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Dia da Água AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano IX • março 2014 69 9772236101004 ISSN 2236-1014 Especial: Brasília vai sediar VIII Fórum Mundial da Água Mercado da água em garrafa ameaça meio ambiente Porque o Tietê continua sujo? Pesquisa sobre a origem da água na Terra

Revista do Meio Ambiente 69

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Especial: Dia da Água | Brasília vai sediar VIII Fórum Mundial da Água | Porque o Tietê continua sujo? | Mercado da água em garrafa ameaça meio ambiente | Pesquisa sobre a origem da água na Terra

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Dia da Água

ambienterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

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ISSN 2236-1014

Especial:

Brasília vai sediar VIII Fórum Mundial da Água

Mercado da água em garrafa ameaça meio ambientePorque o Tietê continua sujo?

Pesquisa sobre a origem da água na Terra

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texto Vilmar Sidnei Demamam Berna*(www.escritorvilmarberna.com.br)

eM hOMeNAGeM AO DiA MuNDiAl DA ÁGuA, COMeMOrADO eM tODO O MuNDO A CADA 23 De MArçO, A reBiA DeDiCOu eStA eDiçãO DA reviStA DO MeiO AMBieNte, pois a democratização da informação socioambiental, com va-lores para a sustentabilidade, é um dos caminhos, se não o principal, para maior consciência e melhores práticas em defe-sa da água, um bem natural e essencial para a manutenção e existência da vida e da qualidade de vida de todos os que vi-vem e dependem deste Planeta.

Se fomos capazes de interferir na natu-reza para piorar as coisas, também somos capazes de medidas concretas para aju-dar o meio ambiente, pois o planeta segu-ramente conseguirá sobreviver sem nós, talvez um pouco mais feio e arranhado, mas nós, seguramente, não sobrevivere-mos sem o planeta.

A superfície de nosso planeta é constitu-ída por apenas 30% de terra fi rme. Os 70% restantes são de água. Olhando do espa-ço, nosso Planeta Terra mais parece um Planeta Água! Só que a maior parte dessa água, cerca de 97%, é salgada, indisponí-vel, portanto, para beber. Das águas que existem sobre o Planeta, apenas 3% são doces e somente 0,6% está disponível na superfície, como as águas dos rios e lagos! O restante está indisponível congelada nos pólos, ou na forma de vapor d’água na atmosfera, ou em lençóis subterrâneos.

As águas doces superfi ciais de nossos rios e lagos são um dos tesouros mais preciosos para a vida no Planeta. A falta de fl orestas protetoras nas áreas de mananciais e nas bacias hidrográfi cas provoca danos enor-

mes aos rios e lagos. Sem vegetação nos morros, as águas das chuvas, em vez de pe-netrarem no solo e irem alimentar os ma-nanciais, correm rapidamente para os rios e daí para o mar, tornando-se novamente salgadas, além de carregarem junto os sedi-mentos que irão entupir os rios e os lagos, provocando enchentes nas cidades quando chove mais forte. As fl orestas agem como uma espécie de esponja que amortecem os pingos das chuvas fazendo com que pene-trem no solo, indo alimentar os mananciais que abastecem os rios e lagos.

O que temos de fazer é muito simples: trabalhar com a natureza e não contra ela. São várias as medidas que podemos tomar no sentido de preservar nossos rios e lagos. Pode parecer uma tarefa enorme, e aí a tendência é acharmos que o mundo melhor que desejamos começa no outro ou depende dos governos e das empresas. Entretanto, o mundo melhor que quere-mos começa em nós, e os grandes proble-mas são formados de pequenos proble-mas que não foram solucionados quando eram pequenos. Uma forma de enfrentar um grande problema é ir solucionando aos poucos o que está em nosso alcance. * vilmar é escritor e jornalista, fundou a rebia - rede Brasileira de informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

Água ésede e Redação Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - Jurujuba (Cascarejo, Ponta da Ilha) - Niterói, RJ - 24370-290 • Telfax: (21) 2610-2272 • [email protected] • CNPJ 05.291.019/0001-58

A instituiçãoA Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) é uma organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e o fortalecimento da Cidadania Sociambiental Planetária, ofertando informações, opiniões, denúncias, críticas, com ênfase na busca da sustentabilidade, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente, entre outros produtos e ações. Para isso, a Rebia está aberta à parcerias e participações que reforcem as sinergias com demais parceiros, redes, organizações da sociedade civil e governos, e também com empresas privadas, que estejam comprometidas com os mesmos propósitos.

Fundador da RebiaA Rebia foi fundada em 01/01/1996, pelo escritor e jornalista Vilmar Sidnei Demamam Berna, que em 2003 recebeu no Japão o Prêmio Global 500 das Organizações das Nações Unidas de Meio Ambiente. www.escritorvilmarberna.com.br • (21) 9994-7634

Conselho EditorialA missão da Rebia só se torna possível graças a uma enorme rede de parceiros e colaboradores, incluindo jornalistas ambientais e comunicadores comunitários, e de seus mais de 4.000 membros voluntários que participam dos Fóruns Rebia, democratizando informações, opiniões, imagens, críticas, sugestões e análises da conjuntura, um rico conteúdo informativo que é aproveitado para a atualização diária do Portal e para a produção da Revista. São estes colaboradores que representam o Conselho Editorial e Gestor da Rebia, participando ativamente no aperfeiçoamento e na divulgação do Projeto.

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expediente

Foto de capa: Hector Landaeta (SXC)

revista ‘neutra em carbono’

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas veiculados através dos veículos de comunicação da Rebia expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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A candidatura de Brasília foi resultado de um esforço conjunto do Governo Federal, do Governo do Distrito Federal (GDF), da Agência Nacional de Águas (ANA) e das diversas instituições que compõem a Seção Brasil do Conselho Mundial da Água

em 2018

O FóruM MuNDiAl DA ÁGuA De 2018 jÁ teM uMA SeDe: BrASíliA. A CApitAl BrA-SileirA FOi eleitA pOr 23 GOverNADOreS DO CONSelhO MuNDiAl DA ÁGuA (WWC, NA SiGlA eM iNGlêS) DurANte A 51ª reu-NiãO DO QuADrO De GOverNADOreS DA iNStituiçãO, Que OrGANizA O MAiOr eveNtO DO plANetA COM A teMÁtiCA DOS reCurSOS híDriCOS. A cidade dinamarque-sa de Copenhague, que concorria com Brasília, recebeu dez votos dos 36 possíveis. A escolha aconteceu em Gyeongju, Coreia do Sul.

Na disputa com Copenhague, a candidatura de Brasília recebeu visita do Comitê de Avalia-ção do WWC em agosto de 2013. Na ocasião, os avaliadores puderam analisar a viabilidade de a capital brasileira receber o evento em diversos aspectos, como: infraestrutura de transportes, mobilidade urbana, rede hoteleira e locais para realização da 8ª edição do Fórum. O relatório do Comitê de Avaliação serviu como subsídio para que os governadores do Conselho Mundial da Água escolhessem a sede do evento de 2018.

A candidatura de Brasília foi resultado de um esforço conjunto do Governo Federal, do Governo do Distrito Federal (GDF), da Agên-cia Nacional de Águas (ANA) e das diversas instituições que compõem a Seção Brasil do Conselho Mundial da Água.

Segundo o presidente do WWC ex-diretor da ANA, Benedito Braga, a candidatura brasilei-ra foi visionária ao apresentar o tema “Com-partilhando Água” e integrar os temas discu-tidos nas edições anteriores do evento, dando continuidade à discussões já realizadas sobre os desafios do setor de recursos hídricos.

O Fórum Mundial da Água é realizado a cada três anos com o objetivo principal de inserir a

temática dos recursos hídricos com destaque na agenda global. Para tanto, o WWC reúne diferentes públicos durante o evento, como: organizações in-ternacionais, políticos, representantes da sociedade civil, cientistas, usuá-rios de água e profissionais do setor de recursos hídricos.

Assim, o Fórum funciona como uma plataforma para que os tomadores de decisão e os usuários de recursos hídricos possam se encontrar para tra-balhar conjuntamente por soluções relativas a água. Na última edição do evento, em 2012, tomadores de decisão de mais de 140 países e um público estimado de 35 mil pessoas compareceram à cidade francesa de Marselha.

HistóricoDesde 1997, o Conselho Mundial da Água vem realizando o Fórum

Mundial da Água. A primeira edição aconteceu em Marrakesh, Marro-cos, com o tema “Visão sobre a Água, Vida e Meio Ambiente no Século XXI”. Em 2000, a cidade de Haia, Holanda, sediou o evento com a temá-tica “Da Visão à Ação”. Três anos depois, o Fórum foi para o Japão. Nas cidades de Kyoto, Shiga e Osaka, o tema foi “Um Fórum com uma Dife-rença”. Na ocasião, os debates consideraram as metas estabelecidas pela Cúpula do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 2006, o maior evento do mundo sobre recursos hídricos aconteceu na Cidade do México norteado pelo tema “Ações Locais para o Desafio Glo-bal”. Depois de passar pela África, Europa, Ásia e América, o Fórum Mun-dial da Água de 2009 foi realizado numa cidade ao mesmo tempo euro-peia e asiática: Istambul, Turquia. Nela o assunto que norteou as discus-sões foi “Superar Divergências sobre a Água”.

Na última edição, em 2012, a cidade onde fica a sede do WWC também sediou o Fórum: Marselha, França. Na ocasião, o tema escolhido foi “Solu-ções para Água”. O próximo evento acontecerá em duas cidades da Coreia do Sul, Daegu e Gyeongbuk, entre 12 e 17 de abril de 2015. Para esta edição, a temática dos debates será “Água para nosso Futuro”. Fonte: AnA

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eM tuDO Que COMprAMOS, DeSDe Ali-MeNtOS e peçAS De veStuÁriO Até ApA-relhOS eletrôNiCOS, eXiSte uM CONSu-MO De ÁGuA Que MuitAS vezeS eStÁ “eS-CONDiDO” e pODe NãO ApAreCer eM SuA eMBAlAGeM, ApArêNCiA Ou CONteúDO. Mas essa água virtual, por vezes empregada em um volume bem maior que o esperado, também deve ser considerada quando da es-colha de consumir determinados produtos.

Seu uso ocorre durante as etapas produtivas e pode ser desde a água da chuva necessária para um vegetal crescer até a água gasta nos processos de manuseio e industrialização do item. A porção de água virtual, mesmo “in-visível”, muitas vezes é bem maior do que a parcela de água presente no produto fi nal.

água virtual?você já ouviu falar em

ela está em tudo que você consome

Segundo dados da organização internacional Waterfootprint, somente para a produção de um único litro de leite, por exemplo, são utili-zados cerca de mil litros de água.

O uso de água virtual somado a outros fato-res, como a quantidade de água diretamen-te utilizada em um produto, o tipo de fonte, o momento de sua utilização e sua localização, podem nos fornecer a pegada hídrica de um produto, ou seja, seu impacto hídrico analisa-do de forma mais ampla. A disponibilidade ou escassez de água em um ecossistema também infl uencia o cálculo da pegada hídrica de um bem de consumo produzido em determinado local, podendo variar de uma região para outra.

Alguns produtos de uso comum possuem uma pegada hídrica relativamente grande, se comparados ao volume e composição do produto final. É o caso de itens como o açú-car de cana refinado, o arroz e a carne bovi-na, que para cada quilo produzido, segun-do a Waterfootprint, consomem respectiva-mente 1.800, 2.500 e 15.400 litros de água. Informações da WWF indicam que itens de vestuário comprados em larga escala como pares de sapatos e camisetas de algodão con-somem para sua produção, em média, 8.000 e 2.900 litros de água cada um.

Esses exemplos nos mostram como grande parte do impacto ambiental de um produto já vem embutido nele antes mesmo de chegar até nós, sem que saibamos sobre sua dimen-são ou como foi ocasionado. Pensar na água virtual que consumimos é pensar na história dos produtos antes de chegarem até as prate-leiras. Esse aspecto deve ser um dos levados em conta por consumidores e fabricantes, em prol de um modelo de consumo mais susten-tável e consciente.

para navegar na água virtualO projeto What is Your Water Footprint?, dos

designers Joseph Bergen and Nickie Huang, da Universidade de Harvard, reúne infográfi cos interativos sobre a pegada hídrica dos países do mundo e também de alguns itens de con-sumo. No site do projeto é possível verifi car o consumo de água da população de uma loca-lidade, a disponibilidade de água doce em de-terminado país e os usos específi cos do recur-so, como doméstico, industrial ou para agricul-tura. Além de saber quais nações contam com pouco acesso à água, é possível obter compa-rações gráfi cas entre a pegada hídrica desses países e também entre o uso de água virtual na produção de diferentes itens, em sua maio-ria produtos alimentícios. Fonte: AkAtu.org.Br

conheça mais do projeto da waterfootprint em: www.pegadahidrica.org/index.php?page=fi les/home

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gestão ambiental

esgoto industrial ilegal

O SetOr iNDuStriAl é uM DOS MAiOreS CONSuMiDOreS De ÁGuA pOtÁvel DO plANetA, reSpONDeNDO pOr 20% DA DeMANDA tO-tAl. A mesma proporção se aplica ao Brasil e ao seu maior polo de ri-queza nacional, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). No entan-to, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer.

Pelo contrário. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo.

Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera. Os dados são de um estudo feito pela Gru-po de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em tempos de “águas magras” nos reservatórios que abastecem a região, os números alarmantes de despejo ilegal de efluentes ganham contornos ainda mais preocupantes. Embora o volume do descarte industrial seja in-ferior ao total de esgotos residenciais que deixa de ser coletado e tratado pelas redes públicas, seu efeito nocivo ao meio ambiente pode ser equiva-lente ou até pior. Estima-se que cada litro de esgoto industrial seja, em mé-dia, 6,6 vezes mais poluidor do que os esgotos residenciais.

“É paradoxal que na Região Metropolitana de São Paulo, onde o ‘stress’ hídrico é comparável à de algumas regiões do sertão nordestino, conti-nuemos a poluir nossos mananciais com efluentes tão perigosos”, afir-ma Gesner Oliveira, coordenador da pesquisa e ex-presidente da Sa-besp. “Esse descarte obriga as concessionárias de saneamento a capta-rem água a mais de 80km da capital a custos elevadíssimos. Equacionar essa questão certamente poderia reduzir o risco de desabastecimento de água na região”, acrescenta.

Segundo dados da Cetesb, 42% das águas monitoradas em 2012 foram classificadas como péssimas, ruins ou regulares. Três pontos de captação, em particular, apresentaram situação crítica: Braço de Taquacetuba, Rio Cotia e Rio Tietê. A população também sofre os efeitos. Os resíduos indus-triais podem causar contaminação por metais pesados, provocando desde efeitos leves como irritações na pele e dores de cabeça até reduções das funções neurológicas e hepáticas, rinites alérgicas e dermatoses.

De onde vem e para onde vaiO estudo da FGV levou em conta os dados de descarte de 58.373 indús-

trias classificadas como de transformação. A água consumida por essas instalações tem duas origens: ou é captada diretamente no manancial, com permissão dos órgãos competentes, ou vem de redes públicas de abastecimento. Cerca de 9 litros a cada 10 litros consumidos pela indus-tria tem origem em poços artesianos.

Parte dos efluentes industriais que é gerada é tratada localmente pelas próprias indústrias. Para isso, além de todo o equipamento adequado, é necessária uma outorga junto ao Departamento de Águas e Energia Elé-trica (DAEE) para que o efluente tratado seja descartado de forma ade-quada na natureza.

enche 2 ibirapueras por dia em São paulo

Outra parte dos efluentes industriais é trans-portada das indústrias por meio de caminhões para descarte direto em estações de tratamen-to de efluentes especialmente projetadas para esse recebimento. Para isso, a Cetesb deve emi-tir o Cadri, a Certificado de Aprovação para Des-tinação de Resíduos Industriais.

Cerca de 90% do consumo de água vem dos poços artesianos, ou seja da captação direta da indústria, e cerca de 90% dos efluentes es-tão sob responsabilidade de tratamento pela própria indústria.

Como mudar esse quadroSegundo o estudo, a dificuldade no monito-

ramento do descarte de efluentes passa tam-bém pela dificuldade em se medir a água con-sumida a partir de poços artesianos.

Conforme a pesquisa, o consumo industrial total na RMSP foi estimado em 10,76 m3/s (me-tro cúbico por segundo), correspondente a 0,85 m3/s a partir de redes públicas de abastecimen-to e 9,91 m3/s de captação direta de mananciais.

Por isso, uma das propostas dos pesquisado-res da FGV é de que se faça “a hidrometração de todos os poços da RMSP e sistema de moni-toramento à distância, permitindo controlar o consumo de água a partir de poços artesianos e estimar e fiscalizar o descarte”.

Outra proposta é inserir nos critérios de fi-nanciamento de bancos públicos e privados declaração sobre aderência da empresa e for-necedores quanto ao descarte de seus efluen-tes. Além da exigência, seria fundamental a fiscalização constante do descarte de efluen-tes por parte dos órgãos financiadores.

O estudo defende ainda a criação de um selo de lançamento sustentável, à exemplo do selo azul e verde, criado pelo governo paulista, que certifica os municípios a partir da adoção de práticas sustentáveis.

Essa certificação serve para orientar a políti-ca de concessão de financiamentos a municí-pios. A ideia é que um selo voltado para o lan-çamento de efluentes incentive os municípios e Estados a combater o descarte ilegal de esgo-to e terem seus esforços reconhecidos. Fonte: PlAnetA SuStentável

A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São paulo

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Quase 40% da população ainda não têm acesso a coleta e tratamento de esgoto, diz diretor da ANA

saneamento

O DiretOr De GeStãO DA AGêNCiA NACiONAl De ÁGuAS (ANA), pAulO lOpeS vArellA NetO, ADMitiu Que A FAltA De trAtAMeN-tO De eSGOtO é uM DOS priNCipAiS prOBleMAS DO BrASil NO Que Se reFere AO ACeSSO AOS reCurSOS híDriCOS NO pAíS.

Varella Neto participou de debate sobre o assunto na Comissão de Infra-estrutura do Senado e disse que quase 40% da população ainda não têm acesso a coleta e tratamento de esgoto, o que traz problemas não só de saúde pública como também de contaminação da água que é consumida. O diretor da ANA apontou dados que mostram que 11% da água consu-mida no Brasil têm qualidade regular, 6% são de qualidade ruim e 1% de péssima qualidade, sendo que os locais onde a qualidade melhorou são os que tiveram investimentos na rede de esgoto.

Para o presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, José Galizia Tundisi, que participou da audiência com Varella, a falta de investimentos em coleta e tratamento de esgoto se traduz em empeci-lho para o desenvolvimento do país. Ele alertou para a necessidade de as autoridades promoverem obras e educação da população como forma, inclusive, de prevenir problemas de saúde pública como a diarreia, que mata mais as crianças. “Educação e mobilização da população sobre sa-neamento são imprescindíveis”, disse Tundisi.

Apesar disso, Varela Neto apontou que 90% da população têm acesso à água encanada e um dos maiores problemas na gestão dos recursos hí-dricos do país é abastecer a agricultura. Em 2010, 72% da água consumida foram destinadas à produção agrícola, cuja área deverá aumentar até seis vezes nas próximas décadas.

Os dados foram retirados do Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos elaborado pela ANA e do Atlas do Abastecimento Urbano de Água. A audi-ência foi o terceiro painel do sexto ciclo de debates, Água: Gerenciamento e Utilização, promovido pela Comissão de Infraestrutura. Fonte: ecoBrASiliA / AgênciA BrASil

40% ainda sem

águaO relAtóriO FOi SOliCitADO pOr

iNveStiDOreS iNStituCiONAiS, Que QuereM SABer O riSCO De FAzer iN-veStiMeNtOS FACe AOS prOBleMAS De ÁGuA. O questionário feito com 147 empresas mostrou que 39% delas já es-tão sofrendo com problemas relacionados com a água – incluindo interrupções cau-sadas por secas ou inundações, diminuição de qualidade da água e aumento dos pre-ços da água.

Outra conclusão é que mais da metade das empresas espera ter problemas com água dentro de 1 a 5 anos. O relatório ainda prevê que a situação vai ficar pior, já que a demanda mundial por água deve subir nas próximas décadas.

Os setores que demonstram maior expo-sição aos riscos da água incluem alimen-tos, bebidas, tabaco e metais e mineração. Os pesquisadores alertam que a escassez de água vai fazer parte de uma tempesta-de de problemas ambientais.

Porém, 60% das empresas já estabelece-ram metas de desempenho no modo de uso da água. As empresas estão reconhecendo cada vez mais o risco para a sua marca se forem vistas como desperdiçadoras de água nos países nos quais o recurso é escasso.

O crescente interesse das empresas em medir seu desempenho e se preocupar com a questão de água reflete a tendência já existente que elas têm de medir a contri-buição de gases para o efeito estufa. Mas os pesquisadores dizem que a água é diferente do carbono no sentido de que muitas vezes há alternativas aos combustíveis fósseis, mas não existem alternativas à água.

O desafio está em gerir o que temos entre os usuários concorrentes, quer sejam em-presas, comunidades ou sistemas naturais. A mudança climática está alterando a dis-ponibilidade mundial de água, o que sig-nifica maior escassez em algumas regiões e mais inundações em outras; a solução pode ser adaptar a estrutura e o consumo de cada região.Fonte: BBc

empresas preocupadas com o consumo de

Paulo Lopes Varella Neto, Diretor de gestão da Agência Nacional de Águas (ANA)

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desaparecendoÁgua da Antártica está

A ÁGuA MAiS FriA Que Flui AO reDOr DA ANtÁrtiCA, NO OCeANO ANtÁrtiCO, eStÁ DeSApAreCeNDO MiSteriOSAMeNte A uM ritMO elevADO AO lONGO DAS últiMAS DéCADAS.

Esta massa de água é chamada Água Antártica de Fundo, e é formada em alguns locais distintos onde a água do mar é esfriada pelo ar e mais salgada pela formação de gelo (que deixa o sal na água descongelada).

A água fria e salgada é mais densa que a água em torno dela, fazendo-a descer ao fundo do mar onde se espalha para o norte, enchendo a maior parte do oceano profundo em todo o mundo conforme lentamente se mistura com águas mais quentes acima dela.

Correntes do oceano profundo do mundo todo desempenham um pa-pel fundamental no transporte de calor e carbono ao redor do planeta, o que ajuda a regular o clima da Terra.

Estudos anteriores indicaram que esta água profunda tornou-se mais quente e menos salgada ao longo das últimas décadas.

Agora, um novo estudo revelou que significativamente menos água desse tipo se formou durante este tempo também.

Oceanógrafos analisaram dados de temperatura coletados entre 1980 e 2011 a intervalos de 10 anos por um programa internacional de pes-quisas oceanográficas no Oceano Antártico. Eles descobriram que Água Antártica de Fundo foi desaparecendo a uma taxa média de cerca de 8 milhões de toneladas por segundo ao longo das últimas décadas.

O que está causando a redução e o que ela significa são coisas que os pesquisadores ainda não sabem. “Não temos certeza se a taxa de redu-ção é parte de uma tendência de longo prazo ou de um ciclo”, disse o co-autor do estudo, o oceanógrafo Gregory C. Johnson.

Alterações na temperatura, teor de sal, oxigênio dissolvido e dióxido de carbono dissolvido dessa massa de água proeminente tem implicações importantes para o clima da Terra, incluindo as contribuições para o au-mento do nível do mar e taxa de absorção de calor da Terra.

“Precisamos continuar a medir a profundidade dos oceanos, incluindo as águas profundas do oceano, para avaliar o papel e a importância que essas mudanças desempenham no clima da Terra”, disse Johnson. Fonte: ourAmAzingPlAnet

Grande massa de água profunda e fria está desaparecendo misteriosamente

denúncia

aparecendo na china

A peQueNA CiDADe De ChuNSheN hArBOr viu O riO Que CruzA A Ci-DADe GANhAr uM FuNDO AzulADO “ANtiNAturAl”. AGOrA, SeGuNDO O IB TImes, OutrO CASO ApAreCeu NA prOvíNCiA De ShANDONG.

De acordo com a publicação, os rios es-tão ganhando uma “sombra azul” que causa espanto nos moradores que levan-tam a possibilidade de ser algum produ-to químico tóxico.

O diretor do Centro de Serviços de Gestão e Drenagem, Jiang Xiangdong, informou através de nota que a coloração azul vem de um esgoto que se localiza nas proximidades, mas não informou exatamente o que seria o produto responsável pela coloração, nem desmentiu a possibilidade de ser algo tóxico.

Em Xangai, as autoridades informaram que a cor azul também vem das estações de desinfecção e tratamento de água, mas afir-maram que os resíduos são apenas cloro.

As empresas pediram desculpas pelo ocorrido e informaram que vão melhorar o sistema de tratamento para que o cloro não vaze para os rios.

Apesar disso, a população assustada esti-ma que possa existir outra explicação que ainda não foi dada pelos órgãos oficiais. Fonte: JornAl ciênciA.

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por que o tietê continua sujoOs esgotos domésticos, responsabilidade dos municípios e do estado, continuam sendo lançados e são o maior vilão das águas

O monitoramento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica aponta que, no início de 1990, metade do Tietê estava morto. A man-cha gerada por esgotos domésticos e indus-triais cobria mais de 500 quilômetros e os rios de São Paulo eram os mais poluídos do Brasil.

Em uma década, a indústria cumpriu a le-gislação e tratou efluentes. De 1.210 lança-mentos de cargas tóxicas nos rios, restaram 400, feitos por indústrias controladas pela Cetesb (Companhia de Tecnologia e Sanea-mento Ambiental de São Paulo). Porém, os es-gotos domésticos, responsabilidade dos mu-nicípios e do Estado, continuam sendo lança-dos e são o maior vilão das águas (no Estado, causam 60% da poluição).

Somente em 2010 a população começou a perceber singelos resultados. Na capital, o odor deixou de ser o principal incômodo. No interior, o Tietê fomenta a economia e voltou a fazer parte da cultura paulista.

Mas, para que apresente resultados efetivos na capital, é preciso tirar do papel o pacto pela despoluição anunciado pelo governador Ge-raldo Alckmin. Esse pacto político, que conta com apoio da iniciativa privada, precisa ser ca-paz de promover a gestão integrada do sanea-mento na bacia.

Dez municípios da Região Metropolitana não são operados pela Sabesp, responsável pelo projeto Tietê. A divisão de competências e as diferenças político-partidárias resultam em entraves que fazem com que a despoluição seja mais difícil do que em países que recupe-raram grandes rios, como o Tâmisa e o Reno.

A ocupação desordenada e o aumento de moradias irregulares desprovidas de coleta e tratamento de esgotos impõem a necessidade da atuação integrada do Estado, União, muni-cípios e da sociedade.

É preciso conectar mais 200 mil domicílios à rede de esgoto, o que representa mais de 1,5 milhão de pessoas com acesso ao sane-amento, elevando os índices de tratamento de esgoto a 84%. Somente o esforço conjun-to permitirá que os rios de São Paulo voltem a fazer parte do cotidiano das pessoas e das cidades de maneira positiva. *malu ribeiro, 48, é coordenadora da rede das águas da Fundação SoS mata Atlântica.Fonte: FolhA de São PAulo.

SeM ÁGuA De BOA QuAliDADe, SãO pAulO NãO pODe MAiS Se DAr AO luXO De DeSperDiçAr riOS e CórreGOS pArA Diluir eSGOtO. A média das análises da qualidade da água realizada no período de setembro a dezembro de 2013, em 78 testes feitos pela Fundação SOS Mata Atlântica com grupos de voluntários em rios do Alto e Médio Tietê, aponta melhoria em 49 pontos de coleta. Mesmo assim, não há muito o que se comemorar.

Dos rios e córregos analisados, 13 pontos têm índices péssimos de qualida-de e somente quatro saíram dessa condição para regular, graças à integra-ção do projeto Córrego Limpo nas ações de despoluição.

Ao longo do Tietê, de Mogi das Cruzes a Barra Bonita, 16 testes obtiveram índice ruim, 46 regular e apenas três aceitável. Esses indicadores descre-vem o cenário de 21 anos do projeto de despoluição do Tietê, que está em sua terceira etapa e já demandou U$ 2,1 bilhões.

A recuperação da bacia do Alto Tietê, com 18 milhões de habitantes distribuídos em 39 municípios, começa a se consolidar em um programa de saneamento ambiental. É possível medir e comprovar que, para cada metro cúbico de esgoto tratado na Região Metropolitana, um quilôme-tro de rio renasce no interior.

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Conheça o projeto que vai acabar com a

O riO SãO FrANCiSCO é CONheCiDO COMO O “O riO DA iNteGrAçãO NACiONAl”. MAS ele, Que COMeçA NO SuDeSte e Flui pOr CerCA De 3 Mil QuilôMetrOS, teM uM peQueNO prOBleMA: ANteS De CheGAr AO NOrDeSte, DeSÁGuA NO OCeANO. Não é para tanto que essa região do nosso país sofre, desde que o mundo é mundo, com as consequências de uma seca interminável. A falta de água ali acabou deixando o solo muito fértil para a proliferação de uma pobreza miserável.

Na tentativa de acabar de uma vez por todas com o problema da seca, e consequentemente curar a região com todos os males que vem da fal-ta de água, o governo começou em 2006, durante o mandado do ex-pre-sidente Lula, escavações de dois túneis, chamados Cuncas I e Cuncas II, como parte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que vai garan-tir o abastecimento de água de mais de 390 cidades de Pernambuco, Pa-raíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

O Cuncas I, que terá 15 km de extensão (dos quais 10 já foram cavados), é o maior túnel da América Latina para transporte de água. Já o Cuncas II, quando concluído, terá mais de 4 km. E os dois fazem parte de uma rede de 477 km de túneis e canais que estão sendo construídos para acabar com a seca do nordeste. Juntos, eles têm o objetivo de transportar cerca de 83 mil litros de água por segundo.

A escavação desses túneis é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do país. Mais de 6,6 mil pessoas estão trabalhando 24 horas por dia com mais de 1.800 equipamentos em operação. O Projeto de Integração do São Francisco faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem conclusão prevista para 2015. Mais de 75% da obra já foi acabada. Fonte: hyPe Science / PortAl BrASil / new ScientiSt

seca do nordesteOs túneis Cuncas i e Cuncas ii fazem parte do projeto de integração do rio São Francisco e vão levar água para mais de 390 municípios de pernambuco, paraíba, rio Grande do Norte e Ceará

não têm acesso à água

A ADMiNiStrADOrA-ADjuNtA DO prO-GrAMA DAS NAçõeS uNiDAS pArA O De-SeNvOlviMeNtO (pNuD), reBeCA GryNS-pAN, disse na Conferência de Alto Nível sobre Cooperação pela Água, realizada em Dushan-be no Tadjiquistão, que a cooperação pela água em nível nacional e global é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar que milhões de pessoas tenham acesso a esse recurso precioso.

“Além do fato de que o mundo experimen-ta um crescimento explosivo na demanda por recursos hídricos, existe também o des-perdício de água e a poluição, que ameaçam cada vez mais a integridade dos ecossistemas aquáticos e agrícolas, vitais para a vida e para o combate à fome.”

“A mudança climática também não está ajudando, aumentando a variabilidade do ciclo da água, além de agravar eventos ex-tremos como inundações e secas que com-plicam ainda mais o já grande desafio da gestão e governança da água. Se esta ten-dência continuar, em 2025, até 3 bilhões de pessoas poderão viver em zonas com escas-sez de recursos hídricos.”

Atualmente, cerca de 770 milhões de pes-soas no mundo não têm acesso a uma fonte de água, e 2,5 bilhões não têm acesso a sanea-mento básico.

Grynspan afirmou que os países devem co-laborar para aumentar o acesso à água potá-vel e saneamento e melhorar a gestão da água para irrigação e usos produtivos, que tem o po-tencial de tirar milhões da pobreza e da fome. A importância desta cooperação deve figurar com destaque na agenda de desenvolvimento pós-2015, bem como na formulação dos Obje-tivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“A água está no centro de uma crise diária enfrentada pelos milhões de pessoas mais vulneráveis do mundo”, disse Grynspan. “A co-operação eficaz e inclusiva pela água em todos os níveis – local, nacional, regional e interna-cional – é essencial para a governança eficaz dos recursos hídricos e, assim, alcançar impor-tantes metas e objetivos.” Fonte: onu BrASil

770 milhões de pessoasAté 2015, podem ser três bilhões

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risco global da leMBrA-Se DA SeCA Que AtiNGiu OS euA eM 2012? ele FOi iMpOrtANte, MeSMO Que peSSOAlMeNte NãO O teNhA AFe-tADO. Na verdade, 53% do país estava lidando com o que o USDA chama de “seca moderada à extrema” até julho. Mais de 1.000 municípios foram declarados áreas de alerta federal.

Aqueduto, um novo mapa do World Resour-ces Institute (WRI), mostra que os problemas de água no mundo crescem de forma gritante. “Estamos vendo que a água e a falta dela está emergindo como um dos desafi os do sécu-lo 21. Que é interessante agora é que estamos ouvindo que a preocupação a partir da comu-nidade empresarial e em todo o mundo”, diz Betsy Otto, Diretor do Aqueduto da WRI.

O projeto, criado como uma aliança de empre-sas como GE, Goldman Sachs, Shell e Procter & Gamble, é o mais detalhado mapa de alta resolu-ção do estresse hídrico global disponível hoje. É também a primeira ferramenta de mapeamen-to de risco de água para incluir dados de águas subterrâneas. O mapa gratuito do WRI usa da-dos de 2010 (os dados mais atuais disponíveis) para medir uma série de categorias de risco da água em todo o mundo: o risco físico; variabili-dade na água disponível, de ano para ano, o de ocorrências de inundação (quantas vezes e in-tensidade); severidade das secas (quanto tem-po e quão grave), estresse, pressão poluição de águas subterrâneas, a demanda por tratamento de água, a cobertura da mídia sobre as questões da água (ou seja, quanta atenção é dada à água em uma determinada área), e muito mais.

águaum mapa incrivelmente detalhado mostra o risco global de água

veja os dados nos mapas interativos em: www.wri.org/our-work/project/aqueduct/aqueduct-atlas

“A beleza da ferramenta é que ela permite que você olhe para os indicadores individuais, mas ricamente detalhe todos juntos e os agregue para dar uma imagem do risco global da água”, diz Otto. Se você não tiver certeza dos niveis que você quer ver, Aqueduto tem nove indicadores ponderados predeterminados, classifi cadas por setor da indústria – uma companhia de petró-leo e gás, por exemplo, terá diferentes fatores de risco do que outro tipo de indústria.

“Vamos definir o quadro de risco da água para falar com a comunidade empresarial e para o setor privado, mas estamos recebendo um bom feedback do setor público e ONGs que vão utilizar esta informação. Há uma escassez de boa informação global sobre onde nós es-tão os desafi os da água, e só vamos ser capaz de resolver os problemas de água se trouxer-mos o setor público e privado juntos”, diz Otto.

Otto descobriu uma série de coisas marcantes ao montar o mapa. Lugares que tradicionalmen-te não tinham altos riscos de água – a costa les-te dos Estados Unidos, o Centro-Oeste, Europa – agora tem médio risco elevado de água. Isso se deve as mudanças na demanda de água, pa-drões acentuados, o tempo, e abastecimento de água padrões. Ao mesmo tempo, informa que onde já existe alta competição pela água (isto é, Índia) existe um risco sério, quando combinado com uma variabilidade anual da água. Fonte: verdeProFundo.org

na Índia, por exemplo, onde já há alta competição pela água existe um risco sério, quando combinado com uma variabilidade anual da água

Vamos defi nir o quadro de risco da água para falar com a comunidade empresarial e para o setor privado, mas estamos recebendo um bom feedback do setor público e ONGs que vão utilizar esta informação(Betsy Otto, Diretor do Aqueduto da WRI)

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Água doce sob oDe ACOrDO COM uM GrupO De peSQuiSA-DOreS liDerADO pelO Dr. viNCeNt pOSt, DO CeNtrO NACiONAl De ÁGuAS SuBter-râNeAS e DA uNiverSiDADe FliNDerS, NA AuStrÁliA, cerca de 500 mil quilômetros cúbicos de água potável estão enterrados sob o fundo do mar em plataformas continentais ao redor do mundo.

A água subterrânea poderia, talvez, ser usa-da para garantir suprimentos para cidades costeiras fl orescentes do mundo, e foi locali-zada ao largo da Austrália, China, América do Norte e África do Sul.

“O volume deste reservatório de água é cem vezes maior do que a quantidade que temos extraído da sub-superfície da Terra desde 1900. Saber sobre estas reservas é uma grande notícia, porque este volume de água poderia sustentar algumas regiões por décadas”, expli-ca Post, que é o primeiro autor do artigo publi-cado na revista Nature.

“Os cientistas que se dedicam às pesquisas de águas subterrâneas sabiam que há água doce sob o fundo do mar, mas achavam que ela só aparecia sob condições raras e especiais. Nosso estudo mostra que aquíferos doces e salobros abaixo do leito marinho são realmente um fe-nômeno bastante comum. Essas reservas fo-ram formadas ao longo dos últimos milhares de anos, quando, em média, o nível do mar era mui-to mais baixo do que é hoje e quando o litoral fi cava mais longe. Então, quando chovia, a água

oceanoexiste mais água doce no oceano do que nós extraímos da terra em 100 anos

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conheça 0 mapa em: http://aqueduct.wri.org/

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se infi ltrava no solo e enchia o lençol freático em áreas que hoje estão sob o mar”, explicou.

Quando o nível do mar subiu, no momento em que calotas polares começaram a derreter, cerca de 20 mil anos atrás, essas áreas foram cobertas pelo oceano. Muitos aquíferos eram – e ainda são – protegidos da água do mar por camadas de argila e sedimentos que se assentam sobre eles.

“Os aquíferos são semelhantes aqueles abai-xo da terra, que grande parte do mundo de-pende para beber água, e sua salinidade é baixa o sufi ciente para que possam ser trans-formados em água potável”, destaca o cientis-ta. “Há duas maneiras de acessar essa água. Construir uma plataforma em alto-mar e per-furar o fundo do mar, ou perfurar do continen-te ou ilhas próximas dos aquíferos”, diz.

Enquanto perfuração longe da costa pode ser muito cara, essa fonte de água doce deve ser avaliada e considerada em termos de custo, sustentabilidade e impacto ambiental contra outras fontes de água, como a dessalinização, ou até mesmo a construção de grandes novas barragens em terra.

“A água doce sob o fundo do mar é muito menos salgada do que a água do mar. Isto sig-nifi ca que pode ser convertida em água potá-vel com menos energia do que a água do mar exige durante a dessalinização, e também nos deixaria com muito menos águas hiper-sali-nas”, conclui o Dr. Post. Fonte: hyPeScience / Sci newS

mapa do mundo da topografi a e batimetria mostrando ocorrências

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A eStABiliDADe DOS eCOSSiSteMAS De ÁGuA DOCe eStArÁ SeriA-MeNte COMprOMetiDA Se A teMperAturA DO plANetA AuMeN-tAr, De ACOrDO COM CieNtiStAS.

Pesquisadores da Universidade Queen Mary, de Londres, analisaram o plâncton que existe em água doce – estruturas pequenas que são a base da cadeia alimentar nos meios aquáticos. Eles aqueceram o plâncton em 4 graus Celsius, o aumento de temperatura que os rios do planeta podem ter no próximo século, e fizeram uma descoberta alarmante.

O fitoplâncton, plantas microscópicas, sofriam uma diminuição conside-rável em seu tamanho quando expostos a temperaturas maiores. Basica-mente, o fitoplâncton maior pode fazer mais fotossíntese, mesmo que o fi-toplâncton menor esteja em maior número.

Pelo fitoplâncton ser capaz de produzir seu próprio alimento, eles são uma fonte de alimento para o zôoplancton – animais muito pequenos que, por sua vez, servem de alimento para animais um pouco maiores, seguindo-se, assim, a progressão natural da cadeia alimentar.

Mas quando o fitoplâncton se modifica, toda essa escala é comprometida.Os cientistas responsáveis pela pesquisa acreditam que isso não quer dizer que a vida em água doce será extinta, mas que existirão mudanças e que ela, provavelmente, não ficará parecida com o modelo que conhecemos hoje. Fonte: BBc

imagem da nasa mostra fitoplâncton no Atlântico Sul, ao largo da costa da Argentina

Aquecimento global afetará diretamente os ecossistemas de água doce

Calcule o impacto que você tem causado no mundo

pegada hídricaNO DiA 22 De MArçO é COMeMOrADO O DiA MuNDiAl DA ÁGuA, A DAtA é uSA-DA pArA GerAr uMA reFleXãO MuN-DiAl ACerCA DO uSO DeSte BeM tãO preCiOSO e FiNitO. O evento especial também serve para instigar uma análise pessoal sobre o que cada um tem feito para preservar a água e mantê-la sempre em boas condições para as gerações futuras.

Todas as escolhas, hábitos e consumos geram algum impacto ambiental. Assim como existem calculadoras que mensu-ram as emissões de gases de efeito estu-fa da rotina das pessoas, também é pos-sível computar a quantidade de água gasta para realizar todas estas tarefas.

O conceito de água virtual é extrema-mente necessário para que esta somató-ria seja possível. Antes de fazer uma lis-ta com os hábitos alimentares e de con-sumo, é preciso entender que, por trás de tudo isso, existe uma quantidade enorme de água usada e que não pode ser visua-lizada no produto final. Este pensamento pode ajudar a definir quais são as priori-dades e os padrões de consumo aplicados.

A Water Footprint Network é a orga-nização internacional responsável pela criação da calculadora que mede a pega-da hídrica, seja ela individual ou de um grupo. Esta ferramenta ajuda a identifi-car os pontos mais críticos e aquilo que poderia ser melhorado.

O consumo de carne, por exemplo, é algo que eleva muito a pegada hídrica, por toda a quantidade de água necessária duran-te a sua produção. As análises também avaliam a quantidade de água gasta di-retamente em sua forma natural, ou seja, quantos litros são gastos no banho, na es-covação dos dentes, descarga, louça, limpe-za do quintal, carro, entre outras coisas. Fonte: ciclo vivo

entenda o que éÁgua doce emriscoJe

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poluentes gerados pela fabricação, transporte e

descarte do produto contribuem para o aquecimento global

meio ambienteMercado da água de garrafa ameaça

para o aquecimento global e ainda gera um dos maiores problemas para os oceanos, o cha-mado microplástico. Ele altera a composição do ecossistema marinho, mata animais e ain-da aumenta o risco de contaminação humana.

“Para cada garrafa de água mineral produ-zida, são geradas 100 gramas de emissões de CO2”, afirma Wagner Victer, diretor presi-dente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). “Além disso, a água da torneira é muito mais regulamentada e fiscalizada do que as de garrafa, e custam 500 vezes menos”.

A ONG Água na Jarra tenta mudar esse ce-nário. Conscientiza a população de seu papel na diminuição da poluição gerada pelas gar-rafas e ainda ajuda restaurantes e estabeleci-mentos comerciais a incentivar o consumo de água da torneira entre seus clientes.

“O impacto gerado pela água engarrafada é tão grande que é difícil mensurar. Após o consu-mo ele fica mais latente, já que o plástico é um resíduo de difícil tratamento”, afirma Letycia Janot, fundadora da ONG e pós-graduada em Gestão Ambiental. “No pior dos cenários, quan-do as garrafas vão parar no meio da rua, o que acontece com alta frequência, acabam nos ocea-nos, que já possuem ilhas de plástico”.

Somente no Brasil, a produção de garrafas cresceu 14,5% em 2013. Apesar de o país ter

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O CONSuMO ANuAl De ÁGuA MiNerAl eM GArrAFA NO BrASil CreSCe eM MéDiA CiNCO litrOS pOr peSSOA DeSDe 2010, AtiNGiN-DO 55 litrOS per CApitA eM 2013. O país já é o quarto maior consumidor mundial do produto, atrás apenas de Estados Unidos, China e México. Mas enquanto as cifras do mercado se multiplicam – de acordo com a Associa-ção Internacional de Água Engarrafada (IBWA, na sigla em inglês), só nos EUA, as empresas do setor faturaram US$ 11,8 bilhões em 2012 – a poluição gerada pelo processo de fabricação, transporte e descarte das garrafas cau-sa grande impacto ambiental.

Postado em 2010 pela militante americana Annie Leonard, o vídeo A História da Água Engarrafada circula até hoje na web e foi um dos grandes inspiradores de movimentos como o Água na Jarra, iniciativa criada em São Paulo no mesmo ano para incentivar o consumo de água da torneira. De acordo com Annie, esse crescimento é devido ao que ela chama de “demanda fabricada”.

Há anos, ONGs internacionais alertam sobre um futuro em que a água potável seria rara e valeria “mais do que ouro”. Para garantir seu filão no mercado, as grandes empresas de alimentos e bebidas agiram rápido: ques-tionaram a qualidade da água de torneira e investiram em publicidade para garantir que seu produto era a opção mais saudável. Segundo a IBWA, o setor de água engarrafada é o segundo maior anunciante dos EUA.

O futuro chegou. Hoje, 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável, de acordo com a Whole World Water. A falta do recurso, reconhecido como direito universal, está relacionado à morte de uma criança a cada 15 segun-dos no mundo, segundo a Unicef.

No Rio, uma garrafa de uso individual já chega a custar R$ 4. Além de doer no bolso e representar riscos para a saúde – na semana passada o Journal of Epidemiology and Community Health publicou artigo alertando para os pe-rigos provocados pelo contato com substâncias químicas presentes no PET, como os ftalatos e o Bisfenol A (BPA) –, o aumento do consumo contribui

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uma das maiores taxas de reciclagem de PET – em 2012 foram recicladas 331 mil toneladas, 59% das embalagens descartadas, de acordo com a As-sociação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) – o impacto no meio am-biente ainda é grande. Procurada pelo O Globo, a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) preferiu não se manifestar.

Por pressão popular do movimento Rio $urreal, fiscais do Procon-RJ co-meçaram a multar na semana passada os restaurantes que não disponibi-lizam jarras de água gratuitamente para seus clientes. A lei vale no estado do Rio há 19 anos, mas somente agora está sendo cobrada.

De acordo com estudo realizado em 2011 pela Associação de Defesa dos Di-reitos do Consumidor, Proteste, a qualidade da água fornecida no Rio é boa antes ou depois de passar pela torneira. A utilização dos filtros é recomen-dável para evitar contaminações geradas nas cisternas ou caixas d’água, mas se a limpeza das mesmas for feita a cada seis meses, o consumo direto de água de torneira faz bem para o bolso, a saúde e o meio ambiente.

Garrafinhas poluentes• Fabricação. Os impactos gerados pela embalagem de politereftalato de etileno, ou PET, se iniciam com a extração do petróleo, a fabricação da pré-forma e a produção da garrafa. De acordo com Annie Leonard, no vídeo A História da Água Engarrafada, a cada ano, para suprir a demanda dos EUA, a indústria utiliza petróleo e energia suficientes para abastecer um milhão de carros, já que o produto tem que ser resistente o suficiente para ser transportado ao redor do planeta.

• Ciclo de vida. Para a análise do ciclo de vida das garrafas são considera-dos o consumo de recursos naturais e outras matérias-primas, como água (na produção), geração de efluentes líquidos (que acabam poluindo rios, mares e lençóis freáticos), emissões atmosféricas (de transporte e fabrica-ção) e geração de resíduos sólidos. Segundo a 5Gyres, os “plásticos foram feitos para durar para sempre e desenhados para jogar fora”.

• Descarte. No caso do descarte correto da garrafa, os impactos após o con-sumo são causados pela atividade de coleta e transporte do lixo, principal-mente as emissões atmosféricas (CO2). Quando chegam aos aterros sanitá-rios, que não possuem capacidade suficiente para comportar a crescente geração de lixo, as garrafas demoram milhares de anos para serem absor-vidas. Quando são descartadas diretamente na natureza, acabam parando em mares e rios, o que agrava o problema das enchentes.

• Reciclagem. Mesmo quando a garrafa é reciclada, ela gera impactos am-bientais. De acordo com a tese de mestrado de Renata Bachmann Guimarães (Brasília 2007), utilizada como base pela ONG Água na Jarra, se considerar-mos taxas de reciclagem por volta de 50% do consumo, uma garrafa PET gera aproximadamente oito vezes o seu próprio peso em resíduos, levando em conta as emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos.

• Oceanos. No mar, a ação da luz solar e das ondas quebra o plástico em partículas cada vez menores, chamadas microplástico, que nunca desa-parecem completamente, segundo a 5Gyres. O microplástico age como esponja, absorvendo pesticidas, metais pesados e poluentes orgânicos persistentes (POPs), que causam disfunções hormonais, neurológicas e reprodutivas. Já existem ilhas de plástico no oceano nas quais o micro-plástico é tão abundante que se tornou parte do ecossistema. Plânctons e pequenos crustáceos se alimentam deles, se intoxicam, também in-toxicando pequenos peixes que os consomem. O processo se repete até chegar a peixes maiores e, logo, ao homem. Fonte: o gloBo / mSt / ihu online

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Após cobranças e protestos realizados por ativistas, as autoridades locais entra-ram em um consenso e determinaram que só poderá ser comercializada água em garrafas plásticas que comportem mais de 600 ml.

A medida pretende reduzir os impac-tos ambientais gerados para a fabricação do PET e também de seu descarte. “Todos nós sabemos da importância de se com-bater as mudanças climáticas, São Fran-cisco tem liderado a luta por nosso meio ambiente”, declarou o Presidente do Con-selho de Supervisores, David Chiu, que também foi quem criou a lei.

Durante sua fala ao San Francisco Bay Guardian, o líder também mostrou uma garrafa com 25% de sua capacidade pre-enchida com óleo, para representar a quantidade de petróleo usada na fabri-cação e transporte de garrafas d’água. Chiu lembrou que antes da década de 90 as garrafas plásticas quase não eram utilizadas, portanto não são itens neces-sários para manter a qualidade de vida da população.

A mesma atitude tem sido replicada em outras localidades. Ainda nos EUA, a Uni-versidade de Seattle proibiu o comércio das garrafas de água em seu campus. Na Austrália, a comunidade de Bundanoon foi a primeira a banir a água engarrafada. Fonte: redAção ciclovivo

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especial: dia da água

ApeSAr De Ser reSpONSÁvel pOr GrANDeS DeBAteS SOBre A QuAN-tiDADe iDeAl pArA SuA iNGeStãO, OS BeNeFíCiOS DA ÁGuA pArA A SAúDe SãO iNeGÁveiS. Segundo a nutricionista Amélia Duarte, o líquido está presente em 50% a 75% do peso corporal de um adulto e é um dos prin-cipais transportadores de nutrientes do nosso corpo e age também como suporte para o bom funcionamento intestinal.

Mas é preciso fi car atento quando os assuntos são as fontes e o armazena-mento deste recurso. Há anos, a água engarrafada está na mira de críticos e ambientalistas europeus e norte-americanos. A discussão chegou ao Brasil em 2010, mas não ganhou força, apesar deste produto ser visto por muitos cientis-tas como um ícone do desperdício, da desigualdade social e também um risco para a saúde. Conheça cinco motivos para não ingerir água engarrafada:

1) Ingestão de produtos químicosO biólogo Carlos Lehn alerta que, para cada litro de água engarrafada,

é estimada a utilização de 200 ml de petróleo em sua produção, embala-gem, transporte e refrigeração. Além disso, um estudo norte-americano revelou que há presença de fertilizantes, produtos farmacêuticos, desin-fetantes e outras fórmulas químicas presentes no produto agem de for-ma negativa no corpo humano.

2) Danos socioambientaisDe acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 900

milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso à água de boa qualidade, enquanto que uma parcela da população prefere consumir água engarrafada mesmo tendo acesso a água tratada. O consumo ex-cessivo do produto em todo o mundo pode levar à superexploração de

aquíferos, o que deixaria um legado de falta de água para gerações futuras.

Lehn aponta que a produção e distribuição do volume das águas engarrafadas podem ge-rar mais de 60 mil toneladas de emissões de gases do efeito estufa, o equivalente ao que 13 mil carros geram em um ano.

3) produção de lixoApesar de serem materiais recicláveis, as

garrafas utilizadas para o acondicionamen-to do recurso geralmente não são recicladas, podendo produzir até 1,5 milhões de toneladas desses resíduos por ano. E, para produzir essa quantidade de plástico, são gastos cerca de 47 milhões de litros de óleo.

A cidade de Concord, em Massachusetts (EUA), foi a primeira comunidade dos Estados Unidos a abandonar a utilização das garrafas plásticas de uso único, em 2013. O motivo? Elas não estimu-lam a reutilização. Em 2010, só nos EUA a estima-tiva era o descarte de 50 bilhões de embalagens plásticas de água por ano. Menos de 10% são re-cicladas. “Alguns hábitos antigos, como a sacola de pano e a garrafa de vidro podem representar a solução para alguns de nossos maiores proble-mas, a exemplo do acúmulo de lixo nas grandes cidades”, reforçou o biólogo ao site JorNow.

4) preço abusivoO preço da água engarrafada é quase 100

vezes mais alto do que a disponibilizada pelo sistema público. Além disso, o lucro com a venda do produto, que poderia ser investi-do na melhoria do abastecimento público de água, permanece privatizado.

5) menos atenção aos sistemas públicos …E se temos água engarrafada para consu-

mir, para que investir em um bom sistema de abastecimento de água público? O crescimen-to da indústria de água engarrafada pode in-centivar a privatização da comercialização do recurso em todo o mundo – o que não seria um bom sinal para qualquer governo. Fonte: ecod / envolverde

Assista ao vídeo sobre a história das garrafinhas de água (em inglês): www.youtube.com/watch?v=Se12y9hSom0

O preço da água engarrafada é quase 100 vezes mais alto do que a disponibilizada pelo sistema público

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água engarrafadaCinco razões para não beber

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FOi reAlizADA A 1ª CONFerêNCiA NACiONAl De MuDANçAS CliMÁ-tiCAS GlOBAiS (CONCliMA) NO eSpAçO ApAS, NO AltO DA lApA, eM SãO pAulO. Após um intenso trabalho de 345 pesquisadores que reuniram mais de dois mil trabalhos de grupos de pesquisa entre 2007 e 2013, foram apresentadas as conclusões do primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) durante a con-ferência promovida pela Fapesp, a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tec-nologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC).

Infelizmente, as notícias não serão celebradas em ritmo de carnaval e exigirão fortes medidas para evitar danos maiores. Confira na tabela ao lado os resultados da principal previsão do relatório.

Na Amazônia, a situação é bem grave, principalmente em relação aos desmatamentos, e estima-se que esse processo aumente em 40%, interfe-rindo no ciclo hidrológico, causando a diminuição de chuvas e a prolonga-ção do período de seca. Os pesquisadores já preveem o risco da savaniza-ção de alguns pontos da Amazônia. Na Caatinga, ainda é pior, pois existe a possibilidade de ocorrer um processo de desertificação do bioma. E já tan-tas vezes protagonista de canções e da literatura brasileira por sua seca, o Nordeste não sairá tão cedo de sua condição e a situação só tende a piorar.

Vamos agirAs mudanças climáticas terão impactos diretos na agricultura, geração e

distribuição de energia e recursos hídricos e, como podemos observar, isso não ocorrerá de forma homogênea pelo país. Cada região sofrerá impactos maiores ou menores e, portanto, é preciso tomar medidas políticas que aten-dam às necessidades de cada uma. Os pesquisadores ainda ressaltam que

recursos hídricos tendem a diminuira longo prazo

Dados estimam aumento de até 6°C no Brasil

VEGETAÇÃO/ REGIÃO

AumEnTO (+) Ou DImInuIÇÃO (-) DE CHuVAs Em % E AumEnTO DA TEmpERATuRA Em °C

Até 2040 entre 2041 e 2070 entre 2071 e 2100

AMAZÔNIA - 25% a 30%1°C a 1,5°C

- 40% a 45%3°C a 3,5°C 5°C a 6°C

CAATINGA - 10% a 20%0,5°C a 1°C

- 25% a 35%1,5°C a 2,5 °C

- 40% a 50%3,5°C a 4,5°C

CERRADO — — - 35% a 45%5°C a 5,5 °C *

PANTANAL ——

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- 35% a 45%3,5°C a 4,5°C *

NORDESTE -10%0,5°C a 1°C

- 20% a 25%2°C a 3°C

- 30% a 35%3°C a 4°C

SUL E SUDESTE + 5% a 10%0,5°C a 1°C

+ 15% a 20%1,5°C a 2°C

+ 25% a 30%2,5°C a 3°C

PAMPAS + 5% a 10%1°C

+ 15% a 20%1°C a 1,5°C

+ 30% a 40%2,5°C a 3°C

é preciso ser muito cauteloso nesse momento com projetos de construções de hidrelétricas, por exemplo, afinal não queremos contribuir com maiores impactos ambientais e sim dimi-nuí-los. E como sempre, são as camadas da po-pulação de renda mais baixa que sofrerão mais com os problemas advindos dessas mudanças.

O relatório é um grande alerta e servirá para orientar as novas estratégias de adaptação e redução desses impactos. O secretário de Po-líticas e Programa de Pesquisa e Desenvolvi-mento (Seped) do Ministério da Ciência, Car-los Nobre, anunciou que o relatório será di-rigente no Plano Nacional de Mudanças Cli-máticas, o qual já prevê diminuição em 10% a 15% das emissões de gases de efeito estufa.

O processo não será nada fácil para um país que possui tantas fragilidades em termos so-cioeconômicos, mas talvez isso seja um des-pertar para que o Brasil tenha um melhor pla-nejamento de distribuição e investimento nas regiões e um propulsor para o investimento em tecnologias sustentáveis. O presidente da Fapesp, Celso Lafer, anunciou a atenção e inte-resse maiores da instituição em pesquisas so-bre mudanças climáticas. Fonte: ecycle

* Fornecidos apenas os dados gerais das estimativas de mudanças até 2100

mudanças climáticas

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ecoleitura

O SeCretÁriO De eStADO DO AMBieNte, iNDiO DA COStA, ASSiNOu O CONvêNiO De COOperAçãO téCNiCA pArA GOverNANçA DA BAíA De GuANABArA, Que iNClui O ApOiO FiNANCeirO DO BiD (BANCO iNterAMeriCANO De DeSeNvOlviMeNtO) De uM MilhãO De Dó-lAreS pArA A eStruturAçãO DO plANO De AçãO De reCuperAçãO e liMpezA DA BAíA De GuANABArA.

O secretário agradeceu a parceria com o BID, representado pelo especialis-ta líder em saneamento do BID, Yvon Mellinger, e ressaltou a importância do apoio para o Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam). “A parceria com Maryland vai nos dar apoio técnico para integrar pescadores, empresários, prefeitos e am-bientalistas, na gestão sustentável dos ativos socioambientais e econômi-cos da Baía de Guanabara. Com isso queremos maior controle social e mais transparência nos investimentos, além de estudos de projetos vinculados ao programa de despoluição da baía”, declarou Indio da Costa.

Sob a liderança da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA-RJ) o com-promisso de limpeza e recuperação ambiental da Baía da Guanabara surgiu como foco principal do acordo, que conta com o apoio técnico do governo de Maryland, através da experiência com o Programa de Despo-luição da Baía de Chesapeake.

Em março de 2011, os estados do Rio de Janeiro e de Maryland (EUA) de-ram início às tratativas de um importante acordo de cooperação técnica visando à melhoria progressiva da qualidade socioambiental dos muni-cípios do entorno da Baía de Guanabara.

A experiência de Chesapeake demonstra que só desta forma a gover-nabilidade da BG será realmente efi caz e inclusiva para a totalidade dos municípios ao seu redor. A vontade de fortalecimento dessa cooperação resultou no processo de mão dupla de visitas de estudos às duas baías, de especialistas de Maryland ao Rio e vice versa. Fonte: AScom SeA

Secretaria do Ambiente e BiD fi rmam convênio de apoio ao projeto de Governança da Baía de Guanabara

baía da guanabaraparceria para recuperação da

Luiz

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política ambiental

Água na indústria: uso racional e

eSte livrO OFereCe eStrAtéGiAS pArA AS iNDúStriAS Que BuSCAM MiNiMi-zAr prOBleMAS De CONSuMO De ÁGuA e lANçAMeNtO De eFlueNteS, CADA DiA MAiS preMeNteS. Também traça um pa-norama abrangente dos problemas enfren-tados no setor e das técnicas de tratamento, desde as convencionais até as mais sofi stica-das, como separação por membranas.

De forma didática, aborda conceitos atu-alíssimos, como ponto de mínimo consu-mo de água (water pinch) e reúso em casca-ta, elucidando-os no conceito e na prática.

Os autores são José Carlos Mierzwa, en-genheiro químico e doutor em Engenha-ria Hidráulica e Sanitária pela USP, espa-ço no qual leciona e desenvolve pesquisas sobre conservação e reuso da água e téc-nicas avançadas de tratamento de água e efl uentes; e Ivanildo Hespanhol, Titular da Engenharia Hidráulica e Sanitária da EPUSP e exibe um currículo acadêmico e profi ssional ímpar, com reconhecimento nacional e internacional. Engenheiro Civil e Sanitarista pela USP, PhD em Engenharia Ambiental pela Universidade da Califór-nia, é consultor da ANA e da OMS e funda-dor do CIRRA. FonteS: httP://SoSrioSdoBrASil.BlogSPot.com.Br/2013/03/o-neceSSArio-reAProveitAmento-de-AguA.html e httP://www.comuniteXto.com.Br

reÚso

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eM MeiO A uMA CriSe híDriCA, O GOverNADOr GerAlDO AlCkMiN (pSDB) FOi ONteM A BrASíliA peDir à preSiDeNte DilMA rOuSSe-FF (pt) AutOrizAçãO pArA CAptAr ÁGuA DA BACiA DO riO FeDerAl pArAíBA DO Sul e DeSpejÁ-lA NO SiSteMA CANtAreirA, Que OperA COM O Nível MAiS BAiXO De SuA hiStóriA.

Se implementada, a medida vai auxiliar na recuperação do sistema, que abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e, ontem, tinha 14,9% da capacidade. Alckmin esteve ontem no Palácio do Planalto para uma reu-nião com a presidente, a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, e diri-gentes da Sabesp e da ANA (Agência Nacional de Águas) – a esta última cabe autorizar formalmente a operação. O governador tucano havia conversado com a presidente, a sós, há nove dias. Segundo interlocutores, já naquela oca-sião Alckmin e Dilma falaram sobre a crise de abastecimento no Estado.

O Paraíba do Sul é interestadual. Hoje, ele é responsável pelo abasteci-mento de 15 milhões de pessoas. Só no Rio de Janeiro, incluindo a capital, são cerca de 10 milhões. Do ponto de vista técnico, o uso de suas águas no abastecimento da Grande São Paulo é discutido há mais de cinco anos. Há, inclusive, um projeto de lei na Assembleia paulista sobre o tema. A proposta nunca saiu do papel porque a transposição para as represas do Cantareira sempre enfrentou resistências de técnicos do Rio.

Eles avaliam que o uso da água para a Grande São Paulo pode significar menos água tanto para o Rio quanto para as cidades do Vale do Paraíba, em São Paulo, que também recebem água do Paraíba do Sul. A ideia do governo de São Paulo é utilizar águas da bacia do Paraíba que estão em reservatórios atualmente subutilizados, originalmente destinados à geração de energia.

No caso de a transposição ser aceita pela ANA, agência federal que re-gula a captação de água dos rios que passam por mais de um Estado, existem três possibilidades já apontadas em estudos feitos pelo governo de São Paulo para viabilizar o desvio da água para o Cantareira.

A Folha apurou que o volume a ser retirado da bacia do Paraíba seria de 5.000 litros por segundo. Isso significa até 20% do que é produzido pelo sis-

técnicos cariocas temem que mais àgua do rio paraíba do Sul para São paulo significará menos água para o rio de janeiro

água federal em spAlckmin pede para usar

tema Cantareira. As operações previstas envol-vem obras, como túneis ou canais. Segundo o plano diretor de recursos hídricos de São Paulo, os custos, em sua totalidade, podem ultrapas-sar a casa dos R$ 300 milhões. O prazo para exe-cução seria de mais de quatro meses.

Dividendos eleitoraisEm eventos técnicos, feitos desde o fim do

ano passado, os diretores da ANA sempre de-monstraram tendência favorável ao pleito de São Paulo de retirar água do rio. A resistência, portanto, ficaria circunscrita ao Estado do Rio e a cidades do Vale do Paraíba.

Nesta semana, depois da primeira conversa com Alckmin, a presidente esteve com o go-vernador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Do ponto de vista político, um auxílio de Dilma a Alckmin renderia dividendos elei-torais tanto para a petista quanto para o tu-cano. Alckmin evitaria o rodízio no Estado. Dilma, por sua vez, apareceria como respon-sável por resolver a crise no Estado. Fonte: FolhA de S.PAulo

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consumo responsável

vaso sanitárioproduz água, adubo e energia

pAreCe MeNtirA, MAS iNFelizMeNte CerCA De 2,6 BilhõeS De peSSOAS NO MuNDO NãO têM ACeSSO A uM SANitÁriO. Para ten-tar melhorar essa situação, a Fundação Bill e Melinda Gates doou oito bolsas de estudo no ano passado para cientistas e engenheiros com o objetivo de inventarem um vaso sanitário que poderia funcionar sem água encanada, sistema de esgoto ou eletricidade. O vaso também deve-ria custa menos de 5 centavos de dólar por dia para operar.

Com o financiamento, os cientistas trabalham para utilizar processos como a evaporação, combustão, a pirólise (reação de decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas) e a digestão anaeróbia de micror-ganismos para transformar os resíduos dos banheiros em três recursos es-senciais: água, fertilizantes e combustível.

Assim como a separação entre plástico, papel e todos os outros mate-riais recicláveis torna a reciclagem mais eficiente, o simples fato de isolar a urina das fezes faz com que a produção de fontes de energia, fertilizan-tes e água estéril (que pode ser utilizada para irrigação) seja mais eficaz.

Na Europa, já é comum encontrar vasos sanitários que separam a urina das fezes. Agora, os cientistas projetaram um banheiro para separar as áre-as sem água corrente, o que inclui uma bomba de mão para operar tubos que eliminam os resíduos indesejados.

O recipiente da urina possui apenas um destino: a evaporação. O xixi é aquecido pela câmara de combustão e evapora (1 litro de urina requer 620 calorias para evaporar), deixando para trás sais e nutrientes. O ni-

trogênio, o fósforo e o potássico acabarão fa-zendo parte do fertilizante. A água, conden-sada, é coletada em um tanque vizinho.

As fezes passam por três processos: a com-bustão, a pirólise e a digestão anaeróbia. No primeiro, são misturadas a materiais como cinzas resultantes da combustão da madei-ra, cascas de arroz e terra para secar antes de serem queimadas na já mencionada câmara de combustão. Desse processo, resultam cin-zas, úteis como fertilizante, e calor, que será aproveitado para a produção de energia.

Na pirólise, as fezes são secas e então aqueci-das em uma câmara livre de oxigênio a quase 550°C. Com isso, cria-se o “biocarvão” (conhecido internacionalmente como “biochar”), um carvão de alta qualidade que é capaz de agir como uma esponja para absorver nutrientes do solo. O mo-nóxido de carbono e o hidrogênio da combustão também são utilizados como fonte de energia.

A última e mais complexa fase é a da digestão anaeróbia. Uma bactéria anaeróbia decompõe as fezes em nutrientes e ácidos orgânicos, tais como o vinagre, que pode ser transformado em metano ou em gasolina. O resíduo indese-jado é filtrado por uma ultra-membrana, trans-formando-o em um líquido estéril adequado para a fertilização. Os microrganismos presen-tes convertem as sobras em metano – próprio para a produção de energia.

A outra alternativa da digestão anaeróbia envolve o iodofórmio, substância usada como antisséptico em hospitais, interrompe a pro-dução de metano. A água e os sais são separa-dos e uma quantidade de calcário é adiciona-da e então aquecida. A adição de gás hidrogê-nio produz álcool isopropílico, que, ao passar pelo catalisador de argila, vira gasolina.

A gasolina se soma ao metano, o monóxido de carbono, o hidrogênio e o calor – resulta-do dos demais processos – para a produção de energia. Essa energia, por sua, vez, é o que ali-menta e aciona a evaporação no reservatório de urina. E o ciclo se reinicia. Fonte: PoPSci

Fundação Bill e Melinda Gates doou oito bolsas de estudo no ano passado para cientistas e engenheiros com o objetivo de inventarem um vaso sanitário que poderia funcionar sem água encanada, sistema de esgoto ou eletricidade, com custo de menos de 5 centavos por dia

Professor chang, dr. giannis, Professor wang, dr. rajagopal e dr. chen, criadores do vaso sanitário no mix vacuum toilet

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peSQuiSADOreS DA uNiverSiDADe eStADuAl pAuliStA (uNeSp), CAMpuS De GuArAtiNGuetÁ, eM COlABOrAçãO COM COleGAS DA uNiverSiDADe teCNOlóGiCA FeDerAl DO pArANÁ (utFpr) e DO iNStitutO De AStrOBiOlOGiA DA AGêNCiA eSpACiAl NOrte-AMeriCANA (NASA), DeSeNvOlverAM uM MODelO MAiS preCiSO pArA DeterMiNAr A OriGeM DA ÁGuA e DA viDA NA terrA.

Realizado no âmbito do projeto de pesquisa Dinâmica orbital de pe-quenos objetos, apoiado pela Fapesp, o modelo foi descrito em um ar-tigo publicado no The Astrophysical Journal, da Sociedade Americana de Astronomia, e apresentado no dia 24 de fevereiro no UK-Brazil-Chile Frontiers of Science.

Organizado pela Royal Society, do Reino Unido, em conjunto com a Fapesp e as Academias Brasileira e Chilena de Ciências, o evento ocorreu no fim de fevereiro em uma propriedade da Royal Society em Chicheley, vilarejo do condado de Buckinghamshire, no sul da Inglaterra. E teve como objetivo fomentar a colaboração científica e interdisciplinar entre jovens pesquisadores brasileiros, chilenos e do Reino Unido em áreas de fronteira do conhecimento.

“Desenvolvemos um modelo em que analisamos todas as possíveis fontes espaciais de água e estipulamos qual seria a provável contribui-ção de cada uma delas na quantidade total de água existente hoje na Terra”, disse à Agência Fapesp Othon Cabo Winter, pesquisador do Gru-po de Dinâmica Orbital & Planetologia da Unesp de Guaratinguetá e co-ordenador do estudo.

De acordo com Winter, até recentemente se acreditava que os cometas, ao colidir com a Terra durante a formação do Sistema Solar, haviam tra-zido a maior parte da água existente hoje no planeta.

Simulações computacionais da quantidade de água que esses objetos celestes compostos de gelo podem ter fornecido para a Terra – baseadas em medições da quantidade de deutério (o hidrogênio mais pesado) da água deles – revelaram, no entanto, que os cometas não foram as maio-res fontes. E que eles não poderiam ter contribuído com uma fração tão significativa de água para o planeta como se estimava, explicou Winter.

“Pelas simulações, a contribuição dos cometas no fornecimento de água para a Terra seria de, no máximo, 30%”, disse o pesquisador. “Mais do que isso é pouco provável”, afirmou Winter.

No início dos anos 2000, segundo o pesquisador, foram publicados estu-dos internacionais que sugeriram que, além dos cometas, outros objetos planetesimais (que deram origem aos planetas), como asteroides carbo-náceos – o tipo mais abundante de asteroides no Sistema Solar –, também poderiam ter água e fornecê-la para a Terra por meio da interação com planetas e embriões planetários durante a formação do Sistema Solar.

A hipótese foi confirmada nos últimos anos por observações de aste-roides feitas a partir da Terra e de meteoritos (pedaços de asteroides) que entraram na atmosfera terrestre.

resultados do estudo foram apresentados no encontro científico uk-Brazil-Chile Frontiers of Science, realizado no reino unido pela royal Society, Fapesp e pelas academias Brasileira e Chilena de Ciências (Nasa)

origem da água na terrapesquisadores brasileiros desenvolvem modelo sobre a

Outras possíveis fontes de água da Terra, também propostas nos últimos anos, são grãos de silicato (poeira) da nebulosa solar (nuvem de gás e poeira do cosmos relacionada diretamente com a origem do Sistema Solar), que encapsularam moléculas de água durante o estágio inicial de formação do Sistema Solar.

Essa “nova” fonte, no entanto, ainda não tinha sido validada e incluída nos modelos de distri-buição de água por meio de corpos celestes pri-mordiais, como os asteroides e os cometas.

“Incluímos esses grãos de silicato da ne-bulosa solar, com os cometas e asteroides, no modelo que desenvolvemos e avaliamos qual a contribuição de cada uma dessas fon-tes para a quantidade de água que chegou à Terra”, detalhou Winter.

simulações computacionaisSegundo Winter, a água de cada uma dessas

possíveis fontes para a Terra possui uma quan-tidade diferente de deutério – que pode ser uti-lizado como um indicador de origem da água.

O pesquisador e seus colaboradores conse-guiram estimar a contribuição de cada um desses objetos celestes com base nesse “cer-tificado de origem” da água encontrada na Terra, por meio de simulações computacio-nais. Além disso, conseguiram determinar qual o volume de água que cada uma dessas fontes forneceu e em que momento fizeram isso durante a formação do planeta terres-tre, uma vez que a contribuição de cada uma delas foi feita em períodos diferentes.

“A maior parte veio dos asteroides, que de-ram uma contribuição de mais de 50%. Uma pequena parcela veio da nebulosa solar, com 20% de participação, e os 30% restantes dos cometas”, detalhou Winter.

Os resultados das simulações feitas pelos pes-quisadores também indicaram que grandes pla-netas, com grandes quantidades de água, como a Terra, podem ter sido formados entre 0,5 e 1,5 unidade astronômica – entre 75 milhões e 225 milhões de quilômetros de distância do Sol.

“Essa faixa de distância do Sol, que nós cha-mamos de ‘zona habitável’, permite ter água no estado líquido”, disse Winter. “Fora dessa região é muito frio e a água ficaria congela-da. Já mais próximo do Sol é muito quente e a água seria vaporizada”, explicou.

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especial: dia da água

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As simulações também sugeriram que o modelo desenvolvido parece mais efi ciente para determinar a quantidade e o momento da entrega de água para a Terra por esses corpos planetários do que modelos que indicam que a água foi transferida meramente por meio de meras colisões entre corpos celestes em início de formação (protoplanetários), afi rmou Winter.

“As informações parciais da possível contribuição de cada uma dessas fontes já existiam. Mas, até então, não tinham sido reunidas em um úni-co modelo e não havia sido determinado quando e quanto contribuíram para a formação da massa de água na Terra”, disse.

Importância de corpos menoresWinter destacou em sua palestra na Inglaterra a importância da explo-

ração de corpos menores, como asteroides e cometas, pelas missões espa-ciais. A última missão espacial para a exploração de asteroides, realiza-da pela agência espacial japonesa (Jaxa, na sigla em inglês) com a sonda Hayabusa para tirar amostras do asteroide Itokawa, resultou em diversos artigos em revistas como a Science e a Nature. O país oriental planeja lançar este ano a sonda espacial Hayabusa-2, para extrair amostras do subsolo do asteroide “1999JU3” em 2018 e trazê-las para a Terra em 2020.

Por sua vez a agência espacial europeia (ESA) mantém no espaço a son-da Rosetta, que deve ser o primeiro objeto a pousar em um cometa, o 67P/Churyumov-Gerasimenko. E a Nasa também pretende realizar uma missão para captura de asteroide próximo da Terra.

Já o Brasil pretende desenvolver e lançar em 2017 a sonda espacial Áster, para orbitar em 2019 um asteroide triplo, o 2001-SN263, formado por um objeto central, com 2,8 quilômetros de diâmetro, e outros dois menores com 1,1 quilômetro e 400 metros de diâmetro. “Nunca foi realizada uma missão para um sistema de asteroides desse tipo”, disse Winter. “Todas as mis-sões foram feitas para observar um único asteroide”, afirmou.

Ao explorar asteroides e cometas, em missões como essas, é possível explicar melhor as condições de formação da Terra e a aparição da vida no planeta, explicou o pesquisador. “Como são corpos celestes primor-diais, os cometas e os asteroides preservam informações sobre como era o Sistema Solar durante seu estágio de formação”, disse Winter.

Um dos desafios para disponibilizar esses preciosos materiais geológi-cos para estudos científicos, contudo, é não apenas coletar, mas realizar uma curadoria cuidadosa das amostras, assegurando a gravação e o ar-quivamento de diversas informações relacionados a cada uma das espé-

cimes, tais como as circunstâncias nas quais foram coletadas e os resultados de análises, destacou Caroline Smith, curadora da cole-ção de meteoritos do Museu de História Na-tural de Londres, na palestra que proferiu após Winter.

De acordo com Smith, os meteoritos come-çaram a ser estudados cientificamente no fi-nal do século XVIII por cientistas como o fí-sico alemão Ernest Chladni (1756-1827).

O Museu Britânico começou a sua cole-ção de meteoritos 50 anos após ser funda-do, em 1753, contou Smith. Desde então, com as amostras colhidas por missões realizadas por agências espaciais de diversos países, as coleções de instituições, como a do Museu de História Natural de Londres, têm se ex-pandido muito rapidamente.

“Em 1961 havia, aproximadamente, 2.100 meteoritos conhecidos, dos quais 40% possuí-am o registro do momento e do lugar onde ca-íram”, disse Smith. “Em contrapartida, hoje, há 48 mil meteoritos conhecidos e apenas 2,4% têm o registro da queda”, contou Smith.

O número cada vez maior de amostras de meteoritos coletadas e os estudos científi cos realizados a partir deles têm imposto grandes desafi os às equipes de curadoria desses obje-tos dos museus, avaliou a pesquisadora.

“Alguns dos nossos atuais dilemas é manter o acesso à coleção e, ao mesmo tempo, preservar os meteoritos para as futuras gerações”, afi rmou. Fonte: AgênciA FAPeSP.

o artigo A compound model for the origin of Earths’s water (doi:10.1088/0004-637X/767/1/54), de winter e outros, pode ser lido no The Astrophysical Journal em iopscience.iop.org/0004-637X/767/1/54/article

Como são corpos celestes primordiais, os cometas e os asteroides preservam informações sobre como era o Sistema Solar durante seu estágio de formação.(Othon Cabo Winter, Grupo de Dinâmica Orbital & Planetologia da Unesp)

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Se AlGuéM perGuNtA: “QuAl é A SuBS-tâNCiA MAiS iMpOrtANte Que eXiSte?”, A reSpOStA MAiS óBviA é “A ÁGuA”. Não só ela é diretamente responsável pela nossa exis-tência, como perfaz a maior parte do corpo hu-mano – precisamos dela para sobreviver.

Com base em quão abundante parece ser, é fácil esquecer que na maioria das vezes é um dos recursos mais escassos (pelo menos quando se trata de água potável), ainda mais quando deixamos a atmosfera da Terra rumo a imensidão do espaço.

Confira uma lista com alguns dos fatos mais interessantes sobre esse líquido e o papel que desempenha em nosso planeta:

1) A Terra não tem tanta água quanto prova-velmente você acha que tem

É fato que mais de 70% da superfície da Terra é coberta por água; o Oceano Pacífico, sozinho, cobre metade do globo. No entanto, na maior parte da superfície, ela não passa de uma pelí-cula relativamente fina.

Um estudo recente publicado pela U.S. Geolo-gical Survey (Serviço Geológico dos EUA) mostra que se reuníssemos toda a água da Terra (oce-anos, rios, lagos, lenções freáticos e calotas de gelo) em uma única esfera, ela teria um diâme-tro de 1.384 km, um pouco mais que a distância do Rio de Janeiro – RJ a Salvador – BA, ou o tama-nho de um planeta anão como o Sedna (um dos muitos objetos trans-netunianos), e teria um vo-lume de 1,386 bilhão de quilômetros cúbicos.

Além disso, a quantidade de água doce é mui-to menor: sua esfera teria um diâmetro de 272,8 km – 4 vezes menor em diâmetro e 50 vezes me-nor em volume. Essa segunda esfera inclui as geleiras. A terceira esfera, com apenas lagos de água doce e rios, teria uns 90 km de diâmetro.

10 intrigantes fatos sobre

2) A lua Europa tem mais água que a TerraAntigamente, os astrobiólogos achavam que a Terra era a maior fonte de

água do sistema solar, algo hoje reconhecido como falso. Quando na década de 90 a sonda Galileu investigou o sistema de luas de Júpiter, descobriu que uma delas tinha uma massa de água maior que o esperado. A notícia reper-cutiu pelo mundo e, de uma gélida lua, Europa se tornou uma sensação no mundo dos astrobiólogos como potencial morada para a vida extraterrestre.

Sua água está na forma de uma espessa crosta de gelo rachada, onde podem se formar lagos subglaciais perto da superfície, parecidos com o famoso lago Vostok, explorado na Antártida. E os estudos indicam tam-bém um oceano colossal de água líquida abaixo da crosta de gelo.

Mesmo sendo menor que a lua e umas 50 vezes menor que a Terra, toda a água de Europa daria uma esfera de 1.754 km, duas a três vezes maior que toda a massa líquida da Terra.

Outros mundos parecem ter ainda mais. Titã, lua de Saturno, teria uma mas-sa maior de água que a Terra e Europa, enquanto o planeta Netuno poderia ter em seu manto uma massa colossal de vários planetas Terras em forma de água, segundo modelos teóricos para a estrutura dos gigantes gasosos distantes.

No sistema solar exterior, a presença de água em mundos como luas e planetas anões não é uma pequena fração como na Terra, mas tão ou mais substancial que a própria rocha.

3) nosso abastecimento de água veio provavelmente de cometas e asteroides

Não temos uma resposta exata sobre a origem da água na Terra, mas o mo-delo científico mais aceito indica que ela veio por um bombardeio de cometas.

Neste cenário, a primeira parte da história é que muito de nosso abaste-cimento de água existiu no período de formação dos planetas, quando o material que os compõe começou a se fundir no disco protoplanetário do sistema solar em formação ao redor do jovem sol.

Enquanto planetas rochosos se formavam no sistema solar interior, o ca-lor das rochas fundidas teria feito todas as massas de água evaporarem e escaparem da gravidade para o espaço, se aglutinando na forma de come-tas e asteroides – no fim, a gravidade dos planetas se encarregou de arre-messá-los para longe do espaço planetário, onde permaneceram inertes por bilhões de anos. A segunda parte vem no Intenso Bombardeamento

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aespecial: dia da água

a água da terralistamos alguns dos fatos mais interessantes sobre esse líquido e o papel que desempenha em nosso planeta

lua europa, de Júpiter: o núcleo é rodeado por um invólucro de rocha, rodeado por uma camada de água em gelo ou em forma líquida (mostrado em azul e branco

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Tardio, quando um fenômeno gravitacional iniciou um processo de envio de muitos desses objetos gelados na direção do sistema solar interior, tendo muitos deles caído na Terra. Com isso, uma massa imensa de água se for-mou em nosso planeta, com a ajuda da pressão atmosférica da Terra.

Boa parte dos materiais orgânicos daqui provavelmente vieram para a Terra da mesma maneira, dando origem à vida.

4) micrometeoritos caem na Terra sobre a forma de chuvaEstima-se que em torno de 10 mil toneladas de micrometeoritos caem na

Terra todos os dias, sendo muitos deles pequenos pedaços de rocha por ve-zes com pequenas frações de ferro, que cruzam nosso caminho.

Acredita-se que a maioria desses pequenos viajantes, que consiga sobre-viver ao atrito com a atmosfera que incinera objetos entrantes, acaba fican-do presos na atmosfera superior e passe realmente a fazer parte dela. Em um dado momento, eles se misturam com o vapor de água, aglomerando-se e depois caindo sobre a superfície na forma de chuva.

Então, na próxima vez que molhar-se numa chuva de verão, saiba que pode estar em contato com bilhões de pequenas partículas de poeira es-telar, restos da formação planetária, talvez pedacinhos de Marte ou da lua.

5) Há mais de 10^30 vírus nos oceanos do mundoAtravés de sua pesquisa, Curtis Suttle (da Universidade de British Colum-

bia) passou um tempo significativo a contar fisicamente o número de vírus localizados em várias partes do oceano. Em última análise, ele concluiu que cada litro de água do mar contém cerca de 3 bilhões de vírus. Considerando o fato de que os geólogos estimam que o oceano contém cerca de 1,3×1021 li-tros de água, devemos ter cerca de 4 E 30 (4 seguido de 30 zeros) vírus ao todo.

Uma curiosidade é que se pudéssemos empilhar esse número colossal de seres microscópicos, cobriríamos algo como 10 milhões de anos-luz – uma medida mais que astronômica, galáctica. Uma ano-luz equivale a 9,46 tri-lhões de km. A nossa galáxia, a Via Láctea, tem 100.000 anos-luz de diâme-tro. 10 milhões de anos-luz daria o diâmetro do Grupo Local de Galáxias, que abrange 35 galáxias, entre elas a nossa.

6) A vida pode sobreviver em regiões “inabitáveis” do fundo do marA maioria de nós mantém uma boa ideia das variáveis necessárias para

nossa sobrevivência – água, alimentos, oxigênio, luz solar… – tudo isso ge-ralmente considerado imperativo para a nossa forma de vida.

Imagine a surpresa dos biólogos quando vida foi descoberta ao explora-rem alguns dos mais profundos lugares de nosso planeta, onde as condi-ções são mais adversas que quaisquer outras localidades já vistas.

As formas de vida encontradas são comparáveis a potenciais formas alienígenas. Algumas delas, como os vermes-tubo, são criaturas de três metros de comprimento, sem olhos, bocas ou intestinos. Outros, como bactérias que forma encontradas dentro de fontes hidrotermais, vivem a mais de 2.000 metros abaixo do nível do mar – onde não só há au-sência de luz solar, como a pressão é substancialmente maior do que se poderia experimentar na superfície, e as temperaturas podem exceder os 400 graus Celsius. Para sobreviver, algumas formas de vida extraem energia a partir do sulfeto de hidrogênio proveniente das fontes hidro-termais, num processo chamado “síntese química”.

Na parte mais profunda do oceano, na Fossa das Marianas, além de outros seres foi encontrada uma peculiar ameba gigante, com 10 centímetros. Es-ses seres vivem a quase 11 quilômetros de profundidade com uma pressão 1.100 vezes maior que a da atmosfera ao nível do mar.

A vida nesses extremos obscuros tem sido uma grande esperança para a procura por formas de vida extraterrestre em mundos com oceanos obscu-ros como Europa, a lua de Júpiter citada no item 9.

7) Há mais moléculas em um litro de água que litros de água no oceano

Se você despejasse uma garrafa de água no oceano, e viajasse para o outro lado do mundo para pegar água do oceano com essa mesma garrafa, qual a chance de pegar ao menos uma molécula da mesma água que despejou ante-riormente? Provavelmente nula, dada a imen-sa quantidade de água em um oceano.

Na verdade, as chances são muito boas (na casa dos dígitos quádruplos) de que você não só encontre uma molécula idêntica de água: cerca de 8.000 exatamente. Mas como?

Um litro de água tem um monte de molé-culas nele. Na verdade, há mais moléculas em um litro de água do que litros de água em todos os oceanos da Terra. Por conta disso, as chances são boas de encontrar não apenas uma, mas dígitos quádruplos de moléculas idênticas (cerca de 8.000). Esses números são discriminados em: http://scientificbritain.com/post/16341336713/a-pint-of-ocean-lets-say-you-poured-a-pint-of.

Importante lembrar que isso é apenas um teste de lógica numérica, que não deve ser levado ao pé da letra.

8) Algumas das moléculas de água que con-sumimos já foram bebidas por dinossauros

Como vimos desde as séries fundamentais, a água tem um ciclo bastante complexo: é con-sumida por seres vivos, devolvida a terra, eva-porada, forma nuvens, precipita nas chuvas – obviamente, isso não é tudo, mas é um bom resumo do que acontece.

Isso essencialmente significa que a água é constantemente reciclada. No entanto, as molé-culas por si próprias mudam de estado (sólido, líquido e gasoso) o tempo todo. Embora, como na fotossíntese ou na radiação, elas possam ser separadas em suas partes constituintes – hidro-gênio e oxigênio, na maior parte das fases dos ciclos, elas permanecem as mesmas, e já encon-tramos vários leitos de rios antigos que contém moléculas de água com milhões de anos de ida-de, quando dinossauros ainda andavam por aí.

Uma vez sabido que moléculas são pequenas e numerosas, passam por vários ciclos e proces-sos na natureza, podemos calcular a quantida-de de água que herdamos da época dos dinos-sauros. Segundo os cientistas, as plantas conso-mem 12 trilhões de quilos de água por ano, de uma quantidade de 1.400 bilhões de bilhões de quilos; assim, a maioria das moléculas de água é separada a cada 100 milhões de anos. Consi-derando que a distância entre nós e os dinos-sauros é 65 milhões de anos, as estimativas dizem que mais da metade das moléculas de

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nossa água (uns 57%) eram ingeridas por eles. Ou, para quem preferir, algumas das moléculas mais recentes em seu copo d’água passaram através da bexiga de Einstein, Shakespeare, Cleópatra, Issac Newton e talvez até Confúcio.

9) se a Terra parasse de girar, toda a nossa água iria para os pólos

Entre outras coisas terríveis que acontece-riam se a Terra parasse de girar, toda a água se acumularia nos pólos. Isso aconteceria porque a migração oceânica cessaria, e toda a água se deslocaria da parte equatorial para as po-lares. A rotação é um elemento fundamental da formação planetária, pois equilibra o cam-po magnético e dá movimento as massas oce-ânicas e atmosféricas. Dois super oceanos nos pólos gélidos e sem chão pra pisar, e equador seco de um lado pelo calor solar, e congelado do outro por uma noite de meio ano é o que uma Terra sem giro causaria.

10) super barragens podem frear a rotação da Terra

Talvez alguns não achem o assunto mais in-teressante dessa lista, mas certamente é de grande importância. É necessário uma discus-são em torno dos impactos ambientais de al-gumas tecnologias modernas.

Durante os últimos 40 ou 50 anos, temos visto uma concentração significativa em formas de geração de energia. Um avanço que tem sido massivo está na forma de barragens hidrelétri-cas, que apesar de geralmente caras, são uma fonte de energia limpa. A princípio, parece um bom investimento, mas logo surgem preocupa-ções surpreendentes, como o fato de que elas podem alterar a rotação orbital do planeta.

O maior exemplo é a Three Gorges Dam, Bar-reira das Três Gargantas, na China. É uma bar-reira peso-pesado que, quando cheia, contém 42 bilhões de toneladas de água – um volume de 39 km³, na capacidade total.

Esta grande mudança na distribuição de massa em relação à rotação da Terra tem au-mentado o tempo de um dia em 0,06 micro-segundos. Isso com apenas essa barreira, sem contar as outras superbarragens que existem no globo. Certamente, 60% de um microse-gundo não parece muito, mas a soma futura de várias barragens operantes simultanea-mente pode trazer consequências maiores. As-sociadas a outros fenômenos naturais respon-sáveis pela gradual freagem da rotação, como o afastamento da lua, esses números podem passar a ser significativos. Fonte: FromQuArkStoQuASAr / hyPeScience

especial: dia da água

DiFíCil De DeSCrever e FÁCil De leMBrAr, O “CheirO De ChuvA” FAz pArte DA hiStóriA De MuitA GeNte – e, ACreDite Se QuiSer, é eStuDADO pOr CieNtiStAS hÁ pelO MeNOS 49 ANOS.

Em 1964, depois de ler na revista Nature um artigo sobre o tema, uma dupla de pesquisadores da Austrália resolveu analisar a origem do “cheiro da chuva”, e chegou até mesmo a criar um termo especí-fico para ele: petricor (algo como “fluido eterno de pedra” em grego – logo vocês vão saber o porquê do nome).

Para o espanto de muitos, os autores concluíram que o “cheiro da chuva” vem, na verdade, da terra. Um de seus ingredientes é um óleo secretado por certos tipos de planta durante períodos secos (essa subs-tância diminui a germinação de sementes, uma possível estratégia das plantas para eliminar “competição” durante escassez de água).

Quando passa muito tempo sem chover em uma região, esses óleos se acumulam no solo, e são liberados quando a chuva o atinge – é por isso que o cheiro é mais forte no primeiro dia de chuva depois de um período de seca.

Outro ingrediente é a geosmina (nome que pode ser traduzido do grego como “perfume da terra”), uma substância química produzida por bactérias chamadas actinomicetos. Ao produzir esporos, os ac-tinomicetos liberam geosmina, que é lançada no ar quando chove.

Existe, ainda, um terceiro ingrediente, que normalmente aparece du-rante tempestades: ozônio, produzido (nesse caso) em uma série de reações iniciada por fortes descargas elétricas na atmosfera. O cheiro é parecido com o de cloro, e às vezes é possível senti-lo antes de a tem-pestade chegar na sua região porque o ozônio é facilmente deslocado.

Por fim, temos a acidez da chuva, consequência de produtos quími-cos na atmosfera – especialmente forte em centros urbanos. A chu-va cai, entra em contato com poluentes, atinge o solo e pode provo-car reações químicas, o que resulta em um “cheiro de chuva” menos agradável que o normal. Fonte: hyPeScience / SmithSoniAn / howStuFFworkS / Brown univerSity

de chuva”?De onde vem o “cheiro

Dupla de pesquisadores da Austrália resolveu analisar a origem do “cheiro da chuva”

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MuitA GeNte NãO peNSA DuAS vezeS eM jOGAr NO liXO AlGO Que pAreCe NãO preStAr. O prOBleMA é Que O liXO NãO é uM SuMiDOurO, ele é A priMeirA pArA-DA De AlGO Que FOi DeSCArtADO. Subs-tancias tóxicas contidas no nosso lixo podem ser muito prejudiciais à saúde e ao meio am-biente. Veja abaixo uma lista de 7 coisas que deveriam ser destinadas com cuidado.

Óleo de motorNão só o óleo de motor, mas também o óleo de

cozinha podem entupir tubulações de esgoto e atrapalhar os processos de tratamento de água e esgoto das empresas de saneamento. Além disso, óleo de motor derramado no chão pode contaminar águas subterrâneas. “Um galão de óleo pode contaminar um milhão de galões de água pura”, explica a representante do site Earth911, Jennifer Berry. A maneira correta de se livrar do óleo é colocá-lo em uma garrafinha com tampa e levar para centros de reciclagem, postos de gasolina ou oficinas de carros.

EletrônicosUm problema que o mundo está tendo que

lidar atualmente é o lixo eletrônico, mas não aquele spam que você recebe por e-mail, mas a quantidade de aparelhos de TV, DVD, compu-tadores, celulares, câmeras, impressoras, vide-ogames, iPods que são jogados por aí. Alguns países da Europa e os EUA produzem tanto e-lixo que precisam mandar para outros países. “Estes objetos contêm metais pesados como cádmio e chumbo que podem contaminar o meio ambiente”, disse Jennifer. É melhor en-contrar alguém que esteja precisando destes aparelhos e fazer uma doação.

TintaTintas à base de óleo, revestimentos, coran-

tes, vernizes, removedores de tinta são lixos extremamente perigosos porque contêm pro-dutos químicos que podem ser prejudiciais a humanos, animais e ao meio ambiente. Eles nunca devem ser jogados no lixo ou em ralos. Latas que não foram usadas devem ser estoca-das com cuidado ou devolvidas, ou você pode doar para escolas ou organizações.

Substâncias tóxicas contidas no nosso lixo podem ser muito prejudiciais à saúde e ao meio ambiente

que você não deveria jogar no lixo7 coisas tóxicas

pilhas e bateriasDiferentes tipos de baterias devem ser destinadas de diferentes ma-

neiras, mas nenhuma delas deve ser jogada no lixo tradicional, nem nas lixeiras de reciclagem. Elas devem ser destinadas para reciclagem. Mui-tas lojas têm lixos especiais para pilhas. Elas contêm materiais tóxicos e corrosivos, por isso devem ser descartadas com cuidado. A bateria do carro também faz parte deste grupo.

LâmpadasLâmpadas fluorescents contém minúsculas partes de mercúrio (cerca

de 5 mg) que podem vazar caso ela se quebre. Por isso, elas devem ser descartadas em lugares que recolham lixo tóxico.

Detector de fumaçaEste aparelho não é muito comum no nosso dia-a-dia, geralmente os ve-

mos em hospitais ou hotéis, mas eles também são tóxicos. Os dispositivos contêm uma quantidade pequena de radiação para detecção da fumaça. É extremamente importante que não sejam atirados em qualquer lixeira. Deve-se retirar suas pilhas (que também devem ser encaminhadas, como dito anteriormente) e, em seguida, devolvê-lo ao fabricante.

TermômetrosOs termômetros tradicionais contêm em média 500 mg de mercúrio e re-

presenta um risco à saúde em caso de quebra, principalmente para mulhe-res grávidas e crianças, porque prejudica o crescimento do sistema nervoso do bebê e dos pequenos. É preciso mandá-lo para o lixo tóxico. Fonte: liFeSlittlemySterieS

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Pilhas, baterias, tintas e vernizes não devem ser jogados no lixo tradicional, muito menos nas lixeiras de reciclagem

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O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços,Equipe do programa Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

Jaime Quitério, Átila Alexandre Nunes, Renata Maia e Átila Nunes Ao lado do deputado está o fi lho dele, Átila Alexandre Nunes

COM ÁTILA NUNES E ÁTILA ALEXANDRE NUNES

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia. Com Átila Nunes e Átila Alexandre NunesOuça também pela internet:www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br (serviço 100% gratuito)[email protected]@emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia. Ouça pela internet: www.papomaduro.com.br

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A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado:

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Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano IX • ed 69 • março 2014 ISSN 2236-1014

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