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Autogestão, Autodefesa e Família Página 24 A Fundação da APAE de três Marias Página 27 Vivência e Experiência das mães Apaeanas Página 37 APAE de Três Marias: um sonho realizado Página 31

Revista Digital - APAE Três Marias

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Page 1: Revista Digital - APAE Três Marias

Autogestão, Autodefesa e Família

Página 24

A Fundação da APAE de três Marias

Página 27

Vivência e Experiência das mães Apaeanas

Página 37

APAE de Três Marias: um sonho realizado

Página 31

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Histórias de mães que têm fi lhos com

defi ciência

Técnica Responsável: Shirla Dias Santos

Fotografi as: Shirla Dias Santos, Fabiano Macedo www.sxc.hu e www.shutterstock.com

Projeto gráfi co diagramação e capa: Gabriel Vieira

Revisão : Professor João Bosco Simões das Neves

Realização:Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Três Marias

Endereço: Rua Engenheiro Júlio Augusto, nº 08, En-seada do Lago.

Fone: 38-37544402

E-mail: [email protected]

2016

Page 3: Revista Digital - APAE Três Marias

Ia Turma de escola de paisCleonice Ferreira Soares

Edleuza Cristina Castro

Edinaura Moura da Silva

Fernanda Moureira de Arruda

Luzia da Mota F. Silva

Maria Bernadete de Lima

Maura Francisca da Rocha

Nilza Luci de F. Silva

Sebastiana Alves Magalhães

Tereza Arlinda Nicácio

Terezinha Alves Tristão

Corpo DocenteCleonice Ferreira SoaresArtesã e mãe de aluno

Darci Fiovarante Barros BarbosaSuperintendente da APAE de BH

Daniel Fiovarante BarbosaSecretário de Assistência Social de Pará de Minas

Eneida G. de AraújoPsiquiatra

Girlene Gomes FerreiraDiretora Administrativa da APAE de Capim Branco

Jarbas Feldner de BarrosCoordenador de Política de Monitoramento

José Alberto CascãoAssessor

Júnia Ângela de Jesus LimaAssessora Técnica

Leidiane Vieira Leal Assistente Social

Luciene CarvalhaisGerente do Programa de Autogestão, Autodefesa e Família da APAE de Belo Horizonte

Luciene CarvalhoChefe de Gabinete do Deputado Federal Eduardo Barbosa

1º Diretora SecretáriaMaria Rozilda Gama Reis

2º Diretora SecretáriaLucia Helena Gesteira Couto Freitas

1º Diretora FinanceiraJudith Maria de Magalhães Monteiro

1º Diretor SocialMaria Aparecida Aguiar Adjunto

2º Diretor SocialStela Marins Pimenta Rodrigues

Diretor de PatrimônioCirilo Figueiredo Monção

Procuradora JurídicaMaria Tereza Feldner de Barros A. Cunha

Assessor de DiretoriaMilton Gontijo

Coordenadora Administrativo-Financeira Ana Paula Medeiros Izidoro

Administrativo

Kamilla Israel OliveiraAuxiliar Administrativo

Johnathan de Castro Vieira - Suporte Administrativo

Ronildo Antônio Nogueira - Motorista

Núcleo de Atendimento às Filiadas Sala de Soluções

Bruna Caroline Morato Israel

Janaína Cristina Luiz Vieira

Lourdes Pontes Leitão Reis

Comunicação

Luisa Senna

Marli Helena Duarte SilvaConsultora Técnica

Maria Juanita GodinhoConsultora Técnica

Maria Tereza Feldner de Barros A. CunhaProcuradora Jurídica Federação das Apaes-MG

Sérgio Sampaio BezerraSecretário Executivo

Shirla Dias Santos Assistente Social da APAE de Três Marias

Equipe TécnicaMeirilene Ferraz Marques da SilvaDiretora

Shirla Dias SantosAssistente Social

Vanusa Benevides de SouzaAgente Administrativo

Colaboradores do ProjetoRosângela do Nascimento de SáPedagoga

Paulo Afonso Soares Educador

José Antônio Vicente de SouzaPresidente - Gestão 2005/2010 e 2012/2013

Equipe Técnica da Federação Estadual das APAES de Minas GeraisPresidenteEduardo Luiz Barros Barbosa

Vice - presidenteCleusa Santos Borges

2º Vice - presidenteGláucia Aparecida Costa Boaretto Eq

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Page 4: Revista Digital - APAE Três Marias

Unidade Mineira da UNIAPAE

Maria do Carmo Menicucci

Acompanhamento e Monitoramento da Rede Apae

Jarbas Feldner de Barros

Equipe Técnica

Assessora Júnia Ângela de Jesus Lima

Consultores Bruna Campos - Linguagens Alternativas

Maria Juanita Godinho - Assistência Social

Marli Helena Duarte Silva

Gerência Estadual de Educação Física, Desporto e Lazer:

Isio Andrade Souto

Conselho Regional Centro II

Conselheira: Maria Meyrie Vieira Zica

Consultora: Maria Luíza Silva Lima

Diretoria Executiva APAE de Três Marias gestão 2014/2016PresidenteManoel Mecias de Campos

Vice - presidenteAna Claudia Dayrell B. F. Leal

1º Diretora SecretáriaNeila Ornelas Dayrell

2º Diretora Secretária

Maria Cristina da Silva Dias

1º Diretora FinanceiraGaldino Coelho Barbosa

2º Diretor FinanceiraEugenio Oliveira Filho

1º Diretor SocialMaria de Fátima Faria

Diretor de PatrimônioOzânio de Almeida Magalhães

Procuradora JurídicaMaria Tereza Feldner de Barros A. Cunha Assessor de DiretoriaMilton Gontijo

Coordenadora Administrativo-FinanceiraAna Paula Medeiros Izidoro

Conselho Administração

Fernando Salatiel

Luzia da Mota Fernandes

Geraldo Jose Alves

Maria Bernadete Lima

Rosângela Mendes da Silva

Conselho Fiscal

Moacir Tomaz da Silva

Jose Antônio Vicente de Souza

Diana Darque Gouveia Martins

Suplentes

Áurea Bravo dos Santos

Gedida Fernandes de Souza

Fernanda de Moureira de Arruda

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Page 5: Revista Digital - APAE Três Marias

Prezados amigos e parceirosAgradeço a Deus por me permitir chegar a esse momento e por não me desamparar em nenhuma ocasião.

É com muito prazer e satisfação que lhes apresento o primeiro trabalho da 1ª Turma da Escola de Pais da APAE de Três Marias. Estamos muito felizes!

Em primeiro lugar, pela oportunidade de apresentar nosso trabalho e nossas famílias à comunidade. Estamos apresentando não apenas um livro, mas sim histórias reais vivenciadas por pessoas reais, pessoas maravilhosas, lutado-ras que merecem aplausos e que, muitas vezes, estão lado a lado conosco e nem sequer percebemos as dificuldades e inquietações que lhes afligem. Ainda assim, são capazes de conduzir e administrar a vida com força e cora-gem.

Em segundo lugar, pela oportunidade de vivenciar um momento único em que histórias reais servirão de apoio e perseverança para as famílias que, neste momento, estão recebendo o diagnóstico de um filho com deficiência.

É justamente no momento do diagnóstico que a família, sobretudo a mãe, passa por todo um processo. O nascimento do (a) filho (a) transforma-se ra-pidamente de euforia em estresse e angústia.

Para cada fase do desenvolvimento do (a) filho (a), essas famílias necessi-tam de apoio, esclarecimentos, percepção da criança e aceitação. Inicial-mente, buscam culpados, novos diagnósticos, informações. E é justamente neste momento que o trabalho realizado na APAE, através de toda a equipe de profissionais envolvidos, torna-se relevante para as famílias que buscam atendimento. É neste trabalho, orgulhosamente realizado, que muitos pais poderão encontrar sentimentos e respostas que apenas mães de pessoas com deficiência são capazes de responder. Deficiência não é doença!

Nós da APAE de Três Marias agradecemos à comunidade todo o apoio e reconhecimento do trabalho realizado pela Instituição.

Meirilene Ferraz Marques da SilvaDiretora da APAE de Três Marias

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Page 6: Revista Digital - APAE Três Marias

DedicatóriaDedicamos o presente trabalho a todas as mães

de pessoas com defi ciência que estão lutando pela garantia e defesa dos direitos dos seus fi lhos e, es-pecialmente, para as mães que estão recebendo o diagnóstico da defi ciência do seu fi lho e, às vezes,

da forma mais surpreendente possível...

Ser mãe é um privilégio, Ser mãe de um fi lho defi ciente é uma doação, esquecendo-se completa-

mente de si mesmo, mas é um valioso e contínuo aprendizado.

Maryse Schouella

Agradecimentos

Agradecemos a todos aque-les que direta ou indiretamente contribuíram para a construção deste projeto; às mães que se dispuseram a participar, relatan-do suas histórias, vivências e, principalmente, superando suas difi culdades. Vencemos barreiras e enfrentamos obstáculos, mas o percurso até aqui foi vitorioso.

Sabemos como foi difícil dei-xar suas famílias para estarem conosco neste projeto. A de-dicação foi fundamental para o sucesso e solidifi cação deste programa.

Nosso agradecimento especial a toda equipe de profi ssionais da APAE de Três Marias.

Page 7: Revista Digital - APAE Três Marias

Introdução 15Apresentação 17Justificativa 19Objetivo Geral e Específico 21Autogestão, Autodefesa e Família 23A Fundação da APAE de Três Marias 27APAE de Três Marias: Um sonho Realizado 31

Vivências e Experiências das mães Apaeanas 37

Conclusão 65Anexos 67Referências Bibliográficas 71Su

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Page 8: Revista Digital - APAE Três Marias

O projeto da Escola de Pais tem como principal objetivo identificar, no movi-mento Apaeano, novas lideranças ca-pacitadas para representar a instituição, defender e garantir a efetivação dos di-reitos da Pessoa com Deficiência Intelec-tual perante a sociedade. Isto fortalece e qualifica os pais, facilitando-lhes uma atuação responsável para com filhos com deficiência intelectual e múltipla. Contri-bui para que os pais se sintam capazes de lidar com os problemas específicos da deficiência e, principalmente, lutar pela defesa de direitos das pessoas com defi-ciência que ainda nem nasceram.

O maior desafio foi criar um espaço de aprendizado para favorecer a fala, parti-lhar experiências e encontrar instrumen-tos que nos ajudem a lidar com a questão da deficiência; informar sobre os diferen-tes níveis dos serviços de atendimento e as opções de vida que os filhos possam ter. Desenvolver a consciência de cidada-nia, trabalhando em grupo e buscando a necessidade de organização junto com outros pais para resolver problemas que os afetam. Também valorizar o núcleo fa-miliar como fonte geradora de princípios significativos para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

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Page 9: Revista Digital - APAE Três Marias

Ao iniciar a Escola de Pais na APAE de Três Ma-rias não enxergávamos esta possibilidade devido à fatos que se tornaram uma questão cultural para o público que atendemos. A participação de reu-niões por parte das famílias estava cada vez mais reduzida e, diante disso, tivemos que criar uma es-tratégia para envolver as famílias neste projeto.

A primeira ação foi realizar uma reunião com as fa-mílias que, naquele momento, apresentavam uma maior integração com o movimento Apaeano. Convidamos as mães conhecidas como “mães fun-dadoras”, pois foi através do trabalho, dedicação e empenho delas que a instituição se concretizou.

Ainda neste primeiro momento, fizemos as inscri-ções. A partir daí, iniciamos a mobilização e cons-cientização sobre o trabalho que a escola desen-volveria para a politização e autonomia das famílias que tivessem Pessoas com Deficiência Intelectual e Múltipla.

Elaboramos um cronograma com as datas e téc-nicos que estariam discorrendo sobre cada tema. A aula inaugural aconteceu no dia 09/02/2015, com o Professor Sérgio Sampaio. Possuíamos vin-te mães inscritas. Ao longo do curso, muitas desis-tiram por motivos de trabalho, família ou resistên-cia em aceitar a deficiência do filho. Mesmo assim, persistimos e nossos objetivos foram se realizando naturalmente para a alegria de todos os envolvi-dos no projeto.A

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Page 10: Revista Digital - APAE Três Marias

A discriminação tem origem em preconceitos antigos, gerados na vida co-munitária. O termo exclusão social é bastante recente, mas os conceitos já se encontravam em numerosas sociedades sob a forma de exílio, isolamen-to, abandono, segregação.

O sistema educacional exclui a comunidade, a família e as pessoas com de-ficiências. Em geral, os pais estão presentes apenas quando formalmente convidados para uma festa ou reunião e quando os seus filhos têm proble-mas de comportamento. A pergunta que se faz é: De que maneira esperar o comprometimento dos pais, no dia a dia da escola, com o desenvolvimento dos seus filhos com deficiência, se a família é um corpo estranho ao espaço da Escola?

Uma escola inclusiva só se faz numa educação e numa sociedade também inclusivas, o que subentende não apenas a inclusão dos alunos com defi-ciência, mas também a parceria da comunidade e dos pais. Não se concebe uma escola inclusiva, em que os pais estejam afastados do processo, mas, sim, uma escola em que a participação deles seja de fato efetiva, ainda que haja certa limitação em alguns casos.

A proposta da Escola de Pais parte de uma visão integradora entre APAE, família e pessoa com deficiência, permitindo que todos os envolvidos se sintam corresponsáveis e participem tanto do cotidiano da própria Escola, quanto dos objetivos da proposta educacional.

Considerando a política de modernização do Movimento Apaeano e em coerência com as políticas estratégicas, definidas nos programas estrutu-rantes da atual gestão, a consolidação de uma Escola de Pais agrega valor ao compromisso da instituição com a defesa dos direitos das pessoas com deficiência. A proposta de Escola de Pais atende, inclusive, a ação norteado-ra da Federação Nacional que define o âmbito de atuação da Universidade Corporativa da Rede APAE.Ju

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Page 11: Revista Digital - APAE Três Marias

Objetivo GeralElaborar um material que possa auxiliar o público atendido pela APAE e compartilhar as experiências vivenciadas pelas mães de pessoas com defi ciência que estão no Movimento Apaeano, com-partilhando o saber conquistado por elas no programa da Escola de Pais.

Objetivos Específi cos• Documentar as experiências vivenciadas pela I Turma da Escola

de Pais da APAE de Três Marias;

• Compartilhar e divulgar a superação de suas histórias;

• Colaborar com outras famílias que também possuem fi lhos com defi ciência;

• Proporcionar um acolhimento para as novas famílias que inte-gram o Movimento Apaeano.

Page 12: Revista Digital - APAE Três Marias

A autogestão tem por objetivo oportunizar as pessoas com defi-ciência intelectual e múltipla o aprendizado de seus direitos para que possam exercê-los, bem como representar seus pares. Ampliar a participação dos usuários nas questões de gestão institucional e na representatividade da APAE em outros ambientes institucionais, principalmente nos Conselhos de direitos de Políticas Públicas.

As famílias são os núcleos sociais básicos de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismos sociais e devem ser apoiadas e terem acesso às condições para responderem ao seu papel nos cuidados, no sustento, e na proteção das pessoas com a deficiência supracitada. Um dos objetivos deste programa é esti-mular a permanência das pessoas com deficiência em seus núcleos familiares.

A proposta da Escola de Pais parte de uma visão integradora entre APAE, família e pessoa com deficiência, permitindo que todos os envolvidos sintam-se corresponsáveis e participem tanto do coti-diano da própria Escola, quanto dos objetivos da proposta educa-cional.

Considerando a política de modernização do Movimento Apaeano e em consonância com as políticas estratégicas definidas nos pro-gramas estruturantes da atual gestão, a consolidação de uma Esco-la de Pais agrega valor ao compromisso da instituição com a defesa e garantia de direitos das pessoas com deficiência.

A Escola de Pais é um local de formação, voltado para a família da pessoa com deficiência. Consiste numa estratégia de trabalho para fazer com que os familiares tornem-se multiplicadores de idéias e conhecimentos sobre o panorama cientifico, social e legal que en-volve a deficiência.

Buscamos proporcionar aos pais maior confiança e segurança no desempenho da ação educativa, enriquecendo-os em sua autono-mia e capacitando-os na busca dos recursos de fora do sistema fa-miliar para a defesa dos direitos de seus filhos. Nestes estudos obje-tivamos melhorar a comunicação, aprofundar os contatos pessoais, fortalecer o espírito associativo, permitindo que a família sinta-se corresponsável pela APAE e passe a zelar mais pela gestão organi-zacional.A

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Page 13: Revista Digital - APAE Três Marias

A comunidade trimariense apresenta problemas graves, que através de esforço e dedicação, a mesma está tentan-do bani-los.

No intuito de ajudar, o Lions Clube de Três Marias vem crian-do associações para atender a toda a comunidade carente.

Com o objetivo de melhor funcionamento, o Lions está fa-zendo a construção da sua sede em nossa cidade, para am-pliar salas das associações que são: Clube de Mães, Escola, “Apae” e outras que surgirão futuramente.

“APAE”

Sentindo a necessidade de uma escola para crianças excep-cionais em Três Marias, o Lions Clube assumiu a fundação da “APAE”, que é a Associação de Pais e Amigos de Excep-cionais. Esta visa atender crianças defi cientes psicologica-mente e fi sicamente, dando-lhes um tratamento especial, através de especialistas capacitados nesta área.

Começando agora em nossa cidade, mas existem em várias cidades vizinhas, nas quais já conseguiram elevado êxito.

A idéia de criar a “APAE”, em Três Marias, partiu das comis-sões de saúde e educação, que fi zeram um levantamento do grande número de excepcionais sem ter nenhuma con-dição de atendimento.

Na construção do prédio, a prefeitura está ajudando com a mão -de- obra e, para maiores êxitos, o Lions Clube está fazendo promoções, como a do I Festival de Outono de Três Marias, com propósitos vinculados ao desenvolvimen-to cultural da população, onde foram apresentados shows com os conjuntos locais, grupos de Rock, folia de reis repre-sentando o folclore regional, peças teatrais, além da cultura negra através de danças típicas da raça, como: candomblé e capoeira.

A cozinha foi toda baseada nas comidas típicas da região.

No fi nal da festa, a qual teve a duração de 17 dias, foi pro-movido o tradicional festival do chopp.

Toda renda da festa será destinada à continuação da cons-trução da escola da “APAE”, que já está em fase de cons-trução em uma área cedida pela CODEVSF, situada atrás do Três Marias Tênis Clube.

Os trabalhos das festividades tiveram a participação inte-gral dos LEÕES E DOMADORAS do clube e apoiado pela Prefeitura Municipal e Cia. Pains Florestal.

Jornal O Sertanejo, 2º Edição de Maio- Nº 144-1988

LIONS realiza promoção para construção da Apae em Três Marias

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Page 14: Revista Digital - APAE Três Marias

Tenho um grande prazer em fazer esses relatos e ser uma memória viva da história da APAE.

A história inicia-se quando entrei no LIONS no ano de 1983. Fui pre-sidente em 1989 a 1990 e o objetivo do LIONS era prestar serviços, melhorando a qualidade de vida da comunidade. Como já tinha me formado no magistério, o meu foco principal sempre foi ajudar na área da educação. Minha vontade era trazer uma escola de bom nível e principalmente, fi xar na comunidade os profi ssionais que vieram tra-balhar nas empresas Cemig e Votorantim. Foi criada, então, a primeira escola do LIONS, chamada Instituto Educacional Três Marias. Depois de estar tudo funcionando, querendo expandir a área da educação, apa-receu o Senhor Wander que foi o motivo do surgimento da APAE, pois ele teve um fi lho defi ciente e, como pai, tinha uma preocupação muito grande em dar uma boa educação ao seu fi lho. Procurou-me para abrir uma escola para pessoas com defi ciência, pois seu fi lho não conseguia estudar em uma escola normal e, sensibilizado, mandei o projeto para ser aprovado pela assembléia e a diretoria do LIONS. Naquela época, era muito difícil conseguir a aprovação da instituição, mas conseguimos sensibilizar o conselho e, depois, fi zemos um levantamento para saber os tipos de defi ciência existente. Começamos a fazer pesquisas e visitas pela comunidade, pois, naquela época, os pais escondiam a defi ciência dos fi lhos. Nas visitas às casas, os pais indicavam onde havia mais crian-ças defi cientes para serem visitadas. Nas várias visitas feitas, fi cou clara para mim a necessidade de abrir a APAE. Fez-se uma planta para cons-truir a sede do LIONS, onde funcionaria também a APAE. Com isso, vimos a necessidade de visitar as APAES de outras cidades. Na APAE de Paraopeba, vimos como funcionava e os códigos das defi ciências. Nas APAES de Sete Lagoas e Pedro Leopoldo, constatamos o que já tínhamos visto e restava amadurecer a idéia de como iniciar o trabalho. Para fazer o cadastramento das pessoas, procuramos a Adriana Aragão, Psicóloga, para nos ajudar. Logo se mostrou interessada, pediu para fa-zer as entrevistas com os pais, preparou o cadastro e a anamnese para identifi car a defi ciência para o respectivo atendimento. Com a divulga-ção, que foi feita na comunidade, apareceram muitos interessados e, com isso, começamos a montar as equipes dos técnicos voluntários. Na equipe, a Adriana fi cou sendo a Psicóloga, juntamente com o fi siotera-peuta Arquimedes que vinha uma vez por semana. Começamos a cha-mar as crianças e, como já havia montado no LIONS uma sala de judô com um tatame montado, foram lá os primeiros atendimentos. Como as crianças tinham outras defi ciências associadas, vimos a necessidade de um fonoaudiólogo, e não havia nenhum formado na região. Entra-mos em contato com a Escola Isabela Hendrix, que formara as primeiras turmas naquele ano. Mandou-me os endereços de todos os formandos, a quem mandamos um convite. Todos tiveram difi culdades em vir. Por isso, fomos visitar a APAE de Patrocínio, pois lá já havia todos os técni-cos e ofi cinas montadas. Com isso, pedimos a diretora o nome de um fonoaudiólogo e ela nos dera o cadastro do Ernesto Batista a quem contatamos e ele veio contratado pela APAE. Mas não era especializa-do em atender pessoas com defi ciência como hoje. Foi aprendendo na prática mesmo e, montada a equipe, começamos os procedimentos da A

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Page 15: Revista Digital - APAE Três Marias

abertura e procuramos a vice- presidente da federação das APAES, Maria da Abadia, em Patos de Minas, para saber o que tinha que fazer para fundar a APAE. Veio, então, a Três Marias e nos orientou que uma entidade teria que ter independência e não poderia estar presa a nenhum outro órgão, quer dizer, independente juridicamente, pois fi nanceiramente ela é dependente. Com várias visitas da Senhora Abadia, fi zemos a documentação da escola e começamos a levantar fundos para a instituição. Os recursos vieram do LIONS, da VOTORANTIM METAIS, da Prefeitura e Câmera Municipal e, já formado o conselho, formamos a diretoria, sendo o primeiro presidente o Sr. Odilon, que era representante da prefeitura. Como eu era representante do LIONS, fui o diretor. Na época, houve críticas por uma escola particular funcionar em um prédio público. O prefeito, Manoel Castelo Branco, procu-rou-me para transferir a escola do LIONS que era no atual IEBG. Com isso, fi zemos a reconstrução da planta para sediar a APAE e fi zemos o segundo andar do prédio com a ajuda da prefeitura para sediar o LIONS. Entretanto, a APAE teria a preferência desta construção, pois, quando foi feito o contrato de abrir a instituição, teria que haver a segurança de sempre ter o local de funcionamento porque, enquanto houvesse a necessidade de funcionamen-to da APAE, ela teria que continuar. Logo começamos a funcionar e, com a ajuda da federação, conseguimos um convênio para contratar os primeiros professores, como a Hélia e a Lanise.

Começamos primeiro com os atendimentos clínicos e, logo depois, obti-vemos vários convênios. No ano de 1994, começou a funcionar a escola da APAE. Fui o diretor da APAE do ano de 1993 a 1996, pois, pra estreitar barrei-ras, foi resolvido vincular a diretoria à prefeitura. Com isso, tive que sair. Afas-tei-me em 1 de março de 1996 e, em seguida, entrou o Ronan como diretor.

A sociedade, em geral, teve muito preconceito. Porém, maior era a vergonha dos pais em apresentar o fi lho à sociedade. Com isso, as pessoas questio-navam se havia a necessidade de abrir uma escola especial na cidade. Mas, mesmo assim, não desistimos de buscar melhoras para a qualidade de vida das pessoas com defi ciência e suas famílias.

A comunidade aprendeu a respeitar as pessoas com defi ciência e, graças ao trabalho realizado dentro da APAE, os defi cientes deixaram de ser escondi-dos da sociedade para poderem conviver com outras pessoas. Muitos desen-volveram habilidades artísticas, uns encontraram outros caminhos e alguns frequentam a APAE até os dias atuais. Fico muito feliz em saber que o que era apenas uma ideia, um pedido de ajuda de um pai tornou-se uma institui-ção sólida que acolhe pessoas com defi ciência e politizam as famílias, pois as defi ciências diminuem à medida que soubermos conviver com as diferenças.

Hoje, felizmente, a APAE de Três Marias está instalada em sua sede própria que foi construída com o empenho do Ex- Presidente José Antônio Vicente de Souza e dos amigos e colaboradores da APAE.

Essa vitória é da comunidade que pode contar com um espaço e profi ssionais especializados para atender as pessoas com defi ciência e suas famílias.

Paulo Afonso Soares Educador, Membro do LIONS Clube de Três Marias

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Page 16: Revista Digital - APAE Três Marias

Em Três Marias, antes da fundação da Apae, as pessoas com defi ciência não tinham atendimento adequado, poucas crianças eram atendidas no Sicria - Sitio da Criança e do Adolescente da Prefeitura Municipal, sem nenhuma especialização; era apenas um pequeno acolhimento.

Algumas mães, com muitas difi culdades, conseguiam levar os seus fi lhos para serem atendidos, de vez em quando, em Apaes de outros municí-pios. Em conseqüência disso, elas se juntaram a outras mães e começa-ram a “sonhar com uma APAE em Três Marias”. Primeiro, procuraram o Lions Clube, que se prontifi cou a ajudar a construir uma Escola Espe-cial. Para tanto, criaram o Festival de outono, cujas festas duravam até quinze dias e era realizado anualmente na Praça da entrada da cidade. Outras promoções foram realizadas posteriormente. Houve, também, o apoio da Prefeitura, da Votorantim Metais, de outras empresas, dos pais e amigos das pessoas com defi ciência, enfi m, de toda a comunidade que também abraçou a causa e a escola foi construída, na Avenida do Contorno, 01, no Centro da cidade, com quatro salas de aulas, secreta-ria, diretoria, pedagogia, ofi cina, fi sioterapia, psicologia, fonoaudióloga, refeitório e instalações sanitárias.

A Apae foi fundada em 15 fevereiro de 1993 e através da Federação das Apaes de Minas Gerais, foi fi rmado um convênio com a Secretaria de Estado da Educação, para a cessão de professores e pedagoga, criando as condições para a escola começar a funcionar.

Apesar de a escola ter sido construída para uma Apae, não se observou a questão da acessibilidade e por isso, não foi possível fazer o convênio com o SUS-Sistema Único de Saúde para manter a Área Clínica. Criou-se,então um grande problema para o fi nanciamento das especialidades que garantem o atendimento do ensino especial da escola, além das difi culdades de acesso para os próprios assistidos.

No início, a Prefeitura assumiu a Área Clinica, mas não repassava regu-larmente os recursos, criando passivos trabalhistas que foram resolvidos judicialmente, através de penhora dos poucos bens da Apae. O próximo Governo Municipal não deu nenhuma subvenção. Foi a partir do ano de 2000, no Governo do Pe. Gê, que se criaram condições seguras de repasses fi nanceiros, seguidas pelos governos subseqüentes, o que se mantém, até hoje, em maior ou menor escala, de acordo com as dis-ponibilidades fi nanceiras do Município, garantem o funcionamento da Apae.A

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Page 17: Revista Digital - APAE Três Marias

Para resolver o problema de acessibilidade e também porque o pré-dio não foi doado para a Instituição, a Apae não desanimou e teve “um novo sonho: de construir uma Sede Própria”. Em busca da realização deste sonho, o Presidente, Antônio Trindade Ávila, conse-guiu um terreno com a Prefeitura e os audaciosos projetos arquitetô-nicos. No final do seu mandato, deixou um pouco de recursos para iniciar a obra.

Mas a construção coube ao próximo Presidente, José Antônio Vicen-te de Souza que, com muita dedicação, assumiu tamanho encargo. Trocou o terreno por outro mais adequado, ampliou o projeto, crian-do um majestoso Refeitório e mais um prédio de dois andares. Não mediu esforços; buscou recursos do Imposto de Renda dos funcioná-rios da Cemig, Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde, de emendas parlamentares de deputados estaduais e federais, da Pre-feitura, da Votorantim Metais, de outras empresas e da comunidade em geral. Outra grande parceira que ele conseguiu foi a Construtora Paulino Patrus Engenharia Ltda, que cedeu grande parte da mão de obra e também materiais para construção de todos os prédios, dos muros e alambrados. “Sem ela não teríamos concluído a obra desta forma e com tamanha magnitude” disse o Presidente.

O Presidente, José Antônio gastou cinco anos para construir a Obra que foi inaugurada em 27/10/2012. Contem, Centro Clínico com 356m², Centro Educacional com 546 m², Centro de Educação Profis-sional e Ambiental com 377m², Centro Administrativo com 205m², um Refeitório e uma Cozinha Experimental com 347m², toda a área de pátio concretada e o terreno de 10.248m², cercado de muro nas laterais e alambrado de postes de ferro, nas ruas que dão para o fundo e frente das construções, além de vias internas asfaltadas. As obras não param. Seu sucessor, Presidente Manoel Mecias de Cam-pos, está construindo uma Academia ao Ar Livre e um Centro de Equoterapia.

Além da construção da Nova Sede, o presidente José Antônio, ain-da conseguiu uma Kombi com a Pastoral do Dízimo/Provida, uma Cozinha Experimental com o Ministério da Ciência e Tecnologia, um micro-ônibus adaptado e um veículo Fiat Uno, com o Ministério da Assistência Social e Combate a Fome, uma máquina semi-industrial e outros equipamentos para a produção de papel reciclado com o Ministério Público, através de recursos de TAC da Votorantim Metais.

Em toda essa empreitada é importante ressaltar o grande apoio do nosso Deputado Federal Eduardo Barbosa e do Deputado Estadual Dr. Viana.

Muito mais importante do que a estrutura física que a APAE instalou em Três Marias é o atendimento com qualidade, que ela conseguiu prestar durante toda a sua existência, nas áreas de saúde, assistência social e educação com os métodos Teacch, Ensino Especial e de in-tegração da Família Apaeana, através da sua equipe de profissionais, sempre muito competentes e dedicados, contando, também, com os pais, conselheiros e outros voluntários, sob a presidência de grandes homens e mulheres, que se dedicaram intensamente para alcançar outros objetivos sonhados:

Presidentes da APAE Mandato

José Odilon 1995-1996

Adriana Aragão 1997-1997

Ana Cláudia Dayrell 1998 -1999

Regina Célia Campos Viana 1999 – 2000

Silvana da Conceição Souza 2000 -2001

Antônio Aparecido Ferreira 2001 – 2002

Antônio Trindade Ávila 2002 – 2004

José Antônio Vicente de Souza2005 – 2010 2012 - 2013

Maria Cristina Silva Dias 2011 – 2012

José Antônio Vicente de Souza 2012 / 2013

Manoel Mecias de Campos 2014 - 2016

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Page 18: Revista Digital - APAE Três Marias

Não poderíamos deixar de apresentar os nomes das pessoas, que ao lado desses presidentes, assumiram com muita dedicação, amor e carinho a direção da Apae:

Diretores Período

Paulo Afonso Soares 1993-1996

Ronam Oliveira 1996-1997

Paulo Roberto Zuchi 1998 -1999

Manoel Geraldo 1999 – 2000

Elza Marques 2001

Alzimara Martins da Silva Belo 2001

Maria Alice Xavier de Almeida 2002 – 2004

Rosângela do Nascimento de Sá 2005-2007

Maria Meyrie Viera Zica 2008-2012

Meirilene Ferraz Marques da Silva. 2013-2016

E como diz o nosso querido Presidente José Antônio: “acima de tudo e todos, estão os nossos assistidos - pessoas com defi ciência intelec-tual e múltipla, que na sua simplicidade e inocência, expressam aqui-lo que são e querem, num misto de amor e carinho, nos mostram que a vida é pra ser valorizada e bem vivida, momentos por momentos”.

“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho

que se sonha junto é realidade”.

Raul Seixas

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“Todos vimos de famílias. As famílias são grandes, pequenas, extensas, de multigerações, com um dos pais, os dois pais e avós. Moramos debaixo de um teto ou de muitos. Uma família pode ser tão temporária quanto algumas semanas, tão permanente quanto para sempre. Tornamo-nos parte de uma família por nascimento, adoção, casamento ou por um desejo de apoio mútuo. Como mem-bros de uma família, nutrimos, protegemos e infl uenciamos uns aos outros. Uma família é umas cultura em si, com valores diferentes e maneiras únicas de realizar seu sonho. Juntas, nossas famílias tornam-se a fonte de nossa rica herança cultural e diversidade espiritual. Cada família tem suas forças e qualidades que fl uem de mem-bros individuais e da família como unidade. Nossas famílias criam vizinhanças, co-munidades, estados e nações.”

Força de Trabalho do Go-verno de New México- Sobre Crianças, Jovens e Famílias.

vivênciAS E ExpEriênciASdAS mãES ApAEAnAS

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Tudo começou quando o Lucas Gabriel Moreira Ribeiro foi para a escola Geralda Márcia. Tinha quase cinco anos de idade. Não fi cava dentro da sala de aula; só cantava e fugia se os portões fi cassem abertos; não tinha interesse nas ati-vidades. Era só cantar e cantar até hoje. Quando a ativida-de era cantada tinha interesse e aprendia cantando. Caso contrário, não fazia nada. A professora do Lucas era a Aline, fi lha da Meirinha da APAE. Informou-me, então, sobre a APAE, pois Lucas tinha comportamento diferente e era mui-to dependente, cuja defi ciência veio aos três anos de vida. Tinha crises convulsivas com queima de neurônios e fi cava ausente. Então, matriculei-o na APAE e passou a brincar no parquinho e a se interessar por algumas atividades. Aos seis anos, desenvolveu-se bastante de acordo com a capacida-de. O diálogo dele hoje é outro, melhorou bastante. APAE para nós está bom; precisamos sempre de apoio para que possamos chegar cada vez mais longe e escrevermos outra história e dizermos que está ótimo. Quanto ao tratamento do Lucas com a neurologista de Belo Horizonte, a Doutora Karina, que me disse que o Lucas poderia aprender a ler e escrever ou não. Isso não me deixou surpresa, porque ela me disse que poderia aprender outras atividades e eu sou muito tranquila para lidar com estas situações. Penso que, quando temos fé em Deus, ele nos tranquiliza e nos dá ca-pacidade para cuidar das pessoas que amamos, principal-mente de pessoas que mais precisam da gente. Aprende-mos com elas e as amamos cada vez mais. Na APAE, hoje, sou mais uma mãe aprendendo a cuidar de quem precisa de cuidados especiais. E isso acontece na Escola de Pais da APAE.

Num Lugar onde “cada um vale pelo que produz concreta-mente”, um fi lho tem que ser, na pior hipótese, “simples-mente o máximo”.

“Dar à luz uma criança defi ciente é um acontecimento re-pentino. Não há um aviso prévio, não há tempo para se preparar”

(Leo Buscaglia)

Fernanda Moreira de ArrudaMãe do Lucas Gabriel Moreira Ribeiro

Defi ciente Intelectual39

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Em 1976 engravidei. Foi uma gravidez tranquila, mas o parto foi muito difícil, por-que ele estava sentado e o médico não notou e fi cou esperando que ele nascesse normal. Já tinha feito três partos normais na roça e todos sem problema nenhum. Parece que passou da hora de nascer e faltou oxigênio. Quando perceberam, colo-caram-me no balão de oxigênio e, depois de 4 horas no balão, resolveram fazer a cesariana que transcorreu normalmente. Com um mês de nascido levei-o para um hospital em Belo Horizonte e foi direto para a UTI da Santa Casa, onde fi cou 45 dias internado. Ele teve febre de 40 graus, convulsão, meningite, infecção no sangue, no intestino e anemia. A febre não cessava por causa da infecção e os recursos já esta-vam acabando. Já não havia mais onde aplicar os remédios, pois o sangue já tinha virado água, sendo necessário fazer uma transfusão de sangue. Depois disso foi melhorando. Quando estava bom e já ia receber alta deu hidrocefalia e o levaram urgente para fazer a cirurgia para colocar uma válvula na cabeça. Após 15 dias, rece-beu alta e voltamos para casa. Foi crescendo, andou e falou normalmente mas era muito nervoso. Quando fi cava com raiva, mordia-se e falava palavrões, o que logo passou. Aos 10 anos, a válvula furou; ele vomitou e teve dor de cabeça; não abria os olhos; levei-o a Belo Horizonte para trocar a válvula. Depois disso, fi cou tudo bem. É uma pessoa maravilhosa. Só não aprendeu a ler, escrever e fazer contas e não conhece dinheiro. Hoje ele está com 37 anos e é uma pessoa muito higiênica com o corpo e com as coisas dele, muito responsável, inteligente, esperto, sábio e muito carinhoso com todos, ele ama criança e é muito religioso e comunicativo. Tem uma vida normal, namora, é independente e consegue se locomover sozinho na cidade. O meu maior sonho é ver meu fi lho aprender ler e escrever. Ainda acredito nisso.

“Choque, amargura, amargo desapontamento, fúria, horror, meus sentimentos eram uma mistura de tudo isto depois que meu médico me disse que nosso novo fi lhinho, Peter, nascera com Síndrome de Down. Eu tinha medo de mandá-lo buscar no berçário... eu não queria ver esse monstro, mas quando a enfermeira trouxe esse bebê minúsculo, de cabelos pretos, olhos amendoados para cima, meu coração derreteu... Porém a amargura e o medo não desapareceram só porque nos apai-xonamos pelo nosso fi lho. Eles vinham em ondas grandes, sufocantes; eu sentia necessidade funda de gritar o que sentia- gritar e gritar até que tivesse arrancado essa amargura imensa do centro do meu ser, pondo-a descoberto... Penso que deveríamos dar a expressão honesta e integral de nossa amargura. Suspeito que, quando em nossas tentativas de sermos corajosos e enfrentarmos o futuro, repri-mimos nossos sentimentos, esses sentimentos de dor e tristeza duram mais tempo. Tudo que estou tentando dizer é que há tempo para chorar e a seguir um tempo para ir em frente, e não penso que você possa realizar o segundo sem ter passado pelo primeiro. (Vyas, 1983 a.p. 17)”

Depoimento de uma mãe, extraído do Livro “Famílies Professionals, and Exceptionality- S Special Partnership”

Sebastiana Alves MagalhãesMãe do Hernane Cleiton Magalhães

Defi ciente Intelectual41

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Maria Bernardete de LimaMãe do Maykon josé Nines Lima

Síndrome de Louis-Barr

Em abril de 1983, fi quei grávida do Maykon e foi uma gra-videz ótima. O parto foi cesariana. Era uma criança saudá-vel, perfeita, linda e desenvolveu normalmente sem proble-ma algum. Ele é o terceiro fi lho e foi mais esperto que os outros; caminhou com 8 meses e com 9 falou mãe; pedia “dedeira” e foi sempre esperto. Mas com 2 anos e meio, parou de caminhar e falar e fi cava todo mole; levei-o ao hospital e falaram que não sabiam o que era e mandaram colocá-lo em um quarto escuro para ver se ele melhorava. Não adiantou; fi cou assustado e com medo de alguma coi-sa. Resolvemos, então, levá-lo a Sete Lagoas, em um neu-rologista, Dr. Hélio Humberto que avaliou o Maykon e não encontrou nada; encaminhou-nos a Belo Horizonte em ou-tro neurologista que pediu uma tomografi a cerebral a qual não acusou nada do que o Maykon sentia, mas o Dr. Eduar-do disse assim: “Peço a você, mãe, que fi que tranquila; ele fi cará em observação durante uma semana pra ver se vai melhorar alguma coisa”. Fiquei na casa da tia do Maykon e o sofrimento aumentando; chegou uma vizinha da minha cunhada e falou: Maria de Jesus, por que você não leva a mãe do Maykon ao hospital da Baleia? De repente, tem algum resultado. Minha cunhada me falou: Bena, quer ir ao hospital da Baleia? Eu falei: vamos lá agora; fomos fazer os exames e não encontraram nada outra vez. Fiquei triste e, com quinze dias, o Maykon começou a fi rmar o corpo, sen-tar-se e, com muito medo, a fi car de pé. Continuamos o tra-tamento devagar, mas fi quei sempre chorando e pedindo Deus que me devolvesse o Maykon como ele era, sem pro-blemas, pois não me conformava com a situação. Quando o Maykon começou a mudar os passos, fi quei desesperada de emoção; fi cava nervoso quando pedia alguma coisa e eu não entendia; chorava e resmungava quando queria água ou algum brinquedo. Depois, vim embora e fi quei cuidan-do dele; passei a me dedicar a ele mais e mais. Quando do retorno, os médicos me disseram que iria precisar de mais cuidados e muita atenção para uma boa recuperação porque ele iria fi car muito nervoso. Deixei então a minha outra fi lha de lado em casa para me dedicar ao Maykon. Fui a Belo Horizonte em busca de outro médico neurologista e pediatra que, examinando o Maykon, suspeitou de um

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grande susto que ele teve. Conversando com o Dr. Luiz Fernando Fonseca, relatei um acidente com o pai do Maykon; a minha casa encheu de gente e eu saí com o pai dele para a cidade de Curvelo, porque teve fraturas no braço. Quando retornei, a minha mãe estava preocupada com o menino. O médico acompanhou-o durante uns anos e só pensava que fosse o susto.

Ele teve um susto que o fazia esconder-se de tudo e de todos. Levamo-lo ao hospital daqui e mandaram-no para Sete Lagoas onde pediram uma tomografia que foi feita em Belo Horizonte. Ao levar para o médico a tomografia, o resultado foi normal. Mesmo assim, fomos para o hospital da Baleia onde ficamos até o Maykon recupe-rar do susto, visto que alguns achavam que era isso a causa do problema e outros não diziam nada. Disseram que precisaria de mais cuida-dos e muita atenção para uma boa recuperação e passou para um acompanhamento fisioterápi-co com a Dr. Katia Lana, que pediu um acompa-nhamento rígido para o Maykon e deu um prazo até quando precisou usar aparelho nas pernas. Quando fez 11 anos, teve uma crise de vômitos sem parar; não sei se foi emocional, visto que havia um aniversário da prima que faria uma fes-tinha. Viu os preparativos e ficou com esta crise que não parava. Foi levado ao hospital, onde fi-cou internado e não participou da festa; e foi só piorando até que entrou em coma no hospital de Três Marias. Não queriam que o levasse para fora, mas fomos primeiro a Curvelo e depois se-guimos para Sete Lagoas onde os médicos me perguntaram por que esperei três dias para levá-lo. Disse que os médicos não o liberavam. Mi-nha mãe chegou lá e viu que Maykon não estava nada bem, estava muito parado e não fechava a boca nem os olhos. Por isso, corremos com ele para fora. Passou por pediatra e neurologista e

foi só agravando o caso até que o neurologista passou-lhe um medicamento, quase morreu e foi levado para o CTI, onde ficou por uma noite. No outro dia, ficou pior ainda; cada dia piorava e à tarde levaram-no para a UTI. Foi entubado e cheio de aparelhos; ficou lá por 18 dias em coma; os médicos me diziam que era por Deus a melhora dele. Desesperada, só o entregava nas mãos do senhor. Quando melhorou, deram-lhe alta e os médicos me falaram que não iria sentar, nem pegar nada, nem falar mais nada; mas, não precisou mais dos aparelhos que usava, graças a Deus. Uma médica pediatra me disse que o caso do Maykon era igual ao do filme do óleo de Lorenzzo; outro me disse que era caso raro. Teve retornos durante uns 3 anos e depois tive tanta vontade de levá-lo ao hospital Sara Kubis-tchek, em Belo Horizonte,onde fez tratamentos durante uns 4 anos. Só lá que me disseram que era um caso degenerativo e mesmo assim, não me desanimei. Achava que tinha que fazer al-guma coisa a mais; tudo tem a hora. Tenho-o levado ao neurologista e, por último, ao oftal-mologista que disse que não precisava usar ócu-los e que ele está com muita atrofia em todos os membros e nervos e os óculos iriam adiantar pouco. Isto me deixou tão pequena diante dos problemas que o Maykon tem, embora saiba-mos que os problemas são progressivos e re-gressivos. Tentei na AACD de Uberlândia até os 18 anos, pois para Deus nada e impossível e eu confio que o Maykon vai conseguir o que quere-mos, em nome do senhor. Fiz todos os exames no Sara e lá conseguimos fazer a genealogia do problema; só em 2000 soube do diagnóstico e fiquei muito triste, sabendo que ele tinha um problema a tratar. A médica e a equipe se reuni-ram e me falaram da síndrome de Louis – Barr e eu fiquei perguntando o que fazer e se teria ou-tro tipo de tratamento. Disseram-me que não,

era só acompanhamento e assim o fizemos.

Eu conheci uma mãe que tinha uma filha com paralisia cerebral e ela a encarava com normali-dade, pois a gente supera tudo. Enfrento meus problemas com as bênçãos de Deus.

Já tive fracasso, tristezas e muita dor, mas a gen-te supera tudo porque não é só o Maykon que tem o problema da síndrome de Louis – Barr e tenho outra filha com a mesma síndrome. Tenho que pedir muito a Deus e a Maria, nossa mãe, a proteção divina.

Em Belo Horizonte, enviaram-no para uma APAE e eu nem sabia o que era APAE, pois, aqui não havia essa instituição. Levei-o para Instituição chamada Paulo Tarso, em Paraopeba durante 3 anos. Todas as segundas, terças e quartas-feiras, tinha todos os atendimentos. Era muito sacrifí-cio. Até ia mudar para Curvelo, mas a Adria-na chegou lá em casa e me convidou para fazer uma entrevista e ver se eu queria uma vaga na APAE de Três Marias. Foi quando começou a APAE, e foi uma graça de Deus, pois as viagens eram muito cansativas.

Todos nós fomos dedicando-nos à APAE, que hoje faz parte de nossas vidas, nós amamos a APAE.

Tive muita dificuldade para aceitar que meu fi-lho fosse uma pessoa com deficiência; os médi-cos não davam muitas esperanças.

A gente que tem filho com deficiência sabe al-gumas coisas, mas na escola de pais que, na verdade, é mais de (mães), a gente acha que entende e sabe muito. Mas, a gente percebe que ainda tem muita coisa a aprender. Estou amando, pois estou mais esclarecida sobre mui-tas coisas.

Tive muitas dificuldades nas viagens, pois não havia o carro da prefeitura; não era como é hoje; não era marcado na Secretaria de Saúde como acontece atualmente.

Protejo muito meu filho. Antes da Escola de Pais, acreditava que ainda era uma criança e não via as necessidades que eu vejo que ele tem hoje. O sonho dele é se casar e, se ele encontrar al-guém, eu deixo.

Ele é muito carinhoso, sem dúvida. Maycon e Flávia ficam dentro de casa e quem fica com ciú-mes é o pai.

Acredito que, com tudo por que passei, apren-di a ser uma pessoa melhor e estar mais prepa-rada para defender e proteger melhor os meus filhos. Olha, tinha tanto medo de ter filho com problemas, pois tinha receio de ter que ir a Belo Horizonte, mas fui privilegiada e foi lá o tratamento dele. No início tive medo de perda e de não dar conta de cuidar dele, pois era mui-to tímida e chorava muito. Com a convivência, a gente aprende e até hoje estou aprendendo com e sobre ele.

Tenho a chave do céu, as mãos de Jesus e Nos-sa Senhora que nos protegem e nos dão força, paciência, aceitação e sabedoria para suportar tudo.

Considero-o em primeiro lugar, e não me des-ligo dele; já tive problema com o meu marido, mas já estou tentando mudar.

Tenho uma boa aceitação com tudo e sou feliz, pois tenho o meu marido e os meus três filhos que são lindos e maravilhosos e sou suspeita de falar. Todos gostam dele, principalmente na APAE; o Maykon é muito querido e eu o amo.

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Sou Nilza Luci, mãe do Johnathan, que tem defi ciência intelectual e epilepsia, e vou contar-lhe um pouco da nossa his-tória.

Sou mãe de cinco fi lhos. Johnathan foi o segundo a nascer. Quando descobri que estava grávida, fi quei ansiosa pra completar três meses de gestação e, as-sim, poder fazer uma ultra e descobrir o sexo do bebê. O médico me disse que era um menino; quase morri de felici-dade, pois já tinha uma menina. Fiz o pré-natal. O médico me afi rmava sem-pre que o feto estava no tamanho certo, com peso ideal e que era perfeito. As-sim, graças a Deus, tive uma gestação ótima. E na madrugada do dia 22 de novembro de 1994, nascia no hospital São Francisco de Três Marias, um meni-no de 48 centímetros e 3.850kg. Foi um parto normal e rápido. Dois dias depois, fomos pra casa e a vida seguiu seu cur-so normalmente.

Passaram-se dois meses de paz e har-monia. Ao chegar ao terceiro mês, mi-nha luta começou; chorava dia e noite sem parar, levava-o ao pediatra e este sempre dizia que era cólica, passava um remédio e voltávamos para casa e nada de melhorar. Já fazia um mês mais ou menos que ele chorava sem parar; che-gou a minha casa uma amiga e, vendo o sofrimento do meu fi lho, sugeriu que o levasse para uma consulta com um neu-rologista que ela conhecia e que tratava de seu fi lho. Assim, ela conseguiu mar-car uma consulta com ele; fomos a Sete Lagoas consultar. Fiquei surpresa ao receber o diagnóstico: epilepsia. Disse-

Nilza Luci de F.SilvaMãe do Johnathan Esteves Silva

Defi ciência Intelectual

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lhe que deveria estar engana-do; meu filho nunca desmaiou, nunca teve convulsões e nunca babou ou coisa parecida. Ex-plicou-me que existem vários tipos de epilepsia e que a do meu filho era de difícil controle, justamente por não ser muito conhecida. Chama-se crise de ausência.

Voltei pra casa com o coração apertado, com medo, mas de-cidida a seguir o tratamento que o médico passou. Passa-ram-se quatro anos e ele co-meçou a estudar. Um mês de-pois, a professora me chamou pra conversar e me dissera que o Johnathan não conseguia acompanhar os coleguinhas nas atividades que achava que ele era retardado, que eu devia colocá-lo em uma escola espe-cial - APAE.

Briguei com ela e disse que iria processá-la por chamar meu filho de retardado. Contraria-da, marquei uma consulta com o neurologista e expus-lhe o acontecido. Encaminhou-me pra outro neurologista, espe-cialista em deficiência mental. Esperei pela consulta apreensi-va e pelos exames mais ainda. Quando chegou o resultado, chamou-me e deu-me o diag-nóstico: “Mãe, seu filho tem deficiência intelectual, epilep-sia e déficit de controle. Ao

voltar até o fórum e procurá-la que resolveria pessoalmente o caso, pois toda criança ou adul-to que tenham deficiência têm o direito de estudar em uma escola onde há professores e funcionários capacitados para atender as suas necessidades, e que inclusão social é bonito só na teoria, pois, na prática, nunca funcionava cem por cen-to.

Munida de muita coragem e determinação, procurei a dire-tora e pedagoga e disse tudo o que fui instruída a dizer e, assim, o Johnathan pôde vol-tar pra escola onde até hoje estuda. A APAE pro Johnathan é sinônimo de trabalho, lazer e segunda casa. Com a ajuda de Deus, da família e dos funcio-nários da APAE, tornou-se um homem de bem, um amigo e companheiro, atleta, um ven-cedor em todos os sentidos.

A deficiência do meu filho fez com que eu me tornasse forte, guerreira; aprendi a lutar pelos direitos dele, a ver o mundo por um ângulo diferente, a me tornar melhor e a compreen-der melhor minha missão neste mundo; aprendi que a dor do próximo é sempre maior que a minha: Testemunhei isto quan-do buscava o recebimento do BPC dele. Havia pessoas que

chegar em casa, contei pro meu ex-marido. Neste momen-to é que a ficha caiu: Meu fi-lho nunca iria aprender com a mesma facilidade que as ou-tras crianças aprendem; chorei a noite inteira e, quando o dia amanheceu, já tinha decidido que o protegeria de tudo e de todos que pudessem lhe fazer algum mal.

Na mesma semana, fui até a escola da APAE e fiz a matrícula dele; fui muito bem recebida e me explicaram o funcionamen-to e os benefícios de uma es-cola especial. Alguns dias de-pois, meu filho já frequentava as aulas. Para o meu espanto, pouco tempo depois já dava pra notar o progresso dele. Aprendeu a andar de bicicle-ta e depois ensinou as irmãs a andarem, aprendeu a ser in-dependente e até a ajudar em casa; tornou-se um bom filho, bom amigo e irmão, ajudando sempre a cuidar dos irmãos que nasceram depois.

Ele se adaptou tão bem junto à sociedade que as pessoas só notavam que ele tinha defi-ciência depois de muito tempo de convivência. Mas como na vida nada é só flores, uma lei veio pra tirar o nosso sossego e paz. Em um belo dia, fui cha-mada à escola pela pedagoga que queria me fazer um comu-

tentavam há anos e ainda não tinham conseguido; o dele só demorou uns dois anos mais ou menos para que o médico atestasse a seu favor. Foi uma bênção, pois, na época, eu ti-nha me separado e mantinha a casa e os filhos sozinha. Hoje ainda passamos por alguns percalços, mas nada que, com a graça de Deus, não conse-guíamos resolver. A chegada do Johnathan nas nossas vidas foi uma benção; tornei-me uma mãe melhor; aprendi a lidar com meus medos, dúvidas e re-ceios; tornamo-nos uma família unida e disposta a aprender, a cada dia, a respeitar e amar uns aos outros com nossos defeitos e qualidades.

Agora, com as palestras que a escola de pais me proporciona, tornei-me mais sábia, humilde e tolerante na hora de buscar os direitos dos meus filhos. Aprendi e pude ensinar a meus filhos que, para termos direi-tos, devemos cumprir com os nossos deveres. Hoje, posso dizer que, apesar das dificul-dades que enfrentamos nestes 20 anos de vida em que luta-mos pela nossa sobrevivência e dignidade, somos muito felizes e cada dia mais capacitados a lutar por mais cem anos se for preciso. Este não é o fim, é só o começo de algo maior.

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nicado: O Johnathan terá que ir para uma escola “normal”. Nem tinha acabado de falar e eu já estava dizendo-lhe: Meu filho não sai daqui de jeito ne-nhum. Na maior paciência, ten-tava me explicar que o governo tinha decretado uma nova lei de inclusão social; não aceitei o argumento e disse-lhe que fosse o governo e a lei dele pro raio que o parta; briguei, ameacei mas acabei tendo que colocá-lo em uma escola Mu-nicipal, com professores sem qualificação e alunos cruéis.

O Johnathan comeu o pão que o diabo amassou, chamavam ele de doente da APAE, retar-dado, burro, doido e tantos outros mais. Não havia um dia sequer que ele não chegasse chorando ou tivesse apanhado na escola e sido xingado. Ia de novo reclamar, pedir provi-dências e ouvir a mesma des-culpa esfarrapada de que era só brincadeira de criança.

Chegou um dia em que o Joh-nathan não quis mais ir à esco-la; então tomei uma decisão; fui procurar a promotora da cida-de, no fórum, e expus-lhe mi-nha situação e a do meu filho. Ela orientou a voltar à APAE e dizer-lhes que é um direito do meu filho permanecer estudan-do na escola, e que, se não o aceitassem de volta, era pra eu

“Queremos uma sociedade ba-seada na igualdade, na justiça, na equiparação e na interde-pendência, que assegure uma melhor qualidade de vida para todos, sem discriminação de nenhum tipo, que reconheça e aceite a diversidade como fundamento para a convivência social. Uma sociedade onde o primeiro seja a condição de pessoa, de todos os seus inte-grantes, que garanta sua digni-dade, seus direitos humanos, sua autodeterminação, sua contribuição à vida comunitária e seu pleno acesso aos bens sociais.”

Declaração de Manágua Pro-jeto Crescer Junto na Vida Co-munitária Manágua, Nicarágua - Dezembro de 1993.

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Com 22 anos, descobri que estava grávida do Maicon. Foi uma gravidez muito turbulenta; sen-tia muitas dores e meu falecido marido era mui-to ignorante. Apesar de tudo, estava feliz por saber que teria mais um fi lho. Como morava na fazenda, não tive condições de fazer o pré-natal todos os meses e, quase não tinha acompanha-mento médico naquela época. Quase perto de dar a luz, fi z um ultrassom e descobri que era um menino e estava muito sadio; o médico mar-cou uma data diferente da que estava marcada para ganhar o bebê. O tempo foi passando e comecei a sentir umas dores leves. Como não sentia dor pra ganhar os meus fi lhos, fui para o hospital e o médico me avaliou e não havia pas-sagem nenhuma. Decidiu, então, fazer o parto forçado. Rebentaram minha bolsa e o Maicon não descia; o médico começou a puxá-lo e as enfermeiras começaram a apertar a minha bar-riga para ele sair; o tempo foi passando e ele não nascia; o sofrimento era demais até que, fi nalmente, ele nasceu aparentemente normal. Ainda no hospital, percebi que havia algo erra-do; ao trocá-lo, vi que ele tinha as juntas duras e não se mexia nem chorava como todos os be-bês normais. Recentemente, levei - o ao neuro-logista que disse que estava tudo bem e que o diagnóstico do Maicon é Paralisia cerebral.

“O que se tem visto em relação à atitude dos profi ssionais é um despreparo tanto técnico como emocional com relação à abordagem do diagnóstico. É muito importante levar-se em conta que o profi ssional é um ser humano, com seus medos, com suas inseguranças: nunca me ensinaram a forma correta de transmitir essa notícia aos pais... A sensação de impotência e frustração que sinto... Procuro não demonstrar minhas emoções, coloco uma máscara embota-da, sem ressonância afetiva...”

Depoimento de um médico

Tereza Arlinda NicácioMãe do Maicon Douglas Nicácio da Silva

Paralisia cerebral

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Foi em 1994 que tive a terceira gestação. O primeiro perdi, a segunda nasceu uma linda menina e a terceira nasceram dois lindos meninos. Foi uma gestação muito difícil e com muitos problemas de saúde. Aos 6 meses e meio de gravi-dez, no dia 27 de dezembro de 1994, às 08:30, em Três Marias nasceram meus dois lindos fi lhos, Elias e Elizeu. Ia tudo muito bem e, de repente, Elias adoeceu no dia 26 de fevereiro e veio a falecer no dia 27 do mesmo mês. Isto deixou um grande vazio no meu coração; dois meses depois percebi que Elizeu tinha algo diferente e o levei ao médico aqui mesmo, o qual me encaminhara para Sete Lagoas. Com os exames veio o diagnóstico: Hidrocefalia. No momento assustei-me, mas coloquei os pés no chão e disse para o médico que Deus não iria me desamparar e que ia me dar forças para lutar por ele. Os primeiros anos foram muito difíceis, mas Deus sempre colocava no meu coração que não haveria bar-reiras que eu não pudesse atravessar, nem rios profundos em que não pudesse nadar e chegar ao outro lado; Deus dá o frio conforme o cobertor; assim fomos nós dois vencendo barreiras. Conheci a APAE através do médico que cuidava dele. Até então, não sabia e, através do doutor Elio, passei a conhecer a APAE, onde fomos recebidos muito bem. Meu fi lho era pequeno e não entendia muito ainda, mas foi crescendo e convivendo com o problema. Meu esposo, no come-ço, fi cou muito afl ito, mas foi um companheirão e me ajuda muito até hoje; sou grata a Deus pelo pai do meu fi lho; tivemos muitas difi culdades sim, principal-mente na área da saúde. Enfrentamos difi culdades até hoje para conseguir con-sultas fora e medicamentos; tive muitas difi culdades para conseguir o benefício, mas hoje, graças a Deus, é o que nos ajuda a comprar os medicamentos e pagar as consultas de que precisa. Estou achando esta escola de pais maravilhosa, pois nos ensina sobre os nossos direitos e deveres como cidadãos; enfrentamos ainda muitas difi culdades para criar nossos fi lhos; foi através desta escola que estamos enxergando uma luz no fi m do túnel para um mundo bem melhor e longe do pre-conceito para que nossos fi lhos sejam cidadãos de bem. Às vezes, protegemos muito os nossos fi lhos por serem especiais, mas devemos também educá-los e ensinar-lhes o caminho em que devem andar, como diz o provérbio: “Ensina a seu fi lho o caminho por que deve andar para que, quando envelhecer, não se desviará dele”, e eu tento fazer o que o provérbio diz. Amo-o e o defendo, mas também o protejo e o educo. Essas aulas estão me dando este suporte para prosseguir nesta caminhada, pois meu fi lho é uma benção de Deus na minha vida; sou muito feliz, pois nunca me atrapalhou e, cada dia que passa, através dele aprendo uma lição; muitos têm fi lhos perfeitos e não sabem agradecer a Deus e nem tampouco os fi lhos sabem agradecer a Deus pelo privilégio de serem saudáveis. Ao terminar digo: Que aconteça o acontecer, Deus sempre es-tará ao nosso lado para nos ajudar e, quando cansarmos, carregar-nos-á no colo e dirá: fi lha, eu estou aqui.

Cleonice Ferreira SoaresMãe do Elizeu Ferreira SoaresDefi ciente Intelectual - Autista

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Minha gestação foi tranquila e meu fi lho nasceu em Sete Lagoas. Apa-rentemente, era uma criança normal; percebi que havia algo diferente quando ele ingressou na escola; antes disso, parecia uma criança nor-mal. Ele é meu primeiro fi lho com necessidades especiais e sonhava muitas coisas para ele. Quando nasceu, era normal ou parecia normal; só soubemos que tinha um problema quando ele foi para a escola aos 4 anos de idade; era inquieto, não se concentrava e não conseguia apren-der. A direção da escola pediu que eu o levasse a um neurologista para fazer vários exames e sessões com uma psicóloga que descobriu que tinha defi ciência intelectual. Quando recebi o diagnóstico da doença, achei que minha vida tinha acabado; tive muita revolta, achei que Deus estava me castigando e, às vezes, achava que Deus não existia; sentia que era pior que as outras pessoas por ter um fi lho assim. Depois perce-bi que o amor pelo meu fi lho é muito maior que tudo isso e os sonhos que sonhei para ele eram meus e não os dele, mesmo se ele fosse uma pessoa sem nenhum problema ele teria seus próprios sonhos não os meus.

Com o diagnóstico da defi ciência, fi quei muito chocada e com muito medo do preconceito que ele poderia sofrer. Quando iniciei o tratamen-to dele, uma neurologista me falou que a APAE poderia ajudar muito no desenvolvimento do meu fi lho e logo procurei a APAE. A aceitação da defi ciência na minha família foi muito difícil; meu marido não aceitou, no começo e, também, tinha preconceito com a APAE; depois foi acei-tando e vendo que a APAE era muito boa para nosso fi lho.

No início, tive muita difi culdade para realizar o tratamento de saúde do meu fi lho, pois não havia médicos neurologistas na cidade; até hoje não há, mas, agora temos CAPS que realiza o acompanhamento do meu fi lho.

Estou gostando muito de participar da escola de pais; acho maravilho-sa, nunca tinha tido a oportunidade de aprender tanto sobre a doen-ça do meu fi lho e como posso ajudá-lo a viver melhor e vencer suas difi culdades e suas limitações. As aulas estão me ajudando a ser uma mãe melhor para meus fi lhos e estou mais preparada para defender os direitos deles.

Meu fi lho precisa da sua família e dos profi ssionais especializados para ajudar no seu desenvolvimento. No inicio, atrapalhou minha vida. Hoje, eu e minha família estamos felizes e amamos o nosso fi lho e queremos sempre o melhor pra ele.

Edinaura Moura da SilvaMãe do Willian Moura de Oliveira

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Nasci com alguns problemas de saúde, mas, mesmo assim, resolvi casar-me aos 20 anos. Os parentes do meu marido eram contra, pois acreditavam que não seria um bom marido e tinham toda a razão, mas minha família me apoiou. Seis meses depois de casada, veio minha primeira gravidez; tive com-plicações no parto e meu fi lho faleceu. Depois de três meses, ocorreu minha segunda gravidez e, graças a Deus, nasceu um fi lho forte e saudável. Nessa segunda gestação, o médico alertou-me que não poderia mais engravidar, mas não fi zeram uma laqueadura e, naquela época, não tinha fácil acesso aos métodos anticoncepcionais como hoje. Mesmo assim, engravidei e foi uma gestação tranquila. Quando o meu segundo fi lho, Lucas, fez um ano nasceu minha fi lha, Mara, no Hospital São Francisco em Três Marias. Nos seus primei-ros instantes de vida os médicos perceberam algumas complicações de saúde que me deixaram muito triste e nervosa; mandaram-me, imediatamente, para Belo Horizontes a fi m de fazer o tratamento correto e urgente. Muitas foram às complicações: má formação do cérebro, sopro no coração e desenvolveu diabete. Tive muitas difi culdades para realizar o tratamento, pois ela tinha que fazer o tratamento médico em Belo Horizonte e Sete Lagoas e não conhecia as cidades nem tenho estudo sufi ciente, nem saúde mental para ir aos locais necessários; tinha que ter alguém para me acompanhar. Tenho outro fi lho e sempre tinha que deixá-lo com um parente ou um amigo, pois todos dois eram pequenos e minha fi lha não andava; era difícil levá-los comigo. Outra difi culdade era conciliar as tarefas de casa e cuidar dos fi lhos, principalmente a fi lha que não andava; sempre deixava algo a desejar.

A Pastoral da Saúde, onde minha irmã, Vanilde, trabalhava informou à minha cunhada, Vera, sobre a APAE onde a matriculamos. Passou a desenvolver a fala e começou a andar e teve todos os tratamentos possíveis. Sempre dependi da ajuda dos amigos e parentes para cuidar dos meus fi lhos e, até mesmo de mim; uma pessoa, em especial, que sempre esteve a meu lado, apoiando-me com todo o carinho e paciência a quem devo toda a gratidão é a minha cunhada, Vera. Foi muito difícil a minha luta: sem condições fi nancei-ras e sempre dependendo do SUS; o apoio do meu marido foi muito escasso. Mesmo assim o cuidado com minha fi lha nunca foi um peso; foi muita alegria na minha vida e hoje sinto um enorme vazio com sua partida; faria tudo de novo se fosse preciso.

“Não devemos consentir que uma pessoa permaneça na sua atual situação, sem potencializá-la até onde seu funcionamento nos permita descobrir que é capaz de chegar”

Reuven Feuerstein

Maura Francisca da RochaMãe da Mara Cristina Rocha Charles (in memorian)

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Minha gestação foi boa, o parto, cesariana, foi tranquilo e deu tudo certo; meu fi lho nasceu no Hospital São Francisco em Três Marias. Quando se iniciaram os primeiros sintomas, esta-va dormindo; teve catapora e uma febre de 40 graus enquanto dormia; às duas da tarde, foi a primeira crise que teve; fi cou repuxando-se e se debatendo e revirando os olhos. Corri com ele, imediatamente, para o hospital São Francisco, onde teve o primeiro atendimento médico. Foi encaminhado para o neu-rologista.

Fiquei muito abalada com o diagnóstico, pois tinha muitas cri-ses convulsivas durante a noite e na madrugada. Fui encami-nhada para APAE pela médica que cuidava dele. Quando che-guei com meu fi lho à APAE, fomos muito bem recebidos e ela sempre foi muito boa para meu fi lho que é muito bem tratado naquela instituição.

Estou achando a escola de pais muito boa porque lá aprendo muito com todos. Tive muitas difi culdades, mas a maior delas foi quando o pai dele me abandonou e criei-o e mais dois fi lhos sozinha; foi muito difícil, mas quem tem Deus não está sozinha.

Pra mim, todos os meus fi lhos são iguais, amo a todos do mes-mo jeito, mas ele, como é especial, requer mais cuidados.

A minha história é feita de muito sofrimento. Mas sou uma mãe privilegiada, pois Deus tem me dado a graça do meu fi lho es-tar bem comigo.

Requer muitos cuidados, mas, como disse, sou uma mãe feliz, porque meu fi lho está sempre bem comigo, graças a Deus.

“ ... Pelo que vejo de Amanda dentro de casa, acho que ela vai ser uma pessoa independente. Apesar dela ainda entender pouco as coisas, já converso com ela como deve agir,compor-tar-se e fazer para que seja independente,pois se um dia che-garmos a faltar, eu ou o pai dela, vai ter que se virar. Por isso deve aprender a ter sua independência, pois não é todo mun-do que tem paciência de assumir uma pessoa defi ciente...”

(depoimento de uma mãe)

Terezinha Alves TristãoMãe do Willian Alves Trastão

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Page 31: Revista Digital - APAE Três Marias

Eu tinha vinte anos quando fi quei grávi-da da Jaqueline. Não estava esperando, mas aconteceu logo que me casei. Não foi uma gestação tranquila; fi cava mui-to doente, tive anemia, fi cava mais no hospital do que em casa. Quando ela nasceu, aparentemente normal, percebi que só as pernas eram um pouco tortas; mas, graças a Deus, levei-a ao Hospital da Baleia em Belo Horizonte e fi cou por seis meses em tratamento e voltou ao normal. O médico disse-me que isso foi devido a uma queda que tive durante a gestação. Depois que fi cou boa, não percebemos nada de estranho.

Quando iniciou o período de escolari-zação em escolas públicas, percebemos que não acompanhava os outros co-leguinhas. Sempre que ia para a aula, logo voltava para casa. Não queria fi car lá era sempre muito nervosa. Fazia xixi na roupa e era preciso voltar para casa.

Um dia, a Toninha que, na época, dava aulas na escola orientou-me para levá-la em uma psicóloga e na APAE. Levei-a à APAE e obteve melhora. Os avós pater-nos nunca aceitaram que ela frequen-tasse a APAE e falavam que lá era lugar de gente doida, mas nunca pensei as-sim, pois achava que era o melhor para ela e, logo que ela começou na APAE, sentiu-se muito bem.

Nunca tive difi culdades em conseguir tratamentos de saúde para ela; sempre tivemos as portas abertas, pois sou uma pessoa que tem muita fé em Deus e sei que, com ele, nós podemos tudo.

Edileuza Cristina CastroMãe de Jaqueline Castro Ribeiro

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Realizei uma cirurgia na vesícula enquanto fi z os exames e a cirurgia que demorou cer-ca um mês e meio, engravidei. Passava muito mal. Não imaginei que, se fi zesse a cirurgia a criança, poderia nascer com problemas. Pen-sava que perderia a criança, mas não foi isso que aconteceu. Rafael nasceu na cidade de Três Marias, no Hospital São Francisco. No dia 10/05/1991. Percebi que era diferente aos cin-co meses quando teve que ser hospitalizado. Fiquei muito triste com o diagnóstico, mas fui levando da melhor forma possível. Sempre com muita difi culdade. O desenvolvimento foi muito lento; caminhou com cinco anos. Conhe-ci a APAE através de encaminhamento da Se-cretaria de Educação da época. A aceitação da minha família foi tranquila; tivemos um pouco de difi culdade. Não foi muito difícil conseguir tratamento para meu fi lho, mas até hoje, não consegui o benefício de Prestação Continuada por cauda da renda per capta. Enfrentei muita difi culdade para criá-lo sozinha. O pai faleceu quando ainda tinha 3 anos de idade.

Quando ingressou na APAE. Trazia-o para os atendimentos três vezes por semana. Pois mo-rava na roça e era muito difícil. Era muito lon-ge o ponto de ônibus que fi cava na rodovia. Andava uns 18 quilômetros. Vinha de manhã e voltava à tarde. Pagava o ônibus e o almoço. Na época a Secretária de Educação, Taís, fez uma proposta para meu cunhado; a Secretaria forneceria o combustível para transportar o Ra-fael para os atendimentos até que conseguisse a minha transferência para a cidade, pois sou funcionária pública. Em janeiro de 1996 mudei-me para cidade e meu fi lho passou a ser aluno no período integral na instituição. Comecei a participar do Conselho da APAE e, me envolver nos projetos. Estou muito feliz com meu fi lho.

Luzia da Mota Fernandes da SilvaMãe de Rafael Fernandes

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Page 33: Revista Digital - APAE Três Marias

Iniciar este trabalho foi algo desafiador. Porém o Movimento Apaea-no mantém-se forte e consistente na defesa e garantia de direitos. A realização deste trabalho e implantação da escola de pais só foram possíveis devido ao apoio do Presidente Manoel Mecias de Campos e da Diretora Meirilene Ferraz Marques da Silva; uma equipe sólida é capaz de oferecer segurança para a realização de um trabalho vitorio-so como este.

A conclusão deste trabalho é muito mais do que simples páginas, são sentimentos que foram expostos, vivências que estão sendo compar-tilhadas. Enquanto Coordenadora e Assistente Social este trabalho sem dúvida foi renovador, pois, através dele, tivemos o prazer de co-nhecer melhor a experiência de cada mãe que dele participou.

Foram aulas muito proveitosas e com muito para aprender através dos melhores profissionais. Mas, neste trabalho há muitos ensinamen-tos para as novas gerações. Estas páginas servirão de estímulo às fa-mílias que se encontram perdidas e sem esperanças.

Durante o processo de implantação, iniciamos o projeto com vinte mães. Porém, por motivos pessoais, nove desistiram. Foi muito difícil conciliar dias e horários favoráveis à participação de todas.

A escola de Pais foi um programa que reestabeleceu uma relação antiga dos pais com a Associação, pois entenderam que a APAE não é apenas um lugar para deixar os filhos e sim um lugar onde a família também é responsável por sua organização e gestão.

Este trabalho não seria possível sem mães guerreiras, que mesmo sem muito estudo, aceitaram a missão de criar filhos deficientes com digni-dade e amor. Agradeço a cada uma delas pela brilhante participação: Bernadete, Cleonice, Edinaura, Edleuza, Fernanda, Luzia, Nilza, Se-bastiana, Tereza, Terezinha e especialmente, a mãezinha Maura que, mesmo com o falecimento de sua filha, não abandonou este trabalho. A todas o meu agradecimento especial.

Shirla Dias Santos

Assistente Social e Coordenadora da Escola de Paiscon

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Conteúdo Programático:

Módulo I: A Identidade do Movimento Apaeano

DISCIPLINAS PROFESSOR DATA

Apresentação da Escola de Pais - Aula Inaugural Sergio Sampaio 09/02/2015

Histórico do Movimento Apaiano Sergio Sampaio 09/02/2015

Missão do Movimento ApaeanoJarbas Feldner de Barros

23/03/2015

Revisão do Modulo I Shirla Dias Santos 26/03/2015

Defesa de Direitos Maria Tereza Feldner 09/04/2015

Atividade Complementar (Reunião de Pais, professores e Direção) Shirla Dias Santos 14/04/2015

Trabalho e Comunidade Shirla Dias Santos 28/04/2015An

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Page 35: Revista Digital - APAE Três Marias

Módulo II: A associação e a responsabilidade da família

DISCIPLINAS PROFESSOR DATA

Atividade Complementar ( curso de flor de meia) Cleonice Ferreira Soares

04/05/2015

05/05/2015

06/05/2015

Estrutura e Gestão da APAE Sergio Sampaio 09/02/2015

Trabalho desenvolvido com irmãos de pessoas com Deficiência José Alberto Cascão

16/06/2015

Educação Para o Desenvolvimento Humano Júnia Ângela de J. Lima 23/06/2015

Diagnóstico da Deficiência Intelectual e as reper-cussões no contexto familiar Darci F.B. Barbosa 07/07/2015

Relação da APAE com a Comunidade Girlene G. Ferreira 08/07/2015

Representatividade Política Daniel F. Barbosa 14/07/2015

Módulo III: Políticas Públicas voltadas às pessoas com defi-ciência intelectual e múltipla.

DISCIPLINAS PROFESSOR DATA

Políticas Publicas Voltadas para a PDI- legislação para a defesa de direitos Maria Tereza Feldner 17/08/2015

Políticas Publicas voltadas para a PDI- Níveis de en-sino Shirla Dias Santos 13/04/2016

Políticas Publicas de Assistência Social voltadas para a PDI Luciene Carvalho 15/09/2015

Políticas publicas de atenção a pessoa com espec-tro autista. Shirla Dias Santos

06/10/2015

SUAS- Sistema Único de Assistência Social e Servi-ços, programas e ações ofertados pela APAE.

Maria Juanita Godinho 20/10/2015

Atividade Complementar/ Reuniões Shirla Dias Santos 27/10/2015

Módulo IV: Participação e autonomia da pessoa com deficiên-cia intelectual e múltipla.

DISCIPLINAS PROFESSOR DATA

Programa Trabalho Emprego e Renda Marli Helena Duarte Silva 10/11/2015

Programa Auto Gestão, Autodefesa e Família Luciene Carvalhais 17/11/2015

Envelhecimento Saudável da Pessoa com Deficiência Intelectual. Shirla Dias Santos 12/04/2016

Saúde MentalEneida G. de Araújo

08/06/2016

Passe Livre e políticas de assistência social Municipal Leidiane Vieira Leal 13/04/2016

Atividade Complementar/ Reuniões Shirla Dias Santos 28/04/2016

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Plano Político Pedagógico da Escola de Pais - Fede-ração das APAES do Estado de Minas Gerais/2015

Federação Nacional das APAES - Ana Cristina Ma-galhães / Ana Lima Veloso / Eli de Aquino / Ga-briele Mader / Lucinha Cortez / Marizete Souza / Mina Regen “ Família e Profissionais Rumo a Parce-ria”. Brasília 1997.

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