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Revista Fé para Hoje Número 4, Ano 1999

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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

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Editora FielCaixa Postal 160112233-300 - São José dos Campos, SP

www.editorafiel.com.br

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Conteúdo

O Desafio e a Chamada para Missões Mundiais . 1George Martin

Você Está Pregando o Evangelho? .................. 6Martin Lloyd-Jones

Por que o Povo de Deus Perde a Esperança? .... 7Wayne Mack

Resistindo ao Diabo ..................................... 11Arthur W. Pink

Justificação ............................................... 18Martin Lloyd-Jones

Glorificando a Deus no Fogo ......................... 19George Whitefield

Agostinho, Bispo de Hipona .......................... 23Iain Murray

Carta de um Pastor da Escócia ...................... 29Tony Hutter

Opinião do Leitor ....................................... 32

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O DESAFIO E A CHAMADA PARA MISSÕES MUNDIAIS 1

O Desafio e a Chamada paraMissões Mundiais

George Martin

Uma das passagens mais co-nhecidas em toda a Bíblia é Isaías 6,que relata a chamada de Isaías aoministério profético. Diversas vezesesta passagem é utilizada para instruiro povo de Deus no que se refere àglória e a santidade divina. Fre-qüentemente os sermões e as liçõesbíblicas têm salientado o arrepen-dimento de Isaías e sua disposição derealizar a ordem dada pelo Senhor.

Com menos freqüência, temossido lembrados sobre a natureza doministério de Isaías, ou seja, que suatarefa em grande parte consistia emseparar e peneirar. Ele deveria pregaraté que o povo de Judá, com coraçõesendurecidos, voltasse as costas parao Senhor e as cidades estivessem emruínas, sem habitantes. Por fim, oDeus que comissionou Isaías disseque apenas um décimo da populaçãosubsistiria. Mas, ainda que esteremanescente tivesse de sofrer,seria o remanescente do povo deDeus que permaneceria, e, assimcomo o tronco de uma árvore queproduz brotos mesmo depois de cor-

tado, este remanescente floresceria.Entre os vários assuntos evidentes

em Isaías 6, encontramos o fato deque toda essa questão foi orquestradapelo Senhor. Ele chamou o profeta edeu-lhe a mensagem a ser pro-clamada. E o resultado da pregaçãofoi declarado e tornou-se conhecidode antemão. Em outras palavras, opropósito divino é desvendado erealizado por Aquele que está dispostoe pode fazer tudo o que deseja.

Qualquer leitura superficial destelivro revela que o Deus de Isaías ésoberano. Muitos textos da profeciade Isaías refletem esta verdade: �Eusou Deus� desde o princípio anuncioo que há de acontecer e desde aantigüidade, as coisas que ainda nãosucederam; que digo: o meu conselhopermanecerá de pé, farei toda a minhavontade� (Is 46.9-10).

As profecias de Isaías nos levamnão apenas a meditar sobre a soberanamaneira como Deus agiu com Israelmas também a declarar seus pro-pósitos em relação às nações domundo. Considere Isaías 49.6: �Sim,

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diz ele: Pouco é o seres meu servo,para restaurares as tribos de Jacó etornares a trazer os remanescentes deIsrael; também te dei como luz paraos gentios, para seres a minha sal-vação até à extremidade da terra�.

O profeta, que nos faz enxergara completa soberania de Deus em to-

O Desafio de Missões Mundiais

O desafio envolve o olharmosalém de nossa vizinhança e daspessoas com as quais estamos fa-miliarizados, vendo todo o mundocomo nosso campo de trabalho. É umdesafio tremendo, porque tal em-preendimento exige grandes recursose coloca sobre o cristão enormesresponsabilidades, das quais nossacarne normalmente se esquiva.

das as coisas, não he-sitou em declarar queo propósito de Deusinclui a salvação dehomens de todas asnações da terra. Se, àluz deste último versí-culo, pensamos acercadesse propósito doisfatos se destacam. Pri-meiro, existe o desafiode não focalizarmosexclusivamente umaparte do plano divinoe batalharmos pelocumprimento de todoesse plano. Segundo,temos uma chamadaque resulta no envio de obreiros aomundo, para realizar os desejos doSenhor. Por isso, estamos meditandoacerca do desafio e da chamada paramissões mundiais.

mente o desafio setornava tão grande,que eu me retraía de-le. Houve dias em queeu não desejava nadaalém de fechar a portado gabinete, voltar àFlórida e plantar la-ranjas. O desafio doministério pastoral, àsvezes, chegava a seravassalador.

Da mesma forma,o desafio de missõesé grandioso. Jacó, ouIsrael, era precioso aoSenhor. Este é o as-sunto central das Es-

crituras. O Senhor o declarou atravésdo profeta Amós: �De todas asfamílias da terra, somente a vós outrosvos escolhi� (3.2). Não podemos leros capítulos centrais da carta de Pauloaos Romanos, sem ficarmosprofundamente convictos de queIsrael mantém um lugar especial nocoração de Deus.

O desafio envolveo olharmos além

de nossavizinhança e daspessoas com asquais estamosfamiliarizados,vendo todo o

mundo como nossocampo detrabalho.

Evocando um exemplo pessoal,recordo de meu pastorado emLouisville, Kentucky. Quanto eugostava da obra para a qual o Senhorhavia me chamado! Como tinha umamor profundo por aqueles a quemeu ministrava! Mas a obra do pas-torado era desafiadora, e ocasional-

Mas, apesar disso, a visão e o pro-pósito de Deus são mais amplos;estendem-se além de Israel e alcançamtodas as nações da terra. Foi assimdesde o princípio, quando o Senhordeclarou a Abrão que ele e seus des-cendentes seriam uma bênção paratodas as famílias da terra. Desde oprincípio, o desafio que está diante

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do cristão gasta aproximadamente99,9% do seu dinheiro consigo mes-mo e somente 0,09% ministrando aoMundo B. Apenas 0,01% é gasto emalcançar os povos não-alcançados doMundo A (�World A: A WorldApart� publicado por ForeignMission Board of the SouthernBaptist Convention).

Além disso, o Mundo A, emboracontenha a quarta parte da populaçãomundial, possui apenas 1% dosmissionários cristãos designados paraele. Em contraste, o �mundo cristão�tem 33% da população da terra e 91%dos missionários.

À luz de tal desafio, como podemos crentes serem ainda mais impul-sionados para missões?

A Chamada paraMissões Mundiais

O segundo assunto que surge donosso versículo é a chamada paramissões mundiais. O capítulo 49 deIsaías está repleto de referências à so-

SENHOR me chamou desde o meunascimento, desde o ventre de minhamãe fez menção do meu nome� (v.1). O Senhor formou e moldou a bocade seu servo para que este cumprisseos propósitos divinos (v. 2). O servo

A visão e opropósito de Deussão mais amplos;

estendem-se além deIsrael e alcançamtodas as nações da

terra.

categorias amplas: Omundo cristão, en-volve aproximada-mente 33% da popu-lação da terra (MundoC); os 42 % da popu-lação do mundo quetêm alguma familia-ridade com o evan-gelho, mas não sãoclassificados como

berania de Deus.Com autoridade, Eleordenou; �Ouvi-me,terras do mar, e vós,povos de longe, es-cutai!� (v.1). O servodo Senhor declarouque mesmo antes doseu nascimento, oSenhor o conhecia e ohavia chamado: �O

do povo de Deus tem sido o de tornarDeus conhecido aos outros.

O desafio para qualquer crentecomeça em seu próprio país. Umaapós outra, várias pesquisas têm sidorealizadas acerca do povo norte-americano, revelando de forma con-sistente os Estados Unidos como umdos mais religiosos (senão o maisreligioso) países do mundo. Na rea-lidade a maior parte da população dosEstados Unidos possui forma depiedade enquanto nega o seu poder(2 Tm 3.5); reivindicam conhecerDeus, mas suas ações O negam (Tt1.16).

Violências, tumultos, crimes etoda a sorte de malignidade têm seintensificado por toda parte. Nossoslíderes clamam por paz entre oshomens e entre os povos, não reco-nhecendo que paz existe somente napessoa de Jesus Cristo.

Se voltarmos nossa atenção àsestatísticas mundiais, o desafio éainda maior. Os missiólogos clas-sificam a população mundial em

cristãos (Mundo B); e o mundo A,ou aproximadamente 25% da po-pulação (cerca de 1,2 bilhão de pes-soas), que jamais teve qualquer ex-posição ao evangelho. Também ospesquisadores nos dizem que o mun-

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deve sua existência ao Senhor (v. 5),que proclamou: �Te dei como luzpara os gentios� (v. 6) e realizou atarefa. O Senhor é fiel em escolherseus servos e enviá-los a cumprir suasordens (v. 7).

Todas essas são obras dAqueleque declara seus propósitos e os faz

Ele? Quando o Senhor ordenou,Moisés reclamou e desculpou-se, maschegou ao ponto de achar-se frente afrente com Faraó. Jeremias resolveujamais voltar a proferir uma palavrada parte do Senhor, somente parasentir aquela palavra como um fogoem seus ossos, de forma que precisousair e falar. Jonas tentou escapar davontade de Deus para a sua vida, masacabou se achando no ventre de umpeixe, clamando para fazer a tarefaque Deus lhe designara. Pedro negouo seu Senhor, Saulo tentou aniquilara igreja recém-nascida; porém, tor-naram-se os maiores de todos os pre-gadores, anunciando o evangelhoprimeiro aos judeus e, depois, aosgentios.

Com absoluta certeza, podemosdeclarar a soberania de Deus em todasas coisas. Ele suscita a tempestade ea envia pela terra, aonde quer que

lhe apraz. Estabelece um reino eaniquila outro. Através de seusprofetas, Deus falou de eventos comcentenas de anos de antecedência eos fez acontecer. Ele desperta pre-gadores e missionários e os envia aomundo.

Os escritores bíblicos, ao mesmo

Mundiais�. As Escrituras, tanto noAntigo quanto no Novo Testamento,estão cheias de mandamentos para opovo de Deus, no sentido de seremembaixadores no mundo. Desde aaliança do Senhor com Abrão, pro-metendo fazer de sua família umabênção para todo o mundo, até aofinal do ministério terreno de Jesus,quando Ele anunciou a GrandeComissão a seus discípulos, somosordenados a tornar Deus conhecidoem toda a terra.

Citando outro exemplo pessoal,tenho ouvido testemunhos mara-vilhosos acerca de como Deus tocoude maneira profunda o coração depessoas e as conduziu a países es-trangeiros como missionários. Paraser franco, eu imaginava que taischamadas deveriam ser sobrenatu-rais, extraordinárias e miraculosas emsua natureza.

acontecer. Não setrata de um dos ído-los pagãos, cuja bocanão pode falar. Este éo Senhor, que fala eos homens ouvem; éo Senhor, que ordenae os homens obede-cem; é o Senhor, quechama e os homens Oseguem.

Quem pode fu-gir de alguém como

tempo que afirmam asoberania de Deus,também ressaltam aresponsabilidade dohomem. Portanto,embora o título desseartigo seja o �O De-safio e a Chamadapara Missões Mun-diais�, uma desig-nação melhor talvezseria: �O Desafio e aOrdem para Missões

Nossos líderesclamam por paz

entre os homens eentre os povos, nãoreconhecendo quepaz existe somente

na pessoa deJesus Cristo.

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Porém, esta não foi a minhaexperiência. À medida que minhaesposa e eu meditamos a Palavra deDeus, não pudemos fugir da noçãobíblica de que o propósito de Deus éque seu povo pregue o evangelho acada tribo, nação e língua, porqueEle tem um povo eleito em cadatribo, nação e língua (Ap 5.9; Mc13.27). Através da pregação doevangelho, Deus sempre chamou oshomens a Si mesmo. Nossaexperiência não foi algo quepudéssemos ter considerado in-comum. Em termos simples, atravésda crescente compreensão de que ospropósitos de Deus se estendem a todomundo, minha esposa e eu chegamosao ponto de afirmar: �Senhor,estamos dispostos a ir�. Nada es-pecial, fora do comum ou místico.Era simplesmente a disposição de ir.À luz de tal ordem clara e bíblica,como poderíamos nos esquivar dagrande responsabilidade que o Senhorcolocou sobre seu povo?

Ao ouvir alguns pregadorescontemporâneos, alguém talvez penseque Deus, nos céus, está contorcendo

as mãos em frustração, por estarencontrando dificuldade em con-vencer as pessoas a crerem nEle e aviverem para Ele. Que deus fraco edigno de pena!

Esse, entretanto, não é o quadroque Deus apresenta de Si mesmo emsua auto-revelação, a Bíblia. Asoberania divina alcança a raçahumana e dos descendentes de umhomem cria uma poderosa nação. Elesepara para Si mesmo um povo eleitode cada nação. Ele procurará asovelhas perdidas, até que sejamachadas e trazidas ao aprisco.

Quando refletimos com maisatenção, vemos que a soberaniaabsoluta de Deus, mesmo no que serefere a chamar e salvar pecadores,não constitui um empecilho paramissões mundiais, e sim um en-corajamento. Visto que Deus separouum povo para Si mesmo e que oFilho dEle derramou seu preciososangue pelos eleitos, a colheita estáassegurada. O Senhor possui seu po-vo eleito em cada nação, e não Sesatisfaz com nada menos do que aredenção de todos eles.

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O objetivo final e mais elevado daevangelização não é o bem-estar doshomens nem mesmo sua bem-aventurançaeterna, mas a glorificação de Deus.

R. B. Kuiper

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Você Está Pregandoo Evangelho?

Martin Lloyd-Jones

É verdade que, onde abundou o pecado, superabundou agraça; então, �permaneceremos no pecado, para que seja agraça mais abundante?� A genuína pregação do evangelho dasalvação somente pela graça sempre leva à possibilidade destacensura ser lançada contra a graça. Não existe melhor testepara sabermos se um homem está realmente pregando oevangelho do Novo Testamento: algumas pessoas o entendemmal e o interpretam de maneira errada, de modo que chegamà seguinte conclusão: visto que fomos salvos apenas pela graça,realmente não importa tudo que fazemos, podemos continuarpecando como queremos, pois isto redundará em mais glóriada graça de Deus.

Este é um excelente teste para avaliarmos a pregação doevangelho. Se minha pregação deixa de expor o evangelho aoponto de gerar este mal-entendido, realmente não estouproclamando o evangelho. Pretendo explicar o que estouafirmando. Se um homem anuncia a justificação por meio deobras, jamais teremos aquele entendimento errado. Se ele diz:�Você deseja ir ao céu? Então precisa parar de cometerpecados, viver um vida repleta de boas obras e observar certascoisas até à sua morte, deste modo será um cristão e irá aocéu, quando morrer�. O pregador da mensagem acima nãoserá acusado de ter dito: �Continuemos a pecar, para que agraça seja abundante�. Mas todo fiel pregador que anuncia oevangelho tem sido acusado de anunciar uma mensagem queestimula a pecar! Todos eles têm sido acusados de�antinomianismo� (estar contra a lei). Eu poderia falar a todosos ministros do evangelho: �SE A SUA PREGAÇÃO DO EVANGELHO NÃO

TEM SIDO ENTENDIDA DAQUELA MANEIRA ERRADA, VOCÊ DEVE EXAMINAR

SEUS SERMÕES NOVAMENTE�; é melhor certificar-se de que estárealmente proclamando a salvação anunciada no NovoTestamento aos ímpios, pecadores, mortos em seus delitos epecados, inimigos de Deus. Existe um certo elemento de perigona apresentação da doutrina da salvação.

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POR QUE O POVO DE DEUS PERDE A ESPERANÇA? 7

Por que o Povo de DeusPerde a Esperança?

Wayne Mack

(Será um dos preletores da XVI Conferência Fiel - ano 2000)

Durante os anos em que tenhome envolvido no ministério deaconselhamento, encontrei muitaspessoas que perderam a esperançapor terem adotado um diagnósticopsicológico sem fundamento bíbli-co quanto a seus problemas pessoa-is. Em algumas ocasiões, isto ocorreporque alguém lhes apresentou odiagnóstico. Em outras, tais pessoasleram algum livro, assistiram umprograma de televisão, ouviram umaconversa no rádio ou fizeram algumcurso de psicologia, decidindo porsi mesmas que realmente estavamsofrendo de algum tipo especial deproblema psicológico. Deixaram dereconhecer que o �diagnóstico� éapenas uma identificação descriti-va, determinado por dedução, quealgumas pessoas resolveram utilizarcomo um rótulo para certos tipos decomportamentos e experiências hu-manas. E, embora a palavra ou a ex-pressão descritiva escolhida pareçalógica e significativa para identifi-

car um conjunto de comportamen-tos humanos estranhos, realmentenão descreve a causa ou a naturezado problema.

Talvez eu possa esclarecer o queestou procurando afirmar, se falarsobre como na medicina as doen-ças são diagnosticadas e comonormalmente se procede no diag-nóstico dos problemas psicológicos.Na medicina, se um paciente tem cer-to conjunto de sintomas, os médicossuspeitam que está com determinadaenfermidade. Porém, antes de apre-sentarem um diagnóstico definitivo,eles prescrevem uma série de exames(sangue, raios X, etc.), reconhecendoque, se a pessoa realmente tem aqueladoença, a sua causa e natureza serãoreveladas por meio dos exames. Combase em evidências científicas, osmédicos dizem se aquela pessoa temou não determinada doença. O diag-nóstico deles não está fundamentadoapenas nos sintomas, mas em provascomprováveis ou evidências tanto das

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causas quanto da natureza da en-fermidade.

Contrário ao que muitas pessoasimaginam, este não é o procedimentocomumente adotado no âmbito dapsicologia secular. Na psicologia, sealguém possui certos sentimentos,comportamentos, maneira de pensar,determinado número de sintomas porum período específico de tempo,supõe-se que tal pessoa está com umproblema psicológico, ainda que suacausa não foi e, em muitos casos, nãopode ser comprovada por métodoscientíficos. Sem evidências prove-nientes de fatos concretos a respeitoda causa e da natureza do problema,deduz-se que certos sintomas indi-cam que ela tem um problema psi-cológico. Em muitos casos, esse tipode diagnóstico, não comprovado eimprovável, é oferecido e freqüen-

de lado Cristo e a Bíblia, buscando asolução primariamente (às vezes, ex-clusivamente) em remédios, idéias econceitos da psicologia secular; 2)começa a pensar sobre Cristo como

um �psicólogo cósmico�, cujo prin-cipal objetivo em ter vindo ao mundoera solucionar os problemas psi-cológicos, aumentar a auto-estima doser humano, libertá-la de sua de-pendência de ajuda e satisfazer as�necessidades de seu ego�; 3) estapessoa perde a esperança e cai nodesespero, porque muitos dos rótu-los psicológicos trazem consigo aidéia de �eu sou assim mesmo, nãoposso ser mudado� ; 4) torna-se de-sencorajada porque estes conceitosnão fundamentados na Escritura demaneira real e franca, incentivam-naa pensar que a solução básica para su-as dificuldades é humanística em suanatureza. Esta pessoa precisará solu-cionar seu problema por si mesma (aidéia de que ela pode e tem de mudara si mesma) ou outros, preferen-cialmente os especialistas, o resolve-

rão por ela. Mui-

viver de maneira diferente. Nessecontexto em que os problemas sãovistos primariamente como psi-cológicos em sua natureza, encontreiinúmeras pessoas que perderam a

temente aceitocomo incontes-tável e indiscu-tível.

Infelizmente,quando uma pes-soa acredita queseu problema,quanto à sua causae natureza, é psi-cológico e nãoespiritual, pode-mos esperar váriascoisas: 1) em suatentativa para su-perar o problema,esta pessoa deixa

tas pessoas já ten-taram e falharampor confiarem emseus próprios es-forços ou na ajudade outros. Sabemque elas mesmasou qualquer outrapessoa não podemoferecer poder pa-ra libertá-las desua velha maneirade pensar, sentire comportar-se ecapacitá-las apensar, sentir e

Na psicologia,se alguém possui certos

sentimentos,comportamentos,

maneira de pensar,determinado número de

sintomas por um períodoespecífico de tempo,

supõe-se que tal pessoaestá com um problema

psicológico...

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POR QUE O POVO DE DEUS PERDE A ESPERANÇA? 9

esperança e aumentaram suas dúvi-das de que as mudanças realmentepodem acontecer.

Por outro lado, tenho visto aesperança florescer em pessoas quecomeçaram a reconhecer que seus

de acordo com a Bíblia, o propósitofundamental de Cristo ter vindo aomundo é libertar-nos da penalidadee do poder do pecado que nos domi-na (e, eventualmente, da presença epossibilidade do pecado). Esta é amensagem mais cristalina da Bíblia:Jesus é �o Cordeiro de Deus, que tirao pecado do mundo!� (Jo 1.29); �Fielé a palavra e digna de toda aceitação:que Cristo Jesus veio ao mundo parasalvar os pecadores, dos quais eu souo principal� (1 Tm 1.15); �E lhe po-rás o nome de Jesus, porque ele sal-vará o seu povo dos pecados deles�(Mt 1.21); �o qual a si mesmo se deupor nós, a fim de remir-nos de todainiqüidade e purificar, para si mes-mo, um povo exclusivamente seu,zeloso de boas obras� (Tt 2.14).

As �boas-novas�, de acordo coma Bíblia, não dizem que Cristo veioao mundo para ser um psicólogocósmico que traria cura às nossas

enfermidades psicológicas. As �boas-novas� da Bíblia afirmam que CristoJesus veio ao mundo a fim de provi-denciar libertação da penalidade edo poder do pecado (Rm 6.1-23). As�boas-novas� incluem a idéia de

problemas do homem está repleta deesperança para aqueles que estãolutando com padrões antibíblicos depensar, desejar, sentir e comportar-se. Essa perspectiva é libertadora,gratuita, encorajadora, bíblica e ver-dadeira! Ela diz às pessoas que,embora seus problemas pessoais einterpessoais sejam graves e intensos,existe esperança de mudanças, porqueCristo Jesus veio ao mundo a fim deoferecer libertação da culpa, con-denação, corrupção, penalidade econtrolador poder do pecado em suasvidas. Essa perspectiva ensina àspessoas que em Cristo Jesus elaspodem desfrutar de todos os recur-sos necessários para escaparem dacorrupção que se manifesta no mundopor meio de desejos pecaminosos.Cristo também capacita os crentes aviverem de maneira realmente pie-dosa e frutífera, caracterizando-sepor excelência moral, conhecimen-

problemas eram prin-cipalmente espiritua-is em natureza e es-tavam relacionados aopecado. O reconhe-cimento de que nossosproblemas pessoais einterpessoais estãorelacionados ao pe-cado é realmente�boas-novas�, pois,se isto é verdade, hátoda esperança paranós. Por quê? Porque,

que há esperança parasermos libertos do cas-tigo de nossos peca-dos. Existe substan-cial libertação do do-minante poder dopecado e seus efei-tos, no presente, por-que foi isto que Cristoveio fazer no mundo.

Esta perspectivabíblica acerca da na-tureza dos maiores emais fundamentais

Aqueles queaceitam o

diagnóstico deDeus acerca da

verdadeiranatureza de seus

problemasencontrarão tudo

em Cristo.

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Fé para Hoje10

to, moderação, perseverança, amorfraternal, bondade e amor cristão (2Pe 1.3-8).

Esta mensagem bíblica está re-pleta de esperança, pois afirma queCristo possui inesgotáveis recursosdisponíveis para nós, a fim de quevençamos as corruptas influênciasde nossos maus desejos. Encontramosdisponível em Cristo tudo que preci-samos para escapar da condenação edas destrutivas influências do pecadoem nossas vidas e para vivermos empiedade. Achamos em Cristo tudo quenecessitamos para superar as con-troladoras influências do pecado, quenos impedem de experimentar aqueletipo de vida frutífera descrita em 2

Pedro 1.3-8. Aqueles que aceitam odiagnóstico de Deus acerca daverdadeira natureza de seus pro-blemas encontrarão tudo em Cristo� �todas as coisas que conduzem àvida e à piedade�, para livrarem-seda corrupção das paixões que há nomundo, tornando-se participantes danatureza divina. Talvez eles neces-sitem de ajuda para saber como apro-veitarem-se destes recursos, maspodem ter esperança porque tudo quenecessitam se encontra em Cristo!

(Dr. Wayne Mack, Psicólogo,Coordenador de Estudos SobreAconselhamento Cristão, Master'sCollege, Santa Clarita, Califórnia.)

A esperança consegue ver o céu através dasmais densas nuvens.

Thomas Brooks

Regozijai-vos na esperança, sede pacientesna tribulação; na oração, perseverantes.

Romanos 12.12

A tribulação produz perseverança; e aperseverança, experiência; e a experiência,esperança.

Romanos 5.3-4

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RESISTINDO AO DIABO 11

Resistindo ao DiaboArthur W. Pink

�Sujeitai-vos, portanto, a Deus;mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.�

(Tiago 4.7)

Este versículo nos apresentaum aspecto da Verdade acerca do qualhá ampla ignorância entre os crentes.Com freqüência, eles se mostraminconscientes de que o �diabo� os estáatacando e precisa ser resistido. Mui-tos supõem que as investidas de Sa-tanás estão limitadas às tentaçõespara que pequemos. Isto não é ver-dade; em muitos casos, o objetivodele é opor-se e impedir-nos de fazero que é bom. Constantemente, eleutiliza os seres humanos a fim deatrapalhar-nos e inquietar-nos. Porexemplo, ele enviará alguém parabater à porta ou chamar-nos ao tele-fone, quando estamos orando. Elemandará parentes visitarem-nos nodomingo, impedindo-nos assim degastar tempo na comunhão com oSenhor. Ou criará �circunstâncias�para obstruir nosso progresso espi-ritual, multiplicando nossos deverese tarefas, de modo que não tenhamostempo livre ou fiquemos muito can-sados para estudar a Bíblia.

Poucos filhos de Deus parecem

saber que possuem o privilégio e odireito de serem vitoriosos contra osataques de Satanás. O Senhor nãodeixou seu povo aqui à mercê de seugrande inimigo, sem meios paravencê-lo. De maneira alguma; Elenos ensina em sua Palavra como pode-mos derrotá-lo.

Iniciando: �Resisti ao diabo, e elefugirá de vós�. Este é um manda-mento divino. Um dever que o Senhorcolocou sobre nós. Nossa primeiraresponsabilidade no que concerne aeste mandamento é dar-lhe nossamelhor atenção, gravá-lo em nossoscorações, ponderar seus termos,desejar e resolver obedecê-lo.

Provavelmente, alguns dirão: �Euquero, mas não sei como�. Então,nossa segunda responsabilidade refe-rente a este mandamento é reconhecereste fato, pedindo a Deus que nosilumine e nos ensine como obedecê-lo. Conte-Lhe que deseja fazer aquiloque Ele ordenou e suplique instruçãoe capacidade para realizá-lo.

Embora isto seja importante e

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Fé para Hoje12

necessário, não é o bastante. A ora-ção nunca foi designada por Deuspara eximir-nos de nossas res-ponsabilidades e incentivar a in-dolência. Não basta orar para que Eleme conceda um jardim frutífero nesteverão � embora eu deva orar arespeito disso e, igualmente, das ou-tras coisas (Fp 4.6). Não apenas isso,eu tenho de cavar, plantar, regar ojardim e arrancar as ervas daninhas.Portanto, a resposta à minha oraçãopor entendimento para obedecer aexortação de Tiago 4.7 tem de vir amim através das Escrituras. Assim,minha terceira responsabilidade éexaminar as Escrituras, suplicandoque o Espírito Santo graciosamenteme guie à verdade. Isto significa quepreciso ler a Bíblia com um objetivodefinido, almejando descobrir aquiloque ela ensina sobre o crente resistin-

exortação está na segunda metade doversículo: �Sujeitai-vos, portanto, aDeus; mas resisti ao diabo�. Ora,como espero obedecer a segunda me-tade, quando ainda não estou cum-prindo a primeira? Sujeitar-se a Deussignifica que minha própria sabe-doria, vontade e desejos têm de ser

completamente deixados de lado eque a Palavra e a vontade de Deusgovernam-me em todas as coisas.Sujeitar-se a Deus significa que reco-nheço suas reivindicações sobre mi-nha vida: sou criatura e filho dEle,para ser controlado por Ele, que temtodo direito à minha total sujeição.

Meditemos e analisemos a pri-meira metade do versículo: �Sujeitai-vos, portanto, a Deus�. Isto logo nosdiz que precisamos retornar ao ver-sículo anterior, visto que o vocábulo�portanto� sempre indica uma con-clusão baseada ou extraída de algoanterior. No versículo 6, lemos: �Eledá maior graça; pelo que diz: Deusresiste aos soberbos, mas dá graça aoshumildes�. Sim, isto é encorajador,estimula a fé e a esperança. Aquele aquem eu tenho de me sujeitar não éum tirano cruel, um déspota sem mi-

aos humildes.� Deus resiste aos or-gulhosos, porque se opõem a Ele.A essência do orgulho é a auto-suficiência, aquele espírito quedespreza a ajuda de outrem, confi-ante de que é capaz de resolver tudopor si mesmo. No âmbito das coisasespirituais, o orgulho é aquela hor-

do ao diabo, de mo-do que o diabo fujado crente.

Comecemos nos-so exame da Palavrade Deus sobre esteimportante assuntoprático considerandoem detalhes o con-texto imediato dapassagem em que seencontra o manda-mento. Primeiramen-te observamos que a

sericórdia; é o �Deusde toda graça�. Elejá me outorgou a gra-ça salvadora e �dámaior graça� aos hu-mildes. Ora, �maiorgraça� é exatamenteo que eu necessito,se desejo ser bem-sucedido em resistirao diabo.

�Pelo que diz:Deus resiste aos so-berbos, mas dá graça

Sujeitar-se a Deussignifica que minhaprópria sabedoria,vontade e desejos

têm de ser completa-mente deixados de

lado e que a Palavrae a vontade de Deus

governam-me emtodas as coisas.

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RESISTINDO AO DIABO 13

rível presunção de que posso con-seguir sozinho, sem Deus. É umaterrível ilusão gerada e promovidapor Satanás. Ao contrário disso, a�humildade� é esvaziar-se de suaauto-suficiência; é uma compreensão

espírito orgulhoso, e seu desejo éensoberbecer-nos e levar-nos a vivere agir independentemente de Deus.

�Sujeitai-vos, portanto, a Deus.�A palavra �sujeitai� significa colo-car a mim mesmo sob a autoridadede outrem. Precisa haver sujeiçãode todo o homem à lei de Deus, umaentrega de nós mesmos para sermosgovernados por Ele; nossos pen-samentos, desejos e ações têm de serestritamente regulados pelas normasestabelecidas em sua Palavra. Su-jeitar-se a Deus também denota umaserena aquiescência às disposiçõesda divina providência, uma alegrerenúncia de nós mesmos ao soberanoprazer de Deus. Portanto, precisa ha-ver uma completa entrega de nossaspróprias vidas e de nós mesmos aDeus, a fim de sermos conduzidos egovernados por Ele.

Existe uma dupla relação entreas duas metades de Tiago 4.7. Pri-meiro, é óbvio que tenho de me sub-meter a Deus, se quero ser bem-

sucedido em resistir ao diabo. Comoisto poderia acontecer de outra ma-neira? Em minhas próprias forças,não tenho condições de prevalecercontra meu grande inimigo, e Deusnão me dará sua �graça�, enquanto

que não ora é orgulhoso, pois suarecusa em receber a força provenientede Deus equivale a dizer que podeser bem-sucedido sem a ajuda divi-na. Satanás caiu por orgulho, edissimulou para ter mais compa-nheiros, atraindo-nos à sua arma-dilha. Sua isca é facilmente mor-dida, pois é natural a todos nós.Nossos primeiros pais sucumbi-ram prontamente à sugestão: �Sereiscomo Deus�.

Mas o que significa �resisti aodiabo�? Em primeiro lugar, significaque eu não tenho de ficar apavora-do diante dele. Satanás não temqualquer poder constrangedor. Elenão pode prevalecer sem meu con-sentimento. Em segundo, não devosequer ouvir a sugestão dele, mas�resistir� ativamente, afirmando:�Não cairei�. Tenha essa atitude epermaneça firme em sua postura. Emterceiro, cite as Escrituras para Sata-nás, um versículo pertinente e ade-quado que confronta a tentação es-

íntima de que soucompletamente de-pendente de Deuspara todas as coisas.Humildade, graça evitória sobre Satanásestão inseparavel-mente ligadas uma àoutra! Mas nada émais ofensivo a Sata-nás do que a humil-dade, pois ele é um

estiver me opondo aEle! Por isso, é ne-cessário que eu parede resistir a Deus,antes de ter qualqueresperança de oferecerresistência a Satanás;em outras palavras,preciso deixar de serorgulhoso, inde-pendente e auto-suficiente. O crente

Aquele a quem eutenho de me

sujeitar não é umtirano cruel, um

déspota semmisericórdia; é o�Deus de toda

graça�.

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Fé para Hoje14

pecífica. Confie no poder da Palavrade Deus, esperando que ela expulseSatanás de seu caminho. Em quarto,pleiteie a promessa divina no ver-sículo: �Resisti ao diabo, e ele fugiráde vós�. Sim, ele fugirá, pois não éapenas um inimigo vencido, mastambém um notório covarde. �Ele

o bastante para encorajar-nos. Mascontinuemos nossa busca por maisesclarecimento e ajuda. Isto significaque eu preciso utilizar uma con-cordância e verificar, devagar e comcuidado, todos os versículos onde seencontram os vocábulos �diabo� e�Satanás�. Isto exige paciência, masse o fizermos com oração, Deusrecompensará o esforço.

Em 1 Pedro 5.8, lemos: �Sedesóbrios e vigilantes. O diabo, vossoadversário, anda em derredor, comoleão que ruge procurando alguém pa-ra devorar�. Com certeza, estaverdade é muito descritiva e im-pressionante. Se você soubesse queum leão havia escapado do circoem sua cidade, que era feroz e estavafaminto, que estava perdido, va-gueando pelas ruas, e suas obrigaçõesdiárias lhe exigiam sair de casa, semdúvida você agiria com bastanteatenção e cuidado.

Queridos irmãos, minha supo-

sição não é imaginária ou absurda.Existe alguém mais poderoso e crueldo que um leão, que está andandoem derredor, procurando devorarnossas almas. Quão pouco acre-ditamos nessa verdade! Quão indi-ferente é a atenção que damos a esteaviso divino!

todo o seu fardo de ansiedade, estan-do seguro da compaixão de Cristo.Sim, mas o privilégio e a certeza docuidado dEle para conosco não devenos tentar a sermos levianos e ne-gligentes. Assim, como em toda aBíblia, neste versículo a promessa eo mandamento estão juntos. Observeo que vem logo em seguida. Pri-meiro, �Sede sóbrios�. Em lin-guagem comum �sobriedade� é ooposto de �embriaguez�. No entanto,devemos lembrar que há muitasoutras coisas além de vinho e cervejaque intoxicam. �Sede sóbrios� sig-nifica ser temperante em todas ascoisas, refrear todos os desejos eapetites da carne, particularmente ser�sóbrio� nas expectativas quanto aeste mundo e na maneira como vocêo utiliza.

�Pensai nas coisas lá do alto, nãonas que são aqui da terra� (Cl 3.2).Se os olhos da fé avaliarem as coisasterrenas à luz da Palavra de Deus,

fugirá de vós� apenaspor um �momento�,pois voltará e reini-ciará a luta; e vocêtambém.

Resumindo nossoexame da Palavra deDeus para descobrir oque ela ensina sobreeste assunto de resistirao diabo, já achamos

Considere por uminstante o contextodesse versículo: �Lan-çando sobre ele todaa vossa ansiedade,porque ele tem cuida-do de vós� (1 Pe 5.7).Através destas pala-vras, o filho de Deusé convidado a lançarsobre o Senhor Jesus

Se os olhos da féavaliarem as coisasterrenas à luz daPalavra de Deus,perceberão que

elas são efêmeras,sem valor e

não satisfazem.

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RESISTINDO AO DIABO 15

perceberão que elas são efêmeras,sem valor e não satisfazem. Os pra-zeres do pecado são apenas �tran-sitórios� (Hb 11.25); e quão transi-tórios! Lembremo-nos também deque precisa haver sobriedade deentendimento, antes de existirsobriedade de corpo. Oh! quão im-portante é que formulemos a corre-ta estimativa das coisas terrenas e dascelestiais! Se eu realmente receboem meu coração as declarações daPalavra de Deus afirmando que �tudoque há debaixo do sol� é apenas�vaidade e correr atrás do vento�, asobriedade será fomentada.

Em segundo, �sede... vigilan-tes�, não descuidados, ou impe-tuosos, ou presunçosos. Preciso estaratento, alerta, desperto. Novamen-te tenho de começar no homeminterior; jamais serei �vigilante�sobre tentações externas, enquan-to não tiver aprendido a cingir o meu�entendimento� (1 Pe 1.13) e do-minar meu próprio �espírito� (Pv16.32). Portanto, supliquemos gra-ça para sermos �vigilantes� sobrenossas mentes e trazer �cativo todo

não ganhe vantagem. Se estivermosdeprimidos, ele nos tentará aodesespero e ao desânimo. Mas eu te-nho de �resistir� a esta inclinação.Se me sinto leviano e inconstante,ele me tentará à irreverência e à hi-laridade; e isto mancha a reputaçãodo seguidor de Cristo. Mas lembre-

se: para que sejamos �vigilantes�,precisamos antes ser �sóbrios�!

Em terceiro, �resisti-lhe firmes�.Oponha-se aos esforços de Satanás afim de predispor seu coração contraDeus e infiltrar em sua mente pen-samentos maldosos a respeito dEle.Satanás se empenhará para causar-lhedúvidas quanto ao amor de Deus; elese esforçará para fazê-lo murmurarcontra a severidade da providênciadivina e do rigor dos mandamentosde Deus. Você deve rechaçar os es-forços de Satanás para atraí-lo à ten-tação, lembrando que Deus advertiu-nos: �E não sejais cúmplices nasobras infrutíferas das trevas; antes,porém, reprovai-as� (Ef 5. 11).Resista ao empenho de Satanás paralevá-lo a pecar. Responda-lhe assimcomo José: �Como, pois, cometeriaeu tamanha maldade e pecaria contraDeus?� (Gn 39.9).

Nossa resistência precisa ser re-soluta e zelosa. Se um louco o ata-casse, e você estivesse lutando por suaprópria vida, empregaria todos osesforços. O mesmo acontece nesteassunto: é a sua própria alma que Sa-

de Satanás. A queda de Eva deve ser-vir-lhe de aviso. Através da palavra�resoluta�, pretendo dizer que de-vemos ficar indignados diante dasprimeiras sugestões de Satanás, taiscomo, por exemplo, permanecer nacama no domingo pela manhã. Nossaresistência tem de ser completa. A

pensamento à obe-diência de Cristo�(2 Co 10.5). Pro-curemos ser �vigi-lantes� sobre nossadisposição íntima,para que Satanás

tanás está procu-rando destruir. Aresistência de Evamostrou-se frágile indiferente; elabrincou com as so-licitações malignas

Nossa resistência precisaser resoluta e zelosa...

completa...constante e contínua.

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Fé para Hoje16

maneira como Satanás aborda asalmas é gradual; a princípio, ele nospede que cedamos apenas um pouco.Muitos prometem a si mesmos quecessarão de cometer tal pecado, apósterem cedido um pouco; mas, quan-do a pedra começa a rolar do topo damontanha, é difícil fazê-la parar.

latras. Esteja atento. Nossa resistên-cia precisa ser constante e contínua� não somente ao primeiro ataquede Satanás, mas a todas as suas in-vestidas. O diabo é muitíssimo per-severante; nós também devemos ser.

Essas três considerações devemimpulsionar-nos ao imperativo deverda resistência: primeira, o diabo nãopode vencer-nos sem nosso con-sentimento; mas onde não há opo-sição, ali encontramos consen-timento. Tome uma atitude positivacontra o grande inimigo das almas.Segunda, medite intensamente sobrea bênção da vitória; esta o compensa-rá por toda a diligência e esforço quevocê fizer. Os prazeres do pecado sãotemporários; os prazeres e os be-nefícios de negar a si mesmo sãoeternos. Leia Marcos 10.29-30. Ter-ceira, lembre que a graça de Deus éprometida a todo aquele que resiste.Deus liberta, mas você precisa �guar-dar-se� (1 Jo 5.18). É por intermédiode nossa vigilância e oração que Eletorna eficaz nossa resistência. Nãoexiste a promessa de que Deus pre-servará uma alma descuidada e ne-gligente.

�Resisti-lhe firmes na fé.� Pro-vavelmente, há uma dupla referên-cia na expressão �na fé�. Primeira,refere-se à analogia entre o vocábu-lo �fé� e a Palavra de Deus (ver Jd3); segunda, ao exercício da graçada fé. Satanás é o �poder das trevas�(Lc 22.53), e somente a luz de Deus

sária para libertar-nos. Temos defazer-lhe resistência na fé, crendo, re-cebendo sabedoria e poder para agirde acordo com as Escrituras. Tambémdevemos resistir a Satanás por exer-citarmos a graça da fé salvadora.Nossos corações precisam apropriar-se dos preceitos e promessas de Deus.Um bendito exemplo dessa verdadefoi deixado por nosso Senhor. Eleresistiu firme �na fé� a Satanás, aoutilizar contra ele somente a Espa-da do Espírito.

�Resisti-lhe firmes na fé.� Quan-do hesitamos por causa da incre-dulidade, somos incapazes de per-manecer firmes contra nosso grandeinimigo. Foi por duvidar do castigoantecipadamente anunciado por Deusque Eva sucumbiu ao pecado. Massomente podemos resistir a Sata-nás, com sucesso e �firmes na fé�,se houver apropriação pessoal davitória de Cristo. Está escrito: �Eles,pois, o venceram por causa do sanguedo Cordeiro� (Ap 12.11). Na pre-sença de Deus, recorra a este san-gue a fim de ser liberto das tentaçõesde Satanás. Confie na eficácia destesangue para livrá-lo. Refugie-se no

Vemos este prin-cípio amplamen-te ilustrado nocaso dos viciadosem jogos de car-tas e nos alcoó-

pode revelá-lo eexpulsá-lo. Eleutiliza o erro pa-ra iludir as al-mas; a verdadede Deus é neces-

Os prazeres do pecado sãotemporários; os prazeres eos benefícios de negar a si

mesmo são eternos.

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RESISTINDO AO DIABO 17

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O evangelista enviado por Deus... nada temem comum com o político na caça de votosou com um animador de auditório. Nada émais desprezível do que um palhaço religiosoque fica saltando no meio de Verdades sériase de leviandades.

James R. Graham

A Palavra de Deus é algo muito sagrado, e apregação é uma obra muito solene, para quese brinque com elas.

William Gurnall

A popularidade tem matado mais profetasdo que a perseguição.

Vance Havner

escudo propiciado pelo sangue doCordeiro, quando perceber que odiabo está lançando seus dardosinflamados contra você.

Finalmente, devemos ressaltarque só existem duas alternativas: servitorioso contra Satanás ou derrota-do por ele; não existe outra pos-sibilidade. Se formos completamentevencidos por ele, o resultado será fa-tal. Ele não está apenas procurandoferir, mas �devorar�-nos (1 Pe 5.8)!E como isto se harmoniza com a

eterna segurança do povo de Deus?É fácil responder essa pergunta: serealmente somos crentes, por in-termédio da graça divina resistire-mos ao diabo e o venceremos. Mas,se continuamos a ficar atentos às su-gestões dele, cedendo a suas tenta-ções, e somos completamente ven-cidos por ele, então, não importa oquanto conheçamos das Escriturasou o que professamos ser, per-tencemos a Satanás e somos seuslegítimos escravos.

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Fé para Hoje18

JustificaçãoMartin Lloyd-Jones

Justificação não significa meramente perdão. In-clui o perdão; no entanto, é muitíssimo maior do queeste. Além disso, a justificação afirma que Deus nosdeclara completamente inocentes, considerando-nospessoas que jamais pecaram. Ele nos proclama justose santos. Agindo assim, Deus está refutando qualqueracusação que a lei faça contra nós. Não é apenas ojuiz, no tribunal, asseverando que o réu está perdoado,mas declarando-o uma PESSOA JUSTA E INOCENTE.

Ao justificar-nos, Deus nos informa que removeunosso pecado e culpa, imputando-os, ou seja, lan-çando-os na conta do Senhor Jesus Cristo, cas-tigando-os nEle. Deus também anuncia que, fazendoisso, lança em nossa conta (ou seja, imputa-nos) aperfeita justiça de seu querido Filho. O Senhor JesusCristo obedeceu completamente a Lei; jamais a trans-grediu em algum aspecto, satisfazendo-a em todas assuas exigências. Esta completa obediência constituia justiça dEle. O que Deus faz ao justificar-nos élançar em nossa conta (ou seja, imputar-nos) a justiçado Senhor Jesus Cristo. Ao declarar-nos justificados,Deus proclama que nos vê não mais como realmentesomos, e sim como pessoas vestidas da justiça deCristo. Um hino escrito pelo conde Zinzendorf ex-pressa deste modo a justificação:

Jesus, tua veste de justiçaÉ agora minha beleza;

minha gloriosa vestimenta.Entre os mundos flamejantes,

Envolvido em tua justiça,com alegria eu Te exaltarei.

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GLORIFICANDO A DEUS NO FOGO 19

Glorificando a Deus no FogoGeorge Whitefield

O fogo, meus irmãos, não ape-nas queima e purifica, mas, comovocê sabe, separa uma substância daoutra, sendo utilizado na química ena mecânica. O que poderíamos fa-zer sem o fogo? Ele refina o metal,a fim de purificá-lo. O Deus todo-poderoso sabe: freqüentemente so-mos mais purificados, em deter-minado momento, por intermédio deuma saudável provação do que pormeio milhares de demonstrações deseu amor. É algo excelente sairpurificado e perdoado da fornalhade aflição; seu propósito é nospurificar, a fim de separar o preciosodo vil, o joio do trigo. E Deus, pararealizar isso, se agrada em colocar-nos em um fogo após o outro. Istome faz apreciar a ocasião em quevejo um bom homem passando poraflições, porque ensina algo sobre amaneira como Deus age no coração.

Lembro que, há alguns anos,quando preguei em Shields, próximo

�Amados, não estranheis o fogo ardenteque surge no meio de vós, destinado a provar-vos,

como se alguma cousa extraordináriavos estivesse acontecendo.�

(1 Pedro 4.12)

a Newcastle, no norte da Inglaterra,entrei em uma fábrica de vidro.Permanecendo muito atento, pudecontemplar várias peças de vidroquente com diversas formas. O ope-rário pegou uma das peças de vidro ea colocou em uma fornalha; depois,em outra; e, posteriormente, em umaterceira. Quando perguntei-lhe: �Porque você está colocando esse vidroem tantas fornalhas?�, ele me res-pondeu: �Colocá-los apenas na pri-meira ou na segunda não é suficien-te; por esta razão, eu o coloquei naterceira: isso torna o vidro trans-parente�.

Ao afastar-me do operário, ocor-reu-me que aquele acontecimentodaria um bom sermão: �Ora, esse ho-mem colocou o vidro em uma forna-lha após a outra, a fim de que pudés-semos ver através dele. Oh! Que Deusme coloque em uma fornalha após ou-tra, para que minha alma seja trans-parente, e eu O veja como Ele é�.

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Fé para Hoje20

Meus irmãos, precisamos serpurificados; a nossa tendência é dequerer ir ao céu em uma cama ma-cia; mas o caminho do Rei paramuitos consiste em um leito de do-res e abatimento. Conforme sabemos,há várias estradas em Londres cha-madas �caminhos do Rei�, e foramexcelentemente construídas com pe-dras. Mas o caminho do Rei para océu está repleto de cruzes e aflições.

Todos nos inclinamos a pensarbem a respeito de ser um cristão. Émuito agradável falar sobre ocristianismo, até que sejamoscolocados em uma fornalha apósoutra. �Não estranheis�, disse oapóstolo, �o fogo ardente que surgeno meio de vós, destinado a provar-vos�. O que preciso fazer? Ora, seestou no fogo, é por causa das minhascorrupções. Deus não fará que pas-semos pelo fogo, se não houver algoa ser purificado. A grande virtude é

da parte do Senhor, a fim de que nãoO desonremos ao passar pelo sofri-mento; portanto, glorificamos a Deusno fogo em ocasiões que suporta-mos, com quietude, a aflição comouma disciplina.

Glorificamos a Deus no fogoquando sofremos com paciência. Éalgo terrível alguém dizer, assimcomo Caim: �É tamanho o meu

castigo, que já não posso suportá-lo�. Mas a linguagem de uma almaque glorifica a Deus no fogo é esta:�Senhor, Senhor, posso eu, um ho-mem pecador, reclamar por causa docastigo de meus pecados?� É gloriososer capaz de afirmar, assim comoaquele homem a respeito de quem,diversas vezes, um de seus amigos mefalou que, encontrando-se dilaceradopela dor, gemia durante toda a noitepor causa de sua enfermidade, masclamava: �Senhor, estou gemendo;Senhor, estou gemendo; mas, SenhorJesus, apelo a Ti, pois sabes que nãoestou resmungando�. Glorificamos aDeus no fogo, quando, apesar desentirmos dor e tristeza, ao mesmotempo dizemos: �Senhor, eu mereçoisso e dez vezes mais do que isso�.

Também glorificamos a Deus nofogo quando, de fato, estamos com-pletamente persuadidos de que Elenão há de colocar-nos no fogo, exceto

todas as minhas escórias�. Então, nósO glorificamos quando almejamosque o fogo nos seja benéfico e não seapague, e nossa alma pode clamar:�Eis-me aqui, Senhor Deus, fazecomigo o que te parecer agradável;sei que não terei uma aflição sem queTu me concedas o consolo e me façassaber porque contendes comigo�.

Glorificamos a Deus no fogo

aprender a glorifi-car a Deus no meiodo fogo. Portanto,glorificai a Deus nofogo.

Quando glori-ficamos a Deus nofogo? Quando nosesforçamos paraconseguir tal graça

quando isso cooperepara nosso bem eredunde em sua gló-ria.

Glorificamos aDeus no fogo quan-do dizemos: �Se-nhor, não permitaque o fogo se apa-gue até que remova

É muito agradávelfalar sobre o

cristianismo, até quesejamos colocadosem uma fornalha

após outra.

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GLORIFICANDO A DEUS NO FOGO 21

quando demonstramos contentamen-to para dizer: �Não sei o que Ele estáfazendo comigo agora; todavia,depois o saberei�. Explicamos paranossos filhos de dois anos de idade

pondeu: �Que tenho eu contigo?Segue-me�. Glorificamos a Deus nofogo quando nos contentamos emandar pela fé e não pelo que vemos.

Glorificamos a Deus no fogoquando não murmuramos em de-sagrado, mas submetemo-nos hu-mildemente à vontade dEle. Umapessoa humilde não anda em rebeldiae mau humor. Mas, existem pessoasde coração tão endurecido que nemchegam a se expressar. Quando aque-la terrível notícia foi trazida a Eli, oque disse ele? �É o SENHOR; faça oque bem lhe aprouver�; que meus fi-lhos sejam mortos; o que acontecer éEle quem o está fazendo; apenas,Senhor, salve minha alma.

Glorificamos a Deus no fogo,quando no meio deste podemos ento-ar sublimes louvores a Ele. Os filhosde Israel glorificaram o Senhor; ocântico dos três rapazes na fornalhaardente é um louvor agradável! As-sim também são todos os louvoresproduzidos em meio ao fogo. �Oh!Todas as obras do Senhor, louvai-oe exaltai-o para sempre!� Portanto,glorificamos a Deus no fogo quandonos regozijamos nele e não apenas

pensamos mas também reconhece-mos que isso é o melhor; quandosomos capazes de agradecer a Deuspor nos fustigar e quando podemosbendizê-Lo e expressar-Lhe nossa

nas próprias tribulações, sabendoque a tribulação produz perseve-rança�. Neste mundo, glorificamosa Deus no fogo quando exercitamoshumildade, paciência e resignação,aprendendo a desconfiar cada vezmais de nós mesmos, obtendo umprofundo conhecimento de nossaprópria fraqueza e da onipotência eda graça de Deus. Somos felizesquando podemos olhar para trás edeclarar: �Fui capacitado a glorificara Deus no fogo�.

Bem-aventurados são os que jápassaram pela fornalha de Cristo!Felizes, os que já experimentaram asaflições de Cristo em suas almas! Cre-io que muitas almas já disseram: �ÓSenhor Jesus, ajuda-nos a glorificar-Te em quaisquer aflições que, porTeu agrado, enviares e em quaisquerfornalhas que, por Teu deleite, noscolocares�. Então, cantaremos �AIgreja Triunfante� muito melhor doque o fazemos agora; veremos Jesuspronto a ajudar-nos quando esti-vermos na fornalha da aflição. Oh!Que este pensamento faça todopecador afirmar: �Com a ajuda deDeus, eu me tornarei um verdadei-

porque as coisasacontecem; é claroque não. E pensa-mos que Deus asexplicará para nós?Os discípulos per-guntaram: �O queeste homem está fa-zendo?� Cristo res-

gratidão por não ternos abandonado,afirmando: �Deixai-os sozinhos�. Isto églorificar a Deus nofogo. �E não so-mente isto�, disse oapóstolo, �mas tam-bém nos gloriamos

Glorificamos a Deusno fogo quando...nos submetemoshumildemente

à vontade dEle.

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Fé para Hoje22

ro cristão; com a ajuda de Deus, setiver de passar pelo fogo, estareiardendo de amor por Cristo. E di-rei: �Senhor, seja glorificado por

arrebatar-me como um tição dafornalha de Satanás!��. Seja este oclamor de todos os corações!

A adoração é a submissão de toda nossanatureza a Deus. É a vivificação da cons-ciência mediante sua santidade, o nutrir damente com sua verdade, a purificação daimaginação por sua beleza, o abrir do coraçãoao seu amor e a entrega da vontade ao seupropósito.

William Temple

Não conheço outro prazer tão rico, tão puro,tão santificador em suas influências ou aindatão constante em seus benefícios como aqueleque resulta da verdadeira e espiritual adoraçãoa Deus.

Richard Watson

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AGOSTINHO, BISPO DE HIPONA 23

Agostinho, Bispo de HiponaIain Murray

(Será um dos preletores da XVI Conferência Fiel - ano 2000)

do que morreria sem descobrir averdade.� Ora, nesse caminho, aconsciência de pecado começou aatormentá-lo. Tomado por medo evergonha, profundamente conscien-te de que o pecado havia corrompi-do sua mente e escravizado suavontade, Agostinho passou a odiara si mesmo.

Ele não percebia que um vaso demisericórdia estava sendo forma-do; que um servo de Cristo estavasendo criado e que ele seria, por me-io da graça divina, um dos maispoderosos defensores da verdadeoutorgada por Deus à sua igreja.Aconteceu que, no ano de 386, emum jardim de Milão, uma voz soouem seus ouvidos, como que vindado céu, ordenando-lhe que lesse aBíblia. �Tu me chamaste, gritastee rompeste minha surdez.� Abrin-do a Palavra de Deus em Romanos13.13-14, Agostinho disse: �Uma luzde serenidade infundiu-se em meucoração, e as densas trevas que flutua-vam em meus olhos dissolveram-se

Agostinho, filho de um oficialromano, nasceu em Tagaste, nonorte da África, em 354. Dotado debrilhantes talentos, profundamentemotivado pela vanglória e pelo de-sejo de ser louvado, aos 19 anos eleestudava e ensinava retórica na an-tiga cidade de Cartago. Com suamente voltada à busca da sabedoriahumana e seu coração cativo aosprazeres do pecado, permaneceu alidesperdiçando o melhor de sua vi-da. �Ai, ai!�, escreveu mais tarde,�aqueles passos me conduziram àsprofundezas do inferno! Labutandoe desgastando-me por falta da ver-dade!� Os vários sistemas filosóficosde pensamento que ocupavam aatenção de Agostinho apenas oconduziam mais profundamente aolabirinto do erro. Com 31 anos deidade, o desespero mental e a angús-tia de coração levaram-no a adotaras dúvidas dos acadêmicos, os quaisacreditavam que nada era certo. �Euestava sobrecarregado com as maisinquietantes preocupações, recean-

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Fé para Hoje24

em um instante. Tua voz poderosadisse: �Haja luz, e houve luz��. Dessemomento em diante, Agostinho, pro-fundamente humilhado, tinha apenasum ardente desejo: amar e servir seuSalvador. �Não tenho qualquer pra-zer, exceto aquele que resulta de fa-

para causar alarme e incitar temor.A igreja de Cristo estava sendo amea-çada por erros internos, enquantoexternamente a queda do ImpérioRomano trazia confusão, invasãode bárbaros, séculos de desordem etrevas sobre a Europa. Nos anos queseguiram à conversão de Agostinho,nós o vemos sendo transformado emum instrumento para o propósito deDeus. Dia a dia, ano após ano, elefoi completamente absorvido pelaPalavra de Deus. Com freqüência,ele a estudava no meio da madru-gada, aprendendo-a sobre seusjoelhos, alimentando-se incan-savelmente de seu conteúdo. Ver-dades fundamentais estavam sendogravadas em sua alma, verdades daPalavra de Deus que deveriam brilhardurante as eras futuras da igreja.

No início do ano de 392, asorações do idoso Valério, bispo deHipona, em favor de outro pastorpara seu rebanho, foram respondidas

com a vinda de Agostinho paraassumir o seu lugar. Ali, Agostinhofoi ordenado presbítero, aos 39 anosde idade e, posteriormente, tornou-se bispo. Infelizmente, para a igreja,estava desaparecendo a igualdadeestabelecida pelos apóstolos entre

bispo de Hipona, tinha muitas coisasem comum com seus irmãos crentese jamais se colocou em posição dedestaque. Ao morrer, não deixouqualquer herança; em vida, não ape-nas repartiu o que tinha com todos,mas chegou a derreter vasos de pratada igreja por amor aos pobres. Dopúlpito, ele implorava de forma sur-preendente aos homens. Sua fonte deautoridade era a Palavra de Deus, aqual ele tratava com a mais profun-da reverência. �Oh! maravilhosaprofundidade da tua Palavra!�, eleexclamou, em certa ocasião, en-quanto pregava, �cujas verdades,nós, pequeninos, podemos ver comfacilidade; apesar disso, há umamaravilhosa profundidade, ó meuDeus, uma maravilhosa profun-didade!� Ao final de sua vida, esteministro apostólico declarou: �Aindaque tenhamos capacidade e diligênciapara estudar durante a vida inteira,desde a infância à velhice, somente

lar, ouvir, escre-ver, pregar e en-volver-me cons-tantemente na me-ditação do Senhore de sua glória.�

Era o momen-to designado porDeus para levan-tar seu servo. Erauma época carre-gada de motivos

Verdades fundamentaisestavam sendo

gravadas em sua alma,verdades da

Palavra de Deusque deveriam brilhar

durante as erasfuturas da igreja.

presbíteros e bis-pos. Embora o ofí-cio de bispo emRoma começassea associar-se auma arrogância desenhorio e à pre-sunção sacerdotal,isto não aconteciaem Hipona, nonorte da África.Agostinho, como

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AGOSTINHO, BISPO DE HIPONA 25

as Sagradas Escrituras, elas possu-em tanta consistência e abundânciade verdades, que todos os dias pode-remos aprender algo que não sa-bíamos�. Agostinho pregava do pro-fundo de seu coração, e seu intensoamor pelas almas fê-lo sentir umgrande desejo de pregar a seusouvintes para levá-los a Cristo. Elehavia aprendido, em sua vida diária,a olhar tão intensamente para Cristo,que toda sua pregação a respeito deoutros assuntos reduziu-se a quasenada.

�Ó amor indescritível�, ele cos-tumava clamar, �que levou Deus, emcarne, a morrer pelo homem; se ohomem não tivesse sido compradopor tão elevado preço, inevitavel-mente sofreria a eterna condenação�.Agostinho se absteve da sabedoria depalavras e pregou uma mensagemveemente, direta, sem rodeios,freqüentemente trazendo seus ou-vintes às lágrimas.

Quais eram as doutrinas en-sinadas por esse homem piedoso?

de Deus permanece, eterna e imu-tável. Da mesma forma, embora oerro apareça em incontáveis formas,a base sobre a qual ele está alicerça-do é a mesma em todas as épocas.De fato, é verdade que as doutrinas

que Agostinho expôs fundamentadonas Escrituras possuem importânciatão grande, que ignorá-las nos tornaincapazes de julgar as questões vita-is de nossos dias. Portanto, o erro aoqual ele se opôs permanece até hojecom efeitos devastadores na igreja.

A heresia jamais surge com aaparência de heresia. Na época deAgostinho, ela surgiu através de umhomem chamado Pelágio, apa-rentemente sem culpa, modesto, quepraticava a mortificação e com zeloexortava os outros a seguirem o exem-plo de Cristo. O ensinamento dessehomem era tão sutil e ambíguo, quepassou despercebido perante umconcílio de bispos da Palestina. Foideixada para Agostinho a respon-sabilidade de expor os alicerces dopelagianismo. Através de muitosanos de provações e humilhações,Deus o preparou para essa tarefa. Araiz do ensino pelagiano estava erra-da em sua visão da natureza dohomem. Pelágio dizia que o homemnão estava numa condição de pecado

vontade pecaminosa do homem,trazendo-a à liberdade, mas, ao invésdisso, a graça de Deus é algo externo,que nós podemos receber, se assimdecidirmos. Pelágio afirmava que agraça de Deus era oferecida a todos

Deus o levantou parafalar contra quais er-ros? Ninguém deveafirmar que a anti-güidade dos escritosde Agostinho preju-dicam a utilidade de-les. O mundo, disseele, com sua glória egrandeza, logo pere-cerá, mas a verdade de

original e possuía olivre-arbítrio, assimcomo Adão antes daqueda. O pecado nãoé herdado por naturezae sim pelo exemplo.Portanto, na salvação,a graça de Deus não éum poder interior querenova a natureza cor-rompida e restaura a

O erro ao qualele se opôs

permanece atéhoje comefeitos

devastadoresna igreja.

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Fé para Hoje26

igualmente e, portanto, era a escolhado homem que determinava se a gra-ça seria recebida ou não. Em resumo,o pelagianismo é uma crença deque a salvação é o resultado da co-operação entre Deus e o pecador.

O que levou Agostinho a con-tender tão firmemente contra afir-mações como essas? Ele não era o ti-

igreja reside na preservação da ver-dade, e estava disposto a denunciaro pelagianismo como um erro per-nicioso. �O grande pecado do pela-gianismo�, declarou Agostinho, �éfazer o homem esquecer-se por queele é um crente�. Defendendo asEscrituras, Agostinho afirmou que aconversão do pecador resulta apenasda eleição gratuita da parte de Deus eque a razão pela qual Ele chama al-guns e rejeita outros reside intei-ramente em sua vontade inescrutável.Em sua obra �Concerning the Pre-destination of the Saints� (A Pre-destinação dos Santos), Agostinhoescreveu o seguinte: �Para queninguém diga, minha fé ou minhajustiça me distingue dos demais, ogrande apóstolo dos gentios pergun-

ta: �O que tendes que não recebes-tes?� A fé, portanto, desde seuprincípio até à sua perfeição, é umdom de Deus. Entretanto, o motivoda fé não ser dada a todos, não devepreocupar o crente, pois este sabe quetodos, por causa do pecado de um sóhomem, estão debaixo da mais justacondenação. A razão por que Deus

divina predestinação�. Seguindo asEscrituras, Agostinho demonstrouque a eleição é a causa primária detudo e mostrou como é absurdoafirmar que a fé prevista por Deus éa causa da eleição. �Paulo não decla-ra que os filhos de Deus foramescolhidos porque Ele previu quecreriam, mas para que pudessem crer.Deus não nos escolheu porque nóscremos, mas para que crêssemos;para não parecer que fomos nósquem primeiro O escolhemos. Pauloassevera com clareza que, desde oprincípio da humanidade, ser santoé fruto da eleição. Aqueles quecolocam a eleição depois da fé agem,portanto, de forma bastante absurda.Quando Paulo apresenta o bene-plácito que Deus teve em Si mesmo

po de homem queentraria em contro-vérsia por causa deassuntos não-essen-ciais, pois o espíritode controvérsia eraalgo bastante dife-rente de seu ternoamor para com to-dos. Sua única pre-ocupação no mundoera a glória de Deusatravés da sua igreja;mas Agostinho sabiaque a segurança da

livra uma pessoa desua condenação e nãoa outra, está em seuspróprios e inescru-táveis juízos. E, seperguntamos por queo receptor da fé éconsiderado dignopor Deus para re-ceber tal dom, acha-remos aqueles quedirão: �É por escolhahumana�. Mas nósafirmamos que é pelagraça; ou seja, pela

A vida de Agostinhodesaprova, de uma

vez por todas, aobjeção de que a féna predestinação

eterna da parte deDeus é inconsistente

com o zelo napregação e noevangelismo.

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homem, a não ser esta que sali-entamos: a vida de Agostinho de-saprova, de uma vez por todas, aobjeção de que a fé na predestinaçãoeterna da parte de Deus é inconsis-tente com o zelo na pregação e noevangelismo. Agostinho escreveu:�Eles dizem que a doutrina da pre-destinação é inimiga da pregação eque não traz qualquer benefício. Écomo se ela fosse inimiga da prega-ção do apóstolo. O excelente apóstoloaos gentios freqüentemente exaltou apredestinação e, apesar disso, jamaisdeixou de pregar a Palavra de Deus.Pois, assim como a piedade deve serpregada, para que Deus seja verda-deiramente adorado, assim tambémdeve acontecer à predestinação.Aquele que tem ouvidos para ouvirglorie-se na graça de Deus, no pró-prio Deus, e não em si mesmo�.

O mundo de Agostinho passou,mas os erros que temos de combaternão. Eles foram poderosamente rea-vivados no arminianismo, no séculoXVII; e, em nossos dias, os mesmoserros (este grande pecado, como ochamou Agostinho), têm se espalha-

consideremos atentamente as pala-vras de Richard Sibbes, teólogo deCambridge:

�A heresia de Pelágio foi con-denada ao inferno pelos antigos

como o Concílio deÉfeso condenou asposições de Pelágio,em 431, sobre co-mo o piedoso bis-po de Hipona, cheiode amor por Cristo,labutou até ao seuúltimo suspiro e co-mo ele morreu três

do pela igreja visí-vel. Deus pronun-ciou um solene aná-tema contra aquelesque buscam desfazera sua obra, ao edi-ficarem sobre aqui-lo que Ele destruiu(Js 6. 26). Ao en-cerrar este artigo,

como a causa da eleição, ele excluitodas as outras possíveis causas�.

Os adversários de Agostinhoreivindicaram que a autoridade daigreja estava contra suas doutrinas, eele replicou que, antes da heresia dePelágio, os pais da igreja primitivanão manifestavam suas opiniõesprofundas sobre a predestinação, esua resposta era correta. E acres-centou: �Qual a necessidade deexaminar as obras daqueles escrito-res que, antes de surgir a heresia dePelágio, não sentiram qualquer ne-cessidade de se expressarem sobreessa questão? Se esta necessidadetivesse surgido e se houvessem sidocompelidos a responder aos inimigosda predestinação, sem dúvida, eles oteriam feito. O que me compeliu adefender as passagens das Escriturasonde a predestinação é claramenteensinada? O que me estimulou foi oaparecimento dos pelagianos dizendoque recebemos a graça de Deus quan-do nos tornarmos dignos dela!�

Não podemos falar agora sobrea maneira como a controvérsia pela-giana foi resolvida, sobre o modo

meses antes da guarda romana emHipona ser vencida pela invasãobárbara. E não há espaço para dis-correr a respeito das lições que po-demos aprender da vida desse

Agostinho se absteveda sabedoria de

palavras e pregouuma mensagem

veemente, direta,sem rodeios...

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Fé para Hoje28

concílios. Os vários concílios rea-lizados na África e diversos sínodos,nos quais o próprio Agostinho estevepresente, condenaram a heresia dePelágio. Hoje não existem homensque querem ressuscitar estas heresi-as? Nada podemos esperar, exceto amaldição que prevalece quandohomens reavivam heresias que Deuscondenou. Elas são opiniões amal-

diçoadas pela igreja de Deus, que atéagora tem sido guiada pelo EspíritoSanto. Tais opiniões, penso eu, quefalam levianamente sobre a graçade Deus e promovem o poder dolivre-arbítrio, fazem deste um ídolo;por isso, estão debaixo de condena-ção e, por natureza, são inimigas dagraça de Deus�.

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É perigosamente possível que a atividade nãoseja nada mais do que um corre-corre atordoadoem volta de um vazio central.

John Blanchard

Os únicos precedentes para a proclamação doevangelho são: vida santa, oração e testemunhoousado.

Geoffrey Thomas

A idéia de que este mundo é um parque dediversões e não um campo de batalha tem sidohoje aceita, na prática, pela vasta maioria doscristãos.

A. W. Tozer

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CARTA DE UM PASTOR DA ESCÓCIA 29

Carta de um Pastorda Escócia

Tony Hutter

Graham chegasse, uma série deeventos se realizaram: um desfile demodas, um show apresentando doiscomediantes, uma reunião em queAnne Graham Lotz, a irmã deFranklin, pregou aos ouvintes (ealguém assegurou-me: �Ela é umaentusiasta pregadora e ensinadorada Bíblia, melhor do que seu próprioirmão, Franklin�). Houve tambémum encontro para crianças, ofere-cendo �palhaços, malabarismo, mú-sicas, presentes e MUITA DIVERSÃO!�

Interessante, não?! Mas todasestas coisas foram apenas o prelúdio.Espere até a chegada de Franklin!

Prometeram muito mais. Haveráum cantor irlandês e a banda Praise,�bem conhecida por sua nova, vi-brante e popular maneira de louvar;esta banda é formada por um grupode cantores e compositores talento-sos, todos eles com uma longa históriade sucesso individual�. Outro grupoque se apresentará já ganhou o tro-féu Grammy e possui um �con-

Em maio de 1999, a cidade dePerth foi a sede do �maior eventocristão na Escócia desde a visita dopapa em 1982�. Este dois acon-tecimentos não tiveram qualquerligação entre si.

Este grande evento cristão foio �Festival 99�, com FranklinGraham, o filho do evangelista BillyGraham. Palavras tais como �cam-panha� ou �cruzada evangelística�parecem ter sido substituídas por�Festival�, uma palavra mais suavee brilhante. Muitas igrejas se en-volveram; e, juntamente com isso,houve o apoio do bispo católico ro-mano, o que deixou todos sen-tirem-se bem no evento.

Bastante entretenimento

Lendo os informativos sobre o�Festival� (e houve muitos sobre esteacontecimento), percebi que a ênfaserecaiu sobre o promover alegria eentretenimento. Antes que Franklin

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Fé para Hoje30

tagiante estilo de rock popular�.Um �cowboy� da Califórnia

também se apresentaria. Ele foi ovencedor do concurso �Battle of theBands�, de 1964, sendo conhecidopor sua maneira rápida e brilhantede dedilhar seu violão; já apareceuem diversos programas de televisãodos Estados Unidos, compôs músi-cas para o cinema e a televisão. Ele éum grande mestre de entretenimen-to. Depois, um ator americano quejá se apresentou na Broadway faráuma �divertida demonstração� deseus �formidáveis talentos�, ao dra-matizar partes da Palavra de Deus.

Em seguida, será a vez de umcoral de crianças da África querecebeu a indicação para o Grammyem 1993; e, logo depois, um outroamericano proficiente tocador deviolão, banjo, rabeca e bandolim,entre as suas honras estão três dis-cos de ouro, quatro álbuns de pla-

pouco mais do que 250.000 libras(equivalente a R$ 750.000,00). Emtodos os dispendiosos anúncios nosônibus e lugares públicos, não vi umversículo sequer da Bíblia.

Pequeno rebanho

Considerando tudo isso, penseiem mim mesmo e em nossa peque-

na igreja, formada por apenas de-zesseis membros. O que eu deveriafazer? Oferecer aos domingos umadivertida demonstração de meusformidáveis talentos? Isto não pare-cia correto? Não sou capaz de dedi-lhar violão com grande e admirávelrapidez, nem banjo, rabeca e ban-dolim. De fato, quando olho para osmembros de nossa igreja, reconheçoque nenhum de nós foi treinado paraatuar como palhaços ou comediantes.Provavelmente somos mais indica-dos a receber o troféu Granny (�vo-vó�) do que o Grammy. E a únicaBroadway (caminho largo) em quenos apresentamos foi aquela quenos conduzia a destruição (e, pelagraça de Deus, abandonamos aque-le caminho).

O Deus vivo, que é um fogo con-sumidor, pode ser adorado de modoaceitável através de qualquer �vi-brante e popular maneira de louvar�?

fosse ocupado por um �grande mes-tre de entretenimento�? E esta ênfa-se sobre troféus e realizações é com-patível com a reprovação de Cristoaos seus discípulos, quando estesdiscutiam sobre qual deles era omaior? Alguns de nós achamos que,ao invés de ser atrativa, essa atitu-de de promover as habilidades de�grandes astros� causa repugnância.

Um �contagianteestilo de rock popu-lar� pode ser bemaceito por muitos,mas desejamos quenossa igreja sejacontagiada por es-se tipo de música?Pretenderíamosque nosso púlpito

tina, cinco troféusGrammy e dozemúsicas número 1.

Tudo isto emapenas quatro noi-tes! Uau! Este é,sem dúvida, umevangelismo de altavoltagem! E qualfoi o seu custo? Um

Em todos osdispendiosos anúnciosnos ônibus e lugarespúblicos, não vi umversículo sequer da

Bíblia.

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CARTA DE UM PASTOR DA ESCÓCIA 31

Mensagem séria

Enquanto estas coisas estavamacontecendo, eu pregava sobre o livrode Jonas. Que admirável contrasteentre o ministério de Jonas ao povode Nínive e o sensacionalismo dofestival de Perth.

Ele entrou em Nínive com umamensagem ameaçadora e séria, pre-

ria Jonas ter encontrado alguns co-mediantes e palhaços? Poderia terlevado alguns presentes e brindes pa-ra as crianças, e vários cantores emúsicos para entreter as pessoas.

No entanto, ele foi sozinho. Nãohavia qualquer esperança de serbem-sucedido em Nínive. Mas o fatoestranho é este: os ninivitas creramna mensagem de Jonas! Toda acidade, do trono do rei ao povo emgeral, arrependeu-se e converteu-seao Senhor. A única explicação paraisso é que o soberano Deus, por suagraça, agiu. Aquilo que comedi-antes, palhaços e o próprio Jonas nãoforam capazes de fazer, Deus o fez!

Padrão bíblico

No passado, o evangelismo eraum assunto sério e solene. Isto torna-se evidente no Novo Testamento,bem como na história de homenspiedosos que Deus usou no passado.

Neste século, as coisas mudaramdramaticamente. À medida que nosaproximamos do final do milênio,

quanto os outros fazem a obra.Isto me recorda a conversa en-

tre D. L. Moody e alguém que ocriticava. �Não gosto da maneiracomo o senhor prega o evangelho�,disse o crítico. Moody respondeu:�Bem, como você o faz?�. �Ora, eunão o prego� foi a resposta do críti-co. �Então�, continuou o evange-lista, �gosto mais da maneira comoeu prego o evangelho do que da ma-neira como você não o prega�.

Admitimos esse perigo.Precisamos tornar conhecido o

evangelho e convidar os pecadores avirem ao Salvador. Porém, temos defazê-lo de maneira bíblica.

gando-a com sim-plicidade. Não de-veria ele ter se pre-parado melhor paraeste ministério, le-vando consigo ou-tras pessoas, a fimde tornar sua men-sagem mais agra-dável? Não pode-

percebemos quãodistante estamosdo padrão bíblico.

O perigo é quealguns de nós, quenos preocupamoscom as mudanças,talvez pareçamosnegativos, fican-do acomodados en-

À medida que nosaproximamos dofinal do milênio,percebemos quãodistante estamos

do padrão bíblico.

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A igreja não é um clube de iates,mas uma frota de barcos de pesca.

Anônimo

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Fé para Hoje32

Dou graças a Deus pelos bons artigose fidelidade de vida dos escritores darevista Fé para Hoje. Continuareiorando para que esta revista continuecomo está. Devo dizer que o artigo"Minha Passagem pelo Movimentode Crescimento de Igrejas" é muitoesclarecedor. Creio que Deus ésoberano em tudo. Nós somosinstrumentos para semear a sementedo Evangelho, e o Espírito Santo étodo poderoso para fazer nascer edesenvolver tal semente.

E.B.Salto de Pirapora, SP

Antes não conhecia o materialeducativo da Fiel, não estava tãoenvolvido com materiais que ex-pressavam e divulgavam a fé refor-mada, pois ainda estava no processode aceitação da teologia reformada.Sempre aprendi na igreja e no se-minário uma teologia arminiana euma teologia cheia de novidades queforam criadas pelos pentecostais.Quando pude estudar a fundo asmatérias de teologia sistemática,teologia bíblica e outras, não pudedeixar de crer como os reformado-res criam, e estou feliz por poderadquirir material que expresse comsegurança a teologia reformada,material que é escrito por homensde conduta ilibada e com um co-

nhecimento profundo das EscriturasSagradas. A.M.D.

Natal, RN

Estou enviando o valor de vinte reaispara que me enviem 20 exemplares,se possível, 10 de cada ou 20 no 2.Quero passá-las a pessoas que sintoterem vontade de crescer na fé.

J.D.L.Alfenas, MG

Gostaria de, com toda sinceridade,expressar minha satisfação ao ler umarevista como esta. Tão simples, mastão necessária. É, de fato, lamentávelcontemplarmos a atual situação doevangelicalismo moderno, seu prag-matistmo, sua superficialidade.

A.T.A.Patrocínio, MG

Irmãos, estou tendo a oportunidadede ler a revista Fé para Hoje, no 3, aqual foi-me dada por um amigo. Elaestá sendo de grande valia para mim.Também visitei o vosso site e colhialguns artigos dos números anteriores.Que o Senhor continue a derramarcopiosas bênçãos sobre vós e fortaleçao trabalho das vossas mãos, para edi-ficação de seu povo e propagação doseu santo evangelho. Gostaria de rece-ber os próximos exemplares.

E.S.L.Gurupi, TO

Opinião do Leitor