58

Revista Linhas 14

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Ano 7, Dezembro 2010

Citation preview

Page 1: Revista Linhas 14
Page 2: Revista Linhas 14

A Universidade de Aveiro vem, desde 1973, interpretando a sua missão de contribuir para a qualificação da região, e do país, de forma pertinente, inovadora e orientada para o futuro.

O percurso trilhado por todos quantos fazem esta comunidade, docentes, investigadores, alunos e trabalhadores dos diferentes serviços, tem merecido um justo reconhecimento aos mais diversos níveis: nas apostas de formação, em que sempre se privilegiou a resposta a necessidades emergentes e a utilização de abordagens inovadoras; na investigação de elevado nível, afirmando-se como líder em diversas áreas; na colaboração com a região, em que o modelo de parcerias e a intensidade de colaboração com autarquias, empresas e associações é apontado como exemplo a seguir.

Mas este é também um processo contínuo, num constante desafio de melhoria, por um lado, e de criação de futuros, por outro. Esta edição da Linhas ilustra bem esta dupla dinâmica, comemorando sucessos e apontando novos rumos. Saliento apenas alguns dos temas presentes nestas páginas, mas que espelham bem a cultura do que é ser Universidade em Aveiro:

› A actuação responsável em termos sociais, estimulando o envolvimento dos seus membros ao serviço da comunidade mais alargada de que fazemos parte, contribuindo assim para uma melhoria da qualidade de vida das pessoas

e proporcionando oportunidades acrescidas de desenvolvimento individual. › A criação e afirmação do Parque de Ciência e Inovação, passo fundamental para alcançar um novo patamar na relação com a região, na internacionalização e no fomento da valorização económica do conhecimento e da inovação. › A eleição do Mar como uma das áreas estratégicas, assente na contínua evolução do conhecimento, reafirma o modelo da UA: a utilização de valências pluridisciplinares, de forma integrada, tendo por objectivo o desenvolvimento da região e do país.

Em tempos de maior instabilidade e dificuldade, em que o foco incide sobretudo no curto prazo, entendo que é dever da Universidade fomentar, através da discussão crítica e informada, o equilíbrio entre a resposta às necessidades presentes e a perspectiva de longo prazo, entre preocuparmo-nos com resultados mas não prescindirmos de assumir o papel de vanguarda no pensar os grandes problemas contemporâneos. Este é o caminho que continuaremos a fazer, em conjunto com os nossos antigos alunos e com todos os nossos parceiros.

EDITORIAL

Manuel António AssunçãoDirector da revista Linhas Reitor da Universidade de Aveiro

Page 3: Revista Linhas 14

EDITORIALmanuel antónio assunçãodirector da revista linhas e reitor da ua

OPINIÃOparque de ciência e inovação: apostar hoje para crescer sempreribau esteves

ordenar o espaço marítimo nacional – para quê?fátima alves

voluntariado: uma oportunidade para todosliliana sousa e sara guerra

ANTIGOS ALUNOSantigos alunos da ua falam das suas carreiras

DISTINÇÕESrecebidas pela comunidade académica da ua

INVESTIGAÇÃOprojecto EU – ADR IEETA explora potencialidades das TIC na detecção precocede reações adversas a medicamentos

projecto Hermionepelas profundezas de oceanos nunca antes exploradas

espumas metálicas investigadora produz componentes ultraleves através de inovadora linha de produção

breves

0406

1018

0828

3032

0126

Page 4: Revista Linhas 14

4044

4648

52

ENTREVISTA COM…francisco murteira nabopresidente do conselho de curadores

ENSINOuniversidade assume compromisso para melhoria da qualifi cação nacional

DEPARTAMENTOS EM REVISTA…física

COOPERAÇÃOfi shcare: spin-off da ua inova na economia oceânica

CULTURALherbário da ua

ESCAPARATEpublicações da comunidade académica

ACONTECEU NA UA…alguns momentos que marcaram a vida académica

3438

Page 5: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

4

Eng.º José Ribau EstevesPresidente da Câmara Municipal de Ílhavo e da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro

opinião

No seguimento da aprovação da candidatura do Parque da Ciência e Inovação (PCI) liderada pela Universidade de Aveiro (UA), o Programa Operacional da Região Centro e a UA procederam no dia 15 de Dezembro de 2009 à assinatura do contrato de fi nanciamento para o projecto, a construção e a activação da importante estrutura do Parque da Ciência e Inovação (PCI).

Trata-se de um investimento de 35 milhões de euros que tem assim garantido um apoio do QREN no valor de 15,5 milhões de euros, contributo fundamental para a sua concretização.

Este passo é o culminar de uma longa caminhada, um intenso trabalho de cerca de cinco anos que permitiu concretizar este objectivo, que teve no projecto “GeoInvest – Zona Industrial de Nova Geração”, liderado pela Associação do Distrito de Aveiro (AIDA) e fi nanciado pelo Programa Aveiro Digital 2003/2006, o seu elemento de propulsão inicial. Esse trabalho foi realizado em parceria entre a então Associação de Municípios da Ria e a AIDA, com o envolvimento da UA.

A Associação de Municípios da nossa região – agora a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro – na sua parceria estratégica (dos seus 11 Municípios associados) com a UA, é um elemento essencial desta nova aposta de enorme importância para a Região de Aveiro, para a Região Centro e para Portugal.

parque de ciência e inovação

A localização física dos 35 hectares do Parque de Ciência e Inovação, dos quais 30 hectares são no Município de Ílhavo (na zona da Coutada) e 5 hectares são no Município de Aveiro (na zona do Crasto, Verdemilho), marcam a contiguidade física do PCI com o Campus Universitário da UA, condição que a UA entendeu de importância estratégica essencial para o sucesso da candidatura ao QREN e para o sucesso do seu funcionamento em integração formal e funcional com as estruturas existentes no Campus, optimizando-as. Esta característica de localização do PCI em articulação funcional com o Campus Universitário, confere um carácter único a nível nacional a esta nova estrutura de ciência e tecnologia, promotora de investigação e desenvolvimento da Universidade e das Empresas, numa aposta de equipa entre a Universidade, as empresas e o Poder Local.

Está pois conquistado um enorme conjunto de tarefas que temos vindo a concretizar e que terão em 2011 um ano essencial para a sua execução, criando todas as condições para a entrada em funcionamento do PCI em 2012.

O PCI integra-se na estratégia de desenvolvimento regional defi nida no Plano Territorial de Desenvolvimento para a Região de Aveiro, sendo um importante e activo elemento de execução dessa estratégia. A gestão do PCI far-se-á em estreita ligação à gestão das Incubadoras (Pólos da Incubadora da UA) e das Áreas de Acolhimento Empresarial de cada

LIN

HA

S

4

Page 6: Revista Linhas 14

parque de ciência e inovação

5um dos 11 Municípios da Região de Aveiro (várias delas com fi nanciamento assegurado na contratualização com o PORC/QREN), numa aposta reiterada em continuarmos a assentar o crescimento da nossa Região no dinamismo e empreendedorismo do seu tecido empresarial, tirando proveito da nova e relevante competência que vai ser o PCI.

O PCI é também um instrumento de execução de prioridades políticas nacionais de que a UA é parceira, nomeadamente do Pólo Tecnológico das Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica, do Pólo Tecnológico da Energia e do Pólo Tecnológico do Agro-Industrial, além do Cluster do Habitat e do Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar, entre outros.

A CI Região de Aveiro e a CM Ílhavo, e todas as entidades públicas e privadas que constituem a estrutura accionista da sociedade anónima “Parque da Ciência e Inovação” (PCI, SA.) sob a liderança da UA, estão afi ncadamente a trabalhar nesta equipa, em prol da concretização de mais uma relevante capacidade para a nossa Região e para o nosso País.

O PCI representa uma aposta no reforço das empresas da Região no acesso à Ciência e Tecnologia, como forma de apoiar as suas estratégias de competitividade apoiando o desenvolvimento dos seus negócios. Por esta via pretendemos criar mais emprego e mais riqueza, e produzir também mais desenvolvimento regional.

O PCI vai atrair empresas de dimensão internacional, proporcionando às nossas empresas parcerias internacionais e por essa via oportunidades de acesso a novos mercados, sendo também um elemento de projecção internacional da Região de Aveiro.

O Parque de Ciência e Inovação é um elemento fundamental para a criação de melhores condições de desenvolvimento de estratégias de inovação e de promoção de empreendedorismo.

Por todos os efeitos que provoca directa e indirectamente, o PCI será também um importante instrumento de valorização e qualifi cação de recursos humanos da Região de Aveiro, objectivo central da estratégia de desenvolvimento da Região.

O PCI atrairá um conjunto importante de recursos humanos qualifi cados para a Região, constituindo também uma oportunidade de valorização dos seus recursos endógenos, e de aumento da procura dos bens naturais, patrimoniais e culturais da Região de Aveiro. Este efeito exerce uma tensão positiva sobre a qualifi cação ambiental e urbana da Região e dos seus Municípios.

Temos em mãos a responsabilidade de seguirmos em frente com muita determinação e trabalho para a concretização de tão importante objectivo, estando actualmente o processo a ser gerido pela empresa PCI, SA. constituída e activada formalmente no passado dia 28 de Setembro de 2010, tendo a sua equipa técnica

(constituída por quatro pessoas) iniciado o seu trabalho no dia 2 de Novembro de 2010.

O Conselho de Administração da PCI, SA. é presidido pela UA e composto também pela CI Região de Aveiro, PortusPark, AIDA, Caixa Geral de Depósitos, SGPS Irmãos Martins e Visabeira. A Mesa da Assembleia Geral é presidida pela CM Aveiro e composta também pela DURIT e pelo Banco Espírito Santo.

Na boa tradição de trabalho e de capacidade de realizar e de inovar da nossa Região e da nossa Universidade, estamos determinados em ter sucesso neste investimento do Parque de Ciência e Inovação, conhecendo as difi culdades do caminho e da conjuntura, mas com a convicção que as acções arrojadas de hoje farão a diferença positiva no futuro que seguramente vai chegar.

Nas linhas da vida sempre construímos apostas arrojadas, para que o crescimento e o desenvolvimento continuem a acontecer por acção de todos os que optam por ser obreiros e inovadores, sabendo que ser obreiro e inovador é um relevante contributo para ser realizado e feliz.

apostar hoje para crescer sempre

Page 7: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

6

Fátima Lopes AlvesDocente do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro e membro do Núcleo de Coordenação de Elaboração do POEM

opinião

LIN

HA

S

6

ordenar o espaço marítimo nacional para quê?

Mais do que nunca reconhece-se hoje no MAR uma importante fonte de recursos ambientais, económicos e sociais. No espaço marítimo ocorrem diversas actividades e utlizações que vão desde a energia (eólica, ondas, petróleo), passando pelos recursos geológicos (crostas de ferromanganês, areias e cascalhos), pesca e aquicultura (arrasto, cerco, tanques, recifes artifi ciais); turismo náutico (campos de regatas e outras actividades náuticas desportivas, recreio e lazer), património subaquático, navegação e conservação da natureza e biodiversidade (áreas protegidas marinhas, canhões submarinos).

É neste contexto de diversidade de recursos existentes no mar e do conhecimento do seu potencial de explorabilidade que, em 2007, o Ordenamento do Espaço Marítimo (OEM) passa a constituir também um desafi o e, ao mesmo tempo, um instrumento fundamental da política marítima integrada (PMI) para a União Europeia (COM(2007) 575), aprovada a 14 de Dezembro de 2007. O OEM irá permitir às entidades públicas e privadas coordenarem acções no sentido de optimizarem a utilização do espaço marinho, promovendo o desenvolvimento económico, social e do meio marinho. O desenvolvimento destes planos tem em consideração o documento orientador elaborado pela Comissão Europeia, denominado Roteiro para o Ordenamento do Espaço Marítimo.

O Estado Português, desde cedo, assumiu a necessidade de construção de uma economia marítima próspera

ao aprovar o Plano de Acção da Estratégia Nacional para o Mar em 2006 (RCM n.º163/2006, de 12 de Dezembro), integrando, entre outros, o “Planeamento e ordenamento do espaço e actividades marítimas”, através da elaboração de um Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM). Este Plano tem como objectivo ordenar os usos, actividades e funções do espaço marítimo, presentes e futuros, em estreita articulação com a gestão da zona costeira, garantindo a utilização sustentável dos recursos, a sua preservação e recuperação, potenciando a utilização efi ciente do espaço, no quadro de uma abordagem integrada e intersectorial, e fomentando a importância económica, ambiental e social do mar.

O Despacho n.º 32277/2008, de 18 de Dezembro, da Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar determinou a elaboração do POEM dando-lhe a confi guração jurídica dos instrumentos de gestão territorial de Plano Sectorial que deverá estabelecer e justifi car as opções sectoriais com incidência territorial. O mesmo diploma determina que o POEM deverá ser desenvolvido tendo por base os seguintes objectivos:

› Efectuar o levantamento de todas as actividades que se desenvolvem nos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição portuguesa, cartografando essas actividades e identifi cando o respectivo grau de dependência das comunidades locais, e delimitar os espaços já consignados;

Page 8: Revista Linhas 14

ordenar o espaço marítimo nacional

7

› Ordenar os usos, actividades e funções do espaço marítimo, presentes e futuros, em estreita articulação com a gestão da zona costeira;

› Garantir a utilização sustentável dos recursos, a sua preservação e recuperação, potenciando a utilização efi ciente do espaço marítimo no quadro de uma abordagem integrada e intersectorial.

› Defi nir os parâmetros de desenvolvimento sustentado de cada actividade e do espaço marítimo em que cada uma se poderá desenrolar;

› Defi nir outras actividades passíveis de desenvolvimento a médio e longo prazo;

› Fomentar a importância económica, ambiental e social do mar;

› Defi nir as orientações para o desenvolvimento de indicadores

de avaliação do desempenho sustentável das actividades marítimas e respectiva monitorização.

O POEM incide sobre o território nacional correspondente aos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição portuguesa – traduzindo-se na área de Zona Económica Exclusiva (ZEE) correspondente ao Continente e a cada um dos Arquipélagos).

No âmbito da equipa multidisciplinar que elabora o Plano foi defi nida a Visão para o Espaço Marítimo – “Espaço Marítimo diferenciador da identidade nacional, sustentável, ordenado e seguro, suporte de actividades socioeconómicas e potenciador de recursos, assente no conhecimento, na inovação e na especifi cidade geográfi ca.”Foi defi nida ainda a Missão para o Plano – “Afi rmar a importância económica, ambiental e social do Mar, assente na promoção do conhecimento dos recursos naturais e das actividades existentes e potenciais e no ordenamento integrado e gestão adaptativa dos usos que se desenvolvem no espaço marítimo, em estreita articulação com a gestão da zona costeira, com o normativo internacional, comunitário e nacional e demais instrumentos de planeamento sectorial e de gestão do território, envolvendo os diferentes actores e agentes.”O desafi o da elaboração do POEM foi seguramente a concretização, por parte

de todos os sectores que compõem a equipa multidisciplinar, da espacialização dos usos, actividades e funções que ocorrem neste território e onde, por vezes esses mesmos usos e actividades concorrem pelo mesmo espaço.A função deste plano é de ordenar as diversifi cadas utilizações e actividades nas suas principais dimensões:

› Dimensão Espacial: relativa ao subsolo marinho; fundo marinho, coluna de água, superfície e, coluna aérea, e ainda se a actividade ou utilização é fi xa ou móvel;

› Dimensão Temporal: dividida entre actividades ou utilizações do

espaço de forma permanente ou temporária/sazonal;

› Dimensão de Gestão: referente a cada espaço e a cada área, da Proposta de Espacialização do Plano.

O POEM integra os princípios do desenvolvimento sustentável, da precaução e da abordagem ecossistémica, através do levantamento e ordenamento das utilizações existentes e futuras, permitindo dar suporte a uma gestão verdadeiramente integrada, progressiva e adaptativa do oceano e da zona costeira e do desenvolvimento das actividades que lhes estão associadas.

Este plano, como instrumento de governação territorial, assume o mar como um imperativo da economia nacional que Portugal tem de implementar no âmbito dos compromissos nacionais e internacionais assumidos da política ambiental e marítima sustentável.Por sua vez, com a elaboração deste Plano, a Universidade de Aveiro viu mais uma vez reconhecido o seu ‘saber’ no domínio do desenvolvimento de metodologias de ordenamento territorial, ao ser convidada para integrar o Núcleo de Coordenação do POEM, cabendo-lhe a responsabilidade de ‘desenhar’ a metodologia de espacialização das actividades, utilizações e funções de toda as águas marinhas nacionais, sob soberania e jurisdição nacional.

O Plano de Ordenamento do Espaço

Marítimo encontra-se em discussão pública

até 22 de Fevereiro em http://poem.inag.pt.

Área de intervenção do POEM

Page 9: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

8

Liliana SousaPró-Reitora e docente da Secção Autónoma de Ciência da Saúde da Universidade de Aveiro

opinião

LIN

HA

S

8

voluntariado

Sara GuerraDoutoranda em Ciências da Saúde da Secção Autónoma de Ciência da Saúde da Universidade de Aveiro

O voluntariado constitui uma estratégia de envolvimento cívico e, tal como outras formas de participação, promove valores democráticos, como a tolerância. A participação cívica pode ser definida como uma “acção não remunerada e baseada num espírito colectivo, não motivada pelo desejo de ligação à política pública” (Campbell, 2004: 7). Actualmente, existe um movimento intenso e alargado de entusiasmo para um renovado envolvimento em actividades voluntárias de modo a responder a algumas limitações encontradas ao nível do exercício da cidadania (Theiss-Morse & Hibbing, 2004).

Voluntariado: o que é?A legislação portuguesa(1) define voluntariado como o conjunto de acções de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, famílias e comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas. Excluem-se actuações que tenham um carácter isolado e esporádico, ou sejam determinadas por razões familiares, de amizade e de boa vizinhança. O voluntariado decorre de um encontro de vontades comprometidas, expresso na adesão livre, desinteressada e responsável do voluntário para realizar acções, consubstanciando relações mútuas entre a organização promotora e o voluntário, traduzindo os princípios

enquadradores do voluntariado: solidariedade, convergência, complementaridade, responsabilidade e gratuitidade.

Voluntário: quem é? O voluntário é um indivíduo que de forma livre, desinteressada e responsável se compromete, de acordo com as suas aptidões e tempo livre, a realizar acções de voluntariado no âmbito de uma organização promotora(2). Actuar como voluntário é ter um ideal por bem fazer, que assenta numa relação de solidariedade traduzida em: liberdade, igualdade e pluralismo no exercício de uma cidadania activa. O termo voluntário associa-se a uma pessoa que desempenha uma função sem intuitos de retribuição (financeira ou outra). O voluntariado corresponde a uma decisão livre, apoiada numa diversidade de motivações, que vão desde o altruísmo à necessidade de socializar e de partilhar experiências, passando pela realização profissional e necessidade de melhorar as competências técnicas, práticas e atitudinais.

Voluntário: direitos e deveres! Os direitos dos voluntários incluem(3): desempenhar um papel em consonância com os seus conhecimentos, experiências e motivações; ter acesso a formação; receber apoio durante o desempenho do papel com acompanhamento e avaliação especializada; ter ambiente de trabalho favorável e com condições de higiene e segurança; participar

1 Lei nº 71/98, de 3 de Novembro 2 art.º 3.º, Lei n.º 71/98, 3 de Novembro

3 art.º 7.º, Lei n.º 71/98, 3 de Novembro

Page 10: Revista Linhas 14

9

voluntariado – uma oportunidade para todos!

uma oportunidade para todos!

das decisões respeitantes ao seu papel; ser reconhecido pelo trabalho que desenvolve com acreditação e certifi cação; acordar com a organização promotora um programa de voluntariado, que regule os termos e condições do trabalho que vai realizar. Quanto aos deveres, o voluntário deve: respeitar a vida privada e a dignidade da pessoa, convicções ideológicas, religiosas e culturais; guardar sigilo sobre assuntos confi denciais; usar de bom senso na resolução de assuntos imprevistos, informando os responsáveis; actuar de forma gratuita e empenhada, sem esperar contrapartidas e compensações patrimoniais; contribuir para o desenvolvimento pessoal e integral do destinatário; garantir a regularidade do exercício do trabalho voluntário.

Voluntariado: impacto!O trabalho voluntário tem-se tornado um factor relevante de crescimento das Organizações Não Governamentais, componentes do Terceiro Sector (iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil). Este tipo de trabalho tem permitido que diversas acções da sociedade ultrapassem o fraco investimento governamental em educação, saúde e lazer. O voluntariado existe, em particular, pela crescente necessidade de cada um se sentir útil e válido (afi rmar-se como cidadão activo) e porque as instituições sentem que falta algo na sua prestação de serviços. Actualmente, nas IPSS portuguesas existem cerca de 25 mil voluntários e 56 mil trabalhadores que apoiam diariamente 480 mil pessoas. A necessidade de humanizar serviços que durante anos se tecnologizaram exige

a participação de todos: profi ssionais, voluntários e utentes.

Voluntariado: impacto para o voluntário! A investigação tem demonstrado que as pessoas acreditam que ajudar os outros é bom para quem dá e quem recebe. Ser voluntário tem demonstrado consequências em quatro áreas para o voluntário (Wilson, 2000): cidadania, comportamento social, saúde e situação socioeconómica.

› Cidadania: os voluntários tendem a ser mais activos na esfera política do que os não voluntários, porque têm mais oportunidades de partilha de informação e de desenvolvimento de competências “cívicas”.

› Comportamento social: há evidência que os jovens que exercem voluntariado têm menos tendência a apresentar (ou vir a)/ou desenvolver distúrbios de comportamento. Em particular os estudantes do ensino superior que exercem voluntariado tendem a não abandonar os estudos e revelam maior satisfação com as suas experiências académicas.

› Saúde: o voluntariado é um papel social adicional que permite fortalecer redes sociais e, por isso, promove a saúde física, o bem-estar emocional e a integração social.

› Estatuto socioeconómico: o exercício de voluntariado permite acesso a novos contactos que constituem oportunidades de negócio e carreira.

Ou seja, o voluntariado pode indirectamente e sem que seja essa a intenção ajudar a encontrar empregos e/ou melhores empregos.

2011 – Ano Europeu das Actividades de Voluntariado que Promovam uma Cidadania ActivaO Conselho da União Europeia (4) instituiu o ano de 2011 como o Ano Europeu das Actividades de Voluntariado que Promovam uma Cidadania Activa (AEV-2011). O AEV-2011 contribuirá para afi rmar o voluntariado como uma dimensão fulcral da cidadania activa e democracia, mobilizando valores como a solidariedade e a não discriminação e contribuindo para o desenvolvimento mais harmonioso das sociedades europeias. As acções de pessoas voluntárias de todas as idades são cruciais para o desenvolvimento da democracia, enquanto princípio fundador da União Europeia (UE), e contribuem para a capacitação das comunidades e bem-estar das pessoas. De facto, a cidadania activa constitui um elemento chave do reforço da coesão social e da consolidação da democracia.

O voluntariado é uma oportunidade positiva para todos: benefi ciários, voluntários, famílias, comunidades,…Como referem Theiss-Morse e Hibbing (2005): quase parece bom demais para ser verdade!

Campbell, D. (2004). What you do depends on where

you are. Presented at the Annual Meeting Mid-West

Political Science Association, Chicago.

Theiss-Morse, E. & Hibbing, J. (2005). Citizenship

and civic engagement. Annual Review of Political

Science, 8: 227-49.

Wilson, J. (2000). Volunteering. Annual Review of

Sociology, 26: 215-240.

4 Decisao nº 2010/37/CE, 27 Novembro 2009

Page 11: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

10

percursos antigos alunos

LIN

HA

S

10

Page 12: Revista Linhas 14

Pedro Cruz, 35 anos, é licenciado em Biologia. Vive nos EUA e trabalha no National Human Genome Research Institute, onde através da Bioinformática dá um forte contributo aos avanços da medicina. Por cá, na Renova, Amélia Ankiewicz, 28 anos, é gestora de projectos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação. Licenciou-se em Engenharia Física e doutorou-se em Física. Pouco mais nova é Inês Melo. Aos 26 anos, esta licenciada em Línguas e Relações Empresariais trabalha na Cisco Systems, em Lisboa, onde as suas competências de comunicação em línguas estrangeiras muito contribuem para o sucesso desta multinacional.

11

percursosantigos alunos

Page 13: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

12 biólogo da ua contribui para o avanço da medicina

pedro cruz

percursos antigos alunos

LIN

HA

S

12

Cem por cento internacional. É como pode classifi car-se a carreira de Pedro Miguel Filipe Cruz, 35 anos, licenciado em Biologia pela Universidade de Aveiro. Passou pela Holanda, Tailândia, Singapura e Itália e acabou por se fi xar nos Estados Unidos da América para trabalhar no National Human Genome Research Institute. É ali que diariamente recorre à análise bioinformática para sequenciar genomas e procurar as causas genéticas das doenças.

Page 14: Revista Linhas 14

pedro cruz

Contribuir para o estudo e o tratamento de doenças humanas através da biotecnologia e da bioinformática. É este o verdadeiro interesse profi ssional de Pedro Cruz. Descobriu-o em Nápoles, em Itália, quando trabalhou no Telethon Institute of Genetics and Medicine (TIGEM) – um respeitado instituto dedicado ao estudo de doenças raras que, no seu entender, pouco interessam à indústria farmacêutica.

Depois de na Holanda ter estado envolvido em projectos de investigação aplicada em áreas distintas não foi fácil perceber que rumo seguir. A actual carreira deve-se, em muito, às competências adquiridas no Mestrado em Tecnologias de Bioprocessamento que concluiu, em 2001, no Asian Institute of Technology, Bangkok Thailand/National University of Singapore, e à experiência adquirida na start-up a que se juntou em Singapura, com o objectivo de desenvolver tecnologias de informação para a investigação biológica e farmacêutica.

Após ter vivido na Holanda, Tailândia, Singapura e Itália, Pedro Cruz mudou-se, em 2004, para Washington DC, uma cidade que considera “cosmopolita e, de certa forma, semelhante a capitais europeias, muito diferente dos subúrbios americanos”. Ainda estava em Itália, no TIGEM, quando, numa conferência em Nova Iorque, conheceu o director científi co do National Human Genome Research Institute (NHGRI). A oferta para, neste Instituto norte-americano, integrar o grupo de Jim Mullikin - um conceituado investigador com vasta experiência em sequenciamento de genomas e análise bioinformática - chegou depois de algumas entrevistas.

No NHGRI, a maioria dos projectos em que trabalha envolvem o contacto regular com investigadores e médicos que estudam desde as doenças mais comuns, como a diabetes, às mais raras, como a progeria (uma doença da infância extremamente rara, caracterizada por um dramático envelhecimento prematuro). “O meu envolvimento neste trabalho é ao nível da bioinformática, no estabelecimento de técnicas de análise das sequências genómicas produzidas pelo laboratório para

procurar as causas genéticas da doença”, especifi ca, acrescentando acreditar que o ritmo com que hoje já se consegue sequenciar genomas tornará possível, em poucos anos, o sequenciamento de qualquer genoma a preços comparáveis a um qualquer teste clínico.

De acordo com este antigo aluno da UA, nos últimos dois anos houve um desenvolvimento tremendo na capacidade de sequenciamento de ADN. “Foram precisos cerca de 15 anos e centenas de milhões de dólares em investigação e planeamento para sequenciar um genoma-referência. Actualmente custa cerca de 10 mil dólares em reagentes e uma semana de trabalho (note-se que sem o genoma-referência nada disto teria sido possível). Nos últimos 10 meses sequenciámos mais de 400 exomas individuais (a parte que codifi ca as proteinas) e uma dezena de genomas inteiros”.

O que mais o fascina no seu trabalho é saber que uma análise acaba por resultar em tratamentos. Para traduzir o quanto é compensador trabalhar nesta área, Pedro Cruz cita dois projectos em que já participou. Um identifi cou as causas genéticas de um raro tipo de cancro da pele, o que, em apenas alguns meses, “permitiu identifi car um medicamento aprovado para um outro tipo de cancro, estando agora a ser testado para passar a ser recomendado”. O outro envolve o estudo de famílias com casos de doenças que permanecem indiagnosticáveis por todos os meios convencionais de diagnóstico. “Este tipo de estudos entram no National Institutes of Health (NIH), do qual o NHGRI faz parte, como último recurso. O programa envolve dezenas de médicos especialistas e uma das componentes é o sequenciamento do ADN no qual participamos activamente”.

Numa altura em que a convergência entre a biologia e a medicina é cada vez mais evidente, Pedro Cruz admite ter a sorte de estar numa posição privilegiada para dar o seu contributo e, por isso, considera muito remota a hipótese de regressar a Portugal, apesar das indiscutíveis saudades de um contacto diário com a família e amigos. “Seria necessário acreditar que existem investimentos sérios e a longo prazo

em ciência e tecnologia por parte de empresas e universidades”.

Adepto da formação ao longo da vida, diz que na sua profi ssão é obrigatório estar-se em contínua evolução, pelo que, além de não pôr de lado um regresso ao mundo empresarial, tirar outra pós-graduação está mesmo nos seus planos mais imediatos. É este, de resto, o caminho que aponta aos recém-licenciados em biologia. “O ideal é reconhecer que a profi ssão de um biólogo apenas começa com a licenciatura. Fora de Portugal é típico começar-se a trabalhar como técnico de laboratório e depois tirar-se uma pós-graduação no que realmente se gosta ou mudar completamente de carreira. A biologia é um campo muito vasto e a experiência de laboratório ou de campo é indispensável para a descoberta pessoal. Eu pessoalmente estou mais à vontade com computadores do que com pipetas.”

Reportando-se à época em que frequentou Biologia na Universidade de Aveiro, Pedro Cruz diz que talvez o curso não dotasse imediatamente os estudantes das competências mais procuradas pelos empregadores, contudo lembra a mais--valia que revelaram ser as controversas disciplinas do 1º ano (programação e matemática) quando aplicadas à biologia.

Este antigo aluno que ainda enquanto estudante da UA se candidatou a uma bolsa da União Europeia para trabalhar no Agrotechnological Research Institute, em Wageningen, na Holanda, viveu ali uma incrível experiência profi ssional e pessoal que o levou a integrar o contingente de estudantes europeus admitidos a frequentar uma pós-graduação no sudoeste asiático. É por isso que, apoiado no seu próprio percurso, alerta os recém-licenciados: “É necessário aproveitar todas as oportunidades para estabelecer contactos e ganhar experiência, participar em conferências, fóruns académicos, etc. Sempre me surpreendeu o facto de muitas bolsas de estudo da União Europeia designadas para Portugal nunca serem utilizadas por falta de candidatos. Não são salários aliciantes mas ajudam imenso a estabelecer contactos profi ssionais. Eu comi muita massa quando vivi na Holanda”.

13

Page 15: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

14

améliaankiewicz

LIN

HA

S

14

Amélia Gonçalves Ankiewicz, 28 anos, chegou à Universidade de Aveiro em 2000 para frequentar a licenciatura em Matemática Ensino, mas acabou por aqui se licenciar em Engenharia Física, ser assistente e concluir um Doutoramento Europeu em Física. O interesse da Renova em engenheiros pós-graduados levou-a, há pouco mais de um ano, a integrar a equipa do Business Research Group (BRG) desta empresa, onde é agora gestora de projectos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação.

percursos antigos alunos

conhecimento, inovação e criatividade ao serviço da indústria

Page 16: Revista Linhas 14

amélia ankiewicz

Entrou em Matemática (Ensino) na Universidade de Aveiro por pura paixão, mas no fi nal do 1º ano percebeu que era a Física que lhe permitia ver a aplicação da Matemática. Decidiu, então, não perder mais tempo e mudar para Engenharia Física. “Terminei o curso em 2005 e posso dizer que foi uma experiência extremamente enriquecedora, tanto a nível académico como pessoal. O Departamento tornou-se a minha segunda casa e os seus membros, a minha segunda família. Mais importante que o conhecimento que adquiri ao longo destes anos, foi ter desenvolvido a capacidade de pensar e resolver problemas. Acho que é esse o papel de um Engenheiro Físico.”

Com um currículo académico invejável, Amélia Ankiewicz recebeu o prémio de melhor aluna 2005 da licenciatura em Engenharia Física, atribuída anualmente pelo Departamento de Física, o prémio BPI, atribuído na UA e, mais recentemente, o SANDiE phD Prize da rede europeia SANDiE, reconhecendo a excelência da sua tese de Doutoramento. Na UA foi ainda representante dos estudantes de Engenharia Física, entre 2001 e 2003, e, desde 2007, representante dos estudantes de pós-graduação do Departamento de Física.

A sua ligação afectiva à instituição onde se licenciou e doutorou é inegável. Realça a mais-valia da interacção entre estudantes de diferentes áreas, a qualidade das instalações e até a notória preocupação da instituição com o bem-estar do corpo e do espírito, que a leva a promover uma série de actividades extra-curriculares, como a capoeira ou a dança. “A UA tem ainda a vantagem de se situar numa cidade à beira-mar, calma e ao mesmo tempo muito viva”, acrescenta.

Amélia Ankiewicz reconhece que a conclusão da licenciatura foi um dos grandes marcos da sua vida. “Os professores Nikolai Sobolev e Joaquim Leitão, que orientaram o meu projecto de fi nal de curso, abriram o caminho para o meu estágio de investigação na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, onde tive a minha primeira experiência

de colaboração internacional. Os resultados do trabalho que desenvolvi neste projecto foram apresentados numa conferência internacional no Japão e deram origem à minha primeira publicação. Esta experiência despertou em mim a vontade de fazer investigação científi ca e acabou por me conduzir ao doutoramento.”

A meio de 2009 e ainda antes de se ter doutorado com a tese “Propriedades de Nanoestruturas de Semicondutores Magnéticos Diluídos Auto-organizados”, Amélia Ankiewicz soube que a Renova procurava engenheiros Físicos, preferencialmente pós-graduados, para integrarem o grupo de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI) da empresa. “Confesso que o que me chamou à atenção foi o facto de a Renova reconhecer nos Engenheiros Físicos uma mais-valia para a organização, o que não sinto que aconteça na generalidade das empresas”, admite, acrescentando que, após uma longa conversa com o Presidente do Conselho de Administração e com o responsável pelo grupo de IDI da Renova, foi convidada a integrar a equipa do Business Research Group.

Desde então, Amélia Ankiewicz tem estado a gerir projectos de IDI e a trabalhar no desenvolvimento e na inovação de produtos. “A Renova caracteriza-se por uma dinâmica muito particular em que a inovação é um modo de estar”, garante, sublinhando: “O que mais me apraz é a liberdade que me dão para desenvolver ideias e criar”.

Experiências de laboratório, testes industriais, reuniões de acompanhamento das actividades dos projectos em curso, pesquisas científi cas e tecnológicas, consultas e negociação com fornecedores, vigilância da concorrência, desenvolvimento de maquetas, gestão de projectos, etc.. Tudo isto faz parte do seu dia-a-dia nesta empresa nacional do concelho de Torres Novas que fabrica artigos descartáveis em papel, de uso doméstico e sanitário, como rolos de cozinha, papel higiénico, guardanapos, lenços de papel e produtos de higiene feminina. “As actividades em que estou envolvida variam muito mas guardo

sempre algum tempo para a refl exão e a pesquisa. Preciso avaliar a melhor forma de enquadrar as ideias que vou tendo”.

Para Amélia Ankiewicz ser pró-activo, ter capacidade de organização e métodos de trabalho, dar sempre o seu melhor e estar disposto a vestir a camisola da organização são ingredientes indispensáveis a qualquer receita de sucesso no mercado de trabalho.

No contexto actual, o problema maior coloca-se logo na fase do próprio ingresso. “A falta de reconhecimento do curso por parte das empresas, que na minha opinião se deve apenas ao desconhecimento das suas potencialidades, não facilita o acesso ao mercado de trabalho. No entanto, no mercado mundial, o limite é a nossa imaginação. Na maioria das empresas, o importante é a capacidade de aprendizagem rápida típica de um recém-licenciado. Um engenheiro físico está apto a desempenhar cargos de investigação e desenvolvimento, gestão de projectos, gestão e optimização de processos, desenvolvimento de algoritmos para aplicações fi nanceiras, entre outros. Atrevo-me a dizer que além de bases sólidas em Física, Matemática, Electrónica e Gestão, o curso de Engenharia Física promove o aprender a pensar e a solucionar problemas interdisciplinares e tecnologicamente complexos”.

Amélia Ankiewicz não tem dúvidas: o curso da UA é muito completo e promove o desenvolvimento de competências em diferentes matérias, permitindo depois consolidar conhecimentos na área que mais interesse despertar. “No meu caso conferiu-me bases fortes em Matemática e Física, complementadas com Electrónica e Gestão. Depois escolhi a física de semicondutores, que aprofundei num projecto de investigação no fi nal do curso”.

15

Page 17: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

16

inêsmelo

LIN

HA

S

16

Sempre quis ser professora mas a incerteza quanto ao futuro profi ssional que tal escolha implicaria fê-la sair de casa dos pais, em Coimbra, e optar pela Universidade de Aveiro para se formar em Línguas e Relações Empresariais. Inês Melo, 26 anos, começou por trabalhar no Departamento de Recursos Humanos da Critical Software, onde entrou ao abrigo do Programa Inov-Jovem. Quatro anos depois tornava-se responsável pelo Departamento de Protecção de Dados da Lidl & Cia., e, em Maio, um convite irrecusável levou-a a assumir o cargo de Relationship Manager, na Cisco Systems, em Lisboa.

percursos antigos alunos

LRE: um curso à medida das necessidades das empresas de sucesso

Page 18: Revista Linhas 14

inês melo

Foi a visão estratégica da mãe, na altura de enveredar por um curso superior, que abriu as portas à carreira profi ssional de Inês Melo. Filha de pais professores, o fascínio pelo ensino sempre a acompanhou, mas a forte possibilidade de no fi nal não conseguir colocação fê-la encetar uma verdadeira cruzada pelos planos de estudo dos cursos oferecidos pelas várias universidades. “Acabei por me decidir por Línguas e Relações Empresariais por ser o mais interessante. Não conhecia ninguém na UA, nem a própria cidade. No início, confesso que custou um pouco, mas hoje valorizo a lucidez e a visão que a minha mãe teve. Afi nal de contas, teria sido muito mais cómodo fi car em casa dos meus pais, a estudar em Coimbra, certo? Não há dúvidas de que é importante planear o futuro desde cedo para se poder tomar as decisões certas.”

Nem um pouco arrependida pela escolha então assumida, Inês Melo é peremptória: “Adorei o curso e não me importava de o tirar novamente. Coimbra pode ter a tradição, mas Aveiro tem as condições: os professores, a tecnologia, as infra-estruturas… Lembro-me da Professora Wang (professora de chinês), que sempre se esforçou ao máximo para motivar os alunos a aprender uma língua difícil, mas que representa uma oportunidade de futuro, ou do Professor Arménio Rego (Recursos Humanos e Comportamento Organizacional), por ter conseguido prender a atenção dos alunos nas aulas teóricas de forma surpreendente”.

Sem se cansar de tecer elogios à UA e ao curso, Inês aponta-lhe um conjunto de mais-valias: “A variedade das disciplinas e o carácter prático das mesmas permite aos alunos criar um perfi l versátil, uma can do attitude”. Por outro lado, “as empresas de sucesso são hoje as que estão viradas para o estrangeiro e as línguas permitem-nos comunicar em contexto internacional”, explica, acrescentando que a componente informática do curso é também importante para uma eventual admissão em empresas de tecnologia.

Na verdade, Inês Melo considera que a licenciatura em Línguas e Relações Empresariais (LRE) está feita à medida das necessidades das empresas de sucesso, admitindo que lhe acrescentaria

apenas uma componente jurídica; lacuna que ela própria colmatou mais tarde com uma pós-graduação em Direito da Comunicação, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Sem esquecer a enriquecedora experiência Erasmus “decisiva para conseguir emprego tanto na Lidl, como mais recentemente na Cisco, devido à necessidade de fl uência em alemão”, Inês Melo diz que entrou no mercado de trabalho munida das ferramentas adquiridas na UA, citando como exemplo: “o reconhecimento da necessidade de uma valorização constante do conhecimento, o saber trabalhar em equipa ou a ideia de que ser líder não é ser autoritário mas, acima de tudo, assertivo”.

O seu percurso profi ssional teve início na Critical Software, onde entrou mal acabou o curso, através do Programa de estágios profi ssionais Inov-Jovem. No Departamento de Recursos Humanos desta empresa de desenvolvimento de soluções de Engenharia Informática esteve quatro anos, até que a vontade de encetar um novo desafi o falou mais alto. Tornou-se, então, responsável pelo Departamento de Protecção de Dados da Lidl & Cia. “Foi desafi ante o projecto que aqui desenvolvi durante um ano e meio. Era uma área que desconhecia totalmente, mas consegui especializar-me e cheguei a dar formação, a nível nacional, aos colaboradores da empresa, o que me deu um prazer especial”, confessa, adiantando que um dia gostaria de vir a leccionar, por entender poder ser interessante partilhar a sua experiência profi ssional com quem está a preparar-se para entrar no mercado de trabalho.

Em Maio deste ano, Inês Melo viu-se confrontada com uma proposta irrecusável: o convite para ser Relationship Manager naquela que foi considerada pelo Great Place to Work ® Institute Portugal, como uma das melhores empresas para trabalhar: a Cisco Systems. “Era uma oportunidade que não podia desperdiçar. Adoro o que faço actualmente, numa empresa inovadora, onde tiro pleno partido das competências que adquiri no curso, onde me é possível comunicar com pessoas que estão do outro lado do mundo como se estivessem sentadas à minha frente; onde a equipa é formada

por colaboradores das mais variadas culturas; onde a formação é dada com uma frequência semanal, onde me dão condições para trabalhar à distância...esta empresa tem tudo a ver comigo!”

A Cisco é uma “gigante tecnológica, com cerca de 60 mil colaboradores espalhados pelo mundo, sedeada em San Jose, na Califórnia. A subsidiária de Portugal é em Lisboa, mais precisamente no Lagoas Park”, contextualiza, acrescentando que na empresa o trabalho que desenvolve é um pouco complexo. “Como costumo dizer, a Cisco é um mundo à parte que me permite lidar diariamente com pessoas que estão do outro lado do planeta! O meu dia-a-dia passa-se a comunicar por telefone, e-mail ou telepresença (em inglês/alemão) com a minha equipa da Alemanha e com as equipas espalhadas pelo mundo, como por exemplo em Amesterdão, no Cairo ou em Bangalore”.

Questionada sobre o que está apto a fazer um recém-licenciado em Línguas e Relações Empresariais, esta antiga aluna responde com o seu próprio exemplo: “Já trabalhei em Recursos Humanos, em Protecção de Dados e agora em Relationship Management. Ligação entre estas funções? Há pouca. Um licenciado em LRE é detentor de um perfi l multifacetado que pode fazer a diferença para as entidades empregadoras. Está preparado para assumir várias funções, seja no sector público ou privado, tenha um carácter mais técnico ou de gestão, seja comercial ou administrativo. Não há limite. Cada caso é um caso!”.

Ciente de que o acesso ao mercado de trabalho não está fácil, Inês Melo considera que o segredo está em não baixar os braços. “Seja durante o curso ou depois, aconselho vivamente uma experiência no estrangeiro. Quem viveu fora desenvolve uma mente mais aberta, conhece outras culturas e aprende a comunicar em outra língua. Está sem dúvida em vantagem perante outros candidatos que sempre tenham vivido em casa dos pais”. Por outro lado, conclui: “Se o sítio onde moramos não nos permitir encontrar emprego... há que arriscar! Normalmente o resultado é positivo”.

17

Page 19: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

18

prém

ios

LIN

HA

S

18

UA premiada em duas das cinco categorias do Concurso Nacional de Inovação BES

Fishcare, desenvolvido por investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da UA, e “FotOrg”, da responsabilidade do Laboratório Associado I3N e do Departamento de Física da UA, do Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CENTI) e da empresa Nanolayer Technologies, foram dois dos cinco projectos vencedores do Concurso Nacional de Inovação BES. Nas categorias “Economia Oceânica” e Clean Tech, respectivamente, os projectos distinguiram-se pelo seu forte cariz inovador e empreendedor.

Coordenado pelos investigadores do CESAM e do Departamento de Biologia da UA, Ricardo Calado e Newton Gomes, o projecto FishCare pretende desenvolver e adaptar ferramentas moleculares que permitam a antecipação e detecção de doenças que afectam as diferentes espécies de peixes marinhos produzidos em aquacultura intensiva e semi-intensiva. Adicionalmente, este projecto pretende validar metodologias moleculares fiáveis para a rastreabilidade dos produtos aquícolas nacionais, de modo a permitir a criação de certificação de origem (ex. dourada e robalo da Ria de Aveiro).A FishCare conta desde o início com a colaboração de empresas e associações ligadas à aquacultura e/ou sector marisqueiro em actividade na Ria de Aveiro. (Ver página 44).

O projecto FotOrg (Fotovoltaicos Orgânicos de baixo custo), que conta com a participação de Luiz Pereira, investigador do Departamento de Física da UA, visa o fabrico de células solares de materiais orgânicos (fotovoltaicos de 3.ª geração) a baixo custo.

Os fotovoltaicos de 3.ª geração têm a enorme vantagem de poderem ser fabricados de forma completamente flexível, mantendo a sua eficiência inalterada sob grandes torsões mecânicas, resultados que são absolutamente inigualáveis por qualquer outro tipo de fotovoltaico actualmente conhecido. Estes materiais têm vindo, por isso, a adquirir bastante relevância e a suscitar muito interesse, tanto por parte da investigação como da indústria, principalmente porque possibilitam a produção de células solares com grandes dimensões a baixo custo, através de processos de fabrico como o inkjet printing, o roll-to-roll ou doctor blading, em que são usadas baixas temperaturas.

Acrescem a estas características o seu custo reduzido, a flexibilidade, a semi-transparência, a pouca espessura e leveza, a resistência e a produção de energia limpa para aplicações interiores e exteriores. Devido a estas características, as células solares orgânicas podem aplicar-se nas mais diversas áreas, nomeadamente na área da arquitectura (edifícios e geometrias 3D on e off grid) e no campo dos gadgets / wearables (vestuário, equipamentos electrónicos, moda artística e decorativa, etc.).

Page 20: Revista Linhas 14

Equipa da UA distinguida pela Fundação Calouste Gulbenkian

19

O projecto “Parque = Lugar com Histórias e Natureza para Socializar” (P=LHNS), da responsabilidade da Secção Autónoma de Ciências da Saúde da UA, foi um dos 18 vencedores, entre 400 candidaturas, do concurso “Entre Gerações”, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian.Inovador ao nível da aproximação casual que pretende potenciar entre pessoas mais jovens e pessoas mais velhas, e o Parque Infante D. Pedro, em Aveiro, o projecto é da autoria da Prof. Liliana Sousa (psicóloga), da doutoranda Sara Guerra (gerontóloga), da mestranda Sacha Vieira (licenciada em Ciências da Educação), da Unidade de Investigação “Saúde Familiar e Comunitária” (Health, Family and Community) e ainda de Henrique Vicente, Natália Abrantes e Celina Silva.

A equipa de futebol robótico CAMBADA (Cooperative Autonomous Mobile roBots with Advanced Distributed Architecture) da UA alcançou, em Junho passado, mais um prémio além-fronteiras: o 3º lugar na liga de futebol robótico dos robôs médios, no Campeonato Mundial RoboCup 2010, tendo fi cado entre as três melhores do mundo pelo terceiro ano consecutivo.

Mais um excelente resultado a juntar ao 2º lugar obtido na última edição do RoboCup GermanOpen que se realizou em Magdeburg, Alemanha, em Abril passado; ao 1º lugar renovado no Festival Nacional de Robótica, que decorreu em Leiria, em Março deste ano; ao 3º lugar na edição de 2009 do RoboCup mundial, que decorreu na Áustria; e ao título de campeã mundial conquistado em 2008.

CAMBADA conquista bronze em Singapura

“Prisma” é a mais recente obra da autoria do Professor Catedrático da UA, João Pedro Oliveira, premiada internacionalmente. O júri do concurso de composição Francisco Escudero atribuiu ao músico e docente da UA, o 1º prémio pela composição destinada à formação de fl auta de bisel, acordeão, cimbalão e percussão.

João Pedro Oliveira, para além deste prémio, já recebeu, em Junho deste ano, com a composição “Towdah” o prémio para a melhor obra europeia, atribuído pela International Computer Music Association, durante a International Computer Music Conference, realizada em Nova Iorque.

A sua carreira como compositor conta mais de 20 galardões nacionais e internacionais, 15 dos quais primeiros prémios conquistados nos mais prestigiados concursos de composição internacionais.

João Pedro Oliveira com mais dois prémios internacionais no currículo

Page 21: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

20

prémios

Sandra Soares, docente e investigadora na área da Psicologia do Departamento de Educação da UA, é a única portuguesa e uma das quatro nomeadas para o prémio de Jovem Investigador em Psicologia do ano de 2010, atribuído pelo Swedish National Committee for Psychological Sciences da Royal Swedish Academy of Science, academia à qual cabe anualmente a responsabilidade de decidir sobre as personalidades merecedoras de distinção com o Prémio Nobel.

A nomeação da docente da Universidade de Aveiro, pela Secção de Psicologia do Departamento de Neurociência Clínica, do Instituto Sueco Karolinska, está relacionada com o seu trabalho de investigação, realizado no âmbito do seu doutoramento, sobre o modo como o medo dirige a atenção para a ameaça.

O resultado do prémio para o qual Sandra Soares foi nomeada será revelado em breve.

Docente nomeada para prémio atribuído pela academia que decide os prémios Nobel

O Professor Catedrático do Departamento de Línguas e Culturas (DLC) da UA, Telmo Verdelho, foi nomeado membro da Academia das Ciências de Lisboa, para a classe de Letras, na secção de Filologia e Linguística, em Julho deste ano. Esta tão distinta nomeação assinala a relevância do trabalho científico deste docente e da equipa que com ele tem colaborado, no Departamento de Línguas e Culturas, e constitui também uma referência nacional e internacional para a Universidade de Aveiro.

O Prof. Telmo Verdelho tem coordenado uma longa investigação no domínio dos estudos filológicos e da lexicografia portuguesa, com a elaboração de uma preciosa base de dados, disponíveis na Internet (http://clp.dlc.ua.pt/inicio.aspx) sobre o património dicionarístico.

Mérito reconhecido pela Academia das Ciências de Lisboa

Mais de 50 artigos e 700 citações em revistas de reconhecido mérito e na revista “Portugaliae Electrochimica Acta”, duas patentes internacionais e a participação em inúmeros capítulos de livros fizeram de Mikhail Zheludkevich o jovem investigador mais activo dos últimos cinco anos no campo da Electroquímica. Este importante contributo para o conhecimento da área foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Electroquímica com o Prémio Jovem Investigador em Electroquímica 2010, em Setembro deste ano.

Especialista em Ciência de Materiais, Química, Electroquímica, Ciências da Corrosão, Revestimentos e Nanotecnologias, Mikhail Zheludkevich é investigador no Laboratório Associado CICECO e líder do grupo de Engenharia de Superfícies e Protecção contra Corrosão no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da UA.

Sociedade Portuguesa de Electroquímica premeia jovem investigador

Page 22: Revista Linhas 14

21

Luís Mafra, Investigador Auxiliar do Laboratório Associado CICECO, foi galardoado com o Prémio António Xavier 2009, em Julho deste ano, pelo trabalho pioneiro que se encontra a desenvolver na área da ressonância magnética nuclear e cujos resultados podem contribuir signifi cativamente para um conhecimento mais aprofundado de proteínas envolvidas em doenças como a de Alzheimer e Creuzfeldt-Jakob.

Este projecto é um esforço conjunto entre a Universidade de Aveiro (Laboratório Associado CICECO) e o instituto ETH (Zurique) para iniciar em Portugal estudos sobre a determinação estrutural de biossólidos através da técnica de RMN de estado sólido.

Pioneirismo distinguido com Prémio António Xavier

Tianbo Li, doutoranda do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, recebeu recentemente o “Chinese Government Award for Outstanding Self-fi nanced Students Abroad 2009”, prémio atribuído anualmente pelo China Scholarship Council, a dois estudantes nativos que se destacaram pela excelência do trabalho académico realizado em Portugal.

Tianbo Li iniciou o seu percurso académico na UA, em 2002, frequentando o Mestrado em Estudos Ingleses, que completou em 2005, com a aprovação da sua dissertação sobre o papel da Língua Inglesa na China “English as Global Language in China”. Doutoranda da UA e bolseira da FCT desde 2006, encontra-se a fi nalizar a tese “The Role of English in International Business: the Case of China”, sob a supervisão científi ca da Prof. Gillian Owen Moreira.

Governo Chinês premeia investigadora

Pela autoria do artigo “Scholarship of Teaching and Learning: An Overview”, Patrícia Albergaria Almeida, investigadora auxiliar no Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) ganhou recentemente o “International Award for Excellence in the world universities fi eld”. Trata-se de um prémio, atribuído anualmente pela Common Ground Publishing, que distingue o melhor dos artigos aceites para publicação no Volume 3 do Journal of the World Universities Fórum.

O prémio será entregue no Fourth International World Universities Fórum, que decorrerá em Hong Kong, entre 14 e 16 de Janeiro.

O trabalho desta investigadora da UA pode ser conhecido em http://patriciaalmeida.weebly.com/index.html

Artigo na área do ensino superior valeu distinção internacional

Page 23: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

22

prémios

O Instituto de Bebidas e Saúde atribuiu, em Outubro deste ano, o prémio de Elevado Mérito ao aluno da UA Mickael da Costa Santos pelo trabalho desenvolvido na sua dissertação de mestrado, sob orientação do Doutor Jorge Saraiva, em torno da “Utilização de alta pressão para aumentar o teor de xanto-humol no mosto de cerveja”. A investigação premiada visa a produção futura de cervejas enriquecidas nesta substância química, um composto ao qual são atribuídas importantes actividades biológicas, como sejam a de antioxidante, anticancerígeno e inibidor do HIV-1.

Mickael da Costa Santos licenciou-se em Bioquímica e Química Alimentar na UA, continuando o seu percurso académico no mestrado em Bioquímica e Química dos Alimentos. Hoje, desempenha funções de bolseiro num projecto de investigação em curso no Departamento de Química da UA.

Aluno distinguido com prémio de Elevado Mérito

A aluna de Doutoramento em Ciências e Engenharia de Materiais da UA, Nádia Khaled Zurba, 31 anos, recebeu em Abril passado, no Porto, o Prémio Maria Cândida da Cunha 2009, pelo seu trabalho académico sobre “Nano-emergência: luminescência persistente … para pessoas com deficiência”.

No âmbito deste trabalho foram desenvolvidos novos pavimentos cerâmicos fotoluminescentes com propriedades multisensoriais para pessoas portadoras de deficiências e um novo equipamento biomédico que serve para o diagnóstico de biofuncionalidade das células retinais fotoreceptoras.

Nadia Khaled Zurba desenvolveu a sua tese de Doutoramento sob orientação do Prof. José M. F. Ferreira. Desempenha actividades de docência, desde 2002, no curso de Ciência e Engenharia de Materiais e no de Design da UA, tendo colaborado numa disciplina do Mestrado Europeu em Ciências e Engenharia da Materiais (EMMS-ERASMUS).

Estudo para minimizar deficiências visuais reconhecido

A bolseira da UA Vanessa Costa foi premiada, em Outubro, pela “qualidade elevada” do trabalho “Matutinidade--vespertinidade e padrões de sono em adolescentes”, desenvolvido na Unidade de Investigação em Educação e Ciências do Comportamento do Departamento de Educação da UA, sob orientação da Prof. Ana Allen Gomes e com a participação do Prof. Carlos Fernandes da Silva e da bolseira Diana Couto. A distinção foi atribuída pela comissão científica das Jornadas de Iniciação à Investigação em Psicologia.

O trabalho apresenta as preferências dos alunos quanto aos horários, concluindo que os alunos que se levantam e deitam mais tarde tendem a compensar as horas de sono ao fim de semana. No entanto, a longo prazo, acumulam défices de sono. Uma das propostas deste estudo passa pela criação de dois horários escolares, um de manhã e outro de tarde.

Premiada por trabalho sobre padrões de sono em adolescentes

Page 24: Revista Linhas 14

João Carlos Peralta Moreira, 18 anos, aluno do 1º ano de Engenharia Electrónica e Telecomunicações da UA, arrecadou a medalha de ouro nas XV Olimpíadas Ibero-americanas de Física, que decorreu entre os dias 26 de Setembro e 2 de Outubro, no Panamá. Este estudante também se destacou no acesso ao ensino superior, tendo sido o candidato que entrou com a média mais elevada neste curso da Universidade de Aveiro.

A medalha de ouro agora conseguida e o curso que frequenta na UA são para João Moreira contributos importantes para a concretização dos seus sonhos: “fazer investigação na sua área de formação e, posteriormente, estudar no estrangeiro”.

Medalha de Ouro nas XV Olimpíadas Ibero-americanas de Física

Joana Barata, do Departamento de Química da UA, foi um dos dois vencedores do I Prémio Químicos Jovens / Gradiva 2010, entregue durante o 2nd Portuguese Young Chemists Meeting (2PYCheM), que se realizou na UA, entre os dias 21 e 23 de Abril. O prémio distinguiu a excelência da Química desenvolvida por Jovens Investigadores, com especial enfoque na divulgação e impacto desta disciplina na Sociedade.

“Estudos de síntese e reactividade de novos derivados do tipo corrol” foi o tema do trabalho desenvolvido por Joana Barata, no âmbito do seu Doutoramento, realizado no Departamento de Química da UA, sob supervisão dos Professores José Cavaleiro e Maria Graça Neves.

Prémio Químicos Jovens / Gradiva 2010

A qualidade dos estudantes de música da UA foi uma vez mais aclamada em três competições musicais realizadas, recentemente, em Tomar, Vila do Conde e Póvoa do Varzim. Filipa Cardoso conquistou o 1º prémio no V Concurso Lopes-Graça, Edgar Cardoso subiu ao pódio no “Marília Rocha” (nível D) e Nuno Figueiredo venceu a fi nal do Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, na modalidade de música orquestral.

Filipa Cardoso arrecadou, além do primeiro lugar no V Concurso Lopes-Graça (em classe superior), o prémio de melhor interpretação da obra de Fernando Lopes-Graça.

Edgar Cardoso não é estreante em competições musicais. Apesar de estar ainda no início do seu percurso académico, o jovem pianista já subiu ao pódio por três vezes este ano (Concurso Ibérico do Alto Minho, Concurso Santa Cecília do Porto e Concurso Marília Rocha).

À semelhança do seu colega, também Nuno Figueiredo já recebeu outras distinções. Em 2009, foi laureado com o prémio Melhor Música Electroacústica Portuguesa no X Concurso de Música Electroacústica do Miso Ensemble, com a obra “The electronic sounds of the birds”, e foi fi nalista no II Concurso de Composição da Casa da Música, com a obra “Klanken uit”.

Jovens músicos voltam a conquistar troféus

23

Page 25: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

24

prémios

Oito antigos alunos da UA, formados nas áreas de Música, Design, Física, Engenharia Civil, Turismo e Engenharia Electrónica e Telecomunicações, viram, recentemente, o seu trabalho reconhecido com a atribuição de prestigiados prémios.

Formada em Música, Susana Ferreira ganhou o 1º Prémio da 24ª edição do “Prémio Jovens Músicos”, o concurso de música erudita com maior impacto no panorama musical português. Promovido pela RTP através da Antena 2, o prémio distinguiu Susana Ferreira como a melhor voz solista, na categoria C, nível superior, tendo sido esta, ainda, merecedora do Prémio Especial Maestro Silva Pereira, que premeia a melhor solista da noite no concerto dos Laureados.

Na mesma área, Ruben Bettencourt foi o vencedor do VII Concurso Internacional de Guitarra, que decorreu em Julho, na Casa Municipal de Cultura, em Alvaiázere, integrado no III Festival Internacional de Guitarra de Leiria. O antigo aluno de Música da UA foi ainda distinguido com o Prémio Melhor Intérprete de Música Portuguesa, com a interpretação de “Balada”, de José Mesquita Lopes.

Na área do Design, Celso Assunção conquistou o 2º lugar no Concurso de Ideias “Cá Fora” 2010, com uma inovadora proposta para “vestir” elementos da via pública da cidade de Aveiro. Da responsabilidade do Município de Aveiro, este concurso pretendeu promover o aparecimento

Antigos alunos da UA com talento reconhecido

de novas ideias a implementar nos espaços públicos do concelho de Aveiro, com o objectivo de fomentar a regeneração urbana, a rentabilização e dinamização dos espaços existentes e fomentar a “socialização e a convivialidade” na comunidade.

A tese de Doutoramento em Física, de Amélia Olga Gonçalves Ankiewicz, arrecadou o 3º lugar no prémio promovido pela rede europeia SANDiE. “Propriedades de nanoestruturas de semicondutores magnéticos diluídos auto-organizados” é o título do trabalho científico, realizado conjuntamente na UA e nas Universidades de Leipzig e Técnica de Berlim.

Maria Angélica Rocha e Ana Silva Ferreira, duas alunas que concluíram, este ano, o curso de Mestrado em Engenharia Civil na UA, foram premiadas com o “Prémio Talento Soares da Costa 2009/2010”, pelo trabalho desenvolvido nas suas dissertações de mestrado. A primeira apresentou o trabalho “Ferramentas de Dimensionamento de Sistemas de Rebaixamento de Nível Freático”, desenvolvido sob orientação do Prof. Claudino Cardoso e co-orientação da Prof. Margarida Lopes, ambos docentes do Departamento de Engenharia Civil (DECivil), e em cooperação com o Dr. Agostinho Mendonça, da Soares da Costa. Ana da Silva Ferreira foi premiada pela dissertação “Reaproveitamento de Materiais em Grandes Obras de Reabilitação”, um trabalho científico que teve orientação

do Prof. Vítor Ferreira e co-orientação da Prof. Ana Velosa, também docentes do DECivil, e em cooperação com a Soares da Costa.

O Ministério do Turismo do Brasil e a Fundação Getulio Vargas atribuíram o 1º lugar do prémio EBAPE-FGV/Mtur, na categoria de pós-graduação, ao trabalho de investigação sobre os transportes turísticos na Amazónia, desenvolvido pelo antigo aluno da UA Fábio Silva, e que foi publicamente apresentado na UA, em Março do ano passado, no âmbito das provas de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento em Turismo.

Vasco Miguel Teotónio Pinho Santos, formado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações pelo Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UA, foi distinguido no XII Encontro Regional do Engenheiro da Ordem dos Engenheiros do Centro, realizado em Maio, em Anadia, como o melhor Estágio Formal, pelo Colégio de Engenharia Electrotécnica. O Estágio intitulado “B-LIVE – Sistemas de Domótica para Apoio a Pessoas com Limitação Funcional” foi realizado em 2009, na empresa Micro I/O, uma spin-off da Unidade de Aveiro, sobre a orientação do Eng. Pedro Fonseca, também ele membro da Ordem dos Engenheiros e antigo docente do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática.

Page 26: Revista Linhas 14
Page 27: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

26

investigação

LIN

HA

S

26

IEETA explora potencialidades das TIC na detecção precoce de reacções adversas a medicamentos

projecto

EU-ADR

Page 28: Revista Linhas 14

projecto EU-ADR

27

A descoberta atempada de reacções adversas a medicamentos é um dos maiores desafi os da investigação farmacêutica. As pessoas não são todas iguais e os organismos não reagem todos da mesma forma e, por isso, durante o tempo de vida do fármaco, podem surgir contra-indicações que não foram detectadas anteriormente ou que não tiveram expressão estatística que justifi casse a sua referência na bula. Cabe aos médicos reportar eventuais efeitos adversos, no entanto, esse processo de detecção de anomalias não é de fácil execução e grande parte das reacções não é registada.

Conceber um sistema de informação que permita prever e antecipar efeitos secundários dos medicamentos, através do cruzamento de dados referidos em arquivos médicos e da literatura produzida na área da biomedicina, é o principal objectivo do projecto EU-ADR (Exploring and understanding adverse drug reactions by integrative mining of clinical records and biomedical knowledge). Financiada pela Comissão Europeia, esta investigação envolve 18 parceiros oriundos de Portugal, França, Espanha, Itália, Holanda, Suécia, Inglaterra e Israel.

O IEETA, uma unidade de investigação fortemente ligada ao Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UA, é o representante português neste consórcio, que nasceu há quase três anos, a partir da união de oito bases de dados da Holanda, Dinamarca, Reino Unido e Itália, com os registos clínicos de 30 milhões de pacientes europeus, conforme explica o Prof. José Luís Oliveira, coordenador do projecto em Portugal. “A ferramenta que estamos a desenvolver no âmbito do EU-ADR uniu as bases de dados de oito instituições europeias e permitiu criar um único recurso em grande escala, que nos vai possibilitar a detecção das reacções mais relevantes registadas nessa base e desenvolver hipóteses que expliquem esses acontecimentos”.

Numa primeira fase são aplicados algoritmos estatísticos ao texto dos registos electrónicos para extrair as associações entre o fármaco e uma

De acordo com dados divulgados pelo Infarmed, estima-se que ocorrem cerca de 250 reacções adversas a medicamentos por cada milhão de habitantes. O EU-ADR, um projecto europeu que envolve a participação de nove países e 18 parceiros, entre os quais o Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA), pretende antecipar e prever esses efeitos secundários, através de um sistema tecnológico avançado que cruza a informação reportada pela classe médica e os conhecimentos produzidos pela biomedicina.

reacção adversa com mais signifi cado e relevância. Essa informação é traduzida através de uma terminologia comum, criando uma lista ordenada decrescentemente com os riscos relativos encontrados. Esta lista é submetida a uma análise do sistema que cruza esses riscos com diversas bases de dados da área da biomedicina, permitindo perceber, de uma forma automática, se há uma explicação científi ca para esse efeito.

“Quanto maior for o risco relativo, maior é a relevância estatística daquele par medicamento-reacção ser uma anomalia. O sistema vai cruzar essa informação com informação existente na literatura e em bases de dados biomédicas de forma a poder encontrar fundamentação biológica para cada um dos eventos assinalados, validando ou não essa evidência estatística”, refere o especialista.

A parte do projecto que é da responsabilidade do IEETA ocorre numa segunda fase, com a criação de um portal com características próprias. De acordo com o investigador, “a informação produzida na primeira fase será submetida a um portal desenvolvido pela UA, que integrará o conjunto de componentes computacionais que permitirão encontrar explicações para determinados sinais, à luz do conhecimento científi co actual. É um sistema especialmente concebido para a comunidade científi ca e médica internacional, nomeadamente entidades reguladoras, empresas farmacêuticas e instituições de investigação”.

Este portal fornecerá uma base sólida para a monitorização em grande escala da segurança dos medicamentos e pode contribuir para a melhoria da prescrição médica e, ao mesmo tempo, explorar novas linhas de investigação para acurar os fármacos que já existem no mercado.

O projecto EU-ADR tem um fi nanciamento atribuído pela Comissão Europeia ao abrigo do 7º Programa-Quadro na ordem dos 4,5 milhões de euros e fi cará concluído em Julho de 2011.

Page 29: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

28

LIN

HA

S

28

investigação

Cobrem quase três quartos da superfície terrestre e desempenham um papel de extrema importância para o planeta, não só ao nível da regulação do clima mundial e do equilíbrio ecológico mas também no campo socioeconómico. Os oceanos são fontes de vida, grandes captadores do dióxido de carbono atmosférico e contêm uma biodiversidade maior do que os ecossistemas terrestres mas ainda em grande parte desconhecida. Quando descemos pelas margens continentais até às planícies abissais, a 6.500 metros de profundidade, um novo mundo se nos depara. Desfi ladeiros e montanhas submarinas, fontes hidrotermais, vulcões de lama e recifes de coral servem de habitat a um número infi ndável de organismos.

Para explorar a vastidão dos oceanos profundos e conhecer os ecossistemas das profundezas marítimas, um grupo de investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e dos departamentos de Biologia e de Física da UA associou-se a 39 parceiros europeus. Através do estudo dos ecossistemas das margens profundas da Europa, a sua distribuição, biodiversidade e funcionamento, o projecto Hermione (Hotspot Ecosystem Research and Man´s Impact On European Seas) permitirá aos cientistas perceber melhor o impacte do Homem e das alterações climáticas sobre esses ecossistemas.

Imbuída do mesmo espírito de busca pelo conhecimento dos navegadores portugueses na era dos Descobrimentos, a UA associou-se a 39 instituições europeias para estudar os ecossistemas marinhos profundos da margem continental europeia e os impactes a que estão sujeitos devido às alterações climáticas e à acção do Homem. Os resultados obtidos nesta exploração científi ca das profundezas dos nossos oceanos, fi nanciada pela Comissão Europeia, serão aplicados na defi nição de estratégias para uma gestão sustentada dos recursos marítimos.

pelas profundezas de oceanos nunca antes exploradas

projecto hermione

Page 30: Revista Linhas 14

29

projecto herminone

Singular na sua abrangência, envolvendo especialistas em Biologia, Ecologia, Biodiversidade, Oceanografi a, Geologia, Sedimentologia, Geofísica e Bioquímica, o projecto apresenta, ainda, um cariz inovador na ligação que estabelece com o campo da política e da economia do mar, conforme explica a Prof. Marina Cunha, coordenadora do grupo de investigação da UA.

“O Hermione veio dar continuidade ao trabalho iniciado com o projecto Hermes, cuja investigação se debruçou sobre as dimensões, distribuição, biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas. Os estudos que estamos a desenvolver agora têm uma maior incidência sobre a conectividade dos habitats e a compreensão dos impactes provocados pelas alterações climáticas e pelo Homem. O objectivo último é fornecer aos decisores políticos o conhecimento científi co necessário para apoiar a governação sustentada dos nossos mares e a conservação desses ecossistemas”.

Delinear e implementar estratégias efectivas de governação e planos de gestão para proteger as profundezas marítimas, compreender a extensão, os dinamismos naturais e a interconectividade dos ecossistemas oceânicos, e integrar a investigação científi ca nas questões socioeconómicas, são, por isso, aspectos importantes, conforme salienta a investigadora. “Obter este conhecimento é crucial, uma vez

que estes ecossistemas estão a ser afectados pelas alterações climáticas e sofrem o impacte do Homem através da pesca abusiva, da extracção de recursos e da poluição. Uma das características mais interessantes do Hermione é a vertente de outreach: há um grande esforço para que a informação científi ca recolhida seja transmitida de um modo cativante à sociedade, mesmo aos grupos etários mais jovens”.

Com fi nanciamento do 7º Programa Quadro da Comissão Europeia e até 2012, os vários parceiros estão a investigar ecossistemas situados em locais críticos das margens profundas da Europa, designadamente o Ártico, o Atlântico Norte e o Mediterrâneo, cobrindo uma distância de mais de 15 mil quilómetros e um vasto leque de ecossistemas: recifes de corais de água fria, desfi ladeiros marinhos, vulcões de lama, montanhas submarinas e desfi ladeiros profundos. A UA é responsável pelos estudos da biodiversidade dos desfi ladeiros submarinos da margem oeste (Nazaré, Setúbal e Cascais) e dos vulcões de lama e recifes de coral do Golfo de Cádis, importantes locais de biodiversidade potencialmente afectados por actividades humanas.

Com a informação biológica recolhida e conjugada com os conhecimentos do Departamento de Física, o grupo da UA pretende modelar alguns aspectos da conectividade de habitats

profundos, utilizando, para tal, modelos oceanográfi cos. “É extremamente difícil obter informações e resultados objectivos sobre aspectos da dispersão e da reprodução dos organismos profundos. Por isso, estamos a utilizar modelos oceanográfi cos para perceber qual é o potencial de conectividade entre os ecossistemas do Golfo de Cádis e outros semelhantes mas separados por grandes distâncias. Utilizamos o conhecimento disponível sobre a reprodução, desenvolvimento e longevidade larvar para simular as trajectórias preferenciais de dispersão e a distância que essas larvas podem percorrer”.

O projecto termina em 2012, mas a investigadora responsável assegura que a investigação não se esgota aqui e pode abrir novas linhas de pesquisa. O trabalho iniciado no Hermes e desenvolvido ao longo do ano e meio que leva o Hermione já permitiu à UA a descrição de cerca de 30 novas espécies e ainda restam por descrever cerca de 15 por cento das espécies recolhidas. Com a evolução dos estudos tudo pode acontecer. “É um processo longo e que exige muitos conhecimentos de taxonomia. Há um grande investimento da nossa parte na formação dos nossos jovens investigadores e na aquisição de conhecimentos integrados de morfologia e das novas metodologias moleculares tão importantes para a taxonomia moderna e para a investigação da biodiversidade. É um investimento a pensar no futuro”.

Os desenvolvimentos deste projecto podem ser acompanhados em http://www.eu-hermione.net/

Trajectórias simuladas de larvas no Golfo de Cádis

Page 31: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

30

LIN

HA

S

30

investigação

espumas metálicasinvestigadora produz componentes ultraleves através de inovadora linha de produção

São recicláveis, ultraleves e podem ser produzidas com as mais diversas confi gurações, geometrias e dimensões. As espumas metálicas são os materiais do futuro para o sector dos Transportes. O segredo está na combinação ideal de pós de metal e de um agente expansor e na temperatura certa para a formação da espuma e da sua solidifi cação. A investigadora da UA, Isabel Duarte, já conseguiu produzir os primeiros protótipos e os resultados auspiciosos.

Page 32: Revista Linhas 14

31

espumas metálicas

Com elevadas potencialidades para os sectores da Construção Civil, Arquitectura, Imobiliário e Biomedicina, é, no entanto, na área dos Transportes que os novos componentes apresentam, por enquanto, mais vantagens. A evolução das especifi cações na construção automóvel tem vindo a colocar enormes desafi os, ao nível do reforço da segurança activa e passiva, da diminuição do peso, do aumento do espaço interior e da estética e do design sem, no entanto, afectar o desempenho estrutural ou elevar os custos de produção e de investimento.

O uso de espumas metálicas de porosidade fechada, como as que estão em estudo na Divisão de Sistemas de Protecção (GRIDS-DAPS - Division of Armour & Protection Systems) do Centro de Tecnologia e Automação da UA (TEMA), é uma solução efi caz para resolver esse tipo de problemas. Para que essa possibilidade venha a ser uma realidade, é necessário que o seu processo de produção seja ainda aperfeiçoado.

À primeira vista, parece tão simples como fazer um bolo. O metal (a massa do bolo) e o agente expansor químico (o fermento) são aquecidos a altas temperaturas, o material expande e dá forma à peça desejada (o bolo). No entanto, as “massas” deste género nem sempre crescem como o esperado e o “bolo” pode “abater” e fi car aquém das expectativas. O segredo está essencialmente na escolha e na quantidade de agente expansor a usar e na temperatura do forno, como explica a investigadora da UA.

“O método consiste no aquecimento controlado de um material precursor, obtido por prensagem ou extrusão a quente de uma mistura de pós de metal (ex. alumínio) e um agente expansor químico (ex. hidreto de titânio), a temperaturas próximas à da fusão do metal. O material expande, desenvolvendo uma estrutura interna altamente porosa de células fechadas e uma película metálica externa densa, devido à ocorrência simultânea da fusão do metal e da decomposição térmica do agente expansor, com a libertação de um gás (ex. hidrogénio). A espuma sólida é obtida por arrefecimento. Se não controlarmos a temperatura, os poros não se formam correctamente e o produto fi nal fi ca muito denso ou cresce demais e perde resistência”.

Foi, por isso, objectivo desta investigação ultrapassar as difi culdades existentes no fabrico destes materiais, que reúnem um conjunto de propriedades únicas. De acordo com a especialista, “a sua natureza metálica em combinação com a sua estrutura celular fechada proporciona uma baixa densidade, uma elevada relação entre o peso e a rigidez e uma excelente capacidade de absorção de energia de impacto e de amortecimento de ruído e vibrações. Depois de alguns testes de validação e da caracterização das suas propriedades mecânicas, conseguimos já obter alguns protótipos únicos de diferentes confi gurações, geometrias e dimensões”.O êxito desta investigação reside no sólido conhecimento científi co e tecnológico do processo, adquirido pela investigadora do Departamento de Engenharia Mecânica da UA, ao longo dos seus 10 anos de experiência laboratorial e de fabrico destas

espumas como bolseira no Fraunhofer-Institut für Angewandte Materialforschung, ao abrigo do Programa Europeu Marie Curie, e como investigadora no Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI).

Autora da primeira tese de doutoramento em Portugal na área das espumas metálicas, desenvolvida sob orientação de um dos maiores especialistas mundiais na matéria, o Prof. John Banhart, a investigadora deu início, ainda no INETI e com a valiosa colaboração da Empresa MJAmaral – equipamentos industriais, ao desenvolvimento de uma inovadora linha de produção, equipada com um forno protótipo contínuo, um sector de arrefecimento e um sistema robótico com características específi cas para este fi m.

A linha desenvolvida explora as potencialidades do método de pulverotecnologia e apresenta melhorias na produção e na qualidade das peças. Explica a investigadora que “com este novo processo, a produção é contínua, automatizada e mais segura. Foi integrado um sistema de extracção automática da espuma formada do interior do forno para o sector de arrefecimento, que permite uma extracção rápida e um arrefecimento controlado e homogéneo, diminuindo as peças defeituosas e favorecendo um aumento na produção de pecas por unidade de tempo”.

Além disso, conforme salienta a Doutora Isabel Duarte, “é a única tecnologia que permite a produção de componentes de geometria complexa sem limitações de design e de dimensões e a ligação a outros materiais durante a formação da espuma. Podemos preencher estruturas ocas com espuma metálica num passo apenas, durante a formação da espuma, porque os materiais ligam-se facilmente”.

Com a nova linha e os componentes já produzidos, únicos a nível nacional, pretende-se, agora, desenvolver novas tecnologias que garantam a qualidade da estrutura celular dos materiais em termos de geometria dos poros.

Page 33: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

32

brev

esinvestigação

UA entre as melhores do mundo em produção científica

A UA continua a ocupar lugar de destaque nos rankings mundiais das universidades com melhor prestação em termos de produção científica.Segundo o “Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities” a UA posiciona-se, em 2010, no 172º posto na área da Engenharia e Tecnologia. O ranking das melhores universidades do mundo, elaborado pelo Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan, analisou oito indicadores de mais de 4 mil instituições de ensino superior que, no global, avaliaram a produção, o impacto e a excelência da investigação realizada nos últimos 10 anos (entre 1999 e 2009).

O excelente resultado da UA em matéria de produção científica é comprovado em diferentes áreas do conhecimento. Além de ocupar o 172º lugar, a nível mundial, no campo da Engenharia e Tecnologia, a UA reforça também a sua posição no tema da Agricultura e das Ciências do Ambiente – subiu 12 pontos em relação ao último ano e situa-se, actualmente, na posição global 287 (118 a nível europeu). Estas duas áreas são respectivamente lideradas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e pela University of California – Davis.

A UA destaca-se também no ranking divulgado, recentemente, pelo SCImago, o centro de investigação dedicado à avaliação científica que reúne universidades de todo o mundo, subindo 60 lugares na lista das instituições com mais artigos

publicados, encontrando-se em 551º entre as 2.883 universidades e outras instituições de investigação analisadas. Das 11 universidades portuguesas que constam no estudo que avaliou o número de citações e de publicações produzidas entre 2004 e 2008, só três apresentaram resultados crescentes, tendo sido a UA a que mais se destacou. Neste período publicou 4.763 artigos, mais 1.079 do que no período analisado anteriormente (2003 e 2007).

Este ranking contempla as instituições que em 2008 publicaram pelo menos 100 artigos nas revistas consideradas pela Scopus (http://www.scopus.com/), uma das mais importantes bases de dados referenciais de literatura científica. Foram analisadas 2833 instituições que são, em conjunto e de acordo com a base de dados da Scopus, responsáveis por 80.55 por cento da produção científica a nível mundial durante o período de 2004 e 2008.

Page 34: Revista Linhas 14

breves

33

O estudo sobre o tamanho protão, da autoria de uma equipa internacional de 32 cientistas, entre os quais dois investigadores da Universidade de Aveiro (o Professor João Veloso e o Doutor Daniel Covita), está entre os artigos científi cos mais procurados na edição online da revista Nature. A descoberta foi capa da prestigiante publicação no passado mês de Julho. A descoberta revelou que o protão, um dos constituintes universais de toda a matéria que nos rodeia, é afi nal mais pequeno do que se pensava e, por enquanto, os cientistas ainda não sabem dizer porquê. Este estudo, que pode vir a colocar em causa uma das teorias fundamentais mais bem sucedidas até aos dias de hoje – a Teoria Electrodinâmica Quântica –, é da autoria de uma equipa internacional de 32 investigadores, entre os quais oito portugueses das Universidades de Aveiro (João Veloso e Daniel Covita) e Coimbra (Joaquim Santos, Luís Fernandes, José Matias, João Cardoso, Fernando Amaro e Cristina Monteiro). O sucesso deste resultado deve-se, em grande parte, à colaboração de vários grupos de investigadores com diferentes valias nos diferentes campos científi cos, necessários à realização da experiência. Os dois grupos de investigadores portugueses são internacionalmente reconhecidos pelos seus pares como peritos na área dos detectores de radiação. Na UA, o trabalho de pesquisa foi coordenado pelo Prof. João Veloso, docente no Departamento de Física, desde 2005, responsável pelo grupo de investigação “Detecção da Radiação e Imagiologia Médica- DRIM”, integrado no Laboratório Associado I3N – Pólo de Aveiro – actualmente com 14 membros.

Investigação sobre o tamanho do protão lidera “top 10” da Nature

A colaboração entre os investigadores da UA: Carlos Brites, Patrícia Lima, Nuno Silva, Vítor Amaral e Luís Carlos (Departamento de Física e CICECO) e os investigadores Angel Millán e Fernando Palácio, do Instituto de Ciencia de Materiales de Aragón (Consejo Superior de Investigaciones Científi cas e Universidade de Saragoça) resultou na publicação de um artigo científi co na revista Advanced Materials, no qual se descreve um nanotermómetro luminescente que combina um número de propriedades que o torna ímpar, quando comparado com outros termómetros luminescentes propostos anteriormente. O novo termómetro não necessita de uma referência externa para medir temperatura, permitindo medições absolutas entre 10 e 350 K. A sensibilidade térmica é de cerca de 4.9%/K, 1,5 vezes superior que o valor mais elevado reportado previamente para sensores de temperatura baseados em iões lantanídeo, e exibe elevada fotoestabilidade em uso prolongado.Quando comparado com os termómetros propostos até hoje, o novo termómetro representa um passo em frente na termometria à escala nanométrica, abrindo caminho para novas aplicações promissoras, especialmente no campo da biomedicina.O artigo científi co publicado na revista Advanced Materials pode ser lido na íntegra em http://dx.doi.org/10.1002/adma.201001780

Nanotermómetro com promissoras aplicações na biomedicina

O artigo “Nanostructured Sol-Gel Coatings Doped with Cerium Nitrate as Pre-Treatments for AA2024-T3. Corrosion Protection Performance”, da autoria dos investigadores do CICECO M.L. Zheludkevich, R. Serra, M.F. Montemor, K.A. Yasakau, I.M.M. Salvado, M.G.S. Ferreira, foi distinguido pela Electrochimica Acta com o prémio “Most Cited Articles 2005 – 2009”. O trabalho foi publicado na Electrochimica Acta, Volume 51, Issue 2, 2005. O artigo apresenta o resultado de uma investigação desenvolvida na área dos revestimentos híbridos nanoestruturados baseados na tecnologia sol-gel para a protecção anticorrosiva da liga de alumínio 2024-T3.Esta liga constitui parte signifi cativa dos aviões modernos, possuindo excelentes propriedades mecânicas para aplicação aeronáutica mas fraca resistência à corrosão, razão pela qual tratamentos à base de cromatos sejam usados para aumentar essa resistência. Com a proibição do uso de produtos contendo crómio surgiu a necessidade de encontrar alternativas não poluentes e inócuas para a saúde. Os revestimentos criados pelos cientistas do CICECO incorporam nanopartículas de zircónia para reforço das propriedades barreira e iões Ce(III) como inibidor anticorrosivo. Os melhores resultados surgiram quando os inibidores foram adicionados às nanopartículas de zircónio, as quais parecem funcionar como reservatórios de inibidor para libertação prolongada dos iões cério. O artigo completo pode ser lido em

http://dx.doi.org/10.1016/ j.electacta.2005.04.021

Artigo do CICECO publicado na Electrochimica Acta entre os mais citados

Page 35: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

34

entrevista

LIN

HA

S

34

franciscomurteira nabo

entrevista com…

é muito honroso ser nomeado para o primeiro conselho de curadoresda fundação ua

Page 36: Revista Linhas 14

francisco murteira nabo

35

Revista Linhas (RL) – Foi conhecido a 14 de Outubro o Despacho Ministerial que, sob proposta da UA, nomeou o Conselho de Curadores da Fundação Universidade de Aveiro. Como assumiu o convite para integrar, com outras quatro personalidades de relevo da sociedade civil, o Conselho de Curadores da Fundação Universidade de Aveiro?

Francisco Murteira Nabo (FMN) – Com grande motivação pela experiência, que é nova em Portugal. Encontro-me muito ligado a Aveiro desde os tempos em que presidi à Portugal Telecom e, nessa qualidade, ajudei a criar a PT Inovação, aqui sedeada. Além disso, sendo a Universidade de Aveiro uma das mais prestigiadas universidades portuguesas é, naturalmente, muito honroso ser nomeado para o primeiro Conselho de Curadores da Fundação que passa a ser responsável pela Universidade, nos termos da nova legislação.

RL – Esta é a primeira experiência do Dr. Francisco Murteira Nabo em contexto de gestão universitária?Que desafi os espera encontrar ao longo deste mandato?

FMN – Fui membro do Conselho Consultivo e, posteriormente, da Assembleia Estatutária da Universidade de Lisboa. Hoje sou Presidente do Conselho do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa e, ainda, membro do Conselho Consultivo do Instituto Superior de Economia ”

e Gestão em Lisboa. Pelo que me apercebi destas minhas ainda recentes experiências universitárias, a criação da Fundação da Universidade de Aveiro é um desafi o de enorme importância estratégica não só para a universidade, mas também para o país, dado tratar-se de uma experiência inovadora e, por isso, temos todos de encontrar novos caminhos que valorizem o modelo fundacional e as Universidades portuguesas.

RL – O Orçamento de Estado para 2011, prevê uma redução de 3.2 por cento na verba destinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Considera que a acção das universidades portuguesas fi ca, de alguma forma, posta em causa, com esta medida?

FMN – O país vive uma situação orçamental difícil pelo que, os sacrifícios têm de ser repartidos por todos. As universidades deverão ser, a meu ver, das instituições menos sacrifi cadas porque o seu papel é crucial para o aumento da qualifi cação dos nossos jovens e para a criação de valor no nosso modelo de desenvolvimento futuro. Penso que assim aconteceu, apesar do corte referido. A solução terá de ser uma gestão rigorosa e estratégica dos custos, de forma a não perder efi ciência e capacidade competitiva. Serei solidário com esta estratégia.

Foi eleito, por unanimidade, presidente do primeiro Conselho de Curadores da Fundação responsável pela UA, no âmbito dos novos estatutos da instituição. Nos próximos cinco anos, Francisco Murteira Nabo, reputado economista, lidera o grupo de decisores – composto por outras quatro personalidades de relevo da sociedade civil – que tem a seu cargo a homologação das deliberações do Conselho Geral, a aprovação de planos estratégicos, de acção e as linhas gerais de orientação da instituição.

Page 37: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

36

entrevista

“Uma Universidade moderna é uma peça decisiva para o sucesso”

RL – Defendeu, em entrevista ao Jornal Público, o investimento na área tecnológica e da formação, uma maior integração com a Europa e o investimento directo em países de língua portuguesa. Em que medida as universidades, e a UA em particular, podem contribuir para o sucesso desta proposta?

FMN – A questão central da economia portuguesa é a baixa produtividade da mão-de-obra e a ainda pouca contribuição para o PIB de sectores económicos com elevado valor acrescentado. Só se poderá criar riqueza suficiente, que suporte os padrões de bem-estar existentes, com um modelo de desenvolvimento que incorpore mais tecnologia, mais qualificação e que faça uma maior aposta na procura externa. No modelo que preconizo, uma Universidade moderna, que invista na exigência e na qualidade dos seus docentes e estudantes, e que faça da investigação orientada para a produção de riqueza os seus vectores estratégicos-chave, é uma peça decisiva para o sucesso.

RL – “Somos competitivos na mão-de-obra qualificada, ainda barata. Nós temos pessoas altamente qualificadas ainda baratas, o que poderá ser um atractivo forte para investimento estrangeiro”. Reconhece actualidade nesta afirmação, de 2007, ao mesmo jornal?

FMN – Toda a mão-de-obra portuguesa é barata quando comparada com a média europeia, por isso pode ser um factor de atracção do investimento directo estrangeiro. Será bom se ele trouxer tecnologia, empregar mais mão-de-obra qualificada, apostar na procura externa e retiver valor acrescentado no país. Mas esta situação deverá ser transitória, porque o projecto a prazo mais largo é o de investir nos sectores onde temos claras vantagens comparativas, com investimentos controlados por centros de decisão nacional e que sejam competitivos a nível global.

RL – Perante o actual cenário de crise, quais são os grandes desafios para a economia portuguesa?

FMN – Garantir a sustentabilidade das finanças públicas e definir um projecto de desenvolvimento sustentado a longo prazo realista, suportado por: uma maioria política estável, que o garanta; uma melhoria sustentada da produtividade e da poupança; uma internacionalização da nossa economia, cada vez diversificada para países emergentes, ou seja, cada vez menos dependente da economia europeia.

“A UA poderá ser a âncora de um pólo de referência, onde se venham a sedear um ou dois sectores ou clusters estratégicos de aposta internacional do país”

RL – Que contributo poderá a Universidade de Aveiro dar ao país para inverter este cenário de crise?

FMN – A Universidade de Aveiro poderá ser a âncora de um pólo de referência, onde se venham a sedear um ou dois sectores ou clusters estratégicos de aposta internacional do País, como tem historicamente acontecido com as telecomunicações, potenciando a atracção de capital de risco, talento, investigação aplicada, internacionalização e apoio político local e regional, que conduza a decisões em rede, que gerem elevadas sinergias. A Universidade ligada, ao sector empresarial, terá de ser o suporte deste pólo.

RL – E, na sua opinião, quais são as áreas que, perante a conjuntura macroeconómica actual, poderão conhecer maior potencial de desenvolvimento?

FMN – Além dos sectores tradicionais que consigam ganhar competitividade externa, claramente a economia do mar, das energias renováveis, do turismo de qualidade e de envelhecimento e, ainda, dos variados serviços, orientados para a procura externa, que gerem elevado valor acrescentado.

PERFIL

Francisco Luís Murteira Nabo é licenciado

em Economia, pelo Instituto Superior de

Ciências Económicas e Financeiras, e Master

em Business Administration pela Escola

de Direcção de Negócios – AESE. Exerceu

diversas funções no Governo de Macau, das

quais se destacam as de Secretário-adjunto

para a Educação, Saúde e Assuntos Sociais,

Secretário-adjunto para os Assuntos

Económicos e Encarregado do Governo do

Território de Macau.

Em Portugal, foi Secretário de Estado dos

Transportes e Ministro do Equipamento

Social, tendo sido ainda vereador da Câmara

Municipal de Lisboa.

Na Companhia Portuguesa Rádio Marconi

foi presidente do Conselho de Administração

tendo, antes, exercido outros cargos de alta

responsabilidade na mesma Companhia.

Foi presidente da Comissão Executiva

na Portugal Telecom Internacional,

SGPS e exerceu, também, as funções de

Presidente do Conselho de Administração

da Portugal Telecom, SGPS. É, desde 1

de Janeiro de 2005, Bastonário da Ordem

dos Economistas. Exerce o cargo de

Presidente do Conselho de Administração

da Galp Energia. É membro do Conselho de

Curadores da Fundação Oriente.

Page 38: Revista Linhas 14

37

Outros haverão, certamente, mas alguns destes parecem-me óbvios porque temos uma imensa área marítima sob nosso controle e porque, além da água, também temos sol e vento. A cooperação empresarial a todos os níveis, dada a pequenez do nosso mercado doméstico, e uma estratégia de alianças com parceiros internacionais parece-me igualmente decisiva. Acho ainda que o espaço da CPLP poderá ser decisivo para o sucesso, dadas as nossas claras vantagens comparativas nos países lusófonos.

“A Universidade de Aveiro é uma referência nacional na área da Inovação”

RL – A UA tem uma forte tradição de cooperação com o tecido empresarial. Siemens e PT são apenas dois exemplos de empresas de sucesso que aproveitam o know-how da UA para investir em inovação. Como avalia a acção da UA neste domínio?

FMN – A Universidade de Aveiro é uma referência nacional na área da inovação pelo que o que se lhe pede é que melhore, se ainda for possível. A PT e a Siemens são de resto dois bons exemplos de sucesso em Portugal na área em que a UA é mais conhecida: as telecomunicações. Não haverá desenvolvimento futuro sem inovação pelo que a UA tem claras vantagens comparativas relativamente às restantes universidades portuguesas. Mas o mundo é cada vez mais global!

RL – A mais recente aposta da UA é a criação de um Parque de Ciência e Inovação, com enfoque nas áreas da Energia, Tecnologias da Informação, Comunicaçõa Electrónica, Agro-Industrial, Materiais e Mar.Como avalia o impacte deste projecto no desenvolvimento tecnológico do país/região?

FMN – As áreas referidas foram seleccionadas como pólos de competitividade ou clusters em que Portugal pode ter vantagens comparativas no sector dos bens transaccionáveis, para efeitos dos fundos do QREN. O impacte maior ou menor na região depende da capacidade de implementação e de liderança desses projectos. Não basta conceber é preciso implementar com sucesso!

RL – O PCI terá também uma plataforma de interligação entre as empresas e a região, através da implementação de empresas de base tecnológica, agregadas à Incubadora em Rede da UA. Será Portugal um país de empreendedores?

FMN – Nas minhas experiências estrangeiras tenho constatado que os portugueses são em regra criativos e tomadores de riscos. Pelo contrário, acho que somos relativamente frágeis a implementar, com disciplina e perseverança. Porque somos um país de pequenas e médias empresas acho que devemos fomentar ao máximo o empreendedorismo, a cooperação empresarial e a internacionalização, mas centrando muito os estímulos no grau de implementação e no rigor do cumprimento dos objectivos. A Universidade terá aí também um papel-chave formando estudantes cada vez mais virados para o risco. Em Portugal penaliza-se o risco e não se dá, em regra, uma segunda oportunidade. É uma cultura que terá de mudar!

CONSELHO DE CURADORES

O QUE É

Órgão de governo, nomeado pelo Governo, sob

proposta do Conselho Geral ouvido o Reitor.

COMPETÊNCIAS

› Elege o seu Presidente

› Aprova os Estatutos do Estabelecimento

de Ensino

› Homologa as deliberações do Conselho

Geral de designação e destituição do Reitor

› Propõe ou autoriza a aquisição ou alienação

de património imobiliário da instituição, bem

como as operações de crédito

› Homologa as deliberações do Conselho

Geral relativas a:

› planos estratégicos de médio prazo e

o plano de acção do Reitor

› linhas gerais de orientação da

instituição no plano científi co e

pedagógico, fi nanceiro e patrimonial

› planos anuais de actividades e

apreciação do Relatório Anual das

Actividades;

› proposta de orçamento, e contas

anuais consolidadas, acompanhadas

do parecer do Fiscal Único.

O Conselho de Curadores reúne

ordinariamente quatro vezes por ano, podendo

reunir extraordinariamente desde que

requerido por qualquer dos seus membros.

COMPOSIÇÃO

Cinco personalidades de elevado mérito e

experiência profi ssional. O mandato dos

Curadores tem uma duração de cinco anos,

renovável uma única vez, não podendo

ser destituídos sem motivo justifi cado.

Na primeira composição do Conselho de

Curadores, o mandato de dois deles, a

escolher por sorteio, é de apenas três anos.

Mandato de cinco anos:

· Francisco Murteira Nabo (Presidente)

· Isabel Jonet

· Ricardo Espírito Santo Salgado

Mandato de três anos:

· Joaquim Renato Araújo

· José Silva Lopes

O exercício das funções de Curador não

é compatível com outro vínculo laboral

simultâneo à Universidade de Aveiro.

manuel antónio assunçãofrancisco murteira nabo

Page 39: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

38

ensino

universidade assumecompromisso para melhoria da qualifi cação nacionalSob o princípio de que o Ensino Superior e a Ciência são fundamentais para o país, principalmente no que toca à preparação dos seus recursos humanos, o Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) e as Instituições de Ensino Superior Público assinaram, em Janeiro de 2010, um “Contrato de Confi ança no Ensino Superior para o futuro de Portugal”, com o objectivo de qualifi car mais 100 mil activos em quatro anos. Em Setembro, e no âmbito do Programa Específi co de Desenvolvimento deste Contrato de Confi ança, a Universidade de Aveiro assumiu o compromisso de formar aproximadamente mais 4400 novos diplomados em quatro anos e em todos os ciclos de estudos.

Em termos globais, a contribuição da Universidade de Aveiro para o objectivo de qualifi cação superior fi xado pelo Governo corresponde a um acréscimo de mais 4382 diplomados, traduzidos na criação de novas vagas conducentes a mais 493 diplomados em Cursos de Especialização Tecnológica (CET), mais 1512 diplomados de licenciatura (1º ciclo), mais 2268 mestres (2º ciclo), mais 109 doutores (3º ciclo). Por via da melhoria do sucesso escolar é, ainda, intenção da UA conseguir, em quatro anos, diplomar mais 875 estudantes.

Mas qual a estratégia da UA para atingir estas metas? A resposta passa, em muito, por três acções chave: a atracção de novos públicos, o estabelecimento de vagas adicionais e a melhoria do sucesso escolar.

No que diz respeito aos Cursos de Especialização Tecnológica (CET), a concretização das metas fi xadas será conseguida através de um ligeiro aumento das vagas nos cursos em funcionamento nas escolas politécnicas (ESTGA, ESAN e ISCA-UA), assim como pela criação de novos cursos; opções que, de acordo com a Reitoria, “assentam na análise feita pela UA das necessidades de formação de activos a partir da recolha de informação junto dos empresários da região” e “suportadas pelo interesse manifestado por parceiros relevantes para a concretização dos cursos”.

Novos cursos em regime pós-laboral e incremento do Ensino à DistânciaO aumento de vagas no 1º ciclo (licenciaturas) tem como destinatários prioritários os novos públicos, designadamente: “maiores de 23”, detentores de CET e activos que abandonaram o ensino superior antes de obterem qualquer grau. Para facilitar o acesso e integração desses novos públicos, a UA criou uma unidade de projecto, designada por Unidade Integrada de Formação Continuada (UINFOC), com a fi nalidade de promover a formação contínua, permanente e ao longo da vida, fomentando, neste âmbito, a interligação e cooperação entre as unidades orgânicas da Universidade e as autarquias, empresas e sociedade em geral.

LIN

HA

S

38

Page 40: Revista Linhas 14

universidade aposta em novos públicos

39

A Reitoria valoriza ainda a “experiência anterior na licenciatura em Contabilidade que nos leva a aumentar as vagas para o regime pós-laboral neste curso e a abrir noutros, bem como a importância do ensino à distância como instrumento facilitador do acesso à formação e da promoção do sucesso escolar”, acrescentado ainda que no que respeita ao Ensino a Distância (EaD), serão equacionadas parcerias com outras Instituições do Ensino Superior que o tornem mais efectivo. “Complementarmente, e na sequência da vasta experiência da UA na utilização de plataformas de EaD, iremos pôr no terreno medidas de desenvolvimento de conteúdos temáticos modulares, integrando componentes multimédia que nos permitam, por um lado, a harmonização de conhecimentos de estudantes que chegam à Universidade com percursos não convencionais; e por outro, a fl exibilização da confi guração de ofertas de formação específi ca, com ganhos de efi ciência de recursos”, explicam os responsáveis pela Instituição.

2º e 3º Ciclos com medidas de acesso facilitadasPara além da entrada em funcionamento, já no ano lectivo 2011/2012, do 2º Ciclo em Medicina, que se refl ectirá, logo nesse ano lectivo, na oferta de 40 vagas, o aumento de ingressos de novos estudantes de 2º Ciclo será conseguido pela criação de vagas associadas a novos cursos (já avaliados ou a avaliar pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior – A3ES), em consequência da reestruturação da oferta e pela criação de novas vagas. “Serão criadas condições facilitadoras do acesso pela defi nição célere dos planos individuais de formação em situações referenciadas (dissertações – quando apenas falta apresentar dissertação, reconversões, reingressos, regime de tempo parcial) privilegiando-se o ambiente empresarial através do estabelecimento de protocolos. Serão especialmente úteis os acordos com empregadores e Associações Empresariais já estabelecidos ou a conceber”, concretiza a Reitoria, adiantando que, também

neste ciclo de ensino, será implementada a mesma lógica de Ensino a Distância e de aulas em regime pós-laboral e nocturno.

Em prol do sucesso escolarA proposta de abertura de vagas adicionais neste ciclo de ensino resultará fundamentalmente da criação de novos programas doutorais (muitos dos quais em parceria com outras Instituições de Ensino Superior nacionais e internacionais) enquadrados pela constituição de uma Escola Doutoral, onde se dará particular ênfase ao doutoramento em empresa.

A Reitoria adianta, ainda, que a melhoria do sucesso escolar será promovida tirando partido dos resultados do Sistema de Garantia de Qualidade e, promovendo alterações comportamentais dos docentes e estudantes, através de programas que já estão no terreno (FADES, implementação de medidas pelos departamentos identifi cadas pelo Sistema de Garantia de Qualidade), ou virão a ser lançados com o objectivo de dotar os estudantes de superior capacidade de auto-estudo e de maior responsabilidade, bem como de alterar profundamente a tipologia de relacionamento professor/estudante na sala de aula.

Importa salientar que o aumento credível e sustentável dos níveis de qualifi cação superior, com incidência particular na população activa, tinha sido já um objectivo apresentado pela UA ao MCTES, no âmbito do seu plano de desenvolvimento, aquando da passagem da Universidade a Fundação Pública de direito privado.

A abertura social do Ensino Superior aos novos públicos e uma relação mais estreita entre as universidades e a realidade económica e social portuguesas assumiram igualmente uma clara prioridade no Programa de Acção 2010-2014, validado pelo Conselho Geral da Universidade de Aveiro no acto de eleição do Reitor, Prof. Manuel António Assunção.

Ainda que de uma forma preliminar “podemos afi rmar que a UA teve pleno sucesso na concretização das metas estabelecidas para os ingressos adicionais a que se propôs no âmbito do Contrato de Confi ança para o ano lectivo 2010/2011. Estes resultados indicam, por um lado, a adequabilidade da natureza da oferta às necessidades e, por outro, o reconhecimento da qualidade dessa oferta pela sociedade”, concluem os responsáveis pela UA.

Page 41: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

40

departamentos em revista…

LIN

HA

S

40

departamentos em revista

crucial para as ciências e tecnologias

Formar profissionais qualificados e competentes; ser agente da criação de conhecimento, através da transferência para a sociedade dos resultados da investigação produzida; contribuir para a identificação e formação adequada de talentos para, a prazo, permitir alcançar melhores índices de desenvolvimento socioeconómico. São estes os propósitos que actualmente regem o Departamento de Física, um dos primeiros departamentos criados na UA.

física

Page 42: Revista Linhas 14

física

414141

Como Departamento começou a funcionar em meados da década de 70, no 1.º andar do edifício 2 do Campus (actual Departamento de Línguas e Culturas) e a sua origem teve como princípio base “disponibilizar uma oferta de cursos na área de Física que permitisse o progressivo desenvolvimento e fortalecimento de actividades de investigação nesta área”, conta o Presidente do Conselho Directivo deste Departamento, Prof. António Luís Ferreira.

Logo em 1978, na área de formação de professores, foi criada a licenciatura em Ensino de Física e Química, em conjunto com o Departamento de Química. Três anos mais tarde abriu a licenciatura em Física, com dois ramos (Física de Materiais e Física da Atmosfera). “Um marco importante para o ensino de Física em Portugal foi a introdução, em várias universidades portuguesas, de cursos de Engenharia Física”, explica o Prof. António Luís Ferreira, recordando que foi em 1990 que a UA criou a sua licenciatura em Engenharia Física, “reconhecida como importante por formar profi ssionais versáteis, com uma forte formação de base que lhes permite interagir com outras especialidades.”

Os planos curriculares dos cursos ministrados pelo Departamento de Física (DF) incluem, para além da formação em Física – essencial e indispensável para a maioria das áreas científi cas e tecnológicas – uma óptima formação em Matemática, em Linguagens de Programação, em Cálculo Computacional e em Modelação de Sistemas. Para além de os alunos poderem frequentar disciplinas de outras áreas científi cas, leccionadas nos diversos departamentos da UA, por especialistas dessas áreas, este departamento também assume uma identidade própria e muito forte na área de investigação em Materiais, Tecnologias Ópticas e Energia.

Diplomados adquirem as competências certas

Para o Prof. António Luís Ferreira, estes são alguns dos pressupostos que permitem aos “nossos diplomados terem as competências necessárias para se adaptarem a tarefas muito diversas”, salientando ainda que “os alunos que se diplomam podem esperar ter adquirido as competências necessárias para desenvolver uma actividade profi ssional na área de Física, serem capazes de se adaptar e acompanhar as rápidas alterações tecnológicas, bem como ter capacidades para resolver problemas novos em colaboração com profi ssionais de outras especialidades”.

Os dados relativos à integração no mercado de trabalho dos diplomados pelo DF falam por si. No âmbito de uma avaliação interna, realizada em 2007, as respostas aos questionários enviados a antigos alunos revelaram que “cerca de 75 por cento dos diplomados consideravam as possibilidades de emprego como boas ou razoáveis, 60 por cento, dependendo do curso, estavam a trabalhar em funções directamente relacionadas com a sua formação e 30 por cento tinham continuado a estudar. Cerca de 80 por cento consideraram a formação recebida adequada para a função profi ssional que desempenhavam”, explica o Presidente do Conselho Directivo do DF, acrescentando que a qualidade do ensino do departamento permite aos graduados trabalharem em empresas tecnológicas, realizarem doutoramento e investigação em universidades nacionais e estrangeiras, ou até criarem as suas próprias empresas.

O Presidente do DF lembra também que, na sequência do grande crescimento da UA ao longo dos anos, iniciou-se uma aposta na pós-graduação, tendo sido criados diversos mestrados e cursos de especialização, como o Mestrado em Física Aplicada, em 1990, e os mestrados na área de formação de professores em Física e Química e em Física, em 2000/01. Outro marco importante na história do DF foi a

autonomização da formação oferecida em Meteorologia e Oceanografi a com a criação, em 2003, da licenciatura em Meteorologia e Oceanografi a Física, actual licenciatura em Meteorologia, Oceanografi a e Geofísica.

“Por força da reforma de Bolonha tivemos uma alteração signifi cativa na estrutura das licenciaturas e mestrados, tendo sido criados o mestrado integrado em Engenharia Física e os mestrados em Física e em Meteorologia e Oceanografi a Física. Simultaneamente, ocorreram alterações signifi cativas ao nível da formação de professores. Com uma interrupção de breves anos, o DF manteve sempre em funcionamento a sua licenciatura em Física. Actualmente, a importância crescente de áreas de natureza interdisciplinar como a Oceanografi a, a Ciência de Materiais e as Nanociências, fazem com que a colaboração do DF com outros departamentos, nestas áreas, seja muito signifi cativa. De referir também a colaboração na licenciatura em Ciências do Mar, bem como em mestrados e doutoramentos nas áreas de Materiais, Nanociências e Ciências do Mar e das Zonas Costeiras”.

Paralelamente, e em estreita ligação com actividades de investigação, o Departamento sempre teve actividades de formação ao nível de doutoramento. O primeiro doutoramento em Física pela UA foi outorgado em 1986. Actualmente o DF participa no programa doutoral interuniversitário MAP-FIS (Minho, Aveiro e Porto), oferece o programa doutoral em Engenharia Física, colabora no programa doutoral em Ciências do Mar e do Ambiente, assim como no programa doutoral em Nanociências e Nanotecnologia.

Uma porta sempre aberta para o exterior

Na verdade, este departamento não trabalha apenas para os seus alunos, docentes e investigadores. Instalado em plena alameda do campus universitário desde 1992/93, as suas portas estão sempre abertas a toda a comunidade, especialmente aos jovens.

Page 43: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

42

departamentos em revista…

Diz o Prof. António Luís Ferreira que o DF possui uma característica única: dinamismo, que serve de arma para a divulgação da Física junto dos alunos do ensino básico e do secundário. Para tal, promove um programa versátil e rico em cursos, shows de física, exposições vivas, palestras e estágios que se inserem em vários eventos como a Academia de Verão, a Semana Aberta, o programa Ciência Viva de Ocupação Científica de jovens ou os projectos HoloRede e Science2all. “Lançámos recentemente o ciclo de palestras Odisseia pela Física, destinado a estudantes dos nossos cursos, pedindo aos nossos convidados uma abordagem pedagógica de temas da fronteira do conhecimento. Nesta actividade desejaríamos contar com a participação de professores do ensino secundário”, adianta o Presidente do Conselho Directivo.

Para além da preocupação em promover iniciativas para a divulgação da Física, o departamento está a trabalhar no sentido de disponibilizar uma oferta dirigida à actualização científica e profissional de licenciados. “Não esquecemos os professores do Ensino Secundário que procuram um reforço de conhecimentos em temas de Física, como a Astrofísica, o Clima, o Ensino experimental de Física e, ainda, os licenciados que procuram a aquisição de competências em Física relevantes para o desenvolvimento das suas actividades profissionais. O DF teve já, no passado, ofertas deste tipo na forma de cursos de formação especializada e no âmbito do programa FOCO, mas há necessidade de repensar e renovar esta oferta”.

Investigação com elevadoimpacte internacional

Com docentes e investigadores de três laboratórios associados da UA, I3N, CICECO e CESAM e ainda da unidade de investigação CiDTFF, as principais áreas de investigação do DF são a Física de Materias, Nanociências e Nanotecnologia, a Física Teórica e Computacional, a Óptica e Fotónica, a Meteorologia e Oceanografia e a História e Ensino da Física.

O número de publicações científicas coloca este Departamento entre os mais produtivos da UA mas também à escala nacional. A investigação que produz tem um elevado impacte que pode medir-se pelo número de citações dos trabalhos publicados. “Os docentes e investigadores do DF publicam actualmente cerca de 140 artigos/ano em revistas do Science Citation Index, um número que tem crescido ao longo do tempo”, assegura o Presidente do Conselho Directivo.

“Dos sete artigos publicados na Nature (até 2008) por docentes da UA, em quatro colaboraram docentes e investigadores do DF. Refira-se também a publicação de um artigo na Science e a recente capa da Nature sobre a experiência de determinação da dimensão do protão. Muito significativa também foi a publicação de um artigo de revisão na Reviews of Modern Physics, por José Fernando Mendes e colaboradores, assim como a publicação de vários artigos em revistas prestigiadas como a Physical Review Letters, a Applied Physics Letters e a Advanced Materials e, ainda, a publicação por editoras internacionais de referência de quatro livros da autoria de membros do DF”, especifica o Prof. António Luís Ferreira.

O DF mantém ainda colaboração científica activa com importantes centros de investigação internacionais e é responsável pelo desenvolvimento de inúmeros projectos de investigação, entre os quais, se destacam: o projecto I3N, “Micropatterned Gaseous Detectors?”; o projecto CICECO de desenvolvimento de um novo Nanotermómetro Luminescente; o projecto CESAM AdaptaRia: Modelação das Alterações Climáticas no Litoral da Ria de Aveiro – Estratégias de Adaptação para Cheias Costeiras e Fluviais; e o projecto I3N, FotOrg. (ver caixa)

Destaques de investigação do DF› I3N – o projecto “Micropatterned Gaseous

Detectors?”, liderado por João Veloso, que

participa activamente na colaboração

CERN-RD51, tem como objectivo o

desenvolvimento de detectores gasosos para

a Física das Altas Energias, nomeadamente

para as grandes experiências do LHC

permitindo o uso da mesma tecnologia para o

desenvolvimento de sistemas para imagiologia

médica como, por exemplo, radiologia digital

e medicina nuclear. Este trabalho na área da

detecção da radiação já produziu importantes

contribuições, como é exemplo a determinação

do raio do protão . (Ver página 33)

› I3N – O projecto FotOrg é coordenado por

Luiz Pereira, baseia-se em células solares de

terceira geração, desenvolvidas a partir de

novos materiais semicondutores orgânicos, à

base de carbono, muito abundantes e de baixo

custo, que permitem formar filmes muito finos,

flexíveis, leves e com alguma transparência.

(Ver página 18)

› CICECO – o projecto de desenvolvimento de

um novo Nanotermómetro Luminescente, de

Luís Carlos e Vítor Amaral, em colaboração com

outros investigadores da UA e da Universidade

de Saragoça, explora a dependência da

luminescência com a temperatura para, sem

contacto e com precisão espacial da ordem dos

micrómetros ou, mesmo, nanómetros, medir

temperaturas na gama

10K-350K de uma forma não invasiva e precisa.

(Ver página 33)

› CESAM – o projecto “AdaptaRia: Modelação

das Alterações Climáticas no Litoral da Ria

de Aveiro – Estratégias de Adaptação para

Cheias Costeiras e Fluviais”, coordenado por

João Miguel Dias, tem como objectivo principal

avaliar o risco de cheia e definir estratégias

de adaptação para a Ria de Aveiro e para

os trechos costeiros entre Vagueira - Mira e

Esmoriz - Furadouro, determinando mapas de

risco para estas zonas, em diferentes cenários

de Alterações Climáticas (AC). Este projecto

prevê o desenvolvimento de modelos de hidro/

morfodinâmica estuarina e costeira conjugados

com modelos globais de AC e cenários de

subida do nível do mar, para determinação das

áreas inundáveis. Para além de investigadores do

DF/CESAM, a equipa de investigação integra ainda

investigadores dos departamentos de Ambiente e

Ordenamento, Engenharia Civil e Geociências da

UA, tendo ainda o LNEC como parceiro através do

seu Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras.

Page 44: Revista Linhas 14

física

DF soma prémios e distinções

Prémios e distinções também marcam o sucesso deste departamento e, consequentemente, valorizam os trabalhos realizados pelos seus alunos, docentes e investigadores.

Em termos de formação pós-graduada,“os programas doutorais merecem uma atenção especial pelo seu papel na formação de investigadores qualifi cados indispensáveis para a execução dos projectos de investigação em que estamos envolvidos”, salienta o Presidente do Conselho Directivo. José Fernando Mendes e Sergey Dorogovtsev, em 2004, arrecadaram o prémio Gulbenkian de Ciência, pelos seus trabalhos em dinâmica e estrutura de redes. No mesmo ano, receberam também o prémio de estímulo à excelência da Fundação para a Ciência e Tecnologia pelas suas carreiras de investigação. O Programa

Gulbenkian de estímulo à investigação já distinguiu também projectos de docentes e investigadores do DF como, por exemplo, Alexandre Correia em 2004, João Gama Oliveira em 2005 e Sérgio Pereira em 2006. Também na área de divulgação da Física, António José Fernandes e José Rodrigues receberam, em 2007, um prémio no festival Ciencia en Accion. Já no decorrente ano, o projecto FotoOrg do I3N, de Luiz Pereira, foi vencedor na categoria Clean Tech do concurso BES Inovação 2010. Por último, projectos liderados por Pedro Pombo foram seleccionados como representantes nacionais ao festival Science on Stage.

A divulgação da física na sociedade portuguesa é ponto de honra. O departamento é incansável na promoção de actividades que divulguem, directa ou indirectamente, a ciência nacional. “O conhecimento científi co é insufi cientemente valorizado na sociedade portuguesa. Não existe uma percepção clara, entre os cidadãos, que o desenvolvimento socioeconómico depende da capacidade do país em ter uma actividade industrial que inclua uma componente de inovação e desenvolvimento para a qual é necessário formar pessoas com competências em ciência e tecnologia”, defende o actual Presidente do Conselho Directivo do DF, concluindo: “A nossa contribuição na qualifi cação de activos pode ser melhorada através da criação de uma oferta de cursos de formação não conferentes de grau. Nesta área podemos incrementar a nossa colaboração com outras instituições, como a Sociedade Portuguesa de Física”.

NOTA

A entrevista com o Presidente do Conselho

Directivo do DF pode ser lida na íntegra no jornal

online da Universidade (http://uaonline.ua.pt) na

rubrica “Entrevistas” disponível no menu “Jornal”.

O DF em números

› 50 docentes

› 14 funcionários técnicos e administrativos

› 16 investigadores

› 26 pós-docs

› 40 alunos inscritos em programas doutorais

› 400 alunos inscritos (incluindo 59 de

Ciências do Mar)

› 60 alunos em média/ano diplomam-se, dos

quais sete a nível de doutoramento e

30 a nível de mestrado

› 500 alunos a tempo integral do DF

nos últimos anos (número total aproximado)

43

Page 45: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

44

cooperação

LIN

HA

S

44

Provavelmente já se perguntou qual a origem do peixe que compra no hipermercado… Lê Grécia ou Portugal? E se a origem for Vietname? Acha suficiente a informação? E se quisesse, por exemplo, comprar o robalo produzido na Ria de Aveiro – de que tanto ouviu falar – como teria a certeza dessa origem? Embora ainda em fase de maturação, um projecto de spin-off da Universidade de Aveiro, designado “FischCare”, foi distinguido com o Prémio BES Inovação por, entre outros serviços, se propor a dar essas garantias ao consumidor.

A ideia de negócio “FishCare” baseia-se no cada vez mais comum conceito from farm to fork que tem por objectivo fornecer informação, tão completa quanto possível, sobre o percurso de cada produto, desde a produção ao prato do consumidor. O documento de referência “From farm to fork: Safe food for Europe’s consumers” (http://ec.europa.eu/publications/booklets/move/46/en.pdf), publicado pela Comissão Europeia em 2004, explica que a União Europeia pretende “não só uma legislação de segurança alimentar tão actualizada quanto possível, mas também que os consumidores disponham de informação o mais completa possível sobre potenciais riscos dos produtos alimentares e sobre o que se faz para os minimizar”.

O busílis do negócio proposto reside na análise molecular e nos marcadores biológicos que estão associados aos seres vivos e que diferem consoante as

spin-off da ua inova na

economiaoceânicaUma ideia de negócio proposta por dois investigadores da Universidade de Aveiro foi distinguida com o Prémio BES Inovação, na categoria “Economia Oceânica”. O objectivo é monitorizar a saúde dos peixes produzidos em aquacultura e identificar os “códigos de barras naturais”, ou por outras palavras, o “BI” dos produtos do mar, para aumentar a competitividade dos organismos produzidos e dar mais confiança aos consumidores.

Page 46: Revista Linhas 14

45

características do habitat e das condições em que vivem. Ricardo Calado e Newton Gomes, ambos investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e promotores da ideia, consideram que existe uma grande diversidade de técnicas. A ciência conhece-as, mas não têm sido aplicadas aos sectores produtivos, com algumas excepções nos sectores associados à Medicina, refere Newton Gomes.

“Código de barras natural” e doenças em aquacultura

Os dois investigadores, na UA por via do Programa Ciência 2007, encontraram nesta universidade as condições ideais para desenvolver a investigação aplicada que pretendiam continuar. Ricardo Calado, 34 anos, licenciado e doutorado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, já tinha experiência empresarial na criação de uma empresa de produção de organismos marinhos ornamentais, mas da qual se afastou para se dedicar em exclusivo à vida académica. Na UA encontrou uma oportunidade atractiva para voltar à investigação aplicada, sempre na área da ecologia experimental e aquacultura. Por outro lado, Newton Gomes, 43 anos, licenciado e pós-graduado (mestrado e doutoramento) no Rio de Janeiro, investigador em Microbiologia e Análise Molecular, veio para a Universidade de Aveiro e para Portugal à procura de “qualidade de vida”, segundo as suas próprias palavras, após quase oito anos de actividade na Alemanha e na Noruega.

A ideia surgiu a propósito de um Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica promovido pelas universidades de Aveiro, Beira Interior e Coimbra, em parceria com o CEC – Conselho Empresarial do Centro/CCIC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro. Um primeiro reconhecimento do valor da ideia surgiu nesse mesmo contexto, quando foi considerada a melhor das apresentadas por participantes associados à Universidade de Aveiro. A mais recente distinção, através do Prémio BES Inovação, tem um sabor ainda mais especial, tendo em conta que a proposta venceu a categoria “Economia Oceânica” que não tem entrado em todas as edições do Concurso. Esta foi a terceira vez que a categoria entrou.

Actualmente, a ideia de negócio está na chamada prova de conceito. Os dois investigadores conseguiram a aprovação de dois projectos – com duração de três anos - pelo PROMAR, um instrumento de apoio fi nanceiro do Fundo Europeu das Pescas, equivalente ao QREN, mas para os assuntos do mar e aquacultura. O projecto “Aquasafe” é orientado para a avaliação e a adaptação de técnicas apropriadas à detecção de doenças nos organismos produzidos em aquacultura e o “Rastremar” é dedicado ao estudo de técnicas laboratoriais que Ricardo Calado apelidou como “códigos de barras naturais”, a procura das tais características específi cas dos produtos marinhos que os podem diferenciar e tornar mais competitivos. É por aqui que passa o caminho da valorização

dos produtos portugueses e se luta pela manutenção do seu valor acrescentado em Portugal, salienta o investigador, lamentando que vários produtos do mar sejam exportados para outros países e que, depois, façam o sentido inverso, como se de origem estrangeira se tratasse.

Numa fase inicial a “FishCare”, que perspectiva poder vir a instalar-se no futuro Parque de Ciência e Inovação a construir em Aveiro e Ílhavo, focará a sua atenção na análise molecular de certos recursos marinhos produzidos em aquacultura, nomeadamente peixes e bivalves, mais concretamente robalo e dourada e ostra e amêijoa.

O busílis do negócio reside na análise molecular e nos marcadores biológicos que estão associados aos seres vivos e que diferem segundo as condições em que vivem.

spin-off da ua inova na economia oceânica

Cultura de ostras em frente à Costa Nova (foto: Ricardo Calado).

Page 47: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

46

cultural

LIN

HA

S

46

“Semeado” em 1977, por Ângelo Pereira, professor e investigador da Universidade de Aveiro, e pelo colector António Marques, no antigo Departamento de Biologia, e “transplantado” em 2002 para o actual edifício, o Herbário da Universidade de Aveiro é hoje um projecto como uma árvore: fi rme e ramifi cado. Os seus prolongamentos vão muito para além das paredes onde guarda o património vegetal de referência que caracteriza qualquer herbário.

O Herbário da UA tem um tronco que assenta no trabalho de conservação e expansão de um património que é referência no estudo das plantas e que lhe tem servido de base a várias outras actividades. Um herbário é uma enorme base de dados (com correspondência física) de onde, constantemente, se extrai, utiliza e adiciona informação sobre cada uma das populações e/ou espécies, sendo possível aplicar essa informação nas mais variadas disciplinas (fi siologia, ecologia, agronomia, entre outras) com os mais diversos objectivos: estudos taxonómicos e da morfologia e transformações associadas a condições do ambiente (fenologia); recuperação de habitats; estudos de dinâmica populacional; melhoramento vegetal; resistência a pragas; fenologia e alterações climáticas; estudo das características, relações e distribuição das comunidades vegetais naturais (fi tossociologia).

Coordenado, desde 1993, pela investigadora Rosa Pinho, conta um total de 13 mil exemplares originais, ou seja, exemplares de referência de cada espécie, seleccionados por serem os mais perfeitos ou completos de entre os exemplares colhidos. Para além dos originais, que só saem do herbário por empréstimo para trabalhos científi cos, há um conjunto de 50 mil duplicados que servem para troca com outras colecções, para oferta a outras instituições e para estudo dos alunos de Biologia.

Ramos em várias direcções

Para além da recolha de exemplares que foi sendo feita em vários pontos do país, com destaque para a fl ora do Baixo

herbárioreserva científi ca

que se ramifi ca

da ua

As raízes estão no Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, o tronco estrutura-se na recolha, conservação e catalogação de referências da botânica, e os ramos estendem-se em várias direcções... As edições publicadas, as exposições e a participação nos estudos técnicos, tudo isso poderão ser os frutos. Imaginemos uma árvore chamada Herbário da Universidade de Aveiro que também se ramifi ca para espaços da cultura...

Page 48: Revista Linhas 14

47

herbário da ua

Vouga Lagunar e região de Aveiro, da Peneda/Gerês e Estrela, do espólio do Herbário da UA fazem parte colecções regionais, como a Flora do Parque Arqueológico do Vale do Côa, e insulares, como a Flora de Porto Santo. Também inclui colecções de Timor e Moçambique e ainda recolhas de fl ora ornamental. A Flora do Parque de Serralves é um exemplo sugestivo desta última vertente. Refi ra-se ainda a aquisição, pela Reitoria da UA, no início dos anos 90, da colecção particular, com cerca de 4 mil exemplares, de Armando Reis Moura, antigo professor da UA e autor da obra “Serra da Freita” (editado pela Associação de Defesa do Património Arouquense).

Esse tronco básico, que é o trabalho do herbário propriamente dito, serve de suporte não só a actividades de carácter didáctico e educativo, mas também à identifi cação e levantamento da fl ora em diversas zonas do país. Estas tarefas são essenciais, por exemplo, em actividades de levantamento da fl ora que constituem os estudos de impacte ambiental ouplanos de ordenamento, para os quais os sólidos conhecimentos de taxonomia e a experiência de identifi cação de plantas são fundamentais.

A equipa de investigadores já participou em meia centena de estudos de impacte ambiental, estudos de monitorização da fl ora em área sob determinado efeito e em quatro planos de ordenamento (Plano de Ordenamento do Parque Natural do Alvão; Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo; Plano de Ordenamento do Parque Natural do Litoral Norte; Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina) e no Plano de Requalifi cação da Mata Nacional do Buçaco.

Divulgação do património vegetal

A actividade desta estrutura da UA e do Departamento de Biologia prolonga-seainda pela edição de publicações, exposições e visitas guiadas no exterior,

sempre centradas na fl ora dos locais onde decorrem. O Parque Infante D. Pedro, em Aveiro, onde a equipa estabeleceu um trilho interpretativo, e o invulgar Parque do Fontelo, em Viseu, onde também identifi cou trilhos e sobre o qual produziu um livro, são apenas dois exemplos (ver caixa). Para além da colecta, secagem do material vegetal, identifi cação e catalogação, actividades típicas de um herbário, neste caso a vida rima também com escrita, fotografi a, contactos com gráfi cas e diálogo com curiosos de todas as idades que anseiam saber mais sobre o mundo vegetal através, por exemplo, da Biologia no Verão ou da Academia de Verão.

O Herbário dispõe também de uma sala de exposições anexa onde têm estado patentes exposições fotográfi cas sobre Flora de Portugal, Baixo Vouga e Áreas Protegidas, da autoria da bióloga Lísia Lopes, membro da equipa do Herbário. Neste Ano Internacional da Biodiversidade, para além da actual exposição sobre o tema, patente na sala de exposições, o Herbário tem organizado e participado em inúmeras iniciativas.

Do levantamento das espécies de eucalipto feito na Quinta de S. Francisco, antiga propriedade do escritor e intelectual aveirense Jaime de Magalhães Lima, e actuais instalações do Raiz-Instituto de Investigação da Floresta e do Papel, resultou um livro sobre as várias espécies de eucalipto editado pela Portucel. A quinta, a nove quilómetros de Aveiro, em Eixo, tem uma das maiores colecções de eucaliptos da Europa, com cerca de 80 espécies. Por outro lado, o “Projecto SIG Parque de Serralves”, desenvolvido entre 2001 – 2003, em articulação com a UNAVE, que envolveu a caracterização morfológica, taxonómica e ecológica das árvores e arbustos daquele parque e a georeferenciação dos seus espécimes, inaugurou um conjunto de intervenções em espaços verdes urbanos.

A fl ora por descobrir ao nosso ladoO Herbário da Universidade de Aveiro iniciou,

com o levantamento da fl ora do Parque de

Serralves, no Porto, um conjunto de actividades

de estudo e divulgação do património de

espaços verdes urbanos. Pela proximidade em

relação aos públicos citadinos, estes espaços

poderão ser uma entrada mais fácil no mundo

das plantas, não obstante o grande valor

patrimonial de áreas de vegetação mais natural,

assinala Rosa Pinho, coordenadora do Herbário.

O Parque Infante D. Pedro, em Aveiro, e

o Parque do Fontelo, em Viseu, são dois

exemplos do trabalho de animação e divulgação

em que participa o Herbário. Tanto num

caso, como noutro, a equipa tem conduzido

percursos interpretativos, em que o mais

recente decorreu no Parque Infante D. Pedro

no âmbito do projecto “Parque=Lugar com

História e Natureza para Socializar” (P=LHNS)

que envolve a Universidade de Aveiro, a

Fundação Calouste Gulbenkian e várias outras

entidades, onde se destacam a Câmara Municipal

de Aveiro, a Junta de Freguesia da Glória, o

Hospital Infante D. Pedro, a Santa Casa da

Misericórdia e a Associação dos Amigos do

Parque. O objectivo deste projecto vencedor

do concurso “EntreGerações”, promovido pela

FCG, é precisamente dinamizar e promover a

conservação do Parque Municipal de Aveiro.

O Fontelo é um caso raro de parque urbano com

predomínio da vegetação autóctone que constitui

o carvalhal, daí o seu grande interesse patrimonial.

No Herbário existem 13 mil exemplares originais e um conjunto de 50 mil duplicados

Page 49: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

48

esca

para

te

Em Setembro deste ano, a UA lançou os livros “Curso de Análise Matemática” e “Análise Matemática – Unidades Teórico Práticas”, numa sessão de homenagem ao Professor José Joaquim Magalhães de Sousa Pinto por altura do 10º aniversário do seu falecimento.O primeiro livro é da autoria do próprio Prof. José Joaquim Magalhães de Sousa Pinto e tem como base as suas Notas de Aula, enquanto Professor no Departamento de Matemática da UA, entre 1977 e 2000, contendo conceitos básicos de Análise Matemática leccionados no Ensino Superior. Este livro complementa-se com o segundo, intitulado “Análise Matemática – Unidades Teórico Práticas”, da autoria de Dalila Almeida, Dina Seabra, Enide Martins, Isabel Brás, João Santos e Maria Paula Oliveira, assistentes do homenageado na leccionação das disciplinas de Análise Matemática I e II. Esta obra está organizada em torno de unidades de trabalho que fazem parte da(s) disciplina(s) de Análise Matemática, na sua vertente teórico-prática. A par de um conjunto de exercícios representativos, são apresentadas algumas resoluções com a finalidade de ajudar o aluno a melhor se enquadrar na matéria proposta e, simultaneamente, oferecer-lhe a possibilidade de tomar contacto com o elaborar correcto e preciso de uma resposta. O Professor José Joaquim Magalhães de Sousa Pinto licenciou-se em Engenharia Químico--Industrial e doutorou-se em Matemática, na área de Analise Funcional Aplicada. Entre 1977 e 2000 exerceu as funções de Assistente, Professor Auxiliar e Professor Associado no Departamento de Matemática da UA.

Edição Universidade de AveiroAno 2010

UA presta homenagem ao Prof. José Joaquim Sousa Pinto

Lançado em Julho passado, o livro “Construir o presente e antecipar o futuro” reúne discursos e intervenções do Prof. Júlio Pedrosa, Professor Catedrático e Reitor da UA entre Março de 1994 e Julho de 2001.Como refere o texto de abertura, assinado pelo actual Reitor da UA, Prof. Manuel António Assunção, “este livro não pretende mais do que documentar um percurso pessoal de grande riqueza, dando a conhecer uma mostra necessariamente limitada do pensamento que o Professor Júlio Pedrosa foi estruturando ao longo desse percurso”.Para além destes discursos e intervenções, esta publicação integra alguns testemunhos breves de pessoas próximas do Professor, pretendendo-se com isso “reflectir exactamente o modo multifacetado como ele se relacionou com a realidade dentro e fora da UA: qualificando a acção aos mais diversos níveis da vida da UA mas também no ensino superior em geral; intervindo em matérias de educação e de desenvolvimento regional e social; assumindo a sua vocação de homem de Estado. Ilustrando um Júlio Pedrosa que foi professor e promotor do ensino, investigador e dinamizador da investigação, agente da mudança na administração, na acção social e na relação com os estudantes, inovador na interacção com a região e com as empresas, político universitário e Ministro.”

Edição Universidade de AveiroAutoria Júlio Pedrosa, Professor Catedrático da Universidade de AveiroISBN 9789727893188Ano 2010

Construir o presente e antecipar o futuro

Page 50: Revista Linhas 14

Revista Pensas

49

O Projecto Pensas do Pmate da UA lançou em Setembro a primeira edição da Revista Pensas. Ao longo de 24 páginas é dado a conhecer um pouco do trabalho desenvolvido durante os últimos cinco anos por este projecto de Cooperação Portuguesa com Moçambique na área do ensino.Sustentado numa parceria que envolve a Universidade de Aveiro/Projecto Matemática Ensino, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e o Ministério da Educação de Moçambique, o Pensas é um projecto dedicado ao Ensino, Formação e Aprendizagem de Matemática, da Língua Portuguesa e das Ciências que recorre às Tecnologias de Informação e Comunicação, através dos Centros Pensas instalados em todas as províncias de Moçambique. Esta revista pretende ser um novo canal de comunicação que efectuará a ponte entre o Projecto e a comunidade envolvente e que dará a conhecer semestralmente as actividades que se vão realizando, ao mesmo tempo que se apresentam os Centros Pensas e os diversos protagonistas deste projecto.Esta nova publicação pretende ser, também, um espaço de partilha de opinião que aceita a colaboração de todos que queiram contribuir para enriquecer ainda mais este projecto.A reunião dos centros, o projecto Outclass, o Ensino Experimental das Ciências, o projecto de Simulação Empresarial e a entrevista ao Reitor da Universidade de Aveiro, no âmbito da aposta forte na Cooperação por parte da UA, são alguns dos temas que estão em destaque nesta primeira edição.

Edição Projecto Matemática Ensino e Projecto Pensas da Universidade de AveiroDirecção António Batel Anjo, docente no Departamento de Matemática da UAISSN 16478053Ano 2010

Para colmatar a escassa oferta de literatura escrita em português sobre a teoria dos sistemas de controlo lineares, António Pereira de Melo, Professor Catedrático da UA, elaborou um trabalho para permitir aos estudantes do ensino superior dos Países de Língua Ofi cial Portuguesa (PALOP) estudar as bases desta teoria, sem terem de recorrer a literatura escrita em outro idioma que muitos não dominam.Os assuntos abordados nesse trabalho, agora publicado em formato de livro, correspondem aos programas que o autor vem leccionando ao longo de duas disciplinas semestrais, Sistemas e Controlo l e II, pertencentes ao curriculum do Mestrado lntegrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UA.Na disciplina de Sistemas e Controlo I, leccionada no terceiro ano do primeiro ciclo, é ensinada a matéria correspondente à teoria clássica do controlo. Os assuntos referentes à teoria do controlo moderno são apresentados na disciplina de Sistemas e Controlo Il, que integra o curriculum do quarto ano do mestrado, primeiro ano do segundo ciclo do mesmo curso.Ao longo dos seus onze capítulos, o autor procurou utilizar uma Iinguagem acessível, recorrendo a programas escritos em “MATLAB®”, para uma maior efi ciência na resolução dos problemas apresentados.

Edição Universidade de AveiroAutoria António Pereira de Melo, docente no Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UAISBN 9789727893232Ano 2010

Teoria dos Sistemas de Controlo Lineares

Organizado pela Doutora Isabel Huet, Professores Nilza Costa e José Tavares e pela Mestre Ana Vitória Baptista, o livro “Docência no Ensino Superior: Partilha de boas práticas”, editado pela UA, é uma reunião de relatos de professores de várias áreas científi cas que tornam públicas experiências pedagógico-didácticas.Tal como pode ler-se no prefácio da autoria da Prof. Isabel Alarcão, este livro dá “visibilidade à actividade de ensino, a qual está na base do conceito de scholarship of teaching, expressão difícil de traduzir em português, mas que, a par das outras funções exercidas pelos “académicos”, traz para a ribalta a função ensino no sistema do ensino superior, salientando o seu estatuto de comprometimento, pesquisa e rigor”.É, pois, um livro que, relatando práticas e experiências, se destina a docentes do Ensino Superior das várias áreas científi cas, especialmente com o intuito de estimular a refl exão, o questionamento, a interacção, a partilha e o debate.Recorrendo ainda ao prefácio da Prof. Isabel Alarcão pode também ler-se: “Espero que a leitura deste livro estimule outros professores a narrarem e publicitarem a sua actividade de ensinar. E espero também que entrem em contacto com os seus autores para, através da crítica construtiva, confi rmarem (ou questionarem) fi nalidades, processos e resultados. Mas espero sobretudo que, das experiências atomizadas que vão sendo divulgadas, se possa construir conhecimento sobre o ensino de uma forma mais sistemática e consolidada”.

Edição Universidade de AveiroOrganização Isabel Huet, Nilza Costa, José Tavares, e Ana Vitória Baptista, Departamento de Educação da UAISBN 9789727893010Ano 2009

Docência no Ensino Superior: Partilha de boas práticas

Page 51: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

50

Ideias, Projectos e Inovação no Mundo das Infâncias. O Percurso e a Presença de Joaquim Bairrão

Inspirado na visão de Joaquim Bairrão, e em vários dos trabalhos apresentados no VIII Simpósio Internacional do GEDEI, realizado em 2008, este livro pretende oferecer a demonstração de que as ideias e projectos de Joaquim Bairrão permanecem, configurando riqueza e significado em muitos percursos profissionais e investigativos. Através desta obra os leitores poderão perceber que as ideias e projectos de Joaquim Bairrão permanecem, configurando riqueza e significado em muitos percursos profissionais e investigativos, procurando responder a questões como: de que forma a investigação científica tem fundamentado políticas e práticas de qualidade em torno das infâncias? Como é que as palavras e análises científicas se têm traduzido nas experiências de vida reais, do dia a dia, das nossas crianças?Com a publicação desta obra presta-se a devida homenagem a Joaquim Bairrão, um dos fundadores do GEDEI, alguém que “de uma forma exemplar, ética e cientificamente, se tornou numa referência na defesa de políticas e práticas, no campo da educação especial, intervenção precoce, contextos de educação de infância formais e informais, que salvaguardem o desenvolvimento e aprendizagem de todas as crianças, com atenção especial às mais desfavorecidas e vulneráveis.”

Edição Universidade de AveiroOrganização Gabriela Portugal, docente no Departamento de Ciências da Educação da UAISBN 9789727892822Ano 2009

Da autoria do professores José Manuel Moreira e André Azevedo Alves, docentes na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA, foi publicado em Setembro pela INA Editora, o Caderno n.º 47 com o título “Gestão Pública e Teoria das Burocracias: entre a visão clássica da Administração Pública e o novo paradigma da governação pública”.Com este texto, os autores pretendem dar conta da evolução de um movimento reformista que vai da Administração Pública à Governação, passando pela Nova Gestão Pública. Um movimento cuja compreensão, mais do que por uma sucessão de etapas, passa por entender as tensões e também o valor e limites de cada uma das formas de analisar o sector público e o comportamento nas organizações burocráticas.Esta publicação defende a necessidade de uma visão mais integrada que supere abordagens dicotómicas e permita perceber porque, desde o início, a Administração Pública e a análise científica do comportamento burocrático foram temáticas de “encruzilhada”: primeiro entre a Ciência Política e o Direito e a seguir entre a Gestão Pública, a Economia e a Governação.

Edição INA EditoraAutoria José Manuel Moreira e André Azevedo Alves, docentes na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UAISBN 9789898096364Ano 2010

Gestão pública e teoria das burocracias: entre a visão clássica da Administração Pública e o novo paradigma da governação pública

Carlos Morais, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UA, publicou, em Março deste ano, o livro “O Trímetro sofocliano: variações sobre um esquema”. Partindo de um estudo minucioso da estrutura rítmica das partes faladas do teatro de Sófocles, o autor procura demonstrar que as variações permitidas no trímetro iâmbico deste tragediógrafo grego “podem contribuir para revelar o estado de espírito de quem o pronuncia” (do prefácio, de Maria Helena da Rocha Pereira).Integrado na colecção “Textos Universitários de Ciências Humanas”, a obra tem a chancela da Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para Ciência e a Tecnologia.Carlos Morais é licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas – Estudos Clássicos e Portugueses e mestre em Literaturas Clássicas. Obteve o grau de Doutor em Literatura (especialidade de Literatura Grega), em 2006, na UA, com a defesa de uma tese relacionada com o tema da obra.Docente do Departamento de Línguas e Culturas desta universidade é coordenador dos cursos de Português como Língua Estrangeira e responsável pela área de Língua Portuguesa nos projectos PmatE e Pensas@MOZ. Tem leccionado disciplinas de Língua e Literatura Gregas, de Língua Latina e de Língua Portuguesa e é nestes domínios científicos que, integrado no Centro de Línguas e Culturas, tem desenvolvido a sua investigação.

Edição Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e TecnologiaAutoria Carlos Morais, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UAISBN 9789723113037Ano 2010

O Trímetro sofocliano: variações sobre um esquema

Page 52: Revista Linhas 14

51

Em Setembro foi apresentada no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da UA (ISCA-UA) a obra “SNC – Contabilidade Financeira: sua aplicação”. Editada pela Almedina, a publicação apresenta-se como uma ferramenta de trabalho e de estudo completa, fácil de utilizar. Nela encontram-se centenas de casos, contendo em cada capítulo questões de escolha múltipla, questões de desenvolvimento (com tópicos de resposta e propostas) e casos práticos (resolvidos e propostos). Esta obra, é, pois, uma ferramenta de trabalho indispensável para todos os estudantes universitários da área da Contabilidade, bem como áreas relacionadas, revelando-se um excelente guia para a preparação do Exame de Avaliação Profi ssional da OTOC. Representa, simultaneamente, um desafi o para todos os profi ssionais da área: técnicos ofi ciais de contas, economistas, gestores, revisores ofi ciais de contas, e a todo o público para o qual a contabilidade não seja um “parente mal amado”. São seus autores Domingos Cravo, Coordenador da área de Contabilidade no ISCA-UA e Presidente da Comissão de Normalização Contabilística (CNC), Graça Azevedo, Doutora em Contabilidade, docente no ISCA-UA e formadora regular da OTOC, Carla Carvalho, Mestre e Doutoranda em Contabilidade, docente no ISCA-UA e formadora regular da Ordem dos Técnicos Ofi ciais de Contas (OTOC) e Ana Maria Rodrigues, Doutora em Organização e Gestão de Empresas, docente da área da Contabilidade Financeira na Universidade de Coimbra e membro do Conselho Geral da CNC.

Edição AlmedinaAutoria Domingos Cravo, Carla Carvalho e Graça Azevedo, docentes no ISCA-UA, e Ana Maria Rodrigues, docente na Universidade de CoimbraISBN 9789724042381Ano 2010

SNC – Contabilidade Financeira: sua aplicação

Baseado numa análise internacional comparativa e global da evolução do papel desempenhado por gestores académicos intermédios (reitores), chefes de departamento e equivalentes, foi publicado recentemente o livro “The changing Dynamics of Higher Education Middle Management”, co-editado por Rui Santiago e Teresa Carvalho, docentes na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA. Nesta obra são abordadas as questões fundamentais que irão determinar o futuro da academia, nomeadamente no que se refere ao impacto que os imperativos das teorias da administração têm causado no realinhamento dos valores e expectativas dos gestores académicos de nível intermédio, à estrutura que as novas expectativas colocadas sobre este grupo impõem à profi ssão académica como um todo e aos interesses representados pelos gestores académicos de nível intermédio. O volume combina sistematicamente visões teóricas com a análise empírica, argumentando que a pressão “gerencialista” deu resultado a mudanças na forma como o desempenho académico é avaliado. Os autores deste livro acreditam que os gestores académicos de nível intermédio dos dez países analisados não são nem lacaios corporativos nem campeões da academia. Torna-se cada vez mais claro que a capacidade de organização que permite atingir os objectivos dos gestores intermédios depende grandemente da sua aptidão e dedicação.

Edição SpringerAutoria Rui Santiago e Teresa Carvalho (co-editores), docentes na Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA, V. Lynn Meek, da Universidade de Melbourne, e Leo Goedegebuure, da Universidade da Nova InglaterraISBN 9789048191628Ano 2010

The changing Dynamics of Higher Education Middle Management

Da autoria do investigador da UA Sergey N. Dorogovtsev, “Lectures on Complex Networks” apresenta uma introdução à ciência de redes complexas numa linguagem acessível a um público sem conhecimentos aprofundados nas áreas da Matemática ou da Física. O termo “redes complexas” é recente, sendo, actualmente, uma das áreas de investigação mais atractivas. Apesar de existirem já excelentes livros de divulgação científi ca e volumes de referência em redes complexas e sobre tipos de redes específi cos, há uma lacuna ao nível de palestras introdutórias para principiantes que se situam entre estes dois tipos de literatura.Este livro pretende colmatar essa omissão, dirigindo-se especialmente a estudantes de física e de outras disciplinas ligadas às ciências da Natureza, tanto a nível de graduação como de pós-graduação. O autor acredita que a obra pode criar uma ilusão de compreensão através de uma transmissão de conteúdos demasiado simplifi cada, contudo, é uma ilusão que, para além de não ser perigosa, se pode tornar estimulante. “Penso que a rigorosa selecção de material e a discussão de resultados recentes e ideias inovadoras tornarão este pequeno livro bastante útil, mesmo para alguns especialistas em redes. O leitor que necessite de informação mais detalhada ou fontes mais rigorosas, poderá posteriormente consultar livros de referência ou trabalhos originais com grau de difi culdade acrescido”. S.N. Dorogovtsev doutorou-se em 1981, no Instituto Ioffe em S. Petersburgo, onde lecciona, no Departamento de Teoria (Theoretical Department), desde 1993. Actualmente, exerce, ainda, as funções de investigador- coordenador no Departamento de Física da Universidade de Aveiro. Recebeu o Prémio Gulbenkian para a Ciência em 2004.

Edição Oxford University PressAutoria Sergey N. Dorogovtsev, Investigador--coordenador no Departamento de Física da UAISBN 9780199548934Ano 2010

Lectures on Complex Networks

Page 53: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

52

aconteceu na ua…

AC

ON

TEC

EUU

A

LIN

HA

S

52Formação e qualificação dos portugueses em foco na cerimónia de Abertura do Ano Académico

O contributo do Ensino Superior para a formação e qualificação dos portugueses foi o tema que o Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Prof. António Rendas, e o Presidente da Associação Empresarial de Portugal, Eng.º José António Barros, abordaram na cerimónia de Abertura do Ano Académico que se assinalou a 22 de Setembro. A sessão contou, igualmente, com as intervenções do Reitor e do Presidente da Associação Académica da UA, Tiago Alves.No seu discurso, o Reitor da UA reiterou a aposta na continuidade de um projecto educativo que habilite os estudantes de maior capacidade para conceber projectos e para assumir, com maior responsabilidade e profissionalismo, o seu próprio processo de aprendizagem. A intervenção do Prof. Manuel António Assunção, naquela que foi a sua primeira cerimónia de abertura do ano académico, enquanto Reitor, terminou com a habitual referência a todos os membros da comunidade que viram o mérito do seu trabalho reconhecido.Na sessão temática, que este ano deu lugar à tradicional “Lição de Abertura”, o presidente do CRUP, apresentou uma análise aos resultados do concurso nacional de acesso ao ensino superior, onde destacou o aumento do número de vagas (mais quatro por cento do que em 2009) e a percentagem de alunos colocados numa das três primeiras opções (86 por cento), para concluir que “o ensino superior está a cumprir uma das suas missões principais: facultar o acesso a uma qualificação superior a um número crescente de jovens”.

NA

Page 54: Revista Linhas 14

53

O responsável pela AEP citou, na ocasião, as parcerias de sucesso estabelecidas entre a UA e aquela entidade, nomeadamente no que respeita à oferta educativa pós-secundária, concretamente aos Cursos de Especialização Tecnológica. Durante a sua intervenção, o Engº José Barros desafi ou a UA a conceber um curso de empreendedorismo dirigido às necessidades de quem já é empresário e salientou o encorajamento que a UA tem demonstrado na criação de start-up e na implementação de ideias empreendedoras, saídas da própria universidade.

Academia de Verão & Semana Aberta da Ciência e Tecnologia: à descoberta da ciência na UA

A quinta edição da Academia de Verão decorreu de 11 a 23 de Julho. Esta iniciativa da UA proporcionou, a cerca de 200 estudantes do ensino secundário, a oportunidade de investigarem e viverem, durante uma semana, num campus universitário de excelência, através da participação num programa científi co, desportivo e de lazer especialmente preparado para o efeito. Durante duas semanas, através de um conjunto de 11 programas científi cos, a Academia de Verão 2010 abordou as áreas de Matemática, Biologia, Design, Novas Tecnologias da Informação, Química, Mecânica, Física e Electrónica, Telecomunicações e Informática. Assim, os participantes puderam explorar cada uma das disciplinas, das actividades experimentais, laboratoriais e saídas de campo, e passar uma semana diferente contactando com a realidade universitária. Para ajudar à descontracção foi também planeado um conjunto de actividades desportivas

e de lazer, organizado em colaboração com uma entidade credenciada. Mais recentemente, de 22 a 26 de Novembro, no âmbito da 11ª edição da Semana Aberta da Ciência e Tecnologia, a UA recebeu perto de 8 mil aspirantes a cientistas, ou simples curiosos, de todo o país, que puderam contactar de perto com o que de melhor se faz na UA, na área da ciência e da tecnologia e conhecer o real funcionamento e dinamismo da universidade. Parque de Ciência e Inovação avança em 2011

A 28 de Setembro foi formalizada a assinatura da escritura para a construção do Parque de Ciência e Inovação (PCI). Na sessão foi anunciado que a construção do PCI começará no segundo semestre de 2011.A sociedade que foi formalmente constituída tem por objecto a instalação, o desenvolvimento, a promoção e a gestão de um Parque de Ciência e Inovação, bem como a prestação dos serviços de apoio necessários à sua actividade, que contribuam para a produção e investigação científi ca, tecnológica e educativa, como promotor estratégico e operacional da inovação e do empreendedorismo. A aposta do PCI compreende, numa fase inicial, cinco áreas-chave da UA - Energia, Tecnologias da Informação, Comunicação e Electrónica (TICE), Agro-industrial, Materiais e Mar – mas também a constituição de uma plataforma de interligação entre as instituições e a região, através da implementação de empresas de base tecnológica, agregadas à Incubadora em Rede, que terá um pólo assegurado no PCI. O Parque ocupará uma área total de 35 hectares, estando a construção do

Prémios e diplomas na cerimónia de Abertura dos Cursos de Especialização Tecnológica 10/11

O auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro recebeu, no dia 15 de Novembro, a cerimónia de abertura formal e entrega de diplomas dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET). Além da entrega dos diplomas aos cerca de 200 alunos que, este ano, terminaram a sua formação, houve ainda atribuição de prémios por parte das autarquias, empresas e outras instituições da região de Aveiro aos melhores alunos dos CET da Escola Superior Aveiro Norte e do Instituto Superior de Contabilidade Administração de Aveiro. Os planos de formação destes cursos estão direccionados para uma efectiva inserção profi ssional e para assegurar também o reconhecimento dessas aprendizagens para efeitos de prosseguimento de estudos no ensino superior. Estes planos compreendem as componentes de formação geral, científi ca e tecnológica, que perfazem cerca de 860 horas (aproximadamente um ano), complementada pela orientação em contexto de trabalho realizada em várias empresas da região. A UA forma, actualmente, 10 por cento do total de alunos dos Cursos de Especialização Tecnológica – CET – em Portugal.

edifi cado central do PCI – que integra a sede, a design factory e os edifícios dedicados às áreas das TICES, Materiais e Agro-alimentar – prevista para o segundo semestre de 2011.

Page 55: Revista Linhas 14

LIN

HA

S

54

aconteceu na ua…

Presidente da República conheceu na UA “Rotas de investigação sobre o Mar”

O Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, visitou a Universidade de Aveiro, no dia 27 de Setembro, para conhecer o potencial e as capacidades científicas da UA na área do mar. Numa iniciativa aberta a toda a comunidade, o Presidente da República presidiu à sessão intitulada “Rotas de investigação sobre o Mar” e visitou uma exposição exemplificativa do contributo da UA para o avanço do conhecimento científico e intervenção sobre o mar.

Actualmente a intervenção da UA abrange um leque de áreas muito alargado: gestão integrada das zonas costeiras, ordenamento do espaço marítimo, turismo, engenharia e logística portuária, segurança marítima, indústria transformadora do pescado, aquacultura – segurança alimentar, recursos energéticos marinhos, alterações climáticas – oceanos e Ria de Aveiro, monitorização oceânica, oceanografia operacional, tecnologia marítima, biotecnologia, ecologia marinha, mar profundo – biodiversidade e recursos minerais e energéticos.

Festivais de Outono deram música à cidade

Decorreu, de 22 de Outubro a 26 de Novembro, a 6ª edição dos Festivais de Outono. Os auditórios da Reitoria e do Departamento de Comunicação e Arte da UA (DeCA), o Museu de Aveiro, a Igreja das Carmelitas e o Teatro Aveirense receberam dezassete concertos que cruzaram diferentes géneros e estilos musicais, nas vertentes musical, artística, performativa e científica. Sob a direcção artística de António Chagas Rosa, compositor e professor no DeCA – e produzida pela Fundação João Jacinto de Magalhães e pela Universidade de Aveiro – a edição deste ano dos Festivais de Outono pretendeu continuar as linhas de programação solidificadas em anos anteriores, apostando num leque de concertos de âmbito alargado que foram ao encontro de gostos musicais diferenciados.Paralelamente, o evento edificou um conjunto de actividades pedagógicas e científicas a cargo do DeCA, nas quais renomados professores de várias áreas instrumentais e científicas ministraram cursos e masterclasses, dando continuidade ao trabalho pedagógico que a UA, através do DeCA, têm vindo a desenvolver ao longo dos anos.

CGD apoia Estudos do Mar

Foi assinado um memorando de entendimento entre a UA e a Caixa Geral de Depósitos para instituição da “Cátedra CGD – Estudos do Mar”, na altura da visita do Presidente da República à Universidade de Aveiro.Há muito que a UA possui capacidade científica e técnica na área do Mar. O seu conjunto de saberes aliados a uma actuação interdisciplinar em rede, tanto a nível nacional como internacional, torna a UA ímpar no panorama universitário português.Esta Cátedra visa, assim, promover o avanço do conhecimento científico sobre o Mar, através do reforço de sinergias internas entre as áreas de investigação da UA e a criação de oportunidades de alinhamento da investigação desenvolvida com as prioridades regionais, nacionais e internacionais neste domínio. Será, desta forma, possível contribuir para a valorização e preservação dos recursos marinhos e para o suporte ao desenvolvimento de políticas e da economia do mar.

Page 56: Revista Linhas 14

Grandes nomes da música portuguesa na Semana de Acolhimento & Integração

Foi com um cuidado programa de actividades, criativas e informativas, que os novos alunos da Universidade de Aveiro foram recebidos, no arranque do novo ano lectivo. Sob o mote CAMPUS4’US, os caloiros foram convidados a participar no projecto que tem como objectivo promover a inclusão cultural, social e académica dos novos estudantes que escolheram a UA para se formar. Ao longo destes dias, os estudantes que acompanharam os novos colegas deram também a conhecer o outro lado da vida académica, do convívio e do enriquecimento pessoal, através da participação em várias formas de arte e de cultura. O ponto alto dos festejos da recepção ao caloiro de Aveiro, decorreu no Estádio Municipal de Aveiro, com a realização do “Integr@te’10”, onde não faltaram os concertos com grandes nomes da música portuguesa como, entre muitos outros, Rui Veloso, Jorge Palma ou Mariza.

Reitor da UA tem página específi ca na internet

A Universidade de Aveiro passou a disponibilizar uma nova ferramenta de comunicação que aproxima a comunidade do Reitor, Prof. Manuel António Assunção. Disponível no endereço http://www.ua.pt/reitor, neste novo recurso podem ser encontrados documentos que traduzem a sua visão estratégica, comunicações ofi ciais e um espaço de diálogo virtual.Esta nova ferramenta de comunicação “corresponde a um compromisso inscrito no programa apresentado perante o Conselho Geral” e é assumido pelo Reitor como “um instrumento de interacção e de trabalho”.Para além de disponibilizar o Plano de Acção do Reitor para o mandato em curso, os visitantes podem conhecer despachos ofi ciais e intervenções em actos públicos. Quem visitar a página do Reitor vai poder também fi car a par das iniciativas de agenda em curso e ler as suas declarações à imprensa nacional.A concepção gráfi ca e técnica da página – integrada no portal da UA – esteve a cargo do Departamento de Comunicação e Arte, dos Serviços de Comunicação, Imagem e Relações Públicas e dos Serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação. O sítio do Reitor da UA na web conta com o apoio de serviços disponibilizados pelo Sapo Campus.

55Galp Energia e UA assinam pela efi ciência energética

Um acordo assinado entre a Universidade de Aveiro e a GALP Energia, a 5 de Novembro, permitirá promover a efi ciência energética desta Universidade, contribuindo para um melhor conhecimento, e para a implementação do conceito de “Campus Exemplar”. O acordo procura ainda sistematizar áreas de relacionamento científi co e tecnológico já em curso.Com vista a uma abordagem energética integrada e de uma maior aproximação do meio académico ao meio empresarial, o trabalho a realizar assenta em duas grandes actividades. A primeira visa a realização de um diagnóstico energético e da qualidade do ar interior da UA e a defi nição de um plano de acção. A segunda está relacionada com a defi nição e implementação de uma metodologia de gestão energética que permita atingir padrões de efi ciência alinhados com as melhores práticas de campus universitários de referência.A UA pretende, assim, constituir um laboratório de efi ciência energética que possibilite o desenvolvimento de competências na área da efi ciência energética com especial destaque na área da modelação dinâmica, permitindo à Universidade a criação de um núcleo de I&D na área da Simulação Dinâmica de Edifícios. O laboratório será integrado por docentes universitários e por bolseiros de doutoramento empresarial. O laboratório de efi ciência energética possibilitará ainda que os alunos apliquem os conhecimentos adquiridos em sala de aula em casos reais de intervenção ao nível da efi ciência energética.

Page 57: Revista Linhas 14
Page 58: Revista Linhas 14