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Protegidos por Maria Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano XI Nº 134 Outubro de 2016 vitória vitória ATUALIDADE CIDADE QUE DESEJAMOS, CIDADE QUE PRECISAMOS Reportagem - Página 33

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Protegidos por

Maria

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI • Nº 134 • Outubro de 2016

vitóriavitóriaatualidade Cidade que desejamos, Cidade que preCisamos

Reportagem - Página 33

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NÃO PERCA TEMPOEconomize água

O Espírito Santo vive a maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Faça a sua parte: use água de maneira consciente.

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arquivix

@arquivix

Em outubro faz 25 anos que o então Papa João Paulo II esteve no Espírito Santo. Recordações e lembranças ainda estão vivas na mente e no coração de quem

participou de alguma forma dessa visita. A Praça do Papa em Vitória continuamente nos remete para esse evento. A sua construção mudou a paisagem da entrada da baía de Vitória e compôs naquela região um cenário religioso que tem ao fundo o Convento da Penha. Com essas memórias e sendo o mês das eleições esta edição traz uma proposta de cidade ideal, a partir da ideia da integração. Cidade das pessoas, da convivência, da harmonia e do respeito. Falamos ainda do berço da devoção a Nossa Senhora e fazemos homenagem às crianças publicando o desenho de Lívia Lorencini e as fotos de Guilherme e Pedro Mian na capa, e Juliana Bazet e Dulce Pereira na foto com São João Paulo II. Boa leitura! n

memórias e homenagens fazem bem

editoRial

fale com a gente

Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]

anuncieAssocie a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou [email protected]

aSSinaTuRaFaça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850

mitraaves

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maria da luz fernandeseditora

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI – Edição 134 – Outubro/2016Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

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AtuAlidAdeCidade que desejamos, cidade que precisamos

ideiAA alegria pela expectativa de um bem futuro chama-se esperança

pensAr

sugestõesFilme

diálogosEm saída

entrevistAMãos na terra para ajudar a recuperar nascentes e rios

Arquivo e memóriA25 anos da visita de São João Paulo II

ensinAmentosEscolher entre o bem e o mal

AconteceSeminário Igrejas e Bens Culturais

reportagemProtegidos por Maria

viver bemTempo de conviver

Fazer bemRobô ensina idioma para crianças imigrantes

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22

0803 editoriAl

16 espirituAlidAde

21 ecologiA

27 AspAs

32 comunicAção

38 mundo litúrgico

40 pergunte A quem sAbe

45 culturA cApixAbA

eleiçõesO que faço com

meu título de eleitor agora?

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opiniãoBrasil: aprendiz de

democracia?

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Caminhos da bíblia

Exigências para ser discípulo missionário

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atualidade

Cidade que desejamos, cidade que precisamos

Outubro de 2016. As cidades do Brasil entram em uma nova etapa e se preparam para no-

vas administrações, novos governos. Em alguns lugares, preparativos para um segundo turno. Novos legislado-res. Antigos legisladores. Pequenas e grandes esperanças e expectativas. Um novo momento e as mesmas cida-des diante de nós com seus desafios, problemas, potencialidades. Cidadãos esperançosos. Novos olhares que fazem perceber o bonito por trás do feio, a tranquilidade por trás da insegurança, o colorido por trás das cores cinza, o interesse por trás do descaso. Passado o tempo da eleição, olha-remos a nossa realidade com as lentes das promessas esperando que ela se torne o que deve ser. Uma cidade ideal projetada por uma arquiteta, pintada por um paisagista, diagnosticada por um médico, defendida por um espe-cialista em segurança, espaço de todos nas rodas de um ciclista. Então vamos lá, deixe fluir sua imaginação e viaje pela cidade que nossos colaboradores descreveram a partir de suas áreas de conhecimento e na qual todos deseja-mos morar.

Para Raquel Tonini Schneider, arquiteta, antes de projetar e organizar uma cidade é preciso pensar que todos os espaços irão interferir diretamente no modo de vida das pessoas e da sociedade. Por isso a cidade deve ser bela e harmônica. Todo o projeto deve provocar e possibilitar o encontro entre os seres humanos. Pense na sua cidade, imagine seu local de emprego, seu bairro, seu condomínio.... espaços projetados que promovam o encontro e a reunião das pessoas e não o isolamento. Pense que todos os materiais são sustentáveis, próprios para o clima que predomina na sua região, que existem praças, calçadões, áreas verdes que favorecem as relações, a convivência e a troca entre seus habitantes.

Cidade projetada

maria da luz fernandes

revista vitória I Outubro/20165

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atualidade

Tito Augusto Abreu de Carvalho, arquiteto e urbanista, descreve a cidade ideal como aquela que gera bem-estar e desenvolvimento. Infra-estrutura, escolas, hospitais e habitação disponíveis de forma acessível e com qualidade para todos. Áreas de lazer e cultura, ruas arborizadas, emprego próximo às moradias, transporte público de qualidade, respeito à capacidade ambiental para manter seu equilíbrio. Imagine sua cidade sendo pensada de forma estratégica e integrada ao desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental. Sim, é possível se mudarmos a forma de “fazer” as cidades.

O médico José Fernando Duarte propõe so-luções simples para diminuir acidentes, doenças relacionadas à poluição, contaminação, más condi-ções de higiene, diminuição de acidentes e pessoas sequeladas. A cidade ideal trabalha com educação preventiva e ações de Saneamento Básico. Pense numa cidade onde os resíduos são recolhidos e reciclados; existe fiscalização ade-quada na utilização de produtos alimentícios; controle de ruído e poluição; as escolas e as famí-lias oferecem aos mais novos noções de higiene e limpeza (escovação de dentes, utilização de produtos cosméticos e alimentos saudáveis); são ofertados programas de orientação de exercício e atividade física e esportiva adequados à faixa etá-ria e problemas de saúde. Nesta cidade os Postos de Saúde, os Serviços de Urgência, os Hospitais poderão prestar um serviço de qualidade porque os problemas atuais serão minimizados.

Cidade integrada

Cidade saudável

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Do ponto de vista da Segurança, João José Sana, especialista em segurança, também aposta na prevenção. O primeiro passo é a realização de um diagnóstico que identifique as causas da violência: a existência ou não do crime organizado; a existência de contextos sociourbanos inseguros; a insuficiência da ação policial e do sistema de segurança e justiça; a violência intergeracional cometidas contra crianças, adoles-centes, jovens e idosos; a violência contra as mulheres; a existência de diversos fatores de risco (álcool, drogas, desemprego, etc.) e o déficit de coesão social. Para ele se todos os atores (Governo Municipal, Esta-dual, Federal, representantes da sociedade civil e movimentos sociais) participarem do diagnóstico será possível a elaboração de um plano de segurança cidadã que deverá solucionar os problemas identificados no diagnóstico.

E para que a cidade tenha mobilidade é preciso que todas as pes-soas tenham acesso facilitado a todos os lugares onde quiserem ir, é o que pensa Eliete Coelho da Bike Anjo. Uma cidade que ofereça modais de transporte interligados - tipo bicicleta/ônibus - que tenha segurança, pontos de ônibus humanizados, praças e parques com atividades culturais. Que tenham campanhas educativas massivas para que motoristas - de carros, de ônibus, de motos - e ciclistas, respeitem o pedestre que é o elo mais frágil quando se fala em trânsito. Que nas escolas, as crianças tenham em todas as séries o apren-dizado de seus direitos e deveres no trânsito nosso de cada dia, que sejam incentivadas a usarem a bicicleta para ir à escola, para passear... Que as famílias participem ativamente desse processo educativo, que as crianças possam brincar na rua de novo, que existam ruas com acalmamento do tráfego dos veículos...

Cidade segura

Cidade da mobilidade

Gostou da sua nova cidade? Ela é possível. Ela está prevista. Ela é promessa dos administra-dores que se dispuseram ao serviço de organizar e cuidar. Ela é lei. “A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal,

conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes” (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, artigo 182). n

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fazeR bem

robô ensina idioma para crianças imigrantes

Neo é um robô desenvolvido por pesqui-sadores da Universidade Bie lefe ld , na Alemanha, para facilitar o aprendizado do idioma nos jardins de infância. Pesquisas apontam que uma em cada três cr ian-ças menores de cinco anos na Alemanha são imigrantes. O robô mede apenas 60 centímetros, pode ver, ouvir e se mover sozinho. Em um primeiro momento, Neo pode ajudar as crianças a construir frases em alemão, mas a ideia é que elas apren-dam a dominar a síntese e a gramática com a ajuda do robô em fases posteriores do projeto.

Jovens escoteiros entre 15 e 17 anos navegaram no rio Paraíba do Sul com barcos feitos de garrafas pet e bambu. O objetivo desta missão é a sustentabi-lidade. Durante o trajeto, cada tripulante coletou amostras da água do manancial para análise e observar a vegetação às margens do rio.

escoteiros criam barco de garrafa pet e navegam pelo rio paraíba do sul

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Uma atualização recente do Facebook permite que os usuários denunciem postagem com sinais alarmantes de suicídio. O projeto, desenvolvido em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), leva em consideração que pessoas con-templando a ideia de suicídio podem emitir sinais de alerta em suas publicações nas redes sociais. Aquele que fez a postagem alarmante receberá, então, uma mensagem avisando que um de seus amigos está preocupado com ele (sem identificar quem fez a denúncia) e sugestões do que fazer.

prevenção do suicídio no Facebook

Cadeira especial para leitura com os filhos O professor de artesanato norte-americano Hal Taylor criou uma cadeira de balanço com “braços” que comporta pais e filhos juntinhos para os momentos de leitura. Ele partiu da própria experiência. “Eu tinha um problema porque, não tendo um colo grande o suficiente

para três crianças, isso significava que Rachel, a mais velha, precisava ficar ao lado da cadeira enquanto eu contava as histórias. Eu não achava isso justo e pensei ‘bem, eu fabrico cadeiras de balanço, eu posso dar um jeito nisso!’ e dei!”, conta ele em seu site.

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PAULUS Livraria de Vitória-ESRua Duque de Caxias, 121Centro – CEP.: 29010-120

Tel.: (27) 3323.0116 [email protected]

PREPARE SEU CORAÇÃOPARA A VINDA DE JESUS!

Novena de Natal 2016Deus visita nossa casa comumPe. Luiz Miguel Duartee Danilo Alves Lima

CD Deus se faz nosso irmãoCantos para a Novena de Natal – ColetâneaPAULUS Música

32 p

ágin

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ixas

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brasil: aprendiz de democracia?

Marcelo BarreiraProfessor do departamentode filosofia da ufeS

Com a secularização do pensamento político no séc. XVIII, o Iluminismo

e suas instituições políticas nos apresentaram dois significados para a democracia. A existência dos direitos civis, que os revolu-cionários do séc. XVIII reivindi-cavam para todos os humanos, não tinham sido evidentes nos últimos mil anos. Neste sentido inicial, a democracia era sinôni-mo de constitucionalismo, com o poder dado a governantes elei-tos livremente pelos cidadãos. Ainda hoje podemos entender democracia desse modo. No en-tanto, em sentido amplo e mais efetivo, democracia é igualdade socioeconômica de oportunida-de, num modelo efetivamente mais igualitário de vida coletiva. Infelizmente esses dois sentidos técnicos e tradicionais não estão plenamente presentes no Brasil. Nosso país não se poderia considerar, conforme os senti-dos acima, um país democrático. No máximo, como não vivemos numa ditadura, viveríamos numa semidemocracia muito desgasta-da. Vejamos alguns pontos que demonstram isso: mesmo com um imposto regressivo, percebe-mos muita sonegação; nossa mí-dia corporativa frequentemente desinforma e, com a omissão do

STF, vemos “manhas e artima-nhas” de uma elite dirigente na defesa de seus privilégios histó-ricos, ao ponto de promover um impeachment de cartas marcadas e sem crime de responsabilidade, cujo nome deveria ser outro... Há, porém, um ponto posi-tivo em tudo isso: escancarou-se nosso modelo perverso de se fazer política. O consenso auto-ritário e elitista de um suposto “presidencialismo de coalizão” se reduziu à famigerada expressão “toma lá, dá cá”. A fisiologia do chamado “Centrão” sinaliza a conversão de partidos/políticos sem substância e convertidos a um triste adjetivo: o “peemede-bismo”, uma jabuticaba brasilei-ra, que, ao invés de ser mediadora de conflitos, gera a permanência das mazelas acima apontadas. Junto a isso, a politização do judiciário, em sintonia com uma classe média conivente com o em-presariado “nacional”, condena midiaticamente mais uns do que outros por motivos de pretensa

oPinião

“obviedade” – de quem se julga sensato e por isso não precisa de base empírica para suas convic-ções. Isso seria, a nosso ver, uma violação básica da cidadania no Estado democrático de direito. Por tudo isso, vemos uma perda geral de referências mo-rais e políticas para uma parce-la crescente de brasileiros que se acomodaram num temeroso cenário. As práticas sociais e as instituições jurídico-políticas são produtos de situações históricas concretas e têm de ser julgadas em referência às necessidades criadas por essas situações. Uma dessas situações relevantes hoje em dia é o desafio das políticas de redistribuição e de reconhe-cimento; para tanto, já se tornou lugar-comum a necessidade de uma reforma política em nosso país, mas já sabemos que isso parece uma ilusão para aprendi-zes cheios de empáfia... n

Há, porém, um ponto positivo em tudo isso: escancarou-se nosso modelo perverso de se fazer política. O consenso autoritário e elitista de um suposto “presidencialismo de coalizão” se reduziu à famigerada expressão “toma lá, dá cá

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ideiaS

A alegria pela expectativa de um bem futuro cha-ma-se esperança. A tris-

teza pela expectativa de um mau futuro chama-se medo. Onde nos encontramos? Maior talvez seja o medo, essa insegurança com relação ao amanhã. Não sabe-mos exatamente o que será, por mais que nos precavamos ou nos preparemos. Mas, pela esperança podemos resgatar as forças da vida, a despeito do que passamos. Esse resgate das forças da vida nos pede, contudo, como condição sine qua non, o cultivo de sentimentos e desejos alegres. Um desafio. Sim. Em tempos de vícios e drogas por todos os lados, um desafio. Em tempos de agressividades, depressões e suicídios, um desafio. Em tempos de egoísmos, consumismos e dei-ficação do dinheiro, um desafio.

a alegria pela expectativade um bem futurochama-se esperançanão entregues tua alma à tristeza... a alegria é a vida do homem.

eclo, 30, 22-23

Em tempos de prazeres forçados, de felicidades por obrigação, um desafio. Um grande desafio. Não uma impossibilidade, no entanto. Procuramos cultivar ale-grias, mas somos, inexoravel-mente, uma mistura de alegrias e tristezas que se dá no corpo e na alma e permeia as relações, os ambientes, o que pensamos, o que planejamos, o que sonha-mos, o que fazemos. Os sistemas e ambientes nos quais somos e existimos são fortemente marca-dos por estas forças, esses afetos misturados. Mas, se nos sistemas nos quais nossa vida acontece esse fluxo e mistura é uma rea-lidade, do mesmo modo é um imperativo o chamado para favorecermos a predominân-cia dos afetos alegres, de tal jeito que até os tristes se ponham, de um modo ou de outro, a ser-viço da vida. Para que a vida que está em cada

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dauri batisti

um seja cada vez mais bonita e potente em todos e em tudo, haveremos, então, de voltar nossa atenção para que os afetos tristes não sejam aqueles que determi-nam a configuração do ambiente no qual estamos imersos e vive-mos (família, escola, trabalho, etc.), visto que tantas vezes é isso que acontece. De que fala-mos? Falamos - com inspirações em Espinosa - de ódio, aversão, intrigas, ciúme, desespero, re-morso, inveja, autocomiseração, auto-abjeção, que se articulam muito bem com desejos tristes como frustração, cólera, vingan-ça, crueldade, pusilanimidade, etc. Ou seja, o tempo todo, a vida

toda, haveremos de nos sentir convidados à construção de um sistema e um am-biente em que predomi-

nem os desejos e afetos alegres: amor, gene-rosidade, gratidão, estima, misericórdia,

benevolência, coragem, ânimo. O tempo todo. Sem trégua. Para tal um caminho se oferece, aquele em que se pede não uma luta contra as “paixões” – luta que mais adoece do que favorece a vida -, mas um cui-dadoso olhar para os afetos que estão determinando modos e jeitos de viver. Mais do que de-testar ou renegar este ou aquele sentimento, esta ou aquela ação humana, embora incômodos, im-porta entendê-los, e então, quem sabe, reorganizar a vida em novas bases. Ainda, é sábio refazer-se pela alegria, pelo cultivo da ami-zade, pela recreação com co-mida partilhada, pela música, pela dança, pelas brincadeiras e jogos. Nossas tradições fami-liares e comunitárias sempre se prestaram a destacar a festa como força regeneradora da vida, como ocasião para se atualizar a bon-dade e a solidariedade. A festa é a recordação exigente de que não vivemos senão como cole-tividade (fazer festa sozinho é uma conhecida impossibilidade). Não nos deixemos esmorecer... Fujamos da tristeza... E viva a resistência democrática! n

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eleiçõeS

Domingos augusto Taufnerconselheiro do tribunal de contas do estado

o que faço com meu título de eleitor agora?

Após as eleições, mui-tos candidatos eleitos somem. Aqueles que

eram facilmente encontrados, simpáticos e solícitos, de uma hora para outra mudam de pos-tura. Esse “desaparecimento” é mais comum nos candidatos que fizeram promessas difíceis de cumprir, apenas com o obje-tivo de conquistar o voto. Já os candidatos que fizeram propostas mais coerentes, com certeza con-tinuarão presentes e acessíveis após as eleições. E esse distanciamento pós-eleitoral é um dos fatores que causam no seio popular o descrédito em relação à política. Mas isso é razão para desânimo? Claro que não, pois isso benefi-ciaria os malfeitores. É razão sim para que seja feito um efetivo acompanhamento e fiscalização dos trabalhos dos eleitos. Mas acompanhar e fiscalizar não é simplesmente fazer críticas ge-néricas a todos os eleitos. Quan-do criticamos todos os políticos indistintamente estamos deses-timulando justamente aqueles que são corretos. As críticas e cobranças devem ser específicas

para questionar e, se for o caso, punir, aqueles que cometem ir-regularidades. Existem mecanismos de acompanhamento e fiscalização acessíveis a qualquer cidadão, como é o caso dos Portais de Transparência, exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000) e pela Lei de Acesso a Infor-mação (Lei 12.527/2011). A partir do acompanhamento dos gastos públicos, e demais atos da gestão, é possível descobrir irregularidades que poderão ser denunciadas aos órgãos com-petentes para apuração, como

é o caso do Ministério Públi-co e dos Tribunais de Contas. Ressalto também que qualquer cidadão poderá ingressar com Ação Popular, nos termos do art. 5º LXXIII da Constituição, para pedir judicialmente a anulação de ato lesivo ao patrimônio público, a moralidade, ao meio ambien-te ou ao patrimônio histórico e cultural. No caso específico dos vereadores, não se deve cobrar deles favores pessoais, pois isso favorece a corrupção, mas sim exigir que exerçam com quali-dade as suas funções principais que são legislar e fiscalizar. No tocante aos prefeitos, é importante cobrar que debatam previamente o orçamento com as entidades organizadas da so-ciedade, que não gastem além do que arrecadam (um benefício atual poderá resultar em grandes prejuízos futuros) e que sejam transparentes e honestos nos referidos gastos, pois isso será um grande diferencial para que consigam atender as demandas sociais prioritárias. n

“existem mecanismos de

acompanhamento e fiscalização acessíveis a

qualquer cidadão, como é o caso dos portais de

transparência”

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eSPiRitualidade

Dom Rubens Sevilha, ocdbispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Ilusão e ganânciahoje seja quase impossível saber claramente a distinção entre o supérfluo e o necessário. Muitas pessoas estão lite-ralmente se matando por coi-sas desnecessárias. A ilusão e a ganância geram a desigualdade social: muitos pobres e alguns poucos ricos. Ambos são prisio-neiros da ilusão e da ganância. Mas o sofrimento do pobre é infinitamente maior, pois, além das angústias próprias das ilu-sões e do desejo de possuir o que não tem, sofre concretamente as

Oque move o mundo são a ilusão e a ganância. O dinheiro é a materia-

lização simbólica e instrumen-tal da ilusão e da ganância. O mundo está organizado em dois grupos: os hipnotizados consu-midores que querem comprar e os gananciosos vendedores que querem ganhar. Excluo des-se raciocínio as necessidades básicas da existência, embora

os pobres só têm duas opções pronunciáveis ao sair de casa: vão à Igreja ou ao bar! Os ricos sofrem menos, em-bora também eles sejam vítimas da ilusão e da ganância, mas usufruem das mordomias da ri-queza. Os políticos, geralmente são ex-pobres, adquirem a psi-cologia dos ricos, assim como, infelizmente, alguns clérigos e religiosos. Os remédios que curam as doenças da ilusão e da ganância são: a simplicidade, a genero-sidade, a humildade que mata o carreirismo, o desapego das

coisas materiais, a solidariedade e com-paixão pelos que so-frem, a misericórdia para com o caído.

É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gal 5,1), portanto, o homem livre tem a alma feliz. Milagrosamente ele consegue atravessar esse “vale de lágri-mas”, envelhecer e morrer feliz. A ressurreição destrói as ilusões do mal e, entre as dores do grão de trigo que cai na terra e morre, faz renascer o homem novo. n

dores e as humilhações da po-breza: não tem acesso à moradia de qualidade, não tem acesso à saúde de qualidade, não tem acesso à educação de qualidade, não tem acesso à qualificação profissional. Não vou citar a falta de acesso à cultura e ao lazer, pois estes são itens consi-derados como “perfumarias” e, portanto, desnecessários para os pobres. Na periferia das cidades

revista vitória I Outubro/201616

“a ilusão e a ganânCia geram a

desigualdade soCial: muitos pobres e alguns pouCos riCos”

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caminhoS da bíblia

Um dos textos marcantes do Evangelho de Lucas é o de Lc 14,25-33, no qual o evangelista apresenta Jesus diante de uma grande multidão, com a qual ele estabelece um diálogo. Espera-se do Senhor um

convite para segui-lo, dirigido aos que estavam próximos dele, mas não é isso o que acontece. De fato, Jesus elenca para a multidão as exigências próprias do caminho do seguimento, do discipulado, sem as quais não seria possível o nascimento de verdadeiros discípulos missionários. O objetivo de Jesus não é o de ter ao seu redor uma grande multidão sem compromisso, volúvel e imatura. Ao contrário, Ele deseja ao seu redor e no seu seguimento, um grupo de pessoas marcadas pelos valores do Evangelho, que se deixam moldar

Exigências para ser discípulo missionário

revista vitória I Outubro/201618

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Pe. andherson FranklinProfessor de Sagrada escritura no iftaV e doutor em Sagrada escritura

pela força do Espírito, tornando-se sinais do Reino. Desse modo, aos que decidiram pelo caminho do discipulado missionário, não se espera grandes palavras e discursos, mas atitudes de vida coerentes com o coração de Cristo. Isto é, um grupo de discípulos autênticos, verdadeiros e dispostos a tudo por amor. Por isso, Jesus indica o caminho a ser seguido quando pede de cada um que desejava segui-lo, um amor maior, mais maduro, verdadeiro e capaz de reconhecer as prioridades que o próprio amor possui. O Senhor ao dirigir-se à multidão não escondeu, o u a t é m e s m o disfarçou, diante dos que desejam segui-lo, as implicações de tal proposta. Ao contrário, de forma direta e clara, apresentou que o caminho do discipulado possui exigências que lhe são próprias, fazendo com que todos os que o abraçam o façam com verdade e consciência. Pois, a renúncia da vida, o desapego, a liberdade interior, a coragem de tomar a cruz e o seguimento dos passos do Senhor, são essenciais para que seja formado o verdadeiro discípulo missionário. E todos esses passos não podem ser dados se não em plena e total liberdade e decisão consciente. O Senhor,

ao indicar a renúncia de si, não requeria dos que o seguiam a anulação total de seus próprios interesses, sonhos e projetos pessoais, ou até mesmo a renúncia do amor às pessoas próximas. De fato, renunciar ao que se tem pelo Reino significa que tudo o que se possui e o que se é deve ser iluminado pela Presença de Cristo, ou seja, ser marcado pelo dom de seu amor. Aquele que renuncia a si mesmo acolhe a Cristo, recebe dele a inspiração e os valores para edificar a própria vida, deixa-se moldar

pelos valores do Evangelho e vive segundo as opções do Coração de Cristo. Mas a quem o Senhor pedirá tudo isso? A quem foi e ainda hoje é dirigido esse apelo tão firme e radical? Tais convites e propostas, só podem ser direcionados aos que muito receberam do Senhor, aos que foram atingidos por um amor maior, aos que sabem que Cristo é o seu maior tesouro. Sendo assim, esses que expe r imen ta ram mui to e receberam muito seriam capazes de responder sim aos apelos de

Cristo, já que, o caminho do discipulado não se constitui de uma ideia, de um slogan ou uma estrada passageira, marcada por um entusiasmo sem raízes. Do mesmo modo, não se é discípulo de uma ideia ou de um projeto da própria pessoa: se é discípulo de uma pessoa, se é discípulo de Cristo. Por isso, quem o escolhe deve fazer as contas com o caminho que deseja abraçar, com o modo de vida que se escolhe e com a pessoa que se quer seguir. Ao responder sim ao chamado do Senhor, aquele que deseja ser

seu discípulo deve reconhecer as exigências do caminho que deseja abraçar, antes de, diante do Senhor, confirmar que só nele se encontra o caminho, a verdade e a verdadeira vida. Hoje, o Senhor continua a apresentar às multidões as exigências do caminho do discipulado, todavia, somente poderá responder o sim consciente aquele que desejar se fazer discípulo. n

Jesus indica o caminho a ser seguido quando pede de cada um que o desejava seguir, um amor maior, mais maduro, verdadeiro e capaz de reconhecer as prioridades que o próprio amor possui

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Dois filmes disponíveis online que se interconectam na temática são “Hannah Arendt - ideias que chocaram o mundo” e “Um homem bom”. No primeiro, uma das mais importantes filósofas do século XX, Hanna tem a oportunidade de cobrir o jul-gamento do nazista Adolf Eichmann para a revista The New Yorker. Ela viaja até Israel e, na volta, escreve todas as suas impressões sobre o que aconteceu. É um dos momen-tos marcantes da nossa história ocidental,

SugeStõeS

pass

eio

Um lugar de refúgio no Espírito Santo é a Vila de Itaúnas. Gosto da paisagem, das dunas, do céu muito azul durante o dia e muito estrelado à noite. O silêncio da vila e a sensação de não conexão com o tempo e o espaço (urbanos, da vida moderna) fazem desse local um paraíso do nosso estado.

leitura

Um livro que acabei de ler e gos-tei muito foi “Submissão”, de Michel Houellebecq. Nesse romance, o autor faz uma sátira precisa e impactante da França no ano 2022. Depois de um segundo turno acirrado, as eleições presidenciais são vencidas por Mo-hammed Ben Abbes, o candidato da chamada Fraternidade Muçulmana. O carismático Ben Abbes começa a

implantar mudanças sociais, no início, imperceptíveis, mas que aos poucos se tornam dramáticas. O que na visão do personagem principal deveria ser ul-trajante, para grande parte das pessoas vai se tornando naturalmente aceita. O livro discute com maestria os valores como liberdade, igualdade e as tênues conquistas das liber-dades no ocidente cristão.

quando ela elabora uma das suas mais im-portantes teses: a de que o mal pode ser feito não por monstros, mas por pessoas comuns. No segundo filme, um homem bom passa a ser um dos mais importantes do regime nazista e suas ideias ajudam a colocar em prática uma ideologia perversa. Os dois filmes nos remetem às escolhas diárias que fazemos em nome das nossas crenças, mas principalmente dos nossos interesses pessoais.

Filmes

por ethel leonoR noia maciel

enfermeira, professora e vice-reitora da ufeS

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ecologia

Entende-se por zoonoses, enfermidades naturalmen-te transmissíveis entre os

animais e o homem, representando uma importante ameaça à saú-de e ao bem-estar da população. Apesar do progresso, das medidas de controle e da cobertura com serviços de saúde, essas doenças continuam registrando altas taxas de ocorrência nas zonas urbanas. Cabe ressaltar que essas doenças podem ser transmitidas dos animais para o homem mas o contrário também pode acontecer. Além disso, é indubitável que nós humanos temos importante papel nessa transmissão, seja pela não ou inadequada realização de há-bitos higiênicos sanitários (como higiene pessoal e dos alimentos ingeridos) e até mesmo por al-guma conduta incorreta que leva a superpopulação de animais. Vários fatores contribuem para o desenvolvimento das zoo-noses urbanas, como crescimento urbano acelerado e desordenado, habitações precárias com falta de saneamento básico, desequilíbrio ecológico, falta de controle sobre populações animais e convivência com animais (hábitos/cultura). Muitas são as enfermidades

transmissão de doenças por animais aos seres humanos

que podem ser transmitidas ao homem por animais, e em função disso a transmissão também é bem variada, podendo ser por agressão: mordeduras e/ou arranhaduras; vetores biológicos: insetos; ma-nipulação ou contato: objetos, animais e produtos de origem animal contaminados; Imersão: com água e solo contaminados; ingestão: alimentos e água con-taminados; inalação: aerossóis disseminados em ambientes (la-boratórios, matadouros, cavernas etc.). Essas doenças podem gerar agravos muito sérios à população, desde diminuição da capacidade produtiva e algumas delas têm alto índice de letalidade. Exemplifican-do algumas da principais zoonoses urbanas temos: Raiva, Leishma-nioses, Leptospirose, Larva Mi-grans, Toxoplasmose, Teníase/Cisticercose, Sarnas, Criptoco-cose, Esporotricose, Brucelose. E como medidas preventi-vas efetivas para controlar as zoonoses temos: higiene pessoal e do ambiente, vacinação dos animais, controle de vetores e reservatórios, controle da qua-lidade da água e dos alimentos, controle sanitário das criações de animais de companhia, cozi-

mento adequado dos alimentos, não criar animais silvestres sem autorização do órgão competen-te, posse responsável de animais. O mais importante de todo o processo é encarar que grande parcela de responsabilidade des-sas transmissões de doenças é do ser humano, por isso podemos e devemos ser responsáveis pelo controle dessas enfermidades e, entendo que o passo inicial para isso é educação em saúde, pois a melhor maneira (mais eficiente, rápida e barata) é a prevenção. n

Dr. carlos christomédico Veterinário

“muitas são as enfermidades que podem ser transmitidas ao homem por animais, e em função disso a transmissão também é bem variada”

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ViVeR bemVander Silva

tempo de

conviver

revista vitória I Outubro/201622

Há tempo para tudo, mas a gente in-siste em adiá-lo baseado nas mais diversas desculpas. É a tão conhecida

procrastinação. O ato de adiar, muitas vezes por causa da preguiça ou de fatores que vão assumindo a prioridade no lugar de seus objetivos principais. O pior é quando a procrastinação é relacionada à família, aos filhos. Na-quela briga com o relógio, na busca da segurança que acreditamos que o dinheiro nos proporciona, dispomos de cada vez menos tempo para o que realmente importa: a família. Chega o final de semana e a procrastinação é liderada pelo can-saço, pelo futebol na televisão, ou mesmo pelas tarefas domésticas que passam a ser prioritárias. Enquanto isso o tempo vai passando e, com ele, as importantes fases da vida de seus filhos. Vai chegar o dia em que muitos pais, ao verem seus filhos adultos, vão perceber que o seu contato com eles enquanto cresciam não foi aproveitado com qualidade. Será que o pensamento de que não esteve tão perto quanto gostaria “porque estava colocando dinheiro dentro de casa” pode aplacar a angústia dos

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conviver

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momentos não compartilhados? Os pais têm um papel mais importante do que serem apenas os adultos da casa e a relação entre pais e filhos é uma via de mão dupla que traz benefícios para todos. Ronald P. Rohner, diretor do Centro para o Estudo da Aceitação e Rejeição Parental da Universidade de Connecticut, EUA, lis-tou algumas atitudes que os pais podem ter, mesmo com pouco tempo, que irão trazer benefícios aos filhos no futuro:

Converse com eles todos os dias - Mesmo que seja apenas por alguns momentos,

o seu filho vai perceber que você de-dica tempo a ele. Pergunte sobre o dia, alegrias e frustrações. Assim ele também saberá que poderá conversar com você sobre tudo;Compartilhe com eles interesses em comum – Seja um esporte, um

hobby ou passeios, um interesse em comum favorece que tenham momentos juntos. Ter um vínculo como esse pode ajudar durante os difíceis anos da adolescência quando as crianças pensam que os pais não sabem nada; Esteja na linha de frente - Assista às apre-sentações, eventos esportivos e cerimônias de premiação deles. Saber que você está próximo ajuda na autoestima e consequentemente na segurança; Elogie - Mostre que você reconhece os esfor-ços e trabalho de seus filhos. Os pais não podem ser só percebidos como aqueles que apontam e corrigem os erros; Ensine – pode ser algo simples como lavar um carro, ou consertar o pneu de uma bicicleta. Compartilhar conhecimentos favorece diálogos e fortalece a cumplicidade. Não podemos fazer o relógio parar e muitas vezes somos reféns do horário. Não pretendo fazer nenhum pai se sentir culpado pela falta de tempo, mas sim alertar sobre a importância da qualidade destes momentos com os filhos. n

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diálogoS Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

em saída

Uma expressão de Sua Santidade, o Papa Fran-cisco, ficou marcada

nos corações de muita gente. Estar em saída! Em diversas oportunidades ele vem estimu-lando a todos nós para estarmos em saída. Não podemos ficar fechados em nós mesmos, a fa-mília não pode ficar fechada em si mesma, a Igreja é missionária e não pode ficar fechada em seus próprios problemas. Precisamos sair, “navegar em águas mais profundas”. Há muito peixe que precisa ser pescado pela rede do Evangelho de Jesus Cristo. A Igreja de Vitória do Es-pírito Santo é uma Igreja em contínua saída. A Diocese de Lábrea é nossa Igreja irmã há muitos anos. Vejo com alegria que os leigos se organizam e reservam tempo para ir até Lá-brea a fim de prestar serviço aos ribeirinhos daquela Diocese, seja na catequese, seja no cuidado com a saúde de tantos irmãos necessitados. Adultos e jovens missionários vão com alegria doar-se, colaborar com irmãos e irmãs daquela Diocese. Estão realmente em saída como esti-mula o Papa Francisco. Contudo, estar em saída não

é um apelo para poucos e sim para todos os fiéis cristãos. Não posso dizer que estes missioná-rios jovens e adultos que vão a Lábrea são mais missionários do que a maioria dos cristãos que ficam na Arquidiocese. O apelo é também para todos que ficam em casa. Estar em saída é uma missão de todos os batiza-dos. Os grupos de reflexão, os

Na Comunidade Eclesial o cristão recebe a graça de Deus e é movido

para sair, ‘navegar em águas mais

profundas”, evangelizar, lançar a rede do Evangelho

o Batismo e como ser cristão em casa, na escola, no traba-lho e na rua. As Comunidades Eclesiais e todos os carismas nestas Comunidades devem ser motor do Espírito Evangelizador de cada fiel. Na Comunidade Eclesial o cristão recebe a graça de Deus e é movido para sair, “navegar em águas mais pro-fundas”, evangelizar, lançar a

círculos bíblicos, as associações religiosas precisam estar em saí-da. Crianças, jovens e adultos devem estar em saída desde o seio materno até o último mo-mento da vida. Como estar em saída? En-tendendo bem o que significa

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rede do Evangelho. O Batismo nos introduz numa caminhada com Jesus. Também os enfer-mos, os que estão em suas camas paralíticos, os surdos e mudos batizados estão em saída e estão caminhando com Jesus. Leia o texto do Evangelho que nos fala dos discípulos de Emaús. Ser missionário é a característica do cristão. Ele está continuamente

em saída com Jesus. E você, jovem, como está? Caminhar é preciso! Parar é re-gredir para si mesmo! Desejo-lhe boa caminhada pessoal e em grupo, pois juntos podemos si-nalizar mais e convocar aqueles que estão estacionados à beira da estrada sem sentido e motiva-ção para caminhar. Só caminha alegre quem tem fé viva e pensa

no seu semelhante. Ninguém se esqueça desta verdade: o cristão é uma pessoa em saída, missionária desde o seio materno! Sim, desde o seio materno de sua mãe missioná-ria, ela é uma pessoa em saída porque caminha com Jesus e não fica fechada em si mesma. Ela sabe que o seu semelhante é a estrada de sua salvação! n

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aSPaS

Eu fiquei indignadoEle ficou indignadoA massa indignada

Duro de tão indignado

A nossa indignaçãoÉ uma mosca sem asas

Não ultrapassa as janelasDe nossas casas

Indignação, indignaIndigna, inação

Indignação, Skank

Você me pergunta pela minha paixãoDigo que estou encantado como

uma nova invençãoVou ficar nesta cidade não vou

voltar pr’o sertãoPois vejo vir vindo no vento o cheiro

da nova estaçãoE eu sinto tudo na ferida viva

do meu coraçãoComo Nossos Pais, Belchior

A gente quer viver pleno direitoA gente quer viver todo respeitoA gente quer viver uma naçãoA gente quer é ser um cidadãoA gente quer viver uma nação

É, Gonzaguinha

Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutadoCálice, Chico Buarque

Depois de tudo até chegar neste momento Me negar conhecimento é me negar

o que é meuNão venha agora fazer furo

em meu futuro, Me trancar num quarto escuro e

fingir que me esqueceuVocês vão ter que acostumar porque...

Ninguém tira o trono do estudarNinguém é o dono do que a vida dá

O Trono do estudar, Dani Black

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mãos na terra para ajudar a recuperar nascentes e rioshélio dias vasconcelos começou a plantar mudas como forma de ocupar seu tempo após a morte da esposa. toda a sua produção é doada para auxiliar no reflorestamento e preservação ambiental.

entReViSta letícia bazet

vitória - Como o senhor começou a plantar as mudas?hélio - Eu comecei há seis anos, quando perdi a minha esposa. Minha filha ia para o trabalho e eu ficava aqui em casa sozinho. O trabalho de mecânico que eu já fazia havia caído muito, não havia mais tanta demanda e serviço, e fi-cava em casa ocioso. Então, eu pedi a Deus que me mostrasse um caminho para que pudes-se colocar minha mente para trabalhar, para me ocupar e foi quando Ele me mostrou o caminho das plantas. Comecei a fazer esse trabalho, com o objetivo de doar para ajudar na recuperação das nascentes e dos rios.

vitória - E quantas mudas já doou?

do, comecei a fazer esse traba-lho e aí muitas vezes passava o dia inteiro enchendo as sa-colinhas com a terra e nem via a hora passar. Foi uma forma de colocar a minha mente a serviço de algo bom... porque muitas vezes voltamos nossos pensamentos para outras coi-sas e aí prejudica né? Já que não tinha tanto trabalho com a oficina, as mudas me ajudaram muito neste momento que eu passei.

vitória - O que preten-de com essa ação?hélio - A minha vontade maior era o poder público e muitas outras pessoas

se empenhando em fazer isso também, para a gente ter de volta a nossa natu-reza, nossos rios,

hélio - Há cinco anos mandei mil mudas de cerejeira para Afonso Cláudio. Em novembro do ano passado doei 500 mudas de cerejeira para o Instituto Terra e em abril foram mais duas mil mudas de novo para Afonso Cláudio, no projeto Consórcio Guandu. Neste meio tempo também doei muitas mu-das para particulares, pessoas que vinham aqui e pegavam.

vitória - O que represen-ta para o senhor essa atividade?hélio - É uma tera-pia. Isso me ajudou demais. Ao invés de ficar aqui para-

revista vitória I Outubro/201629

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entReViSta

nossas nascentes. Eu estive em Afonso Cláudio e fiquei triste. Você não vê mais rios, está tudo acabado e as pessoas não se mo-bilizam para fazer nada. Eu falei lá que eles têm a faca e o queijo na mão, pois têm sementes, terra, adubo, só falta a boa vontade.

vitória - Diante de todo esse cenário de seca e racionamento, o trabalho do senhor ganha mais importância?hélio - Eu sempre falo que não vou ver os frutos dessa ação, isso vai ficar para as novas gerações, netos, bisnetos que verão os fru-tos do meu trabalho. Mas o que eu estou começando agora... já estou com a idade bem avançada, então eu espero que seja realmente produtivo.

vitória - De que maneira as pessoas foram descobrindo o seu trabalho?hélio - Eu fui falando com um e

com outro, as pessoas vinham aqui para ver as mudas, iam pedindo e eu ia fazendo e doando.

vitória - Como é a produção das mudas?hélio - Eu consigo a semente, pois tenho um irmão e cunhado que mo-ram lá em Afonso Cláudio, então eles conseguem lá para mim. A terra meu vizinho está me ajudando muito porque ele consegue para me dar, se não tivesse ele eu não fazia o serviço, porque sem terra não dá para plantar (risos). E com a ajuda do povo eu vou conseguindo.

vitória - É um trabalho cola-borativo também?hélio - É, várias pessoas ajudam neste processo inicial, mas o resto eu faço sozinho que é coar a terra, encher a sacolinha, mexer com a semente. O trabalho mais forte é meu mesmo. As sacolas eu con-segui patrocínio de uma empresa, falei do que eu faço, ele veio aqui

conhecer e então passou a me doar as sacolinhas para o plantio.

vitória - Tudo o que o senhor faz, doa?hélio - Sim, é tudo doado, não vendo nada. Até mesmo as que estou fazendo para prefeitura, tem mais de duas mil mudas que serão levadas daqui. As pessoas que vêm aqui em casa e pedem, eu doo também.

vitória - Como chegou ao co-nhecimento das prefeituras e como foi recebido?hélio - Primeiro tentei fazer con-tato na prefeitura de Cariacica. Falei que tinha as mudas para fa-zer doação e eles não deram im-portância. Comecei a procurar a imprensa para ver se através deles daria mais certo, mas as prefeituras justificaram dizendo que já tinham projetos em andamento ou eu tinha que ir até lá fazer um ofício justi-ficando a doação, enfim. Eu acho um absurdo, diante da situação de seca que estamos vivendo, o poder público dar tão pouca atenção para algo que não traria nenhum custo para eles e ajudaria o meio am-biente. Mesmo para uma doação a burocracia impediu. Lá em Afonso Cláudio eu entrei em contato com meu irmão, que fez contato com a secretaria e na mesma semana eles vieram buscar as mudas. Resolvi então continuar o trabalho com eles e fechei uma parceria para as doações.

revista vitória I Outubro/201630

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vitória - O senhor já tinha a técnica do manuseio para o plantio?hélio - Quando mais novo eu já ajudei a encher muitas sacolinhas para fazer muda de café, então já tinha um conhecimento. Mas a mexer com a terra e as outras coisas foi tudo no dia a dia que eu fui aprendendo. Nunca fiz nenhum curso, parei de estudar na 7ª série.

vitória - O senhor começou a ação para superar o luto, como forma de terapia. Hoje o que representa esse plantio de mudas em sua vida?hélio - É uma vitória, de poder estar ajudando a natureza e de ter me ajudado muito no momento que mais precisei. Graças a Deus hoje eu estou bem mesmo.

vitória - O que o senhor tinha em mente ao começar?hélio - Essa seca já vem de muitos anos, então quando comecei pensei em fazer algo que eu pudesse ajudar a natureza a se recuperar, ajudar os animais, enfim, comecei com esse objetivo para que mais pra frente ele possa ser comemorado, e deu certo. Eu quero que as pessoas con-tinuem esse trabalho. Os próprios agricultores que têm tudo na mão não são incentivados a fazerem isso, não tomam consciência.

vitória - E neste ponto o senhor também pode contribuir?hélio - Acho que todos têm que contribuir. As igrejas precisam entrar nesse trabalho, os colégios com as crianças. Já conversei na nossa comunidade de inserir esse trabalho na catequese e se Deus quiser nós vamos conseguir. As outras religiões também podem entrar. Podemos fazer um traba-lho conjunto, de união, pensando na preservação da natureza e das nascentes. Eu tenho disposição e vontade de explicar para outras pessoas, incentivar mesmo para que façam esse trabalho também.

vitória - Como o senhor faz a escolha das sementes?hélio - Eu tenho procurado plantar mais as árvores nativas, como ja-tobá, ipê, ingá, que é própria para nascente, cerejeira, bandarra, que é árvore que cresce rápido. Eu te-nho essa preocupação de plantar

as sementes que podem ser úteis mais rapidamente. Quanto mais rápido melhor.

vitória - O senhor cultiva pen-sando para onde será encami-nhada a muda?hélio - Eu agora assumi um compromisso com a prefeitura de Afonso Cláudio, porque aqui eles colocaram obstáculos. Vou continuar fazendo para as pessoas particulares também. Tem umas seis ou oito pessoas que já estão aguardando.

Depois que o senhor faz a doação da muda, qual sentimento fica?hélio - Sempre de renovação, pois aquela saiu e eu vou preparando mais. É igual você cuidar de uma criança, fica sob seus cuidados até certo ponto, depois ela toma seu rumo, assim são minhas plantas (ri-sos), elas vão para o destino delas.

vitória - Até onde o senhor deseja ir?hélio - Enquanto Deus me der saú-de, força, iluminar meus caminhos eu vou fazer. Enquanto eu puder vou fazer. Ver essa situação do nosso Estado me motiva ainda mais a continuar. A divulgação do meu trabalho também me dá força, pois as pessoas tomam conhecimento. É isso que eu espero, que as pes-soas vejam e se sintam motivadas a expandir esse trabalho, ajudar as nascentes, os animais, os rios, é isso que quero. n

“eu tenho disposição e vontade de

explicar para outras pessoas,

incentivar mesmo para

que façam esse trabalho

também”

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comunicação

Pe. Rosalvo M. Humildes Júniorassistente eclesiástico da Pastoral da comunicação da arquidiocese de Salvador

cia. Certa vez, em uma palestra, um professor disse: “Se você tiver dificuldade para baixar algum aplicativo no celular, peça ajuda a uma criança de sete anos. Com certeza, ela irá te ajudar”. Entre os risos dos participantes, concordava com o meu professor. No século passado, o lazer das crianças era, basicamente, nas ruas e campos. Ano após ano, a tela do computador e os celulares mudaram a rotina dos pequenos (com a contribuição da publi-cidade), aumentando o número desta parcela da população no acesso às mídias digitais. Logo, as empresas enxergam nela um público potencial, para apresen-tar seus produtos e serviços. No entanto, a publicidade voltada para crianças e jovens não pode ser feita de qualquer forma, sem nenhuma regra (assim como a tornada para os adultos). Para isso, no Bra-sil, as agências de publicidade contratadas para divulgar pro-dutos e serviços devem seguir as orientações do Conselho Na-cional de Autorregulamentação

Antes de escrever este texto, me veio a moti-vação de iniciá-lo com

a definição do termo publici-dade. Assim, fica mais fácil a compreensão deste material, já que existem inúmeras ideias acerca desta expressão. Sendo assim, publicidade é: 1. Qualidade de público. 2. Notoriedade pública. 3. Téc-nica de utilizar imagens, sons e palavras em filmes, textos, cartazes, etc., para exercer ação psicológica sobre os destinatá-rios, impelindo-os ao consumo; propaganda. 4. Anúncio, car-taz, etc., de caráter publicitário; propaganda. No mundo atual, onde a internet e os meios de comu-nicação são bem acessíveis, somos “bombardeados”, diaria-mente, com inúmeros anúncios publicitários. Móveis, calçados, eletrônicos, pacotes de viagens, enfim, vários produtos e servi-ços são apresentados, tanto para adultos, como para crianças e jovens. Hoje, é comum as crianças usarem a internet com frequên-

Publicitária (Conar). Entre os capítulos, seções e artigos deste código, vale ressaltar o capítulo II, seção 11, artigo 37, que diz: “Os esforços de pais, educadores, autoridades e da comunidade devem encontrar na publicidade fator coadju-vante na formação de cidadãos responsáveis e consumidores conscientes. Diante de tal pers-pectiva, nenhum anúncio dirigi-rá apelo imperativo de consumo diretamente à criança.” O artigo 37 (citado acima) se desenvolve ao longo do CO-NAR, detalhando as observa-ções que devem ser feitas sobre a publicidade com crianças e jovens. Sendo assim, o respeito e a educação com as futuras ge-rações não têm, como respon-sáveis, apenas, as pessoas mais próximas do seu círculo social, mas todas as instâncias sociais são corresponsáveis pelo bem--estar de nossa sociedade. Este não é um desejo particular, mas de toda a nação. n

a publicidade moldando o consumo infantil

revista vitória I Outubro/201632

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mariaProtegidos por

RePoRtagemLetícia Bazet

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RePoRtagem

Os versos can-tados pelo pa-dre Zezinho na

música ‘Maria da minha infância’ narram, com muita poesia, a relação que se estabelece desde cedo entre as crianças de famílias católicas e Nossa Senhora. Ao ou-vir a canção somos em-balados pela melodia e brotam as lembranças da

oração feita à noite com palavras trocadas, sono e muito amor. Lembra-mos do ambiente fami-liar, da avó, da mãe, do pai e da recomendação de rezar para Nossa Se-nhora proteger, mesmo quando desconhecíamos o significado de algumas palavras. É assim desde cedo, crianças com fé, amor e as mãos unidas em oração rezam com toda a confiança a Maria para se sentirem prote-gidas. Essa relação come-ça desde cedo quando a família se prepara para receber os filhos. Em muitas casas na parede ou na porta do quarto da criança é colocada a ima-gem de Nossa Senhora. A jornalista e artesã An-dressa Mian confeccio-

na pequenas imagens e diz: “eu criei porque muitas mães gostam de ter uma imagem de

Nossa Senhora

para proteger os bebês e a procura foi muito grande. Estou sempre recebendo encomendas delas”. Esse gesto per-passa as gerações que o repete não de maneira mecânica, mas porque encontra um sentido. Para Andressa “as mães buscam essa proteção porque sabem que Maria nunca desampara seus filhos” Além disso a ima-gem “é uma lembrança especial que remete às coisas boas, à proteção e é isso que as pessoas buscam, provoca uma emoção diferente, dá para sentir isso. O meu filho mesmo tendo ape-nas um ano quando vê a imagem reage, é como se estivesse conversando”. Ainda nos primeiros dias de vida as mães também costumam consagrar seus filhos a Nossa Senhora. Algumas fazem isso no batismo e assim a marca de Maria Mãe protetora vai se estampando nas memórias e nos senti-mentos dos pequenos. Se fossemos perguntar quantas crianças são con-sagradas à Mãe de Deus em ritos oficiais e não

oficiais seríamos certa-mente surpreendidos. Mileny Lopes esco-lheu com carinho as ma-drinhas de consagração para seus dois filhos e afirma que o papel de-sempenhado por elas é de fundamental impor-tância: “elas dão amor, protegem e aproximam meus filhos do céu. As madrinhas são super pre-sentes em todos os mo-mentos, principalmente os religiosos, apesar de não estarem presentes fi-sicamente por morarem

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longe, sempre vibram e intercedem por eles”. Na vida de Mileny, a devo-ção a Nossa Senhora nas-ceu justamente no seio familiar. “Cresci rezando e amando Nossa Senho-ra. Meu pai, principal-mente, tinha uma linda devoção a nossa mãezi-nha. Não sei se pelo fato de ser pescador, mas ele sempre orava e pedia a intercessão dela nos mo-mentos mais difíceis. E sempre tinha o momento de agradecimento pelo pedido atendido. Essa fé

foi aumentando, virando um amor a nossa mãezi-nha que sempre nos am-parou. Me casei, e levo esse respeito, admiração e de intercetora que é Maria. E como foi com meus pais, meus filhos também não dormem sem rezar à Ela, sem agradecer e pedir sua proteção. É nosso colo e amparo desde sempre”. “Consagrar-se a Ma-ria significa muito para o povo, quer dizer doar-se, ter como referência. A madrinha desempe-

Desde cedo, crianças com fé, amor e as mãos unidas

em oração rezam com toda

a confiança a Maria para se sentirem protegidas

nha esse papel”, disse padre Jocemar Zagoto. Em séculos passados, in-clusive, Nossa Senhora era escolhida para ser a própria madrinha da criança, tradição esta que não é mais incentivada pela Igreja. Para ele, ter uma referência auxilia na compreensão da crian-ça sobre quem é Nossa Senhora, pois “a figura de Maria precisa estar sempre ligada a Jesus Cristo, ela é real, bíbli-ca, esteve entre nós. A criança precisa entender Maria dessa forma e isso só é possível com uma boa referência”. Também no seio familiar, Júlia Machado, de 14 anos, reconheceu em Maria a “mãe, mestra e princípio da salvação”, após sua avó passar por 54 ci-rurgias e ser curada de um câncer de pele que, na época, era imprová-vel. “Ela que me levou a reconhecer Maria em minha vida como minha mãe”, contou. A educação da fé infantil não se restringe aos exemplos dentro de casa. A confiança em

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RePoRtagem

Nossa Senhora também é estabelecida durante a catequese, as celebrações marianas e principalmente nos meses de maio e outu-bro quando as crianças são convidadas participar de encenações onde fazem o papel de anjos, terço mis-sionário e coroações de Nossa Senhora. Regina Petri, que é da equipe de coroação da paróquia Nossa Senhora da Glória explica que a pre-paração com as crianças envolve uma explicação didática e afetuosa que as

E como foi com meus pais,

meus filhos também não dormem sem

rezar à Ela, sem agradecer

e pedir sua proteção. É

nosso colo e amparo desde

sempre

tornam mais próximas. “O primeiro interesse das crianças é com a roupa, o fato de se vestir de anjo. Depois vamos explicando que estamos fazendo uma homenagem para alguém que amamos, que é a nossa Mãe, como ela foi impor-tante para a salvação, claro tudo de forma leve, usando a linguagem delas. A gente vai trabalhando os gestos, a forma carinhosa de se aproximar e assim tudo co-meça. No dia da coroação, de fato, é lindo perceber como elas compreenderam o significado do que estão fazendo e o respeito com que o fazem”. O padre Jocemar diz que falar sobre Nossa Senhora para as crianças precisa da construção de uma narrativa no universo delas: “o teatro, a contação de histórias, todos esses elementos são importantes e a garotada adora. Tam-bém fazê-las participar, interagir, com cantos, a en-cenação, coroação, tudo é muito bom para o aprendi-zado, pois faz com que elas se sintam parte da história. Elas precisam se apaixonar pela figura de Maria. Por

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exemplo, os jovens hoje estão se apaixonando pela figura de Madre Teresa, porque é uma realidade, é uma história próxima de nós. Assim as crianças assimilam a devoção a Ma-ria, pela proximidade com nossa vida”. A catequese, local de aprendizado, troca de experiências e ama-durecimento da fé abre espaço para que a devo-ção seja compreendida e vivida pelas crianças.

“Na catequese trazemos Maria para mais próximo do catequizando, falamos sobre as devoções pró-prias de Nossa Senhora, como a reza do terço, explicamos porquê rezar o terço e a apresentamos como mãe, uma mãe que sempre intercede por seus filhos”, comentou a cate-quista Josiany Torezani. “Nós trabalhamos com dinâmicas, introduzindo Nossa Senhora como uma mãe que acolhe. Cartazes, teatro, uma linguagem di-ferenciada, enfim, pro-curamos levar essa con-fiança e devoção para o lugar confortável para a compreensão delas”.

Proteção, intercessão, amparo, são alguns dos sentimentos que pais, ca-tequistas, madrinhas divi-dem com as crianças como forma de fazer presente em suas vidas a nossa mãe, Maria. A devoção cresce a partir das referências, dos exemplos presentes na primeira infância que seguirão pela vida adulta. Algumas vezes, conforme a canção do Padre Zezi-nho, essa amizade pode ficar esquecida e até dú-vidas podem surgir sobre este ensinamento, mas a mãe nunca esquece o filho ausente e o amor de Maria continua crescendo dentro de nós. n

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mundo litúRgico

O lugar do encontroOespaço litúr-

gico, também chamado de

espaço celebrativo ou espaço sagrado, é o lugar da mistagogia e do encontro, onde a assembleia celebrante é introduzida na esfe-ra do Mistério, para a comunhão mística e a intensificação na par-ceria da Aliança. Ele tem o seu diferencial: é o lugar do atemporal e do transcendente. Particularmente, ele possui dois polos, tam-bém chamados de me-sas, que são referenciais da manifestação de Cris-to: a mesa da Palavra e a mesa do Altar. Ao redor delas, em unida-

de de culto, atualiza-se, ritualmente, o Mistério Pascal do Senhor. Na atitude de dar graças e no consequente comer e beber – gestos que brotam da vivência da Palavra – assume-se e incorpora-se as atitudes salvíficas e ressuscitado-ras do Senhor. O espaço litúrgico é o lugar da experiên-cia comunitária, pela fé, com o Senhor, onde o corpo de Cristo é tam-bém visibilizado atra-vés da união dos seus membros, os batizados; Cristo é a cabeça desse corpo. O Mistério, de forma ímpar, manifesta-se através da corporeida-de humana.

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

Outros elementos também compõem o lugar da celebração co-munitária. Eis alguns: a fonte batismal (sinal do princípio do segui-mento de Jesus Cristo); a cruz (levada em pro-cissão aos domingos e dias festivos, conduz o caminhar dos eleitos rumo à fonte do Altar e sinaliza o Mistério Pas-cal como centro da vida cristã); a iconografia (guia visual e com re-ferência artística, é um indicativo do itinerário místico e expressão da beleza do Mistério, com referência na Palavra e contendo representa-ções de Cristo e suas testemunhas); o Círio Pascal e as velas (si-nais da luz de Cristo); as flores (sinais da vi-vificação em Cristo). No espaço não existem adereços ou meros or-namentos mas, com funcionalidade, tudo está relacionado com a celebração do Mistério Pascal. Percebe-se, ainda,

muita falta de critérios na composição dos espa-ços em diversas comu-nidades. Confunde-se o sentido mistagógico do espaço com um mero senso estético, muitas vezes levando em con-ta o devocional e não a mistagogia. Urge uma formação mais profunda nas dimensões da espi-ritualidade cristã, per-passando pela teologia, liturgia e arte e conse-quente sensibilização para o belo. Os templos, no decorrer da história da Igreja, foram também sendo construídos e elaborados com acen-tos teológicos de épocas correspondentes. Mui-tas igrejas não corres-pondem, obviamente, ao espírito do Concílio Vaticano II em sua ela-boração espacial; ou-tras foram adaptadas. E outras, atualmente, são edificadas sem os cri-térios do Concílio e as orientações, hoje, das respectivas conferências episcopais. n

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aRquiVo e memóRiagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

Nos dias 18 e 19 de outubro de 1991, o Papa João Paulo II visitou o Espírito Santo. Celebrou missa no Aterro da Comdusa, hoje conhecida como Praça do Papa, e visitou o bairro São

Pedro em Vitória. As meninas Juliana Bazet Bomfim e Dulce Nunes Pereira, na época com seis anos de idade, participaram da celebração Eucarística e entregaram de presente ao Papa um álbum

contendo fotos e mensagens de crianças capixabas, sendo abraçadas com carinho pelo Pontífice.

25 anos da visita de são joão paulo ii

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PeRgunte a quem Sabe

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

Sarah Regina Ramos Freire de AraújoPsicóloga Psicologia

Pe. Roberto Francisco Sebastião NatalPároco na paróquia Virgem Maria, em Itacibá

Religião

Castigo para crianças até os 3 anos educa? Quando falamos de criança e educação é preciso sempre lembrar que estamos lidando com uma faixa etária que aprende muito mais com o comportamento dos seus cuidadores do que com sua fala. A família é a primeira referência de comportamento da criança, o que indica que tudo o que for observado, será copiado. Ressalto aqui, que em crianças de 3 anos o castigo não as faz cair em reflexão, isto só ocorrerá próximo aos 6/7 anos. Mas é válido o diálogo, a instrução, deixar sentar num canto e refletir. Mesmo que não ocorra

a reflexão, mostre algumas perdas diante de comportamentos negativos, para que ela possa ainda que de forma lenta, aprender. Nesta idade, ela não deve ser educada com castigos, mas deve ser corrigida e bem orientada. Devemos chegar ao nível da criança e, no seu mundo, buscar entender como ela percebe o que faz, mostrar que está errada, que o seu comportamento não está sendo aprovado. Acima de tudo, temos que nos preocupar a princípio com o nosso comportamento, porque serão primordiais para a formação intelectual, moral e psicológica dos nossos filhos.

qual a diferença entre adorar e venerar? Adoração é uma prática devocional da Igreja na qual os fiéis, em comunidade ou individualmente, se propõem, em alguns momentos, a prolongar o mistério pascal de Cristo na Sagrada Eucaristia através de atitudes de adoração, louvor, súplica. É um meio para a santificação pessoal e comunitária diante de Cristo Ressuscitado presente na reserva eucarística no sacrário. A adoração à Eucaristia precisa brotar da celebração do memorial da Páscoa de Cristo. “Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto” (Lc 4,8). Na adoração, a comuni-dade contempla a presença real de Cristo no pão e no vinho consagrados. Veneração é o culto prestado aos Santos e San-tas, à Virgem Maria e às imagens que os representam. A veneração, por sua natureza, tem sentido quando se refere a honrar uma imagem que nos remete a Deus.

Também veneramos os sinais da Palavra de Deus, especialmente a Sagrada Escritura, o Evangeliário e os Lecionários, livros litúrgicos que possuem partes da Palavra de Deus contida nas Sagradas Escrituras. A veneração ou admiração é um culto muitas vezes incompreendido pelos protestantes e evangélicos. A falta de conhecimento e formação de alguns católicos não ajuda na sua compreensão. Contudo, mesmo sem saber, eles também veneram ou admiram sinais que os remetem a Deus, e nisso fazem confusão maior ainda. É evidente que fora do campo religioso existe a prática de venerar e honrar pessoas, lugares, en-tre outras práticas. Porém, a veneração enquanto culto cristão não tem outro senti-do senão valorizar algo, um sinal que nos remete a Deus.

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ga

stR

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Paulo FreitasDegustador Profissional de Azeites

Dr. Juliano Vescovi DamascenoMédico oftalmologista

saúde

leitura em formato digital traz algum prejuízo à visão? Sim. Os dispositivos eletrônicos emitem uma luz azul e parte dela, chamada “azul-violeta”, é nociva para a retina, podendo causar o enve-lhecimento mais acelerado desse tecido ocular. Acredita-se que esse envelhecimento contribua para o desenvolvimento de uma doença chamada Degeneração Macular Relacionada à Idade. A concentração na leitura digital também faz com que

a pessoa pisque bem menos e isso acaba ressecando os olhos. Mesmo não causando uma doença, gera sintomas incômodos como a sensação de areia nos olhos, ardência

e queimação. O estímulo luminoso ainda pode interferir no padrão de sono, afetando a qualidade de vida da pessoa.

de que maneira a leitura por este meio torna-se mais agradável? O estudo sobre esse tema ainda é muito recente. Mas, a ciência já mostra evoluções. Existe hoje no mercado uma lente para óculos que bloqueia a luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos. Essa lente pode ser usada inclusive por pessoas que não possuem grau. A aplicação de lubrificantes oculares, as “lágrimas artificiais”, também pode garantir um conforto melhor. Além disso, é bom não exagerar no tempo de exposição aos compu-tadores, smartphones e tablets. É sempre bom dar um intervalo para que os olhos descansem após, pelo menos, uma hora de esforço diante da tela.

Como escolher um bom azeite? São muitos os fatores determinantes para a escolha de um bom azeite, portanto cito apenas alguns que o consumidor pode observar com mais facilidade. O preço é um dos indicadores de qualidade pois, exceto nos momentos em que está em “promoção”, geralmente azeites com preços muito baixos, comparativamente às demais marcas, pode indicar um produto de qualidade inferior. A embalagem também fornece informações importantes sobre a qualidade do produto. Os principais “inimigos” do azeite são a luz, temperatura, umidade e o oxigênio, que provocam alterações de sabor e aroma, por isso a garrafa de vidro escura é a mais indicada, seguida da lata e da garrafa de vidro transparente. Podemos encontrar in-formações relevantes nos rótulos como, por exemplo: a marca, que deve ser de produtores de tradição e a acidez/tipo de azeite, pois indica se o produto é “azeite extra virgem” (até 0,8%) ou “azeite de oliva”. Nos azeites, as características e intensidades de sabor e aroma se mantém melhor preservadas e são mais percebidas quando o azeite é “novo”,

ou seja, quando consumido em data mais próxima de sua fabricação.

em que influencia o azeite ser extravirgem? O azeite de oliva extravirgem é obtido apenas através de processos mecânicos e físicos, o que além de preservar os atributos de sabor e aromas, que têm papel funda-mental na harmonização de pratos , também têm mais benefícios relacionados à saúde, como o alto teor de gorduras monoinsatu-radas (boas para auxiliar na prevenção de doenças cardiológicas) e também têm em sua composição compostos fenólicos (po-lifenóis), além das vitaminas A, D, E e K, que têm respectivamente ação antioxidante e benefícios específicos associados a cada tipo de vitamina. Os azeites de oliva, por outro lado, apresentam atributos de sabor e aromas muito reduzidos e praticamente não contam com os benefícios da presen-ça de polifenóis e das vitaminas, que são eliminados durante o processo de refino. Entretanto, ainda mantém o alto teor de gorduras monoinsaturadas, que contribuem para a prevenção de doenças cardiológicas.

revista vitória I Outubro/201641

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A Igreja extraiu conceitos teológicos e princípios doutrinais fundantes dos relatos de Gênesis 2 e 3. Deles resultou a definição de “Pecado”, especifi-

camente de “Pecado Original”. Ao colocar o homem e a mulher no Paraíso, Deus – que quer viver com eles a plena amizade – dá a ordem de não comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que comerem o fruto dessa árvore, terão que morrer (Gênesis 2, 16-17). O homem e a mulher comem o fruto sob a influência da serpente (reconhecida pela Tradição Cristã como o Diabo), ao saberem que “seriam como deuses, versados no bem e no mal”. A Igreja expõe claramente que o “fruto do bem e do mal” corresponde à autonomia moral, isto é, à capacidade de decidir por si mesmo o que é certo e errado. Ao “comer o fruto do bem e do mal”, o ser humano reivindica para si o poder de definir a lei moral, desprezando o poder de Deus.

escolher entre o

bem e o mal

enSinamentoS

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Vitor nunes RosaProfessor de filosofia na faesa

Assim, o pecado original (das origens) corresponde à autossuficiência do ser humano, que no auge do seu orgulho, age ou deseja agir como parâmetro moral, dispensando Deus. Em razão dessa autossuficiência, o ser humano perde a amizade com Deus, provocando a desor-dem no ambiente antes ordena-do, como fica evidenciado nas penas aplicadas e na expulsão do Éden. São João Paulo II – Encí-clica O esplendor da Verdade nº 35 – afirma que, por meio da imagem de Gênesis 2, 16-17, a Revelação Divina ensina que somente a Deus pertence o poder de decidir o bem e o mal, não cabendo ao ser humano essa tarefa. A liberdade humana é ampla, mas não ilimitada. Deve deter-se diante da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, aceitando a lei moral que Deus nos dá. A aceitação da lei moral dada por Deus corresponde à mais com-pleta liberdade, pois somente o Senhor – que é Bom – conhece perfeitamente o que é bom para todos nós. Assim, o Catecismo da Igreja Católica (nºs 1849-50) define “Pecado” como uma falta grave contra a razão, a verdade e a consciência reta, uma verdadeira falta ao amor verdadeiro

para com Deus e para com o próximo, sendo uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna do Senhor. O pecado ofende a Deus, ergue-se contra o Amor Divino, desviando-nos Dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência do ser humano contra Deus, por vontade de tornar-se como “deuses”. O pecado é uma exaltação orgulhosa de si mesmo, isto é, o amor por si mesmo até o desprezo de Deus. n

A liberdade humana é ampla, mas não ilimitada. Deve deter-se diante da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, aceitando a lei moral que Deus nos dá. A aceitação da lei moral dada por Deus corresponde à mais completa liberdade, pois somente o Senhor – que é Bom – conhece perfeitamente o que é bom para todos nós.

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primeiros registros do Congo Capixaba

cultuRa caPixaba

Não há precisão de quão antigas são as bandas de congo que se espalham pe-

las terras capixabas. Certo é que já em tempos remotos tínhamos essa manifestação aqui representada. Infelizmente, os relatos dos primeiros anos de colonização não chegaram aos nossos dias e apenas poucos viajantes do século XIX se preocuparam em transcrever o que se passava pelo interior do Espírito Santo. Dentre esses podemos desta-car o relato de viagem do Bispo Pedro Maria de Lacerda, que vi-sitou Nova Almeida, na Serra, em 1880 e deixou apontamentos que podem ser encontrados no livro

diovani favoreto - historiadora

domingo 5 de setembro de 1880 Depois da missa cantada, apareceram, de baixo da janela, alguns índios a dançarem ao som do seu tambor, chocalho, cassacos [casaca], e monótono canto. A música como tantas outras vezes acompanhou-me à casa do Vigário para jantar e na volta para minha residência, e isto à vista do grande povaréu, então presente na vila.

quarta Feira 8 de setembro de 1880 Depois do jantar, o Capitão dos índios veio à frente da casa, com alguns (...) índios a tocarem seu Guarará (pequeno tambor cilíndrico) e sua Cassaca (pau dentado que esfregam com uma vara) e sua Massaracá (chocalho)

Diários das visitas pastorais de 1880 e 1886 à Província do Es-pírito Santo, publicado em 2012, que relata a riqueza dos detalhes das apresentações das bandas de congo capixaba.

e ali esteve o Capitão a dançar e mais outro curioso índio, e também um negro velho, ao mesmo tempo que os ba-tedores do tambor e os outros instrumentos soltavam, a espaços, seu monótono e tristonho canto inarticulado e que não passa de um som prolongado. É de saber que os tocadores do guarará, quando vêm, os trazem debaixo do braço, e, quando param, montam-se sobre ele e com ambas as mãos batem no couro de uma das bocas. Os mais ficam em pé.Adiante do tambor é que se dança, que é simplíssima, mas tem sua graça: o capitão, esse tem na mão a vara, que ele empunha com muito garbo. Com música fomos jantar, como sempre, à casa do Vigário... n

bandas de congo durante a Festa da penha

apontamentos de dom pedro maria de laCerda

revista vitória I Outubro/201645

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acontece

seminário igrejas e bens Culturais Vitória recebe neste mês de outubro o IV Seminário Igreja e Bens Culturais, que irá reunir pessoas e instituições interes-sadas na manutenção e preser-vação do patrimônio histórico, artístico e religioso da Igreja. O evento acontece de 24 a 27 de outubro, no Centro de Trei-namento Dom João Batista, em Ponta Formosa. A temática a ser abordada no encontro é “Arqui-tetura e Arte do Sagrado”, que será apresentada sob a forma

encontro de Comunicadores Palestras, seminários e trocas de experiências entre os partici-pantes fazem parte da programa-ção do Encontro Arquidiocesano de Comunicadores, voltado para todos que estão envolvidos com a comunicação nas paróquias. O evento será realizado no dia 08 de outubro, de 8h30 às 16h30, no colé-gio Agostiniano, em Vitória. Cada paróquia pode enviar até três re-presentantes. Mais informações no email: [email protected]

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de palestras com professores universitários, profissionais e padres envolvidos com a área. Além disso, os participantes também farão visitas guiadas a patrimônios religiosos como o Santuário de Anchieta e a Igreja dos Reis Magos, em Nova Al-meida. A Catedral de Vitória e o Convento da Penha também estão inseridos na programação. As inscrições e mais informa-ções podem ser obtidas no site www.cnbbleste2.org.br

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25 toneladasde alimentos arrecadados pelos jovens de Guarapari chegam à África

InIcIatIva: comIssão mIssIonárIa

Padre Éder Carvalho, missionário da

Arquidiocese de Vitória na Somália,

comunica como foi a recepção dessas

doações: Migrantes, portadores de

necessidades especiais, famílias em risco

social, recém-nascidos e crianças vítimas

da desnutrição severa foram contemplados

com os alimentos. No total, 900 famílias e

mais de 6 mil pessoas foram diretamente

beneficiadas com a ação.

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