Revista Pirâmide N2 1964

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    P IR M I E

    a

    n

    t

    o

    J U N i Q

    not c a

    a quem 'inquiriu das nossWi

    lofon.

    .es, 1ai.em

    os sab er que:

    Da irnQos$ jbiiiC1ad_e de .s.e

    di.Zc;rem

    mefa

    dzia de

    coisas,

    com

    seriedade

    ,

    d ~ a S o

    b r o e ,grandeza, nsceu a a1ta

    de n c o v i m n de

    g ~ r e s

    c j a r ; u n ~ t e

    qoume,ntada

    na

    rnis.da

    moral e

    ~ P i -

    ritual

    das c:cia:turas.

    A por>ta

    da

    .sociedade; enGont.i;a,

    se

    a

    banu.e.r ve.

    rmelha

    do

    L

    eilo.

    L dentro

    os ba:nqueros l evm p1aa a alta

    di-gqtdac 'e do

    ser.

    humano.

    A p r

    Mnte

    :Anl'oJQgia

    a:g

    i.

    J:

    ; supomos

    me

    .rt da s.oa c.9 labora:o, contra a: e

    p r e d . a ~ o des primrios

    v.alores.

    ~

    o

    *

    g

    a

    M . I

    L9 9

    sumr o

    Caos.as do

    Determinismo

    ;\ntropli

    IiCQ

    - l\ tximo Lisboa;

    Poema - Herber

    to

    H e

    ld

    er;

    Poema-Co

    lag

    em

    -

    Jo

    s Car

    los GDlli

    4 il'emas -

    Seii. 1

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    :nui

    1

    xJ Do 1 isboa

    t

    iis

    pt1hw

    rcw i f . u a i

    Ernes'to

    Sam

    paio

    De Jaeto ; h4 rat .es para Cq.i:arr:zs i10.s .nv.t?,r-

    gpn.Ti(li;flios . qrl{lndo a n e r t o s n : e r ~

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    do-se mais vio1cntamente

    na

    m a s s ~ 1

    do p

    blico ledor, que no podendo fazer outra

    coisa, oompra, aceita, e aeari"nb'a, as rpeclio

    cridades da realidade portuguesa, literria.

    Entretanto esta realidade por mais estra

    nho e

    paradoxal

    que parea, toca cfarinete

    e

    saxofone

    , conforme o tempo mais prop

    cio,

    dana na corda

    , s vezes, util iza negros

    de

    tanga

    ,

    bebe

    para

    esquecer, e frequenla a

    J?rostituio.

    No sera pois de

    estranhar

    o desnortea

    meoto literal em que o pblico c

    au.

    ac;a'

    bando por se dividir: e. tomando a audcia

    de propr opinio, defender ou atacar J>Cr

    sonalidades e Sistemas de Experincta. de

    que

    jamais

    teve uma

    noo

    a proximada.

    E ainda. atravs daquela realidade quan-

    tas outras 'lu:neaas de cretinos, s

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    er

    .ertio

    helder

    O

    4

    .Eecuntl.O ms 1d.a

    ofer.ta

    ende

    ii):Yf :

    ilurtha

    a h r , i ~ a _ . e a loucura desperta a ura esl?'ada

    em

    . pleno

    sangue.;

    :6 v,

    a;Sto,

    amargo e limpitlo m ~ 1 .er.ibr

    onde

    .a. r a ~ a

    se

    10ea

    do

    f o ~

    e

    ;o

    corpo

    se

    torna o

    casto

    e

    kmg{)

    va.J .o

    de musica.;

    esca; de se-iva

    entre

    arbustos

    de

    estrefas

    e cu.b 11s de

    fundamente

    agit>ctd0

    em

    meu

    c o r a 1 t ~ f o de

    ar.gila, em

    ,mnh_s veias

    . e

    pe

    .quena iifncJa e.spa;ntarda e g r a t a

    e .

    QO

    onde, stibirufo,

    me

    . incenclcio

    e

    eofisumc:i,

    e purllico. as .rrit>s .espessas

    e:ie bp:e.Id macb.o.

    ~ E n f a r r t o ms tielicado para uma.

    cdw

    la

    de n:vem. p a r ~ um vivo

    t r : ; l l l ~ p . o r . t e

    de vex:de tera ura entre m:amas e coxas

    feoriruas.

    E

    entre

    -a,

    arei,a

    e

    a,

    lama

    se desctibre

    a

    feia, se 11er:e a mem6r.ia, se possui

    uma

    es't:r

    .eita pailavra v.Uigem e

    extcem.a

    con1Q

    uJl

    b.g0 de v,eneno, um

    clice

    d ~ ' l i l O r t ~ .

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    hde. mesa. kde, i n ~ t r u r n e n t o

    e

    prrofuna

    ms.c'.

    r d ~

    vinl:i.o.

    C a r o ~ ,

    a.ve,

    gmnde mar,

    _rande

    0 . S t ~ t u a frift'

    ' '

    grande

    sar.riso d s f ~ i t o

    lia

    f p . ~ da sp-):ido.

    M

    de onde

    nastm

    os bh0s

    biios e a voz

    'das catedrais cte.

    r.esina ,.

    e o

    flanco

    terrvel e

    doce.

    ds

    mo.ntarih

    e o .

    amor

    irmo. d mbrte ' d a:legrfa..

    Ms do. poema. substncia de

    b e u s s e r v l d a

    com0

    ceia

    e

    primeira

    pe.dra:

    1

    no

    espao

    da

    :minba ll)lgsJa, ..

    do meu elica:nt.o.

    Suave n's do 1ncest0 ,

    sujo

    tempo

    :da .gelada rpureza aonde a J'a desce

    suas.

    r.zes

    f

    lJ'0zes

    e onde a morte anuncia

    seu

    ,S primeiros sinais

    d e g]'tia. .

    E eu cfor.D:lU.t.. o sangtie atravessava .a n ~ t e

    como cantando

    bai:xo,

    0 insfinto

    etwolvi'a1

    o punhatl

    e o 1.f ut.

    Ts

    sobre

    =a

    ateno,

    fores

    m ~ m e esfriav

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    jos c r los

    g o.n

    zale i

    UM

    PO lO

    ESQUECIDO

    A :NVESTRA L

    ~ I A U JACARE

    QUE SE

    ERGUEU NO ESP O

    D

    JNRCIA E FALTA DE INTERESSE

    APATIA E NEGLIGNCIA

    DO

    . PA

    R L O

    o

    DE

    L R M

    EUCTRICO

    a nica sobrevivente

    P R A

    D

    EFES DO FILHO

    sozinho

    PT

    A

    DESEMPENH R

    O

    PROGR M DUPLO

    VS NDO COMO

    RM

    UM SlMPLES

    D (

    DA.DO

    2

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    se n ca m e q

    POEM S

    e

    p ~ n s Q ,

    em quem .so.u me es,tranho;

    Se fico,

    h sempte um sonh:c:

    amarlanbarl.o n.o espjrj tQ;,

    Se fiijo,

    h1sempre uma ra2o

    que ~ l q ~ ~ s0brn 0 a b i s m @ .

    E

    ass.l:m

    se

    m cpns0roe a v0ntade

    1

    inutilmente.

    As 'fk>res e>Spemm

    ~ e i q u i t ~ ~ o

    0$- se xcis

    e x p q S . t o - . S ~ as ~ O l e l a s

    rumidas.

    E- sopr i o v,ento. E cai ar Gbuva.

    A inquiefa:&.o est toda

    n:o CQ 'a.0 Q

    h0mem,

    onde a alma tm

    P r ~ da ttagdia.

    Meu

    ;

    S meu,

    0

    fim

    c

    eyt'o

    gne

    t ~ n h b .

    O mais

    - pueritJ

    agita.o

    em

    torno ('.te

    min,:i,

    jogo de pensar

    em qtre a

    Y.ontade

    se iiuele

    e, em' si,

    a irazo. se destri -

    n ~

    0 poS"suo.

    Este desa.jusfu:nenfo

    et)ill

    a vida

    QU

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    c r s lou

    res

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    F ROL BRETO ei>tU

    'd) Amacie

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    v i

    io m a

    rt in o

    obre

    literatura de alguns

    propsito do Movimento

    7

    H

    m

    processo quase sempre

    a

    propsito

    para se

    verificar

    da

    autenticidade

    dum

    movimento literrio:

    so

    alguns anos

    de

    literatura.

    Quando

    este lapso

    de

    tempo tolera o

    seu

    mltiplo ou m.lliplos .e

    cria

    imitadores nas geraes seguintes,

    a

    autenticidade evidente

    e a

    probJemtka

    o o n

    ~

    o

    rigor

    adequado.

    Neste

    caso

    ~ t Orfell>>

    nes,te caso

    no

    est fl

    .P

    resena.

    Porque

    queremos tentar

    a

    pr.o-

    fecia llegamos Jonga vda

    acluante

    ao Movimento

    57. Rpitlamente

    vamos

    explicar as afirmaes

    enunadas:

    o Orfeu peTdurou porque nos deu

    uma

    revoluo literria; a Presena morreu porque

    q1 1is

    e imps

    uma

    espce

    d

    vida tipicamente psicolgica; o Movimento

    57

    extinguir-se- pois se apresenta

    essencialmente conservador

    t

    catedrtico. Posso daqui inferir

    que s

    com revo

    luo, falo

    em

    tel Illos

    de literatura

    bem entendido,

    existe

    afirmao e continui

    dade.

    Cremos que o

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    .:

    t

    < + ~ ' 'I.

    nJ ,,..,_ 11. T } . L

    t '

    que Ja es escn""" Oll o Ya:t ser iP'iiI m w t ~ s vwos e ...,guns

    m ~

    ~ o s . ,,,,os. a>rg:i;a em0s

    -simente a fornrnlao, a mateIIit'ea e a:s i n t e n ~ e s ..

    t ocj:.oso

    d i . i : ~ r

    que-0 -pvo,

    J >PFtugu&. j se i:nv'lltQ

    .u

    a si n t . . e s m :

    ~ e s

    c b l b ; e n d o

    o destino que 1.lie ~ r . a ptciipr.io e:

    _RGSSiv.el

    : Caa:gicfo, literriamente,; _para .o rei:n:ven

    ,tar, o inesmo

    que

    su:bstuil0, .cm d _ e s y i - 1 0 ~ do .eu qa:nii:n:qo e ~ a c . t o . Se o seu

    desti.rip 3 ; I l ~ i g o foi glpr_osQ e ~

    a d r ,

    o o t u a J -

    aJJ:nI

    a

    ~ e 1 1 d a l . e i r

    d1:a'le a

    'dec

    i

    foat,

    se

    no

    '

    brilhante

    nem

    activo

    ,

    por

    que-

    0s

    elementos

    .

    ellL

    vre,sen ;-a

    no

    se

    coaduna.m

    com

    as

    l t ~ t e s ,

    f fcil pal'a

    a,plaudir e sugerir

    e q i o ~ e s

    que "ger,almente s e r v

    ~ m

    cle

    front1$peio

    a o ~ aotqs

    hei:.i

    cs e

    :s

    Qarnilicina::s l \ ) U r n f i c a n . f ~ s t'ema:s

    J?rS>p

    .

    riO's

    de ~ a ~ a l e i ~ e

    g e n

    t i ' s - Q Q ' m ~ q s ,

    cpny,enha-se, mas

    de

    resu1fados

    d-tryi

    -dosos. sotl o

    ponto

    de vis-ta cl.tural Entre

    ns a -ave{ltura desse Jie.roismo d ~ a

    p u r i f i a ~ 0

    t ~ m o devJC:lo ~ a l v o

    c o n d u t o ,

    e e ne:s.t:a>

    me

    ,ilipa que o e.n:o fu.ridap:ient'J19:a f f a v e g ~ o se e n t i Q n ~ . . n o a t o - d e f ~ .

    embota

    '

    .idatle

    ~ f a .

    e s t r a t ~ g ~ a

    seja provla e

    os

    seus

    participantes

    relq:uias

    O ' ) s ' t i e a s . 0.ra se ex.iste uma e:spde ( e.ptria em ,jqgo i .ou e ~ t

    o t Q : d i l S ,

    ou no

    est .nenhuma:.

    Q AfQV.iment0

    51>

    onsi'd.era pnto';

    de

    honra a oFiginalidade,

    (ia:

    e d a ~ 1 . ' C i l

    filosfica, e ferTia. Bxistem i:111itad0res

    _pl lrtugueses

    a.Ss.im coma imi.tado.res ch

    u e . ~ e s

    p e n s ~ Q

    q u e ~ imfh1.d llr

    n;o

    cpa.Z

    de

    o

    d ixar

    de

    ser. Pelo

    enunciado

    q u ~ r \ \ - m p s l ~ - : - v a : u ~ a r Q prt>blema tla e - x i s t ~ n e i a l\lum

    pE0eess0

    p:or'tugus de esc,rever

    e :pensa.e. A:g0ra

    . noss posio. neste assunto:

    oo

    somos-

    p

    la i:mitaij:o J:>.o.rque

    consideramos

    0

    imita'dqr,

    em

    qualquer

    latitude

    do

    muntlo,

    medocre:

    Nro

    ~ a m o s

    p,o.t um. isotaci.onisro. culturl porque cQnsideramos -piais importante ~

    li0tnem

    d0

    que.o

    .as fronteiras

    que.delimitam as

    viagens desse h.om,m. So;nos po.rfant0 pela

    a

    0

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    fuso R e r i ~ p s a das Jcl;eias e ds mit0s Por esta raz'Q_. :e

    po

    r ca,usa da fqsofia..

    atirme> : em matria d:e p.eJ:Jsamento e de f o r ~ ~ t i a o i : o , n a : nlfb fi. aideia possvel.

    0 home.m de .

    exemplo., aquele.

    gue atin'giU, .o

    mximo

    no e.0.:hooimento e:-na ex

    presso, torna-se

    uma figura rep,resentativa

    uniY,et-sa'l, no 'bstante

    o o o n i o i m ~ -

    mento a que

    fo.

    e est sajejto, pelas entJdae.

    eirQ

    .

    e p .PJ.fessqr catedrt.rco . Quero dizer q.ue .a I)aioal,idade ou a

    t t a d . i ~ o

    ealtutl

    duu1

    pov

    .0. tm a

    im_p:ortnci'a

    q.ne ele descobre gue, tem. :Esta descoberta a

    matria

    q.

    ue :o homem de ~ e m p l o furlfu e

    recriou,

    no. exactapJente

    pata gl

    ,.ri.a

    d:s

    seus

    compat:o.tas, mas .:para ati'nfilr uma Verdade que

    ele :sao

    ,eJf:.iStente n ~

    reiu0

    morfica:d0, dos

    1

    human

    os.

    Se um.a elite .u l m: plebe, guer

    ass'

    im u ni>,

    quaisquer que s e j ~ m

    s

    fins :em vista. o estrabismo evidente: e o mau

    Jteito

    a:eessjve1

    a 1 odas

    :asmar,inas.

    Este estr'bismo e.x

    iste tanto

    nos

    eXeomlingatlps p

    ,0'Sit

    i,

    vistas, nome .genrico. que 0

    .

    57>>. usa e. abusa dar : t0da a gehte

    que

    nfo lhe

    ~ e r t e n c e ,

    como neles

    prprios os

    n a

    v . ~ g a d o r e s

    espi'tltuali.Stas:

    Apenas

    por U S \ l desta . n ~ v 1 1 g a ~ o ten10S de .insistili sobre o , tema

    e

    dizer;

    .Siw

    .erficiaJ a existncia 'de mitos 'estrietame.nte nac.ionais;

    tlsMitaiJizante

    qnei

    esc'ltor se

    J f o g i apenas rela.ciona

    Lopes, qe am

    cr:oo

    ista po.rtqgus, na.da tem a ver eom

    Ea

    de

    ueirs q.ue outro c-ronista

    francs,

    e:o.ofrme alvittarfa, .o lgicamenfo

    arbitrada, sem .sujeies

    n ~ e.Qnclk:io.q,am:entos. 'Este

    estad@

    i'deal de per.111,a11ecer .

    tem

    a

    SJla

    QrigeJD

    em

    factt;res

    ae

    ((alma

    ql.)e

    > t e ~ e

    espiri

    u a 1 i s t

    a q u ~

    se:

    grcef.ere

    quando

    p.rito

    da

    Qtr-ia

    vai

    decaindo. A .pergp.nta n s t ~ Que p'tt'ia

    1

    ou que

    filosofi

    'de .patifa.

    ~ ~ t a

    dec:,ail'.'?

    Em .branco a. r e s p o s t a ,

    _por

    cau'sa. Ll a e x t ~ n s o e do. perigq que

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    ncerra. Noutro sentido, afina o mais importante, a maneira de preferir psico-

    logicamente uma ptria

    que

    parece estril na actualidade. sobrevalorizndo a

    fora

    que

    se criou nela em dado momento epopeico, para se explorar, scu1os de

    pois, uma alma existente, para

    fins

    doutrinrios: e pedaggicos. Este o

    easo

    mais

    notrio do Movimento 57. sendo-o, o fantasmagrico. est presente e perfeito

    para

    se elaborar

    uma

    tese rcica

    sem

    ser racista nas 'frmulas. um imprio filos

    fico e

    lite11rio,

    apenas

    porque

    se

    intui

    da

    a u s ~ n c j a

    dum

    real eficiente

    que

    gere

    filosofia e litera:tu:ra si_11tomtico 4ue ai pesia seja a pedra mais imp.ortan1e

    deste movimento, embora imponha e apenas aproveite uma determinada maneira

    dela:

    aquela que

    canta abstrusamente a histria, a rnontallha e o mar.

    Apesar

    desta preferncia

    e

    desta poesia, avisamos, que para

    o

    Poet.a e para a poesia

    do Poeta todo o cuidado pouco. por

    ela

    ser a anttese. muitas vezes sem parecer.

    dos valores considerados tradicionais ou sagrados. e o seu mais cruel

    i.nim.igo.

    por conter em

    si,

    o absoluto revolucionrio dum Futuro quase sempre especials

    simo e perigoso. O Poeta . por condio e lei. sempre outra coisa.

    Convencidos de

    que

    a histria no

    para se

    recapitular e ra,ramente

    para

    .

    servir

    de

    exem1Jl0, julgo

    que

    os artistas e

    os

    intelectuais no

    podem

    regressar

    a0s mitos hlstcicos, sem correrem o riso de

    se

    transformarem

    nos

    coveiros

    conscientes de si m e s m o . A insistncia nesse r,egreso define uma mrbida ten

    dncia

    para

    revesti.e fantasmas e dourar dolos

    h

    muito ineficazes, define a i n d a

    uma espcie de ociosidade, aquela que ignora deliberadamente qual a grandeza

    ou a misria em

    que

    se debate um homem ou um povo.

    Neste sentido, o mais

    dramt

    i

    co

    de todos eles. a validade do desejo de

    cada

    um

    apenas

    urna evidncia

    para

    esclarecer. pois. se as intenes

    so

    sempre

    sublimes, oo obstam que antes ou depois detas

    no

    surjam as pequenas ideias da

    infncia ou

    as

    outras

    da

    mall.ur.idade,

    ambas

    jirovvelmente esquisitas quando

    tratam o destino das

    p o p u l a e ~

    com aquele

    vontade caracterstic0 .

    do Mo-

    vimento 57, sem ao menos auscli'1tar a :actualidade dessas popufa&es. Este

    esquecimento. se ci

    no

    vazio, por nada lhe dar fora actuante.

    tem

    a virtude

    de

    localizar

    os

    gr-andes e os pequenos labirintos

    que

    sempre equacionam os inte

    lectuais. quando para consolo pessoal ou nacional

    se

    dedicam

    defesa obsessiva

    do Esprito. Esta dedicao,

    se

    recorda deveres e levanta brilhante.s problemticas,

    gera tambm interpretaes apressadas e situa"es ridculas,

    quando

    aos objectos

    em

    presena

    se

    exagera a sua

    importncia ou

    o seu rigor. O melhor escritor, o

    melhor crtico,

    melhor

    leitor, sabe.

    que

    a cultura portuguesa tem a importnci.a

    que

    pode

    ter no conjunto universal. O .fyfov.imento 57, pretendendo ignm;ar esta

    ll)po11tm:ia, su

    1

    listjtue-a 'por outra. dn'd0-lne 'a forma e a substncia ade i}i;tada'S.

    a fi'losofia, ou a literatura do milagre,

    para

    a efabu lao do sexto imprib.

    V a ~ e n d o m e de Fernando Pessoa. mas no exactamente, parece-me que -depois

    da lndia

    muitos portugueses retiraram-se para a provncia mas

    no

    ficaram l.

    Virgllio artinho

    28

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    15/24

    ntro pinhjro goim r s

    SIBIL

    Um grito

    surgiu

    na noite

    da Grcia

    Antiga

    o era um deus que gritava> era Ela.

    Lmpida

    com0 a gua das fontes.

    Pura

    como a terra.

    O grito da Sibila

    O grito da me terra? Ou o grito

    das mes da terra? Ou

    o grito

    da tua

    ou

    da minha me?)

    O deus nunca grita, faz

    gritar.

    9

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    16/24

    saJdao ha da gama

    ,

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    17/24

    mia n ;o e 1 d e e a s,

    110

    noit esta l q u i d ~ t o c l u s ~ v e g ~ t a l

    ' am"

    cr.po iongiln0

    e desmembllado

    .flui

    .

    omo

    um

    J'

    de

    :;

    i

    nl.e Sm

    .

    all ieio

    fl

    cri

    e

    en dJ

    .

    ve

    presMind0 crcetes

    a ppite .

    tem

    hoje ma mltitude .espooia:1

    com aves nt1grejando

    )entamen'te

    neste

    desintegraNe .tje

    menil

    e eu s0U uma alucini:to ritmica

    com um tempo

    corp6,re0

    a devort

    um

    m ~ r

    exc$si:v:a.meilte q u i ~ t Q na trabea,

    e x e e s s i v a : m e n t ~

    m.uswlar :e' l''cido-

    a

    n0ite

    _

    distribu_i

    ye4aQS

    de

    l

    a ~

    fa.rrap.os . .na ill.aonseJn-ci.a

    d o : ~ p;dios

    sobre a cida'de a

    c ~ d a d e

    a

    c i d a d ~

    lou'ta

    que desva f0u .lli\S mibbas .mos nos d.edos

    po.ssuda

    e. 11m candelabro antigo,

    a

    p i t i r ~ s e

    um Thntpario

    c ~ a l i n . o

    11utilante

    _

    a qQeQl'.arse. com s'bi.tos s t i l l i a ~ ~ pla n i t ~ f o r ~

    viajo

    n i i : i a ~ e n t ~ p1p p_s.saclo

    na

    o i ; g ~ z a

    de i:+m }og

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    18/24

    ntn

    i o s forte

    QU SE

    QUASE

    1

    DISCURSOS

    VEEMENTES

    Eram enorm:es, tentaeulares, e

    sua

    pass:gem

    a noite ficava dividida ao

    meio: num lado eram lanados .os velhos e as crianas, no outro os corpos dila

    cerados dos amantes.

    Contudo, podia-se escolher. s generais tinham providenciado nesse sentido,

    mantendo abertos ao longo das avenidas, grandes postes de abastecimento para

    suiddas. Havia quem se suicidasse escrevendo

    um

    poema. como havia quem se

    suicidasse olhando simplesmente para o mar Qualquer coisa flutuava, a certas

    horas, ao redor das bocas,

    e

    era sangue ou labaredas. nunca se sabia bem.

    ra

    s vezes uma flor n,a boca duma crfana.

    Uma noi te uma mulher estendendo 9s ,braos para o horizonte, lan{ l;u de

    s&bito lUJ,1 grito Janei:nante: A

    VTES Mas

    era apenas um bando de gaivotas e

    ai

    mulher teve

    de s r

    enforcada. Tais enganos constituiam segredo de

    Hstad0

    '. certo que no havia presos polticos. A poltica tinha sido abandonada

    por todos, estava reduz.ida a

    um

    monto de

    ca:beas

    petrificadas.

    A caa aos Iatos, nica fonte de sabedoria, tornara-se quase geral Mas

    era preciso apanh

    -l

    os vivos.

    1

    Ento extraiam-se cuidadosamente as entranhas com

    o auxilio de pinas, e aos olhos fascinados dos e.studiosos patenteava-se, naquelas

    formas horrveis e sangrentas, tudo o que restava dos discursos de Zaratustra ou

    de Alice no Pas das Maravilhas.

    ra no tempo em que os generais falavam: passavam bicicletas arrastando

    cabeleiras e togo

    a

    s_guir ao armistcio houve o s.uicdio em massa dos .rf:0s do

    Saldado. Desconhecido. Apareciam e desal"areciam coisas. Apareceia de vez em

    quando o rapaz- do: trapzio voador, desaparecia a horas mortas, entre os lenis,

    uma grande guerra de covpo contra corpo.

    Mais ou menos por essa a.ltura a descoberta pelos astrnomos dum sapato

    na

    aurora boreal

    ~ o u

    o pas em discusses verdadeiramente acadmicas. que

    os fabricantes de calado aproveitaram para lanar no mercado

    um

    novo modelo

    de patriota: o Patriota Pneumtico. Funcionava assim

    2

    Fa

    lmos tanto ou to. pouco. que de nepente

    O

    s

    il

    ncio que

    s

    fez fQi essa

    .patada no peito

    qe

    que guardamos a marca quando agora choramos; quando

    estendemos as me>s carregadas de dedos mortos, sonhmos tanto que mais de

    uma

    vez

    tivemos

    de

    matar. que mais de uma

    vez

    nos estoiraram os olhos sob

    a plvora das lgrimas e as tuas mos voaram estilhaadas, jogmos tanto que

    para no aos perdermos arriscmos tudo, at tornarmos a morte uma coisa n_ossa.

    to nossa, que ela que anda agora vestida com a nossa pele e os nossos ossos,

    escorregando pelas paredes de cabea pr a baixo ou subindo pelo interior dos

    32

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    19/24

    bicos, olhando

    do lto

    o sangue

    que

    fic0.u

    n

    ce

    ntro, entre os

    ca

    rris, p ss n o de

    cadafalso em cadafalso

    com

    os lbios furados pelas unhas, com a cintura roxa

    das dentadas da noire, da misria dos dias.

    3

    Roda

    de todas

    as

    torturas

    e

    todas as sedues. deixaste de gi

    rar

    , ests

    agora

    aqui, partida,

    abandonada

    no prprio locl

    do

    -sangue;

    transportada

    de

    homem

    em homem

    c\trav,s dos

    sculos, foste

    h

    poucb iep.osta peto

    ltimo

    homem, esse

    que desapareceu, ia: de

    lado

    , com os

    joe

    lhos duros cobertos de gu e as m0s

    cem metros

    sua frente

    em

    sinal de maldade.

    Co

    rpo a corpo foste

    gasta at

    ltima noite

    e at

    ltima estrela;

    p l vr

    pala.

    vra

    foste sugada e bebida e

    de

    todos

    os

    lados sempre novas bocas chegavam para te

    sugar

    e beber; ficaste um

    gesto que perseguimos

    dentada

    e acabmos por matar. Vde: a destruio

    prossegue docemente. Restam apenas

    aqui

    e alm algumas cidades

    com

    os- seus

    milhes de

    almas

    e

    nada

    mais. Pequenas

    marras

    de sangue

    cada

    vez

    mais

    vivas

    assinalam a nossa passagem entre as agulhas de carvo do tempo. Canhes ocupam

    a

    entrada

    da

    luz. E

    de Norte

    a

    Sul,

    de

    Este

    a Oeste,

    de c

    ri

    ana

    para

    crian

    a

    ag

    uarda-se o sinal de fogo.

    No

    estranheis os

    sif1ais. ~ o

    estranh:efa es.te

    povo qu

    e

    oculta a c

    abe_

    nas

    entranhas dos

    mort

    os. Fazei todo o

    m l

    que puderdes e passai depressa.

    arta

    ao

    cc

    Dirio

    Lisb

    oa

    ,

    17 de Abr

    il

    de

    J 959

    S.ell

    hor Di

    rector:

    ntnio Jos Forte

    Popular

    Nu

    m

    artigo

    polmico

    do

    Sr .Joo

    Palma

    Fc

    c:ira

    c;o

    nt

    ra o

    Sr.

    Afonso autela

    ,

    publi

    cado no

    l>irio Popular

    de

    16-4-59, bem com

    anteriormente nu

    m

    ensai'o cr

    il:ic_o do

    Sr.

    Afon

    so Caul'cla publicado no

    Diltrlo

    de Noticias e

    em outros arligm

    de crtica

    ao

    meu l

    iv

    ro UZ CENTRAL fu i

    englobado

    num si

    stema onde circula

    m A PLANiCIE o 57,

    a minha

    gerao,

    a gerao

    de

    1870, Carnei

    ro Pacheco, o

    Oculli

    s

    mo

    , uma

    juvenlude

    qu

    e

    escorrega

    cm

    cascas

    de

    melo

    e

    no

    repara ua cara

    dos lraru.eunlcs,

    e

    onde entre muitas

    o utms e voriadni, coisas

    me so

    a cribulda,o;

    as qualidades

    de

    s urrealisla

    lrico.

    de

    hbil

    jOnJtleun> in

    te

    l

    ectual. de

    di icipulo

    de

    Andr Breton

    e

    de Raul de Carvalbo

    e,

    finalmente,

    de

    criador du

    ma nova

    escol lilcn'iria: o

    fo

    tosfecis

    mol>.

    Ain

    dn

    de

    ncorao

    com esse sistema,

    no

    supmcitado

    artigo

    que renova

    o

    po

    rtugnS

    despique cnlre i l cid::ide e

    as

    semls

    o Sr.

    Palma Ferrei

    ra

    oferece din

    heir a

    quem encontrar

    JtO meu livro coisas que o Sr.

    Afonso

    Cnulcla

    garo

    nt

    e qu e. f esto.

    Viva

    ,p Torrcensc,

    Se

    nh

    oi:

    Direcl

    '

    or.

    Agra

    d

    ece

    n

    do -lh

    e

    pu

    blicniio

    desta car

    ia,

    ped

    i

    11-

    lhe o

    favo

    r

    de

    di

    zer

    no Sr.

    Jo

    Fe

    rreira ciuc l1io seja

    facha. Por

    inter

    mdio cio

    iCU :ior.nal, dese

    java tam

    bm pedir 1

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    20/24

    j os seb ag

    /

    etra

    p r

    uma

    mu

    ic

    em voga

    Pa

    ra

    a Ma ria L

    u ia

    o cu

    aptrida

    drapeja

    toda a noite um cadver platinado

    ofereci crios

    s

    almas

    para nQ.

    ser esse cadver platinado

    e

    no entallto

    p r

    mim

    que

    chamam as dleas, se trove)

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    21/24

    P RM

    DE

    a

    crtic

    Ah. Mas

    e ~ t o

    a Jitmille e.riste?

    A fr e

    ento

    .a o ~ n l m i d e dil,

    ia

    c o i s J . ~ ?

    (LGICA O CAl'

    ROYAL,

    adapt.)

    baboseiras. Ora vamos ler, com

    toda

    a ateno:

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    22/24

    o

    ter

    lido

    no

    8rai(

    1

    em orer+

    .ue lhe fora c.ont.,:dida por

    um

    et

    Hor-

    dl.ploiria

    ta

    1

    nosso

    amigo

    co']f

    um

    . foi

    ,c

    Hm\tisda

    .o e. do c.ucomo se'

    - uma moldu-a

    de

    quadro.

    Pra 1)1im oquela

    P,aisa"gern

    'fa

    mi-

    :

    ar,, n h ~ o c')m'o

    as minhas

    mo

    .s,

    cl,e

    _ cor os- seu"

    p c i r m l \ . n o j e ~

    a.

    ,

    a

    c_i

    mes

    1

    p,ara

    os

    meus campa

    e'iros da_5lumbtado.s,

    era

    or1glnal.

    0.

    .carro paro.u

    -cm

    ..um .fur'

    0

    .

    En

    o foi rarrjediar, Yvon;ne

    p

    br.avas

    e

    Portugal, ross

    de

    .'

    Ma

    o:

    das n s s a ~

    a,.J-.ss do

    Minho

    ..

    Aq4910 yqlfo chplda

    ,

    - l h e ~

    f_o

    nado.

    um ~ s p e c t c

    u l o .

    ~ n i c o

    . se-

    me '

    djtse

    depois Gaston no

    >

    seu

    ;ni''""do

    1

    .ao

    . deej>e.dir

    , ~ o ~

    .. j

    nr

    Rl'1a

    Pra a da

    Ub.er

    .

    d

    .a, -sob a g.ide

    .>imbli.ca

    de

    Pedro

    IV:

    "

    rna.ca

    ; imponente,

    .c

    om

    se,u qu de

    v i n c

    e friSte,

    hota

    u s ~ u f a do

    e

    ntar

    mim foi

    ""

    re\iir&sso d .e

    ma is

    < ) j t {

    &

    Minho.

    l > l v

    ma

    , p u . ~ s m b

    13. 1 1 .

    So

    i f f 4 r e e _,sempro i9uJiis.

    l em bro-m1> de ter forte umo

    delas,

    m Jose, L

    ins-

    .do . Rego, .o

    .grlll\de

    .

    s t o

    d>

    q u ~

    a

    mpr;te

    tlic

    U$himente j6 ~ \ / p u (, . ).

    .....a m

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    23/24

  • 7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964

    24/24

    AVISO AOS

    OIST

    RA

    I

    DOS

    A PrRM.lDE

    anuncia

    o reaparecimento de

    TEMPO

    PRESENTE e aconselha

    a sua

    leitura

    s seguintes

    peTsonalidade.s:

    Almada Negrell:os,

    Raul

    Leal, Jos Rgio, Miguel Torga Branquinho

    d ~ Fon-

    seca, Jos-Augusto

    Frana

    Antnio Ped1

    0,

    Joo Pedro de

    Andrade,

    Alfredo

    Marga-

    do

    Joo GaspaJ: Simes,

    Domingos Monteii;o,

    Artur

    Bual,

    Antnio

    Quadros

    (p

    in

    ~ o r ,

    Antnj9

    Q t l a m ~ o s

    (57),

    Lu.is Francisco

    Reb.ello d Ai;;su11o,

    Manuel

    Car gaieho,

    Coi;ta

    Ferreira,

    -Vitqr ino Nemsio, Marn1e1 de Lima, Sofia de Me}lo Breyner Urbano

    Tavares Rodt .igues, Joxge de Sena, David Mouro Ferreha Romeu

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    Santiago A.real, Drlan