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Planeta à beira do AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano IX • abril 2014 70 9772236101004 ISSN 2236-1014 colapso Pobres serão os mais castigados por mudanças climáticas A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças 15 de abril: Dia Nacional da Conservação do Solo Estados tem e não usam R$ 1, 3 bi para ambiente

Revista do Meio Ambiente 70

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Planeta à beira do colapso | Pobres serão os mais castigados por mudanças climáticas | 15 de abril: Dia Nacional da Conservação do Solo | A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças | Estados tem e não usam R$ 1, 3 bi para ambiente

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Planeta à beira do

ambienterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

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ISSN 2236-1014

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Pobres serão os mais castigados por mudanças climáticas

A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças15 de abril: Dia Nacional da Conservação do Solo

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texto Vilmar Sidnei Demamam Berna*(www.escritorvilmarberna.com.br)

a nasa anUncioU o risco do fim de nossa civilização. não, não se trata de nenhUm discUrso apoca-líptico, mas o resUltado de estU-dos sérios e com Base científica. Não é novidade para a humanidade. Já aconteceu antes com impérios podero-sos, como o Romano, Maias, etc. A boa notícia é que, apesar dos pesares, a es-pécie humana sobreviveu, então, certa-mente sobreviveremos outra vez.

O IPCC confi rmou agora o que todos já estão sentindo na pele: as mudanças cli-máticas já estão acontecendo, e esta não é a má notícia. A má, é que vai piorar e que o mundo, apesar de todo o avanço tecnológico e de toda a riqueza acumu-lada, está muito pouco preparado para li-dar com essa situação.

Informações, digamos, ruins, como es-tas, nos deprimem? Ou é por que estamos deprimidos que nos deixamos atrair por este tipo de notícia?

O estado de espírito infl uencia a ma-neira como encaramos a realidade. A co-ragem, o otimismo, a energia para en-frentar os problemas dependem muito mais do modo como avaliamos a reali-dade que da realidade em si. A realidade é o que é, os problemas existem de ver-dade, mas a forma como os encaramos pode fazer toda a diferença. Frustração, ódio, mau humor, palavrões, não solucio-narão problema algum, ao contrário, po-dem criar mais problemas e nos impedir de ver as soluções, as alternativas. Para gerar estes sentimentos, precisamos in-vestir energia que poderia estar sendo

direcionada para buscar soluções, alter-nativas, bons exemplos, boas práticas, cooperação, parcerias, ouvir o outro.

Toda a situação tem seus prós e contras. O fi m de uma civilização permitiu o sur-gimento de outra. O fi m dos dinossauros permitiu a multiplicação dos mamíferos. O que é crise para um é oportunidade para outro. O fi m da era do combustível fóssil pode inaugurar a nova era da energia so-lar, eólica, biomassa, etc. A felicidade não é feita sem sacrifícios. Para se passar numa prova é preciso estudar e se preparar bem. Para alcançar o cume de uma montanha, é preciso se esforçar bem na subida.

Menoquia del Pichia, em seu poema O Voo, nos convida a aproveitar a “euforia do vôo do anjo perdido em ti. Não inda-gues se nossas estradas tempo e vento, desabam no abismo. Que sabes tu do fi m? Se temes que teu mistério seja uma noi-te, enche-a de estrelas; conserva a ilusão que teu vôo te leva sempre para o mais alto. No deslumbramento da ascensão, se pressentires que amanhã estarás mudo esgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta. Canta! Canta para con-servar uma ilusão de festa e vitória. Talvez as canções adormeçam as feras que espe-ram devorar o pássaro. Desde que nas-ceste não é mais que um vôo no tempo. Rumo ao céu? Que importa a rota? Voa e canta enquanto resistirem as asas”. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a rebia - rede brasileira de informação ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). em 1999, recebeu no japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

enquanto resistirem as asasSede e Redação Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - Jurujuba (Cascarejo, Ponta da Ilha) - Niterói, RJ - 24370-290 • Telfax: (21) 2610-2272 • [email protected] • CNPJ 05.291.019/0001-58

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Fundador da RebiaA Rebia foi fundada em 01/01/1996, pelo escritor e jornalista Vilmar Sidnei Demamam Berna, que em 2003 recebeu no Japão o Prêmio Global 500 das Organizações das Nações Unidas de Meio Ambiente. www.escritorvilmarberna.com.br • (21) 9994-7634

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revista ‘neutra em carbono’

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especial Dia da Terra

civilização!

Um estUdo assinado por três cientis-tas das Universidades de maryland e minnesota, nos estados Unidos, e divUlgado há algUns dias, vem caU-sando polêmica em vários países, mas teve poUca repercUssão no Brasil. En-tre os grandes jornais, só o O Globo abriu espa-ço para o estudo, no dia 19 de março, em sua editoria de Ciências. Título da reportagem: Nasa prevê que planeta está à beira do colapso.

A agência espacial norte-americana é cita-da também por jornais de vários países, prin-cipalmente o Reino Unido, como financiado-ra do estudo. Mas, no dia 20 de março, a Nasa se apressou a tirar o corpo fora. Em nota à im-prensa, declarou que o estudo não foi solici-tado, orientado ou revisado por ela. Esclare-ceu que se trata de um estudo independente feito por pesquisadores de universidades que utilizaram ferramentas de pesquisa desen-volvidas pela Nasa para outra atividade.

O próprio título do estudo explica esse cui-dado da Nasa, uma agência do governo dos Estados Unidos, pois ele destaca a desigual-dade na distribuição das riquezas no mundo como causa do colapso de nossa civilização.

Os autores tentam construir um modelo matemático simples para explorar as dinâ-micas essenciais da interação entre popula-ção e recursos naturais. Concluem que duas características estiveram sempre presentes nas civilizações que soçobraram nos últimos milênios: a exploração predatória dos recur-sos naturais e a divisão das sociedades entre ricos e pobres, ou entre elites e comuns.

As elites controlam as riquezas acumuladas, inclusive alimentos, enquanto para a mas-sa da população, que produz a riqueza, sobra apenas uma pequena parte, em geral o bas-tante para a sobrevivência. Como o consumo das elites tende a crescer, eventualmente os comuns se revoltam, dando início ao colapso. Até aí, nenhuma novidade. Karl Marx, entre tantos outros, escreveram sobre isso.

E não demorou quase nada para que os au-tores do estudo – Safa Motesharrei e Eugenia Kalnay, da Universidade de Maryland, e Jorge Rivas, da Universidade de Minnesota – fossem acusados de comunistas. De fato, o modelo matemático desenvolvido pela Nasa e utiliza-

do por eles não se dedicava, originalmente, a medir como a desigualdade na distribuição de renda pode apressar o fim de uma civilização, como teria ocorrido várias vezes no passado. Essa questão foi introduzida por eles no modelo batizado pela Nasa como Human and Nature Dynamics (Handy).

Conforme a notícia publicada pelo O Globo, sem dar destaque a essa ques-tão – compreensivelmente, dada a conhecida orientação pró-capital do jornal –, quanto maior a diferença entre ricos e pobres, maiores as chances de um de-sastre. “Segundo a pesquisa, a desigualdade entre as classes sociais pauta o fim de impérios há mais de cinco mil anos” – afirma o texto, no quinto parágrafo.

O diretor executivo do Institute for Policy Research & Development, Na-feez Ahmed, o primeiro a escrever sobre esse estudo – e o fez nas pági-nas do jornal britânico The Guardian –, afirma que, embora ele seja am-plamente teórico, há muitos outros estudos mais empiricamente focados que alertam: a convergência das crises de alimento, água e energia pode-ria criar a tempestade perfeita dentro de aproximadamente 15 anos.

Nafeez Ahmed foi acusado de ter induzido jornais do mundo inteiro a atribuir o estudo à Nasa. Em http://bit.ly/1ex7tyL ele contesta um dos crí-ticos e a própria nota da Nasa, reafirmando que a agência teve participa-ção, sim, no apoio ao estudo.

Independentemente desse estudo, como lembrou O Globo em sua reporta-gem, a Nasa já constatou diversas vezes a multiplicação de eventos climáti-cos extremos, como o frio intenso do último inverno na América do Norte e o calor que, nos últimos meses, afligiu a Austrália e a América do Sul. “Seus estragos paralisam setores vitais para o funcionamento da sociedade”.

O fim da civilização pode ser adiado ou evitado, conforme o estudo, desde que ela passe por grandes modificações. As principais seriam o controle da taxa de crescimento populacional e a redução da dependência por recursos naturais e sua distribuição de uma forma mais igualitária. Não é nada fácil e resta pouco tempo, ao que parece, para que providências a esse respeito sejam tomadas.

A depender das elites, não haverá qualquer providência. E elas, nos últimos cinco mil anos, jamais foram tão poderosas como agora. Segundo o Guardian, o patrimônio das 85 famílias mais ricas do mundo é igual ao da metade da po-pulação mundial, como pode ser visto em http://bit.ly/1eEOnn6, na tradução do artigo de Graeme Wearden publicado no dia 20 de janeiro deste ano pela Folha de S. Paulo. Pobre civilização! Seus dias parecem já estar contados. FonTe: kikacasTro.com.br

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Quanto maior a diferença entre ricos e pobres, maiores as chances do colapso de uma civilização.a desigualdade entre as classes sociais pauta o fim de impérios há mais de cinco mil anos

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Uma nova pesQUisa da administra-ção nacional da aeronáUtica e do espaço dos estados Unidos, a nasa, revelou em março que, apesar da desacele-ração no aquecimento global registrada nos últimos anos, o clima da Terra continuará a aquecer neste século, e a uma taxa acima das previsões anteriores.

O que costuma se chamar de desaceleração no aquecimento global é o fato de que, nos últimos 15 anos, a velocidade do aumento das temperaturas diminuiu. Simulações sugerem que o aquecimento deveria ter continuado em um ritmo médio de 0,21ºC por década en-tre 1998 e 2012, mas o que se observou é que o fenômeno durante esse período foi de apenas 0,04ºC por década.

Contudo, o novo estudo indica que, mesmo levando em conta a atual desaceleração, o aquecimento global pode ser até 20% maior do que o estimado anteriormente. O motivo dessa nova previsão é que, de acordo com a NASA, as pesquisas anteriores não considera-vam apropriadamente os aerossóis, partícu-las emitidas na atmosfera que podem ter um efeito de resfriamento sobre o clima. Se pen-sava que os aerossóis tinham um efeito uni-forme em todo o globo, o que, segundo o novo estudo, é incorreto.

Dessa forma, o trabalho aponta que o He-misfério Norte tem um papel ainda maior no aquecimento global, visto que, além de emitir mais gases do efeito estufa (GEEs) do que os países do Hemisfério sul, também emite mais aerossóis, que apresentam o tal efeito resfriador.

“Uma das razões da influência despropor-cional do Hemisfério Norte, especialmen-te no que se refere ao impacto de aerossóis, é que a maioria dos aerossóis é emitida das regiões mais industrializadas, ao norte do equador”, explicam os autores.

Mas então, se essas partículas ajudam a ‘resfriar’ o planeta, elas não ajudariam de fato a reduzir o aquecimento global? Essa pa-rece ser a consequência óbvia, mas os pesqui-sadores dizem que não funciona bem assim.

Drew Shindell, principal autor do trabalho, mostrou que, embora em curto prazo essas partículas tenham o efeito de resfriamento,

aquecimento globalpode ser até 20% maior do que estimado

novo estudo da agência espacial norte-americana afirma que desaceleração recente no aumento das temperaturas é um episódio passageiro e que o cenário é pior do que se pensava

em longo prazo elas não fazem muita diferença. E é por isso que as es-timativas de aquecimento global apresentaram um aumento: a desace-leração que estamos vivenciando agora pode ser potencializada pelas partículas, mas não deve durar para sempre. Até 2050, por exemplo, a diferença deve ser muito pequena.

“Gostaria que pudéssemos ter algum consolo com a desaceleração na taxa de aquecimento, mas todas as evidências agora concordam que o futuro aquecimento provavelmente caminhe em direção às nossas mais altas estimativas, então está mais claro do que nunca que precisamos de rápidas reduções de emissões para evitar os piores danos das mudanças climáticas. Gostaria que não fosse assim, mas o prevenido vale por dois”, concluiu Shindell. FonTe: FonTe: insTiTuTo carbono brasil

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efeito estufao governo federal investe em estratégias de comBate às emissões de gases de efeito estUfa. fiscais e execUtores do fUndo nacional soBre mUdança do clima (fUndo cli-ma) reUniram-se, em Brasília, para discUtir a constrUção de indicadores de medição dos projetos de mitigação e adaptação financiados pela entidade. O objetivo é avaliar os programas já em andamento e fomentar novas ações.

Aproximadamente R$ 90 milhões foram investidos nos últimos quatro anos em projetos não-reembolsáveis do Fundo Clima. Pionei-ro no apoio a pesquisas e programas de combate à liberação de gases de efeito estufa, o Fundo é um dos principais instrumentos da Polí-tica Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC). Vinculado ao Minis-tério do Meio Ambiente (MMA), ele é administrado por um comitê formado por representantes de órgãos federais, da sociedade civil, do terceiro setor, dos estados e dos municípios.

InovaçãoOs dados auxiliarão o processo de execução dos 183 projetos con-

templados pelo Fundo. “Os indicadores serão essenciais para medir os resultados e organizar os impactos dessas ações”, afirmou o secretá-rio de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Carlos Klink. “É uma inovação para reduzir as emissões de gases de efeito es-tufa e incentivar processos econômicos para o país.”

Ao todo, 40 entidades já assinaram contratos para a execução de projetos financiados pelo Fundo. De acordo com o secretário de Ex-trativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Paulo Gui-lherme Cabral, a articulação com outros organismos aparece como um dos elementos necessários pelo sucesso das ações ambientais. “As parcerias possibilitam a concretização e estruturação de ações de políticas públicas”, destacou.

A experiência positiva brasileira tem atraído os olhares de outros pa-íses em diversos pontos da agenda ambiental. De acordo com o se-cretário Klink, a atuação do Fundo Clima é vista como modelo pelos gestores do Fundo Verde para o Clima, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e sediado na Coreia do Sul. “O Fundo Clima traz novas maneiras de enxergar o financiamento ambiental e a comuni-dade internacional está pegando isso como exemplo”, explicou.

Saiba maisApesar de ser considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem

sofrido alterações que se tornaram as causadoras do aquecimento glo-bal. As mudanças decorrem do aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono e o meta-no. A liberação dessas substâncias na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas e econômicas, entre elas o transporte, o desmatamento, a agricultura e a pecuária. FonTe: mma

governo avalia ações de combate visando enfrentar o

congelado

amostras de mUsgo congelado na antártida foram trazidas de volta à vida depois de mais de 1.500 anos, reveloU Um artigo pUBlicado no pe-riódico Current Biology. O estudo, re-alizado por cientistas da Universidade Rea-ding e pela Pesquisa Antártica Britânica, é o primeiro a mostrar uma sobrevivência de tão longo prazo em uma planta – o máximo registrado anteriormente era de vinte anos. Fenômenos mais prolongados só haviam sido observados em bactérias. “Estes musgos permaneceram congelados por um período muito prolongado”, disse Peter Convey, da Antártica Britânica. “Sua sobrevivência e re-cuperação é muito, muito mais longa do que qualquer coisa registrada antes.”

Os musgos formam uma parte importan-te do sistema biológico em ambas as regiões polares e são as plantas dominantes em vas-tas áreas. Convey e seus colegas, segundo o artigo, estudam principalmente as amostras congeladas de musgo polar porque elas for-necem um arquivo das condições do clima no passado.

Depósitos de musgo do tipo estudado na Antártida datam de 5.000 a 6.000 anos, mas as amostras na qual os pesquisadores foca-ram sua análise têm cerca de 2.000 anos. Os pesquisadores cortaram as amostras de mus-go congelado em pedaços finos, mantendo-as livres de contaminação, e as colocaram em uma incubadora com a temperatura e o ní-vel de luz que são normais para o crescimen-to. Depois de poucas semanas, o musgo co-meçou a crescer e, com a técnica de datação por carbono, os pesquisadores determinaram que o musgo tinha 1.530 anos. O experimento, destaca o artigo, demonstra que os organis-mos multicelulares podem sobreviver por pe-ríodos muito mais longos do que os cientistas consideravam possíveis até agora. FonTe: Veja / eFe

musgo da antártida retorna à vida após 1.500 anos

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o estudo é o primeiro a mostrar uma sobrevivência de tão longo prazo em uma planta

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camada de ozônio

cientistas encontram novos gases nocivos à

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apesar do banimento dos cfcs, pesquisa detecta quatro novas substâncias que danificam a camada

de ozônio e são emitidas por atividades humanas

novas sUBstâncias podem colocar em risco a recUperação da camada de ozô-nio, relata Um estUdo pUBlicado na revista nature geosCienCe. Análises de amostras de ar da Tasmânia e do gelo da Gro-enlândia revelaram a presença de quatro novos gases artificiais nocivos ao ozônio estratosférico.

Segundo a equipe da Universidade de East Anglia, responsável pelo estudo, esses gases têm origem em atividades humanas, mas os cientistas ainda não identificaram a fonte. Desconfia-se, no entanto, que eles sejam usa-dos na produção de pesticidas agrícolas.

A descoberta preocupa. Os clorofluorcarbo-nos (CFCs) e gases semelhantes foram proibi-dos pelo Protocolo de Montreal, em 1987, em resposta aos crescentes danos que causavam à camada de ozônio, escudo protetor natural da Terra contra os raios prejudiciais do sol.

Sete tipos de CFC e seis de hidroclorofluo-rocarboneto (HCFC, um gás intermediário do CFC) são reconhecidamente associados à des-truição da camada de ozônio. Por força do tra-tado internacional, a concentração da maioria tem diminuído progressivamente.

Na contramão desta tendência, os cientistas estimam que cerca de 74 mil toneladas dessas quatro substâncias recém-descobertas tenham sido liberadas na atmosfera no último meio sé-culo. Isso é apenas uma pequena fração das milhões de toneladas de CFCs produzidas a cada ano até 1980, quando o acúmulo atingiu pico histórico, segundo a equipe. Entretanto, esta nova descoberta levanta questões sobre a eficácia contínua do tratado.

O CFC-113a é uma das quatro substâncias quí-micas artificiais recém-descobertas. Diferente-mente dos outros gases, ele parece acumular ininterruptamente nos últimos 50 anos. Pior, entre 2010 e 2012, as emissões desse gás deram um salto de 45 por cento. Uma das possíveis fontes do CFC-113a é seu uso como matéria-pri-ma de pesticidas agrícolas, sugere o estudo.

Na lista de novos gases aparecem outros dois CFC e um HCFC, que também afetam a cama-da de ozônio, mas a um menor grau.

“Nós ainda não sabemos a origem destes pro-dutos químicos” diz o Dr. Johannes Laube, que li-derou o estudo, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Atividade ilegal é uma possibili-dade, mas também há muitas lacunas no Proto-colo de Montreal, que podem precisar ser revis-tas.’ Quase todos os CFCs também são gases de efeito estufa centenas de vezes mais potentes que o dióxido de carbono, embora suas concen-trações sejam muito menores. Segundo os pes-quisadores, seu efeitos sobre o clima também devem ser considerados.

simulação da concentração de ozônio sobre o polo sul em 4 períodos – vermelhos representam normal a altas concentrações; azuis mostram áreas degradadas

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Cultura e comunicação para a sustentabilidade

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Construção da Pessoa, Ética e Felicidade

Educação e Cidadania socioambiental

meio ambiente e sustentabilidade

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agressões à conservação da

o projeto de lei 3.682/2012 de aUtoria do depUtado viníciUs gUrgel (pr-ama-pá), e QUe tem como relator o depU-tado Bernardo santana de vascon-cellos (pr-minas gerais é Uma das maiores agressões à conservação da natUreza Brasileira!

Na proposta, os deputados consideram usar cerca de 10% das unidades de conservação de proteção integral para atividades de minera-ção e transfere o poder de criação de UCs de Proteção Integral para o Congresso Nacional. Dessa forma, altera a Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e fere diretamente o Artigo 225 da Constituição .

Assine a petição on line e diga NÃO a esse Projeto de Lei, que lesa a sociedade brasileira e as gerações futuras em benefício de interes-ses particulares.

natureza brasileiradiga não ao projeto de lei que libera atividades de mineração dentro de Ucs!

Contra o Projeto de Lei 3.682/2012 (que libera mineração em UCs de Proteção Integral e altera Lei 9.985/2000)Para: Presidente do Congresso Nacional

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,Os cidadãos abaixo assinados, brasileiros, vimos, por meio deste, ma-

nifestar nosso repúdio ao Projeto de Lei 3.682/2012 e solicitar de Vossa Excelência a divulgação do presente texto aos demais Deputados a fim de que tal Projeto seja vetado.

O Projeto de Lei 3.682/2012, de autoria do deputado Vinícius Gurgel (PR-Amapá) e modificado pelo deputado Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-Minas Gerais, ex-diretor de empresa mineradora, e que enfrenta de-núncia no Supremo Tribunal Federal) está pronto para ser votado na Co-missão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, abrirá 10% das Unidades de Conservação de Proteção Integral à mineração; e em uma inviável e ineficiente “troca” do ponto de vista biológico e ecoló-gico, os mineradores ofereceriam outras áreas, que imaginam ter “as mes-mas características ecológicas e biológicas”.

É de notório saber que a atividade de mineração é extremamente danosa e traz impactos negativos absurdos e praticamente irreparáveis aos ecos-sistemas. Esse fato por si só já representa uma contradição, pois vai de en-contro ao objetivo das Unidades de Proteção Integral, criadas pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, descrito em seu artigo 7º, parágrafo 1º da se-guinte forma: “O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é pre-servar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.[...]”. Dessa forma, tais unidades seriam abertas a uma atividade altamente impactante e totalmente fora de conformidade com os motivos e princípios pelas quais foram criadas.

Não suficiente o absurdo, o relatório visa também a transferir o poder de criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral para o Congresso Nacional, contrariando, mais uma vez, a mesma lei do SNUC (Sistema Na-cional de Unidades de Conservação). O acréscimo que mexe no SNUC foi in-serido pelo relator Bernardo Santana de Vasconcellos. Para isso, ele copiou a PEC 215, que modifica o artigo 22 do SNUC, o qual determina o Poder Execu-tivo como responsável por criar Unidades de Conservação.

As modificações na lei do SNUC não param na transferência do poder de criação de UCs para o Congresso. Acrescentou-se um outro artigo, intitula-do “artigo 22-B”, que não existe na lei atual e que lista situações que proi-biriam a criação de Unidades de Conservação. O texto do novo artigo está parcialmente reproduzido abaixo (grifo nosso):

Art. 2º. A Lei nº 9.985, de 2000, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 22-B: “Art. 22-B. Fica vedada a criação de unidades de conservação da natureza

em áreas: I – antropizadas com estrutura produtiva consolidada;II – com presença de bens de valor histórico, cultural e arquitetônico para a população;III – identificadas, pelo órgão competente, como de favorabilidade geológi-ca, considerando, para tanto, a concentração de minas na região e o conhe-cimento geológico, geoquímico e geofísico da área;IV – com recursos hídricos estratégicos para a geração de energia elétrica.

‘O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.[...]’. Dessa forma, tais unidades seriam abertas a uma atividade altamente impactante e totalmente fora de conformidade com os motivos e princípios pelas quais foram criadas.

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agressões à conservação da Parágrafo único.O Poder Público, excepcionalmente nos ca-

sos de relevante interesse nacional, poderá criar, por meio de lei específica, unidades de conservação da natureza nas áreas de que trata este artigo, tendo o proprietário ou possuidor da área afetada direito à indeni-zação pelos prejuízos decorrentes da afeta-ção, neste incluído o valor do investimento realizado, as perdas e danos, e o que razoa-velmente deixou de lucrar com a interrup-ção de suas atividades.

A provável consequência do novo artigo é impedir a criação de novas APAs (Área de Pro-teção Ambiental), pois são áreas protegidas de grande extensão, com certo grau de ocu-pação humana. Há bairros e às vezes cidades inteiras dentro de uma Unidade de Conserva-ção da categoria APA.

Além disso, para cada criação de unidade de conservação, o projeto de lei fi xa a necessida-de de ter previsão em lei orçamentária para a implantação da UC, incluindo recursos para desapropriação da área e pagamento de inde-nização aos proprietários particulares.

O deputado Bernardo Santana de Vascon-cellos também alterou o artigo 23 do SNUC, que trata da posse e do uso das áreas ocupadas pe-las populações tradicionais nas Reservas Extra-tivistas e Reservas de Desenvolvimento Sus-tentável. O deputado retirou os parágrafos que regulavam as atividades permitidas às popu-lações tradicionais dentro das UCs de Uso Sus-tentável. A proibição à caça de animal ameaça-do de extinção, por exemplo, desaparece.

Outra modifi cação importante foi dispensar lei específi ca para alterar – aumentar ou redu-zir – o tamanho ou limites das Unidades de Conservação, contra o que dispõe o Inciso III do artigo 225 da Constituição Federal. Pelo re-latório, desafetação de UC poderia ser feito por decreto presidencial.

Pode-se concluir que o projeto é mais uma tentativa de fl exibilizar a legislação ambien-tal, e representa uma ameaça, dentre as tan-tas com as quais nos deparamos diariamente, à nossa já tão fragilizada biodiversidade, e em um longo prazo, e em última instância, à ma-nutenção das mais diversas formas de vida.

A sociedade brasileira, o Congresso a que nos dirigimos, e demais órgãos e entidades atuantes na área não devem, e não permiti-rão que a pressão do setor minerador afrou-xem as leis de proteção ambiental.

Em razão disso, solicitamos de Vossa Exce-lência o máximo empenho para solucionar esta situação. FonTe: reDeProuc / PeTiçãoPÚblica

a reBia não ignora o fenômeno das redes sociais, como o FaCeBooK, e por isso mesmo mantém lá Uma página, onde de-mocratiza informações amBientais para Um enorme púBli-co interessado, como por exemplo, esta notícia aBaixo.

Foram quase 40 mil pessoas que leram e assim puderam se mani-festar contra, engrossando o abaixo-assinado que tenta derrubar tal iniciativa no Congresso. Entretanto, apesar deste sucesso, simples-mente, como num passe de mágica, a notícia desapareceu. Teoria da conspiração de nossa parte ou o Facebook encontrou uma outra forma de aumentar seus lucros através da censura de notícias que incomo-dam seus patrocinadores? Mistério! Mas é bom fi carmos de olho mui-to vivo. Para nós, depois desta, o Facebook deixou de ser confi ável.

sucesso e Facebook tira do ar página da rebia que atingiu quase 40 mil leitorescensura

assine a petição ao qual se refere a notícia citada, na página da rebia no Facebook: http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/cidadania/8191-diga-nao-ao-projeto-de-lei-que-libera-atividades-de-mineracao-dentro-de-ucs

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solo

no dia 13 de novemBro de 1989 foi pUBlicada a lei federal de número 7.876, por iniciativa do ministério da agricUltUra, pecUária e aBastecimento (mapa), institUindo 15 de aBril como o dia nacional da conservação do solo. A data foi es-colhida em homenagem ao nascimento de Hugh Hammond Bennett (15/04/1881 - 07/07/1960), um conservacionista estadunidense que de-sempenhou importante papel nesta área e ficou conhecido como o “pai” da conservação do solo.

O solo é o resultado do intemperismo – processo de desagregação das rochas por agentes físicos, químicos e biológicos, como a ação das chu-vas, dos ventos, dos seres vivos, nas diferentes situações de relevo, num dado espaço de tempo, que pode levar milhares de anos para acontecer, dependendo das condições locais. Componente fundamental do ecossis-tema terrestre, o solo é o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação. Este recurso proporciona fatores de crescimento como suporte, água, oxigênio e nutrientes para que as raí-zes possam realizar sua função de nutrir as plantas.

Os recursos edáficos (solo) exercem ainda uma multiplicidade de fun-ções para manutenção da vida sobre a Terra, quais sejam: a) regulação da distribuição, armazenamento, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação; b) armazenamento e ciclagem de nutrientes e, c) ação filtrante e protetora da qualidade da água.

Abrigo para diversas espécies, como roedores, minhocas, formigas, fungos, bactérias, entre outros organismos, é o solo ainda matéria pri-ma ou substrato para obras civis (casas, indústrias, estradas), além de cerâmica e artesanato, utilizado pelo ser humano para sua segurança, conforto e embelezamento.

Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em fun-ção da ação antrópica – uso inadequado pelo ser humano, o que afeta severa-mente o desempenho de suas funções básicas, resultando em interferências negativas no equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais direta-mente a interferência humana, como os sistemas agrícolas e urbanos.

A degradação dos solos avança acelerada, causando prejuízos ambien-tais e danos à saúde vegetal, animal e humana. É possível observá-la em diversos processos, como na redução da fertilidade natural das terras, diminuição da matéria orgânica, perdas pronunciadas de solo e água por erosão hídrica e eólica; contaminação do solo por resíduos urbanos e industriais (inclusive lixo), alteração do solo e das paisagens para obras civis, decapeamento do solo para fins de exploração mineral, salinização das áreas em decorrência dos sistemas de irrigação mal dimensionados e mal conduzidos aliado ao uso e manejo inadequado.

Na maioria das vezes a comunidade não valoriza este recurso natural, sobretudo porque não é visto com frequência, já que os ambientes por onde se caminha estão geralmente asfaltados ou cobertos pela frieza do concreto e aparentemente não temos necessidades diárias que nos re-

solodia nacional da conservação do

metam a sua presença, por isso muitas vezes as pessoas esquecem que o solo faz parte do ambiente, e é essencial à existência da vida sobre os continentes.

O solo é a ‘pele da terra’ e essa metáfora nos remete a ideia de que sua proteção é uma urgência para minimizar os impactos das ações lesivas impostas pelo ser humano ao longo do processo civilizatório.

Na perspectiva da Agroecologia o solo é visto como sistema complexo, dinâmico, vivo, onde milhões de manifestações de vida interagem constantemente para geração da vida. Para Ana Maria Primavesi, pioneira dos estudos de preservação do solo e precursora do movimen-to orgânico no Brasil, “solo sadio leva à planta sadia, consequentemente deixa o homem sa-dio”. A professora quase centenária ainda via-ja o mundo disseminando orientações de uso sustentável do solo, sempre na perspectiva do manejo agroecológico, numa missão de escla-recimento que se fez divina em sua existência.

Com a professora Primavesi compreende-mos que somente o processo de educação - a aquisição e disseminação de informações sobre o papel que o solo exerce, e sua impor-tância na vida do homem, permitirá o des-pertar de uma consciência pedológica, con-dição primordial para promover sua prote-ção e conservação, e garantir a manutenção de um ambiente sadio e sustentável para as gerações do presente e as que virão.

Nossa existência está diretamente ligada ao solo. De nossa relação com este recurso natural depende o futuro da humanidade. É pois, tempo de refletir sobre o que estamos fazendo com a terra em que pisamos. É tem-po de lançar um novo olhar sobre os nossos solos, sobre os solos jovens dos Semiáridos. É mais do que tempo de desenvolvermos sen-timento de afetividade e de pertencimento ao nosso meio, que se evidencia no cuidado com o Solo e respeito à Natureza. *Professora de solos do cDsa/uFcGFonTe: www.cDsa.uFcG.eDu.br/PorTal/inDex.PhP?oPTion=com_conTenT&View=arTicle&iD=1823:Dia-nacional-Da-conserVacao-Do-solo-15-De-abril&caTiD=92:arTiGos&iTemiD=460

o dia nacional da conservação do solo é comemorado no dia 15 de abril, mas a preocupação com ele deve ser uma presença diária, pois da manutenção de sua qualidade depende a existência humana. estudos têm estimado os danos da erosão em 44 bilhões de dólares por ano só nos estados Unidos e 38 bilhões de euros na União europeia

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mercado mundial de energia solar deve crescer

20% em 2014

a alta vem acompanhada de uma mudança entre as potência solares – a china agora lidera as instalações e a alemanha vê seu apetite solar reduzir

o mercado de energia solar poderá viver Um Bom momen-to em 2014. segUndo previsões da BloomBerg new energy fi-nance (Bnef), o setor deve crescer 20% em todo o mUndo. A expectativa é que mais 46 gigawatts (GW) sejam adicionados.

A alta acompanha uma mudança entre as potência solares. Depois de dominar a indústria por mais de seis anos, a Alemanha deverá instalar meros 3,3 GW este ano, destaca a PV Magazine, publicação especializada no setor, que teve acesso à previsão.

A principal potência solar da Europa está ficando à sombra do dragão chi-nês, cada vez mais faminto por energia limpa. Em 2013, a China bateu re-corde mundial de instalação de projetos fotovoltaicos, que somaram 12 GW.

Isso é quase a capacidade solar total instalada dos Estados Unidos. Para 2014, o país planeja instalar mais 14 GW.

O Japão é agora o segundo país com maior instalação solar do mundo e pode chegar a 10,5 GW em 2014. Já os EUA devem instalar de 5 a 6 GW, o que o torna o terceiro na lista. FonTe: exame

cemitérios

75% dos cemitérios públicos têm problemas ambientais, principalmente com vazamento do necrochorume

levantamento de Um dos maiores especialistas no assUnto indica QUe 75% dos cemitérios púBlicos do Brasil têm proBlemas amBientais, principalmente com vazamento do necrochorUme – líQUido oriUn-do da decomposição dos corpos – para lençóis freáticos.

Geólogo, mestre em engenharia sanitária e professor da Universidade São Judas, Lezí-ro Marques Silva, que vistoriou 1.107 cemi-térios, prepara estudo nacional com estatís-ticas sobre o assunto. Segundo ele, os cemi-térios sofrem principalmente com falta de cuidado com a escolha do local e desleixo na impermeabilização das sepulturas.

Ele diz que, seis meses após a morte, um corpo de 70 quilos perde até 30 quilos em forma de necrochorume. “A ironia é que se o lençol freático está muito perto do solo, esse material pode viajar pela água e contami-nar os vivos com uma série de doenças”.

O geólogo ajudou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-rais Renováveis (Ibama) a fazer resoluções cobrando mais cuidado com as covas. Se-gundo ele, o fundo das sepulturas deve ser impermeabilizado ou o caixão, forrado por fora com manta de tecido especial. FonTe: Gerais soliDiFicação

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mudanças climáticas

cientistas do painel intergoverna-mental soBre mUdanças climáticas, ipcc na sigla em inglês, divUlgaram no fim de março o segUndo capítUlo de Um relatório soBre o clima e conclUíram QUe são “altamente confiáveis” as pre-visões de QUe danos residUais ligados a eventos natUrais extremos ocorram em diferentes partes do planeta na se-gUnda metade deste sécUlo.

E isso deve acontecer mesmo se houver corte substancial de emissões de gases de efeito es-tufa nos próximos anos.

Chamado de “Sumário para os Formuladores de Políticas, o texto, que analisou o impacto, adaptação e vulnerabilidade do planeta me-diante às mudanças climáticas, aponta ainda que a população pobre, principalmente de pa-íses tropicais, como o Brasil, será a mais afe-tada por situações de seca e inundação, com risco de insegurança alimentar, caso não haja planejamento para adaptar culturas agrícolas às possíveis realidades.

O documento é o segundo volume do quinto Relatório de Avaliação elaborado pelo painel da Organização das Nações Unidas (ONU) e as in-formações são complementares ao primeiro ca-pítulo do relatório, divulgado em setembro pas-sado, que abordava A Base das Ciências Físicas.

Nele há afirmações sobre o estado climático atual e previsões de como será a mudança glo-bal até 2100. Elaborado após uma semana de calorosas negociações em Yokohama, o capítu-lo vai ajudar a trilhar negociações entre gover-nos para criar uma política internacional que reduza as emissões de gases e, com isso, frear o aquecimento global. Uma terceira parte do re-latório deve ser divulgada ainda este ano.

Vulneráveis ao climaO segundo capítulo do relatório aponta que

populações pobres que vivem em regiões costei-ras podem sofrer com mortes e interrupções dos meios de subsistência devido ao aumento do ní-vel do mar e que altas temperaturas em localida-des semi-áridas poderão causar grandes perdas para agricultores com poucos recursos, o que au-mentaria o risco de insegurança alimentar.

Áreas tropicais da África, América do Sul e da Ásia devem sofrer com mais inundações, devido ao aumento de tempestades. Aquelas

já vulneráveis, que registram constantemente enchentes e deslizamen-tos de terra, como o Sudeste do Brasil, podem sofrer graves consequências com o acréscimo do volume de chuvas.

Sobre os recursos hídricos, o texto afirma que há fortes evidências de uma redução da oferta de água potável em territórios subtropicais secos, o que aumentaria disputas pelo uso de bacias hidrográficas – algo seme-lhante ao que acontece atualmente entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com a disputa pelo uso da água do Rio Paraíba do Sul para abas-tecer o Sistema Cantareira.

O texto estima também uma elevada perda de espécies de plantas e animais pela pressão humana, como a poluição e o desmatamento de florestas, além de redução dos recifes de corais no Caribe e costa de pa-íses tropicais, como o Brasil, por conta da acidificação, fenômeno causa-do pelo excesso de CO2 na atmosfera.

Impactos no BrasilJosé Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre,

ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é um dos au-tores do novo capítulo elaborado pelo IPCC. Ele conversou com o G1 di-reto de Yokohama, onde aconteceu a conferência, e detalhou o impacto da mudança climática sobre o Brasil. Segundo Marengo, que cuidou do trecho sobre as Américas Central e do Sul, foi reduzida a ameaça de sa-vanização da Amazônia pelo aumento da temperatura entre 2ºC e 4ºC até 2100, conforme diagnóstico divulgado em 2007 pelo próprio IPCC.

Isso, segundo ele, não diminui a preocupação sobre o bioma, que pode sofrer graves consequências por alterações no regime de chuva, desmata-mento e temperatura maior no leste e sul amazônicos.

“O que se observa agora é que a floresta amazônica deve resistir. Talvez a situação não seja tão grave, mas a preocupação persiste”.

Ele explica ainda que o Sudeste do Brasil, Buenos Aires, na Argentina, e localidades nos Andes devem sofrer com o excesso de chuvas, principal-mente cidades que já são vulneráveis atualmente, com registros de ala-gamentos e deslizamentos de terras. “Os extremos ficarão constantes. No futuro, deverá ocorrer muita chuva acumulada em poucos dias, além de mais dias secos e de mais calor”, explica.

Adaptação na agriculturaO texto traz também informações sobre a necessidade dos países inves-

tirem na adaptação de diversas áreas para enfrentar as mudanças no cli-ma. Um dos pontos principais é sobre a questão agrícola.

O brasileiro Marcos Buckeridge, também autor do texto do IPCC, explica que a segunda parte do relatório alerta governos sobre possíveis danos à produção de alimentos que podem ser evitados com investimentos na biotecnologia e em técnicas que possibilitem um plantio de qualidade em áreas já degradadas, sem a necessidade de expansão para áreas preserva-das – o que resultaria em desmatamentos.

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painel de cientistas divulgou segunda parte do quinto relatório climático. documento vai nortear negociação de países para cortar emissão de gases

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Ele conta que isto evitaria perdas na produtividade causadas pelo aumen-to de CO2. Se por um lado o excesso desse gás contribui no crescimento de ar-roz, soja ou milho, por exemplo, as emissões reduzem o teor de proteína das sementes e podem provocar queda na qualidade do alimento. Isso afetaria a produção de comida para abastecer a população mundial, em constante crescimento. “Como medida de adaptação sugerimos que lancemos mão de tudo que pudermos para ajudarmos as plantas”, disse o pesquisador.

Previsões científicasO primeiro capítulo, divulgado em 2013, afirmava que há mais de 95% (ex-

tremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau. O documento apontava ainda que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentra-ções atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumenta-ram para “níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos”.

Sobre as previsões, a primeira parte trouxe também a informação de que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.

Os 259 pesquisadores-autores de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, estimaram ainda que, no pior cenário possível de emissões, o ní-vel do mar pode aumentar 82 centímetros, prejudicando regiões costei-ras do planeta, e que o gelo do Ártico pode retroceder até 94% durante o verão no Hemisfério Norte. FonTe: G1, em são Paulo

Principais destaques:• Recursos hídricos: possível redução da oferta de água potável em regiões subtropicais secas e aumento de disputas por água;• Biodiversidade: projeções sugerem uma elevação do risco de extinção de espécies no século 21 por pressões como a poluição e o aumento de espécies invasoras;• Ecossistema marinho: há risco de queda de populações em zonas tropicais devido ao aumento da temperatura e à acidificação. Rendimentos de pesca devem cair;• Produção de alimentos: sem adaptação e com elevação da temperatura 1ºC, cultivo de arroz, trigo e milho em áreas tropicais, como na América do Sul, podem sofrer impacto negativo.• Amazônia: foi reduzida a ameaça de savanização pelo aumento da temperatura;• Inundações: populações de áreas costeiras devem sofrer com aumento do nível do mar. Nas cidades, maior quantidade de chuvas deve causar enchentes e deslizamentos de terra.

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dia do índio

Um levantamento da secretaria especial de saúde indígena (sesai) oBtido pela BBc Brasil por meio da lei de acesso à in-formação revela QUe indicadores da QUalidade do serviço de saúde prestado aos índios estão em patamar mUito infe-rior aos do resto da popUlação.

Os dados detalham todas as mortes de índios registradas desde 2007 em cada um dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que englobam uma população de cerca de 700 mil índios. As informações de 2013 estão incompletas.

O levantamento mostra que nos últimos sete anos 2.365 índios morreram por causas externas (acidentes ou violência), dos quais 833 foram vítimas de ho-micídio. Outras 228 mortes por lesões não tiveram sua intenção determinada. Não há informações sobre a autoria dos crimes.

O DSEI Mato Grosso do Sul responde pelo maior número de assassinatos de índios: 137 nos últimos sete anos. Na reserva de Dourados, área indígena visi-tada pela BBC Brasil, moradores evitam circular à noite por medo de ataques.

Delmira Cláudio, índia guarani kaiowá, teve três filhos assassinados den-tro da reserva, todos com menos de 30 anos. Líderes da comunidade atri-buem a violência à inoperância policial, ao aumento de moradores não ín-dios e à venda de álcool dentro da reserva.

Os suicídios, por sua vez, foram a causa de 351 mortes de indígenas desde 2007. A região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas, registrou mais casos, 104. Um artigo recente da pesquisadora Regina Erthal apontou como principal

causa para o fenômeno, comum entre o povo ti-cuna, o acirramento de conflitos que têm como base “o abandono a que tal população tem sido submetida pelos órgãos responsáveis pela defi-nição e implementação das políticas públicas”.

Caso fosse um país e levando em conta os da-dos de 2012, o DSEI Alto Solimões teria a segun-da maior taxa de suicídios por habitante do mundo, 32,1 por 100 mil, atrás apenas da Gro-enlândia. O índice entre os índios brasileiros é de 9 suicídios por 100 mil e, no país, 4,9.

Comparações entre os padrões de morte dos índios e dos demais brasileiros em 2011, último ano em que há dados gerais disponíveis, reve-lam outras grandes discrepâncias.

Enquanto entre os índios as mortes se con-centram na infância e só 27,4% dos mortos têm mais de 60 anos, na população geral os com mais de 60 respondem por 62,8% dos óbitos. Nas últimas décadas, avanços no sistema de saúde reduziram as mortes por doenças infec-ciosas e parasitárias entre os brasileiros para 4,5% do total. Entre os índios, o índice é de 8,2%.

cerca de 40% de todas as mortes entre índios brasileiros registradas desde 2007 foram de crianças com até 4 anos. o índice é quase nove vezes maior que o percentual de mortes de crianças da mesma idade (4,5%) em relação ao total de óbitos no Brasil no mesmo período

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a cada 100 índios mortos no Brasil,Hoje quase a metade das mortes no Brasil se deve a doenças mais com-

plexas e difíceis de tratar: problemas no aparelho circulatório (30,7%) e câncer (16,9%).Já entre os índios doenças respiratórias, como gripes que evoluem para pneumonia, ainda são a principal causa de morte (15,3%). Cânceres respondem por apenas 2,9% dos óbitos entre indígenas.

Desde o fim de janeiro, a BBC Brasil espera a resposta a um pedido de en-trevista com o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para tratar das informações que embasam esta reportagem.

Questionamentos à secretaria sobre as mortes de crianças e as ações para combatê-las foram ignorados, apesar de numerosos e-mails e telefonemas. A BBC Brasil ainda tentou tratar dos temas com o novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e com o ex-ministro Alexandre Padilha, responsável pela pasta entre 2011 e o início deste ano. Os pedidos de entrevista foram igualmente recusados.

Para o médico Douglas Rodrigues, especialista em saúde indígena da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a alta mortalidade entre crianças mostra que atendimento a índias gestantes e recém-nascidos ainda deixa muito a desejar.

Ele diz que as mortes de índios por doenças infecciosas têm duas razões principais: a maior vulnerabilidade de alguns grupos mais isolados a es-sas doenças e falhas na assistência médica. “O mais grave é que essas do-enças são evitáveis. Não dá para aceitar que em pleno século 21 tantos ín-dios morram por doenças infecciosas.”

O professor diz que, nas últimas décadas, houve grandes avanços nos serviços de saúde para os índios. Em 1999, a União assumiu a responsabi-

lidade pela saúde indígena, que passou a ser gerenciada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Em 2010, com a criação da Secreta-ria Especial da Saúde Indígena (Sesai), subor-dinada ao Ministério da Saúde, as ações pas-saram a ser geridas por um órgão exclusiva-mente voltado aos índios.

No entanto, segundo o professor, a acelerada melhora nos índices verificada até o início da última década praticamente se interrompeu.

Ele cita os dados de mortalidade infantil entre os índios. Segundo uma apresentação da Sesai, a taxa despencou de 74,6 para mil nascidos vi-vos, em 2000, para 47,4, em 2004. No entanto, de 2004 a 2011, o índice diminuiu em velocida-de bem menor, para 41,9. No Brasil, a mortalida-de infantil em 2011 foi de 15,3. E diferentemen-te do histórico entre os índios, o índice nacional segue baixando em ritmo uniforme.

“Saiu-se de uma situação de quase desassis-tência aos índios e foi se aumentando o nú-mero de pessoas e lugares em que há profis-sionais, o que teve um impacto muito grande. Mas depois de 2005 houve uma estabilização, o que é preocupante”, diz Rodrigues. “Agora é o momento de fazer um ajuste fino, de me-lhorar a qualidade”. FonTe: ihu online / bbc

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dia do índio

nós, povos da floresta do vale do jU-rUá, reUnidos no seminário “petró-leo, você compra a natUreza é QUem paga: vale do jUrUá, constrUindo al-ternativas”, organizado pelo conse-lho indigenista missionário (cimi) e realizado de 19 a 21 de março de 2014, viemos manifestar nossa prioridade de defender a todo cUsto a vida, estan-do portanto preocupados com a exploração de petróleo e gás na nossa região, bem como com a implementação de projetos de pagamentos por serviços ambientais, a exemplo do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação fl orestal).

Após tomarmos conhecimento das consequ-ências desastrosas e irresponsáveis da explo-ração petroleira em outros lugares da Amazô-nia, como Bolívia, Peru e Equador (Parque Na-cional Yasuni), entendemos que a vida na fl o-resta está iminentemente ameaçada nos seus alicerces, uma vez que o risco mais evidente é a contaminação das nossas nascentes, o que afetaria drasticamente a vida de todos os se-res não apenas da região amazônica, mas de todo o mundo.

Os discursos ignoram completamente nos-so modo de vida, porque trazem um mode-lo sabidamente fracassado de progresso, que benefi cia grupos cada vez menores, detento-res do grande capital e porque numa lógica inversa, mas igualmente perversa, se arro-gam de especialistas da biodiversidade, mi-nando nossos saberes e vivência, ao impor um modelo trazido pronto.

Tendo por base os parágrafos 6 e 7 da Conven-ção 169 da OIT, que confere aos povos indígenas e tribais a consulta, “mediante procedimentos apropriados” e “o direito de escolher suas pró-prias prioridades no que diz respeito ao pro-cesso de desenvolvimento, na medida em que afete suas vidas, crenças, instituições e bem es-tar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma e de controlar, na medida do possível, seu próprio desenvolvi-mento econômico, social e cultural”, considera-mos ilegítima a implementação de obras que viabilizarão a exploração do petróleo no Vale do Juruá, assim como a criação da Lei 2308, de 22 de outubro de 2010, que cria o Sistema Esta-dual de Incentivos por Serviços Ambientais (Lei SISA). Tivemos nossos direitos violados e exigi-mos revisão imediata desse processo, pois o que se chama de consulta, não atendeu aos critérios estabelecidos pela mencionada Convenção.

vale do Juruá

Queremos ainda reiterar o posicionamento presente na Carta do Acre, de 11 de outubro de 2011 e a Carta da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – Univaja, que, tal como nosso manifesto, rechaçam o modelo desenvolvimentista com suas falsas soluções da Economia Verde.

Dado que nossas lutas históricas foram as únicas responsáveis pelas con-quistas que tivemos até hoje, nós, os povos da fl oresta, nos compromete-mos a fi rmar aliança coletiva, para o enfrentamento deste modelo de mor-te, que vem invadindo nossos espaços de vida.

Desta forma, nos posicionamos veementemente contra a exploração pe-troleira tanto no Vale do Juruá, quanto em toda a Pan Amazônia, por en-tendermos que os grupos afetados não estão restritos à fl oresta, mas aos núcleos urbanos e todas as áreas presentes nas proximidades deste ecos-sistema. Queremos convocar toda a sociedade do Vale do Juruá, que cer-tamente será afetada por uma exploração que apenas retirará nossas ri-quezas e trará transformação daquilo que temos de mais precioso: o nosso modo de vida ainda bastante diverso dos grandes centros insustentáveis.

Participantes:Lideranças dos povos Apolima-Arara do Amônia; Ashaninka do Breu;

Huni kuin do Breu, do Jordão e do Envira; Nawa e Nukini do Môa; Shawan-dawa do Cruzeiro do Vale; Katukina; Jaminawa Arara do Bagé e Igarapé Pre-to; Jaminawa do Bagé; Apurinã do Purus-AM; Marubo do Ituí-AM; Ribeiri-nhos do Val-Paraíso; CIMI; Diocese de Cruzeiro do Sul; CPT de Cruzeiro do Sul; estudantes universitários e secundaristas, professores; agentes de pas-torais; jornalistas e membros da sociedade civil organizada.

Cruzeiro do Sul, 21 de Março de 2014. FonTe: bloG linDomar PaDilha

manifesto dos povos da fl oresta do

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leia o texto integral do manifesto no www.portaldomeioambiente.org.br

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Vivemos a dor de perder a ariel e o eros. não eram castrados e acabaram fugindo numa época de cio. aprendemos a lição pela dor

é um ato de amor

QUem já perdeU Um animal saBe o QUan-to é dolorido, tanto para seUs donos QUanto para os próprios animais, QUe acaBam atropelados oU vão parar nas mãos de gente inescrUpUlosa QUe pro-move crUzamentos para vender filho-tes, no caso de animais de raça mais valorizada, ou mesmo de pessoas boas, que vão cuidar bem do animal, mas que não sabem como devolver os animais por não terem identificação.

Castração é um ato de amor! Crueldade é deixar que se reproduzam gerando filhotes in-desejados e abandonados à própria sorte, su-jeitos a maus tratos, fome, medo, frio. E mais, a castração ajuda na prevenção de doenças como tumor de mama, piometra (infecção do útero), neoplasias em fêmeas; prostatite e hér-nias perianais, em machos.

O ideal é que a cirurgia seja realizada antes dos 6 meses de idade, pois durante este período o animal ainda não iniciou seu ciclo reprodutivo.

A injeção de anticoncepcional (hormônio) em fêmeas não é adequada, pois pode prejudi-car a saúde do animal, e até levar à uma morte sofrida e precoce. O único método de controle populacional indicado pela Organização Mun-dial da Saúde é a castração, tanto de fêmeas quanto de machos.

Muitas cidades no país disponibilizam o ser-viço de castração gratuito, pois é uma medida de saúde pública que evita zoonoses, doenças que podem ser transmitidas do animal para o homem e vice-versa, por exemplo, raiva, lep-tospirose, esporotricose, leishmaniose, toxo-plasmose, criptococose.

Em Niterói/RJ, o serviço de castração é ofereci-do gratuitamente pela Prefeitura, em sua Unida-de de Controle de População Animal, que funcio-na no prédio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), mas deve ser agendada com antecedência pelo telefone (21) 2625-8441. Os trabalhos con-tam com a parceria da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Na cidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura ofe-rece diversos mini-centros de castração gratui-ta da Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais – SEPDA. Para mais informações: (21) 2292-6516/2273-2816/2503 4654/2503 4577 (www.rio.rj.gov.br/defesa_animais/prog_bi-cho_rio.html). * marcelo é diretor da secretaria de meio ambiente de niterói

castração

crueldade é deixar que se reproduzam gerando filhotes indesejados e abandonados à própria sorte, sujeitos a maus tratos, fome, medo, frio

Para saber mais• http://www.ogritodobicho.com/ - um portal da Sociedade Educacional “Fala Bicho” - [email protected]• A protetora Luiza Pinheiro disponibiliza uma lista com nomes e telefones onde a castração e outros atendimentos médicos podem ser realizados nos animais, ou gratuitamente ou a preços bem populares. A lista está disponível no site https://adocaocaes.wordpress.com/2011/09/15/rj-lista-de-veterinarios-e-outros-atendimento-gratuitos-bom-guardar-esta-lista/• No Facebook os leitores encontram também várias páginas muito interessantes que fornecem dicas e informações importantes sobre os animais: https://www.facebook.com/irmaoanimalrj?ref=stream

Primeiros animais são castrados pelo “castra móvel”Em Brasília, foi lançado o “Castra Móvel” que veio para complementar o sistema de atenção aos animais domésticos junto com o Hospital Veterinário do DF, já em construção. O objetivo da iniciativa é castrar 70% da população animal de cada região administrativa de cães e gatos com mais de 2 meses de idade, através de um procedimento simples e minimamente invasivo que só leva entre 5 e 10 minutos. A unidade ficará durante 1 semana em cada região administrativa e realizará atendimentos pré-agendados e gratuitos.

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o mapa, Uma plataforma interativa, é o resUltado do traBalho de Uma eQUi-pe internacional de especialistas co-ordenados pelos pesQUisadores do ins-titUto de ciência e tecnologia amBien-tal da Universidade espanhola.

Entre os 58 conflitos ambientais em curso no Brasil há disputas agrárias como o caso de Lá-brea, cidade no Amazonas próxima à fronteira com o Acre e Rondônia, onde agricultores são vítimas da ameaça de madeireiros e grileiros. Há ainda diversos conflitos indígenas, disputas por recursos hídricos e por reservas minerais.

No caso da Vale, 14 das 15 disputas em que a empresa está envolvida ocorrem na Améri-ca Latina, especialmente no Brasil, mas há ca-sos também na Colômbia, no Peru e no Chile. O mapa cita ainda um conflito entre a mineradora e agricultores em Moçambique. Segundo o arti-go do pesquisador da Fiocruz Marcelo Firpo Por-to mostrado na seção sobre o Brasil, apesar de o país ter passado por um processo de industria-lização e não ser mais exclusivamente agrário, seu modelo de exportação “reproduz o padrão da América Latina e continua concentrado na exploração dos recursos naturais, com commo-dities crescendo em importância em relação a produtos manufaturados nos últimos anos”.

“Conflitos ambientais no Brasil que aparecem no mapa do Ejolt (Environmental Justice Orga-nizations, Liabilities and Trade, um projeto euro-peu de organizações de justiça ambiental) refle-tem esse modelo de desenvolvimento adotado pelo governo brasileiro”, afirma o pesquisador.

Porto afirma que vários conflitos estão as-sociados à expansão da agricultura, minera-ção, hidroelétricas e exploração de petróleo em áreas de terras altas e no litoral – e destaca entre as áreas afetadas os territórios de comu-nidades tradicionais que, historicamente, vi-viam de forma sustentável.

“Essas populações continuam vivendo à mar-gem do sistema político e sem políticas públicas que reconheçam e garantam sua subsistência e territórios. Conflitos de terras envolvem dispu-tas entre setores econômicos e índios, quilom-bolas, ribeirinhos, extrativistas (como o serin-gueiro assassinado Chico Mendes), pescadores artesanais e um grande número de comunida-des rurais que tradicionalmente exploram cole-tivamente a terra e os recursos das florestas.”

denúncia

em um projeto inédito, a Universidade autônoma de Barcelona mapeou conflitos ambientais em todo mundo. no mapa, infelizmente, o Brasil é um dos destaques

ambientaismapa inédito coloca o Brasil em 3º lugar em conflitos

O pesquisador aponta que muitos conflitos também estão associados à construção de obras de infraestrutura e geração de energia, como estra-das, ferrovias, oleodutos, complexos portuários, hidroelétricas e termelé-tricas, e até fazendas de energia eólica.

E na lista de conflitos ambientais no Brasil apontados no mapa do Ejolt es-tão empreedimentos como o gasoduto Urucu-Coari-Manaus, da Petrobras, o complexo petroquímico de Itaboraí, no Rio de Janeiro, a usina hidroelétrica de Aimorés, a exploração de petróleo e gás em Coari, no Amazonas, entre outros.

“O mapa mostra como os conflitos ecológicos estão aumentando em todo o mundo, devido a demanda por materiais e energia da população mundial de classe média e alta”, afirmou Joan Martínez Alier, diretor do Ejolt.

“As comunidades mais impactadas por conflitos ecológicos são pobres, frequentemente indígenas e não têm poder político para ter acesso à justiça ambiental e aos sistemas de saúde”, acrescentou.

O mapa permite que os usuários localizem e visualizem conflitos por tipo de material (minerais, hidrocarbonetos, água ou resíduos nucleares), por compa-nhias envolvidas e por países. Na América Latina o maior número de casos do-cumentados pelo mapa estão na Colômbia, com 72 casos, Brasil, com 58, Equa-dor, 48 conflitos ambientais, Argentina, 32, Peru, 31, e Chile com 30 casos.

A iniciativa, que contou com a participação de 23 universidades e organi-zações de justiça ambiental de 18 países, tem vários objetivos. Entre eles, tor-nar mais acessível a informação e dar mais visibilidade a estes problemas.

Os criadores do projeto esperam que novas organizações civis e especia-listas contribuam para preencher os espaços ainda vazios no mapa com mais pontos de conflito e informações.

Por enquanto, apesar de os milhares de conflitos assinalados ainda desper-tarem pessimismo, os responsáveis pelo mapa apontam para sinais positivos.

“O mapa mostra tendências preocupantes como a impunidade de compa-nhias que cometem crimes ambientais ou a perseguição dos defensores do meio ambiente, mas também inspira esperança”, disse Leah Temper, coorde-nadora do projeto. “Entre as muitas histórias de destruição ambiental e re-pressão política, também há casos de vitórias na justiça ambiental.”

Temper afirma que este é o caso em 17% dos conflitos analisados: ações foram vencidas na justiça, projetos foram cancelados e bens foram devol-vidos para algumas comunidades. FonTe: bbc brasil

os pontos indicam, com cores diferentes, cada um dos tipos de conflitos relacionados ao meio ambiente. Para acessar o mapa: http://www.ejatlas.org

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a morte do empresário e amBientalis-ta ivo Barreto filho, de 48 anos, assas-sinado no Bairro de nazaré, em salva-dor, ocorreU QUase cinco horas depois dele ter participado de Uma reUnião a convite da comissão de meio amBiente, seca e recUrsos hidricos, da assemBleia legislativa da Bahia. O deputado Leur Lo-manto Jr. (PMDB), presidente da comissão, expli-cou, em conversa na tarde de 20 de março, que ele fez denúncias sobre uma indústria que pro-duz óxido de titânio no Litoral Norte. Foi aprova-da a realização de uma audiência pública sobre o tema, ainda sem data definida.

“Ele apresentou uma pauta com perguntas para sejam esclarecidas questões como reno-vação ambiental, as condicionantes para a re-novação da licença, denúncias de crimes am-bientais. Ele tinha filmagens subaquáticas mostrando que o fundo do mar estaria compro-metido e uma série de outras coisas”, relatou o parlamentar sobre as acusações à empresa.

O encontro foi intermediado por Heraldo Rocha, vice-presidente estadual e presiden-te do diretório municipal do DEM. Segundo o ex-deputado, Ivo Filho entrou em contato com ele pelo Facebook. “Ele veio na minha casa, conversou comigo. Conheci ele como ambientalista e ele me disse que tinha esse estacionamento. Ele é um idealista. Tomei um choque com o assassinato, ele estava sempre muito tranquilo. Nunca fez queixa e nunca me pediu nada”, afirmou.

Heraldo Rocha acompanhou o depoimento dele na Alba e conta que a denúncia feita na ocasião foi investigada pelo Ministério Pú-

blico da Bahia, por meio do promotor de Justiça Luciano Pita. O MP-BA informou que Pita está de férias e só poderia comentar o assunto quan-do retomasse as atividades. “Ele [Ivo] me pegou em casa e fui com ele no carro, orientando como ele deveria falar na comissão. Disse que deveria implantar uma ONG e que ele centralizasse o relato na questão da em-presa. Vou acompanhar até o fim esse processo”, conta.

O sepultamento do empresário ocorreu no cemitério Jardim da Saudade. Três testemunhas já foram ouvidas pela delegada Mariana Ouias, destina-da à investigar o caso pelo Departamento de Homicídios. De acordo com a delegada, ainda é cedo para precisar se foi latrocínio ou homicídio. Mais pessoas devem prestar depoimento. Imagens da câmera de segurança fo-ram solicitadas para ajudar a localização do autor dos disparos.

O crime“Estávamos eu, ele, a esposa dele e um funcionário sentados no esta-

cionamento, quando ele pediu que eu fosse pegar a carteira dele no car-ro. Foi quando ouvi os disparos”, relata Rodrigo Figueiredo, sobrinho de Ivo Filho.Segundo o sobrinho da vítima, ele foi buscar o objeto no carro que estava estacionado em frente à residência da mãe do ambientalista, que fica na região de Nazaré. “Depois que ouvi os tiros, saí correndo para ver o que tinha acontecido e ele estava sentado, caído na cadeira e com vários disparos”, relatou.

Rodrigo Figueiredo informou que o empresário chegou a ser levado para o Hospital Santa Izabel, na capital baiana, mas não resistiu aos ferimentos. A 2ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foi acionada, mas chegou ao local depois que o socorro já havia sido prestado pela família da vítima.

O sobrinho ainda relatou que os disparos foram efetuados por um ho-mem que levou o celular do funcionário do estacionamento e alguns obje-tos da família. “Ele era uma pessoa do bem. Não fazia mal a ninguém e não tinha inimigos”, disse. O ambientalista Ivo Barreto era casado e tinha uma filha de 15 anos, que mora com a mãe, ex-mulher do empresário.

A vítimaIvo Barreto mantinha um site para denunciar crimes ambientais. Além

das acusações sobre a empresa que estariam poluindo praias da Linha Ver-de, ele fez denúncias sobre a retirada de areia do Parque do Abaeté.

Amigos da vítima vinham alertando sobre a causa de Ivo, alegando que ele poderia correr riscos pelo trabalho desempenhado. “A gente dizia para ele que era muito perigoso o que ele fazia e pedíamos para ele se afastar, mas ele sempre dizia que não, que ele fazia o que ele gostava”, disse João Ferreira, um dos amigos do empresário e ambientalista.

Essa é a segunda vez que dona Beloína Couto, 73 anos, mãe de Ivo, per-de um filho. “Ele era um menino bom, que amava as pessoas, amava os animais, os rios, os oceanos e as árvores. Ele queria melhorar os huma-nos, melhorar a terra”, disse a mãe da vítima. FonTe: G1 bahia / Fórum rebia sul

encontro com comissão do meio ambiente foi na assembleia legislativa. empresário fez denúncias contra empresa que fabrica óxido no litoral norte

ambientalista assassinadose reuniu com deputados pouco antes de crime

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o corpo de ivo barreto Filho foi enterrado no cemitério jardim da saudade, em salvador

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política ambiental

r$ 1,3 bi para ambienteestados têm e não usam

pelo menos r$ 1,3 Bilhão referente a pagamentos de com-pensações amBientais está disponível nos estados Brasilei-ros para aplicação no manejo de Unidades de conservação, mas somente 15,8% estão sendo execUtados. Essa é a conclusão de um estudo feito pela ONG The Nature Conservancy (TNC), que mapeou os valores junto aos próprios órgãos ambientais do País.

O levantamento, com base em formulários encaminhados aos órgãos am-bientais e por meio de entrevistas com os responsáveis, observou que, ape-sar de a maior parte dos Estados já ter uma legislação específica sobre com-pensação ambiental, o nível de execução do recurso ainda é limitado.

“Em geral, vimos que poucos têm capacidade institucional e estrutura de governança. É um ponto recorrente a falta de orçamento e de pessoal. Mas mesmo os que têm isso não apresentam critérios claros ou transparência para o uso dos recursos”, afirma Gustavo Pinheiro, um dos líderes do estudo e coordenador de Infraestrutura Inteligente da TNC.

Essa verba tem de ser paga no momento do licenciamento pelos mais di-versos empreendimentos – como usinas, indústrias, abertura de rodovias, mineração, etc – para compensar possíveis danos ao ambiente causados por sua construção.

Pela lei que estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), em 2000, a quantia (definida em até 0,5% do valor do investimento) tem de ser aplicada nas unidades de conservação diretamente afetadas ou, quando não é o caso, em outras unidades.

O estudo da TNC mostrou que a primeira etapa desse processo – o paga-mento por parte do empreendedor – até é feita, mas o problema é a aplica-ção nas unidades de conservação.

“Encontrar mais de R$ 1 bilhão em caixa superou em muito nossa expecta-tiva. Mostrou um avanço do processo normativo, mas que ainda não reflete em execução, só em arrecadação”, afirmou Pinheiro.

DescentralizaçãoO pesquisador comparou a situação dos Es-

tados com o recurso federal. De acordo com Pi-nheiro, uma análise semelhante feita com as compensações provenientes de grandes obras nacionais de infraestrutura chegou ao valor de R$ 900 milhões destinados ao longo de dois anos, até o fim do ano passado. “Acháva-mos que nos Estados o volume seria inferior”, disse. “Mas o que vimos é que o licenciamento ambiental descentralizado, que deixou de fi-car somente a cargo do Ibama, se tornou uma fonte de recursos importante.”

Segundo Pinheiro, isso trouxe a vantagem de aproximar o controle de quem mais vai ser im-pactado, mas os desafios para os Estados apli-carem bem esse dinheiro ainda são grandes. “A mudança colocou pressão sobre os órgãos ambientais que tradicionalmente são estrutu-ras pequenas e frágeis. A pouca ou nenhuma execução do recurso mostra isso”, afirmou.

Os 26 Estados mais o Distrito Federal foram procurados pela ONG e 18 responderam ao formulário. Doze disseram qual o montante destinado e quanto foi executado. Os demais só trouxeram dados sobre a destinação. Nove Estados (Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas, Piauí, Rio Grande do Norte, Rorai-ma, Santa Catarina e Sergipe) nada informa-ram. De acordo com o levantamento, somen-te Amazonas e Alagoas disseram ter executa-do tudo o que receberam – R$ 21,7 milhões e R$ 1,14 milhão.

São Paulo, líder em destinação (R$ 341,48 mi-lhões de 2002 a 2013), não forneceu informa-ções sobre execução. Ao Estado, porém, infor-mou que 24,39% foram executados ou estão em execução.

Já o Rio, o segundo Estado com o maior volu-me de destinação (R$ 341,42 milhões de 2007 a 2012), declarou à TNC ter executado 17,2% (R$ 58,7 milhões). Ao Estado, a Secretaria de Meio Ambiente do Rio informou que o valor aplica-do foi maior. De acordo com o órgão, já foram executados, por meio do Fundo da Mata Atlân-tica, R$ 80,6 milhões e mais R$ 37 milhões vêm sendo aplicados em projetos. FonTe: o esTaDo De são Paulo

recursos de compensações de obras, como rodovias, mineração e usinas, que deveriam ser aplicados em unidades de conservação, estão parados

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meio ambientelegislação Brasileira sobre ecoleitura

a pUBlicação reúne leis, decretos e de-mais atos normativos relacionados ao meio amBiente em sete cadernos temáticos, nos quais incluiu, em cada um deles, texto introdutório que explica o conte-údo das normas, concatenando-as entre si e com a Constituição Federal.

Os sete temas são: Fundamentos Constitucio-nais e Legais, Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, Temas Internacionais I, Te-mas Internacionais II, Recursos Hídricos, Quali-dade Ambiental e Desenvolvimento Urbano e Regional. Legislação atualizada em 10/9/2013.

A organização é de Roseli Senna Ganem. FonTe: eDiçÕes cÂmara

coleção disponibilizada conta com 7 cadernos

baixe os cadernos no Portal do meio ambiente:• Caderno 1 (Fundamentos Constitucionais e Legais) – www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/58?itemid=0

• Caderno 2 (Instrumentos da Política Nacional do meio ambiente) – www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/61?itemid=0

• Caderno 3 (Temas Internacionais I) – www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/57?itemid=0

• Caderno 4 (Temas Internacionais II): www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/62?itemid=0

• Caderno 5 (Recursos Hídricos): www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/56?itemid=0

• Caderno 6 (Qualidade Ambiental):www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/60?itemid=0

• Caderno 7 (Desenvolvimento Urbano e Regional): www.portaldomeioambiente.org.br/component/jdownloads/fi nish/23/59?itemid=0

meio ambiente

mais um serviço disponibilzado pela rebia com largo alcance nas redes sociais: mais de 14 mil acessos

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em decisão histórica, a corte inter-nacional de jUstiça decidiU QUe a caça “científica” de Baleias pratica-da pelo japão no santUário de Baleias do oceano aUstral não tem nada de científica, e ordenoU sUa imediata pa-ralisação. A decisão da Corte é inapelável e sua obediência é compulsória. O veredito do caso Austrália x Japão saiu às 6 da manhã (hora do Brasil) do dia 31 de março de 2014.

Foi a notícia perfeita para começar o blog Ambiente Austral em ((o))eco, que explorará os temas ambientais australianos com implica-ções para o planeta e para nós mesmos.

Para entender como o Japão foi derrotado e quais as implicações disso tudo é preciso dar uma olhada no histórico do assunto e sua re-levância para a Austrália, o país que levou o Ja-pão à lona na Corte Internacional enquanto os demais membros da Comissão Internacional da Baleia, inclusive o Brasil, fugiam dessa briga.

Assim como o Brasil, a Austrália também foi um país baleeiro até a segunda metade do sé-culo XX, muito embora tenha operado estações baleeiras próprias e não japonesas, como ocorria aqui na Paraíba até 1985. Lá, entretanto, a caça acabou muito antes, em 1978, como resultado de uma mobilização popular que levou o governo a instalar uma comissão de inquérito para avaliar a atividade. Naquele ano, a Frost Inquiry, condu-zida por Sir Sydney Frost, recomendou a proibi-ção total da caça à baleia em águas australianas, o que foi efetivado naquele mesmo ano.

caça “científica” de baleiascorte internacional proíbe a

Daí em frente, a Austrália não apenas deixou de matar baleias, mas tor-nou-se a mais importante força governamental pela proibição global da caça a esses animais. Foi fundamental a sua atuação para lograr a morató-ria da matança comercial de baleias em 1982 (vigente desde 1986), a criação do Santuário de Baleias do Oceano Austral em 1994, ao redor da Antártida, e o fortalecimento dos usos não-letais das baleias como argumento para a sua conservação e contra a caça. Hoje, a Austrália possui uma indústria de turismo de observação de baleias consolidada, trazendo benefícios eco-nômicos às suas comunidades costeiras na ordem de milhões de dólares/ano, e que vai desde a avistagem de baleias francas a partir de mirantes na Great Australian Bight até nadar com as minkes na Grande Barreira de Co-ral – as mesmas minkes que o Japão, até agora, massacrava impunemente.

Como é que, então, a caça comercial de baleias estando proibida efetiva-mente desde 1986 e a Antártida estando sob a proteção de um Santuário, foi preciso levar o Japão à Corte Internacional para fazer cessar a matança sistemática de baleias no Hemisfério Sul?

Acontece que a regulamentação internacional da caça à baleia é baseada num tratado escrito, literalmente, em outro planeta. Sim, porque uma conven-ção redigida e aprovada em 1946, sem qualquer adaptação ou emenda signi-ficativa desde então, atende às realidades de uma Terra que não existe mais, tamanha a evolução tanto das sociedades como do conhecimento humano, in-clusive dos limites ecológicos de nosso avanço sobre os ambientes e demais espécies vivas. A Convenção Internacional para a Regulamentação da Caça à Baleia deu origem à Comissão Internacional da Baleia até hoje a cargo do “manejo” global dos cetáceos. Essa convenção é um dos textos mais anacrôni-cos e caquéticos a ainda assombrar o Direito Ambiental Internacional. Deste texto consta o hoje famigerado Artigo VIII, que permite aos países-membros, independentemente de outras decisões da Comissão outorgarem-se licenças para captura científica de baleias. Imagina-se que os negociadores do tratado de 1946 pensavam em alguma pesquisa científica que envolvesse aspectos fi-siológicos ou anatômicos das baleias, ou então a obtenção de espécimes para museus, lembrando que àquela época as metodologias de pesquisa não-letal de cetáceos, hoje a norma, ainda não haviam sido desenvolvidas.

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Grupos de interesse no JapãoPara burlar tanto a moratória global da caça comercial de baleias como a

criação do santuário Antártico, logo após a efetivação da moratória, o Japão iniciou um “programa científico” de caça à baleia, que resultou até hoje em nada menos do que 14.000 baleias mortas pelas frotas pelágicas japonesas, a maioria dentro do Santuário. Seria alguma surpresa constatar que a pro-dução científica dessa matança é inversamente proporcional ao volume de carne de baleia colocado no mercado pelo “Institute of Cetacean Research” criado pela poderosíssima Agência de Pesca japonesa para administrar a caça e a venda de carne e gordura de baleia?

Mesmo tendo se beneficiado desse expediente espúrio, o Japão na verda-de não tem um mercado doméstico que absorva essa quantidade de sub-produtos de baleias. Os estoques congelados de carne de baleias no Japão chegam a milhares de toneladas, reflexo da falta de demanda no Japão con-temporâneo por esse tipo de produto. A única razão efetiva para a continui-dade desse massacre em larga escala é outra: corrupção e subsídios esta-tais, da ordem de dezenas de milhões de dólares, concedidos anualmente em regime de compadrio entre a agência estatal de pesca e o tal instituto de pesquisas fajuto. Até doações para as vítimas do tsunami de 2011 chega-ram a ser desviadas para subsidiar a indústria baleeira e manter emprega-dos com gordos salários diversos personagens do esquema.

Para manter essa vigarice minimamente aceita pela Comissão Interna-cional da Baleia, o Japão também “investiu” milhões na compra explícita de votos de pequenos países pobres para que firmassem o tratado e partici-passem da Comissão com a exclusiva missão de votar com o Japão e ler em plenário scripts pré-escritos pelos delegados japoneses, esquema compro-vado e denunciado pela imprensa internacional em 2010, mas vigente até hoje naquele organismo internacional.

Durante anos, Resoluções sem efeito vinculante foram aprovadas pela Co-missão, solenemente ignoradas pelo Japão. Países do hemisfério sul como o Brasil e os demais latinos na Comissão Internacional da Baleia faziam ba-rulho, mas apenas isso – nenhuma atitude mais concreta, por mais absolu-to medo de desagradar o poderoso Japão. Nesse meio tempo, o Greenpeace, que fez seu nome na luta direta contra a caça à baleia, mudou de direção e de rumo, abandonando as baleias antárticas à própria sorte, ainda que siga fazendo propaganda usando baleias como fachada. Apenas a Sea She-pherd, fortalecida pelo apoio da opinião pública mundial, continuou a com-bater os baleeiros japoneses diretamente no Santuário Antártico.

Contra-ataque legal australianoOra, a Austrália não se conformou com essa situação. Com matizes diver-

sos, as forças políticas nacionais sempre tiveram as baleias na sua prioridade de política ambiental. Em 1997, o governo australiano publicou o documento Whales: an Universal Metaphor, no qual consolidava sua política pró-conserva-ção de baleias e apontava rumos para sua atuação política nesse sentido. Além disso, em 2009 o país lançou (e bancou financeiramente) uma parceria inter-nacional de pesquisa não-letal de baleias, a SORP, que vem gerando resultados científicos significativos e provando que não se necessita matar uma só baleia para avançar nos conhecimentos sobre esses animais e seu ambiente.

Ao ver frustradas todas as possibilidades de negociação no âmbito da iner-te e vendida Comissão Internacional da Baleia, a Austrália recorreu à Corte Internacional de Justiça em 31 de maio de 2010, contestando a legitimida-de da caça “científica” japonesa e pedindo sua suspensão. A decisão da corte emitida neste 31 de março deu razão à Austrália, determinando que a caça “científica” japonesa não tem fundamento científico e ordenando sua para-lisação. Além da decisão final da Corte vale uma leitura do voto em separado do Juiz brasileiro, Cançado Trindade, que examina em mais detalhe as ques-tões levantadas pelos australianos e joga luz sobre diversos aspectos da con-

troversa história da Comissão Internacional da Baleia e suas implicações contemporâneas.

Nenhum país que se diz conservacionista na Comissão Internacional da Baleia acompa-nhou a Austrália em seu litígio contra o Japão em defesa das baleias. Apenas a Nova Zelân-dia se apresentou como país interveniente na lide. O Brasil, cuja diplomacia para as baleias continua a ser largamente ornamental – ou seja, o tema aparece na mídia, ministros fa-zem salamaleques, mas compromisso que é bom segue faltando – se fez de morto e recu-sou-se a acompanhar a demanda jurídica aus-traliana, assim como os demais países latinos que fazem parte da comissão. Veremos a to-dos estes em breve tentando deitar-se sobre os louros alheios, sem ter encarado o ônus de enfrentar o Japão formalmente.

Em relação ao Brasil, há que se dizer que o atual Comissário do país na Comissão Inter-nacional da Baleia, o Embaixador Marcus Vi-nícius Pinta Gama, está fazendo das tripas co-ração para elevar as gestões efetivas que o país deveria estar fazendo para avançar na conser-vação das baleias no plano internacional. O recente Workshop Internacional sobre a pro-posta brasileira de um Santuário de Baleias do Atlântico Sul, organizado pelo Instituto Baleia Jubarte na Bahia e que reuniu diversos países para dialogar, inclusive muitos da esfera de in-fluência do Japão, foi um firme passo nessa di-reção, mas que ainda carece de efetivo enga-jamento diplomático no mais alto nível. Em Setembro, na Eslovênia, a proposta do santuá-rio, co-patrocinada por Brasil, Uruguai, Argen-tina e África do Sul, e apoiada fortemente pela Austrália, estará novamente em pauta. Até lá descobriremos se o Brasil finalmente vai se-guir o exemplo australiano ou se, outra vez, morreremos na praia, vítimas de nossa espa-lhafatosa, porém até hoje pouco efetiva, diplo-macia para a conservação das baleias. FonTe: ((o))eco*josé Truda Palazzo jr. é vice-presidente do instituto augusto carneiro, membro Vitalício da Fundação australiana de conservação - acF, e consultor privado em meio ambiente. e-mail: [email protected]

O Japão na verdade não tem um mercado doméstico que absorva essa quantidade de subprodutos de baleias. (...) A única razão efetiva para a continuidade desse massacre em larga escala é outra: corrupção e subsídios estatais

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a rede Brasileira de informação am-Biental (reBia) divUlga este traBa-lho de término de cUrso apresenta-do à Universidade federal do estado do rio de janeiro (Unirio), de aUtoria da pesQUisadora marcella faUstino fernandes Bacha ([email protected]), como forma de contri-BUir para a divUlgação científica amBiental no Brasil.

A proposta da autora foi discutir a memória das baleias, tendo em vista o senso comum sobre elas, o modo relacional do homem para com esse outro ser, o processo de dizimação da espécie, buscando contribuir para a reflexão sobre a museologia clássica e novas possibili-dades analíticas.

O Brasil caçou baleias em seu litoral a partir do ano de 1603 até o ano de 1987 (lei nº 7643), ou seja, 384 anos de matança em território nacional, do que poucos registros podem ser encontrados. Os maiores caçadores deste ce-táceo, no século XVII e XVIII, foram os holan-deses; no XIX a supremacia da pesca ficou por conta dos norte-americanos e ingleses, e no século XX, aos noruegueses e japoneses. Es-tatística da International Whaling Statistics, informam que em apenas 71 anos, de 1868 a 1939, foram mortos 822.381 animais, ou seja, mais de 10 mil por ano.

Alguns dos temas abordados no trabalho:• A baleia como matéria prima – Abordagem histórica dos fatos, onde a baleia está apresen-tada como objeto de estudo. Faz uma amostra-gem de como ocorreu a relação predatória en-tre o homem e as baleias, e como os homens se aproveitaram desses animais, agindo sobre eles como a espécie dominadora. Nesse capítu-lo é destacado o papel do homem na questão da extinção das baleias. Os fatos citados têm li-gação com os testemunhos e iconografia bale-eira, considerando que isso tudo foi produzido no período histórico que está sendo citado.

a baleia em primeira pessoa:iconografia, história, cultura e memória

• Testemunhos e Iconografia da presença baleeira e de sua relação com o homem – Apresenta a situação museística clássica, os testemu-nhos e a iconografia baleeira encontrada no Brasil, os vestígios desse momentos histórico que estão sendo esquecidos pela sociedade. Para tanto o capítulo foi dividido em tópicos que apresentarão os testemu-nhos referentes a cada período, para que possa ser analisado segundo o pensamento do homem de cada era. Foi elaborado a partir de levanta-mento e análise de pinturas, investigação de matéria prima de objetos utilitários e prédios e busca por iconografias da época em que a prática da baleação era comum na costa brasileira.

• A cultura das baleias – Difunde o conceito de cultura das baleias, quando elas passam a ser vistas como sujeitos produtores de cultura. Isso será feito com uma abordagem relacionada ao antropocentrismo e o ecocentrismo, a apresentação de evidências científicas e outras obtidas em relatos, que in-dicam que de fato as baleias têm cultura, e por fim um apontamento que destaca a importância de se estabelecer uma memória baleeira para aju-dar a despertar na sociedade a consciência social, e os ideais ecocentristas.

• Museologia, memória e a cultura baleeira – Apresenta questões da mu-seologia e trabalhará conceitos, dentre eles o de memória, que serão supor-te para defender e refletir sobre as questões levantadas no capítulo três. Apresentará algumas bases teóricas da museologia, fazendo alguns apon-tamentos que podem ser utilizados para defender a teoria da existência de uma museologia voltada para a cultura baleeira.

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especial: baleias

a ideia do trabalho surgiu para a autora durante visita ao museu histórico nacional – instituto brasileiro de museus/ministério da cultura (ibram/minc), um dos ovais de leandro joaquim que a atraiu: Pesca da Baleia na Baía de Guanabara, pintura em óleo sobre tela, datada de final do século xViii

como transformar os testemunhos da presença da baleia no Brasil em memória da cidade ou da população? como despertar nos indivíduos o interesse em conhecer o outro, proteger o outro, e ainda, pensar e analisar situações a partir da visão do outro? teria o homem condições de utilizar os conhecimentos obtidos nas ciências humanas e sociais para aceitar e respeitar a existência da cultura animal?

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Pico do arpoador (rj)

O modo como a caça à baleia era realizada na época Colonial foi narrada por Frei Vicente Salvador*[...] a primeira coisa que fazem é arpoar o filho, a que chamam baleato, o qual anda sempre em cima da água brincando, dando saltos como golfinhos, e assim com facilidade o arpoam com um arpéu de esgalhos posto em uma haste, como de um dardo, e em o ferindo e prendendo com os galhos puxam por ele com a corda do arpéu, e o amarram, e atracam em uma das lanchas, que são três as que andam neste ministério, e logo da outra arpoam a mãe, que não se aparta do filho, e como a baleia não tem ussos mais que no espinhaço, e o arpéu é pesado, e despedido de bom braço, entra-lhe até o meio da haste, sentindo-se ela ferida corre, e foge uma légua, às vezes mais, por cima da água, e o arpoador lhe larga a corda, e a vai seguindo até que canse, e cheguem as duas lanchas, que chegadas se tornam todas três a pôr em esquadrão, ficando a que traz o baleato no meio, o qual a mãe sentindo se vem para ele, e neste tempo da outra lancha outro arpoador lhe despede com a mesma força o arpéu, e ela dá outra corrida como a primeira, da qual fica já tão cansada, que de todas as três lanchas a lanceiam com lanças de ferros agudos a modo de meias-luas, e a ferem de maneira que dá muitos bramidos com a dor, e quando morre bota pelas ventas tanta quantidade de sangue para o ar, que cobre o sol, e faz uma nuvem vermelha, com que fica o mar vermelho, e este é o sinal que acabou, e morreu, logo com muita presteza se lançam ao mar cinco homens com cordas de linho grossas, e lhe apertam os queixos e boca, porque não lhe entre água, e a atracam, e amarram a uma lancha, e todas três vão vogando em fileira até a ilha deItaparica, que está três léguas fronteira a esta cidade, onde a metem no porto chamado da Cruz, e a espostejam, e fazem azeite.*história do brasil (1550-1627). editora itatiaia, 1627, p.117.

Locais de MemóriaOs refl exos da presença da baleia na sociedade estão evidentes em grande parte de locais do cotidiano e de circulação da população. As baleias faziam parte da vida dos moradores do litoral brasileiro, mas se afastaram entre outros motivos, pela intervenção humana realizada com a prática da caça predatória, impedindo a realização do convívio harmonioso entre as espécies. • Pico do Arpoador (Ipanema/Rio de Janeiro/RJ): Composto também pela praia do Arpoador, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Este local tem relevância histórica para o estudo das baleias no Brasil, pois, no período de caça os arpoadores costumavam fi car sobre a pedra fazendo observação de baleias. Na medida em que eram avistadas, o arpoador que era responsável pela observação, avisava ao restante dos baleeiros para que pudessem atingir a baleia na medida em que se aproximava da costa. • Armação dos Búzios (RJ): Cidade localizada na Costa Azul do estado do Rio de Janeiro, local de veraneio e de grande procura por turistas de todo o mundo. Tem esse nome pois no local onde hoje é a cidade existia uma grande armação baleeira (local onde os produtos da baleia eram processados). Além da designação do Município, a memória da Armação permanece viva nos nomes daponta da Matadeira – local em que a baleia era morta para a retirada das barbatanas – e da praia dos Ossos – local em que se enterrava a ossada desses animais. • Praia da Baleia (Rio das Ostras/RJ): Praia localizada na costa azul do litoral carioca e tem esse nome devido ao fato dessas águas terem feito parte da rota migratória das baleias durante muitos anos. Até os dias de hoje, ainda podem ser encontrados alguns indivíduos nessa região. Segundo informações da Prefeitura de Rio das Ostras, dar esse nome a essa praia “foi uma maneira de homenagear esse dócil animal que atravessa as águas rio ostrenses”. Museu da Baleia (Imbituba/SC): Apresenta mapas, ferramentas e informações sobre a pesca da Baleia no Brasil. Seu grande valor representativo está no fato de seu prédio apresentar a mesma estrutura de quando ainda era uma armação baleeira.

Texto integral do trabalho disponível no www.portaldomeioambiente.org.br

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à vistaBaleiasvocê acredita ser possível gigantes gentis de 15 metros de comprimento e com Uma massa corporal de cerca de 20 toneladas deslocarem-se tranQUi-lamente pela orla do rio de janeiro? Pois esses gigantes existem: são as baleias-de-bryde (Balaenoptera edeni)!

A baleia-de-bryde apresenta uma distri-buição circunglobal nas zonas tropicais e subtropicais. O nome comum foi uma deno-minação dada por Johan Bryde, cônsul no-rueguês que iniciou as operações de caça de baleias em Durban, África do Sul. Trata-se de uma espécie não migratória raramente alcançando regiões temperadas frias e sub-polares, pois não migra para as áreas de alta produtividade no verão como as outras es-pécies de baleias geralmente o fazem. Habi-ta regiões costeiras de maior produtividade bem como as áreas oceânicas. No Brasil exis-tem registros confirmados entre o Rio Gran-de do Sul e a Bahia, Paraíba e Maranhão.

Esta baleia possui uma característica única entre as demais espécies: a presença de uma quilha central proeminente e duas quilhas la-terais ou acessórias na superfície superior da cabeça. As três quilhas paralelas, são de exten-sões semelhantes, mas nem sempre podem ser nitidamente observadas no ambiente natural.

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1- existem regulamentos para não prejudicar as baleias com abordagens invasivas. as baleias-de-bryde podem

tornar-se a cada ano habitantes mais frequentes das águas fluminenses se os humanos forem hospitaleiros

2- aviso aos navegantes: as baleias precisam de amplos espaços para realizar seus comportamentos.

aproximações indevidas podem causar acidentes como colisões com embarcações

3- especial cuidado deve ser direcionado as duplas de fêmeas e filhotes, pois estes são tão vulneráveis

quanto os nossos bebês

4- assim como os icebergs as baleias expõem cerca de 1/3 de seu corpo na superfície da água fazendo

com que a maioria das pessoas não tenha uma noção de seu tamanho real

especial: baleias

Um olho no mar do rio de janeiro e outro na legislação

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abr 2014revista do meio ambiente

à vistaNo estado do Rio de Janeiro, a baleia-de-bryde pode ser observada em

áreas próximas da costa ou associadas a ilhas costeiras especialmente no outono, primavera e verão. Estas estações estão associadas à sardinha-ver-dadeira (Sardinella brasiliensis), um dos principais itens de sua dieta, que se aproximam da costa para reproduzir. Por este motivo a baleia-de-bryde também é popularmente conhecida como baleia-sardinheira.

A equipe de cetáceos do Projeto Ilhas do Rio vem monitorando as ocorrências das baleias-de-bryde neste incrível verão e início do outono carioca que vão ficar na história. Nunca se viu tantas baleias-de-bryde tão próximas da costa!

A “invasão” das baleias-de-bryde, incluindo mamães e seus pequenos filho-tes, em águas costeiras adjacentes a região metropolitana do Rio de Janeiro é uma benção, mas por outro lado vem ocasionando um aumento de conflitos entre os humanos e essas baleias. Embarcações estão perseguindo e moles-tando intencionalmente os animais. Pelo menos, dois registros comprovados de colisões foram reportados para a equipe de cetáceos do Projeto Ilhas do Rio na segunda quinzena de março de 2014. Chegar tão perto assim de uma baleia é tarefa para especialistas muito treinados, que podem fazê-lo com se-gurança tanto para o animal quanto para a embarcação e as pessoas.

É sempre bom lembrar que o molestamento intencional e a perseguição de cetáceos são crimes previstos por leis. As Portarias N°117 (26 de dezem-bro de 1996) e N°24 (08 de fevereiro de 2002), ambas do Ibama, definem re-gulamentos visando coibir o molestamento intencional de cetáceos. Inclu-sive o Decreto Federal N°6.515 de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as infrações contra a fauna e dá outras providências, em seu artigo 30° (Seção III, Subseção I) prevê inclusive multa de R$ 2.500,00 a quem molestar de for-ma intencional qualquer espécie de cetáceo.

É vedado por lei as embarcações se aproximarem com motor engrenado a menos de 1OO metros de distância do animal mais próximo, devendo este ser obrigatoriamente mantido em neutro ou desligado. O motor não deve ser reengrenado ou religado para afastar-se do (s) animal (is) antes de avis-tar claramente a (s) baleia (s) na superfície a uma distância de, no mínimo, 50 metros da embarcação. É possível que cetáceos curiosos se aproximem das embarcações ou que você seja surpreendido por um encontro inespera-do. Condutas simples auxiliam a minimizar distúrbios durante a observa-ção desses animais no ambiente natural. As embarcações (motorizadas e a vela), canoas, caiaques e motos aquáticas devem ser operados com cuidado, não realizando manobras invasivas tais como:• Fazer mudanças súbitas ou repetidas na direção e na velocidade• Perseguir, direcionar, interromper ou alterar o curso natural do deslocamento• Direcionar e/ou restringir o trânsito dos animais contra qualquer obstáculo• Aproximar de grupos contendo filhotes• Penetrar intencionalmente no grupo dividindo-o ou dispersando-o• Fazer barulho intencionalmente para atrair os animais• Manter a embarcação em boas condições para minimizar a transferên-cia de ruídos na água.

A captura das baleias para fins comerciais nos séculos passados em todos os oceanos culminou no declínio de várias populações em diferentes locais do mundo. Em dezembro de 1987 (N°7.643) foi sancionada uma Lei Federal que proibiu a captura comercial das baleias no Brasil. Esta lei, juntamente ao Decreto Federal de dezembro de 2008 (N°6.698) que declara as águas ju-risdicionais brasileiras como santuário para as baleias e golfinhos, impede legalmente o retorno dessa prática.

Povo do Rio e de Niterói, vamos paquerar as baleias-de-bryde de longe, e olhar bem de perto para o lixo e esgoto que estamos jogando nos mares. So-mos nós, e ninguém mais, que estamos destruindo um habitat maravilho-so, tanto para baleias como para o bicho-homem... *realizado pelo instituto mar adentro e patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras ambiental.

A juvenile Pantropical spotted dolphin leaps out of the water in the Indian Ocean

ministro do ambiente proibiu que os golfinhos fossem mantidos em cativeiro e usados em qualquer espetáculo no país

o ministro do amBiente da índia declaroU QUe os golfinhos devem ser vistos como “pessoas não-hU-manas” e proiBiU QUe estes sejam mantidos em cativeiro oU Usados em espetácUlos de entretenimento.

O político justificou a decisão com o facto de as investigações científicas mostrarem que os golfinhos possuem um nível de in-teligência superior à de outros animais.

“Muitos cientistas que pesquisaram o comportamento dos golfinhos acreditam que eles possuem um nível de inteligência invulgarmente alto”, afirmou o ministro.

Para o responsável pela pasta do Ambien-te na Índia, “comparativamente aos restan-tes animais, os golfinhos deviam ser vistos como ‘pessoas não-humanas’ e, como tal, ter os seus próprios direitos, por isso é mo-ralmente inaceitável mantê-los em cativei-ro com objetivos de entretenimento”. FonTe: Gerais soliDiFicação

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O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços,Equipe do programa Reclamar Adianta

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