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REVISTA PADRONIZADA DAS ENTIDADES FILIADAS À CONTTMAF Revista do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante - SINDMAR - ANO III - Nº 12 - maio/2002 Todo apoio à Unicidade Sindical Vida a bordo: o lado obscuro da indústria marítima Justiça condena cooperativas Quanto vale tripular?

Revista do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha ... · Raul de Bonis Para o atual SecretÆrio Estadual de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Raul de Bonis , que estÆ

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REVISTA PADRONIZADA DAS ENTIDADES FILIADAS À CONTTMAF

Revista do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante - SINDMAR - ANO III - Nº 12 - maio/2002

Todo

apoio

à

Unicida

de

Sindic

al

Vida a bordo:o lado obscuro daindústria marítima

Justiça condenacooperativas

Quanto valetripular?

A CONTTMAF – Confederação Nacional dos Trabalhadores em TransporteAquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos, integra-se à organização internacionaldos trabalhadores através de sua filiação à ITF (International Transport Workers’Federation). Contribui no cenário nacional e internacional, para a promoção dasolidariedade e da defesa dos interesses comuns aos trabalhadores, independente denacionalidade, raça, sexo ou religião. Prioriza ainda, a defesa do interesse dotrabalhador brasileiro, seja na cabotagem, seja na atividade pesqueira, ambos setoresfortemente afetados pela participação do armador e trabalhador estrangeiros.

A CONTTMAF defende também a utilização das nossas vias navegáveis para oescoamento de nossa produção, indiscutivelmente a opção mais eficaz e econômicade transporte, além de ser a menos agressiva ao meio ambiente.

Cobrando os necessários investimentos para uma verdadeira modernizaçãoportuária, resistindo ao desmonte das organizações dos trabalhadores nos portos e oaviltamento de suas relações de trabalho, combatendo o trabalho inseguro e denun-ciando a exploração do homem pelo homem, inclusive pela utilização das cooperati-vas de mão-de-obra, que desempregam e aviltam as condições de trabalho, aCONTTMAF é o porto seguro e a interlocutora indispensável dos trabalhadores dosetor e seus representantes.

O PORTO SEGURODO TRABALHADORO PORTO SEGURO

DO TRABALHADOR

filiada àFNE- FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ESTIVADORES

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORESEMTRANSPORTES AQUAVIÁRIOS E AFINS

� ANO III Nº 12 � |3|

Revista UNIFICARAv. Presidente Vargas 309/15º andar

Centro - Rio de Janeiro - RJCEP: 20040-010

Tel.: (21) 2518-2164 Fax: (21) 2253-4524

Email: [email protected]

EdiçãoAssessoria de Imprensa do SINDMAR

Jornalista Responsável: Viviane Gonçalves da Silva Dias

MTB 22580

Projeto Gráfico:Comunica

Diagramação:Márcia Azen

Fotolito e impressãoProper

Severino Almeida Filho*

Av. Presidente Vargas 309/15º andarCentro - Rio de Janeiro - RJ

CEP: 20040-010Tel.: (21) 2518-2164 Fax: (21) 2253-4524

Email: [email protected]

PRIMEIRO PRESIDENTESeverino Almeida Filho

SEGUNDO PRESIDENTEJosé Válido Azêvedo da Conceição

PRIMEIRO DIRETOR FINANCEIRONelson Nunes

SEGUNDO DIRETOR FINANCEIROJailson Bispo Ferreira

DIRETOR SECRETÁRIOOdilon dos Santos Braga

DIRETOR DE COMUNICAÇÃOFélix de Castro Pinto

DIRETOR PROCURADOREnilson Pires dos Santos

DIRETOR DE EDUCAÇÃO EFORMAÇÃO PROFISSIONAL

José Nilson Silva Serra

Informação e fortalecimento

EXPEDIENTE

Neste número da Revista UNIFICAR, nossos associados podem ob-servar mudanças significativas. Da diagramação ao papel utilizado.O que não mudou foi a qualidade da informação. Esta continuaprecisa e de interesse não somente do Oficial da Marinha Mercante,

mas de todos envolvidos com o nosso setor. Em outras palavras, a embalagemmudou para tornar o produto ainda mais estimulante para a leitura.

Uma mudança necessária para fazer cumprir nosso compromisso de entregaraos nossos companheiros sempre o melhor. Mas, não é só isso. Vivemos em ummundo de mudanças cada vez mais rápidas, complexas e o nosso mais comumambiente de trabalho, o navio, não é exatamente um local feito sob medida para otripulante acompanhar com facilidade tais mudanças. Acreditamos que, até mes-mo quem trabalha em terra, tem dificuldade de compreender o que está por trás danotícia, considerando o volume de interesses envolvidos na grande mídia.

O trabalho extenuante, o confinamento e muitas vezes a escassez de veículosde comunicação dificultam ainda mais esta compreensão. O marítimo embarcadoé levado a resistir a uma leitura mais analítica de assuntos que explicariam melhorporque reduzem seus direitos na Previdência Social, roubam-lhe o FGTS ou, paraser mais imediato, o porquê dos limites alcançados pelo Acordo Coletivo deTrabalho firmado com seu empregador ou até mesmo porque este inexiste.

Ao melhorarmos a embalagem estamos contribuindo para que o marítimoencontre mais prazer no manuseio do produto. Encontre também mais estímulopara uma leitura mais atenciosa e mais crítica. Associado mais consciente é me-nos manipulável por quem quer que seja. É mais forte. Sem dúvida contribuirámais e melhor para o fortalecimento de seu sindicato.

Não há outro caminho. Ou nos tornamos mais fortes ou deixaremos de existirenquanto trabalhadores organizados para a defesa de nossos interesses.

O deixar de existir poderá vir bem disfarçado. Poderá vir por meio da pulveriza-ção dos sindicatos pela pluralidade sindical, da corrupção pura e simples quepromove a compra de direções sindicais, por recursos públicos e privados. Leia-se aí recursos do FAT � Fundo de Amparo ao Trabalhador e de doações de empre-sas e governos para fundações de apoio às organizações de trabalhadores.

No caminho de nosso fortalecimento está, além do aumento da consciênciade nossos representados, o princípio da unificação de sindicatos promovida peloMovimento Unificar, desde a sua origem em outubro de 1989. A força está naunião.

A Diretoria do SINDMAR entende que é chegada a hora de lançarmos à apreci-ação de nossos associados a evolução deste processo, propondo a unificaçãocom o Sindicato dos Eletricistas da Marinha Mercante. Além dos motivos acima,contribui para este propósito o ótimo relacionamento entre suas diretorias e ofato de que mais cedo ou mais tarde teremos o Oficial especializado em eletrônicaa bordo de nossos navios. É de conhecimento geral que isto já ocorre em diversasbandeiras, em decorrência do avançar da eletrônica nos equipamentos de bordo.

Nossa Diretoria vem colocar em discussão entre nossos associados estaquestão.

Uma decisão desta magnitude deve necessariamente passar por um processode reflexão com ampla, geral e irrestrita consulta aos associados de ambos osSindicatos.

Exercite seu direito e dever de participar do destino de seu Sindicato.Por meio de carta, fax e e-mail, estamos no aguardo de sua opinião e sugestões.Até porque, elas são o que realmente importam.

Saudações Marinheiras.

* Severino Almeida Filho é presidente da CONTTMAF e do SINDMAR

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|4| � ANO III Nº 12 �

Acordo Coletivo 8Negociações eassinaturasmarcam ocotidiano dosdirigentessindicais.

12Assessora de

previdência doSINDMAR visita

navios da Aliançae orienta

tripulantes.

Previdência Social

Lloyd Brasileiro 24Após 10 anos deespera, Oficiaisde Naúticacomeçam areceber ETAPAdevida pelaempresa.

30Proposta americana

pretende controlecentralizado daidentificação do

marítimo.

EUA e terrorismo

O SINDMAR destaca a participação efetivadas tripulações da Flumar, que renovourecentemente seu ACT com os sindicatosmarítimos. Transcrevemos também algumasreivindicações dos marítimos da Elcano, quevêm tentando estabelecer melhores relaçõesde trabalhos para a cabotagem e o longocurso, entre outras reivindicações dostrabalhadores marítimos.

Flumar�Comunicamos que a condução a bordo das negociações foi de-mocrática tendo todos os tripulantes recebido ampla divulgação eesclarecimento dos acontecimentos por meio de mensagens circu-lares Flumar, emitidas pelo SINDMAR�

�A administração do navio foi enfática na participação coletiva eindividual no processo negocial onde, conscientes e por meio devoto individual, todos puderam manifestar suas opiniões e anseiose fizeram valer seus pontos de vista.�

Petrobras e Transpetro�Está sendo um esforço desumano ter de esperar mais de seismeses para gozar o período de repouso. Temos de reduzir urgen-temente o tempo embarcado�.

Elcano�É tempo de a Elcano e do SINDMAR começarem a negociar umacordo coletivo para o longo curso e outro para a cabotagem(fluvio-cabotagem). O SINDMAR sabe que em negociações passa-das eram tradicionais os ganhos da cabotagem e do longo cursoserem iguais com exceção das diárias de viagem ao exterior e aoperíodo de férias/folgas que era cerca de 1/3 maior para o pessoalque navega na linha do longo curso�.

�Devemos permanecer unidos por um só ideal para conseguirmosalgum ganho, ao menos digno para nossa profissão junto à Elcano.Temos de lembrar que fazemos parte da mesma empresa e asmelhorias serão para todos e não para um só.�

�Agradecemos ao SINDMAR por sua pronta resposta a nossasolicitação de informações , mantendo-nos atualizados atravésdas mensagens circulares �Elcano�.

�Estamos gerando significativos lucros para a companhia emcurto período de vida. Isto deve-se ao nosso desempenho profis-sional e que agora, por ocasião do acordo, deveria ser levado emconsideração com melhoria significativa na relação laboral pararendermos cada vez mais�.

Editorial

A voz do marítimo

Vale a pena ler de novo

Galeria maldita

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3336

� ANO III Nº 12 � |5|

Maré Alta Maré BaixaBarcas S/A IPara a Barcas S/A que, além de não renovar ACT, nãodá reajuste salarial a seus funcionários e aumentaunilateralmente a participação dos empregados nocusteio do Plano de Saúde, que deveria ser gratuito,pois está incluído na planilha de custo da tarifa dapassagem, chegando em alguns casos a descontarcerca de 30% a 40% do salário bruto do marítimo.

Barcas S/A IINovamente para a Barcas S/A, que não custeia planode assistência odontológica para seus empregadosmarítimos.

MetalnavePara a Metalnave, que ainda não assimilou a liçãode que ter que negociar com navios parados custamais caro, pois a bordo de seus navios voltam acrescer a insatisfação em função de não ter aindaassinado o ACT.

Pirata dos maresPara as empresas marítimas que, sem motivo aparente,insistem em manter seus marítimos sem AcordoColetivo de Trabalho. O pior disto é que empresas comcerto porte e renome se nivelam com outras totalmentedesacreditadas e decadentes, por certo disputando otítulo de pior empregador do ano. O SINDMAR estáprovidenciando o troféu �Pirata dos Mares do Sul� paraa pior delas.

Falta de acordoPara as empresas Neptunia, Argos, Libra,Seapar, Frota Oceânica, Transroll, H. Dantas,Bandeirantes Dragagem, Maroil, Sanave,Docenave, São Miguel e outras que não merecemnem ser citadas, cujos iluminados responsáveisentendem ser a política da empresa de não terAcordos Coletivos ser a melhor opção. Decisão estaque contraria os �papas� da administração moderna,que pregam que o homem deve ser valorizado pararender e produzir melhor.

Transtur e Barcas S.A.Para as empresas Transtur (Aerobarcos) e BarcasS.A., que continuam utilizando mão-de-obracooperativada em grande escala para tripular suasembarcações.

Raul de BonisPara o atual Secretário Estadual de Transportes doEstado do Rio de Janeiro, Raul de Bonis, que estáelegendo as entidades sindicais aquaviárias comointerlocutoras necessárias para planejar a política detransportes para o Rio de Janeiro.

FlumarPara a empresa Flumar, que assina ACT 2002/2003,dando reposição salarial acima dos índices inflacio-nários e diminuindo significativamente a diferençada remuneração por ocasião do desembarque dotripulante.

AliançaPara a Aliança, que aceitou assinar termo aditivo,antecipando a data-base para fevereiro de 2003.

DragaportPara a Dragaport, que, mesmo passando por uma faseoperacional difícil, se esforça para manter o ACTassinado com o SINDMAR e fazendo proposta deacordo.

GlobalPara a Global, cujos tripulantes aceitaram a propostade Acordo com reposição mínima de 13%, com reajus-tes salariais não lineares para atender sua necessidadede melhor remunerar os segundos Oficiais de Náutica ede Máquinas.

Dirigentes e associadosPara a presença maciça de dirigentes sindicaismarítimos e diversos associados, contribuindo para osucesso da plenária de lançamento da pré-candidaturada atual Deputada Federal Jandira Feghali, no auditóriodo CREA-RJ, no último dia 21 de maio.

Dr. Léo NascimentoPara o chefe do Parque Nacional de Itatiaia, Dr. LéoNascimento, que tem nos apoiado, cedendo asinstalações do parque para a realização de diversoseventos.

Assistência OdontológicaPara as empresas de navegação que estão adotando oplano de assistência odontológica sem nenhumcusto para os marítimos.

A Revista Unificar quer ouvir você. Critique, opine, sugira!Mande sua carta para [email protected] e ajude a fazeruma publicação cada vez melhor para você.

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Largada para curso de especial deinspetores para embarcações (EVEB/ECEP)

ComandanteCosta Monteiro(DPC) e diretoresdo SINDMAR,Felix Castro eJosé Serra

aula inaugural do Curso de Es-pecial de Inspetores para Em-barcações (EVEB/ECEP), ocorri-

da no último dia 9 de abril no Ciaga, foimarcada por uma cerimônia de boas vin-das com a participação do comandante doCIAGA e do Coordenador do Curso noCiaga, CMG Wellington Pereira Barbosa.Pela Diretoria de Portos e Costas (DPC) par-ticiparam o engenheiro Alexandre JoséFreire de Freitas e o Comandante CostaMonteiro, este último representando o Al-mirante do DPC, Jorge Costa.

O Curso de Inspetores para Embarca-ções terá duração de quatro meses eabrangerá diversos assuntos ligados àinspeção naval, tais como: Port StateControl, Investigação e Prevenção de Aci-dentes, Perícia em Plataformas, Legisla-ção Nacional, Procedimentos em Vistori-as, entre outros. De acordo com o Co-

mandante Costa Monteiro, o EVEP/ECEPé o curso de maior abrangência na área deinspeção em todo o mundo. De acordocom o Comandante, a expectativa do DPCé que, após a conclusão do curso, pelomenos 35 alunos sejam contratados pe-las autoridades marítimas (capitanias,delegacias e agências).

Realizado nas próprias dependênciasdo Centro de Instrução Almirante GraçaAranha, a turma do EVEB/ECEP é com-posta por 56 pessoas, 18 dessasselecionadas e indicadas pelo SINDMARapós rigoroso critério de avaliação. A par-ticipação de oficiais estrangeiros tambémé efetiva, totalizando 18 pessoas, vindasda Colômbia, México, Panamá, Cuba,Honduras, Uruguai, Bolívia e Chile. Parti-cipa do curso também uma mulher, TalitaMaffei, Tecnóloga Fluvial da cidade de Jaú� São Paulo.

A

Aula Inaugural da VII Turma do Cursode Pós-Graduação em Engenharia deSegurança do Trabalho da UFRJ

Diretores do SINDMAR com oDiretor da Escola Politécnica daUFRJ, Profº Heloi Moreira, e aCoordenadora do Curso de Pós-Graduação, Cláudia Morgado.

Aconteceu, no último dia 25 de mar-ço, no Auditório do Centro Educacio-nal do SINDMAR, a aula inaugural daVII Turma do Curso de Pós-Graduaçãoem Engenharia de Segurança do Tra-balho da Universidade Federal do Riode Janeiro.

O SINDMAR distribuiu 6 bolsas inte-grais para os associados aprovados após

análise de curriculum, testese uma entrevista pessoalcom a coordenadora docurso, Cláudia Morgado. OCurso de Pós-graduaçãoem Engenharia de Segurança do Trabalhoé dirigido para Arquitetos e Engenheirose tem duração de 12 meses, perfazendo600 horas/aula.

Programa do Curso

Módulo IControle do Estado do Porto (Port StateControl)- Noções preliminares- Características operacionais- Legislação internacional

Módulo IIInvestigação e Prevenção de Acidentes

Módulo IIIControle do Estado do Porto(Port State Control) – Parte II- Máquinas- Instalações elétricas- Equipamentos e arranjos de

salvatagem- Equipamentos e arranjos de detecção,

prevenção e combate a incêndio- Itens de inspeção- Equipamentos de auxílio à navegação- Radiocomunicações- Prevenção da poluição- Mercadorias perigosas- Características importantes dos dife-

rentes tipos de navios- Segurança do inspetor/vistoriador

Módulo IVPerícia de plataformas

Módulo VLegislação nacional

Módulo VITipos de vistorias/procedimentos

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Diretoria de Portos e Costas estásob novo comando. A solenida-de de passagem de comando

aconteceu no último dia 10 de abril, noCentro de Instrução Graça Aranha (Ciaga)e contou com a participação de diversasautoridades, entre elas o o Diretor Geralde Navegação, Almirante de Esquadra,Roberto de Guimarães Carvalho, além dadiretoria da ANTAQ, representada, entreoutros executivos, pelo seu diretor-geralCarlos Alberto Wanderley de Nóbrega.Outra presença a prestigiar o evento foi oex-ministro da Marinha, Almirante de Es-quadra Alfredo Karam.

Na ocasião, o então Diretor da DPC,Almirante Janot, lembrou das responsa-bilidades inerentes ao cargo da DPC que,segundo ele, �possui impacto na vida na-cional e é um aspecto significativo para aviabilização do braço logístico da Mari-nha Mercante�. O almirante mencionouainda a importância do apoio que rece-beu de instituições, empresas e sindica-tos em sua gestão: �As entidades repre-sentantes dos trabalhadores aquaviáriosentenderam a proposta da DPC para cres-cermos juntos,�afirmou.

O novo Diretor da DPC, AlmiranteNapoleão Bonaparte, já foi Capitão dosPortos do Rio de Janeiro e, em seu discur-so de posse, mencionou o apoio recebi-do pela Diretoria de Portos e Costas oque, segundo ele, viabilizará o bom exer-

Almirante Napoleãoassume diretoria da DPC

Entre amigosAntes da passagem de comando,

o então Diretor da DPC, AlmiranteJanot, e o Almirante NapoleãoBonaparte estiveram na sede daFNTTAA, no último dia 28 de março,ocasião em que o Almirante Napoleãofoi apresentado aos dirigentes sindi-cais, entre eles representantes doSindicato dos Oficiais da MarinhaMercante � SINDMAR.

No evento; que contou com apresença de vários dirigentes sindi-cais dos trabalhadores aquaviários- entre eles o presidente da FNTTAA,Ricardo Ponzi, e o presidente da

cício de sua nova função. O recém-empossado manifestou ainda seu intuitode manter a política de aproximação coma comunidade marítima desenvolvida porseu antecessor, afirmando que �o bomrelacionamento propiciará que sejamatendidos os interesses da Marinha e dacomunidade, bem como o cumprimentodas nossas atribuições�. Entre as priori-dades da nova gestão, na visão do Almi-rante, destacam-se o relacionamento coma Antaq � �que a Marinha vê com bonsolhos �- e a implantação do projeto SivamMarítimo, que prevê o rastreamento e con-trole da segurança marítima das platafor-mas de petróleo, por monitoramento atra-vés de radares.

AlmiranteNapoleão(esq.), acom-panhado dopresidente daCONTTMAF,SeverinoAlmeida e doAlmiranteJanot, na sededa FNTTAA

Novo diretor do DPC, AlmiranteNapoleão Bonaparte e os diretores

do SINDMAR, José Serra eJosé Válido.

CONTTMAF e do SINDMAR, SeverinoAlmeida - o Almirante Janot ressaltou eagradeceu a assessoria �leal e sumária�querecebeu dos dirigentes em sua gestão,enfatizando a importância da apresenta-ção do novo diretor para os presentes.�É essencial para o desempenho corretoda autoridade marítima um bom relacio-namento com os dirigentes sindicais,que são aqueles que sempre lutam pe-los ideais dos marítimos com honesti-dade e garra,� afirmou.

Na ocasião, Severino Almeida agrade-ceu, em nome dos companheiros presen-tes, a atenção dispensada aos dirigentessindicais pelo Almirante Janot, durante otempo em que esteve à frente da diretoriada DPC. �O Almirante Janot nos deixa umaimportante contribuição em nosso esfor-ço de sobrevivência em um mercado detrabalho com uma inadequada e elevadaparticipação de estrangeiros�. Severinodeu ainda as boas vindas ao AlmiranteNapoleão, ressaltando seu trabalho comoCapitão dos Portos do Rio de Janeiro.�Estamos confiantes de que ele dará con-tinuidade e aperfeiçoará o trabalho quevem sendo prestado pela DPC à MarinhaMercante,� finalizou.

A

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Após a última reunião com o SINDMAR,ocorrida no dia 18 de fevereiro - ocasiãoem que representantes da Transocean to-maram ciência da necessidade doenquadramento das embarcações da em-presa no que tange a normativa nº 31 doConselho Nacional de Imigração (CNIG) ea Portaria nº 19 da Secretaria de Relaçõesdo Trabalho � a empresa voltou aoSINDMAR, no último dia 13 de maio, paranova reunião com a diretoria do sindicato.

Transocean inicia negociaçãode ACT com SINDMAR

Diretor doSINDMAR,acompanhado derepresentantes daTransocean

acor

dos

Na ocasião, o representante da empre-sa, Ricardo Marinho discutiu com o diretordo SINDMAR, Jailson Bispo, as diretrizespara a formulação de um acordo coletivo detrabalho para os trabalhadores aquaviáriosda Transocean. Estiveram também presen-tes à reunião dois funcionários daTransocean, associados ao SINDMAR, ondepuderam observar a seriedade com que sãoconduzidas as negociações dos ACTs en-tre as empresas e o sindicato.

Após um mês de negociaçõescom o SINDMAR, a empresaPentamares, representante nacionalda Edison Chouest Offshore, assi-nou o primeiro acordo coletivo paraseus trabalhadores aquaviários, noúltimo dia 17 de maio, na sede doSINDMAR.

A Chouest, que retornou a ope-rar recentemente no Brasil, foi repre-sentada pelo presidente daPentamares, Bella Rosa, que se reu-niu na sede do SINDMAR com toda adiretoria do sindicato.

De acordo com o diretor financeiro doSINDMAR, Jailson Bispo, a empresa pos-sui uma das melhores tabelas salariais dacategoria. �A assinatura do acordo coleti-vo mostra seriedade da empresa e empe-

Edison Chouest assina acordocoletivo com SINDMAR

Presidente da Pentamares assina ACT, acom-panhado da diretoria do SINDMAR

A empresa de navegação GlobalTransporte Oceânico S.A. assinou,no último dia 22 de maio, novo Acor-do Coletivo de Trabalho com os sin-dicatos marítimos com validaderetroativa a 1 de março de 2002 até28 de fevereiro de 2003.

Após quase três meses de nego-ciação o novo acordo coletivo temcomo destaque principal a inclusãodo plano odontológico sem ônuspara os trabalhadores, extensivo aoscônjuges e filhos. Outras modifica-ções, que favoreceram os marítimos,foram a revisão da tabela de pró-labore, a solução do problema depassagens de Santos e um reajustesalarial mínimo de 13%. Os oficiaisde máquina e náutica, por sua vez,foram contemplados com um reajus-te maior, devido à necessidade daempresa de melhor remunerar o seuquadro de oficiais.

De acordo com o segundo presi-dente do SINDMAR, José Válido, oacordo coletivo com a Global teve al-guns avanços em relação ao anterior,mas acrescentou: �nem todos os pro-blemas foram resolvidos, esperamossolucioná-los, progressivamente nodecorrer dos próximos acordos�.

O SINDMAR lembra que a reno-vação de Acordo Coletivo de Traba-lho é a única garantia da melhoriadas relações laborais entre empre-sas e funcionários.

Sindicatos marítimosrenovam acordo coma Global

nho em investir no trabalhadoraquaviário,� acrescentou Bispo.

O Acordo Coletivo de Trabalho daEdison Chouest com o SINDMAR é retro-ativo 1º de fevereiro de 2002.

José Válido, 2º presidente doSINDMAR, acompanhado dos

sindicalistas e do SuperintendenteTécnico da Global, Eng. Marco

Aurélio Guedes

� ANO III Nº 12 � |9|

om negociações iniciadas nomês de dezembro de 2001 como Sindicato dos Oficiais da Ma-

rinha Mercante, a empresa de navega-ção Flumar assinou, no último dia 19de abril, acordo coletivo de trabalhocom os sindicatos dos aquaviários.

A assinatura do novo ACT contoucom a presença de diversos dirigentessindicais, além da diretoria da FLUMAR ealguns tripulantes da empresa.

Na ocasião da assinatura, o segundopresidente do SINDMAR, José Válido,destacou o papel da liderança sindicalna condução das negociações com aempresa. �O elemento mais importantepara nós é o elemento humano e fica-mos muito satisfeitos com a preocupa-ção da empresa neste aspecto�, afirmou.De acordo com Válido, a Flumar vem fa-zendo um esforço no sentido de atendero pessoal de bordo. �A relação laboral daFlumar teve um upgrade desde o ano pas-sado e a cada ano temos conseguidonovas e importantes conquistas.�

Flumar assina ACT comsindicatos marítimos

Os marítimos embarcados tambémcomentaram a assinatura do novo acor-do coletivo de trabalho, o que segundoeles representa tranqüilidade e seguran-ça. �Para nós, marítimos embarcados, aassinatura do acordo coletivo de traba-lho é muito importante, porque passa-mos a ter uma base de tra-balho melhor. Sabemos queconseguir 100% do que que-remos não é possível, maspelo menos com o acordotrabalhamos com maistranqüilidade,� afirmou oOficial de Náutica, UrsulinoSantana. Para o Contra-Mes-tre Antonio, o ACT é uma se-gurança de emprego: �Oprimeiro passo já foi dado.Este novo acordo englobao que os acordos anterio-res não atendiam. Para nósisso significa segurança deemprego e trabalho,� afir-mou o marítimo.

Diretor do SINDMAR, JoséVálido, acompanhado dos

tripulantes da Flumar

�O elemento mais importante para nós é oelemento humano e ficamos muito satisfeitoscom a preocupação da empresa neste aspecto�José Válido - 2º presidente do SINDMAR

acordos

Detalhes do Acordo

Entre os principais detalhes do novo

ACT ficou acertado com a empresa

reajuste de 8% na soldada básica

para todos, porém o menor reajuste

ficou na faixa dos 13%. Outra mu-

dança foi a redução da diferença

entre a remuneração do embarcado

e desembarcados, que diminuiu de

cerca de 40% para 15%. O valor da

etapa ficou estabelecido em R$ 80.

A proposta do sindicato na inclusão

de assistência odontológica para o

Rio também foi aceita pela empresa,

sendo que passará a vigorar somen-

te após a mudança da sede da

Flumar para São Paulo, o que está

previsto para junho deste ano.

Um dos avanços mais importantes do

novo acordo atende a um pleito dos

sindicalistas, onde todas as soldadas

básicas serão iguais ou maiores que

as da Transpetro/Fronape, o que

beneficiará principalmente os ofici-

ais e sub oficiais.

C

|10| � ANO III Nº 12 �

Alunos da EFOMM prestamjuramento à bandeira

último dia 3 de maio foi mais ummarco para os novos alunos daEscola de Formação de Oficiais

da Marinha Mercante do Rio de Janeiro�EFOMM. Na solenidade, ocorrida às 10horas, no pátio do Ciaga, os alunos pres-taram juramento à bandeira. A cerimôniaé uma tradição, ocorrida ao final do térmi-no de experiência dos alunos e marca defato a entrada destes na Marinha do Bra-sil, como alunos da EFOMM.

Entre as autoridades presentes aoevento estavam o diretor de Portos e Cos-tas, Almirante Napoleão, acompanhadodo presidente da CONTTMAF e doSINDMAR, Severino Almeida, que dividi-ram o palanque com os comandantes e

Diretor do DPC, Almirante Napoleão,acompanhado do presidente da

CONTTMAF, do comandante do Ciaga edo presidente do CCMM, na tribuna de

honra do evento.

Juramento àbandeira marca aoficialização doingresso dos futurosoficiais na Marinhado Brasil, comoalunos da EFOMM

coordenadores do Ciaga. Ao final dasolenidade, as autoridades foramprestigiadas com um desfile dos alu-nos, seguido de um coquetel.

Alegria e emoção marcaram oimportante evento, trazendo aoCiaga centenas de familiares e ami-gos dos alunos que, juntamente comeles, puderam comemorar a impor-tância do marco como o verdadeiroinício da vida profissional dos futu-ros oficiais da Marinha Mercante.

O Centro de Instrução AlmiranteGraça Aranha, em funcionamentodesde 1971, conta hoje com 415 alu-nos, sendo 270 do sexo masculinoe 145 do feminino.

Juramento à Bandeira

Incorporando-me a Marinha do BrasilPrometo cumprir rigorosamente as ordensdas autoridades à que estiver subordinadoRespeitar os superiores hierárquicosTratar com afeição os irmãos de armasE com bondade os subordinadosE dedicar-me inteiramente ao serviço dapátriaCuja honraIntegridadeE instituiçõesDefendereiCom o sacrifício da própria vida.

Elei

ções

CONFEA e CREA-RJ

dia 03de julhode 2002

SINDMAR apóia candidaturas:

Wilson Lang para a presidência doCONFEA � Conselho Federal de En-genharia, Arquitetura e Agronomia

Reynaldo Rocha Barros paraa presidência do CREA-RJ -Conselho Regional de Enge-

nharia, Arquitetura e Agronomia do Es-tado do Rio de Janeiro.

O

� ANO III Nº 12 � |11|

os últimos dias 14 e 15de março o SindicatoNacional dos Oficiais

da Marinha Mercante �SINDMAR, representado pelodiretor Jailson Bispo, esteve abordo de diversos rebocadoresem Macaé � RJ.

O objetivo da visita era ex-plicar aos oficiais e tripulantesos procedimentos para negoci-ação dos acordos coletivos dasempresas vinculadas à ABEAM etambém Augusta, Maersk, PanMarine e Maroil. Os rebocado-res visitados pelo SINDMAR fo-ram o CBO Campos e CBO Rio,da ABEAM; o Asso Ventuno,de propriedade da empresa

SINDMAR visitanavios em Macaé

N

SINDMAR visita oficiais do rebocador CBOCampos, Maersk Chieftain e CBO Rio

Navegue conosco!Quem é tripulante assíduo da home-

page do SINDMAR já deve ter notado asnovidades virtuais que o sindicato prepa-rou para seus associados. Agora, além daatualização de notícias de interesse dacategoria, o visitante conta com um�Clipping Eletrônico�. O clipping,atualizado diariamente, traz uma seleçãodas notícias do mercado aquaviário,publicadas nos jornais, revistas e publi-cações especializadas de maior circula-ção e importância no país.

Outra novidade é a cobertura comple-ta das ações do sindicato quanto às ne-gociações dos acordos coletivos comempresas de navegação. No link �Acom-

SINDMAR: acesso à internetpara todos os associados

Novidades enriquecem home-page do SINDMAR

estar, equipada com TV, vídeo, jornais einternet! O que você está esperando?

Navegue com quem está semprelinkado em você. Setor aquaviário?Acesse www.sindmar.org.br e confi-ra. Sua sugestão também será semprebem-vinda.

panhe aqui o andamento das negociaçõescoletivas de trabalho do SINDMAR�o usu-ário pode visualizar todo o tipo de açãoque o sindicato implementa nas negocia-ções, desde cópia de correspondênciasenviadas, até esclarecimentos sobre asreuniões realizadas com as empresas.

Galeria Maldita? A homepage doSINDMAR também está de �olho aberto�com os candidatos às próximas eleições,trazendo para seus usuários informaçõesimportantes sobre parlamentares e asações implementadas por eles em seusrespectivos mandatos.

Vale lembrar que o SINDMAR disponi-biliza aos seus associadaos uma sala de

Augusta Offshore e oMaersk Chieftain. Foramcontatados também di-versas embarcações, pormeio do SSB.

As empresas deoffshore citadas estãoem processo de negoci-ação para renovação deseus respectivos ACTscom o SINDMAR. Comexceção da ABEAM, PanMarine e Maroil, que nãotêm mostrado empe-nho em negociar, as de-mais diretorias têm es-tado abertas ao diálo-go com os dirigentessindicais.

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último dia 24 de abril marcou oembarque da Assessora de Pre-vidência do SINDMAR, Ana Rosa,

no navio Aliança Flamengo, de proprieda-de da Companhia Aliança, que saiu do Por-to de Sepetiba com destino aos portos deSantos e Salvador.Durante a viagem, AnaRosa ministrou palestras para os tripulan-tes sobre Previdência Social, englobandotodos os assuntos referentes à aposenta-doria dos marítimos, inclusive dadoslegislativos e orientação para PrevidênciaPrivada. De acordo com Ana Rosa, a ex-periência desse tipo de palestra a bordofoi bastante positiva. �Todos os tripulan-tes demonstraram muita satisfação poressa iniciativa do SINDMAR achando-amuito importante para a categoria�.

A segunda viagem de nossa�marinheira� ocorreu no último dia 04 demaio ao navio Aliança Europa, que fazia arota Suape-Santos, onde Ana Rosa tam-bém apresentou palestras aos tripulantes.Em ambos os navios foi realizada umapesquisa de opinião para avaliar o pontode vista dos marítimos sobre a validadedo projeto. �Todos foram unânimes emconcordar que essas palestras lhes trou-xeram conhecimentos, informações, ori-

Previdência Social a BordoTripulantes do Aliança Europa, atentos à palestra da assessora

Ana Rosa, a bordo do Aliança Flamengo,acompanhada do Cmdt. Neri (esq.) e do

Oficial de Náutica Mano (dir)

entações que atenderam diretamente aseus interesses pessoais, que receberamalguma informação da qual não tinhamconhecimento e todos sentem-se maisseguros agora para programarem suasaposentadorias�, afirmou a palestrante.

Segundo Ana Rosa, por intermédioda pesquisa, foi possível identificar apreocupação da tripulação na continui-dade do trabalho o que, segundo eles,foi uma iniciativa inovadora e positivado Sindicato dos Oficiais da MarinhaMercante � SINDMAR. A intenção doSINDMAR é levar este projeto a todasas companhias de navegação. �Com apreocupação e o interesse demonstra-dos pelo SINDMAR foi possível verifi-

car um sentimento de valorização pes-soal da parte dos tripulantes.� De acor-do com a assessora, os marítimos ma-nifestaram contentamento, principal-mente pelo fato de passarem grandeparte de suas vidas a bordo e não teremtempo de se informarem sobre assun-tos de interesse pessoal. Ainda na ava-liação, os tripulantes lembraram da im-portância da iniciativa do SINDMAR,uma vez que as visitas a bordo criamum vínculo entre o sindicato e a base,fortalecendo ambos para futuras rei-vindicações.

A diretoria do SINDMAR ressalta quea iniciativa contou com total apoio daempresa Aliança.

Assessora dePrevidência doSINDMAR, em suaprimeira viagem,ministra palestrasobre PrevidênciaSocial a bordo dedois navios daAliança

O

� ANO III Nº 12 � |13|

Ana Rosa, marinheira de primeiraviagem, conta a sua primeiraexperiência em alto mar a bordo donavio Aliança Flamengo, um misto deemoção e grandes expectativas

Aos 76 anos de ida-de, morreu, no últi-mo dia 14 de abril,o companheiro Co-mandante AmâncioAmaro Esteves.

Diplomado como Segundo Piloto da Es-cola de Formação de Oficiais do Lloyd Bra-sileiro, o Comandante iniciou sua sólidacarreira em plena 2ª Guerra Mundial, abordo do navio Tiradentes, em 1945.

Após 13 anos em alto-mar, o Coman-dante teve sua aposentadoria oficializa-da e passou a lecionar para os futurosOficiais da Marinha Mercante, no Centrode Instrução Almirante Graça Aranha,

,,

,,No movimento constante do navio em viagem, acontece a trepidação da hélice e o balanço inexorável de toda

essa tonelada de aço do Aliança Flamengo. Chego a rir de mim mesma do desequilíbrio do meu corpo em todos osmeus movimentos, até mesmo ao escrever este testemunho.

Alguns objetos não conseguem se manter em seus lugares, há ruídos constantes de muitos deles se locomovendo.Ao redor, somente o mar, em sua imensidão das águas. Na proa do navio, toneladas de ferro arrumadas matema-ticamente ajudam no equilíbrio dessa massa de aço a seguir a sua rota.

E a rotina do navio segue impecavelmente. Tudo funciona harmoniosamente, sob os olhares atentos de cadamembro de sua tripulação acordados a qualquer ruído diferente do habitual ou a qualquer acontecimento ou objetoque possa interferir no perfeito curso da viagem.

Aqui as pessoas se protegem mutuamente e inconscientemente. A vivência em um navio traz sentimentos própri-os da distância, de certa impotência da comunicabilidade com o mundo de chão firme, apesar de toda a tecnologiada comunicação. Estes sentimentos são vividos, individualmente, de acordo com a experiência de cada um, emborasejam os mesmos sentimentos do grupo como um todo.

Vive-se a expectativa de se tocar terra firme, para ver o brilho do sol e sentir o vento na pele, no ângulo dacidade, no movimento constante de sua rotina própria.

Estes dias são raros e curtos para mim, mas posso sentir a emoção que vibra na intimidade de cada tripulanteque os vive por anos afora.

Ser uma criatura do mar é uma vocação, é um dom que Deus , em sua suprema sabedoria, só oferece aquelesque são capazes de vivenciar a beleza e a magnitude da vida sobre as águas.

Ana Rosa � Rio de Janeiro, 25 de abril de 2002.

Um ilustre companheirolocal onde, posteriormente, ocuparia afunção de Chefe do Departamento deAlunos. Exemplo de vida para diversosalunos e oficiais, o Comandante partici-pou da elaboração de diversos currícu-los na área de náutica, tendo lecionadovárias disciplinas.

Tanta dedicação à vida acadêmica mer-cante trouxe muitos amigos e homena-gens ao Comandante Amâncio, como odos formandos de 1989 da Turma �Co-mandante Amâncio Amaro Esteves�. Osobrinho do Comandante, CLC SidneiEsteves, é outro exemplo da dedicaçãode Amâncio. Trazendo o exemplo e, in-centivado pelo tio, Esteves veio a se tor-

nar também professor do Ciaga, cargo queexerce até hoje.

Presença sempre carinhosa noSINDMAR, onde participava ativamente dasreuniões do Departamento dos Aposenta-dos e festas de confraternização, o Coman-dante deixa saudades, lembranças e muitosamigos, prova disto foi o grande número de-les que se juntou à família do comandante,na celebração da missa, encomendada pelosindicato, no último dia 13 de maio.

O SINDMAR, em nome de todos osseus associados, deixa seu sentimentopela morte de tão ilustre companheiro,símbolo de competência, dedicação eamor à arte de ensinar e viver no mar.

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ando continuidade ao acompanha-mento de ações relacionadas anão contratação de cooperativas

pelas empresas de navegação, o SINDMAR,representado por seu diretor-secretário,Odilon Braga e o consultor jurídico daCONTTMAF, Dr. Edson Areias, esteve naProcuradoria Geral do Trabalho da 1ª Re-gião, no último dia 9 de maio

O SINDMAR pretende atuar junto àsautoridades, para fazer cumprir aintimação dada pelo Juiz do Trabalho da64ª Vara de Trabalho, Dr. Raul Marques,que condenou, ainda em 2000, a empre-sa Transtur a não mais contratar traba-lhadores cooperados para tripular embar-cações, bem como a registrar o contratode trabalho de todos aqueles que lhe pres-taram serviços naquela qualidade.

Mesmo com a intimação, a empresacontinua desobedecendo às ordens judi-ciais. Segundo autor da ação, Procuradordo Trabalho, Dr. Jorge Fontes, conformetranscrito nos autos da ação (1994), asirregularidades são indiscutíveis. �Não foidifícil concluir, em razão dos robustosdados, que estava havendo desvirtuamen-to dos princípios cooperativistas nacio-nais�. Segundo ele, �a prática da coopera-tiva de simplesmente intermediar a colo-cação de profissionais no mercado de tra-balho, ultrapassa suas fronteiras e inva-de o campo sensível das normas rígidas eprotecionistas do direito do trabalho�.

A investigação realizada pela Procu-radoria Regional do Trabalho da 1ª Re-gião (RJ) teve inicio com a denuncia ofere-cida pela Federação Nacional dos Traba-lhadores em Transportes Aquaviários e

Justiça Condena Contrataçãode Cooperativas pela Transtur

Empresa, que realizatransporte de passageiros natravessia Rio-Niterói e Rio-Paquetá, descumpre ordemjudicial desde 2000 e devemulta que já chega a quase1 milhão de reais

Afins � FNTTAA, ao Ministério Públicodo Trabalho e contou ainda com depoi-mentos de sindicatos, alguns funcionári-os e cooperados da Transtur. Um dos ca-sos mais marcantes foi o de um funcio-nário contratado pela empresa, prestan-do serviços durante 3 anos, foi demitidosem justa causa e retornou ao trabalho 4meses depois como cooperado, após terse vinculado à Cooperativa Mista do Tra-balho e Produção dos Marítimos -COOPMAR. �A angústia, o desespero, afragilidade do trabalhador ficaram nesseepisódio.O mesmo empregado retorna aidêntico serviço só que privado de seusdireitos básicos, como o principal deles oda valorização do trabalho com integraçãona vida e no desenvolvimento da empre-sa para a qual presta seus serviços. Cala-se porque em jogo está a sua ocupação e,por conseqüência, a sobrevivência deseus familiares,� afirmou Dr. Fontes.

Pressão na Justiça do TrabalhoNa audiência do dia 9 de maio, na Pro-

curadoria Geral do Trabalho da 1ª Região,odiretor do SINDMAR e o consultor daCONTTMAF foram recebidos pelo Procu-rador, Dr. Cássio Casagrande e da Dra. JúniaBonfante. De acordo com Casagrande, quetomou as rédeas do processo e vematuando no caso já há algum tempo, o

problema do descumprimento por parteda empresa é uma falha da própria justiçado trabalho e um �crime de desobediên-cia às leis laborais�.

Para garantir que a justiça será cumpri-da integralmente, o procurador enviou pe-tição, em nome do Ministério Público doTrabalho, dirigida ao Juiz da 64ª. Vara doTrabalho, em que requer providências paraexecução da decisão transitada em julga-do que determinou o afastamento dos co-operados da Transtur/ Aerobarcos BrasilS/A. O procurador acrescentou que o juiz,responsável pelo julgamento do proces-so, determinou inclusive a visita de umOficial de Justiça à sede da empresa paraverificação da presença de cooperados nodesempenho das funções de marítimos.De acordo com Casagrande, existe inclu-sive uma multa a ser paga pela Transtur.�Não cumprida a liminar, passa a viger umamulta de 1000 UFIR por dia em trânsito,valor a ser pago integralmente pela empre-sa. Este total hoje chega a R$981.000.

Para que a empresa regularize sua si-tuação junto à justiça de trabalho, alémde pagar a multa e ser proibida de con-tratar novos cooperados, a empresa de-verá regularizar o contrato de trabalhode todos os trabalhadores antes coope-rados, assegurar jornada de trabalhoidêntica a todos os trabalhadores con-siderados autônomos, além de váriosoutros quesitos comuns aos funcionári-os regulares da empresa.

Diretor do SINDMAR e consultor jurídico daCONTTMAF, em audiência na ProcuradoriaGeral do Trabalho da 1ª Região

�A prática da cooperativa desimplesmente intermediar acolocação de profissionais nomercado de trabalho, ultrapas-sa suas fronteiras e invade ocampo sensível das normas rígi-das e protecionistas do direitodo trabalho�.(Dr. Jorge Fontes � Procurador do Trabalho)

�O problema do descumprimento por parteda empresa é uma falha da própria justiça

do trabalho e um crime de desobediência àsleis laborais�. (Dr. Cássio Casagrande -

Procurador do Trabalho)

D

� ANO III Nº 12 � |15|

pós meses de disputa, sindica-tos dos terminais de Suape eRecife, em Pernambuco, assina-

ram, no dia 17 de maio, um acordo tra-balhista com a ICTSI (InternationalContainer Terminal Service), empresafilipina que administra o terminal. A difí-cil negociação chegou a seu termo apósa pressão do Secretário da Seção de Por-tuários da ITF, Kees Marges, que visitouo local no princípio do mês e apresentouum ultimato à empresa, ameaçando lan-çar uma campanha internacional contraa presença da ICTSI na América Latina.

A visita do Secretário da ITF foiintermediada pelo Diretor de RelaçõesSindicais Internacionais da CONTTMAF,Mário Teixeira, que coordenou toda aparticipação de Kee Marges. �O sucessodo trabalho da CONTTMAF e da ITF con-firma que no processo de globalizaçãodas operações portuárias, há de existirtambém um processo de globalização domovimento sindical�, reiterou MárioTeixeira. A CONTTMAF, no processonegocial, representou os sete sindicatos dostrabalhadores: conferentes, estivadores, vi-gias portuários, arrumadores, trabalhadoresde bloco, operadores portuários econsertadores, presididos, respectivamen-te por João Luis de Sousa, Adeildo Paraísoda Silva, Dejair José de Carvalho, JoséAlves da Silva, José Carlos Pereira,Severino Francisco dos Santos, AntônioFeitosa da Silva.

Acordo é assinado apóspressão da ITF

Sindicatos daintersindicalportuária de Suapeassinam ACT apósnegociação,intermediada pelaITF e CONTTMAF

Licitação e conflitoA ICTSI-Tecom Suape perdeu a con-

cessão do Porto de Rosário na Argentinapor não conseguir uma boa relação comos trabalhadores. No Brasil, ela ganhou,em uma licitação do Governo Federal, odireito de explorar o Porto do Suape por30 anos a partir de janeiro de 2002, ummoderno porto localizado em um pontoestratégico para carga e descarga decontêineres. A estratégia da empresa éparte do processo de privatização dosserviços portuários do país.

O conflito foi iniciado com o docu-mento de licitação fornecido pelo gover-no brasileiro que, de acordo com admi-nistração local da filial da ICTSI em Suape,não esclarecia que a empresa encarrega-da ficaria obrigada a respeitar os direitostrabalhistas locais e, portanto, manter aequipe de trabalhadores já existente.

Para defender os direitos dos traba-lhadores, os sindicatos, representadospela CONTTMAF, se uniram em protestocontra o fim do sistema de rodízio (quebeneficia a um maior número de traba-lhadores e já é tradicional no local), acontratação de trabalhadores não-sindi-calizados e a redução do valor pago pelomanuseio de cada contêiner.

A mobilização dos trabalhadores, aparalisação das atividades e as conse-qüentes perdas financeiras não foramsuficientes para convencer a ICTSI. Comisso, Kees Marges pediu explicações à

sede da ICTSI nas Filipi-nas, que foi pressiona-da a interceder nasações de sua afiliadabrasileira devido a umaação de solidariedadeconduzida pelos afilia-dos da ITF nesse país.

A vitória emergencialde apoio da ITF, de acor-do com Kees, serviupara reiterar a �certezada importância doenvolvimento dos sin-dicatos desde estágiosiniciais do processo de

privatização levado a cabo pelos gover-nos�. De acordo com o Secretário, a parti-cipação sindical �teria evitado tanto o es-tado de greve quanto os custos desne-cessários�.

�Esta luta mostrou, mais uma vez,que a falta de informação sobre os ob-jetivos de ambos - os trabalhadores eseus sindicatos de um lado, e os em-presários de outro - contribui para queconflitos se transformem em lutas séri-as ou até em greves. Espero que as par-ticipações da ITF e da CONTTMAF te-nham contribuído para um melhor en-tendimento e para uma solução dura-doura dos problemas sociais que sem-pre aparecem em qualquer reforma por-tuária. E reformas portuárias são inevi-táveis, em todos os portos, ao redor domundo�, acrescentou o Secretário deSeção da ITF.

�A participação sindical teriaevitado tanto o estado de

greve quanto os custosdesnecessários�(Kees Marges,

Secretário da Seção de Portu-ários da ITF)

Trabalhadores portuários dão boas vindas a Kees Marges(direita), acompanhado do diretor da CONTTMAF, MárioTeixeira (centro), na entrada do Porto de Suape

A

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Vida a bordo:o lado obscuro daindústria marítima

globalização já se tornou umdos assuntos mais discutidosna atualidade, mas a realidade

de uma indústria autenticamente mundialnão é um assunto novo. O setor de trans-porte marítimo, responsável pela maiorparte da movimentação comercial do mun-do, é uma indústria que envolve diversosaspectos sociais, econômicos e políticosdas nações que participam do processo.

A falta de aplicação de normas mínimasde segurança, extorsão, fraude, maus tra-tos são apenas alguns exemplos da vidados marinheiros mercantes. Um lado obs-curo da indústria marítima, muitas vezesmascarado pelos escassos ditos �modelosde empregadores e regimes de trabalho�.

As condições de trabalho e vida a bor-do das embarcações foi o tema da últimareunião da Organização Mundial do Tra-balho (IMO), ocorrida dos dias 6 a 8 demaio, em Genebra. Com a participação derepresentantes governamentais de 27nações, dirigentes de empresas de nave-gação, conselheiros técnicos e entidadesrepresentativas dos trabalhos marítimos- entre elas a CONTTMAF, representadapelo seu presidente Severino Almeida - areunião teve como objetivo revisar osatuais estudos e pesquisas existentessobre a vida e condição de vida a bordo.

Em apenas três dias de reunião não foidifícil constatar que a missão da IMO de�promover oportunidades para homens emulheres de obter trabalho decente e pro-dutivo, em condições de liberdade, igual-dade, segurança e dignidade humana� estálonge de ser cumprida. O maior problemareside nas chamadas �bandeiras de con-veniência�, que representam a extrema fal-ta de responsabilidade das nações comseus tripulantes. Tal procedimento fere ospreceitos da Organização das Nações Uni-das que, ainda em 1982, estabeleceu a�Convenção da ONU sobre o Direito Marí-

timo�, onde ficaram instituídas obrigaçõesde cada Estado de embandeiramento de�exercitar eficazmente sua jurisdição e con-trole dos assuntos administrativos, técni-cos e sociais sobre os navios de suas res-pectivas bandeiras�.

Bandeira de conveniência já se tornousinônimo de irresponsabilidade dos pro-prietários, que utilizam das facilidades doregistro aberto para deixar de lado o cum-primento de seus deveres e reduzir cus-tos. As normas de saneamento, segurançae proteção ambiental, nestes casos, ficamem segundo plano. O resultado disso já éconhecido: um número cada vez maior depaíses sem condições de inspeção denavegabilidade e legalidade, muitas vezesaté sem saídas para o mar, que adminis-tram a vida de seus marítimos de formaprecária a milhares de quilômetros de dis-tância de suas embarcações.

As bandeiras de conveniência sãouma problemática ainda maior nos paí-ses asiáticos. Donos de grande parte damão-de-obra para o mercado mundial, es-tas nações têm se mostrado cada vezmenos preocupadas com a vida de seusmarítimos, seja no tocante às condiçõesde vida a bordo, seja na remuneração ofe-recida a estes.

Salários mal pagos e aténão pagos, péssimas condi-ções de acomodação a bor-do, alimentação precária,inexistência de assistênciamédica ou descanso,abusos físicos e psicoló-gicos e abandono sãoapenas algumas das prá-ticas já consideradas co-muns nos relatórios daIMO. Em muitos casos, acondição de sobrevivênci-as dos marítimos é mantidapor meio da caridade.

A

Salários mal pagos e

até não pagos,

péssimas condições

de acomodação a

bordo, alimentação

precária,

inexistência de

assistência médica

ou descanso, abusos

físicos e

psicológicos,

abandono.

Problemas como

estes tranformam a

indústria marítima,

responsável pela

maior movimentação

comercial do

mundo, em um

mercado de

exploração humana.

É a escravidão

dentro dos navios

mercantes, que

degrada a

importância da

atividade em todo o

mundo.

� ANO III Nº 12 � |17|

�Para milhares de marítimos, a vida no mar é uma escravi-dão moderna e seu lugar de trabalho é um navio negreiro�.

O freio da burocraciaA reunião de Genebra serviu apenas

para confirmar o que os especialistas emvida e trabalho a bordo já conheciam: acruel realidade laboral do marítimo emtodo o mundo, em especial nos paísesasiáticos e de bandeiras de conveniência.A necessidade de mudança é urgente,mudança esta que exige uma adequaçãointernacional para padronizar os direitostrabalhistas básicos, o que inclui a viola-ção da liberdade e direito de associação,proteção social, salários justos, entre ou-tros preceitos básicos da cidadania.

Os especialistas em trabalho e vida abordo chegaram a uma lista com 10 itens,observados como sendo de extrema ur-gência para garantir a manutenção emelhoria dos direitos dos trabalhadoresmarítimos. Com a observância destes tó-picos, que foram assinados por represen-tantes dos países participantes, entida-des trabalhistas e empresários; espera-se consolidar em um único documentoos inúmeros relatórios e estudos da IMOacerca da temática discutida, que vêmsendo armazenados durante décadas.

Se por um lado já foram definidos ositens a serem observados pelos armadorese pelo governo dos países, no que diz res-peito às condições de vida e trabalho dosmarítimos, por outro paramos na burocra-cia mundial. Para ser ter uma idéia, mesmoque um documento seja assinado por to-dos os países, por intermédio da IMO, have-rá a necessidade da adequação das leislaborais de cada país, o que demanda quecada um deles assine as regulamentaçõesindividualmente. O que deveria ser imedia-to e urgente certamente levará cerca de 10anos para ser implementado.

Paira-se na problemática de naçõesque continuam não respeitando a gentedo mar, não recordam tampouco registrama importância destes que sacrificam suasvidas para que o mundo possa se vestir,alimentar e morar. Países que não reco-nhecem a importância da indústria marí-tima para a economia mundial, no que dizrespeito ao incremento e desenvolvimen-to do transporte, comércio e exploraçãode energia. Ao contrário da vida marítimarecordar os preceitos da Convenção deDireitos Marítimos da ONU, recordamosde uma frase do informe da InternationalComission on Shipping (ICONS) sobre a �Es-cravidão no século XXI�: �Para milharesde marítimos, a vida no mar é uma escra-vidão moderna e seu lugar de trabalho éum navio negreiro�.

� Cada Estado deverá ter uma administração marítima com estrutura legislativapara garantir os mínimos preceitos laborais e mecanismos executáveis.

� Cada Estado tem total responsabilidade sobre as embarcações sob sua bandeira,devendo respeitar os direitos trabalhistas dos seus tripulantes.

� Cada Estado deve garantir aos tripulantes sob sua bandeira condições de vida etrabalho decentes, mesmo a embarcação estando em outro país.

� Cada Estado deve garantir que os agenciadores legalmente estabelecidos sobsua jurisdição, estejam sujeitos ao controle governamental, garantindo assim queos direitos dos trabalhadores marítimos sejam respeitados.

� Cada Estado deverá manter um mecanismo de inspeção a embarcações e portos,garantindo assim o monitoramento das condições de vida e trabalho.

� Todos os inspetores, responsáveis pelo controle das condições de vida e traba-lho, deverão ser devidamente treinados, qualificados e com boas referências.

� Cada Estado deve certificar-se que os proprietários das embarca-ções devem fazer valer as leis de trabalho, acordos coletivos eregulamentações que dizem respeito às condições de vida e tra-balho a bordo.

� Cada Estado deve garantir fácil acesso a procedimentos simplese baratos para todos os marítimos - sem distinção de nacionalida-de - para manifestarem sua insatisfação quanto à violação de leis,condições de vida e trabalho e contratos de trabalho.

� Todos os donos de empresas de navegação devem garantir con-dições de trabalho seguras e decentes para todos os marítimosque contratar.

� Nos Estados, onde estão legalmente estabelecidos os agen-ciadores, estes deverão fazer parcerias com os armadores emseus domicílios, objetivando a realização de contratos de traba-

lhos e acordos coletivos.

|18| � ANO III Nº 12 �

éssimas condições de trabalhonão são uma exclusividade dospaíses asiáticos. No Brasil, a exem-

plo do que ocorre no estrangeiro, os ma-rítimos convivem com uma realidade difí-cil: a remuneração cada vez mais baixa deseus oficiais mercantes embarcados, emespecial em atividades não relacionadasao offshore.

Ao contrário do que alegam algumasentidades representantes das empresasde navegação, não há escassez de mão-de-obra, mas sim a ausência da valoriza-ção da atividade dos embarcados. O pre-sidente da CONTTMAF e do SINDMAR,Severino Almeida, explica: �Não nos fal-tam Oficiais Mercantes brasileiros para oembarque. Faltam salários. Hoje o que épago em terra ao Oficial Mercante já seassemelha ao salário embarcado. Pior. Oarmador estrangeiro, no momento, de-monstra disposição para pagar melhor,notadamente no offshore. É uma ques-tão de mercado. Do deus mercado. O ar-mador brasileiro, está pecando diante deseu próprio passado. Não deu contribui-ções para dar competitividade às embar-cações nacionais, sem que as mesmas nãopassassem pela redução dos salários.Tudo em nome da competitividade. A mes-

Quanto vale tripular?

ma competitividade que hoje atrai a mão-de-obra nacional para o empregador es-trangeiro.�

Neste ponto, explica SeverinoAlmeida, entra não só o aspecto dadesvalorização do trabalho, mas tam-bém a problemática do interesse es-trangeiro ser algo sazonal. �Insistimoscom nossos companheiros que estemercado favorável em termos de salá-rio em embarcações estrangeiras deveser encarado com cautela. Não apenaspelo risco de desguarnecermos o na-vio nacional. Considerem que os arma-dores estrangeiros ao lançar seus fer-ros em nossas águas, vêem com bonsolhos uma boa relação com os sindi-catos. Nós também. Contudo, devemosconsiderar que isto pode ser passagei-

ro. O fascínio pela utilização da mão-de-obra mais barata está constante-mente rondando qualquer planilha decusto,� enfatiza o presidente.

A atualidade mercante brasileira exi-ge cada vez mais do marítimo, em espe-cial daqueles que trabalham embarcados.Uma representatividade séria e forte basesindical são primordiais para garantir queos direitos dos trabalhadores sejam res-peitados pelas empresas contratantes. �A obtenção de adequados termos deAcordo Coletivo de Trabalho com em-presa proprietária de embarcação brasi-leira, nos dá particular satisfação. Aocontrário de muitas armadoras, acredi-tamos no triângulo tripulação brasileira,navio nacional e empresa brasileira denavegação, como a expressão única eautêntica de nossa Marinha Mercante.Se perdermos nossos postos de traba-lho nos navios nacionais para os estran-geiros, nos transformaremos em páreassem bandeira, lançados em mar de in-certezas. Hoje, mais do que ontem, rei-vindicar melhores condições de saláriose trabalho, tornou-se também, uma ne-cessidade para continuarmos integran-do a Marinha Mercante Brasileira,� fina-liza Severino.

Baixos saláriosdesestimulamOficiais Mercantesbrasileiros aembarcarem emnavios nacionais.

P

Fornecedores de Mão-de-Obra MercantePAÍS Nº MARÍTIMOS

Filipinas 244 782

Indonésia 83 500

Turquia 80 000

China 76 482

Índia 53 000

Rússia 47 688

Japão 42 537

Grécia 40 000

Ucrânia 38 000

Itália 32 300

Fonte: Couper el al (1999)

�Não nos faltamOficiais Mercantesbrasileiros parao embarque.Faltam salários.�Severino Almeida, presidenteda CONTTMAF e do SINDMAR

� ANO III Nº 12 � |19|

LIVROS?

Nova CBO classifica famíliados Oficiais de Máquina

processo de classificação dosOficiais de Máquina na nova Clas-sificação Brasileira de Ocupa-

ções (CBO 2000) foi finalizado. O novo do-cumento, que não sofria alterações desde1994, estabelece o conjunto de normasque determinam a exata atribuição de cadaprofissão no país. A reformulação foi feitapelo Ministério do Trabalho e Emprego, emparceria com a Fundação Instituto de Pes-quisas Econômicas da USP (FIPE).

O processo de reformulação da fa-mília dos oficiais de máquina, que foiacompanhado de perto pelos diretoresdo SINDMAR e também oficiais de má-quina, Enilson Pires e José Serra contoucom diversas etapas. A primeira delasfoi uma coleta e debate de 150 itenscom 8 oficiais de diversos setores e osrepresentantes da FIPE, Daniel StellaCastro, Analista Ocupacional e o Soci-ólogo Javier Lifshitz, que também atuoucomo relator do processo. A indicaçãodos participantes do SINDMAR foi arti-culada pelo diretor-secretário do sindi-cato, Odilon Braga, que também partici-pou do processo da elaboração da clas-sificação para os oficiais de náutica, ain-da em andamento.

O código CBO é usado nos registrosadministrativos que controlam o mer-cado de trabalho do Brasil, como a Re-lação Anual de Informações Sociais -RAIS, o Cadastro Geral de Empregadose Desempregados - CAGED, o SeguroDesemprego, a Carteira de Trabalho ePrevidência Social - CTPS, Imigração,Sistema Nacional de Emprego - SINE eFormação Profissional.

Daniel; Enilson Pires,Javier e José Serra

O documento conta ainda com umadescrição das competências pessoaisnecessárias aos oficiais de máquinas daMarinha Mercante, as quais foram clas-sificadas como comuns para todos osintegrantes da família: demonstrar cora-gem, demonstrar motivação, exercer li-derança, ter ética profissional, trabalharem equipe, realizar cursos de aperfeiço-amento, demonstrar iniciativa, tomardecisões, ter flexibilidade profissional,demonstrar solidariedade, expressar-seoralmente, adaptar-se às condições eambiente de trabalho, agir com dinamis-mo, possuir equilíbrio emocional, de-monstrar capacidade didática, dominarlínguas estrangeiras, assegurar discipli-na, demonstrar criatividade, possuir ca-pacidade de observação, suportar priva-ção familiar e social, raciocinar

logicamente, redigir adequadamente tex-tos de forma sucinta e clara e dominarinformática.

Em breve, a Classificação Brasileira deOcupações 2000 poderá ser acessadapelo site do Ministério do Trabalho,www.mtb.gov.br e pela página da Fipe,www.fipe.com.

Oficiais de Máquina na CBO 2000Oficiais de Máquina na CBO 2000Oficiais de Máquina na CBO 2000Oficiais de Máquina na CBO 2000Oficiais de Máquina na CBO 2000Os oficiais de máquinas foram classificados na CBO 2000 seguindo as

atividades específicas inseridas em 9 diferentes atribuições:

- Acompanhar desempenho do navio

- Administrar seção de máquinas

- Gerenciar sistemas de manutenção

- Conduzir equipamentos da seção de máquinas

- Realizar manobras e procedimentos de atracação/desatracação e fundeio do navio

- Realizar serviços em terra

- Treinar tripulantes

- Gerenciar tripulantes

- Coordenar fluxos de comunicação

O

LIVROS?O seu Sindicato tem à disposição de todos os seus associados uma bibliotecacom mais de 700 exemplares. São 500 títulos de literatura geral e 200 técnicos.

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A biblioteca do SINDMAR é coordenada pelo Departamento dos Aposentados,que administra os empréstimos de segunda à sexta-feira,sempre após 14h.

|20| � ANO III Nº 12 �

Sem licença para tripular entrada ilegal de estrangeiros no Brasil para trabalharem na Bacia de Campos

continua preocupando a Polícia Federal que, a cada ano registra novas frau-

des às leis trabalhistas e tributárias e às regras de imigração nacional. De

acordo com a PF, os estrangeiros entram no país com vistos de turistas, ocupando

vagas que poderiam ser preenchidas por empregados brasileiros. Estima-se que 2.500

estrangeiros estejam empregados no setor de petróleo, a sua maioria contratados por

empresas que prestam serviços à Petrobras na Bacia de Campos.

Segundo determinação legal do Ministério do Trabalho, o estrangeiro, para traba-

lhar no país, deverá ter registro no órgão de classe, quando a atividade for regulamen-

tada e sujeita à fiscalização do exercício profissional. A regra está explicitada na Por-

taria nº 132, de 21 de março, que estabelece instruções para a Autorização de Traba-

lho a Estrangeiros. Ao contrário do determinado pelo MTB, a realidade é diferente. A

entrada e permanência dos estrangeiros no País, bem como sua contratação pelas

empresas, não obedece o estabelecido por lei, provocando prejuízos ao governo, que

não arrecada tributos, além de criar um incentivo �involuntário� para a entrada de

novos estrangeiros no Brasil.

De acordo com a Petrobras, que possui contratos com mais de 100 empresas

nacionais e internacionais para atividades de apoio à exploração e produção de petró-

leo, o controle do número de empregados estrangeiros não é feito pela estatal, mas sim

pela empresa contratada. A Petrobras informou ainda que as empresas possuem cerca

de 45.500 empregados brasileiros e estrangeiros.

Estrangeirostripulamilegalmenteembarcações deapoio à atividadede exploração depetróleo e violamas leis trabalhista,tributária e deimigraçãobrasileiras

Controvérsia na leiOs tripulantes estrangeiros, embarca-

dos em navios de bandeiras estrangeirasque vierem a operar em águas jurisdicionaisbrasileiras, devem possuir visto temporá-rio, concedido pelo Ministério do Traba-lho, garantindo assim a legalidade da esta-dia no Brasil, durante o tempo em que es-tiverem a serviço da empresa.

O delegado Victor Hugo Poubel, diretorda Delegacia Especial do Aeroporto Inter-nacional do Rio, avalia a situação: �a re-solução é clara ao dizer �estrangeiro tri-pulante de embarcação estrangeira e não�estrangeiro tripulante de aeronave estran-geira�, já que todos chegaram de aviãoportando visto de turistas, não proceden-do portanto o argumento das empresas�,afirmou. Poubel acrescentou que a situa-ção da permanência ilegal dos estrangei-ros no Brasil é absurda. �Não há interessedas empresas em terem os estrangeirosem seu quadro de empregados na condi-ção de marítimos, pois, desta forma, teri-am de cumprir com toda a carga de obri-

A

� ANO III Nº 12 � |21|

gações trabalhistas e tributárias�. Destaforma,os estrangeiros utilizam os vistos parafins de ingresso e permanência no país, oque fere a Lei 6815/80 do Estatuto do Es-trangeiro, que afirma que o visto de turista éconcedido �ao estrangeiro que venha aoBrasil em caráter recreativo ou de visita, semfinalidade imigratória, nem intuito de exer-cício de atividade remunerada�.

O problema da permanência dos es-trangeiros no Brasil exercendo atividadesremuneradas, em especial na atividade deexploração do petróleo, foi levado pelaPolícia Federal aos ministérios públicosfederal e do Rio de Janeiro. Quatro procu-radores já foram designados para analisara documentação enviada pelas empresasacusadas e pela PF. O caso poderá resultarem um inquérito civil público ou em umtermo de ajuste de conduta das empresas.

Sindicalistas denunciam trabalho ilegal no offshoreA invasão dos estrangeiros no

mercado de trabalho no setor depetróleo no Brasil já é preocupaçãoantiga da CONTTMAF, FNTTAA e doSINDMAR. Um exemplo disso foi areunião ocorrida com o diretor con-selheiro da CONTTMAF e diretor fi-nanceiro do SINDMAR, Jailson Bis-po e o diretor secretário daCONTTMAF e do SINDMAR, OdilonBraga, juntamente com os represen-tantes da FNTTAA, Roberto Negrãoe Luciano Ponce, no último dia 7 demarço, na sede do Ministério Públi-co do Trabalho. Na ocasião, os sin-dicalistas depuseram contra a em-presa norueguesa DSND Subsea,representada no Brasil pela DSNDConsub S.A.

A companhia, que opera na pres-tação de serviços de apoio logísticoa plataformas na Bacia de Campos,vem praticando contratações de es-trangeiros para tripularem suasembarcações no Brasil, alegandoque os mesmos têm qualificaçãodiferenciada, não podendo sersubstituídos por marítimos brasi-

leiros. De acordo com Odilon Braga,a realidade é outra: �todo oficial étreinado para comandar uma embar-cação, pois os certificados marítimos(STCW) são reconhecidos internacio-nalmente de acordo com padroniza-ção regida pela IMO�.

A rota do �tráfico� foi bemexplicada pelo diretor Jailson Bispoque informou que os estrangeiros sãotransportados via aérea e hospeda-dos em hotéis em Macaé, de onde sãolevados, via helicóptero, para embar-cações de bandeira estrangeira. Osnavios, tripulados pelos estrangeiros,também são comandados por ofici-ais não brasileiros.

De acordo com os Procuradoresdo Trabalho, Dr. Maria Julieta e Dr. JoãoBatista Berthier; que participaram daaudiência, as irregularidades nacontratação de estrangeiros para tri-pularem embarcações de offshore naBacia de Campos é preocupante edemanda uma investigação minucio-sa, especialmente na cidade de Macaé,para onde são levados a maioria dostripulantes internacionais.

�O visto de turista éconcedido ao estrangeiroque venha ao Brasil emcaráter recreativo ou devisita, sem finalidadeimigratória, nem intuitode exercício de atividaderemunerada�.(Lei 6815/80 do Estatuto do Estrangeiro)

Organizando trabalhadores nos últi-mos 45 anos, em diversas áreas do setorde transportes, e no que à água, aCONTTMAF � Confederação Nacio-nal dos Trabalhadores em Transpor-te Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nosPortos, congrega as organizações de re-presentação dos trabalhadores brasilei-ros, que laboram sobre as águas, portos eem atividades sub-aquáticas.

São 4 Federações e 161 Sindicatos ir-manados em um só objetivo: a defesa efi-ciente dos interesses dos mais de 220.000trabalhadores brasileiros do setor.

Não é tarefa simples. São trabalhado-res de alto nível de especialização produ-zindo, viabilizando o transporte, ou trans-portando nossos produtos em ambien-tes não raramente perigosos e insalubres.

São trabalhadores que, mais do que quais-quer outros, estão na linha de frente, so-frendo o impacto direto do processo deglobalização da economia mundial.

A CONTTMAF integra-se à organiza-ção internacional dos trabalhadores atra-vés de sua filiação à ITF � InternationalTransport Worker´s Federation. Sem ab-dicar de contribuir, no cenário nacional einternacional, para a promoção da solida-riedade e da defesa dos interesses co-muns aos trabalhadores, independente denacionalidade, raça, sexo ou religião,prioriza a defesa do interesse do traba-lhador brasileiro, seja na cabotagem, sejana atividade pesqueira.

A CONTTMAF defende ainda a utili-zação das nossas vias navegáveis para oescoamento de nossa produção como a

opção mais efi-caz e econômicade transporte etambém a menosagressiva aomeio ambiente.

Cobrando os necessários investimen-tos para uma verdadeira modernizaçãoportuária, resistindo ao desmonte das or-ganizações dos trabalhadores nos por-tos e o aviltamento de suas relações detrabalho, combatendo o trabalho inse-guro e denunciando a exploração do ho-mem pelo homem, inclusive pela utiliza-ção das cooperativas de mão-de-obra,que desempregam e aviltam as condi-ções de trabalho, a CONTTMAF é o por-to seguro para os trabalhadores do setore seus representantes.

Saiba mais sobre a sua Confederação

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Dia do Trabalho, comemoradoem 1º de maio na maior parte domundo, com exceção dos EUA,

teve sua origem na greve dos trabalhado-res das usinas siderúrgicas de AndrewCarnegie, ocorrida em 1 de maio de 1886.Três anos mais tarde, no Congresso Soci-alista realizado em Paris, foi proclamadoo 1º de maio como o Dia Internacional doTrabalho, em memória aos mortos deChicago.

Criado com o intuito de ser um feria-do com ares de luta e de protesto, o Diado Trabalho �evoluiu� para ser um dia defesta e comemorações no Brasil. Na capi-tal do poder, o primeiro dia do mês demaio de 2002 teve um pouco de tudo:corridas, gincanas para crianças, multi-dões nos shows nos jardins da Torre deTV e circo. A Força Sindical, em seu tradi-cional �showmício� na Zona Norte de SãoPaulo, promoveu mais de 40 atraçõesmusicais -quase todas elas dubladas-como Titãs, KLB, Chiclete com Banana,Alexandre Pires e Wanessa Camargo, alémdo sorteio de 11 Celtas e cinco aparta-mentos. O custo da �festinha�? R$ 3,5milhões.

A CUT também não ficou de fora dafesta e promoveu shows em 10 locaisdiferentes da grande São Paulo, entreeles o �showmício� com Supla e o gru-po Ira! em Santo André � local escolhi-do para homenagear o prefeito CelsoDaniel. De acordo com a Central Únicados Trabalhadores, os gastos com oseventos do dia 1 de maio totalizaramR$ 400 mil. Segundo a central, a infra-estrutura foi paga pela CUT nacional ede São Paulo e os shows foram pagospelos sindicatos filiados.

1º de Maio:

Enquanto isso...Em outros países, ao contrário do Bra-

sil, a data caracterizou-se por uma atmos-fera de manifestos, muitos deles carrega-dos de tensão e até violência. Houve atéquem aproveitou o feriado para pedir pelapaz em Israel.

A França transformou o dia em umrecorde, com a maior manifestação con-tra a extrema-direita já ocorrida no país:cerca de 400 mil pessoas fizeram um cor-tejo da Place de la République até a Placede la Nation, passando pela Bastilha, pe-dindo aos franceses que não votem emLe Pen no segundo turno das eleições pre-

sidenciais. Na Inglaterra, ciclistas pro-testaram contra a globalização e o capi-talismo, em frente à embaixada america-na. Já na Venezuela, dezenas de milha-res de pessoas foram às ruas em umapasseata pelos direitos dos trabalhado-res, três dias após a gigantesca manifes-tação que resultou em 17 mortes, cente-nas de feridos e na crise fabricada quedeixou o presidente Hugo Chávez doisdias fora do poder.

Na Alemanha os protestos tiveramatmosfera de fúria: em Berlim, anarquis-tas, usando máscaras, enfrentaram a po-

A “Festa” do TrabalhadorFesta no Brasil,manifestação no resto domundo. Será que obrasileiro tem motivospara comemorar?

França: maiormanifestaçãocontra a extrema-direita da históriado país

O

� ANO III Nº 12 � |23|

lícia, enquanto trabalhadores protestavamcontra o desemprego e pediam melhorescondições de vida. A polícia reagiu comjatos d�água. Na mesma cidade, 800 mem-bros do partido neonazista NDP precisa-ram de proteção policial para realizar suapasseata. Ao longo do trajeto, grupos es-querdistas gritavam �Fora com os nazis-tas�. A Suíça também marcou o Dia doTrabalhador com violência: polícia usoubalas de borracha e bombas de gás paradispersar um choque entre manifestan-tes esquerdistas e direitistas. Cerca de100 pessoas foram detidas.

Já as organizações de trabalhadoresda Espanha convocaram manifestaçõesem todo o país, como pano de fundo dacrítica à proposta do Governo para refor-mar o subsídio ao desemprego e a possi-bilidade de uma greve geral. Na Rússia,partidos esquerdistas e sindicatos leva-ram cerca de 140 mil pessoas para a Pra-ça Vermelha, em Moscou. Em Calcutá, naÍndia, centenas de prostitutas foram àsruas para pedir reconhecimento à profis-são. Nas Filipinas, milhares de simpati-zantes do ex-presidente Joseph Estradapediram a renúncia de Gloria Arroyo. NaItália, milhares de pessoas se reuniramna cidade italiana de Bolonha para pro-testar pela reforma trabalhista do Gover-

Alemanha (acima):manifestação resultou emconfronto com a políciade Berlim.

Na Rússia (ao lado), 140 milpessoas lotaram a PraçaVermelha, em Moscou.

no, já contestada com uma recente grevegeral, e contra o terrorismo. Até o Japãoprotestou: um total de 670.000 trabalha-dores foi às ruas para reclamar das redu-ções salariais e as demissões, agravadascom o índice de desemprego no país, queem janeiro passado registrou a máximahistórica de 5,6%.

Festa pra quê?Certamente, ao que indicam os índi-

ces sócio-econômicos brasileiros, o paísnão tem motivos para comemorar. Parase ter uma idéia, um em cada cinco tra-balhadores da Região Metropolitana deSão Paulo está desempregado, segundopesquisa da Fundação Seade/Dieese(abril/02). O rendimento médio real dotrabalho das seis principais regiões me-tropolitanas pesquisadas pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatísticas �IBGE ( Recife, Salvador, Belo Horizonte,Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre),acumula queda real de 10,6% desde1999, quando houve a mudança no re-gime cambial.

O salário mínimo, atualmente fixadoem R$ 200 reais, também não é motivopara festa. Com base no mais alto valorda cesta básica � verificado em Porto Ale-gre (R$ 129,14) � e considerando o pre-ceito constitucional que estabelece queo salário mínimo deve ser suficiente para

a manutenção de umtrabalhador e de sua fa-mília, suprindo suas ne-cessidades com alimen-tação, moradia, educa-ção, saúde, transportes,vestuário, higiene pes-soal, lazer e previdênciasocial � o DIEESE (De-partamento Intersindicalde Estatística e EstudosSócio-Econômicos) es-tima que valor deveriaser de R$ 1.084,91,quase seis vezes o mí-nimo vigente.

Certamente, o climade festa do dia 1º demaio está longe de ser asolução mais sensatapara os problemas queenfrentam os trabalha-dores brasileiros.

Brasil (abaixo): com poucamanifestação, dia é marcado

por 40 shows, promovidospela Força Sindical.

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Dissídio Coletivo (D.C. 0784/90.8 � SDC � 06/90) contra asempresas de navegação maríti-

ma e fluvial - incluindo o Lloyd Brasileiro -que à época cabia ao Sindicato Nacionaldas Empresas de Navegação Marítima(SYNDARMA), já foi julgado no TribunalSuperior do Trabalho (TST).

Os ministros da sessão especializadaem dissídios coletivos do TST decretarampreliminar de carência da demanda coletivaproposta, por ausência de interesse de agirdo SYNDARMA. Com isso, os juízes una-nimemente julgaram o processo extinto.

De acordo com o Diretor-Procuradordo SINDMAR, Enilson Pires, com a deci-são judicial vigoram quanto ao Lloyd asmesmas cláusulas analisadas, votadas,julgadas e acordadas pela Egrégia Turmada Sessão, especializadas em dissídioscoletivos em relação ao SYNDARMA, ouseja, as previstas no DC 789/90.3 (AC �SDC 08/90 � TST).

Dessa forma, a sentença normativa,homologou, em 21.02.1990, várias clá-

Todos os marítimos, que se encontra-vam com vínculo empregatício de �de-zembro de 1988 a fevereiro de 1989�e, � em abril de 1990�, que por conse-guinte possuíam conta vinculada aoFGTS, têm direito a indenização, em de-corrência dos expurgos dos planoseconômicos. Mesmo aqueles que nãopossuam atualmente saldo vinculado aoFGTS, seja em virtude de saques efetuadosapós o mês de maio de 1990, ou por esta-rem desempregados, ou ainda, aposenta-dos após as datas citadas dos referidosplanos econômicos, têm direito aindenizações que variam de acordo com

Entenda o processoLloyd e ETAPAApós 10 anos de espera, Oficiais de Náuticacomeçam a receber a ETAPA devida pela empresa

usulas acordadas em au-diência, em referência aoDC 786/90.3.

Ocorre que, dentre essas cláusulas,há uma referente à ETAPA, que consis-te em uma ajuda individual a cada ma-rítimo, o que seria corrigido com basenos índices do INPC, conforme a Cláu-sula 6ª do Acordo Coletivo de Traba-lho �valor da etapa à unanimidade de-ferir em parte do pedido determinan-do-se que a variação do valor da etapase faça com base nos índices oficiaisda INPC integral.�

Na época do proferimento da sen-tença normativa, o valor da etapa era deNCZ$ 941,06, enquanto que pela tabe-la do SYNDARMA era de NCZ$ 1.972,72.A referida sentença vigorou no períodode 01.02.90 a 31.01.91, cujos valoresficaram estacionados de março a janei-ro de 1991 em NCZ$ 1.625,96, sendoreajustado apenas em fevereiro de 1991para NCZ$ 4.568,67, quando ocorreuum novo aumento.

Calculando a diferençaAplicando-se o valor da etapa anteri-

or a março de 1990, cujo INPC integralera de 84,32%, encontramos o valor deNCZ$1.734,56, total este superior ao es-tabelecido na tabela salarial, que previaNCZ$1.625,96 e que vigorou durantetodo o período de 01.02.90 a 31.01.91.

A conclusão a que se chegava é que aetapa não estava sendo devidamente rea-justada com base no índice pactuado,gerando diferenças, que vêm sendo pa-gas pelo Sindicato Nacional dos Oficiaisda Marinha Mercante � SINDMAR.

Ação FGTS!Expurgos inflacionários do FGTS (Plano Verão e Collor I)

a situação de cada um com conta vincu-lada no período.

Esta questão já foi decidida pelo Su-premo Tribunal Federal � STF sendo por-tanto direito líquido e certo. O SINDMARlembra, mais uma vez, àqueles que te-nham alguma diferença a receber, que pro-curem o Departamento Jurídico doSINDMAR, na pessoa do Diretor-Procura-dor Enilson Pires. Alertamos que, alémdas perdas provenientes da assinatura doacordo celebrado entre o governo e cen-trais sindicais, a própria Caixa EconômicaFederal não está cumprindo com os pra-zos acordados.

Para iniciar o procedimento no Depar-tamento Jurídico do SINDMAR, os asso-ciados deverão comparecer à sede do sin-dicato com os seguintes documentos afim de que seja iniciado o processo deelaboração da procuração:1) CPF;2) Comprovante de Residência;3) Rescisão do Contrato de Trabalho, se

houver, e4) Extrato do FGTS do Banco de origem

no período de dezembro de 1988 a maiode 1990 ou extrato analítico do fundofornecido pela CEF da diferença dosplanos econômicos.

�A justiça tarda, mas não falha, é ovelho adágio popular. Recomenda-mos aos companheiros lloydianosum pouco mais de paciência com

relação ao restante da demanda, ouseja, ou velhos 74%.�(Diretor-Procu-

rador do SINDMAR, Enilson Pires)

O

� ANO III Nº 12 � |25|

Saiba maissobre os 74%O que são os 74%?

É o valor referente ao ganho de cau-sa do Dissídio Coletivo de Trabalho de1992, entre a Federação Marítima eSYNDARMA (DC � 43606/92.1). �Valoreste que não foi pago pelo SYNDARMA,gerando ações de cumprimento por em-presa�, esclarece Enilson Pires, Diretor-Procurador do SINDMAR.

Qual o histórico do processo?A decisão normativa, proferida no

processo em questão, publicada no Di-ário Oficial de 08.10.1993, não foicumprida, em sua totalidade, pelasempresas que não pagaram os seusfuncionários o reajuste salarial asse-gurado pelo TST, gerando ações decumprimento. Ações estas, que os sin-dicatos, por meio da Federação,atuaram na qualidade de substitutosprocessuais, pleiteando a diferença sa-larial assegurada pela �decisãonormativa�.

Assim, em meados de 1993, a Fe-deração de Marítimos achou por bemcontratar o escritório de advocaciapara tratar exclusivamente dessasações, que perduram até hoje, por for-ça de inúmeras manobras judiciais.

Qual o procedimento a sertomado pelos associados que seenquadram no processo emquestão?

A diretoria do SINDMAR achou porbem publicar nesta edição do Unifi-car a listagem com o número dos pro-cessos e suas respectivas Varas deTrabalho com o intuito de dar ciênciae facilitar o acompanhamento pelo as-sociado.

Como posso acompanhar oandamento dos processos?

Por meio do site www.trtrio.gov.bré possível fazer a pesquisa, entrandocom os dados fornecidos na listagem.

Empresa Processo Nº Processo Ano Vara de Trabalho

Aliança AC 2143 1993 34

Chaval AC/RT 2144 1993 33

Conan AC 2147 1993 2

Cia Marítima Nacional AC/RT 2135 1993 51

Mansur AC 2137 1993 21

Netumar AC 2144 1993 32

Libra AC 2128 1993 50

Lolisa AC 2142 1993 11

Paulista AC 82 1994 24

Lloyd-UF AC 2142 1993 6

Intermodal Comodal AC 87 1994 36

Marvi S.A. AC 1099 1994 63

Cia Tupi de Navegação AC 1193 1994 68

Hipermodal AC 1333 1994 63

Frotaoce/Amazônica AC 841 1994 47

Transroll AC 933 1994 46

H. Dantas AC 1849 1994 57

H. Dantas AC 360 1995 27

Norsul AC 400 1995 28

Tupinave AC 411 1995 15

Mansur RT 2171 1992 03

Libra AC 818 1995 48

Frotaoceânica AC 809 1995 72

Docenave AC 634 1995 39

Nasa AC 694 1994 4 NIT

Global AC 1014 1997 3

Docenave RT 2158 1993 25

Antonio Ramos (Itajaí) AC 396 1994 2

Frotama (Belém) AC 1155 1994 62

Norsul AC 1293 1994 66

Brasilmar AC 611 1995 72

Flumar AC 196 1996 28

Norsul AC 974 1995 35

Docenave RT 147 1989 18

Lloyd-UF AC 35 1989 10

Docenave AC 1274 1995 63

Docenave AC 1950 1995 46

Netumar AC 1002 1995 60

|26| � ANO III Nº 12 �

uitas horas consecutivas de tra-balho embarcado são comunsnas atividades do profissional

aquaviário. De acordo com estudo, recen-temente feito pelo Conselho Médico dePesquisa da Universidade de Cambridgecom trabalhadores marítimos, mais dametade dos 563 participantes da pesqui-sa afirmaram que trabalham ou já traba-lharam por período superior a 85 horassemanais. De acordo com o Conselho, oexcesso de horas de trabalho pode ocasi-onar a fadiga o que poderia comprometera segurança da navegação e conseqüen-tes causar acidentes marítimos.

A fadiga pode ser descrita como umestado criado por uma atividade excessi-va que deteriora o organismo e diminui asua capacidade funcional. A sensação defadiga é geralmente acompanhada de umasensação de doença, englobando todo oser psíquico e físico, reduzindo a produ-tividade e o prazer no trabalho. Outro agra-vante da fadiga é o próprio cansaço men-tal, ocasionado muitas vezes pela inse-gurança em relação ao emprego, exigên-cias profissionais, além de preocupaçãocom relação a baixo salários que muitasvezes não garantem o sustento familiar.

De acordo com o estudo daCambridge não só o excesso de horas tra-balhadas é prejudicial ao trabalhador ma-rítimo, mas também a necessidade doexercício de atividades no período da noi-

Fadiga:O perigo está a bordoExcesso de horastrabalhadas a bordo podecomprometer saúde física,mental e até a segurançados marítimos embarcados

te. �Está comprovado que, o trabalhonoturno, em particular, está associado àdiminuição da atenção por parte do tra-balhador, bem como performance inferi-or à normal�, atesta o estudo.

Aproximadamente um quarto dos tra-balhadores pesquisados pela universida-de afirmaram que têm dificuldade em ador-mecer e quase 50% afirmaram quefreqüentemente possuem sono agitado,acordando muitas vezes durante a noite.O barulho e o movimento do navio tam-bém são agravantes desta �tensãonoturna�. Apesar de não existirem estu-dos que comprovem a relação entre a fadi-ga e acidentes no trabalho, vários maríti-mos afirmaram que percebem que exces-sivas horas de trabalho a bordo causamstress e sintomas relacionados à fadiga.

O estudo da universidade analisoutambém a saúde dos trabalhadores, men-cionando que muitos deles possuem fa-tores agravantes para o processo físicoque conduz à fadiga, tais como: excessode peso e tabagismo. Nestes casos espe-cíficos, de acordo com a pesquisa, a fadi-ga é agravada, pois alia o cansaço mentalà debilidade física.

Utilizando como base o estudo da Uni-versidade de Cambridge, a ITF, por inter-médio da Universidade de Cardiff, preten-de pesquisar e avaliar aspectos ainda nãoexplorados em relação à problemática dafadifga. O novo estudo vai incluir uma ava-liação dos tipos de fadiga relacionados aosdiferentes tipos de embarcações, procedi-mentos para evitar a fadiga, identificaçãode fatores de risco, sugestões de procedi-mentos a bordo para evitar a fadiga, alémda redação e publicação de um guia paraos marítimos, orientando as diversas for-mas de evitar a fadiga no trabalho.

M

Segurança no Brasil

A saúde e a segurança dos marítimostambém é uma preocupação daCONTTMAF, que vem participando eacompanhando o trabalho da Funda-ção Jorge Duprat Figueiredo de Segu-rança e Medicina do Trabalho(Fundacentro) com os trabalhadoresmarítimos. A Fundacentro vem desen-volvendo um trabalho de campo emcontinuidade ao projeto 6313025 �Estudo das Condições de Segurançae Saúde do Trabalhador a Bordo deEmbarcações.

O estudo busca obter um perfilpsico-sócio-econômico, usando ametodologia descritiva/interpretativaobtida por meio de questionários,além de analisar os riscos dos agen-tes ambientais agressivos à saúde dotrabalhador, conforme as diretrizesdo setor de higiene da Fundacentro.A pesquisa está sendo feita por meiode visitas de técnicos daFundacentro a vários tipos de embar-cações, incluindo offshore.

Segundo a Fundação, os resultadosfinais dos trabalhos serão apresenta-dos dos dias 5 a 8 de novembro, noII Congresso de Segurança e Saúde,no SECS de Santos. Apesar de nãoadiantar os resultados, dificilmente aFundacentro conseguirá mostrar queos marítimos brasileiros têm vida abordo diferente daquelespesquisados pela Universidade deCambridge.

� ANO III Nº 12 � |27|

s dias 3, 4 e 5 de abril no Méxicoforam movimentados por ummega evento do setor de trans-

portes. O Hotel Aeropuerto Plaza sedioua Conferência Regional para a AméricaLatina e o Caribe da Federação Internaci-onal dos Trabalhadores em Transportes(ITF). A ITF representa hoje cerca de 5 mi-lhões de trabalhadores de 600 sindicatosem 135 países em todo o mundo.

A conferência regional no México reu-niu mais de 100 participantes de sindica-tos de 20 países, entre eles o SindicatoNacional dos Oficiais da Marinha Mercan-te � SINDMAR, representado no eventopelo seu diretor, Odilon Braga. As federa-ções e confederações de marítimos tam-bém tiveram presentes ao México e deba-teram estratégias de ação, além de elege-rem representantes para o próximo con-gresso mundial da ITF, a ser realizado nomês de agosto, no Canadá. Pelo Brasil,participou a FNTTAA, representada porseu presidente, Ricardo Ponzi e pelaCONTTMAF, participou o presidente,Severino Almeida.

A abertura do evento contou com aparticipação de diversas autoridades na-cionais do setor de transportes mexica-

México sedia ConferênciaRegional da ITF

nos, entre elas o Deputado Federal, JoséTomás Lozano e Pardinas, representanteda Comissão de Transporte e Marinha daCâmara dos Deputados e o EngenheiroGerardo Michell Cuen, representante doSecretário Federal de ComunicaçõesTransportes do México.

Comitê e eleiçãoUm dos episódios marcantes da con-

ferência foi a Reunião das Seções Maríti-ma, Portuária, Navegação Interior e Pes-ca, presidida pelo presidente do Comitê,Severino Almeida, acompanhado do Se-cretário Geral da ITF, David Cockfort e doSecretário Regional da ITF, AntonioRodrigues Fritz.

A reunião contou com a participaçãode 37 delegados de 14 países e teve afinalidade principal de discutir os últimoseventos, projetos e atividades recentes,ocorridas nos setor aquaviário. Após asdiscussões e deliberações, foram eleitosos representantes de cada um dos Comi-tês das Seções presentes (marítima, por-tuária, navegação interior e pesca). O pre-sidente da CONTTMAF e do SINDMAR,Severino Almeida, que presidia a reunião,foi eleito, por unanimidade, para presidira seção dos marítimos (ver quadro).

Evento reúne noMéxico mais de 100participantes desindicatos de 20países paradebateremestratégias de açãopara ostrabalhadoresaquaviários

O

Eleição - Comitê das SessõesPortuária, Marítima, NavegaçãoInterior e Pesca

Marítimos:

Presidente: Severino Almeida Filho(CONTTMAF, Brasil)

Vice-presidente: Marcos Castro(CCUOMM, Argentina)

Vice-presidente: Michael Annisette(SWWTU, Trindade e Tobago)

Portuários:

Presidente: Maio Uruguaio Machado(CONTTMAF, Brasil)

Vice-presidente: Jorge Concchia(SEAMARA , Argentina)

Vice-presidente: Alvin Sinclair

Pesca:

Presidente: Horacio Angriman(CCUOM, Argentina)

Vice-presidente: Luiz Penteado(FNTTAA, Brasil)

Navegação Interior:

Presidente: Juan Carlos Pucci(UMAFLUP,Argentina)

Vice-presidente: Ricardo Ponzi(FNTTAA), Brasil

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o último dia 18 de abril, o presi-dente da CONTTMAF e doSINDMAR e Diretor para Assun-

tos de Relações Internacionais daFNTTAA, Severino Almeida, proferiu pa-lestra para os alunos da Escola Naval deGuerra. A turma presente era compostapor oficiais superiores das três forças ar-madas e oficiais mercantes.

Em sua exposição, Severino comen-tou os aspectos gerais do trabalho marí-timo e suas implicações para os traba-lhadores aquaviários na Marinha Mercan-te nacional e internacional. A palestra foiiniciada com uma explicação do presi-dente sobre a organização dos trabalha-dores aquaviários no Brasil (confedera-ção, federação e sindicatos), bem comoa inserção dos mesmos no panorama in-ternacional.

A explanação de Severino contouainda com comentários sobre a legisla-ção brasileira, no que concerne ao mer-cado de trabalho marítimo. Neste as-pecto, o presidente lembrou da impor-tância da Resolução Marítima (RN 31-

Marinha Mercante é tema de palestrana Escola de Guerra Naval

CNIg/MTE), segundo ele a mais fortearma de proteção ao trabalhador maríti-mo. Apesar de reconhecer a importân-cia da RN 31, Severino lamentou que amesma esteja nivelada por baixo noordenamento jurídico. Segundo ele,como resolução normativa, a mesmapossui peso menor que uma lei ordiná-ria. �Tamanha importância demandariauma inclusão na Constituição Federal,�afirmou o palestrante.

Severino enfatizou ainda que a lide-rança sindical brasileira é contra a ratifi-cação da Convenção 78 da OIT por en-tender que a Resolução pode ser utiliza-da para reformulação da legislação emprejuízo dos trabalhadores.

A palestra foi encerrada com um pa-norama das perspectivas para o traba-lho marítimo. Neste ponto, Severinoapontou a importância cada vez maiorda especialização dos marítimos - o que,segundo ele, vem sendo um importantefator na contratação dos trabalhadores.O palestrante comentou ainda a impor-tância da transição da mentalidade sin-

dical, que tende a evoluir para umainteração cada vez maior dos sindicatosbrasileiros com as organizações sindi-cais do Cone Sul.

Outro ponto importante do panora-ma foi a explanação de Severino sobre oacentuado crescimento dos postos detrabalho no apoio marítimo, o que nãoocorre na navegação de cabotagem. Noaspecto laboral, Severino lembrou da im-portância da organização sindical para otrabalhador. �O aumento de postos detrabalho por si só não representa garan-tia de mercado de trabalho para o maríti-mo brasileiro, que terá de buscar suadefesa contra os estrangeiros na forçada organização sindical � finalizouSeverino.

Após a palestra, Severino Almeida,em companhia da Auditora Fiscal da Uni-dade de Fiscalização do Trabalho Maríti-mo-Portuário, Vera Albuquerque - tam-bém uma das palestrantes - participoude um debate, feito por intermédio dequestionamentos dos presentes sobre atemática apresentada.

Palestra tevecomo tema osaspectos geraisdo trabalhomarítimo e suasimplicações paraos trabalhadoresaquaviários naMarinhaMercantenacional einternacional.

N

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A Portaria 007 de 10 de dezembro de2001, emitida pela Diretoria de Portos eCostas, garante que todas as competên-cias (ex: chefe de máquinas) explicitadasno STCW 78 deverão permanecerinalteradas após a atualização do certifi-cado para o STCW 95:

�Artº1 � Os certificados de compe-tência emitidos para os Oficiais de Náu-tica e de Máquinas em conformidadecom a Convenção STCW 78, deverão serrevalidadas com base na Convenção 78emendada em 95 (STCW 78/95), man-tendo o enquadramento desses maríti-

Sindicalistas fiscalizam cumprimento de normasdo CNIG e da Secretaria Regional de Trabalho

STCW 95: novo certificadomantém competências dos Oficiais

mos nas regras correspondentes àque-las que constavam em seus certificadosanteriores.�

A resolução da DPC ocorreu após aconstatação do SINDMAR de que diver-sos oficiais tiveram suas competênciasrebaixadas com o novo certificado.

Com isso, o SINDMAR alerta aosOficiais que verifiquem as suas com-petências no STCW 95, que devem seras mesmas do STCW 78. Para aquelesque ainda não fizeram a renovação,lembramos que o prazo vence em 1 deagosto de 2002.

Diretor daCONTTMAF e doSINDMAR,acompanhadodo presidente doSindicato dosMarítimos do ES,reunidos comrepresentantesda Triena na DRTde Vitória

diretor da CONTTMAF e doSINDMAR, Jailson Bispo, acom-panhado do à época presidente

do Sindicato dos Marítimos do EspíritoSanto, José Carlos, estiveram na DelegaciaRegional do Trabalho de Vitória, no últimodia 20 de março. Na ocasião, o diretor dis-

cutiu com os presentes a regulamentaçãoda tripulação de brasileiros de uma em-barcação russa, pertencente à empresaTriena Agência Marítima, representado nareunião pelo diretor Matheos Paidusis.

A empresa vinha descumprindo o ar-tigo II da normativa nº 31 do Conselho

Nacional de Imigração (CNIG), que insti-tui que �quando embarcações estrangei-ras operarem em águas jurisdicionais bra-sileiras por prazo superior a 90 (noventa)dias contínuos, a empresa afretadora de-verá admitir tripulantes brasileiros nasembarcações afretadas, em vários níveistécnicos e em diversas atividades�.

Além da normativa do CNIG, a embar-cação também fere a Portaria nº 19 da Se-cretaria Regional de Trabalho, que, em seuartigo 5º, parágrafo �h� determina que �se aembarcação está em águas jurisdicionaisbrasileiras há mais de 90 (noventa) dias e,nesse caso, se foram contratados tripulan-tes brasileiros dos três níveis técnicos (ofi-ciais, graduados e não graduados) para asatividades de navegação (convés e de má-quinas), tendo em vista que para cumprir aRN nº 31/98 e a RN nº 46/00, essa embar-cação estrangeira deverá ter contratado 6(seis) tripulantes brasileiros�.

O

STCW 95Atenção para sua competência!!! Atenção para o novo prazo!!!Será exigido para todos os oficiais, a partir de 1 de agosto de 2002, o STCW95.Para evitar transtornos, a revalidação dos certificados (STCW78) deverá serfeita até esta data.A sua competência no STCW 95 deverá ser a mesma do STCW 78.

Procure seu sindicato para mais informações, pelo telefone 21-2518-2164(Jailson Bispo ou José Serra).

DPC garante permanênciadas competências dosoficias no STCW 95.

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Efeito pós-terrorismo 91ª Conferência Internacional doTrabalho, ocorrida nos últimosdias 9 e 10 de maio, em Genebra,

teve como uma de suas pautas a discus-são acerca da identificação dos marítimos.Ainda em 1958, com a Convenção nº 108(1958), ficou decidido que todos os paísesteriam direito garantido de expedir a �car-teira de identificação de marítimo�. No Bra-sil o documento, conhecido como Cader-neta de Inscrição e Registro (CIR), é emiti-do pelo Diretoria de Portos e Costas (DPC).

A idéia apresentada na Conferênciaparte do princípio de que uma identifica-ção internacionalmente reconhecida eemitida por um único órgão reduziria o ris-co de fraudes nas identidades, bem comofacilitaria a movimentação dos trabalhado-res nos portos internacionais. Assim, osEUA propuseram a criação de um �Orga-nismo Internacional� para controle da iden-tificação dos marítimos, incluindo aindano documento informações adicionaisàquelas instituídas pela Convenção nº 108.

Na visão do presidente da CONTTMAFe do SINDMAR, Severino Almeida, presen-te à Conferência, esta é uma forma demascarar o interesse individual do país.�Os EUA com sua proposta de centralizarpara si a o controle da identificação domarítimo, busca seu próprio controle so-bre esta matéria. Certamente teríamos ospróprios EUA travestidos de �Organismo

Proposta dosEstados Unidospretendecentralizar aemissão dasidentidades dosmarítimos emum só ÓrgãoInternacional

Internacional��. Severino acrescentou ain-da que a adoção de tal medida prejudica-ria inclusive a privacidade dos marítimos.�A preocupação com o marítimo é só umbom e útil discurso para invadir a privaci-dade do indivíduo e a soberania dos Es-tados. Isto é inaceitável.�

A posição de Severino Almeida foicompartilhada com o Grupo dos Traba-lhadores Marítimos presentes à Conven-ção, na ocasião representado por seu pre-sidente, Brian Orrell. Na visão do grupo, asolução para o problema de identificaçãodos marítimos seria uma padronizaçãointernacional da carteira de identidade,porém com emissão nacional e validadeinternacional. Com isso, ficariam garanti-dos a privacidade e os interesses indivi-duais de cada país. �Nosso compromis-so com a solidariedade entre trabalhado-res não pode ser maior do que nossocompromisso de defesa do interesse domarítimo brasileiro e da observância daprópria legislação brasileira, que em seuEstatuto do Estrangeiro, determina queseja observado este interesse,� acrescen-tou Severino Almeida.

Outro ponto polêmico da discussão,contestado pelo grupo de trabalhadoresmarítimos, foi o da justificativa dos Esta-dos Unidos de que a centralização daemissão do documento geraria uma es-pécie de �facilidade� de deslocamento dos

marítimos, além de promover a melhorperformance de suas atividades. De acor-do com os EUA, a nova identidade trariacredibilidade para o marítimo e seria, por-tanto, de interesse dos governos, traba-lhadores e donos de empresas. SeverinoAlmeida ponderou que tal argumento nãocondiz com a realidade brasileira. �Aomarítimo legalmente trabalhando em nos-sas águas devemos respeito, solidarieda-de e compromisso para que seu trabalhonão seja realizado em condições precári-as. Defendê-lo da exploração é defendera eliminação de parâmetros inaceitáveisde padrões de trabalho. Facilitar sua en-trada no país, simplesmente porque por-ta uma identificação como marítimo seriafacilitar a migração descontrolada de na-tivos de países em condições sociais ain-da mais perversas do que a nossa, contri-buindo para um inaceitável rebaixamentodas nossas condições de trabalho,� argu-mentou Severino Almeida.

Tomando como base a performanceamericana, após o atentado terrorista aoWorld Trade Center, tudo indica que a pro-posta apresentada na Convenção é tão so-mente mais uma tentativa dos EUA de mas-carar a sua intenção de exercer controlesobre a movimentação nos portos interna-cionais. Resta-nos unir esforços para com-bater tal iniciativa, que será discutida na pró-xima Sessão da Organização Internacionalde Trabalho, em junho de 2003.

Terrorismo em pautaA International Maritime Organization

(IMO) também reservou um espaço em suaagenda de dezembro de 2002 para discu-tir o combate do terrorismo no meio marí-timo em uma conferência de âmbito inter-nacional. De acordo com o SecretárioGeral da IMO, William A.O. Neil, o conse-lho de segurança precisa revisar as medi-das já adotadas pela IMO para combateratos de terrorismo e crimes no mar. Se-gundo Neil, a necessidade de mudança éexplicada devido aos eventos, ocorridosem 11 de setembro nos Estados Unidos.

Entre os assuntos a serem discutidosna conferência estarão a problemática dapadronização das identidades marítimaspelos Estados Unidos, revisões ao STCW,medidas legais de combate ao crime pelaIMO, imigração, entre outras medidas quevêm sendo discutidas pelo Comitê deSegurança da organização.

I WANT YOU

A

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Confederação Nacional dosTrabalhadores em TransportesAquaviários e Aéreos na Pesca

e nos Portos � CONTTMAF, entregou àdiretoria da Antaq, no último dia 29 deabril, ofício sobre o afretamento de navi-os e a redução do custo operacional daembarcação de bandeira brasileira. A reu-nião contou com a presença do colegiadoda Antaq, composto pelo presidenteCarlos Alberto Nóbrega e pelos diretoresJosé Guimarães Barreiros e Tarcísio JorgePereira. De acordo com o presidente daConfederação e também do SINDMAR,Severino Almeida, a proposta visa a ma-nutenção de uma �política de proteçãoàs embarcações brasileiras que tenha re-flexo positivo no aumento do empregode trabalhadores brasileiros�.

Uma das alternativas propostas pelaCONTTMAF é a dar privilégio à modalida-de de casco nu em detrimento do timecharter quando do afretamento de navios,objetivando o a retomada do crescimentoda frota própria nacional. �Diante da im-possibilidade de serem evitados osafretamentos de embarcações estrangei-ras, as regras da Antaq para seu uso, queconformarão esta política, deverão priorizaro uso de contratos de afretamento quetransfiram maior cota de responsabilidadedo armador para o afretador�, enfatizouSeverino Almeida Filho.

O presidente da CONTTMAF assina-lou ainda a importância do estabeleci-mento de critérios menos rigorosos paracontratação do navios para afretamentoa casco nu o que, segundo ele, incentiva-ria a escolha desta modalidade o que sig-nificaria também a transferência integral

CONTTMAF propõe nova políticade afretamento à ANTAQ

Confederação apresenta àagência sugestões para novapolítica de afretamento eredução do custo operacionalde embarcação de bandeirabrasileira

da posse da embarcação para o afretador,inclusive com a indução à contratação detripulação brasileira. �Progressivamente,os afretamentos por tempo (time charter)teriam mais dificuldades para serem au-torizados, enquanto que o afretamentopor viagem (voyage charter), teria requisi-tos mais rigorosos para sua autorização,�explicou Severino.

De acordo com Severino a escolha dotipo de afretamento parte do princípio deque o voyage charter é uma modalidadeque às vezes configura �venda de bandei-ra�, onde o pretenso afretador não fazmais que prover a documentação neces-sária para o armador efetuar o frete, emtroca de uma pequena taxa a guisa decobertura de bandeira. Já a modalidadede casco nu, de acordo com o presidente,�agrega mais responsabilidade aoafretador, e deveria ser adotada como re-gra por todos aqueles que condenam aschamadas empresas de papel�.

Menor custo operacionalO ofício entregue à ANTAQ versou tam-

bém sobre a redução dos custosoperacionais nas embarcações de bandei-ra brasileira. Neste aspecto, de acordo comSeverino Almeida, a utilização dos recur-sos do Fundo da Marinha Mercante (FMM)para ressarcimento às empresas pelos en-cargos sociais e trabalhistas dos trabalha-dores brasileiros de empresas de navega-ção brasileiras engajados em embarcações,também brasileiras, seria a solução maisviável. O presidente explicou ainda queesta medida � já adotada em outros países- possibilitaria que os baixos níveis salari-ais das tripulações brasileiras fossem

melhorados, sem perda de competitividadeda embarcação nacional, principalmenteaquelas que utilizam bandeiras de conve-niência, sobre as quais não incidem quais-quer encargos dessa ordem.

Além das propostas sobre afretamentoe redução de custos, o ofício daCONTTMAF destacou a importância dopapel da Comissão Diretora do FMM naformulação e condução da política de in-vestimentos para a indústria de constru-ção naval e propôs a inclusão de um re-presentante da entidade que preside na-quela Comissão.

Nesse período, a diretoria da Agênciarecebeu e ouviu diversas sugestões, des-de as apresentadas pela CNI � Confede-ração Nacional da Indústria, pedindo no-vos estímulos para a navegação decabotagem; a proposta da ABTP, até ago-ra desconhecida, ao pleito dos armado-res, através o Syndarma e dos marítimosque entregaram ofício propondo diversasmodificações na política de afretamentosde navios estrangeiros.

A visão da ANTAQEm fase de re-estudo de toda a legisla-

ção sobre o setor aquaviário, a AgênciaNacional de Transportes Aquaviários(Antaq), dirigida pelo colegiado - CarlosAlberto Nóbrega, José Guimarães Barreirose Tarcísio Jorge Pereira � pretendereelaborar seu Plano de Trabalho. Comisso, a proposta da CONTTMAF deverá seraceita em grande parte, já que a mesmavisa restringir as regras liberais, hoje carac-terísticas da Portaria 444.

O pensamento dos dirigentes da Antaqé o de �acabar com a farra� dosafretamentos, permitindo o aluguel de na-vio restrito a um tipo de navio e de tráfegoespecífico, assim mesmo no sistema bare-boat, exigindo para isso a troca de bandei-ra e uso exclusivo de tripulação brasileira.A questão do pagamento dos encargos tra-balhistas a ser desembolsado pelo Fundode Marinha Mercante, também propostopela CONTTMAF, está em pauta.

Severino Almeida(CONTTMAF) eRicardo Ponzi(FNTTAA), emalmoço com opresidente daANTAQ, CarlosAlberto Nóbrega,em Brasília, apósreunião de trabalho

A

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- Está no Diário Oficial da União nº45,seção 03, páginas 60 a 78 do dia 07 demarço último, somos informados, apenasentre os itens 13 e 18, que as CentraisSindicais CUT, Força Sindical, CGT e SDSem Convênio com o MTE, receberam umtotal de 230.158.499,00 (duzentos e trin-ta milhões, cento e cinqüenta e oito mil,quatrocentos e noventa e nove reais)oriundos do FAT � Fundo de Amparo aoTrabalhador.

Você sabia? Certamente não.- Desde a criação do PLANFOR em

1996, que viabilizou tais convênios, asCentrais Sindicais e entidades diretamenteligadas a elas, já receberam cerca de UMBILHÃO DE REAIS.

Você sabia? Certamente não.

- A Confederação dos Trabalhadoresda Venezuela � CTV vem, ao longo de su-cessivas gerações de sindicalistas, rece-bendo nababescos cargos em diretoriasde institutos previdenciários, deautarquias estatais e até de bancos ofici-ais. O seu presidente Carlos Ortega é pro-motor de venda de postos de trabalho emparceria com outros dirigentes sindicaiscomo Agustin Hernandez e José VicentePereira. Eles também são donos de far-mácias, jatos, clínicas e atuam como em-presários no setor de transporte.

Você sabia? Certamente não.

- O Congresso Nacional ao aprovar alei que garantiu o Acordo negociado en-tre as Centrais Sindicais e o Governo ecelebrado pela Força Sindical e SDSfragilizou a legislação do FGTS.

À época, tal excrescência foi anuncia-da com estardalhaço como o maior Acor-do do mundo. Hoje com o não cumpri-mento dos prazos pela Caixa EconômicaFederal e as sentenças judiciais cada vezem menor prazo, ele está trazendo preju-ízo a todos que, entre os 18 milhões detrabalhadores, com alguma correção a re-ceber, acreditaram na farsa que teve e temo apoio da grande mídia.

Você sabia?

Não. Você não sabia disto porquenão era e não é para você saber!

O “Grande Irmão” e o papel do SindicatoSabe por quê?Porque se souber, vai fazer perguntas

incômodas do tipo:- Por que o Governo libera tantos re-

cursos para convênios que serão toca-dos por Centrais que lhe fazem sistemáti-ca oposição?

- Como o empresariado e a organiza-ção corrupta dos trabalhadores estavamostensivamente apoiando o golpe contraHugo Chávez, não estaria o Presidentetentando arrumar a casa?

- Se as negociações sobre o FGTS es-tavam desde o início contrariando o reco-nhecimento pelo Supremo Tribunal Fede-ral, sobre o erro na correção dos saldosdo FGTS, porque as Centrais Sindicaisparticiparam desta farsa?

Não, não companheiro. Você nãopode fazer perguntas como estas.

Existem inúmeras questões como es-tas e você não deve fazê-las. Não deveporque as respostas são óbvias demais.Você irá descobrir que a oposição capita-neada por Centrais Sindicais não é tãooposição assim. Que Hugo Chavez dei-xou de ter seu apoio porque lhe engana-ram e você só veio a descon-fiar que algo es-tava erradoquando asi m a g e n smostraram

o povo na rua, exigindo o retorno do pre-sidente deposto. Mesmo assim não temmuita idéia do que se passou por lá. Vocêvai descobrir também que o governo apro-veitou uma dívida com você para, além denão pagá-lo como deveria, aproveitoupara piorar a legislação do FGTS.

E o meu Sindicato sabia de tudo isto?Sabia companheiro. Sabia e lhe avisou,seja pela revista, pelo site ou pelo presssemanal.

O que o seu Sindicato ainda não sabe,sobre assuntos que você deveria saber,tem mais condições de descobrir, perce-ber ou deduzir do que você. É dever doseu Sindicato.

Pensando sobre isto, não estaria nahora de você ampliar a referência de seuSindicato como contribuinte na formaçãode sua opinião?

Que tal dar espaço ao site do seu sin-dicato entre as notícias de sua televisão?Que tal ler a revista de seu sindicato, entrejornais e revistas que você usualmente lê?

Pense sobre isto. Você só tem aganhar.

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Ministério Público do Trabalho, em parceria com ou-tros órgãos como Ministério do Trabalho e Emprego eTribunal Regional do Trabalho da 2ª Região realizou,

no último dia 06 de dezembro, uma Audiência Pública na cidadede São Paulo. O tema Cooperativa e Fraude Trabalhista teve porobjetivo orientar a sociedade, principalmente as entidades declasse, para as verdadeiras e as falsas cooperativas, de acordocom a legislação.

Existem inúmeras cooperativas legais. O problema é quemuitas vezes, empresas têm dispensado seus funcionários e osestimulado a criarem cooperativas para continuarem a trabalharnessas empresas, mas sob a forma de prestação de serviço. Des-sa forma, a atividade fim da empresa passa a ser exercida porterceiros, o que não é legal.

De forma geral, as cooperativas de produção e de serviçoraramente possuem algo que comprometa sua integridade jurídi-ca e, na maioria das vezes, as cooperativas de mão-de-obra nãopreenchem os quesitos necessários para uma cooperativa, figu-rando dessa forma como fraudulentas.

O Ministério Público do Trabalho pretende, com este tipo deiniciativa, aproximar-se da sociedade, agindo como seuinterlocutor, como afirmou o procurador-geral do trabalho, Dr.Guilherme Mastrichi Basso, durante o evento.

É preciso que os próprios trabalhadores saibam como deveser criada uma cooperativa que vá agir a favor deles próprios, enão dos empregadores. O cooperativismo não pode ser umaalternativa para o desemprego. Os trabalhadores que prestamserviço para terceiros precisam ter seus direitos trabalhistas ga-rantidos, como 13º, férias, FGTS.

Durante a Audiência, diversas entidades de classe colocaramsuas opiniões a respeito do cooperativismo, entre as quais des-tacamos algumas:

VerdadeRicardo Tadeu Marques da Fonseca, Procurador-Chefe da

PRT da 15ª Região, esclareceu que as cooperativas de trabalhosão divididas em três categorias: de produção, serviços e mão-de-obra. �Essas últimas constituem uma anomalia surgida após aintrodução do § único no art. 442 da CLT, em 94. Inserir trabalha-dores no processo hierarquizado de uma empresa afere o princi-pio da autonomia dos cooperados. Isso jamais será uma coope-rativa�, declarou.

Agências de empregoCândida Alves Leão, Procuradora-Chefe da PRT da 2ª Região,

lembrou que essas associações não podem, sob o pretexto demodernizar as relações de trabalho e criar empregos, burlar alegislação e atuar como agências de fornecimento de mão-de-obra. �Elas constituem uma alternativa ao empregado, não aosempresários. As verdadeiras associações baseiam-se na duplaqualidade do cooperado: o de ser prestador e beneficiário dacooperativa, e não é o que temos verificado�. Ela reforçou que,enquanto houver denúncias, o Ministério Público do Trabalho(MPT) continuará atuando.

Falso cooperativismo éposto em xeque

Mercado de consumo�Dizem que as cooperativas constituem uma alternativa ao de-

semprego, mas não se pode buscar trabalho por meio do baratea-mento da mão-de-obra à custa da própria mão-de-obra�, afirmouLuís Carlos Godo, juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.

Ele explicou que se 2% do Produto Nacional Bruto depen-dem das relações de comércio provenientes do 13º salário, doFGTS, dos pagamentos extras etc., o barateamento estaria impli-cando na perda de recursos para a sociedade, como aconteceuno interior do Estado, nas regiões em que as indústrias de sucocooperaram os trabalhadores rurais.

Fim dos direitosPara o juiz Jorge Luiz Souto Mayor, da Vara do Trabalho de

Jundiaí, não se pode ser a favor de uma atividade que nega ahistória� do direito do trabalho. �Defendemos o cooperativismona medida em que ele permite a implantação de um sistema ondeo trabalhador é o explorador de sua mão-de-obra. Não faz sen-tido que grandes conglomerados estejam incentivando o pro-cesso�. Ele frisou que não há a possibilidade da contratação porintermédio de cooperativas e alertou para que os empresáriosnão se iludam porque, cedo ou tarde, serão surpreendidos peloJudiciário e obrigados a pagar o que devem.

FiscalizaçãoDe acordo com Roseli Neto Piovezan, chefe da fiscalização

do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no Estado de SãoPaulo, cabe ao órgão fiscalizar o cumprimento da lei e elucidaros trabalhadores acerca de seus direitos. �Os Auditores Fiscaldo Trabalho têm o dever de verificar, no local do trabalho, semão-de-obra é ou não cooperada. E continuará desempenhan-do seu papel, com discernimento, conhecimento e bom senso,como são treinados para atuar e exercer sua tarefa�.

Obra divinaLuiz Carlos Mouro, presidente da Associação dos Advoga-

dos Trabalhistas do Estado de São Paulo, ironizou a capacidadedo legislador brasileiro de, por intermédio de �um toque divino�,possibilitar o surgimento de cooperativas de trabalho em todo oterritório nacional.

�Se até o capitalismo apropriou-se de idéias socialistas, por-que os legisladores não têm a coragem de� assumir oneoliberalismo e acabar de vez, com os direitos dos trabalhado-res? Seria mais coerente, pois o § único extermina a Justiça doTrabalho e suas instituições�.

Nova atuaçãoGuilherme Mastrichi Basso, procurador-geral do MPT enfatizou

a mudança de postura do órgão que se aproximou da sociedade etem agido como seu interlocutor. �Lembro-me quando os procu-radores da 15ª Região receberam a primeira denúncia de fraudeaos princípios cooperativistas e, não acreditando no que ouviam,debruçaram-se sobre legislação para entender o que estava acon-tecendo. Não permitiremos que eles continuem�, disse.

DebatesNos debates, as autoridades defenderam a necessidade de

um lobby �democrático� da sociedade junto ao Senado paraexigir a aprovação do projeto de lei que revoga a inserção do §único no art., 442.

Também foram, discutidos os encargos sociais incidentes sobos salários dos trabalhadores e a necessidade de se reformular aCLT. �Precisamos desmistificar certas mentiras, como as que afir-mam que as cooperativas criam vagas no mercado. Elas precarizamos postos, o que é bem diferente�, enfatizou Ricardo Fonseca.

Audiência Pública em São Pauloorienta a sociedade a respeito dasfalsas cooperativas de mão-de-obra

O

(Texto publicado no site da Procuradoria Geral do Trabalho e no caderno Empregos do jornal Estado de São Paulo, em dezembro de 2000)

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Mais informações sobre os convênios podem ser obtidas com a Diretoria de Educação e Formação Profissionaldo SINDMAR pelo telefone (21)2518-2164 ou e-mail: [email protected]

Universidade Estácio de Sá

O SINDMAR continua recadastrando os asso-ciados interessados em usufruir dos novos be-nefícios do convênio com a Universidade

Estácio de Sá. O descontos variam de 30 a 70%. A Universida-de Estácio de Sá possui um total de 32 campus no estado doRio de Janeiro, oferecendo mais de 30 cursos nas áreas dehumanas/sociais, saúde e tecnologia.

Universidade Veiga de Almeida (UVA)

A Universidade Veiga de Almeida estáempenhada em sua parceria com o

SINDMAR para garantir um expressivo número de benefici-ados. O convênio com a UVA oferece descontos de 20 e40%, além de isenção da taxa de matrícula. Com mais de 15cursos à disposição dos associados do SINDMAR e depen-dentes, a UVA possui campus na Tijuca, Barra da Tijuca eCabo Frio.

Centro Educacional Santa Mônica

O Centro Educacional Santa Mônicainveste cada vez mais no convênio

com o SINDMAR, oferecendo descontos variados nos campusda Barra da Tijuca, Campo Grande, Santa Cruz, Bento Ribeiro,Cascadura, Madureira e Nova Unidade Maricá.Confira a tabela em vigor:20% de desconto nas mensalidades para o turno da Manhã30% de desconto nas mensalidades para o turno da Tarde40% de desconto nas mensalidades para o turno da Noite30% de desconto no transporte escolar para os dependentes

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e o SINDMAR promovem, no segundo semes-tre de 2002, curso de Pós-Graduação em Se-gurança Ambiental. O curso será ministradonas dependências do Centro Educacional doSINDMAR, , localizado à Avenida Rio Branco,

20 / 11º andar � RJ � Centro. Mais informações, procurar aDiretoria de Educação do SINDMAR.

Cepe-Barra

A grande opção de lazer, oferecida pelo SINDMAR a seus asso-ciados, é o convênio firmado com o Clube de Empregados daPetrobrás � CEPE-BARRA. Os associados e dependentes, quenão são funcionários da Petrobras e têm interesse em se tor-narem sócios do clube pagam apenas uma taxa mensal de R$36,00 reais para toda a família.

Instituto de Ciências Náuticas (ICN)

A comunidade aquaviária, associada ao SINDMAR, tem a suadisposição mais de 15 cursos em diversas áreas, ministradaspelo Instituto de Ciências Náuticas (ICN). O convênio do ICNcom o sindicato garante aos associados descontos de 20% novalor do curso. A relação dos cursos oferecidos pelo ICN podeser obtida no endereço: www.cienciasnauticas.org.br ou peloe-mail � [email protected].

Odonto Empresa

O SINDMAR assinou convênio odontológico, emâmbito nacional, com a Odonto Empresa. O benefí-cio garante a todos os associados e seus familiaresum preço especial para toda a cobertura

odontológica, incluindo os serviços de ortodontia (aparelho fixoe móvel) grátis para os associados. O convênio agrega aindacobertura de diagnósticos, obturações, prevenções, periodontia,endotontia, odontopediatria, cirurgia, radiologia, entre outros.Os dependentes menores de 4 anos não pagam. Mais informa-ções com Cláudia Maciel, pelo telefone: 21-9835-3296.

Happiness Decorações e Eventos

O convênio assinado entre o SINDMAR e a Happiness Decora-ções e Produções de Eventos garante descontos de até 20% paraos associados do sindicato. Entre os serviços oferecidos pelaempresa estão: cerimonial, recepcionistas, decoração em toalhas,fantasminhas, cortinas e tapetes, aluguel de toalhas, decoraçãocom bolas, decoração floral, entre outras. A Happiness atendetambém casamentos, festas de 15 anos, bodas, festas infantis,eventos de empresas, entre outros. Mais informações comKathy Guimarães, pelo telefone: 21-2595-3593, 2599-8069,2241-2425, 9166-7196 ou [email protected]

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Maldita

� Votou contra o ano de 255 dias para fins de aposentadoria dos marítimos embarcados

� Votou contra a manutenção da obrigatoriedade de pelo menos 2/3 dos tripulantes das embar-cações nacionais serem brasileiros

� Votou contra a aposentadoria do trabalhador na Reforma da Previdência

� Votou contra o trabalhador na alteração da CLT (artigo 618)

� Votou contra a recomposição das perdas salariais dos aposentados e pensionistas desde 1991

� Votou a favor da extinção do Poder Normativo da Justiça do Trabalho

� É a favor do texto base da reforma administrativa, com redução e flexibilização dos direitos para ostrabalhadores.

� É a favor da redução de até 30% no salário do servidor que passar para a inatividade

� É a favor do aumento de 40% no tempo de serviço do atual segurado do INSS para aposentadoriaproporcional

Galeria

Lamentável galeriade políticos dediscursos bonitos epráticas horríveis.

GERSON PERES- Deputado Federal (PA) há cinco mandatos, filiado ao PPB- Cumpriu 5 mandatos como Deputado Estadual do Pará de 1963 a 1979- Foi Vice-governador do Pará na gestão Alacid Nunes- 1º Vice-Líder do PPB na Câmara- Membro da Comissão de Justiça- Obteve 32.639 votos nas eleições de 1994- Candidato ao Senado Federal

Você sabia?Seu sindicato sabia!Antes de votar, consulte seu sindicato.

Acompanhe em nosso site (www.sindmar.org.br) a composição desta lamentável galeria.

2002Eleições