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Revista Corresponde nº 24

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A revista das promotoras e correspondentes no Pais.

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EDITORIAL

BC prorroga prazo para entrada em vigor da Resolução 4035

O ano de 2011 chegou ao fim com surpresas no mínimo preocupantes para os Correspondentes no País. No dia 30 de novembro, o Banco Central baixou a Resolução nº 4.035/2011 com novas regras para o setor, prevendo, entre outras coisas, que os bancos definam em contrato a comissão referente a operações de crédito. Porém, o que mais tem preocupado o setor é a proibição da atuação de Promotores dentro das agências e postos bancários.

Com isso, acredita-se que haverá a demissão de 30 mil pessoas. Além de ser uma quantidade considerável de pessoas que ficarão sem emprego, a nova medida afetará principalmente a saúde financeira das empresas, sobretudo daquelas que atuam especificamente nesse modelo, que dependendo de sua concentração nessa atuação, poderão até mesmo ter que encerrar suas atividades.

Por outro lado, após audiência da diretoria da ANEPS no Banco Central, em Brasília, no último dia 13 de dezembro, conseguimos que o BC se sensibilizasse com a situação e prorrogasse o prazo para 2 de abril de 2012. A medida, embora paliativa, dará um tempo escasso para que empresários encontrem alguma saída para se adequarem ao novo cenário, ou então serão forçados a encerrar seus negócios.

Entendemos que a terceirização dos serviços bancários é uma realidade para o País, pois promove a inclusão financeira da população. Dessa forma, a ANEPS tem defendido em todas as instâncias a manutenção da atividade, bem como seu aprimoramento a fim de promover ainda mais a profissionalização do setor.

Vale lembrar que o empréstimo consignado ganhou expressão no Governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi alinhavado pelo então ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini. Ocorre que a modalidade ganhou vulto muito maior do que o esperado pelos seus criadores e a indústria lançou mão de um canal de distribuição igualmente novo, representado pelas Promotoras e Correspondentes, sem o qual não seria possível tamanha abrangência em tão curto tempo.

O lado visível de tudo isso, foi uma distribuição de crédito sem precedentes para cidadãos, que dificilmente teriam acesso pelos canais convencionais a preços acessíveis, com efeitos substancialmente importantes na economia em todas as regiões do Brasil. Já o lado invisível e que passou despercebido até o advento da Resolução 4035, foi o volume de empregos gerados pelo novo setor de Promotoras e Correspondentes, para o qual as autoridades não se atentaram e estavam despreparadas para administrar uma solução adequada a essa nova realidade, que do ponto de vista social, significa gerir uma grande massa de pessoas que atualmente têm suas funções diretamente relacionadas à atuação nas dependências bancárias.

Nesta edição, o leitor confere ainda alguns momentos de discussão realizados em 2011 acerca do assunto, como o Fórum sobre Correspondentes no País, cujo objetivo foi levar ao conhecimento das autoridades a importância do setor. Esse tema também esteve na pauta dos debates do 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança e 2º Congresso Nacional de Promoção de Crédito. O evento reuniu especialistas que apresentaram a evolução do crédito no Brasil nos últimos anos e também as tendências para o futuro.

Esta edição da Revista Corresponde traz ainda uma reportagem sobre a terceirização no Brasil com o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Aloysio Corrêa da Veiga, e aborda, na seção Consumidor, a delicada questão do superendividamento dos consumidores e a compulsão pelo consumo, que levou até a criação de núcleos especializados de atendimento médico para essa população endividada.

Para encerrar, gostaria de conclamar a todos que de alguma forma estejam envolvidos direta ou indiretamente com o segmento de promoção de consignado, para um engajamento forte que nos próximos meses poderá definir o futuro do nosso segmento, lembrando que até mesmo uma pequena ação pode ser decisiva.

Precisamos agir.Boa leitura!

Luis Carlos BentoPresidente da ANEPS

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Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País

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ENTREVISTA

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ANEPS - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS PROMOTORAS DE CRÉDITO E CORRESPONDENTES NO PAÍS

Terceirização: uma realidade incontestável

O processo de terceirização na economia brasileira é um fenômeno que cresce a cada ano. Para falar sobre esse tema tão polêmico entrevistamos o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Aloysio Corrêa da Veiga. Formado em Direito, ingressou na magistratura em 1981, como Juiz do Trabalho Substituto da 1ª Região (Rio de Janeiro). Em 1998, foi convocado pela primeira vez pelo TST para atuar, inicialmente por seis meses, como Juiz Convocado no TST. Foi reconvocado, excep-cionalmente, ao longo dos últimos seis anos seguintes e, em dezembro de 2004, foi empossado ministro. Atual-mente, preside a 6ª Turma do TST, desde a sua instalação em 2006. Veiga é professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis e autor de trabalhos jurídicos publicados em diversas revistas especializadas.

Revista Corresponde – Hoje existem 5 mil proces-sos relacionados à terceirização aguardando julgamen-to no Tribunal Superior do Trabalho. O senhor acredita que a audiência pública realizada em outubro último fa-cilitará o entendimento do TST para julgamento de tais questões?

Aloysio Corrêa da Veiga – A Justiça do Trabalho sempre se notabilizou por ser termômetro em tempos de crise, pois o número de processos judiciais aumenta exponencialmente, indicando que algum tipo de confli-to precisa ser observado com maior atenção. E o número de demandas envolvendo a terceirização de atividades é, de fato, grande. O TST não está alheio a esse confli-to. O Poder Judiciário teve por fim realizar a audiência pública, nos dias 4 e 5 de outubro, no sentido de ouvir

a sociedade, para definir a questão da terceirização em prestação de serviços de energia elétrica, concessio-nárias, que não geram lucro direto. Em síntese, ouvir a sociedade, principalmente diante da lacuna legislativa, é o que vai representar segurança e transparência, pois toda a sociedade participa para que o Poder Judiciário se torne cada vez mais eficiente.

RC – Empresários e trabalhadores compareceram à audiência pública defendendo seus pontos de vista. Os números então revelados evidenciaram um contingente significativo de trabalhadores terceirizados que atuam no País. Qual a sua visão a respeito do assunto? Podemos en-tender que a terceirização é uma realidade incontestável que já contribui para a distribuição de renda e de novos postos de trabalho?

ACV – Sim. É preciso entender que a terceirização é um fenômeno que, antes de ser especificamente tra-balhista, tem origem em uma questão social muito mais da modificação da cadeia produtiva nesse século 20 pós-revolução industrial. Se virmos o fenômeno da glo-balização, da necessidade de se integrar a produção a um mercado cada vez mais exigente, mais abrangente, a questão das fronteiras territoriais, que elas se tornaram ilimitadas, não mais circunscritas ao território de cada país, tudo isso fez com que tivéssemos de nos adaptar a uma nova realidade, a uma mudança do comportamen-to, da questão da exploração econômica, da formação da cadeia produtiva.

Hoje a sociedade manifesta-se em tempo real, con-temporaneamente ao fato, de forma que todo o co-

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nhecimento de toda a manifestação da cadeia de toda produção é divulgado de forma mais rápida. Isso faz com que as cadeias produtivas se especializem para com-petir no mercado. O conhecimento técnico e científico faz com que empresas descentralizem determinadas atividades para ter um elemento de competição, uma qualidade, isso faz com que busquem no mercado, pro-fissionais cada vez mais especializados para atender de-terminadas demandas, é essa a ideia de terceirização que seria aquela concebida dentro do espírito do Direito do Trabalho.

RC – No Brasil se deliberou fazer a dicotomia “atividade meio e atividade fim”. Entretanto, no exterior não existe tal sutileza, pois os processos de produção, por sua dinâmica, estão sempre em mutação. Dessa forma, a utilização de tais princípios por sua constante mutação, não comportam uma divisão radical, pois tal divisão seria um retrocesso. O senhor comunga de tal pensamento?

ACV – A questão da atividade deve ser encarada sob o aspecto da especialização, desde que não exista a pes-soalidade e a subordinação direta. Se houver, não há ter-ceirização, mas sim vínculo entre prestador e tomador, pois nesse caso o tomador dirige e assalaria a prestação de serviço. A terceirização surge da necessidade de uma parte da linha de produção ser delegada a outra empresa ou prestação de serviço com a finalidade de aumentar a qualidade, ou dar uma resposta mais eficiente para com-petir no mercado.

O critério “atividade meio e atividade fim”, é sempre objeto de dúvida. Há uma dificuldade de entender o que é meio e fim, considerando que atividade meio não é inerente, e a atividade fim se insere na atividade. Ocorre que nem sempre se pode fazer essa distinção. Tudo isso é terminológico. O que se deve deixar claro é que, se hou-ver descentralização da atividade, dentro de uma área de especialização, poderá haver licitude, desde que haja res-peito aos princípios protetivos do direito constitucional e do trabalho. Essa foi a grande conquista do TST. Quando a primazia da realidade demonstrar que não existe uma atividade de terceiro e sim precarização de mão de obra por locação, isso não pode ser reconhecido como válido, como lícita a atividade.

RC – A partir da década de 1980, as empresas no Bra-sil buscaram adequar seus processos de produção a pro-gramas mundiais de qualidade total e com isto buscar a terceirização de processos produtivos que contribuíssem para aprimorar o resultado final, eliminando etapas do que

verdadeiramente não era seu objetivo final. Qual a análise que o senhor faz dessa postura e da relação empresa X tra-balhador dentro deste contexto?

ACV – A terceirização é um fenômeno provocado pela economia. No final da década de 80 houve uma mudança de comportamento econômico nas empresas, sobretudo da indústria têxtil no Brasil. Eu era juiz em Teresópolis, no Rio de Janeiro, onde era a sede da Sudantex, que entrou em crise econômica apesar de possuir um parque indus-trial invejável, com uma arregimentação de emprego direto na base de quase oito mil empregados em uma cidade pequena. De repente, começou a entrar em crise financeira e a Justiça do Trabalho sempre se notabilizou por ser termômetro da crise, as obrigações aumentam e maior é o número de reclamações trabalhistas. Conver-sando com o diretor da empresa, ele dizia não ter mais condições de sobreviver, pois o produto final, o tecido encontrado no centro da cidade do Rio de Janeiro, e es-tava no mercado informal por um preço menor do que a matéria-prima. A concorrência internacional fazia com que o produto chegasse ao Brasil por um preço infinita-mente menor do que a matéria prima para fabricação do mesmo tecido. Terceirização tem a ver com produto final e preço de mercado. É preciso entender que preço e cus-to se diferem. Muitas vezes o custo se torna mais razoável para o empreendimento, embora o preço da aquisição seja maior. Se eu tiver que competir no mercado e para baixar custo e concentrar, vou ter profissionais talvez menos qualificados do que se eu contratar determinadas empresas especializadas, onde terei absolutamente uma

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“ É preciso entender que a terceirização é um fenômeno

que, antes de ser especificamente trabalhista, tem origem em uma questão

social muito mais da modificação da cadeia

produtiva nesse século 20 pós-revolução industrial.

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qualidade maior, pelo tecnicismo, segundo pela dimensão da empresa e atualização no mercado. Nem por isso o preço vai ser menor do que se eu explorasse diretamente só que o custo me será mais atraente. Nesse contexto, a questão da terceirização se resolveria dentro de um critério tão somente, chama-se enquadra-mento sindical e preço. Resolvida essa questão não haverá discussão acerca de terceirização, que, portanto, diz respeito à atividade, à especializa-ção. Na realidade o que se demons-tra, só poderá haver terceirização, ou se discutir em termos de respeito a princípios da dignidade da pessoa humana, de respeito a princípios que norteiam o trabalho se houver algo que norteia a espe-cialização, em havendo especialização podemos abrir o debate mais aprofundadamente da vinda de um terceiro para compor a relação jurídica.

RC – Quando a contratação é feita pelo Poder Público, as condições do leilão preconizam qualificações específicas dos serviços a serem executados, mas principalmente será vitoriosa a empresa habilitada que oferecer o menor preço, desta forma não estaria o próprio Poder Público praticando a precarização dos direitos trabalhistas?

ACV – Com relação ao serviço público, o tema cada vez mais vem se repetindo e, como fonte de conflito, quanto à terceirização, chegou ao ponto de haver, na justiça do trabalho no Brasil mais de 100 mil processos

em que se discutia responsabilidade da União. Até o Tribunal de Contas da União (TCU) diversas vezes se manifes-tou quanto a esse tipo de terceirização. É preciso entender, primeiro, que há uma limitação constitucional da ad-ministração pública, direta e indireta, na gestão dos recursos públicos. Há leis, responsabilidade fiscal, percen-tual limitado de servidores dentro de repartição pública, e isso cria determi-nada limitação na atuação do serviço público.

De fato, o critério “menor preço”, nem sempre é o melhor. Mas, não se pode entender o procedimento lici-tatório que visa o interesse público, constitucionalmente previsto, como

meio de precarização dos direitos trabalhistas. É de se en-tender, e contextualizar, as situações em que é permitido aos entes públicos terceirizar atividades.

Em determinadas localidades, e o Brasil tem exten-são territorial das maiores, há municípios que têm uma carência muito grande de recursos para gerir suas ativi-dades. Nesses locais, há questões emergenciais que pre-cisam ser resolvidas.

Ainda assim, para que haja contratação sob essa ale-gação é necessário excepcional interesse público. Pre-sente esse requisito, é válida a terceirização de determi-nados serviços pela administração pública, por licitação de empresas para prestar serviços em determinadas ati-vidades. Se houve regular licitação pública, transparên-cia e comprovação de idoneidade por parte da empresa vencedora, não se pode entender, em princípio, que o Poder Público elegeu mal.

É a tal história, não seria muito atento, ou muito de-satento, se a Administração Pública não se percebesse que os empregados da prestadora estão sem receber sa-lários. O Poder Público deve vigiar não só o efetivo cum-primento do que se contratou, mas a totalidade daquilo a que se obrigou. Se assim fizer, terá exatamente o resul-tado em que não haverá sonegação de qualquer tipo de atividade que foi contratada.

Esse é o conteúdo da ADC16, o mero inadimplemen-to não importa em responsabilização do ente público, considerado como “mero inadimplemento” aquele que é eventual. A partir do momento em que o inadimple-mento se torna cotidiano, haverá responsabilização do ente público, desde que haja culpa in vigilando, ou seja, a administração pública tinha o dever de vigiar o cum-primento das obrigações e não fez, descumprindo o con-trato em sua integralidade.

ENTREVISTA

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“ “ A terceirização surge da necessidade de uma parte da

linha de produção ser delegada a outra empresa com a finalidade

(...) de aumentar a qualidade, ou dar uma resposta mais efici-ente para competir no mercado.

Aloysio Corrêa da Veiga

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ANáLISE SETORIAL

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ANEPS promove debate sobre terceirização

A terceirização de serviços é um fenômeno mundial e também faz parte do cotidiano brasileiro há algumas décadas. Porém, o tema vem ganhando força ultima-mente em virtude da proposta do Projeto de Decreto Legislativo nº 214/2011, de autoria do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que defende a sustação da Re-solução 3.954/2011, do Banco Central, cuja intenção seria acabar com a terceirização dos serviços bancários.

Para debater o assunto e analisar seus impactos e des-dobramentos, a Associação Nacional das Empresas Pro-motoras de Crédito e Correspondentes no País (ANEPS) promoveu no dia 28 de setembro o Fórum sobre os Corres-

Encontro reforçou que o fim da terceirização trará prejuízos tanto para a sociedade quanto para os Correspondentes.

Rogério Lima de Carvalho (Prestaserv); Luis Carlos Bento (ANEPS); Anselmo Pereira Araújo Netto (BC); Eloy Câmara Ventura e Luiz Antonio de Medeiros (SEMDET)

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pondentes no País, na sede da AASP Associação dos Ad-vogados de São Paulo, que contou com a participação de Anselmo Pereira Araújo Netto, diretor do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do Banco Central (De-nor); Luiz Antonio de Medeiros, secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de São Paulo; Rogério Lima de Carvalho, as-sessor jurídico da Prestaserv; Eloy Câmara Ventura, presi-dente do Conselho de Ética da ANEPS e o presidente da entidade, Luis Carlos Bento. Estiveram presentes ainda mais de 300 convidados, além da jornalista Lilian Wite Fibe, que mediou o debate.

O presidente da ANEPS, Luis Carlos Bento, deu início ao debate apresentando os números do setor, que hoje engloba mais de 160 mil empresas em todo o País, e de sua importância para a população ao disponibilizar ca-nais mais acessíveis de distribuição de crédito. “O setor é fundamental para a promoção da inclusão financeira, geração de emprego e desenvolvimento social, que hoje é o principal canal para pagamento de benefícios sociais, como o INSS, Bolsa Educação e Bolsa Família (68,5% dos benefícios deste programa são pagos por meio dos Cor-respondentes)”. Os dados apresentados revelam ainda

que o setor responde por mais de 900 mil postos de tra-balho diretos.

Segundo ele, a consolidação desse modelo de ativi-dade só foi possível pelo trabalho sério realizado pelas empresas e pela regulamentação realizada pelo Banco Central nos últimos anos, que tem contribuído para a transparência desse mercado, cujo modelo é referência mundial. De acordo com Bento, “hoje a preocupação é com o projeto de lei proposto pelo deputado Ricardo Berzoini que prevê o fim da terceirização dos serviços de promoção de crédito e com os resultados da audiência

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pública sobre a terceirização ocorrida no início de outu-bro no Tribunal Superior do Trabalho (TST)”, em Brasília.

Anselmo Pereira Araújo Netto ressaltou a importân-cia dos Correspondentes para a inclusão financeira, di-zendo que “o setor contribui para o crescimento do Brasil porque estão nos locais onde a rede bancária não tem

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Anselmo Pereira Araújo Netto, diretor do Depto. de Normas do Banco Central

condições de estar”. Segundo ele, o setor promove a dis-tribuição de serviços bancários básicos, como financia-mento e crédito pessoal; a manutenção da concorrência, entre outros.

O advogado Rogério Lima de Carvalho destacou a ne-cessidade de regulamentação da terceirização, pois esse é um processo que existe há muitos anos no Brasil e está impregnado em diversos setores da economia, como o automotivo. Ao se referir ao projeto de lei 214/2011, Car-valho disse que “é mais uma tentativa de acabar com uma terceirização que se mostra vitoriosa no mercado, tanto pela criação de emprego quanto pelo cunho social e que a afirmação do parlamentar de que o artigo 8º da Re-solução do BC autoriza a criação de verdadeiras institui-ções financeiras é absurda, pois o Correspondente está longe de ser instituição financeira”.

Segundo o advogado Eloy Câmara Ventura, haveria forte impacto nas empresas, tanto para os Bancos quanto para os Correspondentes, caso o projeto de lei 214/2011 fosse aprovado. Para ele, a Resolução 3.954/2011 per-mitirá a regulação do setor e a inibição de fraudes.

O secretário-adjunto do SEMDET, Luiz Antonio de Me-deiros disse que a terceirização é importante para o País, porém, foi enfático ao dizer “que não pode haver tercei-rização na atividade fim”, ou seja, aquela que faz parte do processo específico de produção do bem ou serviço. Já a atividade meio, que faz parte do processo de apoio à produção do bem ou serviço, esta sim poderia ser tercei-rizada.

Histórico da terceirização

Os primeiros casos de terceirização surgiram na in-dústria bélica dos Estados Unidos na época da Segunda Guerra Mundial. Devido à necessidade de concentração em sua atividade fim, as fábricas de armamentos de-legaram as atividades de suporte a empresas presta-doras de serviço. No Brasil, esse tipo de procedimento começou pela indústria automobilística, nos anos 70, e ganhou força a partir das décadas de 80 e 90 do século XX, quando a globalização forçou a abertura da eco-nomia e acirrou a necessidade de aumentar a competi-tividade dos produtos nacionais nos mercados interno e externo.

Na época da sistematização das leis trabalhistas no Brasil, na década de 40, a terceirização ainda não era um “fenômeno”, e, por isso, não mereceu destaque. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) faz menção apenas a duas formas de subcontratação de mão de

obra na construção civil – a empreitada e a subemprei-tada (artigo 455) e a pequena empreitada (artigo 652, inciso III, alínea “a”).

A primeira regulamentação da matéria só ocor-reria em 1974, com a edição da Lei nº 6.019/1974, que dispõe sobre o trabalho temporário em empresas ur-banas. Nove anos depois, a Lei nº 7.102/1983, posteri-ormente alterada pela Lei nº 8.863/1994, regulamen-taria a contratação de serviços de segurança bancária e vigilância.

Outras modalidades de contratação que podem ser enquadradas no conceito de terceirização são tratadas na Lei nº 11.788/2008 (estagiários), Lei nº 8.630/1993 ou Lei dos Portos (portuários avulsos), Lei nº 5.889/1973 (trabalhadores rurais) e Lei nº 8.897/1995 (concessão de serviços públicos).

Fonte: Extraído do site www.tst.jus.br, por Carmem Feijó.

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Congresso analisa a evolução do crédito no Brasil

Entre os dias 18 e 19 de outubro, foram realizados o 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança e o 2º Con-gresso Nacional de Promoção de Crédito promovidos pela Credit Management Solutions (CMS) no Teatro Alfa e Hotel Transamérica, em São Paulo, com apoio da ANEPS.

O evento, que contou com a participação de pro-fissionais da área de crédito e instituições financeiras de todo o País e palestrantes de renome, teve como tema “Os novos patamares do crédito. O momento da evolução”. Foram dois dias de discussões e debates em que os palestrantes tiveram a oportunidade de apre-sentar dados e analisar o mercado de crédito. Logo na abertura ocorreu o debate sobre a expansão do crédito para tudo e para todos e suas oportunidades e riscos, mostrando um panorama real do comportamento do setor. Em seguida, foi divulgada a pesquisa “A voz do

Foram dois dias de debates sobre o comportamento do consumidor e os desafios e oportunidades para as Promotoras de Crédito e Correspondentes.

consumidor” realizada pelo Instituto Geoc em parceria com a Serasa Experian, cujo objetivo foi identificar as características do consumidor e entender as razões de sua necessidade de crédito e da inadimplência. Para isso, foram entrevistadas 950 pessoas pertencentes às classes A, B, C em diversas capitais brasileiras.

O levantamento mostra os motivos pelos quais os consumidores tornaram-se inadimplentes, como o de-semprego (quase 30%), a falta de controle financeiro (20%), entre outros.

Os resultados da pesquisa mostram ainda que a ne-cessidade de limpar o nome é um dos principais mo-tivos para a quitação das dívidas, já o desconto para a quitação está entre as principais formas de negoci-ação das pessoas endividadas (cerca de 60%). Os dados completos da pesquisa estão no site do Instituto Geoc www.igeoc.org.br.

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Abertura do congresso reúne especialistas em São Paulo

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Superendividamento

Ao longo do primeiro dia, aconteceram novos pai-néis de discussões, entre eles destacam-se: “A ameaça do superendividamento: as iniciativas para resguardar os consumidores e garantir a sustentabilidade do setor de crédito”. Na avaliação dos participantes deste painel, hoje o número de pessoas com dívidas é muito alto e tanto o varejo quanto os bancos são responsáveis por esse re-sultado. Todos foram unânimes em afirmar que é preciso fornecer mais informações aos consumidores sobre os juros e detalhes do financiamento.

Sergio Odilon Coutinho, chefe do Departamento de Normas do Banco Central, falou sobre do papel do Banco Central na defesa do sistema financeiro e nas medidas adotadas para evitar o endividamento das famílias. “É preciso ter responsabilidade na concessão de crédito”, destacou.

O endividamento faz parte da vida da sociedade, entretanto, com o acesso fácil ao crédito, o consumidor passou a consumir cada vez mais produtos e serviços, es-senciais ou não. Muitas vezes o consumidor gasta mais do que ganha e assim entra num círculo vicioso de con-trair um empréstimo para quitar outro e acaba se endivi-dando ainda mais.

Para ajudar a população a sair das dívidas foi reali-zado no início deste ano o “Projeto-Piloto de Tratamento ao Superendividamento”, uma parceria entre o Procon e o Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo Vera Lucia Remedi, representante do Procon e responsável pelo projeto, “o crédito fácil, os juros altos e a propaganda enganosa levam o consumidor a se endividar. É preciso oferecer ao consumidor informações mais claras na hora de fornecer o crédito”.

Esse projeto teve o objetivo de auxiliar os consumi-dores que estão em situação de superendividamento a renegociarem suas dívidas com os seus credores, por

meio de preparação do consumidor e audiências coleti-vas com os credores. Contudo, nota-se que há uma com-pulsão em consumir e, como muitas compras ocorrem por impulso, os especialistas já consideram como a mais nova doença da modernidade.

Hoje existe até a disciplina Psicologia Econômica que visa estudar os compradores compulsivos. Tatiana Filo-mensky, psicóloga do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, alerta para a alta no número de pessoas que buscam ajuda no HC, alegando ser com-pulsivas e encontrarem-se endividadas. “As pessoas pre-cisam aprender a fazer um planejamento antes de com-prar em excesso e contrair dívidas”.

Promoção de Crédito

A ANEPS organizou, em parceria com a CMS, o 2° Congresso Nacional de Promoção de Crédito que teve o objetivo de discutir o futuro do crédito e os desafios e oportunidades para as Promotoras de Crédito e Corres-pondentes. O debate sobre “As iniciativas do Poder Le-gislativo e Judiciário que afetam o futuro da terceirização de crédito no Brasil” foi coordenado por Katia Madeira, sócia da MKA Advogados, e contou com a participação de Luis Carlos Bento, presidente da ANEPS; Jair Lanteller, presidente do Instituto GEOC, Gestão de Excelência Ope-racional em Cobrança; Renato Oliva, presidente do Banco Cacique e da Associação Brasileira de Bancos (ABBC); e Topázio de Silveira Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT).

Luis Carlos Bento ressaltou a importância dos Corres-pondentes para a promoção de crédito no Brasil, que hoje são em torno de 160 mil empresas, gerando 900 mil empregos diretos. Segundo ele, o momento é de preocu-pação tendo em vista a polêmica sobre a possibilidade do fim da terceirização. “Hoje, os Correspondentes são responsáveis pela contratação de pessoas aposentadas ou mesmo de jovens sem experiência”, ressalta.

Convidados analisam motivos do superendividamento

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Os demais palestrantes também concordam que hoje a terceirização é um fenômeno mundial e está presente em todos os setores da nossa economia há vários anos e não há como reverter essa situação sem prejuízos para as empresas e para a sociedade.

O debate “Os desafios da Promoção de Crédito. A sustentabilidade de um segmento em tempos de fortes mudanças”, coordenado por Luis Carlos Bento, com a participação de Marina Gonzalez Martin de Carvalho, superintendente executiva da Bradesco Promotora; Ma-rio Rinaldini, vice-presidente da ANEPS e Renato Oliva, presidente do Banco Cacique.

Marina Gonzalez acredita que os Correspondentes vie-ram para ficar. “O setor tende a se modernizar, especial-mente após as normas regulamentadoras do Banco Cen-tral e haverá espaço para atuação com outros produtos, como seguro, indicação de conta corrente, previdência privada. Essa é uma tendência que ajudará o Correspon-dente a viabilizar seu negócio”.

Mário Rinaldini entende que a crise financeira mun-dial não afete tanto a economia brasileira e mais espe-cificamente os Correspondentes. Por outro lado, Renato Oliva, chamou a atenção para possíveis impactos no setor por conta da crise. Segundo ele, “o Governo já vem adotando medidas macroprudenciais preventivas que visam conter a inflação e segurar o consumo”.“

Advogada Kátia Madeira media debate sobre o futuro da terceirização

Estande da ANEPS recebe visitantes

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O Governo já vem adotando medidas macroprudenciais

preventivas que visam conter a inflação e segurar o consumo.

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OuVIDORIA

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Ouvidoria busca a excelência para a atividade de CorrespondentesIniciativa torna mais transparente a atuação dos profissionais do setor de crédito.

Hoje, a ouvidoria tem um papel estratégico impor-tante para as empresas, pois cabe ao ouvidor assegu-rar a sustentabilidade da organização, prepará-la para atender as demandas dos consumidores e agregar valor à empresa.

Com base nesse pensamento e por estar em linha com o Código de Defesa do Consumidor e as recentes resoluções do Banco Central do Brasil, a Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Cor-respondentes no País (ANEPS) implantou recentemente uma Ouvidoria com o objetivo de reforçar a regulação de suas empresas associadas.

A iniciativa qualifica ainda mais o programa de cer-tificação da ANEPS, lançado em julho de 2011 e voltado para os agentes de correspondentes, além de tornar o processo ainda mais transparente. Com isso, a ANEPS espera manter a excelência no relacionamento entre os Correspondentes e seus clientes, pois a Ouvidoria é um canal direto do cliente com a associação, permitindo ao cliente denunciar possíveis problemas que envolvam a atuação de Correspondentes ou Agentes certificados.

“Queremos que a ANEPS ofereça à sociedade a ga-rantia de ética e transparência, importantes pilares no

desenvolvimento do setor, com base nos princípios de Governança Corporativa da associação e com foco na inclusão social e financeira, em especial para as classes menos favorecidas”, avalia Anderson Borges, vice-presi-dente da ANEPS e Ouvidor Geral.

O papel da Ouvidoria é apurar e receber reclamações e denúncias dos clientes e associados ou até de outras associações e instituições financeiras. Com base nas informações, a ANEPS poderá abrir processos adminis-trativos que serão submetidos ao Conselho de Ética e Disciplina para apuração das irregularidades. De acordo com os resultados – que ficarão abertos para consulta pública –, a entidade poderá aplicar penalidades que vão desde a advertência até a cassação dos registros e da certificação.

Segundo Borges, o propósito é assegurar que a atu-ação dos profissionais esteja em linha com o Código de Ética e Conduta, elaborado pela ANEPS. “O nosso maior desafio é reforçar a cultura de atendimento de nos-sos Agentes e Correspondentes para que eles possam melhorar sua atuação junto aos clientes, oferecendo produtos e soluções de acordo com a realidade de cada um deles e de forma ética e justa”, considera Borges.

História da Ouvidoria

No mundo

1713 – O rei Carlos XII da Suécia instituiu  o  Supremo  Representante  do  Povo,  responsável  pela  super-visão do cumprimento das leis e das atividades exer-cidas pelos funcionários públicos. 

2003 – Nesse ano, 120 países haviam criado um om-budsman nacional, de acordo com a International Ombudsman Institute.

No Brasil

1538 – A figura do  Ouvidor  existe  no  Brasil  desde  esse  período,  quando Antonio de Oliveira  foi  no-meado  o  primeiro Ouvidor da Capitania  de São Vi-cente.

1988 – O artigo 37, parágrafo 3º, da Constituição de 1988 estabelece que a lei discipline as formas de par-ticipação do usuário na administração publica, direta e indireta.

1990 – No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), de 11 de setembro de 1990, também reforçou essa busca de construção da cidadania, tornando-se mais um instrumento de apoio legal ao trabalho de-senvolvido pelas ouvidorias.

2007 –  A Resolução 3.477/07 do BC determina que as instituições financeiras ofereçam o serviço de ouvi-doria aos cidadãos e correntistas, conforme determi-nação do Conselho Monetário Nacional (CMN) a fim de melhorar o atendimento ao consumidor.

Fonte: www.agenciabrasil.gov.br

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CERTIfICAçãO

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ANEPS amplia seu processo de certificação Parceria com associação de bancos permitirá a criação de estrutura única de certificação com abrangência nacional.

No dia 14 de setembro, a Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (ANEPS) firmou um convênio de cooperação com a Associação de Bancos nos Estados de Goiás,Tocantins e Maranhão (ASBAN), cujo objetivo é oferecer a qualifica-ção e certificação aos profissionais que atuam como Cor-respondentes. A assinatura do convênio contou com a presença do vice-presidente da ANEPS, Marciano Testa; conselheiros e diretoria da executiva da ASBAN; e repre-sentantes de diversos bancos gestores de empresas de Correspondentes.

“Firmamos parceria com a ASBAN pela representa-tividade da entidade naqueles estados junto ao mer-cado de Correspondes e demais agentes. Inicialmente, a entidade cogitou a criação de certificação própria, mas após conhecer nosso projeto decidiu pela parceria entre as duas entidades. Portanto, a ANEPS certifica e a ASBAN qualifica. Assim, cada um exerce seu papel no processo que atende a norma do Banco Central”, destaca Marciano Testa.

Segundo o vice-presidente de Relacionamento Insti-tucional da ASBAN, Mário Fernando Maia Queiroz, a par-tir de uma experiência desenvolvida pela ASBAN desde 2005, constatou-se a necessidade de uma estrutura para qualificação e certificação dos Correspondentes e seus colaboradores. Com a regulamentação editada pelo Ban-co Central, essa necessidade transformou-se em exigên-cia obrigando o mercado a se organizar para se adequar a essas novas medidas.

“Como a ASBAN e a ANEPS desenvolviam, isolada-mente, esforços nesse sentido, foi uma solução natural a união de ambas para a criação de uma única estrutura de certificação, com abrangência nacional. Com essa par-ceria serão produzidos ganhos de escala na certificação, controle, consultas, análises de processos, disseminação de princípios éticos, orientações técnicas, formação pro-fissional e reciclagem de todos que atuam nessa área”, destaca Queiroz. Segundo ele, a ANEPS foi escolhida em função da qualidade do processo de certificação por ela desenvolvido e por sua inquestionável idoneidade e competência.

Parcerias deste tipo só trazem benefícios, tanto para os empresários quanto para o consumidor, que passa a ter um atendimento de qualidade. Em 2011, convênios semelhantes já foram firmados pela ANEPS, como o da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), em julho, e o da Associação dos Bancos no Distrito Federal (ASSBAN), em setembro.

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Mário Fernando Maia Queiroz, vice-presidente de Relacionamento Institucional da ASBAN

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para a criação de uma única

estrutura de certificação.

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ARTIGO

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O Brasil e a crise financeira mundial – o que nos espera

Os tempos realmente mudaram. Na década de 90, as chamadas econo-mias desenvolvidas eram completamente estáveis e nós, os emergentes, vivíamos às voltas com as turbulências e crises fi-nanceiras. Enfrentamos a crise do México, a crise da

Rússia, a crise da Ásia, da Argentina e a crise do Brasil... Não faltaram crises para os emergentes, normalmente com desvalorizações cambiais, pressões inflacionárias e a ne-cessidade de ajustes fiscais urgentes que geralmente im-plicavam em reduções acentuadas nos níveis de produção e de emprego.

Hoje, em especial no caso do Brasil, vivemos uma situa-ção praticamente oposta, na qual a economia doméstica mostra uma razoável estabilidade e as fontes de incerteza e de instabilidade vêm do front externo, mais especifica-mente da Europa e dos EUA. Como podemos explicar esse cenário? E, mais importante, o que esperar dele neste e nos próximos anos?

Do nosso lado, podemos dizer que o Brasil vem colhen-do o bom resultado das reformas econômicas “plantadas” desde a década dos 90 (Governo FHC) e aperfeiçoadas na gestão do Presidente Lula. Após praticamente duas déca-das de descontrole inflacionário, o Brasil construiu uma sólida estabilidade macroeconômica, baseada no equilí-brio das finanças públicas, no controle da inflação via re-gime de metas e finalmente na introdução do regime de câmbio flutuante.

A esse quadro, já favorável, adicionaram-se outros dois fatores, também muito importantes: primeiro, um sistema financeiro capitalizado, pouco alavancado e su-jeito a uma forte regulação; e segundo, a expansão da demanda mundial pelas commodities, sobretudo a partir da elevação do consumo por parte dos países asiáticos, que trouxe grandes benefícios para o Brasil, que como se sabe é um grande player nesses mercados. Com a econo-mia doméstica em ordem e um cenário externo favorável, abriu-se espaço para as políticas sociais e distributivas do Governo Lula e para uma expressiva expansão das opera-ções de crédito.

Com a renda e o crédito em expansão e assegurada a solvência externa, a economia brasileira entrou numa tra-jetória duradoura de crescimento, puxada principalmente pelo consumo doméstico, com especial importância para a inclusão das chamadas classes C e D. Esse cenário

começou a ficar um pouco cinzento a partir da crise finan-ceira que explodiu nos EUA e ainda hoje está em curso, a-gora com o seu epicentro na Zona do Euro. Hoje se sabe que a crise financeira mundial de 2008 resultou da combi-nação explosiva de um endividamento excessivo por par-te de famílias, empresas e governos nas economias cen-trais (que aproveitaram-se de um longo período de taxas de juros excepcionalmente baixas) com falhas clamorosas de supervisão por parte das suas autoridades regulatórias.

A crise castigou os bancos desses países e, para evitar um colapso dos seus sistemas financeiros, os governos dos EUA e da Europa organizaram diversas operações de salvamento, injetando recursos públicos em suas institui-ções. O problema é que essas operações tiveram como efeito colateral uma piora na já débil situação fiscal e de endividamento dos Governos dos EUA e da grande maio-ria dos países europeus. Hoje, pode-se dizer que os EUA já superaram a fase mais aguda da crise, enquanto a Eu-ropa, até por conta das suas dificuldades de coordenação política, ainda busca uma solução que preserve a Zona do Euro. Mas, seja como for, com os consumidores e gover-nos excessivamente endividados, bancos com baixa capi-talização e empresas pouco confiantes para investir, não há como recuperar o dinamismo dessas economias num horizonte de pelo menos três a cinco anos.

Aqui no Brasil já sabemos, portanto, que não pode-remos contar com o dinamismo econômico desses países por um bom período de tempo. A boa notícia é que, fe-lizmente, hoje com o dinamismo do seu mercado interno e sua sólida posição em reservas cambiais, o Brasil é bem menos dependente de EUA e Europa para sustentar o seu crescimento. A propósito, hoje estamos bem mais ligados aos países da Ásia (China em especial) que devem seguir crescendo, ainda que possivelmente a um ritmo um pouco abaixo do atual. Por outro lado, a má notícia é que com um cenário externo mais adverso, não temos mais tempo a perder se quisermos preservar a nossa trajetória de cresci-mento.

O Brasil precisa com urgência ampliar os investimentos, tanto públicos como privados, e elevar os níveis de eficiên-cia e produtividade da sua economia. E isso não será pos-sível sem a retomada das reformas estruturais, a começar pela tributária e do nosso sistema educacional. Sabemos que os desafios não são pequenos, mas pelo menos dessa vez, felizmente, parece que o nosso futuro depende prin-cipalmente de nós e não dos desdobramentos (ainda que importantes) da economia mundial.

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*Economista-Chefe da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN).

*Rubens Sardenberg

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EM TEMPO

Nova norma do Banco Central poderá extinguir 30 mil empregos diretos no PaísA ANEPS reuniu-se com o BC com o intuito de reverter a situação que poderá afetar o setor de promotoras de crédito, além da população.

No dia 30 de novem-bro, o Banco Central publicou a Resolução 4.035/2011, que altera a Resolução nº 3.954, de 24  de  fevereiro de 2011, cujo teor proíbe que Promotoras e Cor-respondentes atuem diretamente nas de-pendências das insti-tuições financeiras.

Caso não haja nenhuma mudança, a medida provocará a demissão de aproximadamente 30 mil trabalhadores, que atuam nas dependências de instituições financeiras em todo o Brasil.

A Resolução nº 4.035, prevista inicialmente para entrar em vigor dia 2 de janeiro de 2012, foi prorrogada para o dia 2 de abril após audiência entre a diretoria da ANEPS representada pelo presidente, Luis Carlos Bento, além dos vices Marciano Testa e Edison Costa, inicialmente com o Diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles, em oito de dezembro do ano passado, em São Paulo, e no dia 13 de dezembro com o Diretor do Departamento de Normas do Banco Central Sergio Odilon dos Anjos, em Brasília.

Para o setor, o novo prazo se resume em apenas um paliativo de curto efeito, mas não elimina o problema maior, que é a possibilidade do fechamento de inúmeras empresas que se profissionalizaram ao longo da última década e hoje oferecem serviços e atendimento de alta qualidade, contribuindo para a ampliação do acesso ao crédito à população brasileira.

Segundo Luis Carlos Bento, presidente da ANEPS – Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País – serão afetados mais

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de 30 mil profissionais, que formarão um enorme contingente que terá dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho, sendo boa parte com idade acima de 40 anos.

Com a mudança das regras por parte do BC, as empresas terão que arcar com as indenizações. Sem falar no cumprimento do aviso prévio, que

passou a ser proporcional. Nesse caso, a Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011, estabelece que para cada ano adicional de trabalho, o aviso prévio será acrescido em três dias, até o limite de 90. Teme-se que as empresas afetadas por essas mudanças tenham que descontinuar suas operações, já que tem nessa atividade sua única fonte.

Na avaliação da ANEPS, que sempre se pautou pelas regras do mercado e vem trabalhando pelo fortalecimento e formalidade do setor, o Banco Central deve reavaliar o impacto que esta resolução provocará na oferta de crédito ao consumo, e principalmente junto a população de baixa renda, com grandes prejuízos aos esforços de inclusão social promovido pelo Governo Federal.

A Resolução também caminha na contramão em relação à qualidade dos serviços prestados e respeito ao consumidor, pois a ausência do atendimento hoje oferecido por esses trabalhadores deixará o consumidor novamente vulnerável às abordagens de rua, que infelizmente sabemos que em um ambiente aberto, ficam muito mais suscetíveis a fraudes e golpes promovidos por elementos inescrupulosos que tantos problemas causaram no início desse processo.

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LEGISLAçãO

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Acordo de Basileia e Contabilidade Internacional na agenda das instituições financeirasMudanças permitem uma gestão mais transparente, visando a diminuição de riscos operacionais.

As inúmeras crises financeiras mundiais ocorridas nos últimos anos aumentaram a preocupação com a saúde dos sistemas bancários de todo o mundo. Com isso, cresceu também a necessidade de adoção de medidas cujo objetivo é dar maior solidez ao sistema financeiro mundial.

Após reuniões de dirigentes de bancos centrais de todo o mundo, na cidade de Basileia, na Suíça, foram instituídos acordos em que foram estabelecidos os princípios fundamentais que devem ser usados como referência pelas autoridades públicas na supervisão dos bancos desses países. O primeiro acordo, chamado de Basileia I, determinou a exigência de capital mínimo, que deve ser respeitada por bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.

O novo acordo – Basileia II – instituiu mudanças que se apoiam em três pilares: Pilar 1 – Requisito Mínimo de Capital; Pilar 2 – Supervisão Bancária; Pilar 3 – Disciplina de Mercado. No ano passado, novas mudanças surgiram com o Acordo de Basileia III, forçando os bancos a aumentarem suas reservas de capital para se protegerem de crises.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva, “o objetivo da convenção de Basileia III é o aumento da blindagem do Sistema Financeiro mundial à volatilidade de preços de um mercado globalizado, além de reforçar os aspectos prudenciais na condução individual de cada instituição financeira. O primeiro impacto nas instituições financeiras refere-se ao aumento de custos internos, pois o desenvolvimento de sistemas de controle e o maior comprometimento de capital para garantir cenários estressados farão com que os custos internos das organizações aumentem, encarecendo as operações do sistema financeiro como um todo”.

Oliva ressalta ainda outro impacto relevante, que é o da gestão. “Cada vez mais será exigido maior atenção e

foco na gestão de riscos. A visão consolidada dos riscos da organização será uma necessidade e, nesse aspecto, falamos de integrar em uma mesma visão a gestão do risco de crédito, de mercado, de liquidez, dos riscos operacionais, o plano de continuidade de negócios e a própria remuneração dos gestores, que deverá estar vinculada aos objetivos de longo prazo e à sustentabilidade da instituição”, ressalta.

Segundo ele, a nova regulamentação deixará o sistema financeiro mais seguro e prudente, o que será bom para as sociedades onde as instituições financeiras atuam.

Contabilidade Internacional

O crescimento da economia global exigiu a adoção de padrões contábeis unificados e desde o ano passado todas as empresas brasileiras estão obrigadas a elaborar seus demonstrativos financeiros conforme as novas normas contidas nos International Financial Reporting Standards (IFRS) da International Accouting Standards Board (IASB). As principais mudanças se referem à nova estruturação do balanço patrimonial, os critérios de avaliação dos ativos, instrumentos financeiros derivativos, entre outros.

O diretor sub-regional Oeste do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sescon), Benedicto David Filho, acredita que essa mudança trará vantagens para as empresas brasileiras. “A convergência para os padrões internacionais levará ao aumento da transparência nas demonstrações financeiras e fará com que as empresas disponibilizem informações com mais qualidade”. A expectativa é de que essa conversão traga algumas oportunidades para as empresas, tornando-as mais eficientes nas operações, reduzindo custos operacionais e aumentando a competitividade.

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“ CONSuMIDOR

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O superendividamento e as compras por impulsoA difícil tarefa de conciliar o consumo com a capacidade de pagamento.

As facilidades que o consumidor tem hoje, como o acesso ao crédito prazos de pagamento mais longos leva-o a consumir cada vez mais e, na maioria das vezes, endividando-se com mais frequência também. Hoje é comum encontrarmos pessoas numa situação de su-perendividamento, ou seja, impossibilitadas de quitar todas as suas dívidas atuais e futuras. Isso pode ocorrer por vários motivos, como a perda de emprego, doenças, separações ou simplesmente pelo descontrole nas con-tas do indivíduo, que acaba prejudicando o pagamento de despesas rotineiras.

A falta de um bom planejamento financeiro pode ser responsável pelo crescimento do número de pessoas endividadas. Porém, há um fator que chama a atenção, que são as compras por impulso, quando a pessoa ad-quire itens desnecessários apenas pelo prazer de con-sumir. O consumidor compulsivo é aquele que não com-pra por necessidade, mas para satisfazer a um desejo ou aliviar uma tensão. Nesse caso, a sensação de bem-estar toda vez que adquire algo novo serve para amenizar os problemas do dia a dia.

Durante o painel “A ameaça do superendividamento: as iniciativas para resguardar os consumidores e garantir a sustentabilidade do setor de crédito”, no 7º Congresso Na-cional de Crédito e Cobrança, a psicóloga Tatiana Filomen-sky, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo falou a respeito do tema. Se-gundo ela, “no Brasil, a cada cinco pacientes com quadro de consumo compulsivo, quatro são do sexo feminino.

O mundo moderno tem contribuído para a mudança de comportamento do ser humano, uma vez que as pes-soas são estimuladas a querer e, quanto mais querem, mais querem ter, sem, contudo, encontrarem a satisfação após o consumo. Muitas vezes o diagnóstico da doença

As pessoas precisam aprender a fazer um planejamento

antes de comprar em excesso e contrair dívidas.

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demora porque o paciente não percebe o limite entre consumir normalmente e ser impulsivo.

O consumismo tem origens emocionais, financeiras ou psicológicas e levam as pessoas a gastarem o que po-dem e o que não podem apenas para suprir uma carên-cia, como a baixa autoestima, por exemplo. Chamada de oneomania (mania de comprar), essa doença faz com que a pessoa não resista a uma promoção, compre em segredo, adquirindo itens supérfluos e contraindo dívi-das. Indivíduos que sofrem de ansiedade, depressão ou transtorno bipolar podem se tornar compradores com-pulsivos. Nesse caso, os tratamentos envolvem terapia e o uso de medicamentos para controlar a ansiedade ou a depressão.

Tatiana Filomensky alerta para o crescimento do número de pessoas que buscam ajuda no Hospital das Clínicas, alegando ser compulsivas e encontrarem-se endividadas. “As pessoas precisam aprender a fazer um planejamento antes de comprar em excesso e contrair dívidas. Hoje existe até a disciplina Psicologia Econômica que visa estudar os compradores compulsivos”.

Endividamento sustentável

O endividamento das pessoas tem um lado posi-tivo por que mostra que, com a economia estável, de-semprego em baixa, aumento da renda e a facilidade ao crédito estão levando a população a adquirir bens e serviços que antes não estavam acessíveis para uma boa parcela da sociedade. Isso mostra que o endividamento sustentável e bem planejado contribui para o desenvolvi-mento do País.

Porém, quando isso ocorre por falta de controle finan-ceiro ou mesmo pelo consumo desnecessário, o endivi-damento pode gerar não apenas problemas de ordem financeira, mas também de ordem familiar e social.

Por isso, durante o painel de debates, Sergio Odilon Coutinho, chefe do Departamento de Normas do Banco Central, também ressaltou a preocupação do Banco Cen-tral em adotar medidas para evitar o endividamento das famílias, como o aumento do pagamento mínimo dos cartões de crédito, que desde junho passou para 15% e em dezembro subirá para 20%.

Ações conjuntas contra o superendividamento

Os órgãos públicos e de defesa do consumidor estão atentos a esse novo fenômeno e buscam soluções na tentativa de ajudar aos devedores. Uma parceria entre o Procon/SP e o Tribunal de Justiça de São Paulo realizou no início deste ano o “Projeto-Piloto de Tratamento ao Superendividamento”. O objetivo era auxiliar os consu-

midores superendividados a renegociarem suas dívidas, por meio de preparação do consumidor e audiências co-letivas com os credores.

Segundo Vera Lucia Remedi, representante do Pro-con e responsável pelo projeto, salientou durante o con-gresso que “o crédito fácil, os juros altos e a propaganda enganosa levam o consumidor a se endividar cada vez mais. É preciso oferecer ao consumidor informações mais claras na hora de fornecer o crédito”. Além disso, no site do órgão estão disponíveis boletins sobre consumo que objetivam orientar o consumidor a realizar suas compras com mais consciência, baseadas na sua real necessidade.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) também está divulgando uma campanha educativa em âmbito nacional, com o mote “Você manda no seu bolso”. A campanha tem por objeti-vo principal promover a educação financeira e incentivar o uso consciente do cartão de crédito junto às classes C e D.

Nos últimos anos, essa faixa da população brasileira tem conquistado um novo padrão de consumo, com mais acesso ao crédito, aos meios eletrônicos de paga-mento e aos bens de consumo, que no passado lhe pare-ciam inatingíveis. “Por meio da campanha, a ABECS quer estimular o portador a tomar suas decisões de compra corretamente e a cuidar do seu orçamento doméstico, usando o cartão de crédito como um instrumento de organização financeira”, afirma Cláudio Yamaguti, presi-dente da ABECS.

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O crédito fácil, os juros altos e a propaganda enganosa

levam o consumidor a se endividar cada vez mais.

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TECNOLOGIA E GESTãO

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Oportunidades em produto de créditoEstabilidade econômica e maior acesso ao consumo ampliam a oferta de novos produtos de crédito.

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Com mais de 160 mil postos de atendimento espa-lhados pelo território nacional, os Correspondentes são hoje uma importante porta de entrada para a inclusão financeira das comunidades desassistidas, contribuindo para o desenvolvimento das localidades onde estão in-seridos.

As empresas do setor disponibilizam ao público di-versos produtos financeiros que visam satisfazer as ne-cessidades de cada consumidor. Entretanto, elas não pre-cisam focar num determinado produto, como a oferta de crédito consignado, por exemplo. Os Correspondentes adquiriram nos últimos anos alto grau de profissiona-lismo, o que permite uma atuação ainda mais ampla de maneira a beneficiar cada vez mais a população.

De acordo com Nicola Tingas, economista chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Finan-ciamento e Investimento (ACREFI), “nos últimos anos houve um aumento da renda da população, promo-vendo uma ampliação do acesso ao crédito. Com isso, os Correspondentes tornaram-se importante elo na oferta de serviços de crédito, principalmente nas regiões mais distantes do País”.

Hoje, em virtude do crescimento da economia e do aumento da renda da população (que está mais exi-gente), a gama de produtos de crédito pode ser amplia-

da, conforme a necessidade do cliente. Ao analisar os números de alguns setores, como o de cartões de crédito e consórcios, por exemplo, observa-se que houve um crescimento sustentável nos últimos anos. Isso demons-tra que há espaço para a atuação dos Correspondentes na oferta desses produtos.

O estudo anual da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (ABECS) sobre meios eletrônicos de pagamento revelou que 72,4% da população pos-suem algum tipo de cartão. Em 2008, esse universo era de 68%. Ainda segundo a pesquisa, que também ouviu as pessoas que não possuem cartão sobre a intenção de adquirir, haverá um acréscimo de 4%, chegando a 76% em 2012.

Segundo o superintendente da ABECS, Fernando Barbosa, “o mercado encerrou o 1º semestre deste ano com 657 milhões de cartões em circulação no Brasil. O faturamento das transações realizadas com cartões nos primeiros seis meses foi de R$ 304,5 bilhões, 25% a mais do que no mesmo período do ano passado. Mesmo com esse crescimento expressivo, sabemos que 73% das transações no Brasil ainda são feitas por meio do papel-moeda, ou seja, ainda temos muito espaço para conquis-tar. A indústria tem trabalhado para que o cartão seja uma realidade para pessoas e lugares ainda carentes de

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serviços financeiros”.  Ainda de acordo com Barbosa, “du-rante os últimos anos, o cartão tem sido um importante instrumento de acesso ao consumo e de formalização da economia. O cartão de crédito, em particular, permite ao consumidor pagar suas compras com prazo de até 40 dias sem juros, dependendo da data de vencimento da fatura, e oferece ainda a possibilidade de parcelamento sem juros e financiamento da fatura em caso de situa-ções emergenciais”, destaca.

De acordo com o superintendente, o cartão é conside-rado um aliado pelas classes C, D e E, pois tem permitido que cada vez mais pessoas tenham acesso a bens que no passado eram considerados inatingíveis. É notório que essa faixa da população tem conquistado um novo pa-drão de consumo, com mais acesso ao crédito. Trata-se de um público que tem sua primeira oportunidade de lidar com um meio de pagamento “diferente” do dinheiro.

“Por isso, as empresas do mercado de cartões bus-cam desenvolver soluções que atendam cada vez mais a esse novo consumidor, ajudando-o em suas conquistas. Entretanto, não apenas a classe C, mas toda a base da pirâmide social impulsiona e continuará impulsionando o consumo interno nos próximos anos. Uma prova disso é a evolução da posse de cartão de crédito nos últimos dois anos foi muito superior, principalmente, quando observada no universo da classe C: de 38%, em 2009, para 47%, em 2011”, ressalta Barbosa. 

Ainda segundo, Fernando Barbosa, “os Correspon-dentes já contribuem como canal de distribuição para uma maior oferta do cartão e de outros serviços finan-ceiros à população, principalmente a que se encontra em regiões periféricas”.

Consórcios

Os resultados do setor de consórcios também são positivos e mostram a boa aceitação por parte do con-

sumidor. Em 2011, o ritmo de crescimento bateu re-corde, chegando a 1,69 milhão de novas cotas somente nos oito primeiros meses deste ano (recorde histórico), sendo 23,4% maior que o totalizado no mesmo período de 2010, quando atingiu 1,37 milhão, conforme dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Esse resultado mostra que o consumidor está mais informado acerca do funcionamento do sistema de consórcio, por meio do qual é possível adquirir veículos, imóveis, eletroeletrônicos ou serviços. Entretanto, para atuar é preciso atentar para a legislação do setor, que é bastante específica.

Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, “a legislação de consórcio é bastante complexa e exige profundo conhecimento de todos aqueles que atuam nesse importante segmento da economia na-cional. Desta forma, os correspondentes devem possuir qualificação, capacitação e conhecimentos suficientes para prestar todas as informações necessárias sobre o Sistema de Consórcios”.

Rossi destaca ainda que, “para fins de colocação de cotas de consórcios no mercado, de constituição de gru-pos de consórcio e de atendimento aos consorciados, a administradora poderá firmar convênio de representa-ção exclusivamente com pessoas jurídicas, nos termos da Circular BC nº 2.332/1993, que deverá ser registrado em cartório de registro de títulos e documentos, devendo ser arquivado na sede da administradora, à disposição do Banco Central”.

Durante o 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobran-ça e o 2º Congresso Nacional de Promoção de Crédito os palestrantes foram otimistas quanto ao crescimento da economia e ampliação do acesso ao crédito. Por isso, os Correspondentes devem ficar atentos às necessidades do consumidor, buscando ofertar novos produtos de crédito, sejam consórcios, cartões de crédito, seguros ou imóveis.

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VISãO

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O destino da terceirização após a audiência pública do TST e sua repercussão na terceirização dos serviços bancários

Nos dias 4 e 5 de outubro aconteceu uma audiência pública no TST para, no exercício de apreensão, seleção e compreensão dos fatos, discutir com a sociedade brasileira o fenômeno da terceirização.

Reconhecendo o ministro João Oreste Dalazen de que “a terceirização é um fenômeno irreversível da economia mundial e que estabeleceu-se na estru-tura produtiva capitalista e não há indícios, ainda que remotos, de seu arrefeci-mento”, estamos diante da oportunidade de verificar se ainda é conveniente a manutenção do critério de diferenciação da atividade como parâmetro de julgamento da licitude da terceirização, já que diante de algumas terceirizações consentidas pelo TST, se mostra ilógica a manutenção desse critério.

Naquela audiência todos falaram: os prós e os contras! São dois lados de uma mesma moeda que afeta todo ins-tituto e com a terceirização não é diferente. Ficou claro que as preocupações do TST são com o adimplemento das obrigações do empregado, a participação dos sindicatos nesse processo e sua unificação entre os empregados do tomador e do prestador dos serviços e o valor do capital social ser compatível com o vulto do empreendimento as-sumido. Muito ainda tem que ser discutido.

Assim, sem áreas de escape, sem chicanas ou curvas de saída, como quer o TST, pergunta-se qual o destino da terceirização, aí incluindo dos serviços bancários?

Levando em consideração que o TST reconhece a relevância, contemporaneidade e irreversibilidade da terceiriza-ção, enquanto fenômeno na economia mundial, a resposta mais plausível é que seguirá a sorte das outras, ou seja, o futuro é próspero. Se marco regulatório vier, já que existem projetos de lei em adiantado processo de discussão, a celeuma deixará de existir.

Se a conclusão, tanto da lei como do TST, pautar pela atividade meio do tomador, não existirá problemas, a meu ver, pois o Art. 17 da Lei 4.595/64 e o Inciso XIII, do Art. 10 da Resolução 3.954/11 ditam as atividades fim das insti-tuições financeiras. Por outro lado, os Incisos I a IX, do Art. 8º da mesma Resolução definem quais são as atividades passíveis de terceirização, ou seja, atividade-meio ou acessória.

A terceirização no setor bancário já data de 45 anos, tendo início com a edição da Resolução nº 29/66. À época, o papel era inverso ao de hoje. Os bancos é que eram os prestadores de serviços.

A terceirização na forma em que hoje está iniciou com a edição da Resolução nº 562/79, sendo que o termo “Cor-respondente” surgiu com a edição da Circular nº 220/73. Passamos pelas Resoluções nº 562/79, 2.166/95, 2.640/99, 2.707/00 (revogando disposições limitativas), 2.953/02, 3.110/03, 3.156/03, e por último as de nº 3.954 e 3.959, ambas de 2.011. Existem cerca de 150.000 correspondentes no país, presentes em todos os Estados da Federação, alcançan-do 5.564 municípios brasileiros. Geram cerca de 900 mil postos de trabalho, com a massa salarial de cerca de R$ 892 milhões. Os impostos e encargos recolhidos sobre essa massa salarial gira em torno de R$ 1.217.064.960,00 (encargos sobre a folha de 132,32%, segundo o SEBRAE/MG).

Assim, a alegada precarização de direitos dessa classe de trabalhadores é uma ficção, e os dados acima são signifi-cativos para um cenário não tão animador da economia mundial, e para este momento de travessia, deixo, para re-flexão daqueles que de alguma forma possam influenciar nas tomadas de decisões que selarão o destino de inúmeras empresas e seus empregados, uma frase de Fernando Pessoa que diz: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

*Rogério Lima de Carvalho

*Rogério Lima de CarvalhoGraduado em Direito pela PUC/MG, indicado ao Latin American Consel Awards 2011 – International Law Office, Employment Category, Membro da

Comissão de Advocacia Corporativa da OAB/MG e Co-autor do livro “A Terceirização nas Instituições Financeiras, na Figura do Correspondente”.

ANEPS - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS PROMOTORAS DE CRÉDITO E CORRESPONDENTES NO PAÍS

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