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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 1 Número 2, dezembro 2010 Revist a FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA NÚMERO 3, ABRIL 2011 ISSN 2178-1672 FACULADADE MUITO ALÉM DO ENSINO

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 1

Número 2, dezembro 2010

Revista

FISIOTERAPIAEM EVIDÊNCIA

NúMERO 3, abRil 2011issN 2178-1672

f a c u l a d a d e

muito além dO ENsiNO

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2 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

Ano 2º, nº 3, abril/2011ISSN 2178-1672

Revista

Editores responsáveisSandra Mara Meireles Adolph (Doutora)Faculdade Dom Bosco Salete do Rocio Cavassin Brandalize (Mestre) Faculdade Dom Bosco [email protected]

Conselho editorialAriani Cavazzani Szkudlarek (Mestre)Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Faculdades Integradas Espírita

Cassio Preis (Mestre) Faculdade Dom Bosco e PUC-PR

Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (Mestre) Faculdade Dom Bosco

Cristiane Gonçalves Ribas (Mestre)Faculdade Dom Bosco e PUC-PR

Cristiane Regina Gruber (Mestre) Faculdade Dom Bosco e Unibrasil

Eduardo Bolisenha Simm (Mestre)Faculdade Dom Bosco, Faculdade Evangélica do Paraná e Unibrasil

Francisco Ernesto H. Zanardini (Mestre)Faculdade Dom Bosco e Faculdades Integradas Espírita

Gerson Luiz Cleto Dal Col (Doutor)Faculdade Dom Bosco e Universidade Tuiuti do Paraná

Gilda Maria Grasse Luck (Doutora)Faculdade Dom Bosco

Isabel Cristina Bini (Mestre) Faculdade Dom Bosco

Marcia Maria Kulczycki (Mestre)Faculdade Dom Bosco

Maria Laura Aquino C Assunção (Mestre) Faculdade Dom Bosco

Raciele Ivandra Guarda (Mestre)Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná

Silvia Regina Valderramas (Doutora) Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 3

Mais do que promover a melhora funcional, o fisioterapeuta é o ator social responsável por permitir significativo

ganho na qualidade de vida. Atuando como promotor da saúde e reabilitador, esse profissional é essencial para a redução de gastos com doenças. Para tanto, o crescimento técnico-científico baseado em evidências, abordando ações fisioterapêuticas, desde a promoção da saúde ao tratamento de patologias, torna-se essencial na valorização profissional perante a sociedade, que atualmente está amparada por uma ampla atualização científica, conquistada pela sólida formação universitária. Neste volume, o leitor pode aproximar-se de estudos realizados por graduandos e seus orientadores, na busca pela excelência no atendimento a pacientes.

O primeiro artigo aborda o tema revitalização geriátrica num grupo de portadores da doença de Parkinson, englobando um conjunto de ações fisioterapêuticas para a melhora da qualidade de vida e independência funcional dos indivíduos acometidos. O segundo artigo compara a ação da terapia manual com a cinesioterapia como técnicas de tratamento para a osteoartrite, patologia que acomete um número crescente de indivíduos no Brasil, cursando com inúmeras incapacidades decorrentes do quadro álgico. O artigo seguinte aborda a técnica da bandagem funcional na área de fisioterapia desportiva como recurso profilático de lesões por entorse de tornozelo em praticantes de basquetebol. O quarto artigo comprova como um programa de cinesioterapia com bola suíça, associado ao fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, contribui para a melhora da satisfação sexual de mulheres. Por fim, o último artigo, relacionado à fisioterapia do trabalho, debate o percentual e o índice de absenteísmo de funcionários de um hospital, levando o leitor a observar os fatores que podem constituir risco à saúde funcional do trabalhador.

Raciele Ivandra Guarda KoreloConselheira editorial

Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco

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4 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

Artigo - 1º................................................................................................... 5Revitalização geriátrica como recurso fisioterapêutico em portadores da doença de ParkinsonGeriatric Revitalization as resource Physiotherapeutic in patients of Parkinson’s Disease

Artigo - 2................................................................................................... 15Estudo comparativo controlado, randomizado, cego, entre terapia manual e cinesioterapia na osteoartrite de joelhoComparative study controlled, randomized, blind and between manual therapy and kinesiotherapy in osteoarthritis of knee.

Artigo - 3...................................................................................................26Estudo comparativo dos efeitos profiláticos da bandagem funcional para a entorse de tornozelo em atletas de basquetebolComparative study of prophylactic effects of functional bandage for ankle sprains in basketball players

Artigo - 4................................................................................................... 34Avaliação dos efeitos da cinesioterapia com bola suíça na satisfação sexual das mulheresEvaluation of the Effects of the Swiss Ball Cinesioterapia Sexual Satisfaction in Women

Artigo - 5................................................................................................... 42Análise do percentil de absenteísmo e suas causas nos diferentes setores em um hospital geral de Curitiba no ano de 2009Analysis of the percentile of absenteeism and their causes in the different sectors in a general hospital of Curitiba in the year of 2009

Normas para Apresentação de Artigos................................................. 47

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Artigo - 1º

Revitalização geriátrica como recurso fisioterapêutico em portadores da doença de ParkinsonGeriatric Revitalization as resource Physiotherapeutic in patients of Parkinson’s Disease

RESUMOObjetivos: avaliar os efeitos da técnica de revitalização geriátrica em idosos com diagnóstico de Doença de Parkinson. Métodos: foram selecionados oito frequentadores da Associação Paranaense de Portadores de Parkinsonismo de Curitiba, PR, do sexo feminino, na faixa etária de 60 a 80 anos, que atendiam aos critérios de classificação dos estágios de 0 a 2,5 da doença, segundo a escala de Hoehn e Yahr modificada. Foram aplicados, antes de iniciar o estudo, os testes de equilíbrio de BERG, o Teste de Performance Física e o Teste Cronometrado de Levantar e Ir. Os mesmos testes foram reaplicados ao final do estudo,

com o intuito de comparar o antes e depois da aplicação da técnica.Resultados: demonstraram diferença significativa na TPF (p= 0,00246). No Teste de Equilíbrio de BERG (p= 0,1865) e TUG (p= 0,09168), não houve diferença estatisticamente significativa. Conclusão: esses resultados sugerem que houve aumento na performance física dos sujeitos estudados, com melhora da qualidade de vida e das AVD’s, indicando que a técnica de revitalização geriátrica pode ser um recurso importante da fisioterapia no tratamento da DP, influenciando favoravelmente no curso natural da doença.Palavras-chave: Doença de Parkinson, fisioterapia, revitalização geriátrica.

ABSTRACTObjectives: to evaluate the effects of the technique of Geriatric Rehabilitation in the elderly diagnosed with Parkinson’s disease. Methods: we selected 8 subjects who frequented the Association of Patients with Parkinsonism Paranaense in Curitiba, female, between ages 60 to 80 years who met the criteria for classification of

0 to 2.5 stages of the disease, according the Hoehn and Yahr modified. Were applied before starting the study, tests of balance BERG, Physical Performance Test and the Test of Timed RAISE and Sr. The same tests were reapplied at the end of the study, in order to compare the before and after application of the technique. Results: showed significant differences in TPF (p = 0.00246). In the Berg Balance Test (p = 0.1865) and TUG (p = 0.09168) showed no statistically significant difference. Conclusion: these results suggest an increase in physical performance of subjects studied, with improvement in quality of life and ADLs, indicating that the technique of Geriatric Revitalization can be an important resource of physiotherapy in the treatment of PD, influencing favorably the natural course disease.Keywords: Parkinson’s disease, physical therapy, geriatric rehabilitation.

IntroduçãoDentre inúmeras patologias que acometem preferencialmente a população idosa, podemos

Aline Rodrigues de Lima 1Andressa Keler 2Anna Laryssa Pedroso Wink 3

Tatiane Aparecida Lopes 4Francisco Ernesto H. Zanardini 5

1. Graduanda da Faculdade Dom [email protected]. Graduanda da Faculdade Dom [email protected]. Graduanda da Faculdade Dom [email protected]. Graduanda da Faculdade Dom [email protected]. Professor-mestre da Faculdade Dom Bosco [email protected]

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observar a doença de Parkinson como uma das patologias determinantes de declínio e incapacidades funcionais¹ (Freitas et al. 2002). A doença de Parkinson é neurodegenerativa progressiva, e acomete cerca de 1% dos indivíduos com mais de 60 anos de idade, sendo homens e mulheres igualmente afetados. Segundo Kauffman (2001) caracteriza-se pela destruição de neurônios dopaminérgicos localizados na substância negra, provocando um quadro clínico constituído por acinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural2. Esses achados, no decorrer do tempo, podem levar o sujeito a grandes incapacidades funcionais e até mesmo à dependência cinético-funcional e das atividades de vida diária.Observando os sinais e sintomas desta patologia, podemos ressaltar que a fisioterapia deve atuar em todos os estágios de evolução da doença, podendo utilizar-se de diversas técnicas, métodos e procedimentos, que devem ter como finalidade proporcionar melhor qualidade de vida e/ou manter a independência cinético-funcional dos indivíduos acometidos. Dentre os diversos métodos indicados para o tratamento da doença de Parkinson, encontra-se a técnica intitulada revitalização geriátrica, que representa um conjunto de ações fisioterapêuticas objetivando a reabilitação das funções perdidas pela doença ou

Artigo - 1º

como forma preventiva, evitando maior declínio funcional ocasionado pela mesma, podendo interferir no curso natural da doença, proporcionando e melhorando a qualidade de vida e a capacidade funcional do idoso acometido por esta moléstia. A revitalização geriátrica, além de constituir uma técnica (ou conjunto de técnicas) preventiva e reabilitadora, converte-se, principalmente, em agente positivo para manter bons estados das condições de saúde de indivíduos idosos ou melhorá-los ainda mais³ (Rebellato e Morelli, 2004).Embasado nestas afirmações, o presente estudo foi efetuado entre os meses de junho e agosto de 2010 e teve como finalidade avaliar os efeitos da revitalização geriátrica na doença de Parkinson. Para isso, foram selecionados oito frequentadores da APPP de Curitiba, PR, do sexo feminino, portadores da doença de Parkinson, entre os estágios 0 a 2,5 conforme a escala de Hoehn e Yahr modificada.

MetodologiaO presente estudo, quanto aos seus objetivos, classifica-se como pesquisa descritiva exploratória quantitativa e experimental4,5,6. Foram inclusas no estudo oito idosas com idade entre 60 e 80 anos e diagnóstico de doença de Parkinson. Frequentadoras da APPP, na cidade de Curitiba, apresentavam estabilidade clínica e não estavam realizando outro tratamento

fisioterapêutico durante a pesquisa. Pessoas em estágio final da doença, com dependência cinético-funcional avançada, e demais enfermidades que perturbam o equilíbrio, como quadros de demência, síndrome de Parkinson Plus, parkinsonismo, doenças cardíacas não controladas, infecções e neoplasias, foram exclusas.Para seleção dos indivíduos que estavam de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foi utilizada a escala de Hoehn Yahr modificada, sendo inclusos na pesquisa os que se apresentaram nos estágios de 0 a 2,5 da doença de Parkinson. A escala de Hoehn Yahr é utilizada para analisar o estágio da doença em que a pessoa se encontra. Como resultado, classifica a doença em cinco estágios, dentre eles o 0, caracterizado por ausência de sinais da doença, e 5, que caracteriza limitação à cadeira de rodas, cama, exceto se auxiliado.Após escolhidos os indivíduos, de acordo com os métodos de inclusão e exclusão, foi apresentado o termo de Consentimento Livre Esclarecido, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que esclarece o estudo, assim como seus objetivos e os riscos e benefícios da técnica utilizada. Assinado esse termo, o estudo seguiu com uma avaliação inicial individual na APPP, utilizando uma sala cedida pela própria associação. Nessa avaliação, foi preenchida uma ficha de

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avaliação fisioterapêutica para cada paciente, contendo dados pessoais, exame físico, atividades funcionais na associação e medicamentos em uso. Terminada essa etapa, foram aplicados testes e escalas para avaliar os sujeitos antes de iniciarem a técnica de revitalização geriátrica, com a finalidade de comparar os mesmos testes e escalas ao final do estudo. Foram usados os testes de Performance Física (TPF), de Equilíbrio de Berg e Cronometrado de Levantar e Ir (TUG).Os sujeitos passaram pela avaliação e aplicação dos testes e escalas, e em seguida pela aplicação da técnica de revitalização geriátrica, que foi realizada duas vezes por semana, durante três meses, com duração entre 50 a 55 minutos. A técnica foi aplicada em uma área clara e arejada, com piso antiderrapante, cedida pela associação.A técnica começou com exercícios de aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares, durante 5 a 7 minutos. Em seguida, foram trabalhados componentes de mobilidade e força. Os pesquisadores dedicaram-se, em todos os atendimentos, aos distintos segmentos corporais, e combinaram exercícios de força e mobilidade, com duração aproximada de 15 minutos, utilizando recursos auxiliares como bastões, bolas, bambolês, faixas elásticas e halteres. Os exercícios foram iniciados em marcha lenta, aumentada gradualmente ,e

foram finalizadoscom retorno gradual à marcha lenta, com duração aproximada de 3 minutos. Neste momento do atendimento, houve um intervalo para que os sujeitos pudessem descansar e hidratar-se com água. Os 15 ou 20 minutos restantes foram dedicados a exercícios de coordenação, agilidade e equilíbrio. Finalizou-se o atendimento com exercícios respiratórios e de relaxamento. No primeiro atendimento, foram apresentados os objetivos do estudo aos frequentadores da APPP, desenvolvendo o primeiro contato com os indivíduos e aplicando a escala de Hoehnr Yahr e conforme os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados oito participantes.No segundo atendimento foram aplicadas, de forma individual, as escalas TPF, Berg e TUG, e confirmaram-se os dias de atendimento, que iniciou na semana seguinte.A partir do terceiro atendimento, iniciou-se a aplicação da técnica de revitalização geriátrica, conforme descrita anteriormente, seguindo criteriosamente sua aplicação, entretanto, visando sinais e sintomas característicos da doença de Parkinson já citados, alguns exercícios foram realizados. Estes serão descritos a seguir e foram executados em quase todos os atendimentos.

1. Exercícios de mobilidade articular, principalmente com

movimentos de grandes articulações, como ombro, quadril, joelho e coluna. Sendo que nos movimentos de coluna foi enfatizada a rotação e extensão. 2. Treinos de marcha, equilíbrio e coordenação através de informações visuais por meio de marcadores sobre o solo, em formato de passos, em curvas e mudança súbita de direção, orientando os sujeitos a andarem de lado, com um pé na frente do outro, associando a marcha com mobilidade de cintura escapular, com auxílio de bastões e balanceio de membros superiores. Conforme a evolução dos sujeitos, algumas modificações foram realizadas, com o intuito de aumentar a dificuldade dos exercícios e treinar dupla-tarefa, sendo estas executadas ao subir e descer degraus e rampas, segurar objetos e bolas ao andar, associar o balanceio de membros superiores de forma alternada com a flexão de quadril e joelhos durante a marcha, bater palmas, responder a perguntas feitas pelas pesquisadoras e andar para trás com supervisão.

Outros exercícios foram executados com o intuito de treinar dupla-tarefa, de forma que os sujeitos eram dispostos em círculo, sendo solicitado a eles jogar a bola e responder a perguntas feitas pelas pesquisadoras ao mesmo tempo.Ao fim dos três meses de

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aplicação do estudo, os sujeitos foram questionados sobre a melhora vista por eles em sua qualidade de vida, e os testes de equilíbrio de Berg, TUG e TPF foram reaplicados para a comparação da pré e pós-aplicação da técnica de revitalização geriátrica. Dessa forma observaram-se os possíveis efeitos que este tratamento pode proporcionar aos portadores da doença de Parkinson.

RESULTADOSA análise estatística foi realizada utilizando o software R version 2.11.1 (2010-5-31). Os dados quantitativos foram descritos através de médias, medianas e desvio-padrão e foram aplicados, aos dados que serão expostos a seguir, o Teste Exato de Fischer e o Teste T-Student. As informações estão classificadas conforme os quesitos da avaliação.Os oito sujeitos eram do sexo feminino, com idade entre 62 e 70 anos, uma média de 69, 75 anos. O tempo de diagnóstico da doença de Parkinson variou entre 2 e 12, anos com média de diagnóstico entre 7 e 13 anos. Segundo o teste de Hoehn Yahr, o estágio da doença esteve classificado entre 0 e 2,5, sendo que 50% dos sujeitos estavam classificados no estágio 0, com ausência dos sinais da doença; 20% no estágio 1; 12,5% no estágio 1,5; 12, 5 % no estágio 2,5. Tais dados estão apresentados na tabela 1.

TABELA 1 – IDADE, TEMPO DE DIAGNÓSTICO E ESTÁGIO DA DOENÇA DE PARKINSON

Tempo Teste Idade de diagnóstico de Hoen YahrMédia 69,75 7,13 1Mediana 69,5 5,5 1Desvio-padrão 5,73 3,94 0,80____________________________________________________________________FONTE: elaborado pelas autoras.

TABELA 2 – TESTE DE PERFORMANCE FÍSICA

Antes DepoisMédia 17,5 21,625Mediana 17,5 22 Desvio-padrão 3,93 4,00____________________________________________________________________FONTE: elaborado pelas autoras.

Nos dados apresentados na tabela 2 e exemplificados no gráfico 1, em que foi aplicado o teste paramétrico T de Student para avaliar se existe diferença entre as médias “antes” e “depois” da aplicação do estudo, obtendo-se um p-valor = 0,00246, conclui-se que na variável Teste de Performance Física, quando analisada a soma das capacidades, observa-se uma diferença estatisticamente significativa, ao nível de 5% de significância. Sendo este aumento, em média, de 4,125 pontos, podendo variar, considerando um intervalo de confiança de 95%, entre 2,008 e 6,241 pontos.

GRÁFICO 1 – TESTE DE PERFORMANCE FÍSICA TOTAL

FONTE: elaborado pelas autoras.

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Artigo - 1º

TABELA 3- ESCALA DE BERG Antes DepoisMédia 44,75 47,5Mediana 46 49 Desvio-padrão 7,70 6,59____________________________________________________________________FONTE: elaborado pelas autoras.

GRÁFICO 2 - ESCALA DE BERG

FONTE: elaborado pelas autoras.

TABELA 4– TESTE CRONOMETRADO DE LEVANTAR E IR

Antes DepoisMédia 13,625 segundos 11,6125 segundosMediana 11,5 segundos 9,285 segundos Desvio-padrão 10,06 segundos 7,81 segundos____________________________________________________________________FONTE: elaborado pelas autoras.

Para a variável Escala de Berg, cujos dados estão exemplificados na tabela 3 e no gráfico 2, obteve-se p-valor = 0,1865; no “Teste Cronometrado de Levantar e Ir, apresentado na tabela 4 e demonstrados no gráfico 3, obteve-se um p-valor = 0,09168. Utilizando também o teste T de Student, concluiu-se que não há evidências estatísticas de que os valores desses testes tenham se alterado após a aplicação do tratamento, considerando um nível de 5% de significância.

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Artigo - 1º

GRÁFICO 3 – TESTE CRONOMETRADO DE LEVANTAR E IR

FONTE: elaborado pelas autoras.

DiscussãoNo presente estudo, utilizaram-se como instrumentos de avaliação quantitativa os testes de TPF, Berg e TUG. Foi avaliada cada uma das variáveis do TPF em separado com a intenção de identificar a perda funcional para AVD’s e AIVD’s na doença de Parkinson. As AVD’s podem ser divididas em seis categorias básicas, conforme o Índice de Kats 7. Segundo a TPF, os itens comer, vestir-se, girar 360º, caminhar 15,2 m, subir um degrau, subir e descer números de degraus simulam as AVD’s básicas; itens como escrever uma sentença, erguer um livro e colocá-lo em uma estante, pegar uma moeda no chão são classificadas como AIVD’s. A avaliação das AVD’s e AIVD’s em portadores de Parkinson no presente estudo através do TPF baseiam-se em autores que apresentam a doença de Parkinson (DP) como distúrbio neurodegenerativo progressivo, que acomete os núcleos da base (NB) do sistema nervoso central, principalmente com destruição dos neurônios da substância negra, responsáveis pela produção do neurotransmissor conhecido como dopamina, abrangendo um grupo de manifestações clínicas caracterizadas por tremor e perturbação dos movimentos involuntários da postura corporal, do equilíbrio, rigidez que tem uma prevalência maior em idosos em uma faixa etária entre 55 e 65 anos3,8,9. Esses sinais

e sintomas podem acarretar limitações das AVD’s já na fase inicial da doença, e fazem dos aspectos físicos uns dos grandes responsáveis pela piora da qualidade de vida (QV) desses indivíduos10. Os portadores da doença de Parkinson apresentam dificuldades em lidar com tarefas como caminhar, levantar da cadeira, mover-se na cama, comer e colocar os sapatos. Essas limitações, no estado funcional e nas AVD’s, frequentemente explicam a perda de independência e o declínio na qualidade de vida11. Quando analisada a soma das capacidades do TPF através do teste T de Student, observa-se uma diferença estatisticamente significativa no Teste de Perfomance Física. Ou seja, os sujeitos aumentaram sutilmente a capacidade de realizar várias atividades, individualmente não muitosignificativas, mas em conjunto, sim, melhorando a perfomance física e, consequentemente, as AVD’s e AIVD’s dos sujeitos estudados. Esses dados podem ser comparados aos achados de Lana et al. (2007), em estudo realizado com 24 indivíduos portadores da doença de Parkinson, com idade superior a 65 anos, entre os estágios 2 e 3 no teste de Hoehn e Yahr, divididos em dois grupos, em que o grupo experimental associava atendimentos de fisioterapia com cinesioterapia ao uso do fármaco Levodopa, e o grupo-controle somente o uso do fármaco. Obteve diferença significativa o grupo

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que realizou cinesioterapia associado ao Levodopa, com aumento da qualidade de vida e melhora das AVD’s como caminhar, levantar da cadeira, mover-se na cama, comer e colocar os sapatos, estas avaliadas pela escala SPES e pelo questionário de qualidade de vida PDQL11. Para a variável TUG, foi utilizado o teste de T de Student, que não demonstrou diferença significativa na pré e pós-aplicação do estudo, entretanto houve tendência à melhora na habilidade e mobilidade e diminuição no tempo de execução do teste. No início da aplicação do estudo, os sujeitos executaram o teste em 13,6 segundos, caindo este tempo para 11,6 segundos após a aplicação, e consequentemente puderam desempenhar a AVD de caminhar melhor, pois a marcha no Parkinson é caracterizada por pobreza de movimentos e diminuição de velocidade, sendo que a presença da festinação ocorre na tentativa de perseguir o centro da gravidade a fim de evitar quedas, caracterizada por aumento progressivo da velocidade e encurtamento do passo12,13. Caetano et al. (2007) estudaram dezesseis idosos, oito com DP e oito neurologicamente sadios. Analisaram o equilíbrio dinâmico, andando livremente e em condições de restrição na largura e altura da superfície de suporte. Os dados cinemáticos foram registrados com marcadores passivos afixados no ombro, quadril, joelho,

tornozelo, calcanhar e nos metatarsos, e pedu-se para os sujeitos andarem em uma superfície retilínea de 5 metros. Concluíram que, comparado com o andar dos idosos neurológicos sadios, o andar dos idosos com DP foi mais lento, com passadas curtas, maior tempo gasto com ambos os pés em contato com o solo e menor tempo gasto na fase de balanço da perna14. Goulart et al. (2004) analisaram a velocidade da marcha e velocidade de subir e descer escadas, comparando vinte sujeitos com DP e vinte saudáveis. Embora sem diferença estatística, pode-se observar que os pacientes com Parkinson levaram mais tempo para deambular e subir e descer degraus, demonstrando a menor independência vista nesta população, mesmo em estágios iniciais da doença, resultantes da depleção da dopamina, que se apresenta na bradicinesia e rigidez. Entretanto, sugerem que essas alterações podem ser resultantes não somente das características neurológicas da doença, mas também das limitações musculoesqueléticas que a acompanham15. Tais afirmações demonstram a importância da atuação da fisioterapia na DP focando a marcha dos idosos acometidos. Dias et al. (2005), baseados nesses achados, avaliaram a eficácia do treino de marcha com pistas visuais em pacientes com DP. Selecionaram dezesseis sujeitos com DP

randomizados em dois grupos. O primeiro grupo experimental realizou treino de marcha com pistas visuais associadas à fisioterapia convencional, e o segundo realizou somente fisioterapia convencional. Chegaram à conclusão que o grupo que realizou fisioterapia convencional e treino de marcha com pistas visuais apresentou redução significativa no número de passos, em um percurso de 10 m, quando comparado ao grupo-controle, que realizou apenas fisioterapia convencional, aumentando o comprimento do passo e a velocidade, evidenciando uma melhora da cadência no grupo de estudo. Os autores citam que a utilização das pistas visuais tem a finalidade de desviar a função dos núcleos da base, a fim de regular a função motora deficitária13. As pistas visuais funcionam através de alvos moventes que ativam a via cerebelar visual-motora16. Ensaios de laboratório mostraram que estímulos externos, como linhas brancas no chão, batidas rítmicas e música, permitem que pessoas com Parkinson caminhem com passos largos. Essas intervenções ajudam as pessoas a andar mais rápido, compensando a hipocinesia característica da doença17.O teste de Equilíbrio de Berg foi analisado utilizando o teste T de student pré e pós-tratamento. Estatisticamente, não houve diferença significativa entre as duas distribuições, todavia, foi observada uma tendência

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em melhora do equilíbrio, uma vez que na avaliação pré-aplicação os sujeitos alcançaram 44,75 pontos, e no pós subiram este número para 47,5 pontos. Observando a tendência à elevação na pontuação, mesmo que sem significância estatística, ela pode ser justificada pelo incremento de FM em membros inferiores advindos da reabilitação executada, que embora não tenha sido idealizada com o intuito de promover aumento da força muscular, pode mantê-la ou incrementá-la3. Essa tendência à melhora ressalta a importância do treino de equilíbrio, pois ao avaliar o índice de quedas e a correlação com o estágio da doença em trinta pacientes, estudiosos detectaram que 60% dos pacientes classificados no estágio leve de progressão da DP apresentaram risco moderado de quedas, e 20% risco alto. Dos que se encontravam no estágio moderado e todos os classificados no estágio grave da doença, 75% apresentaram risco alto de quedas, concluindo que o risco de queda na DP aparece desde o estágio leve e tende aumentar conforme a evolução da doença18.Para tanto, é preciso entender que a condição de equilíbrio é determinada pela integração de vários sistemas, em que a visão fornece as devidas relações espaciais; o aparelho vestibular responde a estímulos que envolvem o corpo, propiciando coordenação da resposta motora; a propriocepção pelos sensores proprioceptivos

dos músculos, tendões, articulações, vísceras e pele traduzem esses estímulos por reflexos relacionados a calor, frio ou dor. Qualquer alteração apresentada pelo idoso em um destes sistemas interfere na interação da manutenção do equilíbrio corporal. Os distúrbios motores ocasionados pela doença, como rotação do tronco reduzida, postura de tronco flexionada, amplitude de movimento reduzido nos quadris, joelhos e tornozelos, ausência ou redução do balanço dos braços, comprimento reduzido do passo e festinação, assim como alterações na variabilidade, regularidade e estabilidade temporal do andar – como o maior gasto em duplo suporte –interfere em sua agilidade e equilíbrio dinâmico, o que pode comprometer o desempenho das AVD’s e aumentar o índice de quedas14. Adkin, Bloem e Allum (2005) mediram as oscilações anteroposterior e médio-lateral do tronco durante a realização de tarefas de postura quieta e a locomoção. Os resultados para as tarefas de postura quieta sugerem que, mesmo sob efeito da medicação, as estratégias de restabelecimento do equilíbrio são alteradas nos pacientes, entretanto, para as tarefas de locomoção, nenhuma diferença significativa para as oscilações do tronco foi encontrada, tendo sido revelado apenas que portadores de DP levam mais tempo para realizar cada tarefa de locomoção, quando comparados com

o grupo-controle de idosos sadios. Concluiu-se que o maior tempo gasto pelos pacientes para locomover-se funciona como uma estratégia compensatória para reduzir a oscilação do tronco19. A dificuldade do indivíduo com DP em executar movimentos que influenciam no equilíbrio, como balanceio de MMSS, rotação de tronco e flexão de quadril para deambular, são causados pela degeneração dos NB, que têm a função de controlar o movimento, explicando que é possível, para os pacientes com Parkinson, gerar padrões de movimentos normais quando se focalizam no desempenho. Isso porque pode ocorrer a ativação da região do córtex pré-motor, intacto, sem recorrer ao circuito deficitário dos núcleos da base, auxiliando na produção dos movimentos. Teixeira e Alouche (2007) confirmaram isso em seu estudo com dez indivíduos saudáveis e dez com DP, em que foi solicitado que vestissem uma camisa com botões o mais rapidamente possível de forma isolada (tarefa simples) enquanto verbalizavam nomes próprios femininos em ordem aleatória (dupla tarefa). Concluíram que os pacientes com DP levaram mais tempo para completar ambas as tarefas, quando comparados aos indivíduos saudáveis. Ambos os grupos cometeram mais erros na dupla tarefa20. Porém, afirmam a possibilidade de melhora do desempenho com a prática, sendo que a capacidade de aprender novas sequências

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de movimentos ao realizarem repetições é possível nos estágios iniciais e moderados da doença21.Estas afirmações enfatizam a atuação da fisioterapia na doença de Parkinson, que deve interferir no curso natural da doença, sendo que melhora as AVD’s por ensinar e treinar as funções perdidas na DP11. O presente estudo, ao empregar a técnica de revitalização geriátrica como recurso a ser utilizado no tratamento da DP, sendo um agente promotor de saúde e uma técnica reabilitadora, visou essas afirmativas, propostas por alguns autores3. O objetivo da revitalização geriátrica é a melhora na qualidade de vida dos idosos participantes. Pode ser aplicada para diferentes estados de saúde dos idosos, justificando a utilização desta técnica neste estudo na doença de Parkinson. Por ser aplicada em grupo, concorda com Castro et al. (2007) que a fisioterapia em grupo na DP não é parcialmente mediada somente pela aptidão aumentada e alívio da rigidez, pois os benefícios vão além de melhorias funcionais, mas também pode oferecer maiores oportunidades psicológicas e sociais, conscientização e educação, uma vez que os pacientes que realizam terapia em grupo interagem com outras pessoas que enfrentam situações semelhantes e apoiam-se ativamente uns aos outros, contribuindo para a socialização global, além de ser um recurso disponível pelo seu baixo custo22,23.

CONCLUSÃOA técnica de revitalização geriátrica aplicada aos portadores da doença de Parkinson, com média de 1 ponto, conforme o Teste de Hoehn e Yahn, no presente estudo, demonstrou estatisticamente, pela escala de TPF pré e pós-tratamento, melhora da performance física global, com aumento da qualidade de vida e otimização das AVD’s e AIVD’s dos sujeitos estudados. Também demonstrou tendência à melhora de equilíbrio e prevenção de risco de quedas pelas escalas de Berg e TUG, respectivamente. A fisioterapia pela técnica de revitalização geriátrica tende a ser um agente facilitador na alteração natural do curso dessa doença crônica, podendo ser uma sugestão para seu tratamento, devendo estar ao alcance dos profissionais de fisioterapia, pois visa restituir ou manter a independência funcional do idoso, tornando-o capaz de gerir sua vida e executar suas AVD’s e AIVD’s e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida. Entretanto, ressaltamos a importância de novos estudos com uma amostra maior e a inclusão de um grupo-controle para concluir, com maior fidedignidade, os resultados obtidos e apresentados por este estudo.

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Estudo comparativo controlado, randomizado, cego, entre terapia manual e cinesioterapia na osteoartrite de joelhoComparative study controlled, randomized, blind and between manual therapy and kinesiotherapy in osteoarthritis of knee.

RESUMOSabe-se que a osteoartrite é um distúrbio articular que pode ser causado por diversos fatores articulares e não articulares, sendo considerada uma das principais doenças causadoras de incapacidade, acometendo indivíduos a partir da quinta ou sexta década de vida, principalmente mulheres. Analisando tais dados, esta pesquisa se propôs a realizar uma comparação entre a aplicação da terapia manual e da cinesioterapia na osteoartrite de joelho. Foram selecionados, para participar da pesquisa, quatorze sujeitos, na faixa etária de 50 a 75 anos, sendo que destes dois não participaram da

pesquisa por problemas de saúde. Os doze indivíduos que participaram da pesquisa foram distribuídos através de sorteio em dois grupos: G1 (grupo experimental, recebendo tratamento com terapia manual e cinesioterapia), e G2 (grupo-controle, recebendo tratamento somente com cinesioterapia). Estes indivíduos foram avaliados e reavaliados por avaliador cego, enfatizando grau de dor, goniometria e avaliação da resistência máxima, e foram submetidos a oito atendimentos, distribuídos numa frequência de duas vezes semanais. Não houve diferenças na redução do quadro álgico, no aumento da amplitude de movimento nem no aumento do resultado da avaliação de resistência máxima. Devido ao pequeno número de amostra e de atendimentos, não se pôde comprovar a efetividade da terapia manual na redução do quadro clínico da osteoartrite.Palavras-chave: joelho, osteoartrite, terapia manual, cinesioterapia, fisioterapia.

ABSTRACTIt is known that osteoarthritis is a joint disorder that can be caused by many factors

and non-articular joint, and is considered a major disease causing disability, affecting individuals from the fifth or sixth decade of life, especially women. Analyzing such data, this research proposes to make a comparison between the application of manual therapy and kinesioterapy in knee osteoarthritis. Were selected to participate in the survey in 14 subjects aged 50 to 75 years, of whom two did not participate in the study because of health problems. The 12 individuals who participated in the survey were distributed at random into two groups: group 1 (experimental group receiving manual therapy and treatment with kinesiotherapy) and G2 (control group receiving treatment with only kinesiotherapy). These individuals were assessed and reassessed by a blind assessor, emphasizing the degree of pain, goniometry and evaluation of full strength and were subjected to 8 visits distributed over a frequency of twice weekly. There were no differences in the pain reduction, increased range of motion, or in raising the result of evaluation of maximum strength. Due to the small sample number

Douglas Ramos do Rosário 1

Lais Simioni 2Luciane Aparecida dos Anjos 3Hellen Stacheski 4

Maria Laura Aquino Calado de Assunção 5

1. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]) 2. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 3. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 4. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 5. Mestre em Educação pela UFPR e docente da Faculdade Dom Bosco.

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and owing to the small number of visits, we can not prove the effectiveness of manual therapy in reducing the clinical symptoms of osteoarthritis.Keywords: Knee, Osteoarthritis, Manual Therapy, Kinesiotherapy, Physical Therapy

IntroduçãoSabe-se que a osteoartrite é uma doença que vem acometendo um número significativo de sujeitos a partir dos 45 anos para homens, e antes dos 45 anos para mulheres (SKARE, 1999). Com a evolução desta doença, os sujeitos acometidos sofrem de dores próximas às articulações afetadas, diminuição da amplitude de movimento, redução da força, instabilidade articular, dentre outros, ou seja, o sujeito apresenta dificuldades na realização das atividades de vida diária (REBELATTO & MORELLI, 2007).Para Moreira et al. (2009), a osteoartrite, comumente chamada de artrose, tem sua prevalência aumentada com a idade e é muito frequente na população com mais de 65 anos, sendo que as mulheres apresentam os sinais mais precocemente que os homens. Freitas et al. (2002) informam-nos que, atualmente, a população brasileira com idade igual ou superior a 60 anos é da ordem de 15 milhões de habitantes. Sua participação no total da população nacional dobrou nos últimos 50 anos, passando

de 4%, em 1940, para 9%, em 2000. Projeções recentes indicam que esse segmento poderá ser responsável por quase 15% da população brasileira em 2020, colocando o Brasil como 6º país do mundo em numero de idosos (CAMARANO, 2002). A fisioterapia apresenta diversos recursos, como a cinesioterapia e a eletrotermofototerapia, que auxiliam no tratamento da osteoartrite, promovendo maior qualidade de vida aos sujeitos afetados.Da mesma forma, a terapia manual é um recurso fisioterapêutico, que existe há séculos, como lembrado por Lederman (2001), com boa aceitação. Acredita-se que, por meio de suas manobras, possivelmente os pacientes com osteoartrite de joelho serão beneficiados na redução do quadro clínico da doença.Apesar da ação dos efeitos da terapia manual não serem muito investigados, é lembrado que a terapia manual é um mecanismo antigo, utilizado para o relaxamento e alívio da dor, fornecendo assim os benefícios mecânicos de aumento da circulação, redução do edema e relaxamento do tecido onde são realizadas as manobras (LEDERMAN, 2001).Baseado nestes dados, este estudo tem como objetivo verificar se a terapia manual é efetiva na redução da dor, na melhora funcional, na mobilidade e na qualidade de vida de sujeitos com osteoartrite de joelho. Os objetivos

específicos são estudar os efeitos patognomônicos da osteoartrite, comparar os efeitos do uso da cinesioterapia e da terapia manual com o uso exclusivo da cinesioterapia, analisar estatisticamente os resultados e discuti-los.

Métodos e ProcedimentosA presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco, de acordo com a lei nº. 196/96, do CNS, em 16 de dezembro de 2009.Teve como base o estudo quantitativo controlado randomizado cego, oqual para Fachin, (2005), aborda o problema por meio de pesquisa quantitativa, pois determina, os dados em proporções numéricas, quantificando a variável, contagem e mensuração dos dados que serão obtidos. Gil (2002) diz que é uma pesquisa controlada, por existir a necessidade de um grupo-controle, sendo ainda, do ponto de vista dos vários procedimentos técnicos, uma pesquisa experimental.

POPULAÇÃO E PARTICIPANTESSujeitos com osteoartrite de joelho, homens e mulheres entre 50 e 80 anos da cidade de Curitiba. Critérios de inclusão: 1) sujeitos com osteoartrite de joelho; 2) faixa etária entre 50 a 80 anos; 3) acessibilidade geográfica; 4) EVA máxima de 8; 5) minimental com nota mínima

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20 para analfabetos; 25 de 1 a 4 anos de escolaridade; 26,5 de 5 a 8 anos de escolaridade; 28 de 9 a 11 anos de escolaridade; 29 para indivíduos com escolaridade superior a 11 anos. Critérios de exclusão: 1) ter realizado fisioterapia nos últimos 3 meses; 2) ter prótese de joelho; 3) apresentar trombose e/ou tromboflebite.

LOCAL DA REALIZAÇÃO DAS ETAPAS EXPERIMENTAISEste estudo foi realizado nas dependências da Clínica- Escola de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco.

TIPO DA AMOSTRAConforme Gil, (2002) a amostragem do tipo aleatória simples.

CÁLCULO DA AMOSTRA Para o cálculo do tamanho da amostra, foi usada a variável dor (parâmetro principal do estudo). Foi considerado o nível de significância de 5%, o poder do teste de 90% e a variância da dor igual a 1,4, como apresentado no artigo de WENG et. Al. (2009). Para se detectarem diferenças significativas de dois pontos na escala visual analógica (EVA) de dor, o número da amostra (n) foi estabelecido em, no mínimo, dez sujeitos em cada grupo.

PROCEDIMENTOSEntrou-se em contato com os pacientes portadores de osteoartrite da Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Os laudos desses

pacientes encontram-se no arquivo morto da instituição cedente. Prevê-se posterior contato com os pacientes, com o intuito de dar continuidade ao tratamento, para analisar se a terapia manual é efetiva na osteoartrite de joelho.

Randomização dos sujeitos da pesquisaOs sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos, distribuídos aleatoriamente em grupo experimental e grupo-controle pelos aplicadores das técnicas.

Avaliação dos sujeitos da pesquisaRealizou-se uma avaliação no início do tratamento, e uma reavaliação ao término do tratamento por um avaliador cego. Utilizou-se o questionário WOMAC para avaliação funcional e a escala EVA para avaliar a intensidade da dor.A utilização da escala EVA é assim descrita por Aquino et. al, (1990) “Para avaliação da dor, o paciente indicará uma nota em uma escala visual analógica horizontal, que marcará de 0 a 10 cm, na qual 0 representa sem dor, e 10, a máxima dor (insuportável)”.Foi realizada a goniometria, como descrita por MARQUES (2005), para avaliar a amplitude de movimento inicial e final dos sujeitos.

GRUPO EXPERIMENTALAlongamentoRealizou-se alongamento de forma passiva, sendo executado como relatado por

Kisner e Colby, (2005).1. Alongamento do reto femoral – sujeito em decúbito lateral sobre o divã. O fisioterapeuta, posicionado atrás do sujeito, apoia a mão na região medial do joelho, o qual se encontra em semiflexão, realizando então a extensão do quadril.2. Alongamento de isquiotibiais – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, com os membros inferiores em extensão. O fisioterapeuta realiza uma flexão de quadril em um dos membros.3. Alongamento dos adutores do quadril – sujeito em decúbito dorsal, com extensão de quadril e extensão de joelho. O fisioterapeuta realiza abdução de quadril.4. Alongamento dos abdutores do quadril – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, com flexão de quadril mínima. O fisioterapeuta aplica força na região do tornozelo do sujeito, em sentido ao lado contralateral, fazendo com que um membro passe sobre o outro.Os alongamentos tiveram duração de 45 segundos, pois, segundo Mchugh, (1992), durante um período de 39 segundos o fuso muscular reage como se estivesse sendo estirado, e após esse período é inibido pela ação do OTG (órgão tendinoso de Golgi), restando 6 segundos para um alongamento mais efetivo.

FortalecimentoRealizou-se fortalecimento de forma ativa em cadeia cinética aberta, com exercício resistido

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progressivo, que utiliza regimes isotônicos, conforme Deliberato, (2007), e uma tornozeleira. Os pacientes dos grupo experimental e controle foram submetidos à avaliação da força muscular pela repetição máxima (RM). Sendo assim, os pacientes realizaram dez repetições com o máximo de peso que conseguiam, determinando dez repetições máximas (10 RM), seguindo o protocolo de DELORME. Uma vez estipulada a carga de 10 RM, o treinamento foi dividido da seguinte forma: duas séries de dez repetições, com 50% de 10 RM, sempre respeitando o limite de dor do paciente.A posição do sujeito foi realizada conforme Kisner e Colby, (2005).1. Fortalecimento de extensores de joelho –sujeito sentado com flexão de quadril a 90º, com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize extensão do joelho, retornando em seguida à posição inicial.2. Fortalecimento de flexores de joelho –sujeito em decúbito ventral, com joelho e quadril na posição neutra e com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize flexão do joelho, logo em seguida retornando à posição inicial.3. Fortalecimento de abdutores de quadril –sujeito em decúbito lateral, com os joelhos e o quadril na posição neutra, com tornozeleira. O fisioterapeuta solicita que o sujeito realize uma abdução, retornando à posição inicial em seguida.

4. Fortalecimento de adutores de quadril – o fisioterapeuta solicita que o sujeito retorne, de forma lenta, à posição inicial, quando realizado o exercício de abdutores de quadril.

Mobilização articularA técnica de mobilização articular foi realizada conforme descrita por Edmond (2000).1. Mobilização articular femoropatelar de cranial para caudal – sujeito em decúbito dorsal sobre o divã, mantendo 5º de flexão de joelho com o apoio de uma almofada. O fisioterapeuta, posicionado ao lado do sujeito, segura as faces superior e inferior da patela com ambos os polegares e os indicadores de ambas as mãos, realizando então movimento patelar no sentido cranial para caudal, sem pressão descendente.2. Mobilização articular femoropatelar de medial para lateral – mantendo o paciente a mesma postura que a anterior, o fisioterapeuta coloca os polegares e indicadores na região lateral e medial da patela, esta sendo então movida de medial para lateral, deslizando-a sobre o fêmur.3. Mobilização articular femoropatelar de anterior para posterior – a postura do paciente é mantida como anteriormente. O fisioterapeuta segura a patela com um polegar na base e o outro polegar sobre o ápice da patela, movendo inicialmente a base da patela em sentido

anteroposterior, e depois repete o movimento no ápice da patela, causando uma espécie de movimento de balanço.

PompageÉ descrita conforme Bienfait (1999) e realizada em três tempos: no primeiro, tensionamento, o fisioterapeuta realiza um alongamento de forma lenta, regular e progressiva, indo até o limite da elasticidade fisiológica, o qual é dosado pela sensibilidade de cada indivíduo. No segundo, manutenção da tensão, manteve-se o tensionamento por 20 segundos, sendo este tempo necessário para que a cartilagem fosse embebida de líquido sinovial para melhor nutrição. É importante salientar que este tempo é o mais importante para a pompage. No terceiro, tempo de retorno, o paciente retornou lentamente à posição inicial, para que não provoque reflexo contrátil do músculo.As pompages foram a de psoas, aplicadas em sujeitos em decúbito dorsal com flexão de joelho. O fisioterapeuta apoiou, com um membro superior, o membro a ser tratado na fossa poplítea; com um membro superior, apoiou o quadril do sujeito. No tensionamento, o fisioterapeuta inclinou-se para traz. Para o piriforme, o sujeito ficou em decúbito dorsal flexão de um joelho. O fisioterapeuta, no lado oposto, segurou o joelho e o quadril, realizando o tensionamento pela tração da

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mão caudal, puxando o joelho e levando o quadril para uma adução-rotação interna. Na pompagem do piramidal, o sujeito, em decúbito dorsal, realizou flexão de joelho, e o fisioterapeuta, no lado oposto, realizou o tensionamento, levando o joelho flexionado para uma rotação interna. Na pompagem do solear, o sujeito permaneceu em decúbito dorsal e realizou uma leve flexão de quadril. O fisioterapeuta segurou o pé do sujeito e realizou a flexão dorsal do tornozelo. Para o joelho, estando o sujeito em decúbito dorsal com um membro inferior suspenso na beira do divã e mantendo flexão de joelho, o fisioterapeuta segurou o joelho e gerou um tensionamento, com um leve recuo para traz. Para o quadríceps, mantendo o sujeito em decúbito ventral com um apoio em baixo do joelho a ser tratado, o fisioterapeuta realizou a flexão total do joelho. Para o quadril, estando o sujeito em decúbito dorsal, o fisioterapeuta segurou o membro inferior a ser tratado, realizando uma flexão de quadril; o tensionamento foi obtido com a tração do quadril.Para o grupo-controle foram realizados exercícios de fortalecimento e alongamento, conforme citado no grupo experimental.

RESULTADOSParticiparam deste estudo quatorze sujeitos, que foram avaliados e reavaliados por um avaliador cego, randomizados em dois

grupos: (G1), grupo experimental, o qual teve variação de idade de 52 a 72 anos, tendo uma média de idade de 63,83 ± 9,11, e (G2), grupo-controle, no qual houve variação de idade de 57 a 65 anos, tendo uma média de idade de 61,50 ± 3,02.Dentre os sujeitos participantes do estudo, treze eram do sexo feminino e um do masculino. Salienta-se que dois sujeitos não finalizaram a pesquisa, sendo eles M.S.C., que não completou o tratamento devido a problemas no sistema urinário, e I.O., que não pôde iniciar o tratamento por apresentar quadro de trombose venosa profunda.O gráfico 1 representam a diferença entre os valores obtidos na avaliação e reavaliação de cada sujeito, na aplicação da EVA. Por meio dele, pode-se observar que, na avaliação, o G1 apresentava uma média de 5,83 ± 1,33, e na reavaliação, passou a apresentar 1,83 ± 1, 47; e o G2, na avaliação, apresentava uma média de 7,50 ± 2,81, e na reavaliação, passou a apresentar 4,33 ± 4, 50. Logo, ao se aplicar o teste de Walsh, o G1 apresentou diferença média significativa somente quando comparada a avaliação com a reavaliação. Porém, na comparação entre os grupos G1 e G2, não houve diferença significativa, obtendo um p-valor > 0,05.

GRÁFICO 1 – RESULTADOS DA EVA

Médias - EVA

4,33

1,83

5,83

7,50

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

Avaliação Reavaliação

Esca

la A

nálo

ga

Grupo 1 Grupo 2

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

A tabela 1 demonstra a avaliação e a reavaliação dos grupos referente à repetição máxima, ainda demonstrando o p-valor, que foi gerado por meio do teste estatístico ANOVA, com exceção do teste de resistência máxima dos extensores de joelho do lado direito, o qual foi realizado o teste de Walsh, por se tratar de uma análise não paramétrica.

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Artigo - 2

TABELA 1 – Resultado do teste de repetição máxima

Variável Medida

Grupo experimental Grupo-controle

Avaliação Reavaliação Avaliação Reavaliação p-valor

Músculos abdutores de quadril –lado direito

Média 1,92 4,5 2,17 3,83 0,3164323Mediana 2 4,5 1,75 4Desvio-padrão 1,2 1,05 1,29 0,75

Músculos abdutores de quadril –lado esquerdo

Média 2,42 4,42 2 3,5 0,592986Mediana 2,75 4,5 1,5 3,5Desvio-padrão 0,8 1,11 1,45 1,05

Músculos adutores de quadril –lado direito

Média 1,83 4,33 2,33 4 0,3813575Mediana 1,75 5 2,5 4Desvio-padrão 1,03 1,51 1,21 0,63

Músculos adutores de quadril –lado esquerdo

Média 2 4,25 2,25 3,83 0,4410939Mediana 1,75 4,5 2,5 4Desvio-padrão 0,84 1,33 1,13 0,75

Músculos flexores de joelho –lado direito

Média 2,5 4,08 2,83 3,67 0,39021Mediana 3 4,5 2,5 4Desvio-padrão 0,84 1,56 0,98 0,52

Músculos flexores de joelho –lado esquerdo

Média 2,42 4,25 2,92 3,67 0,22664Mediana 3 4,5 2,75 4Desvio-padrão 0,92 1,33 0,92 1,03

Músculos extensores de joelho –lado direito

Média 2,83 4,67 3,67 4,42 >0,05Mediana 3 5 4 4,25Desvio-padrão 1,17 0,98 0,52 0,49

Músculos extensores de joelho –lado esquerdo

Média 3,17 4,83 3,75 4,42 0,176076Mediana 3,5 5 4 4,75Desvio-padrão 1,17 0,82 0,61 0,8

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

A tabela 2 demonstra os resultados obtidos por meio do teste ANOVA e os valores de média e p-valor da avaliação e da reavaliação do teste de amplitude de movimento. A avaliação goniométrica dos músculos flexores de joelho dolado direito foi realizada pelo teste de Walsh, por se trata de um dado não paramétrico.

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Artigo - 2

TABELA 2 – Resultados do teste de amplitude de movimento

Variável MedidaGrupo experimental Grupo-controle

Avaliação Reavaliação Avaliação Reavaliação p-valor

Músculos extensores de quadril –lado direito

Média 14,83 19,67 17,5 22,17 0,9797Mediana 16 17,5 17,5 22,5Desvio-padrão 7,65 8,64 7,58 7,73

Músculos extensores de quadril –lado esquerdo

Média 16 21,17 16,5 21,5 0,9802Mediana 17,5 21 17,5 22,5Desvio-padrão 9,4 7,83 7,89 7,18

Músculos flexores de quadril –lado direito

Média 68,33 80,33 58 63,67 0,64328Mediana 74 83 55 66Desvio-padrão 16,9 10,31 19,8 17,45

Músculos flexores de quadril –lado esquerdo

Média 72,67 84,33 61 66,33 0,540173Mediana 78 88 63 68Desvio-padrão 11,78 7,94 14,9 14

Músculos flexores de joelho –lado direito

Média 78,33 90 69,67 83 >0,05Mediana 90 94 70 85Desvio-padrão 18,35 12,07 18,57 12,95

Músculos flexores de joelho – lado esquerdo

Média 77 88,33 68 76,67 0,81527Mediana 78 85 75 70

Desvio-padrão 16,24 9,83 15,34 12,88

Músculos abdutores de quadril – lado direito

Média 24,5 34,67 25 35,67 0,931034Mediana 23,5 33 23 35Desvio-padrão 4,64 7,45 8,07 7,31

Músculos abdutores de quadril – lado esquerdo

Média 29 37,33 29,33 36,67 0,86722Mediana 29 40 30 35Desvio-padrão 6,54 9,09 6,02 6,89

Músculos adutores de quadril – lado direito

Média 14,67 20 17 23,67 0,88259Mediana 11 18 13 20Desvio-padrão 6,77 6,69 10,18 13,94

Músculos adutores de quadril – lado esquerdo

Média 17 22,33 21,67 27,33 0,8489Mediana 12 18 20 23

Desvio-padrão 10,26 10,91 10,91 17,1

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

Discussão O objetivo deste estudo foi verificar se a terapia manual associada com a cinesioterapia apresentaria melhor resultado na redução do quadro clínico da osteoartrite, comparado com o uso da cinesioterapia de forma isolada, ou seja, sem a utilização e nenhuma técnica coadjuvante.O projeto deste estudo teve como finalidade comparar as técnicas em um grupo de vinte sujeitos, em que, para delimitar tal amostra, foi utilizada a escala EVA, conforme Weng et al (2009). No entanto, durante a realização da fase prática do

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Artigo - 2

mesmo, este número não foi atingido, participando do estudo somente quatoreze sujeitos, sendo que destes doze participaram dos oito atendimentos previstos, e dois sujeitos não deram continuidade devido a problemas de saúde.Da mesma forma que alguns sujeitos não concluíram esta pesquisa, no estudo de Deyle et al. (2005) um paciente não finalizou o estudo por problemas médicos, outros dois não puderam continuar na pesquisa logo após a avaliação, outro sujeito trocou de medicação, o que poderia afetar o resultado da pesquisa, e um último sujeito não deu continuidade ao trabalho por causa desconhecida. Isso demonstra que podem ocorrer perdas nos grupos.Em relação à idade, observou-se, como relatado por Carvalho (2008), que os sujeitos portadores de osteoartrite estão entre a 5ª e 6ª década de vida.Carvalho (2008) ainda relata sobre a predominância da osteoartrite em mulheres, sendo esta informação observada em nossa pesquisa.A respeito da osteoartrite de joelho, Cecchi et al (2008) apud Alexandre, Cordeiro e Ramos (2008) relatam que sua incidência em idosos é de 12,2%, enfatizando que idade avançada, obesidade, perda de força muscular e sobrecarga mecânica articular vem a ser os principais fatores para o desenvolvimento da osteoartrite. Os atores deixam claro, ainda, que o subir e descer escadas e deambular

com rigidez articular são as queixas mais relatadas pelos indivíduos portadores de osteoartrite. Pode-se afirmar, então, que no estudo realizado tais características foram encontradas em todos os sujeitos que participaram do mesmo, os quais destacaram ter mais dificuldade para subir e descer escadas, conforme avaliado pelo índice de Womac para osteoartrite, citado em Carvalho (2008).Da mesma forma, Melo et al. (2008) dizem que, na osteoartrite de joelho, observa-se precocemente diminuição de força de flexores e extensores de joelho, relacionada à diminuição da capacidade funcional e da habilidade em realizar atividades como subir escadas, levantar, sentar e caminhar. Pode-se notar, neste estudo, que a pluralidade dos sujeitos possuía algum grau de fraqueza muscular localizada nos músculos flexores e extensores de joelho, assim como nos músculos adutores e abdutores de quadril, os quais, segundo Fulkerson (2002) apud Baldon (2010), têm um papel importante na redução do ângulo Q. Este, quando apresenta maior obliquidade gerada pela adução do fêmur, aumenta a resultante lateral sobre a patela, predispondo a uma compressão da faceta lateral da mesma. Kapandjy (2000) informa que estes desvios laterais, com o tempo, podem gerar artrose. Mikesky et al. (2006) realizaram uma pesquisa

para observar o efeito do treinamento de força sobre a incidência e a progressão da osteoartrite de joelho. Ao término da pesquisa, observaram que, em relação à força, não apresentaram diferença estatisticamente significante, no entanto demonstram ser mais benéficos que no grupo-controle.Após realizarem levantamento bibliográfico dos bancos de dados da PUBMED, LILACS e MEDLINE, referente a artigos de ensaios clínicos controlados, Ricci e Coimbra (2006) chegaram à conclusão que exercícios físicos como fortalecimento muscular, alongamento e treino de marcha apresentam efeitos positivos na redução do quadro clínico da osteoartrite.Da mesma forma, em uma revisão sistemática Ottawa Panel (2005) informa os benefícios dos exercícios terapêuticos, além de informar que a terapia manual, quando combinada com os exercícios terapêuticos, apresenta ótimos resultados, vindo a discordar das informações ditas por Jamtvedt et al. (2008), quando relata, em sua revisão sistemática, que os exercícios terapêuticos não são evidenciados quanto à redução do quadro clínico da osteoartrite de joelho.Para Fatouros et al. (2005), os exercícios físicos com repetição máxima foram benéficos para os portadores de osteoartrite de joelho, após realizarem treinamento por 24 semanas.Já no estudo de Deyle et al

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Artigo - 2

(2005), no qual realizaram exercícios terapêuticos e técnicas manuais em portadores de osteoartrite de joelho, os resultados obtidos, mesmo apresentando ser positivos, não foram significantes.Collins et al. (2008) realizaram um trabalho similar, em que se procedia à mobilização patelar nos sujeitos, apresentando, ao término da pesquisa, uma redução no quadro clínico dos pacientes.Já Crossley et al (2002) fizeram uma pesquisa aplicando a mobilização articular na patela de portadores de dor patelofemoral, e observaram que, após os seis atendimentos propostos, houve redução significante da dor nos sujeitos examinados. Com esta informação, pode-se observar que a mobilização articular pode ser benéfica em portadores que possuam dor nos joelhos.A osteoartrite, além de gerar destruição da cartilagem articular, produz dor nas estruturas musculares. Desta forma, como relatado por Bienfait (1999), a utilização da pompage apresenta efeito calmante na musculatura. Sendo assim, a pompage pode ser uma grande aliada no tratamento de indivíduos que apresentam esta enfermidade, porém, mais estudos devem ser realizados para que possa ser comprovado que esta técnica e efetiva na redução da dor em portadores de osteoartrite de joelho.Em seu estudo, Arroyo et al (2008) observaram que a terapia manual foi efetiva no

alívio das dores dos atletas após realizarem atividade de alta intensidade proposta pela pesquisa. Ao comparar com o grupo que não realizou a terapia manual, a pesquisa demonstrou que a liberação miofascial pode ser de grande ajuda na redução das algias musculares, salientando que a liberação miofascial vem a ser uma técnica manual similar à pompage.Barnes (1997) informa que a liberação miofascial contribui para a restauração do comprimento dos tecidos fasciais, tornando-os mais maleáveis e, por consequência, aliviando no processo álgico do paciente. Por meio dessas informações, pode-se observar que a terapia manual, associada aos exercícios terapêuticos, vem a ser um tratamento adjuvante no tratamento da osteoartrite, porém é importante salientar que, para obter um resultado melhor, faz-se necessário um número maior de atendimentos com os sujeitos tratados, pois o efeito real da técnica pode não vir a ser significativo.

CONCLUSÃODiante dos resultados coletados verificou-se que, após a aplicação das técnicas, o estudo não apresentou resultados significantes na comparação entre os grupos. No entanto, quando comparado isoladamente, o grupo experimental apresentou ganho de força expressivo e, consequentemente, melhor

estabilização articular, havendo também a redução do quadro álgico. Pudemos observar que o tempo de aplicação foi pouco, pois se houvesse tempo maior para a aplicação das técnicas, possivelmente o grupo experimental poderia apresentar uma melhora significativa.Sendo assim, acreditamos ser necessário, para os próximos estudos, um maior tempo de aplicação das técnicas, um maior número de sujeitos, e a inclusão de dados como IMC, peso e altura dos sujeitos.

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Estudo comparativo dos efeitos profiláticos da bandagem funcional para a entorse de tornozelo em atletas de basquetebol

RESUMOA entorse de tornozelo é uma das lesões mais comuns no âmbito do esporte, como o basquetebol. Frequentemente, os atletas utilizam implementos no tornozelo como medida profilática. O objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis benefícios da bandagem funcional como medida profilática para a lesão de entorse de tornozelo em atletas de basquetebol. Foram analisados doze indivíduos sem histórico prévio de lesões no tornozelo e pé. A análise foi realizada de duas maneiras: com a utilização de bandagem e sem a utilização dela. Houve diferença

estatisticamente significativa entre utilizá-la ou não , pois durante o período em que a foi aplicada, os indivíduos não tiveram nenhuma entorse de tornozelo, ao passo que no período em que estavam sem a bandagem, houve um total de seis entorses de tornozelo, obtendo assim p = 0,026, sendo este menor que o p-valor adotado para o presente estudo (p < 0,05). Conclui-se que a bandagem funcional, por meio da utilização de esparadrapo, tem resultados profiláticos no que diz respeito à prevenção de lesões por entorse de tornozelo em indivíduos sem histórico de lesões recentes. Entretanto, mais estudos serão realizados para comparar com os resultados aqui apresentados.Palavras-chave: basquetebol, tornozelo, traumatismos do tornozelo, bandagens, fisioterapia.

ABSTRACTThe ankle sprain is one of the most common injuries in sports, like basketball. Often athletes are using implements the ankle as a prophylactic measure. The aim of this study was to evaluate the possible benefits of taping

as prophylactic measures for the injury of ankle sprains in basketball players. We analyzed 12 individuals with no previous history of ankle and foot injuries. The analysis was performed in two ways: through the use of bracing and without the use of bracing. A statistically significant difference between using and not using the bandage, because during the time when the bandage was applied subjects had no ankle sprain compared to when they were without the application of the bandage, which has a total of 6 ankle sprains, thereby obtaining a p = 0.026, which is less than p value adopted for this study (p < 0.05). It is concluded that the taping through the use of tape has prophylactic results as regards the prevention of injuries from ankle sprains in subjects with no history of recent injuries. However more studies should be conducted to compare with our findings.Keywords: basketball, ankle, ankle injuries, bandages, physiotherapy.

IntroduçãoO basquetebol atingiu alto nível de popularidade, tanto

Juliana Carla de Almeida 1 Francine Bianca da Silva 2Cássio Preis 3

1. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom [email protected]. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom [email protected]. Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica; mestre em Tecnologia em Saúde; docente da Faculdade Dom Bosco e da PUCPR; coordenador da Especialização em Fisioterapia Ortopédica, Traumatológica e Desportiva da PUCPR; responsável pelo Centro de Dinamometria Isocinética e Baropodometria da PUCPR. [email protected]

Comparative study of prophylactic effects of functional bandage for ankle sprains in basketball players

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nos Estados Unidos, onde começou a ser praticado, como no Brasil e no mundo todo. O basquete está classificado como um dos dez principais esportes em relação ao alto grau de complexidade dos movimentos que exige [1]. A participação nessa modalidade esportiva exige muito do atleta no que se refere a corrida, saltos e movimentos em pivô, assim como alta velocidade e ritmo rápido, ocasionando, por sua vez, uma quantidade razoável de lesões traumáticas [2].O basquetebol possui diversas regras, que têm como intuito diminuir o contato corporal entre os jogadores. Porém, por ser muito dinâmico, as colisões entre os participantes são frequentes, o que resulta em lesões de contato [1]. A maioria das lesões ocorridas no basquete são contusões, distensões e entorses [3].Os segmentos do corpo mais acometidos em jogadores de basquete são os MMII, e a queixa principal é de lesão por entorse de tornozelo [4]. A articulação do tornozelo é o segmento mais afetado dentro da prática do basquete, independente de categoria e sexo [1]. De acordo com Hebert [5], as entorses de tornozelo acometem aproximadamente 15% de todas as lesões do esporte, sendo que, de todas, 45% envolvem a entorse de tornozelo no basquetebol. A entorse é observada quando determinada

articulação é alongada de maneira excessiva, ou seja, quando uma articulação sofre estresse acima de seu limite anatômico [6]. O mecanismo de entorse mais frequente é por inversão, o que geralmente ocorre durante uma aterrissagem após um salto, seja este para bandeja, rebote ou arremesso [1]. Segundo Grisogono [7], a entorse de tornozelo por mecanismo de inversão é a lesão mais comum na articulação do tornozelo. Isso se dá devido à maior mobilidade que o tornozelo possui de realizar a inversão com relação a outros movimentos.Em torno de 80 a 90% das lesões por entorse de tornozelo são decorrentes do mecanismo de lesão de inversão associado à flexão plantar [8]. A fisioterapia aplicada à desportiva é especializada em tratar lesões e desenvolver as habilidades cinético-funcionais que se relacionam com a prática esportiva. Em contrapartida, a prevenção busca evitar esses acontecimentos. Para que ela ocorra, faz-se necessário conhecer e aprofundar-se no mecanismo de cada lesão ocorrida na prática esportiva; também se deve levar em conta o preparo físico do atleta, assim como seu estado psicológico [9]. Bandagem e outros tipos de órteses são utilizados com bastante frequência para minimizar o risco de

lesões nos esportes. Esses tipos de suporte podem ser utilizados em vários estágios da reabilitação, e até mesmo como agentes profiláticos para atletas saudáveis [3].Grisogono [7] relata que enfaixar o tornozelo tem como finalidade dar suporte para a articulação, assim como obter melhora no sistema proprioceptivo.Safran, McKeag e Camp [2] afirmam que a bandagem funcional serve para proteger uma parte do corpo contra lesão; proteger uma parte do corpo contra novas lesões; limitar uma amplitude de movimento excessiva ou anormal; incrementar um feedback proprioceptivo; permitir que o atleta pratique o esporte com o mínimo de restrições possível. Muitos estudos apontam que a utilização de órteses e bandagens oferece benefícios profiláticos no que diz respeito à prevenção de lesões por entorse de tornozelo [10, 11].

MétodosAmostraFoi constituída por doze sujeitos sadios, jogadores de basquetebol, com idade entre 14 e 17 anos, do sexo masculino, da cidade de Curitiba, obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão, conforme propostos neste estudo.

Critérios de inclusão e exclusãoOs critérios de inclusão para o presente estudo deram-

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se pela voluntariedade dos atletas. Estes deveriam ser do sexo masculino, possuir idade entre 14 e 17 anos, jogar basquetebol há pelo menos um ano e participar dos treinos e jogos do time Tittãs Basketball.Foram excluídos deste estudo atletas que sofreram lesões por entorse de tornozelo há menos de dois meses do início das práticas ou que apresentaram outra patologia osteomioarticular que os impedissem de praticar, treinar e jogar o basquetebol.

Instrumentos utilizados na pesquisaPara aplicação da bandagem, foram utilizados rolos de esparadrapo impermeável rígido da marca Cremer® (5 cm x 4,5m) e fita micropore da marca Nexcare® (50 mm x 4,5 m).

Procedimentos Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade Dom Bosco em 17/12/2009, sob o protocolo 0066.0.301.000-09.A pesquisa bibliográfica foi realizada do período de 1º de julho de 2010 a 10 de outubro de 2010. A pesquisa de artigos foi realizada nas plataformas CAPES e Bireme.Após a autorização dos pais e/ou responsáveis legais pelos sujeitos deste estudo, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foi dado início à pesquisa de campo. Ao iniciar a prática de campo, logo no primeiro

encontro, foram realizadas entrevistas individuais com cada atleta, na qual foram coletados dados pessoais, como altura, peso, tempo de prática de basquete e posição em quadra.Após o preenchimento desse questionário, os sujeitos foram submetidos a um protocolo de avaliação que contempla itens como goniometria, seguindo os critérios de Marques [12]; testes de instabilidade ligamentar, que seguem os critérios de Loudon, Bell e Johnston [13] e Magee [14]; e questões sobre histórico de lesões e outros, com o intuito de validar os critérios de inclusão e exclusão desta pesquisa.Foram selecionados doze sujeitos, que formaram um grupo em que a aplicação da bandagem no tornozelo foi realizada por 20 jogos ou treinos. O mesmo grupo foi criteriosamente observado durante outros 20 jogos ou treinos, sem a aplicação da bandagem. Os dados das práticas aplicadas e observadas foram tabulados em forma de planilha no Microsoft Office Excel.Todos os dados registrados foram digitados no computador em planilha do Microsoft Office Excel, e tabelas foram elaboradas para a interpretação dos dados. Para a análise estatística, foi utilizado o teste t independente.

Técnica para aplicação da bandagemA aplicação da bandagem funcional seguiu os princípios de Ferreira apud Sacco et al. [16] e foi parcialmente adaptada pelos autores do presente estudo. A aplicação foi feita da seguinte maneira: o sujeito ficava sentando em um banco à frente da pesquisadora e apoiava sua panturrilha sobre a coxa da pesquisadora, sendo que o tornozelo deveria permanecer livre de contato e posicionado em leve dorsiflexão e eversão. A pesquisadora realizava uma inspeção, com intuito de verificar uma possível umidade na região do tornozelo. Havendo umidade, fazia a secagem do local com uma toalha. Em seguida, retirava uma tira de micropore para contornar o tornozelo numa altura aproximada de três dedos acima dos maléolos. Após a aplicação do micropore, que tem por função proteger a pele e evitar desconforto, foram destacadas duas tiras de esparadrapo medindo, aproximadamente, a distância entre o micropore da região medial até o micropore da região lateral. Com o tamanho do esparadrapo estipulado individualmente, fixava-se a primeira tira na região medial, estendendo-se do maléolo medial e contornando o retropé. A partir daí, a tira de esparadrapo era tracionada até o micropore da região lateral. A segunda tira partia na mesma altura da primeira,

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porém estava posicionada na região anteromedial e seguia paralelamente à primeira tira, até chegar à região antero-lateral. Para finalizar, foi aplicado, ao redor do tornozelo, na mesma altura do micropore, mais uma tira de esparadrapo, que tinha como função fixar as duas primeiras.Como ter sofrido lesão por entorse de tornozelo há menos de dois meses foi um critério de exclusão deste estudo, os atletas que sofreram entorse durante o estudo foram excluídos das aplicações de esparadrapo, permanecendo no estudo somente para jogos ou treinos e sendo apenas observados. Cabe salientar que a análise estatística foi realizada em proporção de jogos ou treinos para os dois grupos.Ao final dos encontros, foi realizada uma avaliação dos dados coletados, com o intuito de verificar e comparar em qual momento de jogo ou treino – com aplicação da bandagem ou sem – houve menor número de lesões por entorse de tornozelo.

ResultadosApós realizar as pesquisas de campo, os doze sujeitos estudados sofreram um total de 866 exposições, pois no presente estudo foram analisados 24 tornozelos, sendo os dois MMII de cada sujeito. Os doze sujeitos estudados foram acompanhados

durante 433 exposições, deste total, por 193 jogos os sujeitos receberam a aplicação da bandagem e por 240 jogos os sujeitos foram apenas observados sem a aplicação da bandagem. Ao final do estudo foi observado um número de seis entorses de tornozelo, sendo que cinco indivíduos sofreram apenas uma entorse, um indivíduo sofreu duas entorses e sete indivíduos não sofreram nenhuma entorse. Todas as lesões ocorreram em jogos nos quais os sujeitos não estavam com bandagem, ou seja, durante o momento no qual os indivíduos estavam apenas sendo observados, conforme mostra a tabela 1. Sendo assim, não ocorreu nenhuma lesão no momento em que os sujeitos estavam com a bandagem.

Tabela 1 – Total de entorses em jogos sem a aplicação de bandagem.

Nº de entorses n %

0 7 58,3% 1 4 33,3% 2 1 8,3%

Total 12 100%FONTE: Dados da pesquisa (2010)

A tabela 2 mostra a quantidade total de aplicações de bandagem para os doze sujeitos, a quantidade total de observações para os doze sujeitos e a quantidade de entorses ocorridas durante a pesquisa.

Tabela 2 – Quantidade de exposição e entorses sofridas pelos doze indivíduos.

Situação Exposições EntorsesCom aplicação de bandagem 193 0Sem aplicação de bandagem 240 6

FONTE: Dados da pesquisa (2010)

Para verificação do efeito profilático ou não da bandagem com a utilização de esparadrapo, foram comparadas as quantidades de lesões com e sem a aplicação do esparadrapo. A partir daí foi utilizado o Teste t Independente para as análises estatísticas. A tabela 3 mostra que a situação “observado”, que diz respeito aos jogos nos quais não foi realizada a aplicação da bandagem, obteve uma média de 20 jogos por indivíduo e 0,5 entorse sofrida por indivíduo. Pode-se observar que para a situação “aplicado”, que diz respeito aos jogos em que a bandagem foi aplicada, obteve-se uma média de 16,08 aplicações de bandagem por indivíduo e uma média de 0,0 entorse por indivíduo.

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No que dizem respeito à análise estatística, os dados mostraram que, para os sujeitos dessa pesquisa, a aplicação de esparadrapo no tornozelo surtiu efeito positivo, pois foi notada diferença significativa no total de entorses ocorridas por meio do Teste t Independente, apresentando p = 0,026, sendo este menor que o p adotado para o presente estudo (p < 0,05). Cabe novamente salientar que na análise estatística considerou-se a proporção do maior número de exposições sem a bandagem para equalização dos resultados.

Tabela 3 – Médias e DP do total de jogos e entorses com e sem a aplicação da bandagem e resultado do p-valor.

Situação n Média DPTotal de jogos observado 12 20,00 0,00 aplicado 12 16,08 6,62

Total de entorses observado 12 0,50 0,67 aplicado 12 0,00 0,00

Valor de significância (p) 0,026

FONTE: Dados da pesquisa (2010)

A tabela 4 mostra a relação dos sujeitos que tiveram entorse, o membro que sofreu entorse e o membro dominante. Pode-se observar também o mecanismo de lesão que provocou a entorse.

Tabela 4 – Relação ao membro dominante, membro que sofreu entorse e mecanismo da entorse.

ATLETAMEMBRO

DOMINANTEMEMBRO COM

ENTORSEMECANISMO DE ENTORSE

A direito direito inversãoB direito direito inversãoC direito esquerdo inversãoD direito direito inversãoE esquerdo direito inversão

FONTE: Dados da pesquisa (2010)

Percebe-se, ao analisar a tabela 4, que o número maior de entorses ocorreu no membro dominante.

DiscussãoO objetivo do presente estudo foi verificar o possível efeito profilático da bandagem funcional para a prevenção de entorse de tornozelo em indivíduos saudáveis, ou seja, sem histórico de lesões por entorse de tornozelo.

Existem diversos estudos, aseguir relacionados, que comparam as mais variadas órteses e bandagens para estabilização do tornozelo, e que geram discussões se as órteses e bandagens interferem no desempenho funcional do atleta.Anjos et al. [15] analisaram a utilização do estabilizador Active AnkleSyste e sua influência no desempenho do salto vertical em atletas de voleibol. Os autores concluíram que esse tipo de estabilizador para a articulação do tornozelo não interfere no desempenho do salto vertical em atletas de voleibol, podendo, assim, ser utilizado como profilaxia para lesões de entorse no tornozelo. Pienkowski apud Sacco et al. [16] estudou três diferentes estabilizadores de tornozelo em atletas de basquetebol saudáveis, sem histórico de lesão há 6 meses; descobriu que estes implementos não afetam a performance dos jogadores no que diz respeito a saltos, corrida e agilidade. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Cardoso et al. [17], que verificaram que a utilização das órteses (Stirrup, Aircast Sport-Stirrup, Summit, NJ) não tem influência sobre a atividade elétrica dos músculos tibial anterior, fibular longo e gastrocnêmio (porção medial e lateral) durante o salto vertical e deslocamento lateral em atletas do sexo feminino na prática de voleibol.Visto que a utilização de implementos para o tornozelo

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não tem influência no que diz respeito à diminuição do desempenho do atleta, os autores deste estudo analisaram o esparadrapo agindo como bandagem funcional na articulação do tornozelo, sendo que no basquetebol existe imensa gama de saltos durante uma partida.Muitos estudos foram realizados para avaliar os implementos como agentes profiláticos para lesões no tornozelo. Surve et al. apud Murphy, Connolly e Beynnon [18] estudaram um grupo de 504 atletas do futebol americano masculino, para verificar o efeito de uma órtese de tornozelo semirrígida na incidência de entorse de tornozelo. Foram analisados indivíduos com e sem histórico de entorse anterior. Os resultados mostraram que o uso de uma órtese semirrígida diminuiu significativamente a incidência de entorses em jogadores com histórico anterior de entorse de tornozelo, corroborando com os resultados encontrados por Silter et al. apud Cardoso [17], que verificaram, em um grupo de 1.601 atletas de basquetebol, que a utilização da órtese provocou redução na quantidade de lesões em atletas com histórico prévio de entorse de tornozelo, sendo esses atletas observados por duas temporadas, somando um total de 13.430 exposições.Obsevou-se que os resultados dos estudos supracitados mostraram-se divergentes do presente estudo, visto que neste foram analisados

indivíduos saudáveis, sem histórico de lesão há pelo menos dois meses antes do início da pesquisa de campo. Por outro lado, os resultados do presente estudo aproximaram-se dos encontrados por Ubell et al. [19], que estudaram quatorze indivíduos saudáveis, sem histórico de lesão no tornozelo nos últimos seis meses. Esses autores objetivaram comparar três métodos de estabilização do tornozelo para verificar o quanto essas medidas poderiam proteger esta articulação em um movimento de inversão forçada durante a aterrisagem de um salto. Foram analisadas as órteses Aircast, Bledsoe, e Swede-O. Os autores concluíram que os três métodos reduziram a inversão forçada durante a aterrisagem de um salto, sendo que as órteses Bledsoe e Aircast mostraram-se melhores no que diz respeito à prevenção de inversão forçada, comparadas à órtese Swede-O.Com relação aos mais diversos tipos de implementos, estudos comparam qual é o método mais eficaz para produzir o efeito profilático, sendo que nesta pesquisa foi analisado apenas um método, ou seja, a utilização do esparadrapo como forma de implemento para estabilização. Os resultados deste estudo mostraram que o esparadrapo teve resultado na profilaxia para os indivíduos estudados, o que não concorda com os resultados encontrados por Sharpe et al. [20], que compararam a melhor intervenção terapêutica

na prevenção de entorses recidivadas. Os autores estudaram 56 atletas com histórico prévio de entorse de tornozelo, que foram divididos em quatro grupos de intervenções: grupo 1 com utilização de órtese (n = 19); grupo 2 com utilização de bandagem (n = 12); grupo 3 com intervenção combinada de órtese e bandagem (n = 8); grupo 4 sem intervenção (n = 17). Os atletas foram acompanhados por 1.717 exposições práticas e 650 exposições em jogos competitivos. Houve como resultado uma frequência de lesões de 0% para o grupo órtese (n = 0), 25% para o grupo bandagem (n = 3), 25% para o grupo de intervenção combinada (n = 2) e 35% para o grupo sem tratamento (n = 6). Portanto, os autores concluíram que a órtese como profilaxia foi efetiva na redução da incidência de entorse de tornozelo em atletas do futebol feminino com história prévia de entorse de tornozelo, quando comparada aos outros métodos.Já Timothy et al. [21] verificaram, em seu estudo, que o grupo que utilizou bandagem teve menos lesões quando comparado aos indivíduos que utilizaram órtese, embora estes resultados não tenham sido significamente estatísticos.De acordo com alguns autores [16, 22], a bandagem funcional perde seu efeito ao longo de uma atividade. No presente estudo, embora o esparadrapo tenha se mostrado como agente

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profilático para a entorse de tornozelo, foi observada a perda de aderência do material utilizado no decorrer do tempo de jogo. Esse fator, porém, não foi quantificado em tempo, pois a característica de cada atleta no que diz respeito ao suor, posição em quadra e tempo de corrida pode intervir para a aderência ou não do material utilizado. Abian-Vicén et al. apud Meurer et al. [22] verificaram que a bandagem do tipo elástica apresentou menor perda da restrição após 30 minutos de exercícios, quando comparada à bandagem inelástica.Quanto ao mecanismo de entorse, os resultados desta pesquisa mostram que as seis entorses ocorridas durante este estudo aconteceram por mecanismo de inversão. A entorse por inversão é citada na literatura como o mecanismo mais frequente dentre as entorses de tornozelo [1]. Esse fato é confirmado pelos resultados encontrados por Fortes e Carazzato [23], em que, das 93 entorses de tornozelo estudados, 69 (74,2%) ocorreram por mecanismo de inversão, seguidas de 19 (20,4%) por mecanismo de eversão.Com relação à influência do esparadrapo como medida profilática para lesões de entorse de tornozelo, os autores desta pesquisa sugerem que está ligada à restrição biomecânica que este implemento produz à articulação, devido ao fato de a técnica de aplicação limitar

parcialmente o movimento de inversão e plantiflexão do tornozelo. Um estudo foi realizado para analisar a influência da bandagem funcional no tempo de reação do músculo fibular longo. Meurer et al. [22] estudaram oito indivíduos do sexo masculino, sem histórico prévio de lesões no tornozelo. A bandagem funcional foi realizada com esparadrapo não elástico, e sua aplicação foi do tipo bota fechada, sendo utilizada, para realizar o teste, uma plataforma com capacidade de inclinação de 30º, com o intuito de simular uma entorse lateral do tornozelo, e um eletromiógrafo; como resultado, houve a diminuição do tempo de reação do músculo fibular longo com a aplicação da bandagem, representando uma diferença estatisticamente significativa. Portanto, sugere-se que a profilaxia por bandagem de esparadrapo pode estar ligada também com o possível efeito proprioceptivo que a aderência do produto causa à pele. Esta possível justificativa para o efeito positivo do esparadrapo como bandagem funcional vai ao encontro da conclusão tirada por Meurer et al. [22], pois estes autores acreditam que a bandagem funcional possui efeito positivo no que diz respeito a um ganho proprioceptivo, pois relatam que isso se dá devido à ativação dos receptores cutâneos pelo íntimo contato do esparadrapo aplicado à pele, fazendo com que o sujeito, quando

submetido à bandagem, possua melhor habilidade de responder a súbitas mudanças e instabilidades.

CONCLUSÃOConclui-se que a bandagem funcional, por meio da utilização de esparadrapo, tem resultados profiláticos no que diz respeito à prevenção de lesões por entorse de tornozelo em indivíduos sem histórico de lesões recentes.Sugerem-se novas pesquisas a respeito do assunto, nas quais se possam analisar diferentes métodos de aplicação da bandagem, bandagem de outros materiais, pesquisa com mais sujeitos e comparação com mais grupos.

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Avaliação dos efeitos da cinesioterapia com bola suíça na satisfação sexual das mulheresEvaluation of the Effects of the Swiss Ball Cinesioterapia Sexual Satisfaction in Women

Deise Camargo de Oliveira 1

Rafaela dos Anjos Lombardi 2Káliber de Moraes 3Cristiane Regina Gruber 4

1. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected] 4. Mestre docente da Faculdade Dom Bosco [email protected]

ResumoO presente estudo tem como objetivo verificar se a contração perineal associada a exercícios na bola suíça influencia na satisfação sexual feminina. Foram avaliadas vinte mulheres, divididas em grupos controle e experimental, com idade de 20 a 30 anos. Elas foram submetidas à avaliação ginecológica e perineometria, e responderam o questionário de GRISS, que avalia sete aspectos do funcionamento sexual feminino. Após a avaliação, as integrantes do grupo experimental foram submetidas à aplicação de um programa de exercícios utilizando-se bola suíça. Cada exercício era repetido dez vezes, mantendo a contração perineal por 15 segundos cada. Os exercícios ocorreram durante seis

semanas, três vezes por semana, com duração de vinte minutos. Por fim, foram reavaliados os dois grupos. Os resultados desse estudo foram obtidos pelo teste não paramétrico de Walsh, que identifica a diferença entre duas amostras relacionadas. Para comparação entre os grupos, foi aplicado o Teste Não Paramétrico U, de Mann-Whitney, para duas amostras independentes, com o objetivo de verificar evidências de que os resultados de um grupo eram superiores a outro. Assim, os dados obtidos na pesquisa demonstraram que os exercícios realizados na bola suíça influenciam sobre a musculatura do assoalho pélvico, visto que na avaliação da perineometria, no item contração prolongada, houve diferença significativa, indicando melhora para o grupo que realizou os exercícios. No teste de contração rápida máxima, o grupo experimental teve uma melhora significativa na reavaliação com relação à pressão. Sugere-se que os exercícios realizados na bola suíça, associados à contração perineal, podem promover aumento da força da musculatura do assoalho pélvico. Nos resultados encontrados no questionário GRISS, observaram-se diferenças significativas nos itens

evitação sexual e anorgasmia, não havendo diferenças significativas nos outros itens avaliados. Portanto, chegou-se à conclusão de que o fisioterapeuta tem sido um membro importante da equipe que trabalha com a saúde da mulher, podendo atuar na melhora da satisfação sexual feminina. Palavras-chave: assoalho pélvico, avaliação perineal, GRISS, satisfação sexual, bola suíça, disfunção sexual.

AbstractThis study aims to determine if the perineal contraction associated with the Swiss ball exercises influence on sexual satisfaction. We evaluated 20 women divided into control and experimental group, aged 20-30 years who underwent gynecological evaluation, perineometry after respondents of SSIF, which assesses seven aspects of female sexual functioning. After evaluating the members of the experimental group were submitted to the application of an exercise program using the stability ball, where each exercise was performed ten repetitions, keeping the perineal contraction for 15 seconds each, occurred during these six weeks, three times per week lasting twenty minutes.

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Atualmente, a sexualidade e as disfunções sexuais são tratadas de modo interdisciplinar.As principais disfunções sexuais femininas nas quais a fisioterapia pode atuar são transtorno do desejo sexual hipoativo (ausência ou diminuição da libido sexual); transtorno de excitação (insuficiência); transtorno ou disfunção orgásmica (retardo ou ausência recorrente do orgasmo após uma fase normal de excitação); anorgasmia (ausência total do orgasmo); dispareunia (dor recorrente ou persistente durante ou após o intercurso sexual); vaginismo (espasmo involuntário dos músculos que circundam a vagina, impedindo qualquer penetração).A cinesioterapia na bola suíça inclui o aprendizado de contração e de relaxamento dos músculos perineais para serem empregados em muitas das atividades diárias. O tratamento com esse foco frequentemente promove o aumento do desejo sexual, com maior capacidade para aumentar a excitação. A abordagem fisioterapêutica está associada principalmente a perturbações do desempenho físico e disfunções da região pélvica, especialmente da musculatura do assoalho pélvico.

Materiais e métodosA pesquisa foi realizada na Faculdade Dom Bosco, situada em Curitiba, no ano de 2010. Serviram como

voluntárias mulheres com vida sexual ativa, com idade entre 20 a 30 anos, compondo uma amostra 44 participantes. Foram tomados, como critérios de inclusão, mulheres na faixa etária de 20 a 30 anos, mulheres com vida sexual ativa, mulheres com diminuição da força da musculatura do assoalho pélvico e mulheres com queixas relacionadas à satisfação sexual. Como critério de exclusão, foi determinado mulheres gestantes, que não possuem vida sexual ativa, portadoras de doenças neurológicas, diabetes, hipertensão arterial, infecção urinária, incontinência urinária, prolapso genital, cirurgia ginecológica prévia e vaginismo. Assim, foram convocadas as voluntárias por meio de editais em salas de aula e laboratórios nas dependências da instituição. As interessadas foram submetidas a uma seleção, por meio de uma ficha de avaliação fisioterapêutica, elaborada de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e responderea à versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física. Depois, foram divididas em dois grupos, o controle e experimental, que foram submetidos aos procedimentos de avaliação, entretanto, somente o grupo experimental foi submetido à aplicação do programa de exercícios. Após serem divididas em dois grupos determinados, as participantes responderam, antes e após a aplicação

Artigo - 4

Finally both groups were reevaluated. The results obtained from the survey showed that the Swiss ball exercises in influence on the pelvic floor muscles, as in the evaluation of perineometry, prolonged contraction in the item was no significant difference, indicating an improvement for the group that conducted the exercises. And in the fast maximum contraction test, the experimental group had significant improvement at reassessment in terms of pressure. It is suggested that the Swiss ball exercises associated with perineal contraction can promote an increase in the strength of the pelvic floor muscles. The results of the questionnaire SSIF there were significant differences in items and avoiding sexual anorgasmia, finding no significant differences in other items evaluated. Therefore we consider that the physiotherapist has been an important member of the team that works with women’s health and may act to improve sexual satisfaction.Keywords: pelvic floor, perineal evaluation, GRISS, sexual satisfaction, Swiss ball, sexual dysfunction.

Introdução As disfunções sexuais eram, até pouco tempo, encaminhadas e tratadas apenas pela psiquiatria e pela psicologia, com poucos recursos para o tratamento, tanto para o paciente quanto para o profissional da saúde.

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dos exercícios terapêuticos, ao questionário de GRISS (Inventário de Satisfação Sexual de Golombok e Rust), que busca avaliar a função e/ou a satisfação sexual por meio de instrumentos validados, . Realizou-se também avaliação funcional do assoalho pélvico, que avaliou a força e a funcionalidade dos músculos do assoalho pélvico, e os dados foram registrados em ficha própria, chamada escala de Oxford, que vai do grau 0 até o 5, ou seja, da ausência de contração muscular até contração forte. Finalizando este estudo, foram realizados os exercícios três vezes na semana, com duração de 20 minutos, durante 6 semanas, sendo que um total de oito exercícios foram executados em contração isométrica.

ResultadosNa contração prolongada, o grupo experimental apresentou aumento de 11,23 para 20,63 mmHg, (p = 0,025), sendo esse valor significativo, pois na reavaliação teve um aumento de 9,40 mmHg a nível da pressão, em relação à avaliação. No grupo controle houve aumento de 6,79 para 10,98 mmHg (p > 0,056), porém não se percebeu diferença significativa.

Médias – Contração prolongada

Médias - Contração Prolongada

10,9811,23

20,63

6,79

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Avaliação Reavaliação

Pre

ssão

Controle Experimental

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

No teste de contração rápida máxima, o grupo experimental apresentou aumento de 14,38 para 22,51 mmHg, (p = 0,011), sendo esse valor significativo, pois na reavaliação teve um aumento de 8,13 mmHg a nível da pressão, em relação à avaliação. E para o grupo controle também houve aumento de 13,20 para 14,94 mmHg (p >0,056), porém não se vê diferença significativa.

Médias – Contração rápida máxima

Médias - Contração Rápida Máxima

14,9414,38

22,51

13,20

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Avaliação Reavaliação

Pres

são

Controle Experimental

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

A avaliação subjetiva da sexualidade das mulheres com vida sexual ativa foi realizada por meio do Inventário de Satisfação Sexual – versão para mulheres (GRISS). O inventário foi então dividido nestas subescalas: infrequência de relações, falta de comunicação sexual, insatisfação sexual feminina, evitação sexual feminina, falta de expressão de sensualidade feminina, vaginismo e anorgasmia, representados nos resultados a seguir.Na subescala de evitação sexual feminina, o grupo experimental teve uma diminuição de 3,5 para 3,4 pontos, sendo esse valor não significativo (p > 0,056). Já o grupo controle apresentou aumento de 1,7 para 2,3 pontos, não havendo significância (p > 0,056).

Artigo - 4

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 37

Na subescala anorgasmia, o grupo experimental apresentou aumento de 4,7 para 4,9, não o que não representou diferença significativa (p > 0,056). O grupo controle teve uma diminuição de 5,5 para 5,4, também sem diferença significativa (p > 0,056).

Médias obtidas pelo grupo experimental no questionário GRISS

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

Médias obtidas pelo grupo experimental no questionário GRISS

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

A tabela 1 apresenta a comparação entre os grupos. Pode ser observada diferença significativa nos itens evitação sexual feminina e anorgasmia. No primeiro item, o grupo experimental apresentou, em média, 1,8 pontos a mais do que o grupo controle, observando uma diferença significativa (p = 0,028). NO segundo, o grupo controle apresentou, em média, 0,8 pontos a mais do que o grupo experimental, representando diferença significativa (p = 0,011)

Artigo - 4

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38 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

Tabela 1. Tabela das medidas de tendência e dispersão da variável GRISS

GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO CONTROLEAVALIAÇÃO REAVALIAÇÃO AVALIAÇÃO REAVALIAÇÃO

Infrequência de relações

5,4 ± 0,52 5,4 ± 0,70 4,9 ± 0,57 5,2 ± 0,79

Falta de comunicação sexual

4,9 ± 0,88 5,0 ± 0,47 5,2 ± 0,42 4,7 ± 1,06

Insatisfação sexual feminina

4,6 ± 0,52 4,9 ± 0,57 4,6 ± 0,52 4,8 ± 0,63

Evitação sexual feminina

3,5 ± 2,12 3,4 ± 1,78 1,7 ± 1,49 2,3 ± 1,77

Falta de expressão de sensualidade

7,4 ± 0,84 7,1 ± 0,57 7,5 ± 0,71 7,4 ± 0,70

Anorgasmia 4,7 ± 0,48 4,9 ± 0,57 5,5 ± 0,71 5,4 ± 0,70Fonte: Dados da Pesquisa (2010)

Tabela 2. Resultados do Teste U de Mann-Whitney entre grupos, entre avaliação e reavaliação

Variável Tempo Média controle

Média experimental

Diferença (C - E)

p-valor aproximado Conclusão

Infrequência de Relações Avaliação 4,90 5,40 -0,50 0,066 Não

significativoReavaliação 5,20 5,40 -0,20 0,3771 Não

significativoFalta de comunicação sexual

Avaliação 5,20 4,90 0,30 0,4821 Não significativo

Reavaliação 4,70 5,00 -0,30 0,6544 Não significativo

Insatisfação sexual feminina Avaliação 4,60 4,60 0,00 1 Não

significativoReavaliação 4,80 4,90 -0,10 0,7198 Não

significativoEvitação sexual feminina

Avaliação 1,70 3,50 -1,80 0,02858 SignificativoReavaliação 2,30 3,40 -1,10 0,15 Não

significativoFalta de expressão de sensualidade feminina

Avaliação 7,50 7,40 0,10 0,8334 Não significativo

Reavaliação 7,40 7,10 0,30 0,3989 Não significativo

Anorgasmia Avaliação 5,50 4,70 0,80 0,01199 SignificativoReavaliação 5,40 4,90 0,50 0,09203 Não

significativoFonte: Dados da Pesquisa (2010).

Tabela 3. Resultados do Teste de Walsh intragrupos, entre avaliação e reavaliação

Variável Grupo P-Valor ConclusãoInfrequência de relações Controle > 0,056 Não significativo

Experimental > 0,056 Não significativoFalta de comunicação sexual

Controle > 0,056 Não significativo

Experimental > 0,056 Não significativo

Insatisfação sexual feminina

Controle > 0,056 Não significativo

Experimental > 0,056 Não significativo

Evitação sexual feminina Controle > 0,056 Não significativoExperimental > 0,056 Não significativo

Artigo - 4

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 39

Falta de expressão de sensualidade feminina

Controle > 0,056 Não significativoExperimental > 0,056 Não significativo

Anorgasmia Controle > 0,056 Não significativoExperimental > 0,056 Não significativo

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

Médias - AFAMédias - Grau de Força

2,90

3,40

3,80

3,00

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

Avaliação Reavaliação

Forç

a

Controle Experimental

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

As tabelas 4, 5 e 6 apresentam os resultados da AFA, que avalia o grau de força da musculatura do assoalho pélvico através do toque bidigital.

Tabela 4. Tabela das medidas de tendência e dispersão da variável AFA

GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO CONTROLEAVALIAÇÃO REAVALIAÇÃO AVALIAÇÃO REAVALIAÇÃO

AFA 3,4 ± 0,84 3,8 ± 0,79 3 ± 1,25 2,90 ± 1,10

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

Tabela 5. Resultados do Teste U de Mann-Whitney entre grupos, entre avaliação e reavaliação

Variável Tempo Média Controle

Média Experimental

Diferença (C - E)

p-valor aproximado Conclusão

AFAAvaliação 3,00 3,40 -0,40 0,2876 Não

significativoReavaliação 2,90 3,80 -0,90 0,05471 Não

significativoFonte: Dados da Pesquisa (2010).

Artigo - 4

Na AFA (Avaliação Funcional do Assoalho Pélvico), o grupo experimental apresentou aumento na funcionalidade, avaliada de 3,4 para 3,8 no grau de força, sendo este um resultado não significativo (p > 0,056). O grupo controle apresentou diminuição de 3,0 para 2,9 no grau de força, sendo também um valor não significativo (p >0,056).

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40 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

Tabela 6. Resultados do Teste de Walsh intragrupos, entre a avaliação e a reavaliação

Variável Grupo P-Valor Conclusão

AFA Controle > 0,056 Não significativoExperimental > 0,056 Não significativo

Fonte: Dados da Pesquisa (2010).

Artigo - 4

DiscussãoNo presente estudo, as participantes demonstraram formar um grupo homogêneo quanto à faixa etária. A idade média das participantes foi de 21,3 anos, sendo que as idades variaram entre 18 e 27 anos. Silva (2009) considera que a fraqueza da musculatura do assoalho pélvico (MAP) é um fator etiológico importante em diversas patologias, e cita que em mulheres entre 20 e 59 anos o prolapso de órgãos é estimado em torno de 30,8%; a incontinência urinária pode acometer até 50% das mulheres em alguma fase da vida; estatísticas referem prevalências variáveis de disfunções sexuais. Cerca de 15 a 20% das mulheres sexualmente ativas queixam-se de dor pélvica crônica. Tais dados reforçam a importância de uma musculatura pélvica bem fortalecida para a saúde da mulher.Na avaliação realizada pelo questionário GRISS, já na comparação entre os grupos, observou-se diferença significativa nos itens anorgasmia (p = 0,011) e evitação sexual feminina (p = 0,028). De acordo com estudo realizado pela autora Silva (2004) num programa de hidrocinesioterapia na anorgasmia, em que foi

utilizada uma escala em linha tracejada de 0 a 10 para avaliar o grau de satisfação sexual, uma paciente referiu ter anorgasmia e grau 7 de satisfação sexual antes dos exercícios. Após a intervenção fisioterapêutica, passou a ter orgasmo e grau 9 de satisfação sexual. Em um estudo de Gozzo, Fustinoni, Barbieri, et. al. (2000), realizado com oito mulheres através da aplicação de um questionário contendo seis perguntas sobre a vida sexual, as mesmas relataram evitação sexual por sentirem dificuldade no relacionamento íntimo pelo fato de se sentirem frias.Em estudo realizado por Fozzatti, et. al. (2008), com o objetivo de avaliar os efeitos da reeducação postural global (RPG) nos sintomas de incontinência urinária de esforço (IUE) e a qualidade de vida em um grupo de mulheres incontinentes, uma das ferramentas utilizada a avaliação funcional do assoalho pélvico (AFA), realizado sempre pelo mesmo fisioterapeuta, em todas as pacientes. Na avaliação inicial, no término do tratamento e no seguimento de seis meses, obtiveram os seguintes resultados: a evolução da AFA nos três tempos de

coleta mostrou que, no início do tratamento, 3,85% das pacientes apresentou grau zero e grau 1; 34,63%, grau 2; 26,92%, grau 3; 19,23%, grau 4; e 11,54%, grau 5. No término do tratamento, observaram mudança significativa, no qual não tiveram mais pacientes com graus zero, 1 e 2; 24% passaram para grau 3; 40%, para grau 4; e 36%, para grau 5. Três meses após o tratamento, observaram 16% das pacientes com grau 3; 48% com grau 4; e 36% com grau 5.No item contração prolongada, esse estudo apresentou, na comparação entre os grupos, uma diferença estatisticamente significativa: o grupo experimental apresentou, em média, 9,65 mmHg no nível de pressão a mais do que o grupo controle. Segundo Moreno (2004), no momento da contração prolongada, são as fibras do tipo I que são recrutadas, por serem altamente resistentes. O aumento de força do grupo controle pode ser justificado porque as participantes realizaram, pela segunda vez, a avaliação, e já sabiam como funcionava o método de contração. Sendo assim, observa-se, na presente pesquisa, que o

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protocolo de exercícios na bola suíça utilizado com o grupo experimental, apesar de apresentar diferença significativa apenas na contração prolongada, demonstra que o grupo que realizou os exercícios teve melhores ganhos de força na musculatura do assoalho pélvico.

ConclusãoFoi observado, no presente estudo, que o fisioterapeuta tem sido um membro importante da equipe que trabalha com a saúde da mulher. É importante a

atuação interdisciplinar nas disfunções sexuais, pois a sexualidade é uma condição humana que começa a se formar na infância, continua sendo construída na adolescência e se manifesta diferentemente nas várias fases da vida, portanto é uma questão de bem-estar físico, emocional, mental e social, o que justifica a atuação do fisioterapeuta nesta equipe.Pode-se concluir que a disfunção sexual é multifatorial, e que para estas pacientes o aumento da força da musculatura do assoalho pélvico não foi suficiente para a melhora da satisfação sexual.

Artigo - 4

Recomendam-se novas pesquisas, com maior número de participantes, para maior fidedignidade da pesquisa, bem como um tempo maior de treinamento, acrescentando um trabalho proprioceptivo, além de trabalhar, com o grupo controle, exercícios sem associar a contração abdominal e perineal, promovendo assim a melhora da circulação da região pélvica, boa qualidade muscular, prevenção da incontinência urinária, melhora nas sensações sexuais e estabilidade da musculatura do assoalho pélvico (MAP).

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Artigo - 5

RESUMOEste é um estudo expositivo, realizado em um hospital geral na cidade de Curitiba, com o objetivo de analisar as doenças decorrentes do trabalho, assim como as patologias que incidam sobre seus funcionários, através de levantamento das licenças médicas registradas nos prontuários de cada colaborador, no ano de 2009. A população estudada foi de 1.221 colaboradores ativos, divididos em 29 setores.

Os resultados analisados sugerem que os motivos mais frequentes de licenças médicas foram doenças do aparelho respiratório e gastrointestinal, porém também foram evidenciadas causas musculoesqueléticas. Tendo em vista os resultados, visa-se melhorar as condições de saúde e trabalho para o colaborador através da correlação do atestado apresentado com a função exercida pelo mesmo, assim como adoção de medidas e políticas preventivas, como a Fisioterapia do Trabalho. Palavras-chave: absenteísmo; saúde do trabalhador; fisioterapia do trabalho.

ABSTRACTThis is an expository study, conducted in a general hospital in the city of Curitiba, in order to analyze the diseases resulting from work, as well as the pathologies that relate to their employees, through the survey of medical licenses registered in the records of each employee, in 2009. The study population consisted of 1,221 active employees, divided into 29 sectors. The analyzed results suggest that

the most common causes of sick leaves were due to diseases of the respiratory and gastrointestinal tracts, but were also evident causes muscle problems. Given the results, it is intended to improve the health and work for the developer through the correlation of the certificate filed with the role played by it, as well as adoption of preventive measures and policies such as Physiotherapy Labour.Keywords: absenteeism, employee health; Physiotherapy Labour.

IntroduçãoO trabalho é uma das atividades que mais toma tempo na vida dos indivíduos, pois geralmente eles passam mais tempo inseridos no contexto profissional do que no âmbito familiar. Por esse motivo, o trabalho pode causar estresse e algumas patologias.Os profissionais que trabalham em hospitais permanecem longo período de tempo na sua jornada de trabalho, que muitas vezes é excessiva e desgastante e, muitas vezes, além de lidar com dramas familiares

Análise do percentil de absenteísmo e suas causas nos diferentes setores em um hospital geral de Curitiba no ano de 2009Analysis of the percentile of absenteeism and their causes in the different sectors in a general hospital of Curitiba in the year of 2009

Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz 1

Juliana Prypestsky Cruz Maestrelli 2

Patrícia da Rocha 3

Quelvia Michelly Rosa 4

Tatiana Kelli Devens 5

Wellen Caroline Madeira 6

1. Mestre docente da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco [email protected]

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Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011 43

e a morte constantemente, estão sempre sendo exigidos a superar suas atribuições institucionais. Também estão expostos aos riscos ocupacionais, que podem afetar a integridade física e/ou mental do mesmo, proporcionando-lhe desconforto ou doença, e assim, comprometendo sua produtividade e possibilitando altos níveis de absenteísmo.No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 1995), através da publicação Segurança no Ambiente Hospitalar, considera um arsenal de variáveis que podem interferir na saúde dos trabalhadores destas instituições, classificando os riscos ocupacionais em físicos, químicos, biológicos e mecânicos. Já a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apud Oliveira (2009) complementa que, além dos riscos ocupacionais apresentados, há o risco ergonômico, que é aquele quando há disfunção entre o indivíduo e o seu posto de trabalho, que decorrem da organização e gestão do trabalho podendo levar a acidente de trabalho.Em relação ao absenteísmo, Chiavenato (2004) afirma que este constitui a soma dos períodos em que os funcionários encontram-se ausentes do trabalho nas seguintes situações: doenças efetivamente comprovadas ou não; razões diversas; faltas voluntárias por motivos pessoais; problemas

de transporte; problemas organizacionais e greves.Abreu (2009) complementa que o absenteísmo interfere na rotina do setor hospitalar, desestruturando a organização do trabalho no local, e que esta é uma preocupação para os gestores do hospital comprovada cientificamente como questão de relevância para a sociedade.Como consequência do absenteísmo, Becker e Oliveira (2009) afirmam que acarreta um quadro de funcionários com menor número, provocando uma carga excessiva de trabalho, o que pode levar a um desequilíbrio na sua saúde do colaborador. Isso dá origem um ciclo patológico para a instituição, pois o funcionário sobrecarregado poderá ausentar-se, e assim, acarretará aumento do absenteísmo nas instituições de saúde. Desse modo, pode haver prejuízo na saúde do trabalhador, assim como na sua produtividade.

ObjetivosAnalisar o percentil e as causas do absenteísmo nos trabalhadores de um hospital geral de Curitiba, assim como as patologias que incidam sobre os mesmos, através da análise das pastas funcionais do referido Hospital.

Materiais e métodosA pesquisa foi realizada em um Hospital de Curitiba, no ano de 2009, tendo como

amostra 1121 funcionários ativos no ano de 2009, todos cadastrados no SESMT do Hospital, dentro do arquivo composto por mais de 10.000 matrículas funcionais. Para a inclusão do sujeito na pesquisa, este teria que conter uma pasta funcional registrada no SESMT no ano de 2009 e ser funcionário ativo no mesmo ano. Os sujeitos excluídos foram aqueles que não possuíam registro no SESMT do Hospital, não estavam ativos no ano de 2009, estavam em período de férias ou afastados do trabalho durante o período da coleta de dados.Após a coleta de dados dos colaboradores, os mesmos foram divididos em setores, se houve algum período de afastamento ao local de trabalho, quais as justificativas e, quando houve afastamento por motivo de doença, se esta possuía o Código Internacional de Doença (CID).

Resultados e discussãoDurante 2009, 1121 colaboradores estavam ativos no local, sendo divididos em 29 setores diferentes. Do total de colaboradores, 81% pertenciam ao sexo feminino e 19% ao sexo masculino, com média de idade de 29 anos.Em relação ao absenteísmo, durante o ano da pesquisa, 60% da população do local estudado apresentou pelo menos uma falta durante o período.

Artigo - 5

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44 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

O gráfico 1 representa o total dos atestados, demonstrando os que apresentavam ou não o CID.

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

No gráfico 1, pode-se verificar que, do total de atestados, 84% apresentaram o CID e 16% não apresentaram.No estudo de Silva e Marziale (2000), foi constatado que em uma equipe de enfermagem de um Hospital Universitário formada por 199 colaboradores, 26 (13%) não apresentaram faltas durante o período de um ano entre 1997 e 1998. No entanto, 173 trabalhadores (87%) ausentaram-se do serviço; destes, 150 (75%) justificaram sua ausência por motivo de doença, e os demais por outros motivos, incluindo acidentes de trabalho. Do atestados, 341 continham a descrição do diagnóstico e 153 não continham diagnóstico, corroborando com o presente estudo.Já em outro estudo, de Becker e Oliveira (2008), contatou-se que de um total de 105 trabalhadores que compunham a equipe de enfermagem no local do estudo, a maioria (57,05%) justificou as ausências, por atestado médico. O restante, 32,55% não justificou suas

faltas, corroborando com o estudo presente. Concordando com a presente pesquisa, em estudo sobre problemas de saúde responsáveis pelo absenteísmo de 150 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário, Silva e Marziale (2003), constatataram que, de 494 licenças-saúde emitidas, apenas 341 continham o diagnóstico descrito, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), as quais pertenciam a 123 trabalhadores, nos quais foram identificados 205 problemas de saúde.

Gráfico 2 – Atestados apresentados pelos colaborados com CID’S mais incidentes

Fonte: Dados da pesquisa (2009)

O gráfico 2 representa os CID´s mais encontrados entre os atestados apresentados pelos colaboradores no local da pesquisa durante o ano de 2009. O total de CID´s encontrados na pesquisa foram 1.654. Destes, três foram mais incidentes. São eles: A09 (diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível), encontrado 77 vezes; J069 (infecção aguda das vias aéreas superiores), encontrado 97 vezes; R10 (dor abdominal e pélvica), encontrado 66 vezes. Foram encontrados também incidência de CID musculoesquelético, como o M544 (lombalgia com irradiação para membro inferior), encontrado 15 vezes; M54.5 (dor lombar baixa), encontrado 27 vezes; S934 (entorse e distensão de tornozelo), encontrado 16 vezes.Corroborando com este estudo, Silva e Marziale (2003), no estudo sobre problemas de saúde responsáveis pelo absenteísmo de trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário, as doenças mais encontradas foram do sistema respiratório, totalizando 16,6%; doenças do sistema genitourinário, com 11,7%; doenças dos órgãos dos sentidos, com 11,2%; doenças do sistema digestivo, com 10,3%; doenças do sistema osteomuscular, com 8,8%; doenças do aparelho reprodutor feminino, com 7,8%; doenças do sistema nervoso central, com 5,9%; doenças do sistema tegumentar, com 2,9%; doenças do sistema cardiovascular, com 4,4%; sinais e sintomas mal definidos, com 2,4%, e transtornos mentais sem diagnóstico, com 1,5%.

Artigo - 5

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A autora afirma ainda que os agravos à saúde do sistema respiratório e dos órgãos dos sentidos podem estar relacionados a infecções hospitalares, por meio de contaminação, ambientes fechados e pouco ventilados, baixa imunidade e estresse – fatores de risco presentes no cotidiano do setor hospitalar. Num estudo sobre absenteísmo entre os servidores civis de um hospital militar, de Guimarães (2005), as doenças mais encontradas foram do aparelho respiratório, com 12%; do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, com 21%; do aparelho digestivo, com 7,3%; transtornos mentais e comportamentais, com 4,2%;doenças do aparelho circulatório, com 9,5%; do aparelho genitourinário, com 3,0%; lesões, envenenamentos e outras consequências de causas externas, com 6,4%; gravidez, parto e puerpério com 1,1%, doenças de pele e tecidos subcutâneos com 1,3%, doenças do olho e anexos, com 3,4%; algumas doenças infecciosas e parasitárias, com 3,5%; sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e laboratoriais, com 7,0%; doenças do ouvido e apófise mastoide, com 1,0%; doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, com 0,7%; fatores que influenciam o estado de saúde, com 15%; doenças do sistema nervoso, com 3,8%; e causas externas de morbidade e mortalidade, com 0,2%, dados que discordam do presente estudo.

No estudo de Costa, Viera e Sena (2009), de absenteísmo relacionado a doenças entre membros da equipe de enfermagem de um hospital-escola, pode-se observar que a maior causa do absenteísmo relacionado a doenças dos trabalhadores foi por doenças do sistema osteomuscular e conjuntivo, apresentando 24% dos casos; do aparelho respiratório, representando 14,3% dos casos; e do aparelho circulatório, constituindo 8,5%, não concordando com o presente estudo. Descartando a hipótese do presente estudo, que era “A maior causa de absenteísmo dos funcionários do referido hospital é por doenças musculoesqueléticas?”, Abreu (2009) observou em seu estudo que a maior causa do absenteísmo relacionado a doenças dos trabalhadores de enfermagem foi constituída por doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, representando 18,86% das justificativas. Em seguida, os fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde compreenderam 12,86% das ausências, doenças do aparelho respiratório, 10,48% ,e doenças do aparelho digestivo, 9,38%.Costa, Viera e Sena (2009) realizaram um estudo com funcionários da enfermagem de um hospital público, onde foi observado que a causa mais encontrada de absenteísmo relacionado a doenças dos colaboradores

do sexo masculino e feminino foi por doenças do sistema osteomuscular e conjuntivo, sendo 23,5% entre as mulheres e 28,6% entre os homens. As doenças do aparelho respiratório representam a segunda causa, com 14%, entre as mulheres, seguidas de doenças do aparelho circulatório, com 8,8%. Já entre os homens, também as doenças do aparelho respiratório, com 10,8%, aparecem como a segunda causa do absenteísmo relacionado a doenças, juntamente com os fatores que induziram a procura de serviço de saúde não especializado, 10,8%.Ambos os estudos não corroboram com a presente pesquisa, pois apresentam incidência de afastamento por doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, dado não encontrado no presente estudo.

CONCLUSÃOVerificamos que as causas do absenteísmo no local da presente pesquisa foram de origem do aparelho respiratório, demonstrando o risco biológico do local. Pôde-se verificar também que houve alguma incidência do CID da categoria musculoesquelética nos setores do local do estudo. Desse modo, é presumível a existência do risco ergonômico e biomecânico aos colaboradores, porém, está é multifatorial, sugerindo então uma análise profunda e diferenciada dos diferentes

Artigo - 5

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46 Revista FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA – abril 2011

postos de trabalho do hospital.Como a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores interferem na sua produtividade, é importante que haja investimento em relação à saúde dos mesmos. Desse modo, a fisioterapia pode agir na atenção primária à saúde, prevenindo o problemas musculoesqueléticos e promovendo saúde e qualidade de vida ao trabalhador. Cabe ao fisioterapeuta do trabalho identificar, avaliar e observar os fatores que possam constituir risco à saúde funcional do trabalhador, sendo esta especialidade reconhecida pelo conselho federal que rege a profissão.Sugerem-se novas pesquisas que correlacionem os atestados apresentados pelos colaboradores com a função exercida no local de trabalho, a fim de identificar as causas, consequências e os gastos gerados pelo falta ao trabalho, e futuramente verificar se a atuação da Fisioterapia pode minimizar tais fatores.

REFERÊNCIAS

1. ABREU, R. M. D. de. Estudo do absenteísmo na equipe de enfermagem de um hospital de ensino. Uberaba, 2009.

2. BECKER, S. G.; OLIVEIRA, M. L. C. de; Estudo do absenteísmo dos profissionais de enfermagem de um centro psiquiátrico em Manaus,

Brasil. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. 1, jan./fev. 2008.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência a Saúde. Segurança no ambiente hospitalar. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde, 1995.

4. CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 2.

5. COSTA, F. M. da; VIEIRA, M. A.; SENA, R. R. de.; Absenteísmo relacionado a doenças entre membros da equipe de enfermagem de um hospital escola. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 62, n. 1, p. 39-44, jan./fev. 2009.

6. GUIMARÃES, R. de S. O. O absenteísmo entre os servidores civis de um hospital militar. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública 2005.

7. OLIVEIRA. J. D. de. Risco ocupacional no contexto hospitalar. Natal, 2009.

8. SILVA, D. M. P. P.; MARZIALE, M. H. P. Absenteísmo de trabalhadores de enfermagem em um hospital universitário. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 5, , out. 2000. p. 44-51.

9. ______. Problemas de saúde responsáveis pelo absenteísmo de trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário. Acta

Scientiarum Health Sciences, Maringá, v. 25, n. 2, 2003, p. 191-197,

Artigo - 5

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NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE ARTIGOS

A revista Fisioterapia em Evidência, editada pelo curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco, publica artigos originais e de revisão, relatos de caso, editoriais e cartas ao editor.Originais que não estiverem de acordo com as normas desse gênero serão devolvidos aos autores para adequação, antes de ter o conteúdo examinado. Os que se enquadrarem serão submetidos à apreciação de dois editores, garantindo-se o anonimato de autores e editores. Dependendo dos pareceres recebidos, os autores poderão ser solicitados a fazer ajustes, ainda sujeitos à aprovação. Uma vez aceito, o texto será submetido à edição, podendo haver novamente solicitação de ajustes formais.

Responsabilidade e ética

O conteúdo e as opiniões expressas serão de inteira responsabilidade dos autores. Artigos de pesquisa envolvendo sujeitos humanos devem indicar expressa aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da instituição responsável. Pesquisas referentes a animais precisam da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais.

Formato e conteúdo Os textos deverão ser digitados em Word 97-2003, em tamanho A4, com espaçamento de linhas duplo e fonte 12 tipo Times New Roman. Exige-se o formato ABNT em todo o texto.

Página de rosto – deve conter:

a) título do trabalho e sua versão para o inglês; b) nome completo dos autores com indicação da titulação acadêmica e inserção

institucional, nome do departamento, curso ou laboratório dessa instituição, acompanhada de endereço completo, incluindo cidade, estado e país; c) título condensado (máximo de 50 caracteres) – running title; d) endereços eletrônico e postal do autor principal;

e) indicação de órgão financiador de parte ou todo do projeto de estudo, se for o caso.

Resumo – deve permitir visão panorâmica do trabalho, conter no máximo 250 palavras e versão em inglês. Para os artigos originais, o resumo deve ser estruturado em objetivos, métodos, resultados e conclusões.

Unitermos ou palavras-chave – máximo de seis, relacionados após o resumo e o sumário. Como guia, consulte descritores em ciências da saúde (http://decs.bvs.br).

Estrutura do texto

• Editoriais – a convite do editor, sob tema específico, devem conter no máximo duas mil palavras.

• Artigos originais – devem conter estruturalmente as partes introdução, objetivos, métodos, resultados, discussão e conclusão. São contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita, passíveis de ser replicados e/ou generalizados. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora, conter o máximo de cinco mil palavras; tabelas e figuras não podem exceder a sete.

• Relato de caso – com a mesma estrutura dos artigos originais – no máximo mil e quinhentas palavras e três tabelas. Recomenda-se não citar iniciais do paciente • Artigos de revisão – compreende avaliações críticas e ordenadas da literatura sobre determinado assunto, devendo conter objetivo (por que a revisão da literatura foi realizada, indicando se ela enfatiza

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Campinas, 28-30 maio 1997. Anais. Campinas: Ed. Unicamp, 1997. p. 447-52.

AgradecimentosQuando pertinentes, dirigidos a pessoas ou instituições que contribuíram para a elaboração do trabalho, são apresentados ao final das referências.

Apresentação eletrônica da versão finalApós comunicação do aceite ao artigo, o autor deverá proceder a eventuais ajustes sugeridos pelos editores, no prazo de cinco semanas. Com a versão final editada, o editor poderá solicitar novos ajustes e esclarecimentos. Neste caso, o prazo será de duas semanas.

Enviar artigos para [email protected].

algum fator em especial), fonte de dados (critérios de seleção de artigos e métodos de extração e avaliação da qualidade das informações), síntese dos dados (principais resultados quantitativos e/ou qualitativos da pesquisa) e conclusões (com as respectivas aplicações). Incluem-se os procedimentos adotados e a delimitação do tema. A extensão limita-se a três mil palavras.

• Cartas ao editor – comentários, discussões e críticas a artigos publicados recentemente nesta revista, relatos de pesquisas originais ou achados científicos significativos. Extensão limítrofe de mil palavras.

Referências

As referências devem seguir o modelo da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). Veja exemplos:

DAHER, S.; MATTAR, R.; SASS, N. Doença hipertensiva específica da gravidez: aspectos imunológicos. In: Sass N, Camano L, Moron AF, editores. Hipertensão arterial e nefropatias na gravidez. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 45-56.

BLIDDAL, H.; HELLESEN, C.; DITLEVSEN, P.; ASSELBERGHS, J.; LYAGER, L. Soft-laser therapy of rheumatoid arthritis. Scand. J. Rheumatol. 1987. 16(4):225-8.

HERZOG NETO, G.; CURI, R.L.N. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico eletrônico]. 2003 [citado 2006 jul. 22];62(1):[cerca de 5 p.]. Disponível em: <www.sboportal.org.br>.FREIRE, M. Exercícios aeróbicos e lombalgia [dissertação]. São Paulo: Disciplina de Reumatologia Universidade Federal de São Paulo Unifesp, 2000.

SACCO, I.C.N.; COSTA, P.H.L.; DENADAI, R.C.; AMADIO, A.C. Avaliação biomecânica de parâmetros antropométricos e dinâmicos durante a marcha em crianças obesas. In: VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,

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