Revista Novo Ambiente edição 20

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ndice

8 No Meio 11 Cartum 16 No Meio Turismo 18 TechNA 20 Diesel 60Pepino nas bombas

42Para o IBPT, sociedade brasileira tem um dos piores retornos do mundo

Impostos

Amaznia Legal

Alm das nossas fronteiras Redd ganha fora Ilha do Mel

Sistema de aluguel de bikes para conquistar o Rio

samba

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64 Amaznia 68 Turismo 72 Atitudes emVerde e AmareloConvivncia digna Purificar & Gerir

82 Tecnologia 86 Eventos 2012 88 Lente LimpaIrrigao Ideias para salvar o planeta

Uma nova vida para a lagoa

Lagoa rodrIgo de freItas

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90 Velho Ambiente 95 Cartum Convidado 96 Da RedaoO programa Um Milho de Cisternas a Atitude em Verde e Amarelo desta primeira edio de 2012. Ele est conseguindo executar, com sucesso, obras fundamentais para a vida de 5 milhes de famlias rurais da regio mais seca do Brasil: o semirido.

srIe

O sustentvel bacalhau da Amaznia

pIrarucu de manejo

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Cdigo do Bem-Estar Animal em debate

Maus-tratos

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Foto: Dreamstime

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GRANDEs obRAs

O homem no o nico animal com capacidade para construir, mas foi graas a esse talento que a nossa espcie dominou o planeta. Muros, canais, cidades, pontes, catedrais, pirmides, arranha-cus. Sistemas que otimizam a dinmica humana e que sempre deram mais segurana s nossas vidas fazem nossas histrias e protegem nossas culturas. No entanto, estamos chegando a um ponto de inflexo, e os recursos naturais j tm data para se esgotar. Se no mudarmos agora, por bem, nosso jeito de construir, inevitavelmente mudaremos em breve por falta de materiais.desenvolvimento com equilbrio

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EditorialEditorialAno 02 - Edio 20 - Janeiro/2012 Distribuio dirigida e a assinantesUma publicao da Novo Ambiente Editora e Produtora Ltda. CNPJ/MF.: 12.011.957/0001-12 Rua Professor Joo Doetzer, 280 - Jardim das Amricas - 81540 -190 - Curitiba/PR Tel/Fax: (41) 3044-0202 - [email protected] Impresso: Grfica Capital TIragem: 30 mil exemplares

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A tiragem desta edio de 30 mil exemplares comprovada pela BDO Auditores Independentes.

DireTor-Geral Dagoberto Rupp [email protected] relaes De mercaDo Joo Rodrigo Bilhan [email protected] aDmiNisTraTiVo Jaqueline Karatchuk [email protected] Paula Santos [email protected] Mnica Cardoso [email protected] comercial (Dec) Paulo Roberto Luz [email protected] Joo Claudio Rupp [email protected] Joo Augusto Marassi [email protected] Rodrigo Nardon [email protected] Leandro Dvorak [email protected] rePreseNTao (sP) Iokisa Takau Jr. [email protected] Diana Tabajara [email protected] markeTiNG e comuNicao Diretor de Marketing Marco Jacobsen [email protected] Fernando Beker Ronque [email protected] Rafael de Azevedo Chueire [email protected] Dagoberto Rupp Filho dagoberto. [email protected] Fernanda Prosdocimo [email protected] Paula Mayara [email protected]

coNselho eDiTorial Dagoberto Rupp [email protected] Joo Rodrigo Bilhan [email protected] Carlos Marassi [email protected] Paulo Roberto Luz [email protected] Joo Claudio Rupp [email protected] Joo Augusto Marassi [email protected] Fbio Eduardo C. de Abreu [email protected] Edemar Gregorio [email protected] eDiTor-cheFe Edemar Gregorio [email protected] ceNTral De JorNalismo Carlos Marassi [email protected] Davi Etelvino [email protected] Uir Lopes Fernandes [email protected] Carolina Gregorio [email protected] Paulo Negreiros [email protected] Leonardo Pepi Santos [email protected] Leonilson Carvalho Gomes [email protected] Estanis Neto [email protected] Marcelo Ferrari [email protected] Oberti Pimentel [email protected] Marcelo C. de Almeida [email protected] Alexsandro Hekavei [email protected] Ricardo Adriano da Silva [email protected] Melissa Cunha [email protected] DiaGramao e iNFoGraFia [email protected] reViso Karina Dias Occaso [email protected] ilusTraes Marco Jacobsen [email protected] WebDesiGN Fernando Beker Ronque [email protected] bem-esTar Clau Chastalo [email protected] Maria Telma da C. Lima [email protected] Paulo Fausto Rupp [email protected] Janete Ramos da Silva [email protected]

[email protected] loGsTica Juliano Grosco [email protected] Juvino Grosco [email protected] Alcio Luiz de Oliveira Filho [email protected] Renato da Conceio Filho [email protected] Jackson Thayan [email protected] aTeNDimeNTo e assiNaTuras Mari Iaciuk [email protected] Raquel Coutinho Kaseker [email protected] auDiToria e coNTroller Marilene Velasco [email protected]

L se vo 2 mil pginas na tentativa de contar um pouco da histria contempornea do Brasil. o dia a dia de uma nao que avana, entre tropeos e acertos, para sua sustentabilidade como pas. Nesta 20 edio da Revista Novo Ambiente, que abre o ano de 2012, tratamos como tema principal a influncia das grandes obras na vida das pessoas, as facilidades, ideias geniais e tambm aes impraticveis que colocam em alerta quase todas as aglomeraes urbanas do planeta. Mas aprende-se, experimenta-se e aplica-se. assim a espcie humana vai acertando e cada vez mais valorizando o planejamento urbano como prioridade sobre politicagens que tocam obras fantasmas ou que no servem ao povo. trazemos, na srie amaznia, matrias que nos permitem conhecer com maior profundidade o complexo universo sob influncia da maior floresta equatorial do planeta. sociedade, economia e meio ambiente e tudo aquilo de que eles precisam para se reequilibrar. Na srie Vida urbana, voltamos mobilidade urbana e importncia das bicicletas em qualquer conceito moderno de deslocamento o sistema samba, implantado por meio de uma parceria entre o banco Ita e a Prefeitura do rio de Janeiro; inteligente, satisfatrio e simptico. o que h de errado na poltica e nas prticas ambientais tambm nos lembra da importncia que a imprensa tem na observao de comportamentos e tendncias nocivas para a sociedade. abusos contra a humanidade ou contra os animais. Impostos, combustveis, alta tecnologia, indstria, turismo e uma ampla lista de assuntos relacionados ao equilbrio sustentvel compem essa pequena frao de um trabalho editorial que est apenas comeando e, torcemos, conseguir contribuir com a Educao e a formao de uma conscincia para a construo diria de um mundo cada vez mais legal de se viver.

boa leitura! Central de Jornalismo

Energia para o mundoNada de computador, televiso, geladeira. Nem mesmo chuveiro eltrico para encarar o banho nos dias mais frios. o que parece inimaginvel, infelizmente, realidade para uma parcela significativa da populao mundial. Dados da rede de Conhecimento oNu-Energia revelam que aproximadamente 1,4 bilho de pessoas ainda no tm acesso eletricidade cenrio que levou a organizao das Naes unidas a eleger 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentvel para Todos. a inteno promover debates para que o quadro seja revertido. No se trata apenas de uma questo de conforto. a entidade destaca que, sem energia, direitos bsicos como sade e educao so seriamente comprometidos. alm disso, os reflexos negativos atrasam o desenvolvimento econmico das regies afetadas. a ao integra o projeto Energia sustentvel para todos, criado para colocar em pauta a importncia da energia na luta pela reduo da pobreza, propondo metas a serem cumpridas at 2030. os detalhes esto no site oficial (www.sustainableenergyforall.org, pgina em ingls), onde tambm se encontra o calendrio que a oNu prepara para a celebrao do ano Internacional da Energia sustentvel para todos.

NOMEIOBicharada no arNo raro ver um cachorro em uma caixa de transporte ser colocado no compartimento de carga de um avio. No entanto, no sempre que se pode ver uma ona-parda de 150 kg atravessar o Brasil por via area; e esse um dos trabalhos que a taM Cargo realiza. Desde 2009, a unidade de cargas da taM Linhas areas transporta gratuitamente animais selvagens resgatados pelas autoridades ambientais, para sua reintroduo na natureza. a ona-parda, sob responsabilidade da associao Mata Ciliar, com monitoramento da instituio e do Ibama, foi transferida de Fortaleza para so Paulo em janeiro. Provinda de uma parceria com o Ibama, a iniciativa j foi responsvel pelo transporte de mais de 700 animais, como capivaras, cascavis, pssaros, pneis, um lobo-marinho, uma tigresa e uma fmea de urso-de-culos, espcime raro da amrica do sul. ainda que todos esses passageiros nos paream incomuns, em novembro de 2011 a empresa, em um feito indito, levou um indivduo ainda mais curioso: um tubaro da espcie Carcharias taurus, da argentina para so Paulo, em uma operao especial.janeiro/2012

foto: ascom tam

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foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

Muito alm da remediao materialDesastres como as enchentes ocorridas em Minas Gerais, no rio de Janeiro e no Esprito santo uma triste constante nos veres brasileiros deixam muito mais do que a destruio material que tanto se tenta remediar. o terror experimentado pelas vtimas e a perda de entes queridos deixam sequelas que marcam para sempre a vida de quem sobrevive. E com o objetivo de prover recuperao emocional que os 15 psiclogos treinados do Instituto Karun de assistncia em Emergncias (Inka) pretendem intervir na regio, comeando pela cidade de ub/MG. o Inka, oNG criada em 2010, oferece auxlio psicolgico gratuito a vtimas de calamidades, violncia, assdios ou acidentes e atua principalmente nos casos em que no se tem acesso a tratamentos particulares. Como opera em emergncias, seu foco principal uma ao imediata e direta para no permitir que o trauma se transforme em uma patologia.

Para ficar relax no banhoum banho costuma ser bem mais do que um momento de higiene pessoal; muitos aproveitam o momento para relaxar, para recarregar as energias e para pensar na vida. No entanto, esse delicioso ritual costuma se tornar um grande desperdcio de gua. Pensando nisso, a Lorenzetti lanou a nova linha de duchas Lorenair, cujo sistema mistura ar com gua e reduz o consumo em at 40% em comparao s duchas convencionais. a aerao do jato torna-o mais largo, proporcionando a sensao de maior volume de gua sem alterar a presso. unido ao seu espalhador de 20 cm, a novidade promete no tirar o prazer de um banho farto. segundo a empresa, em uma residncia onde so tomados quatro banhos ao dia, cada um com durao de dez minutos e vazo de oito litros de gua por minuto, a economia mensal seria de cerca de 3.800 litros de gua.

Foto: ascom Lorenzetti

foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

NOMEIOSeminrio discute Gesto AmbientalNos dias 13 e 14 de maro, ser realizado em Braslia/DF o primeiro seminrio Meio ambiente Gesto ambiental e Desenvolvimento responsvel, coordenado pelo Instituto de Gesto tecnolgica, patrocnio da Petrobras e apoio do governo do Distrito Federal e Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio). o evento vai reunir protagonistas da temtica ambientalista de todo o pas com o objetivo de discutir os avanos na atual poltica de meio ambiente, com foco na Poltica Nacional de resduos slidos (PNrs). Entre os temas que sero discutidos no evento, destacam-se: Fundos ambientais, que ser apresentado por Fernando tatagiba, representante do Ministrio do Meio ambiente; e a Competncia Executiva e Legislativa dos Municpios em Defesa do Meio ambiente, a cargo do representante do superior tribunal de Justia, Desembargador antnio souza Prudente. todas as atividades sero gratuitas e os participantes, certificados. a programao completa e o link de inscries esto disponveis no site .

Suframa tem novo Superintendentethomaz Nogueira assumiu a superintendncia da Zona Franca de Manaus (ZFM), cujo modelo j consolidado tem avanado expressivamente nas reas econmicas e sociais na ltima dcada. No entanto, muitos desafios aguardam o novo superintendente da autarquia, que cuida de um parque industrial que faturou nada menos que r$ 70 bilhes em 2011. Entre os desafios, questes ambientais e a guerra travada entre a ZFM e outros polos do pas na rea de informtica. Indicado pelo Governador e pela bancada do estado, Nogueira ocupava o cargo de secretrio da Fazenda do amazonas. temos de ter claro que h certa expectativa de toda a populao. Eu agradeo publicamente ao Governador omar aziz, por ter se lembrado do meu nome para fazer essa indicao Presidente Dilma rousseff. Meu compromisso agora trabalhar para atender aos grandes desafios, declarou o novo superintendente em sua posse.Foto: revista Novo ambiente/oberti Pimentel

Temos de ter claro que h certa expectativa de toda a populao. Eu agradeo publicamente ao Governador Omar Aziz, por ter se lembrado do meu nome para fazer essa indicao Presidente Dilma Rousseff. Meu compromisso agora trabalhar para atender aos grandes desafios.Thomaz Nogueira

Superintendente da Zona Franca de Manaus (ZFM)

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CARTUM

Influncia brasileira no setor de biocombustveiso brasileiro Vasco Dias, Presidente da razen, a terceira pessoa mais influente do planeta no setor de bioenergia. o Presidente da Petrobras Biocombustvel, Miguel rosseto, o segundo brasileiro e o 21 homem mais influente, ao menos segundo o ranking elaborado pela Biofuels Digest, uma das agncias de notcia mais influentes na rea de bioenergia em todo o mundo. a lista, com cem nomes no total, foi baseada nos votos dos leitores da newsletter e inclui personalidades ligadas ao setor em 11 pases. o destaque do Brasil no ranking pode ser interpretado como indcio de que a produo de bioenergia por aqui promissora. De acordo com o editor da Biofuels Digest, Jim Lane, neste ano as escolhas foram focadas em organizaes que apresentam oportunidades de crescimento, em geral organizaes bem capitalizadas e com alta tecnologia, sobretudo no Brasil e nos Estados unidos. alm de Vasco Dias e Miguel rosseto, outros trs brasileiros esto entre os mais votados incluindo a Presidente Dilma rousseff. Em primeiro lugar, pela segunda vez consecutiva, foi eleito o norteamericano tom Vilsack, secretrio da agricultura dos Estados unidos.BRASILEIROS INFLUENTES 3. Vasco Dias, Presidente da Razen 21. Miguel Rosseto, Presidente da Petrobras Biocombustveis 24. Marcos Jank, Presidente da Unica 36. Dilma Rousseff, Presidente da Repblica 58. Marcos Lutz, Presidente da Cosan

Descomplicando a sustentabilidadeapesar de cada vez mais presente no vocabulrio brasileiro, o tema sustentabilidade tratado com mais profundidade, na maioria das vezes, apenas em artigos cientficos, que por conta da linguagem e do acesso acabam direcionados a um pblico mais restrito. tornar o assunto atraente e descomplicado foi o desafio encampado por rafael Morais Chiaravalloti e Cludio Valadares Pdua, autores do livro Escolhas Sustentveis: Discutindo Biodiversidade, Uso da Terra, gua e Aquecimento Global (Editora urbana). a publicao, baseada em pesquisas e estudos de casos, aborda de forma simples e bem-humorada temas como desmatamento, aquecimento global e energias limpas, entre outros. o objetivo explicar ao leitor como a cincia pode ajudar no processo de escolhas mais sustentveis.Autores Rafael Morais Chiaravalloti, bilogo e mestre em desenvolvimento sustentvel pela Escola superior de Conservao ambiental e sustentabilidade. Cludio Valadares Pdua, bilogo, doutor em Ecologia pela universidade da Flrida em Gainesville e Vice-Presidente do IP (Instituto de Pesquisas Ecolgicas).

Foto: ascom razem

Servio Escolhas Sustentveis: Discutindo Biodiversidade, Uso da Terra, gua e Aquecimento Global (Editora urbana) 168 pginas: r$ 28,00

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NOMEIOBolsa de (novos) Valoresa Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBoVEsPa) iniciou 2012 com uma novidade no mercado de aes; agora, as empresas listadas na bolsa devem indicar no Formulrio de referncia se publicam relatrio de sustentabilidade ou documento similar e onde as informaes esto disponveis. Em caso negativo, a instituio pede que a empresa justifique por que no o faz. Batizada de relate ou Explique, a medida foi adotada para estimular a divulgao de informaes relacionadas s questes social, ambiental e de governana corporativa, dando mais transparncia para os investidores. a inteno tambm reforar um movimento crescente no mercado de capitais internacional. o critrio j obrigatrio em diversos pases, como Frana, frica do sul e Dinamarca. a previso da BM&FBoVEsPa que o banco de dados das empresas listadas que publicam ou no relatrio de sustentabilidade possa ser acessado pelo pblico na abertura da rio+20, a Conferncia das Naes unidas sobre Desenvolvimento sustentvel, que ocorrer no rio de Janeiro de 20 a 22 de julho.

Soya ReciclaIndispensvel na cozinha da maioria dos brasileiros, o leo vegetal est entre os produtos cujo descarte no pode ser feito de qualquer maneira. o ideal coloc-lo junto com o lixo orgnico ou, melhor, encaminh-lo para reciclagem. Mas na prtica, ainda comum que, depois de usado, ele escorra pelo ralo e caia na rede coletora de esgoto. Caminhando na mo da logstica reversa, a Bunge Brasil, em parceria com o Instituto tringulo, lanou em 2006 o programa soya recicla, pioneiro no Brasil, ao disponibilizar postos de coleta do resduo e encaminhar o material recolhido para a reciclagem. Em cinco anos, segundo a empresa, mais de 700 mil litros de leo foram transformados em sabo biodegradvel. Para estimular uma mudana de hbitos entre os paulistanos, o soya rePlaneta no Parque: 25/01, das 10h s 19h30, no Parque da Juventude cicla participar da quinta edio do Planeta no Parque, evento que, este ano comemora os 458 anos de so Paulo. ser montado um posto mvel de coleta especial, onde o consumidor poder trocar o leo usado por sabo biodegradvel. Para quantidades superiores a 1 litro, faremos a troca por sabo biodegradvel. Mas qualquer quantidade bem-vinda! a ao individual e a conscincia de uma atitude sustentvel j so de grande valor, explica adalgiso telles, Diretor de assuntos Corporativos e sustentabilidade da Bunge Brasil.

Foto: ascom BM & F Bovespa

A Coelba vem renovando a sua energia em nome de um pensamento que se renova todos os dias. Em nome do compromisso de contribuir no presente para a construo de um futuro melhor.PARA CONHECER MAIS AS DIVERSAS AES DA COELBA RELACIONADAS SUSTENTABILIDADE, ACESSE WWW.COELBA.COM.BR

NOMEIO TurismoUm planeta em Foz do Iguauo Parque Nacional do Iguau recebeu 1.394.187 visitantes de 160 nacionalidades em 2011. Desses, 642.834 so estrangeiros e 751.353 brasileiros. Do total de estrangeiros, mais de 257 mil so argentinos. os paranaenses respondem pelo maior nmero de visitantes do parque em 2011: dos 751.353 brasileiros que visitaram o atrativo, 288.720 so originrios do estado que abriga a unidade de conservao onde esto situadas as Cataratas do Iguau. os paulistas ocupam a segunda colocao, com a entrada de 182.184 visitantes. santa Catarina ocupa a terceira posio, com 65.827; rio Grande do sul fica em quarto, com 60.269; e rio de Janeiro vem em seguida, na quinta posio, com 38.423 visitantes. tanta popularidade justifica o ttulo dado s Cataratas do Iguau, em eleio realizada no ano passado, como uma das sete maravilhas naturais do planeta.

Braslia, nica no mundoBraslia a nica cidade contempornea tombada pelo Patrimnio Cultural da Humanidade, ttulo dado pela unesco (organizao das Naes unidas para a Educao, Cincia e Cultura). Para marcar a comemorao de 25 anos do recebimento do ttulo pela cidade, o Governador do Distrito Federal, agnelo Queiroz, vai assinar um decreto que institui 2012 como o ano da Valorizao de Braslia como detentora do ttulo. a inteno promover aes que mobilizem o governo e a sociedade civil em prol da conservao da Capital Federal. Compreendemos a importncia desse patrimnio, que o maior tombado no mundo, com 112,5 mil km. um orgulho extraordinrio e temos que fazer dessa conquista o fio condutor para o desenvolvimento, disse agnelo, que enftico quanto ao potencial turstico do Distrito Federal: Estamos nos preparando para mostrar o Brasil internacionalmente e comearemos com a Copa das Confederaes, que ser aberta aqui. Quem ir mostrar o Pas para o mundo ser Braslia. No podemos perder essa oportunidade, que j para 2013. o centro da convocao, concluiu Queiroz.

foto: revista novo ambiente/paulo negreiros

Foto: revista Novo ambiente/Leonardo Pepi

Turismo nas cavernaso Brasil j ultrapassou a marca de 10 mil cavernas conhecidas. o dado oficial de 10.134 cavernas registradas foi anunciado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservao de Cavernas (Cecav), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio). Essa catalogao permite definir, implementar e avaliar a efetividade das polticas pblicas voltadas para proteo das cavernas, como o Programa Nacional de Proteo do Patrimnio Espeleolgico, que tem como meta inicial a criao de 30 unidades de conservao (uC) voltadas para a proteo desse ecossistema. Minas Gerais e Par concentram mais de 50% das caver-

nas cadastradas e cujos dados so disponibilizados pelo Centro. Diferentes fontes de informao foram utilizadas na construo dessa base de dados do Cecav/ICMBio e indicam que 3.750 cavidades foram conhecidas a partir de levantamentos realizados para fins de licenciamento ambiental. o Cerrado concentra mais cavidades do que todos os demais biomas juntos, o que revela o predomnio de tais feies nesse ecossistema. um dos potenciais o do chamado espeleoturismo, especialmente nas regies de Bonito/Ms, Bodoquena/Ms, Mamba/ Go, so Domingos/Go e Nobres/Mt. as cavidades naturais subterrneas constituem bens da unio e compem o patrimnio espeleolgico nacional. De acordo com a Poltica Nacional do Meio ambiente (lei 9.985/2000 e decreto 6.640/2008), elas so legalmente protegidas.

Parque do Maroaga, em Presidente Figueiredo, AM.desenvolvimento com equilbrio

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Foto: revista Novo ambiente/oberti Pimentel

TechNAPlstico Biolgico#inspirao animal #novas tecnologiaspEsquisadOrEs dO institutO Wyss, da univErsidadE dE harvard, nOs Eua, anunciaram rEcEntEmEntE O dEsEnvOlvimEntO dE um matErial sEmElhantE cutcula dOs insEtOs: fOrtE, rEsistEntE E vErstil. a cutcula natural dOs insEtOs cOmpOsta dE camadas dE quitina E prOtEna Organizadas Em lminas, cOmO madEira cOmpEnsada. pOdE sEr dura, cOmO nOs ExOEsquElEtOs dOs gafanhOtOs, Ou malEvEl, cOmO nas juntas dOs mEmbrOs dOs insEtOs Essa caractErstica tambm fOi rEplicada. O cOmpOstO, chamadO dE shrilk, tEm sEu nOmE dErivadO dE sua cOmpOsiO prOtEna fibrOsa da sEda (silk, Em ingls) E quitina Extrada da casca dO camarO (shrimp, Em ingls).

O

nOvO matErial pOdE vir a substituir plsticOs usadOs Em EmbalagEns cOmO dE fraldas E sacOs dE lixO, j quE biOdEgradvEl, E Em aplicaEs mdicas cOmO prtEsEs, j quE biOcOmpatvEl. tambm tO rEsistEntE quantO O alumniO, mas cOm apEnas mEtadE dO pEsO.

Ponte Solar#exemplos sustentveis #energia solara pOntE vitOriana, quE passa sObrE O riO tmisa, Em lOndrEs, sEr a sEgunda maiOr pOntE sOlar dO mundO dEpOis da instalaO dOs quasE 4.400 painis fOtOvOltaicOs sObrE O tEtO da EstaO dE trEns blackfriar (a maiOr dO mundO a pOntE kurilpa, na austrlia). O upgradE da EstaO faz partE dO prOgrama dE rEduO da EmissO dE carbOnO da cOmpanhia fErrOviria britnica, quE prEtEndE diminuir a EmissO pOr passagEirO/quilmEtrO Em 25% at 2020. Os painis sErO instaladOs Em uma rEa dE 6.000 m E dEvEm gErar at 900.000 kWh aO anO, cErca dE 50% da nEcEssidadE EnErgtica da EstaO, rEduzindO a EmissO dE carbOnO anual Em Estimadas 511 tOnEladas. alm dOs painis, a EstaO tambm tEr cOlEtOrEs dE gua da chuva E canOs dE sOl, usadOs para iluminar ambiEntEs intErnOs cOm iluminaO ExtErna. a EntrEga da pOntE Est prEvista para EstE anO.

Piloto Automtico Inteligente#eficincia #carbonoa scania anunciOu, nO fim dE 2011, a intrOduO dO sistEma dE prEvisO ativO. O caminhO acElEra E rEduz cOnfOrmE a tOpOgrafia da Estrada, Enviada via gps aO vEculO, fazEndO cOmquE a vElOcidadE sEja Otimizada para a situaO dE cada trEchO da Estrada. a cOmpanhia prOmEtE uma rEduO anual dE 3% nO

um caminhO dE 40 tOnEladas EcO1.700 litrOs rOdandO 180.000 km, significandO tambm 4 tOnEladas a mEnOs dE cO2 na atmOsfEra. a scania uma das ldErEs na fabricaO dE vEculOs dE transpOrtE pEsadO E OpEra Em mais dE 100 pasEs. apEsar dE O sistEma nO sEr nOvidadE (fOi lanadO Em 2009 pEla nOrtE-amEricana daimlEr trucks), O ExEmplO dE fabricantEs dE pEsO Estimula O mErcadO a agir dE manEira cOnsciEntE, nEm quE sEja para cObrir Os difErEnciais da cOncOrrncia. Os caminhEs cOm O sistEma sErO vEndidOs j EstE anO na EurOpa.cOnsumO dE cOmbustvEl nOmizaria

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Msica do Espao#grandes empresas #mundo digitala administraO nOrtE-amEricana da aErOnutica E EspaO (nasa) inaugurOu, nO final dO anO passadO, a third rOck radiO, uma rdiO On-linE cujO prOpsitO atrair nOvOs talEntOsE aprOximar a cincia da gEraO dE jOvEns adultOs ligadOs Em tEcnOlOgia.

a prOgramaO traz a prOpOsta dE dEscObrir sEu rEpErtriO abrangE tOdO O nOvO rOck, nO indiE E

nOvOs hits dE rOck E mOstrar aO pblicO faixas pOucO ExplOradas pElas rdiOs cOnvEnciOnais. EspEctrO da palavra rOck, fOcandO-sE nO

nO rOck altErnativO. a rdiO prEtEndE ajudar parcEirOs a EncOntrar prOfissiOnais dE EngEnharia, tEcnOlOgia da infOrmaO E cincias, alm dE vEicular annciOs dE cursOs para astrOnautas E Outras prOfissEs rElaciOnadas. a nasa Est cOnstantEmEntE prOcurandO manEiras nOvas E inOvadOras dE rElaciOnar-sE cOm O pblicO E inspirar a nOva gEraO dE EngEnhEirOs E ciEntistas. ns lidEramOs O caminhO nO usO inOvadOr dE nOvas mdias E EssE OutrO ExEmplO dE cOmO a agncia Est aprOvEitandO as vantagEns dEssas impOrtantEs fErramEntas dE cOmunicaO, dissE aO sitE da nasa O administradOr assOciadO dO EscritriO dE cOmunicaO da sEdE da agncia, david WEavEr.

Cinzas antiareas#aviao #sensoresO vulcO EyjafjallajOEkull EntrOu Em atividadE Em 2010, lEvantandO uma nuvEm dE cinzas quE parOu O sistEma arEO EurOpEu. Em 2011, O vulcO puyEhuE, nO chilE, afEtOu Os vOOs dE tOda a amrica dO sul. para Evitar Os prEjuzOs dE parar tOdOs Os vOOs dE uma rEgiO, aO mEsmO tEmpO sEm arriscar a sEgurana das aErOnavEs, a EmprEsa nOruEguEsa nicarnica aviatiOn aplicOu uma tEcnOlOgia j EmprEgada Em satlitEs para dEtEctar nuvEns dE cinzas a distncia. O dEtEctOr infravErmElhO dE ObjEtOs vulcnicOs arEOs (avOid, quE Em ingls tambm significa Evitar) cOmpOstO dE duas cmEras infravErmElhas ajustadas para dEtEctar partculas dE cinzas vulcnicas at 100 km adiantE da aErOnavE. capaz dE dEtEctar quantidadEs infEriOrEs a 1 mg/m dE cinzas, O EquipamEntO avisa O pilOtO, dE 7 a 10 minutOs antEs dO EncOntrO, sObrE a prEsEna dE uma nuvEm dE cinzas Ou partculas dE gElO, quE tambm sO pOtEncialmEntE pErigOsas s turbinas das aErOnavEs. as cmEras funciOnam tO bEm durantE O dia quantO nOitE, j quE as imagEns captadas pOr infravErmElhO indEpEndEm da prEsEna dE luz.

Voando alto#energias renovveis #soluesa cOrrida EnErgtica traz sOluEs cada vEz mais cOmplExas para EnfrEntar as divErsas barrEiras nO caminhO da Eficincia. as turbinas Elicas, pOr ExEmplO, tm dificuldadE Em OpErar sEquEr pErtO dE sua pOtncia mxima dEvidO incOnstncia E fraquEza dOs vEntOs Em altitudEs prximas aO sOlO. para driblar issO, j ExistEm algumas sOluEs, cOmO O sistEma rOtOr arEO magEnn (mars), um balO quE gira Em tOrnO dE si a altitudEs dE 150 a 300 m (Em fasEs finais dE dEsEnvOlvimEntO), E O

kitEgEn, quE prOmEtE gErar 100 mW dE EnErgia OcupandO um dimEtrO dE 1.600 m, num futurO prximO. pipas a uma altitudE aprOximada dE 1.000 m sErOpilOtadas pOr sEnsOrEs dE mOdO quE mOvimEntEm altErnadOrEs nO sOlO, gErandO assim ElEtricidadE. cOm um custO prOmEtidO abaixO dE r$ 0,07 pOr kWh, Os fabricantEs EspEram mElhOrar O prEO aumEntandO a capacidadE dE gEraO para 1 gW, capacidadE tEOricamEntE atingvEl sEm muitas mudanas na Estrutura dO sistEma.

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combustvEL DIEsEL

pepIno NAS BOMBAS?Nas ruas, uma frota de veculos menos poluente. Esse o objetivo do Programa de Controle da Poluio do ar por Veculos automotores (Proncove), criado pelo Conselho Nacional do Meio ambiente (Conama) em 1986. as diretrizes da fase P7/L-6, que foram determinadas em 2002, deveriam ter entrado em vigor em 2009, mas s agora comearam a valer. o resultado esperado deve levar mais tempo para ser percebido do que se pensava. uma soluo menos agressiva ao meio ambiente que tem sido encarada com desconfiana pelos revendedores de combustveis, os quais temem ter de descascar um pepino encalhado nos estabelecimentos.

fotos: revista novo ambiente/Leonilson gomes

leo diesel

de enxofre por kg de combustvel

S50 = 50 miligramas

esde o dia 1 de janeiro, os postos de combustveis indicados pela agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (aNP) so obrigados a disponibilizar o leo diesel s50. o combustvel apresenta um teor de enxofre pelo menos dez vezes inferior aos outros dois tipos mais comercializados no pas (s500 e s1800). a medida tambm obriga os fabricantes de veculos pesados a produzir motores com uma tecnologia mais sofisticada, que aceite apenas o diesel menos poluente. No entanto, os veculos fabricados e faturados em 2011, que aceitam tambm os outros combustveis, podem ficar disponveis no mercado at maro. Esse prazo diferenciado que foi dado aos fabricantes seria uma das razes da venda pouco expressiva do s50 desde que a norma entrou em vigor. que o litro do s50 custa, em mdia, dez centavos mais que os outros dois tipos de diesel. Na hora da escolha, a diferena no bolso parece pesar mais para os motoristas do que a possibilidade de circular poluindo menos. Hoje, de acordo com a associao Nacional de Fabricantes de Veculos automotores (anfavea), o pas tem uma frota de cerca de 2,3 milhes de veculos pesados. a expectativa da associao que 170 mil novos veculos portando a nova tecnologia comecem a rodar ao longo do ano. Mas isso s deve acontecer a partir do segundo trimestre. Com isso, no que diz respeito emisso de gases, pouca coisa deve mudar. E o pior: h o risco de que boa parte do combustvel disponibilizado no mercado para o cumprimento da resoluo seja perdida.

d

Os nibus e caminhes a diesel so os verdadeiros porcalhes das emisses de fuligem.

Empacadoa pouca procura pelo leo diesel s50 preocupa o setor. que, dependendo das condies de limpeza e filtragem dos tanques, o novo combustvel pode permanecer estocado por um perodo mximo que varia de 30 a 60 dias. a aNP selecionou 3 mil postos revendedores para comercializar o produto. Praticamente todos eles investiram recursos na compra e na adequao dos estabelecimentos para ofertar o combustvel de acordo com as exigncias do rgo regulador. Empacado nas bombas, o prejuzo deve ser inevitvel. Demanda baixa implica giro baixo do produto, e o produto no pode passar do prazo de comercializao, [pois corre o risco de] se deteriorar. a aNP vai monitorar para que a qualidade no se deteriore, mas isso uma ao dos revendedores. o mercado de preo livre, mas no podemos permitir que um combustvel de m qualidade seja comercializado, explicou Dirceu amorelli, superintendente de abastecimento da aNP, em declarao agncia Brasil. Para minimizar os impactos econmicos desses revendedores, a medida pode ser revista. amorelli afirmou que vai reunir balanos da rede revendedora e tentar obter informaes sobre venda de veculos pesados. Preciso saber como est a sada de veculos pesados para calibrar a resoluo e a questo logstica do s50. se a gente verificar que o novo veiculo pesado s vai comear a rodar a partir de dezembro, vamos ter que pensar em outro tipo de medida, explicou.

- Alm dos motores aptos a receber exclusivamente o leo diesel S50, os novos veculos devem utilizar um agente redutor veicular denominado ARLA 32. um produto base de ureia, especfico para aplicao veicular, que no pode ser misturado ao leo diesel. A substncia deve ser injetada em dosagem controlada, na sada dos poluentes, em um tanque exclusivo identificado por uma tampa azul. - Nos novos motores, o S50 deve reduzir em at 80% as emisses de materiais particulados e em 98% as de xidos nitrosos.

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capa GRANDEs obRAs

GRANDES OBRAS

o homem no o nico animal com capacidade para construir, mas foi graas a esse talento que a nossa espcie dominou o planeta. Muros, canais, cidades, pontes, catedrais, pirmides, arranha-cus. sistemas que otimizam a dinmica humana e que sempre deram mais segurana s nossas vidas fazem nossas histrias e protegem nossas culturas. No entanto, estamos chegando a um ponto de inflexo, e os recursos naturais j tm data para se esgotar. se no mudarmos agora, por bem, nosso jeito de construir, inevitavelmente mudaremos em breve por falta de materiais.

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Brasil precisa de urgentes obras de infraestrutura para se desenvolver, mas precisa de mudanas, muitas vezes radicais, em seu modo de construir. Por um momento, desconsideremos qualquer posicionamento ambientalista. Economicamente, muito mais atraente investir em conceitos sustentveis, pois as tcnicas dentro destes parmetros tm como premissa pagar a si mesmas. E todos sabem que mais vale investir em preveno do que em remediao. Projetos baseados em estudos consistentes so a melhor preveno. os alagamentos, os desabamentos, a falta de gua e de luz so, na grande maioria das vezes, falta de planejamento. aterrar os mangues, onde o mar faz seu milenar movimento, pode custar caro para toda uma orla martima, como vem ocorrendo em grande parte do litoral brasileiro. urbanizao sem

o

saneamento faz com que a gua potvel s se torne possvel aps passar por um massivo (e caro) tratamento, com custos desenrolando-se para dentro do sistema pblico de sade, mais especificamente nos hospitais, onde muitas pessoas vo parar por causa da pssima qualidade da gua. Da que temos uma ausncia no lar, e sob o ponto de vista econmico, na fora de trabalho, o que custa ainda mais caro. as construes civil e pesada so os setores que mais consomem recursos naturais no planeta. Grande obras, grande impactos, positivos ou negativos. Mostraremos nesta matria que no difcil reduzir drasticamente os danos. apresentaremos alguns bons e maus exemplos que podem nos orientar para a universalizao da informao e, quem sabe, das prticas que podem mudar os rumos da saga humana por este planeta.

Fotos: revista Novo ambiente/Leonardo Pepi

Nove passos para a

OBRA SUSTENTVELO Instituto para o Desenvolvimento da Habitao Ecolgica (Idhea) sugere nove passos principais para uma construo sustentvel:1. Planejamento sustentvel da obra. 2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais. 3. Eficincia energtica. 4. Gesto e economia da gua. 5. Gesto dos resduos na edificao. 6. Qualidade do ar e do ambiente interior. 7. Conforto termoacstico. 8. Uso racional de materiais. 9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigveis.

Mas o que so obras sustentveis? No h uma nica frmula que sirva para qualquer cenrio; sendo assim, necessrio ter bastante conhecimento do meio em que se vive. o EIa (Estudo de Impacto ambiental) no apenas mais um documento para liberar a obra, muitas vezes criticado por aqueles que adoravam a velha prtica na qual o mundo era seu lixo. relatrios de estudos ambientais servem para proteger a populao, mas, antes disso, trazem mais segurana para o prprio construtor, que ficar livre dos passivos de uma obra mal projetada ou mal executada. uma grande obra deve compensar economicamente, servir plenamente s pessoas direta ou indiretamente e agredir minimamente o meio ambiente. No basta ter belas placas solares e sistema de reso de gua se durante a execuo da obra houve desperdcio de energia eltrica ou um lenol fretico foi contaminado. No se enganar a lei para que um planeta consiga se sustentar, e a primeira grande obra neste processo acontece dentro da mente o despertar da conscincia que faz a diferena apenas por meio da informao de qualidade. Cabe aos governos, imprensa, sindicatos, escolas e associaes. Cabe a todos que, mesmo no sendo especialistas, podem partilhar conhecimentos bsicos, pois est a, no setor primrio da economia, grande parte dos impactos socioambientais.

Foto: revista Novo ambiente/oberti Pimentel

CAPA

GRANDES OBRAS

HoMENs TRABAlhANDOrastrear a cadeia produtiva dos fornecedores e s aceitar produtos certificados ou que estejam dentro das leis so atitudes determinantes para no se alimentar o trabalho em condies precrias e a depredao das fontes de recursos. reaproveitar, reutilizar e reciclar tornaram-se grandes negcios. Porm, nenhuma poltica ter sucesso se no investir no trabalho digno e na formao daqueles que esto na linha de frente da empreitada: os operrios.foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

e as vigas de ferro de uma velha ponte pudessem falar, diriam como foram importantes para que o progresso cruzasse aquele rio, ou para que os casos de urgncia fossem resolvidos com mais rapidez, ou mesmo que ali, sob um entardecer de novembro, nas pontas dos ps, a moa deu o primeiro beijo no homem que seria pai dos seus filhos. Mas quando questionadas sobre como foram concebidas, essas estruturas metlicas certamente contariam histrias tristes que envolveriam pelo menos um destes itens: trabalho escravo ou em condies pssimas na extrao do minrio; desmatamento para obteno de carvo para os fornos da indstria; contaminao do solo e da gua; desapropriaes. E a lista segue... o Brasil estaria muito menos desenvolvido hoje se no fossem suas minas de ferro e a estrutura que elas nos proporcionaram, mas no podemos mais pagar o preo que nossos antepassados aceitaram pagar, mesmo porque, naquela poca, pouca gente da cidade sabia o que acontecia no caminho at seus produtos metlicos chegarem s suas mos. Hoje, isso se chama rastreamento. o primeiro passo investir na investigao da cadeia produtiva completa do que se est comprando. atualmente, isso muito mais fcil de fazer, graas aos profissionais cada vez mais numerosos nas reas de consultoria, que dispem de ferramentas imediatas para checar a origem dos produtos. a principal arma o boicote. Quando grandes empresas deixam de aceitar uma determinada marca de cimento, por exemplo, porque ele no est de acordo com critrios sustentveis, ela no s est impedindo a evoluo de atividades ilegais, mas dando um recado de que dali para frente o princpio outro. Nisso esto inclusas as emisses de dixido de carbono (Co2). uma das medidas de sustentabilidade de uma construo a aquisio de produtos em reas prximas (em geral, estabelecidas em 100 km), para favorecer a economia local e para evitar longos deslocamentos, principalmente em um pas que tem as rodovias como principal via de transporte ao contrrio dos outros com dimenses como as nossas ou mais desenvolvidos. segundo o Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM), em 1989 o Brasil transportava por rodovias 86% do cimento para construes, contra 14% nos trens. a situao piorou, no que se refere s emisses, 20 anos depois, quando 95% das cargas eram transportadas por caminhes e apenas 2,8% por trens.

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Consumo mundial de cimento2.847 Mt

2008

Fonte: sNIC, 2009

os outros 2% foram transportados por hidrovias, o que um avano bastante positivo na reduo de emisses de gases do efeito estufa. Em 2007, o Brasil era o quarto maior consumidor de cimento do planeta, perdendo apenas para China, ndia e Estados unidos (veja grfico). selos e certificados de origem so fundamentais, mas no so tudo. Muitas vezes, duas empresas possuem uma mesma certificao, porm uma delas faz muito mais do que as exigncias previstas. Vale mais a pena investir nesta, j que, alm de estimular as atividades do bem, tambm agrega um valor positivo ao produto final, inclusive em cifras. uma parcela cada vez maior de compradores aceita pagar mais, ou tomar como definitivo na deciso de compra, pelo fato de ter sua casa ou seu escritrio instalado em um imvel cuja construo no possui uma verdadeira ficha corrida de ocorrncias criminais (quase sempre muito bem escondida). Quando a Vale, uma das maiores empresas de extrao de ferro do planeta, decidiu, em 2007, cancelar contrato com quatro fornecedores de ferro-gusa que apresentavam irregularidades trabalhistas ou no podiam comprovar legalmente a origem do carvo que utilizavam em seus fornos, deu um passo gigante no comprometimento com o desenvolvimento sustentvel. E essa iniciativa impactou no s a prpria empresa, mas toda a produo legal de ferro no pas.desenvolvimento com equilbrio

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Percentual de consumo setorial de

rocha britada2007

Boas prticasa construo civil gera, segundo o DNPM, entre 40% e 70% de todos os resduos das cidades brasileiras, e isso muito tem a ver com os lixes abarrotados (pois l s deveria estar o que no tem mais nenhuma serventia) que ainda envergonham o pas. Por isso, a gesto de resduos tem se transformado em um requisito bsico em construes sustentveis. Primeiro, deve-se planejar muito bem para evitar comprar mais matria-prima que o necessrio; depois, controlar o uso conscientizando os operrios. Enfim, promover a separao apurada de materiais para reciclagem e o que antes era visto como entulho do qual o construtor pagava para se livrar passou a deixar de ser um custo para at render algum dinheiro nas vendas. o Japo, pela primeira vez em sua histria, passou a ter uma poltica menos extrativista e mais centrada no reaproveitamento. Est deixando de investir em minas de cobre no Chile para apostar em usinas de reciclagem. o custo j compensa. Muitas obras vo alm, criam uma composteira (e o custo muito baixo) para transformar o resduo orgnico da construo em excelente fertilizante, com isso mantm hortas cuja produo volta para a mesa do operrio, criando assim mais que uma re-

gra, antes uma cadeia que faz com que o trabalhador entenda a importncia dos processos como um todo. alm da reduo das perdas e gesto de resduos, existem outras propostas importantes como a dos canteiros sustentveis, abordada de forma detalhada no II Congresso Pernambucano de Construes sustentveis, que trata com propriedade a emisso de material particulado, o uso de vias pblicas, o consumo de gua e a recuperao do nvel de escolaridade (em 2009, segundo a associao Brasileira de Materiais de Construo, mais de 3,7 milhes de empregados na construo civil precisavam de formao; destes, 644 mil eram pedreiros). outras informaes importantes levantadas diziam respeito necessidade de combater a ilegalidade (que ia da compra de materiais de origem duvidosa e no documentada no aceitao em construir em reas que no estivessem devidamente licenciadas). Perturbao dos vizinhos tambm um impacto a ser calculado, e possvel utilizar isolantes acsticos, optar por ferramentas e geradores mais silenciosos (quem que nunca odiou as benditas serras de uma construo enquanto tentava se concentrar no trabalho ou tirar um cochilo?) e at fazer a ampla comunicao da comunidade que circunda a obra sobre horrios, procedimentos e intervenes a serem feitas, bem como detalhes sobre o cronograma das obras.

foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

Para anlise de solos, consulte um especialista.

Minerao

Engenharia Geotcnica

Hidrogeologia e Meio Ambiente

No Brasil poucas empresas prestam servio na rea de geofsica aplicada a estudos geotcnicos e aos setores de minerao, meio ambiente, hidrogeologia e locao de poos tubulares profundos. A Geoanalisys identificou essa carncia do mercado e se preparou por meio da capacitao de pessoal tcnico, aquisio de equipamentos e softwares de ltima gerao para atender a demanda atual e futura. Consulte-nos!

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o mercado DEMANDA

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GRANDES OBRAS

o sistema financeiro tem mostrado bastante preocupado com a sustentabilidade, seja por economia, seja para conquistar e manter clientes cada vez mais exigentes. parte a grande quantidade de projetos que coordenam, dois pontos especficos tm favorecido as boas prticas: dar o exemplo em suas agncias, bem como aumentar crdito para obras sustentveis e, ao mesmo tempo, restringir para as que ferem o conceito. o mercado expande, mas teremos profissionais capacitados para atender a demanda?

foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

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este ms, o Banco do Brasil abriu sua primeira agncia sustentvel. a Caixa abriu outras no ano passado e est determinada a implantar novos padres para toda a sua rede de agncias, ampliando crdito s construes sustentveis, enquanto restringe projetos que no contemplam questes socioambientais. No ano passado, o HsBC tambm inaugurou sua primeira agncia sustentvel. Mas foi em 2006 que surgiu a primeira iniciativa substancial de agncia sustentvel, em Cotia/sP: o Banco real, que hoje pertence ao santander, foi o primeiro a dar o exemplo de que acredita na possibilidade de reduo no consumo de gua e energia eltrica, respeitando o meio ambiente e o conforto de clientes, funcionrios e comunidade vizinha. a agncia sustentvel Granja Viana foi a desbravadora e mostrou aos concorrentes que era possvel ser mais econmico e ainda tornar a marca mais carismtica. E o que temos hoje uma saudvel concorrncia para ver quem produz melhores resultados ou apresenta as tcnicas mais modernas. atualmente, o santander, que oferece linhas de crdito facilitadas para reformas e construes sustentveis, criou um excelente sistema de cartilhas e cursos gratuitos on-line que detalham passos importantes a serem seguidos para que sua obra seja enquadrada nas especificaes do banco. o material didtico de timo nvel aconselhvel a qualquer pessoa, utiliza uma rica pesquisa somada s lies aprendidas na agncia sustentvel Granja Viana (veja infogrfico nas prximas pginas). a agncia fez um grande favor ao Brasil servindo como um projeto piloto de sucesso e estimulando as boas prticas, que, por consequncia, ganham confiana, criam escala, reduzem preos e melhoram mtodos e equipamentos. De 2006 para c, o custo de uma agncia dessas caiu pela metade e representa entre 3% e 5% a mais no custo total da obra, mas se paga, no mximo, em quatro anos, segundo especialistas.

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Conselho Federal de Engenharia e agronomia (Confea) aponta que, dos cerca de 475 mil engenheiros brasileiros, um tero no trabalha em suas reas de formao. a falta de profissionais da rea, em especial engenheiros civis, pode custar o atraso das obras da Copa de 2014, do PaC e das olimpadas do rio de 2016. Com quase nenhuma base sobre questes ambientais aprendida nas escolas, a parcela de universitrios que enveredam obras com preocupaes ambientais ainda muito pequena. um percentual que cresce a cada ano, mas no se pode esperar uma mudana radical de mtodos e iniciativas por parte dos novos engenheiros para to logo, embora brilhantes projetos j despontem para servir de exemplo e ter sua aplicao em massa.

Engenheiros de menossegundo o Ministrio de Cincia e tecnologia, o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano, mas precisaria formar ao menos 50 mil se quiser continuar a se desenvolver plenamente. o

Foto: Divulgao

climatizaoTodos os equipamentos eltricos so energicamente eficientes, de alto rendimento e baixo consumo. O sitema de ar-condicionado evaporativo, no utiliza gases nocivos ao meio ambiente. Como ele s consegue reduzir em mdia 5 oC da temperatura externa, foi preciso instalar um ar-condicionado convencional, acionado nos dias mais quentes, mas que tambm utiliza gases ecolgicos. Para diminuir as ilhas de calor, foi desenvolvido um telhado verde com plantas que ajudam a manter a temperatura interna.

guaForam usadas torneiras de fechamento automtico. As bacias sanitrias possuem duplo fluxo de acionamento e utilizam gua coletada da chuva. Todo o esgoto tratado.

energia

noite, o autoatendimento iluminado com energia solar, captada ao longo do dia por painis fotovoltaicos instalados no teto.

A Agncia Granja Viana um bom exemplo de

edificao sustentvel

iluminaoOs controles de iluminao foram automatizados e setorizados. Para aproveitar a luz natural, sem esquentar o ambiente, foram utilizados brises e shed, espcies de claraboias. Isso permite que a maioria dos ambientes tenha luz diurna e visitas.

plantasO paisagismo implantado tem necessidade reduzida de irrigao. Mesmo assim, possvel utilizar a gua proveniente do tratamento do esgoto para aguar as plantas.Infogrfico: revista Novo ambiente/studio Verttice 3Ddesenvolvimento com equilbrio

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roDoVIasFoto: revista Novo ambiente/Leonardo Pepi

MAIS SAUDVEISsomos um pas rodovirio. Muito se debate acerca da nossa opo por este modal em detrimento de outros menos impactantes, como as hidrovias e as ferrovias. Fato que mesmo os radicalmente contra o sistema de estradas sabem que qualquer mudana significativa no sentido de equivaler o uso dos modais est muito distante. E j que nosso sistema esse, faamos grandes obras que estimulem o desenvolvimento sustentvel das regies sob sua influncia.

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a ltima dcada, boa parte do oramento de obras da unio foi destinada construo de estradas, mas somente h poucos anos empreiteiros e governo tm conseguido digerir a palavra sustentabilidade. a necessidade de cuidados ambientais e para com as comunidades do entorno sempre foi vista como questo impeditiva para a realizao das obras asflticas. Engenheiros e profissionais mais evoludos, afinados com as inevitveis exigncias de mercado, percebem que os Estudos de Impacto ambiental podem ser seus aliados e ainda uma fonte de mais dinheiro (honesto), j que, regra geral, os custos deste licenciamento sero colocados na conta do governo, que paga as empreiteiras para realiz-lo. uma a mais dentro da obra. sinnimo de devastao na amaznia, as rodovias Cuiab-santarm e transamaznica promoveram um prejuzo ambiental e humano incalculvel para conseguir apenas um parcial e ainda assim questionvel desenvolvimento em Mato Grosso, Par e amazonas. assim como outras obras mal projetadas do pas, foram inviveis tambm economicamente. uma das grandes vantagens da concesso de rodovias, pedagiadas, a percepo de como o desequilbrio ambiental pode custar caro. a iniciativa privada mais flexvel e muito menos dispendiosa que o governo. No faz clculos por mandatos de quatro anos, mas por concesses que, geralmente, duram entre 20 e 40 anos. muitas concessionrias sentem no bolso o prejuzo, principalmente durante chuvas que causam quedas de barreiras por falta de cobertura vegetal nativa e a destruio de pontes devido ao assoreamento e lixo nos rios, entre outros problemas. alm disso, os incndios e a incidncia de animais na pista podem causar graves acidentes, tambm complicando toda a operacionalidade das vias. Por isso, praticamente todas as concessionrias tm investido em educao ambiental nas comunidades de sua rea de influncia, alm de estudar o bioma no qual esto inseridas, o que permite maior conhecimento dos ciclos naturais, das chuvas, dos animais, das plantas e, especialmente, da cultura e poltica das comunidades por onde cruzam.

n

Br-448: rodovia do Parqueo governo federal, ainda que lentamente, est aprendendo. um exemplo muito interessante o projeto da Br-448, no rio Grande do sul, que ser feita com recursos da unio e no ter pedgios. Ela deve absorver cerca de 40% do fluxo da Br116, que d acesso a Porto alegre. chamada de rodovia do Parque por ter em suas proximidades o Parque Estadual do Delta do Jacu, um importante complexo de 30 ilhas e pores continentais com matas, banhados e campos inundados que abriga uma grande variedade de espcies. o parque funciona como filtro e esponja, regulando a vazo dos rios em pocas de cheias, protegendo a populao da Grande Porto alegre. a Br-448 ser implantada em rea com lavouras de arroz, urbanizao consolidada e prxima de rea de Proteo ambiental. a obra ter passagens de fauna em tneis sob a rodovia e 4.500 m em pontes, viadutos, elevados, passagens inferiores e uma ponte estaiada, na chegada a Porto alegre. o processo envolve 22 consistentes programas ambientais e tambm conta com o papel fundamental da comunicao social, que amplia o trabalho da equipe para a sociedade civil organizada e colaboradores da obra, uma ao fundamental no pilar social da sustentabilidade.

Construo de ponte estaiada na BR-448, Rio Grande do Sul.

Foto: Divulgao

Megaobras como a do rodoanel sul (que contorna a Grande so Paulo), feita para desafogar o trnsito da capital paulista, adotaram cuidados importantes no perodo de execuo, mas h de se destacar outros grandes efeitos positivos ps-obra: logo de incio, j houve o alvio das emisses desnecessrias de quando os carros ficavam parados, s vezes por horas, no trnsito engarrafado; a populao sentiu melhoras logo nas primeiras semanas. outra vantagem que uma rodovia pode trazer ao entorno de grandes ncleos urbanos impedir a ocupao desordenada em reas de proteo. uma rodovia classe zero, ou seja, no possui acessos, e desta forma no estimula as ocupaes em suas margens, trao caracterstico da ocupao humana no Brasil. obras como essas tambm levam transferncia de famlias que viviam em reas irregulares. Enfim, boas obras rodovirias podem virar verdadeiras barreiras de proteo a reas de preservao e que regulam regime de guas e clima.

Imigrantes: um coneInaugurada em 1976, a rodovia dos Imigrantes (sP-160) um trecho de 58,5 km que cruza a serra do Mar. Com boa parte de suas pistas suspensas, foi um marco da engenharia brasileira que minimizou os impactos da travessia de milhes de carros por aquele trecho de serra, evitando o desmatamento de muitos quilmetros de mata nativa. Na poca de construo, seu projeto foi considerado um dos mais modernos do mundo, com cuidados ambientais pouco vistos at ento. Com 44 viadutos, 7 pontes e 14 tneis, teve sua segunda pista construda pela concessionria que a administra, o grupo Ecorodovias, e foi entregue em 2002. a filosofia corrente na poca das obras que se deveria plantar a rodovia, alterando o mnimo possvel as caractersticas naturais do seu entorno.

Trevo entre o Rodoanel e Rodovias dos imigrantes.

Fotos: revista Novo ambiente/Leonardo Pepi

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GRANDES OBRAS

tempLos DA BOlAa Copa de 2014 uma grande oportunidade de consertarmos srios problemas de mobilidade urbana, mas estas obras esto se arrastando de forma desanimadora, e muitos especialistas dizem que o Brasil chegar ao evento com o cenrio to ruim ou pior que agora, j que a venda de automveis disparou. Por outro lado, os estdios que sediaro o evento certamente formam, hoje, a categoria de construes que mais se aproximam do ttulo de grandes obras sustentveis.

Foto: revista Novo ambiente/oberti Pimentel

Estdio Mineiro, em Belo Horizonte.

Mineiro, cuja reforma deve estar completamente concluda no final deste ano, um exemplo de obra sustentvel. Inaugurado em 1965, comeou a ser modernizado em janeiro de 2010. uma das aes sustentveis o sistema para lavagem dos pneus dos veculos, essencial para reduo da sujeira nas vias pblicas e diminuio da poeira. a gua usada para lavagem das rodas reutilizada, ao ser captada por calhas e destinada para um sistema de tratamento. as tcnicas aproveitamento da gua da chuva e reutilizao prtica simples geram limpeza e economia de aproximadamente 80 mil litros de gua tratada por dia e de cerca de r$ 500 mil at o final da obra. a obra tambm reaproveita cerca de 90% dos resduos (concreto, terra e metal). Muitas outras exigncias esto sendo cumpridas para que a obra ganhe o certificado Leed, como a instalao de clulas fotovoltaicas que vo captar energia solar para gerao de energia eltrica, com potncia de 1,6 MW, o suficiente para atender 1.100 residncias de mdio porte. Mas um aspecto que reala as obras do Mineiro a preocupao com os mais de 1,5 mil operrios que ali trabalham e recebem cursos, treinamento e estmulos qualificao profissional. Para mim, esse curso est sendo muito importante. Minhas filhas esto me elogiando muito. os dias da se-

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mana eu j identifico, sei de cor, revela Joo Pereira da Costa, que trabalha como carpinteiro na obra e exerce o ofcio desde 1987. Hoje com 50 anos, ele conta que frequentou escola pblica durante apenas uma semana na vida, quando tinha 7 anos. Diante dessa nova realidade, Joo e outros tantos em alfabetizao na obra comemoram a possibilidade de abertura de contas em banco e parcelamento de compras no comrcio, por exemplo.

Estdio solaro Estdio Pituau, em salvador, ser o primeiro estdio totalmente autossuficiente em energia eltrica a partir da utilizao do sol. Mais que uma preocupao ambiental, a utilizao desta fonte geradora em um estado onde ela abundante traz uma economia considervel, alm de poder prescindir de longas linhas de transmisso. o projeto deve gerar uma economia prxima a r$ 200 mil, equivalente a 630 MWh, ao ano. o estdio funcionar em um sistema chamado net metering, em que a energia gerada ser vendida distribuidora e utilizada pela rede soteropolitana, e ele continuar sendo alimentado pela matriz, a Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia).

Estdio Pituau, em Salvador.

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Foto: rafael Martins/aGECoM

o melhor exemplo do planetao novo Estdio Nacional de Braslia (ENB) est caminhando para ser o mais sustentvel do planeta, lanando mo de conceitos claros de desenvolvimento econmico aliado preservao ambiental, utilizando a racionalizao, reciclagem, reso e coleta seletiva de resduos. Em busca do indito selo internacional Leed Platinum (a mais elevada entre as certificaes), conferido pela prestigiada instituio us Green Building Council, tornou-se uma forte referncia na engenharia nacional ao se transformar em uma verdadeira ecoarena. Entre seus destaques, est a utilizao racional de recursos e detritos. Grande parte dos resduos reutilizada na obra. os materiais comprados para a construo do Estdio Nacional so ecologicamente corretos. o cimento do tipo CP3, que contm a escria, substncia oriunda da produo do cimento que seria descartada no meio ambiente. o concreto da antiga arquibancada foi britado e, hoje, pavimenta o espao externo do canteiro de obras. ao todo, foram mais de 200 toneladas de material. Depois de pronto, o estdio contar com captao de energia solar e de gua da chuva. o piso no entorno do estdio ser permevel. alm disso, a arena ser capaz de gerar 2,5 MW de energia, o que corresponde ao abastecimento de mil residncias por dia. a preocupao com o bem-estar dos quase 3 mil operrios do ENB se apresenta em vrios exemplos, o mais singelo deles a horta que foi montada perto do refeitrio dos operrios. os restos do caf da manh e do almoo refeies oferecidas pelas construtoras aos funcionrios

Depois de pronto, o estdio contar com captao de energia solar e de gua da chuva. O piso no entorno do estdio ser permevel. Alm disso, a arena ser capaz de gerar 2,5 megawatts de energia, o que corresponde ao abastecimento de mil residncias por dia.

da obra so encaminhados ao ptio de compostagem para ser transformados em adubo. Em contrapartida, toda hortalia colhida da horta servida nas 2,5 mil refeies dirias. Educao ambiental e verduras frescas.

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foto: revista novo ambiente/paulo negreiros

carga tributria bRAsIL

VENHa a Ns O VOSSO REINO...a falta de investimentos na qualidade dos servios pblicos no Brasil no novidade para ningum. Mas triste constatar tal realidade em nmeros. Mais triste ainda encarar a comparao com o cenrio de outros pases. um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento tributrio em 30 pases revela que o Brasil o que menos aproveita os recursos arrecadados em impostos para melhorar as condies sociais da populao. o resultado foi obtido a partir do confronto da carga tributria com o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada nao, que denomina o que foi chamado de ndice de retorno de Bem-Estar sociedade (Irbes).a luz que voc acende quando acorda, nas roupas que veste, na pasta e escova de dentes, no cafezinho que toma, no transporte que utiliza para chegar ao trabalho e at no salrio que recebe no fim do ms. Parte do valor de cada item citado convertida em impostos, taxas e tributos destinados aos cofres pblicos da unio, estados e municpios. Na teoria, esse dinheiro pago por ns deveria retornar em servios pblicos eficientes. Mas, na prtica, isso no acontece. o brasileiro d muito mais do que recebe. No raro, quem pode prefere pagar por servios bsicos, que so garantidos como direitos fundamentais na Constituio, para no ficar refm do descaso com que setores como sade, educao e segurana so tratados pelo poder pblico por aqui. Essa realidade constatada em nmeros no levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento tributrio (IBPt), que compara a carga tributria e o retorno dos impostos pagos pelos cidados

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Em cada conta, o Estado nos aplica impostos sobre impostos, mas para onde vai esse dinheiro todo?desenvolvimento com equilbrio

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em 30 pases. o Brasil amarga a 30 e ltima colocao deste ranking, perdendo, inclusive, para os vizinhos argentina (16) e uruguai (13). o Brasil, como potncia que hoje, economicamente, vem sendo o sexto maior em termos de PIB (Produto Interno Bruto) e em termos de crescimento econmico. Mas, ao mesmo tempo, no transforma isso em qualidade de vida para a populao, o que bastante lamentvel, afirmou o Presidente do IBPt, Joo Eli olenike, em entrevista ao programa revista Brasil, da rdio Nacional.

Elevada e injustaEm 2011, a arrecadao de impostos bateu novo recorde em uma soma equivalente a nada menos do que r$ 1,51 trilho cifra 17% superior registrada em 2010, ano em que a arrecadao tambm foi histrica. o feito um dos fatores que contriburam para que o Brasil alcanasse o status de sexta maior potncia econmica do mundo. Isso porque o valor arrecadado em 2011 correspondeu a

ndice de Retorno de Bem-Estar a SociedadeO Irbes (ndice de Retorno de Bem-Estar Sociedade) resultado da somatria da carga tributria, ponderada percentualmente pela importncia deste parmetro, com o IDH (ndice de Desenvolvimento Humano), ponderado da mesma forma.

Abaixo, o ranking com os 30 pases considerados na pesquisa:30 PASES DE MAIOR TRIBUTAO ANO 2010 *C.T SOBRE O PIB ANO 2011 IDH NDICE OBTIDO IRBES RESULTADO RANKING

AUSTRLIA ESTADOS UNIDOS COREIA DO SUL JAPO IRLANDA SUA CANAD NOVA ZELNDIA GRCIA ESLOVQUIA ISRAEL ESPANHA URUGUAI ALEMANHA ISLNDIA ARGENTINA REPBLICA TCHECA REINO UNIDO ESLOVNIA LUXEMBURGO NORUEGA USTRIA FINLNDIA SUCIA DINAMARCA FRANA HUNGRIA BLGICA ITLIA BRASIL* C.T. = Carga tributria

25,90% 24,80% 25,10% 26,90% 28,00% 29,80% 31,00% 31,30% 30,00% 28,40% 32,40% 31,70% 27,18% 36,70% 36,30% 9,00% 34,90% 36,00% 37,70% 36,70% 42,80% 42,00% 42,10% 44,08% 44,06% 43,15% 38,25% 43,80% 43,00% 35,13%

0,929 0,910 0,897 0,901 0,908 0,903 0,908 0,908 0,861 0,834 0,888 0,878 0,783 0,905 0,898 0,797 0,865 0,863 0,884 0,867 0,943 0,885 0,882 0,904 0,895 0,884 0,816 0,886 0,874 0,718

164,18 163,83 162,38 160,65 159,98 157,49 156,53 156,19 153,69 153,23 153,22 153,18 150,30 149,72 149,59 149,40 148,39 146,96 146,79 146,49 145,94 141,93 141,56 141,15 140,41 140,52 140,37 139,94 139,84 135,83

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.

No primeiro ms do ano, o impostmetro j alcanou

R$ 140 bilhes.

Isso quer dizer que Unio, estados e municpios arrecadam:

por hora: R$ 198 milhOes por minuto: R$ 3,3 milhoes por segundo: R$ 55 mil

mais de um tero (35,13%) do PIB do pas. riqueza para ingls ver, j que a partilha est longe de satisfazer igualmente toda a poulao. Para piorar, a parcela que deveria retornar ao contribuinte em infraestrutura e outros servios destinada, em cerca de 70%, para a manuteno dos gastos correntes do governo, alm das despesas com juros da dvida pblica, dficit da Previdncia social, sem contar o montante que desviado. tem mais: enquanto a renda entre os brasileiros desigual, os valores pagos em impostos, principalmente aqueles que incidem sobre o consumo, so os mesmos para todos, independentemente da classe social. Por conta disso, alm de alta, a carga tributria tambm injusta. De acordo com o IBPt, essa relao desprorporcional faz com que, proporcionalmente, as famlias mais pobres paguem mais tributos do que as famlias mais ricas. Por essas e outras que a reforma tributria no pode mais ser negligenciada. Despontar como destaque econmico no planeta (em crise) , sem dvida, motivo de orgulho desde que todos os brasileiros que contribuem diariamente para a conquista possam desfrutar com dignidade desta condio.

Foto: revista Novo ambiente/oberti Pimentel

Mesmo um morador de rua paga impostos em qualquer coisa que for consumir. O Estado no cumpre seu papel de garantir bem-estar e direitos a grande parte da populao.

Fique por dentro:www.quantocustaobrasil.com.brneste site encontra-se uma lista completa com produtos e servios que voc utiliza diariamente e a quantidade de impostos que incidem sobre os preos deles.

www.impostometro.com.br

Registra em tempo real a arrecadao corrente no pas. Tambm disponibiliza ferramentas para voc calcular o peso dos impostos no seu dia a dia, ou quantos dias voc precisa trabalhar somente para pagar o leo.

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Samba Vaidar

Iniciativa da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, e segunda tentativa de implantao de aluguel compartilhado de bicicletas na cidade, o sistema de bicicletas pblicas Samba (Soluo Alternativa de Mobilidade por Bicicleta de Aluguel), parece que chegou para ficar. A adeso ao meio de transporte pelo menos na orla de Copacabana alta, e at onde pudemos perceber no compreende apenas o pessoal de bermuda e chinelo. Como podem ser devolvidas em diversos pontos, elas realmente consistem uma alternativa vivel de transporte no apenas para o lazer.

srie especial

entro de um txi, em um engarrafamento na avenida Rio Branco, a pouco mais de um quilmetro de um compromisso, dois amigos conversam sobre a dinmica catica sua volta: To perto e to longe. Um quilmetro e meio a p, com laptops, sapatos e palets, sob a escaldante tarde carioca, que teima em derreter o asfalto, chega s raias da impraticabilidade. Avanamos menos de duzentos metros em dez minutos, diz o outro, conformando-se em pegar o celular e comunicar o atraso que j passava casa dos quinze minutos. Quem no pensou em uma alternativa mirabolante em uma situao dessas, como (dependendo da importncia do apontamento) comprar um skate ou arranjar uma bicicleta qualquer para honrar a pontualidade, que atire o primeiro parafuso. Mesmo em um centro urbano grand como o Rio

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Calado de Ipanema: Cenrio ideal para a turma dos pedais.

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foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

Cor e design: Mesmo paradas as bikes chamam a ateno.

de Janeiro, normalmente as distncias a serem percorridas a trabalho costumam ser curtas, s vezes de um prdio a outro, qui atravessando algumas ruas. Da as bikes carem no gosto comum e constiturem uma soluo lgica em determinados casos, especialmente quando o poder pblico designa e/ou constri vias especiais para elas, evitando conflitos entre Davis e Golias potencialmente mortais. o caso do Rio, favorecido pelo biotipo de sua bem cuidada orla, entre outras caractersticas da morfologia carioca que demonstram potencial para o modal e beneficiam a rodagem das magrelas. Tanto que o Prefeito Eduardo Paes, no lanamento do sistema, chamou o apresentador Luciano Huck para dar uma voltinha.

as bikesA chamativa e predominante cor laranja do Ita, patrocinador da iniciativa, funciona alm de apelo de marketing, como um importante elemento de segurana nas bicicletas, pois mesmo de longe elas chamam ateno. parte a alta visibilidade, elas esto equipadas com cmbios de sete marchas e freios do tipo cantilever. O guidom, recoberto com espuma, bastante confortvel, assim como o selim ajustvel, capaz de acomodar bem at os mais corpulentos. Trata-se, em suma, de uma bicicleta leve (quadro em alumnio) e macia o suficiente para ser conduzida sem problemas por pessoas de diversas idades.

fotos: revista novo ambiente/Leonilson gomes

CoMo fao para andar de Samba?1.Entre no site . 2. Escolha a opo diria (sem cadastro)

R$ 5,00 ou mensal (com cadastro) R$ 10,00. preciso ter carto de crdito.

3. Leia os termos de utilizao. 4. Libere a bicicleta pelo celular, ligandopara (21) 4063-3111 ou (21) 3005-4316

5. Informe o nmero da estao em que

voc vai retirar a bicicleta (ou em que voc est) e a posio da que voc escolheu. Puxe-a quando a luz acender.

6. Ande 60 minutos e faa um intervalo de 15minutos antes de voltar a andar (viagens mais demoradas que 1h so tarifadas a R$ 5,00 por cada hora excedente).

7. Para devolv-la, basta encontrar uma

posio livre em qualquer estao e encaix-la at que ela trave. Caso na sua estao no haja posies livres, ligue para 0800-8926650 ou (21) 2221-7460 e comunique a central de Atendimento

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Smbolo, carto-postal, corao. Existem muitas figuras de linguagem aplicveis preciosa (e, na mesma proporo, famosa) lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro. Capaz de congregar harmonicamente as sedes nuticas de rivais histricos como os clubes de regata Flamengo, Vasco da Gama e Botafogo, ou simplesmente fornecer um pano de fundo magnfico para um agradvel passeio em seu entorno, a lagoa tornou-se o foco de uma extensa ao de saneamento e resgate ambiental.

deVoltasboaslagoa com a

srie especial

atadouros, engenhos, pequenas manufaturas, curtumes, indstrias, dejetos domsticos, lixo. A lista extensa e centenria que demonstra o desrespeito com virtualmente quaisquer corpos hdricos de fazer arrepiar at os que aludem ao insidioso dito popular desta gua no beberei. Se estendemos nossa capacidade de poluir at a inflexo os rios, crregos e lagos que nos fornecem a indispensvel gua potvel de cada dia, o que dir dos demais representantes hidrogrficos que oferecem apenas alimento e balneabilidade? Pois foi contendo o pavor expresso nos fios de cabelo em p que os cariocas se detiveram procura de uma soluo para a encantadora lagoa, que, entre tantas denominaes, passou a ser conhecida pelo nome de um ento jovem cavaleiro portugus do sculo XVIII, Rodrigo de Freitas, segundo as verses histricas mais difundidas.

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foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

O fato que o ressarcimento dos danos lagoa j comeou a ser revertido pelo programa Lagoa Limpa, iniciativa do grupo EBX, do empresrio Eike Batista. Contando com um pool de parceiros que vai do governo do estado esfera municipal e inclui ainda SEA e SMAC (Secretarias Estadual e Municipal do Ambiente, respectivamente), institutos como o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e empresas pblicas como Nova Cedae (Companhia Estadual de guas e Esgotos) e Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), as intervenes compreendem basicamente sete aes principais, desde a coleta e gesto de resduos at a modelagem dos dutos afogados, passando por intervenes mais familiares (se no na prtica, ao menos em nomenclatura) ao grande pblico, como dragagem e limpeza de rede de esgotos sanitrios, boa parte delas j concluda ou em andamento. Em tempo, vrios procedimentos empregam equipamentos modernos e o uso de novas tecnologias, tanto que at o renomado Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Ps-Graduao e Pesquisa de Engenharia) est engajado. Certo como as guas que fecham o vero no Rio de Janeiro, como na letra de Tom Jobim, a Revista Novo Ambiente far uma cobertura detalhada deste processo de resgate, no por acaso na edio do ms de maro, cujo tema central gua.

foto: revista novo ambiente/Leonilson gomes

Bacalhau DA AMAZNIA

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A sobre-explorao do pirarucu e a falta de informao das comunidades de pescadores colocaram em xeque essa bela e lucrativa espcie. Agora, so justamente esses ribeirinhos, sob a coordenao de ONGs ou dos governos estaduais, que podem virar o jogo. Bons exemplos traam um norte promissor, que pode dar significativos ganhos na balana comercial de pescados do Brasil, aumento considervel de renda para os povos da floresta e ainda evitar a extino deste fascinante animal.m gigante que pode chegar a 250 kg e 3 m de comprimento, o pirarucu (ou peixe-vermelho em guarani) sempre desempenhou um papel importante na dieta e na economia da populao ribeirinha, mas, por ser uma presa fcil ( grande, vive em lagos ou rios rasos, em geral nas translcidas guas alcalinas, e ainda sobe superfcie para respirar a cada 15 minutos) e saborosa, acabou encontrando o mesmo destino da maioria dos animais brasileiros: a ameaa de extino por excesso de predao por parte do homem. E enquanto a produo pesqueira nacional aumenta a cada ano, a disponibilidade de pirarucu nos mercados despencou no ltimo sculo. Das 239 mil toneladas de pescados de gua doce registradas no pas em 2009, apenas 1,2 mil era de pirarucu, segundo o Ministrio da Pesca e aquicultura (MPa). Desde 1975, a pesca do pirarucu na natureza proibida, porm fiscalizar as dezenas de milhares de quilmetros dos rios da Bacia amaznica, seu habi-

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foto: cuc/sds

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Manejo como soluosegundo o MPa, na regio Norte existem 266 mil pescadores cadastrados (a includa a pesca martima), dos quais 170 mil so homens e 96 mil, mulheres. Eles todos sero indispensveis na luta entre a sustentabilidade ou o extermnio dos rios brasileiros. atualmente, as comunidades ribeirinhas so a maior esperana do governo para preservar o pirarucu. Mais que isso: planos sustentveis de manejo tm mostrado que so grandes instrumentos para melhorar a condio de vida dos povos da floresta. o governo do amazonas incentiva o manejo sustentvel do gigante das guas amaznicas em comunidades localizadas dentro de unidades de conservao estaduais, com o objetivo de gerar oportunidade de renda com tal atividade. No final do ano de 2011, a secretaria de Desenvolvimento sustentvel do Estado do amazonas (sDs), por meio do Centro Estadual de unidades de Conservao (Ceuc), apoiou o manejo realizado pelos pescadores das comunidades de Pinheiro e Nossa senhora do Livramento (Lago do ayapu) e comunidades de Cau/Cuiuan, todas localizadas na reserva de Desenvolvimento sustentvel (rDs) Piagau-Purus, alm de comunidades da Vila do Itapuru, localizada na rea de entorno. a ao contabilizou 241 pirarucus capturados, somando mais de 11 toneladas, trabalho que envolveu 83 famlias. Cada uma destas famlias obteve uma renda de r$ 56 mil em 2011. Com o dinheiro advindo do manejo, as comunidades de Itapuru e Cuiuan adquiriram recentemente flutuantes para auxiliar na vigilncia dos lagos. os comunitrios demonstraram mais interesse em preservar os lagos e as riquezas existentes na unidade de conservao, diz ana Claudia Leito, chefe da rDs Piagau-Purus, ressaltando que a atividade vem ajudando os moradores na gerao de renda e tambm numa maior conscientizao ambiental. Na regio de Manoel urbano/aC, um projeto iniciado em 2005 e coordenado pela colnia de pescadores local, governo do estado do acre e WWF-Brasil um caso de sucesso no manejo do pirarucu. Depois de treinar e capacitar as comunidades, observou-se o notvel aumento das populaes, e a experincia desses sete anos contada no livro Manejo de Pirarucu. Conhecer a vida e as peculiaridades da espcie (veja infogrfico) o primeiro e grande passo para sua sobrevivncia.

tat mais frequente, no apenas uma tarefa difcil, mas praticamente impossvel para qualquer governo do mundo. apesar de boas iniciativas, como o Programa Nacional de rastreamento de Embarcaes Pesqueiras por satlite (PrEPs), institudo em 2006 pelo MPa, a falta de rigor nas punies contra crimes ambientais ajuda a incentivar os contraventores. Mas h tambm desinformao de sobra, e o contraventor, muitas vezes, pode ser apenas um caboclo desavisado trabalhando para manter sua famlia, por isso uma nova viso estratgica governamental tem se tornado importante nesta geografia social: aproximar-se dos povos da floresta, subsidi-los com informaes e tcnicas e contar com eles para a fiscalizao acerca de excessos em suas reas de atuao. os moradores das unidades de conservao so os maiores parceiros do governo do amazonas. a partir do conhecimento tradicional aliado ao conhecimento cientfico que o manejo do pirarucu ocorre. Essa a melhor alternativa para a sobrevivncia da espcie, aponta Ndia Ferreira, secretria do Meio ambiente e Desenvolvimento sustentvel do Estado do amazonas, estado onde surgem vrias frentes de arranjos de cadeias produtivas de produtos da floresta, de modo que eles saiam da regio com alto valor agregado, aumentando expressivamente a renda das comunidades e estimulando a implantao de novas indstrias na Zona Franca de Manaus.

foto: acervo sds

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Bacalhau na balanase o Brasil tem conseguido supervit na balana comercial, no graas aos pescados. o MPa aponta que em 2009 foram exportadas 30 mil toneladas de peixes (cerca de us$ 170 milhes), enquanto importamos nada menos que 230 mil toneladas (ao custo de us$ 688 milhes). o consumo per capita do brasileiro aumentou de 6,66 kg por ano em 2005 para 9,3 kg em 2009. Esses dados, embora negativos economicamente, so a comprovao de uma necessidade no suprida internamente. so as portas para um impressionante mercado o qual no damos conta de suprir, e se o pas no estiver atentos sobrepesca, poder desperdiar essa oportunidade. o principal pescado importado pelo Brasil o bacalhau, cujas 35 mil toneladas vindas de outros pases levaram quase us$ 200 milhes embora em 2009. somando isto ao resultado do ano de 2008, teremos quase meio bilho de dlares em importao deste produto em apenas dois anos. o bacalhau, no entanto, no o nome de um peixe, e sim de um mtodo de salgar determinados peixes, geralmente de guas frias, como o zarbo, o sahite, o bakailaoa e o pirarucu, que tambm conhecido como bacalhau da amaznia, com suas belas e saborosas postas de carne gordurosa e escura. Na comunidade ribeirinha localizada na rDs Mamirau, outra ao do governo do amazonas, desta vez por meio de uma PPP (parceria pblico-privada) com o grupo Po de acar, foi montada uma fbrica para a salga de pirarucu para a produo do bacalhau da amaznia. Cerca de r$ 1,5 milho foi investido na indstria no meio da selva, que emprega 80 operrios e recebe o peixe de mais de mil pescadores, os quais representam mais de 10% da populao do municpio. No ano passado, quase 6 mil peixes foram processados, ou 130 toneladas. apenas animais com 1,5 m para mais so aceitos, ou seja, somente aqueles que j esto adultos. o Po de acar vende mais de 5 mil toneladas de bacalhau importado a cada ano e espera que o bacalhau amazonense abocanhe pelo menos 5% desse mercado em 2012.

As comunidades ribeirinhas tm sua histria intrinsecamente ligada pesca, mas hoje se veem diante do declnio populacional do pirarucu. Um diagnstico sobre indcios de sobre-explorao do pirarucu no baixo Amazonas realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia (Ipaam) aponta que 65% das pessoas daquelas comunidades concordam que h poucos peixes nos corpos dagua e 80% percebem diminuies na abundncia destes recursos nos ltimos anos.

150 mil pirarucus so capturados por ano na Amaznia(WWF-Brasil/Governo do Acre)desenvolvimento com equilbrio

foto: cuc/sds

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PirarucuReproduo- O perodo do defeso reprodutivo determinado pelo Ibama de 1. de dezembro a 31 de maio. - Indivduos abaixo de 1,5 m so considerados juvenis, portanto no podem ser retirados dos rios. - O macho que cuida dos filhotes at os seis meses, e estes, nadando sempre em torno de sua cabea, com ele aprendem a respirar fora da gua. Quando est cuidando das crias, o macho sobe mais vezes para abocanhar oxignio e fica mais vulnervel pesca com arpo. Uma vez abatido o adulto, os filhotes ficam merc dos predadores naturais, como a piranha, comprometendo assim a preservao da espcie.

Arapaima gigas

Contagem do pirarucuDurante a contagem do pirarucu em uma canoa ou margem do lago, o pescador observa por 20 minutos uma rea delimitada em at 50 m de raio, seu campo de viso, e assinala em uma ficha quantas vezes o peixe sobe para respirar nesse intervalo. Um adulto (mais de 1,5 m) respira uma nica vez em 20 minutos, ao contrrio de um pirarucu jovem, que vem superfcie duas vezes. Essa diferenciao permite aos comunitrios saber quantos peixes existem no lago e, consequentemente, quantos eles podem pescar.

equivalente altura do aro da cesta de basquete.

3 m de comprimento,

Pode chegar a

pode atingir 250 kg

mesmo peso de um bezerro de seis meses.

Trazer a energia do Sol para dentro da sua vida

devolvendo natureza o respeito que ela merece.

Inovao.

este o principal objetivo da Eletrosul. Com o Projeto Megawatt Solar, a empresa ir instalar a maior planta fotovoltaica em prdio pblico do pas, gerando energia limpa a partir da luz do Sol. Com essa iniciativa pioneira, a Eletrosul reescreve o futuro e faz da sustentabilidade um sonho cada vez mais real.

Amaznia

ALM DAS NOSSAS FRONTEIRAS

srIe

A Organizao do Tratado de Cooperao Amaznica (OTCA) coordena um acordo assinado em 3 de julho de 1978, em que os pases amaznicos Bolvia, Brasil, Colmbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela comprometem-se em desenvolver um dilogo internacional acerca dos assuntos da floresta. Com sede em Braslia, a organizao vem se atualizando e buscando cada vez mais mobilidade e interao, tendo em vista benefcios para a regio amaznica e seus habitantes.e existe algo de que o brasileiro orgulhoso, da amaznia. os ttulos honrosos que a maior floresta tropical do mundo recebe enaltecem o nosso povo, e muito do nosso intuito de proteg-la vem de um sentimento patritico e quase nacionalista. Mas esse tipo de definio pode incorrer em arrogncia; afinal, quem disse que a amaznia nossa? um erro comum para muitos brasileiros confundir amaznia Legal com Floresta amaznica. a primeira denominao delimita uma rea dentro do Brasil, correspondente ao Norte e parte do Centro-oeste e Nordeste (61% do territrio brasileiro), e engloba uma superfcie de aproximadamente 5,2 milhes de quilmetros quadrados. Mas, apesar de a maior extenso de Floresta amaznica estar dentro do Brasil, ela vai alm das fronteiras do nosso pas, abrangendo tambm Bolvia, Colmbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, suriname e Venezuela.

s

Ilustrao: revista Novo ambiente/Marco Jacobsen

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a internacionalidade da floresta, unida sua irrefutvel importncia para o mundo, trouxe luz a necessidade de se garantir o consenso entre todos os pases que detm uma porcentagem desse tesouro da biodiversidade. Em 1978, foi assinado o tratado de Cooperao amaznica (tCa), primeiro acordo de coordenao e cooperao vigente entre os pases amaznicos. Contudo, apenas em 1998 o tratado tornou-se de fato uma organizao, e em 2002 foi inaugurada sua secretaria Permanente em Braslia, para que esses pases pudessem coordenar o desenvolvimento sustentvel da regio amaznica e promover a discusso regional em um espao especfico, de modo a construir consenso e convergncia. Pensar em uma organizao internacional sobre uma rea to crucial demanda uma gesto bastante complexa, que precisa cobrir o uso sustentvel dos recursos naturais, assuntos indgenas, bem como gerir a questo regional de sade, turismo e infraestrutura.

Declarao da rio+20 e o Compromisso de ManausDesde 2009, est proposto o relanamento da otCa, para fortalecer o dilogo poltico e a mobilidade de pesquisadores e estudiosos da questo amaznica, alm de priorizar aes que aproximem a organizao. Com esse propsito, no dia 22 de novembro de 2011, em Manaus, os Ministros das relaes Exteriores dos Pases-Membros da otCa assinaram o Compromisso de Manaus, que tem em vista ampliar as vantagens do acordo, com a busca de novas alternativas de financiamento para a aplicao da agenda Estratgica da otCa, tal como viabilizar recursos do Fundo amaznia para financiar projetos de monitoramento da floresta. Visa tambm promover a mobilidade acadmica e apoiar a iniciativa da Delegao do Equador de criar uma universidade regional amaznica, como centro de pesquisa intergovernamental. tais medidas so fundamentais para melhorar o dilogo em torno das diferenas dos sistemas polticos e a governana em torno desta preciosa rea.

Fotos: revista Novo ambiente/oberti Pimentell

srIe

vENEzUELA COLMBIA

GUIANA SURINAME GUIANA FRANCESA

EqUADOR BRASIL PERU

BOLIvIA

A totalidade da maior floresta tropical do mundo, lar de metade das espcies terrestres do planeta. Alm do Brasil, compreende tambm Bolvia, Colmbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, em cerca de 6,9 milhes de quilmetros quadrados.

Amaznia

Total

RORAIMA AMAP MARANHO AMAzONAS ACRE TOCANTINS RONDNIA MATO GROSSO PAR

Amaznia

Legal

A Amaznia Legal uma regio administrativa do Brasil dividida por nove estados brasileiros, de cerca de 5,2 milhes de quilmetros quadrados. Compreendido dentro dessa regio est efetivamente o bioma Amaznia, que possui 4,2 milhes de quilmetros quadrados e a parcela que, somada porcentagem contida nos outros pases, define a Floresta Amaznica.

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Redd ganha fora NA AMAZNIA LEGAL

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Como reduzir as emisses provenientes da perda de cobertura florestal e alteraes no solo? Essa tinha sido a questo levantada pela Papua Nova Guin e pela Costa Rica em 2005, na COP11. A questo gerou resistncia e controvrsias, mas uma semente da indubitvel necessidade de um projeto se plantou. Vrias propostas foram lanadas pelos pases interessados at chegar ao programa de Reduo de Emisses por Desmatamento e Degradao Florestal como vem sendo aplicado hoje.mecanismo do redd+ consiste em recompensar financeiramente os pases que esto dispostos e em condies de reduzir as emisses por desmatamento e manter suas florestas de p. o Brasil um dos pases mais receptivos ao projeto. Na CoP15, em Copenhagen, o pas assumiu o compromisso voluntrio de reduzir 80% do desmatamento na amaznia e 40% no Cerrado. a criao da Fora tarefa em redd+ e Mudanas Climticas, no encontro do Frum de Governos da amaznia, em Palmas/to, configurou uma reunio dos estados amaznicos pela solicitao de um mecanismo de comrcio para redd. Em outubro de 2010, o acre sancionou o projeto de lei que regula o sistema servios ambientais (sisa), o qual regulamenta a manuteno e o registro das atividades relacionadas floresta (87% de seu territrio), permitindo, assim, o controle da cobertura florestal e a

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Fotos: revista Novo ambiente/oberti Pimentell

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participao do estado no mercado internacional de carbono e servios ambientais. temos trabalhado com uma linha baseada no Zoneamento Ecolgico Econmico, pois a partir do reconhecimento do territrio se avana em polticas integradas de desenvolvimento, disse Eufran Ferreira do amaral, Diretor-Presidente do Instituto de Mudanas Climticas do acre, Revista Novo Ambiente. o estado do acre tem um bom histrico de preservao e sustentabilidade. No entanto, projetos relacionados ao redd+ tm conquistado espao tambm nos dois estados com maior ndice de desmatamento da amaznia, Mato Grosso e Par. Em outubro do ano passado, um acordo foi fechado entre a agncia dos Estados unidos para o Desenvolvimento Internacional (usaid) e um consrcio de organizaes ambientais liderado pela oNG the Nature Conservancy (tNC), visando estabelecer um fundo monetrio para a insero do redd+ nos dois estados. Foi arrecadado um total de us$ 7 milhes em um grupo de instituies, que servir de financiamento para atividades organizadas em torno de quatro reas: apoio sustentabilidade e formulao de polticas verdes; treinamento em redd+ para funcionrios pblicos e lderes da sociedade civil; oferecimento dos incentivos econmicos para as comunidades que auxiliem na pre