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Revista Linhas 05

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Ano 3 Maio 2006

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04universidade de aveiro: um percurso

e um futuro a construir

Prof. Jorge Arroteia

06estga – novo modelo de ensino

Prof. José Oliveira

10questões de mobilidade de cidadãos

com deficiência em territórios

urbanos emergentes

Arq. Paulo Santos

14jardim à beira-mar plantado?

Prof. Maria Luís Pinto

18a primavera na fábrica

Prof. Paulo Trincão

20casos de sucesso

antigos alunos da ua com carreiras bem sucedidas

32projecto bio-dreams

ua substitui réguas dos psicólogos por inovador modelo computacional

34projecto ecopam

tecnologia inovadora de processamento de materiais em estudo na ua

36ua premiada em várias frentes

Investigação e corpo docente de qualidade mais uma vez reconhecida

40projecto foodmetric

projecto desenvolvido na ua vence 1º concurso nacional de empreendedorismo

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41torre hidráulica

ua dispõe da única do país

42nbiua elege a sua primeira direcção

um novo fôlego na investigação da ua

43biocant

ua participa no primeiro parque de biotecnologia em portugal

44ua em bolonha

54novos cursos abrem na ua

64química nas escolas e quimimater

ua ensina professores do secundário a serem os melhores a ensinar química

66m@c1 e caixamat

ua combate insucesso em matemática com novos projectos

70publicações

da comunidade académica

74equipa teitoral toma posse

32º Aniversário da UA

80semana aberta da ciência e

tecnologia da ua

mais de 14 mil inscrições superaram expectativas

82eureka e 3810 ua

ua projecta-se nos mé dia

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04

Decorridas mais de duas décadas sobre a criação da Universidade de Aveiro é oportuno recordar alguns aspectos que têm marcado a sua acção enquanto instituição de ensino superior e de investigação, promotora do desenvolvimento urbano e da região onde está sedeada. Ao fazê-lo evocamos um conjunto de vivências e de experiências recolhidas ao longo dos anos em que temos exercido a nossa actividade profissional – de investigação, docência e outras – em domínios distintos, mas tendo sempre

em conta a matriz cultural e as exigências de carácter deontológico específicas do sistema de ensino superior e da organização universitária a que pertencemos.

Assinalar as marcas que ao longo destas últimas três décadas registam a vida da UA é evocar as etapas mais significativas do seu crescimento; é recordar a acção dos seus directos responsáveis; é reconhecer a dedicação e entrega de alguns dos seus mais distintos e anónimos colaboradores; é evidenciar o trabalho de todos os “pioneiros” que acreditaram na matriz de um novo projecto educativo universitário, distinto dos moldes tradicionais de Coimbra ou do Porto, que se foi edificando nos campos de Santiago; é reconhecer a capacidade de aceitação e de acolhimento (embora com alguns laivos de desconfiança) da sociedade local e das empresas da região para com este promissor projecto universitário, criado pelo governo marcelista em Dezembro de 1973.

Evocar o percurso histórico da UA é, ainda, assinalar a visão estratégica dos construtores deste projecto, do

universidade de aveiro

um percurso e um futuro a construir

Jorge ArroteiaDocente no

Departamento de Ciências da Educação

UA

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seu campus, dos seus modelos de formação e de interacção social; é relembrar a dedicação dos seus obreiros, presentes ou infelizmente já ausentes do nosso quotidiano e desta comunidade universitária; é evidenciar a formação aqui realizada e a disseminação dos conhecimentos, por via também dos processos de investigação desenvolvidos ao longo do tempo e nos mais diversos contextos societais onde trabalham os nossos diplomados; é reconhecer a acção do corpo docente e dos funcionários que aqui prestam serviço; é saber ler nas marcas do nosso campus, as etapas de construção do actual sistema de ensino superior na sua relação com a construção da nossa democracia.

Oportuno é, igualmente, recordar a presença ainda constante dessa primeira geração de docentes, de funcionários e de alunos, que integram esta comunidade e que desempenham uma função relevante, a de guardiães do velho templo e dos projectos e princípios orientadores que animaram a criação desta instituição universitária.

Como assinalamos noutros trabalhos consagrados ao estudo do subsistema de ensino superior, a construção e avaliação de um projecto nesta área reveste facetas distintas que outros estudos de natureza académica não deixam igualmente de realçar. A perspectiva que temos defendido valoriza a apreciação do desempenho institucional universitário assente em cinco pilares fundamentais:· o primeiro, relacionado com a quantidade e natureza da formação dos recursos humanos (diplomados), que a nível local e nacional têm contribuído para o enriquecimento do “capital humano” indispensável ao processo de desenvolvimento do nosso país e sociedade;· o segundo, tem-se afirmado na diversidade das aprendizagens (relacionadas com a formação inicial e pós-graduada), directamente relacionadas com as necessidades

do mercado de emprego (e de outras, menos relevantes), que têm permitido aumentar a “literacia” da nossa população escolar;· o terceiro, tem tido a sua grande representatividade na investigação realizada intra-muros e em articulação com as empresas, as quais têm beneficiado da partilha da inovação indispensável à afirmação da economia e da sociedade de conhecimento dos nossos sistemas, social e universitário;- o quarto, reunindo aspectos já anteriormente assinalados, tem-se afirmado através da “re-socialização” dos saberes, que os programas de formação ao longo da vida hoje preconizam e tentam aprofundar;- o último, relacionado com a territorialização da formação e da investigação, atende à ligação destas actividades com o contexto físico, social, económico e cultural mais próximo das escolas que integram a Universidade de Aveiro.

Recordar o contributo desta instituição universitária em todos estes domínios implicava uma referência à natureza dos serviços que a identificam, bem como à especificidade do campus e da sua população. Em curso estão diversos programas relacionados com a verificação da intangibilidade, da identidade, da heterogeneidade e do ciclo de vida destes serviços, cujos resultados abonam a favor da sua natureza e qualidade. Através deles e de um longo processo de avaliação, os seus consumidores, internos e externos, têm sido chamados a pronunciarem-se sobre a adequação da formação e sobre os resultados da investigação pura e aplicada ao processo de crescimento das empresas e das actividades e serviços sedeados na região e fora dela.

Mais do que uma referência aos resultados destas acções, importa assinalar que a percepção da qualidade dos serviços relacionados com a educação terciária aqui ministrada não é inseparável do modelo nem das práticas de gestão

ua – um percurso e um futuro a construir

que têm marcado o governo desta instituição. Nem podem deixar de evocar a participação, individual e colectiva, dos muitos actores que têm tomado parte activa nas decisões relativas aos processos que têm acompanhado a construção desta instituição universitária. Tão pouco pode desmerecer a participação dos demais que hoje constituem a nossa comunidade universitária e cujo contributo tem sido indispensável para a consolidação dos resultados conhecidos. Contudo interessa valorizar outras experiências e saberes e desenvolver novos projectos, participados e inclusivos, que reforcem a colaboração de todos e não apenas de parte da população universitária.

Os desafios que se colocam à manutenção dos lugares cimeiros que identificam a nossa instituição universitária entre as suas congéneres, continuam a exigir opções estratégicas (e um acompanhamento adequado), de natureza pedagógica, científica, de gestão de recursos humanos e de natureza financeira, de reconhecida validade e interesse comum.

A imagem que espelha o ordenamento e o arranjo exterior do campus da UA ilustram, para além das diversas etapas que assinalam a sua construção, a permanência de um fio condutor que presidiu ao seu planeamento e execução e que serve de referência à população que aqui estuda e trabalha. Como clientes e beneficiários deste sistema, assinalamos o nosso regozijo em pertencer a esta comunidade de haveres, de saberes e de experiências e de reconhecer a força e a identidade deste projecto que identifica, em Portugal e no exterior, a “marca” desta Universidade. Ela é por demais conhecida não só na ‘cidade salgada’ onde habitamos, mas já entre os estados que perpetuam, neste velho continente, o nome dos amores do antigo Zeus pela sua princesa, Europa.

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Contextualizando…

Numa época em que, a propósito das alterações motivadas pelo Processo de Bolonha, tanto se fala em processos de aprendizagem centrados no aluno, faz sentido partilhar a experiência que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) tem vindo a desenvolver em torno de um modelo de aprendizagem cuja principal característica é precisamente o facto de ser centrado no aluno. É o que este artigo tentará fazer, começando por

caracterizar sucintamente os modelos baseados em problemas e projectos, para se concentrar depois no caso concreto dos cursos de engenharia da ESTGA.

A ESTGA foi criada em 1997 com a missão de, afirmando a sua natureza politécnica, formar profissionais de cariz marcadamente prático, capazes de integrar rapidamente as estruturas dos potenciais empregadores, tanto pela sua sólida formação técnica, como pelas suas competências interpessoais. Dado o contexto educacional e o perfil dos alunos que procuravam os cursos da ESTGA, cedo se tornou claro que esta missão envolveria o desenvolvimento de novas abordagens ao processo de ensino/aprendizagem. Partindo de um desafio do então Reitor, Professor Doutor Júlio Pedrosa, para avaliar o modelo baseado em projectos praticado na Universidade de Aalborg, Dinamarca, iniciou-se em 1998 um processo de desenvolvimento curricular, envolvendo formação dos docentes, que culminou, em Outubro de 2001, numa mudança global do paradigma de aprendizagem na ESTGA.

O modelo de aprendizagem

baseado em projectos

As origens modernas da aprendizagem baseada em problemas (PBL – Problem Based Learning) estão relacionadas com o ensino das ciências médicas, em universidades como McMaster (Canadá), Maastricht (Holanda) e Newcastle (Austrália). As suas características apelativas no domínio do processo de aprendizagem têm, no entanto, ditado a sua expansão a outras disciplinas e aos mais variados contextos.

A aprendizagem baseada em problemas pressupõe uma inversão da estrutura dos modelos tradicionais. Nestes, parte-se da instrução magistral como fonte de conhecimento, sendo a estrutura fortemente centrada no professor, mesmo quando envolve componentes laboratoriais.

No modelo baseado em problemas, como o nome indica, o ponto de partida consiste na apresentação de um problema tanto quanto possível relacionado com situações concretas reais, e por isso mesmo complexo, multidisciplinar e com soluções em aberto, no sentido em que poderá haver mais do que uma solução possível (Savin-Baden, 2000).

Será ao tentar encontrar uma solução para o problema que os alunos, usualmente organizados em pequenos grupos, desenvolverão o seu processo de aprendizagem, necessariamente diverso do dos seus colegas ou de um percurso pré-estipulado pelo professor. A aprendizagem ocorre motivada pelo problema, segundo as necessidades de cada aluno ou grupo de alunos e de acordo com os seus

aprendizagem baseada em projectos na estga:

um exemplo de um modelo de aprendizagem centrado no aluno

José OliveiraDocente na Escola

Superior de Tecnologia de Águeda

UA

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próprios padrões. Estamos assim perante um modelo de aprendizagem fortemente centrado no aluno, que deverá definir quando e o que aprender, assumindo, em suma, a responsabilidade pelo seu próprio processo de aprendizagem (Boud & Feletti, 1991).

Neste contexto, os papéis dos vários agentes alteram-se profundamente: o aluno passa de espectador a actor, a elemento activo e central do processo; o professor passa de “mestre” a “guia”, já que o seu papel é agora o de apoiar o processo de aprendizagem, colocando questões exploratórias, guiando sem fazer, questionando sem solucionar (Cowan, 1998). Este novo papel do docente é, ao contrário do que possa parecer, extremamente exigente, já que requer uma flexibilidade e disponibilidade bastante superior ao que em geral acontece nos modelos tradicionais, traduzindo-se num efectivo estreitamento da relação professor/aluno.

O facto de os problemas estarem relacionados com situações próximas da realidade é um factor de motivação muito importante. Constitui, por outro lado, um ambiente propício para o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais (Cowan, 1987) (Fallows & Steven, 2000): os alunos trabalham em grupo, planeiam o seu próprio trabalho, pesquisam informação autonomamente. Trabalham, enfim, num contexto muito próximo do que irão encontrar no mercado de trabalho.

Este paradigma de aprendizagem pode ser aplicado no âmbito de uma disciplina, ou em contextos mais alargados. Numa estrutura popular em cursos de engenharia, os problemas assumem a forma de projectos com uma dimensão temporal considerável, aos quais em geral são associadas disciplinas de suporte, constituindo estes agregados estruturas curriculares explícitas. Esta estrutura, usualmente designada por modelo de

aprendizagem baseado em projectos, foi a escolhida para o modelo curricular dos cursos de engenharia de Águeda.

Aprendizagem baseada em projectos

em Águeda

Na ESTGA são ministrados três cursos de engenharia: Electromecânica, Electrotécnica e Geográfica. A Tabela I apresenta o plano curricular do curso de Eng. Electromecânica, que servirá para ilustrar os aspectos do modelo discutidos ao longo deste artigo. Electromecânica e Electrotécnica estão organizadas em torno de duas áreas científicas nucleares – Mecânica e Electrónica no primeiro caso e Instalações Eléctricas e Electrónica no segundo – enquanto Eng. Geográfica apresenta apenas uma área científica nuclear.

Tratando-se de uma estrutura curricular organizada em torno de projectos, a tradicional organização estratificada, em que as várias áreas científicas vão sendo construídas sequencialmente, cedeu lugar a uma estrutura organizada de forma agregada em torno dos grandes temas de cada curso.

Assim, e a partir do segundo ano, os semestres são organizados em torno de Módulos Temáticos (MT) em cada uma das áreas científicas nucleares do curso correspondente. Um MT é constituído por um projecto e um conjunto de disciplinas associadas e, como o nome indica, é dedicado a um grande tema da área científica a que diz respeito. A aquisição de conhecimentos sobre esse tema é assim concentrada no mesmo semestre em vez de disseminada ao longo do curso. Na Tabela I, os MTs podem ser identificados pelas áreas sombreadas. As disciplinas não incluídas nestas áreas são devotadas a assuntos complementares e/ou opcionais.

Nessa Tabela I pode ver-se que as horas de contacto não estão divididas em diferentes tipos de aulas. As disciplinas são ministradas em blocos de quatro horas que podem

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ser organizados com flexibilidade, de acordo com a disciplina em causa e as necessidades de aprendizagem expressas pelos alunos em qualquer momento. No caso das disciplinas associadas, esta flexibilidade permite ainda uma maior e melhor articulação com o projecto, aspecto fundamental na estrutura dos módulos temáticos.Por razões institucionais relacionadas com o processo de candidatura ao ensino superior, foi decidido que não haveria projectos no primeiro ano. As disciplinas estão, no entanto, organizadas da mesma forma que nos anos seguintes. Incentiva-se ainda que ao nível destas disciplinas sejam criadas oportunidades para que os alunos desenvolvam, de forma acompanhada, competências de importância vital para a estrutura curricular dos anos seguintes: trabalhar em grupo (Jaques, 2000), fazer apresentações orais e escrever relatórios técnicos são exemplos dessas competências.

Os projectos são desenvolvidos em trabalho de grupo, sendo atribuído um espaço físico permanente a cada grupo de alunos. O acesso aos laboratórios é livre, mas devidamente regulamentado, incluindo a noite e os fins-de-semana.

Cada grupo é acompanhado por um docente, o Orientador do projecto, cujo papel é o de apoiar os alunos na sua aprendizagem, guiando-os sem fornecer a solução, colocando questões orientadoras e exploratórias que ajudem o grupo no desenvolvimento das suas aprendizagens. A avaliação do projecto tem por base um relatório final e uma defesa pública que inclui uma apresentação do trabalho por todos os alunos do grupo, seguida de um período de discussão com um júri. Este júri é composto por três elementos, entre eles o Orientador do projecto. É prática corrente, e incentivada, que um elemento do júri seja externo à instituição.

Os semestres estão organizados em três períodos de quatro semanas (Figura I). As aulas das disciplinas associadas são mais concentradas no início do semestre – permitindo trabalhar conceitos fundamentais essenciais ao arranque do projecto. Já o último período é particularmente dedicado a trabalho de projecto. No final de cada período, há uma semana sem aulas dedicada a actividades de avaliação — avaliações periódicas ou exames finais de disciplinas que, tendo funcionado de forma

concentrada, terminem entretanto. O período final de avaliação é de maior dimensão, uma vez que concentra as avaliações de projecto.

As disciplinas poderão ocupar todo o semestre, ou só ocorrer num ou dois períodos, desde que consecutivos. Tal como já foi referido, sempre que uma disciplina acaba, a sua avaliação final tem lugar no período de avaliação imediatamente seguinte, libertando desta forma o final de semestre e garantindo uma carga de trabalho mais constante.

Em jeito de conclusão…

A estrutura curricular agora apresentada deverá permitir a implantação de um ambiente de aprendizagem baseado em projectos. Mas as estruturas organizacionais, por mais bem estruturadas que sejam, não chegam para garantir uma realidade pedagógica, que envolve a dimensão atitudinal dos agentes envolvidos no processo. Estamos assim perante um processo longe de estar encerrado, antes a necessitar de constante monitorização, discussão e reflexão.Embora ainda seja cedo, dado o reduzido número de diplomados, para avaliar o impacto deste modelo no

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mercado de trabalho, as avaliações que têm vindo a ser conduzidas demonstram que os elementos fundamentais descritos na literatura se encontram presentes: o desenvolvimento de competências transversais, a forte motivação resultante do processo de aprendizagem em contexto, o desenvolvimento de autonomia e responsabilidade no processo de aprendizagem, só para dar alguns exemplos.

Os restantes cursos da ESTGA (Documentação e Arquivística, Gestão Pública e Autárquica, Estudos Superiores de Comércio e Secretariado de Direcção) ainda funcionam nos moldes do modelo tradicional. Por razões relacionadas com a natureza das áreas científicas envolvidas, o modelo baseado em projectos tal como aqui foi descrito não se adequa da mesma forma a estas formações. Encontra-se em marcha um processo de desenvolvimento curricular que, tendo como princípios norteadores a utilização de métodos de aprendizagem activa e a estruturação curricular por agregação de competências, possibilitará a introdução de um modelo de aprendizagem centrado no aluno, também nestes cursos.

Em jeito de conclusão, estamos perante um paradigma de aprendizagem muito exigente quer para alunos, quer para docentes, mas que a julgar pelos testemunhos dos agentes envolvidos, também torna todo o processo muito mais interessante e interactivo.

Referências

Biggs J. (1999) Teaching for Quality Learning at

University Open University Press, Milton Keynes.

Boud D. and Feletti G. (eds) (1991), The Challenge

of Problem-Based Learning, Kogan Page, London.

Calder J. (1994) Programme Evaluation and Quality

Kogan Page, London.

Cowan J. (1987), Education for Capability in

Engineering Education, Thesis for the degree of

DEng, Heriot-Watt University, Edinburgh.

Cowan J. (1998), On Becoming an Innovative University

Teacher, Open University Press, Milton Keynes.

Fallows S. and Steven C. (2000), Integrating key

skills in higher education: employability, transferable

skills and learning for life, Kogan Page, London.

George J.W., Cowan J. (1999) A Handbook of

Techniques for Formative Evaluation Kogan Page,

London.

Jaques D. (2000) Learning in groups: A handbook

for improving group work. Kogan Page, London.

Savin-Baden M. (2000), Problem-Based Learning

in Higher Education: Untold Stories, SRHE & Open

University Press, Buckingham.

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10(Baseado em artigo a publicar no nº

3 da revista da APPLA – Associação

Portuguesa de Planeadores do

Território – Planeamento intitulado

“Mobilidades; sobre questões de

mobilidade em territórios emergentes

da Área Metropolitana de Lisboa”)

Algumas ideias orientadoras acerca de mobilidade:· Sem carácter definitivo e de curta distância, é condicionada pelas acessibilidades territoriais; · A sua melhoria influencia a coesão territorial que permite integrar territórios distintos; · Ao influenciar a coesão territorial influencia a coesão social em que os elos mais fracos são grupos minoritários nos quais se incluem os cidadãos com deficiência;

· Tem ao nível de territórios metropolitanos uma tradição de abordagem a duas escalas – a do território rede, enquanto capacidade de deslocação entre nós; a do lugar, traduzida na fruição dos espaços urbanos.

Importa ter em conta o leque de situações em que a mobilidade em geral e a mobilidade de cidadãos com deficiência em particular se pode declinar, desde o lugar em que a circulação se mistura com outras actividades, a territórios cujo desenho a têm como única razão de ser, tornando-se assim num não – lugar. Aos não – lugares Marc Augé (1993) refere-se como a “sítios que são construídos e controlados para suportar a mobilidade a nível global de bens, mensagens e viajantes internacionais” (p. 122). A aposta na criação de espaços “super modernos” que se tornavam nas paisagens dominantes do final do século XX (referidos por Koolhaas e Mau (1994), e por Augé), a sua diversificação temática resultante numa “superabundância de espaço” (Skeates, 1997), o carácter disjuntivo e instrumentalizado destes espaços em rede como contributo para a falta de espaço nas “periferias urbanas em

sobre questões de mobilidade

de cidadãos com deficiência em territórios urbanos emergentes

Paulo SilvaDocente na Secção

Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e

Políticas – UA

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explosão”1, são alguns dos aspectos que relevam a importância que a mobilidade tem para o planeamento e desenho urbanos.

Exemplificam-se algumas questões críticas que se colocam ao planeamento urbano e à mobilidade de cidadãos com deficiência, baseados na análise de dinâmicas: 1. o preenchimento de malha sem carácter singular resultante da reconversão de áreas obsoletas da cidade consolidada; 2. a transformação de antigos subúrbios em receptáculos de novos usos e de novos utilizadores; 3. a ocorrência de grandes promoções imobiliárias típicas da concentração de capital da “cidade neo-liberal”, desligados de territórios urbanos preexistentes, criando novos assentamentos, supostamente auto-suficientes; 4. a criação de elementos singulares desenhados para constituírem novas centralidades; 5. a permanência de vazios enquanto territórios que já perderam o seu estatuto de espaço rural mas com futuro incerto nos novos contextos em que se inserem.

Consideram-se como questões críticas à avaliação destas dinâmicas: A. o papel estruturante dos elementos singulares; B. a dimensão das áreas a estruturar; C. o remanescer de espaços vazios. Partindo deste preconceito, é meta da investigação em curso a garantia de articulação entre elementos estruturantes e elementos a estruturar, passando por avaliar o papel dos vazios.

Diversos autores evidenciam a importância da mobilidade à escala metropolitana:· Grande mobilidade e reorganização de usos (Angelet), gerando profunda reestruturação dos sistemas produtivos (Ondategui).· Dimensão atractiva para a instalação de centralidades muito específicas, tais como a de pólos tecnológicos2.

questões de mobilidade

· Surgimento de subúrbios que se assumem como geradores de um novo tipo de sociedade urbana local (Borja).· Transformações associadas a pós-capitalismo e ao fim das utopias industriais (Fernandez – Alba).· Geração de estruturas de transportes que originam novos padrões urbanísticos de fronteira, situados nos limites exteriores das áreas metropolitanas (Hall). · Existência de espaços abertos com papel distinto de outros territórios (Ciorra).

Um aspecto em particular faz das áreas metropolitanas um interessante caso de estudo em termos de mobilidade: são os territórios mais próximos da escala urbana em que se pode assistir à transposição de modelos globais ou continentais, tais como a distinção entre cidade informal e cidade marginal, os processos gerais de crescimento ou a persistente e crescente desigualdade social (Borja). As dinâmicas de inclusão/exclusão evidenciam-se e intensificam-se nestes contextos.

2. Padrões de mobilidade em

territórios emergentes

As intervenções de preenchimento

de malha sem carácter singular

Explicitando as dinâmicas metropolitanas emergentes, surgem como oportunidades dentro de tecidos consolidados: ex – áreas industriais, infra – estruturas portuárias desafectadas, equipamentos relocalizados, promovendo a criação de “cidades dentro da cidade”. Às formas urbanas envolventes estas intervenções respondem com soluções de desenho urbano que estimulam algumas novas formas de mobilidade, mas sempre “de dentro para dentro”. A tendência “concentracionária” destas soluções cria maiores constrangimentos aos grupos de mobilidade condicionada.

Os subúrbios

A mobilidade de indivíduos com limitações de deslocação enfrenta aqui questões que se prendem com o

afastamento das áreas de residência dos mercados de trabalho, e também com a incapacidade de aceder ao interior destes territórios, retirando-lhes visibilidade e legibilidade. A reduzida mobilidade de população com necessidades especiais, com actividade profissional e tendo de fazer face a quotidianos como os demais cidadãos, é uma realidade escamoteada por soluções pensadas para cidadãos dependentes de uma oferta frequentemente reduzida de soluções de mobilidade devidamente a si adaptada.

A mobilidade nestes territórios aponta no sentido de os qualificar introduzindo novas formas alternativas de circulação. Mas enquanto factor de competitividade para estes territórios dificilmente emerge das agendas dos agentes urbanos locais: nas áreas de sub urbanização as dinâmicas identificadas relacionadas com a melhoria da mobilidade incidem na criação de estacionamento, nas condições de funcionamento do transporte público e na mobilidade interna adaptada a novos modos de transporte. Algum do esforço passa por articular estes espaços com envolventes não muito diferentes com ganhos em geral reduzidos. A melhoria das mobilidades raramente é aplicada às relações entre os lugares e os nós. A possibilidade de gerar centralidades a partir de alguns destes territórios tem sido escamoteada, pela forte estigmatização da imagem dos espaços (como é o caso das áreas urbanas ex-ilegais) contraditória com a imagem “limpa” dos não – lugares.

As grandes promoções imobiliárias

Existe um conjunto de formas urbanas emergentes que se destacam por corresponderem à urbanização de grandes áreas por um só promotor privado. É fenómeno típico da cidade neo – liberal e resultante da concentração da propriedade e do capital para nela investir. Beneficiam de um contexto geral de novas acessibilidades embora fisicamente não estejam directamente com elas articuladas.

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O valor do Vazio

A relação entre áreas livres e áreas ocupadas, à medida que a ocupação estabiliza, transforma-se numa entidade própria com vocações, dinâmicas e relevância para a melhoria da mobilidade entre territórios.

Os vazios podem ser o resultado, quer de expectativas de futura urbanização quer de medidas restritivas à ocupação. Neste último caso, se um espaço necessita de um grau de protecção elevado, talvez deva ter um valor enquanto espaço de cedência distinto de um espaço, que estando vazio tem capacidade para suportar uma utilização mais intensa. Mobilidade e ausência de usos acabam por ter uma relação que se torna um pouco indiferente não contribuindo um para a potenciação relevante do outro.

3. Questões críticas que se colocam

à mobilidade

A falta de articulação entre diferentes escalas de mobilidade; uma das medidas destinadas a melhorar a articulação entre a cidade a estruturar e os elementos estruturantes consiste na melhoria das condições de acesso a nós que ganham crescente importância.

A não abordagem da mobilidade à escala local, através dos agentes, processo e desenho envolvidos impedindo a melhoria da mobilidade interna dos subúrbios, dos elementos singulares e das novas promoções imobiliárias residenciais.

A deficiente mobilidade em espaços com potencial metropolitano de lazer.A desvalorização dos vazios, enquanto espaços de mobilidade suportados por actividades.

O não aproveitamento das intervenções de preenchimento de malha sem carácter singular para reforçar a mobilidade entre elementos estruturantes e a estruturar.

A melhoria das acessibilidades como factor de redução da mobilidade.

4. Ideias finais

Mobilidade associada a elementos

estruturantes do território

A mobilidade gerada em torno de elementos estruturantes pode tender a gerar um efeito de sucção na envolvente.

A grande quantidade de espaço público normalmente existente nestes casos não constitui por si só factor de mobilidade uma vez que mais do que a possibilidade de fruição, pretende-se proporcionar sensação de abundância de espaço3.

A política de acesso aos novos elementos estruturantes pode fomentar mais investimento em transporte público do que o que actualmente ocorre, à semelhança do que é prática actualmente nos centros urbanos mais antigos.

De entre os elementos estruturantes, os não – lugares desenham-se a partir da mobilidade mas têm uma relação com esta distinta da dos lugares: ao mesmo tempo que a promovem parecem querer escondê-la por via da estratégia de marketing de criar uma acalmia visual de tráfego.

Mobilidade associada a áreas a

estruturar

A promoção de mobilidade individual em contextos metropolitanos dificilmente permite a cada cidadão com mobilidade condicionada organizar o seu quotidiano num espaço descontínuo em que a proximidade geográfica deixou de ser relevante. Esta nova organização territorial contribui também para que os territórios a estruturar sejam objecto de descura (também por parte de quem lá vive), afectando sobretudo aqueles que vêem.

A melhoria da mobilidade metropolitana nem sempre tem correspondência na melhoria da mobilidade à escala local.

Um “retrato – robô” destas áreas (Silva, 2001) revelava características muito semelhantes de todas estas intenções de ocupação do território: dimensão aproximada de 10.000 habitantes; funções não residenciais complementares, promoção de um novo estilo de vida. Tratam-se de pacotes residenciais com reduzida oferta de actividades complementares, que quando existem em maior dimensão são viradas para um público claramente supra – local, raramente tentando cruzar e integrar vivências locais com vivências metropolitanas. Estas áreas beneficiam muito raramente de condições para circulação de cidadãos com mobilidade condicionada à altura da qualidade que pretendem oferecer: são em boa parte orientadas para um público para quem o automóvel privado continua a ser um meio privilegiado de locomoção. As condições de mobilidade daí obtidas combinadas com uma relativa mono – funcionalidade fazem destes territórios de grande promoção imobiliária algo que se poderia designar de “subúrbios de subúrbios”.

As ocupações singulares

O valor simbólico e a atracção incluem neste grupo intervenções relevantes por serem geradoras de grandes fluxos e de novas ligações no território, reforçando a mobilidade ao nível metropolitano. Ao nível local promove-se a mobilidade em torno dos não lugares com abundância de espaços cobertos interiores e exteriores para ir “de lado nenhum a lado nenhum”. Em termos urbanos o conforto do peão é desenhado para o manter no não lugar, não estimulando a sua deslocação pelo resto da cidade. A imitação do real provoca também um mimetismo no que à mobilidade diz respeito: apesar de depender quase exclusivamente do automóvel, os percursos interiores reproduzem bucolicamente uma imagem de urbanismo à escala humana. Os efeitos desta mobilidade oferecida exacerbam-se para aqueles com limitações ao nível da deslocação.

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Este fenómeno, típico das mobilidades associadas às áreas a estruturar, é válido tanto para as áreas de suburbanização próximas de grandes acessibilidades, como para o preenchimento da malha sem carácter singular.

Por outro lado, o envolvimento dos agentes privados em termos de investimento na construção de novas infra-estruturas, normalmente exclui a “micro-mobilidade” deixando assim de fora muitas vezes parte da circulação gerada por eles próprios. Os padrões de mobilidade em territórios emergentes registam inovações que, por certo, pelo seu carácter recente se confinam a territórios de dimensão reduzida, havendo por isso necessidade de alargar acção destas experiências por enquanto piloto.

Curiosamente vamos encontrar as questões da mobilidade de cidadãos com deficiência melhor tratada ao nível dos não – lugares do que ao nível dos lugares comuns, mais usados no quotidiano.

Mobilidade nos vazios

O entendimento de mobilidade como uma preocupação confinada aos centros urbanos desvaloriza as necessidades de investimento ao nível da mesma nas áreas de povoamento disperso, de baixa densidade e nos vazios entendidos a diferentes escalas.

A questão crítica que se coloca à circulação de cidadãos com mobilidade condicionada, em particular nos vazios, passa pelo desequilíbrio entre a necessidade de equipar estes espaços, estimulando a sua utilização, e as restrições à sua utilização.

Desenho urbano da mobilidade

A engenharia da construção dos espaços públicos e colectivos tem-nos mostrado o que pode ser melhorado em termos de mobilidade e de adaptação nos nossos espaços urbanos a cidadãos com necessidades especiais. Ultrapassar a questão crítica da articulação entre elementos

questões de mobilidade

estruturantes e por estruturar implica melhorar o chão que se percorre, criando funções interessantes para o transeunte. Esta necessidade de criar percursos ligando funções relevantes, faz com que a mobilidade deva ser pensada a partir do programa do plano.

Pensar a mobilidade a partir do plano, pode, como refere Thomas Sieverts (p. 59) ter a importância de contrapor à mobilidade e à globalização a relação da habitação com a prática política e social e intensificar estas actividades. E, (p. 140) a criação de transporte de mobilidade intensa a par do transporte para pequena mobilidade4.

A produção de legislação bem como a prática de planeamento mostram que a mobilidade condicionada de cidadãos carece de descriminação positiva, de orientações específicas, e que é escassamente abordada pelo planeamento urbano à escala de pormenor, ou seja, a que mais se aproxima da obra. A reflexão que falta fazer incide sobre a mobilidade de cidadãos com deficiência vista mais ao nível do plano, que ao nível do projecto.

Uma nota final crítica ao nível do planeamento reside em como encarar e conciliar as diferentes formas de mobilidade em contextos urbanos pré-existentes. Esta questão encerra, no entanto, uma potencialidade: o resolver e abordar em termos de planeamento urbano a mobilidade de cidadãos com necessidades especiais dever-se-á revelar uma mobilidade mais amiga de todos os cidadãos.

1 AUGÉ, M. (2002), Non Luoghi, Milão, ed.

Elèuthera

2 A este nível Borja refere requisitos definidos por

Castells e Hall para a inclusão / exclusão de

áreas metropolitanas neste ranking.

3 Para além da superabundância supracitada de

Skeates (1997).

4 SIEVERTS, T., (2003), Cities Without Cities,

(1ª edição inglesa), Londres, Spon Press

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VAZQUEZ, C., “Berlin – Postdamer Platz, Estrategias

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14 jardim à beira-mar plantado?2006 é o Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação, decidido pelas Nações Unidas, e que decorre 10 anos depois da entrada em vigor da Convenção de Combate à Desertificação.

Mas será que faz sentido falar em desertos e desertificação em Portugal? São palavras que nos lembram o Sahara, o Arizona, o Gobi, ponteados de muito longe em muito longe de oásis verdejantes. Mas não será que podemos chamar desertos a enormes extensões verdes (se não fossem tantos os incêndios) ponteados, também de muito longe em muito longe, de oásis humanos? Não serão estes desertos humanos no meio do verde?

Não sendo versada em questões de desertificação, mas atenta ao contexto nacional, no que à população respeita, decidi aceitar o desafio e produzir um pequeno texto que servisse para tentar explicitar, no contexto nacional, a desertificação humana de que sofremos. E isto porque há muito que, fundamentalmente, o interior do país se vai despovoando, criando condições para uma desertificação real cada vez mais acentuada.

Maria Luís Pinto Docente na Secção

Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e

Políticas – UA

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Poderemos não ter, e não temos de certeza, os problemas que têm outras regiões do mundo, com destaque para África, mas tudo aconselha uma visão integrada e actuante que crie coesão nacional e mitigue aspectos gritantes de exclusão e assimetrias.

Procurei, assim, perceber que linhas orientadoras tinham sido definidas a nível nacional. Fiquei agradavelmente surpreendida com o enfoque que foi dado às questões da população, que constituem o segundo objectivo estratégico do Programa Nacional de Combate à Desertificação – fixação das populações nas regiões mais despovoadas. Este objectivo, fundamental para a conservação do solo e da água (primeiro objectivo), é complementado por três outros que considero igualmente importantes: recuperação das áreas degradadas, sensibilização da população para a problemática da desertificação e a sua inclusão nas políticas de desenvolvimento económico e social.

Da intersecção destes cinco objectivos deverão nascer vários outros específicos, que considero serem, por um lado, a investigação e a formação e, por outro, o desenvolvimento

jardim à beira-mar plantado?

regional e local, alicerçado num poder regional e local que potencie os actores económicos e sociais capazes de contrariar a evolução populacional que se tem verificado, e que seja sustentado por políticas nacionais que tenham verdadeiramente objectivos de coesão nacional.

As características do povoamento em Portugal sempre dividiram o território, grosso modo, num Norte densamente povoado, mas de povoamento disperso, contra um Sul pouco povoado e de povoamento concentrado. Esta dicotomia, embora de forma menos acentuada, é também verdadeira se considerarmos o Litoral e o Interior. Os arquipélagos dos Açores e Madeira sempre se aproximaram, sob o ponto de vista das características do seu povoamento das regiões do litoral continental.

Para não ir mais longe, estima-se que no início do século XIX, a densidade do Continente seria de pouco mais de 30 hab/Km2, chegando a Província do Minho a perto de 100 hab/Km2 e o Alentejo a pouco ultrapassar os 10 hab/Km2. As restantes províncias (com uma organização que hoje já nada nos diz) variavam entre os 20 e os 40 hab/Km2.

Nestes dois séculos a população portuguesa mais do que triplicou, o que se traduz numa densidade média do todo nacional a ultrapassar os 110 hab/Km2. E, no entanto, concelhos existem em que os valores são hoje mais baixos dos que os menores atrás apontados para o início do século XIX.

A este fenómeno acresce o do envelhecimento da população. Este envelhecimento, a que o senso comum associa apenas o enorme aumento da população idosa, tem uma outra vertente igualmente importante: a expressiva diminuição dos jovens. Se a primeira parece mais sentida e nos leva a um contínuo olhar para os problemas da Segurança Social, a segunda é tão ou mais preocupante até porque não atinge já apenas os muito jovens, mas também os jovens adultos.

Temos, normalmente, a noção de que a desertificação e o envelhecimento apenas afligem o Alentejo e alguns concelhos do Centro interior. No entanto, se olharmos o quadro abaixo e tomarmos apenas as regiões (NUTS III) que não atingem sequer uma densidade correspondente a 1/5 da densidade nacional, constatamos que já existem cinco

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regiões com estas características, aonde se inserem 28 concelhos com densidades abaixo dos 23 hab/Km2, alguns pouco ultrapassando os 10 hab/Km2. Normalmente os concelhos que incluem cidades nestas “nuts” conseguem, não só densidades um pouco superiores, como um envelhecimento um pouco menos acentuado, não fazendo parte dos 28 concelhos referidos.

Das regiões expressas no quadro, podemos ver que as mais envelhecidas são o Pinhal Interior Sul e a Beira Interior Sul. A primeira a atingir os 275 idosos por cada cem jovens (IV) e com um forte decréscimo populacional entre 1991 e 2001 e a segunda com um valor que ultrapassa os 230 idosos por 100 jovens. Se descermos ao nível de concelho encontramos nestas duas regiões concelhos cujo Índice de Envelhecimento (IV) ultrapassa os 400 (Oleiros e Idanha–a-Nova) e mesmo os 500 (Penamacor e Vila Velha de Ródão - 536). Se descermos ao nível da freguesia o panorama torna-se bem mais dramático.

Nas regiões alentejanas, expressas no quadro, o envelhecimento é ligeiramente menos acentuado, com um único concelho a apresentar um IV superior a 400, 439 idosos por cada 100 jovens, no Gavião. E este concelho é confinante com o Pinhal Interior Sul.

Porque muitos dos concelhos com aquelas características são contíguos e muitas vezes ainda se prolongam em áreas de concelhos com valores quase tão desanimadores, compreende-se o enorme isolamento a que estão sujeitas estas populações e os efeitos que sobre o território tem este fenómeno, de que a magnitude dos incêndios dos últimos anos é apenas a face mais visível.

Mas não são só concelhos destas “nuts” que vêem a sua população a rarefazer-se e a duplamente envelhecer. Outros 26 concelhos encontram-se na mesma situação (menos de 23 hab/Km2) e percorrem quase todo o território nacional. Encontram-se dispersos pelo Douro, Alto-Trás-os- Montes, Pinhal Interior Norte, Beira Interior Norte, Lezíria do Tejo, Alentejo Central e Algarve.

Os casos da Lezíria do Tejo e do Algarve são dignos de nota pois inserem-se em regiões cuja população cresceu. Chamusca e Coruche são, assim, os concelhos que na Lezíria do Tejo, não só desceram a densidades inferiores a 20 hab/Km2, vendo como é óbvio a sua população a diminuir (no caso de Coruche quase 10% entre 1991 e 2001), como os níveis de envelhecimento a aumentar – qualquer dos dois concelhos ultrapassou os 200 idosos por cada 100 jovens. Estamos, contudo, numa região de terras até há bem pouco tempo produtivas. O Algarve, cuja população cresceu quase 16% entre os dois últimos Censos, tem, apesar deste crescimento, o eterno problema da dicotomia entre o litoral e a serra. Três dos seus concelhos não atingem os 20 hab/Km2 – Alcoutim, Aljezur e Monchique. Alcoutim atinge a menor densidade populacional de todo o país com 5,9 hab/Km2 e, dos concelhos de baixa densidade analisados, é o segundo mais velho (a seguir a Vila Velha de Ródão), com 525 idosos por cada 100 jovens.

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maio ‘06Linhas 16 1716 jardim à beira-mar plantado?

Fora deste texto ficaram todos os concelhos cuja densidade é superior a 1/5 da densidade nacional, o que não significa, em muitos casos, ausência de problemas de desertificação humana e crescente desertificação de solos. O critério de selecção utilizado, o das densidades, esconde outras realidades, mas a pretensão de um artigo curto e de leitura acessível implicou alguma parcimónia de meios. Entendo-o como um elemento de sensibilização ao problema da desertificação, não esquecendo o reverso da medalha, ou seja a concentração de população no litoral com tudo o que também acarreta de problemas humanos e ambientais.

Convém, no entanto, não deduzir desta minha prosa, que defendo um povoamento disperso, ou um retorno a “anos dourados”, que não sei quais tenham sido sob este ponto de vista. Defendo sim, uma visão integrada do território que permita que os portugueses possam viver com o conforto que lhes é devido neste início do século XXI. Esta visão integrada do território implica um esforço de todos os actores no terreno, criando condições para que as populações não tenham de se

deslocar sistematicamente para o litoral, quando não para o estrangeiro. Implica sinergias e associativismo entre concelhos e entre regiões, redes empreendedoras entre aqueles e aquelas e com o tecido empresarial e as instituições de ensino superior, que permitam saltos de produtividade e de qualidade que não temos sabido dar.

Aceitarmos as linhas do Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação só tem sentido se de forma coerente e concertada actuarmos no combate à desertificação. Para que o que dizemos não seja um imenso pregar no deserto.

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18Com a Primavera chegou, a 18 de Março, a edição deste ano, “Fotógrafos da Vida Selvagem”, resultante do concurso organizado pela BBC Wildlife Magazine e pelo Museu de História Natural de Londres. Esta exposição, qual ave migratória, começa a ser visita obrigatória do nosso Centro. Esperamos, de ano para ano, poder continuar a apresentá-la ao país em primeira-mão, contribuindo para gerar um fluxo de visitantes amantes deste tipo de mostras.

Na Fábrica nenhuma actividade é exclusivamente contemplativa e, esta exposição, não foge à regra. A fotografia é só um pretexto para enquadrar um conjunto vasto de actividades que passam por experimentar “ver como vêem os animais”; procurar apanhar um coelhinho branco virtual mas muito activo; espantar um grupo de pacatas borboletas… O guia pedagógico preparado para os mais pequenos permite a exploração das fotografias e despertar um novo mundo de sensações e de pensamentos.

a primavera na

Ao organizarmos esta exposição desta forma procuramos conseguir envolver todos os que a vêem de uma forma profunda e marcante, pela acção e/ou pela capacidade de maravilhar. Gostaríamos que todos, grandes e pequenos, ao saírem da Fábrica tivessem vontade de saber mais sobre zoologia, sobre botânica, sobre fotografia, ou simplesmente guardassem para si aquela secreta sensação de que valeu a pena terem passado por aqui.

O mundo animal é o tema central das cerca de 90 fotografias seleccionadas entre cerca de 20 mil apresentadas por concorrentes do mundo inteiro. De uma maneira geral os humanos gostam de animais! Muitos grupos sociais, desportivos, etc., escolhem animais para seu símbolo, porque desde há milénios o Homem lhes foi conferindo poderes que a sua imaginação não conseguia explicar de outra forma. A compreensão deste projecto contaminou a sociedade e alastrou-se a empresas e associações que participam “adoptando” uma fotografia! Graças a elas, os mais novos têm acesso facilitado ao guia pedagógico.

Paulo TrincãoDocente no

Departamento de Geociências – UA

Director da Fábrica Centro Ciência Viva

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Outra das actividades marcantes de 2006, na Fábrica Centro Ciência Viva, é o ciclo de jantares denominado “À mesa com Júlio Verne”. Decorrem mensalmente desde 21 de Fevereiro na Universidade de Aveiro (Complexo do Crasto) com crescente adesão (próximas edições 23/05/06; 20/06/06 às 20h00).

Não tendo a certeza se Júlio Verne gostava de uma boa refeição, os seus livros, produzidos às dezenas,

são relatos de viagens aventurosas recheadas de emoções. Ele fala-nos de lugares fantásticos onde nunca foi e de povos exóticos que nunca conheceu. Em muitas das suas obras a tecnologia que descreveu mostra o seu tempo como um século de progresso.

O desenvolvimento da mecânica racional aplicada à astronomia, a aplicação dos conhecimentos da química à indústria, a revolução industrial e a idade de ouro das máquinas a vapor são referências constantes nas suas histórias. Júlio Verne foi um autodidacta que encontrou na leitura solitária a fonte do seu conhecimento. Através da leitura dos seus livros é possível dar a volta ao mundo. Em Michel Strogoff (1876), por vezes apresentado em português como “O correio do Czar”, o leitor fica a conhecer a Sibéria através da fantástica viagem entre Moscovo e Irkoutsk. “Dois anos de férias” (1888) mostram-nos uma ilha na Nova

Zelândia. “Cinco semanas em balão” (1863) sobrevoam África (Zambeze, Chade, etc) e até os Açores e a Madeira são referidos na “Agência Thompson & Companhia” (1907). Poderíamos continuar a viajar pelos 62 romances e 18 novelas… Mas o que queremos mostrar, está há muito conseguido: os seus livros estão cheios de referências tecnológicas, geográficas e… gastronómicas!

Como bons portugueses, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, levamos esta coisa “do comer” muito a sério. Gostaríamos, com esta iniciativa, estender a outros públicos as conversas e discussões sobre a natureza dos alimentos, sobre as técnicas de confecção que fazem com que a ciência esteja cada vez mais presente em nossas casas. O fantástico mundo de Júlio Verne oferece-nos a oportunidade de, a partir da gastronomia, viajarmos pelo universo dos sabores.

Como as refeições devem ser momentos de prazer, os menus foram acertados pelo chefe Michel, garantia de um grande jantar. Um grupo de monitores da Fábrica ajuda (com grande sucesso!) o Michel na elaboração das refeições.

A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, encontrou um parceiro entusiasta, decisivo para a realização deste projecto: a empresa Pascoal & Filhos. As Caves Aliança e os Serviços Sociais da UA completam a rede de parceiros que suportam esta iniciativa.

No outro canto da Fábrica, “A Cozinha é um Laboratório”, continua a apresentar novas sugestões de actividades. Em Abril acabou o ciclo “Branco é galinha o põe” onde os ovos foram as estrelas. Em Maio, o destaque vai para “O fantástico mundo do leite”.

Em alta estão igualmente as festas de aniversário que cada vez mais crianças decidem organizar na Fábrica. São raros os fins-de-semana não animados por grupos de crianças que acharam um Centro de Ciência como o melhor local para festejar os seus anos.Será isto um bom sinal?

a primavera na fábrica

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carreirasbem sucedidas

Luís Malpique André Riscado

20

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Luís Malpique, André Riscado, Susana Anacleto, Isabel Almeida e

Carla Caramujo são cinco antigos alunos da Universidade de Aveiro que

têm vindo a fazer carreiras de sucesso. Luís Malpique, de Química, é

Administrador do Grupo Vilanova; Susana Anacleto, de Planeamento Regional

e Urbano, lançou a empresa Urbigenesis; e André Riscado, de Engenharia e

Gestão Industrial, assume cargos de Direcção na OPCA.

No estrangeiro, Isabel Almeida Vervaeck está a dar aulas de Inglês e de

Português, e Carla Caramujo é uma soprano que muito tem agradado

além-fronteiras.

carreiras bem sucedidas

Susana Anacleto Isabel Almeida Carla Caramujo

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uma referência na aquacultura nacional

Luís Malpique

Natural do Alentejo, o campo e o ar livre sempre o fascinaram. Chegou a querer ser Agrónomo, mas a professora de Química que teve no Liceu José Estêvão, em Aveiro, cidade onde viveu dos 10 aos 24 anos, despertou-lhe um gosto especial pela Química.

A viver em Aveiro, a opção pela UA era a mais prática e hoje, Luís Malpique está convencido de que foi também a mais acertada. “O curso tinha uma forte componente prática, os professores eram bastante empenhados. Não posso deixar de destacar os do meu Departamento, Professores Júlio Pedrosa, Ivonne Delgadillo e Armando Duarte, o grupo de colegas que não esqueço, apesar de apenas manter alguns contactos esporádicos com o Carlos Neto que ficou na UA. As condições de trabalho eram boas já numa altura em que o actual edifício do Departamento de Química estava longe de ser uma realidade.”

Recém-licenciado e recém-casado com a também licenciada pela UA, Ana Paula Canha, decidiu rumar ao Alentejo. “A Paula ia com a missão de reconverter uma antiga salina do seu pai, numa unidade Aquícola. Eu ia fazer um estágio em métodos de análise de qualidade de produtos acabados, na Petrogal, refinaria de Sines.”

O tipo de trabalho e o facto de não gostar de se sentir fechado numa refinaria levaram Luís Malpique a aliar-se à mulher na aquacultura e a dar aulas de Físico-Química. Numa primeira fase,

Luís Malpique, 43 anos, licenciou-se em Química na

Universidade de Aveiro, em 1987. Entre as aulas de

Físico-Química que deu durante sete anos e uma

pós-graduação em Gestão que tirou na Católica,

dedicou-se à reconversão de uma antiga salina numa

unidade aquícola e encetou um conjunto de projectos

que o conduziram à Administração do Grupo Vilanova

– uma referência indispensável da Aquacultura em

Portugal, com uma capacidade de produção anual

instalada de aproximadamente 600 toneladas de

peixe fresco e 10.000.000 de Alevins de Robalo e

Dourada, com marca registada desde 2002.

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maio ‘06Linhas 22 2322 carreiras bem sucedidas

reconverteram a salina num viveiro extensivo – o Viveiro Vila Nova – e começaram a desenvolver conhecimentos na área. Em Portugal pouco se sabia do assunto e Luís Malpique e Ana Paula acabaram por fazer parte de um pequeno grupo de pioneiros. “Visitámos várias unidades fora do país, discutimos muito com o IPIMAR e outras entidades. Em 1990 começamos a fazer novos projectos para o Viveiro Vila Nova. Foi uma das fases mais árduas, já que a aprovação de qualquer projecto na área da Aquacultura depende de uma comissão em que intervêm sete entidades emitindo todas elas um parecer vinculativo”.

O imenso trabalho desenvolvido e uma boa dose de persistência levaram, contudo, a melhor. Pouco a pouco, o Viveiro Vila Nova passava de uma unidade para crescimento de peixes em regime extensivo com maneio artesanal, para uma das mais completas instalações a operar no sector da piscicultura, correspondendo ao desenvolvimento da tecnologia e às solicitações do mercado de peixe fresco.

“Durante os primeiros tempos, a par da actividade que desenvolvíamos no viveiro, a Paula dava aulas de Biologia e eu de Físico-Química. A determinada altura já não consegui conciliar as duas actividades e deixei as aulas para me dedicar exclusivamente ao Viveiro Vila Nova. A Paula, pelo contrário, apanhou um gosto tal pelo ensino, que foi abandonando a aquacultura”.

Os projectos foram surgindo um atrás do outro. Em 1992, o Viveiro de Vila Nova transformou-se numa unidade semi-intensiva e hoje é capaz de produzir aproximadamente 250 toneladas de robalo por ciclo (um ciclo de produção dura cerca de 18 meses). Em 95, com o Viveiro do Roncanito, Luís Malpique avançou para uma nova unidade semi-intensiva que produz

agora cerca de 170 toneladas de Robalo por ciclo. No mesmo ano, a empresa iniciou a construção da Estação de Reprodução do Viveiro Vila Nova – um edifício que hoje tem cerca de 1.400 m2 – situado na foz do Rio Mira, que envolve tecnologia de ponta e é neste momento considerada uma das Estações de Reprodução de peixes marinhos mais avançadas, em termos tecnológicos, da Europa. “Aqui está instalada uma Estação de Reprodução capaz de produzir 10.000.000 de Alevins de Robalo e Dourada/ano. Destes, 2.000.000 são utilizados nos repovoamentos das unidades de crescimento do Grupo Vilanova, sendo os restantes vendidos a outras unidades de crescimento em Portugal, Espanha e Itália”.

Em 1997 ficou concluída a construção da unidade de pré-crescimento, equipada com 36 tanques de fibra de vidro, para fazer a transição entre a Estação de Reprodução, de ambiente altamente controlado, e os tanques de crescimento, em ambiente natural. E, em 1999, avançou para a recuperação da Aquacultura Vale D. Sancho, localizada na foz da Ribeira de Aljezur, e Ilha do Poço, situada na Ria de Aveiro, em frente à boca da Barra.

Com o progressivo desenvolvimento, a Estação de Reprodução cresceu um pouco mais, atingindo a área actual de 1.400 m2, com a construção da unidade de alevinagem, que é a zona de transição entre a maternidade (alevins até 45 dias de idade) e a unidade de pré-crescimento (alevins a partir de 100 dias de idade).

Em 2002, entrou em funcionamento a Unidade de Embalagem do Viveiro Vila Nova, um edifício com cerca de 300 m2, onde funciona a sala de embalagem das unidades de crescimento do Sul. Aqui faz-se a selecção, calibração e embalagem do Robalo para posterior distribuição pelo país”, explica Luís Malpique,

acrescentando que no mesmo ano conseguiram ainda criar, registar e lançar a marca “Vilanova”, usada em todos os seus produtos (alevins e peixe de 400 g para consumo).

Além do Viveiro Vila Nova estar envolvido em vários projectos de I&D a nível Europeu (Projectos CRAFT), as várias unidades do grupo são responsáveis pela produção de aproximadamente 600 toneladas de peixe fresco/ano e 10.000.000 de Alevins/ano, contribuindo de forma efectiva para o desenvolvimento regional e empregando a tempo inteiro cerca de 60 colaboradores, onde se incluem 10 técnicos superiores e jovens com o ensino secundário a quem a empresa proporciona formação específica.

Defendendo que a chave para o seu sucesso se resume a trabalho, persistência, originalidade, inovação, qualidade e, obviamente, à sua equipa de colaboradores, Luís Malpique descreve o seu dia-a-dia como uma corrida contra o tempo. “Tanto estou em Vila Nova de Milfontes, como em Aljezur, Aveiro, Lisboa, Espanha, Itália etc…

Trabalho cerca de 12 horas por dia e mesmo assim o tempo não chega… Faço de tudo e tenho o hábito de ser eu a liderar todos os projectos numa fase inicial para só depois os passar para as respectivas chefias”.

Apesar de não ter mãos a medir sente-se perfeitamente realizado e a sua prioridade é agora consolidar o Grupo Vilanova. “Depois de toda a fase de grandes investimentos é necessário consolidar o Grupo, continuando, no entanto, na busca contínua da inovação, da melhoria da qualidade e da diferenciação”.

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maio ‘06Linhas 24 2524

na liderança de uma bem cimentada OP(C)A ao sucesso

André Riscado licenciou-se

em Engenharia e Gestão

Industrial na Universidade de

Aveiro, em 1996.

Foi de Coimbra que chegou à UA para estudar na única universidade que então ministrava o curso de Engenharia e Gestão Industrial. No liceu, a sua disciplina preferida era a física e a engenharia sempre lhe despertou interesse.

André Riscado

Dois anos depois frequentou

o Mestrado de Transportes,

no Instituto Superior Técnico;

em 2001 concluiu o Programa

Avançado de Gestão para

Executivos, na Universidade

Católica, em Lisboa, e mais

recentemente tirou uma

pós-graduação em Gestão e

Finanças Imobiliária, no ISCTE.

Hoje, com 33 anos, é Director

das áreas de Desenvolvimento

de Negócios e Marketing

& Comunicação da OPCA,

membro do Conselho Geral

da VORTAL e Administrador

da EASTELCO CC.

Chegou a pensar seguir física tecnológica, mas nos anos que antecederam a entrada para a Universidade começou a interessar-se pela gestão. Com o gosto pela engenharia sempre presente, acabou por descobrir o curso de Engenharia e Gestão Industrial e conciliar as duas temáticas.

“Na UA encontrei um extraordinário ambiente académico, envolvi-me na política associativa, no rugby, fiz grandes amizades, tive excelentes professores e encontrei um campus que me marcou pelas facilidades de acesso à Internet que já na altura facultava. Continuo a pensar que é uma universidade com uma forte ligação às empresas, que permite que os cursos sejam desenhados à medida das necessidades reais da indústria. Além disso, oferece interessantes programas de mestrado e doutoramento. Sempre que tenho oportunidade, aconselho-a porque, definitivamente, considero-a a melhor universidade portuguesa.”.

A carreira profissional de André Riscado teve início antes mesmo de ter concluído o curso. No 4º ano, os alunos de EGI fazem estágio e no 5º desenvolvem um

projecto numa empresa. “Tive a sorte e o privilégio de fazer estágio na fábrica da Renault, em Cacia, e o projecto na fábrica de autocarros da Salvador Caetano, em Vila Nova de Gaia.”, recorda, adiantando que este primeiro contacto com o mundo empresarial que

o curso permite é talvez a sua grande mais-valia, e o motivo por que os licenciados em EGI pela UA não encontram qualquer dificuldade em entrar no mercado de trabalho. “Foram duas experiências que se vieram a revelar fundamentais para o percurso que viria a seguir”.

Concluída a licenciatura, em 96, André Riscado conseguiu logo um lugar numa pequena fábrica de construção de moldes para a indústria da injecção de plásticos, em Aveiro. Ali começou como estagiário mas rapidamente lhe atribuíram a responsabilidade de gestão da fábrica. “Esta experiência teve a virtude de me permitir contactar com a realidade da grande maioria das PME em Portugal e com um trabalho de grande exigência pessoal – começava a trabalhar às 8 da manhã e acabava à hora que fosse necessário. Foi também aqui que tive o primeiro contacto real com um ambiente de concorrência e com a preocupação dos prazos de entrega”.

Pouco tempo depois, um convite irrecusável por parte do Grupo de construção Somague levou-o a integrar uma equipa multidisciplinar a quem competia preparar complexas propostas

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para construção e exploração de auto-estradas, através de recurso a project finance – uma técnica de financiamento totalmente nova na altura. Nessa equipa, André Riscado começou por ser responsável pela área administrativa mas, progressivamente, foi assumindo outras áreas, como a exploração e o financiamento. “Na Somague mantive-me sempre ligado à área das concessões, que entretanto se autonomizou numa empresa – Somague Concessões. Aquando da entrega da concessão da auto-estrada do Oeste à Somague, acumulei as minhas tarefas com o start-up de uma nova empresa criada para explorar a auto-estrada. Foi assim que surgiu o meu envolvimento profissional na Auto-estradas do Atlântico, onde estive envolvido desde a criação da empresa até ao início da exploração da auto-estrada, assumindo a função de assessor da administração e responsável pelas áreas de sistemas de informação”.

Ainda na Somague, André Riscado foi também responsável pelo start-up da empresa Via Litoral, na Madeira, no âmbito do concurso de concessão vencido pela Somague. “Este foi o período de maior desenvolvimento pessoal graças à experiência adquirida em várias áreas, principalmente na gestão e financiamento de grandes projectos, no start-up de empresas, e nas tecnologias e sistemas de informação. Tive oportunidade de trabalhar numa empresa de grande dimensão, que me permitiu contactar com uma cultura muito forte e modelos de gestão muito modernos, principalmente no universo do sector da construção português. Não posso também deixar de referir, como mais-valia para a minha carreira futura, o facto de ter tido como referência, o Dr. Diogo Vaz Guedes”.

O convite para integrar a OPCA – Obras Públicas e Cimento Armado, S.A. – uma empresa que actua no sector da engenharia, construção civil e obras

públicas desde 1932 – surgiu-lhe em Janeiro de 2002 pelo Dr Filipe Soares Franco, e foi a admiração que tem por este líder e por desafios que o levou a aceitar. O objectivo era recuperar a empresa que tinha passado por uma fase bastante negativa. “Entrei com a função de gestão de Projectos Especiais onde se integravam todos os dossiers fora da construção normal, como por exemplo concessões e montagem de negócios. Paralelamente, tive oportunidade de participar activamente no desenho e no processo de reestruturação da empresa, com a implementação de um novo modelo de negócio que passou pela reorganização orgânica da empresa, a implementação de novos processos de negócio e a implementação de novos e modernos sistemas de informação, que permitiram que a OPCA seja hoje uma empresa de referência nestas matérias”.

Consequência desta missão, André Riscado passou também a ser responsável pela área de sistemas de informação e, fruto desse processo de reestruturação, identificou a importância estratégia de uma área de marketing e comunicação. “Criei de raiz esta área dentro da empresa, que actualmente é assumida como fundamental e é responsável por assegurar a projecção da imagem OPCA, bem como por promover o potencial de negócios para a empresa.”

Com a conclusão do processo de reestruturação, a área de Projectos Especiais, transformou-se na Área de Desenvolvimento de Negócios da qual é agora director e responsável pelas áreas de Vendas (prospecção e identificação de oportunidades, montagem das soluções comerciais adequadas e gestão da relação com os clientes); promoção imobiliária (desenvolvimento de projectos imobiliários próprios); e concessões (gestão da participação da OPCA nos concursos de concessões de auto-estradas, hospitais, prisões, alta velocidade, novo aeroporto de Lisboa, entre outros). A área de Desenvolvimento de Negócios tem

ainda um departamento de Research e Análise, que apoia a vertente comercial da empresa e estuda montagens de negócios e oportunidades fora do âmbito da construção, como sejam por exemplo fusões e aquisições.

A par destas funções que desempenha na OPCA e, por indicação da empresa, é igualmente membro do Conselho Geral da VORTAL (uma empresa de comércio electrónico Business-to-Business, que criou e gere o portal de compras do sector da construção www.econstroi.com) e administrador da EASTELCO CC (uma empresa de promoção imobiliária que lançou e construiu o empreendimento de escritórios Webteleport localizado no centro tecnológico Taguspark).

Fruto desta diversidade de responsabilidades, é a obrigatoriedade de mudar várias vezes de sintonia o que porventura constitui a sua maior exigência no dia-a-dia. “Normalmente ocupo uma parte do dia com cada uma das responsabilidades, embora a área de Desenvolvimento de Negócios, até pelo reflexo importante e directo que tem no futuro da actividade da empresa, seja aquela à qual dedico mais tempo”. André Riscado, que habitualmente está na empresa entre as 9h00 e 20h00, vê-se por vezes ainda forçado a ler um dossier de trabalho antes de dormir, mas não dispensa uma corrida logo às 06h30 da manhã, duas vezes por semana.

Muito satisfeito com os projectos e iniciativas que até agora desenvolveu, entende que a chave para o sucesso reside “na actualização permanente de conhecimentos”, no “leque alargado de competências” e nas “capacidades multidisciplinares e polivalentes” das pessoas. Com um conjunto de ideias que ainda gostaria de vir a implementar, entre as quais o desenvolvimento de um projecto inovador na área da promoção imobiliária, André Riscado não esconde o gozo que lhe daria uma experiência internacional, em Espanha ou no Brasil.

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Atleta federada, Susana Anacleto não esconde que foram as condições para a prática de atletismo que a cidade de Aveiro oferecia, que a levaram a sair de Loulé, onde então vivia, para estudar na Universidade de Aveiro. A escolha do curso não estava bem definida e por isso mesmo o importante era entrar. “Na altura levava muito a sério a modalidade e escolhi Planeamento Regional e Urbano, pensado que poderia depois mudar de curso. Mas a vida dá muitas voltas e logo no primeiro semestre fiquei apaixonada pelo curso, por culpa de alguns professores. Hoje acredito que optei pela formação que me faz sentir perfeitamente realizada”.

Na altura, a UA era frequentada por cerca de três mil alunos. Susana Anacleto recorda-se de ter tido aulas no edifício mais antigo e de muitas vezes ter estado à chuva na fila para a cantina que funcionava num espaço minúsculo. “Quando saí, a UA tinha uma cantina fabulosa com uma paisagem estupenda, um departamento novo e fabuloso, uma pista de atletismo… até uma creche! Tenho orgulho de ter feito parte da casa UA”.

planear para bem do algarve

Em 1993, Susana Anacleto, hoje com 37 anos, licenciou-se

em Planeamento Regional e Urbano na Universidade de

Aveiro. Empreendedora convicta, começou logo a trabalhar

por contra própria. Aos poucos foi-se especializando em

Planeamento Estratégico e em questões relacionadas

com a tomada de decisões políticas. Pelo meio, tirou um

mestrado em Geografia e Gestão do Território e Planeamento

Regional, na Universidade Nova de Lisboa. Concentrou-se na

área imobiliária-urbanística, lançou a empresa Urbigenesis

– Planeamento, Ambiente e Comunicação, Lda., e

tornou-se consultora urbanística de grupos económicos

ligados à promoção turística, viabilizando e promovendo

projectos urbanísticos principalmente na região do Algarve.

Paralelamente dá aulas aos cursos de arquitectura, em

Portimão e em Lisboa.

Susana Anacleto

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Ainda a estudar, Susana apercebeu-se que o curso que frequentava obrigava a uma grande capacidade de interdisciplinariedade e a alguns golpes de rins. Conhecer as políticas, estratégias e um conjunto de outros factores tornavam-se essenciais para a sua aprendizagem. Nada melhor que os aprender através de muita actividade extra-curricular. Envolveu-se então na Associação de Estudantes, participou em congressos e seminários e desenvolveu alguns trabalhos profissionais ligados à formação que ia adquirindo.

Assim que terminou o curso, percebeu que não tinha feitio para estar à espera que alguém a chamasse para integrar o mercado de trabalho. “Meti mãos à obra e comecei a trabalhar por conta própria, até conseguir lançar a minha própria empresa – a Urbigenesis – Planeamento, Ambiente e Comunicação, Lda.”

Com o passar dos anos e o envolvimento em diferentes áreas de intervenção, Susana Anacleto especializou-se em planeamento estratégico e em questões ligadas à tomada de decisão política. “Virei-me para a área imobiliária-urbanística tornando-me consultora urbanística de alguns grupos económicos (promotores turísticos), cabendo-me essencialmente viabilizar e promover projectos urbanísticos, principalmente turísticos e, na sua maioria, na região do Algarve. Felizmente, e como algarvia convicta, tenho o privilégio de trabalhar em projectos urbanísticos em que acredito e que, estou convencida, beneficiam e desenvolvem o Algarve”.

Defendendo que o papel de planeadora de território implica a mediação de conflitos decorrentes de qualquer processo de mudança/desenvolvimento, Susana Anacleto sempre levou muito a sério o papel de mediadora de interesses e nunca deixa de se certificar que a implementação

de determinados projectos asseguram mais-valias para todas as partes envolvidas.

A Sócia-gerente da Urbigenesis divide a semana de trabalho entre o Algarve – onde está localizada a sede da empresa e 90% dos projectos, e Lisboa – onde a empresa tem uma filial e funciona toda a estrutura logística e humana. Por outro lado, Susana Anacleto dá também aulas aos alunos dos 2º e 3º anos do curso de Arquitectura, em Portimão e aos alunos do 2º ano de Arquitectura de Lisboa. Por entre esta correria Algarve-Lisboa, Susana ainda se desloca frequentemente a Angola e Cabo-Verde. “Não o faço por motivos de lazer, mas por motivos profissionais – estou a implementar, gerir e coordenar alguns projectos urbanísticos –, humanitários – faço campanhas de angariação de donativos para crianças desfavorecidas (roupa, livros escolares e brinquedos) –, e ainda por motivos políticos, uma vez que dou apoio nalgumas campanhas, designadamente a escrever estratégias de desenvolvimento.”

Um dos projectos que está a desenvolver em África, mais precisamente em Angola e Cabo-Verde denomina-se “Uma família, uma casa”. “O principal objectivo é desenvolver um projecto urbanístico que permita a construção de casas (loteamento em comunidade) a custos muito baixos, acessíveis a todos, e que seja auto-suficiente. Este programa será apoiado pelo Banco de Desenvolvimento Social do Brasil, visto que a tecnologia foi importada do Brasil.”

Consciente de que o mundo do planeamento do território não é fácil, “…é ainda uma área ambígua e concorrencial com os engenheiros e arquitectos da nossa praça”, Susana Anacleto faz o que gosta e sente-se bastante realizada. Contudo, admite ter ainda um longo caminho a

percorrer. Entre os seus projectos mais imediatos está a vontade de manter a sua empresa a funcionar, “até porque tanto eu como os meus colaboradores dependem dela e todos merecem o meu total empenho”.

Susana Anacleto conclui que a sua vida profissional se deve ao curso que tirou na Universidade de Aveiro. “Forneceu-me as pedras da calçada para o caminho que construí. Quando digo que me formei na UA ganho mais respeito dos outros. Não tenho dúvidas de que é uma instituição de referência e um orgulho para o ensino português. Confio no ensino que ministram e estou até a incentivar a minha afilhada, que está a acabar o 12º ano, a optar pela Universidade de Aveiro”.

carreiras bem sucedidas

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Logo que se apercebeu que vir a ser médica veterinária ou pediatra não passava de um sonho de criança, Isabel de Almeida Vervaeck não hesitou em prosseguir aquele por que logo se apaixonou no liceu: o ensino e a hipótese de vir a traduzir para inglês as obras de Camilo Castelo Branco. “Queria presentear a língua inglesa com o génio, humor e loucura de Camilo. Ainda não o fiz, por ter resolvido pôr reticências à minha vida académica e concentrar-me na pessoal e profissional, mas voltar a Camilo é uma promessa”.

Sendo de Aveiro, a opção pela licenciatura em Ensino de Português e Inglês, na Universidade que a mãe tinha também frequentado, era óbvia. “Na UA tive muito bons professores: uns de um conhecimento fenomenal; outros de uma capacidade incrível de despertar em mim curiosidade e sede de conhecimento. Foi na UA que vivi os primeiros anos da minha vida adulta, que aprendi a confiar nos meus instintos, a tomar decisões na hora certa e a correr riscos quando o certo era o mais seguro. Hoje, sempre que visito Aveiro e a Universidade,

Isabel de Almeida Vervaeck, 34 anos, licenciou-se

em 1995, na Universidade de Aveiro, em Ensino de

Português e Inglês. O 4º ano do curso fê-lo em Exeter,

Inglaterra, ao abrigo do Programa Erasmus, e lá voltou

depois para tirar o Mestrado em Linguística Aplicada.

Chegou a avançar para Doutoramento em Tradução, na

Universidade de Sheffield, também em Inglaterra, mas ao

fim de cinco anos, a sua vida pessoal e profissional falou

mais alto. Depois de 10 anos a leccionar português e

inglês em Inglaterra e na Bélgica – onde vive actualmente

– Isabel está agora a gozar um ano de sabática.

O regresso a Portugal para lançar uma empresa que

promete vir a revolucionar o mundo ludo-pedagógico em

Aveiro, está já anunciado para o final deste Verão.

Isabel Almeida

dez anos a ensinar português e inglês no estrangeiro

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perco-me na imensidão que está a atingir. Pergunto sempre: Que departamento novo é que têm este ano?”

Ainda durante o curso, Isabel foi fazer o 4º ano à Universidade de Exeter, em Inglaterra, ao abrigo do programa Erasmus. “Lá cheguei carregada de bagagem e expectativa. Chorei durante os primeiros dois dias com o choque de ter de enfrentar a vida sozinha. Ao terceiro, decidi que todos os riscos que iria enfrentar na vida me poderiam derrotar ou tornar-me mais forte. Tenho sempre optado por lutar por aquilo em que acredito e nunca mais voltei atrás”.

Depois de no estágio pedagógico – parte integrante do curso da UA – ter experimentado o ensino e, por isso, ter visto uma das suas paixões tornar-se realidade, Isabel voltou a Exeter para tirar o Mestrado em Linguística Aplicada. Dois anos depois aceitou a posição de Leitora do Instituto Camões, em Manchester, e mudou-se para Lancaster, uma cidade pequena a uma hora do local de trabalho. “Um ano mais tarde, fui viver para Gorton, subúrbio delapidado e triste de Manchester, mas ansiava pela felicidade de uma cidade linda e limpa do sul de Inglaterra… Acabei por regressar a Manchester. Quando casei continuei, durante dois anos, a morar de Domingo a Quarta, em Manchester, por motivos profissionais, e a visitar a nossa casa em Romsey (500 Km a sul), de Quinta a Sábado.

Esta distância, que Isabel não recomenda a ninguém, levou o casal a decidir atravessar o canal e ir viver para a Bélgica, de onde o marido é natural. “Aqui tivemos a nossa primeira filha, a Emma, e aqui aguardamos o nascimento do nosso segundo bebé, no final do próximo Verão. Nessa altura regressaremos a Portugal para avançar com um novo projecto profissional.”. Diz Isabel que, juntamente com a sua irmã Ana, vai

formar uma empresa que acredita irá revolucionar o mundo ludo-pedagógico em Aveiro. “Acreditamos que o mundo do ensino não se circunscreve às escolas. A intervenção pedagógica fora das horas dos infantários, das escolas e também do mundo do trabalho é essencial para a manutenção e desenvolvimento das famosas células cinzentas. Dos mais novos aos mais maduros, todos precisamos de nos libertar deste mundo de entretenimento de usar e deitar fora e preencher as nossas horas de lazer com actividades lúdicas, saudáveis e divertidas”.

Até agora conseguiu realizar tudo o que quis. Por isso, Isabel não tem dúvidas: “Sempre sofri de um mal sortudo – ser a pessoa indicada, no local indicado, à hora indicada. Em todos os países onde tenho trabalhado e vivido, tenho sido a única profissional com as habilitações certas para o cargo certo: curso de ensino em Português-Inglês, especialidade nas áreas da tradução e linguística, pesquisa de dificuldades de aprendizagem e, finalmente, um amor pela aprendizagem das línguas.”.

De facto, desde que terminou o curso na Universidade de Aveiro, Isabel não tem tido mãos a medir. Começou por ensinar Português – através de computador e vídeo (Remote Language Teaching) – a alunas do King’s College, em Londres; ensinou Português como Língua Estrangeira a alunos de várias idades no Foreign Language Centre, na Universidade de Exeter; e também Língua e Literatura Portuguesas, no Exeter Tutorial College, em Exeter.

Foi leitora do Instituto Camões nas Universidades de Manchester e de Salford; consultora de Língua Portuguesa para a composição de CD-Roms para o Ensino da Língua Portuguesa como Língua Estrangeira; ensinou Inglês e Português no Centro de Línguas de Louvain-La-Neuve e

de Bruxelas, e foi responsável por variadas acções de formação sobre Dislexia, Dispraxia e Ensino Especial, incluindo uma conferência em Hamburgo, Alemanha, sobre Ensino Especial.

De 2002 para cá, ensinou inglês na Antwerp British School; deu aulas de Inglês Língua Estrangeira e aulas de apoio, na escola Brussels English Primary School, de Bruxelas e foi responsável pela secção de Inglês Língua Estrangeira do Super Summer (actividades de férias) da British School of Brussels. Entre estes cargos, Isabel chegou também a frequentar cinco anos de Doutoramento em Tradução da Universidade de Sheffield, Inglaterra, e ainda teve oportunidade de ensinar Arraiolos, em Antuérpia. “Nunca tantos colegas de escola e pais de alunos se interessaram pela cultura tradicional portuguesa de forma mais genuína e duradoura”, comenta.

Agora, e apesar de estar a gozar um ano de sabática para se concentrar nos novos projectos que a irão trazer de volta a Portugal, Isabel não deixa de ter um dia-a-dia agitado. “Sempre que falta um professor, substituo-o nas Escolas Europeias de Bruxelas (secções Inglesa e Portuguesa). O dia decorre por entre crianças de centenas de nacionalidades e línguas. Quando termina o papel de professora começa o de mãe, esposa e empresária. Por volta das 22h00 dou conta de que as minhas células cinzentas pedem o seu merecido descanso. Mas, nem mesmo a sonhar, consigo descansar a 100%. A partir da primeira noite em que sonhei em Holandês, comecei a funcionar regularmente em termos trilingues”.

carreiras bem sucedidas

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Chegou de Coimbra, onde desde cedo frequentava o Conservatório, para estudar Música na Universidade de Aveiro. Desde criança habituada ao som de fundo de música clássica de casa dos pais e às aulas particulares com professores de música que ambos faziam questão que frequentasse, Carla acabou um dia por assistir a uma masterclass do agora docente da UA, António Salgado. Logo depois começou a ter aulas particulares com ele. Daí à entrada na Universidade de Aveiro para frequentar Ensino de Música foram dois passos.

“Quando decidi dedicar-me por completo à música achei que o curso da UA reunia as melhores condições em termos de currículo académico. Além disso, o professor de canto, com quem eu então queria estudar, leccionava nessa mesma instituição.”

A história de sucesso de Carla Caramujo, 27 anos, passou

pela Universidade de Aveiro. Aqui concluiu os três primeiros

anos da licenciatura em Ensino de Música, mas a participação

numa masterclass, no Reino Unido, com os mais reputados

professores de canto da Europa ditaram a sua entrada na

Guildhall School of Music & Drama, uma das melhores escolas

de música e teatro do mundo. A viver em Glasgow, integra

actualmente o elenco de cantores da Alexander Gibson School

(Estúdio de Ópera) da Royal Scottisch Academy of Music and

Drama e, como cantora free-lancer, convites por parte de

agências não lhe têm faltado.

Carla Caramujo

a soprano que faz sucesso lá fora

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maio ‘06Linhas 30 3130

A reviravolta na sua vida deu-se ao fim de três anos, quando aceitou o convite para fazer uma audição para entrar na Guildhall School of Music and Drama (GSMD), em Londres. “A GSMD tem a reputação de ser uma das melhores escolas de música e de teatro do mundo. A audição levou-me a obter não só o lugar, como também uma bolsa de estudos, atribuída pela própria escola. Este novo curso reunia uma grande diversidade de disciplinas muito orientadas especificamente para o canto. Era uma oportunidade que não podia desperdiçar”.

Carla Caramujo entrou directamente para o terceiro ano da licenciatura e no ano lectivo 2002/2003 era Bachelor of Music, pela Guildhall School of Music and Drama da City University, Londres. Foi na mesma escola que completou um Pos Diploma in Vocal Training e um Master in Music, ambos com distinction – a nota mais elevada. O seu percurso académico terminou com um Master in Opera, pela Royal Scottish Academy of Music and Drama (RSAMD) da Glasgow University, também com distinction.

“Depois de deixar a GSMD fiz audição para um Mestrado em ópera na Royal Scottish Academy of Music and Drama que me permitia fazer dois anos de um curso de ópera, que, no Reino Unido é considerado como estúdio de ópera, e que me permitiu estar permanentemente em palco a trabalhar com maestros e encenadores”, recorda Carla Caramujo que ao fim de seis meses em Londres fez uma audição para um papel na Flauta Mágica, de Mozart, numa co-produção do Festival de Ópera de Glyndebourne, e foi “ Rainha da Noite”.

“A UA contribuiu para o início do meu percurso profissional e para a afirmação da minha convicção profissional. Ajudou-me a desenvolver a capacidade de perseverança e luta contra os obstáculos e dificuldades de uma carreira artística, sobretudo em Portugal. Considero-a uma universidade dinâmica, que aposta na parte prática das profissões, sendo por isso uma das melhores do país em termos de preparação dos alunos para o mundo do trabalho. O Departamento de Comunicação e Arte ainda é um Departamento bebé, tal como Portugal ainda é um país embrionário no meio da música dita erudita. No entanto, considero que têm sido feitos muitos esforços no sentido de melhorar e adaptar os cursos de música.”

A soprano, que tem por ídolo Edita Gruberova, não esconde que a sensação de subir ao palco é maravilhosa. “Temos o poder de fazer a plateia chorar, ir-se embora ou vaiar-nos. É uma sensação de expansão da alma”Apesar de considerar estar ainda a dar os primeiros passos na sua carreira profissional, não tem dúvidas em afirmar que lhe está tudo a correr muito bem. Já ganhou alguns prémios internacionais, entre eles, o prestigiado Croydon Symphony Orchestra Soloist Award 2001 e o Concurso Nacional Luísa Todi (1º prémio ex aequo). Recentemente recebeu os prémios Chevron Excellence Award 2005, Dewar Award 2005 e o 1º prémio no Musikförderpreis der Hans-Sachs-Loge 2006, em Nuremberga.

Admitindo sentir-se bastante realizada, Carla Caramujo integra agora o elenco de cantores da Alexander Gibson School (Estúdio de Ópera) da Royal Scottisch Academy of Music and Drama e, à semelhança dos cantores líricos, é cantora free-lancer. “Estou a ser cada vez mais contactada por agências de artistas e todos os maestros e encenadores com quem tenho trabalhado me têm oferecido outros contratos”.

A cantora, que em Outubro de 2005 se apresentou em Aveiro nos Festivais de Outono, conta estar brevemente presente em festivais internacionais de música na Europa, Ukrania e América do Sul e em produções operáticas em França, Portugal e Reino Unido.

Com passos firmes a caminho da fama internacional, recorda a sua passagem pela Universidade de Aveiro com saudade… de colegas e de alguns professores, que prefere não nomear para não ser injusta.

carreiras bem sucedidas

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Lá vai o tempo em que

gordura era sinónimo de

formosura. Agora o ditado

é outro e ser magro é que

está na moda. Mas, o

que se alterou em termos

psicológicos e fisiológicos?

projecto bio-dreamsua substitui réguas dos psicólogos por

inovador modelo computacional 32O que origina as

perturbações alimentares?

Para dar respostas a estas

questões, a Universidade

de Aveiro, em parceria com

a Universidade do Minho,

desenvolveu um modelo

computacional, o Bio-Dreams,

que vem substituir as

réguas dos psicólogos na

análise dos sintomas destas

patologias, entre as quais

as conhecidas Anorexia e

Bulimia.

Linhas maio ‘06

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O desaparecimento do espartilho, o aparecimento das “Top models”, das actrizes com curvas sinuosas e a valorização, cada vez mais acentuada, da carreira profissional na classe feminina originaram diversas alterações nos estilos de vida e nos hábitos alimentares. Estas mudanças acarretaram fobias e perturbações alimentares, que assolam sociedades industrializadas e desenvolvidas, sendo sobretudo, os adolescentes e os jovens adultos as suas vítimas.

Mas de que forma o desenvolvimento mental, desde a infância até à idade adulta, influencia os comportamentos de quem sofre dessas patologias? Quando e o que é que origina essa obsessão pela perfeição do corpo? O que origina esse impulso incontrolável de ser tão magra como os modelos?

Essa busca obsessiva pelos 86-60-86 das passereles tem várias formas de se manifestar. As perturbações alimentares mais tradicionais são a Anorexia e a Bulimia nervosas. Para tentar perceber se existe alguma relação entre o percurso de desenvolvimento mental das bulímicas e das anorécticas, a Universidade de Aveiro desenvolveu uma inovadora tecnologia que tem vindo a revolucionar o trabalho dos psicólogos nesta área.

Aos cerca de 40 minutos, gravados em vídeo, de conversa entre o paciente e o psicólogo que permite obter toda a história do seu passado, aos valores do batimento cardíaco recolhidos através do electrocardiograma e às linhas do suor das mãos, o modelo computacional Bio-Dreams, desenvolvido pela Universidade de Aveiro, acrescenta a sincronização, como explica João Paulo Cunha, investigador responsável pelo projecto.

“Há uma tendência actual na Psicologia para trabalhar não só a narrativa das entrevistas mas também analisar, com recurso ao vídeo, a vertente comportamental. O nosso modelo permite ainda acrescentar a análise fisiológica sincronizada, que possibilita aos técnicos medir variáveis fisiológicas durante a entrevista e as suas diferentes partes que têm objectivos específicos do ponto de vista da avaliação psicológica”.

Nesta linha, Isabel Soares, coordenadora do projecto na Universidade do Minho, sublinha que “o BioDreams não só permite fazer uma avaliação mais rigorosa e integrada das variáveis psicológicas e biológicas, como possibilita também uma abordagem mais fina dos próprios processos psicológicos envolvidos, nomeadamente do discurso e das emoções”.

Como explicou John Klein, um dos investigadores da Universidade do Minho envolvido neste estudo, “no decorrer das entrevistas, são colocadas questões para averiguar que tipos de experiências é que esse paciente viveu ao longo da sua vida. Em função disso, vão emergir emoções e pensamentos, que vão sendo expressos não só por palavras como também através de sinais biológicos. Essas medições vão permitir verificar se existe uma coerência entre aquilo que a pessoa diz, as emoções que manifesta para o exterior e como é que as reacções corporais aí se enquadram. Ou seja, se existe uma coerência entre as emoções transmitidas e o batimento cardíaco”.

Para além do rigor e da eficiência, esta tecnologia veio revolucionar, também, o trabalho dos investigadores, na fase pós-entrevista, substituindo as réguas, nos consultórios de psicólogos e cardiologistas, nas cotações e na selecção dos episódios.

Como explicou João Paulo Cunha, “o computador permite-lhes automatizar, com a evidente supervisão humana, tudo aquilo que eles faziam com a régua e organizar todo o work-flow das avaliações psicológicas. Isso implica cotar a entrevista e os episódios. A nossa equipa automatizou esse procedimento que era feito em formato papel, possibilitando ainda colocar três pessoas a fazer a avaliação, apresentando um resultado final de acordo com os três. Além disso, possibilita a exportação destes dados para softwares terceiros de análise estatística”.

Neste momento, a equipa de investigação está a terminar a fase de desenvolvimento respeitante à recolha psicológica e à análise da amostra psicológica, mas a recepção às primeiras experiências realizadas com este modelo permitem antever bastante sucesso. Depois das ondas QRS do coração e das linhas do suor das mãos, rigorosamente sincronizadas, o próximo desafio será o electroencefalograma, uma ferramenta essencial para perceber o que está por detrás dos problemas da mente.

projecto biodreams

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Mais económica, mais

rápida, ambientalmente mais

limpa e com capacidade de

modelação de componentes

de formas complexas e de

maiores dimensões são as

projecto ecopam

tecnologia inovadora de processamento de materiais em estudo na ua

Linhas maio ‘06

34mais-valias que a nova técnica

de processamento de materiais

cerâmicos e metálicos, em

estudo na UA, permitir oferecer

ao mercado do processamento

e consolidação de materiais

avançados. Uma inovadora

tecnologia que o grupo de

investigação envolvido pretende

submeter ao Programa NEOTEC

e que, a médio prazo, colocará a

UA, uma vez mais, na senda do

empreendedorismo.

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maio ‘06Linhas 34 3534 projecto ecopam

A viabilidade da ideia de negócio está a ser estudada no âmbito do Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, promovido pelas Universidades de Aveiro, Coimbra e Beira Interior, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria do Centro. A sua realização visa o desenvolvimento de projectos de negócio e a criação de novas empresas de base tecnológica, a partir do conhecimento gerado nas Universidades da Região Centro.

Uma equipa de investigação liderada pelo Prof. José Maria da Fonte Ferreira, docente no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da UA, aceitou o desafio e, depois de alguns estudos prévios que atestaram a viabilidade do projecto, prepara-se para submeter, em breve, ao programa NEOTEC o projecto ECOPAM.

Como referiu o Prof. José Maria Ferreira, “o objectivo é explorar uma técnica inovadora de processamento de materiais cerâmicos ou metálicos a partir de suspensões capazes de consolidar por arrefecimento. As suspensões fluidas vazadas em moldes não porosos são transformadas em corpos rígidos sem remoção da fase líquida. Desta forma, o elevado grau de homogeneidade obtido nas suspensões é preservado nos corpos em verde, garantindo uma maior reprodutibilidade de propriedades, do grau de confiança e da qualidade final dos produtos”.

Dentro de dois anos, a Universidade de Aveiro irá ser responsável pela revolução que este projecto irá conferir à tradicional técnica de moldagem por injecção, transformando-a num processo mais económico, mais rápido, mais ecológico e com capacidade de moldagem de peças de maior dimensão.

“O teor de aditivos orgânicos a usar é uma ordem de grandeza inferior quando comparado com a moldagem por injecção tradicional. Trata-se assim de uma técnica ambientalmente limpa e capaz de conformar componentes de formas complexas e de grandes dimensões, para as quais as tecnologias actuais não têm resposta, abrindo novas fronteiras para o desenvolvimento tecnológico em vários domínios, incluindo as indústrias da aeronáutica e do espaço”. Uma nova perspectiva para os designers e engenheiros de materiais que terão, assim, maior liberdade em termos de concepção de formas e de volumes.

Equipamentos mais simples e condições de trabalho mais amenas quando comparadas com as utilizadas na moldagem por injecção tradicional é outra mais-valia que não passa despercebida nesta alternativa. Devido ao carácter fluído das suspensões à temperatura ambiente, o enchimento dos moldes será feito a pressões relativamente baixas e a consolidação das peças ocorrerá por arrefecimento numa gama estreita de temperaturas. As peças conformadas podem adquirir de novo o seu estado fluido se deixadas aquecer até à temperatura ambiente, o que permite inclusive reciclar directamente o material de alguma peça defeituosa.

As peças secas poderão ser colocadas directamente no forno de sinterização, eliminando a queima de ligantes, a etapa mais crítica de todo o processo de moldagem por injecção tradicional, uma vez que as peças moldadas tornam-se muito vulneráveis e susceptíveis à formação de defeitos, sendo o passo determinante e limitador da taxa de produção.

“Os custos de processamento decrescem cerca de 10 vezes e os tempos de resposta a solicitações do mercado passam a ser cerca de 10 vezes mais curtos”, especificou

o Professor, acrescentado que “a taxa de rejeição de peças ao longo do processo originada por defeitos introduzidos principalmente durante a etapa de queima dos ligantes decrescerá também de forma drástica”.

A ideia é, sem dúvida, inovadora e de reconhecida importância. O grupo de investigação liderado pelo coordenador deste projecto tem vindo a granjear reconhecimento a nível internacional pelos desenvolvimentos introduzidos na área do processamento e consolidação de materiais por técnicas amigas do ambiente.

Com a intenção de transformar o projecto numa futura spin-off da UA, a empresa poderá intervir na área da Medicina, na produção de articulações de implantes de anca e joelho, aeronáutica, indústria militar, nomeadamente narizes de mísseis, e noutras áreas que, eventualmente, necessitem de peças de grande dimensão e de maior espessura. O mercado é vasto. Empreender é, por isso, a palavra de ordem desta equipa.

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A UA voltou a ser notícia, recentemente,

pela qualidade da sua investigação e

do seu corpo docente. O Professor

João Pedro Oliveira viu o seu trabalho

reconhecido no Brasil e na República

Checa, o Professor José Maria Ferreira

foi distinguido pela Sociedade Chinesa

de Cerâmica e dois projectos de

investigação, em desenvolvimento no

Departamento de Química da UA, foram

contemplados com o Prémio Científico

APDF 2005 Celestino da Costa/Jean

Perrin atribuído pela Associação

Portuguesa de Doutorados em França.

Para além destes prémios, a excelência

da investigação que se produz na UA

investigação e corpo docente de qualidade mais uma vez reconhecida ua premiada em

várias frentes

Linhas maio ‘06

36 brevesfoi reconhecida, ainda, com a atribuição

do “Estímulo à Excelência 2005”, pela

Fundação para a Ciência e Tecnologia,

aos Prof. Doutores José Maria da Fonte

Ferreira, docente e investigador no

Departamento de Engenharia Cerâmica

e do Vidro, e Sergey Dorogovtsev,

Investigador Coordenador no

Departamento de Física, e do “Estímulo

à Investigação 2005”, pela Fundação

Calouste Gulbenkian, ao doutorando da

UA João Gama Oliveira.

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João Pedro Oliveira

O compositor e docente da Universidade de Aveiro, João Pedro Oliveira, viu, recentemente, mais duas das suas obras premiadas internacionalmente. Na República Checa obteve o primeiro Prémio no Concurso Internacional Musica Nova e, no Brasil, o segundo prémio no Concurso Internacional de Música Electroacústica de São Paulo.

Entre as 110 obras de 32 países a concurso, “A Escada Estreita”, para flauta e sons electroacústicos, do Prof. João Pedro Oliveira, mereceu o primeiro Prémio no Concurso Internacional Musica Nova, na República Checa, na categoria de obras para instrumento e sons electroacústicos. A obra foi escrita em 1999, através de uma encomenda da Universidade de Aveiro, com o apoio do Instituto das Artes.

No mesmo concurso, o prémio na categoria de obras de electroacústica pura (sem instrumentos) foi ganho pela Mestre Petra Bachratá, de nacionalidade eslovaca, residente em Portugal, e que se encontra a realizar um doutoramento em Música (composição e música electroacústica) no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. A obra vencedora, intitulada Nunataq, faz parte do seu projecto de doutoramento.

Também, no Brasil, a qualidade das obras do compositor e docente da UA, João Pedro Oliveira foi reconhecida. “Time Spell”, para clarinete e sons acústicos em seis canais, mereceu o segundo Prémio no Concurso Internacional de Música Electroacústica de São Paulo. Esta obra, escrita em 2003, através de uma encomenda do Institut de Musique Electroacustique de

breves

Bourges, estreou-se nesse mesmo ano em França. Ao ter sido premiada, entre as mais de 165 obras a concurso de todo o mundo, “Time Spell” vai poder ser editada em CD.

O Concurso Internacional de Música Electroacústica de São Paulo (CIMESP) realiza-se bienalmente, a cada ano ímpar, com ampla divulgação no Brasil e no resto do mundo. Na sua primeira edição, em 1995, dedicada a obras realizadas exclusivamente para tape solo, o CIMESP contou com 29 obras de 22 compositores de nove países. Logo na sua segunda edição, o CIMESP passou a fazer parte obrigatória do calendário internacional da comunidade electroacústica mundial, tornando-se o mais importante concurso do género nas Américas.

João Pedro Oliveira doutorou-se em Música na Universidade de New York, em Stony Brook. Presentemente é Professor Catedrático no Departamento de Comunicação e Arte na Universidade de Aveiro. Já recebeu diversos prémios e menções em concursos nacionais (1º Prémio no concurso Joly Braga Santos, 1º Prémio no concurso Lopes Graça) e internacionais (1º Prémio no concurso Alea III (USA), 1º Prémio no Concurso de Bourges (França), 1º Prémio no Concurso Earplay (USA), entre outros).

José Maria Ferreira

O Professor José Maria Ferreira, do Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da UA, foi agraciado com o prémio da Sociedade Chinesa de Cerâmica durante a “4th China International Conference on High-Performance Ceramics (CICC-4)”, que teve lugar em Chengdu, Sichuan Province, China, em Outubro.

O prémio, que prestigiou até agora apenas oito cientistas em todo o mundo, foi atribuído pelos contributos de José Maria Ferreira para as conferências CICC.

Os projectos “Desenvolvimento de Métodos Quimiométricos para a Análise de Sistemas Complexos” e “Estudo in vitro do efeito de antioxidantes naturais e de síntese derivados de bioflavonóides na lesão fototóxica induzida por alguns fármacos”, coordenados numa parceria luso-francesa pelos docentes do Departamento de Química da UA, António Barros, Artur Silva e José Cavaleiro, respectivamente, foram dois dos cinco projectos contemplados com o Prémio Científico APDF 2005 Celestino da Costa/Jean Perrin.

No âmbito das suas actividades, a Associação Portuguesa de Doutorados em França (APDF), financiada pela Embaixada de França, atribui anualmente um Prémio ao melhor projecto científico resultante da cooperação entre investigadores portugueses e franceses, no valor de 15 mil euros, sendo 7 mil e quinhentos euros para os parceiros portugueses e igual quantia para os parceiros franceses.

Foram avaliadas na atribuição da distinção, a qualidade e a efectividade da cooperação no âmbito do projecto, medidas pelas realizações conjuntas, em particular, pelos trabalhos publicados (livros, artigos em revistas científicas internacionais, dissertações de doutoramento em co-tutela), em 2004 e 2005.

O projecto “Desenvolvimento de Métodos Quimiométricos para a Análise de Sistemas Complexos” está a ser desenvolvido no âmbito da cooperação luso-francesa entre os Professores António Barros (Departamento de Química, Universidade de Aveiro) e D. N. Rutledge (Institut National Agronomique Paris-Grignon).

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Sergey Dorogovtsev

A excelência da investigação que se produz na UA é mais uma vez reconhecida, em Outubro, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao atribuir o “Estímulo à Excelência 2005” aos Prof. Doutores José Maria da Fonte Ferreira, docente e investigador no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, e Sergey Dorogovtsev, Investigador Coordenador no Departamento de Física.

Este Prémio, a que os investigadores se candidataram a título individual, vem reforçar o percurso de reconhecida qualidade que a Universidade de Aveiro tem vindo a trilhar ao nível da investigação, evidenciado pelos resultados das sucessivas avaliações externas e internacionais das Unidades de Investigação desta Universidade (75% das unidades estão classificadas com “Excelente” ou “Muito Bom”, um valor claramente acima da média nacional).

Sendo a investigação um vector essencial da missão da Universidade e revestindo-se de decisiva importância para o desenvolvimento da sociedade, a promoção da sua qualidade mantém-se como aposta estratégica da Universidade de Aveiro. A manutenção do nível de qualidade da investigação produzida na UA tem vindo a ser sustentada através da adopção de medidas organizacionais, financeiras e infraestruturais de apoio à investigação. Das substanciais apostas nesse sentido, podem referir-se, como exemplo, a concessão de bolsas de mestrado e doutoramento, a contratação de investigadores de especial mérito, o financiamento com verbas próprias de projectos de investigação nas áreas das ciências e tecnologias da saúde e a assinatura de contratos programa com as suas Unidades de Investigação. O “Estímulo à Excelência”

Este projecto desenvolveu-se no âmbito das actividades de investigação em Quimiometria do Grupo de Bioquímica e Química Alimentar da Unidade de Investigação de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-Alimentares do Departamento de Química da UA, em colaboração com o laboratório Ingéniere Analytique pour la Qualité des Aliments do Institut National Agronomique Paris-Grignon, França. Fruto deste projecto resultou a publicação de quatro artigos científicos.

A conjugação entre o estudo químico, bioquímico e biológico de sistemas cada vez mais complexos e a necessidade da utilização de equipamentos que adquirem uma maior gama de sinais, tem como consequência imediata a necessidade de aplicar novas abordagens na extracção de informação de sistemas de elevada complexidade. A utilização de novas ferramentas de análise de dados (Quimiometria) tem promovido um aumento assinalável no desenvolvimento de novos conhecimentos sobre sistemas biológicos e químicos.

No contexto deste projecto de colaboração foram desenvolvidos dois novos métodos de análise. O primeiro, definido como PLS_Cluster, é uma técnica de reconhecimento de padrões baseado numa abordagem auto-organizativa. Este método permite classificar amostras (sinais) bem como recuperar vectores de classificação com determinadas propriedades, bem definidas, que auxiliam numa melhor compreensão da razão das classificações obtidas. O segundo situa-se no campo da avaliação da robustez de modelos de previsão. O método, definido como PCT-PLS (Principal Component Transform – Partial Least Squares regression), permite acelerar o tempo de cálculo drasticamente e uma diminuição significativa da utilização de memória, quando comparada com as técnicas

clássicas. Este novo método, além de reduzir significativamente os recursos computacionais necessários aos cálculos de modelos de previsão, retém as mesmas propriedades das abordagens clássicas de calibração/previsão, nomeadamente os índices de robustez dos modelos obtidos. Devido a estes factores, a sua aplicação permite não só o estudo de grandes conjuntos de dados em tempo útil, como o aumento da complexidade dos sistemas em análise.

O projecto “Estudo in vitro do efeito de antioxidantes naturais e de síntese derivados de bioflavonóides na lesão fototóxica induzida por alguns fármacos” está a ser desenvolvido no âmbito da cooperação luso-francesa entre os Professores Artur Silva e José Cavaleiro (Departamento de Química da Universidade de Aveiro), R. Santus e P. Molière (Unidade INSERM U532 do Hôpital de Saint Louis em Paris) e Paulo Leal Filipe e Afonso Fernandes (Clínica Universitária de Dermatologia e do Centro de Metabolismo e Endocrinologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa).

Um dos temas de investigação dessa colaboração envolve o desenvolvimento de novos compostos polifenólicos com potencial actividade antioxidante. Estes novos compostos sintetizados em Aveiro foram objecto de estudo de diversas propriedades antioxidantes e constituiram um dos temas da tese de Doutoramento de um dos investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, cuja defesa pública ocorreu com sucesso, em Novembro do ano transato. Os resultados obtidos indicam que estamos em presença de compostos com actividade antioxidante mais potente que os actuais antioxidantes naturais de referência no mercado e com futuro promissor como agentes potenciais no tratamento de patologias relacionadas com stress oxidativo.

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é mais um reconhecimento do trabalho dos investigadores e do esforço da instituição, que já em 2004 viu 11 dos seus investigadores receberem a mesma distinção.

João Gama Oliveira

Depois de, em Outubro, ver publicado na NATURE, um artigo sobre os hábitos de escrita de cartas de Einstein (1879-1955) e Darwin (1809-82), elaborado em colaboração com o Prof. Albert-László Barabási, da Universidade de Notre Dame (EUA), João Gama Oliveira, aluno de doutoramento em Física na Universidade de Aveiro, é distinguido, já em Fevereiro deste ano, pela Fundação Calouste Gulbenkian com o “Estímulo à Investigação 2005”.

Este incentivo financeiro de 12.500 euros tem como objectivo o desenvolvimento da sua investigação em torno de dois processos dinâmicos de redes complexas distintas – redes sociais e WWW, que, embora se insiram na área da Física Teórica, dizem respeito, também, a áreas tão diversas como Matemática, Ciência de Computadores, História ou Sociologia, com ênfase na caracterização quantitativa do comportamento humano.

A sua investigação abarca duas vertentes interligadas: os padrões de correspondência de Darwin e Einstein e a frequência de ocorrência dos números na World Wide Web.

Embora vivendo em épocas históricas distintas, Charles Darwin (1809-1882) e Albert Einstein (1879-1955) foram ambos correspondentes prolíficos: Darwin enviou (recebeu) pelo menos 7.591 (6.530) cartas durante a sua vida. O registo de Einstein é ainda mais impressionante: há evidências

breves

de mais de 14.500 (16.200) cartas enviadas (recebidas) por ele. Antes do aparecimento de meios de comunicação como e-mail ou fax, a comunidade científica lidava com um extenso universo de cartas, a principal via para a troca de novas ideias e resultados. Mas eram os padrões de comunicação nesse tempo de algum modo diferentes da era corrente do acesso instantâneo, ou foram apenas os meios que mudaram, mantendo-se a mesma dinâmica global de comunicação? Partindo do registo da correspondência completa enviada ou recebida pelos dois cientistas, João Gama Oliveira propõe-se a obter resposta a essa pergunta, após estudos recentes terem mostrado a existência de um padrão complexo no caso da comunicação electrónica, onde tanto os tempos decorridos entre e-mails consecutivos enviados por uma pessoa como os tempos de resposta seguem distribuições de cauda longa na forma de lei em potência, contrastando com a distribuição exponencial prevista por modelos correntes de comportamento humano baseados em processos de Poisson. As correspondências de Darwin e Einstein são processos dinâmicos, tendo lugar na rede complexa de relações sociais e profissionais de cada um dos cientistas. O seu estudo tem, assim, relevância para a teoria de redes complexas. Pretende-se, no entanto, recorrer à teoria de filas para modelar a dinâmica temporal da correspondência.

Para além desta vertente, o Doutorando pretende envolver-se também no estudo da frequência de ocorrência dos números na World Wide Web. A frequência com que os números ocorrem em documentos humanos é determinada por dois conjuntos de factores. O primeiro inclui aspectos naturais dos quais o mais importante é a organização em escalas múltiplas do Mundo em que vivemos. O segundo contém factores de origem humana como o nível tecnológico da sociedade, a estrutura

das línguas, sistemas de calendário e sistemas numerais adoptados, história, tradições culturais e religiosas, psicologia, e muitos outros. Usando os mecanismos de busca disponíveis, João Gama Oliveira obteve a frequência de ocorrência de números inteiros na World Wide Web (WWW), a rede complexa constituída por ligações direccionadas entre documentos existentes num espaço virtual. No entanto, este estudo, aceite para publicação, deixou algumas questões em aberto que João Gama Oliveira pretende agora responder.

João Gama de Oliveira, 26 anos, licenciado em Física pela Universidade do Porto (2002), nasceu no Porto em 15 de Maio de 1979 e foi Grant Holder do Centro de Física do Porto (2002), da Universidade de Aveiro (2002) e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (2003). Foi investigador visitante na Universidade de Notre Dame (Indiana) nos dois últimos anos e Monitor na Universidade de Aveiro entre 2002 e 2004. Actualmente, é aluno de Doutoramento em Física na Universidade de Aveiro e monitor da disciplina “Termodinâmica”, no Departamento de Física desta universidade.

Edifícios do Campus distinguidos

com Prémio de Arquitectura e Urbanismo do

Município de Aveiro

Os projectos de quatro edifícios da Universidade

de Aveiro construídos e com licença de habitação

emitida entre 2000 e 2003 mereceram a atribuição

do Prémio de Arquitectura e Urbanismo do

Município de Aveiro. Foram eles a Reitoria,

a Cantina das Agras do Crasto, a Casa do

Estudante e o Complexo Pedagógico, Científico e

Tecnológico.

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na área da biotecnologiaprojecto

desenvolvimento na

ua vence 1º concurso

nacional de

empreendedorismo

O projecto FoodMetric, da autoria de jovens investigadores da área da biotecnologia da Universidade de Aveiro, foi o vencedor do I Concurso Nacional de Empreendedorismo. Um projecto que visa o desenvolvimento de soluções inovadoras para a análise da composição química e qualidade de produtos alimentares muito mais rápidas que os métodos convencionais.

A Foodmetric é uma empresa que resulta de uma junção entre o Grupo de Bioquímica e Química Alimentar da UA e ainda do Laboratório Associado CICECO – Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos, com o objectivo de desenvolver metodologias rápidas para análise de produtos alimentares em termos da composição química dos mesmos, para poder definir a sua qualidade e segurança.

A FoodMetric pretende responder, assim, às necessidades sentidas pelas empresas agro-alimentares, relativamente às limitações dos métodos clássicos de análise e caracterização de produtos, com o

desenvolvimento e a implementação de metodologias para a análise química de produtos alimentares 80% mais rápidas, 30% mais baratas e, que permitem, ainda, a personalização e adaptação da informação requerida pela empresa cliente, num sistema coeso.

As metodologias propostas pela FoodMetric (denominadas por soluções) baseiam-se na construção de modelos, descritivos e/ou quantitativos, baseados em sinais instrumentais adquiridos a partir de amostras (produtos), bem como no conhecimento bioquímico do produto em análise (software). Por outras palavras, relacionam as características químicas de um determinado produto alimentar e os diversos parâmetros que são necessários controlar e criam componentes de software, directamente acoplados a equipamento de análise, personalizados e de fácil utilização (friendly user).

No entanto, esta não é a primeira distinção do projecto. A FoodMetric, que se pretende constituir como uma spin off da UA, ficou em 15º lugar na Empreenda 05 – a 1ª Feira de Ideias e Financiamento, que decorreu no ano passado, em Lisboa, com o objectivo de fomentar o contacto entre detentores de projectos inovadores e financiadores. A concurso estiveram 214 projectos de instituições científicas e universidades a nível nacional.

Em Agosto passado, ganhou, também, o primeiro prémio, ex aequo com o ÁgoraMat , do segundo concurso para a criação de empresas inovadoras de base tecnológica, organizado pela Associação da Incubadora Beira Atlântico Parque (AIBAP), com sede em Mira, tendo direito a um ano de permanência gratuita.

Mais recentemente, a FoodMetric viu o seu projecto ser seleccionado para beneficiar do programa Neotec, uma iniciativa do Ministério da Ciência e

Com o intuito de dar a conhecer e incentivar

a qualidade arquitectónica e urbanística dos

trabalhos realizados no município aveirense, a

Câmara Municipal de Aveiro atribuiu pela primeira

vez, em 2005, o Prémio Arquitectura e Urbanismo

do Município de Aveiro (PAUMA). Englobando

quatro categorias, os quatro edifícios do Campus

Universitário premiados inserem-na na categoria

Obra de Qualidade Excepcional.

Critérios como o enquadramento das obras na

envolvente urbana e paisagística, a criatividade

e originalidade da obra; e o recurso a soluções

técnicas e construtivas adequadas e sustentáveis

em termos ambientais levaram o júri a premiar a

Reitoria, a Cantina das Agras do Crasto, a Casa do

Estudante e o Complexo Pedagógico, Científico e

Tecnológico. Com periodicidade bienal, a 2ª edição

deste prémio decorrerá em 2006, contemplando

as obras referentes ao período que decorre entre

Janeiro de 2004 e Dezembro de 2005.

O Prémio de Arquitectura e Urbanismo do

Município de Aveiro foi atribuído, em Setembro,

aos autores dos projectos distinguidos e ao

promotor da obra, isto é: aos arquitectos Gonçalo

Byrne/Manuel Aires Mateus, Manuel Aires Mateus/

Francisco Aires Mateus, João de Almeida/Victor

Carvalho e Victor Figueiredo, assim como à

Universidade de Aveiro.

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Tecnologia que ajuda a lançar novas empresas de base tecnológica com elevado potencial de crescimento.

Neste momento, a empresa está em fase de criação, com a participação da grupUNAVE, da capital de risco Change Partners, e estará alojada no inicio da sua vida, na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro.

De referir, ainda, que o I Concurso Nacional de Empreendedorismo foi organizado pela Universidade Nova de Lisboa, com apoio da Caixa Geral de Depósitos e contou com 108 projectos do País e estrangeiro representativos de diversos sectores, nomeadamente tecnologias da informação, ambiente, turismo, energia e, em maior destaque, a biotecnologia que teve metade dos finalistas. O prémio deste concurso é de 25.000 €, um computador e um servidor oferecidos pela Fujitsu-Siemens e software empresarial oferecido pela Microsoft, Portugal.

Os promotores quiseram incentivar a inovação, contribuir para a revitalização do tecido empresarial português e estimular a cultura empreendedora entre estudantes. Para além da apresentação de ideias, os autores dos projectos tiveram de desenvolver planos de negócio. Os melhores foram apresentados a um grupo de empresários e investidores.

Em Outubro passado, foi inaugurada, na UA, a maior torre hidráulica do país, simulando um edifício de três pisos. Esta torre destina-se ao estudo e demonstração de instalações hidráulicas prediais e foi oferecida à Universidade de Aveiro pelo centro de investigação da empresa suíça GEBERIT, no âmbito da cooperação estabelecida entre as duas entidades e em reconhecimento do trabalho desenvolvido em Portugal pela Universidade de Aveiro neste domínio.

As instalações prediais constituem, em Portugal, uma das principais origens de problemas e incomodidades em edifícios, mesmo em casos de construção recente.

Embora não se conheçam estudos que definam com rigor a percentagem de patologias que deve ser atribuída a erros e defeitos na concepção e/ou construção destas instalações, sabe-se, por exemplo, que as instalações de águas e esgotos estão na base de mais de 50% dos problemas detectados em edifícios.

Em reconhecimento pelo trabalho que está a ser implementado pela Universidade de Aveiro, o Departamento de Engenharia Civil foi

desde outubro passadoua dispõe da única

torre hidráulica do

país

recentemente eleito para a presidência da ANQIP – Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais, integra a equipa que ganhou recentemente o concurso para elaboração dos projectos das redes interiores de águas e esgotos da Casa do Futuro (que irá ser construída em Aveiro) e estabeleceu, por iniciativa da GEBERIT, um amplo acordo de cooperação com esta empresa, que inclui a disponibilização desta torre hidráulica, que constitui um precioso instrumento de demonstração e estudo, único em Portugal.

breves

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No passado mês de Fevereiro tomaram

posse os novos órgãos directivos do

Núcleo de Bolseiros de Investigação

da UA (NBIUA). Compareceu a este

encontro um número considerável de

bolseiros (cerca de 90), de diversos

Departamentos e áreas de investigação,

o que denota o crescente interesse da

comunidade académica pela discussão

acerca da condição do bolseiro a nível

da UA e do país em geral.

nibua elege a sua primeira direccçãoum novo fôlego na

investigação da ua

Para além da discussão de temas prementes relacionados com a condição de bolseiro de investigação em Portugal, realizou-se a votação para a 1ª Direcção do NBIUA, que sucede à Comissão Administrativa. A nova Direcção e a Mesa da Assembleia contam com a presença de alguns membros da antiga Comissão Administrativa, assim como de elementos novos, denotando uma aposta na renovação, sem rotura com o passado recente.

Um dos próximos passos da nova Direcção será a análise e apresentação dos resultados do questionário ao universo dos bolseiros de investigação da UA, já que a data do sufrágio marcou igualmente o termo do prazo para o seu preenchimento.

Este encontro serviu ainda para a apresentar e discutir o documento “Pela Valorização dos Recursos Humanos em Ciência, Tecnologia e Investigação: sete medidas urgentes”, proposto pela Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), bem como para dar conta da iniciativa nacional dinamizada por esta Associação. Em resultado desta discussão, todos os bolseiros interessados em participar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior vão apresentar uma solicitação individual da implementação de uma (ou todas) das sete medidas que constam no documento.

Bolseiros de investigação da UA

com novo site

O Núcleo de Bolseiros de Investigação da Universidade de Aveiro (NBIUA) já tem o seu próprio espaço virtual. Através do site http://nbiua.web.ua.pt/, o NBIUA passa agora a chegar a um universo mais alargado de bolseiros (e não só), dando a conhecer as últimas actividades do Núcleo e disponibilizando informações úteis para todos aqueles que estão a exercer uma actividade de investigação (inicial ou não) na condição de Bolseiro.

De entre a informação disponibilizada no site do NBIUA destaca-se, por exemplo, um conjunto de documentos relevantes que enquadram a condição e a actividade de Bolseiro em Portugal e na Comunidade Europeia. O site também possibilita um endereço de contacto, para onde podem ser enviadas mensagens contendo dúvidas, sugestões e comentários.

Órgãos Sociais do NIBUA

Direcção

Presidente Raquel Santos (Bolseira de Doutoramento, DCSJP)

Secretário-geral Luís Serrano Pinto (Bolseiro de Doutoramento, DGEO)

Vogais Ana Raquel Simões (Bolseira de Investigação, DDTE)Ricardo Fernandes (Bolseiro de Investigação, DMAT)Bruno Castro (Bolseiro de Doutoramento, DBIO)

Mesa da Assembleia-geral

Presidente Victor Neto (DMEC)

1º Vogal Carlos Ordens (DGEO)2º Vogal Carlos Martins (DEGI)

1º Vogal suplente Dário Alves (BBIO)2º Vogal suplente Eliane Cruz (DDTE)

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O primeiro parque de biotecnologia em

Portugal foi inaugurado no passado mês

de Setembro. Este centro de inovação

em biotecnologia estabelece parcerias

comerciais e tecnológicas com consórcios

nacionais e internacionais, que potenciem

o desenvolvimento de novos produtos e a

criação de empresas na área das ciências

da vida. No âmbito deste projecto, a UA é

responsável pela Unidade de Genómica.

O BIOCANT surge no âmbito da Associação Beira Atlântico Parque (ABAP) e da qual a UA faz parte. O objectivo do BIOCANT é o de criar um centro de apoio à biotecnologia, que fornecerá apoio a unidades de Investigação e às empresas, simultaneamente, através dos seus laboratórios internos. A equipa de investigação é constituída por 24 investigadores, sendo responsável pela mais avançada técnica de detecção da predisposição

biocantua participa no

primeiro parque de

biotecnologia em

portugal

genética para a doença que vitimou o futebolista do Benfica, Miklos Fehèr (miocardiopatia hipertrófica), e prepara-se para desenvolver um inovador “chip” para a análise genética desta doença do coração.

Estas são apenas duas das áreas de investigação do núcleo de I&D do BIOCANT, o primeiro Parque de Biotecnologia do país, que conta com os mais avançados laboratórios de Biotecnologia Molecular, de Biologia Celular, de Genómica e de Microbiologia. O núcleo de I&D é a âncora do BIOCANT, no qual se vão instalar, numa primeira fase, as empresas Crioestaminal (criopreservação das células presentes no cordão umbilical) e Stab Vida (responsável pela sequenciação do primeiro genoma em Portugal).

A identificação de substâncias presentes na flora mediterrânica para o desenvolvimento de fármacos contra a doença de Alzheimer é outro dos objectivos da equipa de investigação.

A ABAP surgiu na sequência de uma reflexão de várias entidades ligadas a Cantanhede, lideradas pela sua Câmara Municipal, que consideraram dispor da localização e meios (terrenos) indicados para a concretização deste objectivo regional. Foi no sentido de concretizar uma ambição regional que a Associação Beira Atlântico Parque lançou este projecto, que pretende ser o início de um processo de concretização em termos empresariais de todo o rico potencial científico, inovador e cultural da região Atlântica da Beira.

Esta associação tem como objectivo o desenvolvimento de projectos mobilizadores a nível regional de forma a garantir dimensão para a atracção de investimentos competitivos a nível global e apoiar iniciativas locais de desenvolvimento.

UA envolvida através de Unidade

de Genómica

Um dos laboratórios internos do núcleo

é o Laboratório de Genómica, o qual é gerido pelo Professor Manuel Santos, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.

A estratégia de desenvolvimento da Unidade de Genómica baseia-se no estabelecimento de parcerias com outras Unidades e Empresas instaladas no BIOCANT PARK e na criação de sinergias com Hospitais, Universidades, Empresas e Instituições de Capital de Risco, nacionais e estrangeiras, que potenciem o desenvolvimento de novos produtos e a criação de empresas de biotecnologia.

Esta Unidade desenvolve I&D nas áreas de sequenciação de ADN, análise de ácidos nucleicos e expressão genética. A médio prazo, serão implementadas novas tecnologias de sequenciação total ou parcial de genomas de microorganismos, animais e plantas de interesse industrial e desenvolvidas ferramentas bioinformáticas de apoio à análise de expressão genética e anotação de genomas. A pesquisa em larga escala de genes novos, presentes em amostras de ADN total extraído do ambiente, nomeadamente do solo e do mar, de interesse industrial, é outra prioridade.

Neste sentido, dispõe de tecnologias robotizadas altamente sofisticadas para Epidemiologia molecular (análise de SNP´s); Estudos de toxicologia e validação de fármacos; Diagnóstico molecular; Genotipagem; Rastreio de doenças genéticas; Identificação de vírus, bactérias e fungos patogénicos; Análises de expressão genética; Sequenciação automática de DNA; e Produção e leitura de arrays de DNA.

No seu horizonte perspectiva-se uma contribuição efectiva para a valorização de produtos nacionais e regionais, através do desenvolvimento de tecnologias avançadas de análise de ADN e identificação de genes e biomotéculas de interesse biomédico, biotecnotógico e agro-alimentar.

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a ua em bolonhaO que é o processo de Bolonha?

O Processo de Bolonha é um plano de reforma do ensino superior, iniciado em 1999, que visa uniformizar a sua estrutura nos 45 países europeus participantes, tendo como meta a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior até 2010. O objectivo não é criar programas de ensino iguais em todos os países, mas um sistema de graus comparável e compreensível por todos, que facilite o reconhecimento dos graus e das qualificações no espaço europeu e a mobilidade dos estudantes e diplomados entre instituições, promovendo desta forma a sua empregabilidade.

O ano lectivo 2006/2007

marca a entrada da

Universidade de Aveiro na era

de Bolonha. A maior parte

dos seus cursos do 1º ciclo

foi já adequada a este novo

modelo de ensino e avançará

em Setembro de 2006.

Os restantes cursos seguirão

o exemplo a partir de

2007/2008.

Porquê Bolonha?

Os sistemas nacionais de ensino superior dos países europeus compreendiam até aqui uma grande diversidade de graus e de qualificações. Tal disparidade levantava alguns problemas, nomeadamente no que diz respeito ao reconhecimento de habilitações de país para país e à mobilidade dos diplomados. Além disso, essa profusão de formas tão diversas de organização dos cursos representava um grande obstáculo à construção de um espaço europeu de ensino superior competitivo e atractivo no contexto internacional.

É a isto que Bolonha vem pôr fim, harmonizando a organização do ensino superior nos 45 países que aderiram a este ambicioso projecto.

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maio ‘06Linhas 44 4544 a ua em bolonha

O que muda na UA?

Os ciclos de estudos

A transformação mais visível trazida por Bolonha é a organização do ensino superior em três ciclos:· o primeiro ciclo, com duração de três anos, conducente ao grau de licenciado;· o segundo ciclo, com duração de dois anos, conducente ao grau de mestre;· o terceiro ciclo, com duração de três anos, conducente ao grau de doutor.

No caso da Universidade de Aveiro, isto significa que:No ensino universitário, as licenciaturas passam a ter uma duração normal de 6 semestres, o que corresponde a um total de 180 créditos. Os mestrados têm a duração de 2 anos e totalizam 120 créditos. Alguns cursos de engenharia juntaram o 1º e o 2º ciclos num único percurso formativo, com a duração de 10 semestres, que recebeu a designação de Mestrado Integrado.

No ensino politécnico (que, na UA, é ministrado nas suas 4 escolas superiores), os bacharelatos deixam de existir, passando a licenciaturas com a duração de 6 semestres, equivalentes a 180 créditos.

Apesar desta mudança, a vocação profissionalizante destes cursos mantém-se.

Os mestrados, ou seja, o 2º ciclo de formação, têm a duração de 2 anos e correspondem a 120 créditos.

O sistema 3 + 2

O 1º ciclo (3 anos) confere o grau de licenciado. Nas licenciaturas universitárias, ao grau de licenciado corresponde uma sólida formação científica de base e competências genéricas para o mercado de trabalho, enquanto as licenciaturas politécnicas privilegiam as competências profissionais.

O modelo de formação superior adoptado pela UA foi concebido como um percurso composto por dois ciclos de estudos (3 + 2 anos), conducente ao grau de mestre. A formação científica de base que os licenciados universitários recebem durante o 1º ciclo permite-lhes iniciar uma actividade profissional, embora apenas estejam aptos a desempenhar funções mais generalistas, de nível intermédio, que exigem naturalmente menos competências técnicas. O exercício pleno da profissão correspondente

à sua área de formação exigirá formação adicional que é dada pelo 2º ciclo, isto é, pelo mestrado.

No caso da engenharia, a conclusão de um 2º ciclo de estudos é exigido pela Ordem dos Engenheiros para o exercício de uma actividade profissional como engenheiro de concepção, isto é, com capacidade para assumir a responsabilidade plena de projectos de engenharia. Alguns cursos de engenharia da UA estão inclusivamente organizados sob a forma de Mestrados Integrados, juntando o 1º e o 2º ciclos num único percurso formativo com a duração de 5 anos.

A existência de um sistema 3 + 2 permite a flexibilização do percurso formativo do aluno, favorecendo a sua mobilidade e empregabilidade.

O novo sistema adoptado pela UA facilita:· a prossecução de estudos ao nível do 2º ciclo (mestrado), na mesma ou noutra área científica, na UA ou noutro estabelecimento de ensino superior nacional ou europeu; · a entrada em cursos da UA de licenciados oriundos de outras

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de formação principal (o maior, que dá o nome ao curso) e várias opções de especialização em áreas científicas diferentes (os menores). Outras licenciaturas propõem também vários percursos formativos alternativos. A flexibilidade da estrutura curricular destes cursos permite que o aluno construa o seu próprio perfil de formação, ajustando-se desta forma aos objectivos do Processo de Bolonha, que coloca no aluno o papel nuclear no processo de ensino-aprendizagem.

As metodologias de ensino

As mudanças na estrutura dos cursos são, como já foi referido, a face mais visível da implementação do Processo de Bolonha. Mas este processo transcende as alterações formais.

instituições nacionais ou europeias que pretendam prosseguir aqui os seus estudos, ao nível do 2º ciclo, na mesma ou noutra área científica; · nalguns casos, a integração mais rápida no mercado de trabalho após a conclusão da licenciatura, embora desempenhando funções mais generalistas, que exijam menos competências técnicas.

Maior/menor

Algumas licenciaturas estão organizadas no sistema “maior/menor” (equivalente aos majors e minors utilizados em universidades anglo-saxónicas), isto é, incluem uma área

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Bolonha representa uma mudança de paradigma de ensino, preconizando a passagem de um modelo passivo, assente na transmissão de conhecimentos, para um modelo baseado no desenvolvimento das competências dos estudantes. Esta “revolução” coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem e implica, em muitos casos, a adopção de novas metodologias, colocando maior ênfase no trabalho do aluno e assentando numa aprendizagem mais activa, autónoma e prática, baseada no trabalho laboratorial e de campo, na resolução de problemas, no estudo de casos, no desenvolvimento de projectos

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(do tipo tutorial), em estágios, em projectos, em trabalhos no terreno, em sessões autónomas de estudo e nos próprios momentos de avaliação. Um ano lectivo corresponde a um volume de trabalho equivalente a 60 unidades de crédito.

Este sistema facilita o reconhecimento dos graus e das competências adquiridas na formação dentro do espaço europeu e possibilita aos diplomados uma grande mobilidade após a conclusão de cada ciclo de estudos, quer entre instituições nacionais (independentemente do subsistema a que pertencem, universitário ou politécnico), quer entre estabelecimentos nacionais e estrangeiros.

A utilização do ECTS não é propriamente uma novidade na Universidade de Aveiro. Este sistema era já utilizado pela UA, em paralelo com o sistema interno de créditos. Mas a sua utilização limitava-se aos programas de mobilidade de estudantes, como o Programa Socrates/Erasmus, no âmbito dos quais era um instrumento indispensável para o reconhecimento académico dos estudos efectuados no estrangeiro. Agora este passa a ser o único sistema de creditação em vigor.

O ECTS serve para medir, em unidades de crédito, a quantidade de trabalho que o estudante deve desenvolver em cada disciplina. Isto inclui, não só as horas de aulas colectivas (em turmas), mas também as horas que o aluno utiliza em sessões de ensino individualizado ou integrado em pequenos grupos

e na aprendizagem à distância. A aplicação destas novas metodologias de ensino/aprendizagem é facilitada pela redução do número de alunos por turma, de forma a possibilitar uma maior interacção docente-aluno e aluno-aluno.

ECTS

O sistema europeu de transferência e acumulação de créditos (ECTS) é um dos principais instrumentos de implementação do Processo de Bolonha.

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novos cursos abrem na uaSete novas licenciaturas

vão ser, pela primeira vez,

ministradas pela Universidade

de Aveiro, já a partir do próximo

ano lectivo. Biotecnologia,

Ciências Biomédicas, Ciências

do Mar e Psicologia; Finanças

e Marketing, no ISCA-UA;

e Tecnologia e Sistemas de

Produção, na Escola Superior

Aveiro Norte. Todas, ao abrigo

de Bolonha, terão a duração de

três anos lectivos.

Para além destas licenciaturas,

a UA vai também passar a

oferecer a partir do próximo

ano lectivo, um Curso de

Complemento de Formação

Científica e Pedagógica

em Ensino de Música, um

Mestrado em Matemática

Aplicada à Engenharia e um

Doutoramento em Tradução.

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Licenciatura em Biotecnologia

Com a duração de três anos lectivos (seis semestres), a Licenciatura em Biotecnologia vai conferir uma formação específica que visa permitir o acesso ao mercado de trabalho em empresas de base biotecnológica, agro-alimentar, farmacêutica, ambiental, agro-química ou afins.

Os licenciados em Biotecnologia pela UA vão adquirir uma formação sólida e integrada em temáticas básicas tais como a Bioquímica, Química, Biologia, Matemática e Física; bem como competências práticas em Bioquímica, Química, Biologia e Biotecnologia; desenvolver uma formação adequada em domínios da Biotecnologia como sejam a Genética, a Engenharia Celular, e os Bioprocessos; adquirir uma formação básica em domínios específicos da Biotecnologia como sejam por exemplo, a Bioinformática, a Biotecnologia alimentar, microbiana, ambiental e clínica, entre outras, desenvolvidas a nível laboratorial ou industrial.

Estes licenciados vão ser capazes de aplicar as formações multidisciplinares básica e específica adquiridas, no contexto da manipulação, preparação e produção de células, (micro)organismos ou compostos (bio)químicos a nível laboratorial ou industrial e deter conhecimentos básicos das principais áreas da Biotecnologia: Biotecnologia branca (processos industriais); Biotecnologia verde (processos agro-alimentares/químicos e ambientais); e Biotecnologia vermelha (processos médicos).

Para o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos e competências que se pretende para o Licenciado em Biotecnologia adoptou-se o paradigma de uma formação multidisciplinar em Biotecnologia, tripartida pelas áreas científicas da (Bio)Química, Biologia e Engenharia Química. O plano de estudos assenta, assim, num primeiro ano de formação geral em Química, Matemática, Física, Biologia e Informática; um segundo ano de disciplinas nucleares de Biologia e Bioquímica; seguido por um ano terminal em que os diversos conhecimentos são congregados em disciplinas estruturantes da área da Engenharia de Bioprocessos, Biologia

e Bioquímica e num projecto final.Através deste plano de estudos pretende-se promover uma formação multidisciplinar e abrangente que permita ao Licenciado maximizar o leque de funções que esteja apto a desempenhar potenciando a sua empregabilidade.

Os licenciados em Biotecnologia pela UA poderão, nas empresas de base biotecnológica, agro-alimentar, farmacêutica, ambiental, agro-química ou ainda em serviços públicos, desenvolver actividades profissionais em funções empresariais, comerciais ou industriais trabalhando na produção, ou na investigação e desenvolvimento de novas técnicas, processos ou produtos, bem como desempenhando funções técnico-comerciais, ou de garantia da qualidade de produtos ou de processos industriais.

Licenciatura em Ciências

Biomédicas

Na última década avançou-se decisivamente no sentido da compreensão da vida, na sua vertente molecular, tendo em consequência evoluído de forma vertiginosa a

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nossa perspectiva de doença, do seu diagnóstico e terapêutica. As Ciências Biomédicas situam-se na interface Medicina/Saúde e Biologia. Esta área envolve, nomeadamente, conhecimentos de Biologia Molecular e Celular, Genómica, Proteómica, Transdução de Sinais Biológicas, Farmacologia, Saúde Humana e Patologia. A formação nesta área científica é multidisciplinar e transversal.

Na Universidade de Aveiro (UA), a Secção Autónoma de Ciências da Saúde (SACS) oferece formação graduada em Ciências Biomédicas com menor em Biomedicina Farmacêutica e Ciências Biomédicas com menor em Biomedicina Molecular. Os cursos estão estruturados nos termos do processo de Bolonha. Ambas as Licenciaturas oferecem uma base de formação médica teórica sólida (que exclui a prática clínica) complementada por uma prática laboratorial intensa nas diferentes vertentes de intervenção da Biomedicina. Os cursos visam formar biomédicos com um nível de conhecimento que lhes permita colaborar com a comunidade médica e científica, na área do diagnóstico e terapêutica, e em centros de investigação e desenvolvimento. A Indústria Farmacêutica, Industria Alimentar, Tecnologias Biomédicas em meios Hospitalares e Clínicas, Diagnóstico e Terapia Molecular, Investigação Cientifica e Estabelecimentos de Ensino são os potenciais empregadores.

Abrindo com 72 vagas (36 em cada ramo), esta licenciatura exige como provas específicas de acesso duas das seguintes provas: 02 Biologia ou 21 Química ou 18 Matemática.

Menor em Biomedicina Molecular

A formação em Biomedicina Molecular vai criar um profissional com uma grande capacidade de compreensão do doente e da doença na sua vertente molecular,

tornando-se assim numa mais-valia nos cuidados de saúde prestados.

Para isso o aluno tem que:· adquirir um elevado nível de formação de ciências básicas, clínica e humana;

· adquirir conceitos de saúde e de doença, em particular na sua dimensão molecular e celular;

· adquirir conhecimentos laboratoriais na vertente molecular e celular;

· entender a dimensão ética, em particular na área da investigação;

· desenvolver espírito crítico, de auto-avaliação e de actualização de conhecimentos;

· fomentar o conhecimento das novas tecnologias (informação, diagnóstico e terapêutica);

· conhecer o Sistema de Saúde Português.

Em suma, a formação em Biomedicina Molecular resulta num profissional pivotal entre a investigação fundamental, o diagnóstico molecular e a sua aplicação na Medicina.

Menor em Biomedicina Farmacêutica

O papel do profissional em Biomedicina Farmacêutica é participar na concepção e monitorização das boas normas de investigação e assegurar que são cumpridas todas as formalidades regulamentares do processo de desenvolvimento do medicamento, num contexto de saúde.

Em relação a medicamentos, vacinas e dispositivos médicos, o profissional formado em Biomedicina Farmacêutica tem de:· propor, aplicar e monitorizar o seu

desenvolvimento, segundo as normas e a legislação vigente;

· participar no processo de investigação de novos medicamentos;

· saber aplicar os princípios de Farmacologia Clínica;

· entender os testes pré-clínicos de segurança;

· adquirir conhecimentos de estatística médica e data management;

· conhecer os princípios éticos do uso do medicamento;

· conhecer o Sistema de Saúde Português;

· conhecer os regulamentos internacionais e nacionais referentes à utilização e investigação de medicamentos.

Licenciaturas em Ciências do Mar

Exigindo como disciplinas específicas de acesso Química ou Biologia ou Física e oferecendo 30 vagas, o ciclo de estudos conducente ao grau de Licenciado em Ciências do Mar possui 180 créditos ECTS, uma duração de 6 semestres curriculares (3 anos lectivos) e está estruturado em disciplinas semestrais, tendo cada semestre uma carga horária máxima semanal de 20 horas. Durante o 1º ano, os alunos adquirem conhecimentos de base em Matemática (18 ECTS), Física (12 ECTS), Química (12 ECTS), Geologia (6 ECTS) e Biologia (6 ECTS) e formação geral em Informática (6 ECTS).

Nos 2º e 3º anos, aprofundam-se os conhecimentos de Matemática (6 ECTS) e de Química (12 ECTS); familiarizam-se e/ou aprofundam os conceitos de Oceanografia Física (12 ECTS), de Oceanografia Química (6 ECTS), de Geologia e Geofísica Marinhas (12 ECTS), de Biologia Marinha, incluindo as Técnicas de Avaliação de Recursos (18 ECTS). Os alunos têm ainda introdução a técnicas de trabalho específicas de cartografia e de análise e tratamento de dados na área das Ciências do Mar (12 ECTS), Técnicas de Campo (6 ECTS), Técnicas de Análise da Poluição Marinha (6 ECTS), Metodologias de Ordenamento Litoral (6 ECTS) e conhecimentos de Direito e Políticas do Mar (6 ECTS). Ser-lhes-á atribuída a elaboração de um Projecto integrador de conhecimentos (12 ECTS), com uma forte componente prática, a

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desenvolver nas áreas da oceanografia biológica/oceanografia geológica/oceanografia química/ oceanografia física/ambiente (ou interdisciplinar).

A introdução de disciplinas específicas da área das Ciências do Mar permitirá dar aos alunos uma primeira definição do perfil da especialidade e da futura profissão, estimular o gosto pela aprendizagem, proporcionar uma formação prática no contexto da área de formação e desenvolver capacidades de resolução de problemas simples no domínio de especialização.Os objectivos específicos e as competências a adquirir pelos futuros profissionais em Ciências do Mar baseiam-se na compreensão e utilização dos conceitos fundamentais nas áreas da biologia marinha, geologia marinha, oceanografia física, oceanografia química e ambiente, o que requer uma sólida formação de base em matemática, física, química, biologia, geologia e informática.

O Licenciado em Ciências do Mar terá conhecimentos e compreensão: (a) dos fundamentos de cada área disciplinar (química, física, biologia e geologia) aplicados às ciências marinhas; (b) dos processos e interacções entre a biosfera, hidrosfera, litosfera e atmosfera, que dão forma ao mundo marinho, em diferentes escalas espaciais e temporais; (c) da terminologia, nomenclatura e sistemas de classificação utilizados nas ciências marinhas; (d) da teoria e técnicas de aquisição, análise e interpretação de dados oceanográficos em variadas aplicações; (e) dos conceitos fundamentais dos processos químicos, biológicos, geológicos e físicos no meio marinho; (f) dos mecanismos que determinam o clima e circulação dos oceanos; (g) da forma como os processos físicos (ex: maré ou circulação induzida pelo vento) influenciam vários processos biológicos, químicos e geológicos e vice-versa; (h) dos principais ecossistemas marinhos (zonas costeiras e intermareais, camada

epipelágica, regiões de afloramento, oceano profundo, etc) e (i) dos processos biológicos de produção e de degradação da matéria orgânica que aí ocorrem.

Os Licenciados possuirão ainda: (a) capacidade para reconhecer a diversidade e as adaptações dos organismos marinhos, bem como as principais ameaças à manutenção da biodiversidade, os principais instrumentos de avaliação e de protecção dos recursos biológicos e os impactos antropogénicos no meio ambiente; (b) conhecimentos sobre a geografia dos oceanos e as técnicas de ordenamento do território; (c) a legislação e direito do mar; (d) o valor e necessidade das aproximações multidisciplinares no desenvolvimento do conhecimento; (e) conhecimento detalhado e compreensão avançada em temas específicos seleccionados entre as opções disponíveis.

A Universidade de Aveiro tem uma larga experiência acumulada no âmbito das Ciências do Mar.

De facto, os Departamentos de Biologia, Química, Geociências, Ambiente e Física têm ao longo do seu historial leccionado diversas disciplinas desta área científica, tanto ao nível de graduação como de pós-graduação. Os docentes destes departamentos integram o Laboratório Associado CESAM da Universidade de Aveiro, que tem por missão fundamental desenvolver investigação e assegurar actividades na área do Ambiente Costeiro, entendido de uma forma integrada envolvendo a atmosfera, a biosfera, a hidrosfera e a litosfera. Este objectivo tem sido atingido pelo desenvolvimento de programas de formação e investigação que ambicionam, por um lado, compreender o funcionamento dos ecossistemas marinhos e costeiros e os compartimentos ecológicos e, por outro, prever a influência das actividades humanas nestes ecossistemas e compartimentos ecológicos.

novos cursos abrem na ua

Licenciatura em Psicologia

Exigindo como disciplinas específicas de acesso: Matemática ou Biologia ou Psicologia, e prevendo-se que abra com 40 vagas, a licenciatura em Psicologia tem a duração de três anos (seis semestres), permitindo após um mestrado específico, exercer a profissão de psicólogo.

Com esta licenciatura pretende-se que os alunos tenham uma formação científica sólida, incluindo o treino experimental, e verdadeiramente inter-departamental. Deverão ser capazes de analisar, criticar, elaborar e testar modelos e teorias sobre os fenómenos psicológicos, formulando-os matematicamente e incluindo variáveis neurobiológicas e sociológicas. Por isso, o 1º Ciclo conducente ao grau de Licenciado em Psicologia pela UA encontra-se organizado em seis semestres, com 30 ECTS cada um (um total de 180 ECTS) e um total de 30 Unidades Curriculares: 28 obrigatórias e duas optativas.

Depois da introdução aos aspectos epistemológicos, históricos e metodológicos, os estudantes começam por adquirir conhecimentos e competências relativamente à “Psicologia da Atenção e da Percepção”, à “Psicologia da Memória”, à “Psicologia da Emoção e da Motivação” e à “Psicologia da Aprendizagem”, para além dos fundamentos biológicos destes processos através da “Psicobiologia” (esta depois de disciplinas básicas das áreas biológicas).

Adquiridos estes conhecimentos e estas competências, segue-se a aprendizagem nos domínios da integração destes processos, mediante a abordagem da “Psicologia do Desenvolvimento”, da “Tomada de Decisão e Acção”, da “Psicologia Social”, da “Psicopatologia Geral”, da “Neuropsicologia” e de uma unidade

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curricular de opção na área científica de Psicologia (ex: Comportamento e Dinâmicas Populacionais, Cognição Animal, Psiconeuroimunologia, Psicologia do Bem-estar Pessoal).

No 3º ano (1º Semestre), terão as unidades curriculares “Psicologia da Família e Redes Sociais”, “Avaliação Psicológica”, “Contextos de Aplicação da Psicologia” e “Investigação Independente” (uma unidade curricular de independent reading e independent research). O 2º Semestre permite aos estudantes orientarem-se vocacionalmente, face às ofertas dos segundos ciclos necessários para o exercício da profissão.

No final do 1º ciclo, empresas públicas e privadas, instituições de educação (escolas) e reeducação (reinserção social), unidades de saúde (clínicas, centros de saúde, hospitais), instituições sociais, etc. serão os potenciais empregadores.

Este novo curso da UA segue o modelo genericamente adoptado pelas universidades públicas portugueses, no respeito pelas recomendações do European Diploma of Psychology, da European Federation of Psychologists’ Associations, e das normas legais em vigor no âmbito do processo de Bolonha. No que diz respeito à especificidade resultante do espaço de discricionariedade permitida, este curso da UA acentua a formação em matemáticas e ciências biológicas, assim como nas metodologias experimentais.

A Universidade de Aveiro possui investigadores, docentes e projectos da área da Psicologia, para além de excelentes laboratórios de áreas científicas afins que permitirão desenvolver novos nichos de mercado, tais como a engenharia do comportamento, o comportamento ambiental, a psicologia animal e outros.

A formação de psicólogos na UA será inovadora ao colocar em colaboração

Psicólogos, Biólogos, Matemáticos/Estatísticos, Engenheiros, Químicos e Físicos, para além dos especialistas de outras áreas científicas tais como: a Saúde, a Gestão, as Ciências Sociais e a Educação.

Dois novos cursos no ISCA-UA

A oferta formativa do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) é constituída por quatro licenciaturas. Estas, ao adoptarem a filosofia de “single” (única) ou “major”+“minor” (maior + menor), permitem que o aluno defina o seu próprio percurso, optando ou por uma única área de formação – o “single” –, ou por combinar duas áreas de formação – o “major” por exemplo em Contabilidade, complementado por um “minor”, por exemplo em Sistemas de Informação Organizacionais. Os “major” terão 150 ECTS e os “minor” 30 ECTS, perfazendo os 180 ECTS da licenciatura.

As licenciaturas ministradas no ISCA englobam as já tradicionais licenciaturas em Contabilidade Pública e em Contabilidade, agora reformuladas. Embora na licenciatura em Contabilidade Pública não se tenha adoptado a filosofia acima descrita – funciona apenas em “single”–, a licenciatura em Contabilidade passou a seguir esta nova forma de organização. Assim, na sua vertente de “major”, a formação dos alunos pode ser complementada com um “minor” em Sistemas de Informação Organizacionais, em Finanças, ou em Marketing.

Este ano lectivo arranca também a licenciatura em Finanças e a licenciatura em Marketing, ambas adoptando a estrutura em “single” ou “major”+ “minor”. Na opção “major”, a licenciatura em Finanças admite combinações com um “minor” em Sistemas de Informação Organizacionais, em Marketing, ou em Contabilidade. A licenciatura em Marketing integra a possibilidade de percursos alternativos com um

“minor” em Sistemas de Informação Organizacionais, em Finanças, ou em Contabilidade.

Licenciatura em Finanças

A abrir com 50 vagas (número proposto à tutela) e exigindo como prova específica de acesso ou Matemática, ou Economia, ou Português, esta nova licenciatura do ISCA-UA visa formar profissionais com capacidades para conhecer a realidade financeira dos mercados, proceder à análise económica-financeira de empresas e à análise financeira do sector público. Deste modo, estes licenciados saem para o mercado de trabalho com competências específicas para compreender os métodos e os instrumentos de gestão e avaliação financeira; conhecer a estrutura e comportamento do sector financeiro; dominar os conceitos e ferramentas fundamentais necessárias à tomada de decisões relativas a políticas de investimento e financiamento; e compreender as implicações contabilísticas na análise das demonstrações financeiras.

As funções de Gestor financeiro e controller em organizações; gestor de conta, gestor de activos e trading, dealer, analista financeiro, quadro das áreas de desenvolvimento de produtos, planeamento e controlo na banca, seguros e sociedades de corretagem; supervisor e inspector na Administração Fiscal; docência e até investigação, são algumas das saídas destes profissionais.

A criação da licenciatura em Finanças numa escola com notoriedade ao nível da formação superior em Contabilidade como o ISCA-UA deve-se por um lado ao facto da oferta formativa em Finanças, ao nível de licenciatura e do ensino superior público, apenas existir em Lisboa, e por outro ao notório desenvolvimento verificado no sector e área financeiros, nacionais e

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internacionais. De salientar também que este é um desenvolvimento natural ao nível da formação superior ministrada no ISCA-UA, comum aliás às universidades do espaço europeu, onde se associa, no mesmo departamento, as finanças e a contabilidade.

Licenciatura em Marketing

Exigindo como prova específica de acesso ou Matemática, ou Economia ou Português, esta nova licenciatura que o ISCA-UA passa a ministrar já no ano lectivo 2006/2007 deverá abrir com 25 vagas. O arranque do curso tem por base três pilares fundamentais: as necessidades dos empregadores, a apetência dos alunos e a actual oferta regional de formação na área.

Sabe-se que os profissionais de marketing são fundamentais nas organizações, já que a eles compete redesenhar segmentos de mercado, construir marcas sólidas e desenvolver novos produtos. Esta licenciatura vem dar resposta às necessidades das PME nacionais (representativas do tecido industrial nacional), que necessitam de possuir no seu seio elementos capazes de entenderem a nova lógica de funcionamento dos mercados digitais e globais.

A licenciatura em Marketing visa, por isso, qualificar pessoas para desempenhar, nas organizações de pequena e média dimensão, funções que combinem um entendimento de matérias relevantes para a capacidade de explorar novos caminhos, como a criação de valor para além da vertente industrial – gestão de marcas próprias, gestão de processos de internacionalização, gestão de canais de distribuição, etc.

Os licenciados em Marketing pelo ISCA UA serão, assim, profissionais com capacidades para analisar as principais variáveis do marketing (canais de

distribuição, marcas, design de novos produtos); e assumir, nas organizações, o papel de interlocutor entre estas e o exterior para que respondam de forma imediata às necessidades manifestadas pelo mercado.

Habilitados para exercer as funções de gestor de marketing; técnico de estudos de mercado; marketing research; relações públicas; gestor de contas; ou director de publicidade e meios, estes licenciados ficarão aptos a realizar análise e pesquisas de mercado; a ser relações públicas de empresas e instituições; a definir programas de marketing; a divulgarem a imagem e comunicação da empresa ou instituição; a coordenar e monitorizar actividades de vendas; e a participar no processo de gestão estratégica das organizações.

Tecnologias e Sistemas de Produção Esta nova licenciatura ministrada a partir do ano lectivo 2006/2007, pela Escola Superior Aveiro Norte da Universidade de Aveiro, exige como disciplinas específicas de acesso uma das seguintes provas: Física (07), Matemática (18) Química (21).

Com a duração de três anos (seis semestres), este Curso Superior privilegia as componentes tecnológicas (mecânica, electrónica, automação, robótica, e tecnologias da informação e comunicação) fortemente apoiadas numa filosofia de Computer Aided Factory, o planeamento da produção e a formação propedêutica nas áreas da matemática e da física. Todas estas áreas são fortemente permeadas pelas tecnologias de informação e da comunicação.

O plano de estudos assenta num primeiro ano de formação geral em Matemática, Física, Electrotecnia, Engenharia Mecânica e Cerâmica, seguido por um ano de disciplinas nucleares de Engenharia Mecânica e

Electrotecnia; e por um ano terminal em que os diversos conhecimentos são congregados em disciplinas estruturantes da área da Engenharia Mecânica, Electrotecnia e Gestão, através de um projecto final.

Através deste plano de estudos pretende-se promover uma formação multidisciplinar e abrangente que permita ao Licenciado maximizar o leque de funções que se encontra apto a desempenhar, potenciando assim a sua empregabilidade e o seu contributo efectivo para o aumento da produtividade e da competitividade.

Neste sentido, estes licenciados poderão, nas empresas e indústria de base tecnológica, desenvolver actividades profissionais em funções empresariais, comerciais, ou industriais, trabalhando na produção ou na investigação e desenvolvimento de novas técnicas, processos ou produtos, bem como desempenhando funções técnico-comerciais, ou de garantia da qualidade de produtos ou de processos industriais.

O curso confere o Grau de Licenciado com um perfil profissional destinado em primeiro lugar ao mercado de trabalho. Esta vertente está suportada pelas metodologias de ensino utilizadas na Escola e alicerçada nas disciplinas de projecto, leccionadas numa forte parceria com as empresas da região.

A existência de seminário e de projecto, no segundo ano do curso, realizado em parceria com as empresas da região, visa o exercício de uma actividade de carácter profissional, assegurando aos estudantes uma componente de aplicação dos conhecimentos e saberes adquiridos, às actividades concretas do respectivo perfil profissional.

Os diversos módulos laboratoriais ao longo do curso permitirão, de uma forma gradativa, culminando com a disciplina de Projecto, treinar as capacidades de produção, pesquisa, recolha e selecção de informação

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de diversas fontes, desenvolvendo uma visão mais crítica e informada quanto ao valor relativo da informação disponível. As aulas experimentais (práticas) são ainda, para as disciplinas científicas, uma das formas mais eficazes de, em ambiente académico, criar nos estudantes hábitos de trabalho em equipa e proporcionar-lhes uma formação relacionada com esta forma de trabalho, contactando com todas as condicionantes e exigências de responsabilidade que esta forma de organização acarreta.

Através da execução de relatórios de trabalhos práticos regulares, deverão os alunos desenvolver as competências de comunicação escrita e o desenvolvimento de uma linguagem técnica, que, complementada por apresentações orais de trabalhos práticos ou de pesquisa, permitirão ainda o desenvolvimento de capacidades de comunicação oral dirigidas a públicos que se diversificarão com o nível de estudos, desde os pares, para níveis mais baixos, a audiências multidisciplinares e não especializadas mais alargadas no projecto final.

Em suma, com este curso pretende a Universidade de Aveiro dar resposta à necessidade de re-estruturação e optimização dos processos produtivos da indústria nacional, por forma a torná-la cada vez mais competitiva no mercado internacional. A estrutura curricular multidisciplinar apresentada segue as práticas consolidadas no espaço Europeu e Internacional, pretendendo ser no espaço nacional uma mais valia importante em termos de formação no Ensino Superior Português.

Importa ainda referir que a proposta de criação de um Curso Superior em Tecnologias e Sistemas de Produção decorre de uma reflexão conjunta da Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da Produção de Aveiro Norte (ESAN) com diversos agentes do tecido económico da região do Entre Douro e Vouga e de outras zonas

do país com afinidades industriais. Tem-se em vista a promoção do emprego qualificado numa grande variedade de sectores, de que se destacam o da indústria automóvel (moldes, plásticos, componentes, etc.), da metalomecânica, do calçado e da cortiça. Para além da extrema importância desta formação no contexto local e regional, a sua relevância estende-se, com igual relevância, ao contexto nacional.

Curso de Complemento de

Formação Científica e Pedagógica

em Ensino de Música

A criação do Curso de Complemento de Formação Científica e Pedagógica para Professores de Música na UA tem por principal objectivo contribuir para a qualificação do ensino em geral e do ensino artístico em particular, e oferecer a possibilidade de ascender ao grau de licenciado aos titulares de graus académicos que, à data da sua aquisição, constituíam a oferta mais elevada do sistema de ensino da música em Portugal. Têm, por isso, acesso ao curso todos os docentes com habilitação profissional ou equivalente para a docência do grupo disciplinar a que se destina o curso.

De acordo com a legislação, a formação de base que atribui equivalência ao grau de Bacharel não é creditável, não podendo funcionar como requisito para a obtenção de equivalência a disciplinas. Neste sentido, sendo a profissão de professor de música profundamente marcada pela prática performativa regular, poderá ser possível, caso o formando assim o decida, a realização de provas públicas no domínio da performance que possam ser creditáveis, atribuindo assim equivalência às cadeiras eminentemente práticas propostas no curriculum. Por outro lado, a análise do curriculum do formando, sob o ponto de vista da sua apresentação pública em concertos, pode reverter

para a equivalência a cadeiras do foro performativo.

Independentemente da creditação conseguida através do regime de equivalências, o formando estará sempre obrigado a realizar formação correspondente a um mínimo de 25 unidades de crédito.

O valor global em créditos para obtenção do grau de licenciado é de 45 U.C. – 90 ECTS, distribuídas pelas áreas científicas Música, Didáctica e Tecnologia Educativa, Estudos Artísticos, Seminário/projecto e Opções em qualquer área científica. Do elenco das disciplinas fazem parte Didáctica da Música, Tecnologia Educativa em Música, Estética, Educação Multicultural em Música, Fontes Musicais e Metodologia do Trabalho Científico, História da Música, Análise Musical, Etnomusicologia, Acústica e Organologia, Laboratório Performativo, Laboratório Criativo, Prática das Artes Performativas, Introdução à Técnica Alexander, Construção de Instrumentos, Projectos Integrados em Arte, Seminário/projecto e opções livres relacionadas com a temática.

O conjunto das disciplinas constitui uma oferta maior do que a necessidade que o aluno tem para construir o seu curriculum. Pretende-se assim que o aluno possa desenhar as suas opções curriculares de acordo com as suas necessidades de formação, e ainda de acordo com o tipo de ensino em que profissionalmente se insere.

Mestrado em Matemática Aplicada

à Engenharia

O curso de Mestrado em Matemática Aplicada à Engenharia visa o aperfeiçoamento científico e profissional de engenheiros, nomeadamente das áreas das Engenharias Civil, Electrónica e Telecomunicações e Mecânica, e, eventualmente, de quadros académicos

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de estas e outras áreas que sejam consideradas adequadas. Mais concretamente pretende-se que os formandos obtenham um reforço da capacidade de modelação matemática e um maior treino em cálculo, a par de um aprofundamento do quadro teórico da matemática como ferramenta para o enquadramento e resolução de questões práticas de engenharia.

Poderão, assim, candidatar-se a este Mestrado licenciados em Engenharia, em Matemática ou titulares de licenciaturas em áreas afins, com classificação mínima de 14 valores. Serão tidos em conta, na seriação dos candidatos, a classificação da licenciatura, o Curriculum académico, científico e profissional e a experiência docente e ou profissional nos domínios científicos específicos de conhecimentos dos respectivos mestrados.

O Mestrado é constituído por duas partes – um curso de especialização e a elaboração e discussão de uma dissertação. Neste sentido, terá a duração de quatro semestres dos quais os dois primeiros compreendem a frequência com aprovação no curso de especialização e os outros dois a preparação da dissertação. O grau de Mestre em Matemática Aplicada à Engenharia será conferido pela Universidade de Aveiro aos alunos que, tendo sido aprovados no curso de especialização, sejam aprovados também nas provas públicas da discussão da dissertação. A aprovação na parte curricular do curso de mestrado dá lugar a atribuição de um diploma pela Universidade de Aveiro.

Os prazos de candidatura, de matrícula e inscrição, assim como o calendário lectivo, serão divulgados mediante despacho reitoral em http://www.sac.ua.pt

Doutoramento em Tradução

Os fenómenos da globalização e da rede mundial de comunicação

fizeram aumentar as necessidades de mediação e de tradução a nível planetário e marcaram a evolução da investigação, dando origem a centros de excelência a nível internacional. A rapidez e a variedade dos contactos internacionais, bem como o desenvolvimento das tecnologias da comunicação e da informação, marcaram inevitavelmente uma especialização em áreas que deram origem a disciplinas ligadas à Tradução, como a Tradução Audiovisual ou a Localização.

Os estudos em Tradução têm vindo a confirmar a evolução do conhecimento nesta área de saber e adquiriram já uma identidade própria no âmbito das Ciências da Linguagem. A crescente especialização da tradução decorre da diversificação dos meios tecnológicos colocados à sua disposição e das exigências que os vários campos do saber impõem à sua realização. A diversificação das áreas de especialização, quer do ponto de vista das temáticas a ela associadas, quer do ponto de vista do suporte e do ambiente da própria tradução, gerou investigação que está patente nos inúmeros encontros, publicações e projectos de âmbito nacional e internacional.

Durante os últimos anos foram criados, em universidades portuguesas, cursos de licenciatura e de mestrado em Tradução ou com uma forte componente em Tradução. O Departamento de Línguas e Culturas da UA encetou o seu caminho nesta área, começando por criar, em 2000, uma linha de investigação em Terminologia e Tradução no respectivo Centro de Investigação. Aí se congregam docentes e investigadores, da UA e de outras instituições do ensino superior português, com um leque variado de línguas estrangeiras, envolvidos em projectos multilingues em diversas áreas de especialização.A prossecução desse caminho deu origem, em 2004, à abertura do

curso de licenciatura em Línguas e Tradução Especializada, que teve em conta o desenvolvimento e as necessidades crescentes no âmbito da tradução, incluindo no seu Plano de Estudos disciplinas como a Tecnologia de Apoio à Tradução, a Tradução Audiovisual e a Localização. Para além da formação graduada, a abertura do curso de licenciatura em Línguas e Tradução Especializada visava, a médio prazo, abrir caminho à criação de cursos de pós-graduação em sectores específicos da tradução especializada, apoiando-se para tal no quadro de investigação criado através da linha de investigação em Terminologia e Tradução.Neste âmbito, é possível identificar investigadores que se encontram presentemente em formação pós-graduada, ou que chegaram mesmo a concluí-la, e para os quais é urgente o enquadramento institucional que a criação do Ramo de Doutoramento em Tradução lhes proporciona. Com este novo ramo pretende-se definir uma competência específica para os estudos a realizar no âmbito da análise e da compreensão dos processos e dos produtos tradutológicos, bem como do impacto dos meios tecnológicos e de outras disciplinas que se cruzam com a tradução que lhe impõem novas exigências.

Podem candidatar-se a este doutoramento licenciados em cursos de Tradução e/ou de Línguas Estrangeiras (com domínio do Português e de, pelo menos, uma língua estrangeira) com a classificação final mínima de 16 valores, titulares do grau de mestre em Tradução ou em Línguas Estrangeiras ou candidatos detentores de um currículo científico, académico e profissional vocacionada para a Tradução, que ateste capacidade para a habilitação ao grau de doutor, precedendo apreciação curricular realizada pelo órgão competente da universidade que confere o grau.

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· Estudos Alemães· Estudos Clássicos· Estudos Ingleses· Estudos Portugueses· Física Aplicada· Geoquímica· Gestão da Informação· Gestão da Tecnologia, Inovação e

Conhecimento· Gestão de Operações e Logística· Gestão Ambiental, Materiais e

Valorização de Resíduos· Gestão Pública· Inovação e Políticas de

Desenvolvimento· Matemática · Métodos Biomoleculares Avançados· Métodos Instrumentais e Controlo da

Qualidade Analítica· Minerais e Rochas Industriais· Multimédia em Educação· Música· Ordenamento da Cidade· Qualidade e Tratamento de Águas e

Efluentes· Química e Qualidade dos Alimentos· Planeamento do Território – Riscos

Naturais e Tecnológicos· Políticas e Gestão do Ensino Superior· Poluição Atmosférica· Saúde e Risco Ambiental

Cursos de Formação Especializada

· Biomateriais· Ciências das Zonas Costeiras (Longa Duração)· Cidade e Ambiente· Cidade e Desenvolvimento· Cidade e Mobilidade· Comunicação e Educação em Ciência· Comunicações Ópticas· Comunicações Móveis· Contabilidade e Auditoria· Criação Artística Contemporânea· Cultura e Literatura Alemãs· Cultura Portuguesa· Educação em Ciências no 1º Ciclo

do Ensino Básico (Média e Longa Duração)

· Educação em Línguas no 1º Ciclo do Ensino Básico

(Curta, Média e Longa Duração)· Eficiência Energética e Energias

Renováveis· Empreendedorismo e

Pós-graduação com candidaturas

abertas

De Maio a Novembro decorrerão as quatro fases de candidaturas aos Mestrados e Cursos de Formação Especializada da UA para o próximo ano lectivo.As informações sobre os prazos de candidatura para os vários Mestrados e CFE´s poderão ser obtidas por consulta do site do Instituto de Formação Pós-Graduada em www.posgrad.ua.pt. Os procedimentos para a formalização de candidaturas estão definidos nos Editais de Abertura dos respectivos Cursos, os quais podem ser consultados em www.sac.ua.pt/pg_editais.aspAs candidaturas aos Cursos de Mestrado e CFE´s deverão ser efectuadas via Internet, através do seguinte endereço: http://paco.ua.pt

Cursos com nova edição em 2006/07

Mestrados

· Activação do Desenvolvimento Psicológico

· Ciência e Engenharia de Materiais (EMMS)

· Ciências da Educação: na especialização de Formação

Pessoal e Social· Ciências das Zonas Costeiras· Ciências da Fala e da Audição· Criação Artística Contemporânea· Comunicação e Educação em Ciência· Contabilidade e Auditoria· Economia de Empresa· Educação em Ciências no 1º Ciclo

do Ensino Básico· Educação em Línguas no 1º Ciclo do

Ensino Básico· Ensino de Física e Química· Ensino de Geologia e Biologia· Energia e Gestão do Ambiente· Engenharia Biomédica – Biomateriais · Engenharia Biomédica

Instrumentação, Sinal e Imagem Médica

· Engenharia Civil· Engenharia Electrónica e

Telecomunicações· Engenharia Mecânica (com IPL)

Desenvolvimento de Novos Produtos· Energia e Gestão do Ambiente (Longa Duração)· Ensino de Matemática· Enfermagem· Ensino de Física· Estudos Ingleses· Física Computacional· Física das Energias Renováveis· Formação Pessoal e Social· Geriatria e Gerontologia (Curta, Média e Longa Duração)· Gestão Ambiental, Materiais e

Valorização de Resíduos (Curta, Média e Longa Duração)· Gestão Industrial e Logística· Gestão para Executivos· Gestão Pública· Inovação e Políticas de

Desenvolvimento· Instrumentação, Sinal e Imagem

Médica· Investigação em Didáctica· Linguística Alemã e Didáctica do

Alemão· Literatura Portuguesa· Multimédia em Educação (Curta, Média e Longa Duração)· Música· Operação e Gestão de ETA/ETAR

(Média Duração)· Ordenamento da Cidade· Planeamento do Território – Riscos

Naturais e Tecnológicos (Longa Duração)· Políticas e Gestão do Ensino Superior· Poluição Atmosférica Industrial

(Longa Duração)· Qualidade e Tratamento de Águas e

Efluentes (Longa Duração)· Química de Aromas e Técnicas de

Análise (Curta Duração)· Química e Qualidade dos Alimentos

(Curta e Média Duração)· Redes de Comunicação· Redes e Serviços· Saúde e Risco Ambiental (Longa Duração)· Sistemas de Informação· Supervisão de Estágios Clínicos· Segurança Alimentar (Média Duração)· Urbanismo· Técnicas Avançadas para a Análise

dos Alimentos (Curta Duração)

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maio ‘06Linhas 62 6362 a ua em bolonha

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Os departamentos de Química e de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro criaram dois programas de colaboração com as escolas secundárias. O objectivo é apoiar os professores do ensino secundário a melhor preparar as suas aulas de laboratório, realizando, na UA, os trabalhos práticos que integram o programa da disciplina de Química do 12º ano. Os resultados são encorajadores. Cerca de uma centena de professores do 12º ano já

se deslocou aos laboratórios da UA e novas sessões estão já agendadas para os próximos meses.

Química nas escolas

O Departamento de Química da Universidade de Aveiro lançou um programa específico dirigido a professores do ensino secundário, a que chamou “Química nas Escolas”. Apoiá-los na preparação dos trabalhos laboratoriais que integram o novo programa da disciplina no 12º ano, contribuindo assim para melhorar as condições de ensino da Química nas escolas secundárias, foi o principal objectivo do programa que fez já deslocar ao Departamento cerca de meia centena de professores. No 3º período, uma nova sessão deste curso deverá receber igual número de professores.

O sucesso do primeiro curso de trabalhos práticos do 12º ano, em 12 de Novembro de 2005, ditou a realização de uma segunda edição a 26 do mesmo mês. Em Janeiro de 2006, os professores voltaram para a 2ª sessão dos seus cursos.

“Foi com grande prazer que constatámos o interesse generalizado das escolas neste programa de parceria, já que a quase totalidade das escolas contactadas responderam positivamente ao convite”, referiu o Coordenador do Programa e docente do Departamento de Química da UA, Paulo Ribeiro Claro.

Este curso faz parte de um programa mais vasto de parceria entre o Departamento de Química e as

Escolas Secundárias, designado “Química nas Escolas” e pretende ampliar e conjugar os esforços pela melhoria das condições de ensino da Química nas escolas secundárias. “A maioria dos professores de química escolheram essa profissão por paixão pela química.

O nosso objectivo é ajudá-los a transmitir essa paixão aos seus alunos”, explica o Prof. Paulo Ribeiro Claro, advertindo: “a nossa capacidade para atrair alunos para os cursos de química – uma área que tem carência de profissionais a nível europeu – será muito maior se os alunos gostarem das aulas de química nas suas escolas”.

O Departamento de Química assumiu desde o início que a vertente fundamental deste Programa seria o apoio efectivo aos professores – apoio entendido em sentido amplo, envolvendo todas as componentes que os ajudem a ser cada dia melhores professores de química. O processo foi, então, iniciado com uma consulta a 20 escolas da região,

química nas escolas e quimimaterua ensina professores do

secundário a serem os melhores

a ensinar química 64

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para identificar os problemas que poderiam ser resolvidos através de parcerias com a Universidade.

O apoio científico-pedagógico para realização dos trabalhos práticos do novo programa do 12º ano foi um dos temas sugeridos – dando assim origem ao arranque destes cursos de trabalhos práticos. Outras acções sugeridas incluem a elaboração de textos de apoio sobre os novos temas científicos dos programas, a criação de um endereço de e-mail para esclarecimento de questões, a disponibilização de informações relevantes para a recolha e encaminhamento de resíduos, e a colaboração no desenvolvimento de actividades práticas de sala de aula. Algumas destas actividades estão ainda em preparação, outras foram já lançadas. No endereço http://www.dq.ua.pt/qne/ é possível encontrar um fórum para esclarecimento de dúvidas, textos de apoio, e as fotografias enviadas pelos participantes dos cursos.

Para o Prof. Paulo Ribeiro Claro, os resultados destas acções são encorajadores. “A juntar aos diversos testemunhos de apreço dos professores participantes, há o efeito da divulgação na comunicação social, com uma visão positiva da química (que não é de desprezar!). Esta divulgação ultrapassou algumas vezes o âmbito da imprensa regional. Os Cursos realizados no Departamento de Química da Universidade de Aveiro foram, por exemplo, alvo de reportagens na RTP.”.

Importa ainda referir um resultado suplementar destes cursos: a prestação de uma colaboração especial a uma escola secundária, cujos laboratórios se encontravam em obras de remodelação. Aproveitando as excelentes condições que os laboratórios de química da UA oferecem, os alunos do 12º ano da Secundária de Castro Daire vieram à UA realizar os seus trabalhos práticos

obrigatórios: “Um Ciclo de Cobre” e “A cor e a composição quantitativa de soluções com iões metálicos”.

QuimiMater – Química dos materiais

e experiências com materiais para o

ensino da química

“Tal como as boas imagens valem por muitas palavras, as experiências podem exceder os efeitos de muitas imagens. Esta é a forma como vamos construindo a plataforma QuimiMater, no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro e em dezenas de Escolas Secundárias.”, afirma o Prof. Jorge Frade, docente do Departamento daquele Departamento da UA, acrescentando que diversas experiências interpretam o dia a dia, desvendando a riqueza científica das coisas simples, sem caixas negras ou metodologias que ponham barreiras à percepção sensorial. “Experimentamos e vemos como experiências simples revelam segredos da ciência. Acreditamos que assim se despertam o engenho e a criatividade de muitos que acreditam que a sua escola pode e deve aspirar a ser diferente, capaz de inventar o que não ocorre a outros…”.

O QuimiMater é uma plataforma de colaboração entre o Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro e escolas secundárias, lançada no Verão de 2005, tendo como objectivo principal a elaboração de experiências para actividades laboratoriais e outras iniciativas relacionadas com o programa da disciplina de Química de 12º ano. Esta Plataforma dedica-se especialmente à química dos materiais e à utilização dos materiais no ensino da química. “É aberta a todas as escolas e seus professores que aqui queiram encontrar apoios ou contribuir com a sua experiência e criatividade”, explica o Prof. Jorge Frade.

Com objectivos semelhantes ao Programa Química na Escola, o

QuimiMater pretende contribuir para o reforço do interesse pela ciência nas escolas secundárias, incluindo a ciência e engenharia dos materiais. Por isso mesmo, “serão procurados patrocínios de empresas, cujos contributos podem suprir a exiguidade de meios e transmitir a experiência desse outro lado da vida em visitas de estudo, palestras, etc.”, avança o docente.

O QuimiMater promoveu já um conjunto de acções de formação onde participaram mais de uma centena de professores do ensino secundário, provenientes de cerca de meia centena de escolas. Outras acções de formação decorreram nos dias 22 de Abril e 6 de Maio, no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, sendo dedicadas a actividades laboratoriais para a 3ª unidade do programa da disciplina de Química do 12º ano. Em http://www.cv.ua.pt/QUIMIMATER/QUIMIMATER.asp estão disponíveis protocolos para actividades laboratoriais relativas aos conteúdos programáticos da 1ª e 2ª unidades e, em breve, estarão disponíveis também os protocolos para diversas actividades laboratoriais da 3ª unidade.

A plataforma QuimiMater tem promovido ainda visitas de várias centenas de estudantes do ensino secundário à Universidade de Aveiro, proporcionando-lhes demonstrações de experiências e o contacto com alguns dos equipamentos mais emblemáticos da ciência e engenharia de materiais (microscopia electrónica de varrimento e de transmissão, microanálise, difracção de Raios-X e de electrões, etc.).

Por último, acresce referir que teve também início um ciclo de seminários realizados nas escolas da região, sobre materiais pouco conhecidos do grande público, por exemplo ligas com memória de forma (disponível em www.cv.ua.pt/QUIMIMATER/QUIMIMATER.asp), e outros temas de grande actualidade, tais como os biomateriais, a sociedade do hidrogénio, entre outras.

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universidade de aveiro combate

insucesso em matemática com

novos projectos

com novos programas departamento de didáctica e tecnologia educativa associa-se ao combate ao insucesso em educação em matemática

66

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O insucesso em educação em

matemática é uma realidade.

Apesar de meritórias, as

inúmeras iniciativas levadas

a cabo pelas mais diversas

instituições não se têm

revelado eficientes e eficazes

na (re)solução do problema.

É urgente rentabilizar sinergias

que permitam ultrapassar a

situação, desde a sua génese,

de uma forma inovadora.

projectos m@c1 e caixamat

Consciente disto mesmo, o

Departamento de Didáctica e

Tecnologia Educativa da UA

lançou mãos à obra e, em

articulação com os Ministérios

da Educação; da Ciência,

Tecnologia e Ensino Superior,

e outras instituições de Ensino

Superior, propôs-se levar a

cabo o Programa de Formação

Contínua em Matemática

para Professores do 1º CEB

– m@c1. Para Julho, está já

programado um Encontro final

do m@c1.

Por acreditar no princípio enquadrador do Programa – centrado não numa lógica de trabalho para os professores mas num trabalho efectivo com os professores – o Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro decidiu assumir o desafio como seu e pôs em marcha o m@c1. Este Programa de Formação Contínua em Matemática com professores do 1º ciclo do ensino básico da Universidade de Aveiro visa aprofundar o conhecimento didáctico e curricular dos cerca de 350 professores do 1º ciclo envolvidos, tendo em conta as actuais orientações curriculares neste domínio, bem como promover o trabalho em rede entre as cerca de 170 escolas e 35 agrupamentos envolvidos e a UA.

De acordo com a Prof. Isabel Cabrita, docente da UA e coordenadora do M@c1, considera-se que o trabalho desse núcleo germinador deve conduzir a um investimento continuado num ensino de qualidade da matemática, contaminando os seus pares, num processo de proliferação de uma nova cultura matemática. “Para a consecução de tais objectivos, o m@c1 estrutura-se em sessões quinzenais de formação, em pequenos grupos de cerca de 10 formandos, que

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inclui a planificação de experiências matemáticas e a reflexão sobre a implementação das mesmas em sala de aula”, explica a docente, acrescentando que “o balanço que os professores têm feito desta formação é bastante positivo”, como, de resto, atestam os excertos que se seguem: “Permite outra visão da Matemática, incluindo-a como área transversal a todas as outras, o que não era tão claramente evidente”.

“Esta acção tem-nos permitido o aprofundamento de conhecimentos teóricos e também práticos e no uso de materiais estruturados na sala de aula” Importa também destacar que a referida implementação, em sala de aula, admite o formador como parceiro in loco durante todo esse processo, o que tem sido igualmente muito valorizado pelos formandos, conforme descrito pelos próprios:“As sessões de acompanhamento foram, para mim, muito benéficas, na medida em que me deram mais segurança para pôr em prática os conteúdos…”

“As sessões de acompanhamento levaram-nos a reflectir em conjunto e a modificar estratégias (no caso de ser necessário). Houve também uma procura, em comum, de materiais e de metodologias a aplicar”

“Finalmente entra na nossa sala de aula alguém que nos vem ajudar!”

Por outro lado, a Prof. Isabel Cabrita lembra que, no âmbito de uma workshop ocorrida a 20 de Janeiro de 2006 e replicada a 27 do mesmo mês, os formandos puderam manter constante a comunicação entre si e com os formadores, através da plataforma de ensino a distância usada na UA – Blackboard.

Nesse mesmo período, acrescenta a coordenadora do Programa, “os participantes apropriaram-se da lógica e da plataforma que subjaz ao

Projecto InMat da Universidade de Aveiro que permite aos professores, pais/encarregados de educação e aos próprios alunos regularem, duma forma inovadora e num ambiente informático interactivo, as suas aprendizagens. Na altura, os participantes participaram, ainda, na Exposição de Simetrias e no Espectáculo dos Polígonos, o que facilitou uma convivência com formas criativas e inovadoras de abordar a Matemática.”

Apesar de todos os constrangimentos, nomeadamente a nível informático, com que as escolas ainda se debatem, os formandos consideraram, genericamente que:“O Blackboard revelou-se uma importante ferramenta para partilhar experiências. Duma maneira geral, os workshops acima referidos contribuíram para alargar o leque de ideias, materiais, sugestões de trabalho que o professor pode utilizar em contexto pedagógico-prático, o que é uma mais-valia na actividade lectiva.”

Por último, importa referir que, no âmbito da abertura do Programa a toda a comunidade educativa, realizou-se em Março, um Painel subordinado ao tema – Para uma Educação em Matemática Renovada no 1º Ciclo do Ensino Básico – do conhecimento matemático à palavra na Matemática, moderado por Isabel Cabrita e no qual se debateu:· Matemática e… conhecimento de

conteúdo – João David Vieira da Universidade de Aveiro;

· Matemática e… resolução de problemas, actividades de pesquisa ou investigação Isabel Vale,

ESE Viana do Castelo;· Matemática e… jogo – Pedro Palhares,

Universidade do Minho;· Matemática e… tecnologias – Ricardo

Luengo, Universidad de Extremadura (Espanha);

· Matemática e… a palavra – Eugénia Correia, Universidade de Aveiro.

Os cerca de 450 participantes – professores, dos mais diversos níveis de ensino; alunos da formação inicial de professores do 1º ciclo do ensino básico; pais/encarregados de educação, e mesmo auxiliares da acção educativa – puderam ainda assistir a uma Mostra Matemática.

“Este painel foi bastante importante, pois abrangeu novas perspectivas sobre a matemática. Fez repensar a forma como se ensina matemática actualmente e reflectir acerca de como se poderia ensinar de modo a melhora o desenvolvimento dos alunos a este nível e os seus resultados, mas também de modo a criar uma maior gosto pela matemática.”

“Este tipo de acção participada, com excelentes apresentações por parte dos formadores, feitas de forma clara e motivadora, bastante organizadas, permite um novo olhar de constante actualização dos métodos usados na sala de aula pelos professores que estão no terreno…”

“Se não me tivesse inscrito, estaria certamente arrependida.”

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A Universidade de Aveiro e a Caixa Geral de Depósitos colocaram no terreno um road show de âmbito nacional designado Caixamat. Por todo o lado onde passou, o enorme camião fez sucesso e o objectivo de estimular a aprendizagem e a criação de gosto pela Matemática, foi 100% cumprido. Entre finais de Janeiro e 4 de Maio, o camião da Matemática passou por 29 localidades de Norte a Sul do país, visitou 150 escolas, acolheu 50.000 estudantes e foi notícia em todos os órgãos de comunicação social.

O lema do projecto “Matemática é para todos” tinha uma missão bem definida: levar os alunos a não se auto-excluirem do processo de aprendizagem desta disciplina. Dirigido a estudantes de todos os ciclos de ensino, o camião, que a 30 de Janeiro começou a percorrer as estradas de Portugal levava um Professor/Animador e uma dezena de computadores ligados à Internet. Lá dentro iam sendo colocados desafios a que os alunos/utilizadores iam respondendo. A ideia era combater a mecanização e estimular o pensamento, uma vez que só assim se pode combater o insucesso.

projectos m@c1 e caixamat

road show caixamat

ua levou matemática a todos os cantos do país

O CAIXAmat utilizou o software produzido pelo Projecto Matemática Ensino (PmatE) da Universidade de Aveiro. Baseado nas mais avançadas tecnologias, este software permite fazer experimentações no campo da física, biologia e robótica, criando um ambiente tecnológico estimulante que induz os jovens a um contacto mais próximo com a ciência e a uma maior motivação para o seu estudo e descoberta.

O evento culminou em Maio na cidade de Aveiro, onde se realizaram também as competições do PmatE para o 1º 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário. Ao todo 10 mil alunos estiveram na UA para participar nestas competições.

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Reeleita a 5 de Dezembro para um segundo mandato, A Prof. Maria Helena Nazaré tomou posse no dia 15 do mesmo mês, reconduzindo igualmente a restante equipa Reitoral para os próximos quatro anos. A Reitoria manteve, assim, até 2010 os seus cinco vice-reitores (Professores Doutores Francisco Vaz, António Ferrari, Manuel Assunção, Isabel Martins e José Alberto Rafael) e o Pró-Reitor Tavares Rocha. Mais tarde, por Despacho de 1 de Fevereiro, nomeou o Prof. Nelson Rocha, Pró-Reitor para a Área da Saúde.

No dia da tomada de posse, a Reitora interveio para dizer que o compromisso e desafio assumidos há quatro anos atrás (lutar por uma universidade de referência na formação, investigação e interacção cultural, afirmando-se pelo rigor, qualidade e responsabilidade da sua intervenção) continuam actuais e que conta com a participação empenhada de toda a comunidade académica para os levar a bom porto.

A Reitora, Prof. Maria

Helena Nazaré, e a restante

equipa Reitoral tomaram

posse a 15 de Dezembro de

2005, no decorrer de uma

cerimónia que assinalou

o 32º aniversário da UA.

O programa do dia incluiu

também a atribuição de

bolsas de estudos aos

melhores caloiros da UA

2005/2006, a inauguração de

duas exposições de Hélène

de Beauvoir e o concerto de

aniversário, pela Orquestra

Filarmonia das Beiras.

Como principal objectivo para os próximos quatro anos, a Prof. Helena Nazaré salientou o fortalecimento da posição da Universidade de Aveiro como actor e parceiro indispensável e incontornável na Investigação Científica e no Ensino Superior em Portugal. “Em todas as áreas apostar-se-á fundamentalmente em recrutar para a Universidade de Aveiro e nela qualificar os melhores. Os melhores estudantes, os melhores investigadores, os melhores professores e os melhores funcionários”.

Naquela que foi a sua última intervenção como Presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro, Rosa Nogueira não deixou de felicitar a Reitora e desejar as maiores felicidades para o novo mandato. “Os alunos da Universidade de Aveiro confiam que no seu desempenho estará uma constante resposta aos desafios que definem o panorama do Ensino Superior nacional e internacionalmente. Confiamos sobretudo, que na sua consciente actuação e responsabilização estará a garantia de vermos a Universidade de Aveiro exigir o reconhecimento que lhe é devido, e defender intensamente a autenticação que é sua por direito. (…)”

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“Estamos certos, que os tempos futuros serão delicados e que os desafios que se adivinham serão difíceis. No entanto, a grandeza desta instituição advém também do contributo e da gestão rigorosa que tem sido feita nestes últimos anos. Confiamos por isso, que estes próximos anos, serão a corroboração meritória desta afirmação e estamos certos que, nesse tempo, os alunos que são a principal matéria da universidade, serão o mote e a razão completa e atenta desta gestão”.

Presente na cerimónia, o Secretário de Estado da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, Prof. Manuel Heitor cumprimentou, em nome do Ministro Mariano Gago, a Reitora e restante equipa Reitoral, desejando os maiores votos de sucesso para os desafios dos próximos anos. “A Universidade de Aveiro é hoje uma referência no âmbito do sistema nacional de ensino superior e de ciência e tecnologia mas também do esforço de globalização da sociedade de informação”, disse, afirmado ser este mérito reconhecido pelo Governo.

32º aniversário da ua

Entre os novos desafios que se colocam ao ensino superior, o Secretário de Estado frisou a necessidade de se apostar na qualificação internacional do ensino superior. “Neste contexto, para além do envolvimento dos estudantes nas actividades de investigação e desenvolvimento desde os primeiros anos, Bolonha significa também o aumento do número de alunos no ensino superior e as estratégias da UA para atrair novos públicos serviram de inspiração ao diploma que vai ser posto dia 19 de Dezembro a discussão pública sobre a regulamentação dos cursos de formação tecnológica.”.

A cerimónia terminou com a entrega de Bolsas de Estudo dos Melhores Caloiros da Universidade de Aveiro 2005/2006. Estas bolsas, atribuídas aos melhores alunos que se inscreveram no 1º ano no ano lectivo 2005/2006 de cada um dos cursos da universidade e escolas politécnicas com a nota de colocação igual ou superior a 17.5, foram este ano atribuídas a 13 estudantes.

Foi também atribuído o Prémio de Melhor Caloiro da Licenciatura de Engenharia Geológica e uma Bolsa de Estudo Fundação Engenheiro António Pascoal, destinada ao melhor aluno oriundo da Escola Secundária nº 1 de Aveiro que tenha ingressado na UA no 1º ano).

O programa de comemorações do 32º aniversário da Universidade de Aveiro incluiu, ainda, a inauguração das exposições de Hélène de Beauvoir e o concerto de aniversário, pela Orquestra Filarmonia das Beiras.

Veja também

Discurso Reitora:

http://www.ua.pt/uaonline/uplimages/med_137.pdf

Discurso Presidente da AAUAv:

http://www.ua.pt/uaonline/uplimages/med_139.pdf

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Nasceu em Lisboa, em 1949. É licenciada em Física (Universidade de Lisboa – 1972), Doctor of Philosophy: Solid State Physics Wheatstone Physics Laboratory, pelo King’s College London (University of London – 1978), Doutor em Física – Especialidade de Física do Estado Sólido, desde 1979, pela Universidade de Aveiro, e fez Agregação em Física, na Universidade de Aveiro, em 1987.

É Reitora da UA desde 9 Janeiro 2002 e Professora Catedrática do Departamento de Física da Universidade de Aveiro.

Nasceu no Porto, em 1945. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, pela Universidade do Porto, doutorou-se em Engenharia Electrotécnica (“Processamento de Sinais EEG”), na Universidade de Aveiro, e fez Agregação em Engenharia Electrotécnica, na Universidade de Aveiro.

Vice-reitor da UA, desde 2002, tem competências na área da investigação, inovação e transferência de tecnologia, designadamente:a) Conselho Científico;b) Instituto de Investigação;c) Secção Científica e de

Desenvolvimento do Senado;d) Laboratório Central de Análises;e) GrupUNAVE;f) Estruturas de Transferência de

Tecnologia;g) Representação e cooperação com

entidades terceiras nos domínios referidos.

Quem é quem

na equipa Reitoral (2006-2010)

e respectivas competências

Reitora

Maria Helena Vaz de Carvalho Nazaré Vice-Reitor

Professor Doutor Francisco António Cardoso Vaz

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Nasceu a 4 de Maio de 1949. Vice-Reitor para a Formação Inicial (desde Janeiro de 2002) e Professor Catedrático de nomeação definitiva, licenciou-se em 1973, em Engenharia Electrotécnica pela Universidade do Porto, é Engenheiro pela École Supérieure d’Éléctricité, Paris, desde 1975; Master of Science em “Digital Systems”, Brunel University, (1979); Ph.D. em Electrical Engineering, Brunel University, (1982) e tem Agregação em Arquitectura de Computadores e VLSI (Universidade de Aveiro, 1993).

Neste mandato, a Reitora atribuiu-lhe competências no âmbito da educação e formação graduada na sua vertente conceptual, de avaliação e promoção da qualidade, designadamente:a) Conselho Pedagógico;b) Instituto de Formação Inicial

Universitária;c) Secção Pedagógica e Académica

do Senado;d) Coordenação das iniciativas

relacionadas com o processo de Bolonha;

e) Acompanhamento dos programas e iniciativas da Universidade relativas ao desenvolvimento curricular da formação inicial;

f) Acompanhamento dos programas

de avaliação da Universidade, em articulação com a execução da política de qualidade definida, no que concerne à formação inicial universitária;

g) Internacionalização e relações externas no âmbito da formação inicial.

Nasceu em Sousel, Portugal, em 1952. Licenciado em Física pela Universidade de Lisboa, obteve o Ph.D. em Física pela Universidade de Warwick, Reino Unido, com uma tese na área dos semicondutores não cristalinos. É Professor Catedrático do Departamento de Física da Universidade de Aveiro, onde integra a Unidade de Investigação “Física dos Semicondutores em Camadas, Optolelectrónica e Sistemas Desordenados” e Vice-Reitor desde 1994.

A ele estão atribuídas competências no âmbito do acompanhamento da relação institucional com discentes e respectivas estruturas representativas, formação politécnica, formação pós-secundária e aprendizagem ao longo da vida, e cooperação Universidade-Sociedade, designadamente:a) Instituto de Formação Politécnica;b) Centro Integrado de Formação de

Professores;c) UNAVE – Associação para

a Formação Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro;

d) Fábrica Centro Ciência Viva;

Vice-Reitor

Professor Doutor António Manuel de Brito Ferrari Almeida

Vice-Reitor

Professor Doutor Manuel António Cotão de Assunção

32º aniversário da ua

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maio ‘06Linhas 78 7978

e) Coordenação de iniciativas de formação pós-secundária;

f) Coordenação do programa de promoção da inserção profissional dos graduados da Universidade de Aveiro;

g) Coordenação das actividades relacionadas com a promoção da imagem da Universidade de Aveiro;

h) Promoção das actividades de extensão cultural e divulgação científica;

i) Promoção de iniciativas visando a manutenção e reforço de laços sócio-afectivos com antigos alunos da Universidade de Aveiro e suas estruturas representativas;

j) Acompanhamento dos programas de avaliação da Universidade, em articulação com a execução da política de qualidade definida, no que concerne à formação inicial politécnica.

Nasceu em Coimbra, em 1948. É Licenciada em Química, pela Universidade de Coimbra (1971), Doutorou-se em Ciências da Educação/Didáctica das Ciências, pela Universidade de Aveiro, em 1990, e fez Agregação em Educação, na Universidade de Aveiro (2004).

Professora Catedrática de Nomeação Definitiva, Universidade de Aveiro, desde Julho 2005, competem-lhe os assuntos no âmbito da formação pós-graduada, nomeadamente da sua avaliação e promoção, designadamente:a) Instituto de Formação Pós-graduada; b) Coordenação dos programas

e iniciativas da Universidade no âmbito do processo de implementação de Bolonha relacionados com os segundo e terceiro ciclos de estudos;

c) Acompanhamento dos programas de avaliação da Universidade em articulação com a execução da política de qualidade definida, no que concerne à formação

pós-graduada;d) Representação da UA no

European Consortium of Innovative Universities.

Nasceu a 9 de Março de 1956. Com licenciatura em Engenharia Electrotécnica, pela Universidade de Coimbra, (1978), Doutorou-se em Engenharia Electrotécnica (“Image processing of Multi-gated Acquisition Nuclear Medicine Cardiac Data”) na Universidade de Aveiro, em 1989. Pró-Reitor de 1997 a 2001 e Vice-Reitor desde 2002 tem a seu cargo os assuntos no âmbito da gestão da informação, da promoção da qualidade e eficiência global dos Serviços enquanto objectivo prioritário de curto e médio prazo, da reorganização e informatização dos Serviços e da definição e articulação do modelo de gestão dos Serviços a nível central e departamental, nomeadamente no que refere a:a) Coordenação do processo de

avaliação institucional;b) Coordenação de programas e

iniciativas que promovam a ligação com a sociedade no âmbito das tecnologias da informação e comunicação;

c) Gabinete de Qualidade, Avaliação e Procedimentos;

d) Centro de Multimédia e de Ensino à Distância;

Vice-Reitora

Professora Doutora Maria Isabel Tavares Pinheiro Martins

Vice-Reitor

Professor Doutor José Alberto dos Santos Rafael

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maio ‘06Linhas 78 7978

e) Gabinete de Gestão da Informação;f) Centro de Informática e

Comunicações da Universidade de Aveiro;

g) Fundação João Jacinto de Magalhães.

Nasceu em Lisboa em 1956 e é Licenciado em Geologia, pela Universidade de Lisboa, (1984). Doutor em Geociências (Mineralogia), pela Universidade de Aveiro, em 1994, fez Agregação em Geociências (Argilas), Universidade de Aveiro, em 2000. Pró-Reitor da Universidade de Aveiro desde 4 de Dezembro de 2003, compete-lhe neste mandato a gestão integrada do Campus, em particular: a) Coordenação do desenvolvimento de

projectos, obras e do programa de manutenção das instalações e infra-estruturas da UA;

b) Coordenação da elaboração de um programa de intervenção no sentido de optimizar a gestão da energia, água e resíduos da UA;

c) Coordenação da revisão e consolidação dos modelos de segurança, de tráfego, sinalética, estacionamento e acessibilidades tendo em vista a promoção da qualidade ambiental e segurança global na Universidade e respectivas Unidades Orgânicas;

d) Coordenação da promoção de campanhas de sensibilização junto dos membros da UA tendo em vista a consolidação de um modelo exemplar de comportamento individual e colectivo, nos domínios antes referidos.

É Licenciado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, pela Universidade de Aveiro (1983). Fez Doutoramento em Engenharia Electrotécnica (Telecomunicações), Universidade de Aveiro, em 1992 e Agregação em Engenharia Electrotécnica, Universidade de Aveiro, em 2004.

A ele estão atribuídas competências relacionadas com a coordenação de todas as acções pertinentes do Programa das Ciências da Saúde

Pró-Reitor

Professor Doutor Fernando Joaquim Fernandes Tavares Rocha

Pró-Reitor

Professor Doutor Nelson Fernando Pacheco da Rocha

32º aniversário da ua

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maio ‘06Linhas 80 8180

A 6ª edição da Semana Aberta da

Ciência e da Tecnologia da UA, levada a

cabo em Novembro passado, superou

as melhores expectativas.

Mais de 14 mil inscrições deram

entrada nos Serviços de Relações

Externas da Universidade de Aveiro

para visitar as inúmeras iniciativas que

preencheram o extenso programa

da Semana. Um evento que permite

observar, experimentar e intervir de

perto com a Ciência e a Tecnologia.

Entre 21 e 27 de Novembro, o fascinante mundo da ciência e tecnologia esteve à disposição de todos quantos quiserem deslocar-se à UA para observar, experimentar e intervir nas diversas actividades programadas.

Nascida há seis anos, por iniciativa dos Serviços de Relações Externas da UA, com o objectivo de promover a ciência e a tecnologia e despertar o interesse dos jovens estudantes para estas áreas do saber, a Semana Aberta da

Ciência e da Tecnologia rapidamente se transformou na “grande festa da ciência e tecnologia da UA”, na qual se envolvem todos os departamentos, unidades e serviços da universidade.

Desde então, o sucesso tem sido crescente. Em 2000 logo se revelou uma experiência muito positiva. Iniciou-se esta aventura com cerca de 4 mil interessados em conhecer o dinamismo científico da Universidade. A grande adesão do público e a qualidade das iniciativas foi reforçada em 2001, ano em que se recebeu o dobro das visitas. Em 2002, quase 9 mil pessoas aceitaram o convite da UA, em 2003 atingiu-se quase as 10 mil e em 2004 foram recebidas mais de 11 mil inscrições.

Este ano, a UA foi mais longe e ultrapassou as 14 mil inscrições, um aumento de 20% em relação ao ano passado e quase quatro vezes mais do que na primeira edição.

Para além de participantes de escolas pertencentes aos distritos de Aveiro, Porto, Coimbra, Viseu, Leiria, Castelo Branco, Santarém, Lisboa e Setúbal,

6ª semana aberta da ciência

e tecnologia

mais de 14 mil inscrições superaram as expectativas

Linhas maio ‘06

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maio ‘06Linhas 80 8180

este ano, pela primeira vez, marcaram presença também escolas de Barcelos, Proença-a-Nova, Sabugal, Cascais, Arganil, Azambuja, Fátima, Lourinhã, Alvaiázere e Lisboa.

Foram patrocinadores desta edição as empresas C.A.C.I.A., PT Inovação, Industrial Laborum, Oliveira&Irmão, Pascoal, Siemens, Millennium BCP e Select/Vedior. O Diário de Aveiro também se associou ao evento, prestando o seu apoio na divulgação. A próxima edição acontecerá em Novembro deste ano. Toda a informação respeitante às iniciativas agendadas para 2006 vão estar disponíveis em http://event.ua.pt/semct/, a partir de Setembro.

Semana Aberta abre novas perspectivas a

Docentes e Alunos

A Universidade de Aveiro foi à procura de reacções

de professores e alunos que visitaram esta edição

da Semana Aberta da Ciência e Tecnologia.

Miúdos e graúdos confirmam que a iniciativa os

surpreendeu pela positiva, realçando a hipótese

da aproximação da Universidade com o Ensino

Secundário, um dos grandes objectivos do evento.

Maria do Carmo Lobo, docente na Escola EB 2/3

de Aradas, Aveiro, e ex-estudante da UA (licenciada

em Ensino de Inglês/Alemão), compareceu na

Semana Aberta da Ciência e Tecnologia no âmbito

de um projecto da sua escola. “Esse projecto,

que desenvolvemos há cerca de dois anos,

enquadra-se no âmbito da ocupação profissional

dos alunos do 9º ano. Sempre que existe este tipo

de actividade os Directores de Turma procuram

trazer os seus alunos com vista à sua orientação

vocacional”.

80 81 semana aberta da ciência e tecnologia

Uma das preocupações dos docentes desta escola

aveirense é a de procurar actividades que possam

ajudar os alunos a decidir o futuro.

“Este tipo de eventos pode, entre outras coisas,

abrir novas perspectivas. Vindo aqui, os alunos

tomam consciência de possíveis percursos

alternativos, e a UA abre-lhes horizontes que não

teriam oportunidade de conhecer de outra forma”.

Tito Santos, aluno da Escola EB 2/3 de Aradas,

confirma o ponto de vista da sua professora.

“Este tipo de iniciativas pode ajudar-me a definir o

futuro, visto que pretendo seguir o ramo da Biologia,

mas confesso que também me atraiu tudo o que vi

no Departamento de Geociências.

Com as actividades a que assisti fiquei com uma

noção mais aprofundada do que posso vir a

encontrar no ensino superior e, se puder, venho para

a UA no futuro”.

A docente Maria do Carmo Veiga, da Escola

Secundária José Estêvão de Aveiro, é da opinião

de que estas iniciativas são de louvar, apesar de

lamentar o facto de não ter preparado a turma para

o que iria encontrar. “Penso que estas iniciativas

são óptimas, apesar de achar que, por não me ter

informado bem sobre a actividade, os meus alunos

não conseguiram aproveitá-la ao máximo, já que

ainda não estão muito dentro desta matéria.

Para quem já tenha os conhecimentos necessários,

penso que é uma boa experiência”.

Esta docente não tem dúvidas que este tipo de

iniciativas irá ajudar muito os estudantes a definir

os seus objectivos futuros. “Ajuda também a

uma certa aproximação entre a Universidade e o

Ensino Secundário, entre alunos e, paralelamente,

professores, que considero muito importante”.

Sónia Mota, 10º ano, aluna na mesma escola, já

conhecia a UA e valoriza a experiência de poder

aprofundar o seu conhecimento sobre um ensino

superior que está tão longe, mas ao mesmo

tempo tão perto. “Aprendi coisas novas, como por

exemplo o que é um polímero. Gostei de revisitar

a UA, e julgo que posso vir a ter um futuro nesta

Universidade. É o meu desejo”.

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Eureka aos sábados e todas as

manhãs na TSF

O sucesso do Eureka – um programa de rádio sobre ciência e tecnologia que a TSF lançou em parceria com a UA em Outubro passado – é notório. Para além de ter sido um dos primeiros seis programas que aquela rádio disponibilizou em formato podcast, uma história sobre a ciência e tecnologia que aqui se produz foi diariamente emitida às 07h40, entre Fevereiro e Março.

Durante um mês e meio, todas as manhãs, entre as 07h40 e as 07h45, a TSF deu a conhecer ao auditório nacional o que de melhor se faz nas áreas da investigação tecnológica e científica na Universidade de Aveiro. A par do programa que todos os Sábados vai para o ar às 13h30, uma versão reduzida do Eureka (uma história por dia) foi transmitida de segunda a sexta, naquela rádio nacional. O regresso diário à antena deverá acontecer em meados de Junho.

ua projecta-se nos média“Esta transmissão diária, numa hora a que muitas pessoas se estão a deslocar de carro para o emprego, – 400.000 ouvintes (dados TSF/Marktest) – deverá permitir aumentar significativamente as audiências médias dos conteúdos do Eureka, presentemente estimadas em cerca de 60.000 pessoas”, salientou o Prof. Fernando Ramos, docente da UA e Director do CEMED, no momento em que o programa começou a ser emitido diariamente.

Recorde-se que o Eureka, produzido pela equipa responsável pelo programa de televisão 3810-UA e emitido pela primeira vez no dia 15 de Outubro de 2005, tem todos os Sábados levado ao auditório da TSF as últimas novidades científicas e tecnológicas que envolvem a Universidade de Aveiro, através de três pequenas reportagens de cinco minutos.

programa sobre ciência e tecnologia produzido pela equipa do 3810-UA

Linhas maio ‘06

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ua projecta-se nos médiaPrograma 3810-UA na RTP

Internacional e na RTP África

Em finais de Janeiro, o novo programa “3810-UA Internacional” começou a ser emitido na RTP Internacional e na RTP África. Produto complementar do 3810-UA transmitido no canal Dois, este programa tem a duração de 30 minutos e, tendo em conta os públicos-alvo (comunidades emigrantes e PALOP’s), centra-se na investigação científica e tecnológica produzida na UA, nos programas de cooperação existentes com a comunidade internacional, e dá ainda atenção aos roteiros turísticos e tradições da região de Aveiro.

O sucesso do programa de televisão da Universidade de Aveiro que preenche o espaço Universidades do Canal Dois e é emitido naquele canal todas as terças-feiras, pela uma da manhã, ditou a produção de um novo 3810-UA, com conteúdos de interesse para as comunidades estrangeiras de língua portuguesa. Com uma duração mais curta, o novo programa da UA passou, desde 31 de Janeiro, a preencher a grelha de programação da RTP Internacional e da RTP África.

a ua está em todo o mundo

ua projecta-se nos média

Às terças, o programa vai para o ar à 01h00 (hora portuguesa), simultaneamente na RTP Internacional e na RTP África, ou seja às 02h00 na Europa e em Angola, por exemplo, ou à 01h00 na Guiné. Neste mesmo dia poderá igualmente ser visto na Ásia (18h30 de Sidney). Às quintas-feiras, às 05h00 em Portugal, a América pode assistir ao 3810-UA pelas 00h00 em Nova York, à 01h00 ou 03h00 no Brasil (horário de Verão e Inverno).

Aos domingos, o programa passa às 09h30 (hora portuguesa) na RTP Internacional podendo ser visto simultaneamente em todo o mundo e é emitido também na RTP África. Para consultar a hora de cada ponto do mundo consulte http://www.worldtimezone.com/ De acordo com o Prof. Fernando Ramos, docente da UA e director do CEMED, este novo programa trará um “incremento importante das audiências e da visibilidade da UA, dado que a RTP Internacional chega a cerca de 25 milhões de lares e que a RTP África é líder de audiências nos PALOPs”.

Para João Salvado, realizador do programa, a entrada do 3810-UA na grelha de programação destes canais representa “o reconhecimento da qualidade profissional do programa e da equipa que nele trabalha pelas estações de televisão, assim como o prestígio da Universidade de Aveiro e o interesse dos conteúdos no programa difundidos.”.

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