58

Revista Intertox - Revinter - Volume 3 Número 1 Fevereiro de 2010 - São Paulo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A RevInter Revista InterTox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade é um periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado, publicado pela InterTox, São Paulo, SP, Brasil.

Citation preview

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

RevInter

REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577

Revista Eletrônica Quadrimestral

meses: (2) fevereiro; (6) junho; (10) outubro

A RevInter é uma publicação da Intertox Ltda, Rua Monte Alegre, 428 – CJ 73, São Paulo, SP

– 05014-000. Disponível em http://www.intertox.com.br.

As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade

dos respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda.

Seções:

Artigos técnicos; Revisões; Comunicações; Ensaios; Informes; Opinião

Idiomas de publicação:

Português; Inglês; Espanhol

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

EDITOR CIENTÍFICO (2009-2011)

Irene Videira Lima

Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML/SP por 22 anos.

COMITÊ CIENTÍFICO (2009-2011)

Irene Videira Lima

Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML/SP por 22 anos.

Marcus E M da Matta

Doutorando em Ciência pela Faculdade de Medicina USP. Especialista em Gestão

Ambiental USP. Turismólogo e graduando em Engenharia Ambiental.

Moysés Chasin

Farmacêutico-bioquímico pela UNESP/SP especializado em Laboratório de Análises Clínicas

e Toxicológicas e de Saúde Pública. Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe especial e

Diretor no Serviço Técnico de Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal da SSP/São

Paulo. Diretor executivo da InterTox desde 1999.

Ricardo Baroud

Famacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor Científico da PLURAIS Revista Multidisciplinar da

UNEB e da TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO (2009-2011)

Alice A da Matta Chasin

Doutora em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia.

Eduardo Athayde

Coordenador no Brasil do WWI – World Watch Institute.

Eustáquio Linhares Borges

Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-

Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.

Fausto Antonio de Azevedo

Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,

ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do

Estado da Bahia.

Isarita Martins

Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em

Química Analítica (UNICAMP), Farmacêutica-Bioquímica Universidade Federal de Alfenas MG

João S. Furtado

Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado (Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill,

NC, EUA).

José Armando-Jr

Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP), Mestre (UNICAMO), Biólogo (USF) .

Sylvio de Queiroz Mattoso

Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do CEPED-BA.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

Editorial 1 Artigo original MACROFAUNA BÊNTICA DE SUBSTRATOS ARTIFICIAIS, RIBEIRÃO DO MEIO, MUNICÍPIO DE SOCORRO, SÃO PAULO – SP Maurea Nicoletti Flynn; Danilo Aparecido da Silva Fernandes; Edson Gutierrez dos Santos Filho

3

DADOS DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AGROTÓXICOS EM UM GRUPO ASSISTIDO POR UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB Gilberto Santos Cerqueira; Verônica Rangel Arruda; Ana Paula Fragoso de Freitas; Thompson Lopes de Oliviera; Tatiana Cristina Vasconcelos ; Saulo Rios Mariz

16

Informe

DOCUMENTAÇÃO DE SEGURANÇA PARA COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE DE PRODUTOS QUÍMICOS NO BRASIL Giovanna Ribeiro-Santos; Patrícia Estevam dos Santos; Fabriciano Pinheiro

29

Ensaio

ENSINO FARMACÊUTICO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA E SUAS POSSIBILIDADES NO BRASIL DO SÉCULO XXI Eustáquio Linhares Borges

34

Normas para publicação 43

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Editorial

Quando começamos não imaginávamos que produziríamos tal resultado.

A Revinter nasceu de um sonho do grupo de especialistas reunidos em torno da

Intertox, que têm a Toxicologia como centro aglutinador e força propulsora de suas

preocupações e ações profissionais.

Esses profissionais partilhavam o diagnóstico da falta de um veículo técnico, que

fosse ágil e largo o suficiente para poder recepcionar todas as áreas da toxicologia e suas

interfaces, como, por exemplo, no domínio das ciências ambientais, a ecotoxicologia e a

análise de riscos toxicológicos à saúde pública, e no campo dos ambientes de trabalho e

transporte, a segurança química e as fichas de orientação.

Ainda que se considere a existência, no setor, de excelentes veículos de

comunicação, como a heróica Revista da Sociedade Brasileira de Toxicologia, havia, de

fato, oportunidade para outra publicação, com vocação diferenciadamente voltada às

questões práticas e alargando os já largos horizontes da ciência-mãe Toxicologia com

todas suas inter-relações às várias áreas de interesse da vida da sociedade humana.

Isso diagnosticado, como antes escrito, fortaleceu-se a idéia da criação de uma

revista eletrônica, que, com a ajuda de muitos, finalmente veio à luz no final de 2008, a

tempo de, com sua quadrimestralidade, apresentar o volume 1, número primeiro, no mês

de novembro daquele ano. De lá para cá foram quatro números, como se mostra na

pequena tabela abaixo. E é esse o ponto de surpresa a que nos referimos no primeiro

parágrafo.

RevInter 2008 2009 2010 Totalnov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev v1n1 332 127 209 221 374 320 479 591 947 697 736 538 754 356 238 218 7137 v2n1 - - - - 645 1733 1056 906 1012 702 898 918 950 540 462 361 10183v2n2 - - - - - - - - 844 680 916 810 1066 460 398 274 5448 v2n3 - - - - - - - - - - - - 1310 404 330 213 2257 Total 332 127 209 221 1019 2053 1535 1497 2803 2079 2550 2266 4080 1760 1428 1066 25025

Como se pode ver pelas estatísticas, o número e leitores que vão à revista e fazem

‘downloads’ dos artigos tem atingido cifras inesperadas. Isso, de fato, por um lado mostra a

força assustadora dessa recente ferramenta de comunicação, isto é, a rede mundial de

Editorial 1

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

computadores, de si já objeto de toneladas de ‘papers’ e livros especializados. De outro

lado, pode nos estar sugerindo que acertamos numa demanda reprimida que ansiava por

tal tipo e estilo de revista.

Não nos tornaremos enfadonhos tentando interpretar os números para nossas/nossos

inteligentes leitoras/leitores, porque lês já estão falando por si. O que dizemos é que

estamos, timidamente, buscando entender tal afluxo de interesse e aquilatar nossa

responsabilidade a partir do que criamos.

Nesse novo número, o quinto, que ora vem a público, prosseguimos nosso intento de

bem informar, despertar, qualificar e, mesmo, polemizar, uma vez que acreditamos que é

da tensão dialética que surge e se fixa o verdadeiro conhecimento.

Assim, passeamos por um espectro do conhecimento que vai da análise de macrofauna

bêntica, base para processos de vida, de Maurea Flynn e colaboradores, à exposição

ocupacional da vida a produtos químicos, em Gilberto Cerqueira e colaboradores,

passando pela preocupação controladora do risco químico, em Giovanna Ribeiro-Santos e

colaboradores, para, finalmente, desaguar num ensaio de profunda e vibrante reflexão

sobre a própria vida a partir das doenças humanas, oferecido a nós todos pelo eminente

Professor Eustáquio Linhares Borges, que, ao falar de ensino farmacêutico e sua visão

crítica, analisa, na verdade, a opção de desenvolvimento humano nesses últimos quarenta

anos, passando, simultaneamente, pela hipervalorização segmentadora das tecnologias

médicas e pela perda da percepção integral do processo saúde e sua dimensão

transcendental.

E é disso que se tem falado na Revinter: das potencialidades exuberantes da vida em

todos os seus compartimentos e das inexoráveis ameaças que sobre ela há, sobretudo

aquelas produzidas, paradoxalmente, pelo próprio gênio humano, que, se numa mão

pode destruir pelo afã produtivista irresponsável, na outra mão pode, como o faz com a

Toxicologia, gerar insumos científicos e conhecimentos suficientes para gerenciar, dentre o

amplo leque das ditas ameaças, aquela representada pelos agentes tóxicos.

É isso que fazemos.

RevInter InterTox

Editorial 2

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

MACROFAUNA BÊNTICA DE SUBSTRATOS ARTIFICIAIS, RIBEIRÃO DO MEIO, MUNICÍPIO DE SOCORRO, SÃO PAULO – SP

Maurea Nicoletti Flynn1,

Danilo Aparecido da Silva Fernandes2

Edson Gutierrez dos Santos Filho2

RESUMO

Ao ocupar bacias hidrográficas, o homem tem retirado matas ciliares que margeiam os rios, utilizando um tipo de agricultura que depende de pesticidas e fertilizantes, aumentando a área urbana sem planejamento, eutrofizando o corpo hídrico pelo lançamento de esgotos urbanos “in natura” e contaminando este pelo lançamento de efluentes industriais. Todas estas atividades têm causado um preocupante estado de degradação dos ecossistemas aquáticos. O presente trabalho tem como objetivo analisar a estrutura das comunidades bênticas da microbacia do Ribeirão do Meio no município de Socorro – SP, bem como avaliar os efeitos da poluição sobre estes organismos. Foram depositados cestos com pedra do tipo brita em 3 pontos dispersos ao longo do Rio do Ribeirão do Meio e deixados por um período de 30 dias afim de serem colonizados pela macrofauna bêntica local. Estes organismos foram utilizados como bioindicadores da qualidade da água. O perfil da calha do rio foi analisado desde sua nascente a foz, com a determinação da velocidade e vazão do rio. A comunidade bentônica apresentou baixa diversidade e baixa riqueza de táxons em todos os pontos, e a variação de táxons de um ponto para o outro foi determinado principalmente pela variação de velocidade de escoamento do rio. A baixa diversidade e riqueza de táxons indicam o comprometimento da qualidade da água pelo despejo de carga orgânica e carreamento de substâncias tóxicas agravados pela devastação da mata ciliar. Como resultado deste trabalho foi caracterizado a estrutura da macrofauna bêntica e definido medidas bioindicadoras e sua direção esperada com a recuperação da mata ciliar do entorno pelo projeto de Recuperação de Matas Ciliares do Governo do Estado de São Paulo. Palavras-chave: bacia hidrográfica, macrofauna bentica, substratos artificiais.

1 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie [email protected] 2 Curso de Engenharia Ambiental das Faculdades Oswaldo Cruz

RevInter - Artigo original 3

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

1. INTRODUÇÃO

As bacias hidrográficas são sistemas biofísicos e sócio-econômicos integrados e

interdependentes (ROCHA et al., 2000), o que justifica abordagens onde sub-bacias são

tratadas como unidade de estudo e planejamento (ESPÍNDOLA et al., 2000),

principalmente por relevarem processos passíveis de sua caracterização, quantificação e

modelagem das interações entre os seus compartimentos (STRASKRABA & TUNDISI, 2000).

Ao ocupar bacias hidrográficas, o homem tem retirado as matas ciliares que

margeiam os rios, utilizando um tipo de agricultura que depende de pesticidas e

fertilizantes, aumentado a área urbana sem planejamento, eutrofizando (excesso de

nutrientes) o corpo hídrico pelo lançamento de esgotos urbanos in natura e contaminando

este pelo lançamento de efluentes industriais. Todas estas atividades têm causado um

preocupante estado de degradação dos ecossistemas aquáticos.

Em função desse histórico de atuação, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de

São Paulo estabeleceu um contrato de prestação de serviços com o Laboratório de

Ecologia e Restauração Florestal (LERF/ESALQ/USP) através da ESALQ Jr. Florestal (EJF),

visando à elaboração de um programa de adequação ambiental para 15 microbacias

distribuídas em 5 bacias hidrográficas (Aguapeí, Tietê/Jacaré, Mogi-Guaçu,

Piracicaba/Jundiaí/Capivari e Paraíba do Sul). Tal programa, denominado Projeto de

Recuperação de Matas Ciliares, é promovido pelo Global Environment Facility (GEF), um

organismo internacional financiado pelo Banco Mundial que tem por objetivo principal

desenvolver programas de proteção ambiental.

Uma das bacias hidrográficas envolvidas no Projeto é a do Rio Mogi Guaçu, que

possui uma área de 1.465.300 ha, apresentando 95.780 ha de vegetação natural

remanescente (6,5% da superfície). A microbacia hidrográfica do Ribeirão do Meio, uma

das três microbacias envolvidas no projeto na Bacia do Mogi-Guaçu, situa-se no município

de Socorro. Com área de 44.200 ha, o município possui 2.080 ha de vegetação natural

(4,7%) (KRONKA, 2005).

O biomonitoramento pode ser a forma mais adequada de avaliar os efeitos da

poluição ou qualquer outra forma de perturbação sobre o sistema aquático, isto porque

RevInter - Artigo original 4

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

elementos da comunidade de determinado corpo d’ água são os monitores naturais da

qualidade ambiental. Os monitoramentos realizados com os bioindicadores em bacias

hidrográficas apontam as alterações das condições limnológicas dos rios, muitas das quais

não podem ser detectadas apenas pelas determinações físicas e químicas da água. A

interação entre os métodos de biomonitoramento e as variáveis abióticas do sistema

proporciona um diagnóstico mais preciso sobre a qualidade ambiental do sistema, as

informações são convergentes e se completam.

Comunidade bentônica corresponde ao conjunto de organismos que vivem todo ou

parte de seu ciclo de vida no substrato de fundo de ambientes aquáticos (CETESB, 2007).

Os macroinvertebrados bentônicos constituem o grupo mais amplamente utilizado e

recomendado para a avaliação de qualidade de água, pois são relativamente fáceis de

amostrar e identificar e ocorrem em todos os ambientes aquáticos. Seus ciclos de vida são

relativamente longos e, em sua maioria, são sésseis. As informações disponíveis sobre os

macroinvertebrados como indicadores de poluição (presença / ausência, tolerância aos

fatores químicos e físicos) servem, portanto, como uma ferramenta suplementar para uma

rápida avaliação das condições de qualidade da água em adição ás análises químicas e

físicas

A coleta de organismos bentônicos pode ser feita pelos métodos tradicionais, com a

utilização de pegadores de fundo e redes que amostra comunidades estabelecidas, ou

por meio de substratos artificiais. Substrato artificial é um equipamento de campo, de

material e forma de confecção variados utilizados na amostragem da comunidade

bentônica. O coletor é deixado no local escolhido por um determinado período, será

colonizado e posteriormente recuperado. A utilização de substratos artificiais apresenta

como vantagens, a possibilidade de coletar em locais onde os métodos convencionais

não podem ser aplicados, não interferirem no meio de forma destrutiva como fazem os

pegadores de fundo, o material obtido contém menos sedimento possibilitando a

obtenção mais rápida de resultados e, como são construídos para serem uniformes, as

variações decorrentes de macro e microhabitats são minimizadas, sendo a colonização

independente do local onde são depositados.

RevInter - Artigo original 5

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

O presente trabalho teve como objetivo analisar a estrutura das comunidades

bênticas e o entorno do Ribeirão do Meio desde uma das nascentes até a foz, no

município de Socorro – SP. Este trabalho é um eixo de pesquisa do projeto de avaliação

ambiental ecossistêmica da micro-bacia do Ribeirão do Socorro conduzido pelas

Faculdades Oswaldo Cruz e Universidade Presbiteriana Mackenzie que se insere em um

amplo plano de Recuperação de Matas Ciliares coordenado pela Secretaria de Meio

Ambiente do Governo do Estado de São Paulo com o gerenciamento do Departamento

de Projetos e Paisagens.

2. Metodologia

O município de Socorro está inserido na bacia hidrográfica do Rio Mogi-Guaçu que

possui uma área de 1.465.300 ha, apresentando 95.780 ha de vegetação natural

remanescente (6,5% da superfície). Apresenta predomínio fitofisionômico da Floresta

Estacional Semidecidual. A vegetação remanescente encontra-se muito fragmentada,

sendo que 82,7% desses fragmentos apresentam superfície entre 0 e 20 ha (KRONKA, 2005).

Figura 1: Localização do município de Socorro na bacia hidrográfica do Rio Mogi Guaçu.

RevInter - Artigo original 6

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

A microbacia hidrográfica do Ribeirão do Meio situa-se no município de Socorro

(22°35’S - 46º31’O) (Figura 1). Com área de 44.200 ha, o município possui 2.080 ha de

vegetação natural (4,7%).

Foram estabelecidos 3 pontos amostrais desde a nascente à foz do Ribeirão do Meio.

O primeiro ponto de coleta compreende a área das nascentes, o segundo é situado em

área intermediária entre a Nascente e Foz do ribeirão e o terceiro é situado próximo à foz

do Ribeirão do Meio com o Rio do Peixe conforme figura 2.

Figura 2: Pontos de coleta ao longo do Ribeirão do Meio

Em cada ponto de coleta foram tomadas as coordenadas geográficas usando um

GPS para possibilitar o posicionamento correto dos pontos em um mapa de referência. As

coordenadas foram projetadas no Datum de referência SAD-69 (South America Datum -

1969) e estão listadas na tabela 1.

Tabela 1: Coordenadas dos pontos de coleta (SAD - 69).

PONTO COORDENADA SUL COORDENADA OESTE

Nascente 22° 38' 28.98" S 46° 29' 33.24" W Meio 22° 37' 48.28" S 46° 31' 02.37" W Foz 22° 36' 13.98" S 46° 30' 42.24" W

RevInter - Artigo original 7

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Os substratos artificiais empregados consistem de cestos circulares de 20 cm de

diâmetro por 30 cm de altura, possuem abertura de aproximadamente 1 cm. Os cestos

foram preenchidos com pedra do tipo brita, com diâmetro de aproximadamente 4 cm (fig.

3).

Figura 3: Cesto com substrato artificial utilizado na coleta dos organismos

Os cestos foram distribuídos, três em cada local, nos três pontos de amostragem

próximos a margem do rio, sobre o fundo. O tempo de permanência destes, foi de 30 dias.

No momento de retirada, os cestos foram embalados em sacos plásticos antes de

serem trazidos até a superfície para minimizar as fugas dos animais com maior mobilidade e

impedir a lavagem no momento da ruptura do filme de tensão superficial. Em seguida,

foram identificados de acordo com o ponto de amostragem e, a cada unidade amostral,

foi adicionada solução de formaldeído 40% em quantidade suficiente para produzir

concentração final e 4 e 5%.

No laboratório, os cestos foram desmontados e as pedras de enchimento foram

lavadas uma a uma em água corrente sobre peneira de malha de 0,5mm. O material foi

fixado em álcool 70% e armazenado em frascos individuais. A triagem foi feita sob

estereomicroscópio e os organismos foram identificados, quando possível, até o nível

taxonômico de família.A abundãncia média foi calculada como a média da abundância

dos três cestos. Para avaliar a estrutura das comunidades, foram adotados os índices de

riqueza de taxa, diversidade de Shannon-Wiener e equitatividade de Pielou. Calculou-se a

RevInter - Artigo original 8

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

freqüência relativa de Chiranomidae e as de Ephemeroptera, Plecoptera e Tricoptera

somadas (EPT).

Para avaliação das vazões nos diferentes setores do rio foram coletados dados de

velocidade da corrente e profundidades em perfis transversais do Ribeirão do Meio. A

velocidade da corrente foi obtida através do lançamento de uma bóia no rio. A bóia era

levada pela corrente até que sua corda de apoio se esticasse ao máximo. A corda de

apoio media 2,0 m. Media-se o tempo para que a corda de apoio alcançasse sua maior

distância, ou seja, 2,0 m. Assim de posse das duas grandezas: tempo e distância, foi possível

calcular a velocidade em cada ponto amostrado. A profundidade em perfil foi obtida

através das medições das profundidades do leito a cada intervalo da largura transversal

do rio. O intervalo transversal variou de acordo com a largura total (margem a margem),

na foz, onde a largura transversal é maior adotaram-se intervalos de 0,5 m, e nos demais

pontos adotaram-se intervalos de 0,1 m. Com o auxílio de uma trena foram medidos os

intervalos transversais e com uma estaca graduada media-se a profundidade. De posse

das profundidades em perfil e da largura transversal foi possível calcular a área molhada

para cada ponto. A vazão foi calculada a partir da área e da velocidade,

Vazão Área Velocidade= × Para se ter uma visão mais detalhada do uso e ocupação do solo da Microbacia do

Ribeirão do Meio, em cada um dos pontos amostrados analisou-se visualmente o entorno

do rio considerando-se 50 m à montante e jusante do ponto de coleta. Nestes locais foram

anotadas características de ocupação do solo e degradação das margens. Os detalhes

de uso e ocupação foram registrados em croquis e imagens.

3. Resultados

Foram identificados nos diferentes pontos amostrais Nascente, Meio do Rio e Foz

representantes das seguintes táxons (Tabela 2):

RevInter - Artigo original 9

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Tabela 2: Abundância média de táxons da comunidade bentônica encontrada no rio

Mogi-Guaçu SPS NASCENTE MEIO PEIXE (FOZ)

Odonata 4 - -plecoptera 7 - -coleoptera 5 - -heteroptera 3 - -

ephemeroptera 1 3foraminifera - - 3amphipoda - - 44leptoceridae - - 6

chironomidae - - 45hirudinea - - 2simulidae - - 19tricoptera - - 15

ceratopogonidea - - 11calamoceratidae - - 1

acarino - - 1copepoda - - 2

A foz apresentou os maiores valores riqueza de táxons além de alta quantidade de

Chironomidae e Amphipoda.

A resposta de aumento ou diminuição do valor de uma medida bioindicadora irá

depender do seu comportamento em relação a um impacto (Tabela 3). Assim, como

exemplo, a medida “riqueza taxonômica total” e riqueza de E.P.T irão diminuir de valor em

caso de ocorrência de uma perturbação. O exemplo de medida bioindicadora que se

comporta de maneira contrária, aumentando de valor em caso de perturbação, é a

porcentagem de indivíduos da família Chironomidae (Díptera), uma vez que este grupo

em geral possui espécies tolerantes à poluição.

RevInter - Artigo original 10

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Tabela 3: Medida dos bioindicadores e sua direção esperada com o aumento do impacto.

CATEGORIA MEDIDA RESPOSTA ESPERADA COM IMPACTO

RESPOSTA OBTIDA NO RIBEIRÃO DO MEIO

NASCENTE MEIO FOZ

RIQUEZA

Riqueza taxonômica total Diminui 5 1 11

Riqueza de E.P.T Diminui 8 3 15

ENUMERAÇÕES % E.P.T Diminui 15,12%

% Chironomidade Aumenta 26,16%

Através dos resultados obtidos para fauna bêntica definiu-se a tabela 4 na qual se

encontra listados os parâmetros indicadores do atual estado de degradação do Ribeirão e

a direção esperada de evolução destes com a recuperação matam ciliar do entorno. Este

monitoramento se dará pelo método “top-down” de avaliação, que trabalha nos níveis de

comunidades ou ecossistemas, estudando mudanças diretas na estrutura da comunidade,

com a subseqüente diagnose da alteração provocada.

Tabela 4 Medidas bioindicadoras e sua direção esperada com recuperação da mata ciliar

do entorno.

A tabela 5 apresenta os valores de área e de vazão obtidas a partir dos perfis

transversais e das velocidades medidas em campo nos Pontos amostrados desde Nascente

a Foz.

Tipo de indicador Indicador Direção esperada

Resultado atual

Riqueza Riqueza taxonômica Aumenta 16 % EPT Aumenta 15

% Chironomidae Diminui 26 Indice de Diversidade de Shannon-

Weaver (H') Aumenta 0,47

Índice de equitabilidade de Pielou Aumenta 0,55

Índices de Diversidade e de

Equitabilidade

Enumerações

RevInter - Artigo original 11

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Tabela 5 Dados pluviométricos do Ribeirão do Meio

ESTAÇÃO ÁREA (m2) VELOCIDADE (m/s)

VAZÃO (m3/s)

ALTITUDE(m)

Nascente 0 0 0 908 Meio 1,37 0,06 0,08 N.D. Foz 3,26 0,03 0,11 665

Na nascente do Ribeirão do Meio há sinais de assoreamento e erosão. Nota-se um

intenso uso e ocupação do solo, com atividades pesqueiras, agrícolas e agropecuárias. O

entorno em vários pontos apresenta uma grande extensão de margens erodidas e pontos

de assoreamento. Sendo que as margens do ribeirão são tomadas por Brachiaria sp., um

efeito da degradação antrópica. Em nenhum dos pontos analisados observa-se área ciliar

preservada em proporções legalmente recomendadas, segundo a resolução CONAMA nº

303/02 ao longo de todo o Ribeirão do Meio. A área preservada deveria equivaler a uma

cobertura vegetal em cada margem de 30 metros, já que este curso d’água não

apresenta largura superior a 10 metros ao longo de sua extensão.

4. Discussão

A família Chironomidae foi a mais amplamente distribuída e é frequentemente o

grupo mais abundante em água doce impactadas, apresentando comportamento

alimentar e habitat diversificado e suportando condições abióticas extremas (CRANSTON,

1995. In: KUHLMANN, 2000) Por outro lado, as espécies reofílicas, associadas a ambientes de

correnteza e bem oxigenados, são tradicionalmente importantes para a confecção de

índices bióticos que estimam degradação ambiental. Estas espécies são altamente

dependentes de oxigênio, correnteza e do tamanho da partícula do substrato. Nesta

categoria podem-se incluir todos os Plecoptera, alguns Ephemeroptera e Tricoptera. A

piora da qualidade da água pode levar à eliminação destes táxons e aumento da

abundância de espécies mais tolerantes e geralmente associadas às condições lênticas,

tolerantes às baixas concentrações de oxigênio e particulação fina do substrato, entre

outras. Assim, os táxons considerados tolerantes à poluição geralmente são aqueles com

capacidade de retirar oxigênio da água em baixas concentrações, como por exemplo,

RevInter - Artigo original 12

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

alguns chironomídeos e os táxons que respiram oxigênio atmosférico, muitos coleópteros e

hemípteros (GRAÇA & COIMBRA, 1998 apud SILVEIRA, 2004).

Há dificuldades em se determinar quando um local está potencialmente degradado

ou recuperado baseando-se somente na presença destas espécies indicadoras, já que

muitas espécies têm exigências diferenciadas quanto à velocidade de corrente (JOWETT,

1992), presença de vegetação subaquática, e quantidade de material em suspensão

(ANTEAU & AFTON, 2008) A velocidade de corrente de um rio é de grande importância na

determinação do tempo de permanência de partículas ao longo do trecho fluvial

determinando as associações biológicas bênticas que colonizam cada trecho (DEWSON et

al., 2007). Isto pode facilmente ser observado pela distribuição das comunidades bênticas

ao longo dos diversos trechos do rio, com a presença de formas detritívoras na Foz.

Diminuição do fluxo de água com aumento de sedimentação altera a disponibilidade de

habitats, ocasionando a alteração da comunidade, com diminuição da diversidade e

modificação da abundância dos grupos presentes

No Ribeirão do Meio observou-se baixa riqueza específica e alta freqüência relativa

de Chironomidae em relação aos demais taxa. A porcentagem de Ephemeroptera,

Plecoptera e Tricoptera (E.P.T) é baixa. Esses índices indicam a presença de eutrofização e

degradação (LENAT, 1988). Este impacto é gerado por lançamento de carga orgânica e

carreamento de substâncias tóxicas como, herbicidas, pesticidas e fertilizantes agravados

pela devastação da mata ciliar, que têm o papel de impedir a entrada de materiais na

calha do rio. Este resultado vem de encontro aos resultados do Índice de Proteção da Vida

Aquática – IVA realizado pela CETESB no ano 2006 para este ribeirão, classificado como

“péssimo”.

O monitoramento biológico é um modo de determinar a qualidade da água,

geralmente medida pelas alterações estruturais e funcionais das comunidades nos sistemas

ecológicos através de suas diversidade e abundância (SILVEIRA, 2004). O emprego destas

comunidades biológicas confere caráter ecológico à rede de monitoramento, subsidiando

decisões relacionadas à preservação da vida aquática e do ecossistema como um todo

(www.cetesb.sp.gov.br).

RevInter - Artigo original 13

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

A comunidade bentônica vem sendo muito utilizada no biomonitoramento da

qualidade ecológica do ambiente aquático, porque ocorrem em todo tipo de ecossistema

aquático, exibem ampla variedade de tolerâncias a vários graus e tipos de poluição, e

estão continuamente sujeitos às alterações de qualidade do ambiente. Para analisar os

aspectos biológicos dos ecossistemas, duas metodologias vêm sendo utilizadas. Os

métodos “bottom-up” que utilizam fundamentalmente dados de laboratório por meio de

experimentação em sistemas simples com subseqüente extrapolação para sistemas mais

complexos e a metodologia “top-down” que avalia, em nível macro, os impactos

ambientais por meio da medição da alteração da organização estrutural e funcional das

comunidades biológicas ou dos ecossistemas.

Substratos artificiais já há algum tempo vêm sendo recomendados e utilizados como

método de coleta de macroinvertebrados bentônicos em programas rotineiros que visam o

monitoramento temporal ou espacial da qualidade ecológica do ambiente aquático

(Araújo et al., 1990. apud Kuhlmann, 2000). Na coleta de macroinvertbrados bentônicos é

importante que haja uma amostragem padronizada que reduza a variabilidade entre as

amostras (Silveira & Queiroz, 2006). Apesar de sua seletividade e artificialidade, a fauna que

coloniza os substratos artificiais compõe-se dos taxa mais importantes como indicadores da

qualidade da água (Dickson et al., 1971. apud Kuhlmann, 2000) e refletirá a capacidade

do ambiente de sustentar vida aquática, adequando-se, portanto, aos propósitos de

monitoramento da qualidade da água (Apha, 1998). As gaiolas de substrato artificiais

ajudam a adensar a biota bêntica sem interferir diretamente no ambiente, o que pode ser

vantajoso em locais que já estão impactados e com fortes alterações em suas

comunidades naturais.

5. REFERÊNCIAS:

ANTEAU, M. J. & AFTON, A.D. Amphipods densities and índices of wetland quality acroos the upper-midwest, USA. Wetlands, 28 (1), 184- 196. 2008. BRIGANTE, J. & ESPÍNDOLA E.L.G., 2003. Limnologia Fluvial: um estudo no rio Mogi-Guaçu. São Carlos. 2003.

RevInter - Artigo original 14

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

DEWSON, Z. S.; JAMES, A. B. W. & DEATH, R. G. Invertebrate community responses to experimentally reduced discharge in small of different water quality. Journal of the North American Benthological Society, 26 (4): 754- 766. 2007 ESPÍNDOLA, E.L.G.; SILVA, J.S.V.; MARINELLI, C.E. & M.M. ABDON. 2000. A Bacia hidrográfica do rio do Monjolinho: uma abordagem ecossistêmica e a visão interdisciplinar. São Carlos: Rima. 188p. JOWETT, I. G. River hydraulics and instream habitat modelling for river biota. In M. P. Mosley (editor). Waters of New Zealand. New Zealand Hydrological Society, Christchurch, New Zealand. 1992. KRONKA, F. J. N., 2005. (coord.). Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo.São Paulo: Instituto Florestal. 2003. KUHLMANN, M.L. Invertebrados bentônicos e qualidade ambiental. São Paulo, 2000. Tese – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. 2000. LENAT, D. R. Water quality assessment using a qualitative method for benthic macroinvertebrates. Journal of the North American Benthological Society 7, 222-233. 1988 ROCHA, O.; PIRES, J.S.R. & J.E. SANTOS. 2000. A bacia hidrográfica como unidade de estudo e planejamento. pp. 1-16. In: Espíndola, E.L.G.; Silva, J.S.V.; Marinelli, C.E. & M.M. SILVEIRA, M. P. Aplicação do biomonitoramento para avaliação da qualidade da água em rios. São Paulo, 2004. Documentos 36, Embrapa. 2004 SILVEIRA, M. P. ; QUEIROZ, J. F. Uso de coletores com substrato artificial para monitoramento biológico de qualidade de água. São Paulo, 2006. Comunicado Técnico 39, Embrapa. STRASKRABA, M. & J.G. TUNDISI (2000). Abordagens e métodos para o gerenciamento das bacias hidrográficas. Capítulo 10, pp. 141-150. Diretrizes para o gerenciamento de lagos. Volume 9: Gerenciamento da qualidade da água de represas. Publicações do Instituto Internacional de Ecologia. São Carlos: Somus Gráfica e Editora Ltda. 2000

RevInter - Artigo original 15

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

DADOS DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS AGROTÓXICOS EM UM GRUPO ASSISTIDO POR UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB

Gilberto Santos Cerqueira1 ,

Verônica Rangel Arruda2,

Ana Paula Fragoso de Freitas2,6,

Thompson Lopes de Oliviera3,

Tatiana Cristina Vasconcelos4,

Saulo Rios Mariz5

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi descrever a exposição ocupacional aos agrotóxicos em um

grupo de trabalhadores assistido por uma unidade básica de saúde na cidade de

Cajazeiras, PB. Foi realizado um estudo analítico transversal randomizado com abordagem

quantitativa, utilizando questionários estruturados sobre a exposição ocupacional aos

agrotóxicos. De um modo geral, predominou o baixo nível de escolaridade, com 63% dos

indivíduos apresentando o ensino fundamental incompleto. Os agrotóxicos mais utilizados

foram inseticidas (52,5%), herbicidas (7,5%), associações de herbicidas com agrotóxicos

(22,5%) e agrotóxicos diversos com (15%). Verificou-se que 52,5% dos entrevistados não

utilizavam equipamentos de proteção individual, e o tempo médio de exposição foi 7,5±

0,288 minutos, desses apenas 57,5% sabiam os riscos pelo uso dos agrotóxicos. Os sinais e

sintomas mais evidentes pela exposição foram à cefaléia e náuseas 58,3%, seguida de 1 Farmacêutico. Mestre em Farmacologia. Doutorando em Farmacologia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. [email protected] 2 Enfermeira Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará. 3 Farmacêutico-Bioquímico. Doutor em Ciências Farmacêuticas. Professor Adjunto do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba 4 Psicóloga. Mestre em Psicologia Social. Docente da Universidade Estadual da Paraíba, Patos 5 Farmacêutico. Mestre em Toxicologia USP. Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande. 6 Faculdade Integradas de Patos

RevInter - Artigo original 16

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

intoxicações/tonturas com 16,7% e 8,3% com boca seca. Constatou-se que há necessidade

de implantação de um programa de capacitação quanto aos cuidados na manipulação

e utilização de agrotóxicos, bem como, um direcionamento dos recursos em busca de

alternativas agroecológicas de produção e plantio, priorizando a diminuição da toxicidade

dos produtos e da exposição ocupacional.

Palavras-chave: Agrotóxicos, Exposição ocupacional, Toxicologia

DATA OF OCCUPATIONAL EXPOSURE TO PESTICIDES IN A GROUP AIDED BY A BASIC UNIT OF

HEALTH OF THE CITY OF CAJAZEIRAS, PB

Abstract

The objective of this study was to describe the occupational exposure to pesticides in a

group of workers assisted by a basic health unit of the city of Joao Pessoa, PB. We

conducted a randomized cross-sectional study with a quantitative approach. We used

structured questionnaires on occupational exposure to pesticides. In general the prevailing

low level of education, with 63% of individuals presenting elementary school. The pesticides

were widely used insecticides (52.5%), herbicides (7.5%), combinations of herbicides and

pesticides (22.5%) and with various pesticides (15%). It was 52.5% of respondents did not use

the personal protective equipment, and the average 0.288, of which only 57.5% knew the

risks by the use of ± exposure was 7.5 pesticides. The most obvious signs of exposure were

the headache and nausea 58.3%, followed by poisoning / dizziness with 16.7% and 8.3% with

dry mouth. It was found that there is need to implement a training program on the care in

handling and use of pesticides, as well as a reallocation of resources in search of alternative

agro-ecological production and planting, not only to reduce the toxicity of products, but

also as prophylaxis for occupational exposure.

Key words: Pesticides. Exposition occupational. Toxicology occupational

1. INTRODUÇÃO

No âmbito da América Latina, o Brasil desponta como o maior consumidor de

agrotóxicos, com um consumo estimado em 50% da quantidade comercializada nesta

região (GARCIA, 1997; OLIVEIRA-SILVA et al., 2001). A contaminação por agrotóxicos é um

RevInter - Artigo original 17

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

tema de estudo que vem despertando atenção crescente, tendo em vista suas

consequências para a saúde humana e o risco de degradação do meio ambiente,

causados por seu uso inadequado, aliado a grande incidência de intoxicações por

agrotóxicos.

Os riscos, fatores de risco e danos à saúde dos trabalhadores devem ser

compreendidos como expressão das tecnologias utilizadas, da organização e da divisão

do trabalho, da intervenção dos trabalhadores nos locais de trabalho, da ação de

técnicos e instituições relacionados à questão e do arcabouço jurídico vigente.

No Brasil o uso de agrotóxicos tem causado diversas vítimas fatais, além de abortos,

fetos com má-formação, câncer, suicídio, dermatoses e outras doenças. Segundo a OMS,

há 20.000 óbitos/ano em consequência da manipulação, inalação e consumo indireto de

agrotóxicos, nos países em desenvolvimento, como o Brasil (WHO, 1990). Estima-se que

milhões de agricultores são intoxicados anualmente no mundo e mais de 20 mil morrem em

consequência da exposição a agrotóxicos, a maioria em países em desenvolvimento.

Estudos de caracterização da exposição em regiões de agricultura familiar têm

evidenciado a contaminação do ambiente de moradia, principalmente a poeira

domiciliar, solo, ar e alimentos. Isto se deve à forma de armazenamento dos agrotóxicos,

que no meio rural se dá na sua maioria no local de moradia, e ao uso de roupas

contaminadas no campo, que são usadas dentro de casa. Outro problema refere-se à

proximidade das áreas de cultivo, onde o agrotóxico é aplicado, das residências

(JACOBSON et al., 2009).

A falta de legislação e de controle do uso adequado destes produtos e o baixo nível

de informação dos trabalhadores quanto aos riscos a que estão expostos são as principais

causas destas ocorrências.

Apesar de existirem áreas do território brasileiro que são fortemente voltadas a

agricultura há mais de quarenta anos, o número de estudos que identifiquem ou

acompanhem populações cronicamente expostas a defensivos agrícolas é muito

incipiente. Uma vez que, demograficamente, o Brasil está envelhecendo e isto significa

aumento de indivíduos idosos e de doenças crônicas não-transmissíveis associadas.

Investigações relacionadas a fatores de risco e proteção destas doenças são de grande

RevInter - Artigo original 18

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

interesse para a saúde pública. A identificação de grupos suscetíveis, e seus fatores

etiológicos principais permitem a criação de programas de saúde voltados a sua

prevenção (JOBIM et al., 2010).

Baseado nessas premissas aliado a grande incidência de intoxicações por

agrotóxicos no sertão da Paraíba, resolveu descrever a exposição ocupacional a

agrotóxicos de um grupo de trabalhadores assistido por uma unidade básica de saúde da

cidade de Cajazeiras.

2. METODOLOGIA

Área de estudo. O estudo foi realizado na área do distrito de Engenheiro Ávido na cidade

de Cajazeiras no sertão Paraibano. Esta comunidade localiza-se a 22 km da zona urbana.

O município de Cajazeiras está localizado na região Oeste do Estado da Paraíba,

ocupando uma área de 567,5km. A sede municipal apresenta uma altitude de 295m e

coordenadas geográficas de 38o 33’ 43’’ de longitude oeste e 06o 53’ 24’’ de latitude sul. O

acesso a partir de João Pessoa é feito através da BR-230 até Cajazeiras, a qual dista cerca

de 465 km da capital (BRASIL, 2005).

Desenho do estudo e população. Foi realizado um estudo exploratório-descritivo com

abordagem quantitativa. A população do município possui 56.610 habitantes, 12

Programas de Saúde da Família, sendo um localizado na zona rural. Para avaliação da

exposição dos 2800 moradores da zona de abrangência do programa de saúde da

família, foi selecionada uma amostra de 40 trabalhadores, na grande maioria aplicadora,

supostamente exposta aos agrotóxicos. Os trabalhadores foram selecionados através das

visitas domiciliares. Para a localização dos aplicadores de agrotóxicos foi utilizada a

metodologia "bola de neve" (BIERNACKI & WALDORF, 1981).

Coleta, armazenamento e análise dos dados. Os dados foram coletados através de um

instrumento único, elaborado pelo pesquisador e testado em estudo piloto prévio,

questionário modificado por Freitas et al., 2007. A coleta de dados foi realizada pelo

próprio pesquisador. Os dados foram inseridos em uma base de dados usando o programa

Excel for Windows versão 2000 e checados por erros de digitação. Para calcular a média e

RevInter - Artigo original 19

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

erro padrão do tempo de exposição foi utilizado o software Graph pad prisma versão 5.0.

Além disso, os dados foram expressos através de frequência e frequência relativas.

Considerações éticas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ciência da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (Protocolo no. 83/2006).

Participaram do estudo agricultores que assinaram o termo de consentimento. Esse estudo

não possui nenhum conflito de interesses seguindo os preceitos da Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos

(BRASIL, 1996).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi composta por 40 agricultores com idade entre 20 e 70 anos (45,93±2,5)

sendo todos do sexo masculino. Esses dados são semelhantes aos de Jacobson et al.,

(2009) que identificaram que a maior parte da população exposta aos agrotóxicos era do

sexo masculino com idade entre 18 e 34 anos. Neste trabalho não foi identificado nenhum

tipo de trabalho infantil, nem mesmo exposição de crianças ao uso de agrotóxicos na área

de abrangência da unidade de saúde da família de Engenheiros Ávidos. Uma pesquisa

realizada pela Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná mostrou que, no período de

agosto de 1982 a março de 1983, ocorreram cerca de 1.500 casos de intoxicações por

agrotóxicos naquele Estado, dos quais 1.268 (84,5%) na cultura de algodão, sendo a faixa

etária entre 20 e 30 anos a que apresentou o maior número de intoxicações (SIQUEIRA et

al., 1983). Minayo et al., 1991, também analisando a morbidade hospitalar por lesões e

envenenamentos, observam que estas constituem a segunda causa de internação entre

jovens, de 10 a 19 anos, e entre adultos jovens, de 20 a 29 anos (MYNAIO et al., 1999).

De um modo geral predominou o baixo nível de escolaridade, com 63% dos

indivíduos apresentando-se com ensino fundamental incompleto. Este quadro é ainda mais

grave considerando-se que 20% dos entrevistados não são alfabetizados. Os dados

disponíveis demonstram também que a maioria da população não fazia a leitura de rótulos

dos produtos utilizados devido à linguagem utilizada aliado ao fato da não alfabetização.

RevInter - Artigo original 20

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Oliveira-Silva et al. (2001) analisaram amostras sanguíneas de um grupo de 55 agricultores

do município de Magé, no Estado do Rio de Janeiro, observaram que cerca de 45% das

intoxicações eram mais comuns em indivíduos com baixa escolaridade (OLIVEIRA et al.,

2001).

Figura 1. Agrotóxicos utilizados pelos agricultores.

De um modo geral predominou o maior índice de utilização dos organofosforados

36,7%, seguidos do carbamatos 10,2%, derivados do ácido fenoxiacético 10,2%, piretróides

6,2% organoclorados 6,1% e de origem diversas como a base de plantas, fumo os quais não

foram possíveis as identificações devido à ausência de rótulos 30,7%. Os organofosforados

são substâncias capazes de inibir a ação da enzima acetilcolinesterase com variado grau

de toxicidade para os seres humanos provocando o aparecimento de sudorese, distúrbios

gastrintestinais, miose, taquicardia, arritmias, fraqueza, convulsões e morte (ANDRADE-FILHO

et al., 2001). Segundo Alavanja et al., (2004), os organofosforados causam também

efeitos neurológicos retardados após a exposição aguda e como consequência da

exposição crônica, incluindo confusão mental e fraqueza muscular. A exposição a

agrotóxicos pode levar a problemas respiratórios, tais como bronquite asmática e outras

doenças pulmonares, principalmente aos compostos organofosforados (ANTLE; CAPALBO,

1994).

36,7%

10,2%10,2%6,2% 6,1%

30,7%

0%

10%

20%

30%

40%Organofosforados

Carbamatos

Derivados do Ac.Fenoxiacético

Piretróides

Organoclorados

Outros

RevInter - Artigo original 21

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Nossos dados corroboram com o estudo realizado por Jacobson et al., (2009) que

verificaram que os agrotóxicos mais utilizados na região do estudo são muito tóxicos para a

exposição humana, entre eles os organofosforados. A absorção do produto químico ocorre

tanto pelo trato digestivo quanto pelas vias respiratórias e cutâneas, sendo o contato

dermal a principal via de exposição dos agrotóxicos. Em estudos realizados na cidade de

Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul, os autores observaram que na avaliação sobre

intoxicação por agrotóxicos, 48 trabalhadores (19,4%) relataram intoxicações em algum

momento da vida (FARIA et al., 2009).

Diversos autores na literatura correlacionam à exposição a agrotóxicos e deficiência

das funções neurológicas ligadas ao comportamento, bem como, a prejuízos da

capacidade de abstração verbal, atenção, memória, aumento da incidência de

depressão, desordens mentais e transtornos psiquiátricos principalmente em mulheres

(ANDRADE-FILHO et al., 2001; JACOBOSON et al., 2009). Já Castro et al., (2005) em estudo

realizado na cidade de Cachoeiras de Macau, no estado do Rio de Janeiro, verificaram

que produto mais utilizado nas plantações era da classe dos piretróides um agrotóxico

altamente tóxico que produz os seguintes sintomas eritema, cefaléia, astenia, visão turva e

diplopia.

Stoppelli; Magalhães et al., (2005) em estudos epidemiológicos de exposição ao

organoclorados verificaram um aumento de câncer de mama em mulheres com altas

taxas plasmáticas de DDE, um metabólito do DDT. Essa ação está relacionada com a

ligação deste componente a receptores de estrógeno, mimetizando a ação deste

hormônio. Outras ações causadas pelo efeito estrogênico de organoclorados incluem:

diminuição da quantidade de sêmen e câncer de testículo nos homens; indução de

anormalidades no ciclo menstrual e aborto espontâneo em mulheres; diminuição do peso

ao nascer e alteração no amadurecimento sexual (MEYER et al., 1999).

RevInter - Artigo original 22

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Figura 2. Uso dos equipamentos de proteção individual durante a aplicação dos

agrotóxicos.

Observou-se que 52,5% dos entrevistados não usavam os equipamentos de proteção

individual durante a aplicação dos agrotóxicos. Nossos estudos divergem com os realizados

na cidade Bento Gonçalves, RS que encontram uma alta adesão ao uso de equipamentos

de proteção individual cerca de 96% cujo foi confirmada por associações e empresas

revendedoras de agrotóxicos (FARIA et al., 2009).

Porém é amplamente conhecido na literatura que o uso de equipamento individual -

EPI como luvas, máscaras, gorros e óculos diminuem sensivelmente a exposição do

trabalhador, diminuindo dessa forma a exposição ocupacional aos agrotóxicos. O

manuseio inadequado de agrotóxicos é assim, um dos principais responsáveis por

acidentes de trabalho no campo. A ação das substâncias químicas no organismo humano

pode ser lenta e demorar anos para se manifestar caracterizando as exposições crônicas.

Oliveira-Silva et al., (2001) verificaram em seus estudos que embora um número razoável de

indivíduos tenha relatado que utilizava o equipamento de proteção individual, estes nem

sempre são apropriados ou suficientes para a proteção a agentes químicos, como no caso

da utilização exclusiva de botas e chapéus, relatados por 47,5% dos indivíduos. Isto tem sido

observado em outros estudos realizados em países em desenvolvimento.

Durante o estudo constatou-se que o tempo médio de aplicação dos agrotóxicos na

lavoura foi 7,5± 0,28 minutos. Quanto maior o tempo de preparo e aplicação maior é o

tempo de exposição, consequentemente maiores serão os danos provocados a saúde e

ao meio ambiente. O nível de exposição a substâncias cancerígenas nos locais de

trabalho varia de país para país e, em determinado país, de região para região. Estas

variações dependem do nível de desenvolvimento, do grau de modernização e de

47,5%

52,5%

44%

46%

48%

50%

52%

54%

Sim Não

Sim

Não

RevInter - Artigo original 23

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010 incorporação de tecnologia nos processos industriais e, ainda, da vigilância exercida nos

ambientes de trabalho (WUNSCH FILHO et al., 1995). Popper et al. (1993) analisaram o

conhecimento dos riscos à saúde entre os fazendeiros e suas esposas na Guatemala, e

identificaram que eles usavam produtos altamente tóxicos e que a dosagem dependia da

quantidade de pragas sobre a terra e sobre as plantas. A maioria deles tinha um baixo

conhecimento dos riscos de uso dos mesmos. A maior parte das donas de casa aplicava

agrotóxicos para combater os piolhos em suas crianças, quando já tinha sido mencionado

que esses produtos causavam problemas de saúde como náuseas, vertigem e dor de

cabeça.

Com relação aos conhecimentos sobre os riscos com uso de agrotóxicos para o

meio ambiente, constatou-se que 52,5% dos moradores da área de abrangência da

unidade de saúde da família de Engenheiros Ávidos, informaram que sabiam sobre os

riscos causados pelo uso de agrotóxicos para o meio ambiente. De um modo geral a

prevenção torna-se o melhor caminho para profilaxia de contaminação ambiental, tais

como contaminação de solo, rios, lagoas, riachos e vegetação. A prevenção aliada ao

manejo ambiental é extremamente importante para conservação e preservação do

ecossistema, melhorando de maneira indireta a qualidade de vida de animais que

dependem diretamente da natureza. Segundo Oliveira-Silva et al., (2001) a utilização dos

agrotóxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de consequências tanto para o

ambiente como para a saúde do trabalhador rural. Em geral, são contaminações do meio

ambiente, solos, lagos, rios, e cachoeiras.

RevInter - Artigo original 24

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Figura 3. Manifestações clínicas apresentadas pelos trabalhadores.

Ficou constatado que 30% dos trabalhadores do distrito de Engenheiros Ávidos

apresentavam manifestações clínicas pelo uso dos agrotóxicos. Desses os sinais e sintomas

mais evidentes foram à cefaléia e náuseas 58,3%, seguida de intoxicações/tonturas com

16,7% e 8,3% com boca seca. Essas manifestações clínicas são inerentes à toxicidade de

cada agente, lembrando do axioma da toxicologia quanto maior tempo de exposição,

maior intensidade das manifestações clínicas devido à toxicidade. Pires e colaboradores

(2001) estimaram que milhões de agricultores sejam intoxicados anualmente no mundo e

mais de 20 mil morrem em consequência da exposição a agrotóxicos, a maioria em países

em desenvolvimento. Vários estudos demonstram que os inseticidas, principalmente

organofosforados e carbamatos, são os principais causadores das intoxicações humanas

ocorridas no campo, muitos dos agricultores expostos apresentam depressão e até

neoplasias pela exposição crônica a agrotóxicos (PIRES et al., 2001; FARIA et al., 2009).

Figura 4. Atitude dos trabalhadores após a exposição aos agrotóxicos.

12,5%5,0%

67,5%

15,0%

0%

20%

40%

60%

80%

MédicoFarmáciaAutomedicaçãoNão respoderam

58,3%

16,7% 16,7%8,3%

0%10%20%30%40%50%60%70%

Cefaléia e NáuseasIntoxicaçãoTonturasBoca amarga

RevInter - Artigo original 25

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Constatou-se que 67,5% dos entrevistados após exposição ocupacional se

automedicam isso favorece a terapêuticas errôneas agravando ainda mais os danos

provocados à saúde pelos agrotóxicos. O tratamento paliativo apenas retarda ou

agravam os problemas por exposição aos agrotóxicos. O tratamento médico seria a

medida mais eficaz para o tratamento das intoxicações e exposições ocupacionais, mas

em nossos estudos verificamos que apenas 12,5% dos entrevistados procuram auxílio

médico após intoxicação com os agrotóxicos.

Segundo Soares e colaboradores (2001) o uso indevido de substâncias e até mesmo

drogas consideradas "banais" pela população, como os analgésicos, pode acarretar

diversas consequências como resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade,

dependência, sangramento digestivo, sintomas de retirada e ainda aumentar o risco para

determinadas neoplasias. Além disso, o alívio momentâneo dos sintomas encobre a

doença de base que passa despercebida e pode, assim, progredir.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatamos através desse estudo que os trabalhadores da zona rural de

Engenheiros Ávidos são expostos diariamente aos agrotóxicos sendo os organofosforados a

classe que mais se envolve na exposição. Estes agrotóxicos na maioria são altamente

tóxicos causando assim diversos tipos de sintomas, dependendo do tempo de exposição,

característica do produto, forma de exposição e do indivíduo. Identificou-se também que

as maiorias dos trabalhadores utilizam estes agrotóxicos sem se preocupar em utilizar os

equipamentos de proteção individual (EPI), o que diminuiriam sensivelmente alguns males

para saúde.

Fica evidente a necessidade de realização de um trabalho de educação em saúde

e biossegurança com os trabalhadores dessa região e outros que venham a manipular

agrotóxicos. Os indivíduos em zonas rurais que desenvolvem atividades com estas

substâncias devem ser treinados para seu uso e aplicação da forma mais segura e correta,

pois os agrotóxicos são adquiridos sem que seja feita a devida orientação de como

prepará-los e aplicá-los. É importante ressaltar que as ações para evitar os danos à saúde

do trabalhador não tenham como enfoque exclusivo o trabalhador, no sentido de

RevInter - Artigo original 26

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

capacitá-lo para cada vez mais utilizar agrotóxicos, mas principalmente oferecer

condições para que o produtor tenha disponíveis alternativas “verdes” para o controle dos

organismos que venham diminuir a produção das lavouras, Assim, poderia ser direcionado

um maior aporte de recursos, não só para diminuição da toxidade dos produtos, mas

também na busca de alternativas agroecológicas de produção.

5. REFERÊNCIAS:

ALAVANJA M.C.R, HOPPIN J.A. KAMEL F. Health effects of chronicle pesticide exposure: cancer and neurotoxicity. Ann Rev Public Health, V.25, n.1, p.55-97, 2004

ANDRADE-FILHO, A.; CAMPOLINA, D.; DIAS, M.B. Toxicologia na prática clínica.Belo Horizonte, Folium, 2001.

ANTLE, J. M. & CAPALBO, S. M. Pesticides, productivity, and farmer health: Implications for regulatory policy and agricultural research. American Journal of Agricultural Economics, v.76, p.598-602, 1994.

[BRASIL]-Ministério de Minas e Energia 2005 Disponível em http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/paraiba/relatorios/CAJA046.pdf acesso em 12de novembro de 2009.

[BRASIL]-Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos: (Res. CNS 196/96 e outros). Brasília, DF, 1996.

BIERNACKI, P. ; WALDORF, D. “Snowball sampling”. Sociological Methods Research, v 5, n.2, p.141-163, 1981.

CASTRO, JANE S. MAIA; CONFALONIERI, ULISSES. Uso de agrotóxicos no Município de Cachoeiras de Macacu (RJ). Ciênc. saúde coletiva, v10, n.2, 2005.

FARIA, N.M.X; ROSA, J.A.R.; FACCHINI, L.A. Intoxicações por agrotóxicos entre trabalhadores rurais de fruticultura, Bento Gonçalves, RS. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 2, abr. 2009

FIOCRUZ, [Cited 2007 Ago 20]; Availablefrom (http://fiocruz.br/sinitox, acessado em 20/Agosto/2007).

FREITAS, A. P. F.PINTO, R. H. ; LIMA, T. A. J. ; VASCONCELOS, T. C. ; CERQUEIRA, G. S. ; WANDERLEY, L. W. B. ; MARIZ, S. R. ;DINIZ, MFFM. Exposição ocupacional de trabalhadores de postos de combustíveis do sertão Paraibano. In: XV Congresso Brasileiro de Toxicologia. Revista Brasileira de Toxicologia, v,20, n.1, p. 310-31, 2007.

RevInter - Artigo original 27

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

GARCIA EG. Pesticide control experiences in Brazil. Pestic Saf, v.2, n.5, 1997.

JACOBSON, L.S.V et al. Comunidade pomerana e uso de agrotóxicos: uma realidade pouco conhecida. Ciênc. saúde coletiva, v.14, n.6, 2009.

JOBIM, Paulo Fernandes Costa et al . Is there an association between cancer mortality and agrotoxics use?: A contribution to the debate. Ciênc. saúde coletiva, v. 15, n. 1, 2010 .

MEYER A, SARCINELLI PN, MOREIRA JC. Estarão alguns populacionais brasileiros sujeitos a ação de desruptores endócrinos? Cad Saúde Pública, v.14, n2, p.845-50, 1999.

MINAYO MCS, SOUZA ER, SILVA CMFP. Organizadores. Análise da morbidade hospitalar por lesões e envenenamentos no Brasil em 1999. Rio de Janeiro: Centro Latino-americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli, Fundação Oswaldo Cruz; 1991.

OLIVEIRA-SILVA, JEFFERSON JOSÉ, ALVES, SÉRGIO R, MEYER, ARMANDO et al. Influência de fatores socioeconômicos na contaminação por agrotóxicos, Brasil. Rev. Saúde Pública, v.35, n.2, p.130-135, 2001.

POPPER R, ANDINO K, BUSTAMANTE M, HERNANDEZ B & RODOS L. Knowledge and beliefs regarding agricultural pesticides in rural Guatemala. Environmental Management, v.20, n.2, p.241-248,1996.

ROZEMBERG B. O consumo de calmantes e o "problema de nervos" entre lavradores. Revista de Saúde Pública, v. 2, n.4, p.300-308, 1994.

SIQUEIRA ML, JACOB A ;CANHETE RL. Diagnóstico dos problemas ecotoxicológicos causados pelo uso de defensivos agrícolas no Estado do Paraná. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v.11, n.44, p.7-17, 1983.

STOPPELLI, lona Maria de Brito Sá; MAGALHAES, Cláudio Picanço. Saúde e segurança alimentar: a questão dos agrotóxicos. Ciênc. saúde coletiva, v.10, sup.1, 2009.

WHO. Public health impact of pesticides used in agriculture. Geneva: World Health Organization; 1990.

WUNSCH FILHO, VICTOR, MAGALDI, CECÍLIA, NAKAO, Neusa et al. Trabalho industrial e câncer de pulmão. Rev. Saúde Pública, v.29, n.3, p.166-176,1995.

RevInter - Artigo original 28

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

DOCUMENTAÇÃO DE SEGURANÇA PARA COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE DE PRODUTOS QUÍMICOS NO BRASIL

Giovanna Ribeiro-Santos1,

Patrícia Estevam dos Santos2

Fabriciano Pinheiro3

A comercialização e o transporte de produtos químicos no Brasil determinam que

sejam apresentados documentos em concordância com exigências estabelecidas em leis,

regulamentos e/ou normas nacionais, com penalidades para os que atuarem em

desacordo, como apresentado no Art. 56 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998):

Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,

transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou

substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio

ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos

seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Com

multas que variam de R$500,00 (quinhentos reais) a R$2.000.000,00 (dois

milhões de reais).

Dentre os documentos exigidos no setor químico, os principais são as fichas de

segurança química (Ficha de Segurança de Informações de Produtos Químicos - FISPQ)

(PINHEIRO, 2009; ZACARIAS & DOS SANTOS, 2009), os rótulos e as fichas de emergência.

A obrigatoriedade das fichas de segurança é sustentada pelo Decreto nº 2.657,

03/07/1998, Art. 8 – Fichas de segurança, o qual infere:

1 Biomédica. Doutora em Imunologia Básica e Aplicada – FMRP-USP. Mestre em Patologia – FMB-UNESP. 2 Bióloga. Mestre em Biologia Molecular e Genética pela UFRN. Doutoranda em Toxicologia e Análises Toxicológicas FCF‐USP. E‐mail: [email protected]    3 Biomédico, IB-UNESP/Botucatu. Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas, FCF/USP. Professor de Toxicologia e Biossegurança da Faculdade Oswaldo Cruz/São Paulo. Membro da Comissão de Estudos (CE-10:101.05) do Comitê Brasileiro de Química (CB-10/ABNT) e da Comissão de Estudos (CE-16:400.04) do Comitê Brasileiro de Transportes e Tráfego (CB-16/ABNT). Experiência na ministração de palestras e treinamentos relacionados a FISPQ e Fichas de Emergência. Coordenador de Segurança Química e Consultor toxicologista – Intertox.

Informe 29

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Os empregadores que utilizem produtos químicos perigosos deverão

receber fichas com dados de segurança que contenham informações

essenciais detalhadas sobre a sua identificação, seu fornecedor, a sua

classificação, a sua periculosidade, as medidas de precaução e os

procedimentos de emergência.

Devido ao fato do Brasil não apresentar uma legislação específica sobre as fichas de

segurança, as normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

passam a reger a elaboração das FISPQs, com respaldo do Art. 39 da Lei nº 8.078,

11/09/1990, que diz:

É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: colocar, no mercado de

consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas

expedidas pelos órgãos oficias competentes ou, se normas específicas

não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra

entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro).

Dessa forma, o documento FISPQ deve seguir a norma referente à sua elaboração.

Tal norma é baseada na International Organization for Standardization (ISO) 11014 e foi

desenvolvida pelo Comitê Brasileiro de Química (ABNT/CB-10) pela Comissão de Estudo de

informações sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente, sendo esta ficha um dos principais

documentos utilizados para o estabelecimento de um sistema de gestão química seguro.

Por meio dela, o fornecedor pode, e deve transmitir informações sobre os diferentes perigos

de uma determinada substância ou mistura pelo preenchimento de 16 seções, cuja

terminologia, numeração e sequência devem atender à NBR 14725 que apresenta a sua

segunda revisão de 2009.

As FISPQs são fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e exigidas

para obtenção de certificações como ISO (9000 e 14000), Occupation Health and Safety

Assessment Series (OSHAS 18000), registro na Agência Nacional do Petróleo (ANP), dentre

outros.

A elaboração da FISPQ e do rótulo requerem a adoção de um sistema de

classificação de perigo. Existem inúmeros sistemas mundialmente reconhecidos e utilizados,

Informe 30

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

como, por exemplo, o Sistema Europeu embasado nas diretivas 67/548/CEE (substâncias) e

1999/45/CE (preparações) e, mais recentemente, o GHS - Globally Harmonized System of

Classification and Labelling of Chemicals que surge com o propósito de harmonizar

internacionalmente a classificação e rotulagem de produtos químicos (DOS SANTOS, et al.,

2009). A implementação do GHS na União Europeia ocorre segundo o Regulamento N°

1272/2008, o qual estabelece os prazos de dezembro de 2010 e junho de 2015 para

adoção do sistema para substâncias e misturas respectivamente. No Brasil, as FISPQs e

rótulos podem ser elaborados utilizando qualquer sistema de classificação até 26.02.2011. A

partir de 27.02.2011, os produtos químicos deverão obrigatoriamente ser classificados e

rotulados apenas de acordo com ABNT NBR 14725:2009 (Parte 2), a qual adota o sistema

GHS. Desse modo, quando um produto é classificado pelo GHS, a ficha deve conter a

discriminação das classes e categorias de perigo, assim como os elementos de rotulagem

(símbolos ou pictogramas), as palavras de advertência e as frases de perigo e de

precaução.

Em relação ao transporte terrestre de produtos químicos perigosos no Brasil, um dos

principais documentos exigidos é a Ficha de Emergência, como expresso pelo Decreto nº

96.044, de 18 de maio de 1988, o qual: Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário

de Produtos Perigosos e dá outras providências.

Art. 22. Sem prejuízo do disposto na legislação fiscal, de transporte, de

trânsito e relativa ao produto transportado, os veículos que estejam

transportando produto perigoso ou os equipamentos relacionados com

essa finalidade, só poderão circular pelas vias públicas portando os

seguintes documentos:

III – Ficha de Emergência e Envelope para o Transporte, emitidos pelo

expedidor, de acordo com as NBR-7503, NBR-7504 e NBR-8285,

preenchidos conforme instruções fornecidas pelo fabricante ou

importador do produto transportado.

Art 45. Ao transportador serão aplicadas as seguintes multas:

II - Segundo Grupo (308,5 UFIR), quando:

Informe 31

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

d) não adotar, em caso de acidente ou avaria, as providências

constantes da Ficha de Emergência e do Envelope para o Transporte;

Art 46. Ao expedidor serão aplicadas as seguintes multas:

II - Segundo Grupo (308,5 UFIR), quando:

b) não fornecer ao transportador a Ficha de Emergência e o Envelope

para o Transporte;

A fiscalização das fichas de emergência é realizada pelas polícias rodoviárias

federal/estadual e pela polícia municipal, as quais conferem o cumprimento da

obrigatoriedade da ficha no transporte terrestre de produtos perigosos e se a mesma se

encontra em conformidade com a norma ABNT NBR7503:2008. Tal fiscalização ocorre de

forma rigorosa e as autuações por não cumprimento/atendimento da lei/norma não são

infrequentes, gerando gastos desnecessários para as empresas.

O transporte terrestre de produtos perigosos no Brasil é regulamentado por um

sistema próprio de classificação estabelecido pela Resolução n° 420 de 12/02/2004 da

Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT (e suas alterações Resoluções Nº. 701/04,

1644/06, 2657/08, 2975/08 e 3383/10). Tal sistema contempla nove classes de perigo e tem

como base o manual conhecido como Orange Book, o qual é um regulamento adotado

mundialmente e estabelecido pelo Comitê de Peritos em Transporte de Produtos Perigosos

das Organizações das Nações Unidas.

Os documentos de segurança FISPQ, rótulo e ficha de emergência além de serem

requeridos por lei, como acima descrito, têm servido como um cartão de visitas das

empresas junto aos clientes. Observam-se relatos, não tão raros, de empresas que

ganharam licitações públicas ou maior credibilidade com clientes por fornecerem estes

documentos elaborados com criteriosa qualidade. Além disso, há empresas que,

preocupadas com a gestão do risco químico, adotam políticas internas de aceitação e/ou

qualificação de fornecedores por meio da avaliação crítica dos documentos de

segurança.

Nesse cenário, é de extrema importância que as empresas que comercializam e

transportam produtos químicos no Brasil elaborem estes documentos com qualidade não

Informe 32

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

somente para atender aos requisitos legais, mas também para ter credibilidade junto aos

seus clientes.

REFERÊNCIAS:

DOS SANTOS, P.E., ZACARIAS, C.H. & RIBEIRO-SANTOS, G. A importância da capacitação em GHS. Revinter – Revta. Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 2, n. 2, p. 61-63, 2009. Disponível em http://www.intertox.com.br/documentos/v2n2/rev-v02-n02-06.pdf, acesso em fevereiro/2010. PINHEIRO, F. FISPQ e responsabilidade social das empresas. Revinter – Revta. Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 2, n. 1, p. 117-120, 2009. Disponível em http://www.intertox.com.br/documentos/v2n1/rev-v02-n01-08.pdf, acesso em fevereiro/2010. ZACARIAS, C.H. & DOS SANTOS, P.E. A importância da FISPQ no processo de gerenciamento de risco químico – uma visão crítica e conceitual. Revinter – Revta. Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 2, n. 2, p. 29-42, 2009. Disponível em http://www.intertox.com.br/documentos/v2n2/rev-v02-n02-03.pdf, acesso em fevereiro/2010.

Informe 33

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

ENSINO FARMACÊUTICO: UMA REFLEXÃO CRÍTICA E SUAS POSSIBILIDADES NO BRASIL DO SÉCULO XXI

Eustáquio Linhares Borges1

Meu testemunho da EVOLUÇÃO DO ENSINO FARMACÊUTICO não poderia deixar de

destacar um fato histórico: a “reforma” implementada no período do regime militar, na

década de 1960, quando colocaram no colo do Farmacêutico a nova habilidade e o

novo título, Farmacêutico-Bioquímico, absorvido pelos cursos de Farmácia de Norte a Sul

do país, como provável conseqüência do acordo MEC-USAID que foi implantado, no Brasil,

nos subterrâneos da Ditadura Militar.¹

Douraram a pílula ao instaurar o domínio do Laboratório de Análises Clínicas, mas

quase dizimaram as possibilidades da Farmácia Comunitária e do antigo Boticário,

verdadeiras lideranças sanitárias com suas inesquecíveis repercussões positivas e -

conseqüentemente - reconhecimento social.

Com este legado, a maioria dos Farmacêuticos, na qual me incluo, embora pelo

exercício da Toxicologia, passou a abraçar o título de Farmacêutico-Bioquímico. Portanto,

fortaleceu-se, a partir destas mudanças, a transmutação da Farmácia Brasileira em um

mero e raso estabelecimento comercial do medicamento.

Assim, a formação farmacêutica passou três décadas alimentando os sonhos da

maioria dos estudantes de Farmácia, uma vez que o eixo do diagnóstico laboratorial

conquistou grande reconhecimento social e mercado de trabalho. Enquanto isto, os focos

da terapêutica e do medicamento caíram no domínio da grande indústria farmacêutica,

que cresceu e se transformou num imenso império econômico. Este império aliou-se,

fundamentalmente, ao prescritor (Médico) por um lado, além da mercantilização do

1 Farmacêutico-Bioquímico, Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestre em Toxicologia, Universidade de São Paulo, Professor Adjunto de Toxicologia da Universidade Federal da Bahia, Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Vice-Presidente do Conselho Regional de Farmácia da Bahia.  

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

estabelecimento Farmacêutico, ao descaracterizar o papel exercido pelo Boticário, por

outro ângulo.

O medicamento foi atrelado, unicamente, à lógica do capital, e as farmácias

passaram a constituir redes cada vez maiores, enquadrando-se na escala unidimensional e

perversa do lucro e no volume de compra-e-venda.

Neste período, até os anos 1990, fortaleceu-se o entendimento de que o

Farmacêutico é o homem do medicamento, limitação imposta ao profissional que se

consolidava no eixo “farmacoquímico” dos currículos, sobrecarregados de “químicas” e de

poucos componentes destinados à formação clínico-farmacêutica e sem componentes

curriculares na Área das Ciências Humanas.

Incapacitados, na base da formação, para cuidar de pessoas adoecidas ou para

prevenir e controlar patologias, a essência da Dispensação e do Cuidado Farmacêutico,

passamos a assistir ao melancólico quadro incorporado aos estabelecimentos

Farmacêuticos, além das redes se ampliarem em grandes impérios empresariais.

Esta trajetória de formação, determinada pelas reformas da década de 1960,

prevalecerá em muitos cursos até a implementação das Diretrizes Curriculares de 2002, que

desenhavam um novo perfil profissional, ainda pouco compreendido até hoje por muitos

Colegiados de Cursos de Farmácia.

Ao retomar a reflexão crítica sobre a figura do Farmacêutico-Bioquímico, registro que

não considero um equívoco o abraço de milhares de profissionais a esta competência, tal

como se vislumbrou. Mas, preocupam-me – sobremaneira – os fatos desta curta trajetória

que, mais uma vez, coloca grande parte dos profissionais analistas clínicos à beira de um

precipício.

Eu próprio me encantei, desde criança, quando em minha terra, conheci um técnico

de laboratório responsável pelo diagnóstico e pela pesquisa das parasitoses locais

(Sebastião Figueiredo, o Tatão, em Astolfo Dutra, MG). Naquele momento, seduziu-me o

microscópio (e suas possibilidades) como ferramenta simples para solucionar grandes

problemas de saúde, na época bem caricaturados pelo Jeca Tatu e as figuras de crianças

barrigudas poliparasitadas.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Os Analistas Clínicos atravessaram as décadas de 1960 a 1980 com o prestígio e o

reconhecimento da Sociedade Civil. Os centros diagnósticos, ainda - se muito - semi-

automatizados, experimentaram um espaço interativo mais consistente entre o Analista

Clínico, o paciente e a Prática Médica, que se apoiava no Analista para o diagnóstico

clínico mais preciso e seguro, com repercussões positivas para os usuários deste serviço de

saúde.

A partir da década de 1990, a forte inter-relação do Laboratório Clínico com uma

tecnologia que se tornava altamente automatizável, acarretou a lógica da produtividade

das máquinas e da dependência tecnológica desta automação, o que vinculava o

processo a uma necessidade de produção em larga escala. Logo, uma nova economia

laboratorial se estabeleceu, ligada forte e exclusivamente ao processo produtivo de

números e capacidade das máquinas que, em todo o mundo, passaram a ser ofertadas

na forma de comodatos, regrados pelo consumo de reagentes cativos das patentes, o que

refletia o baixo desempenho nacional em termos de inovações tecnológicas no campo

sanitário. Este é um fato inegável e talvez irreversível, que nos afetou e deslocou o

reconhecimento do Analista Clínico e seu papel diante da Sociedade Civil de um

“cuidador de pessoas” para um profissional dependente da tecnologia e, também, da

escala de produção na Economia da Saúde.

Hoje, o Laboratório Clínico expande-se como um grande processador de amostras,

munido de poderosos robôs, e produzem resultados cada vez mais distantes do paciente e

do Analista Clínico. Com enorme capacidade operacional, amplia-se a escala de

produção do Laboratório Clínico e o distancia dos cuidados individuais ou de grupos

especiais de pessoas. Consolidam-se as forças do mercado, da tecnologia e vemo-nos

diante de uma nova identidade cultural, na qual o analista passa a cuidar do processo e

se afasta cada vez mais do antigo foco da atenção ao paciente e do auxílio diagnóstico,

da prevenção, da monitorização clínica e do prognóstico das entidades nosológicas. É

imperativo que o analista clínico mude sua inserção nos papéis diferenciados dos níveis de

atenção ao auxílio diagnóstico desde o terciário até o primário, que são distintos e com

grandes possibilidades de repercussões para o sistema de saúde e para a população.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Como se nota, esta trajetória é em tudo semelhante à que se passou com o

Boticário, quando sucumbiu à força do processo de produção de medicamentos em

escala industrial e foram realinhados processos, tecnologias e identidade cultural da

sociedade com a farmácia comercial, analogamente.

Nos países desenvolvidos, justamente na década de 1980, a Comunidade

Farmacêutica iniciou uma trajetória diversa e consolidou a importância do Cuidado

Farmacêutico, vinculado a uma terapêutica mais segura, assistida e orientada para

pessoas, grupos de entidades nosológicas, gêneros, extremos e faixas etárias etc. A base

do resgate do prestígio e da importância do Farmacêutico começa pelos Farmacêuticos

Hospitalares. A demanda da formação clínica, epidemiológica, humanística e

transdisciplinar começa a contribuir para a construção de importantes indicadores dos

cuidados farmacêuticos, ao nível terciário. Este renovado papel foi, aos poucos, chegando

ao “continente brasilis”, na década de 1990, pela via dos novos recursos da comunicação

e da difusão científica democratizada pela internet.

Os níveis hierárquicos dos cuidados farmacêuticos avançaram e irradiam do plano

terciário (hospitalar) para o secundário (ambulatorial) e para o primário (básico). Este

último, graças à implantação da Assistência Farmacêutica, no SUS, constituiu-se em um

marco para a Atenção Primária e a Atenção Secundária, que incorporaram o acesso da

população a uma dispensação assistida e assegurada pela Política Nacional de

Medicamentos.

Uma nova Farmácia do SUS se contrapõe aos estabelecimentos comerciais de

medicamentos. Nela o cidadão dispõe do acesso gratuito aos medicamentos para tratar

das condições clínicas inseridas nos Programas da Atenção Básica, como diabetes,

hipertensão, doenças mentais, doenças que requerem medicamentos de alto custo etc.

Eis uma grande oportunidade para resgatar o respeito e o reconhecimento da

Sociedade Civil pelo Farmacêutico, além da possibilidade concreta de uma Nova

Farmácia apresentável como um estabelecimento de saúde,em apoio à população, o

que é mais importante. A partir dos programas de Assistência Farmacêutica, nos milhares

de municípios brasileiros, a Farmácia do SUS passa a representar um estabelecimento de

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

saúde e não um comércio do medicamento. Neste espaço materializa-se uma nova vitrine

do Farmacêutico para o olhar da Sociedade Civil.

No campo da produção de medicamentos, a escala magistral também registra um

grande crescimento a partir da década de 1990. Hoje, as Farmácias de Manipulação

alcançam um domínio superior a 10% do mercado de medicamentos no País, e oferecem

uma Atenção Farmacêutica diferenciada.

No presente, a Farmácia Magistral goza de grande reconhecimento social e

contribuiu, substancialmente, para modificar positivamente a inserção do Farmacêutico na

dispensação.

Esta conquista ocorreu graças à capacidade empresarial e tecnológica dos

profissionais Farmacêuticos e se consolida fortemente, apesar das pressões contrárias

representadas pela Indústria Farmacêutica.

Ainda no campo da produção, o vencimento de patentes e o mercado expansivo

para os medicamentos genéricos abrem espaço para o Farmacêutico vincular opções

orientadas para a dispensação. Esta atitude representa um forte impacto e contribuição

para a Economia da Saúde.

Toda esta trajetória foi construída durante três décadas e vivenciada por profissionais

Farmacêuticos distribuídos, em sua imensa maioria, entre essas duas áreas de atuação

profissional: a Farmácia e o Laboratório Clínico. Deste modo, estas áreas compuseram os

grandes mercados e cenários de atuação dos Farmacêuticos até a virada do milênio.

Ao serem consideradas, portanto, as duas áreas mais importantes da atuação desse

profissional, destaco que a academia vinculada ao ensino Farmacêutico pouco contribuiu

para adequar os currículos à formação do profissional, apesar dos movimentos

transformadores referidos nos países desenvolvidos, ao longo daquele tempo. Participei de

extensas discussões sobre reformas curriculares neste período e pouco ou nada se avançou

para responder às transformações por que passaram a formação farmacêutica nos países

mais desenvolvidos.

Na chegada do Século XXI, alguns fatos devem ser destacados, porque apontaram

novos caminhos para a formação profissional. Dentre eles, a crítica ao “ensino

conteudista”, baseado nos dois pilares tradicionais da educação no século XX: aprender a

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

conhecer e aprender a fazer, como se estes bastassem para a formação profissional e para

atender às necessidades da Sociedade Civil.

Nestes pilares assistimos a Academia conservadora, imutavelmente acorrentada ao

“conteudismo”, que resiste à adoção das novas diretrizes curriculares: 1) ou por não

compreender sua dimensão, 2) ou por puro comodismo e resistência às mudanças. A

UNESCO reuniu alguns dos maiores luminares do mundo na Comissão Internacional sobre

Educação para o Século XXI, o que gerou o relatório: "EDUCAÇÃO: UM TESOURO A

DESCOBRIR". Este relatório incorpora mais dois importantes esteios na orientação da

educação superior: aprender ser e aprender a viver juntos.²

Agora, no Século presente, estes quatro pilares reorientam a diretriz da educação e

podem ser identificados, claramente, nas Diretrizes Nacionais da Educação Farmacêutica,

Resolução do CNE/CES 2 (2002)3, da qual destacamos a descrição do perfil do

Farmacêutico Generalista:

“O Curso de Graduação em Farmácia tem como perfil do formando

egresso/profissional o Farmacêutico, com formação generalista,

humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de

atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual.

Capacitado ao exercício de atividades referentes aos fármacos e

aos medicamentos, às análises clínicas e toxicológicas e ao controle,

produção e análise de alimentos, pautado em princípios éticos e na

compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio,

dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em

benefício da sociedade.” (grifo nosso)

Esta nova diretriz define o Farmacêutico Generalista e traça os caminhos para novos

currículos, modelos pedagógicos e perfis profissionais.

Destaco que, ao se acrescerem os novos pilares: aprender ser e aprender viver juntos e

definido o perfil: humanista, crítico e reflexivo, para atuar em todos os níveis de atenção à

saúde com base nos rigores científico e intelectual, vislumbram-se, neste contexto, a importância das reformas curriculares (i) ao incorporar a diretriz, o novo perfil e nova práxis

pedagógica na formação farmacêutica, (ii) ao sublinhar-se a prioridade em preparar o novo

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

profissional para a atenção, (iii) ao contemplar os dois grandes ramos: terapia e laboratório, em

suas perspectivas de prevenção, controle, diagnóstico e alívio ou tratamento das entidades

nosológicas. Segundo Jacques Delors2:

O terceiro pilar (aprender a viver juntos), ao se desenvolver a

compreensão do outro e a percepção das interdependências, no sentido

de realizar projetos-comuns e preparar-se para manejar conflitos. Em

contraposição à competitividade cega, a qualquer custo, do mundo de

hoje, cabe à Escola transmitir os conhecimentos sobre a diversidade da

espécie humana e, ao mesmo tempo, tomar consciência das

semelhanças e da interdependência entre todos sujeitos desta espécie. É

preciso, para isso, promover a descoberta do outro, ao descobrir-se a si

mesmo para sentir-se na pele do outro e compreender as suas respostas

particulares. E, além disso, inclinar-se para os objetivos-comuns, ao

trabalhar em conjunto sobre projetos motivadores e mesmo aqueles

menos tradicionais, mas cuja tônica seja a cooperação.

O quarto pilar é aprender a ser e reafirmou que a Educação deve

contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa. Isto é, espírito e

corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade

pessoal e espiritualidade.

Cabe à Educação capacitar acadêmicos e profissionais, não para a

sociedade do presente, mas criar um referencial de valores e de meios

para compreender e atuar em sociedades que dificilmente imaginamos

como serão. Este pilar significa que a Educação tem como função

essencial "conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento,

discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para

desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível,

donos do seu próprio destino”. (grifo nosso).

Alia-se a estas novas determinantes a necessidade de preparar melhor o profissional

de saúde para o SUS, para as políticas públicas, sendo conveniente lembrar-se que, no

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Brasil, a cobertura assistencial em saúde guarda relação - em mais de 80% - com as

Políticas Públicas.

Salientamos aqui algumas evidências que consideramos desafiadoras na

incorporação de um novo conceito de saúde: “saúde como qualidade de vida em vez de

não estar doente”. Este conceito se cristaliza culturalmente no comportamento em

transformação da Sociedade da Era da Informação, o que é facilitado pelo crescente

avanço das máquinas cerebrais: a TV, o telefone móvel e o computador. Enfim, a

comunicação e a divulgação do conhecimento.

Neste cenário, surgem novos atores profissionais para a promoção da qualidade de

vida, que constituem uma rede interativa, onde estão incluídos Fisioterapeutas,

Fonoaudiólogos, Enfermeiros, Educadores Físicos, Nutricionistas, Psicólogos etc. Na contra

mão de todas as tendências modernizadoras vem o Projeto de Lei do Ato Médico, que

ameaça todo este esforço consolidado, no contexto de uma sociedade contemporânea.

Há evidências de que a Cultura Sanitária está em franca transformação e que os

Farmacêuticos precisam apresentar à Sociedade Civil organizada quais as possibilidades,

deste profissional, nesta nova cultura delineada.

As teias e as redes de conhecimento, na Sociedade da Era da Informação, gritam

por mudanças.4 O Farmacêutico precisa rever sua relação com o conhecimento que

acumula e as facilidades que dispõe, para conquistar a visibilidade e o reconhecimento de

seu papel social e científico. Neste sentido, o ensino deve preparar os profissionais para

essas políticas públicas. Em conseqüência, os currículos jamais poderão ignorar a Política

Nacional de Medicamentos, a demanda da Atenção em todos os níveis de complexidade,

as ações de Vigilância Sanitária e as Políticas de Saúde.

Há um esforço e uma mobilização que começam a se consolidar na busca da

adequação do ensino em saúde, inclusive do Farmacêutico. Um bom exemplo desta

mobilização é o FNEPAS, Fórum Nacional de Educação das Profissões na Área de Saúde,

criado em julho de 2004, que congrega as entidades envolvidas com a educação e o

desenvolvimento profissional na área.5

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010

Por fim, ao instigar os cidadãos, educadores e estudantes a partir deste testemunho,

invoco a necessidade de uma profunda reflexão sobre Educação Farmacêutica, a

começar pela capacitação docente. A esta ação se reforça a idéia do não-conteudismo,

e se enfatiza a importância da incorporação dos processos e procedimentos da Nova

Escola. A sociedade espera, também, o produto das ações construtivas de um profissional

Farmacêutico comprometido com a Ética, a Humanização e as Boas Práticas Profissionais.

Enfim, um agente transformador, lastreado na perspectiva de seu conhecimento, suas

vivências e suas reflexões.

REFERÊNCIAS:

1- ALVES, Márcio Moreira. Beabá do MEC-USAID. Disponível em: http://www.marciomoreiraalves.com/downloads/beaba-dos-mec-usaid.pdf . Acesso em: 10/2/2010.

2- DELORS, Jacques et all. Educação um Tesouro a Descobrir. Relatório para a Unesco sobre educação para o Século XXI.UNESCO, 1996. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000009.pdf. Acesso em: 11/2/2010. 3- MEC. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior: Resolução CNE/CES 2, 19 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Farmácia. Disponível em: http://www.ufrrj.br/graduacao/paginas/docs_diretrizes/farm_CES022002_resol.pdf. Acesso em 11/2/2010.

4- MIRANDA, Leila P. de. A Sociedade em Rede: valores para uma nova educação. Disponível em: http://www.moleque.com.br/palestras/sociedade_em_rede_e_educacao_UVA.pdf . Acesso em: 27/1/2010. 5- FNEPAS: Fórum Nacional de Educação das Profissões da Área de Saúde: http://www.fnepas.org.br/sobre_fnepas.htm. Acesso em 28/01/2010. Agradecimentos:

Meus agradecimentos aos professores Fausto Antonio Azevedo e Luiz Henrique de Oliveira e

Silva pelas contribuições críticas, como companheiros de horas ricas de debates, trabalho,

reflexões, e revisões no texto.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

POLÍTICA EDITORIAL

Título e Subtítulo

A RevInter Revista InterTox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade é um periódico

científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado, publicado pela InterTox, São Paulo,

SP, Brasil.

Área de Conhecimento Abrangida

Na Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq está classificado em Ciências Biológicas -

2.10.07.00-4 - Toxicologia.

Projeto Editorial

MISSÃO

Divulgar a produção científica da Toxicologia, Meio Ambiente e Sociedade, estimulando as

contribuições criativas e inéditas do trabalho acadêmico, de pesquisa e do meio

empresarial, tanto de autores nacionais como internacionais, contribuindo com a discussão

e o desenvolvimento do conhecimento nestas áreas.

OBJETIVOS

• Contribuir para o aumento da produção de conhecimento das comunidades

acadêmica e profissional de Toxicologia;

• Servir como canal adequado para veicular avanços conceituais, tecnológicos e de

experiências empresarial e profissional;

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

• Estimular a difusão de conhecimentos que promovem atitudes voltadas ao aumento de

competitividade das organizações.

FOCO

A RevInter tem como foco a publicação de contribuições científicas no campo da Ciência

Toxicológica, elegendo como tema preferencial os processos de inovação das

organizações. Além dos números regulares, a RevInter deverá editar edições especiais

monotemáticas, que abordarão temas relevantes que possuam interface com a

toxicologia e a sustentabilidade socioambiental.

A RevInter aceita a submissão de contribuições de profissionais e pesquisadores de todas as

áreas envolvidas com as Ciências Toxicológicas, assim sendo, as seguintes especialidades ,

entre outras, estão dentro do foco da revista: Biossegurança, Contabilidade Social e

Ambiental, Direito Ambiental, Economia Ambiental, Farmacoepidemiologia, Planejamento

Ambiental e Comportamento Humano, Química Ambiental, Resíduos sólidos, domésticos e

industriais, Segurança Alimentar, Sociologia da Saúde, Toxicidade de resíduos de

praguicidas em alimentos, Toxicologia Ambiental, Toxicologia da Reprodução e do

Desenvolvimento, Toxicologia de Alimentos, Toxicologia Forense, Toxicologia Ocupacional,

Toxicologia pré-clínica e clínica e Toxicologia Social.

PROCESSO DE AVALIAÇÃO POR PARES E CRITÉRIOS DE ARBITRAGEM

1) Os originais submetidos para publicação na RevInter serão aceitos para análise

pressupondo-se que:

a) deverão ser, exclusivamente, inéditos;

b) todas as pessoas listadas como autores aprovaram o seu encaminhamento;

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

c) qualquer pessoa citada como fonte de comunicação pessoal aprovou a citação;

d) as opiniões emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade.

2) O Comitê Editorial fará uma análise preliminar quanto a pertinência e/ou adequação

da submissão ao escopo da RevInter.

a) As contribuições recebidas serão submetidas à apreciação de dois membros do

Conselho Editorial, dentro de suas especialidades. Em caso de empate, um terceiro

membro será convidado. São assessorados, quando necessário, por Avaliadores ad hoc.

b) Em caso positivo, será analisada, em seguida, a aplicação destas normas editoriais

tanto na redação quanto na formatação do trabalho.

c) Em caso negativo, o autor será notificado por e-mail, para que ele mesmo proceda

as devidas correções.

3) O resultado do parecer do Conselho Editorial será comunicado aos autores, sob

anonimato, obedecendo o procedimento é conhecido por sistema duplo-cego (double

blind review).

4) A Comissão Editorial reserva-se o direito de devolver os originais, quando se fizer

necessária alguma correção ou modificação de ordem temática e/ou formal.

5) A Comissão Editorial procederá as alterações de ordem puramente formal,

ortográfica e gramatical, visando a manutenção do padrão culto da língua,

respeitando, porém, o estilo dos autores. Quando se fizerem necessárias modificações

substanciais, os autores serão notificados por e-mail e encarregados de fazê-las e

entregar a nova versão no prazo estipulado.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

POLÍTICA DE ACESSO ABERTO

A RevInter adota a filosofia de "acesso aberto", permitindo o acesso gratuito e irrestrito

ao seu conteúdo, proporcionando maior democratização mundial do conhecimento.

SEÇÕES

• Artigos técnicos

• Comunicações

• Ensaios

• Informes

• Opinião

• Revisões

IDIOMAS

• Português

• Inglês

• Espanhol

PERFIL DE AUTORES E LEITORES

A RevInter está voltada a um público amplo de pesquisadores, professores, estudantes,

empresários, consultores e outros profissionais qualificados que atuam em organizações

públicas, privadas e do terceiro setor, nacionais e internacionais.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

PERIODICIDADE

Quadrimestral

CIRCULAÇÃO

Meses: (2) fevereiro; (6) junho e (10) outubro.

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

RevInter adota as seguintes normas, que deverão ser observadas pelos autores, na

redação e formatação de seus originais:

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS

NBR 6021: Informação e documentação: publicação periódica científica impressa:

apresentação. Rio de Janeiro, maio 2003.

NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica

impressa: apresentação. Rio de Janeiro, maio 2003.

NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, ago.

2002.

NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento escrito. Rio de Janeiro,

maio 2003.

NBR 6027: sumário: procedimento. Rio de Janeiro, maio 2003.

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

NBR 6028: informação e documentação: resumos: apresentação. Rio de Janeiro, nov. 2003.

NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de

Janeiro, ago. 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇAO E QUALIDADE INDUSTRIAL –

INMETRO

SI: Sistema Internacional de Unidades. 8. ed. Brasília, 2003.

Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia. 2. ed. Brasília,

2000.

CRITÉRIOS DE EDIÇÃO

Instruções aos Autores

São aceitos artigos originais e inéditos, destinados exclusivamente à RevInter, que

contribuam para o crescimento e desenvolvimento da produção científica das áreas

enfocadas.

A análise dos artigos será iniciada no ato de seu recebimento, atendidas às normas

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

editoriais. A publicação dependerá do devido de acordo do Conselho Editorial, atendida

as eventuais sugestões.

A apreciação do conteúdo será realizada pelo Conselho Editorial, sendo mantido sigilo

quanto à identidade dos consultores e dos autores.

Serão aceitos trabalhos escritos em língua portuguesa, inglesa e espanhola.

Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente por correio eletrônico para o seguinte

endereço: [email protected]

Os originais recebidos não serão devolvidos aos autores.

Não se permitirá acréscimo ou alteração após o envio para composição editorial e

fechamento do número.

As opiniões e conceitos emitidos pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade, não

refletindo, necessariamente, o pensamento do Conselho Editorial ou da Revista.

As pesquisas com seres humanos deverão explicitar o atendimento à Resolução CNS 196/96

para estudos dessa natureza e indicar o parecer de aprovação do Comitê de Ética

devidamente reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do

Conselho Nacional de Saúde (CNS) (ver modelo em “Manual Operacional para Comitês de

Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde”).

Será necessário também:

• Indicar a categoria para publicação.

• Indicar endereço postal completo, correio eletrônico e telefone para contato com o(s)

autor(es).

• Toda e qualquer contribuição a ser submetida, para que seja avaliada para publicação

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

na RevInter, obrigatoriamente deverá ser acompanhada dos seguintes formulários:

a) Termo de Cessão de Direitos Autorais e Autorização para Publicação [Formulário Externo

RvIn-ADM-02-2009] assinada por todos os autores de que o trabalho não foi publicado e

nem está sendo submetido para publicação em qualquer outro periódico. Para os estudos

realizados em seres humanos, esta declaração deverá conter também os dados referentes

à aprovação do Comitê de Ética da Instituição onde foi realizada a pesquisa;

b) Formulário preenchido e assinado pelos autores referente ao possível “Conflito de

interesses”, que possa influir nos resultados [Formulário Externo RvIn-ADM-03-2009].

Instruções para Envio do Artigo

A RevInter adota as normas preconizadas pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas

Médicas (Requisitos de Vancouver), publicadas no ICMJE - Uniform Requirements for

Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (http://www.icmje.org/index.html).

Categoria dos Artigos

A RevInter publica artigos técnicos originais, trabalhos de revisão, ensaios, atualização,

estudos de caso e/ou relatos de experiência, comunicações e resenhas de livros, resumos

de teses e dissertações.

A apresentação dos artigos por categoria deverá obedecer:

Artigos Originais - são trabalhos resultantes de pesquisa original, de natureza quantitativa ou

qualitativa. Sua estrutura deve apresentar necessariamente os itens: Introdução, Métodos,

Resultados e Discussão e Conclusão. Apresentação com até 20 laudas.

Artigos de Revisão - são contribuições que têm por objeto a análise crítica sistematizada da

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

literatura. Deve incluir com clareza a delimitação do problema, dos procedimentos

adotados e conclusões. Apresentação com até 20 laudas.

Ensaios e Monografias - são contribuições em que há um forte conteúdo analítico opinativo

por parte do autor acerca de um determinado tema. Apresentação com até 100 laudas.

Artigos de Atualização ou Divulgação - são trabalhos que tem por objetivo a descrição

e/ou interpretação sobre determinado assunto, considerado relevante ou pertinente na

atualidade. Apresentação em até 10 laudas.

Comunicações Breves/Relatos de Caso/Experiência - se caracterizam pela apresentação

de notas prévias de pesquisa, relatos de caso ou experiência, de conteúdo inédito ou

relevante, devendo estar amparada em referencial teórico que dê subsídios a sua análise.

Apresentação em até 10 laudas.

Resenhas – são análises descritivas e analíticas de obras recentemente publicadas e de

relevância para os temas abordados da RevInter. Apresentação em até cinco laudas.

Resumos de Livros, Teses e Dissertações - são resumos expandidos apresentados com até

400 palavras, em português, inglês e espanhol, inclusive o título. Para teses e dissertações

deve conter o nome do orientador, data e local (cidade/programa/instituição) da defesa.

Forma de Apresentação dos Originais

Os trabalhos deverão ser apresentados em formato compatível ao MS Word for Windows,

digitados para papel tamanho A4, com letra tipo Times New Roman, tamanho 12, com

espaçamento 1,5 cm entre linhas em todo o texto, margens 2,5 cm (superior, inferior,

esquerda e direita), parágrafos alinhados em 1,0 cm.

Título - deve ser apresentado com alinhamento justificado, em negrito, com a primeira letra

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

em maiúscula, nos idiomas português e inglês ou espanhol. A seqüência de apresentação

dos mesmos deve ser iniciada pelo idioma em que o artigo estiver escrito.

Autores - nome(s) completo(s) do(s) autor(es) alinhados à esquerda. Enumerar em nota no

final do documento as seguintes informações: formação universitária, titulação, atuação

profissional, local de trabalho ou estudo (cidade e estado, província, etc), endereço para

correspondência e e-mail do autor principal.

Resumo e descritores - devem ser apresentados na primeira página do trabalho em

português e inglês ou espanhol, digitados em espaço simples, com até 300 palavras. Ao

final do resumo devem ser apontados de 3 a 5 descritores ou palavras chave que servirão

para indexação dos trabalhos. A seqüência dos resumos deve ser a mesma dos títulos dos

artigos.

Estrutura do texto - a estrutura do texto deverá obedecer às orientações de cada

categoria de trabalho já descrita anteriormente, acrescida das referências bibliográficas,

de modo a garantir uma uniformidade e padronização dos textos apresentados pela

revista. Os anexos (quando houver) devem ser apresentados ao final do texto.

Ilustrações - tabelas, figuras e fotografias devem estar inseridas no corpo do texto contendo

informações mínimas pertinentes àquela ilustração (Por ex. Tabela 1; Figura 2; etc.), inseridas

logo após serem mencionadas pela primeira vez no texto, com letra tipo Times New Roman,

tamanho 10. As Ilustrações e seus títulos devem estar alinhados á margem esquerda e sem

recuo. O tamanho máximo permitido é de um papel A4 (21 x 29,7 cm).

Notas de rodapé - devem ser apresentadas quando forem absolutamente indispensáveis,

indicadas por números e constar na mesma página a que se refere.

Citações - para citações “ipsis literis” de referências bibliográficas deve-se usar aspas na

RevInter REVISTA INTERTOX DE TOXICOLOGIA, RISCO AMBIENTAL E SOCIEDADE

ISSN 1984-3577 - Vol.3, N.1, NOV/FEV 2010

seqüência do texto. As citações de falas/depoimentos dos sujeitos da pesquisa deverão ser

apresentadas em itálico, em letra tamanho 10, na seqüência do texto.

Referências bibliográficas - as referências devem ser organizadas em ordem alfabética ao

final do texto, no formato ABNT (seguindo a norma ABNT NBR 6023 - Informação e

documentação - Referências – Elaboração). Suas citações no corpo do texto devem ser

feitas pelo sobrenome do(s) autor(es), seguidas de vírgula e ano. No caso de mais de dois

autores, usar o sobrenome do primeiro seguido da expressão et al. e de vírgula e ano.

Exemplificando, (NUNES; LACERDA, 2008), (KUNO et al., 2008). Essa orientação também se

aplica para tabelas e figuras.