19
7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 1/19  Revista eletrônica de  musicologia Volume XI - Setembro de 2007 home sobre editores números submissões versão em pdf  Metodologias de Análise Musical para Música Eletroacústica Carole Gubernikoff (UNIRIO  Considerações preliminares !e a "úsica eletroacústica aparece co"o u" desafio para a análise "usical # por$ue a análise te" se baseado na nota%&o' nu" teto escrito' e n&o na "úsica efeti)a"ente sendo tocada ou escutada* O $ue a análise "usical te" obser)ado # a partitura e n&o o resultado sonoro ou a eperi+ncia da escuta* ,-. Este aspecto e"p/rico e n&o redut/)el 0 nota%&o "usical te" le)antado' ao longo da 1ist2ria da "úsica eletroacústica' $uestiona"entos i"portantes tanto sobre a nature3a da escuta $uanto sobre a constitui%&o de u"a tradi%&o 4oral5' 4n&o escrita5' $ue se acentuaria nos últi"os anos* O desafio para a análise da "úsica eletroacústica # transfor"ar eperi+ncia e"p/rica e a dura%&o i"ediata e" conceitos* A dificuldade au"enta pelas caracter/sticas est#ticas da "úsica eletroacústica6 fre$7ente"ente ou)i"os "assas de sons cont/nuos' se" unidades de refer+ncia te"poral' nu"a "ultiplicidade de planos espaciali3ados* e sobrepostos* Esta eperi+ncia # "uito diferente da "úsica instru"ental' co" suas fontes sonoras )is/)eis' sons discreti3ados e" siste"as de alturas e refer+ncias te"porais regulares* Estas caracter/sticas coloca" a escuta e a análise da "úsica

Revista Eletrônica de Musicologia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

artigo revista eletronica de musicologia

Citation preview

Page 1: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 1/19

 

Revista eletrônica de

 musicologia

Volume XI - Setembro de 2007 

home . sobre . editores . números . submissões . versão em pdf 

 

Metodologias de Análise Musical para MúsicaEletroacústica

Carole Gubernikoff (UNIRIO

 

Considerações preliminares

!e a "úsica eletroacústica aparece co"o u" desafio para a análise"usical # por$ue a análise te" se baseado na nota%&o' nu" tetoescrito' e n&o na "úsica efeti)a"ente sendo tocada ou escutada* O$ue a análise "usical te" obser)ado # a partitura e n&o o resultadosonoro ou a eperi+ncia da escuta*,-.

Este aspecto e"p/rico e n&o redut/)el 0 nota%&o "usical te"le)antado' ao longo da 1ist2ria da "úsica eletroacústica'$uestiona"entos i"portantes tanto sobre a nature3a da escuta$uanto sobre a constitui%&o de u"a tradi%&o 4oral5' 4n&o escrita5' $uese acentuaria nos últi"os anos*O desafio para a análise da "úsica eletroacústica # transfor"areperi+ncia e"p/rica e a dura%&o i"ediata e" conceitos* A dificuldadeau"enta pelas caracter/sticas est#ticas da "úsica eletroacústica6fre$7ente"ente ou)i"os "assas de sons cont/nuos' se" unidades derefer+ncia te"poral' nu"a "ultiplicidade de planos espaciali3ados* esobrepostos* Esta eperi+ncia # "uito diferente da "úsicainstru"ental' co" suas fontes sonoras )is/)eis' sons discreti3ados e"siste"as de alturas e refer+ncias te"porais regulares*

Estas caracter/sticas coloca" a escuta e a análise da "úsica

Page 2: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 2/19

eletroacústica no ca"po do e"piris"o $ue' co"o 4criador deconceitos5 8á 1a)ia sido obser)ado por Gilles 9eleu3e' e" Diferença eRepetição* Nesta obra' ele se refere ao e"piris"o co"o 4a "aiorcria%&o de conceitos5' u"a )e3 $ue no"eia a$uilo $ue passa por suasensibilidade* Mas' para a análise "usical isto n&o # suficiente* !eria

tratar a "úsica eletroacústica co"o u" be" 4de nature3a5 ou co"ou"a superf/cie n&o interpretada*

: este o segredo do e"piris"o* 9e "odo algu" # o e"piris"o u"a rea%&o contraos conceitos' ne" u" si"ples apelo 0 eperi+ncia )i)ida* Ao contrário' elee"preende a "ais louca cria%&o de conceitos' u"a cria%&o 8a"ais )ista e "aior $uetodas a$uelas de $ue se ou)iu falar***,***.

Mas' precisa"ente' ele ,o e"piris"o. trata o conceito co"o o ob8eto de u"encontro' co"o u" a$ui e agora' ou "el1or co"o u" Everwhom de onde sae"'inesgotá)eis' os a$ui e agora se"pre no)os*,;.,***.

**cabe á filosofia "oderna sobrepu8ar a alternati)a te"poral<inte"poral' 1ist2rico<eterno' particular<uni)ersal*,=.

U"a das caracter/stica da "úsica eletroacústica # a "aneira co"o ossons n&o instru"entais re"ete" a u"a infinidade de i"agens esensa%>es $ue desencadeia" as no"ea%>es* Co"o conter este fluoinfinito de refer+nciar parece ter sido a pri"eira preocupa%&o de?ierre !c1aeffer ao estabelecer u" nú"ero li"itado de $ualidade

sonoras a ser obser)ado e" suas obras fundadoras 6 O Tratado dosObjetos Musicais e O Solfèe des Objets Sonores*,@.a"os ea"inaralgu"as concep%>es de descri%&o e de análise de "úsicaeletroacústica para )er co"o etrair destas eperi+ncias u"posiciona"ento cr/tico e" rela%&o 0s obras e suas análises e partil1arde u" aprendi3ado $ue per"ita ultrapassar o $ue fica entre aeperi+ncia pessoal concreta e a abstra%&o* Este 4n&o lugar5 a $uese refere 9eleu3e # a escuta' entre o singular da obra e doco"positor ou de nossa eperi+ncia e os poss/)eis uni)ersais da"úsica*

9entre as )árias "aneiras de se distinguir os diferentes n/)eis deco"preens&o de u" teto "usical' pode"os nos reportar 0s no%>ese"prestadas da análise da "úsica tonal' principal"ente nosconceitos deri)ados da análise schen!eriana*,B.

U" de seus preceitos # $ue entre a partitura analisada e asestruturas sub8acentes pode" ser encontrados diferentes n/)eis ouplanos estruturais $ue per"ite" a co"preensibilidade* No caso das"úsicas tonais escritas' a pri"eira re"iss&o # ao siste"a tonal' $ue!c1enker sinteti3a na no%&o de "rsat# ' cu8a tradu%&o literal #

enunciado pri"ordial ("r  significa pri"ordial' !at#  # frase' senten%a'su8eito de fuga' etc**A superf/cie # o $ue pode ser c1a"ado de n/)el

Page 3: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 3/19

 4n&o interpretado5 e caberia 0 análise' atra)#s de processos deeli"ina%&o de ele"entos orna"entais' alca%ar n/)eis "ais estruturais*A interpreta%&o destes n/)eis le)aria final"ente 0 ess+ncia da "úsicatonal $ue # seu siste"a de refer+ncia* Apesar de ser )oltadoeclusi)a"ente para a "úsica tonal' a proposta de !c1enker

apresenta aspectos incontorná)eis*

1  A "úsica tonal # a atuali3a%&o 4orna"entada5 (i"pro)isada de u"a estruturaprofunda' portanto' nela opera u" conceito de de)ir' de atuali3a%&o de u"a)irtualidade estrutural

2  As superf/cies sens/)eis de)e" ser 4interpretadas5' isto #' de)e" ser portadorasde u"a coer+ncia interior pr2pria*

3  Dá u"a diferen%a entre a )irtualidade e a atuali3a%&o e de)e"os partir da

superf/cie para c1egar aos n/)eis "ais profundos*

O aspecto "ais interessante deste "odelo foi o estabeleci"ento deu"a diferen%a entre o plano do sens/)el' da superf/cie' para o planodo intelig/)el' os n/)eis inter"ediários* A cr/tica "ais co"u" a estaabordage" # $ue o 4"odelo5 a $ual todas a "úsicas obedeceria"seria o da estrutura tonal funda"ental' Fnica9o"inanteFnica(II e o enunciado gerador de todos os enunciados lineares ser =';' -* Hs "úsicas $ue n&o correspondesse" a este siste"a restaria an&o legiti"idade ou a inco"preensibilidade* Entretanto' a utilidadedesta teoria está e" ter des)endado dois aspectos i"portantes* Opri"eiro # $ue eiste u"a diferen%a entre o n/)el intelig/)el e o n/)elsens/)el e $ue a atuali3a%&o desta 4estrutura )irtual5 da tonalidadegera inú"eras possibilidades de singulari3a%&o* A segunda # $ue estadiferen%a per"anece "es"o $ue o n/)el profundo de refer+ncia n&ose8a o siste"a tonal ou redut/)el a u" siste"a de refer+nciagen#rico' co"o o siste"a tonal*

E" "in1a tese de doutorado M$sica e Representação c1a"o estasatuali3a%>es $ue n&o segue" as representa%>es tradicionais do

te"po de 4de)ir diferencial5*,. 

A análise "usical con)encional sabe $ue n&o pode retra%ar asinten%>es dos co"positores no "o"ento da cria%&o' "as $ue podeestabelecer u" aprendi3ado atra)#s da decifra%&o da l2gica interna ee)entual"ente' eterna' das co"posi%>es* Esta decifra%&o estabelecesentidos para $ue" analisa $ue de)e" ser testados e confrontadosentre si e co" outras interpreta%>es*

A "úsica eletroacústica nos prop>e de i"ediato u"a superf/cie

sens/)el' se" refer+ncia a u" siste"a' estabelecendo rela%>es se" ainter"edia%&o da escrita* Juando se # confrontado co" sua análise #

Page 4: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 4/19

necessário e i"portante $ue este "odelo de ci"a para baio'fundado na refer+ncia a u" siste"a n&o funciona e # precisoencontrar outros "eios de sair do n/)el i"ediato da superf/cie paran/)eis inter"ediários "ais profundos de interpreta%&o

A análise da "úsica eletroacústica te" se concentradopredo"inante"ente nos aspectos relati)os ao ti"bre* O so" pareceter sido a grande descoberta da "úsica na segunda "etade do s#culoKK* A incorpora%&o de sons n&o instru"entais e de ru/dos au"entouconsidera)el"ente a etens&o do uni)erso sonoro co"posicionaltra3endo o ti"bre para o foco da aten%&o* O so"' sua co"posi%&ointerna e suas $ualidades intr/nsecas passara" a ser ob8eto depes$uisas cient/ficas e co"posicionais*

Michel Chion e a tarefa de descrever os sons

Mic1el C1ion' u" dos principais te2ricos e co"positores da "úsicaeletroacústica na d#cada de L' apresentou e" u"a confer+nciaproferida e" -LB u" resu"o interpretado das principais teses de?ierre !c1aeffer no Tratado dos Objetos Musicais% !ua preocupa%&oprincipal neste teto # co" a de"onstra%&o de $ue tanto1istorica"ente co"o estetica"ente o ti"bre se tornou' no s#culo KK'o ele"ento principal e o "aior desafio para a descri%&o de e)entos"usicais* Ele parte do pressuposto $ue no dia a dia n&o fala"os desons' fala"os do $ue os sons porta" ou ent&o das causas e dos

aconteci"entos dos $uais eles s&o /ndices ou dos efeitos $uepro)oca" e $ue os pr2prios co"positores n&o fala" dos sons' "asda "aneira co"o fora" produ3idos* A infinidade de no)os sons dasre)ira)oltas da "úsica conte"pornea nos per"ite falar dos sonspropria"ente ditos e $ue # necessário criar u" )ocabulário para seconstruir a "úsica*

Mic1el C1ion apresenta os sete crit#rios criados por ?ierre !c1aeffer6- MassaalturaP ; < i"bre 1ar"FnicoP = < Gr&oP @ Allure (1alo ou 4"odo ondulado de ser5 B ?erfil din"icoP ?erfil "el2dicoP L

?erfil de Massa*Os $uatros pri"eiros pudera" ser bastante desen)ol)idos por setornare" pass/)eis de obser)a%&o direta6 $ual a "assa e seu focosonoro (altura' $uais s&o seus co"ponentes' de $ue for"a est&odispostos e co"o se co"porta" ou )ibra"* Mas os crit#rios $ueen)ol)e" dura%&o' co"o o perfil "el2dico e o perfil de "assa"erecera" refor"ula%>es profundas pelos seguidores da MúsicaConcreta*

A principal cr/tica de Mic1el C1ion aos "úsicos da Ele!tronischeMusi! (Música eletrFnica ale"& foi a tentati)a de redu3ir aco"pleidade sonora do ti"bre 0 $uantifica%&o "ate"ática*

Page 5: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 5/19

o ti"bre #' por ecel+ncia' i<notá)el e indescrit/)el* A necessidade de descre)e<lospassou a eistir a partir das or$uestra%>es e das "isturas "ais co"pleas* Aor$uestra%&o se"pre foi e"p/rica ' c1eia de ac1ados' astúcias e efeitos* U"aresposta 0 abstra%&o e 0 siste"ati3a%&o*A transfor"a%&o dos )alores tradicionais e" 4par"etros5 ' grande3as"ensurá)eis' atendia u"a )ontade de cientificidade* A tentati)a co" o ti"bre foi a

de redu3i<lo a ele"entos si"ples co"binados' descon1ecendo suas di"ens>esconcretas* Redu3ir' a todo pre%o' o co"pleo ao si"ples e o e"p/rico aosiste"ático*,L.

Mas' a descri%&o dos sons ou a co"posi%&o "usical por estes crit#riosta"b#" pode ter sido u"a i"posi%&o ter"inol2gica $ue cerceou aspossibilidades da "úsica eletroacústica criar procedi"entos anal/ticosra3oa)el"ente uni)ersais* Na pr2pria defini%&o de Mic1el C1ion' oscrit#rios se recobre" entre si e "uitas )e3es descre)e" se"pre u""es"o aspecto' o corpo dos sons' co"o se fosse" fios e estáticos*

Rodolfo Caesar recon1ece esta incerte3a ou a"big7idade e" rela%&o0 co"posi%&o eletroacústica at# "es"o e" algu"as obras e noescritos de ?ierre !c1aeffer6

E"bora a$ui se perceba co"o a tecnologia dos estúdios eletroacústicos enri$ueceu<se de t#cnicas co"posicionais ineistentes na #poca dos discos' co"o a "icro<"ontage" e a boucle' pode<se perguntar o por $u+ da li"ita%&o auto<i"posta nasescol1as de "ateriais sonoros* ransparece o esfor%o de u"a siste"ati3a%&o dosob8etos sonoro<"usicais aco"odados pelos crit#rios de percep%&o' sendo estaaplicada na concep%&o e na feitura da "úsica* Esta teoria dos ob8etos n&o se a8ustafacil"ente 0s obras da pri"eira fase* As a"big7idades da$uelas pe%as' sua

referencialidade' sua energia' seus sentidos e a po#tica ali"entada por todos osaportes eternos 0 escuta redu3ida ficara" ausentes* : co"o se a partir de -BQou)/sse"os "úsica co"posta por !c1aeffer de acordo co" a teoria posterior"entepublicada no Tratado* ?arece $ue' ao in)#s de alargar o espectro de sua teoriaincluindo "ais crit#rios e categorias' !c1aeffer li"itou o "bito de sua pr2priaepress&o "usical ao "undo dos ob8etos sonoros redut/)eis a u"a escuta e"eerc/cio*,Q.

9a tradi%&o sc1aefferiana "ais 4pura5' $ue engloba a escuta redu3idae o ob8eto sonoro' dois aspectos fora" identificados co"o criando"aiores dificuldades para o a)an%o das pes$uisas6 o caráter estático

das a"ostras de so" a sere" descritos e a falta de u" referencialeterior' $ue criasse u"a identifica%&o co" a eperi+ncia da escuta*

Acredito $ue este ten1a sido o principal e"pecil1o para a constitui%&ode u"a abordage" anal/tica para a "úsica eletroacústica6 aconcentra%&o nos sons' na tentati)a de descre)e<los' des)iou aaten%&o dos procedi"entos co"posicionais da "úsica*

Gerald Bennett e a cultura oral da música eletroacústica

O co"positor' professor e te2rico Gerald ennett' do Centro !u/%o deCo"puta%&o e Música (Swiss &enter for &omputer Music  e"

Page 6: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 6/19

confer+ncia proferida e" ourges' Sran%a' sede de u" i"portantecentro de pes$uisa e co"posi%&o eletroacústica' e" -B',. focali3asua inter)en%&o nu"a poss/)el 4cultura oral5 para a "úsicaeletroacústica* Esta cultura oral n&o te" nada e" co"u" co" acultura de tradi%&o oral iletrada popular* No seu entender' desde o

s#culo KII co" o ad)ento da i"press&o de partitura

 4a "úsica te" sido u"a cultura literária' consciente de seu passado i"ediato e $ueassegura seu futuro n&o atra)#s da prática da perfor"ance' "as pelainter"edia%&o de u"a representa%&o escrita* ?or outro lado' a "úsicaeletroacústica # u"a "úsica de cultura $uase $ue eclusi)a"ente oral*5 ,-.

Esta afir"a%&o i"plica u"a s#rie de $uest>es i"portantes sobre a"aneira co" $ue a cultura europ#ia se constitui6 a consci+ncia dopassado e a pro8e%&o para o futuro n&o se d&o na "e"2ria' "as sobfor"a literária' e" docu"enta%&o escrita* A 4prática5 "usical podia

ser considerada e" separado da 4teoria5 n&o por suas diferen%as'"as pelos n/)eis de representa%&o abstrata* A falta de u"arepresenta%&o abstrata # $ue terá conse$7+ncias "ais profundas naco"posi%&o eletroacústica e no seu ensino e aprendi3age"* Aco"para%&o $ue ennett estabelece # entre a nor"a culta da "úsicade concerto' confor"e foi concebida no s#culo KIK e a "úsicaeletroacústica da segunda "etade do s#culo KK*

1 < O pr#<re$uisito para a análise "usical # a eist+ncia de u"a partitura e de u")ocabulário consagrado pelo uso* A partitura' $ue # apenas u"a representa%&o

gráfica possibilita a suspens&o da dura%&o i"ediata liberando o te"po para anecessária co"para%&o dos aspectos internos da obra* A conclus&o de ennet # $uesua aus+ncia fa3 co" $ue pense"os a "úsica e" seus pr2prios ter"os6 o so"*

2  orna<se "uito dif/cil conceber "odelos co"posicionais $ue ten1a" )alidadepara al#" da eperi+ncia pessoal*

3  A "aior parte das "úsicas eletroacústicas se concentra" no pra3er sensual doso" e n&o nas rela%>es entre eles* Ele relata sua eperi+ncia co"posicional daseguinte "aneira6 49e certa for"a' todos con1ece"os a eperi+ncia de nossentir"os #brios de nossos pr2prios sons ao trabal1ar"os nu" estúdio5*,--. Co"parando co" a "úsica do passado' esta atra%&o abis"al pelo so" era"oderada por fatores de controle eterno' co"o nos "otetos isorit"icos e nasregras de contraponto

4  4?or$ue a "úsica eletroacústica eiste apenas co"o so"' ela s2 te" eist+nciano presente' n&o te" passado5*,-;. As opini>es e as rea%>es a deter"inadaspe%as' $ue s&o co"uns a )ários "úsicos' ainda n&o se constitu/ra" en$uanto1ist2ria' u"a s#rie docu"entada de obras de do"/nio co"u"* A aus+ncia de u"passado contribui ta"b#" para o enfra$ueci"ento pol/tico da área de co"posi%&oeletroacústica no con8unto das áreas associadas 0 "úsica e di"inui o interesse dos"usic2logos por$ue 1á pouco "aterial' al#" da p2pria "úsica' co" o $ualtrabal1ar*

Ao final da confer+ncia' ennett foi confrontado co" perguntas $ue$uestiona)a" se ele n&o estaria propondo no)as for"as de nota%&o

Page 7: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 7/19

para a "úsica eletroacústica' ao $ue ele esclareceu $ue n&o' $ue n&oesta)a rei)indicando u"a no)a escrita "usical $ue atendesse as$uest>es relati)as 0 descri%&o de sons*

Estes te"as' etre"a"ente rele)antes' ser&o deiados

te"poraria"ente e" suspenso' co"o pano de fundo para u"arele&o "ais profunda da constitui%&o de u"a análise "usical da"úsica eletroacústica*

A seguir' ser&o apresentados dois "odelos consagrados pelo uso6 ateoria da i"plica%&o anal/tica de Sran%ois 9elalande ' onde a decis&odos significados sentidos # tratado no n/)el dos ou)intes da "úsicaeletroacústica e a teoria classificat2ria de 9ennis !"alleT*

Duas abordaens para o  Aquatisme de Bernard !armeiani

A !ociedade Europ#ia de Análise Musical organi3a anual"ente u"congresso' $ue e" -; se deu na cidade de rento' Itália* Na$ueleano' u"a de suas se%>es especiais foi a análise de "úsicaeletroacústica e sua aplica%&o a u"a pe%a' 4A$uatis"e5' u" dos"o)i"entos da &r'ation du Monde de ernard ?ar"egiani* !er&oapresentadas duas análises para epor as correntes "aisconse$7entes da análise de "úsica eletroacústica e" ati)idade6Sran%ois 9elalande' pes$uisador do GRM' e" ?aris' # u" dos porta<)o3es das ati)idades de seus co"positores e organi3ador dos

concertos e se"inários* 9enis !"alleT' co"positor e professor da CitTUni)ersitT de ondres' onde atua na área de p2s<gradua%&o' te" sededicado a pes$uisar e desen)ol)er crit#rios co"posicionais e deanálise*

Sran%ois 9elalande e 9o"ini$ue esson apresentara" u" trabal1o$ue en)ol)ia os proble"as te2ricos e práticos para se reali3ar u"atranscri%&o das "úsicas eletroacústicas* A proposta principal seconcentra na identifica%&o de unidades' partindo do princ/pio $ue asunidades percepti)as n&o s&o necessaria"ente' unidades

se"iol2gicas* Nas unidades percepti)as' os ob8etos sonoros sedistingue" pela articula%&o' pelo i"pulsoapoio dos sons e asunidades se"iol2gicas s2 se estabelece" depois $ue u"a s#rie deprocedi"entos constate suas pertin+ncias* ?ara tanto' segue" u"as#rie de proposi%>es $ue garante a pertin+ncia da sele%&o dasunidades

!roposiç"o 1 < E" $ual$uer seg"ento de "úsica eletroacústica pode<se por e"e)id+ncia u" nú"ero indefinido de tra%os e de configura%>es "orfol2gicas < #necessário se estabelecer u"a sele%&o*

!roposiç"o 2 < : preciso selecionar' considerar pertinentes' os tra%os econfigura%>es $ue d+e" conta das condutas de produ%&o e de recep%&o*

Page 8: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 8/19

a <A pertin+ncia corresponde a u"a necessidade ob8eti)a $ue n&o # a de estudar a"úsica e" si' co"o u"a coisa' "as na rela%&o entre os $ue a fa3e" e os $ue asescuta"*

b < as pertin+ncias est&o subordinadas ao estudo da produ%&o e da recep%&o

!roposiç"o 3 <N&o cabe 0 análise deter"inar $uais s&o as pertin+ncias' "as elasse estabelecer&o a partir dos "eios de )alida%&o' ou se8a' no caso da recep%&o'atra)#s de u"a en$u+te eterna*

!roposiç"o 4  < O proble"a espec/fico do estudo da recep%&o # a etre"adi)ersidade das condutas obser)adas*

a < o 4ou)inte ideal5' "odelo cogniti)ista $ue le)a e" considera%&o a "#dia$uantitati)a

b < atra)#s das tipologias da escuta' encontrar e" cada u"a' u"a co"bina%&o dastipologias*

Na realidade' a "etodologia $ue Sran%ois 9elalande )e"desen)ol)endo se concentra nu"a a)alia%&o de co"o a "úsica #recebida para' a partir de u"a 4"#dia5 das condutas de escuta'estabelecer significados* ?ara tanto ele organi3a grupos de escuta $ueresponde" a perguntas selecionadas ou $ue fala" li)re"ente sobre aescuta* Nor"al"ente elas indica"' ao longo da eperi+ncia' os locaisonde fora" identifidas as seg"enta%>es e o analista anota a a partirde u"a crono"etrage"* Ap2s esta seg"enta%&o' as se%>esselecionadas s&o sub"etidas a u" "aior detal1a"ento* A seguir' o

$ue # dito por cada u" dos participantes da eperi+ncia # co"paradoco" os de"ais e as proi"idades conceituais s&o agrupadas*

O proble"a da transcri%&o' ou reali3a%&o de u"a partitura gráfica oues$ue"ática' dos ob8etos "usicais se concentraria na sele%&o dostra%os "orfol2gicos rele)antes' de acordo co" as pertin+nciasco"uns*

Esta "etodologia foi aplicada a ()uatisme co" u" grupo de Qco"positores de "úsica eletroacústica* A se%&o foi aberta co"

prele%&o do co"positor' ernard ?ar"egiani' seguida por tr+s escutassucessi)asP a pri"eira li)re' a segunda 8á apontando para aspectospertinentes e a terceira co" o ou)inte inter)indo na escuta'crono"etrando e repetindo trec1os*

Os cinco pontos de )ista considerados pertinentes fora"6

1  O 8ogo polifFnico de cadeias "orfol2gicas

2 A Escrita de água' e" tr+s n/)eis6 agudo' "#dio e gra)e* O principal tra%o depertin+ncia # a possibilidade de se identificar o ele"ento 4água5 e as oposi%>es'

seco"ol1ado' gota' etc

Page 9: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 9/19

3  A oposi%&o interioreterior foi associada ao registro gra)e e agudo

4  O 4)i)ido5 da progress&o foi associado 0 ret2rica da espera no ele"ento cont/nuo

#  O "ecanis"o $ue fa3 a)an%ar foi associado 0 i"agens de )elocidade*

Estes pontos de )ista aparecera" na "aioria das entre)istas* Ap2sesta esp#cie de recensea"ento' surgira" alguns proble"as te2ricos e" torno dos seguintes t2picos6

A seg"enta%&o 6

$  Co"o 8ulgar $ue # o "es"o e o $ue n&o #' tanto na sucess&o $uanto nasuperposi%&o

B  Co"o decidir a for"a 6 e" geral 1á con)erg+ncia entre interior (gra)e eeterior (agudo

C  Na )erdade a seg"enta%&o se dá a partir das "icro seg"enta%>es* ?oree"plo' tr+s "oti)os be" distintos entre VB@VV e -VB 6 i"puls>es secas ' gotasde água e u" 1/brido' "ol1ado*

A conclus&o deste processo foi a constata%&o da necessidade de isolaros pontos de )ista* Ao co"para<los entre s/' foi constatado $ueW "ol1ado X era u" tra%o pertinente* A oposi%&o principal foi decididaentre seco e "ol1ado e todas as de"ais' "es"o as "ais presentesdentre a infinidade de possibilidades' fora" descartadas 6 asprolonga%>es da ter"ina&o iterati)a' a distribui%&o dos sil+ncios' as)aria%>es de intensidade* O perigo da análise distribuicional' u"in)entário de todos os ele"entos trataria de u" nú"ero ili"itado deconfigura%>es e W n&o se con1ece o crit#rio de sele%&o se a análisen&o se at#" a u" ob8eti)o $ue deter"ine u"a 1ierar$uia depertin+ncias X*,-=.

N&o 1á u"a seg"enta%&o pr#)ia' a $ual caberia ao ou)inteencontrar as unidades "orfol2gicas distintas* A seg"enta%&o' "es"o$ue baseada e" crit#rios se"nticos' se dará a partir de tra%os"orfol2gicos $ue corresponde" 0s oposi%>es se"nticas e $ue toda

seg"enta%&o "orfol2gica # guiada por u"a estrat#gia percepti)a (doco"positor ou do ou)inte* Na perpecti)a funcional 1á se"precorrespond+ncia bi<un/)oca entre u" ponto de )ista e u"aseg"enta%&o' $ue n&o pode"os e)itar*

Denis %malle& e a aplicaç"o de sua metodoloia

?ara 9enis !"alleT as principais dificuldades da análise da "úsicaeletroacústica se encontra" no fato de $ue a tecnologia n&oconfigura u" g+nero e ne" "es"o u" estilo* As )árias correntes de

"úsica eletroacústica corresponde" a di)ersas for"a%>es pessoais' agrupos de origens diferentes e a escolas estil/sticasP o conteúdo da

Page 10: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 10/19

"úsica eletroacústica # a"b/guo e o )ocabulário para sua descri%&on&o foi 1o"ogenei3adoP co"o n&o te" u"a partitura' as transcri%>esdepende" da percep%&oP # preciso o $ue se estabele%a u" ca"poco"u" e $ue se de desen)ol)a" necessidades e percep%>es1u"anas aculturadas e partil1adas*

?ara resol)er estes i"passes ele propFs u" tipo de leitura $ue fa3alus>es' se" "encionar' 0s bipolaridades da ling7/stica estrutural'onde o 4ob8eto sonoro5' e" substitui%&o a u" signo )erbal' poree"plo' # portador da$uilo $ue poderia ser identificado 0 duplaarticula%&o ling7/stica6 u"a $ue re"ete 0 eterioridade' u"a liga%&oco" a orige" do so"' $ue ele c1a"a de source bondin e outra $uere"ete ao interior do so"' sua espectro"orfologia*

O $ue distingue esta abordage" da de ?ierre !c1aeffer # $ue a

escuta redu3ida de ?ierre !c1aeffer n&o ad"itia a refer+nciaetr/nseca* O so" de)eria ser )isto na sua pr2pria interioridade e1a)ia entre a escuta e a nature3a f/sica do so" u"a diferen%a e n&ou" recon1eci"ento da orige"* 9enis !"alleT recon1ece ainda anecessidade de se recon1ecer ele"entos r/t"icos da nature3a dei"pulsos e repousos' dura%>es curtas e longas' regularidades e n&oregularidades proporcionais* 9o ponto de )ista dos n/)eis "aisele)ados da estrutura ele procura recon1ecer ele"entos e os planosco"posicionais* Neste sentido ele repete ou transp>e a din"ica daanálise "usical con)encional' no recon1eci"ento dos ele"entos'

escalas e s#ries' seus entrela%a"entos e urdiduras teturais' 0"úsica eletroacústica* 9o ponto de )ista da estrutura%&o' ela de)eriaseguir os padr>es ar$uet/picos espectro"orfol2gicos $ue se baseia"na rela%&o entre ata$ue' corpo e ter"ina%&o do so" (onset*continuant*termination* A aplica%&o deste "odelo depende daseg"enta%&o e da sele%&o auditi)a co" recursos de repeti%&o e deaproi"a%&o $ue )aria" de pessoa para pessoa* Os tr+s tipos básicosde so" s&o6 a nota' co" altura definida cu8o espectro pode ser1ar"Fnico ou inar"Fnico' o n2dulo' se" altura definida' "as co"registro e "assa identificá)eis e o ru/do* Entre eles 1á u" cont/nuo

$ue )ai do so" instru"ental ou )ocal ao ru/do branco*?ara a análise de ()uatisme !"alleT apresentou u"a representa%&otranscrita dos tr+s "inutos iniciais' $ue se det#" nos detal1es dasrepresenta%>es e estabelece as rela%>es encontradas* ?ara a pe%a e"$uest&o' ele selecionou dois sons de refer+ncia6 u" curto e iterati)o(ata$ue brusco e se" corpo representado por drop (gota de água eoutro cont/nuo' estático e per"anente $ue ele classificoude streamin' corrente3a' fluide3* ?ara cada u" deles ele dedica u"ase%&o na $ual s&o sub"etidos a u"a análise dos i"pulsos e apoios'na seguindo a "etodologia de eonard MeTer ,-@. Outra se%&oi"portante de sua "etodologia de análise # a behaviour networ! '

Page 11: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 11/19

a trama dos comportamentos' $ue s&o analisados por suasoposi%>es6 do"inantesubordinadoP conflitocoeist+nciaPigualdadedesigualdade e assi" sucessi)a"ente' at# u"a poss/)elcausalidade (abela -*,-B.

'abela 1

 

E" seguida' ele analisa a pe%a dentro da perspecti)a das fun%>esestruturais dos "odelos de ata$ue' corpo e ter"ina%&o e suas sub<categorias (abela ;*

'abela 2

 

Page 12: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 12/19

Apesar da trancri%&o anal/tica ser etre"a"ente detal1ada e"alguns' ne" todos os aspectos pode" ser efeti)a"ente abordados eele deia be" claro $ue suas decis>es e sele%>es se baseia" e"crit#rios pessoais*

O $ue eu encontro ,nu"a pe%a. depende do $ue eu ou%o' do $ue eu "e esfor%o porou)ir' do $ue eu escol1o ou)ir*,**.

A análise aural # u" neg2cio de certa duplicidade' pois ao celebrar a )it2ria deconseguir capturar cada pe$ueno detal1e eu perco a 1abilidade para escutar a"úsica co"o ela real"ente #* Ou n&o Y Zá n&o sei "ais o $ue # realidade ou pelo"enos eu sei $ue a realidade aural e peda%os de "úsica s&o "utá)eis e a"b/guose" "uitos aspectos,-.

As duas abordagens' de Sran%oise 9elalande e de 9enis !"alleT t+"alguns pontos e" co"u"* A"bas aceita" a se"anti3a%&o da escutada "úsica eletroacústica P a"bos se refere" a ter"os relati)os 0água (certa"ente indu3idos pelo t/tulo e a"bos se preocupa" co" a(espectro"orfologia sonora* Mas' 1á u"a di)erg+ncia funda"ental 6!"alleT aceita a sua escuta co"o guia para a análise' o seu W pontode )ista X en$uanto 9elalande prop>e u"a pertin+ncia W social X' oupelo "enos pontos consensuais para estabelecer as pertin+ncias* Adescri%&o dos sons' $uando sa/"os do aned2tico ou da puranarrati)idade per"ance co"o a dificuldade a ser superada*

O desen)ol)i"ento natural da "etodologia de Sran%ois 9elalande e

de 9o"i$ue esson # )erificar os crit#rios $ue apoie" a reali3a%&o deu"a representa%&o transcrita da pe%a e" $uest&o* O $ue n&o ficaclaro # se a análise ou a interpreta%&o da obra ficaria" a cargo deu"a escuta aco"pan1ada de transcri%&o ou si"ples"ente a partir datranscri%&o* A pr2pria nature3a da en$uete n&o le)a a conclus>esgen#ricas e n&o 1á' co"o por ee"plo nas análises W tripartites X deZean Zac$ues Nattie3 nen1u"a inten%&o de co"parar as pertin+nciasco" u"a l2gica pr2pria do ob8eto "usical*,-L.  Ao contrário' di3e"clara"ente $ue n&o 1á u"a seg"enta%&o pr#)ia a ser descoberta*

O trabal1o de 9enis !"alleT se desdobra ainda e" outras dire%>es*U"a delas # a preocupa%&o co" o "o)i"ento' organi3ando<o e"$uatro categorias básicas 6 uni<direcional' "o)i"entos co" u"aúnica dire%&o P rec/proco' $uando u" gesto # co"pensado por outro'co"o nu"a ondula%&o ou oscila%&o P c/clico<centrico deri)ado da id#iade rota%&o P "ulti direcional' podendo ser por dispers&o ouaglo"era%&o*,-. 

Estas $uatro categorias te"porais de "o)i"ento ta"b#" pode" serassociadas aos "o)i"entos entre )o3es das teturas polifFnicas 6

"o)i"entos ascendentes' descendentes' e" arco ou serra' para a"onodia P e paralelos' contrários e obli$uos entre )o3es*

Page 13: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 13/19

A "úsica instru"ental ta"b#" trabal1a co" superposi%>es de blocose de planos' podendo cada u" deles intrinseca"ente ter sua pr2priatetura* Co"o para a "úsica eletroacústica definir cada caso detetura e ti"bre da "úsica )ocal eou instru"ental ta"b#" pode

le)ar a descri%>es super detal1adas da superf/cie sonora*

Desdobramentos da teorias de Denis %malle&

9a)id Dirst' professor da Uni)ersidade de Melbourne' co"entando u"artigo de 9enis !"alleT sobre o ti"bre' tra%a u" panora"a geral desua tra8et2ria e analisa algu"as poss/)eis conse$7encias*,;. 

E" pri"eiro lugar' a posi%&o central $ue o ti"bre ad$uiriuprincipal"ente na segunda "etade do s#culo KK* A "úsica

eletroacústica n&o apenas abriu a possibilidade de no)os sons co"oesti"ulou a pes$uisa de no)as teturas e for"as de ata$ue na"úsica )ocal e instru"ental* !ua pr2pria defini%&o # ardilosa'citando o pr2prio !"alleT 6

O ti"bre # u" da$ueles assuntos $ue $uanto "ais )oc+ l+ e $uanto "ais )oc+trabal1a co"posicional"ente co" ele' "ais )oc+ o con1ece' "as ao longo doprocesso )oc+ se torna cada )e3 "enos capa3 de co"preender a sua ess+ncia*,;-.

A defini%&o de ti"bre recobre tanto a orige" ou fonte ou i"agina%&osonora $uanto a sua espectro"orfologia* Mo)i"ento' cresci"ento e

energia est&o relacionados co" o co"porta"ento sonoro* O ti"bre #definido ent&o co"o tendo W dupla articula%&o X 6 u"a fisiono"iasFnica cu8o con8unto espectro"orfol2gico per"ite a atribui%&o deu"a identidade*

A te+turalidade da fonte*causa ,;;.(source*cause te+ture per"iteestabelecer categorias de rela%&o entre o so" e a fonte e" )áriosn/)eis O n/)el i"inente # a$uele i"ediata"ente relacionado co" afonte' co"o o so" de instru"entos' u" )iolino por ee"plo* Oregistro de refere ao encadea"ento de notasP o n/)el cu"ulati)o fa3

co" se possa identificar diferentes int#rpretes no "es"oinstru"entoP o n/)el etensi)o' co" $ue se relacione a outrosinstru"entos' co"o os de cordasP o n/)el dispersi)o inclui outrasfor"as de ata$ue de instru"entos' da "es"a ou de outras culturas*

A rela%&o do so" co" a fonte se torna "ais co"plea $uandotrata"os de ob8etos "usicais eletroacústicos e n&o 1á orecon1eci"ento i"inente* A conse$7+ncia desta situa%&o # a cria%&ode u"a eterioridade $ue supriria a i"possibilidade de cria%&o den/)eis cu"ulati)os e dispersi)os ($ue s&o de caráter anal2gico co" a

cria%&o de u"a área ou de u" espa%o sonoro para a "atri3 eterior*

Page 14: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 14/19

Na "úsica eletroacústica a identidade t/"brica depende e" grande"edida da eperi+ncia i"ediata da pr2pria obra e da prontaidentifica%&o de seus ele"entos funcionais* A$uilo $ue na "úsicainstru"ental !"alleT identifica)a co"o n/)eis de registro' na "úsicaeletroacústica se relaciona aos atributos espectro"orfol2gicos e #

necessário discri"inar o incidental do funcional*

?ara reali3ar u"a análise funcional dos registros s&o necessárioscrit#rios $ue estabele%a" a for%a e a dura%&o necessárias para $ueu" registro se estabele%a* U"a identidade # apreendida tanto pelarepeti%&o de u" padr&o' $uanto pela )aria%&o* Co"o n&o 1á u"a"edida padr&o de dura%&o para se considerar u"a eist+ncia' algunstipos de espectro"orfologia s2 se estabelece" ap2s u" certo te"pode e)olu%&o por$ue a co"pletude total ou parcial de u" padr&o seintegra co" a identidade* Mas' "udan%as sucessi)as ta"b#" pode"

ser geradoras de registro*

Eist+ncia e registro (identidade depende" da coer+ncia $ue #obtida atra)#s de no%>es co"o integra%&o e desintegra%&o*Integra%&o significa $ue dentro de u"a fisiono"ia sFnica adistribui%&o dos co"ponentes espectrais' dentro de seu espa%o e deseu co"porta"ento ao longo do te"po' de)e ser de tal $ue nadapode ser percebido co"o u"a entidade independente* Entretanto' osli"ites n&o s&o claros entre o $ue está e o $ue n&o está integrado nafisiono"ia ti"br/stica6 $uando u" ti"bre # u" ti"bre ou u"

conglo"erado de ti"breY A solu%&o para o i"passe # transfor"ar ascone>es entre as identidades e" discurso*

Zogar co" a integra%&o e desintegra%&o de ti"bres está no centro dodiscurso eletroacústico' u" discurso $ue se torna a pr2priaespectro"orfologia por$ue $uando a co"pleidade t/"brica se abreela tanto pode ser controlada nu" "o"ento co"o e)aporar nopr2i"o*,;=.

Na "úsica eletroacústica u" ti"bre pode ser u" ob8eto discreto ou

estar entre"eado de outras continuidades* A solu%&o # estabelecern/)eis entre dois cont/nuos6 dura%&o e separabilidade

O discurso eletroacústico dependerá' assi"' de crit#rios deidentifica%&o*

O pri"eiro tipo de discurso # o transfor"acional' $ue depende daidentifica%&o de )est/gios das ra/3es sonoras* ?ara tanto algunsatributos de)e" per"anecer está)eis en$uanto outros )aria"* Osprocedi"entos "ais usuais s&o6- distens&o e contra%&oP ; "udan%as de densidade' por adensa"ento ou por dispers&oP = "udan%as de peso' "ais ou "enos claro e definido' se" alterar oconteúdo espectralP @ )aria%&o de perfil' se" altera%&o da

Page 15: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 15/19

identidade* Estes fatores i"plicaria"' no entendi"ento de 9a)idDirst' na utili3a%&o de sons forte"ente contingenciados ou pelaeperi+ncia etr/nseca ou por u"a clara caracteri3a%&o pr#)ia $uetorne suas caracter/sticas "e"orá)eis* A falta de caracteri3a%&ole)aria a dificuldades e" se estabelecer as contig7idades e esta seria

u"a das ra3>es pelas $uais as pe%as eletroacústicas $ue utili3a"sons se" defini%&o de altura ou de fácil caracteri3a%&o t/"bricaopte" pelo cont/nuo*

9iscursos n&o cont/guos s2 pode" ser alta"ente desen)ol)idos atra)#s de u"a"e"orabilidade precisa e detal1ada e" siste"as de rit"os e de alturascultural"ente integrados*,;@.

O segundo tipo de discurso # o discurso tipol2gico onde asidentidades s&o recon1ecidas por partil1ar $ualidades' "as n&o t+" a"es"a base* O discurso tipol2gico # associati)o' incluindo grandesgrupos ti"br/sticos' co"o' por ee"plo' ru/do e inar"onicidade*

U" terceiro tipo de discurso # o da causalidade' $ue se ocupa dasreferencialidades*

A estes tr+s tipos de discurso' $ue n&o s&o ecludentes entre si'pode" ser acrescentados outros tr+s6 o do co"porta"ento' do"o)i"ento e das tens>es' $ue # u" apan1ado geral dos outros cinco*Resu"indo estes t2picos' pode"os concluir $ue o 4apan1ado geraldos outros cinco5 # a análise das tens>es de distens>es' e este te"

sido considerada' o 4li"ite5 das condi%>es de possibilidade de u"discurso "usical*

A $uest&o da notas parece estar se"pre presente nas preocupa%>esde 9enis !"alleT' pois ele c1ega a afir"ar $ue 4a nota está se"prepresente' "es"o $uando n&o # ou)ida5 o $ue nos le)a a duasconstata%>es curiosas6 A nota # contetual na "úsica eletroacústica eo ti"bre' ao in)#s de ser parte de u" so" inclui nele as $ualidadesinerentes do so"* Na )erdade' Dirst está preocupado co" u"a$uest&o $ue ele considera intr/nseca aos tetos de !"alleT6 at# $ue

ponto e e" $ue condi%>es o conceito de ti"bre se torna t&o gen#rico$ue c1ega a perder o sentidoY

!"alleT assu"ida"ente confessa $ue n&o está preocupado co" a nature3aacústica do ti"bre' ne" co" suas propriedade psico<acústicas' "as co" suaapreens&o' identidade e fun%&o e" contetos "usicais do ponto de )ista doou)inte* i"bre se tornou o co"pleo t/"brico $ue se abriu para per"itir $ue suaess+ncia per"eie o discurso "usical*,**.

Co"por co" ti"bre' co"por dentro do ti"bre' significa confrontar e go3ar de suadissolu%&o*,;B.

Page 16: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 16/19

Ap2s u"a bre)e recapitula%&o e reordena%&o dos conceitos etra/dosdo teto de !"alleT' Dirst fa3 u"a lista das ati)idades $ue pode" serúteis para a análise da obra de 9enis !"alleT*

Estabelecer identidades procurando a coer+ncia' integra%&o e

desintegra%&oEstabelecer rela%>es funcionais entre as identidadesIdentificar discursos transfor"acionais' tipol2gicos ou de causalidadeco" a fonteIdentificar discursos de co"porta"ento e de "o)i"ento

[ 9iscutir a tens&o dos fluos e refluos* Ea"inar os n/)eisestendidos e dispersos pode re)elar "ais $ue a nature3a etr/nsecada pe%a*,;.

Neste teto' Dirst deia claro $ue foi buscar nos tetos te2ricos de9enis !"alleT u" instru"ental $ue facilitasse o acesso 0 sua "úsica*Ou se8a' para ser poss/)el o acesso a u"a obra e" $ue o referencialte2rico n&o # u" siste"a' co"o a representa%&o 4redu3ida5 dosiste"a tonal no ur#ats' # i"portante procurar na obra a$uilo $uetransparece do discurso te2rico do autor' co"parar co" o $ue eleanalisou e" outras obras e in)estigar co"o foi afetado por outrosco"positores* Na tarefa da decifra%&o e de aprendi3ado $ue a análise"usical pode se tornar' as tril1as e as pegadas encontra"<se nasuperf/cie da pr2pria obra e nos aspectos $ue o autor recon1eceu e"

outros autores e $ue estabelece" ressonncias co" sua sensibilidadee"p/rica e elabora%&o abstrata*

Respondendo indireta"ente 0s $uest>es colocadas por Geraldennet' sobre a possibilidade de constitui%&o de u"a 1ist2ria da"úsica eletroacústica' e to"ando co"o paradig"a a "es"a cultura 4oral5 do ja## e dos 9ZVs' Sernando Ia33eta' citando Antoine Dennion se refere a estes "es"os fenF"enos da conte"poraneidade daseguinte "aneira6

Dennion le"bra $ue este g+nero (8a33 n&o alcan%ou o desen)ol)i"ento $ue te)eno s#culo KK retornando 0s práticas da cultura oral co" base " processos $ue n&opoderia" se notados' "as si" a partir de u" tipo de configura%&o de escrita "uito"ais ágil e contundente $ue a partitura6 4 o 8a33 foi escrito nas gra)a%>es5* Aoin)#s do estudo eausti)o sobre as notas escritas sobre o pentagra"a' esta culturafor"ou<se pela escuta reiterada do pr2prio repert2rio $ue produ3ia*,;L.

9esta for"a' # poss/)el pensar a constitui%&o de u"a 1ist2ria da"úsica eletroacústica atra)#s da análise dos tra%os "arcados nasensibilidade $ue for"ará' co"o na "úsica de tradi%&o escrita' u"afilia%&oP no recon1eci"ento da constitui%&o de u"a l2gica do sens/)elatra)#s da 4escrita5 da gra)a%&oP nas t#cnicas de trata"ento eelabora%&o co"posicional da "úsica sobre suporte*

Page 17: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 17/19

 

(efer)ncias

,-. GUERNI\OSS' -=.

,;. Everwhon' pala)ra criada por !a"uel utler para designar ao "es"o te"po o 4a$ui e agora5 e 4parte algu"a5 originárioP 4ne" particularidades e"p/ricas' ne"abstra%>es uni)ersais5*

,=. 9EEU]E' -QQ*

,@. !CDAESSER' -' -L*

,B. As refer+ncias ao "odelo for"ulado por !c1enker para a co"preens&o da"úsica tonal n&o significa" u"a predile%&o por esta "etodologia' "as o si"ples

recon1eci"ento de u"a for"ula%&o $ue atribui u"a fun%&o 0 intui%&o* A epress&oEnunciado funda"ental foi e"pregado e" MOZOA' ;=*

,. GUERNI\OSS' -=*

,L. CDION' -LB*

,Q. CAE!AR' -*

,. ENNE' -B*

,-. Ibid*

,--. Ibid*

,-;. Ibid*

,-=. 9EAAN9E' ^ E!!ON' -;*

,-@. COO?ER ^ ME_ER' -*

,-B. Juadro etra/do de !MAE_' -*

,-. !MAE_' -=*

,-L. NAIE]' -QL*

,-Q. ?IERO' ;*

,-. DIR!' ;;*

,;. !MAE_' in6 DIR!' ;;*

,;-. radu%&o de Rodolfo Caesar*

,;;. !MAE_' in6 DIR!' ;;*

Page 18: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 18/19

,;=. Ibid*

,;@. DIR!' ;;*

,;B. Ibid.

,;. Ibid.

,;L. IA]]EA' ;*

 

(efer)ncias

ENNE' Gerald 41oug1ts on t1e Oral Culture of Electroacoustic Music5' !`issCenter for Co"puter Music' -B

CAE!AR' Rodolfo < 4No)as tecnologias e outra escuta6 para escutar a "úsica feitaco" tecnologia recente5' in6 (nais do , &ol-)uio de .es)uisa da .-s /raduação0 Riode Zaneiro' Escola de Música' USRZ' -*

CDION' Mic1el 4a "usi$ue electro<acousti$ue5' ?aris ?US' -Q;

COO?ER' G* ^ ME_ER' <The rh1thmic structure of music0 ondon e C1icago'-

9EEU]E' G* ^ GUAARI' S 2u3est )ue la .hilosophie' ?aris' Minuit' -Q

GUERNI\OSS' C*< M$sica e representação4 das duraç5es aos tempos' tese de

doutorado' Rio de Zaneiro' Escola de Co"unica%&o' USRZ' -=

DIR!' 9a)id < 49e)eloping AnalTsis Criteria ased on 9enis !"alleTs i"bret1eories5in www%iii%rmit%edu%au6sonolo16(&M&78876(&M&78879:eb9.roceedins68;<*8=79>irst%pdf  0 %;;

IA]]EA' S* M$sica e mediação tecnol-ica' tese de li)re docente' ECA' U!?';

NAIE]' Z*Z* < Musicoloie 'n'rale et s'mioloie' ?aris' C1ristian ourgois' -QL

?IERO' aura di M$sica Eletroac$stica4 Terminoloias' disserta%&o de "estrado'??GM' Unirio'* ;

!CDAESSER' ?ierre < Trait' des Objets Musicau+ ' ?aris' editions du !euil' -*

  < Solf'e de l?objet sonore' ?aris' !euil' -L

  < @a musi)ue concrète0 ?aris' ?US' -L

!MAE_' 9* < 4Can electro<acoustic "usic be analT3ed5 in6 Secondo &onvenoEuropeo do (nalisi Musicale0 rento' Uni)ersitá degli studi di rento' ;

 

Page 19: Revista Eletrônica de Musicologia

7/17/2019 Revista Eletrônica de Musicologia

http://slidepdf.com/reader/full/revista-eletronica-de-musicologia 19/19

 

Carole Gubernikoff