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Revista Festival de Dança

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Revista especial comemorativa aos 30 anos de Festival de Dança de Joinville

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Jornalista ResponsávelIraci Seefeldt

Textos:Iraci Seefeldt e Maria Cristina Dias

Projeto Gráfico:Magica Comunicaçã[email protected]

Impressão:Gráfica Impressul

Tiragem:5 mil exemplares

30 anos e muitahistória para contar

Carta ao leitor

Expediente

Minha história com o Festival de Dança começou em 1994, quando eu era ainda uma estudante de jornalismo recém-contratada pela EDM Logos Comunicação, agência responsável pela assessoria de imprensa do evento naquela época. Daquele ano em diante (exceto em 1996, quando outra empresa foi contratada para o trabalho), todos os meses de julho que se seguiram foram palco de pequenas e grandes emoções, proporcionadas por esse conjunto de fatores técnicos, artísticos e organizacionais que envolvem um evento com a grandiosidade do Festival.

Depois da edição do ano 2000, migrei da assessoria de imprensa para a coordenação executiva do evento, gerando uma grande mudança na minha carreira profissional. De jornalista, passei a produtora, e essa nova condição me possibilitou conviver intensamente com os profissionais da dança que fazem o Festival

acontecer. Foram oito edições (2001 a 2008) à frente da coordenação do Festival, quase nove anos de uma relação carinhosa, recheada de sonhos, expectativas, frustrações, conquistas e muitas, muitas alegrias.

Distante do evento desde 2009 (por opções e caminhos que a vida nos proporciona), confesso que quando surgiu a ideia de produzir esta revista foi como “encontrar uma antiga paixão e reviver uma grande história de amor”. E foi movida por esse universo de emoções e saudosas lembranças que me propuz a tocar este projeto.

Nas páginas seguintes, vocês não encontrarão apenas um perfil documental e jornalístico do evento, mas um conjunto de registros, relatos e histórias de pessoas que ajudaram a fazer deste, o maior festival de dança do mundo!

Iraci SeefeldtEditora

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O gostinho de estar presente no Festival de Dança de Joinville passa de mãe para filho, literalmente. Na década de 80, por exemplo, Aracy de Almeida trazia seus alunos para participar do evento. Sempre ao seu lado, o filho Guivalde se encantava ao chegar em Joinville. Hoje, é ele quem está presente, trazendo os bailarinos do Ballet Aracy de Almeida e colecionando prêmios. A mãe, é claro, também não falta à nenhu-ma edição.

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personagens

ENTREVISTA: ARACY E GUIVALDE DE ALMEIDA

Dança de mãe para filho “Venho desde o quarto ou quinto festival, sem falhar um ano. As meninas amam”, constata Aracy. O começo foi quase por acaso. Bailarina e maitre de balé, Aracy soube do Festival logo nos primeiros tempos e enviou a inscrição de seus grupos. Passou na seleção e veio de São Paulo para apresentar um conjunto, uma variação e um pas-de-deux no Ginásio Ivan Rodrigues. Era só o início. Ao longo de mais de duas décadas já chegou a trazer três ônibus lotados de alunos da Especial Academia de Ballet, do Grupo Especial de São Paulo e do Ballet Aracy de Almeida, que leva seu nome.

Os momentos marcantes foram muitos. Só de títulos de “Melhor Bailarina” o grupo já tem cerca de 10. A primeira vez que uma de suas solistas conquistou o título, porém, foi inesquecível. “Foi a Andreza Randisek,

Foi a Andreza Randisek, com um pas--de-deux do Corsário. Mas tudo é uma

emoção, continuo me emocionando até hoje.

Aracy

Ballet Aracy de Almeida, coreografia“Les Milions Darlequin” (Festival 2009).

Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum.

Linha do TempoO Festival completa 30 anos. Reconhecido internacionalmente pela sua qualidade e relevância artística, o evento inova mais uma vez, agora no campo da gestão. A partir

deste ano, o Instituto, que produz o evento, abre sua estrutura para novos associados. Na prática, qualquer pessoa que se interesse

por dança pode fazer parte do Conselho dos Associados, por meio do Sócio Mais.

2012

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Eu nunca vi alguém ser tão aplaudida. Nem ela

esperava aquilo. Guivalde

com um pas-de-deux do Corsário. Mas tudo é uma emoção – continuo me emocionando até hoje”, afirma Aracy. Ao chegar pela primeira vez em Joinville, aos 18 anos, Guivalde se encantou pela forma como a dança permeava a cidade nos dias do Festival, tomando conta das praças, das ruas, dos palcos. “Se respirava dança de uma forma que eu nunca tinha visto. A impressão era que a cidade era mágica”, relembra Guivalde.

Mas mágico mesmo foi o momento em que viu pela primeira vez a bailarina Cecília Kerche dançar. Ele es-tava lá, na plateia, em 1989, quando a bailarina pisou no palco do Ginásio Ivan Rodrigues. Era uma noite gelada e Cecília deu vida à personagem principal do balé “O Lago dos Cisnes” de uma forma que quem estava presente não esqueceu jamais. “Eu nunca vi alguém ser tão aplaudida. Nem ela esperava aquilo. Foi muito linda aquela noite. Ali me apaixonei pelo Festival”, diz Guivalde.

Em 2007, a coreógrafa e bailarina Andréa Jabor e o performer e designer Rick Seabra apresentaram na Mostra Contemporânea um espetáculo com “tecnologia artesanal”, onde o designer cria as imagens projetadas num telão, enquanto a bailarina contracena com as cenas. A trilha é produzida com um toca-discos e um microfone. Rick fez mestrado em desenho espacial e projetou um módulo para tirar os artistas da órbita terrestre. Esse projeto ganhou o nome de Módulo Isadora – em homenagem a Isadora Duncan –, e inspirou a criação do espetáculo multimídia. “Temos que parar de dividir ciência e arte eternamente”, defende Jabor em entrevista à Folha de São Paulo.

Isadora.orb, a Metáfora Final

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Contemporâneo

Paula Alves LousaneMelhor Bailarina de 2009

Foto: Agência Espetaculum

O Festival deste ano integrou suas atividades às redes sociais e ainda lançou aplicativos para Iphone e Ipad. Ampliou suas ações na área de inclusão social, com o guia do evento

disponibilizado em braile e a tradução em libras dos roteiros dos espetáculos. Neste ano também foi realizada a primeira edição do Grand Prix Brasil, em Paulínia, que reuniu

os grupos e bailarinos classificados em 1º, 2º e 3º lugares de Joinville.

2011

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Urbano

O ritmo e a energia do Grupo de Dança Millennium, de Itajaí (SC), já são velhos conhecidos da plateia do Festival de Dança de Joinville. Há anos as coreografias criadas por Thurbo Braga mostram que Dança de Rua é coisa séria e está aí para disputar de igual para igual com os demais gêneros. A visibilidade conquistada no Festival foi rendendo convites para participar de outros eventos e reconhecimento em outros concursos. Até que em 2007, não teve para mais ninguém e o Millennium se consagrou como o título de Melhor Grupo do Festival de Joinville.

A partir de 2008, o brilho do grupo Fernando Lima, de Joinville, era certo no Festival. Ano após ano ele encantava o público e os jurados com trabalhos que primavam pela qualidade artística e criatividade e tiravam os primeiros lugares principalmente nos gêneros Jazz e Contemporâneo. Em 2011, porém, cadê ele? Estava se renovando. Coreógrafo e diretor do grupo que leva seu nome, Fernando Lima passou uma temporada na Bélgica, respirou novos ares, trouxe novas propostas. Em 2012, ele marcou presença na seletiva do 30ª edição do evento, classificando quatro coreografias para a Mostra Competitiva. A energia do

Millennium

Fernando Lima

Grupo Millennium no Festival de 2005Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Um pouco de...

Coreografia “Into the light” (2008).Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

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Linha do TempoA grandiosidade marca esta edição, que reuniu 6.500 participantes e teve como espetáculo de abertura o musical “De Pernas

Pro Ar”, de Cláudia Raia. Durante os 11 dias foram realizados 16 eventos, com 2.500 vagas em cursos, oficinas, workshops e

seminários; e 17 palcos montados em praças, shopping centers e entidades, totalizando mais de 230 mil pessoas envolvidas.

2010

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A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil nasceu a partir do Festival de Joinville. Foi durante uma apresentação do Balé Bolshoi de Moscou (Rússia), no Festival de 1996, que foram realizadas as primeiras tratativas desse projeto, que hoje – 16 anos depois – é motivo de orgulho para os joinvilenses. A primeira participação da Escola no evento foi singela, com alunos apresentando a “I Mostra Didática de Dança”, no Teatro Juarez Machado, durante a 20ª edição do evento, em 2002.

De lá para cá, a relação entre os dois projetos – escola e evento – cresceu e se solidificou, com cursos do Festival sendo realizados em salas de dança da escola, profissionais da escola integrando o corpo docente e de jurados do evento, além, é claro, de diversas apresentações de alunos e bailarinos formados pela escola no Festival. Mas o momento mais marcante foi, sem dúvida, na Noite de Gala de 2008, quando foi encenada a “Grande Suíte do Ballet Dom Quixote”, interpretado pelos solistas do Ballet Bolshoi na Rússia, Natalia Osipova e Andrey Bolotin e 100 bailarinos e alunos da Escola Bolshoi de Joinville. Foi a primeira vez que matriz e escola subiram juntas ao palco, em um ballet completo.

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Clássico Bolshoi de Moscou para Joinville

Você quer saber como é organizado e produzido o Festival de Dança de Joinville? E mais, quer participar das decisões que fazem deste o maior festival de dança do mundo? Então entre no site do evento, clique no link “Sócio” e entenda como funciona o Sócio Mais.

O Festival por dentro

“Dom Quixote” (2008).Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

A Mostra de Dança Contemporânea passa a se denominar Mostra Contemporânea de Dança, para que o evento não se limite a apresentar somente dança contemporânea

em seus espetáculos, mas também outros gêneros da dança atual. Essa edição também é marcada pelo espetáculo da Noite de Gala, com a jovem São Paulo Companhia de

Dança apresentando as obras “Les Noces”, de Bronislava Nijinska, e “Serenade”, de George Balanchine.

2009

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ImprensaAdriana Freitas, captando os melhores momentos do evento ao lado do repórtercinematográfico, Hilton Maurente (2004).

Foto: Agência Espetaculum

AntessalaAtenção aos detalhes antes de entrar na aula de ballet clássico, com Ilara Lopes, na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil (2010).

Foto: Nilson Bastian

Encontro de damasCarinho e reconhecimento no encontro entre Cecília Kerche e Eliana Caminada, durante jantar no Festival de 2006.

Foto: André Kopsch

10 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

VITRINE

PolêmicaO bailarino Henyr Moreno Alves Neto, da Gothan Cia de Dança, causou a maior polêmica no Festival de 1999, ao apresentar a dançado ventre em seu Solo Livre Masculino– Avançado

Foto: AgênciaEspetaculum

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O que leva um grupo de 10 pessoas a enfrentar dias

de viagem de kombi, ônibus e avião, cruzar o país

para se apresentar no Festival de Dança? Muito amor

à arte e muita vontade de participar. O pessoal da Cia

de Dança Vera Passos sabe bem o que é isto. Em 1989,

quando resolveram vir a Joinville pela primeira vez, foi

preciso enfrentar uma verdadeira maratona rumo ao

desconhecido. Os bailarinos saíram de Fortaleza (Ceará)

e passaram no Festival de Campina Grande, na Paraíba,

em uma viagem de 14 horas. Para chegar a Joinville

teriam que pegar um avião até o Rio de Janeiro e de lá

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outro para Santa Catarina. Mas houve problemas com

o voo e a trupe foi transferida de kombi para Recife –

mais 2h30 de viagem, para, de lá, rumar para o Rio e

depois Joinville. Ao chegar, nada de conforto. Alugaram

uma casinha, espalharam colchonetes pelo chão e se

enrolaram em edredons para fugir do frio.

Coreografia “Nas pontas? Não, no tap!”Primeiro lugar no sapateado sênior (2008)

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum.

Um pouco de...

Cruzando o país para dançar

Naquele ano não teve primeiro lugar.

Linha do TempoO Festival chega a sua 26ª edição maduro, consagrado e esbanjando vitalidade. O clássico “O Lago dos Cisnes “, com o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, marcou a

abertura do Festival. Na Noite de Gala, o espetáculo “Grande Suíte do Balé Dom Quixote” foi interpretado pelos solistas do Ballet Bolshoi na Rússia, Natalia Osipova e

Andrey Bolotin, bailarinos e alunos da Escola Bolshoi de Joinville. Foi a primeira vez que a matriz e a escola subiram juntas num palco, em um balé completo.

2008

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Quer algo mais contemporâneo que romper com o próprio conceito

de espetáculo, com os espaços tradicionais e mesclar público e artistas? Essa foi a proposta do grupo Gaia (RS), em

2008, com a peça coreográfica “Alice”. Nada de palco, teatro ou limites. A releitura do clássico de Lewis Carrol foi encenada nas pistas de dança da boate Moon, em Joinville, e levou a plateia a dançar junto com os bailarinos. Uma Alice adulta conduziu os questionamentos sobre o tempo, o corpo, a sociedade e

as escolhas a serem tomadas - e não deixou ninguém ficar parado.

Outro grupo que surpreendeu na Mostra

no quesito espaço cênico foi a Membros Cia de Dança (RJ), que

em 2004 apresentou o espetáculo “Meio Fio” na porta de entrada do Expocentro Edmundo Doubrawa,

onde é realizada a Feira da Sapatilha.

Dançaram jazz e sapateado. Quando terminaram as

apresentações, levantaram acampamento e voltaram

para casa.

“Quando cheguei em Fortaleza, o Fred Salim me ligou

dizendo que nós tínhamos ganhado o segundo lugar

e uma placa. Naquele ano, não teve primeiro lugar”,

relembra a diretora e coreógrafa Vera Passos, que

guarda a placa com carinho até hoje.

As alegrias, surpresas e aprendizados se sucederam

ano após ano. Certa vez, o grupo levou 28 meninas

ao palco para sapatear a capela, sem música. O

encantamento tomou conta da plateia.

“Me emocionei quando abri o jornal no dia seguinte

e vi que tínhamos sido o destaque da noite. Era muito

nova quando comecei a viajar com as adolescentes

e cresci com o Festival. Olhava tudo, escutava tudo...

todas as críticas, todas as opiniões. Tinha que tirar

algum ensinamento dali. Cresci com cada crítica”,

avalia e completa: “Não houve um ano em que nós

não tenhamos conquistado uma colocação”.

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Me emocionei quando abri o jornal no

dia seguinte e vi que tínhamos sido o

destaque da noite.

Andanças

“Alice” nas pistas de

dança

Uma porta para o

“Meio Fio”

Foto: Alceu Bett, Agência Espetáculum.

Foto: Amir Sfair FilhoAgência Espetáculum.

2008Essa edição, que reuniu mais de 4.800 participantes, trouxe três novidades que deixaram o Festival ainda mais próximo da Comunidade: a Rua da Dança, com

atividades apresentações e aulas gratuitas realizadas na Estação da Memória, o Visitando os Bastidores – programa de integração do público com a estrutura de

organização do evento - e ainda a Passarela da Dança, com desfiles de moda dança de griffes presentes na Feira da Sapatilha.

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Quando subiu ao palco do Festival de Joinville em 1997, Andrea Thomioka arrancou suspiros da plateia. Ao lado de André Valadão, interpretou o Grand Pas-de-Deux Diana e Actheon e protagonizou um dos momentos mais encantadores da história do evento.

Andréa nunca competiu nos palcos de Joinville, pois sua professora e preparadora era Toshie Kobayaschi, jurada e professora em Joinville e que, por questões éticas, não inscreveu sua pupila nas competições de Joinville.

Entretanto, nos palcos internacionais Thomioka ganhou várias competições, entre elas o concurso internacional de Varga, na Bulgária (1996), onde conquistou a medalha de ouro (sênior) que há 11 anos estava vaga.

Em 1998, Andréa volta a dançar em Joinville, com o mesmo partner, apresentando o Pas-de-Deux de Cisne Negro. E 1999, com Gleidson Vigne e Niko Marckmann, dança a coreografia “Rituais”, de Niko Marckmann, da Cia. Portuguesa de Bailado Contemporâneo. Atualmente, Andréa mora em São Paulo, mas está longe dos palcos, para tristeza de muitos fãs da dança.

14 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Clássico

Thomioka com Gleidson e Niko (1999)Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Foto: Agência Espetaculum

O voo deThomioka

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Muitas companhias internacionais brilharam nos

palcos de Joinville ao longo desses 30 anos, proporcionando ricas experiências

ao público e aos participantes do evento. Abaixo, algumas imagens que marcaram

essas memoráveis noites de dança:

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Andanças

Quem andou

por aqui...

A dança de além fronteiras

Ballet Estable del Teatro Colón (Argentina)22º Festival de Dança (2004)

Foto: Amir Sfair Fiho, Agência Espetaculum

Ballet de Genéve (Suíça)22º Festival de Dança (2004)

Foto: Amir Sfair Fiho, Agência Espetaculum

Mazowsze – Ballet Folclórico da Polônia23º Festival de Dança (2005)

Foto: Amir Sfair Fiho, Agência EspetaculumDavid Parsons Dance

24º Festival de Dança (2006)Foto: Divulgação

Linha do Tempo2007

O Festival comemora em grande estilo o seu “Jubileu de Prata” e traz para a Noite de Abertura um dos grandes nomes da dança

mundial: o bailarino Mikhail Baryshnikov com sua companhia Hell´s Kitchen Dance. Um momento de grande comoção entre

público e participantes do evento diante da presença do astro no palco do Centreventos Cau Hansen.

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o grupo se encaixaria - e não raras vezes acabava desclassificado pelos jurados. Mas vocês acham que isto os abalava?

Que nada!! “Adorava ser desclassificada. Já tive trabalhos premiados, mas chamávamos mais a atenção quando éramos

desclassificados”, relembra Fernanda, que há três anos integra o conselho artístico do Festival.

Um ano, seus bailarinos chegaram a flutuar no ar, levados por enormes balões de gás. O que também deu muito o que

falar. Nos dias seguintes à apresentação os restos dos balões ainda desciam no palco, em meio às outras coreografias.

“Nesse ano nós ganhamos. Éramos muitos. Se não chamávamos a atenção pela técnica, tínhamos de chamar pela

produção, pela ousadia, pela criatividade”, explica ela. A princípio o grupo competia no gênero contemporâneo e depois

em um gênero feito quase sob medida para abrigar propostas como a do Iron Gym: a dança-teatro. “Eu me sentia super orgulhosa por ter esta modalidade. Mas não tinha com quem competir”, afirma.

Desde os 10 anos de idade Priscila Yokoi já mostrava seu talento e sim-

patia no Festival de Dança de Joinville. Mas foi em 1999, aos 16 anos, que

a adolescente nascida em São Paulo definitivamente brilhou no palco

do Centreventos Cau Hansen e ganhando a Medalha de Ouro e o troféu

Mirian Toigo, como Melhor Bailarina do Festival. A partir daí não parou

mais. Nos anos seguintes, colecionou prêmios internacionais e atuou

como primeira bailarina no Columbia Classical Ballet nos Estados Unidos.

Hoje Priscila sabe que seu nome está no rol dos grandes nomes da dança

brasileira.

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 17

Priscila Yokoi com André Potásio, pela Especial Academia de Ballet, em “O Quebra-Nozes“ (1999)

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Um lugar para Fernanda

personagens

O Festival de Dança de Joinville sempre foi um local para ousar. E isso a coreógrafa e diretora

artística Fernanda Chamma soube fazer como ninguém a partir dos anos 90. Nessa época, ela

vinha a Joinville com a Iron Gym, uma academia de ginástica, e colocava quase cinquenta

pessoas em cena. O trabalho era tão inovador que era difícil determinar em qual categoria

ClássicoPriscila YokoiEntre os grandes

Mais uma vez a Noite de Gala marca com grande emoção uma edição comemorativa do evento. Sob a direção artística de João Wlamir, o espetáculo dessa noite reuniu

grandes nomes da dança: Cícero Gomes, Amada Rosa e Irlan Santos, Andreza Randisek e Rodrigo Guzman, Cecília Kerche e Vitor Luiz, Fernanda Oliveira e Fabian

Remair, Márcia Jaqueline e Bruno Rocha, Andrea Thomioka e Israel Alves, e ainda William Pedro.

2007

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Contemporâneo

Mário NascimentoTALENTO E REBELDIA DE MÃOS DADAS

ENTREVISTA Primeiro lugar, coreografia de Mário Nascimento. Segundo lugar, coreografia de Mário Nascimento.

Terceiro lugar – Surpresa! -, coreografia de Mário Nascimento... Em meados da década de 80, a voz do locutor do Festival de Dança de Joinville não deixava dúvidas sobre quem era o destaque no palco do Ginásio Ivan Rodrigues. Com pouco mais de 20 anos de idade e formação

Mário Nascimento, apresentando o espetáculo “O Trovador” com

sua companhia de dança, na abertura da primeira edição

da Mostra Contemporânea de Dança, em julho de 2001. Foto: Agência Espetaculum

Linha do Tempo2007

Neste ano também é realizada a primeira edição do Seminários de Dança. Tendo como organizadores os professores-doutores Sandra Meyer (Udesc/SC), Sigrid Nora (UCS/

RS) e Roberto Pereira (UniverCidade/RJ). Os Seminários de Dança são voltados para o encontro de estudantes, artistas, pesquisadores, educadores e profissionais de

dança e de áreas afins, para discutir, debater e vivenciar diferentes abordagens.

Page 19: Revista Festival de Dança

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 19

em balé clássico, dança moderna e jazz, Mário Nascimento logo se consolidou como coreógrafo, disseminando suas criações para diversos grupos. “Já tive 14 ou 15 coreografias na mesma noite. Chegava ao ponto de ficar com os três primeiros lugares, com coreografias diferentes. Eu disputava comigo mesmo”, brinca ele que, apesar disso, teve a coragem de ousar, mudar tudo, reinventar a própria carreira. Com a rebeldia que sempre o marcou, migrou para a Dança Contemporânea, desenvolveu uma linguagem própria, integrou companhias renomadas no País e, em 2002, deu início à Cia Mário Nascimento, em Belo Horizonte (MG).

Porém, de uma forma ou de outra, sempre voltou ao Festival. Dançou na abertura da primeira Mostra de Dança Contemporânea e instigou a realização de debates sobre a área, que tempos depois inspiraram a criação dos workshops coreográficos do evento. Em 2010 esteve em Joinville como professor, em curso de dança contemporânea. “É um barato voltar para Joinville”, resume ele, que está em meio a uma turnê de 50 espetáculos pelo país, mas abriu uma brecha na agenda cheia para participar do Festival deste ano.

Na base de sua formação estão nomes de peso na dança, como Toshie Kobayashi, Lenie Dale, Fred Benjamin, Redhá Bettenfour, Joyce Kermann e Tony Abbot. Na primeira vez em que pisou nos palcos do Ivan Rodrigues, tinha apenas 19 anos e dançava no Grupo Ginga, do Mato Grosso. Nos anos seguintes, na segunda metade da década de 80, viveu uma overdose de premiações como coreógrafo. Foram tantos prêmios, que ele perdeu as contas – mas, principalmente, foi um período de grande aprendizado para alguém que estava começando. “O importante era a oportunidade de estar coreografando, de estar no palco”, explica. Qual o papel do Festival de Dança de Joinville nesta história toda? Ele mesmo responde:

Para crescer na carreira era preciso mais. Era preciso romper com a imagem de coreógrafo de festivais (que a esta altura já o limitava) e buscar novos caminhos. E Mário, aos 25 anos, largou tudo, rumou para a Europa e foi buscar uma nova linha de trabalho. “Fiz um mergulho profundo na Dança Contemporânea”, avalia. Seus estudos incluíram também artes marciais, atletismo e composição de ritmos musicais, o que culminou no desenvolvimento de sua própria técnica e linguagem. Quando emergiu, veio, novamente, o reconhecimento.

Urbano

Pluralidade de estilosBruno Beltrão, Marcelo Cirino e Nelson Triunfo, discutem sobre as diferentes linhas de trabalho da dança de rua, mediados pela jornalista e crítica de dança, Ana Francisca Ponzio. O debate aconteceu no Teatro Juarez Machado e integrou a programação do “E por falar em dança...” (2003), evento que marcou uma nova fase de diálogos conceituais em Joinville e que mais tarde viria a se transformar no “Seminários de Dança”.

Nos últimos anos coreografou para Cisne Negro Cia de Dança (SP), para o Balé da Cidade de São Paulo e para a Cia de Dança de Minas Gerais, além de ser convidado pelo Centro Coreográfico da Comunidade Franco/Belga para ministrar aulas na Cia Charleroi Dance de Bruxelas. Hoje, além de atuar na própria Cia de dança, é professor convidado da Cia de Dança de Minas Gerais, Grupo Camaleão, Cia Meia Ponta e do Balé da Cidade de São Paulo.

Já tive 14 ou 15 coreografias na mesma noite. Chegava ao ponto de ficar com os três primeiros lugares, com coreografias diferentes. Eu disputava comigo mesmo

Foto: Amir Sfair filho, Agência Espetaculum

Construí uma carreira

bem sucedida e o Festival tem uma importante parcela nisso. Foram anos de treinamento. Aprendi muito em Joinville”, resume.

2006A 24ª edição conta com uma nova atração em sua programação: o Encontro das Ruas, evento voltado à arte da cultura urbana, que

inclui mostra de grafite, oficinas, palestras, batalhas de B-boys e MCs e muita diversão.

Page 20: Revista Festival de Dança

20 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Descolados, irreverentes, coloridos e extremamente criativos. A moda dos bailarinos sempre foi um capítulo à parte no Festival de Dança de Joinville. É só andar nos arredores do Centreventos Cau Hansen para se deparar com uma turma cheia de estilo, que busca o conforto e não tem medo de ousar.

Sem medo de ousar

moda

Page 21: Revista Festival de Dança

Em 2009 o Conservatóriorepetiu o feito e levou oclássico “Giselle” para ospalcos da Feira da Sapatilhae Praça Nereu Ramos.Foto: Nilson Bastian

Estar entre os grandes campeões do Festival de Joinville não é para muitos. Mas para o Conservatório Brasileiro de Dança do Rio de Janeiro se tornou uma rotina. Sob o comando do coreógrafo e diretor Jorge Texeira, a companhia conquistou a premiação máxima do evento durante cinco anos consecutivos – de 2006 a 2010. Em 2008, o grupo também protagonizou um fato

inédito na história do Festival. Pela primeira vez uma peça completa

foi exibida em praça pública, de graça, para quem quisesse ver. Era

o clássico “Don Quixote”, encenado com tudo o que tinha direito para

garantir o encantamento do público.

Trajetória campeã

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O grupo de meninas do Street Heartbeat, com a coreografia Formas eConstruções no Festival de 1999

Crédito: Agência Espetaculum

Clássico

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Como!? O prêmio de Melhor Bailarina do Festival será entregue a uma bailarina de contemporâneo? Essa era a pergunta que muitos jurados se faziam

no último dia do Festival de Dança de 2001, quando o nome da gaúcha Luciana Paludo apareceu como a indicada para receber o grande prêmio do evento. Era

a primeira vez que essa honraria era entregue a uma bailarina “não clássica” e nem mesmo Luciana acreditava que isso era possível. Aconteceu... e foi mais que

merecido. Luciana brilhou com seu solo ”Mesmo Assim” na Noite dos Campeões e assim se estabeleceu a relação da bailarina/coreógrafa/pesquisadora com Joinville.

Nos anos seguintes, Luciana voltou muitas vezes, como bailarina, professora, jurada. Em 2005, comandou o projeto Dança Comunidade, destinada a jovens de bairros da

periferia da cidade. Paludo seduziu Joinville com seu talento!

Lucas David – convidado de Carlos Tafur, coordenador técnico do evento na época –, muda-se

de São Paulo para Joinville em 1984 para colaborar na sustentação técnica do Festival. Em 1986, coreografa

uma apresentação especial para o evento: “Mistérios”, um espetáculo baseado na mitologia grega e

produzido com artistas da cidade. Nasceu assim a relação de Lucas e Joinville, onde firmou morada,

integrou-se (de maneira definitiva) ao contexto artístico e protagonizou inúmeros eventos marcantes

na história cultural da região.

22 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

PALUDO, A MELHORDE 2005

A ARTE DE DAVID

personagens

Projeto Dança Comunidade: emoção no trabalho .

Fotos: Amir Sfair Filho,

Agência Espetaculum

Luciana Paludo em seu solo “Mesmo Assim”.

Linha do TempoNesse ano o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro volta ao palco de Joinville, mas desta vez com um programa de ballet

moderno: “A Criação”, do alemão Uwe Scholz (1958-2004). Na noite de Gala, mais uma grande surpresa para o público com

o espetáculo “Some Like It Hot”, da The Parsons Dance Company (EUA).

2006

Page 23: Revista Festival de Dança

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 23

VITRINE

Grupo Galpão 1, deÉrika Novachi (SP) – 2009Foto: Agência Espetaculum

Inauguração do painel “O Circo”, de Juarez Machado (1999)Foto: Agência Espetaculum

Sheilas Ballet no Meia Ponta – 2008Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Angela Ferreira - integrante do Conselho Artístico do Festival (2007 a 2008) e uma das idealizadoras do projeto Unidança – Universidade Livre da DançaFoto: André Kopsch

Paulo Pessin e Paulo Sérgio, na produção do Festival de 2004Foto: Agência Espetaculum

2005Nesse ano, na Mostra Competitiva, o Jazz, que se encontrava aquém das expectativas nas últimas edições, foi considerado

a maior surpresa do evento pela qualidade dos trabalhos apresentados. E mantendo o clima, na Noite de Gala, a Raça

Cia de Dança, que por muitos anos competiu no Jazz, brilhou no palco apresentando: “Novos Ventos” e “Caminho da Seda”.

Page 24: Revista Festival de Dança

24 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Andanças

Dança em todos os lugares... Em Joinville, a dança vai onde o público está – até mesmo nos locais de trabalho. Desde as primeiras edições do Festival, os bailarinos seguem para as fábricas da cidade para se apresentar para os trabalhadores da cidade. Empresas como Docol, Embraco, Termotécnica, Datasul e Perini Bussines Park receberam os Palcos Abertos do Festival nos últimos anos.

Mais do que um centro de compras, os shoppings se tornaram locais de bem-estar da comunidade. As pessoas procuram esses espaços em busca de entretenimento de qualidade, com segurança e conforto. E assim, o Festival que andava pelas ruas, praças e empresas da cidade, invadiu os shoppings da cidade – Shopping Mueller Joinville, Shopping Cidade das Flores e Joinville Garten Shopping –, contribuindo para aproximar a dança da comunidade e despertar novos admiradores.

Seleção para estar nosPalcos AbertosMas não pense que qualquer um pode subir ao palco e dançar... Para garantir a qualidade, todos os grupos que participam dos Palcos Abertos passam pela seletiva do Festival e o olhar crite-rioso dos curadores artísticos e jurados convida-dos do evento. O processo de avaliação e sele-ção dos Palcos Abertos é o mesmo enfrentado pelos grupos que participam da Mostra Compe-titiva e o Meia Ponta.

Palco Aberto na Embraco Festival de 2001Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Shopping Mueller Joinville Festival de 2001Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Shopping Cidade das Flores Festival de 2005Foto: Agência Espetaculum

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A cena brasileira do Hip Hop trouxe muitos personagens a Joinville e um dos mais expoentes deles é Frank Ejara – fundador, diretor, coreógrafo e produtor da Cia Discípulos do Ritmo. Entre suas andanças pelo Festival, Frank já atuou como bailarino, jurado, professor e integrante da comissão técnica do Encontro das Ruas.

Mas foi em 2006, na Mostra Contemporânea, que ele conquistou os olhares da crítica e do público do Festival de Joinville. Com seu solo “Som do Movimento” e o trabalho “Frestas”, criado em parceira com o coreógrafo Henrique Rodovalho para a Cia Discípulos do Ritmo, Frank Ejara estabelece o que seria uma das primeiras intercessões entre a dança de rua e a dança contemporânea em palcos joinvilenses.

Esse movimento urbano-contemporâneo volta a Joinville em 2009, mas desta vez no palco principal do evento. A Cia Discípulos do Ritmo apresenta o espetáculo Geometronomics, de Niels “Storm” Robitzky, e divide o palco da Noite Abertura do Festival com a companhia francesa S’poart , que encena “In Vivo”, de Mickaël Le Mer.

Discípulos do Ritmo: “Geometronomics”

Foto : Alceu Bett,Agência Espetaculum

A contemporaneidade do Hip Hop

Frank Ejara (2009)Foto : Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

S’poart: “In Vivo”Foto : Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Urbano

Linha do Tempo2005

O ano de 2005 marca a história do evento pela conquista do reconhecimento no Guinness Book como o maior festival de dança do mundo: “O Festival de Dança de

Joinville, em Santa Catarina, Brasil, é o maior do mundo. Produzido pela primeira vez em 1983, estende-se ao longo de pelo menos 10 dias, e a ele comparecem 4.500 dançarinos

brasileiros e estrangeiros, de mais de 140 grupos amadores e profissionais, com uma assistência de mais de 200 mil pessoas a cada ano”.

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Nos palcos de Joinville muitos talentos despertaram e inúmeras estrelas começaram a brilhar. Um perfeito exemplo disso é a história de Fernanda Diniz e André Valadão, que dançaram juntos em Joinville pela primeira vez em 1984; ela com 6 anos e ele com 11 anos de idade. Três anos depois, Fernanda e André conquistam o prêmio Revelação do evento, com o Ballet Cristina Helena (BH).

Outra grande aparição da dupla foi em 1993, quando apresentaram o Grand Pas de Deux “O Corsário” e receberam a maior ovação da plateia naquele ano, conquistando o primeiro lugar com a maior nota do evento – e levando para casa o Troféu Transitório.

Em 1999 Fernanda e André voltam para

Joinville, agora como convidados, e apresentam

Grand Pas-de-Deux“Cisne Negro”, 3º ato

do ballet O Lago dos Cisnes.Foto: Alceu Bett,

Agência Espetaculum

Clássico O despertar de dois grandes talentos da dança brasileira

VITRINE

Palcos Abertos Grupo embarcado em ônibus coletivo seguindo para apresentações nos Palcos Abertos (2008)Foto: Guto Gonçalves

Encerramento da Oficina Mix, com Caio Nunes – Teatro Juarez Machado (2009)Foto: Nilson Bastian

Bilheteria do Festival (2008)Foto: Guto Gonçalves

2004Duas grandes companhias internacionais compartilharam sua arte com o público do Festival nesse ano: na Noite de Abertura, o

Ballet Estable Del Teatro Colón (Argentina) e na Noite de Gala, o Ballet Du Grand Thèâtre de Genève (Suíça), que apresentou três

peças para mostrar a variedade de repertório e os 12 anos sem passar pelo Brasil.

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Amador ou profissional, competidor ou convidado... Não importa! Ela conhece cada grupo, cada escola, cada companhia de dança que pisa nos palcos do Festival de Joinville. E é conhecida por cada um deles. Há 22 anos a assessora artística Vera Lúcia Arins do Nascimento participa de cada detalhe que envolve os participantes. Sempre com o mesmo jeitinho amigo – mas ao mesmo tempo, firme.

A chegada no Festival de Dança foi por acaso. Professora concursada da Prefeitura de Joinville, Vera foi dar aulas em uma escola da periferia. Mas um dia, veio uma solicitação da Fundação Cultural para o trabalho temporário no Festival. Foi e ficou de maio a julho. Depois voltou para seus alunos. No ano seguinte, novamente o chamado – desta vez por um tempo maior. Depois do terceiro ano consecutivo foi transferida de vez para o Festival e ficou.

personagens

Na época era coordenadora técnica e fazia de tudo um pouco. Mas com o tempo foi se focando na área artística e não saiu mais. Hoje ela atua direto com os curadores e todos que dançam no Festival passam pelos seus olhos. Nem é preciso dizer que ela adora o que faz. É só observar o carinho com que trata o pessoal para ter certeza disso.

Vera (de camiseta do Festival) com os curadores Roberto

Pereira, Roseli Rodrigues,Alejandro Ahmed

e Ady Addor (2004).

Foto: Agência Espetaculum.

Ela te conhece

“Sentar uma noite inteira na plateia, sem rádio, sem nenhum chamado. Ser público. Ai, que delícia!”

O que você ainda gostaria de fazer no Festival?

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Tatiana no Festivalde 2008

Foto: Alceu Bett,Agência Espetaculum

Clássico

A dança é sua naçãoQuando perguntam para Tatiana Leskova sobre sua nacionalidade, ela é taxativa: “Minha nacionalidade é simplesmente bailarina”. Nascida em Paris, filha de pais russos, ela conheceu o Brasil aos 18 anos – e aos 22 anos, desembarcou definitivamente por aqui. “Os franceses não me consideram francesa porque não tenho sangue francês. Os russos, porque não nasci lá. E os brasileiros me chamam de “gringa”. Mas hoje sou brasileira há mais tempo que qualquer outra coisa”, explica ela que, aos 89 anos, é uma referência no mundo da dança e parte da história do Festival de Dança de Joinville, onde, desde os anos 80 já foi jurada, professora, convidada e homenageada.

Ao longo de todos estes anos, seu olhar clínico - e crítico – já viu surgirem inúmeros talentos, como André Valadão e Pollyana Ribeiro, ainda crianças. “Com oito, dez anos, a gente já vê a diferença. Talento não é algo que se ensina. Você pode conduzir, encaminhar... Mas o talento é interno, Deus é que dá”, observa, ressaltando porém, que o talento que nasce com o bailarino precisa ser desenvolvido.

E o Festival dá a sua contribuição a esta busca pelo desenvolvimento. “Tem todos os méritos”, destaca “dona Tânia”, como é carinhosamente chamada. Em 2012, ela traz para Joinville o curso “História da dança – século 20 aos dias de hoje”, uma oportunidade de conhecer um pouco da história da dança por meio de imagens de todo o mundo. Ela explica que uma coreografia é como um quadro, que é olhado, admirado, analisado, sentido. “É educativo ver os outros, como se faz, como se dança lá fora”, ressalta, destacando a necessidade de o artista buscar cada vez mais cultura geral e específica.

Para os grupos e jovens bailarinos que semeiam um lugar sob os holofotes, ela lembra que muito mais importante que ganhar é se tornar profissional. O que inclui 100% de dedicação à dança, do dia à noite, com aulas todos os dias até se aposentar. “Vencer o corpo para não deixar o corpo te vencer”, ensina, enquanto conclui: “Que o Festival seja o meio e não o fim. Que seja um trampolim para o futuro”.

Linha do Tempo2003

Nesse ano o Festival contou com vários eventos especiais, inclusive uma exposição e um desfile de figurinos de dança.

Outro destaque foi o retorno do Ballet do Teatro Guaíra (PR) com uma nova leitura do espetáculo “O Grande Circo Místico”,

apresentado pela primeira vez no Festival de 1984.

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A primeira edição do Seminários de Dança foi realizada em julho de

2007, tendo como organizadores os professores-doutores Sandra Meyer (Udesc/SC), Sigrid Nora

(UCS/RS) e Roberto Pereira (UniverCidade/RJ). Na abertura do

evento foi encenado o espetáculo Isabel Torres, de Jéròme Bel para o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Agência Espetaculum

Seminários de Dança 2008, realizado nas salas

do Centro de Convenções Alfredo Salfer (piso térreo do

Centreventos). Em outras edições o evento já foi

promovido no Teatro Juarez Machado e na Câmara de

Vereadores de Joinville (local que será novamente

sede este ano)Foto: Agência Espetaculum

A dança não está só nos palcos. Pelo contrário: ela também está nas universidades e nos centros de pesquisa, provocando reflexões, questionamentos. Estes estudos têm seu espaço de discussão e disseminação nos Seminários de Dança, que nos últimos cinco anos se consolidaram como um local para a troca de informações sobre os conceitos, as práticas, os entendimentos destes corpos que se movimentam de forma única. O resultado deste trabalho pode ser conhecido nos livros editados anualmente, com os principais temas do ano anterior. Este ano será lançado o quinto volume.

Prática e teoriaem um mesmo espaço

Andanças

O Festival chega aos 20 anos consolidado e respeitado pela sua organização e pela qualidade técnica das apresentações.

Mais de 200 grupos de 14 estados brasileiros e Paraguai participaram desta edição. A noite de abertura dessa festa foi um

verdadeiro espetáculo de amor e arte, com a Cia. de Dança Deborah Colker e o espetáculo “4 x 4” – uma fusão entre dança e artes plásticas.

2002

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A história de Jair Moraes em Joinville é composta por inúmeros capítulos. Na 15ª edição do Festival ele já computava 45 coreografias criadas para o evento, sendo 35 premiadas. Foi professor, jurado e por vezes auxiliou na organização do evento, como em 1989, quando participou – gratuitamente – da elaboração do regulamento, ao lado de outras figuras, como Marisa Estrela e Carlos Trincheiras. Em 1993 sua coreografia “Canções” foi interpretada pela Escola Municipal de Balé de Joinville e levou o primeiro lugar em Dança Contemporânea e o prêmio de melhor coreografia do Festival – o prêmio foi resultado de quatro anos de trabalho que ele vinha desenvolvendo na escola. Em 2001 foi homenageado no Festival e dançou ao lado de 12 bailarinas convidadas a obra “Treze Gestos de um Corpo”, composto por 13 solos coreografados por Olga Roriz. Em 2009, nova homenagem, agora no Seminários de Dança. Com mais de 45 anos dedicados a dança, Jair Moraes é uma das estrelas que contribuiu em muito para o crescente brilho do Festival de Joinville.

Jair Moraes em“Treze Gestos deum Corpo” (2001)

Foto: Alceu Bett,Agência Espetaculum

Jair duranteo Seminários de

Dança (2009)Foto: Nilson Bastian

Parceiro da dança de Joinville

personagens

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Quem vê Érika Rosendo andando pelas ruas não a imagina nos palcos. Ela parece uma menina. Mas se transforma quando pisa no palco e cresce, ocupando toda a cena, atraindo todos os olhares. Há 10 anos o Festival faz parte de sua vida – como bailarina, cur-sista, coreógrafa e convidada. Neste tempo viveu dois momen-tos realmente especiais: em 2007, quando recebeu a medalha de Melhor Bailarina e em 2009, ao ser selecionada para dançar na Mostra Contemporânea de Dança, com a peça “Auto-retrato”. “Sempre foi um sonho dançar na Mostra. Ali só dançavam os profissionais e eu queria estar entre eles. Dançar no palco onde já dançou a “Quasar”, a “Carlota Portela”... Realizei meu sonho!!!”

Noooossa! Eu me lembro de ter dançando em muuuitos lugares: praças, shoppings, fábricas, ruas, feira da sapatilha... conheci quase toda a cidade! Fiquei encantada!” - Érika contando sobre a primeira vez que esteve no Festival, há 10 anos. Ela, que é natural de Natal (RN), gostou tanto de Joinville que fez as malas em 2007 e mudou-se para cá.

Contemporâneo

Marcelo Gomes foi prêmio Revelação em 1993, aos 13 anos, pelo Balé Dalal Achcar. Revelado nos palcos de Joinville, aos 18 já dançava no American Ballet Theatre (EUA), voltando a se apresentar no Festival, então como convidado especial, em 2001, ao lado de Cecília Kerche.

Clássico

Marcelo e Cecília encantam a plateiado Festival com Grand Pas-de-Deux “Cisne Negro”Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

“Auto Retrato” – Mostra Contemporânea de Dança 2009Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Marcelo GomesTalento revelado aos 13 anos

Érika RosendoEla cresce no palco

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Muitas pessoas estão presentes no Festival de Joinville desde as primeiras edições do evento. Esse é o caso de Rodnei Elorza – o Índio, como é conhecido no meio da dança. Ele e a Capezio estão no festival desde 1984, segundo ano do evento, e têm muitas histórias para contar. “Joinville serve como parâmetro para o mercado da dança no Brasil. É o lugar onde a Capezio traz as suas novidades, seus lançamentos. Nossa relação com o festival chegou ao ponto de abrirmos uma loja na cidade para atendermos aos bailarinos da Capital da Dança”, conta. A Capezio é considerada a maior empresa de artigos para dança do Brasil, produzindo sapatilhas, sapatos, malhas, collants, bolsas e também produtos desenvolvidos por renomados nomes da dança como Priscila Yokoi,Carlinhos de Jesus e Steven Harper.

Rodnei e Giselle Lepeltier no estande da Capezio em 2004Giselle, atual assessora administrativa do Instituto Festival de Dança, em 2004 coordenava a Feira da SapatilhaFoto: Agência Espetaculum

Capezio:Em Joinville desde 1984

moda

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36 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Urbano

Quebrar velhos conceitos é com ele mesmo. Em uma época em que a dança de rua ainda era coisa de homem, Octávio Nassur ousou trazer para os palcos do Festival de Dança de Joinville, nos anos 90, um grupo só com meninas. “De rabo e trança”, brinca ele, que contribuiu para levar o street para as academias, desenvolveu um método próprio de ensino e usou sua experiência para criar o Festival Internacional de Hip Hop, de Curitiba, que hoje reúne cerca de 1500 pessoas.

A chegada ao Festival de Joinville foi obra do acaso. Um bailarino do grupo de hip hop Ale Sport se machucou às vésperas da viagem e a coreógrafa convidou Octávio para substituí-lo. Ele tinha recém-criado o grupo Street Heartbeat e se encantou quando chegou ao festival. “Quando vi tudo aquilo acontecendo, pensei: ‘tenho que trazer meu grupo’”.

Nos anos seguintes ele não só trouxe o grupo, como transformou suas estadas em Joinville em períodos de desenvolvimento profissional e pessoal, exercitando o planejamento, a observação e a estratégia para, a cada ano, alcançar seus objetivos.

OctávioNassurA hora e a vez das mulheres

Octávio NassurFoto: Divulgação

Linha do Tempo2002

Nos 20 anos do Festival a Noite de Gala foi um acontecimento especial, reunindo a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, com a

“Mostra - Fragmentos de Dança”, e bailarinos e grupos que brilharam nessas duas décadas de evento: Thiago Soares e Roberta Marquez

(RJ), Ballet Sesiminas/Cristina Helena (MG), Ginga Cia. de Dança (MS), Raça Cia de Dança (SP) e Grupo Dança de Rua do Brasil (SP).

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Da primeira vez, a intenção era apenas participar. Depois, foram ficando mais ousados. “E se no ano seguinte eu fosse premiado? E se conseguisse um primeiro lugar? E se conquistasse o maior prêmio?” E assim, ano após ano, ele foi alcançando as metas até apresentar em 1999 o trabalho “Formas e Construções”, conquistar a maior pontuação do Festival e garantir o Troféu Transitório. “Colocamos andaimes no palco. Até hoje as pessoas se referem ao grupo falando daquela coreografia”, comenta.

Para chegar aos resultados, Octávio usava uma estratégia interessante. Antes de sair de Curitiba as meninas recebiam uma planilha com a programação detalhada de cada dia, que incluía realizar o máximo de apresentações possível, assistir e comentar os ensaios dos outros participantes e fazer um ensaio geral que mostrasse aos concorrentes que não tinha para mais ninguém. “O foco era se apresentar ao máximo. Joinville era nosso cartão de visitas. As meninas se apresentavam durante o dia, nós filmávamos tudo e fazíamos as correções de noite para que os erros não acontecessem de novo. Assistíamos ao ensaio geral todos os dias para que elas ganhassem discernimento de qualidade. Era como uma empresa. Eu não sabia, mas era”, explica Nassur. A disciplina rendeu bons resultados pelo Brasil afora e o grupo foi convidado para participar do comercial da Coca Light em 1998.

Octávio Nassur também foi jurado e professor no festival. Em 2004, ele aportou em Joinville com uma novidade: a Cia de Dança Heart Company, formada por 16 bailarinos de todo o Brasil.“Trouxe esse grupo para dentro da nossa escola e eles tinham oito horas de aula de dança por dia. Foi a coisa mais intensa que eu já vivi na vida”, relata. Mais uma vitória no Festival e mais um título para o coreógrafo, que considera Joinville fundamental para sua projeção no mercado.

Borges de Garuva era professor de teatro da Casa da Cultura em 1983. Por alguma razão não havia podido participar da noite de abertura do evento. No dia seguinte, soube que havia acontecido um problema com o locutor contratado e foi convidado para substituí-lo, tornando-se o locutor “oficial” da primeira edição do Festival. E hoje, 30 anos depois, sua relação com o evento continua – agora como Presidente do Conselho de Administração do Instituto Festival de Dança de Joinville.

Para quem está começando, o Festival é um divisor de águas. É onde você se posiciona, enxerga o mercado. A partir daí você percebe se tem uma perspectiva profissional ou se é apenas um hobby. Foi o que aconteceu comigo.

OctávioNassurA hora e a vez das mulheres

Divisor de águas

Locução deimproviso

O grupo de “meninas”do Street Heartbeat,com a coreografia“Formas eConstruções” noFestival de 1999Foto: AgênciaEspetaculum

personagens

2001Esse ano inicia uma nova etapa da relação do Festival de Joinville com a dança contemporânea brasileira. É criada nessa edição a Mostra de Dança Contemporânea

(hoje denominada Mostra Contemporânea de Dança), com a participação do grupo Cena 11 (SC), Cia. Mário Nascimento (SP), Ana Vitória Cia. de Dança e o grupo Tanzhaus,

ambos do Rio de Janeiro, e ainda os grupos Distrito (SP) e Tran Chan (BA).

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Façam suas apostas... Em quanto tempo os cursos ministrados pela Toshie ficam lotados? Uma semana? Um dia? Uma hora? Nada disso. Não importa se ela vai dar aulas de ballet avançado, ou para iniciantes... Quando abrem as inscrições para os cursos do Festival de Joinville, em poucos minutos as vagas para as turmas de Toshie desaparecem. Tem gente que tenta durante várias edições até conseguir algumas horas de aula com ela.

A razão para isto é simples. Toshie Kobayashi está no universo da dança há mais de 25 anos e é uma das mestres mais respeitadas da dança clássica brasileira. Ela desenvolveu uma técnica de ponta particular, que já levou seus alunos a

38 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

personagens

conquistarem diversos prêmios internacionais; isso sem falar do seu talento para fazer desabrochar a técnica de suas pupilas.

Em Joinville, Toshie já foi jurada – sua primeira participação foi em 1985 -, professora e integrante do Conselho Artístico, durante os primeiros anos do Instituto Festival de Dança (1999-2001); além de uma expectadora fiel, que não perde uma noite de apresentações no Centreventos Cau Hansen, em especial – é lógico – as noites de ballet.

Uma vaga com Toshie!Turma de 2001!

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Linha do TempoOs pequenos bailarinos e bailarinas ganham um palco exclusivo nessa edição, com a criação do Festival Meia Ponta, mostra

destinada a crianças com idade de 10 a 12 anos e que foi realizada na Sociedade Harmonia-Lyra. Atualmente o evento é

denominado apenas Meia Ponta e realizado no Teatro Juarez Machado.

2000

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Produzir essa fotonão foi tarefa fácil!Equipe do Festival de Dança de 2005 entrando no clima do evento.

Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

De tirar o fôlego!Turma de alunas e alunos de Balé Clásicodo professor Denys Nevidomy – 2009.Foto: Nilson Bastian,

Nos passos dos famososSilvio Lemgruber, coreógrafo da Dança dos Famosos(TV Globo) em aula de dança para o público do festival,no palco da Praça Nereu Ramos (2008) Foto: Guto Gonçalves

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VITRINE

1999Ano que marca o início de uma nova fase do evento, com a criação do Instituto Festival de Dança de Joinville, entidade privada e sem fins lucrativos, que tem por objetivo o

gerenciamento completo do Festival, que até 1998 era organizado pela Fundação Cultural de Joinville.

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Ricardo no Seminários de Dança de 2009, quando participou do debate sobre o tema “Quem pode mesmo ensinar ballet?”.

Foto: Nilson Bastian

“Dançamos quase às 2 da manhã... Fazia um frio de rachar e saía aquele vapor da boca... Estávamos parados no palco e tremíamos de frio. Aí começamos a rir, porque os corpos estavam chacoalhando... Foi hilário...” Passaram-se 30 anos, mas aquela noite gelada de julho de 1983 não foi apagada da memória do bailarino, coreógrafo, professor e diretor da Pavilhão D, Ricardo Scheir. Era o primeiro Festival de Dança de Joinville, ainda na Sociedade Harmonia-Lyra, ele tinha 20 anos e começava uma carreira de sucesso. De lá para cá, Scheir já perdeu as contas de quantas vezes pisou nestes palcos ou trouxe seus alunos. Na verdade é mais fácil lembrar os poucos anos em que não esteve presente, geralmente quando estava viajando para o exterior. “A minha vida toda está ligada ao Festival”, constata.

Ricardo ScheirPresente desdeo número 1

personagens

Linha do Tempo1999

Nesse ano o Festival de Joinville apresenta, pela primeira vez, um ballet clássico de repertório com sua produção completa. “Giselle” foi interpretado pelo Ballet do

Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com Ana Botafogo e Marcelo Misailidis nos papéis principais.

42 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

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Ele havia despertado para a dança poucos anos antes, quase por acaso. Na época, final dos anos 70, o filme “Os Embalos de Sábado à Noite” era sucesso nos cinemas e dava origem à explosão das discotecas no País. Adolescente, Scheir se encantou e descobriu na dança um prazer, uma emoção, que pautaria o rumo de sua vida profissional. “Foi inesquecível o que senti quando assisti ao filme... A sensação de liberdade... Aquilo me tocou profundamente”, recorda. Jun-to com a irmã, caiu nas pistas e logo começou a se destacar nos concursos locais, nas “domingueiras”, como eram chamados os bailes no Clube Espor-tivo da Penha, em São Paulo. Em um desses concursos, chamou a atenção de uma professora de dança que estava no júri e o convidou para uma aula. “Não parei mais. Tudo aconteceu muito rápido... Havia poucos homens e eu, com uma altura boa e algu-

mas facilidades físicas, logo estava dançando nas academias”, recorda. Foi nesta época que conheceu Dinah Perry e ingressou na Jazz Company, grupo que se destacou nos festivais dos anos 80. E não teve mais dúvidas sobre seu caminho. “Já sabia que seria minha vida...”

No Festival de Dança de Joinville pas-sou por vários papéis. Depois daquela noite na Harmonia-Lyra voltou nos anos seguintes como bailarino com os grupos do Veronica Ballet e Greiche Kerche, onde também era professor, foi coreógrafo de vários grupos e dire-tor do Pavilhão D, a sua escola.

Histórias deste tempo não faltam. Ele conta que no início os participantes ganhavam um crachá enorme e, com ele, tinham desconto em vários luga-res. A comunidade também acolhia os bailarinos com carinho. “Nos davam carona para onde quer que fosse”,

recorda. O prazer de estar no Festival era maior que as adversidades – todas encaradas com bom humor.

“Nos alojamentos, em escolas públicas, juntávamos as carteiras de aula para colocar o colchonete em cima. O chão era muito gelado... Nos satisfazíamos com muito pouco para estar em Joinville. Que delícia era...”

Difícil é dizer o que mais o marcou neste tempo todo. Cada ano era algo novo, diferente.

Mas um momento especial foi, sem dúvida, a conquista do prêmio de melhor coreógrafo em 2004, com o duo “Quando seus dedos tocam minha pele”. O trabalho foi árduo, cansativo. Os participantes se doaram para alcançar o resultado. Mas valeu a pena. “Calar um ginásio de quatro mil pessoas com o seu trabalho... Isto é indescritível”, emociona-se.

Cia. Pavilhão DFoto: Agência Espetaculum

FIGURINOS DE DANÇA

moda

Um desfile e uma exposição de figurinos de dança foram realizados no Teatro Juarez Machado, durante o Festival de 2003. Riqueza de detalhes e criatividade no trabalho da carioca Tânia Agra (ao centro da foto).

Foto: Amir Sfair filho, Agência Espetaculum

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 43

O Festival de Dança de Joinville ganha um palco à altura das suas produções. Trata-se do Centreventos Cau Hansen, arena

multiuso, que passa a abrigar toda a área administrativa do evento, bem como um grande palco dimensionado e preparado

tecnicamente para qualquer tipo de montagem artística.

1998

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Quem gosta de jazz já espera julho para conferir a arte de dois grandes grupos da mesma cidade: a Cia de Jazz Cristina Cará e a Academia Ana Araújo. Há mais de 20 anos eles saem de São José dos Campos para receber os aplausos do público de Joinville. Reconhecimento não falta.

A Academia Ana Araújo sempre faz bonito nos palcos de Joinville com trabalhos de grande expressividade e qualidade técnica. Além do jazz, costuma emplacar

coreografias vitoriosas também nos gêneros sapateado e ballet clássico.

A Cia de Jazz Cristina Cará começou no Festival em 1989, quando conseguiu o segundo lugar na categoria Jazz Avançado. Em 2005, Cristina conquistou o Prêmio de Coreógrafa Revelação e em 2008 e 2009, além do primeiro lugar em Jazz Conjunto Avançado, eles foram também indicados ao prêmio de melhor grupo do Festival.

44 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

VITRINE

Equipes de Secretariae Produção do

Festival de 2008Foto: Guto Gonçalves

Um pouco de...

...São José dos Campos

Ana Araujo - 1º lugar no SapateadoConjunto Júnior ( 2008)

Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Cristina Cará - 1º lugar no Jazz Conjunto Avançado (2008)

Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

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Com 124 homenageados, o espaço – que fica na rampa lateral do Centreventos Cau Hansen – é um

reconhecimento aos participantes do evento que ajudaram a elevar o Festival de Joinville ao patamar de referência e

qualidade que ele se tornou.

Agora Joinville e a dança têm sua Passarela da Fama

Grupo Angelina Blahobrazoff, de Piçarras (SC), primeiro lugar nasDanças Populares Avançado (2009)Foto: Agência Espetaculum

Apresentadores, DJs e Jurados do Encontro das Ruas 2011Foto: Agência Espetaculum

Dança em Pauta - aula de sapateadopara jornalistas (2006), com osprofessores Steve Zee e Kika SampaioFoto: Agência Espetaculum

46 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

VITRINE

A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil mostra que nem só de clássico vivem seus bailarinos e apresenta na Mostra Contemporânea de Dança de 2009 a Cia. Jovem, com a obra“E se eu te contasse o meu segredo”, coreografada por Clébio Oliveira.

A versão contemporâneado Bolshoi

Contemporâneo

Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Linha do Tempo1998

Nesse ano foi realizada a primeira edição da Feira da Sapatilha, no piso térreo do Centreventos (onde hoje está o Centro de

Convenções Alfredo Salfer). Atualmente o evento é realizado no Expocentro Edmundo Doubrawa e é considerada a maior feira

do setor no País, com a participação dos principais fabricantes nacionais de artigos de ballet.

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REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 47

Clássico

Ele sempre gostou de dançar e chegou a participar de grupos de dança folclórica na escola. Até que aos 11 anos conseguiu

uma bolsa na Casa da Cultura de Joinville para estudar ballet. A partir daí, Rodrigo Hermesmeyer despertou para o Clássico e

não parou mais. Em 2005, aos 14 anos, ele estreou no Festival de Dança de Joinville integrando o grupo da Escola Municipal de Ballet,

encantou o público e os jurados e foi um dos indicados ao prêmio de Revelação.

Surgiu assim o convite do coreógrafo e diretor da Cia. do Conservatório do Rio de Janeiro, Jorge Texeira, para levá-lo ao Rio de Janeiro para integrar

a companhia. Era o início de uma carreira que hoje já é internacional. Desde 2010 Rodrigo está no Tulsa Ballet de Oklahoma, nos Estados Unidos, e é uma

promessa que está se realizando. E quem o vê nos palcos e acompanha sua rotina de preparo do corpo não tem dúvidas de que é possível, sim, realizar os

sonhos.

Em 2005, Rodrigo competindo no Ballet Clássico Conjunto Júnior pela Escola Municipal deBallet de JoinvilleFoto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

O despertarde Rodrigo

Rodrigo com o Conservatório Brasileiro de Dança apresentando o ballet “Giselle” no palco da Feira da Sapatilha 2009

Foto: Nilson Bastian

1997A 15ª edição reúne seis mil participantes e traz uma série de estrelas brasileiras entre os convidados a se apresentar na abertura das

doze noites de competição: Ana Botafogo, Andréa Thomioka, André Valadão, Áurea Hämmerli, Carlinhos de Jesus, Cecília Kerche,

Marcelo Misailides e ainda Cia. Mineira de Dança, Cisne Negro Cia. de Dança, Lia Rodrigues Cia. de Dança e Raça Cia. de Dança.

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Quando o Stúdio Cristina Helena, de Belo Horizonte, pisou no palco da Sociedade Harmonia-Lyra, em 1983, na primeira edição do Festival de Dança de Joinville, nem o público nem os jurados acreditaram no que viram. Vestidas com biquinis pretos, as bailarinas interpretaram com paixão a coreografia “Os mágicos de Oz”, na modalidade Jazz, dando um show de irreverência e criatividade. O jeito foi criar, na hora, um prêmio Hors Concours para destacar o grupo. Cristina Helena voltaria muitas e muitas vezes ao festival, como diretora e maître da Cia de Dança Sesiminas ou como professora. E cada vez que seus grupos subiam ao palco, a plateia já sabia: era eletricidade certa.

AndançasA relação do

Festival de Dança de Joinville com a Bienal de Dança de Lyon, um dos mais celebrados eventos da dança mundial,

nasceu em 2004, quando foi instituído o prêmio “Coreógrafo Revelação, que concedia ao vencedor uma viagem para participar de um evento internacional em sua

área de atuação. O coreógrafo premiado naquele ano foi Ricardo Scheir, profissional atuante na área de dança

contemporânea. E lá foi ele, para terras francesas, desbravar novos horizontes e estabelecer uma ponte entre e a Bienal e o Festival de Joinville. E a ponte foi consolidada, com a ajuda do então conselheiro do Festival de Joinville, Roberto Pereira, que também estava em Lyon a convite da

Bienal. No ano seguinte, Guy D’Armé – curador da Bienal – estava em Joinville, para conhecer o evento brasileiro e estreitar ainda mais os laços entre Brasil e França.

Guy D’Armé e a Bienal de Lyon

personagens

Ballet CristinaHelena, comum primeirolugar no Ballet ClássicoSêniorem 2001Foto:Amir SfairFilho, AgênciaEspetaculum

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Oficina de ballet com Cristina Helena (2010)

Hors Concours

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Clássico

É só ela passar pelos corredores do Centreventos que uma legião de fãs surge em instantes para reverenciar esta que é uma das principais musas da dança brasileira. Ana Botafogo, bailarina e estrela, fez sua primeira aparição em Joinville em 1987, dançando o segundo ato de La Bayadère ao lado de Jair Moraes, com o Stúdio D1, de Curitiba (PR). Ao final da apresentação a dupla foi ovacionada por cerca de 15 minutos.

Depois desse ano, foram muitos os festivais onde Ana brilhou. Em 1994, por exemplo, dançou na abertura do evento, ao lado do cubano Lienz Chang,

o Grand Pas-de-Deux “Esmeralda” e novamente arrancou suspiros e muitos aplausos de admiração da plateia. Neste mesmo ano Ana foi jurada pela primeira vez e lançou seu livro “Ana Botafogo, na magia do palco”.

Em 1999, ao lado de Marcelo Misailidis e com o elenco completo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, protagonizou outro momento marcante na história do evento ao interpretar “Giselle” na primeira exibição de um ballet completo nos palcos de Joinville.

Ana: bailarinae estrelaEm “Giselle”,1999Foto: Alceu Bett,AgênciaEspetaculum

Exercícios em cenaAna Botafogo conduzida por Silvia Soter num exercício apresentado no Seminários de Dança de 2008 sobre a discussão de pontos que distinguem técnica e método. Neste dia Ana, em roupa de ensaio, apresentou trechos do ballet “Don Quixote”, de Marius Petipa, e o solo La Mariée, de Ana Vitória.Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Linha do TempoEsse ano marca o início da relação de Joinville com o Bolshoi. A noite de abertura do evento conta com a presença de 17

bailarinos do Ballet Bolshoi, de Moscou, apresentando diversas peças clássicas. O sucesso foi tamanho que faltou lugar na

plateia para 280 pessoas, que ficaram de fora do Ginásio Ivan Rodrigues, mesmo tendo comprado ingressos antecipadamente.

1996

Page 53: Revista Festival de Dança

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 53

Ruas, praças, bairros e até hospitais. Muitos são os palcos da dança em dias de festival. Tradicionais, os Palcos Abertos há décadas rompem com os espaços convencionais e permitem que pessoas que de outra forma não teriam acesso à dança possam ver espetáculos de qualidade, de graça, por onde passam. De quebra ainda fazem com que toda cidade entre no clima do Festival de Dança.

Osmuitospalcos da dançaAna: bailarinae estrela

Palco Aberto em frente à Prefeitura de Joinville (2005)Foto: Agência Espetaculum

Palco Aberto noHospital Bethesda, no distrito de Pirabeiraba (2009)Foto: Agência Nilson Bastian

Palco Aberto no bairro Jardim Paraíso (2003)Foto: Alceu Bett,Agência Espetaculum

Andanças

A novidade nesse ano é a realização de um evento de lançamento do Festival em São Paulo, no Memorial da América Latina, reunindo 400 convidados entre bailarinos, coreógrafos, imprensa e profissionais do

turismo. Mas o destaque fica mesmo por conta das duas noites de abertura, com público de 2 mil pessoas por noite, para ver a apresentação do Ballet da Cidade de São Paulo, com a coreografia “De repente, não

mais que de repente”, do português Vasco Wellenkamp, com música de Tom Jobim e direção de Ivonice Satie.

1995

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Andanças

Foto: Guto Gonçalves

Quem pensa que Festival de Dança de Joinville é só palco,

está muito enganado. Na Rua da Dança, o público integra o espetáculo, participando

de aulas abertas de vários gêneros de dança e interagindo com os artistas. Tudo isto de graça, na Estação Ferroviária de Joinville, um cenário de cartão-postal da cidade. E o melhor é que

não precisa se inscrever antes ou passar por nenhuma seleção. É só levar a família

e curtir.

Público eartistas na Rua

da Dança de 2008

Foto: Guto Gonçalves

Todos dançam com o Fly

Perto dele ninguém consegue ficar parado. Quando Fly assume o comando nos Palcos Abertos, ele prova que todo mundo é capaz de, a seu modo, dançar. Coreógrafo e diretor da Linha de Shows da TV Globo, Vagner Pereira, o Fly, era jurado e professor no Festival de Joinville, quando um dia surgiu uma “emergência” e perguntaram se ele toparia conduzir uma atividade num Palco Aberto. “Aí começou a minha verdadeira história no Festival. Joinville sempre viu as pessoas dançarem. Eu virei isso. Coloquei todo mundo para dançar comigo”. Até quem achava que não conseguiria, conseguiu. Certa vez Fly se deparou com um cadeirante na plateia. “Coloquei a cadeira junto do palco e sentei em outra. Ele dançou com os braços”, relembra. De outra vez, em um hospital, um menino o surpreendeu. “Ele se levantou com o soro preso no braço e dançou”, emociona-se.

Urbano

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Encenado pelo Ballet do Teatro Guaíra na abertura do 2º Festival de Dança, em 1984, “O Grande Circo Místico” volta para Joinville em 2003. Desta vez coreografado por Luis Arrieta, com participação de Dani Lima, que assina as coreografias aéreas do espetáculo. Com canções de Edu Lobo e Chico Buarque – as mesmas músicas dos anos 80, com algumas vozes novas e composições instrumentais que não estavam no espetáculo original – o ballet contou com 50 intérpretes e duração de 100 minutos.

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Contemporâneo

O GRANDE

CIRCO MISTICO

“O Grande Circo Místico” – Festival de 2003

Foto: Agência Espetaculum

Page 56: Revista Festival de Dança

personagens

Eles partiramcedo demais...

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Roberto PereiraCrítico, pesquisador, professor, curador, doutor em comunicação, mestre em filosofia e – acima de tudo – um idealizador. Assim podemos descrever Roberto Pereira, que ao longo de sua trajetória, fez de Joinville sua casa – mesmo que temporária. Aqui, ajudou a plantar muitas sementes, sendo a principal delas o projeto do “Seminários de Dança”, que este ano chega à sua sexta edição. A primeira participação de Roberto em Joinville foi em 2002, quando fez a palestra “O Balé Romântico”. A partir daí voltou para fazer o lançamento do seu livro “Giselle, o voo traduzido” (2003) e depois como jurado. Em pouco tempo tornou-se integrante do conselho artístico do Festival.

Roseli Rodrigues

Conhecida no meio artístico pela criação de grandes trabalhos coreográficos em musicais de teatro, shows de cantores, filmes e propagandas de televisão. Carismática e alegre, em Joinville Roseli Rodrigues ajudou a formar uma geração de bailarinos, de plateia, de fãs e foi uma das grandes responsáveis por fazer do jazz um dos gêneros mais amados do público do festival. Participando do evento desde a terceira edição, com seus grupos Raça e Racinha, Roseli também foi por diversas vezes professora e jurada, além de integrar o conselho artístico do Festival.

Roberto durante uma reunião de jurados, no Festival de 2003Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

(in memorian)

Linha do Tempo1994

Nessa edição o evento presta homenagem a dois grandes nomes vivos da dança Tatiana Leskova e Carlos Leite. Também é o ano de

estreia de Carlinhos de Jesus e sua companhia em Joinville. Outro destaque foi a inesperada participação do jogador tetracampeão

mundial Dunga, na noite de encerramento do Festival, quando recebeu a homenagem do evento e o troféu Bailarina Flor.

Page 57: Revista Festival de Dança

Ivonice Satie“Para mim o bailarino não é aquele que executa, é aquele que passa para o público alguma coisa além da execução. Quando o público recebe isso, ele não está recebendo sua técnica, ele esta recebendo sua alma”. O depoimento dado ao projeto Memórias, da São Paulo Cia de Dança, traduz o sentimento que pautava o trabalho de Ivonice Satie, e que trouxe para o Festival de Joinville. Bailarina e coreógrafa, atuou no Ballet du Grand Théatre de Genève e foi diretora artística do Ballet da Cidade de São Paulo, onde criou a Cia. 2, para bailarinos veteranos. Como coreógrafa, teve criações dançadas por diversas companhias brasileiras e também na França, Alemanha, Croácia, Suíça, Estados Unidos e Portugal. Em Joinville, atuou como jurada, professora e integrante do conselho artístico, deixando no evento a marca do seu profissionalismo.

... RAÇA

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Ivonice e Roseli durante coletiva de imprensa no Festival de 2003Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Um pouco de...

O Raça, em sua formação como companhia profissional, também brilhou nos palcos de Joinville diversas vezes, como em 2005, quando a companhia foi a grande atração da Noite de Gala, apresentando dois trabalhos: “Novos Ventos” e “Caminho da Seda”, releituras de dois ballets já apresentados em Joinville. E, mais uma vez, encantando o público e os participantes do Festival.

Raça e Joinville é uma das grandes “histórias de amor” registradas nos palcos do evento ao longo de seus 30 anos.

Já em sua primeira participação no Festival de Joinville, em 1985, o Raça conquistou o público. Uma relação que se estabeleceu e se manteve fiel por anos. Sob o comando de Roseli Rodrigues, o grupo conquistou inúmeras premiações no Festival.

Espetáculo “Novos Ventos” apresentado na Noite de Gala do Festival de 2005.Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

“Tango Sob Dois Olhares”, coreografia de Roseli Rodrigues para o GrupoRaça Recebeu o Prêmio Teatro de

Dança, em 2009, e foi apresentado na Mostra Contemporânea de 2010.

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

1993O Festival de Joinville conquista novamente grande repercussão na imprensa nacional e é notícia na revista americana Dança Teacher Now, com a reportagem de Jan Wilkens

que destacou o festival como um dos mais importantes eventos culturais do Brasil. Nessa edição também é realizado o projeto “A Praça Dança na Noite”, com apresentações

dos grupos premiados na competição na noite anterior.

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58 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Urbano

O hip hop ganhou os palcos de Joinville na década de 90, com os meninos do Grupo de Rua de Santos, dirigido pelo bailarino e coreógrafo Marcelo Cirino. O grupo, formado basicamente por crianças carentes selecionadas pela Prefeitura de Santos (SP), conquistou a atenção da mídia em 1993. Cresceu, se profissionalizou, cativou o público de Joinville e fez da dança de rua um dos grandes sucessos do Festival. Vencedor do gênero dança de rua em diversas edições do evento, conquistou o Troféu Transitório em três anos: 1994, 1997 e 1998, com destaque nesse último ano para a coreografia “Homens de Pedro” (foto). Outro momento marcante do então Grupo de Dança de Rua do Brasil nos palcos de Joinville foi em 2002, na Noite de Gala do 20º Festival, quando voltou como convidado e apresentou o trabalho “Nossa Cara”.

A carioca Cláudia Müller leva para a Mostra Contemporânea de Joinville de 2010 sua experiência com o trabalho “Dança Contemporânea em Domicílio”. Um espetáculo que vai até onde a plateia estiver, tem como proposta realizar uma perfomance nômade, sem custo algum para o público. A agenda das apresentações foi feita a partir de ligações de pessoas que atenderam ao mote de divulgação do espetáculo: “Ligue e peça cinco minutos de dança contemporânea.”

A dança de rua de Santos

A dança vai até onde a plateia estiver

Dança de Rua do Brasil em “Homens de Preto”Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Contemporâneo

Entrega do espetáculo no Hemosc de Joinville

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Steven Harper na Escolado Teatro Bolshoi,

durante o festival de 2004Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Arrieta em “Carnaval dos Animais” (2008)Foto: Amir Sfair Filho,

Agência Espetaculum

PERSONAGENS

O TAP TAP DE STEVEN HARPER

O HOMEM QUE DANÇA

Bailarino, sapateador, professor e coreógrafo, o norte-americano Steven Harper teve

papel fundamental no desenvolvimento do sapateado no Brasil nas últimas duas décadas.

No Festival de Dança de Joinville não foi diferente. Com seu tap cheio de ritmo, dançou

por aqui em 1996, com um solo; em 1997, em um duo surpreendente com Carlinhos de Jesus;

e em 1998, com o espetáculo Steven Harper & friends. Além de convidado especial, foi

jurado e professor durante anos. E, muito mais que isso, com sua personalidade carismática e

enorme paixão pelo que faz, contribuiu para que o sapateado – definitivamente – caísse no

gosto popular.

Luis Arrieta dispensa apresentações. Ícone da dança brasileira, coreógrafo respeitado internacionalmente, é um homem a frente de seu tempo, e suas coreografias deixam isso bem claro. Muitas vezes premiado no Festival, ele não se cansa de surpreender. Em 2008, sozinho no palco do Teatro Juarez Machado, Arrieta silenciou a plateia com “Carnaval dos Animais”, onde usou toda a expressividade de um corpo maduro, talhado para a dança, para expressar a evolução do homem ao longo dos anos – desde a criança que se arrasta e engatinha até o homem que anda e, finalmente, dança.

Contemporâneo

Linha do Tempo1993

Esse ano foi marcado pela divisão do júri do balé clássico, que não conseguiu escolher entre o talento de dois jovens bailarinos: Marcelo Gomes e Joan Boada, que acabaram

por dividir o Prêmio Revelação. Nessa edição uma série de outros bailarinos também brilharam no festival, entre eles os meninos do Grupo de Rua de Santos. Este também foi

o primeiro ano que o evento recebe recursos federais, por meio da Lei de Mecenato e do Fundo Nacional de Cultura.

Page 61: Revista Festival de Dança

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VITRINE

Oficinas de Jazz, com Eddy Wilson e Érika Novachi, no Festival de 2010

UrbanoFúria das ruasDança e cidadaniaNo início dos anos 90, um garoto de Joinville dançava ao som da banda americana New Kids On The Block e sonhava em subir aos palcos. Não demorou muito para que Nilberto Souza, o Nil, realizasse o desejo e, à frente do grupo Fúria das Ruas, eletrizasse a plateia do Centreventos Cau Hansen. Mas o grupo que por três vezes conquistou o primeiro lugar em sua categoria no Festival não é vencedor só no palco. Com muito ritmo e movimento, Nil lidera o Fúria das Ruas Projeto Social e dá a sua contribuição para que a criançada da periferia se mantenha bem longe das drogas e exercite a cidadania.

Fúria das Ruas no Festival de 2008Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Nilberto Souza na Rua da Dança, em 2009Foto: Agência Nilson Bastian

1992Nos 10 anos do Festival já se falava que o Jazz vinha perdendo sua força. Dois grandes nomes do gênero - Roseli Rodrigues e Carlota Portella - passaram a trabalhar também

com outros estilos. Os gêneros Moderno e Contemporâneo passavam também por um tipo de discussão interminável e, em meio a esse debate, o Balé Expressão, de São Carlos

(SP), apresenta “De Estranho a Tímidos”, uma coreografia do então quase desconhecido Henrique Rodovalho, que arrancou elogios unânimes da crítica e da plateia.

Page 62: Revista Festival de Dança

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“Esmeralda” – 1999Foto: Agência Espetaculum

Clássico

O encontro de Cecília Kerche com o público de Joinville marcou para sempre a vida da bailarina e a

história do Festival. Foi em 1989, na sétima edição do evento, que Cecília subiu ao palco do Ginásio Ivan Rodrigues e dançou, ao lado de

Francisco Timbó, o segundo ato do balé “O Lago dos Cisnes”. A apresentação de Cecília foi irretocável e enlouqueceu a plateia.

Mas esse não foi o único momento de glória da bailarina em Joinville. O amor à primeira vista se transformou numa relação profunda, com inúmeras participações de Cecília

no Festival, como a realizada em 1992, com o argentino Maximiliano Guerra, interpretando “Diana e Actheon”, com direito a bis e aplausos por mais de 30 minutos.

Em 1999, Cecília brilha na peça “Esmeralda”, ao lado do também argentino Herman Piquín, gerando uma das mais belas imagens da bailarina captadas pelas lentes dos fotógrafos do evento. Outro momento inesquecível foi em 2001, com o brasileiro e solista do American Ballet Theatre, Marcelo Gomes, no Grand Pas-de-Deux “Cisne Negro”.

Mas além das exuberantes apresentações de Cecília nos palcos do Festival, a participação dela no Júri do Meia Ponta em 2008 gerou outro fato marcante. O

encantamento das pequenas bailarinas foi tão grande diante da possibilidade de se apresentar para a musa, que naquele ano o prêmio maior para as meninas

do Meia Ponta não foi conquistar o troféu do Festival, mas recebê-lo das mãos de Cecília Kerche.

Na Feira daSapatilha – 2008

Foto: AgênciaEspetaculum

Am

or à primeira vista

Autógrafos na Casa da Cultura – 1994

Foto: AmarildoForte / AN

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O encantamento dos vasosAs passagens da Companhia de Dança Deborah Colker pelo Festival de Dança de Joinville sempre arrancaram suspiros de admiração da plateia. Mas nada se compara à inesquecível apresentação do espetáculo “4 por 4”, na Noite de Abertura da 20ª edição do evento, que ficou conhecida como a coreografia dos “vasos”. Nessa obra, Deborah puxa seu trabalho para o chão e leva seus bailarinos a dançar entre várias obras de artistas plásticos distribuídas em ambientes distintos. E na parte final do espetáculo, 90 vasos invadem o palco e fazem da movimentação dos bailarinos um verdadeiro desafio na busca de uma nova maneira de dançar com a alma.

Contemporâneo

Foto: Divulgação

Page 64: Revista Festival de Dança

personagens

... Carlinhos de Jesus

Presença certa

64 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

A dança de Carlinhos

A primeira participação de Carlinhos de Jesus no Festival de Joinville foi em 1994, quando ele se apresentou, com sua companhia, como convidado do evento e também realizou uma aula aberta de dança de salão no palco da Praça Nereu Ramos, centro da cidade. “Foi o festival que me apresentou a pessoas do mundo, digamos, mais erudito da dança como Tatiana Leskova, Ana Botafogo e Cecília Kerche”, comenta Carlinhos no livro dos 15 anos do Festival, ao falar da importância de Joinville para o reconhecimento da dança de salão como um gênero profissional de dança no país.

Dá até para marcar um encontro, pois a presença é certa. Todos os anos, o jornalista Ivan Grandi, editor e diretor da Revista da Dança, vem de mala e cuia para o Festival de Joinville. Antenado, ele chega antes do evento começar, monta seu quartel-general na Feira da Sapatilha, participa das atividades, assiste aos espetáculos e apura o material que vai integrar as próximas edições da revista - que atinge todos os segmentos da área. Sempre com um sorrisão no rosto e o senso crítico apurado, ele só vai embora mesmo quando todas as luzes se apagam...

Um pouco de...

Carlinhos de Jesus nos 15 anos do Festival de Dança, em 1997.

Divulgação

Linha do Tempo1991

Nessa edição o Festival reúne 6 mil bailarinos e muitos críticos começam a questionar o in-chaço do evento, propondo mais qualidade e menor número de participantes. É nesse ano que a Casa da Cultura assume sua condição

de QG do Festival. Nela concentram-se os ensaios dos bailarinos convidados, cursos diversos, sessões de autógrafos, exibições de vídeo, gincanas, a equipe de assessoria de imprensa e também a redação do jornal

oficial do evento na época: Na Ponta dos Pés. E ainda vendia-se de tudo: fotos, vídeos, chocolates, roupas de dança, lanches, sapa-tilhas, souvenires e muito mais.

Page 65: Revista Festival de Dança

Comdança

Um grupo joinvilense fez história na dança da cidade e, também, nos palcos do Festival de Dança. A Comdança – Cia. Joinvilense de Dança – foi fundada em 1991 por Fabíola Bernardes, participou muitos anos do Festival e obteve premiações nos gêneros Danças Populares e Jazz. O grupo principal era formado por um elenco adulto, mas a Comdança também contava com grupos infantil e juvenil, que eram destaque por suas belas apresentações.

VITRINE

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 65

Comdança no Festival de 1998Foto: Divulgação

Fabiola Bernardes nos corredores da Feira da Sapatilha de 2005Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Um pouco de...

Grupo Cisne Negro (2003)Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Grupo Adriana Assaf (2009)Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Hélio da Silva, Grupo Beth Dorça (2009)Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

1990Ano de drásticos cortes no orçamento do Festival em função do pacote de medidas econômicas do Governo Collor. Apenas 87 grupos participam dessa edição do

evento. Como a regra geral era economizar, nenhum novo grupo foi selecionado neste ano. Dançaram apenas os premiados da edição anterior (1989). Mesmo assim os

jurados, professores e grupos concorrentes consideraram esta a melhor edição realizada até então. Nesse ano, Sylvia Borges assume a coordenação técnica do evento.

Page 66: Revista Festival de Dança

66 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

Clássico

O CisneNegro de Mayara

Escola de talentosNa mesma noite em que a atriz Natalie Portman

brilhava no Teatro Kodak, em Los Angeles (EUA), em 2011, ao ser a vencedora do Oscar de

melhor atriz pela atuação no longa-metragem “Cisne Negro”, no Brasil, uma carioca também

comemorava outra conquista na pele do mesmo personagem do clássico “O Lago dos

Cisnes”. Mayara Magri foi destaque no programa Fantástico, da TV Globo, pela vitória no Prix de

Lausanne, na Suíça e pelo prêmio de melhor bailarina do Festival de Joinville de 2010.

Depois disto, Mayara ainda venceu o Youth America Grand Prix (YAGP), de Nova York. Hoje,

a menina de 16 anos que pisou nos palcos do Centreventos Cau Hansen com a Escola de

Dança Petite Danse, está se aprimorando no Royal Ballet School, de Londres, e ninguém tem

dúvidas de que tem tudo para se tornar uma grande estrela.

Foto: Agência Espetaculum

Mayara Magri, Daniel Deivison e Diego Lima. Estes são apenas alguns dos nomes

de talentos que saíram das salas da Escola de Dança Petite Danse, do Rio de Janeiro,

e ganharam o mundo. E muitos deles passaram pelos palcos do Festival de Dança

de Joinville, onde a escola marca presença há mais de uma década, e no em 2011 se

consagrou como melhor grupo. O trabalho social também é um forte da escola, que

mantém o projeto “Dançar a vida”, com crianças de comunidades carentes do

Rio. Do projeto, aliás, surgiu a bailarina Mayara Magri, que conquistou uma bolsa

de estudos no Royal Ballet School, em Londres.

ImPermanências

Instalação de Vera Sala realizada durante a segunda edição do

Seminários de Dança (2008): trabalha com a ideia do corpo

como um lugar de processos contínuos de atualizações e

reconfigurações. Um corpo envolto por arames, dissolvendo

seus limites, criando um corpo-objetivo.

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Page 67: Revista Festival de Dança

REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 67

Urbano

A cultura Hip Hop chegou para ficar, trazendo música, letra, movimento, ritmo e muita, muita cor. A Mostra de Grafitti que integra a programação do Encontro das Ruas reúne artistas de várias partes do Brasil e confere um colorido especial aos muros do complexo do Centreventos Cau Hansen. Artistas como Trampo, Snek, Marcelo Eco, Ed-Mun, Anjo, Hope, Elton Schock, Iceman, Kiko e Skor, entre muitos outros já passaram pelo evento e esbanjam técnica e originalidade, mostrando porque esta forma de expressão artística vem conquistando admiradores e reconhecimento em todo o mundo.

Com spray ou pincel, eles rapidamente produzem obras detalhadas e complexas, de encher os olhos. “É a oportunidade perfeita de se mostrar um trabalho artístico de alto nível, incentivando jovens a buscar o aprimoramento conceitual e técnico dentro do hip hop”, resume Binho Ribeiro, curador da Mostra em 2011.

A arte toma conta dos muros

Grafiteiros nos muros do Centreventos (2009).Foto: Nilson Bastian

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Alejandro e o Cena 11A primeira aparição do grupo catarinense Cena 11 no Festival de Joinville foi em 1989. Eles não levaram nenhuma premiação naquele ano, mas deixaram sua marca no evento e já na metade da década de 90 a companhia era apontada como uma das principais representantes da cena contemporânea da dança brasileira.

Sob direção do coreógrafo Alejandro Ahmed (que também já integrou o conselho artístico do Festival de Dança de Joinville), o grupo atua de forma diferenciada ao compreender dança como produção de conhecimento e não apenas junção de passos ou ilustração de temas e assuntos.

Em Joinville, dois grandesmomentos do Cena 111999 - “IN’Perfeito”, encenado no palco do Centreventos Cau Hansen. O espetáculo tem sete cenas que dizem respeito ao Gênesis e uma oitava correspondente ao dia em que o homem substituiu Deus e tornou-se, além de criatura, criador. As oito cenas são subdivididas em 23 situações, que se referem aos 23 pares de cromossomos humanos, que são traduzidos coreograficamente em duos. Com esse espetáculo, Alejandro Ahmed é premiado na categoria de Melhor Concepção Cênica (1997) pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e recebe, ainda, o Prêmio Mérito Cultural Cruz & Souza (1997), da Fundação Catarinense de Cultura (SC).

2001 - “A Carne dos Vencidos no Verbo dos Anjos”, apresentado na abertura da primeira edição da Mostra Contemporânea. Com aproximadamente 20 minutos de duração, o bailarino Alejandro Ahmed divide a cena com Hedra Rockenbach. A coreografia faz referência explícita à obra do poeta paraibano Augusto dos Anjos e foi concebida com base nas poesias Obsessão e Bilhete Postal. Por este trabalho Ahmed recebeu o Prêmio Mambembe (FUNARTE) de Melhor Coreógrafo em 1998.

Contemporâneo

Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Linha do Tempo1989

O Festival rompe barreiras e conquista o reconhecimento da mídia nacional. Um forte trabalho da assessoria de imprensa do evento, realizada na época pela EDM Logos Comunicação, sob o comando de Ely Diniz

(hoje presidente do Instituto Festival de Dança), rendeu ao evento generosos espaços no Jornal Nacional, Jornal Hoje e Fantástico (TV Globo). Também nessa sétima edição, Joinville recebe o primeiro espetáculo de

uma companhia internacional: o Ballet Lolita, da França; e ainda acontece o memorável encontro de Cecília Kerche e o público de Joinville – o que resultou em “amor a primeira vista”.

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REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE | 69

Clássico

O olhar de João WlamirNada escapa ao seu olhar crítico e à sua avaliação precisa. Mas quem pensa que isto é ruim está redondamente enganado. É muito bom. Bailarino, diretor e coreógrafo, João Wlamir é um parceiro de anos do Festival de Joinville. Em 2007 assinou a direção artística da Noite de Gala dos 25 anos do Festival, levando aos palcos joinvilenses um espetáculo com muitas estrelas: Cícero Gomes, Amada Rosa e Irlan Santos, Andreza Randisek e Rodrigo Guzman, Cecília Kerche e Vitor Luiz, Fernanda Oliveira e Fabian Remair, Márcia Jaqueline e Bruno Rocha, Andrea Thomioka e Israel Alves, e ainda William Pedro. E nos últimos três anos João empresta sua experiência ao evento atuando como integrante do Conselho Artístico, o grupo, de curadores e verdadeiros guardiões da qualidade artística do Festival.

VITRINE

Grupo Fernanda Araujo - Jazz Conjunto Júnior (2009)Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Escola Municipal de Bailados de Santos - Balé Clássico Conjunto Júnior (2009)Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Escola Pedro Ivo Campos - Danças Populares Júnior (2009)Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

1988O Festival de 1988 marca ainda a história por outra série de fatos importantes: é nesse ano que Mário Nascimento estreia no evento, como coreógrafo para o grupo Verônica Ballet; o Ballet Folclórico da Bahia encena

o espetáculo Bahia de Todos os Santos – deixando a plateia em êxtase -; e sobem ao palco de Joinville algumas futuras estrelas do ballet: Pollyana Ribeiro e Ana Carolina Quaresma, ambas da Escola Estadual de

Danças Maria Olenewa – RJ; e ainda Daniela Severian, pelo Grupo Ilusão & Vida.

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Aquela noite fria de julho de 1990 ficaria marcada na história do Festival de Dança de Joinville. No palco gelado do Ginásio Ivan Rodrigues, a Companhia de Dança do Palácio das Artes, de Belo Horizonte, abria a oitava edição encenando a coreografia “Pássaros de Fogo”, de Luiz Arrieta, com música de Stravinsky. Os bailarinos entravam em cena trajando ternos, roupas sociais e no meio da coreografia se despiam, ficando apenas com as roupas de baixo. Então o inesperado aconteceu. Suados, quentes, eles entraram em contato com o ar frio do ginásio de esportes e de seus corpos saiu uma suave fumaça, surpreendendo a todos! “Foi inesquecível. A Suzana Braga ficou emocionada. Todo mundo falou muito disso”, recorda o coreógrafo Tíndaro Silvano, que na época era diretor do Palácio das Artes.

Tíndaro chegou pela primeira vez ao Festival em 1985. Mas entre 1990 e 2005 não deixou de vir a uma edição sequer, marcando presença em várias noites de gala e aberturas. Participou também como jurado e professor, além de

ser um grande incentivador do evento em uma época em que não havia um conselho oficializado, mas um

esforço voluntário de artistas como ele, Ismael Guiser, Toshie Kobayashi, Ivonice Satie, Suzana Braga, entre outros, para rever e aprimorar o regulamento e o

evento de maneira em geral. “O Festival teve muitas pessoas que deram a vida, o sangue. Aquele

período foi muito forte para quem viveu”, analisa ele, que também foi integrante do

conselho artístico do evento entre os anos de 2001 e 2003.

Pássarosde fogo

personagens

“Pássarosde Fogo” (1990)Foto: EbnerGonçalves

Tíndaro(ao lado deRoseliRodrigues) recebendo homenagem doFestival ao se despedir do Conselho Artístico em 2003Foto: Alceu BettAgência Espetaculum

Linha do Tempo1988

No sexto Festival de Dança a cidade investe numa montagem própria para a Noite de Abertura do evento. O espetáculo “Lamento dos Escravos” tem a direção geral do jornalista

Luis Sorel e a coreografia de Roseli Rodrigues, que levam ao palco 29 integrantes do grupo Raça e 40 bailarinos de Joinville. Os figurinos são da carioca Déborah Bastos e o tema

musical de Tibor Reisner é interpretado pela Orquestra Sinfônica da Fundação Harmonia-Lyra e um coral de 280 vozes.

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Os 30 anos do Festival de Dança de Joinville estão registrados no filme “Dança e Emoção”, produzido pelo cineasta Roger Robleño. A obra traz depoimentos de diversas pessoas que se envolveram com o Festival de alguma forma, seja no palco, nos bastidores ou na plateia.

Documento audiovisual

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Clássico Giselle, completo!Desde as primeiras edições do

Festival, o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro esteve presente

em Joinville, apresentado pequenas obras ou trechos de ballets

consagrados. Entretanto, foi em 1999 que a companhia e todo o seu

elenco entraram para a história do evento, com a realização da primeira

apresentação de um ballet completo em palcos joinvilenses. “Giselle”, com

Ana Botafogo e Marcelo Misailidis, foi encenado na Noite de Abertura

do 17º Festival de Dança de Joinville e emocionou uma plateia de mais de

4 mil pessoas. Um momento ímpar que marcaria em definitivo o perfil

das noites especiais do evento do

Festival de Joinville.

Quase 10 anos depois, em 2008, a companhia volta a Joinville com um

ballet completo: “O Lago dos Cisnes”, com Cecília Kerche e Vitor Luiz nos

papéis principais. Mais uma vez o público se encanta com a divina arte

da dança!

“Giselle, 1999Foto : Alceu Bett,Agência Espetaculum

“O Lago dos Cisnes”, 2008Foto : Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

1987Diante do grande e rápido crescimento do Festival, a coordenação reestrutura o evento e promove a redução do número de grupos para de 169 para 113 e do número de

participantes de 6 para 3 mil. Outra mudança é a diminuição do tempo das coreografias de 25 para 7 minutos, em média. Nesse ano também é instituída a “seleção” prévia dos

grupos e algumas apresentações também são realizadas no Ginásio Abel Schulz. É nessa edição que Ana Botafogo estreia nos palcos joinvilenses.

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Música no FestivalApresentação do grupo Aroeira na Feira da Sapatilha de 2005. Nos anos seguintes o evento não conseguiu autorização da Fundema para continuar comapresentações de música no local.Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

Elas podem tudo!Sigrid Nora, Cristiane Vosniak, Nirvana Marinho, Sandra Meyer e Thereza Rocha no lançamento do livro “Seminários de Dança 2 O que quer e o que pode (essa) técnica” Foto: Nilson Bastian

VITRINE74 | REVISTA FESTIVAL DE JOINVILLE

No Festival de 2009:Ely Diniz (presidente do Instituto Festival de Dança), João Wlamir (curador artístico), Pavel Casarin (superintendente da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil) e Victor Aronis (coordenador Geral do Festival) Foto: Nilson Bastian

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Os livros sempre estiveram em “moda” no Festival de Dança de Joinville. Desde os tempos em que o QG do evento ficava na Casa da Cultura, diversos títulos de livros foram comercializados e muitos autores realizaram o lançamento de suas obras ou mesmo sessões de autógrafos durante o Festival.

Mas foi a partir da estruturação da Feira da Sapatilha, em 2002, que a literatura de dança ganhou um espaço permanente no Festival. Uma parceria entre a organização do evento e a Livraria Midas viabilizou o espaço, que hoje se mantém firme e fortalecido, sob a administração da Midas Armazém Cultural.

15 Anos de DançaA dança do Festival de Joinville também está registrada em livros. Em 1998 foi publicada a primeira obra de registro da história do evento: 15 Anos de Dança, de autoria de Suzana Braga, Joel Gehlen e Paulo César Ruiz. O livro é um belo documento, com imagens e histórias encantadoras.

Seminários de Dança – I a VO segundo documento gerado pelo evento foi em 2004, quando foi editado o primeiro volume da série Seminários de Dança, um registro dos conteúdos apresentados, analisados, discutidos e vivenciados durante a programação anual do evento. Neste ano, durante a sexta edição do

Seminários de Dança será lançado o volume 5 da obra, que é organizada pela comissão técnica do evento.

O Maior Festival de Dança do MundoA obra comemorativa aos 30 anos do Festival enfatiza a relevância do evento em relação à formação em dança no Brasil. A ideia é demonstrar que o Festival é o principal responsável pela qualificação da dança do Brasil. Ao longo de três décadas, o evento atinge todos os lugares do País e, por isso, formou não só uma geração de estrelas, mas também uma geração de trabalhadores, praticantes e amantes da dança. O livro é de autoria do jornalista e escritor Joel Gehlen e será lançado durante o 30º Festival de Dança de Joinville.

Estande na Feirada Sapatilha de 2009

Foto : Divulgação

LIVROS QUE DANÇAM

moda

Linha do TempoNesse ano Joinville se transforma no palco da dança brasileira. Com 169 grupos e quase 6 mil participantes, as apresentações estendem-se até a madrugada e o público passa a

ver dança também nas praças da cidade. Nas noites, a novidade está na divisão das apresentações por “modalidades”: moderno, jazz, clássico e folclore. Nessa edição a

parte didática também ganha força, com a realização de 21 cursos.

1986

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Kika Sampaio

Bia Mattar

O sapateado já protagonizou inúmeros momentos marcantes na história do Festival de Dança de Joinville e dois nomes se destacam nessa trajetória: Bia Mattar e Kika Sampaio. As duas bailarinas, coreógrafas e verdadeiras batalhadoras do sapateado no Brasil já integraram o Conselho Artístico do evento, além de atuar como professoras e juradas em diversas edições.

Conselheiras e Sapateadoras

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VITRINE

O olhar atento aos detalhes dos figurinos comercializados na Feira da Sapatilha (2011)Foto: Divulgação

Anúncio do resultado da MostraCompetitiva na Feira da Sapatilha (2009)Foto: Divulgação

Plateia no Centreventos emnoite de Festival (2008)Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Oficina de Danças Urbanascom Marcelino Back Spin (2010)Foto: Divulgação

Um pouco de...

1985 O terceiro Festival ganha mais um dia e passa a ser realizado na segunda quinzena de julho. Nesse ano, a grande novidade é a

realização de apresentações de dança em palcos montados em empresas da cidade.

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Clássico

Damas do Clássico

Ady Addor

Caminada

Jurada, professora, conselheira... Muitos são os papéis que Ady

Addor viveu no Festival de Dança de Joinville. Uma das mais respeitadas

maîtresses de ballet do país, ela ficou famosa pelo seu talento como

bailarina dramática. Dançou com o American Ballet Theatre of New

York e foi primeira bailarina no Ballet Nacional de Cuba, no Ballet

Nacional da Venezuela, no Ballet do IV Centenário da Cidade de São

Paulo e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Há anos se dedica

à formação de novos talentos em seu estúdio, dividindo seu vasto

conhecimento em dança com as novas gerações.

Bailarina formada pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (RJ), professora de

história da dança e autora de vários livros, Eliana Caminada é presença constante no

Festival de Joinville. De jurada a conselheira, “Cami” (como também é conhecida) é o olhar

atento do clássico na seletiva do Festival. Com uma longa trajetória nos palcos do mundo, foi

bailarina do Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Balé Guaíra, Companhia de Dança

Rio e do Ballet da Ópera Estatal de Munique – Bayerische Stats Oper (Alemanha). Experiência

acumulada nos palcos e que hoje Caminada compartilha, de maneira sempre muito

generosa, com os alunos e jovens bailarinos que a cercam e admiram.

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Caminada na seletiva doFestival de Dança,ao

lado de João Wlamir (2012)

Foto: Divulgação

Ady na banca de jurados do

clássicoFestival de 2003

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

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personagens

“Não se deve limitara arte jamais”

“Quando a gente diz que a pessoa está iluminada, sim ela esta iluminada, mas ela estudou com muito critério a coordenação, como um passo se inicia e como ele termina. E tudo isso vai criando a tal aura que o bailarino tem.”

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“Eu sou a favor de tudo que seja bem feito, clássico sim, contemporâneo sim, teatro sim, expressão corporal sim, tudo é sim. Nada é não, tudo é bem feito e deve ser aceito, quando é mal feito nada é válido. Não se deve limitar a arte jamais”. Em seu depoimento ao Projeto Memória, da São Paulo Companhia de Dança, Ismael Guiser resume a sua essência e os conceitos que pautaram seus atos. Bailarino, professor e coreógrafo, o argentino chegou ao Brasil nos anos 50 e se apaixonou. Dançou em grandes companhias do mundo, mas foi no país que escolheu para viver que fundou o Ballet Amigos da Dança e o Ballet Ismael Guiser. No Festival de Dança de Joinville esteve presente desde os primeiros tempos, ajudando, com sua experiência, a construir os alicerces do evento. Sobre o ballet, ele destacava a necessidade de estudo, muito estudo, por trás dos movimentos aparentemente naturais.

Exposição em homenagem a Ismael Guiser - 25° FestivalFoto: Guto Gonçalves

Linha do Tempo1984

O Festival ganha uma nova casa: o Ginásio Ivan Rodrigues e passa a ter sete dias de duração, 79 grupos e mais de mil

participantes. Com essa ampliação de tempo, a programação do evento abre espaço para uma “Noite de Abertura”, com

a apresentação especial do Balé do Teatro Guaíra (PR) e o espetáculo “O Grande Circo Místico”, do coreógrafo Carlos Trincheiras.

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Um pouco de...

Ao som ritmado de tambores e um tipo de castanholas tocadas ao vivo, as meninas do Grupo de Dança da Academia Corpo Livre, de Joinville, apresentaram em 2009 “A Noite na Polinésia” e levaram o Centreventos Cau Hansen ao delírio. Não era a primeira nem a última vez que isso acontecia. Nos anos anteriores as coreografias de Liliana Vieira Köhn já haviam levantado a plateia e em 2010 a cena se repetiria com “Parintins, Magia Amazônica”, que, a exemplo, da dança polinésia, levou o primeiro lugar em Danças Populares – Conjunto – Sênior.

Outro grupo de sucesso no Festival, que levou aos palcos de Joinville manifestações da cultura popular brasileira, é a Academia de Danças Fátima Freitas, de Recife (PE). Os meninos e meninas de Recife trazem a beleza do frevo e do maracatu para o Meia Ponta e Mostra Competitiva e, ao longo das edições, conquistaram a admiração da plateia e marcaram presença frequente entre os primeiros lugares.

...Cultura Popular

Meninas da Corpo Livre no Festival de 2009

Foto: Alceu Bett, Agência Espetaculum

Bailarinos de Recife no Meia Ponta de 2003

Foto: Amir Sfair Filho, Agência Espetaculum

VITRINE

Grupo Flávia Vargas (1999) Grupo de Danças Folclórica da Furb (2001) Wald Oliveira Estúdio de Dança e Artes (2008)

Fotos: Agência Espetaculum

1983Nasce o Festival de Dança de Joinville. No palco da Sociedade Harmonia-Lyra, prédio histórico no centro da cidade, 40 grupos e cerca de

600 estudantes de dança se apresentam com espetáculos de clássico, moderno, jazz e folclore, em cinco dias de festival.

Naquele ano, Joinville passava por um dos piores períodos de cheias de sua história.

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Urbano

Há quatro anos, quando ingressou no grupo Maniacs Crew – Germano Timm, Felipe Rosa Cardoso nem podia imaginar que em pouco tempo já seria destaque no cenário das danças urbanas. Para ele, ser aprovado na seletiva do Festival de Joinville em 2011 já era uma vitória. Mas o bailarino foi além, arrasou no palco, faturou o primeiro lugar no solo masculino com a coreografia “City of the Dance” e fez parte do elenco vencedor em danças urbanas, conjunto, com “Rocking”. E para coroar sua atuação no evento, Rodrigo conquistou nada menos que o prêmio de Melhor Bailarino do 29º Festival de Dança de Joinville.

Começo promissorFoto: Agência Espetaculum

Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Andanças

Um dos momentos inesquecíveis destes 30 anos de Festival foi protagonizado pelo astro da dança, Mikhail Baryshnikov. Com uma incomparável capacidade de renovação, que sempre marcou sua carreira, Baryshnikov – então com 59 anos – subiu ao palco do Festival de Joinville ao lado da Hell’s Kitchen Dance, na Noite de Abertura da 25ª edição do evento.

A companhia, formada por jovens bailarinos, nasceu em 2005 no Baryshnikov Arts Center (BAC), centro internacional de experimentação e intercâmbio artístico em Nova York. No programa apresentado em Joinville, três peças de três então jovens e promissores coreógrafos: “Years Later”, de Benjamin Millepied, “Leao to Tall”, de Donna Uchizono, e “Come In”, de Aszure Barton.

Sua sabedoria artística confirmou-se ao longo do tempo. Sem se prender ao padrão clássico do balé, ele vem mostrando que sabe interpretar o que é mais adequado a cada momento de sua vida e com isso garante sua longevidade artística.Comentário da crítica Ana Francisca Ponzio, para a Folha de São Paulo (julho/2007)

Quem andou por aqui...

Baryshnikov e a Hell’s Kitchen Dance

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“A linguagem do jazz é restrita, se você não abrir a mente para a movimentação ‘jazzística’, fica dançando o movimento pelo movimento puro, uma coisa meio chapada”, profetizava Carlota Portella, nos anos 90, no livro “15 anos de Dança”, que reuniu as lembranças das primeiras edições do Festival de Joinville. Sem medo de polêmicas e buscando sempre a inovação, ela chegou ao festival ainda na década de 80 trazendo o grupo Vacilou Dançou, a princípio, para as noites competitivas. Mas logo em 1989, no sétimo festival, o grupo famoso no Brasil inteiro já subia ao palco sozinho, como convidado, com a peça coreográfica

“Em Família”, inspirada na obra de Nelson Rodrigues.

Professora, jurada e conselheira, Carlota sempre foi destaque em Joinville. Em 2003, na 21ª edição do evento, por exemplo, o grupo Jazz Carlota Portella conquistou dois troféus, um pela atuação na coreografia Quase Normais, em Dança Contemporânea Sênior, e outro no Jazz Júnior, com a coreografia Bonecos.

No mesmo ano, a Companhia Vacilou Dançou abre a Mostra Contemporânea, apresentando dois trabalhos: o “Grito”, de Carlota Portella, e “Olho por Olho”, de Mário Nascimento.

Jazz Carlota Portella, categoria Júnior, coreografia

“Bonecos” (2003)Foto: Amir Sfair Filho,Agência Espetaculum

Vacilou Dançousem medo de polemizar

Cia Vacilou Dançou,Mostra Contemporânea de

Dança, coreografia“Olho por Olho” (2003)

Foto: Alceu Bett,Agência Espetaculum

personagens

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