24
1 Tancredo Martins Diretor-geral da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB). Ano 8 | nº 39 | Outubro/Novembro de 2011 revista Responsabilidade socioambiental, case da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB) Engenharia de Planejamento. ‘Como fazer’ é mais importante do que ‘fazer’ Pesquisa realizada no 14º Seminário Nacional de Gestão de Projetos mostra importância dada à qualificação Sustentabilidade energética sem definição precisa por José Eli da Veiga Confira a programação de cursos do IETEC

Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

  • Upload
    ietec

  • View
    217

  • Download
    1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A edição 39 da revista IETEC acaba de ‘sair do forno’. A publicação traz, bimestralmente, reportagens e artigos opinativos sobre as principais iniciativas corporativas nas áreas de desenvolvimento sustentável e capacitação profissional. Nesta edição, o leitor poderá ler uma interessante entrevista com o diretor-geral da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), Tancredo Martins, além de uma matéria sobre pesquisa realizada durante o 14º Seminário Nacional de Gerenciamento de Projetos a respeito do perfil, carências e necessidades do gerente de projetos. Artigos de personalidades de destaque do mundo corporativo também enriquecem a publicação, como o material assinado pelo professor José Eli da Veiga a respeito da sustentabilidade e o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE-2019).

Citation preview

Page 1: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

1

Tancredo MartinsDiretor-geral da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB).

Ano 8 | nº 39 | Outubro/Novembro de 2011

revi

sta

Responsabilidade socioambiental,case da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB)

Engenharia de Planejamento. ‘Como fazer’ é mais importante do que ‘fazer’

Pesquisa realizada no 14º Seminário Nacional de Gestão de Projetos mostra importância dada à qualificação

Sustentabilidade energética sem definição precisapor José Eli da Veiga

Confira a programação de cursos do IETEC

Page 2: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

2

Page 3: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

PRESIDENTE | Ronaldo Gusmão / DIRETORIA | Diretor Geral: Mauri Fortes

/ Diretor de Marketing: Paulo Emílio Vaz / Diretor de Operações e Produto:

José Ignácio Villela Jr. / Diretora de Pós-Graduação: Wanyr Romero Ferreira

/ COORDENAÇÕES | Financeiro: Sérgio Ferreira / Administrativo: Marcelo

Pereira / Comunicação e Marketing: Raquel Souza / Ensino: Fernanda Braga

/ Gestão Integrada: Gislene Perona / Treinamento: Vivian Prado / Informação

e Apoio: Michele Dias / Vendas: Sheyla Matos / EAD: Juliana Mendonça /

COORDENAÇÕES TÉCNICAS | Meio Ambiente: Luiz Ignácio Fernandez de Andrade

/ Sistemas Industriais: José Ignácio Villela Jr. / Mineração: Jorge Valente /

Manutenção: José Henrique Egídio / Tecnologia da Informação: Antônio de

Pádua / Telecomunicações: Hudson Ribeiro / Gestão de Projetos: Clênio Senra,

Ivo Michalick e João Carlos Boyadjian / Gestão de Energia: Wanyr Romero

Ferreira / Gestão de Negócios: Wilson Leal / Responsabilidade Social: Helena

Queiroz / Inovação e Criatividade: José Henrique Diniz e Terezinha Araújo

/ Sustentabilidade: Antônio Claret Oliveira | REVISTA IETEC | Projeto Gráfico:

G30 MKT e COM / Diagramação: Tatiane Coeli / Jornalista Responsável: Harley

Pinto (09013/MG) / Impressão: Paulinelli / Foto capa: Thiago Fernandes

Tiragem:20.000 exemplares | Periodicidade bimestral | Distribuição gratuita

Comentários, sugestões e anúncios:[email protected]

Todas as matérias e artigos estão disponíveis no site:www.techoje.com.br

Vídeos e entrevistas do Seminário de Gestão de Projetos estão disponíveis em: www.youtube.com/IETECtv

Expediente

www.gestaodeprojetosbrasil.com.br

www.twitter.com/ietecwww.twitter.com/ietecprojetoswww.twitter.com/ecolatina

Redes Sociais:

Opinião Capa Curtas

• Patentes verdespor Márcio Mello Chaves

• Responsabilidade socioambiental levada a sério, case da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB)

• Educação corporativapor Elizabeth Amaral

• Capacitação do Engenheiro de Softwarepor George Leal Jamil

• Conhecimento aplicado

• Aconteceu no IETEC

18

8 e 9

15

21

20

7

Cenário

• Pesquisa realizada no 14º Seminário Nacional de Gestão de Projetos mostra importância dada à qualificação

• Engenheiro de Planejamento: saber fazer é cada vez mais valorizado pelas empresas

16

17

Agenda

Cursos nas áreas de: • Gestão de projetos• Gestão e tecnologia da informação• Responsabilidade social• Gestão e tecnologia industrial• Gestão da inovação• Meio ambiente• Manutenção • Mineração

11 a 14

• Inovação, palavra de ordempor Daniel Bizon

10

• Competitividade como matriz do crescimentopor Ronaldo Gusmão

5

• O importante papel da sustentabilidade energéticapor José Eli da Veiga

22

Page 4: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

4

Gestão IndustrialSua empresa preparada para os desafi os

de um mercado cada vez mais exigente e instável

Te l : ( 31 ) 3223 .6251 / 3116 .1000 | R . Tomé de Souza , 1065 – Sa vass i – Be l o Ho r i z on t e

i e t e c . c o m . b r | c u r s o s @ i e t e c . c o m . b r | t w i t t e r . c o m / i e t e c

Os cursos do IETEC qualificam a sua empresa para atender a

demanda de seus clientes e acionistas em termos de fl exibilidade,

velocidade, qualidade, custos e eliminação de desperdícios

Cursos de Curta Duração | Cursos in company

Cursos on-line | Cursos Gratuitos

Pós-Graduação Aperfeiçoamento | MBA Executivo/EspecializaçãoCursos de Curta Duração | Cursos in company

Cursos on-line | Cursos Gratuitos

Pós-Graduação Aperfeiçoamento | MBA Executivo/Especialização

Capacite seus profi ssionais e obtenha os melhores resultados

Page 5: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

5

Recentemente o Fórum Econômico Mundial (WEF) divulgou o Índice de Competitividade Global 2011, no qual o Brasil aparece na posição 58, em um ranking com 142 países. O documento é uma análise do empresariado em relação a doze pilares, reunidos em três grandes grupos: Requisitos Básicos (que engloba instituições, infra-estrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária); Propulsores de Eficiência (educação superior e treinamento, eficiência do mercado de bens, eficiência no mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, tamanho do mercado, eficiência no mercado de trabalho e prontidão tecnológica); e Sofisticação Empresarial e Inovação (sofisticação dos negócios e inovação).

É sabido que a competitividade é influenciada tanto por fatores internos como externos ao país. Acima de tudo, um ambiente interno favorável auxilia o país a se tornar um player global. Não seremos um jogador de nível de seleção exportando somente commodities (café e açúcar no passado; minério de ferro e soja hoje). O déficit nas transações comerciais de base tecnológica no Brasil é enorme, chegando a US$84,9 bilhões em 2010, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Precisamos melhorar significativamente o ambiente interno, reduzindo as taxas de juros e a carga tributária (de todos os setores, sem privilégios), aumentado de forma consistente a poupança interna, além de proporcionar uma melhor distribuição de renda, cuja forma mais eficaz é por meio de investimento massivo em educação básica e saúde.

No quesito inovação, o Brasil ficou na 42ª posição. Mas o resultado poderia ser bem melhor, se investíssemos mais e melhor. As empresas brasileiras aplicam 0,5% de seu faturamento em atividades de P&D. No entanto, se comparadas com países como os Estados Unidos (2,01%) e China (1,18%) as empresas brasileiras ainda estão muito distantes. No que se refere à disponibilidade de cientistas e engenheiros, caímos de 60º para o 68º lugar.

Educação e treinamento, como demonstra o estudo da WEF, são um dos propulsores da eficiência produtiva, e neste ponto o Brasil está na 58ª posição. A qualidade do sistema educacional brasileiro foi mal avaliada pelo empresariado, colocando o Brasil em 103º lugar.

O que fazer? Há vários levantamentos que indicam o caminho.

A carência de profissionais especializados começa bem antes, já no ensino fundamental, com alunos nada qualificados. No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno (PISA) – que mede a capacidade de leitura e o aprendizado de matemática e ciências dos estudantes de 15 anos de idade em 65 países – o Brasil ocupa a vergonhosa 53ª posição. Dos 20 mil alunos que fizeram a prova, 80% estão abaixo do nível de aprendizagem considerado bom ou adequado. A situação do aprendizado de matemática é catastrófica, com 90% dos estudantes abaixo da média entre os países participantes.

Outra pesquisa, dessa vez da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstra que ainda falta muito a percorrer quando o assunto é investimento em educação. O levantamento, que avalia o ensino em 34 países, mostra que o Brasil, apesar de ter investido mais, ainda está distante da média dos países-membros. Saímos de 3,5% do PIB em 2000 para 5,3% em 2008. Porém, o percentual ainda é inferior à média dos países pertencentes à OCDE: 5,9%.

Mas não é possível seguirmos com a tese, a meu ver equivocada, de educação gratuita para todos. A educação é cara em qualquer país, por menor que ele seja. Imagine num país-continente como o nosso? O ensino é oneroso, sim, mas é mais barato do que adquirir um automóvel, por exemplo, financiado em 60 ou mais prestações, ou seja, o mesmo que custaria um curso superior de cinco anos. Aí fica a pergunta: por que o brasileiro se endivida na compra de um produto não-durável, que consome mais dinheiro a cada ano de uso, a tal ponto de não valer, dentro de determinado tempo, nem 10% do seu valor original, mas acha inalcançável cursar uma boa escola? A alternativa é: quem pode, deve pagar pelo ensino, e para quem não puder há de existir mais estímulos para pagar a sua formação depois de concluído o curso. Segundo a OCDE, quem possui diploma superior no Brasil recebe salários até 156% superior a quem não tem a graduação. Ou seja, a educação é, sim, um excelente investimento.

A educação deve ser para a vida, principalmente para a vida profissional, onde as empresas precisam ser competitivas num mundo cada vez mais global.

Ronaldo GusmãoPresidente do Ietec.

Educação e competitividade

Opin

ião

A educação deve ser para a vida, principalmente para a vida profissional

Gestão IndustrialSua empresa preparada para os desafi os

de um mercado cada vez mais exigente e instável

Te l : ( 31 ) 3223 .6251 / 3116 .1000 | R . Tomé de Souza , 1065 – Sa vass i – Be l o Ho r i z on t e

i e t e c . c o m . b r | c u r s o s @ i e t e c . c o m . b r | t w i t t e r . c o m / i e t e c

Os cursos do IETEC qualificam a sua empresa para atender a

demanda de seus clientes e acionistas em termos de fl exibilidade,

velocidade, qualidade, custos e eliminação de desperdícios

Cursos de Curta Duração | Cursos in company

Cursos on-line | Cursos Gratuitos

Pós-Graduação Aperfeiçoamento | MBA Executivo/EspecializaçãoCursos de Curta Duração | Cursos in company

Cursos on-line | Cursos Gratuitos

Pós-Graduação Aperfeiçoamento | MBA Executivo/Especialização

Capacite seus profi ssionais e obtenha os melhores resultados

Page 6: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

6

Aconteceu no IETEC

Curta

s

Qualificação profissional em foco

No último trimestre, mais de 160 empresas qualificaram seus profissionais através dos cursos de curta duração do IETEC.

Alguns deles foram:

Liderança em Equipes de Projetos

No curso, ministrado pelo PMP® Ivo Michalick, gerentes, coordenadores e supervisores de equipes de projetos tiveram acesso à técnicas e fundamentos que lhes permitiram refletir e atuar junto às suas equipes de projetos, aprimorando seu perfil de líderes e alinhando-os às mudanças decorrentes da introdução de ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos nas suas empresas.

Liderança em Equipes de Tecnologia

A professora Marli de Paula, Mestre em Criatividade Aplicada Total, discutiu com os alunos – gerentes, coordenadores e supervisores de equipes de Tecnologia da Informação – as principais técnicas e fundamentos sobre as mudanças decorrentes da introdução da tecnologia nas organizações.

Utilizando como base o livro ‘Inventário de Administração de Tempo’, a especialista buscou provocar nos alunos uma reflexão sobre o perfil dos líderes de formação tecnológica.

Gerenciamento de projetos para a Construtora ARG

Funcionários do Grupo ARG em curso de Gerenciamento de Projetos, com a professora Rosânia de Castro Fernandes. Para os profissionais, uma oportunidade de qualificação em gerenciamento de projetos; para as empresas o momento de tornar seus colaboradores melhor preparados para os novos desafios enfrentados pela organização.

Curso Preparatório para Exame PMP / PMI (Project Management Professional)

Uma das características mais marcantes do IETEC é sua preocupação com a qualificação dos gerentes de projetos. Pensando nisso, a instituição de ensino organizou, no último trimestre, a 37ª turma do Curso Preparatório para Exame PMP (Project Management Professional).

Ministrado pelos especialistas em gerenciamento de projetos Arnaldo Pires, Clênio Senra, Rosânia de Castro e Rodrigo Netto Lacerda, o curso busca preparar os profissionais para a certificação PMP, do PMI – Project Management Institute conforme a 4ª Edição do Guia PMBOK.

Page 7: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

7

O IETEC é um dos maiores incentivadores à adoção de inovação pelas empresas. Não por acaso, oferece há 24 anos diversos cursos com foco na melhor gestão desse processo, que, aliado à criatividade, pode gerar no ambiente empresarial as condições ideais para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, ou seja, da economia do estado como um todo.

Para demonstrar aos alunos, na prática, a relevância do tema, o instituto convidou o SIMI (Sistema Mineiro da Inovação), para detalhar seu trabalho.

O gestor executivo da entidade, Paulo Adriano Freitas Borges, explicou que o papel do Sistema é propiciar a união entre as três hélices do processo inovador: as instituições acadêmicas (como o próprio IETEC e outras escolas), as empresas que aplicam e adaptam as inovações e as instituições de apoio (as diversas esferas do governo e agências de fomento). Uma das ferramentas demonstradas por ele para esse movimento de interdependência é o portal SIMI. “Nossa ideia é que ele seja a rede social dos inovadores. Através do espaço, propiciamos a reunião de todos os agentes envolvidos no processo”, afirma.

Para o coordenador-técnico da área de inovação e criatividade do IETEC, José Henrique Diniz, o trabalho realizado pela entidade é de suma importância. “Trata-se de uma importante ferramenta, tanto para as empresas como para os profissionais. O próprio SIMI é uma inovação relevante do governo do estado, na medida em que permite a troca de experiências e a busca constante de parcerias”, enfatiza.

Mais informações sobre o SIMI em www.simi.org.br.

Investimento em inovação

entidade reúne diferentes agentes produtores de novos processos e serviços no estado

Page 8: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

8

Em setembro, entrou em operação a planta da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), em Jeceaba/MG. A empresa investiu cerca de R$5 bilhões na construção do complexo de 2,5 milhões de metros quadrados, que vai gerar 1.600 empregos diretos e outros 2 mil terceirizados.

A Revista do IETEC ouviu o Diretor-Geral da empresa, Tancredo Martins. Na entrevista, ele ressaltou que a VSB já nasce fabricando ‘tubos verdes’. Além disso, o investimento realizado permite afirmar que o grupo já inicia suas atividades adotando práticas de sustentabilidade – cuidado com o meio ambiente, valorização da população no entorno do empreendimento e respeito às características e cultura da comunidade local.

Confira abaixo a íntegra da entrevista, que abordou ainda temas como o desenvolvimento de pessoal, as dificuldades para se contratar mão de obra e os projetos de retenção de talentos da empresa.

Sustentabilidade

A VSB já é, a partir de sua inauguração, uma das maiores siderúrgicas do mundo. Como essa nova empresa, de classe mundial, se preocupa com a sustentabilidade?

A VSB é uma usina que desde a sua concepção, em 2007, tem como norte o princípio da sustentabilidade. A partir do lançamento da Pedra Fundamental e durante toda a obra, foram cumpridas as condicionantes ambientais. Além disso, a VSB possui o Centro de Referência em Revegetação da Mata Atlântica cujo objetivo principal é a recomposição da área com diferentes modelos de

VSB já nasce sob o signo da

sustentabilidade

revegetação, cientificamente consolidados, e o monitoramento e desenvolvimento das mudas plantadas ao longo do tempo, qualificando a evolução da biodiversidade da fauna e da flora, a biomassa e o carbono estocado. Atualmente o Centro possui cerca de 160 mil mudas nativas plantadas.

Criamos também o Programa de Educação Ambiental (PEA) Vislumbrar: Meio Ambiente Sob Um Novo Olhar cujo foco é a promoção da educação ambiental, principalmente em relação à preservação dos biomas, como a Mata Atlântica, e dos recursos hídricos nas comunidades de Jeceaba, São Brás do Suaçuí, Entre Rios de Minas e dos distritos de Alto Maranhão e Pequeri em Congonhas.

O Vislumbrar trabalha com três públicos-alvos definidos: comunidade geral, comunidade escolar e os colaboradores da usina. Embora haja distintas atividades previstas para os diferentes públicos, o objetivo das ações é sempre o mesmo: sensibilizar, conscientizar e motivar todos a preservar o meio ambiente.

A autossuficiência em carvão vegetal é um exemplo da preocupação da empresa com ações de cunho ambiental?

A VSB foi concebida para uma produção de forma flexível. Possui um alto-forno que pode operar tanto utilizando carvão mineral quanto o carvão vegetal.

A V & M FLORESTAL (VMFL) já é fornecedora de carvão vegetal para a V & M do BRASIL (VMB) e irá aumentar sua produção para atender também a demanda da VSB. Assim como a VMB, contamos com um processo siderúrgico onde usamos fonte renovável de energia, o que a credenciou ser uma Empresa

Tancredo Martins é diretor-geral da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB)

Page 9: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

9

Capa

mundial a fabricar os chamados “Tubos Verdes”, por serem ecologicamente corretos. Nosso objetivo é que nossos produtos também sigam essa linha. Outro diferencial para a produção de aço é a utilização de sucata metálica no Forno Elétrico à Arco (FEA), o que aumenta a flexibilidade operacional e proporciona a reutilização de materiais.

Inovação tecnológica

Qual é o papel da inovação tecnológica para o negócio da empresa?

A Laminação da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB) foi construída com o que há de mais moderno no mercado mundial de tubos de aço sem costura. Desenvolvido pela alemã SMS MEER, o processo é considerado ‘estado da arte’ e insere um novo padrão de qualidade na laminação dos tubos, novidade na América do Sul.

Com modernos processos e soluções em tecnologia utilizados na VSB, obtemos vantagens competitivas no mercado com produto de alta qualidade, alta produtividade, flexibilidade de produção, menor consumo de energia e menor geração de resíduos.

Além disso o modelo adotado na produção de aço, com um alto-forno flex utilizando tanto o carvão mineral quanto o carvão vegetal, modelo sustentável de energia renovável, e uma aciaria dotada de equipamento inédito na América Latina, o Consteel, que otimiza o consumo de energia e assegura melhor controle sobre o processo de fusão do aço. Fatores como esses fazem com que a VSB tenha diferenciais tecnológicos desde o início de suas operações.

Desenvolvimento pessoal

Qual a relevância que a empresa dá ao desenvolvimento de seus colaboradores?

Desde o início das obras a VSB privilegiou a contratação de mão-de-obra local bem como a capacitação profissional. Recentemente lançamos o programa “Jovem Aprendiz”, uma ação em parceria com o SENAI de Ouro Branco para ensinar os jovens talentos da região os processos mecânicos e elétricos para que eles possam trabalhar na Empresa. Além disso, o Departamento de Treinamento e Desenvolvimento se reúne anualmente com as áreas para planejar a programação de cursos e treinamentos, que é feita de acordo com as demandas específicas de cada equipe. Conforme as necessidades apontadas, são oferecidos cursos técnicos e comportamentais, desde in company até no exterior.

Carência de mão de obra

Como a empresa lida com esse cenário de escassez de bons profissionais?

Atualmente a VSB já possui o seu quadro de profissionais completo, o que reduz muito a necessidade de busca no mercado.

Além disso, nos preparamos para eventuais substituições através de programas de qualificação de pessoal na região de Jeceaba, em parceria com o Governo do Estado de Minas Gerais, bem como programas de formação de aprendizes, em parceria com o SENAI. Internamente também temos um programa de desenvolvimento de pessoas, com o objetivo de priorizar os próprios empregados nas substituições dos cargos estratégicos.

Retenção de talentos

Como é a política de retenção e formação de seus talentos?

Há os programas de qualificação e desenvolvimento de profissionais. Temos também a política interna de benefícios, compatível com o mercado. Além disso, o fato de estarmos começando agora e sermos uma empresa bastante moderna, por si só, é um grande atrativo e fator de retenção, pois motiva os profissionais pelos desafios inéditos e pela possibilidade de crescimento junto com a nossa empresa.

Page 10: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

10

Opin

ião

Inovar é imprescindível para ter sucesso no mundo globalizado. Quem disse? Peter Drucker disse, Philip Kotler também disse, o “palestrante que foi lá na empresa” disse, o “livro que li ontem” disse, “a matéria da revista de economia” disse, o professor disse, “passou na televisão”! Na boca do povo está a palavra inovação. Quem não inova, não cresce e vai ficar fora do “jogo”. Muito bem.

Então existirão dois tipos de pessoas: as que inovam (os grandes gênios que todo mundo conhece), e as que não inovam, que são “os meros mortais”, certo? Errado! Na prática, há muito discurso, mas pouca inovação.

Aprendemos que inovar é coisa para gênio. “Quem pode, pode!” E esse é o grande paradigma. Definitivamente inovar não é coisa de gênio. É coisa de gente! Mas já que insistem em ter um gênio na história, este artigo é dedicado ao gênio que existe em você, caro leitor, que merece sucesso e tem tudo para inovar hoje e sempre.

Considere-o como uma espécie de “lâmpada mágica”. Eu a esfrego daqui e você aparece daí. Sou mágico e tenho várias “lâmpadas mágicas” no meu estoque. Mas tem uma condição: quando você sair, três pedidos devem ser atendidos, três atitudes para despertar o gênio inovador que existe em você. Fechado? Então aí vão:

1. Entenda e aceite que inovar é uma capacidade de todo ser humano. Você só precisa saber como pensar para inovar, como direcionar o seu pensamento. No universo empresarial inovar é fazer dinheiro, gerando lucro ou baixando o custo.

2. Adote um método para inovar. Precisamos de método, controle sobre o processo inovativo, direcionando a imaginação para criar utilidade ou eliminar a inutilidade (por exemplo: o custo alto ou uma ação que não faça sentido com a estratégia são inúteis). Procure conhecer esses métodos.

3. Conecte, adapte. Inovação, na maioria das vezes não

significa inventar algo novo. Significa conectar coisas que já existem para criar nova utilidade ou fazer com que algo inútil deixe de existir. O “nov” contido na palavra (inovação) sugere que a novidade seria uma constante, o que não é verdade. O que sempre é novo no ato de inovar são os pontos de vista e as atitudes.

Outro aspecto importante: a convergência é o princípio do grande movimento da economia global e também um dos princípios que regem a inovação. Conectar é convergir; pense nisso. Inovação também acontece quando se adapta algo que é novidade para um determinado sistema, mesmo que esse algo não seja novidade no mundo. Ou mesmo quando reativamos algo que está inativo em nosso sistema, gerando lucro ou redução de custo. Assim como temos controle sobre a qualidade e sobre a estratégia, porque não controlar o planejamento e a gestão da inovação?

Inovação é praticamente uma obrigação. Pois o conhecimento já é de domínio público. Então precisamos inovar para sermos mais competitivos, mais competentes e mais felizes. Quem não se abre para a inovação sai perdendo na vida, no trabalho, na família e nos negócios. O líder de mercado? Não existe mais. Hoje é a empresa x, amanhã será a empresa y. Acabou de vez o velho status do líder soberano, com seguidores subordinados à sua supremacia, como no conceito clássico de Michael Porter.

A nova competição não será mais entre empresas e nem entre profissionais, mas entre modelos de negócio e modelos mentais singulares. Não há mais espaço para arrogâncias, “coronelismos” ou “tapetes vermelhos”.

Inovar é permitir a mudança, eliminando conflitos econômicos, sociais, pessoais e ambientais. Precisamos de lucratividade no trabalho e na vida. Inovar é implantar uma idéia que faz “a grana” da empresa crescer e a felicidade das pessoas surgir. Criatividade é um pré-requisito. Invenção é novidade, mas nem sempre inovação. Inove! Desperte o gênio que existe em você! Acredite, não são mais necessárias montanhas inspiradoras para inovar. As ferramentas estão aí para os gênios que desejam sair de suas “lâmpadas mágicas”.

INOVAÇÃO,palavra de ordem

Opin

ião

A nova competição não será mais entre empresas ou entre profissionais, mas entre modelos de negócios e modelos mentais singulares

Daniel Bizonprofessor do Ietec, palestrante profissional e consultor em desenvolvimento corporativo. em 2010, recebeu o título de “Palestrante do Ano”, concedido pela LAQI - Latin American Quality Institute.

Page 11: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

11

Programação de cursos:Nunca foi tão fácil levar sua empresa tão longe

Outubro de 2011 a Fevereiro de 2012

Page 12: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

12

aqui entra o folder

Conheça as diversas oportunidades de curso oferecidas pelo IETEC.

Confira a programação dos cursos no site www.ietec.com.br.

Curso Início Término HorárioAuditoria em Projetos 17/Out/11 19/Out/11 DiurnoGerenciamento de Riscos em Projetos 3/Nov/11 4/Nov/11 DiurnoPlanejamento e Controle de Custos em Projetos 16/Nov/11 17/Nov/11 DiurnoAnálise de Decisão com Utilização de Monte-Carlo 17/Nov/11 18/Nov/11 DiurnoAdministração de Contratos - Curso a Distância 25/Nov/11 25/Nov/11 -Negociação para Gerentes de Projetos 1/Dez/11 2/Dez/11 DiurnoViabilidade Econômico-Financeira de Projetos 6/Dez/11 7/Dez/11 Diurno

Gerenciamento de Projetos12/Dez/112/Fev12

13/Dez/113/Fev12

Diurno

Administração de Contratos 13/Dez/11 14/Dez/11 DiurnoInteligência Emocional em Projetos 14/Dez/11 15/Dez/11 DiurnoGerenciamento de Projetos com a Utilização do MS Project 2007 16/Jan/12 25/Jan/12 NoturnoViabilidade Economico-Financeira de Projetos 9/Fev/12 10/Fev/12 DiurnoPreparatório para a Certificação PMP 29/Fev/12 2/Mai/12 Noturno

Gestão de Projetos

Gestão e Tecnologia da Informação

Curso Início Término HorárioModelagem de Processos 17/Out/11 25/Out/11 NoturnoGestão de Serviços em TI - ITIL e seus Fundamentos 19/Out/11 21/Out/11 DiurnoLiderança em Equipes de Tecnologia 17/Nov/11 18/Nov/11 DiurnoPlanejamento Estratégico de Tecnologia da Informação 6/Dez/11 7/Dez/11 DiurnoGovernança de TI na Prática - Uma Abordagem com Base na ITIL 12/Dez/11 14/Dez/11 DiurnoSegurança da Informação nas Organizações 14/Fev/12 17/Fev/12 Noturno

Responsabilidade Social

Curso Início Término HorárioDiversidade e Inclusão nas Empresas 10/Nov/11 11/Nov/11 DiurnoElaboração de Projetos Sociais 16/Nov/11 17/Nov/11 DiurnoComunicação e Responsabilidade Social 24/Nov/11 25/Nov/11 DiurnoGestão de Projetos Sociais 24/Jan/12 27/Jan/12 Noturno

Page 13: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

13

aqui entra o folder

Confira a programação dos cursos no site www.ietec.com.br.

Gestão e Tecnologia Industrial

Meio Ambiente

Gestão da Inovação

Curso Início Término HorárioGestão da Inovação no Ambiente Empresarial - Curso a Distância 20/Out/11 21/Nov/11 -Inovação Profissional e Criatividade – Ativadores e Ferramentas 5/Dez/11 7/Dez/11 Diurno

Curso Início Término HorárioRemediação e Gerenciamento de Áreas Degradadas 19/Out/11 20/Out/11 DiurnoGestão Integrada: Qualidade, Meio Ambiente, Saúde eSegurança do Trabalho

19/Out/11 21/Out/11 Diurno

Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa e aNova ISO14064

20/Out/11 21/Out/11 Diurno

Ecodesign: Desenvolvendo Produtos e Processos Sustentáveis 7/Nov/11 10/Nov/11 NoturnoMonitoramento Ambiental 24/Nov/11 25/Nov/11 DiurnoControle, Manuseio e Transporte de Produtos Perigosos 1/Dez/11 2/Dez/11 DiurnoTratamento de Esgotos e Efluentes Industriais 1/Dez/11 2/Dez/11 Diurno

Curso Início Término HorárioCustos como Instrumento de Gestão 13/Out/11 14/Out/11 DiurnoDesenvolvimento e Avaliação de Fornecedores 17/Out/11 19/Out/11 Noturno

Planejamento e Controle de Estoque18/Out/1123/Fev/12

19/Out/1124/Fev/12

Diurno

Liderança em Equipes de Produção 20/Out/11 21/Out/11 DiurnoNegociação em Compras 3/Nov/11 4/Nov/11 DiurnoCustos Industriais - Formação do Custo do Produto 8/Nov/11 9/Nov/11 DiurnoFormação do Preço de Vendas e Análise Tributária 10/Nov/11 11/Nov/11 Diurno

Planejamento, Programação e Controle da Produção16/Nov/1124/Fev/12

17/Nov/1127/Fev/12

DiurnoNoturno

Planejamento, Organização e Execução de Inventários 16/Nov/11 18/Nov/11 NoturnoSistemas e Técnicas de Troca Rápida de Ferramentas 1/Dez/11 1/Dez/11 Diurno

Produtividade Industrial-Medição e Gerenciamento Através da OEE (Eficiência Global dos Equipamentos)

5/Dez/11 5/Dez/11 Diurno

Gerenciamento de Almoxarifados 13/Dez/11 14/Dez/11 Diurno

Custos e Formação de Preços Industrais 19/Jan/12 20/Jan/12 Diurno

Negociação em Compras 24/Jan/12 27/Jan/12 Noturno

Análises Tributárias 16/Fev/12 17/Fev/12 Diurno

Planejamento e Controle de Estoques 23/Fev/12 24/Fev/12 Noturno

Page 14: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

14

Rua Tomé de Souza, 1065 | Savassi | CEP 30.140-131 | Belo Horizonte / MG ietec.com.br | [email protected] | (31) 3116.1000 | (31) 3223.6251

Curso Início Término HorárioEliminação de Erros e Defeitos na Manutenção 17/Out/11 18/Out/11 DiurnoManutenção Centrada em Confiabilidade 17/Out/11 18/Out/11 DiurnoGerenciamento da Manutenção 3/Nov/11 4/Nov/11 DiurnoGestão de Projetos de Paradas 7/Nov/11 8/Nov/11 DiurnoPlanejamento e Manutenção sob a Ótica da NR12 11/Nov/11 11/Nov/11 DiurnoManutenção Autônoma 21/Nov/11 22/Nov/11 DiurnoPlanejamento e Controle de Manutenção - Curso a Distância 25/Nov/11 20/Dez/11 -Manutenção Preditiva e Inspeção Sensitiva 5/Dez/11 6/Dez/11 DiurnoPlanejamento, Programação e Controle da Manutenção-Avançado 30/Jan/12 31/Jan/12 Diurno

Manutenção

Curso Início Término Horário

Desmonte de Rochas com Explosivos27/Out/1114/Fev/12

28/Out/1115/Fev/12

Diurno

Avaliação Econômica de Projetos de Mineração 7/Nov/11 9/Nov/11 Diurno

Avaliação da Segurança de Barragens de Rejeitos7/Nov/117/Fev/12

10/Nov/1110/Fev/12

Diurno

Otimização e Sequenciamento da Lavra (mina a céu aberto) 16/Nov/11 18/Nov/11 DiurnoGeoestatística Aplicada 5/Dez/11 7/Dez/11 DiurnoBombeamento de Polpas 12/Dez/11 14/Dez/11 Diurno

Mineração

Cursos corporativos IETEC: o mercado reconhece. Grandes empresas já aprovaram os Cursos Corporativos IETEC para capacitar seus colaboradores. Isso mostra a confiança e credibilidade que o IETEC possui no mercado. Com aulas voltadas para a realidade do seu negócio, os Cursos Corporativos podem ser customizados de acordo com a

necessidade da sua empresa.

Page 15: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

15

Vivemos grandes transformações em todas as dimensões e, sempre que isto acontece, a sociedade passa a enfrentar novos problemas. Portanto, deve pensar também em novas soluções.

Não podemos mais utilizar velhas respostas para responder às novas perguntas. A educação corporativa tem um papel fundamental quando o ponto é não deixar a organização envelhecer. Sim, porque quem envelhece são as pessoas, não as empresas.

Neste sentido, a educação precisa assumir seu real papel para influenciar a competitividade das empresas. Ela deve ajudar os profissionais a quebrar premissas, renovar o conhecimento, inovar e pensar considerando novas perspectivas de um mesmo problema. A educação deve levantar perguntas que reflitam as necessidades do mundo em que vivemos, trabalhamos, competimos e no qual queremos ter sucesso: o mundo do século XXI.

A maioria dos profissionais das áreas de educação corporativa vive um grande dilema para construir a ponte entre as estratégias dos negócios e o desenvolvimento das pessoas.

Este dilema ainda faz parte da rotina de muitos profissionais da área de educação porque ainda existem gargalos importantes no sistema de desenvolvimento integrado de pessoas. É o caso, por exemplo, da dificuldade em traduzir as competências essenciais da empresa, da pouca integração entre as áreas, do baixo envolvimento das lideranças na identificação e no desenho das soluções educacionais. Enfim, estes são alguns fatores que podem levar a falta de alinhamento entre os objetivos estratégicos e os conteúdos dos programas educacionais.

elisabeth Amaralé diretora-superintendente da UniAlgar, Universidade corporativa do Grupo Algar, que conta, atualmente, com 20 mil associados (termo usado para tratar seus funcionários).

O importante papel da educação corporativa nas empresas

Opin

ião

A globalização criou uma nova realidade social e as empresas precisam entender como ter sucesso neste novo cenário

Quando este alinhamento não acontece, as ações de desenvolvimento de pessoas ficam desconexas da estratégia, contribuindo para que os conteúdos dos programas muitas vezes não tenham aplicabilidade, porque não respondem às questões mais críticas e imediatas do negócio. O impacto destas ações é crítico e cria-se o rótulo de que treinamento não ajuda a empresa a se tornar mais competitiva.

E isto é em parte uma verdade porque se os conteúdos não estiverem atualizados, se não forem úteis e relevantes, a educação não agregará valor às empresas. Ao contrário, ela também estará contribuindo para o envelhecimento do conhecimento da empresa, que fica sem serventia.

A globalização criou uma nova realidade social e as empresas precisam entender como ter sucesso neste novo cenário e quais os comportamentos do novo consumidor, senão correm o risco de desenvolverem produtos e serviços para pessoas que não existem mais. Neste contexto, a educação precisa apoiar as empresas no processo de mudança de atitude e esta tarefa não é das mais fáceis. As pessoas ainda tem receio do novo, resistem a sair da zona de conforto e têm uma dificuldade grande de se livrar da carga inútil de conhecimento que foi incorporada por anos a fio. Sem este desprendimento fica difícil fazer a leitura do cenário e entregar produtos e serviços que o consumidor deseja.

Para garantir que não exista este descompasso entre o que o mercado quer e o que as empresas produzem é preciso flexibilidade para inovar o conhecimento e humildade para aprender de novo. E a área de educação tem o dever de orquestrar este processo continuamente para gerar renovação e transformação.

Page 16: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

16

Os principais benefícios com a adoção da atividade de Gerenciamento de Projetos (GP) são minimizar os riscos em projetos (50%), maior comprometimento com os objetivos e resultados (49%) e maior integração entre as áreas (49%).

Estas foram algumas das constatações feitas na pesquisa realizada pelo IETEC durante o 14° Seminário Nacional de Gestão de Projetos, ocorrido em julho. O objetivo do levantamento foi, segundo o presidente do Instituto, Ronaldo Gusmão, atualizar e contextualizar o perfil do profissional da área, ao mesmo tempo em que apresenta importantes reflexões sobre o mercado para o GP. “O ponto positivo diz respeito à manutenção do grande volume de investimentos e a quantidade expressiva de projetos relevantes no mercado brasileiro, alavancados, em grande parte, pela realização das Olimpíadas e da Copa do Mundo no país. Estes são importantes fatores para a aplicação de metodologias, que garantem o resultado e o posicionamento nos mais importantes segmentos empresariais”, afirma.

O estudo permitiu uma análise do atual momento do mercado interno, não só na área de Gerenciamento de Projetos. “Trata-se de um importante indicador das variações do mercado interno, que pode ser utilizado para reflexões, tanto de profissionais como de empresas, sobre a utilização de práticas de gerenciamento de projetos”, analisa Gusmão.

A principal informação da pesquisa não é novidade para os gerentes antenados com o mercado de trabalho. As empresas têm valorizado, cada dia mais, o gerenciamento em seus projetos. Nada menos que 80% delas fazem uso da estratégia no seu dia a dia operacional. Outro dado contundente é que a maioria das organizações ouvidas (65%) utiliza métodos para priorizar projetos. Os principais são alinhamento estratégico e retorno de investimentos.

Diante desse cenário, de crescente valorização do gerente de projetos, as empresas enxergam algumas lacunas e carências nos profissionais. São elas: deficiência com comunicação, relatado por 70% dos entrevistados, questões relativas a mudanças no escopo (69%) e problemas com prazos (65%).

Aspectos não-técnicos também são valorizados pelas organizações. Nesse ponto, as principais dificuldades dos profissionais apontadas

são: liderança, comunicação e gerenciamento de conflitos são diferenciais muito importantes para um profissional da área de projetos. Isto acaba ocorrendo, provavelmente, como consequência da concentração do perfil técnico, apontado como causa por 28% dos participantes. “É importante considerar que nos próximos doze meses 44% das empresas desenvolverão ou revisarão suas metodologias de projeto, 35% pretendem implementar indicadores de desempenho para projetos e 28% adotarão ferramentas de gerenciamento de projetos”, relata Gusmão.

Para o coordenador do MBA de Gestão de Projetos, João Carlos Boyadjian, o profissional que quer se diferenciar no mercado precisa, acima de tudo, investir na sua qualificação. “O investimento realizado em educação é um dos principais diferenciais que um gerente pode fazer em si mesmo. Cursos de curta, média e longa duração permitem que ele vivencie cenários variados que lhe permitirão tomar decisões mais acertadas no seu cotidiano”, afirma o professor.

Os participantes também apontaram, com a pesquisa, um número expressivo de empresas – cujo total chega a 84% – no qual a direção trabalha para o desenvolvimento e melhoria de conceitos em GP. Um bom exemplo é a Siemens. “A empresa primeiro antecipa a gestão do projeto já para as fases iniciais de negociação com o cliente, na identificação correta dos seus desejos e necessidades, e registra isso de maneira bastante técnica e jurídica. Fazemos isso desde 1870, quando de nossa primeira experiência com gerenciamento de projetos”, enfatiza Wilson Leal, diretor de negócios da companhia.

“A pesquisa, apesar de ser resultado de um trabalho direcionado para quem já trabalha com a metodologia, demonstra mais uma vez os ganhos com a utilização das melhores práticas de gestão de projetos e o quanto as empresas devem se preocupar em melhorar seu desempenho na área por meio de várias capacitações e de melhor qualificação para os seus profissionais”, diz Gusmão.

A pesquisa foi feita nos dois dias do seminário – 13 e 14 de julho - e ouviu 230 profissionais, de 112 empresas, dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Brasília e Pará.

A íntegra da pesquisa está disponível no site www.techoje.com.br

Gestão de Projetos:

Pesquisa demonstra que qualificação é principal diferencial no mercado

Cená

rio

Page 17: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

17

Para saber planejar

Para profissionais dos mais variados perfis, o IETEC realizou, em setembro, o workshop sobre Engenharia de Planejamento. Os palestrantes foram o professor João Carlos Araújo da Silva Neto e o co-coordenador do curso, Ítalo Coutinho.“Foi uma ótima oportunidade para que as pessoas que ainda tinham alguma dúvida sobre a importância de um correto planejamento, quando da implantação de um projeto. Os potenciais de um trabalho bem organizado, num comparativo com a ausência de tal metodologia, são perceptíveis e totalmente mensuráveis. Iremos detalhar esses processos”, explica Coutinho.

Silva Neto, que também é gerente de gestão de projetos da CSN, aproveitou a oportunidade para detalhar as oportunidades de mercado que um engenheiro especializado em planejamento possui. “Os mais diversos setores da economia já perceberam a necessidade de um gerente para o correto andamento de seus projetos. Especializar-se em planejamento faz com que o profissional se torne ainda mais apto a preencher essas vagas. Diariamente, na minha empresa, temos demanda por novos GPs”, analisa.

Worshop de Engenharia de Planejamento

Levantamentos diversos apontam que a carência, no Brasil, é de mais de 50 mil gerentes de projetos. Mas não basta somente se candidatar a essas vagas. É o que garante Antônio Augusto Ribeiro Pereira, coordenador do curso. “O mercado não demanda qualquer tipo de GP. Precisamos estar, continuamente, nos qualificando. Somente assim conseguiremos um diferencial de mercado suficiente para ser cobiçado por essas empresas”, enfatiza o profissional, com mais de 10 anos de experiência na área.

Esse é o objetivo do engenheiro de manutenção da Jaguar Mining, Antônio Sousa dos Santos. “Busquei esse workshop pensando justamente na minha qualificação. Estou me formando em engenharia agora, mas já percebi que preciso desse diferencial para me posicionar no mercado de uma forma que seja positiva para minha carreira”, diz.

Entendendo o processo do cursoO primeiro módulo, que dá ao aluno o título de aperfeiçoamento, terá 185 horas/aula, terminando em março de 2012. Para a complementação do curso, permitindo ao aluno obter o título de especialista/MBA em Administração de Projetos de Engenharia de Planejamento, é necessário cursar o segundo módulo, com carga-horária de 250 horas/aula – totalizando 435 horas/aulas – e cuja previsão de conclusão é setembro de 2012.

Page 18: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

18

Uma patente pode ser definida como o direito de exploração temporário de uma invenção ou modelo de utilidade concedido ao seu inventor pelo Estado, como forma de incentivar o desenvolvimento das tecnologias e das ciências. Esse direito encontra amparo em nossa Constituição da República e é a fonte de proteção para todas as tecnologias permitidas pela Lei Federal que a rege.

No Brasil, as patentes garantem ao seu detentor o direito de exploração econômica exclusiva pelo prazo de 20 ou 15 anos, contados da data de depósito do pedido, sendo assegurado um mínimo de 10 ou sete anos a partir de sua concessão.

Via de regra, as normas que regem a propriedade industrial definem que são patenteáveis as invenções que preencham o requisito da novidade; que sejam providas de uma atividade inventiva e que possuam aplicação industrial.

Tendo como foco, pois, a preocupação com esses impactos, e objetivando o desenvolvimento sustentável, vários são os exemplos de tecnologias que foram criadas e desenvolvidas para esse fim, as chamadas “patentes verdes”.

Com a finalidade de incentivar a criação de inventos que têm o objetivo de reduzir os impactos causados ao meio ambiente, escritórios de registros de patentes de vários países do mundo, como já mencionado, têm adotado procedimentos, conhecidos como fast-track ou “pista rápida”, que visam acelerar a análise dos pedidos de patentes verdes.

A adoção de tais procedimentos mais céleres tem o intuito de estimular a criação das tecnologias verdes, mediante a concessão das patentes em períodos substancialmente menores, agilizando a oferta desses inventos ao mercado de consumo.

Sob esse prisma, há ainda de ser observado que a proteção ao direito de exploração exclusiva das patentes verdes, além de uma forma de incentivar a aparição de novas inovações nesse ramo, tem como objetivo a recuperação dos geralmente altíssimos investimentos envolvidos em seu desenvolvimento.

De outro lado, tem-se a preocupação com o acesso aos inventos em prol de toda a humanidade. A explicação parece simples: a proteção ao meio ambiente constitucionalmente garantida é benéfica para a humanidade como um todo e, portanto, não poderia ficar restrita ao pagamento pelo uso ao inventor ou à espera pela entrada do invento em domínio público.

Apesar de garantir a exclusividade na exploração econômica pelos criadores dos inventos verdes patenteados, alguns casos são passíveis de uso independentemente de autorização de seus detentores.

É o caso das licenças compulsórias concedidas pelo Poder Público nos casos de interesse público, dentre os quais se insere a proteção ao meio ambiente.

Desta feita, a fim de viabilizar a proteção ao meio ambiente, os Estados poderão licenciar compulsoriamente as invenções patenteadas, bem como utilizar essas tecnologias em países em desenvolvimento, o que a princípio criaria um aparente conflito de direitos a serem protegidos: a proteção ao direito de exploração econômico advindo da patente versus a proteção ao meio ambiente.

Apesar da aparente possibilidade de conflito entre o direito de proteção ao meio ambiente com o direito à exploração econômica exclusiva pelo detentor da patente, não é possível corroborar com o entendimento de que um posicionamento inviabilizaria o outro.

A proteção à exploração exclusiva da patente e as ferramentas previstas na legislação garantem a coexistência entre esses dois interesses, uma vez que a própria natureza do ato de concessão da licença compulsória garante a remuneração do titular da patente e, ao mesmo tempo, garante o acesso ao invento a todos que dele se beneficiarão com a aplicação dessas tecnologias sustentáveis.

Opin

ião

Márcio Mello chavesé advogado das áreas de Propriedade intelectual e Direito Ambiental do Almeida Advogados.

Patentes verdes: amadurecendoa ideia

Vários são os exemplos de tecnologias que foram criadas e desenvolvidas para esse fim

Page 19: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

19

AVALIAÇÃO ECONÔMICADE PROJETOS DE MINERAÇÃOAprenda com quem é referência: Professor Petain Ávila de SouzaMais de 40 anos na capacitação dos melhores profissionais.

BENEFÍCIOS:• Habilitar os profi ssionais na tomada de decisões de investimento;• Analisar o valor do dinheiro no tempo;• Avaliar os riscos envolvidos;• Utilizar técnicas e metodologias de economia aplicadas à avaliação econômica de projetos mineiros.

Tel: (31) 3223.6251 / 3116.1000 | R. Tomé de Souza, 1065 – Savassi – Belo Horizonte | ietec.com.br | [email protected] | twitter.com/ietec

• LEGISLAÇÃO MINERAL E MEIO AMBIENTE – 13 e 14 de outubro• DESMONTE DE ROCHAS COM EXPLOSIVOS – 27 e 28 de outubro• AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS DE REJEITOS

7 a 10 de novembro• OTIMIZAÇÃO E SEQUENCIAMENTO DA LAVRA

(MINA A CÉU ABERTO) – 16 a 18 de novembro• GEOESTATÍSTICA APLICADA – 5 a 7 de dezembro• BOMBEAMENTO DE POLPAS – 12 a 14 de dezembro

Os alunos receberão um exemplar do livro “Avaliação Econômica de Projetos de Mineração”, de Petain Ávila de Souza.

Para se aprofundar no mercado de mineração,você precisa extrair conhecimento do lugar certo

7 a 9de novembro

Page 20: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

20

Conhecimento Aplicado

A cada dia, as diferenças entre os conceitos de emprego e de trabalho se tornam mais evidentes. A maioria das pessoas ainda associa as palavras trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa, mas não o são.

A noção de trabalho é bem mais antiga do que a de emprego. Surgiu quando o homem começou a transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, tendo que trabalhar pelo seu sustento.Já o emprego é um conceito que surgiu com a Revolução Industrial e o surgimento das primeiras manufaturas.

O que está ocorrendo, nesse momento, neste mundo globalizado em que vivemos, é a substituição do conceito de emprego pelo de trabalho. Ou seja, uma inversão do que, historicamente, conhecemos.

A atividade produtiva tem passado a depender, cada dia mais, de conhecimentos variados. E o profissional que pretende se destacar, deve ser criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar rapidamente às mais variadas mudanças de cenário econômico, tanto no seu aspecto micro como macroeconômico.

Isso reforça a necessidade do aperfeiçoamento contínuo, de patamares operacionais estáveis, confiáveis e eficazes com foco em resultados excepcionais.

Em busca desse aperfeiçoamento contínuo, o engenheiro de produção Francimário Amorim Ferreira conheceu o IETEC através da indicação de um colega de trabalho. “Fiquei agradavelmente surpreso com o currículo dos professores,

Emprego e Trabalho, diferenciais que potencializam a carreira

Curta

s

realmente conhecedores e estudiosos de suas especialidades. São profissionais atuantes no mercado de trabalho, destaques nas suas áreas de atuação. Esse foi, com certeza, um dos maiores diferenciais dos cursos, tanto nas pós-graduações como nos de curta duração”, afirma.

Ferreira foi aluno das pós-graduações de logística e de gestão de compras, além de ter cursado diversos cursos de curta duração.

Uma dos aspectos que o profissional destaca, nos cursos que fez no IETEC, foi a oportunidade de networking que obteve. “A troca

de experiências com profissionais de outras empresas, de áreas

distintas da minha, é algo que me ajuda até hoje. As vivências de cada um, quando compartilhadas, enriquecem o trabalho de forma muito intensa”, diz Ferreira.

Outro aspecto valorizado pelo ex-aluno foi o

conhecimento de novos cenários. “Muitas vezes, deixamos

de visualizar pontos de vista por estarmos imersos no processo. Com discussões, laboratórios e práticas pedagógicas, os professores nos orientaram a sempre analisarmos o cenário por mais de um ponto de vista. Isso me ajuda muito, principalmente em situações de crise ou de resolução de conflitos”, afirma.

“Comecei minha carreira como estagiário técnico, passei pelos processos de Redução, Manutenção e Suprimentos. Atualmente exerço a função de Gerente de Gestão de Materiais para América Latina. Agradeço à todos do IETEC, professores e funcionários pelo profissionalismo e conhecimento colocados à nossa disposição”, finaliza o engenheiro.

Francimário Ferreira Amorim

“ A troca de experiências, com profissionais de outras empresas, de áreas

distintas da minha, é algo que me ajuda até hoje. As vivências de cada uma, quando compartilhadas, enriquecem o trabalho de

forma muito clara.”

Page 21: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

21

Dificilmente passamos um dia sem ler uma notícia que reincide na afirmação: “Faltam pessoas capacitadas”. Seja na construção civil, na indústria automotiva, na gestão de serviços de saúde, em tecnologia da informação, entre vários setores. O país, como geralmente acontece, com falhas de planejamento, preparo e indicadores que vão do chão ao céu, passa por uma fase de crescimento significativo em vários setores e começa a encarar a falta de recursos humanos preparados para assumir posições estrategicamente sustentáveis em vários setores.

Dentre as manifestações que recebemos, uma chama a atenção: o de desenvolvimento de software. Temos aqui também o nosso habitual mosaico: iniciativas importantes na definição de selos de qualificação de processo convivendo com a obsolescência e inadequação de currículos acadêmicos, falhas do mercado em apreciar boa formação acadêmica se comparada às certificações de marcas e tecnologias específicas, distorções em políticas de remuneração e desenvolvimento de carreira, entre vários sinais. Interessante notar que, recentemente, em duas áreas importantes da aplicação de software foram notificados eventos muito semelhantes: “Em virtude da falta de pessoas...” haverá problemas no crescimento e atendimento de demanda de software embarcado e para mobilidade.

Torna-se importante, neste momento, chamar a atenção do leitor para a atividade do Engenheiro de software. Há quem diga que este profissional, cuja formação teve suas discussões iniciais ainda na década de 1960, é hoje desnecessário, que as habilidades não se relacionam aos modernos métodos e técnicas de desenvolvimento. Há aqui dois equívocos graves, que pretendo salientar neste artigo.

O primeiro é o da formação básica. Ter suas fundamentações teóricas com idade beirando os cinquenta anos não indica obsolescência neste caso, pois a função do Engenheiro de software, como gestor tecnológico do processo de desenvolvimento, em toda a sua abrangência, complexidade e diversidade, é básica, tanto em termos de compreensão quanto de aplicação. Com isso quero dizer que entender os fundamentos da Engenharia é essencial para aquele que produza software, uma vez que ali encontrará a base racional para a proposição de métodos adequados, versáteis e diversificados

George Leal Jamilé doutor em ciência da Informação pela UFMG e leciona no Ietec desde 2010. É, ainda, consultor empresarial nas áreas de software, tecnologia da informação e planejamento estratégico. Atualmente pesquisa temas ligados à gestão de sistemas de informação, estratégia, gestão do conhecimento e aplicação de tecnologia da informação em contextos empresariais.

Capacitação do Engenheiro de Software: um problema atual

Opin

ião

de trabalho, compatíveis com plataformas e demandas variáveis, como as que o mercado enfrenta. Então, primeiramente, a formação básica persiste necessária, pois sem ela não é coerente se afirmar “moderno” sem haver uma base segura de conhecimento.

O segundo ponto advém justamente da pressão do mercado. Percebidas e compreendidas as funções e a formação do Engenheiro de software, verifica-se que este profissional terá a condição de montar, adequar e manter (sim, aceito, “modernizar” ou “atualizar”) o processo de software, como necessário, com fundamentação, dotado de conhecimento e não produzindo soluções em termos de gestão que sejam apenas aplicáveis a um contexto momentâneo, o que deixaria o produtor de software sem sustento estratégico para suas próximas ações, desprovido de planejamento para o futuro.

O Engenheiro de software, segundo preconizado nas propostas básicas da definição de seu papel estratégico, como discutido acima e demandado pelo mercado, torna-se um profissional de presença crítica nos ambientes atuais, consciente das questões que envolvem a definição de um processo essencial para organizações que negociam e aplicam tecnologia da informação (ou seja, na prática, todas!): o de desenvolvimento de software. Sua instrução constante, partindo dos padrões clássicos e que permitam compreender a aplicação da tecnologia em ambientes empresariais faz-se necessária, permitindo que, ao menos em uma daquelas frequentes lacunas em que “falta mão de obra”, nosso cenário de produção seja suprido.

Neste contexto, a formação que buscamos para o Engenheiro de software é de um profissional que acompanhe o desenvolvimento tecnológico, entendendo-o profundamente, com as inovações de grau de consistência variável que o mercado sempre apresenta, adicionando a competência gerencial de cuidar do crítico processo estratégico que é o desenvolvimento de software. Sua formação contempla, portanto, o amplo domínio técnico, somado às capacidades gerenciais que o levarão a compreender os cenários de aplicação do software. Chamo sua atenção, portanto, tanto para o exercício da carreira de Engenheiro de software, quanto da evolução constante de seu aprendizado, que se estende além dos indispensáveis conhecimentos de base exclusivamente tecnológica.

Sua formação contempla amplo domínio técnico, somado às capacidades gerenciais

Page 22: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

22

Alega-se que a noção de sustentabilidade já deveria ter alguma definição precisa, pois surgiu há mais de 30 anos. Contudo, deve-se perguntar a quem assim pensa se existe definição precisa de “justiça”, por exemplo. É incomparavelmente mais antiga e nem por isso menos controversa. Mesmo que não seja muito difícil concordar sobre o que é injusto, ocorre o inverso ao se tentar definir o que é justiça. Nem todas as ideias são desse tipo. Por exemplo: a força de atração mútua que os corpos materiais exercem uns sobre os outros, chamada de “gravidade”. Por mais que haja diferenças nas formas de descrevê-la, ou mesmo de explicá-la, não há divergência alguma sobre o significado do vocábulo. Caso emblemático do que é realmente um “conceito”. Mas esse termo “conceito” foi muito diluído pela banalização de seu uso.

E noções importantíssimas jamais poderão ter definições suficientemente claras para que seu sentido venha a ser aceito por largo consenso. Por exemplo: a noção de democracia. É fácil encontrar aspectos antidemocráticos em sistemas políticos tão democráticos quanto os do Reino Unido e da Suíça, assim como apontar alguns dos mais democráticos em sistemas tão repugnantes quanto os de Cuba e da China. É esse tipo de penumbra que impossibilita o surgimento de definições precisas para grande parte das ideias, principalmente quando exprimem valores. Exatamente o que ignoram as queixas de que falta uma definição de sustentabilidade. Não levam em conta que se trata de um novo valor. Que emergiu dois séculos depois do marco histórico de 1789 e quase meio século depois da adoção pela ONU da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em poucas palavras, a expressão “desenvolvimento sustentável” é um valor similar ao seu mais nobre antepassado, a “justiça social”.

Consequência óbvia é a dificuldade de se medir essas coisas com a ajuda de indicadores. O mais comum é se tentar construir índices sintéticos, resultantes de médias de algumas dimensões que, por sua vez, também já são médias de valores obtidos para punhados de variáveis. Ingênua acrobacia cujos resultados precisam ser interpretados com máxima cautela, conforme o alerta dos melhores estatísticos (Jacob Ryten, por exemplo). É o que deve ter em mente quem resolver ler a análise socioambiental que fecha o Plano Decenal de Expansão de Energia 2019 (PDE-2019, capítulo X, pp. 290-336). Há ali um Índice de Sustentabilidade de Usinas Hidrelétricas (ISUH) que resulta da média aritmética de duas dimensões, ambiental e socioeconômica. Ambas também

resultantes de médias aritméticas de cinco variáveis ambientais e onze variáveis socioeconômicas.

Grandes investimentos em infraestrutura sempre geram muitos benefícios socioeconômicos locais, como aumento de arrecadação, compensações financeiras e emprego. Essas variáveis sempre superarão as demais. Mesmo que as estimativas ambientais fiquem restritas a comparações entre área alagada e potência instalada (em Km2/MW), à perda de vegetação (em Km2), ao trecho de rio alagado (em Km), e a eventuais interferências com unidades de conservação ou áreas prioritárias para conservação da biodiversidade. Nem é preciso entender de estatística para antecipar a forte probabilidade de que a média aritmética entre essas duas dimensões sempre reflita preponderância da econômica sobre a ambiental.

Teria sido uma imensa surpresa, portanto, se tivesse surgido resultado preocupante para algum dos 33 projetos de usinas previstos pelo PDE-2019 em 14 bacias hidrográficas. É até bem estranho que 14 desses projetos tenham acusado sustentabilidade apenas “média”, já que os parâmetros classificatórios também foram arbitrariamente escolhidos. Aliás, cinco projetos do “subsistema Teles Pires/Tapajós” foram mesmo considerados de “alta” sustentabilidade. Para que projetos de usinas viessem a ser seriamente classificados como iniciativas sustentáveis seriam imprescindíveis análises de custo-benefício que levassem em conta as reais alterações socioambientais de longo prazo. Algo que não costuma ser bem feito sequer no âmbito do processo de licenciamento. Então, por melhores que tenham sido as intenções dos técnicos, é forçoso que seja considerado suspeito esse recurso à construção de índice sintético baseado em estranhas médias aritméticas de alhos com bugalhos.

Claro, está muito longe de ser essa a principal distorção do PDE-2019. No que se refere à oferta de eletricidade, nem contempla a ideia de uma seleção de bacias amazônicas a serem sacrificadas e compensadas, com o objetivo de que outras possam ser preservadas. Além disso, insiste em mais participação de térmicas (mesmo que modesta), em vez de expansões mais significativas de renováveis e da nuclear. E, em termos mais gerais de oferta energética, confirma interesse zero pela solar, o que é simplesmente escandaloso. Em suma: melhor torcer para que, tanto índices quanto rumos possam ser corrigidos num PDE-2020 sob nova direção.

Sustentabilidade energética sem definição precisa

Opin

ião

José eli da Veigaprofessor titular do Departamento de economia da Faculdade de economia, Administração e contabilidade da Universidade de São Paulo (FeA-USP) e orientador do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (IRI-USP). Publicou 19 livros. Na Web http://www.zeeli.pro.br

Melhor torcer para que rumos possam ser corrigidos num PDE-2020

Page 23: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39
Page 24: Revista IETEC - Outubro a novembro de 2011- Edição 39

24