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Reflexões Sobre Educação Caminhos Para Uma Nova Escola Novembro 2012 Ediçao 02 Estudo do Meio: Geografia O que é confinamento afetivo e como ele afeta a família de crianças surdas Enem: Redação Vencedora do Simulado MAE

Revista Novos Rumos - Edição 02

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A Revista Novos Rumos Educacionais é uma publicação trimestral e chega a sua segunda edição. Objetivamos colher informações, análises e reflexões de educadores, de estudantes, de gestores e de pais. Visamos possibilitar o contato de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizado com novas possibilidades, novos procedimentos e ações, utilizando múltiplas linguagens

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Reflexões Sobre EducaçãoCaminhos Para Uma Nova Escola

Novembro 2012Ediçao 02

Estudo do Meio: Geografia O que é confinamento afetivo e como ele afeta

a família de crianças surdasEnem: Redação Vencedora do Simulado MAE

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Maestro Assessoria Educacional

Novos Rumos - Revista Educacional

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É com grande satisfação que, mantendo a continuidade de uma revista lançada no 1º semestre de 2012 – que expressava um desejo e uma imensa aspiração da maioria dos educadores desse país de obter um canal de comunicação amplo e que retrata-se o cotidiano da sala de aula – colocamos em circulação o nº 2 da Novos Rumos: um canal de divulgação que busca extravasar os muros da escola e veicular uma educação comprometida com a construção do conhecimento de forma significativa; um periódico de natureza pluralista no sentido de não se ater somente a uma das pedagógicas existentes, e do qual não apenas professores podem participar na elaboração de artigos e ensaios.

Esse número é dedicado as reflexões é praticas da sala de aula. Cinco artigos abordam, de forma diferenciada, questões como o estudo do meio como ferramenta para a aprendizagem, questões como os procedimentos para lidar com crianças surdas, o papel do jovem no contexto atual, a observação astronômica como possibilidade de desenvolver habilidades e competências e o ultimo artigo que garante as reflexões sobre a educação.

Acreditamos que tais artigos e ensaios garantem a percepção de um ensino crítico e libertador, e por ser esse um dos nossos valores, não poderíamos dispensar a pluralidade de opções, opiniões e a constante troca de experiências. Esperamos que a revista Novos Rumos possibilite a você um

Editorial

fazer diferenciado no cotidiano da escola e que novas reflexões aparecem.

Boa Leitura!

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02

ÍNDI

CE

Novos Rumos - Revista Educacional

03

Estudo do Meio: Geografia

Confinamento Afeitvo: Como afeta a família de crianças surdas

O céu e as crianças: Obervação da Lua

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CAPA

ARTIGOS

SEÇÕESReflexõesSer Sábio 04

EnemEnsaio para o Enem: Vitória Sampaio 14

Simulado MAE: Redação Vencedora 15

Reflexões Sobre Educação:Caminhos Para Uma Nova

Escola

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04Novos Rumos - Revista Educacional

REFL

EXÃO

Ser SábioSer sábio é vasculhar a mina interior para desencantar talentos preciososO sábio desenterra, multiplica e coloca os próprios dons a serviço do outroSer sábio é dar sentido à via, ajuntar tesouros no céu, na terra O sábio vive em harmonia, busca harmonia, constrói o céu no seu próprio interiorSer sábio é ser time, ser equipeSer fonte e construir pontesÉ inalar a partilha e a intervençãoO Sábio constrói pazFala de saúde, felicidade, alegria, amor e prosperidadeSer sábio é silenciar, pensar melhor, trabalhar melhorEntusiasmar-se pelo êxito próprio e pelo sucesso dos outrosO sábio ama a vida, saboreia a vida, perdoa ofensas, supera mágoas Constrói felicidades, amizades, a riqueza do ser e a alegria de conviverVale a pena ser sábio, pois ele carrega dentro de si, de forma perene o amor Possibilita mudanças, constrói caminhos e abre estradasSer sábio é saber sugerirÉ achar soluções onde há problemasSer sábio é saber lidar com as diferençasÉ buscar a sua imagem dentro do olho do outroSer sábio é assessorar que busca respostas e criar novas perguntasSer sábio é sementeSemear o amanhã e desabrochar em luz o alimento da almaSer sábio é ter esperança de que o medo deixará de existirÉ buscar colheitas em todos os tipos de soloÉ gerar alimento para a vidaÉ navegar se for preciso, mesmo nunca tendo navegadoSer sábio é gerar supressas e encantosÉ construir a cada segundo a eternidadeÉ tirar do esconderijo a pazSer sábio e respeitar as inconcretudes É acomodar os frágeis e os insensíveisÉ cultivar o que se semeouÉ sempre estar pronto para um novo começoSer sábio é gerar possibilidades

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O Estudo do Meio Como Estratégia do Ensino de Geografia

Tendo em vista que as atuais exigências que se enquadram

nos novos paradigmas da educação do século XXI devem

extrapolar os limites da sala de aula, um estudo dirigido do

ambiente externo torna-se imprescindível para a inserção do

jovem estudante na leitura, análise e compreensão do meio,

de modo que esse se torne um sujeito crítico e consciente da

realidade que o cerca. Desta forma, aquilo que nós, professores

de Geografia, Biologia e Ciências, e afins, chamamos de “Estudo

do Meio”, torna-se uma ferramenta com reais possibilidades de

incutir uma aprendizagem satisfatória e proveitosa para nossos

estudantes.

O Estudo do Meio pode ser compreendido como um método

de ensino interdisciplinar que visa proporcionar aos alunos e aos

professores o contato direto com determinada realidade, um meio

qualquer, rural ou urbano, que se decida estudar. Essa atividade

pedagógica se desenrola através da observação, compreensão

e análise de um determinado espaço geográfico.

O objetivo desse trabalho, em todos os níveis de ensino, mas

particularmente na educação básica, é tornar a aprendizagem

mais significativa e proporcionar ao nosso público juvenil o

desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo sobre

elementos sociais e naturais do cotidiano.

A possibilidade da produção de novos conhecimentos,

através da busca de informações “in loco”, tabulação de dados,

experiências vivenciadas, colocando o indivíduo “aluno” na

condição de sujeito e também coordenador dessas atividades,

contribui para a melhoria da aprendizagem e do papel do

educando nos dias atuais.

Como organizar um Estudo do Meio? A princípio, é necessário

estabelecer um objetivo.

Exemplo:

Objetivo: Conhecer, coletar informações e analisar diversos

aspectos (cultural, social, ambiental e econômico) de um ambiente

específico. O desafio é entender como eles se

relacionam entre si. Pode se dar em uma única visita ou

numa série delas.

Séries/Anos envolvidosQuando pensamos em séries/anos iniciais, é preciso dosar

a demanda de informações. Já em turmas mais adiantadas,

podemos avançar e elevar o grau de informações envolvidas.

Novos Rumos - Revista Educacional

Autor: Gilmar Neres Magalhães

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Novos Rumos - Revista Educacional

Cuidados antes da visitaSe possível for, antecipar e dividir a turma em grupos com funções pré-definidas (responsável pelas imagens e anotações da

paisagem aparente, fotos, entrevistas com a população local, etc.) e definir previamente quais aspectos se deve observar. Não é

demais o levantamento prévio de informações que possam colaborar com o que se vai observar, informações essas que podem estar

em mapas do local, fotografias antigas e reportagens.

Durante a visita Cada integrante do grupo deve ser responsável por analisar um aspecto específico e reunir informações sobre ele.

Depois da visita As informações coletadas devem ser compartilhadas (em debates ou com a criação de bancos de dados coletivos) e aprofundados

por meio de pesquisas em fontes escritas. Em seguida, no momento da síntese, é hora de relacioná-las, levantar hipóteses, problematiza-

las e apontar soluções.

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Novos Rumos - Revista Educacional

*As fotos fazem parte do arquivo pessoal do Profº Gilmar N.

Magalhães e referem-se ao trabalho realizado junto ao Colégio

Montessori Santa Terezinha, no ano de 2011 para as cidades de

Santana do Parnaíba, Porto Feliz e Itú, perfazendo o “Roteiro

dos Bandeirantes”.

Maestro Assessoria Educacional

A sala de aula de sua escola ainda é do Século XX?

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Novos Rumos - Revista Educacional

CAPA

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Reflexões Sobre Educação:Caminhos Para Uma Nova EscolaEm 1996 publicou-se a nova LDB, uma lei que deveria possibilitar a preparação do

sistema educacional brasileiro para uma grande mudança. Sabemos que desde a sua publicação ocorreram algumas transformações nas escolas brasileiras, e hoje, após 16 anos, percebemos que ainda há uma grande distância entre o que se vem discutindo desde 1996 - em congresso, seminários, encontros e cursos - e a realidade que se prática a educação no Brasil, ou seja, ainda temos muito a fazer.

Também sabemos das imensas dificuldades que existem para materializar as mudanças tão necessárias nas escolas brasileiras, tanto nas privadas, quanto nas públicas. Acreditamos que discuti-las e aprofundar tais reflexões é um dos caminhos que podem assegurar que num futuro breve elas possam ganhar forma.

Acreditamos que é necessário realizar uma reflexão crítica sobre a nossa prática enquanto educadores, prática esta imersa numa sociedade contraditória e, por isso, permeada de conflitos. Não estamos enquanto educadores, numa redoma de vidro, isentos de contradições. A possibilidade de refletir e trocar experiências é um dos caminhos possíveis para tornar tais mudanças menos angustiantes e compreender melhor a sociedade em que vivemos e a nossa prática enquanto cidadãos que ajudam a construir essa sociedade. Como não existe teoria válida em si mesma, vai ser a prática de cada um de nós que vai

dar conteúdo real aos debates e reflexões que aqui faremos.A prática que recusa refletir sobre o seu significado pode ser responsável por efeitos muitas vezes contrários às suas pretensões.

Portanto, nesse momento, é bom lembrar que a exclusão dos estudos realizados por grandes pensadores do cotidiano escolar possibilita o agir sem pensar, e esse é um dos grandes desafios que devem ser superados na escola, práticas sem fundamentação teórica, professores que fazem, mas não sabem por que estão fazendo, acreditamos que o agir e o pensar, o fazer e o refletir são dois momentos inerentes à “práxis” humana. Negar qualquer um desses momentos é negar o que constitui a natureza do ser humano.

Há várias portas de entrada para a discussão da Escola do Século XXI. Gostaria de propor duas: uma é preciso refletir sobre a nossa prática enquanto professores, analisar nossa rotina de trabalho, processo em que parece ser tão natural por ser o nosso cotidiano. Em segundo lugar, precisamos refletir sobre os dilemas com que nos defrontamos com os estudantes.

Devemos estar atentos para o seguinte: a escola parece ser uma instituição muito natural, como fenômeno social de massa é extremamente recente. As escolas “nascem” atreladas às instituições religiosas, à formação de sacerdotes, e passavam um saber extremamente exclusivista e elitista. A partir da revolução industrial e com o advento da sociedade capitalista é que se vai ter inicio a uma necessidade de generalização da alfabetização. Assim, podemos afirmar que em sua quase totalidade a humanidade viveu sem saber ler e escrever. A Escola, portanto, que encaramos como uma coisa natural, sempre existiu: ela é um produto do século XIX.

No Brasil, o processo de democratização do ensino teve início da década de 70 do século XX, chegando a quase a totalidade dos brasileiros no início do século XXI. Hoje podemos afirmar que quase a totalidade, das crianças e dos jovens brasileiros estão na escola, mas nem sempre estão obtendo os resultados esperados. Aliás, o que se espera de uma criança e de um jovem na escola? Será que todos os envolvidos no processo educacional possuem essa clareza? A escola cumprirá a função de difundir os conhecimentos necessários à formação do bom cidadão? Quais serão esses conhecimentos?

Nesse ensaio, como já antevemos a problemática de que nos ocuparemos é bastante complexa, e, nesse sentido, gostaria que saíssemos daqui com dúvidas estimulantes, mais do que certezas absolutas. Por outro lado, é preciso ampliar o debate e as reflexões do que se chama Escola do Século XXI. Seria uma escola que se diz dialógica? Que respeita o conhecimento prévio dos estudantes, mas continua sendo um discurso de poucos, muitas vezes hermético? Seria uma escola, que em vez de a,pliar o espaço

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de reflexão continua limitado ao restrito espaço dos muros da própria escola? Que controla as ações dos estudantes? Uma escola repetitiva? Onde não há escolhas?

Afinal, até mesmo por força da lei, é nas escolas de ensino fundamental e médio que se desenvolve a maior prática social daqueles que serão os cidadãos do mundo em que vivemos. Se a proposta de uma nova escola for entendida como um mero discurso e não como uma forma de pensar e agir no mundo, as reflexões realizadas por inúmeros educadores desse país e do mundo não garantirão a mudança. Acredito que a proposta de uma Nova Escola, uma escola para o século XXI, pautada em valores humanistas só terá sentido na medida em que ela possa avançar e ser apropriada por todos os envolvidos no processo educativo: pais, professores e estudantes.

Sendo assim, como esse texto é destinado aos professores e como mencionamos anteriormente, a construção da escola do século XXI, passa por uma mudança significativa de nossas práticas, dos nossos procedimentos, vamos sistematizar algumas ações para construir a materialização dessas mudanças, são elas:

• Realizar um levantamento de conhecimento prévio que o estudante traz, necessitando que o Educador sistematize-os e provoque a ampliação, o levantamento de hipóteses;

• Intervenção do educador para acelerar o processo de construção do conhecimento do estudante, provocandoavanços que não ocorreriam espontaneamente, garantindo novas abordagens, demonstração de outras relações sistêmicas e complexas que estão postas, fornecendo pistas e instruções para iniciar o processo de reconstrução de conceitos;

• Garantiadaverificaçãodashipóteses,amarandoexplicaçõeseexposiçõespautadasemconhecimentoscientíficos;• Organizar projetos dentro de uma abordagem disciplinar, multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar,

assegurando uma articulação entre a parte e o todo, construindo relações sistêmicas;• Significaroapreendido,garantindoafuncionalidadenoespaçodocotidiano.

Para tanto, o educador necessita: planejar o curso facilitando a aprendizagem, definir os conteúdos facilitando a aprendizagem; criar estratégias facilitadoras para a aprendizagem e re-significar o contexto da sala de aula. Apresentaremos a seguir algumas ideias de como isso seria possível:

• Érealizadocomaclasse,noiníciodoanoletivo;• Levaemconsideraçãoasexpectativas,problemaseinteressesdosestudantes,bemcomoaespecificidadedecada

série;• Éflexívelepermiteadaptaçõesdetempoeconteúdo;• Garanteumasequencia lógica,envolvendohabilidades,competênciaseconteúdos,construindoumasínteseao

finaldecadaassuntotrabalhado;• ÉuminstrumentodotrabalhoemsaladeaulatantoparaoEducador,quantoparaoestudante.

A Definição do Conteúdo do Curso facilita a aprendizagem quando se orienta pelos seguintes

critérios:

• Os objetivos de cada série são traçados no inicio do ano letivo;

• Os assuntos escolhidos são de interesse dos estudantes;

• Os assuntos se manifestam como úteis aos estudantes, trazendo o dia-a-dia para dentro do contexto da sala de aula e propiciando aplicações práticas do estudo realizado;

• Os temas focalizados relacionam-se com os conhecimentos, com a experiência, com a realidade profissional e com as necessidades dos estudantes;

• A busca de solução para os problemas e questões se faz de forma conjunta entre educador e educando.

As Estratégias se apresentam facilitadoras da aprendizagem quando:

• Quando são utilizadas e aplicadas de formas variadas, com variadas aulas expositivas, trabalho em grupo e dinâmicas de apresentação envolvendo a utilização de varias recursos;

• Propiciam a integração do grupo, permitindo que a aprendizagem se realize na relação estabelecida pelo grupo;

• Quando possibilita a participação ativa dos estudantes;• Quando motiva os estudantes para o estudo o individual,

para a co-responsabilidade no processo de aprendizagem, para a presença às várias atividades programadas dentro e

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Novos Rumos - Revista Educacional

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O Contexto da sala de aula colabora significativamente para a aprendizagem quando:

• Constitui-se um ambiente de abertura, com a possibilidade de questionamentos, de respeito mútuo e espírito democrático; • Constitui-seumambientedeparticipação,noqualeducadoreeducandotrabalhamjuntos,expondoseuspontosdevista,

seusestudos,suasopiniõesfundamentadas,argumentandoetrazendosuasexperiências;• QuandosematerializaumaligaçãoentreTeoriaePrática,permitindoqueasaladeaulasetransformenumespaçoondea

realidadeexternatenhacondiçõesdeserconsideradaeestudadajuntamentecomosconhecimentoscientíficosproduzidos.

Acreditamos que se esses procedimentos forem colocados em prática, transformaremos o contexto da sala de aula e assim a escola transforma-se em um espaço atrativo para os estudantes, incentivando-os aos estudos e motivando-os a participar das aulas. Também acreditamos que um novo processo de avaliação será materializado, mas esse tema será discutido no próximo artigo.

Nesse momento, cabe ressaltar que a nossa concepção de Escola esta respaldada nas ideias de que devemos pensar o Ser do Educando e a sua Ação na sociedade, proporcionando ao estudante o maravilhamento e o espanto na relação com o conhecimento, a transformação da informação em conhecimento, sem perder de vista que a sua ação deve contribuir para a compreensão das contradições da realidade concreta. Uma escola que estimule a busca do belo e do bom para que a humanidade não se perca na errância do mundo.

A escola que desejamos possibilita a todo instante ampliar a compreensão que temos de nós mesmos e do mundo; proporciona situações para a formação de todos, e produz um estado de reflexão constante para construir o saber, em vez apenas de transmitir informações. Uma escola que reformula e aperfeiçoa constantemente seus métodos e processos, num trabalho contínuo de re-definição dos conceitos, atualizando projetos reais e consistentes que possibilitem experiências significativas de aprendizagem, de argumentações, de auto-conhecimento e ação na sociedade.

Uma escola que desenvolve a consciência crítica, que conduza à transformação do mundo, à integração dos chamados excluídos e que possibilite o exercício da cidadania, garantindo ao estudante contato com a realidade política e novas relações e interações sociais, posicionando-se frente aos problemas do mundo.

Na escola que sonhamos, autonomia para os jovens e adolescentes é fato, as decisões são tomadas em conjunto, os erros transformam-se em indicadores, a comunicação entre todos é constante. O objetivo é construído coletivamente e, portanto, é comum, há cumplicidade, convívio fraterno. Todos estão trabalhando em prol de um ideal comum. O estudante faz parte do processo e portanto, faz parte da tomada de decisões. Acreditamos que assim, conseguiremos materializar uma Nova Escola, que rompa com a escola do século XX que ainda se faz presente nos dias atuais.

Valther Maestro

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O Que é Confinamento Afetivo e Como Ele Afeta a Família da Criança Surda“Why does she get a reward for stabbing me?”(Penn,Artur:TheMiracleWorker).

Foi esse o questionamento que Anne Sullivan, fez à mãe de

Helen Keller após ter sido esbofeteada pela garota surda cega.

A mãe quase que automaticamente levou a boca da garota um

doce, como se premiasse a atitude violenta da filha. A pergunta

“Por que ela ganha uma recompensa por me bater?” demonstra o

confinamento afetivo dessa família, pois não consegue trabalhar

os limites para que Helen Keller superasse suas dificuldades. A

convivência no lar dos Keller era tumultuada e a família, além de

superprotegê-la, desconhecia seu potencial tendo dificuldade de

conviver com a deficiência da filha.

Essa situação não é isolada, no passado o papel da família

no processo de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento da

criança era considerado secundário e os membros dessa família

sentiam-se estigmatizados, como se o nascimento de uma

criança com deficiência fosse motivo de vergonha ou castigo.

Assim, ficava a critério dos profissionais de saúde e da educação,

a responsabilidade de acompanhar e promover os processos de

desenvolvimento dessas crianças.

O cinema muitas vezes abordou as relações familiares das

pessoas com surdez nos permitindo observar conflitos, refletir

o quanto a família e sua relação com crianças com deficiência

são alavancas e desencadeiam sentimentos e posturas ora

negativas, ora positivas, essas situações permeiam não apenas

a ficção, mas também a realidade.

Em “Meu nome é Jonas” é relatada a história de um garoto

surdo que é internado durante três anos em uma instituição para

crianças com retardo mental. A história passa-se na década

de 70. Ao retornar ao seu lar, os pais não conseguem manter

uma comunicação com o filho, ao mesmo tempo Jonas se sente

sozinho e acaba por ter reações diversas e violentas devido

a sua condição. Ao longo desse conflito os pais de Jonas, em

meio a brigas, não conseguem estabelecer um vínculo e acabam

separando-se.

Segundo as estatísticas a probabilidade de pais se

separarem quando tem filhos com deficiência é maior. As

grandes características dos pais e familiares dessas crianças

são o isolamento social, a insatisfação do casal, falta de coesão

familiar, e a dificuldade de interação mãe-filho (DALE, 1986).

No caso dos surdos, 90% das crianças nascem em lares

ouvintes, muitas dessas famílias ignoram a deficiência do filho

os tratando como se eles ouvissem, ou seja, agir assim é uma

espécie de negação que gera ainda maiores dificuldades de

comunicação. Há também os que não falam nem tentam se

comunicar com seus filhos, pois acreditam que eles não iram

compreendê-los devido à surdez.

Por certo existem os contrapontos, no caso da família de

Jonas, aprender a linguagem de sinais para todos do núcleo

familiar foi um processo de superação e de resgate, valorizando

as emoções e o amor, outrora destruído.

esser god - EUA, 1986) Sara uma jovem bela e surda que

acaba se envolvendo com um professor de escola de surdo e

vivendo o conflito de não querer falar, apesar da insistência de

seu namorado, ela retorna para a casa da mãe, que em uma

conversa franca diz à filha que chegou a odiá-la por ser surda e,

em sua infância sentia que ela fora responsável pela separação

dos pais. Segundo Gardner (1994) os pais das crianças com

deficiências tendem a ter autoestima baixa e sentimento de

incompetência pessoal, vivenciando a surdez apenas como

um problema. Comumente os profissionais que atendem essas

famílias geram uma expectativa nos pais ocasionando neles um

sentimento de impotência frente ao silêncio do filho, acreditando

muitas vezes que será impossível educá-los. Muitos outros, com

o passar dos anos, valorizam suas experiências com seus filhos

com deficiência como algo insubstituível, apesar do esforço que

possa ter exigido (PANIAGUA, 2004).

Novos Rumos - Revista Educacional

MaestroAssessoriaeStúdioKayrósAutor: Maria Aparecida Pereira de Castro Augusto

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Novos Rumos - Revista Educacional

descobrir que seu filho é surdo. No filme, Holland não consegue

agir com afetividade durante a infância do garoto. Apesar de amá-

lo, sua relação é temerosa e distante, cabendo a sua esposa ser

o elo entre filho e pai. Apenas na adolescência a comunicação e

as relações são estreitadas. Por certo o pai de Cole, ao longo da

história demonstra sua afetividade fugindo da proteção. Holland

conseguiu estabelecer vínculo, respeito e relacionamento

pautado na empatia, na capacidade fundamental de perceber

o outro. Assim, seu filho tornou-se então um adulto confiante,

professor capaz de ajudar outros jovens surdos a estabelecer

vínculo, autonomia e construir seus próprios destinos.

No entanto, é necessário refletir qual tipo de relação é

construída entre pais e filhos não apenas nas telas do cinema,

mas nas relações construídas diariamente entre as pessoas

comuns. Segundo G. Parker (1990) a afetividade é algo prazeroso

e positivo nas relações familiares, é salutar o cuidar afetivo, a

capacidade de amar e a demonstração desse amor entre os

pares.

No outro extremo, a proteção de forma exagerada pode ter

uma variante negativa e pode gerar conflitos e confinamentos

afetivos. O proteger se caracteriza pelo ato de controlar esse

indivíduo ao ponto de sua vida estar totalmente vinculada à

vontade e o temor de quem o protege ou o controla.

A superproteção é um tema que surge frequentemente quando

se trata de crianças com deficiência. As relações familiares, o

desconhecimento da família e a necessidade extrema de cuidar

levam muitas famílias a proteger exageradamente os seus filhos,

impedindo-os de terem formação em um ambiente estimulador. O

contrário também pode acontecer, o aumento da vulnerabilidade

familiar, o abandono e a negação.

No caso da criança surda ainda é preciso decidir que tipo

de linguagem será adotada e quais os procedimentos deverão

ser considerados nesse processo. Entretanto é necessário

ponderar se a superproteção tem influência no desenvolvimento

pedagógico e social deste indivíduo ao longo de sua formação e

quais são os fatores relevantes desse “cuidar exagerado”.

De acordo com Paniagua (2004), a família deverá ser parte

integrante do processo de desenvolvimento do indivíduo. As

intervenções educativas não devem centrar-se na criança, mas

levar em conta o ambiente que mais a afeta, no caso seu ambiente

familiar.

A superproteção não gera um ambiente estimulador,

produz amarras sociais e educacionais que trazem para o

indivíduo insegurança em diversas situações de “melindres” e

medo em relação ao mundo e em relação às pessoas com quem

irá se relacionar no decorrer da vida.

Proteção e Abandono

Dentro desse processo investigativo pode-se notar que

antes de estudar o fenômeno de superproteção, é necessário

saber como são as relações familiares dessas crianças surdas.

Inicialmente, partirmos do preceito que a proteção está ligada

à afeição e ao calor humano e, no contraste, temos a frieza e a

rejeição, sentimentos totalmente plausíveis quando a família se

vê em uma situação nova como, por exemplo, a descoberta que

seu filho não escuta.Segundo G. Parker (1990) além desses dois

quadrantes que se contrapõem, outras características constantes

que farão contraponto é a autonomia psicológica e o controle

psicológico sem afeição. Para isso o especialista desenvolveu um

trabalho analítico e a partir dele um questionário para identificar

os pais nesses quadrantes. Os resultados foram compatíveis

em pesquisa psicológicas abrangentes, sugerindo que todos

os comportamentos interpessoais sejam adaptativos e que as

duas dimensões de agrupamento seriam “afeição/hostilidade e

dominação/submissão.” A superproteção é um fenômeno que

se caracteriza pelo excesso de cuidados e zelo que os pais têm

em relação aos seus filhos, os motivos são variados, não estão

relacionados diretamente com deficiência, pode estar relacionado

com o medo do mundo e da violência (GOLFETO e MIAN, 1999).

Esse excesso pode interferir nas relações sociais e no

processo de ensino- aprendizagem, assim como o contraponto

desse cuidado, a indiferença e o descaso, também são fatores que

prejudicam a formação psicossocial desse individuo. O ambiente

familiar é essencial para o desenvolvimento de qualquer criança.

O papel da família dentro da sociedade foi resgatado nos últimos

anos para que junto com as outras instituições (escola, igreja,

saúde) tenha um papel mais decisivo na vida da criança com

deficiência. É necessário notar como a estrutura familiar mudou

ao longo dos séculos e quantas outras estruturas familiares se

formaram em nossa sociedade, hoje temos as tradicionais, mono

parentais, adotivos, com ou sem irmãos, entre outras.

Se a igreja, a escola e a família são consideradas bases da

sociedade, hoje a família deveria exercer um papel relevante na

história de cada indivíduo, porém a instituição familiar está em

processo de mudanças e alterações comportamentais. A família

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Novos Rumos - Revista Educacional

traz a seus pares um vínculo indiscutível, e como será para os

membros dessa notar que seu filho tem uma deficiência?

Cabe aos pais decidir o tratamento de seus filhos e as

opções educativas para seu acompanhamento pedagógico,

porém devem acompanhá-los e não deixá-los a cargo somente

dos profissionais habilitados para o acompanhamento de seus

filhos. Outro aspecto significativo está no aumento da dedicação

que, em geral, supõe que um filho com deficiência requer um

processo de esforço pessoal (PANIAGUA, 2004). Segundo

Seligmam (1979 apud PANIAGUA, 2004), existem reações

frequentes com pais que constatam deficiência.

A primeira é a fase de choque, que se dá no momento inicial,

a segunda é a negação que a família tende a ignorar o problema,

a terceira fase é a reação em que eles têm que adaptarem-se

à deficiência do filho. Nesses casos são sentimentos comuns:

a depressão, a culpa, o desapego entre outras. Dentro desse

universo a superproteção se torna uma atitude diante da

deficiência do filho, assim como a expectativa e exigências

educacionais. No caso da Criança surda os pais têm de tomar

uma decisão: escolher, pelo menos inicialmente, a modalidade

de língua que o filho usará: a linguagem gestual ou oral. Essas

escolhas podem interferir na identidade e na integração dessa

criança na Cultura Surda. (SANTANA, 2007).

Já o abandono afetivo se caracteriza pelo distanciamento

dessa família em relação a esse surdo que é incompreendido.

Sendo assim, muitos ignoram a deficiência, são intolerantes ao

silêncio e à falta de comunicação.

Referências bibliográficas

GARDNER, H. Estruturas da Mente, a Teoria das Inteligências

Múltiplas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1994.

GOLFETO, J.H. e MIAN, H. Abordagem psicoterápica da

criança e da família no hospital das clínicas da faculdade de

medicina de ribeirão preto – USP. Ribeirão Preto: Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo v.32,

203-210, 1999.

PANIAGUA, G. As famílias de crianças com necessidades

educativas especiais. In: COLL, C.; MARCHESI A.; PALACIOS,

J. Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas

especiais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 330-346.

PARKER G. The parental bonding instrument: A decade of

research. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 25,

281-282, 1990.

PARKER G. The parental bonding instrument: A decade of

research. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 25,

281-282, 1990.

SANTANA, A. P. Surdez e Linguagem: Aspectos e implicações

neurolinguísticas. São Paulo: Plexus, 2007.

*Maria Aparecida Pereira de Castro Augusto é licenciadaemEducaçãoArtística (ArtesPlásticas)pelaUNESP,pedagoga,epossuiespecializaçãoemeducaçãoespecialcomênfaseemSurdez.

Ensino Fundamental I

Ensino Fundamental II

Ensino Médio

Maestro Assessoria EducacionalMaterial de apoio Didático

www.maestroassessoria.com.br

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Page 14: Revista Novos Rumos - Edição 02

Novos Rumos - Revista Educacional

ENEM

Os textos a seguir foi elaborado pela estudante Vitória SampaioCunhadoensinomédiodoColégioMaristaNossaSenhoradaPenhadeVilla Velha –ES.Os textos sãoumensaio para a redaçãodoENEM.OprimeiroécomotemaOAtivismoJuvenilnaAtualidadee

asegundaésobreManifestaçõesPopularesdoSéculoXXI.

O Ativismo juvenil na atualidadeManifestos nas ruas das cidades e campanhas nas redes sociais denunciando

as falhas do sistema são ações recorrentes da juventude na contemporaneidade. Contudo, a participação desse grupo é um fenômeno recente, que não apenas foi facilitada pelos meios de comunicação em massa, como também provocada pela valorização da participação política ocorrida após um período ditatorial.

Durante esse momento histórico, os jovens conviveram com a censura, visto que qualquer crítica ou reivindicação às medidas impostas pelo Estado era reprimida com violência. Devido a ausência de liberdade de expressão, a ditadura despertou nos jovens o desejo de mudar a realidade. Iniciaram-se movimentos anti-sistêmicos, entre os quais o sucesso movimento dos caras pintadas, a favor do impeachment do presidente Fernando Collor, permitiu que os jovens percebessem que era possível

Além disso, a popularização da Internet foi imprescindível para a perpetuação dos movimentos. Por meio de blogs e redes sociais, os jovens denunciam a realidade do país a milhares de internautas e criam eventos em busca de alcançar melhorias em diversos setores da sociedade, como a saúde e a educação.

O ativismo juvenil, portanto, contribui para garantir o progresso do país aliado a qualidade de vida da população. Diante dessa relevância, é necessário o incentivo a perpetuação desses movimentos, através da propagação das melhorias obtidas pela união juvenil, e dos interesses em comum que podem entrar em vigor na atualidade por meio desse instrumento. Assim, será possível ampliar a contribuição do jovem na sociedade moderna.

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O renascimento de 1968No século XXI, revive-se o ano de 1968, o qual foi marcado por protestos estudantis contra as hierarquias

tradicionais em vários países. Assim como nesse período histórico a sociedade busca, através de movimentos populares, alterar radicalmente as estruturas que estão em vigor, a ressurgência de tal fenômeno foi proporcionada pela insatisfação dos jovens, que por meio das redes sociais buscam adeptos aos seus ideais.

Tal instrumento possibilitou a denúncia das falhas do sistema a milhares de internautas, aliada a criação de eventos para mudar esse painel. A rápida divulgação de ideais na sociedade em rede resultou no surgimento de várias revoluções, como a Primavera Árabe, responsável por implantar a democracia em áreas em que prevaleciam modelos ditatoriais.

Outro fator, que ocasionou o reaparecimento dessas manifestações, é a intolerância juvenil em relação ao poder arbitrário, cujos projetos não beneficiam grande parte da população. Por isso, o ativismo objetiva proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da comunidade, realizando passeatas e propondo alterações no sistema para alcançar essa finalidade.

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Percebe-se, portanto, a importância das manifestações populares para o progresso da nação. Logo, é necessário o incentivo a continuação desses movimentos, através da divulgação dos resultados obtidos e do desenvolvimento de uma visão critica da realidade, utilizando veículos de informação para esse objetivo. Dessa forma, as conquistas dos movimentos de 1968 não ficarão restritas a um período histórico, mas estarão presentes na contemporaneidade.

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VitóriaSampaioCunhaénaturaldeRaulSoares,MinasGerais.Suaentradanaescoladespertouointeressepelosestudos.Foialfabetizadaaosquatroanos,pelaavó,movidapelodesejodeterumdomíniodoconteúdoalémdasaladeaula.Comoapoiodospais,manteveumhábitodeleituradiversificadoeumbomritmonaescola.AosnoveanosingressounoKumon.ConcluiuamatériadeLínguaPátriaemumanodecurso,noqualadquiriuahabilidadedeinterpretarosclássicosdaliteraturabrasileira.Alémdisso,com13anosfinalizouocursodematemática,emquetevecontatocommatériasdoensinosuperior.Semprepossuiugrandedestaquenoambienteescolar,porissoconquistoubolsasdeestudoaolongodoseutrajeto.Aos14anos,aoteraoportunidadedevisitarumafaculdadedemedicinaeentraremcontatocomprofissionais,decidiuqueeraessecursoqueeudesejavafazer.Desdeentão,devidoaaltaconcorrência,arotinadeestudosfoiintensificadaeoamparodeseusfamiliaresedosprofessorestemsidofundamentalnessadifíciltrajetória.Vitóriapretende conseguir uma vaga em uma faculdade federal, ter uma grande dedicação ao curso, para que,nofuturo,possasalvaravidadeváriaspessoas,principalmentedaspessoasmenosfavorecidasnasociedade.

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OtextoaseguirédoestudanteHenriqueMoreiraquefoicampeãodoSimuladoENEM2012obtendoamaiornotanaredação.Apropostadaredaçãofoiretiradadositedauolcomotema

“o que você acha do ensino nas escolas do Brasil?”

Uma Reforma UrgenteA educação é o alicerce que sustenta uma sociedade desenvolvida, em todos os aspectos. Contudo, a realidade

na qual nossos estudantes estão inseridos é bem diferente. Escolas sem infraestrutura, professores e a função da educação desvalorizados perante a comunidade contribuem para o mal desempenho que o Brasil vem apresentando na educação.

Por ser um direito garantido na Constituição, nas últimas décadas o número de estudantes vem crescendo. Porém, tendo em vista a condição socioeconômica que muitos brasileiros vivem, a escola é vista como um lugar no qual as crianças fazem, muitas vezes, a única refeição do dia; assim, a aprendizagem fica em segundo plano.

Do mesmo modo, no atual século, o uso de tecnologias é imprescindível. Com a sua interatividade, ela torna a educação uma tarefa muito mais fácil e interessante para o aluno e o professor, o que contribui para a aprendizagem dos estudantes. Contudo, a infraestrutura das escolas proporciona um ambiente pouco atrativo e confortável ao aluno, desestimulando o estudo. Além disso, o atual sistema de ensino, por não utilizar outras ferramentas fora de sala de aula, torna o estudante pouco reflexivo acerca dos fatos que acontecem em sua volta. Ele termina os

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estudos com a ideia de que a educação é um simples ato de decorar fórmulas e datas históricas.A educação no Brasil, portanto, necessita de uma urgente reforma. É necessário que as crianças vão à escola

para, acima de tudo, aprender. O uso de ferramentas digitais interativas nas salas de aula (tornando-a um lugar atrativo e compatível com atual estilo de vida), uma melhor infraestrutura física na escolas e projetos que estimulem a criatividade nas crianças contribuirão na formação de cidadãos com senso crítico e que, no futuro, estarão na liderança de nossa sociedade.

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HenriqueMoreiratem19anos.Atualmentefazpré-vestibular,pelosegundoano,epretendeingressarno curso deMedicina. Escolheu essa área porque é a que acredita termais afinidade, alémdequedesdecriançaqueriasermédicoeajudaraspessoas.Umgrandesonhoseuéparticipardo“MédicosSemFronteiras”, pois alémde ajudar quemmais necessita, acredita que vai ser umagrandeexperiênciadevida.

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O Céu e as Crianças:Observação da Lua

A observação astronômica é uma atividade que tem ligação

direta ao desenvolvimento de ciência, matemática, geografia,

artes, etc. Para alunos do ensino fundamental pode-se aplicar

a astronomia de diversas formas como subsídio para o ensino

destas matérias. Ainda existem disseminadas muitas informações

baseadas em realismo ingênuo, conhecimento conceitual feito

de chavões reinterpretados de acordo com o senso comum, e

representações qualitativas e topológicas do espaço (BISCH

e HOSOUME, 1998). A monografia de Bucciarelli e Diaz

(2001) apontaram inclusive várias deficiências no conteúdo de

astronomia em livros didáticos.

Proponho neste artigo fornecer alguns subsídios para

observação sistemática do céu voltada essencialmente para

alunos do ensino fundamental I (1º ao 5º ano).

Como afirma Vygotsky (1996),

“São nos conceitos científicos que a criança adquirenaescola,arelaçãoentreessesconceitosecadaobjetoélogodeiníciomediadaporoutroconceito.Assim,apróprianoção de conceito científico implica uma certa posiçãorelativamente aos outros conceitos, isto é, um lugar num sistema de conceitos. Defendemos que os rudimentos dasistematização começampor entrar no espírito da criançaatravés do contato que esta estabelece com os conceitos científicos, sendo depois transferidos para os conceitosquotidianos, alterando toda a sua estrutura psicológica de cimaatébaixo.”

Essas observações têm como objetivo fornecer um primeiro

contato com a sistematização além de fornecer subsídios a

professores culminando em uma despoluição cultural no que se

refere a astronomia.

Para entender a astronomia é necessário observar. Para

observar o céu os melhores instrumentos são nossos olhos e um

pouco de sistemática, verificar como o céu se modifica ao longo

de uma noite ou ao longo de várias noites. A medida do tempo se

baseia no movimento de rotação da Terra. O movimento diurno

do Sol, nascer no horizonte leste e se por no horizonte oeste

é também reflexo do movimento de rotação da Terra (SARAIVA

e OLIVEIRA, 2004). Neste ponto cabe uma observação, caso a

rotação da Terra deixasse de existir ainda assim haveriam dias e

noites devido a translação da Terra em torno do Sol, sendo uma

sucessão de dias e noites de forma muito mais lenta que a atual.

(ANDRADE e CANALLE, 2004). Não apenas o Sol “nasce” no

leste e se “põe” no oeste dia a dia, mas todos os objetos celestes

seguem este padrão, pois é a Terra que está se movendo de

oeste para leste. Todos os objetos do céu aparentemente realizam

movimentos circulares em torno do eixo terrestre. Os objetos

astronômicos circumpolares, aqueles que estão muito próximos

aos pólos celestes sul e norte executam círculos pequenos o

suficiente que sua trajetória aparente nunca atinge o horizonte,

dessa forma nunca nascem ou se põe.

A observação do nascer no leste e se por no oeste pode então

ser a “deixa” para ensinar orientação. Pode ser o primeiro passo

para a observação do céu, a orientação e os pontos cardeais

deveriam ser ensinados ainda na sala de aula ou pode-se, por

exemplo, ir ao pátio e pedir para as crianças apontarem com a

mão direita à direção onde o Sol nasce, nesta configuração a

esquerda é a região onde o Sol se põe, a frente o norte e atrás

o sul. Obviamente poderíamos escolher a mão esquerda, mas

é interessante ter uma uniformização. Neste estágio poder-se-

ia questionar: A Terra é plana ou esférica? Provavelmente as

crianças teriam uma informação mental dúbia plano-esférica

(BISCH e HOSOUME, 1998), pois ao olhar a seu redor veem

um mundo plano, mas ao entrarem em contato com os meios de

comunicação veem que é esférica. Deve-se informar à criança

que o sol nasce e se põe todos os dias e a razão por termos dia

claro é o sol iluminando a Terra. A Terra é esférica e por esta razão

enquanto ela gira em torno de si mesma o Sol ilumina diferentes

regiões da Terra no decorrer do tempo. Durante a noite o Sol se

MaestroAssessoriaEducacionaleProjetoAstronomianaLaje.Anselmo Augusto

Anselmo Augusto é bacharel em física com habilitação emAstronomia pela USP e possuimestrado em Astronomia pelo IAG-USP.

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pôs para nós, mas o Sol não foi destruído, está apenas iluminando o outro lado da Terra. No período noturno podemos ver diversas estrelas e planetas além da Lua e outros objetos astronômicos.

É interessante colocar para a criança a questão: Existe estrela que aparece de dia? Provavelmente as crianças dirão: estrela só aparece de noite. Essa noção vem do fato que ainda não sabem que o Sol é uma estrela, só que está muito perto de nós. Por essa razão sua radiação (luz e calor) permite além de termos suprimento de luz e calor de que a vida na Terra se mantenha, o Sol é a estrela mais próxima de nós e nossa fonte de vida.

Durante o dia existem outras estrelas no céu e diversos astros, porém é importante salientar que o brilho do Sol ofusca a visão da maioria destes astros. É interessante notar que muitas crianças não sabem por exemplo que a própria Lua pode ser visível durante o dia é interessante colocar esta questão para elas.

Uma tarefa divertida e motivadora para crianças é a observação do céu e o registro do que viram. O importante é que sejam feitas observações sempre no mesmo horário, sistematicamente durante uma semana ou durante alguns meses ou durante um ano. Inclusive durante o dia é possível registrar mudanças interessantes como o deslocamento do Sol no céu, alguns planetas mais brilhantes e a própria Lua (sempre deve-se alertar que nunca olhem diretamente para o Sol pois pode causar cegueira).

Para um primeiro contato sistemático com o céu proponho observar a Lua e seu entorno aparente no céu. Justifico esta escolha, pois a Lua é fácil de ser observada, e com o decorrer do tempo diversas constelações e planetas podem ser vistos próximos a ela (conforme as duas imagens abaixo), facilitando a primeira identificação de outros astros pelas crianças. Sugestões de horário são: 20h, na maior parte do ano o Sol já se pôs neste horário e a maioria das crianças estarão acordadas e podem contar com a ajuda de algum adulto.

Em algumas regiões do Brasil talvez 20 h ainda haja dia claro e talvez um pouco mais tarde seja mais produtivo. Para a série de uma semana os alunos podem verificar as mudanças na aparência da Lua (lunação). O professor responsável deveria gerar com as crianças um diário de observação (na última folha). Elas podem desenhar o que viram, uma atividade pertinente seria pedir para que as crianças reservassem uma página para cada dia de observação. Três dias consecutivos ou próximos já trariam um resultado interessante.

Nas páginas desenhassem círculos representando a Lua, em um local da folha as crianças colocariam dia mês ano e hora, em outro lugar a localidade, cidade, estado, exemplo: Jaraguá-São Paulo-SP, ou Tatuapé, São Paulo-SP e preencheriam o círculo com a Lua que veriam, poderiam inclusive tentar desenhar os detalhes, o famoso

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“São Jorge” que nada mais é do que o relevo lunar.

A proposta de círculos vem da necessidade de evitar relação às crenças de que a Lua “cresce” ou é “devorada” durante o período.

Muitas ilustrações mostram erroneamente a Lua com a aparência de um crescente e dentro uma estrela o que trás uma noção errônea

de que a Lua cresce e diminui de tamanho com o passar do tempo.

Durante o período é esperado que o círculo fique mais cheio ou mais vazio dependendo das fases em que a Lua passará. De

nova para cheia, o círculo fica cada vez mais preenchido, de cheia para nova ocorre o inverso. Outra verificação interessante é ter

um espaço envolvendo o círculo onde a criança desenharia as estrelas que melhor veriam. Caso haja impossibilidade de observação

noturna a observação da Lua pode ocorrer durante o dia, a criança poderia no mesmo horário desenhar a altura do horizonte no qual

a Lua ficará.

Alguns fenômenos que podem ser observados:

• Luz cinérea: Quando a Lua aparece como um fino crescente no céu durante o crepúsculo, podemos muitas vezes observar que

o resto do seu disco também brilha tenuemente.

• Lua azul: A cor da Lua não é azul e a Lua não fica azul. Este termo se refere a ocorrência de duas luas cheias no mesmo mês.

• Eclipses: Um eclipse ocorre sempre que um corpo é atingido pela sombra do outro. Um eclipse solar ocorre quando a Terra é

atingida pela sombra da Lua. Um eclipse lunar ocorre quando a Lua é atingida pela sombra da Terra. Eclipses são fenômenos raros.

Um boletim astronômico como o boletim Supernovas trás informações de efemérides, inclusive de eclipses:

(www.boletimsupernovas.com.br)

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Local:______________________________________________Data:__/___/____Hora:____:____Escola:________________________________________________________Nome:_________________________________________________________

Observações:Haviammuitasnuvensencobrindoasestrelasnestanoite.ApenasaLuaeravisível.

Referências bibliográficas

ANDRADE, Bruno Lopes L`Astorina de; CANALLE, João Batista Garcia. Dia e noite sem rotação, e outras dúvidas conceituais sobre

astronomia básica. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em http://www.cdcc.usp.br/cda/oba/Dia%20e%20noite%20sem%20rotacao%20

e%20outras%20duvidas.pdf . Acesso em: 26 de jul. de 2012.

BISCH, Sérgio Mascarello. Astronomia no ensino fundamental: natureza e conteúdo do conhecimento de estudantes e professores.

Tese de Doutorado em Educação em Astronomia no Brasil, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo/SP, 1998. 301p.

BUCCIARELLI, Pablo. Recursos didáticos de Astronomia para o ensino médio e fundamental. 2001. 57f. Monografia de Licenciatura

em Física. Universidade de São Paulo, São Paulo.

SARAIVA, Maria de Fátima; OLIVEIRA, Kleper. Astronomia e Astrofísica. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2004.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.

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