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Revista OAB Jundiaí #12

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OAB Jundiaí 12ª Edição da revista OAB Jundiaí

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Exame de Ordem avalia ou selecio-na?

Muitos entendem que tal exame não avalia o bacharel, apenas o selecionaou qualifica para prestar sua segunda fase. Para que houvesse a devida ava-liação, deveria ser o Exame de Ordem modificado, para permitir que o ba-charel, durante a realização da prova da primeira fase, também pudesse consultar a legislação e não ser obri-gado a decorá-la, como ocorre atual-mente.

A nossa opinião é no sentido de que os alunos têm plenas condições de se preparar melhor para o Exame de Or-dem, aumentando com isso o índice de aprovação na primeira fase.

No início do ano passado, Jundiaí aprovou, no décimo Exame de Ordem, 49,20% dos inscritos; no décimo pri-meiro, apenas 9,66%, enquanto no décimo segundo, último do ano, so-mente 11,46% dos candidatos passa-ram para a segunda fase; apesar de ser um número maior do que no exa-me anterior, foi o pior resultado entre as faculdades do Estado de São Paulo.

Esse panorama só poderá ser mudado se os acadêmicos de Direito se dedi-carem mais seriamente aos estudos, não somente às vésperas das provas, objetivando passar de ano.

Prova de que tais acadêmicos podem render muito mais, e assim melhorar o aproveitamento, está no fato de que, nos Exames de Ordem do início dos anos, em que se inscrevem mais ba-charéis recém-saídos das faculdades, o índice de aprovação supera a casa dos 50% na primeira fase, o que revela que os resultados estão ligados ao desempenho individual dos alunos e não, necessariamente, ao ensino das Faculdades de Direito.

Ainda em nossa opinião, as faculdades têm uma boa grade curricular, inclu-sive são fiscalizadas pelo MEC, mas é preciso exigir mais do estudante, não basta que ele obtenha a média míni-ma necessária para ser aprovado.

Sob uma análise mais profunda, o En-sino Médio e o Ensino Fundamental também influenciam positiva ou nega-tivamente no desempenho do aluno, pois a base que trouxer o acompanha-rá até o final do curso Superior e, via de consequência, servirá também de base na realização do Exame de Or-dem, para aqueles que optarem pelo Curso de Direito. É preciso se apri-morar nos estudos e ir além do que é apresentado em sala de aula.

Boa leitura.

Airton Sebastião BressanPresidente

J u n d i a í

Luciana Sanfins(MTB: 57245)

Redação

Daniel Fernandes

Thiago Bastos(11) 9.7092-6324

Site: oabjundiai.org.brEmail: [email protected]

ANÚNCIO TODESCHINI

ÍNDICEMatéria de Capa

EXAME DA OABBem-estar

CAASP

Ar�go Jurídico

Lado A | Lado B

22

30

31

8

10

14

EVITE TORMENTOSNOTURNOS

Informa�vo

TABELAS ÚTEIS

JOSÉ RENATONALINI

MAIORIDADE PENAL

TEATRO PARA ADVOGADOS

ÍNDICEMatéria de Capa

EXAME DA OABBem-estar

CAASP

Ar�go Jurídico

Lado A | Lado B

22

30

31

8

10

14

EVITE TORMENTOSNOTURNOS

Informa�vo

TABELAS ÚTEIS

JOSÉ RENATONALINI

MAIORIDADE PENAL

TEATRO PARA ADVOGADOS

Bem-estar

Na era da informação e dos estabelecimentos 24 horas, ficou difícil entender como a cessação de atividades que acontece enquanto dormimos

pode ser tão vital. Muita gente, se pudesse, aboliria a necessidade de passar um terço da vida debaixo das cobertas, julgando ser uma inconveniente perda de tempo. Mas querer ganhar tempo reduzindo as horas de sono é um tiro que sairá mais tarde pela culatra: quem dorme mal vive pior e morre mais cedo.

Nesse terço da vida, nosso cérebro repassa e organiza as experiências do dia, fixa as memórias, dá vazão aos sonhos, descansa o corpo e explora zonas de consci-ência ainda pouco conhecidas, mas indispensáveis para nossa sanidade física, mental e espiritual.

Entre outras coisas, nosso sono é importante por-que é ali que surgem os sonhos, uma produção

independente e livre que emana do nosso con-texto inconsciente. Para falar das mensagens do

inconsciente, podemos fazer um paralelo: compa-rar a função dos sonhos com a dos rins. Se os rins

filtram o sangue, os sonhos fazem a mesma coisa com a psique, com nossa alma, filtrando e rearranjando as emoções vividas durante o dia. Muitos acreditam que os sonhos de que a gente se lembra seriam pistas, guias que apontam as questões interiores mais impor-tantes para nós naquele momento.

Os tormentos noturnos

Muitas pessoas até gostariam de dormir mais e me-lhor, mas são vítimas dos chamados distúrbios do sono. Há 84 deles catalogados até agora, como o bru-xismo, aquele ranger involuntário dos dentes, ou a narcolepsia, uma sonolência excessiva e incapacitan-te. Dois deles, contudo, vitimam muito mais gente: a insônia e a apneia obstrutiva do sono.

Para se conseguir dormir mais e melhor, o velho con-selho continua valendo: procure ter horários fixos para deitar e acordar. Manter os horários ajuda o organis-mo a se regular e a aproveitar melhor o descanso.

EVITE TORMENTOS NOTURNOS

E DURMA MELHORVEJA AS DICAS PARA APROVEITAR

UMA BOA NOITE DE SONO

8 OABJUNDIAÍ março de 2014

No quarto, elimine barulhos, verifique se não há frestas de luz e mantenha a temperatura agradável e constante. Colchão e travesseiro não devem ser muito duros, mas devem ter alguma resistência para que você não afunde na cama.

Evite a cafeína, principalmente durante a noite. Cortar as fontes dessa substância (café, alguns chás, chocola-te e refrigerantes) pode significar a cura de casos sim-ples de insônia. Manter a forma física ajuda a ter um bom sono. Mas evite se exercitar no período noturno, porque a agitação proveniente do esforço físico pode atrapalhar. Faça a higiene do sono, limpe sua mente nas horas que antecedem o repouso. Nada de TV, in-ternet e games no quarto.

Meditação, yoga, alimentação saudável, relaxamento, massagem, auto-hipnose, qualquer atividade que lhe traga qualidade de vida também o ajudará a dormir melhor. A insônia está muito relacionada à ansiedade, depressão e momentos de transição em nossas vidas. Por isso, fazer terapia e buscar o autoconhecimento pode ajudá-lo a dormir em paz.

Com informações da Revista Vida Simples (www.revis-tavidasimples.com.br).

10 dicas para dormirbem no calor

• Prefira lençóis de algodão;

• Mantenha o quarto ventilado;

• Umidifique o ar;

• Durma de lado;

• Não abuse do álcool;

• Beba água durante o dia;

• Opte por uma refeição mais leve

antes de dormir;

• Crie uma rotina para o sono;

• Evite atividades estimulantes;

• Escureça o quarto.

Artigo Jurídico

A questão da redução da maioridade penal volta ao debate, hoje, estimulada pela repetição de lesões graves (ou gravíssimas) praticadas por

adolescentes e noticiadas com cores vivas na imprensa, bem como pelo contorno político partidário daqueles que buscam se vestir como “salvadores da nação” ao encampar o grito emotivo da maioria pela mudança na legislação penal, sempre com tendência repressiva.

O grito é compreensível, e a solidariedade com a dor dos lesados e com o desejo de purgar o mal é huma-na. As convicções pessoais, em todos os sentidos, são respeitáveis e a tensão dos contrários, aqui, é abso-lutamente comum à democracia. Na boa política, os exercícios de dialética argumentativa são profícuos, e mesmo na má política o aproveitamento do “compor-tamento de manada” gerado pelos grandes veículos de comunicação é fenômeno esperado mesmo nos países politicamente maduros. Cabe, aqui, apro-veitar a oportunidade para afastar tais vetores e

perfilar, resumidamen-te, aspectos de política criminal e de Direito “po-sitivo” que não podem ser olvidados:

Constitucionalidade

A Constituição Bra-sileira traz, em seu conteúdo, três estratos norma-tivos: 1) direi-tos e garan-t i a s

MAIORIDADEPENAL

Poderíamos discutir se a violência da pena, e em especial a prisão, tem cumprido a promessa de diminuir a violência na comunidade, mas o tema

fugiria aos limites do objetivo proposto no presente texto. Vale questionar, então, se a transformação da medida socioeducativa em

pena resultaria na diminuição da violência na comunidade.

10 OABJUNDIAÍ março de 2014

fundamentais; 2) organização do Estado Brasileiro e 3) organização do ente federativo União. Os direitos e garantias individuais são limites ao poder do Estado no sentido negativo e positivo. Informam o que é defeso ao Estado fazer contra o indivíduo, e também o que é proibido ao Estado deixar de fazer. Tal núcleo duro, imutável (pétreo) da Constituição tem sua razão de ser: é comum que a maioria, na defesa de seus interesses, queira agredir direitos das minorias e, com mais razão, da minoria em sua mais aguda ex-pressão, que é o indivíduo. Tal supremacia da vontade da maioria não espelha a democracia moderna, mas sim a ditadura da maioria, tão ou mais voraz que o an-tigo império absoluto dos príncipes. Com a imutabili-dade (dureza) dos direitos chamados fundamentais (exatamente porque funda-mentam o Estado) as mino-rias são garantidas contra a vontade das maiorias, e nem mesmo a vontade de toda a população - unâni-me (exagero teórico) - em

um determinado momento histórico poderia res-tringir tais direitos legitimamente, ao menos

do ponto de vista jurídico. Seria necessá-ria uma revolução, uma nova cons-

tituição.

A inimputabilidade ao menor de 18 anos

é, claramente, um limite ao poder de punir do Es-tado, e, assim, é núcleo intan-gível. É possível discordar das premissas do constituinte e especular so-bre seu des-preparo, mas sob o ponto de vista jurí-dico é ilegí-tima toda forma de d e s o b e -d i ê n c i a , direta ou indireta. Pior, é o inicio da ruína do e d i f í c i o constitu-cional e do traço

de segurança (aquela prevista no art. 5º, caput) jurídi-ca que ora quer aproximar o Brasil dos países civiliza-dos / desenvolvidos.

Política criminal – a redução da maioridade e a redução da violência

O Estado deve diminuir a violência na comunidade. Trata-se de missão perene e batalha invencível, eis que a violência irá persistir como traço da natureza huma-na, mas para muitos pode ser controlada, contida, e se o direito é instrumento de contenção, o poder de pu-nir violentamente o infrator ecoa como a mais intensa

arma estatal.

Poderíamos discutir se a violência da pena, e em es-pecial a prisão, tem cumpri-do a promessa de diminuir a violência na comunidade, mas o tema fugiria aos limi-tes do objetivo proposto no presente texto. Vale ques-tionar, então, se a transfor-

mação da medida socioeducativa (sanção ora imposta ao adolescente em confronto com a lei) em pena re-sultaria na diminuição da violência na comunidade.

Os números são contrários: a reiteração nas medi-das socioeducativas gira em torno de 55%, enquanto a reincidência na pena privativa de liberdade supera 80%, conforme dados colhidos pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Ministério da Justiça.

A conclusão parece inevitável: enquanto resposta ao ímpeto de vingança, a redução da maioridade penal poderia se justificar. Enquanto resposta racional - e constitucional – à diminuição na violência na comuni-dade, a medida seria, no mínimo, ineficaz.

Gustavo Junqueira

Defensor Público Assessor da Defensoria Pú-blica Geral. Doutor e mestre em Direito Penal pela Pontifícia Universidade Católica PUC-SP. Especialista em Direito Penal pela Universida-de de Salamanca. Professor dos cursos de pós--graduação na Escola Superior do Ministério Público, na academia de Polícia Civil do Esta-do de Minas Gerais – Acadepol e no Damásio Educacional. Coordenador do grupo de estu-dos sobre assuntos legislativos do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim.

“A inimputabilidade ao menor de 18 anos é, claramente, um limite ao

poder de punir do Estado, e, assim, é núcleo intangível.”

12 OABJUNDIAÍ março de 2014

A primeira entrega do ano de Carteiras da OAB foi realizada no dia 22 de janeiro. Confira quem esteve presente na sessão solene e dê os parabéns aos

nossos novos advogados e estagiários!

Com o intuito de auxiliar os colegas que, porventura, verem problemas de negava no pagamento de cerdões de honorários emidas e encaminhadas à Defensoria Pública, a Comissão de Assistência Judiciária estadual instuiu procedimento de recurso contra tal ato.

Ele deverá ser endereçado ao presidente da 33ª Subseção da OAB/SP – Jundiaí, que opinará sobre o provimento do recurso e, através da Comissão de Assistência Judiciária local, fará chegar tal recurso ao conhecimento da comissão estadual, incumbida de intervir junto à Defensoria, com vistas a obter o devido pagamento dos honorários.Assim, orientamos a todos que se virem diante dessa situação a se ulizar desse expediente. No site da 33ª Subseção, foi disponibilizado modelo para aqueles que desejarem fazer uso dele.Em que pese ainda enfrentarmos problemas com o não pagamento de cerdões de honorários, tal providência vem ao encontro dos anseios de todos para que se eliminem ou, ao menos, minimizem-se as dificuldades nesse sendo. Por fim, recomenda-se que todos leiam atentamente o novo termo de convênio, já em vigor, a fim de que tenham conhecimento para operá-lo com desenvoltura e, também, conhecer os direitos e obrigações a ele inerentes.A Comissão de Assistência Judiciária da 33ª OAB/SP se coloca à disposição de todos os colegas para sanar eventuais dúvidas.

JOÃO JOSÉ DELBONIPRESIDENTE DA COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

endo. tenham

ntes.ar eventuais

• DEFINITIVOS

• ESTAGIÁRIOS

Alcides Leonardo Vianna

Aline Eller da Cunha

Anttoinnette Mariane de Paula Santos

Bárbara Vilas Boas de Oliveira

Bruno Roger de Souza

Erick Higuto

Evelyn Cristina de Almeida Cruz

Gisa Duracenko Ramos

Ana Luíza Teles Del Cistia

Gabriela Crevilari

Jairo Albert Waltenberg Neto

Inayber Severino Rodrigues

Itamar Ferreira de Lima

Jefferson Pereira Porphirio

Jesaías Romanha

Juan Philipy Stephano Amaro

Júlio Cézar Santos

Leandro Ienne

Lucimara Silva Pinto

Márcia Regina Alves Carneiro

Luciana Andrea Ricchi Costa

Luciane Vieira Teles do Rego

Ludgero José Arantes

Rafaela de Oliveira Pinto

Reinaldo de Oliveira Soares

Rodrigo Sartori Mendes

Sônia Leite Prado

Nilton Alves de Almeida

Rafaela de Oliveira Amorim

341.198

339.321

341.212

335.606

340.988

340.040

338.609

340.422

201.550

197.639

203.112

340.428

340.729

340.832

341.028

340.736

340.740

341.299

202.307

203.072

340.523

326.666

341.306

341.088

341.509

341.092

341.101

203.085

203.092

LADO A LADO B

JOSÉ RENATO NALINIQuando jovem, o jundiaiense José Renato Nalini se interessou por Medicina,

mas a vocação pela escrita e a admiração por uma grande advogada o levaram a optar pela Magistratura. Formou-se em Direito pela Universidade Católica de

Campinas, na turma de 1970. Não imaginava fazer parte da Academia Paulista de Letras, mas é dele a Cadeira 40. Em dezembro passado, Nalini foi

eleito presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, com 238 votos. Segundo ele, “a vida é um eterno aprendizado”.

Conheça um pouco da sua história.

Foto por Henrique Manzera

14 OABJUNDIAÍ março de 2014

Revista OAB: O Direito sempre foi a sua primeira opção de carreira? Por qual motivo se encantou por essa área?

Nalini: A primeira opção foi Medicina. Depois, come-cei a ver que não conseguiria, por vários motivos: não posso ver sangue e tinha de trabalhar. Nessa época, era praticante de escriturário na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Não enfrentaria um curso de duração integral. Já escrevia razoavelmente, pois ini-ciara em jornal em 1962, no chamado Jornal dos 3 Fernandos: Fernando Pedreira, Fernando Gasparian e Fernando Henrique Cardoso. Era O Jundiaiense. Acon-selhado por Jacyro Martinasso, fui fazer Direito na PUC Campinas. Aí se concretizou o vaticínio de Young da Costa Manso, que fora juiz em Jundiaí e que, só depois de eu ter sido aprovado na Magistratura, contou-me um episódio que teria acontecido no tabelionato de Alceu de Toledo Pontes. E apenas após meu ingresso na Faculdade de Direito foi que minha mãe me con-tou da admiração por Esther de Figueiredo Ferraz, que defendera uma jovem conhecida, acusada de matar o marido. Provara a inocência da ré e o assunto foi muito comentado em minha casa. Eu era pequeno. Mas te-riam ficado ecos da importância do Direito em minha consciência? Como saber agora?

Revista OAB: Ainda tem amigos da época de facul-dade?

Nalini: Sim. Procuro cul-tivar os amigos, sejam da Escola Paroquial Francisco Telles, sejam do Colégio Divino Salvador e da PUC Campinas. Na nossa classe, em 1966, éramos: Antônio Luiz Pesce De Nardi, o “Tos-tão”, Nelson Mathion, Kioitsi Chicuta, meu compadre e colega de Magistratura, desembargador jundiaiense no TJ, Fernando Barrios Cury, o “Fala Mansa”, Osíris Vicente D’Angieri, José Eduardo Borgonovi e Silva, o “Castor”, infelizmente falecido de forma tão preco-ce, Lúcia Helena Copelli Franzini, a “Bidu”, por sinal minha prima, também falecida. Viajávamos juntos, de trem, o qual saía às 6h39. Chegávamos a Campinas e descíamos a pé a rua Treze de Maio, caminhávamos pela Francisco Glycério até o heráldico prédio doado por D.Isolete Aranha, onde funcionava a Faculdade de Direito. Eram tempos muito felizes. Já para o final do curso, havia caronas de carro de Therezinha Kroiss, hoje Ferigato, e de Elza Facca Martins Bonilha. Otto Bittencourt Neto também terminou o curso conosco.

Revista OAB: Quais são as expectativas para essa nova fase, como presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo?

Nalini: Gostaria de disseminar a ideia de que a concilia-ção, a mediação, a arbitragem e tantas outras estraté-

gias de pacificação podem ser opção mais vantajosa do que a inevitável utilização do Judiciário. Este deve ser reservado para grandes questões. As demais podem e devem ser solucionadas pelos advogados, que têm o dever de dissuadir a parte a ingressar com lides teme-rárias. Não é só para aliviar o Judiciário dessa aparen-temente invencível carga de processos. São 93 milhões no Brasil, 20 milhões em São Paulo. Parece que toda a população é beligerante. Mas é o aspecto ético o mais importante. Alguém capaz de discutir um problema e de se acertar, espontaneamente, com o adverso, tor-nar-se-á um cidadão com maturidade suficiente para implementar a Democracia Participativa. No processo, embora a mais civilizada forma de compor litígios, o sujeito processual é, na verdade, objeto da vontade do Estado-juiz. Não tem autonomia, porque a sentença é uma resposta heterônoma, externa, desvinculada da vontade das partes. Já a solução negociada é superior-mente ética: assegura autonomia para o interessado. Além disso, é preciso encontrar fórmulas de acelerar a produtividade e de o TJ se antecipar às cobranças de meta do CNJ. Continuaremos também a investir na in-formatização, mergulho irreversível e que, num futuro próximo, não nos deixará saudosos do papel.

Revista OAB: Como é a experiência de fazer parte da Academia Paulista de Letras?

Nalini: Tão importan-te quanto a trajetória na Magistratura, é, para mim, o convívio na Aca-demia Paulista de Letras. Nunca me senti merece-

dor de estar nela. Assim que comecei a me interessar por literatura, conscientizei-me de sua relevância. São quarenta pessoas que não precisam provar mais nada. Ali estão em definitivo, sem aposentadoria, sem com-petição, voltadas apenas ao cultivo do idioma e da cul-tura. Rubens Teixeira Scavone foi o primeiro que me acenou com a possibilidade de ingressar na Casa de Cultura por excelência de São Paulo. Depois, fui incen-tivado por Mariazinha Congílio, já casada com Geraldo de Camargo Vidigal, que era acadêmico. Obtive a sim-patia de Paulo Bomfim, Lygia Fagundes Telles, Esther de Figueiredo Ferraz, Anna Maria Martins, Ives Gandra da Silva Martins e tantos outros. De repente, eis-me a suceder um jundiaiense, José Feliciano de Oliveira, a cujo sepultamento eu fui, em 1962. Então com 17 anos, fascinado com a fama do conterrâneo que, de barbas brancas, de pince-nez azul, terno claro, parecia dormir em sua urna funerária. Não podia imaginar que um dia ocuparia a Cadeira 40. Partilhar do con vívio de pessoas como os já citados Paulo Bomfim, Lygia, Ives, Anna Maria, mais Gabriel Chalita, Antônio Penteado Mendonça, José Gregori, Eros Grau, Júlio Medaglia, Ignácio de Loyola Brandão, Raul Cutait, D. Fernando Antonio Figueiredo, Miguel Reale Júnior, Tércio Sam-

“Leio, caminho e, durante a caminhada, costumo rezar o terço.

Ainda sou dos que oram. Cada vez mais.”

paio Ferraz Júnior, Ada Pellegrini Grinover, Maurício de Souza, José Goldemberg e todos os demais, é um pri-vilégio que me fascina. Mesmo porque a Magistratura me dispensará em 24 de dezembro de 2015, quando, se a Providência assim o permitir, completarei 70 anos. Mas a Academia Paulista de Letras continuará a me hospedar, até o último de meus dias...

Revista OAB: Em sua opinião, quais são suas maiores conquistas profissionais?

Nalini: Passar no primeiro concurso para ingresso no Ministério Público, entre 1972 e 1973. Ingressar na Magistratura por concurso público, em 1976. Con-seguir aliar o exercício da jurisdição com a docência, obter a confiança de meus pares para ser eleito Vice--Presidente e Presidente do Tribunal de Alçada Crimi-nal, depois Corregedor Geral da Justiça e Presidente do Tribunal de Justiça. Todas as vezes que me ofereci para colaborar com um projeto, como disputar elei-ções para o Conselho da Apamagis, fui generosamente acolhido pelos meus colegas. Isso é algo que me desva-nece, embora não me sinta merecedor. Obtive muito mais do que mereço.

Revista OAB: Como sua família o apoiou em todos es-ses anos?

Nalini: Tudo devo a meus pais. Mais ainda à minha mãe, que me estimulou a estudar com seriedade e a exigir o máximo de mim mesmo. Quase nada vem do exterior. O interruptor que liga a vontade, essa ener-gia insubstituível, está dentro de nós. Só nós temos o controle. Muita gente mais me auxiliou e essa é a grande família escolhida, com a qual não podemos errar. Lembro-me, com saudades, de pessoas que fo-ram importantes em minha vida: as irmãs vicentinas do curso primário, os sacerdotes salvatorianos do Co-légio, notadamente Padre Paulo de Sá Gurgel, o Dr. Lincoln de Carvalho Soares, na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o Professor Nassib Cury, que foi o primeiro a me convidar para lecionar, Jacyro Martinas-so, Ademércio Lourenção, Adelaide e João Fernandes Gimenes Molina, Ary Fossen, D. Gabriel Paulino Bueno Couto, D. Amaury Castanho, D. Roberto Pinarello de Almeida, D. Joaquim Justino Carreira. Isso para per-manecer no mundo dos que já partiram. Em relação à família de sangue, quero resgatar o meu déficit de atenção em relação a meus filhos, devotando-me - se Deus o permitir - a meus netos. A família de um viciado em trabalho sofre de carência paternal. Mesmo assim, sou um abençoado por ter filhos amáveis e amoráveis. Penitencio-me e pretendo compensar nos netos. São quatro e mais duas vão chegar em breve.

Revista OAB: O que mais gosta de fazer quando está nas horas de lazer? Ainda sobra tempo para tanto?

Nalini: Ler e caminhar. Perdi aquele furor pelas viagens longas, porque hoje viajar é um sacrifício em si. Ae-

roportos lotados, muita gente que não aprendeu em casa as regras comezinhas da polidez, atrasos, demo-ras, lugares sempre repletos de quem começou agora a ganhar o mundo. Já a leitura propicia conhecer pes-soas que você nunca poderá encontrar fisicamente, porque expirado o seu prazo de permanência no pla-neta. Mas que vão se tornar íntimas, após a apreensão da riqueza de seu pensamento, expressa em relatos autobiográficos ou em ficção, que sempre tem uma parte de memória. Andar é um privilégio. Gosto de an-dar a pé, de ver pessoas, de prestar atenção em deta-lhes. Leio, caminho e, durante a caminhada, costumo rezar o terço. Ainda sou dos que oram. Cada vez mais.

Revista OAB: Quais são as suas lembranças da cidade de Jundiaí?

Nalini: Nasci em Jundiaí, onde vivi grande parte de minha vida. Fui muito feliz na cidade, que era mais tranquila, mais amiga e mais bonita. Senti bastante a descaracterização do centro, com a derrubada de edi-fícios belíssimos, públicos e residenciais, que davam uma singularidade ímpar ao município. Sinto saudades da Jundiaí em que caminhava a pé, voltava de festas de madrugada, a assobiar feliz, sem temor algum de ser perturbado. De uma Jundiaí onde todos se conheciam, tempo em que se demorava uma era para percorrer al-guns quarteirões, tantos eram os amigos encontrados no caminho. Jundiaí está no meu coração. Nela estão enterrados meu irmão e meus pais, além dos avós, tios e demais familiares e dos muitos amigos que vamos perdendo no percurso. Aí também serei sepultado um dia. Espero rever toda a gente que amei e amo, numa outra esfera. E tenho a esperança de que não perdere-mos a memória, para que esse acervo de emoções es-teja disponível por mais tempo. Um tempo compatível com a nossa pretensão de infinitude.

Revista OAB: Como o Direito contribuiu para o Nalini ser a pessoa que é hoje?

Nalini: Foram o estudo e o trabalho permanente que me fizeram acreditar que o Direito deve ser encarado como ferramenta de pacificação e de solução de pro-blemas. Vejo com certa angústia que a sofisticação, o ritualismo, o procedimentalismo exacerbado e estéril afastam o Direito da Ética. E um instrumento utilizado sem consciência moral pode servir a infelicitar o próxi-mo, em lugar de salvá-lo. Essa deve ser a preocupação das pessoas lúcidas e de boa-fé, quanto à excessiva judicialização do mundo e à influência que o Direito exerce sobre a sociedade contemporânea.Revista OAB: Quais os aprendizados que traz até hoje?Nalini: Viver é aprender. Lembro-me de Esther de Fi-gueiredo Ferraz, que me dizia: “a vida é um eterno aprendizado. Ela ensina o tempo todo. Até a morte é algo que se deve aprender a enfrentar, porque ela é a única certeza”. Continuo ávido por aprender. Aliás, quem se propõe a ensinar sabe disso: somos nós que mais aprendemos com os alunos do que eles conosco.

16 OABJUNDIAÍ março de 2014

A 33ª Subseção da OAB Jundiaí promoveu, no dia 20 de fevereiro, uma sessão solene no Salão do Júri do Fórum Estadual de Jundiaí, para homena-

gear o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o Desembargador José Renato Nalini.

Para Airton Bressan, presidente da OAB Jundiaí, é mui-to difícil falar de Nalini pelo o que ele representa para a cidade. “Para a Ordem não cabe apenas criticar maus profissionais, mas principalmente homenagear aque-les que desempenharam com maestria o seu papel, Nalini é um homem de múltiplas qualidades”, ressal-

tou. “Ter Nalini no mais alto posto da Justiça do Estado significa uma proximidade maior com a cidade. Claro que ele fará tudo o que compete à sua atuação, mas sem dúvida o acesso ao Tribunal de Justiça, para nós, será melhor”, comentou em entrevista à imprensa lo-cal.

O jundiaiense José Renato Nalini sentiu-se em casa e recebeu os cumprimentos de antigos colegas de traba-lho e amigos. “Tenho tido muito mais homenagens do que eu mereço”, comentou Nalini, que não deixou de falar sobre os novos desafios.

OAB JUNDIAÍ PRESTAHOMENAGEM AO PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SP

Dicas de Leitura

Abandono Afetivo: do Direito à Psicanálise

Júlio Cezar de O. Braga

Editora: Lumen Juris

Este livro se propõe a abordar, sob o viés da Psicanálise, a resposta que o Estado vem dando aos pleitos indenizatórios de danos morais por abandono afetivo, considerado como ausência de interesse e de convivência afetiva do pai junto ao filho. O sistema judiciário brasileiro está dividido. Ora condenam os pais a repararem os danos morais sofridos pelos filhos, ora absolvem os pais diante da ausência do dever de amar. Paralelamente, dois projetos de lei em tramitação pretendem a tipificação criminal do abandono afetivo, punindo o pai ausente com pena de detenção, além da previsão legal de condenação ao pagamento de indenização por danos morais. Diante desse cenário jurídico, surgem várias questões: O Estado deve intervir nas relações paterno-afetivas? Deve tutelar o afeto transformado em bem? Teria controle sobre o desejo do sujeito? Seria possível a convivência sem desejo e o cuidado sem afeto? A negligência parental e o desinteresse filial em pleno convívio gerariam indenização? E quanto aos danos decorrentes dos excessos de afeto, quando pais devastam seus filhos, devem ser indenizados? De que forma a Psicanálise pode contribuir, como crítica da cultura, para se repensar esse fenômeno? É o que pretendemos aqui discutir a partir da interlocução do Direito com a Psicanálise.

Abusos Bancários

Contra o consumidor e instituições

Luiz Eduardo da Silva

Editora: Cronos

Entre os assuntos abordados neste livro, estão: abertura de

conta corrente com documentos furtados, ação de prestação de contas, agiotagem, dano material, dano moral, desconto de cheque fraudado, embargos declaratórios, princípio da boa fé, repetição do indébito, revisional de financiamento de veículos, suspensão de busca e apreensão e tutela antecipada. O livro inclui CD-ROM com toda a parte prática.

Indagado sobre a instalação dos fóruns distritais em nossa região, Nalini comentou que é possível, se houver uma efetiva colaboração dos municípios. “O

município não tem justiça municipal, quem se serve da justiça é o munícipe, e a municipalidade tem por obrigação propiciar ao judiciário as condições de tra-balhar”, explicou.

“Em Louveira, por exemplo, o Prefeito ofereceu o pré-dio e a unidade vai ser instalada no dia 21/3. Já Itu-peva está com alguns problemas quanto à localização. Nós dependemos da oferta, da disponibilização de um imóvel, para instalar a Vara Distrital dessa cidade.”, completou o presidente.

18 OABJUNDIAÍ março de 2014

MATÉRIA DE CAPA

EXAME DE ORDEM: O PIOR RESULTADO DO ESTADO DE SÃO PAULOComo melhorar o desempenho dos

candidatos de Jundiaí?

22 OABJUNDIAÍ março de 2014

O resultado da primeira fase do 12º Exame de Ordem da OAB, Seção São Paulo, surpreendeu profissionais, estudantes e professores de Direi-

to de Jundiaí e região. A cidade, diferente de outros anos, apresentou o pior índice de aproveitamento, com 11,46% de candidatos aprovados, seguido de Es-pírito Santo do Pinhal (12,5%) e Itapetininga (12,57%). Em todo o Estado, dos 25.661 inscritos, apenas 4.268 foram aprovados, o que equivale a 16,63%. Confira os melhores e piores índices na tabela na página 25.

Para o presidente da OAB Jundiaí, Airton Sebastião Bressan, os alunos têm condições de obter um índice de acerto das questões da primeira fase melhor do que os que vêm sendo divulgados, mas para isso precisam se dedicar mais aos estudos. “Tanto isso é verdade que nos exames de ordem do início dos anos, onde se ins-crevem mais bacharéis recém-saídos das faculdades, o índice de aprovação supera a casa de 50% na primeira fase.”, comenta. “Acredito que um dos motivos desse baixo índice de aprovação está ligado ao desempenho individual dos alunos e não, necessariamente, ao ensi-no das faculdades de Direito”, completa.

Na sua opinião, as faculdades têm uma boa grade curricular, inclusive são fiscalizadas pelo MEC, mas é preciso exigir mais do estudante, não basta ele obter a média mínima neces-sária para passar de ano. “Sob uma análise mais profunda, o Ensino Médio e o Funda-mental também influenciam positiva ou negativamente no desempenho do aluno quan-do está cursando o Ensino Superior, pois a base que ele trouxer do Ensino Médio e do Ensino Fundamental lhe acompanhará até o final do curso Superior e, via de consequência, servirá também de base na realização do Exame de Ordem para aqueles que optarem pelo Curso de Direito. É preciso se aprimorar nos estudos e ir além do que é apresentado em sala de aula”, destaca Bressan. Ao contrário do que dizem alguns candidatos, o Exame de Ordem não é um “bicho de sete cabeças”. “Com estudo e determinação, é possível realizar as provas com sucesso”, completa.

Marcos da Costa, presidente da OAB SP, divulgou em nota à imprensa que considera preocupante o índice estadual. “O resultado recente do Exame do Conselho Regional de Medicina reprovou 59% dos recém-forma-dos. A reprovação dos bacharéis em Direito foi mais alta, superando a faixa dos 80%, e reforça a necessida-de da manutenção do Exame de Ordem como forma de garantir que os novos advogados tenham conheci-mento técnico-jurídico mínimo para atender a socie-dade”.

A Revista da OAB entrevistou coordenadores dos cur-

sos de Direito de quatro faculdades da região. Confira como eles avaliam o baixo desempenho dos candida-tos e os fatores que podem ter contribuído para isso.

Márcio Vicente Faria Cozatti, professor do Curso de Di-reito da Faculdade Anhanguera de Jundiaí, diz que é difícil apontar quais os motivos que contribuíram para esse resultado ruim. “Difícil dizer, impossível concluir, pois não se trata de um resultado corriqueiro, habi-tual, recorrente. Em geral, os bacharéis em Direito de Jundiaí acompanham a média de aprovação do Esta-do. Acredito que uma série de fatores, conjugados, poderiam ser indicados como concorrentes ao resul-tado”, comenta. Um deles é a dedicação do candidato aos estudos. “Como se diz, não se estuda para passar, mas, até passar. Assim, o aluno deve estudar cada vez mais e com qualidade. Essa é a fórmula”, reforça.

Essa também é a opinião de Mauro Cabral, Coorde-nador do Curso de Direito da FACCAMP. Ele acredita que os alunos deveriam se preocupar com o estudo desde o início da faculdade. “Infelizmente, vemos que alguns alunos só começam a se preocupar a partir dos

últimos semestres”, lembra. “Quanto às faculdades, cabe aqui expressar que não existe curso de Advogado. A faculda-de deve formar um cidadão, com conhecimento jurídico para atuar em qualquer área e não apenas na advocacia. Ademais, preocupamo-nos em adequar a grade curricular às novas exigências do merca-do e isso irá refletir nos próxi-mos exames da OAB”, explica

Cabral.

“Eu me dediquei integralmente aos estudos e fui apro-vada logo na primeira tentativa, em 2000. Aconselho aos que pretenderem participar do Exame de Ordem que façam a opção pelo ramo do Direito de sua maior afinidade. Façam uma profunda revisão sobre o apren-dizado da graduação, leiam e releiam a prova antes de responder, com muita calma e atenção. Dediquem-se exclusivamente aos estudos nesse período”, indica Fernanda de Favre Merbach, Coordenadora Auxiliar do Curso de Direito da UNIP Jundiaí. Ela também acredita que um maior envolvimento dos candidatos é fator de-terminante para se conseguir um bom resultado.

Para Márcio Franklin Nogueira, Coordenador do Curso de Direito das Faculdades Padre Anchieta, a resolução do problema não é simplista. “Há que se considerar também o precário nível do curso médio no Brasil. Isso faz com que o nível dos ingressantes no curso jurídico deixe muito a desejar. E é difícil recuperá-los no decor-rer do curso”, analisa o Coordenador.

“Acredito que um dos motivos desse baixo índice de aprovação

está ligado ao desempenho individual dos alunos e não,

necessariamente, ao ensino das faculdades de Direito.”

Mudanças no exame e no estudante

Uma readequação no Exame de Ordem contribuiria para um número maior de aprovados? Na visão de Ca-bral, sim. Segundo o Coordenador, a prova necessita de adequações. “O ideal é uma prova efetuada não com vista à reprovação, em que diversas questões são discutíveis e criticáveis, e sim uma prova para aferir conhecimento necessário à prática da profissão. Veja-mos, como exemplo, uma recente prova de segunda fase em que duas questões, da mesma área, foram anuladas. A correção deve ser efetuada de forma mais abrangente, não apenas vinculando a resposta ao ga-barito, até porque Direito não é uma ciência exata, mas aferindo se o candidato, no caso concreto, conse-guiria dar a seu cliente o remédio que se entenda mais adequado e pertinente. A advocacia, como qualquer profissão jurídica, é uma arte e não uma ciência exa-ta”, explica.

Cozatti também concorda que o Exame de Ordem tem o intuito de verificar os habilitados a exercer a advocacia, fazer uma ava-liação. Porém, apenas uma prova não tem o poder de avaliar, e sim, quando mui-to, de selecionar. “Fatores extraordinários, tais como nervosismo, ansiedade, condições físicas podem alterar o resultado espera-do. Tenho certeza de que a seleção não é o intuito da OAB, mas sim a avaliação. Uma medida que com-prova que a adequação do exame de ordem visa à avaliação e não à seleção é a possibilidade de aprovei-tamento da nota da 1ª fase no exame seguinte”, co-menta o professor.

Cabral complementa dizendo que a prova, da forma como está sendo efetuada, além de aterrorizar os alu-nos, também não é adequada para aferir o conheci-mento do candidato. “Sinto e lamento que atualmente a prova da OAB seja uma prova efetuada para repro-var, e não para avaliar. Como exemplo, podemos citar as questões que são anuladas e as que suscitam diver-sas discussões. Tal afirmação deve-se à baixa porcen-tagem de candidatos que conseguem a aprovação, em todo o país”, explica. Ele também reforça a questão de que, em nossa região, a maioria dos alunos trabalha e tenta conciliar a vida social e familiar com a vida aca-dêmica. “Talvez haja um tempo menor para dedicar aos estudos, o que pode refletir numa maior comple-xidade na hora do exame. Ademais, o nervosismo do candidato é um fator primordial para que não obtenha o sucesso merecido”.

Segundo Cozatti, desde 11 de agosto de 1827, ocasião em que os cursos jurídicos foram instituídos no Brasil, até hoje, o tempo de integralização do curso é de cinco anos, não mudou. “Contudo, a quantidade de discipli-nas aumentou de forma exponencial. Por isso, enten-do que o aluno não deva se afobar e se cobrar demais pela aprovação, mas sim aproveitar muito bem cada hora de estudo nos cinco anos da graduação, dedicar--se e empenhar-se”, completa o professor.

Já Márcio Franklin comenta que a primeira fase do exame privilegia a memorização de textos legais, e todos os operadores do Direito se valem da consulta dos livros em suas atividades. “Por que não se permitir àqueles que prestam o exame da OAB sequer a consul-ta a textos de lei? Muitas vezes, a questão se baseia ex-clusivamente num artigo de lei, não exigindo qualquer raciocínio, além da memorização. O bom profissio-nal do Direito não é aquele que decora textos legais,

mas sim aquele que sabe analisá-los num contexto maior, raciocinando e ti-rando conclusões”, explica. “As faculdades acabam por ficar num dilema. Propor-cionar um curso eficiente, ensinando o aluno a racio-cinar, a entender, a inter-pretar, a ver o Direito como um todo, ou visar apenas à aprovação do exame da OAB e ministrar um curso mambembe, preocupado apenas na memorização? Na primeira hipótese, es-tamos formando um pro-fissional competente, apto a enfrentar os desafios

próprios do operador do Direito. Mas podemos esbar-rar no exame de ordem, a impedir que ingressem no mercado de trabalho. Na segunda, teremos um núme-ro maior de aprovados, mas não teremos dado a eles a formação que lhes fará falta no futuro. No Anchieta, temos procurado buscar o equilíbrio”, analisa.

Mas, para Cozatti, o modelo de prova utilizado no Exa-me de Ordem não está mais difícil. Ele acredita que o aumento do número de matérias, bem como a ex-pansão do alcance doutrinário e jurisprudencial des-sas matérias, faz com que seja necessário muito mais tempo de estudo. “Eis a grande dificuldade do mundo moderno aplicada ao estudo: conseguir tempo para estudar a contento todas as disciplinas, sem deixar de lado outras atividades igualmente importantes”, des-taca.

“As faculdades acabam por ficar num dilema. Proporcionar um curso

eficiente, ensinando o aluno a raciocinar, a entender, a interpretar,

a ver o Direito como um todo, ou visar apenas à aprovação do

exame da OAB e ministrar um curso mambembe, preocupado apenas na

memorização? ”

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Desempenho 1ª faseSão Paulo

XII Exame de Ordem

Jundiaí em outros exames

Melhores Piores

Franca 26,64%

São Carlos 22,29%

Ribeirão Preto 19,59%

Jundiaí 11,46%

Espírito Santo do Pinhal 12,50%

Itapetininga 12,57%

EXAMEXIIXIX

480466581

5574

277

CANDIDATOS APROVADOS 1ª FASE

Este ano será um marco para o Exame de Ordem, que completa 40 anos de sua implantação oficial na Secional Paulista da Ordem dos Advogados

do Brasil, onde surgiu por iniciativa do então presi-dente Cid Vieira de Souza, e se expandiu para todo o País.

Não podemos considerar este marco dos 40 anos apenas como uma sim-ples efeméride. O Exame de Ordem tem grande im-portância para a história da advocacia e da cidada-nia. A queda da qualidade do ensino jurídico no país nas últimas décadas motivou uma reação da OAB SP, que criou o Exame de Ordem como medida neces-sária para mensurar o conhecimento jurídico básico do bacharel em Direito que desejasse ser advogado. Dessa forma, protegia a classe, evitando colocar no

mercado um advogado sem o devido preparo técni-co-jurídico e protegia a sociedade de profissionais despreparados para o patrocínio de suas causas.

Ao focar no Exame de Or-dem, temos de lembrar as dificuldades para a implan-tação desse instrumento, o que nos traz a obrigação de reconhecer o trabalho pio-neiro de Cid Vieira de Souza, que retratou essa tarefa – e as razões – no livro O Exame de Ordem como instrumento de defesa do interesse pú-blico, reimpresso em edição fac-similar no ano passado.

Desse documento histórico, destaco as indagações que eram feitas contra o exame, ainda na década de 1970, bastante similares às de hoje: “trata-se de um segundo vestibular”, “cria discriminação para os can-didatos à advocacia”, “promove reserva de mercado”,

Quarenta anos do Exame de Ordem

Avanço na qualificação do advogado

ARTIGO

“O Exame de Ordem foi fortalecido pelo processo de

unificação nacional, dando caráter e uniformidade às provas, e continua

em evolução.”

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“desacredita as faculdades de Direito”. Na verdade, o Exame de Ordem traz valorização e segurança para a Advocacia e para o jurisdicionado. Se, depois de 40 anos, nenhuma dessas “teorias” desacreditou os ob-jetivos do Exame de Ordem, é possível concluir que todas as afirmativas nunca tiveram fundamento.

Após a criação – em datas diferentes em cada Es-tado do país – o Exame de Ordem consolidou-se, tornando-se um instrumento cada vez mais efetivo e aprimorado de aferição da qualidade e capacidade de trabalho técnico e intelectual dos pretendentes a ingressar na advocacia.

Em inúmeras oportunidades, o Exame de Ordem so-freu ataques na Câmara Federal e em Tribunais, com decisões em primeira instância desfavoráveis, que sempre foram vencidas, não apenas pela atuação da OAB, mas também por conta da solidez jurídica e conceitual que reveste o Exame de Ordem: o orde-namento jurídico o garante e a sua missão ou finali-dade é imprescindível.

O último ataque ao Exame de Ordem veio de manei-ra inusitada, quando se incluiu a proposta de acabar com o Exame de Ordem dentro do texto da Medida Provisória do Programa Mais Médicos, que nada ti-nha a ver com o tema. A atenção de parlamentares responsáveis e a atuação da Ordem enterraram mais essa pretensão.

O Exame de Ordem foi fortalecido pelo processo de unificação nacional, dando caráter e uniformidade às provas, e continua em evolução. A mesma prova é aplicada em todos os Estados e no Distrito Federal, criando um critério único para aferir a qualidade dos bacharéis em Direito e do ensino jurídico em nível nacional, o que não era possível com os Exames ela-borados e aplicados nas esferas estaduais.

É inconteste que, nos países onde há preocupação com a qualidade dos operadores do Direito, exis-te um exame específico de ingresso nas profissões jurídicas, especialmente a advocacia, a assegurar a presença de um profissional qualificado na defesa do cidadão. Ao proferir seu voto no Supremo Tribunal Federal, reconhecendo a constitucionalidade do Exa-me de Ordem, o ministro–relator Marco Aurélio de Mello afirmou:” quem exerce a advocacia sem qua-lificação técnica prejudica a outrem, ao cliente e à coletividade”. Esse é o espírito que norteia a criação e manutenção do Exame de Ordem no Brasil.

Marcos da Costa, advogado, é presidente da OAB-SP

A OAB Jundiaí, em parceria com a Corregedoria Geral da Administração (CGA) do Estado de São Paulo, realizou nos dias 11 e 12 de fevereiro, na

Casa do Advogado, o Seminário Regional sobre Com-bate à Corrupção e Transparência.

Profissionais renomados abordaram questões rela-cionadas à Lei Anticorrupção, já regulamentada no estado de São Paulo, que traz novos procedimentos e punições a empresas privadas por atos ilícitos. A ini-ciativa atende à proposta do Conselho de Transparên-

cia da Administração Pública, colegiado consultor da Corregedoria que propõe metodologias e mecanismos voltados ao incremento da transparência institucional.

Com a realização do seminário, que já percorreu ou-tros municípios paulistas, a Corregedoria expressa o compromisso do Governo do Estado de garantir a efi-ciência e transparência da administração pública e o direito de acesso dos cidadãos à informação, e coloca, ainda, à disposição de todos, os mecanismos e proce-dimentos para o controle social.

JUNDIAÍ SEDIA SEMINÁRIO SOBRE COMBATE À CORRUPÇÃO

E TRANSPARÊNCIA

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Os Cursos Emílio Fontana de Comunicação, Tea-tro, Cinema e TV, que integram o Clube de Servi-ços da CAASP, trazem novidades aos advogados.

O curso “Vencendo Obstáculos” acontece de 15 de março a 31 de maio, com aulas sempre aos sábados, das 10h às 12h. “Nesse curso, o advogado é orientado sobre a importância da comunica-ção em juízo ou fora dele e apren-de a utilizar ferramentas de apoio para o uso consciente e seguro dos gestos e da voz”, detalha a atriz e professora de arte dramática Crys Fischer Fontana.

Os advogados têm 30% de descon-to no curso de comunicação “Vencendo Obstáculos”, que terá duração de dois meses e será ministrado no Teatro Ruth Escobar (Rua dos Ingleses, 209, bairro Bela Vista, Capital - próximo ao Metrô Brigadeiro). Mais in-formações pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 5034-8907, de terça a sexta-

-feira, das 13h30 às 18h30.

Teatro: um aliado da carreira

Formador de gerações de atores e atrizes consagra-dos, Emílio Fontana, ao lado da atriz Crys Fischer Fon-

tana, já faz história também entre os advogados, que cada vez mais buscam seus métodos para se de-sinibirem, aprimorarem a comuni-cação e até para ingressarem nas artes dramáticas. “A frequência de advogados começou tímida, mas vem sendo crescente. Posterior-mente, eles nos procuram para

relatar o impulso que o teatro lhes deu à carreira. Há muitos casos de advogados que apelavam para colegas sempre que tinham de falar em público e que supera-ram essa dificuldade”, conta o mestre das artes dra-máticas.

“A frequência de advogados começou tímida, mas vem

sendo crescente.”

Emílio Fontana oferece novos cursos de teatro para advogados

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