilares da informação, instrução e orientação. “Nosso objetivo é que não apenas os Participantes, mas também seus dependentes, sejam conscientizados da importância de um planejamento financeiro e previdenciário que assegure a tranquilidade da família no futuro”, afirma Viviane Duque, assessora de recursos hu-manos e coordenadora do projeto.

A elaboração, execução e acompanhamento per-manente do Programa estão sob a responsabili-dade de um Grupo de Trabalho Interno compos-to por representantes das áreas de Previdência, Relacionamento, Econômico-Financeira, Investi-mentos, Recursos Humanos e Comunicação Ins-titucional. Juntos, os empregados formam uma

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“Quando o participante passa a conhecer de forma mais profunda o funcionamento da entidade e como os seus recursos são aplicados, ele compreende melhor quais são os seus papeis e responsabilidades, sentindo-se estimulado a acompanhar mais de perto a gestão da Fundação.”

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equipe multidisciplinar, capacitada para observar variadas nuances do cenário previdenciário e identificar as lacunas de informação dos Partici-pantes, propondo soluções educativas, baseadas em conteúdos claros e de fácil entendimento.

Uma das principais ações já realizadas nesse sentido foi o lançamento da Conexão Fachesf, em outubro de 2008. O veículo de comunica-ção, desde seu primeiro número, tem trazido matérias, artigos, testes e entrevistas focados na educação previdenciária e financeira do Par-ticipante, além de uma editoria especial sobre Planejamento e Gestão, através da qual todos podem acompanhar o que tem sido realizado para o aperfeiçoamento dos processos, serviços e produtos da Fundação.

O site da Fachesf na internet – que há anos dis-ponibiliza diversos tipos de simuladores, plani-lhas, regulamentos,cartilhas e indicadores – tam-bém já está sendo reformulado. Previsto para ser lançado no primeiro semestre deste ano, o novo portal corporativo prevê a realização de mini-cursos e chats, em que os Participantes poderão conversar com profissionais especializados e tirar suas dúvidas. Para aqueles que ainda não têm in-timidade com a internet, a Fundação vai oferecer rápidos treinamentos, ensinando como navegar com segurança e agilidade no site e ter acesso a todos os conteúdos e aplicativos.

A Fachesf também tem se preocupado com a instrução dos seus empregados. O Jornal Mural, importante canal de comunicação interna, tem divulgado periodicamente uma editoria exclusi-va para publicação de questões relativas ao Pro-grama de Educação Previdenciária e Financeira, matérias sobre o tema e sugestões de leituras.

ControleAlém da implantação de novas atividades e da manutenção e ampliação dos instrumentos existentes – que inclui ainda palestras, cartilhas e gibis, treinamentos corporativos, etc. –, o Pro-grama traz, em sua metodologia, a implantação de um processo de acompanhamento das ações. Seja através de pesquisas de opinião, enquetes eletrônicas ou testes divulgados na revista Co-nexão Fachesf, o Grupo de Trabalho vai avaliar os resultados de modo permanente e analisar se os objetivos do projeto estão sendo cumpri-dos. “Como nossa meta é atingir o maior número possível de pessoas, precisamos investigar cada etapa do que fazemos e verificar se estamos no caminho certo. Nosso maior desejo é mostrar ao Participante que, quando bem informado, ele consegue se planejar melhor e, consequente-mente, fazer as melhores escolhas para si e sua família”, finaliza Viviane Duque.

“Nosso objetivo é que não apenas os Participantes, mas também seus dependentes sejam conscientizados da importância de um planejamento financeiro e previdenciário que assegure a tranquilidade da família no futuro.”

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Apesar de muitas vezes serem usados como si-nônimos, os conceitos de informação, instrução e orientação diferem entre si em alguns aspec-tos. Segundo a Previc, a distinção entre esses três pilares detalha o processo de educação de maneira mais aprofundada, distribuindo as ações de acordo com sua natureza.

No nível da informação, a principal atividade é divulgar fatos e dados de caráter geral, como questões mais amplas sobre previdência e fi-nanças, e específicos, como detalhes de um pla-no de benefícios. Seus principais instrumentos são os jornais, cartilhas, gibis, folders, relatórios, encontros e palestras.

Já o nível da instrução diz respeito a todas as ações que envolvem o estímulo ou desenvol-vimento de habilidades para o entendimento mais complexo de termos e conceitos específi-cos. Sua principal função é ajudar na construção de uma base de compreensão sólida, através da qual o Participante possa assimilar novos con-ceitos e se questionar sobre seus rendimentos, benefícios, direitos e deveres. Os treinamentos corporativos encaixam-se nessa fase.

A orientação, por sua vez, engloba todas as ini-ciativas ligadas ao provimento das condições necessárias para o uso eficiente das informações e instruções recebidas previamente. Esse nível está relacionado, por exemplo, ao Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA), desen-volvido pela Chesf com apoio da Fachesf, ou os atendimentos (presencial, telefônico e via e-mail) realizados pela Central de Relacionamento.

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No passado, os novos empregados da Chesf possuíam diversos motivos para aderir ou não ao plano de previdência complementar da Fachesf. Para alguns, a decisão definitiva de-pendia principalmente da opinião dos colegas veteranos, que tinham o poder de influenciar aqueles que entravam na Companhia. Para outros, a possibilidade de obter empréstimos ou ter acesso ao plano de saúde era quem de-sequilibrava a balança na hora da tomada de decisão. Para muitos, porém, o critério ligado diretamente aos benefícios previdenciários era o que menos importava.

Ciente dessa questão, a Fundação sempre se preocupou em desenvolver a consciência previ-denciária dos seus participantes, informando-os da importância de uma construção de reserva financeira que assegure uma vida confortável no futuro. Em 2003, essa questão foi formalmente discutida na Fachesf e passou a constar do Plane-jamento Estratégico daquele ano.

Mas em virtude da gama de prioridades então existentes, as ações acabaram sendo realizadas de forma isolada, sem que nenhum projeto sis-temático de educação previdenciária tenha sido levado adiante. Esse cenário, entretanto, já está mudando, uma vez que a Fachesf, em sintonia com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), está desenvolvendo um programa que vai investir na informação, instru-ção e orientação de todos os seus Participantes.

É importante observamos, porém, que o esta-belecimento de uma iniciativa dessa natureza não deve ser entendida como um movimento para venda pura e simples de planos de previ-dência. Tampouco terá o caráter de uma cam-panha publicitária com a finalidade de melhorar a imagem da Fachesf. Seu objetivo está focado sobretudo na conscientização dos Participantes e familiares acerca da necessidade de um plane-jamento previdenciário e financeiro.

Sabemos que tal comportamento representa uma missão um tanto quanto difícil, uma vez que estamos continuamente elegendo desejos como prioridades: pode ser o carro tão sonha-do, o casamento, a casa própria, os filhos, etc. Cada um desses sonhos possui sua importância e investimentos. Afinal, trata-se dos próprios ci-clos da vida que se movimentam e se reconstro-em. Enquanto isso, o futuro, muitas vezes acaba sendo deixado ... para o futuro.

Educação previdenciária: não é hora de deixar para depoisRogério Cardoso

Engenheiro civil e gerente

de Concessão de Benefícios da FachesfRogério Cardoso ·

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Malabaristasdo orçamento familiar

seu dinheiro

Depois da aposentadoria, o merecido descanso. Esse era o pensamento comum de muitos brasileiros que, após décadas de dedicação ao trabalho e encaminha-mento profissional dos filhos, sonhavam com uma vida mais tranquila, livre de tantas preocupações. Tal cenário, entretanto, não é mais o mesmo. Hoje é comum encontrar idosos que continuam sendo os únicos responsáveis pelo sustento da casa, que passa a agregar agora netos, genros e noras. Mas afinal, o que mudou?

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De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2008 (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um quinto das famílias do País (cerca de 13,5 milhões em um universo de 60,9 milhões) tem hoje um idoso acima de 60 anos como prin-cipal fonte de renda do lar. Além das próprias contas (comprometidas principalmente com despesas de medicamentos e planos de saúde), ele arca com as despesas de saúde e educação dos netos e sustenta os filhos solteiros que cada vez mais demoram a sair de casa.

Uma das explicações para essa questão está liga-da ao grande número de desempregados do País. Sem muitas oportunidades, o jovem percebe que não conseguirá manter o mesmo padrão de vida e opta por permanecer sob o teto dos pais, onde ele não contribui financeiramente com os custos domésticos e pode se sentir mais seguro.

O professor de antropologia e coordenador do Núcleo de Família, Gênero e Sexualidade da UFPE, Russel Parry Scott, explica que, além das oscilações da economia, outros fatores contribuem para esse fenômeno social, como o maior número de divór-cios e separações em todas as faixas etárias. Muitas vezes sem renda fixa, essas pessoas, agora com no-vos compromissos e despesas, voltam a depender dos pais que, mesmo aposentados, assumem o pa-pel de arrimo de família.

E como os genitores conseguem garantir a segu-rança do seu núcleo familiar? A resposta é simples, observa o economista Alexandre Caldas Jatobá (Datamétrica Consultoria): principalmente com seus benefícios da Previdência Social.

Segundo Jatobá, por ser regular e não sofrer com as instabilidades econômicas, esse tipo de ren-da é uma garantia para o aposentado de que o seu dinheiro no final do mês estará assegurado. O mesmo não acontece com um empregado do setor privado. “Se a empresa em que trabalha, por alguma razão, fechar ou diminuir sua opera-ção em um momento de crise, ele perderá seu emprego e, consequentemente, o salário e a ren-da familiar”, exemplifica.

Embora a Previdência Social do Brasil acumule um incontável número de reclamações, é fato que sua implantação (Lei Eloy Chaves, de 24/01/1923) mudou a estrutura dos lares do País. Bem ou mal,

a cobertura previdenciária oficial atinge atualmen-te 81,7% das pessoas com idade acima de 60 anos (cerca de 17,2 milhões de segurados), de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômi-cas Aplicadas (IPEA), baseada em dados do IBGE.

ContasA dependência dos valores pagos pela previdência é forte, sobretudo nas famílias de renda mais baixa. Estima-se que hoje esse tipo de benefício seja res-ponsável por 60% da renda dos aposentados que ganham até cinco salários mínimos e precisam fa-zer malabarismos para pagar não somente as suas contas, mas também as da família inteira.

Um dos principais contorcionismos nessa luta diá-ria é permanecer na ativa no mercado de trabalho. Ainda segundo dados do IBGE, mais de três mi-lhões de trabalhadores que já gozam da aposenta-doria continuam exercendo algum tipo de ativida-de apenas como forma de engordar o orçamento doméstico. E esse percentual deve crescer nas pró-ximas décadas, motivado principalmente pelo au-mento na expectativa de vida do povo brasileiro, cujo número de idosos já supera a de países como França, Inglaterra e Itália.

Uma segunda alternativa para aliviar as contas que vivem no vermelho são os empréstimos com desconto em folha, os chamados créditos consig-nados. Mas o que deveria ser uma resolução para os problemas financeiros pode acabar se tornando uma verdadeira bola de neve, uma vez que o apo-sentado quase sempre compromete todo o seu contracheque e fica preso a dívidas intermináveis.

Todas essas questões demonstram o que muito já tem sido discutido pelo Brasil afora: a população está envelhecendo a olhos vistos e faltam políti-cas públicas eficientes que preparem os cidadãos para vivenciar essa nova realidade de maneira mais tranquila e natural. O fato é que, sem plane-jamento e, na maioria dos casos, sem o suporte de uma entidade de previdência complementar como a Fachesf, muitos idosos chegam à apo-sentadoria de forma desorientada e descobrem-se sem dinheiro suficiente para manter o mesmo padrão de vida, arcando com pesados gastos em saúde e com mais uma geração para sustentar. Resultado: o tão sonhado e merecido descanso tem ficado cada vez mais distante.

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O maior erro de boa parte das pessoas que se aposentam é não se planejarem para essa nova fase, insistindo numa crença errônea de que suas condições financeiras já estão estacionadas em um certo patamar. Conformadas com essa ideia, elas não se estruturam para conseguir ar-car com todas as despesas futuras e esquecem que uma situação verdadeiramente confortável é diretamente proporcional ao investimento de longo prazo que se faz para isso.

Para o consultor financeiro e escritor Gustavo Cerbasi, o mais importante, portanto, é manter o foco em uma construção perpétua da vida, tendo em mente que esse processo não se en-cerra com a aposentadoria e não tem somente relação com o dinheiro. Tampouco se trata de um planejamento apenas para pagar contas, deixando de lado qualquer possibilidade de gastos com lazer e cultura.

E para isso, explica Cerbasi, manter-se ativo é, sim, fundamental, mas não somente por con-ta de uma renda melhor, mas, sobretudo, por uma questão de realização pessoal. “Com uma disponibilidade de tempo maior, o aposentado pode, por exemplo, fazer cursos de autodesen-volvimento que lhe deem oportunidades de se

Como fazer o dinheiro render mais?

seu dinheiro

sentir produtivo e, consequentemente, ganhar uma renda extra. Todo esforço é útil, desde que a pessoa sinta-se envolvida no que está fazen-do. Para mim, o modelo ideal de aposentado é o arquiteto Oscar Niemeyer que, aos 102 anos, continua ativo e realizando suas atividades com prazer”, revela o consultor.

Gestão Na hora de administrar o dinheiro, principal-mente em relação às grandes aquisições, uma das principais regras é não confiar apenas na segurança do benefício previdenciário e acabar

“Moram comigo e minha esposa, que também é aposentada, uma filha e dois netos. Aqui em Paulo Afonso (BA), uma cidade pequena, faltam oportunidades de trabalho para muita gente, mesmo para aqueles que são formados, como é o caso da minha filha. No início do ano, ela até conseguiu arrumar um emprego, mas como as despesas são muito altas, tenho que entrar com a maior parte. Até buscamos planejar nossos gastos, porém, no fim do mês, nem sempre con-seguimos pagar todas as contas. Acredito que, no caso das minhas três filhas, elas casaram mui-to cedo e não tinham ainda independência para construir uma família. Isso contribuiu fortemen-te para a situação que vivemos hoje”.

Manoel Rozendo Aposentado

Paulo Afonso · BA

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Gustavo Cerbasi

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“Criei meus filhos para crescerem independen-tes. Incentivei-os na busca por um bom empre-go e na construção de uma família estruturada. Dos meus oito filhos, hoje somente uma mora comigo, junto com meu genro e dois netos. Apesar de ela trabalhar como professora e seu marido ter um pequeno comércio, a renda de-les é muito pequena. É a minha aposentadoria que cobre a maioria das despesas da casa. No Fachesf–Saúde, por exemplo, mantenho como dependentes duas filhas e um neto, que nasceu com alguns problemas de saúde. Assim como elas, vejo que todos os seus irmãos batalham muito e nunca se acomodaram, mas as coisas são difíceis ainda assim.”

Américo VirgulinoAposentado

Recife - PE

diluindo toda a renda no pagamento de presta-ções. Isso não significa, entretanto, que as com-pras devem ser feitas sempre à vista, mas que o crédito deve ser usado com cautela e, mesmo assim, para adquirir algo muito necessário, não simplesmente para realizar um desejo. Entrar em crediário para a compra de um presente, por exemplo, é uma péssima ideia.

Uma outra prática que também deve ser evitada é o uso do próprio nome para beneficiar tercei-ros. Gustavo Cerbasi orienta que, em vez disso, o aposentado pode auxiliar amigos e familiares emprestando sua experiência para conduzir a ne-gociação, sem se envolver diretamente: “Nessas situações, seu papel é contribuir para a solução de um problema, mas sem tentar resolvê-lo sozinho, pois isso pode resultar em uma conta que ele não tem condições de arcar e ficar preso a ela”.

Para conseguir manter-se em equilíbrio, o ideal é pensar em projetos de curto prazo, ou o que se pode chamar de poupanças rotuladas: peque-nas reservas, seja em renda fixa, poupança ou títulos de capitalização, focadas em um objetivo específico, como a compra de algum bem ou a realização de um sonho da família, que pode ser uma viagem, um carro, etc.

Por fim, é preciso ressaltar a importância de uma atenção especial com a propaganda sedutora dos empréstimos consignados. Durante mui-to tempo, cultivou-se no Brasil a ideia de que o aposentado era um excelente pagador des-se tipo de crédito, devido à segurança de seu benefício previdenciário. Mas com a mudança socioeconômica do cenário nacional, essa con-dição se inverteu, tornando-se cada vez mais difícil para o aposentado honrar suas contas. “Se não houver muito cuidado, uma dívida barata pode se desdobrar em outras muito caras, trans-formando-se em verdadeiras bolas de neve”, alerta Cerbasi.

De acordo com o consultor, somente pessoas com um bom controle orçamentário podem assumir empréstimos do tipo consignado; são aquelas que acompanham de perto sua rotina financeira, anotam todos os compromissos e sentem-se seguros para utilizar suas reservas sem correr o risco de destruir o próprio patrimô-nio ou ficar no limite de orçamento.

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Maria Elizabete Silva Como lidar com os recursos disponíveis?

Dando continuidade a nossa conversa sobre como proporcionar uma organização familiar que lide melhor com o dinheiro, vamos abordar, nesta edição, uma con-dição de resultado orçamentário positivo, ou seja, quan-do as receitas superam as despesas. Por mais que essa seja uma excelente situação, existem alguns cuidados básicos que não podem ser ignorados.

Não se pode afirmar, por exemplo, que uma família tem boa relação com o dinheiro apenas pelo fato de haver sobras financeiras. O que define essa eficiência é a qualidade do investimento que está sendo realizado. É preciso avaliar, portanto, se o orçamento está real-mente ajustado ou ainda há margem para redução de despesas e se a sobra é fruto do não consumo de neces-sidades básicas e prioritárias para a família. Outro fator importante é constatar se a folga financeira é constante ou algo que aconteceu pontualmente em um determi-nado período.

Depois dessa avaliação, a pessoa responsável pelos in-vestimentos familiares deve identificar onde os recur-sos podem ser mais bem aplicados, proporcionando uma gestão em conformidade com as necessidades e expectativas de todos. Isso não significa, porém, sim-plesmente alocar o dinheiro em um fundo de aplicação financeira. É preciso investigar ainda quais são as metas da família para o futuro, como a contratação de seguro de saúde ou plano de previdência complementar, o pa-gamento do seguro de automóvel ou mesmo um curso a ser realizado.

Como vocês já devem ter percebido, as metas são um importante instrumento para a manutenção dos in-vestimentos. Ter um sonho de consumo (casa própria, casa na praia ou campo, automóvel, viagem, indepen-dência financeira) e fazer disso uma busca real funciona como um estímulo para continuar poupando, enquan-to guardar recursos sem finalidade alguma transforma o dinheiro em razão principal do esforço de todos. E isso não traz felicidade. Em hipótese alguma, o dinheiro pode ser o objetivo final e assumir mais importância do que os sonhos da família.

Mas mesmo quando há uma grande meta a ser alcan-çada, alguns cuidados são fundamentais. É preciso, em qualquer planejamento, ter clareza quanto ao tempo de duração necessário para a realização do que se deseja. Assim será possível prever o custo de sua manutenção e verificar se tais gastos caberão no orçamento domés-tico mensal (como um curso, por exemplo).

Deve-se ter cuidado também para não investir todos os recursos extras na realização de um único sonho de consumo. É essencial manter uma reserva para a cober-tura de despesas inesperadas, seja em razão de novas oportunidades ou mesmo de situações desagradáveis surgidas na família.

Além disso, não se pode esquecer que, após a utilização de parte dos recursos acumulados para efetivação de uma meta, a situação do orçamento familiar deve per-manecer positiva. Portanto, é fundamental recalcular os novos gastos (caso tenham sido adquiridos itens que gerem despesas extras, como carros ou imóveis) e con-tinuar fazendo algum tipo de investimento, mesmo que de valor mais baixo.

Quando a situação é um pouco mais confortável e há recursos disponíveis para aplicação em fundos de insti-tuições financeiras ou bolsa de valores, o administrador do orçamento não deve, enfim, alocar todo o dinheiro em um único tipo de investimento, evitando a concen-tração do risco.

Espero ter esclarecido a importância de um acompa-nhamento orçamentário, reforçando sua contribuição para a maior qualidade de vida de qualquer família. Na próxima edição, retomaremos nossa conversa, dando continuidade ao debate de como é possível lidar com as contas da casa, sem que esse tema se torne presente de uma forma incômoda para todos.

Contabilista e

gerente econômico-financeira da FachesfMaria Elizabete Silva ·

seu dinheiro

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previdência?

E para que o material seja aproveitado da melhor maneira possível, é fundamental que você procure responder as questões da maneira mais sincera pos-sível, sem se preocupar com a quantidade de acertos. Dessa forma, será possível conhecer o nível real de entendimento de todos e acompanhar a evolução ao longo do tempo.

Preencha o formulário abaixo e encaminhe-o para a sede da Fachesf ou Agência mais próxima. Todos os Participantes que enviarem seus questionários con-correrão a vários brindes, independentemente da quantidade de acertos, além de receberem em casa as respostas corretas.

Você sabe tudo sobre

1. A estrutura do Sistema de Previdência no Brasil está dividida em três segmentos. Quais são?

Regime Social – Regime Próprio (servidor público) – Regime de Previdência Com-plementarRegime Geral (INSS) – Regime Próprio (ser-vidor público) – Regime de Previdência Complementar.Regime Geral (INSS) – Regime Próprio (ser-vidor público) – Regime de Previdência Aberta .Não sei responder

2. Quais as principais características do Regime Geral?

É público, de filiação obrigatória e opera no regime financeiro de fluxo de caixa (uma geração contribui para a outra).É público, de filiação opcional e opera no regime financeiro de fluxo de caixa (uma geração contribui para a outra).É público, de filiação obrigatória, e opera no regime de capitalização.Não sei dizer com segurança.

A partir desta edição, a Conexão Fachesf trará uma série de testes que vão medir o grau de conheci-mento dos Participantes sobre temas relacionados à Fundação. Os resultados servirão para subsidiar o Projeto de Educação Financeira e Previdenciária que já está em andamento e ajudá-lo a esclarecer diversas dúvidas sobre previdência complementar.

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7. Quais são as três instâncias que compõem a estrutura de gestão da Fachesf?

Conselho Gestor – Conselho Fiscal – Dire-toria Executiva.Conselho Deliberativo – Conselho Fiscal – Diretoria Executiva.Conselho Gestor – Conselho Fiscal – Dire-toria Geral.Não sei responder.

8. Quantos membros compõem os Conselhos Deliberativo e Fiscal da Fachesf?

Seis titulares e seis suplentes nos Conselhos Deliberativo e Fiscal, respectivamente.Seis titulares e seis suplentes no Conselho Deliberativo, e por quatro titulares e qua-tro suplentes no Fiscal.Oito titulares e oito suplentes no Conselho Deliberativo, e por quatro titulares e qua-tro suplentes no Fiscal.Não sei responder.

9. Como se dá a representação dos Participan-tes e Assistidos na estrutura de gestão da Fa-chesf?

Os Participantes e Assistidos elegem três Conselheiros Deliberativos e dois Conse-lheiros Fiscais, com seus respectivos su-plentes, a cada quatro anos;Os Participantes elegem o Diretor de Be-nefícios, três Conselheiros Deliberativos e dois Conselheiros Fiscais, com seus respec-tivos suplentes, a cada quatro anos.Os Participantes elegem o Diretor de Bene-fícios, dois Conselheiros Deliberativos e um Conselheiro Fiscal, com seus respectivos suplentes, a cada quatro anos. Não sei responder.

3. Quais as principais características do Regime de Previdência Complementar?

É privado, de natureza contratual, a filiação é facultativa e opera no regime financeiro de capitalização. É privado, de natureza contratual, a filia-ção é obrigatória e pode operar no regime financeiro de capitalização ou de caixa. É público, de natureza contratual, a filiação é facultativa e opera no regime financeiro de capitalização. Não sei responder.

4. Como é composta a estrutura da Previdência Complementar?

Apenas por entidades abertas Por entidades abertas e fechadasApenas por entidades fechadas Não sei responder.

5. A Fachesf está enquadrada em que segmen-to da Previdência?

No Regime de Previdência Complementar AbertoNo Regime de Previdência Complementar FechadoNo Regime Próprio de Previdência Não sei responder.

6. Em que data a Fachesf foi instituída?

No dia 10 de abril de 1972.No dia 3 de setembro de 1972.No dia 3 de setembro de 1980.Não sei responder.

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Longe de casa“Nunca havia imaginado que os esquecimentos frequentes da minha mãe pudessem ser sintomas de algo grave. Para nossa família, eram apenas dessas coisas que acontecem devido à idade avançada. Quando ela fez 83 anos, no entanto, come-çamos a sentir suas primeiras falhas. Foi somente então que conhecemos o real motivo para sua fraca memória e tivemos de conviver pela primeira vez com o Mal de Alzheimer.”

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A história da Participante Maria Helena Domin-gues Cunha não é diferente daquela que acon-tece em muitas outras famílias: confiantes de que os esquecimentos constantes são compor-tamentos comuns entre os idosos, os parentes demoram a procurar informações especializadas e descobrem tardiamente que se trata de Alzhei-mer, uma doença que já atinge mais de 25 mi-lhões de pessoas em todo o mundo.

Diagnosticada pela primeira vez no início do sé-culo passado, o Alzheimer é uma doença dege-nerativa que atinge o cérebro, cujos componen-tes vão progressivamente deteriorando com o passar dos anos. O médico Daniel Kitner, geriatra do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que é essa dete-rioração que ocasiona o surgimento dos sinto-mas clássicos, divididos em cognitivos (perda de memória recente, distúrbios de linguagem, inca-pacidade de tomar decisões, perda de autono-mia e dependência) e comportamentais (apatia, agressividade, confusão mental).

Nem todos os portadores de Alzheimer, entre-tanto, apresentam os mesmos sintomas, que dependem do nível da doença, podendo ir do mais leve ao avançado, e de sua evolução gradu-al com o passar dos anos. Em seu estágio inicial, por exemplo, a patologia é confundida com si-nais de velhice, uma vez que os pacientes – em sua maioria, pessoas acima de 55 anos – aparen-tam desorientação de tempo e espaço, perda de motivação e, o que é mais comum, dificuldades para lembrar fatos que aconteceram há poucos minutos, como uma conversa, um telefonema, a refeição feita.

Em um estágio posterior, os problemas come-çam a ser mais evidentes, pois o paciente já não consegue executar atividades rotineiras, esquece nomes de pessoas e pode apresentar alterações frequentes de humor, delírios, apatia, depres-são e, em alguns casos, desinibição exagerada, como o ato de despir-se em público. Nessa fase, a doença passa a ser mais facilmente identificada pela família.

Quando o Alzheimer atinge seu grau mais avan-çado, a dependência se agrava e os sintomas tornam-se cada vez mais aparentes: dificuldade para alimentar-se de forma independente e re-conhecer familiares e amigos, incontinência uri-nária e fecal, agressividade e agitação.

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abalo, porém o tempo e a dedicação de todos tornaram possível lidar melhor com a situação: “Conviver com essa doença é sempre traumático e dolorido. Por isso, precisamos nos informar e aprender a criar um ambiente leve, onde minha mãe se sentisse confortável e segura”.

ExercíciosQuando o Alzheimer está em seu estágio inicial, uma das formas de auxiliar o paciente e evitar que a doença evolua é exercitando sua mente, seja através de jogos, elaboração de listas (afaze-res, compras, lembranças) ou associações entre fatos, objetos, nomes, fotos, etc.

É isso o que faz Maria Helena, que leva Maria do Carmo para realizar caminhadas leves e aposta em jogos como caça-palavras e dominó, além de pe-quenos prazeres que a deixam feliz. “Ela sempre teve uma vida sedentária, mas adorava costurar e bordar. A doença, porém, fez com que ela desa-prendesse. Agora ela olha o pano, a linha e a agu-lha e não sabe o que fazer. Hoje ela gosta de lavar a louça. E gosta também dos muitos beijos que re-cebe de toda a família. A pessoa doente tem que se sentir amada sempre”, revela emocionada.

A movimentação do corpo também não deve ser deixada de lado. Segundo artigo publicado recentemente na revista científica Archives of Neurology, aulas de tango, por exemplo, podem trazer bons resultados no tratamento de pacien-tes com Alzheimer. Especialistas alegam que a prática melhora o equilíbrio, a autoestima, a co-ordenação motora e até mesmo a memória. Uma boa notícia para aqueles destinados a esquecer pouco a pouco os prazeres da própria vida.

TratamentoMuitos estudos têm sido desenvolvidos nos últi-mos anos para descobrir as causas e a cura para o Mal de Alzheimer. O que já se sabe, porém, é que fatores como traumas e estresse (físico e emocio-nal) não causam a doença; mas obesidade, coles-terol alto, depressão, sedentarismo, hipertensão, diabetes e hereditariedade são fatores de risco. Além disso, é certo que a patologia está direta-mente associada à velhice e que, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais chances o pa-ciente tem de uma sobrevida com qualidade, des-de que haja o apoio de familiares e cuidadores.

O tempo de vida de uma pessoa com Alzheimer varia individualmente. Quando a doença é iden-tificada em seu início, pode-se viver até 12 anos, através do uso correto dos medicamentos, que conseguem reduzir a velocidade de progres-são da patologia, além de melhorar os sintomas comportamentais. É importante ainda que o pa-ciente seja acompanhado por profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais.

A adaptação do ambiente também merece total atenção dos familiares responsáveis pelo pacien-te. Principalmente na fase mais avançada da do-ença, um profissional especialista em ergonomia (ciência que estuda a interação entre os seres humanos e os sistemas ao seu redor) pode dar orientações de como proceder em casa para evi-tar acidentes domésticos.

Outro ponto fundamental para o cuidador é aprender a antecipar algumas situações que possam apresentar riscos para o portador de Alzheimer. “Se um paciente, por exemplo, tenta abrir a porta de casa, é preciso ficar alerta, pois ele pode sair e se perder na rua”, detalha Daniel Kitner. Segundo o geriatra, não existem, entre-tanto, manuais específicos sobre como lidar em todas as circunstâncias ocasionadas pela doença, cabendo à família analisar com bom senso cada ocorrência, “Preocupações como o momento de parar de dirigir ou de gerir as próprias finanças, entre outras, devem ser avaliadas individualmen-te. Não há uma receita única”, diz o especialista.

Maria Helena conta que, quando sua mãe, Maria do Carmo Wanderley Domingues, hoje com 87 anos, ficou doente, a família sofreu um grande

“Conviver com essa doença é sempre traumáti-co e dolorido. Por isso, precisamos nos informar e aprender a criar um ambiente leve, onde mi-nha mãe se sentisse confortável e segura”.

Maria Helena Domingues Aposentada

Recife · PE

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O futuro do esquecimento

Renê Ferraz Clínico geral e Geriatrada Fachesf

O número de portadores de Alzheimer assusta especialistas e pesquisadores. Estima-se que, nos próximos 20 anos, os casos da doença de-vem dobrar em todo o mundo. Apenas no Bra-sil, existe hoje um milhão de doentes.

Renê Ferraz, clínico geral e geriatra da Fachesf, acredita que uma das explicações para esse cenário é o aumento da expectativa de vida da população, mas não se pode deixar de lado fatores como o maior acesso à informação, es-sencial na hora de identificar a doença: “Anti-gamente as pessoas tratavam os sintomas do Alzheimer como típicos da idade; hoje, apesar disso acontecer com frequência, já é possível encontrar pessoas bem informadas, que procu-ram um médico logo que notam algo diferente. Isso fez com que os profissionais de saúde tam-bém ficassem mais atentos, diagnosticando os indícios do Alzheimer precocemente”.

Além disso, alerta o médico, a liberdade cres-cente na sociedade do consumo tem provoca-do também o aumento no uso indiscriminado de bebidas alcoólicas e outros tipos de drogas, hábitos que podem causar hipertensão e au-mento do colesterol, ambos associados ao Mal de Alzheimer. Manter uma vida de equilíbrio, portanto, é a melhor prevenção.

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Verão é tempo de sol, praia e pele bronzeada. Mas essa combinação, irresistível para quem gosta de curtir a temporada do calor, pode se tornar uma grande aliada para um mal que já representa cer-ca de 25% de todos os tumores malignos registra-dos no Brasil: o câncer de pele. Por isso, é preciso não abusar. Afinal bom mesmo é aproveitar os prazeres da estação com muita saúde. A Conexão Fachesf conversou com o dermatologista Valter Kozmhinsk, que explica o que é e como se preve-nir da doença.

1. O que é câncer de pele?O câncer é resultado de uma multiplicação celular que ocorre de forma anormal, podendo ocasionar desgaste no organismo como um todo ou apenas em áreas específicas. No caso do câncer de pele, es-sas células irregulares causam diferentes danos, seja na própria pele ou em outros lugares do corpo. Exis-tem três tipos desse tipo de câncer, sendo uns mais agressivos que os demais.

2. Quais são as diferenças entre os tipos da doença?O mais popular deles, o carcinoma basocelular, é tam-bém o menos agressivo dos três. Seu poder de destrui-ção é somente local (dificilmente ocasiona metástase, estágio em que a doença atinge outros órgãos) e apa-rece apenas em áreas expostas, como o rosto. Existe também o espinocelular, que é mais agressivo e pode desencadear em metástase quando não é diagnosti-cado cedo. Além do sol, contribuem para a ocorrência desse tipo, fatores como cigarro, queimaduras e úlce-ras crônicas. O mais perigoso de todos, no entanto, é o melanoma, que tem uma evolução rápida; se não descoberto em tempo, pode levar o paciente à morte rapidamente. 3. Quais os fatores desencadeantes do câncer de pele?Além da questão genética, as influências ambientais são decisivas. A ação externa mais perigosa vem dos raios ultravioletas do sol, devido ao seu efeito acumulativo: após anos de exposição, ele cobra sua conta. Mas já foi comprovado que aparelhos de bronzeamento artificial também causam o mesmo dano, por isso estão proibi-dos no País.

4. Como é possível identificar a doença?Apenas um médico dermatologista ou clínico geral pode dar um diagnóstico preciso. Porém, existem al-guns sinais que devem ser observados. Por exemplo: uma ferida que demora muito a cicatrizar ou que está sempre reincidindo, manchas que mudam de cor e

SOLaumentam de tamanho, sinais que viram úlceras e

sangram frequentemente. Todas essas evidências merecem atenção e são motivos para que a pessoa procure um especialista.

5. Depois de diagnosticada a doença, qual o trata-mento indicado?Existem diversas medicações e procedimentos que podem destruir as lesões identificadas como câncer de pele: cremes dermatológicos, ácidos, aplicações de nitrogênio líquido, incisões com bisturi elétrico ou mes-mo pequenas intervenções cirúrgicas. O tipo de cancro é que determina o tratamento. O crucial, na verdade, é a extração do câncer o mais rápido possível. Na pior das hipóteses, quando ele é identificado tardiamente e já entrou em metástase, são necessárias sessões de qui-mioterapia e radioterapia.

6. Qual a melhor forma de se prevenir da doença?A melhor forma de se prevenir é afastando-se dos fa-tores desencadeantes. Como sabemos que o sol é a influência mais significativa, deve-se evitá-lo em exces-so. Pessoas que trabalham expostas ao sol devem ter cuidados redobrados. Além do filtro solar todos os dias, é fundamental usar blusa de mangas longas e chapéu. Aqueles que tomam sol por diversão devem abusar do bloqueador, evitando exposição das 10h às 15h, quan-do a intensidade dos raios ultravioletas é maior.

Valter Kozmhinsk Valter Kozmhinsk é dermatologista, professor de dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Per-nambuco (UPE) e chefe do serviço de dermatologia do Imip (Instituto Materno Infantil de Pernambuco).

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Os perigos da estação do sol

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Uma mãe rock’n roll

Louca pelo Santa Cruz Futebol Clube, apaixonada por livros e determinada a conseguir tudo aquilo pelo que luta e acredita, Marlusa Tenório nunca imaginou que, após sua aposentadoria, em 1997, seus dias ganhariam novas atividades e os acordes rasgados da banda de rock da qual se tornaria não apenas madrinha, mas uma fiel e animada escudeira.

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“Ser mãe não fazia parte dos meus planos, trinta anos atrás. Mas quando André Gustavo nasceu, ocupou um espaço na minha vida que jamais imaginei ser possível. Ele é meu maior compa-nheiro, com quem sempre mantive uma relação bastante franca, baseada em conversas claras e honestas, e com quem conto diariamente para vencer os desafios que a vida me apresenta. E eles não são poucos.

Quando Gustavo era criança, por exemplo, tive de aprender a conviver com algo que era muito novo para mim: aos quatro anos, ele foi diag-nosticado como superdotado, dono de um QI superior à grande maioria dos meninos de sua idade. E saber disso, naquela época, foi difícil, já que ninguém falava muito sobre o assunto, não havia colégios preparados e eu não sabia lidar com a situação.

Lembro que houve um ano em que Gustavo precisou mudar de série três vezes na escola, que não lhe oferecia desafios e logo o deixa-va entediado. Precisei me adaptar e descobrir, junto com ele, coisas que o fizessem feliz sem muitas cobranças. Acho que eu me sentia ainda mais responsável pelo fato de não ter escolhido para ele um bom pai.

Com o tempo e orientação adequada, no en-tanto, tudo isso deixou de ser um problema. E o que ficou de bom foi o talento do meu filho, canalizado para as artes e para a música. Aos 30 anos, designer de formação, desenhista nato e

compositor talentoso, Gustavo juntou alguns amigos e, em 2006, montou a banda Rockstar. E eu, que sempre fui apaixonada por música, abracei a ideia: participo dos ensaios, ajudo a organizar shows, batalho por patrocínios e re-cursos e, principalmente, vibro junto com eles a cada conquista. Sou uma mãe rock’n roll!

Pela banda, também aprendi a usar melhor a in-ternet e hoje acesso redes sociais como Orkut e Myspace, onde faço a divulgação dos eventos e músicas. Gosto de estar presente e ajudo no que posso. Fazer música, aqui no Recife (PE), onde moramos, não é fácil. Encontrar portas abertas, então, é algo que raramente acontece. Para conquistar algum espaço, temos de correr atrás todos os dias, insistir e continuar acreditando.

Talvez seja por isso que todos digam que sou uma pessoa elétrica. Apesar de adorar dormir, meus dias começam bem cedo e tenho sem-pre muitas coisas para pensar e resolver. Como não planejei minha aposentadoria, apesar de participar da Fachesf, não contava com as per-das financeiras e as novas despesas que viria a ter quando saísse da Chesf. Tudo aquilo foi um choque para mim, emocional e financei-ramente. Hoje vejo que uma das razões foi a falta, naquela época, de uma cultura de pre-paração para a aposentadoria que facilitasse essa transição.

Como minhas despesas mudaram completa-mente, precisei descobrir alternativas para con-

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Mas não foi apenas no cenário musical que ela descobriu gratas sur-presas que mudariam de forma decisiva o curso dos seus dias. Em 1977, quando ainda era funcionária da Chesf – onde atuou por 20 anos – , o que não era esperado se tornou, segundo suas palavras, a maior ben-ção já recebida em toda sua vida: o nascimento do único filho, André Gustavo, com quem aprenderia a construir uma relação em que o amor só existe na forma incondicional.

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tinuar trabalhando e ganhar algum dinheiro. Já fui atendente em loja de informática, fiz ar-tesanato, preparei doces e salgados para fora e montei buffet de festas infantis. Hoje invis-to meu tempo nos crochês que faço e vendo bem, graças a Deus. Nunca estou parada. Prin-cipalmente agora que tenho mais disposição, depois do excesso de peso do qual me livrei há alguns anos.

Já cheguei a pesar 120kg e não me importava muito com isso. Mas quando comecei a perce-ber que estava com dificuldades para andar e dormir (somado ao histórico familiar de doen-ças do coração), resolvi que era a hora de virar a mesa e enfrentei uma cirurgia de redução de estômago. Nos primeiros 30kg perdidos, olhei para o espelho e não me reconheci mais. Saí pela rua, chorando de emoção.

Muitas outras etapas ainda viriam nesse proces-so todo, em que minha vida sofreu profundas transformações. O que nunca mudou, entretan-to, foi minha fé e coragem para ir atrás daqui-lo com que sonho. Sei que nada acontece sem esforço pessoal e tudo o que vem muito fácil perde seu valor.

Por isso acredito em ajudar as pessoas, em fazer o bem, em doar um pouco de tempo a quem precisa somente de atenção. E não se trata sim-plesmente de caridade. Quem me conhece sabe que quando tomo conta de algo ou alguém, faço isso com o coração. Brinco dizendo que com amigo meu ninguém mexe, porque a bri-ga é grande. No fundo, essa é somente minha maneira de acreditar que o importante mesmo é o quanto nos doamos verdadeiramente para o outro. Nada mais.”

Marlusa e os integrantes da banda Rockstar

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Central de Relacionamento Quando foi criada, em 2006, a Central de Relacio-namento veio para mudar a cultura do atendimento realizado pela Fachesf e aproximar ainda mais a Fundação dos seus Participantes.

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De lá para cá, a área tem se mantido fiel ao seu objetivo de oferecer atendimento rápido e per-sonalizado para todos, buscando atualizações e melhorias que aperfeiçoem cada vez mais suas atividades.

Prova disso é a recente decisão da Diretoria Exe-cutiva, estimulada e apoiada integralmente pela Chesf, que solicitou a implantação de um plan-tão de atendimento 24h na Central de Relacio-namento, em caráter experimental. Com a nova medida, agora é possível entrar em contato com a Fachesf, a qualquer hora, durante todos os dias da semana, através do 0800.281.7533. Tal inovação trará ainda mais comodidade para todos os Participantes e Assistidos.

Segundo Valcenir Lisboa, gerente da Central de Relacionamento, as ligações feitas fora do horário comercial (7h30 às 18h30) devem con-centrar questões direcionadas principalmente ao Fachesf-Saúde e PAP. “Nossos atendentes estão preparados para receber qualquer tipo de consulta, mas, nos horários noturnos, a maior procura será mesmo para as situações emergenciais relacionadas aos nossos Planos de Saúde”, explicou.

Dentre os atendimentos desse segmento, o Par-ticipante pode solicitar, por exemplo, direciona-mento à rede credenciada, apoio em situações não previstas e esclarecimentos sobre casos negados pelo credenciado de forma indevida. Também será possível consultar a Central sobre informações cadastrais que possibilitem o cor-reto atendimento dos usuários.

A estrutura para esse novo sistema já está em pleno funcionamento, de forma ainda expe-rimental, desde o final de dezembro de 2009, através de uma equipe treinada e a postos para atender às chamadas e orientar os Participantes da Fundação com o mesmo padrão já realizado no horário comercial.

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Passados três anos, essa realidade, felizmente, já não é mais a mesma. Cláudio foi um dos primei-ros beneficiários do Fachesf-Saúde que sentiu sua condição de vida dar um salto de qualidade desde que entrou para o Programa de Gerencia-mento de Pacientes Crônicos (PGPC).

Criado para monitorar os usuários do Plano com um histórico de elevados custos mensais e frequentes internamentos, o PGPC monitora hoje quase 100 pessoas. Seu principal objetivo é proporcionar um acompanhamento médico

qualidade de vidaUm salto para a Até março de 2006, a rotina de Cláudio de Castro,

87 anos, era permeada por incontáveis idas e vindas às emergências hospitalares: com dificuldade de locomoção e um quadro de diabetes e hipertensão descontroladas, o aposentado via sua saúde piorar a cada dia, agravada pela carência de um acompanha-mento médico apropriado, falta de recursos e gigan-tescas despesas com exames e medicamentos.

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de qualidade, que torne a vida do beneficiário mais confortável e ajude a reduzir as despesas do Fachesf-Saúde, contribuindo assim para evi-tar reajustes elevados nas mensalidades. Para possibilitar o funcionamento do Programa, a Fa-chesf opera nas cidades atendidas - Recife (PE), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) - em parceria com empresas especializadas em home care (atendi-mento domiciliar).

A grande parte dos pacientes envolvidos no Programa é selecionada por apresentar com-plicações ligadas principalmente a diabetes, hipertensão, sequelas de AVC (Acidente Vascu-lar Cerebral) e deficiência pulmonar obstrutiva crônica, um mal que afeta cerca de 5,5 milhões de brasileiros, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Superintendência de Saúde da Fachesf (PSS) observou que tais patologias, quando não trata-das de forma adequada, resultavam em muitas visitas às emergências da rede credenciada e internamentos frequentes que chegavam a du-rar, em média, três meses. “Isso prejudicava não somente os pacientes, que passavam tempos intermináveis em um hospital, como também o plano de saúde, que precisava arcar com gastos cada vez mais altos”, esclarece o superintenden-te Geraldo von Sohsten.

ControleA solução implantada através do PGPC foi ofere-cer a essas pessoas – 90% delas são idosos acima de 70 anos – a oportunidade de serem acom-panhadas por uma equipe multidisciplinar, for-

mada por médicos, enfermeiras, nutricionistas e fisioterapeutas. Em casa, os beneficiários passa-ram a ser visitados mensalmente, sendo moni-torados e instruídos a lidar com suas doenças e manter a medicação de forma correta.

Geraldo von Sohsten revela que essa dinâmi-ca resgata o conceito de médico de família, no qual um profissional conhece o histórico com-pleto de seu paciente e é capaz de avaliá-lo pe-riodicamente. “Antes essas pessoas se limitavam apenas às urgências hospitalares, onde eram atendidas cada vez por um médico diferente. Tal prática impedia a continuidade de um tra-tamento único, levando a doença a piorar de condição”, explica.

Depois da implantação do PGPC, os benefici-ários agora conhecem o médico responsável pelo seu acompanhamento e, sempre que ne-cessário, entram em contato com ele, que indi-ca as coordenadas a ser seguidas. Se for caso, por exemplo, de alguma situação de urgência, uma equipe é encaminhada até a residência do paciente, onde o primeiro atendimento é feito. Sendo preciso, ele é removido diretamente para um hospital credenciado.

MudançaEm apenas três anos de existência, o PGPC tem conquistado bons resultados. Para o Aposenta-do Cláudio de Castro, a oportunidade de fazer parte do grupo representou uma grande mu-dança no seu quadro de saúde, hoje sob con-trole. E além do ganho em qualidade de vida, suas despesas relativas ao Fachesf-Saúde redu-

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ziram consideravelmente. “Esse Programa tem sido maravilhoso. Sinto-me bem atendido e não pago mais tantas consultas. Estou muito satisfei-to”, revela, entre sorrisos.

Em julho de 2009, foi a vez de Maria de Jesus dos Santos, 70 anos, esposa e dependente de Cláudio de Castro no Fachesf-Saúde, ser também enqua-drada no PGPC. Com limitação dos movimentos em decorrência de uma cirurgia no joelho e impos-sibilitada de se deslocar para as sessões de fisiote-rapia, a paciente apresentava ainda um diagnósti-co de hipertensão descontrolada e um edema no braço, resultado de uma cirurgia. Devido ao seu quadro, eram constantes as idas ao hospital, onde era submetida a longos internamentos.

Com acesso a exames laboratoriais e fisioterapia domiciliar, em apenas quatro meses, Maria de Jesus conseguiu controlar melhor suas taxas e

diminuiu consideravelmente o inchaço causado pelo edema no braço. “Esse Programa foi a me-lhor coisa que a Fundação já fez por nós”, ela diz, de mãos dadas com o marido.

PlanoOs resultados positivos demonstram que a ini-ciativa representa uma importante ferramenta de gestão para o Plano de Saúde. Após a im-plantação do Programa, em 2006, verificou-se uma redução anual média de 50% nas despe-sas geradas pelos beneficiários enquadrados, motivada principalmente pela diminuição dos internamentos e entradas nas urgências hospi-talares. Tal impacto significa que a busca pelos padrões de melhoria no Fachesf-Saúde não so-mente visualizam os recursos financeiros, mas, sobretudo, a qualidade de vida de todos os seus beneficiários e dependentes.

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Cláudio de Castro e Maria de Jesus: vida nova após entrada no PGPC.

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Geraldo von Sohsten

Por uma boa utilização dos planos de saúde

Arcar com as despesas de saúde, de uma forma geral, tem sido um grande sacrifício para as famílias brasilei-ras. Com a deficiência de um serviço estatal de qualida-de, que ofereça condições humanas de atendimento e resolutividade, aqueles que podem pagar por uma assistência supletiva recorrem aos planos particulares. Mas apenas uma minoria faz parte desse grupo: so-mente 40 milhões de brasileiros, enquanto cerca de 140 milhões continuam de fora. Aqueles que fazem parte dessa privilegiada parcela, entretanto, ainda não conhecem alguns aspectos fundamentais para o bom funcionamento de um plano de saúde. Muitas vezes, por exemplo, ouvimos alguém dizer coisas como “pre-ciso usufruí-lo ao máximo, fazendo várias consultas e exames, pois estou pagando caro e nada influirá mes-mo no meu bolso”. Que atitude equivocada!

De fato, pode ser que o usuário, nesse momento, não te-nha nenhuma despesa extra. Mas ele se esquece de que as operadoras de saúde são obrigadas a realizar anual-mente um estudo atuarial do plano voltado para o reajus-te das mensalidades. E, nesse processo, são consideradas todas as ocorrências realizadas.

Se imaginarmos os inúmeros atendimentos que poderiam ter sido evitados, percebemos que milhões de reais deixa-riam de entrar no cálculo do reajuste das mensalidades. Para se ter uma ideia, cerca de 25% dos exames que são realizados acabam esquecidos, pois os pacientes não retor-nam para pegar os resultados, enfatizando o desperdício.

A decisão de procurar serviços médicos é pessoal e par-te da constatação de que há “algo errado” com a nossa saúde. Nesse momento, algumas considerações devem ser feitas. Por exemplo: é caso de urgência (interrupção súbita do estado normal da saúde)? Então se dirija até um atendimento de urgência de sua confiança e, se for pos-sível identificar a causa, em um local especializado na sua patologia (traumatologia, cardiologia, ginecologia, etc.).

Durante a consulta, o paciente ou acompanhante deve ficar atento às ações do médico e não permanecer com dúvidas, perguntando tudo que considerar necessário. Se for constatada qualquer irregularidade, é importante co-municar o ocorrido imediatamente à Fachesf.

Caso o atendimento não seja de urgência, é aconse-lhável não utilizar esse tipo de serviço para consultas e exames, pois estes têm custos elevados e, muitas vezes, acabam sendo empurrados pelas clínicas sem qualquer necessidade – o que dificulta a constatação dos audito-res da Fundação.

Além disso, verificamos que, em algumas situações, o paciente acaba retornando à urgência várias vezes. Isso se deve ao fato de o local procurado não ser adequado para diagnósticos eletivos, pois os médicos presentes são plantonistas focados apenas na solução imediata da emergência relatada, não sendo responsáveis pela conti-nuidade do tratamento do paciente.

É muito importante que, quando houver dúvidas ou desconhecimento de qual o melhor profissional ou ser-viço para o seu atendimento, o usuário busque orien-tação com os médicos da Fachesf e Chesf, que têm experiência e vivência diária na área de saúde. Tanto o Fachesf-Saúde quanto o PAP têm como objetivo pres-tar uma assistência médica de qualidade, com valores de remuneração aos prestadores compatíveis com o mercado e acatados nacionalmente entre as operado-res de planos de autogestão.

Tais benefícios se traduzem em um patrimônio que é nos-so. Portanto, é dever de todos nós ajudar na eliminação de desperdícios e serviços desnecessários, a fim de evitar custos que, no futuro, irão influir no percentual de aumen-to das mensalidades, conforme já foi dito anteriormente.

Por tudo isso, é importante reforçarmos que a utilização de forma consciente contribui para o fortalecimento do Fachesf-Saúde e do PAP, que podem, assim, continuar prestando uma assistência de qualidade, personalizada e com o menor custo possível, dentro dos padrões de um plano de atendimento hospitalar humanizado.

Superintendente de

Saúde da Fachesf, gastroenterologista, médico

do trabalho e administrador hospitalar.Geraldo von Sohsten ·

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Por uma boa utilização dos planos de saúde Eles têm o dom de guiar

Sempre dispostos e amigos fieis, no decorrer dessa longa relação de afeto, os cães foram ganhando aptidões que vão além do simples entreter, passando a assumir tarefas de grande responsabilidade (desde que bem capacitados

Não é de hoje que os cães têm uma ligação especial com os seres humanos. Há milhares de anos conviven-do com o homem, esses animais conquistaram espaço devido ao seu carisma e companheirismo.

para isso), que ajudam a melhorar a vida dos seus donos. É o que acontece, por exemplo, com os cães-guias, que exercem um papel úni-co na vida de muitas pessoas cegas.

Essa parceria teve início em meados de 1780, quando foram registradas as primeiras tentati-vas de utilizar cachorros para guiar pessoas com deficiência visual no hospital Les Quinze-Vingts, em Paris. Mas foi somente após a Primeira Guerra Mundial, quando milhares de soldados voltaram cegos dos campos de batalha, que o médico ale-

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mão Gerhard Stalling teve a ideia de treinar um grande número de cães para ajudar esses jovens.

Desde então, o treinamento evoluiu e já existem hoje diversas instituições espalhadas pelo mun-do com o objetivo de preparar o cão para atuar como guia. Porém, no Brasil, esse número ain-da deixa a desejar: são apenas 60 animais para quase 2,5 milhões de pessoas com deficiência visual, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De todas as Regi-ões, a situação mais difícil encontra-se no Nor-deste, onde o problema tem uma forte relação com à baixa renda da população e a escassez de informações.

TratamentoUma das pioneiras a desenvolver um trabalho direcionado para essa questão foi a Associação Cão Guia de Cego (ACGC), que existe desde 1981, em São Paulo (SP). Com caráter filantrópico, a entidade assume todo processo de aquisição, adestramento e adaptação do cão, mantendo-se exclusivamente através de doações, que nem sempre são tantas nem tão constantes.

Outro fator que ainda impede a popularização do cão-guia no País é a falta de tolerância e co-nhecimento da Lei de Acessibilidade, que per-mite a entrada dos animais em todos os recintos públicos, inclusive na fase de adestramento. “A ignorância sobre a legislação de acesso ao cão-guia é muito grande. Nossos instrutores enfren-tam muitos obstáculos, pois as pessoas acham que somente pessoas com deficiência visual podem entrar nos lugares com o cão. Mas a lei também habilita o adestrador”, lamenta Mônica Grimaldi, psicóloga e coordenadora da ACGC. O processo de desenvolvimento do cão para torná-lo guia começa bem antes do que se ima-gina, quando ele ainda é um filhote. Já nessa fase, é necessário observar a personalidade dos animais e priorizar aqueles com temperamento mais equilibrado que, somente então, são enca-minhados para a socialização.

O cão aspirante a guia deve ser criado desde cedo convivendo com pessoas, animais diferen-tes e lugares barulhentos, pois serão situações

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Não toque, não fale, não alimente ou distraia o cão.

Permita que o cão-guia se concentre em seu trabalho e cumpra seu papel sem ser perturbado.

Não trate o cão-guia como um animal de estimação.

Não dê comandos ao cão-guia; ape-nas o usuário deve comandá-lo.

Evite andar ao lado esquerdo do cão-guia em serviço; você pode se tornar uma distração, deixando-o confuso.

Não tente agarrar, dirigir a pessoa ou prender o arreio do cão. Se o dono ne-cessitar do seu auxílio, ofereça seu braço esquerdo.

Manual de boa convivência com o cão-guia

desse tipo que ele enfrentará no seu dia a dia. Atualmente as raças mais utilizadas no mundo in-teiro são Retriever do Labrador, Golden Retriever, Pastor Alemão e alguns mestiços desses. “No en-tanto, a raça não é o mais importante, e sim o cão. Também não existe um sexo preferencial; tanto machos como fêmeas podem ser guias, contanto que estejam castrados”, explica Mônica Grimaldi.

A partir do quarto mês, o cachorro começa a aprender comandos básicos de obediência, como sentar, levantar, ir à direita ou esquerda. No sétimo mês, é a vez de aprender o que os instrutores chamam de obediência avançada: adestramento na rua, obstáculos de altura e lar-gura, e travessia de sinais. Quando completa um ano de idade, o cão já está apto a aprender a condução inteligente, que significa desobede-cer a uma ordem dada pelo dono quando per-cebe alguma situação de perigo.

É muito importante que o animal saiba convi-ver pacificamente com crianças e pessoas es-

tranhas, sem perder a concentração enquanto estiver guiando. A última fase do adestramento, que leva em média três meses, corresponde à adaptação ao dono.

Nessa etapa, a pessoa cega é instruída a como li-dar com o animal, de forma que a orientação e a mobilidade ocorram com total segurança, expli-ca Sunnye Rose Gomes, psicóloga, reabilitadora e especialista em educação especial. Segundo ela, quando bem conduzida, essa relação pode ajudar as pessoas de baixa visão a se sentirem mais seguras e sociáveis. No final do treinamento, os cães concedidos pela ACGC podem guiar até completarem oito anos de idade. Depois disso, seu rendimento tende a apresentar algum declínio. Quando isso acontece, o dono pode manter o animal ou en-caminhá-lo a famílias cadastradas no programa de doação de cães-guias aposentados, para que ele possa desfrutar de uma velhice digna e ter todo carinho que lhe é merecido.

Engana-se quem acha que os cães só ajudam pessoas cegas. Já existem caninos capacita-dos, por exemplo, a auxiliar na mobilidade de cadeirantes e pessoas com deficiência auditi-va e física, e também cadeirantes. Vejam como isso é possível:

CadeirantesOs cães aprendem a acender e apagar luzes, a apoiar pessoas que andam com bengalas, a retirar roupa de secadora e colocar em cestas, entre outras tarefas domésticas.

Pessoas com deficiência auditivaO animal alerta para sons domésticos como batida de porta, campainha, despertador, te-lefone, grito de bebê e alerta de incêndio.

Ajudante bom pra cachorro

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Synara Rillo O cão pode ser a luz do homem

Quando recebi a sugestão para escrever um arti-go sobre o tema cão-guia, levei alguns dias ten-tando elaborar mentalmente – e intuir – o que deveria abordar sobre essa capacidade funcional do cão na sociedade. Meu objetivo foi formular um texto que explicasse o meu modo de ver e sentir os animais como nossos co-habitantes neste século em que vivemos. Por intuição, deci-di então extrair um parágrafo do livro que estou escrevendo, intitulado O que os cães e gatos me ensinaram, que reproduzo abaixo.

”Os seres humanos são luzes a guiar os cães e gatos; e estes – cães e gatos – são também pe-quenos raios de luz a guiar nossos passos. Nos-sa luz é frontal. A luz dos bichos vem dos seus olhos de feras alertas e sensíveis; lanternas na imensa estrada a projetar, feito vertente, a luz em essência, para nossos primeiros passos ao infinito de nós.”

Com isso, quero dizer que, por sermos espécie mais evoluída, é com a nossa consciência que devemos sentir e ver os animais, ofertando res-peito nessa relação mútua que estabelecemos com eles; ou seja, devemos protegê-los em pu-reza de sua espécie.

Quando os comparo com raios, como a luz que nasce e verte para nos iluminar os passos, falo do cão benfeitor ao ser humano em forma de essên-

cia energética evolutiva; do quanto eles também podem assumir o papel de colaboradores para o bem viver das pessoas.

Se pudermos ter esse olhar menos romantizado e ilusório na relação com os cães (visão que acaba redundando na humanização sem sentido para essa espécie), poderemos perceber com maior clareza os incontáveis benefícios dos animais de companhia para a nossa sociedade atual. Há sé-culos, eles trazem essa função de colaboradores do homem. O cão veio e existe para somar ao todo. Ele veio para contribuir conosco.

No tempo do homem das cavernas, ele já se fa-zia presente e cumpria bem essa parceria, ainda que de forma mais selvagem. Hoje, cada vez mais perto de nós, sem mais precisar ‘ser tão bicho’, o animal oferece seu olfato, visão, audição, tato e demais sentidos de feras alertas para guiar os se-res humanos, por exemplo, que possuem algum tipo de deficiência visual, ajudando-os a cumprir a longa jornada que se chama vida.

Os cães, de uma forma geral, são nossos guias em várias outras situações sociais e individuais. E através dessa consciência do animal como um benfeitor do ser humano, poderemos olhar para o cão e acariciá-lo por gratidão. Com ele, nossos olhos ‘cegos’ ganham caminhos seguros, fruto de uma ajuda mútua entre espécies.

Synara Rillo é autora do livro Cães, donos e dores humanas, participa do programa de rádio O outro lado dos animais (radioras.com.br) e mantém um site (www.synararillo.com.br), destinado ao deba-te sobre animais de companhia.

Médica Veterinária

Synara Rillo ·

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A palavra Capibaribe – Caapiuar-y-be ou Capiba-ra-ybe (ou ipe) – vem da língua tupi e significa rio das capivaras ou dos porcos selvagens. Nascido na serra do Jacarará, no município do Brejo da Madre de Deus, o famoso rio pernambucano tem um curso de 250 quilômetros e banha 32 muni-cípios do Estado (tais como Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Salgadinho, Limoeiro, Paudalho e São Lourenço da Mata) até chegar ao Recife e de-saguar no mar.

De grande importância histórica e social no de-senvolvimento do Estado, o Capibaribe já foi chamado de rio-ponte por ter sido, na época da colonização, um importante canal de comunica-ção entre as áreas produtoras de açúcar da zona da Mata e os currais do Agreste e do Sertão. Na segunda metade do século XVII, a população reci-fense, atraída por sua beleza paisagística, passou

Rio Capibaribe Capivara que corre para o mar

a ocupar as margens do rio, cujas águas, dizia-se então, traziam a cura para algumas doenças.

Naquela época, como não havia ainda o hábito do banho de mar, era no rio que os banhistas en-contravam um refrescante refúgio para o calor nordestino. “Além disso, as pessoas utilizavam suas águas para realizar mudanças, passear de canoa ou de botes”, cita Marília Ferreira Paes Ce-sário, Mestre em Geografia pela UFPE.

Desde então, o rio foi galgando novas funções para a população, cortando a terra com suas águas mornas e densas. Mas a chegada do século XX trouxe para o Capibaribe um novo e triste sig-nificado: um canal poluído por resíduos sólidos e líquidos, industriais e agrícolas, orgânicos e inor-gânicos. Tudo isso somado à maré de favelas e palafitas que silenciosamente se acumularam em suas margens.

Nada disso, porém, consegue destruir os encan-tos do rio que espalha vida pelo solo pernambu-cano e fez a cidade do Recife ser conhecida em todo mundo como a bela Veneza brasileira. Da literatura à economia, o Rio Capibaribe continua fazendo parte ativamente da vida do Estado e seu povo.

“Nenhuma outra metrópole brasileira desenvol-veu com seu rio relações tão profundas e varia-das – econômicas, sociais e culturais – como as que o Recife estabeleceu com o Capibaribe”.

Flávio Villaça (Autor do livro Espaço intra-urbano no Brasil)

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cultura e lazer

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cultura e lazer

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O rio da poesiaO renomado escritor pernambucano Gilberto Freyre foi um dos entusiastas do Capibaribe. Em seu livro Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife, lançado em 1942, ele afirma que “o rio está ligado da maneira mais íntima à história da cidade. O rio, o mar e os mangues. As-sassinatos, cheias, revoluções, fugas de escravos, assaltos de bandidos às pontes, fazem da história do Capibaribe, a história do Recife”.

O rio da arteA paisagem da cidade do Recife foi enaltecida com a instalação de um obelisco de 10 metros de altura, fixado às margens do rio Capibaribe, no Cais da Alfândega, entre a Ponte Giratória e o Shopping Paço Alfândega, para marcar os 350 anos da Restauração Pernambucana. Segundo Marília Paes, o monumento foi doado pelo con-selho da Comunidade Portuguesa de Pernambu-co, lembrando o movimento desencadeado pe-los luso-brasileiros para expulsar os holandeses das terras brasileiras. O projeto foi executado em pedra de cantaria, com base num esboço do ar-tista plástico Francisco Brennand, e esculpido em Esposende, cidade situada ao norte de Portugal.

O rio do desenvolvimentoSegundo o Atlas de Bacias Hidrográficas de Per-nambuco (2006), o Capibaribe tem uma popu-lação estimada de 430 mil habitantes em seu entorno, onde são desenvolvidas diversas ativi-dades econômicas, com destaque para o pólo de confecções no alto Capibaribe (mesorregião do Agreste Pernambucano). Atingindo um setor bastante diversificado, o rio empresta seu poten-cial para usos na agricultura, pesca, abastecimen-to de água e outras atividades industriais e de serviços.

O rio dos esportesA prática de esportes no Capibaribe é mais uma ação importante para a sua valorização. Nas águas do rio, instituições desportivas como Sport Clube do Recife e Clube Náutico Capibaribe man-têm treinos regulares de remo, esporte olímpico considerado um dos mais completos na busca de mente e corpos saudáveis.

O rio do turismoUma das mais belas atrações que o Recife ofere-ce aos turistas que visitam a cidade é o passeio de catamarã pelo rio Capibaribe. Durante um pouco mais de uma hora, a viagem proporciona uma visão inesquecível das três ilhas que formam o centro da cidade e suas pontes. As saídas são realizadas diariamente do Cais das Cinco Pontas, no bairro de São José.

Os vários ângulos deum mesmo rio

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O Rio

Os rios que eu encontroVão seguindo comigo.Rios são de água pouca,em que a água sempre está por um fio.Cortados no verãoQue faz secar todos os rios.Rios todos com nomee que abraço como a amigos.Uns com nome de gente,outros com nome de bicho,uns com nome de santo,muitos só com apelido.Mas todos como a genteQue por aqui tenho visto:a gente cuja vidase interrompe quando os rios.[Trecho do poema O rio]

Morte e Vida Severina

Vejo que o Capibaribe,como os rios lá de cima,é tão pobre que nem semprepode cumprir sua sinae no verão também corta,com pernas que não caminham.Tenho de saber agoraqual a verdadeira viaentre essas que escancaradasfrente a mim se multiplicam. [Trecho do poema Morte e vida severina]

O Cão sem Plumas

Como o rioaqueles homenssão como cães sem plumas(um cão sem plumasé maisque um cão saqueado;é maisque um cão assassinado.Na paisagem do riodifícil é saberonde começa o rio;onde a lamacomeça do rio;onde a terracomeça da lama;onde o homem,onde a pelecomeça da lama;onde começa o homemnaquele homem.[Trecho do poema O Cão sem Plumas]

Pernambucano ilustre e escritor renomado, João Cabral de Melo Neto foi um dos muitos intelectuais que se deixaram encantar pelo Capibaribe. Em sua obra, o rio passeia pela poesia, deixando atrás de si um rastro de admiração, saudade e até mesmo vergo-nha, pelo que fizeram ao Capibaribe no meio desse caminho.

O Capibaribe sob o olhar de João Cabral

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