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Revista Reformador de Agosto de 2005

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O Céu e o Inferno – 140 anos – Juvanir Borges de Souza 5 Lugar depois da morte – Emmanuel 8 Onde Deus sempre esteve – Gerson Simões Monteiro 9 Onde está Deus – José Soares Cardoso 10 VII Congresso Espírita do Estado do Espírito Santo 12 (Cartaz) Atender e fazer – Richard Simonetti

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 123 / Agosto, 2005 / No 2.117

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

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Para o BrasilAssinatura anual R$ 39,00Número avulso R$ 5,00Para o ExteriorAssinatura anual US$ 35,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

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Capa: Agadyr Torres Pereira

Tema da Capa: O tema JUSTIÇA DIVINA sintetizao conteúdo da obra de Allan Kardec O Céu e o In-ferno, publicada há 140 anos, em agosto de 1865.

EDITORIAL 4

Justiça Divina

ENTREVISTA: FABIO VILLARRAGA BENAVIDES 11Colômbia sediará o 5o Congresso Espírita Mundial

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 15Divulgação Espírita – Bezerra de Menezes

Poetas do Além – Raul de Leoni 16

Na Terra – “Post mortem”

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Vem! – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 26Centenário do 1o Congresso Universal de Esperanto –

Affonso Soares

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 32Reunião da Comissão Regional Centro

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 36

O Céu e o Inferno – Allan Kardec

SEARA ESPÍRITA 42

O Céu e o Inferno – 140 anos – Juvanir Borges de Souza 5Lugar depois da morte – Emmanuel 8Onde Deus sempre esteve – Gerson Simões Monteiro 9Onde está Deus – José Soares Cardoso 10VII Congresso Espírita do Estado do Espírito Santo 12

(Cartaz) Atender e fazer – Richard Simonetti 13Materialismo e fé – Washington Borges de Souza 17Allan Kardec e os jovens – Adilton Pugliese 18Trajetória da vida – Ricardo Di Bernardi 20Suicídio na infância e na adolescência: O problema sob a 22

visão espírita – Clara Lila Gonzalez de AraújoAutoridades Federais recebem textos com a visão espírita 25

sobre o aborto Idolatria e homenagens a médiuns – Umberto Ferreira 29A trajetória da Rainha de Oude – Sônia Zaghetto 30Repensando Kardec – Da Lei de Liberdade – 1a Parte – 38

Inaldo Lacerda Lima

Centenário de O Clarim 41

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Quando Allan Kardec lançou em agosto de 1865, em Paris, França, o quarto livro da Codifica-ção Espírita, deu a ele o nome de O Céu e o Inferno, complementado com um subtítulo: AJustiça Divina segundo o Espiritismo. Profundamente didático em todo o seu trabalho, co-

locou, ainda, na primeira página, um esclarecimento ao leitor sobre o conteúdo do livro (ver p. 36).

O estudo minucioso das Leis naturais que regem a vida, apresentado pela Doutrina Espírita,destaca como ponto fundamental a Justiça Divina: o excelso amor com que Deus trata todos os se-res da sua criação; a igualdade de condições comum a todos; as possibilidades, que oferece, de evo-luírem sob o impulso das Leis do Progresso e da Liberdade; de conquistarem conhecimentos e virtu-des que permitem compreender cada vez mais a vida existente em nós e em tudo o que nos cerca; ocuidado da Providência Divina em oferecer aos homens o que seja útil ao seu progresso e à sua me-lhoria; e tantos outros procedimentos que demonstram a bondade e a misericórdia de Deus, com-preendidas cada vez mais pelos homens, de conformidade com o aumento da sua percepção com re-lação às Leis que regem o Universo e a sua existência.

A compreensão da Justiça Divina, no entanto, está vinculada à certeza da vida futura, vida queocorre após a morte do corpo físico, desvendando ao homem a sua condição de Espírito imortal emconstante processo de aperfeiçoamento, através da multiplicidade de suas encarnações.

Demonstrando a todos nós a grandiosidade da Justiça Divina, Allan Kardec apresenta, com de-talhes e exemplos, a vida no mundo espiritual, onde vamos encontrar os benefícios, as alegrias, as do-res e os sofrimentos, como resposta natural às nossas ações e realizações diante da Lei Maior, enquan-to encarnados. E o faz, não assentado em conclusões puramente teóricas, mas calcado em revelaçõese relatos consistentes de Espíritos habitantes do mundo espiritual, que falam das suas experiências,as quais, submetidas ao crivo da razão, não deixam dúvida quanto à sua realidade.

É justo, pois, que ao comemorarmos, neste agosto de 2005, os 140 anos do lançamento do livroO Céu e o Inferno, externemos aos Espíritos Superiores a nossa gratidão pelos ensinos revelados e aoCodificador a nossa sincera homenagem por mais este nobre trabalho, que ajuda a desvendar para aHumanidade os seus horizontes espirituais.

EditorialJustiça Divina

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Após o lançamento de O Livrodos Espíritos, em abril de1857, obra inicial e funda-

mental da Doutrina dos Espíritos,verificou o missionário Allan Kar-dec que sua missão não se encer-rara, como havia suposto inicial-mente.

Pelo contrário, o livro basilardo Espiritismo era apenas o marcoinicial de um grandioso edifício queseria construído através da coopera-ção entre o “discípulo lúcido doCristo” e os Espíritos Reveladores,à frente o Espírito da Verdade.

Decorridos século e meio des-de que o Codificador se interessoupela fenomenologia espírita, em1855, podemos perceber o admirá-vel planejamento da Espiritualida-de Superior para a vinda do Conso-lador prometido por Jesus.

Hoje se evidencia a sabedoriasuperior na escolha da época apro-priada para o cumprimento da pro-messa do Cristo – meados do sécu-lo XIX.

É justamente no “século das lu-zes” que se consolidaria a liberdadede expressão das idéias e dos pensa-mentos, em oposição às tiranias eao dogmatismo religioso; mas étambém nesse período que nascem,ou renascem filosofias materialistasprofundamente prejudiciais ao pro-gresso espiritual da Humanidade,

que precisavam ser contestadas emseus fundamentos e conclusões, car-regados de erros e desvios.

A presença do Espiritismo – oConsolador –, era o início de umaNova Era, a marca de um novotempo para retificações de suma im-portância para o homem da atuali-dade e do futuro, já que as filosofiase as religiões tradicionais haviam-sedesviado da verdade.

Os ensinos dos Espíritos, me-todicamente organizados pelo mis-sionário Allan Kardec, transfor-maram-se na Terceira Revelação, aDoutrina Espírita, na qual a Verda-de ressalta dos fatos e das realidadesque se patenteiam.

Na novel Doutrina, vasta eabrangente, seus fundamentos, prin-cípios e concepções baseiam-se narazão de ser de toda a Criação deDeus.

Não obstante a vastidão dosconhecimentos trazidos pelos Espí-ritos, com a reafirmação dos ensinosmorais do Cristo, a Doutrina formauma unidade dentro da diversidade.

Essa unidade doutrinária sinte-tizada no livro básico foi, posterior-mente, desdobrada pelos própriosautores – os Espíritos Reveladores eo Codificador – em quatro outrasobras, baseadas nas diferentes par-tes de O Livro dos Espíritos, comoé do conhecimento dos espíritas.

...

Após as edições de O Livro dosEspíritos, O Livro dos Médiuns e OEvangelho segundo o Espiritismo,surge O Céu e o Inferno, em agos-to de 1865.

O quarto livro da Codificação,que tem como subtítulo A JustiçaDivina segundo o Espiritismo, éum desdobramento da Quarta Par-te de O Livro dos Espíritos.

Toda a obra constitui-se em re-futação firme a todas as idéias, teo-rias, hipóteses, crenças e tudo maisque não corresponda à trajetória doEspírito eterno, desde sua criaçãopor Deus, simples e ignorante, atéao ápice a ser alcançado.

Demonstra quão insensatas sãoas teorias niilistas, que não tomamconhecimento do espírito, o ele-mento mais importante do Univer-so, para dar ênfase ao materialis-mo multifário, com todas as conse-qüências daí decorrentes. >

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Haverá algo pior para o ser in-teligente, racional, sensível, amoro-so, que chega à conclusão de quepassará ao nada, após a morte cer-ta que o espera?

Pois essa tormenta acompanhaos homens que cultivam o niilismoe o materialismo desde a vida pri-mitiva das cavernas, impressionadoscom a morte do corpo.

A Doutrina Consoladora, com-provando a continuidade da vidaapós o decesso do corpo, opõe arealidade à suposição inquietantedo nada. Esse aspecto da Doutrinapor si só já a recomendaria a umaconsiderável parcela da Humanida-de, a todos aqueles que não encon-tram solução para o grande proble-ma que os atormenta – a dissoluçãono nada.

Quando Allan Kardec indagaaos Espíritos Reveladores – “Deque maneira pode o Espiritismocontribuir para o progresso?” (ques-tão 799 de O Livro dos Espíritos) –,a resposta foi peremptória e inci-siva:

“Destruindo o materialismo,que é uma das chagas da sociedade,ele faz que os homens compreen-dam onde se encontram seus verda-deiros interesses. Deixando a vidafutura de estar velada pela dúvida,o homem perceberá melhor que,por meio do presente, lhe é dadopreparar o seu futuro.”

Além de errôneos e insensatos,o niilismo e o materialismo pro-duzem conseqüências anti-sociais,pelo desprezo à solidariedade e aoamor fraternal, já que o egoísmo é oproduto lógico da crença sobre umavida que se vai findar para sempre.

Duas outras doutrinas são fo-calizadas no capítulo inicial de OCéu e o Inferno, as quais, embora

não materialistas, levam a falsasconseqüências, em discordância coma realidade.

A primeira é a da absorção doprincípio inteligente no Todo Uni-versal. Por essa crença, cada indiví-duo assimila, ao nascer, uma parce-la do Todo, devolvendo-lhe essaparcela quando ocorre a morte.

Embora admitindo um princí-pio inteligente no homem, se esseprincípio é imerso em um reserva-tório comum, confundindo-se comele, cessa a individualidade, com to-das as conquistas conseguidas, parasempre.

Essa crença, pelos efeitos queproduz, equivale ao niilismo, já quedesaparecem a individualidade e aresponsabilidade, dissolvidas no To-do Universal.

A segunda teoria, o Panteísmo,considera toda a criação constituti-va da divindade, que é, ao mesmotempo, Espírito e matéria.

Para essa doutrina, Deus é oconjunto de tudo quanto existe,não havendo nenhum ser superiorregendo o conjunto.

A incoerência desse sistema res-salta à primeira vista. Como pode-riam os seres imperfeitos, espalha-dos por todo o Universo, ser, aomesmo tempo, responsáveis por to-da a sabedoria e perfeição das leisda Natureza?

Como observa sensatamente aobra em exame, uma teoria só podeser aceita como verdadeira se satisfazà razão, em primeiro lugar. (Ver item8, p. 18 da 1. ed. especial. Ed. FEB.)

A razão e a lógica, com base naobservação dos fatos, conduzem oshomens a considerar, em primeirolugar, a individualidade do Espírito.

Todas as religiões admitem a in-dividualidade da alma, com suas

qualidades modificando-se conti-nuamente. A responsabilidade indi-vidual decorre da liberdade de cadaser.

Como decorrência natural daindividualidade e da responsabilida-de, aliadas à imortalidade da almahumana, após a morte do corpo fí-sico, surgiram, nas religiões da an-tiguidade e das eras que se segui-ram, até os nossos dias, as crençasnas penas e gozos futuros.

As crenças no céu, no inferno,no purgatório, em regiões celestiaisou de sofrimentos, numa profusãode denominações que vem dos povosmais antigos, tornaram-se comunsno seio de toda a Humanidade.

As próprias instituições cristãs,as Igrejas criadas com base nosEvangelhos, não fugiram às concep-ções de céu e inferno para a vida fu-tura do Espírito imortal.

Era necessária a presença doEspiritismo, o Consolador prome-tido por Jesus, para aclarar a vidafutura, dando interpretação corretaà terminologia utilizada nos Evan-gelhos e no Velho Testamento, e de-monstrar com fatos, com depoi-mentos pessoais e com provasirrecusáveis o que ocorre com osEspíritos, após o decesso do corpofísico.

...

O subtítulo Justiça Divina da-do à obra O Céu e o Inferno justi-fica-se plenamente pelo fato de quecada Espírito que volta às EsferasEspirituais recebe o retorno de suasobras, de suas idéias, do que fez oudeixou de fazer.

O bem ou o mal de sua res-ponsabilidade são os determinantespara as recompensas ou as retifica-

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ções futuras, seja na vida espiritualou em novas vivências em mundosmateriais.

É a Justiça Infalível estabelecidanas leis divinas funcionando automa-ticamente pela vontade do Criador.

Está dividida em duas partes aquarta obra da Codificação.

A Primeira Parte ocupa-se dasustentação doutrinária das idéiasretificadoras trazidas pela Nova Re-velação.

Para isso discorre sobre a mor-te, o futuro do ser, o céu, o infernoe o purgatório, segundo as crençasdiversas e segundo os ensinos dosEspíritos Reveladores, facilitando acomparação entre as diversas dou-trinas e o Espiritismo.

Trata ainda de assuntos que di-zem respeito aos anjos e demônios,criações de diversas religiões, e ainterpretação espírita sobre essas en-tidades referidas nos livros sagrados.

A Segunda Parte da obra, foca-lizando inicialmente a transição davida corporal para a espiritual, coma extinção da vida orgânica, mostraas múltiplas situações em que o Es-pírito se encontra, logo após o de-senlace.

Os diversos depoimentos deEspíritos que passavam à vida espi-ritual foram grupados por AllanKardec de conformidade com a si-tuação de cada um, de felicidade ouinfelicidade, decorrentes de suasações no bem e no mal, não somen-te na última vivência terrena mastambém em outras existências.

Desfilam então os testemunhosdos Espíritos felizes, dos que apre-sentam condições medianas, dos so-fredores, dos suicidas, dos crimino-sos arrependidos, dos Espíritos en-durecidos e dos que passaram porduras expiações terrestres.

A multiplicidade das situaçõesfocalizadas corresponde à variedadeda vida das criaturas na Terra.

São Espíritos de pessoas co-muns, ou que se destacaram na or-ganização social, ou desconhecidos;criaturas arrogantes ou humildes;conformadas ou inconformadas comsua situação espiritual.

Alguns depoimentos são de Es-píritos que se relacionaram com opróprio Codificador, antes de de-sencarnarem, numa demonstraçãode que o relacionamento das criatu-ras pode continuar após a morte.

Os esclarecimentos do Codifi-cador, abaixo transcritos, auxiliam--nos a melhor compreender as cir-cunstâncias da vida, regidas poruma justiça indefectível.

“Os exemplos que vamos trans-crever mostram-nos os Espíritos nasdiferentes fases de felicidade e infe-licidade da vida espiritual. Não fo-mos procurá-los nas personagens

mais ou menos ilustres da antigüi-dade, cuja situação pudera ter mu-dado consideravelmente depois daexistência que lhes conhecemos, eque por isto não oferecessem provassuficientes de autenticidade. Aocontrário, tomamos esses exemplosnas circunstâncias mais ordináriasda vida contemporânea, uma vezque assim pode cada qual encon-trar mais similitudes e tirar, pelacomparação, as mais proveitosas ins-truções. Quanto mais próxima denós está a existência terrestre dosEspíritos – quer pela posição social,quer por laços de parentesco ou demeras relações – tanto mais nos in-teressamos por eles, tornando-se fá-cil averiguar-lhes a identidade. Asposições vulgares são as mais co-muns, as de maior número, poden-do cada qual aplicá-las em si, demodo a tornarem-se úteis, ao passoque as posições excepcionais como-vem menos, porque saem da esferados nossos hábitos.” (Nota de roda-pé no 1, p. 210, 1. ed. especial. Ed.FEB.)

Longe, pois, de simples teoriasou hipóteses sobre a vida futura quenos espera, são os próprios Espíri-tos que vêm informar aos homenso que ocorre após a morte, refutan-do, por essa forma, todas as crençasreligiosas e filosóficas que pregam aexistência de um céu, um inferno,ou o nada, ou a fusão no Todo Uni-versal.

É a Verdade, a realidade que aDoutrina Consoladora apresenta naNova Era do Espírito, em substitui-ção às hipóteses e crenças criadaspela ignorância humana, através dasidades.

É a Doutrina Espírita explican-do que todos nos encontramos depassagem em um mundo de expia-

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Longe, pois, de

simples teorias ou

hipóteses sobre a

vida futura que nos

espera, são os

próprios Espíritos

que vêm informar

aos homens

o que ocorre

após a morte

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ções e provas, buscando o próprioburilamento da individualidadeeterna.

A sepultura não é o fim dacriatura, como pensam os niilistas,assim como o nascimento não é oprincípio da vida do ser, comopensam os religiosos de diver-sas tradições. Todas as criaturasjá existem como Espíritos, an-tes do berço e prosseguem na mar-cha evolutiva, após a morte docorpo.

A Doutrina Consoladora mos-tra a Justiça das leis divinas, quenão concede privilégios, mas dá atodos o retorno do bem ou do malque cada um pratica.

...

O Céu e o Inferno foi lançadopor Allan Kardec em 1o de agostode 1865.

A Revista Espírita de setembrode 1865 informa sobre o lançamen-to da obra, indicando seu objetivoe conteúdo.

São palavras do Codificador:“O título desta obra indica

claramente o seu objetivo. Aí reu-nimos todos os elementos própriospara esclarecer o homem sobre o seudestino. Como nos nossos outros es-critos sobre a Doutrina Espírita, aínada introduzimos que seja produ-to de um sistema preconcebido, oude uma concepção pessoal, que nãoteria nenhuma autoridade: tudoaí é deduzido da observação e daconcordância dos fatos.” (RevistaEspírita, p. 377-378, 2. ed. Ed.FEB.)

A tradução da obra para o ver-náculo é de autoria de Manuel Jus-tiniano Quintão, ex-Presidente daFEB.

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Lugar depois da morte

Muitas vezes perguntas, na Terra, para onde seguirás, quando amorte venha a surgir...

Anseias, decerto, a ilha do repouso ou o lar da união com aquelesque mais amas...

Sonhas o acesso à felicidade, à maneira da criança que suspira pe-lo colo materno...

Isso, porém, é fácil de conhecer.Toda pessoa humana é aprendiz na escola da evolução, sob o uni-

forme da carne, constrangida ao cumprimento de certas obrigações:nos compromissos do plano familiar;nas responsabilidades da vida pública;no campo dos negócios materiais;na luta pelo próprio sustento...O dever, no entanto, é impositivo da educação que nos obriga a

parecer o que ainda não somos, para sermos, em liberdade, aquilo querealmente devemos ser.

Não olvides, assim, enobrecer e iluminar o tempo que te pertence.

...Não nos propomos nivelar homens e animais; contudo, numa

comparação reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outrosda natureza trazidos ao regime do espírito encarnado na esfera física.

O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre àpastagem, onde se refocila na satisfação dos próprios impulsos.

A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico,se for libertada, desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio ve-neno.

O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imun-dície.

A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se,torna, incontinenti, à colméia e ao trabalho.

A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da gra-de, voa no rumo da primavera.

Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás semninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte,examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Justiça Divina. Estudos e dissertações em torno dasubstância religiosa de O Céu e o Inferno, de Allan Kardec. 10. ed. Brasília (DF):FEB, 2002, p. 85-86.

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O jornal O Globo, na sua edi-ção de 11 de janeiro de 2005, repu-blicou texto assinado pelo colunis-ta William Safire, do New YorkTimes, questionando o Criador arespeito do que aconteceu no Su-deste da Ásia, dizendo textualmen-te: “Depois do cataclismo, com fo-tos de pais chorando sobre criançasmortas atingindo a consciência hu-mana em todo o mundo, surgemquestões que abalam a fé: onde es-tava Deus? Por que uma divindadeboa e toda-poderosa permite quetanto mal e pesar caiam sobre mi-lhares de inocentes? O que essaspessoas fizeram para merecer tama-nho sofrimento?”.

Diante das questões do colu-nista norte-americano, embora nãotenha procuração de Deus para di-zer onde Ele sempre esteve, pois écerto que nunca esteve ausente deSua obra, e para defendê-lO tam-bém da imagem de injusto, devodizer inicialmente que os maioresfilósofos e estudiosos da cosmologiae da metafísica dedicaram sua inte-ligência ao entendimento da figurade Deus, criando a Teodicéia. Doisassuntos dessa ciência foram: a exis-tência e a essência de Deus.

Deve-se, porém, a Tomás deAquino, autor da Summa Theoló-gica, a prova da existência de Deus,baseada nos seguintes argumentosmetafísicos assim sintetizados: 1) Seno mundo existe movimento oumudança, que caracteriza o vir-a-ser,deve existir um motor primeiro que

não seja movido por nenhum ou-tro, pois, se tudo fosse movido, te-ríamos efeito sem causa. 2) Há umacausa absolutamente primeira, trans-cendente às causas em geral; assim,se existem as causas segundas, deveexistir a causa primeira, porque ascausas segundas são efeitos. 3) Exis-tem seres contingentes, que não

possuem em si mesmos a razão desua existência, que são, mas pode-riam não ser; se existem seres con-tingentes, deve existir um ser ne-cessário. 4) Nas coisas existem vá-rios graus de perfeição, referentes àbeleza, à bondade, à inteligência e àverdade; deve haver então um serinfinitamente perfeito, porque o re-lativo exige o absoluto. 5) E ainda,a prova pela ordem do mundo, pe-la organização complexa do Univer-so e pelo governo das coisas, tudo

devido a uma inteligência ordena-dora, superior, absoluta, necessá-ria.

Com base em tais raciocínios,demonstrando ser Deus a Inteligên-cia Suprema do Universo e a CausaPrimeira de todas as coisas, Sua es-sência é de natureza espiritual, con-forme a resposta dos Espíritos Su-periores à questão no 1 de O Livrodos Espíritos. Para melhor entendê--lO, costumamos adjetivá-lO, poiso adjetivo, limitando-O, torna-Omais acessível à nossa compreensãolimitada. Por isso, relacionamos osatributos de Deus, como está naquestão no 13 dessa obra básica daDoutrina Espírita: é eterno; é imu-tável; é imaterial; é único; é onipo-tente; e, por fim, é soberanamentejusto e bom.

Segundo o Espiritismo, Deus édistinto de sua criação, como estáesclarecido na questão 77 de O Li-vro dos Espíritos, repelindo por es-se motivo a doutrina panteísta, queo concebe como parte integrante dasua própria criação. Nesse sentido,os conceitos de imanência e trans-cendência são inseparáveis quandoO analisamos, conforme determinaa concepção dualista que admite aseparação da essência substancial deDeus, o Criador, de Sua criação.

Como se sabe, imanência deDeus significa Sua presença espiri-tual em tudo, como causa final euniversal, uma vez que Ele é o Cria-dor de todas as coisas e seres. Entre-tanto, a imanência de Deus não im-

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Onde Deus sempre esteveGerson Simões Monteiro

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pede sua absoluta independênciaem relação ao Universo, que Elecriou, e é isso que denominamos detranscendência. Assim, imanência etranscendência integram a naturezaDivina, pois, sem a primeira, Deusse faria estranho ao Universo e nãoseria, por isso, infinito e nem per-feito. Sem a transcendência, Deusseria idêntico ao Universo e tam-bém imperfeito, como o próprioUniverso em evolução.

Infelizmente, embora o colu-nista William Safire admita a exis-tência de Deus, ele duvida da Suajustiça diante dos sofrimentos dasvítimas do tsunami, ignorando oudesconhecendo os fundamentos aquiexpostos. Isso acontece porque as fi-losofias tradicionais e as crenças re-ligiosas, baseadas na hipótese deque o homem foi criado para umaúnica existência na Terra, não con-seguem explicar as diferenças indi-viduais entre os homens e os sofri-mentos coletivos, como os causadospelo maremoto que atingiu cente-nas de milhares de pessoas, e con-cluem de pronto que Deus é injus-to e cruel para os seus filhos.

No entanto, a solução para es-se aparente enigma está na palinge-nesia, na lei da reencarnação, a úni-ca que pode explicar com lógica asdiferenças individuais e coletivas naHumanidade. Por meio das vidassucessivas, podemos entender per-feitamente o funcionamento da leide ação e reação, a mesma que agesobre o indivíduo, a família, a na-ção, as raças, enfim, o conjunto doshabitantes dos mundos, os quaisformam individualidades coletivas,expressão cunhada pelo EspíritoClélia Duplantier, em Obras Póstu-mas, de Allan Kardec a respeito dasexpiações coletivas.

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Onde está DeusJosé Soares Cardoso

Onde estás Deus? – perguntou o cientista.Ninguém o viu jamais. Quem é ele?Responde às pressas o materialista:– Deus é somente uma invenção da Fé...

O pensador dirá sensatamente:– Não vejo Deus, mas sinto que ele existe, a Natureza mostra claramente.Onde o poder do Criador consiste!

Mas o poeta dirá, com a segurança de quem afirma porque tem certeza:– Eu vejo Deus no riso da criança, no céu, no mar, na luz da Natureza!...

Contemplo Deus, brilhando nas estrelas, no olhar das mães fitando os filhos seus;nas noites de luar claras e belas, em tudo pulsa o coração de Deus!...

Eu vejo Deus nas flores e nos prados,nos astros a olhar pelo infinito, escuto Deus na voz dos namorados, e sinto Deus na lágrima do aflito...

Percebo Deus na frase que perdoa,contemplo Deus na mão que acaricia,encontro Deus na criatura boae sinto Deus na paz e na alegria!...

Eu vejo Deus no médico salvando,pressinto Deus na dor que nos irmana,descubro Deus no sábio procurandocompreender a natureza humana...

Eu vejo Deus no gesto de bondade,escuto Deus nos cânticos do crente,percebo Deus, no sol, na liberdadee vejo Deus na planta e na semente...

Eu vejo Deus enfim por toda a parte,que tudo fala dos poderes seus,descubro Deus nas expressões da Arte,no amor dos homens também sinto Deus!...

Mas onde eu sinto Deus com mais beleza,na sua mais sublime vibração,não é no coração da Natureza...É dentro do meu próprio coração!...

Fonte: A Tribuna (Santos-SP), de 8/5/1977.

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P. – Quais as principais açõesda Confederação Espírita Colom-biana?

Villarraga – A ConfederaçãoEspírita Colombiana (CONFECOL),segundo informes já apresentadosna Reunião Geral do Conselho Es-pírita Internacional, em Paris, vemdesenvolvendo importantes ativida-des no território colombiano. Des-tacamos o Seminário Nacional deAtualização e Capacitação nas ÁreasJurídicas, Contábeis e Tributáriaspara entidades sem fins lucrativos,organizado pela Vice-Presidência deAssistência Social da CONFECOL.Realizou-se o censo para as Fede-rações e Centros federados. Foramvisitadas as Federações Espíritasem nível regional, que compõem aCONFECOL, tratando de assuntosrelacionados com a divulgação dou-trinária, assistência e promoçãosocial, a família, a infância e a ju-ventude, partes administrativa e le-gal, e estreitando os vínculos deunião, unificação e fortalecimentodo Movimento Espírita colom-biano. Em abril de 2004, ocorreuem Bogotá o X Congresso Espíri-ta Colombiano, em homenagemao Bicentenário de Nascimento de

Allan Kardec. No final de maio,deste ano, realizou-se o VII Con-gresso Colombiano de DirigentesEspíritas, em Bogotá. Finalmente,nos permitimos informar que reali-zaremos o 5o Congresso EspíritaMundial, promovido pelo CEI, emoutubro de 2007.

P. – Qual a tradição de vocêsna realização de eventos nacio-nais?

Villarraga – Na história do Mo-vimento Espírita colombiano, antesde realizar os Congressos EspíritasNacionais realizávamos, em diver-sas cidades, Assembléias EspíritasNacionais, Seminários Nacionais eEncontros Fraternais Espíritas. Des-de a década de 1980 passamos a rea-

lizar Congressos Espíritas na Co-lômbia. Já foram efetivados dezCongressos Espíritas Nacionais, uma cada dois ou três anos, cuja sedecorresponde a uma Federação e ci-dade diferentes. O X Congresso Es-pírita Colombiano foi realizado nacidade de Bogotá em abril de 2004,em homenagem ao Bicentenário deNascimento de Allan Kardec, como tema central O Legado de Kardecpara a Humanidade, que contoucom uma participação de mais de600 pessoas.

P. – Quantas instituições espí-ritas atuam na Colômbia?

Villarraga – Contamos comum total de 55 instituições espíritasna Colômbia, que incluem os Cen-tros e Sociedades espíritas filiados esimpatizantes. Estes Centros estão,por sua vez filiados a alguma das se-te federações que existem no País eque estão ligadas à CONFECOL. AsFederações que integram atualmen-te a CONFECOL são as das seguin-tes regiões: Cundinamarca (FEC),Sul-colombiano (FEDESUR), Cos-ta Atlântica (FEDCA), Pacífico(FESPA), Tolima (FEESPTOL), San-tander (FEDESAN), Centro-Oci-dente (FESCO). >

ENTREVISTA: FABIO VILLARRAGA BENAVIDES

Colômbia sediará o 5o Congresso Espírita Mundial

Fabio Ricardo Villarraga Benavides, dirigente colombiano e da Coordenadoria do Conselho Espírita

Internacional para a América do Sul, fala sobre o Movimento Espírita na Colômbia e no Continente

Sul-Americano, com informações sobre o 5o

Congresso Espírita Mundial

Fabio Villarraga Benavides

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Page 12: Revista Reformador de Agosto de 2005

P. – Como se encontra a im-plantação da Coordenadoria doCEI para a América do Sul?

Villarraga – O trabalho daCoordenadoria do CEI para aAmérica do Sul tem tido plenoapoio e respaldo do Secretário-Ge-ral Nestor João Masotti, desde suacriação no ano de 2002. As duasreuniões da Coordenadoria, emBuenos Aires (2003) e em La Paz(2005) desenvolveram-se de formasatisfatória, nas quais se foi deli-neando a estrutura de trabalho uni-ficado de acordo com as diretrizesdo CEI. Todos os países sul-ameri-canos têm, em geral, atendido aochamado do CEI, participando fra-ternalmente nas reuniões progra-madas. Teremos nossa próximareunião do CEI-América do Sul emoutubro de 2007, na cidade deCartagena, Colômbia, integradacom a reunião do CEI, durante o5o Congresso Espírita Mundial. Te-mos observado com entusiasmo odesenvolvimento dos trabalhos dediversos Movimentos Espíritas sul--americanos (Uruguai, Paraguai,Bolívia, Brasil, Peru, Equador, Ar-gentina e Colômbia), e seu cres-cimento em decor-rência do esforçoconstante dos diri-gentes espíritas dosdiversos países, osquais plasmam comamor o trabalho es-pírita – marcas deespiritualidade e de-dicação ao ideal noroteiro e compro-misso estabelecidoscom Deus, Jesus eKardec.

P. – Há difusãoda edição em espa-

nhol da atual La Revista Espíritafrancesa?

Villarraga – Sim, em todos osPaíses sul-americanos existe difusãoe distribuição de La Revista Espíri-ta, edição em espanhol, que tem ti-do boa acolhida pela excelente dia-gramação e apresentação da infor-mação espírita nos diferentes núme-ros. Realizou-se um balanço muitopositivo da mesma durante a 2a

Reunião do CEI-América do Sul,realizada em La Paz (Bolívia), emmarço de 2005, onde os diversosnúcleos de distribuição de La Re-vista Espírita se reportaram a umagrande distribuição e difusão damesma. Aprovou-se nesta 2a Reu-nião do CEI-América do Sul queLa Revista Espírita seja distribuídapela respectiva instituição, respon-sável por sua difusão, às principaishemerotecas e bibliotecas da cida-de, para que se multiplique o poderdifusor da informação espírita alicontida, já que estaria à disposiçãode numerosos estudiosos e investi-gadores que consultam tais institui-ções de caráter cultural.

P. – Quais as expectativas pa-ra o 5o Congresso Espírita Mundial?

Villarraga – Há expectativasmuito boas para a realização desteCongresso na Colômbia em outu-bro do ano de 2007. Estamos ale-gres e dispostos ao trabalho espíri-ta para a organização e realizaçãodo 5o Congresso Espírita Mun-dial; durante a 2a Reunião de Co-ordenadoria do CEI em La Paz(Bolívia) definiu-se entre os paísespresentes a sua realização na cida-de de Cartagena de Índias, naColômbia. Realizamos a primei-ra reunião preparatória para o5o CEM, em Cartagena, no dia14 de maio, durante reunião daJunta Diretora da Federação Es-piritista da Costa Atlântica, daqual participaram o Presidente daCONFECOL e o Coordenador doCEI para América do Sul. Foi umareunião onde apresentamos asnormas do CEI para os Congres-sos Espíritas Mundiais, que foramaprovadas em Miami em 1994,assim como um modelo de Regu-lamento Interno para o 5o CEMe o Organograma do CongressoMundial com todas as instituiçõesque participam deste evento trans-cendental.

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Mateus, 21:28-32

Conversando com os fariseus,os impertinentes contestado-res, Jesus contou pequena pa-

rábola:Um homem, pai de dois filhos,

disse ao primeiro:

– Filho, vai trabalhar hoje navinha.

Respondeu o filho:

– Não quero.

Arrependendo-se, acabou aten-dendo à convocação.

Dirigindo-se ao segundo filho,fez idêntica recomendação. Esteconcordou prontamente:

– Eu irei, senhor.

Disse de boca apenas, por-quanto não foi.

Perguntou Jesus:

– Qual dos dois fez a vontadedo pai?

Responderam os fariseus:

– O primeiro.

Concluiu o Mestre:

– Em verdade vos digo que os

publicanos e as meretrizes vos pre-cederão no Reino de Deus.

Porque João veio a vós no ca-minho da justiça e não acreditastesnele, enquanto os publicanos e asmeretrizes acreditaram nele.

Vós, porém, mesmo vendo issonão vos arrependestes depois, paraacreditar nele.

...

Enunciado simples, significadoprofundo.

O senhor da parábola, comositua o Mestre, é Deus.

Fica evidente que nas relaçõesentre o Criador e as criaturas, o Paie os filhos, há um valor básico:

O livre-arbítrio.A liberdade de ir e vir, de fazer

de acordo com a própria iniciativa,sem pressões ou ameaças.

As pessoas imaginam queDeus deveria impor Sua justiça,castigando os maus, premiando osbons.

Profitentes religiosos exaltados

desejam ardentemente que a ira di-vina se abata sobre árabes ou ju-deus, conflitados no Oriente Mé-dio, conforme o time de sua pre-ferência. Desejam muitos que os fa-náticos de ambos os lados, belico-sos e agressivos, sejam atingidos pe-lo raio que os parta, como se dizpopularmente.

Mas, se agisse assim, Deus te-ria o mesmo comportamento tro-glodita que caracteriza esses extre-mistas, dispostos a resolver suaspendências no braço, a agir como sefossem moleques de rua.

A responsabilidade é plantafrágil.

Só viceja em clima de liber-dade.

Imprescindível que a exercite-mos, a fim de sermos responsabili-zados por nossos atos, consoante aLei de Causa e Efeito, tão bem de-finida pela Doutrina Espírita, eenunciada por Jesus, ao proclamar(Mateus, 16:27):

A cada um segundo suas obras.

O pai que castiga severamenteo mínimo deslize do filho, impon-do-se pelo medo, sem diálogo, semdemonstrações de afeto, lamentará,mais tarde, os estragos produzidosem sua personalidade – inibição,insegurança, introversão, timidez…

Poderá ser pior – rebeldia, agres-sividade, revolta, vícios…

Não é assim que o Pai Celestelida com Seus filhos. >

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Atender e fazerRichard Simonetti

A responsabilidade

é planta frágil.

Só viceja

em clima

de liberdade

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Não impõe nada e sempre nosconvida para a vinha.

O convite expressa-se de váriasformas:

� Nos princípios religiosos.

� Nas vidas exemplares.

�Nos impulsos do Bem.

� Nas idéias de caráter edifi-cante.

O filho que responde afirmati-vamente simboliza os que freqüen-tam os Templos, as Igrejas, os Cen-tros Espíritas, mas cujo comporta-mento é negativo.

São meros religionários, sectá-rios de uma religião. Não viven-ciam o que estão aprendendo. Denada vale bater no peito, procla-mando que aderimos à Vinha doSenhor, se as nossas atitudes disse-rem o contrário.

O filho que responde negativa-mente simboliza os que, emboranão vinculados a movimentos reli-giosos, agem com religiosidade, em-penham-se em cumprir o que delesespera Deus.

A parábola lembra algumasexpressões do Canto de Ossanha,de Baden Powell e Vinícius de Mo-rais:

O homem que diz “dou” nãodá, porque quem dá mesmo nãodiz.

Os servidores autênticos prefe-rem o anonimato.

Quem exalta supostas virtudesapenas faz propaganda de si mes-mo.

O homem que diz “vou” não

vai, porque quando foi já nãoquis.

Os caminheiros decididos nãose enredam com meras palavras.

O homem que diz “sou” nãoé, porque quem é mesmo não dizque é.

Os sábios legítimos reconhe-cem suas próprias limitações.

Quem se julga dono da verda-de carece de humildade, apanágioda verdadeira sabedoria.

...

Instigante a observação deJesus:

– Os publicanos e as meretrizesvos precederão no Reino de Deus.

Atente a esse fato, leitor amigo:O Mestre não está afirmando

que os fariseus seriam barrados, masque, por não serem sinceros, teriamseu ingresso retardado.

Diríamos que para lá chegar,deveriam enfrentar atribulações edores tendentes a modificar suasdisposições.

Beleza de idéia!Está bem de acordo com a jus-

tiça e a bondade de Deus.Todos entraremos no Reino,

sem exceção, tanto mais depressaquanto maior o nosso empenho emfavor da própria renovação.

Não ficarão de fora nem mes-mo os que se envolvem com o fari-saísmo, a se comprometerem na fal-sa religiosidade.

Para nós, podem ser detestáveisagentes do mal.

Para Deus, apenas filhos trans-viados, que encontrarão, um dia, oroteiro do Bem.

...

Se o fariseu passava a existênciana base do vou, mas não vai, trans-ferindo-se para o Plano Espiritualcheio de dívidas e compromissosnão cumpridos, como poderia en-trar no Reino?

Bem, se os seus comprometi-mentos eram com a existência hu-mana, seria de boa lógica que os re-solvesse aqui.

Observe, prezado leitor, que nocélebre encontro com Nicodemos,Jesus proclama (João, 3:3):

Em verdade, em verdade tedigo que quem não nascer de novo,não pode ver o Reino de Deus.

Temos aí uma evidência daReencarnação.

Através de múltiplas existên-cias, retornando à Terra, incessante-mente, para experiências regene-radoras, os fariseus terminariam,finalmente, por aderir ao Reino,não por meras palavras, mas porações.

E todos nós, habitantes desteplaneta de provas e expiações, habi-tuados a eleger o egoísmo comoorientação de vida, temos participa-do, milenarmente, do time dos quedizem:

Dou, mas não dão…Vou, mas não vão…Sou, mas não são…

Praza aos Céus tenhamosaprendido as lições e estejamos dis-postos, desta feita, a atender aosapelos da própria consciência, exer-citando de verdade o dar, o ir e oser, buscando as gloriosas realizaçõesdo Reino!

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Filhos, o Senhor nos abençoe.Efetivamente, as vossas responsabilidades no pla-

no terrestre vos concitam ao trabalho árduo no que serefere à implantação das idéias libertadoras da Dou-trina Espírita, que fomos trazidos a servir. Em verda-de, nós outros, os amigos desencarnados, até certoponto, nos erigimos em companheiros dainspiração, mas as realidades objetivassão vossas, enquanto desfrutardes asprerrogativas da encarnação.

Compreendamos, assim, quea vossa tarefa na divulgação doEspiritismo é ação gigantesca,de que vos não será lícito reti-rar a atenção.

Nesse aspecto do assunto,urge considerarmos o imposi-tivo da distribuição eqüitativae plena dos valores espirituais,tanto quanto possível, a bene-fício de todos.

Devotemo-nos à cúpula, devez que em qualquer edificação oteto é a garantia da obra, no entan-to, é forçoso recordar que a edificaçãoé de serventia ou deve servir à vivência dequantos integram no lar a composiçãodoméstica. Em Doutrina Espírita, encontramos aTerra toda por lar de nossas realizações comunitáriase, por isso mesmo, a cúpula das idéias é conclamada aexercer a posição de cobertura generosa e benéfica, emauxílio da coletividade.

Não vos isoleis em quaisquer pontos de vista, se-jam eles quais forem.

Estudai todos os temas da humanidade e ajustai--vos ao progresso, cujo carro prossegue em marcha ir-reversível.

Observai tudo e selecionai os ingredientes que vospareçam necessários ao bem geral. Nem segregação nacultura acadêmica nem reclusão nas afirmativas dosentimento.

Vivemos um grande minuto na existência plane-tária, no qual a civilização, para sobreviver, há de al-çar o coração ao nível do cérebro e controlar o cére-bro, de tal modo que o coração não seja sufocadopelas aventuras da inteligência.

Equilíbrio e justiça. Harmonia e compreen-são.

Nesse sentido, saibamos orientar apalavra espírita no rumo do entendi-

mento fraternal.Todos necessitamos de sua luz

renovadora.Imperioso, desse modo, sa-

ber conduzi-la, através das tem-pestades que sacodem o mun-do de hoje, em todos os distri-tos da opinião.

Congreguemos todos oscompanheiros na mesma for-mação de trabalho, conquanto

se nos faça imprescindível a sus-tentação de cada um no encargo

que lhe compete.Nenhuma inclinação à desor-

dem, a pretexto de manter coesão, enenhum endosso à violência sob a des-

culpa de progresso.Todos precisamos penetrar no conhecimen-

to da responsabilidade de viver e sentir, pensar efazer.

Os melhores necessitam do Espiritismo para nãoperderem o seu próprio gabarito nos domínios da ele-vação; os companheiros da retaguarda evolutiva neces-sitam dele para se altearem de condição. Os felizesreclamam-lhe o amparo, a fim de não se desmanda-rem nas facilidades que transitoriamente lhes enfeitamas horas, e os menos felizes pedem-lhe o socorro, a fimde se apoiarem na certeza do futuro melhor; os maisjovens solicitam-lhe os avisos para se organizarem pe-rante a experiência que lhes acena ao porvir e os com-panheiros amadurecidos na idade física esperam-lhe o

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Divulgação Espírita

Bezerra de Menezes

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auxílio para suportar com denodo e proveito as liçõesque o mundo lhes reserva na hora crepuscular.

Assim sendo, tendes convosco todo um mundode realizações a mentalizar, preparar, levantar, cons-truir.

Não nos iludamos. Hoje dispondes da ação, nocorpo que envergais; amanhã seremos nós, os amigosdesencarnados, que vos substituiremos na arena deserviço.

A nossa interdependência é total.E, ante a nossa própria imortalidade, estejamos

convencidos de que voltaremos sempre à retaguardapara corrigirmos, retificando os erros que tenhamos,acaso, perpetrado.

Mantenhamo-nos, por isso, vigilantes.Jesus na Revelação e Kardec no Esclarecimento

resumem para nós códigos numerosos de orientaçãoe conduta.

Estamos ainda muito longe de qualquer supera-ção, à frente de um e outro, porque, realmente, os ob-jetivos essenciais do Evangelho e da Codificação exi-gem ainda muito esforço de nossa parte para serem,por fim, atingidos.

Finalizando, reflitamos que sem comunicação nãoteremos caminho.

Examinemos e estudemos todos os ensinos daverdade, aprendendo a criar estradas espirituais deuns para os outros. Estradas que se pavimentem nacompreensão de nossas necessidades e problemas emcomum, a fim de que todas as nossas indagações equestões sejam solucionadas com eficiência e segu-rança.

Sem intercâmbio, não evoluiremos; sem debate,a lição mora estanque no poço da inexperiência, atéque o tempo lhe imponha a renovação. Trabalhemosservindo e sirvamos estudando e aprendendo. E guar-demos a convicção de que, na Bênção do Senhor, es-tamos e estaremos todos reunidos uns com os outros,hoje quanto amanhã, agora como sempre.

Bezerra

(Comunicação recebida em 6-12-1969 pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier. Ext. de Reformador de abril de 1977,p. 104.)

Na TerraRenascendo no mundo da Quimera,Ao colhermos a flor da juventude,É quando o nosso Espírito se ilude,Julgando-se na eterna primavera.

Mas o tempo na sua mansuetude,Pelas sendas da vida nos espera,Junto à dor que esclarece e regenera,Dentro da expiação estranha e rude.

E ao tombarmos no ocaso da existência,Nós revemos do livro da consciênciaOs caracteres grandes, luminosos!...

Se vivemos no mal, quanta agonia!Mas se o bem praticamos todo o diaComo somos felizes, venturosos!...

“Post mortem”Depois da morte, tudo aqui subsiste,Neste Além que sonhamos, que entrevemos,Quando a nossa alma chora nos extremosDessa dor que no mundo nos assiste.

Doce consolação, porém, existeAos amargosos prantos que vertemos,Do conforto celeste os bens supremosAo coração desalentado e triste.

Também existe aqui a austera penaÀ consciência infeliz que se condena,Por qualquer erro ou falta cometida;

E a Morte continua eliminandoA influência do mal, torvo e nefando,Para que brilhe a Perfeição da Vida.

Poetas do Além – Raul de Leoni

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de Além-Túmulo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 428-429. Edição Comemorativa – 70 anos.

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Os habitantes da Terra com-põem duas ordens distintas: ados que entendem a vida hu-

mana adstrita somente à do corpofísico e a dos que crêem na existên-cia da alma, que prevalece além damorte.

Quanto aos primeiros, os ma-terialistas, não há muito a dizer doseu entendimento, porque está com-preendido nos estreitos limites en-tre a concepção e o perecimento docorpo.

A importância essencial para oser humano, com espaço infinitopara meditar e raciocinar, é a da vi-da que estua além do túmulo. Esta,a vida do Espírito, é a que represen-ta os fundamentos dos espiritualis-tas, sobretudo os dos seguidores daDoutrina Espírita. Ela ensina que aalma não é uma abstração. O Espí-rito é um ser real, criado por Deuse destinado por Ele a se aperfeiçoarna longa via evolutiva.

O Espiritismo se distingue en-tre todas as doutrinas, religiões ecrenças porque sua Filosofia é pró-pria e inconfundível, sua pujança éincontestável, repousando nas pró-prias Leis da Natureza. Por issotransmite inabalável convicção naexistência de Deus e da alma, combase na razão. Embora tenha sidorevelado à Humanidade em épocarelativamente recente da História,sempre acompanhou o ser humano,desde sua criação, porque é ineren-te à Natureza e às suas leis, às quais

tudo e todos os seres estão subme-tidos, independentemente da com-preensão humana.

As características do Espiritis-mo e de sua Filosofia proporcionamao seu seguidor consciente a fé ro-busta, irrecusável e inamovível, queo leva a não hostilizar o próximo,também caminhante da eternidade,seja religioso ou não. Faculta aoadepto ser tolerante, sabedor de quenosso planeta é mundo de provas eexpiações, onde todos nós ainda es-tamos atados a imperfeições e sofri-mentos.

Por outro lado, os espíritas au-tênticos não devem preocupar-secom práticas e crenças que possamser confundidas com as suas, asda Doutrina, bem assim com pro-nunciamentos de segmentos daCiência tradicional do mundo. Agirnas lides do Espiritismo, ou emitiropiniões sobre ele, são atitudes queexigem conhecimento de seus pos-tulados, sem o qual não podemnem devem ser consideradas. De-vem permanecer dentro de suasfronteiras, mesmo porque essa Dou-trina é também de caráter científi-co. É, portanto, o Espiritismo dou-trina de tríplice feição: científica, fi-losófica e religiosa. Sua filosofia éprópria, independente de qualqueroutra. Sua natureza religiosa temapoio na razão, na lógica, na verda-de, para conduzir a criatura huma-na ao Criador, o Senhor da Vida.Quanto ao seu caráter científico,não se limita a examinar os fatos

em suas repercussões, porque re-monta às suas origens, às suas cau-sas. Por isso mesmo é a DoutrinaEspírita um laço de união entre areligião e a ciência tradicional, dis-pensando desta o pronunciamentoa seu respeito, mas colocando-se ematitude totalmente favorável paraque dela se aproximem todas aspessoas de boa-fé e boa vontade pa-ra conhecerem seus princípios efundamentos, estudá-la e examiná--la, a fim de poderem evoluir com osconhecimentos que oferece. Embo-ra o Espiritismo não faça proselitis-mo para conquistar adeptos, é umadoutrina de portas abertas que aco-lhe todas as criaturas como irmãs,em permanente e amoroso convitepara progredirem.

A Doutrina Espírita foi revela-da à Humanidade terrena na segun-da metade do século XIX e devida-mente codificada por Allan Kardec.É ainda muito pouco divulgada,conhecida e estudada.

Os fenômenos mediúnicos sãocomuns no mundo, entre adep-tos de seitas e religiões de varia-dos caracteres e até mesmo entrematerialistas, sem que os percebam.Mas é através da Doutrina Espíritaque todas as pessoas são esclareci-das, não apenas a respeito de tais fe-nômenos mas, sobretudo, com re-ferência à própria vida, que estuaem toda parte, quer esteja o Espíri-to encarnado ou não.

Os fenômenos mediúnicos severificam, muitas vezes, indepen-dentemente da compreensão ou per-cepção humanas porque são ine-rentes à própria vida e obedecem aLeis Naturais que sempre existiram,muitas vezes totalmente ignoradas.

Materialismo e féWashington Borges de Souza

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“Allons enfants de la Patrie, Lejour de gloire est arrivé.” 1

Quando começou a freqüentaras reuniões mediúnicas na ca-sa da Sra. Plainemaison, a

partir de uma terça-feira do mês demaio de 1855, a convite de umamigo, o Sr. Pâtier, o professorHippolyte Léon Denizard Rivail –futuro Allan Kardec – conheceuum cavalheiro que figurou nos re-gistros históricos do Espiritismo co-mo Monsieur Baudin. Esse senhorBaudin também realizava experiên-cias mediúnicas em sua residência,localizada, em 1855, na rua Roche-chouart.

O professor Rivail, convidado,então, pelo senhor Baudin, vai assis-tir às reuniões que ocorriam em suaresidência, e é ali que “encontrariao ambiente ideal para prosseguirseus estudos”. Assim, em 1856, quefoi um ano de grande importânciapara consolidação das tarefas pri-mordiais dos trabalhos do futuroCodificador da Doutrina Espírita,ele passaria a manter contatos comos Espíritos na casa desse senhorBaudin, então situada na rua La-martine, em Paris. Agora com umdetalhe: essas reuniões, com a pre-sença do famoso professor e peda-gogo francês “atraíam seleta e nu-merosa assistência”. Há um desta-que muito importante em tornodos Baudin: foi na intimidade dolar dessa família que teve início e foi

concretizada, em grande parte, aelaboração de O Livro dos Espíritos 2.

Recuemos um pouco no tem-po, e vamos relembrar alguns des-taques da vida de Allan Kardec. Po-demos dividir a existência dessehomem notável em três fases dinâ-micas:

(1) o Educador; (2) o Codifi-cador da Doutrina Espírita; (3) oCoordenador do Movimento Es-pírita, confirmada essa última pelostextos que elaborou a partir de 1868,a exemplo do Projeto 1868 e daConstituição do Espiritismo.

Têm sido evidenciados algunsperfis de Allan Kardec na fase deEducador, que vai de 1814 (comoaluno em Yverdon) até 1854, quan-do atinge plena maturidade e res-peitabilidade como pedagogo emé-rito, diretor do Instituto de Ensino,tendo lançado várias obras didáticase promovido cursos gratuitos emParis.

Mas, desde as suas experiênciasem Yverdon destaca-se uma facetado seu caráter, da sua personalida-de: a convivência com os jovens e oseu respeito aos adultos, sobretudoos mestres. A sua preocupação coma educação das crianças e da juven-tude de sua pátria é fascinante. Po-demos, assim, depreender que oseu contato, a sua interação com ajuventude foram intensos. Sua es-posa foi professora de primeira clas-se e de Belas Artes, tendo escritotrês livros: Contos Primaveris, No-ções de Desenho e O Essencial em

Belas Artes. No Instituto TécnicoRivail, que eles fundaram em Parise que existiu até 1835, realizaraminúmeros cursos, continuados, pos-teriormente, até 1840, de formagratuita, em sua residência.

Em Paris, nessa época, funcio-nava uma Instituição de cursos pú-blicos, no bairro de São Germano,do educador francês Lévi-Alvarès(David-Eugène – 1794-1870). Ain-da moço Lévi-Alvarès criou cursospara elevar o nível de instrução dejovens, sobretudo de moças, seguin-do um método que depois tomou oseu próprio nome. Nessa época,portanto, o professor Rivail colabo-rava com esse famoso pedagogista,elaborando os textos do curso fre-qüentado pela juventude parisien-se 3.

O que desejamos destacar é afacilidade de convivência que o pro-fessor Rivail tinha com a juventude.E a importância dessa convivênciater sido facilitada através do exer-cício do magistério não foi por aca-so, porquanto ela seria importantepara a segunda fase de sua vida,aquela que o tornaria mundialmen-te conhecido como Codificador doEspiritismo.

Ao visitar pela primeira vez afamília Baudin, o professor Rivailconheceu “as duas senhoritas Baudin[Caroline e Julie], que escreviamnuma ardósia com o auxílio de umacesta, chamada carrapeta”.4

Graças às suas observações e àpureza mediúnica daquelas duas jo-

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Allan Kardec e os jovensAdilton Pugliese

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vens médiuns, o professor Rivail pô-de dizer, mais tarde: “– Compreen-di, antes de tudo, a gravidade da ex-ploração que ia empreender; per-cebi, naqueles fenômenos, a chavedo problema tão obscuro e tão con-trovertido do passado e do futuro daHumanidade, a solução que eu pro-curara em toda a minha vida.”4

Mais tarde, as meninas Baudincasam-se e dedicam-se a outras ati-vidades, mas outras jovens haviamse aproximado de Allan Kardec: asmédiuns senhoritas Japhet, AlineCarlotti e Ermance de la JonchéreDufaux (nascida em 1841), conhe-cida como a médium historiadora,por ter sido autora de obras comoA Vida de Joana d’Arc (editada em1858), História de Luís XI (1864)e Vida de Carlos VIII. A primeiraobra seria queimada em praça pú-blica, juntamente com livros deAllan Kardec, no famoso auto-de--fé em Barcelona, em 9/10/1861.

Devemos lembrar, também,que tudo começaria com a partici-pação de três jovens irmãs que setornariam um marco na história damediunidade: Margareth Fox (14anos), Katherine Fox (11 anos) eLeah Fox (37 anos). Foi a meninaKatherine, de 11 anos, que deu iní-cio ao que ficou conhecido comotelegrafia espiritual, durante os cé-lebres episódios ocorridos em 31 demarço de 1848, no lugarejo deHydesville, no Condado de Ro-chester, nos Estados Unidos daAmérica, na casa onde moravam.

Portanto, muitos jovens se apro-ximaram do Codificador. Um de-les, que se celebrizaria nas ativida-des espíritas, viveu uma experiênciainteressante. Em 1864 ele tinha 18anos e passava horas, na cidade deTours, na França, onde morava,

contemplando a vitrina de uma lo-ja. Não era uma loja de doces oubrinquedos, mas a vitrina de umalivraria. Aquele jovem tinha um so-nho desde os 16 anos: comprar umAtlas ilustrado por Gustave Doré(1833-1883). Estava guardandosuas economias há tempo. Mas, umdia, sua mãe descobriu o seu tesou-ro – a sua poupança – e, premidapela necessidade, deu outro destinoàs economias do jovem.

Então, naquele ano de 1864ele continuava namorando a vitrinada livraria quando viu um livro.Não era um Atlas nem um com-pêndio de geografia. O título cha-mou a sua atenção. Tomou entãocoragem, verificando quanto pos-suía, entrou na livraria e comprouo livro que se tornaria o tesouro desua vida. O verdadeiro atlas que in-dicaria os caminhos do seu destino:O Livro dos Espíritos. Esse jovemchamava-se Léon Denis. Achandoque a sua mãe não aprovaria a leitu-ra, resolveu ler escondido. Mas asmães descobrem tudo! Assim comodescobriu a poupança escondida...debaixo do colchão, ela encontrouo livro... debaixo do colchão! E en-tão, também começou a ler... às es-condidas! E o resultado é que am-bos, D. Anne-Lucie e Léon Denisse tornaram espíritas.5

Anos depois, em 1867, o jo-vem Denis, com 22 anos, teriaoportunidade de ouvir o Codifica-dor em pessoa, quando esse estive-ra visitando a sua cidade, Tours, pa-ra proferir uma conferência. No diaseguinte à palestra Denis visitarianovamente Allan Kardec. Eramdois homens ligados através dosséculos. Um deles era o homemmaduro, em pleno exercício de suamissão. O outro, ainda jovem, en-

saiava ao lado do Mestre os primei-ros passos para ser, no futuro, oConsolidador do Espiritismo.

Há outros casos. No ano emque Kardec lançou O Livro dos Es-píritos nascia em Paris, em 23 demarço, um menino que foi chama-do François-Marie-Gabriel Delan-ne, filho de Alexandre Delanne,amigo íntimo de Allan Kardec. Umdia o Codificador tomou esse me-nino, colocou-o em seu colo e va-ticinou: “– Este menino um dia se-rá uma personalidade de destaqueno Espiritismo.” E acertou porqueapós formar-se em engenheiro ele-tricista e com apenas 28 anos publi-cou a sua primeira obra intituladaO Espiritismo perante a Ciência, nosidos de 1885, 16 anos após a desen-carnação de Allan Kardec. Delannefoi uma figura notável do Espiritis-mo, companheiro de pesquisas deCharles Richet.6

A influência mais profunda,contudo, na vida do Codificador eque permitiu as diretrizes eficazesdo seu trabalho e a concretizaçãodas suas tarefas certamente foi a deJesus – do qual era discípulo e porcujos ensinos se sacrificara –, quecumpriu a promessa da vinda doConsolador, nos ensinos transmiti-dos pelo Espírito de Verdade. Essaé das fases mais comovedoras da vi-da de Allan Kardec. No início tudoainda era confuso e incerto. Os fe-nômenos agitavam as reuniões. Ogrupo na casa da família Baudin re-quisitava um líder e o professor Ri-vail parecia ser a pessoa certa. Atéque aconteceu a reunião de 25 demarço de 1856, na casa do Sr. Bau-din, sendo médium uma de suas fi-lhas. Nessa reunião o futuro Codi-ficador entraria em contato com oseu guia espiritual. É um momento

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emocionante! O professor pergun-ta: “– (...) Consentirás em dizer-mequem és?”. “– Para ti, chamar-me--ei A Verdade e todos os meses,aqui, durante um quarto de hora,estarei à tua disposição.”7 E depois,em 1860, declararia: “– Venho, co-mo outrora aos transviados filhosde Israel, trazer-vos a verdade e dis-sipar as trevas. Escutai-me.”8

Allan Kardec ouviria aquelavoz e dela jamais se apartaria, con-cretizando o advento do Consola-dor, prometido, dezoito séculos an-tes, pelo Mestre Nazareno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1LISLE, Rouget de. Primeira estrofe de LaMarseillaise.

2WANTUIL, Zêus. THIESEN, Francisco.

Allan Kardec, o Educador e o Codificador. 1. ed.

FEB. cap. 4, p. 265.

3Idem. Ibidem. p.146,159 e WANTUIL, Zêus.

Grandes Espíritas do Brasil. 1. ed. FEB, p. 53.

4KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 36. ed.

FEB, p. 267-268.

5ARRUDA, Luzia H. Mathias. Cenas da vida

de Léon Denis. 1. ed. CELD, p. 29.

6LUCENA, Antônio de Souza. GODOY, Pau-

lo Alves. Personagens do Espiritismo. 1. ed.

FEESP, p. 101.

7KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 26. ed.

FEB. p. 274.

8______. O Evangelho segundo o Espiritismo.

117. ed. FEB, p.129.

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Odestino se constrói a cada mo-mento de nossa existência.Se é verdade que hoje navega-

mos pelo rio da vida com a canoaque construímos com os golpes domachado de nossos próprios atos,também é verdade que nos cabe re-mar no sentido que desejamos e su-jeitando-nos a avançar lenta ou ve-lozmente no rumo a ser alcançado.A cada instante reforçamos os man-timentos de nossa bagagem peloapoio de corações amigos que pro-movem amparo fraternal. Nosso li-vre-arbítrio nos permite, a todomomento, jogar para fora do bar-

co o lastro excessivo das pedras daculpa que imaturamente juntamosno decorrer de nossa jornada. O es-forço próprio para vencer a corren-teza das adversidades da existêncialeva-nos a escolher os afluentes deáguas menos caudalosas, embora depercurso mais longo, sem as sur-presas dos rochedos ocultos quedesafiam nossa visão limitada. Oequipamento de bordo é fruto dasnossas possibilidades, entretanto, adireção do barco da vida dependede nós.

Não há carma estático. A idéiade que o destino já está indelevel-mente traçado existe nas estreitasmentes que se espremem no desfi-ladeiro limitado pelas muralhas pé-treas da rigidez de percepção. Ocarma é dinâmico e sofre modi-

ficação a cada pensamento nosso.Quando pensamos, ocorre mo-vimentação de energias, emissãode ondas e criação de situaçõesatenuantes ou agravantes aos pro-blemas. É verdade que somos pei-xes livres no aquário da vida. Noentanto, estamos limitados às qua-tro paredes envidraçadas que cor-respondem aos pontos cardeais denossa dimensão física; livres ape-nas no espaço dimensional que co-nhecemos, porém mergulhados emoutros espaços que não percebe-mos.

Na trajetória da vida, os atosconstrutivos e amorosos além deconquistar a simpatia e o amparoao nosso redor, geram vórtices ener-géticos superiores em nossa es-trutura espiritual. A presença des-tas energias sutis suavizam acen-tuadamente nossas desarmoniasenergéticas, bem como reduzemnossas tendências a determinadassituações de desequilíbrio e sofri-mento.

No trânsito pelo campo da vi-da podemos, a cada momento, es-pargir as sementes do amor que ce-leremente desabrocham nas floresperfumadas do companheirismo,em criaturas que amadurecem co-mo frutos saborosos da solidarieda-de humana.

O carma, ou o destino, devemser compreendidos sempre comouma tendência a determinadas si-tuações decorrentes de nossa natu-reza psíquica, a qual foi elaboradanas múltiplas existências. Nada im-pede que lutemos contra elas, aocontrário, mentores espirituais nosamparam constantemente infun-dindo força para vencermos, evi-tando, muitas vezes, sofrimentosdesnecessários.

Trajetória da vidaRicardo Di Bernardi

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Vem!“E quem o ouve, diga: – Vem.

E quem tem sede, venha.”

– (Apocalipse, 22:17.)

A Terra é a grande escola das almas em que se educam alunos de todas as idades.

Se atingiste o nível das grandes experiências, não te inquiete a incessante extensãodo trabalho.

Não enxergues inimigos nos semelhantes de entendimento imperfeito. Muitosdeles não saíram ainda do jardim de infância espiritual.

Dá sempre o bem pelo mal, a verdade pela mentira e o amor pela indiferença...

A inexperiência e a ignorância dos corações que se iniciam na luta fazem, freqüen-temente, grande algazarra em torno do espírito que procura a si mesmo.

Por isso, padecerás muitas vezes aflição e desânimo.

Não te perturbes, porém.

Se as ilusões e os brinquedos da maioria não mais te satisfazem, é que a madure-za te inclina a horizontes mais vastos.

Recorda que somente Jesus é bastante sábio e bastante forte para acalmar-te.

Ouve-lhe o apelo divino, formulado nas derradeiras palavras do seu Testamentode Amor: – “Vem!”

Ninguém te pode impedir o acesso à fonte da luz infinita.

O Mestre é o Eterno Amigo que nos rompe as algemas e nos abre portas reno-vadoras...

Entretanto, é preciso saibas querer.

O Senhor jamais nos fará violência.

Sofres? Estás fatigado? Tropeças sob os fardos do mundo?

Vem!

Jesus reserva-te os braços abertos.

Vem e atende-o ainda hoje. É verdade que sempre alcançaste ensejos de serviço,que o Mestre sempre foi abnegado e misericordioso para contigo, mas não te esqueçasde que as circunstâncias se modificam com as horas e de que nem todos os dias sãoiguais.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005,cap. 152, p. 345-346.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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“(...)para o que não crê na eter-nidade e julga que com a vidatudo se acaba, se os infortúniose as aflições o acabrunham, uni-camente na morte vê uma solu-ção para as suas amarguras. Na-da esperando, acha muito natu-ral, muito lógico mesmo, abre-viar pelo suicídio as suas misé-rias.” (“O suicídio e a loucura”.In: O Evangelho segundo o Espi-ritismo.)1

Crianças e adolescentes, em nú-mero expressivo, buscam nosuicídio a fuga que lhes pare-

ce mais viável aos dissabores e difi-culdades que surgem de suas expe-riências na matéria.

O assunto, de importância vi-tal para análise e reflexão de todosos espíritas, é destacado no temáriodas Campanhas Viver em Famíliae Em Defesa da Vida, reativadaspelo Conselho Federativo Nacional,órgão da Federação Espírita Brasi-leira, em 21 de novembro de 2004,tendo como uma de suas ações, emnível nacional, estimular o aprofun-damento de temas dessa natureza,concluindo quão importante torna--se o conviver em família, onde sobtodos os aspectos, a vida deve serpreservada e cuidada2.

De acordo com a OrganizaçãoMundial da Saúde (2000), no mun-do inteiro, o suicídio está entre ascinco maiores causas de morte nafaixa etária de 15 a 19 anos e emvários países ele fica como primei-ra ou segunda causa de morte entremeninos e meninas nessa mesmafaixa etária3. Verificamos que, esta-tisticamente, o Brasil se coloca co-mo um dos países que possui umíndice relativamente significativoneste tipo de morte entre os jovens:nos anos de 1991 a 2000 os sui-cídios, nessa faixa etária, tiveramcrescimento de 28,5% e os dados,atualmente, apresentam, segundo amagnitude da população jovem bra-sileira, uma taxa de 4,0 suicídiospor 100 mil habitantes. É possível,também, observar que a incidênciados óbitos por suicídio apresenta, apartir dos 10 anos, uma forte ten-dência ascendente para chegar àsua máxima expressão aos 21 anosde idade 4.

É entristecedor ver esses Espí-ritos envolvidos em tantas frustra-ções, decorrentes de conflitos ínti-mos e de uma educação mal admi-nistrada, por parte dos pais, ou porserem, alguns, portadores de dese-quilíbrios emocionais que não fo-ram atendidos adequadamente nainfância, levando-os a uma atitudetão drástica.

O Espírito Manoel Philomeno

de Miranda (1991) aponta para osgraves agentes psicológicos que le-vam ao suicídio, como a angústia,a insegurança, os conturbadores fe-nômenos psicossociais e econômicos,as enfermidades crucificadoras, osentimento de desamparo e de per-da, todos com sede na alma imatu-ra e ingrata, fraca de recursos mo-rais para sobrepô-los às contingên-cias transitórias desses propelentesao ato extremo. E, este trágico atoassume gravidade e constrangimen-to maiores, quando crianças, que ain-da não dispõem do discernimento,optam pela aberrante decisão5.

Como avaliar o tresloucado ges-to de seres tão jovens, sob a visãoespírita? Que causas estimulam essesEspíritos, ainda imaturos, a busca-rem, no gesto derradeiro, a supera-ção dos problemas que os alucinam?

Mesmo considerando o grandenúmero de suicidas que renascemcom as impressões da ação cometi-da em vidas passadas, é necessáriauma análise mais acurada sobre asrazões que os impelem a cometernovas transgressões às leis de Deus,agravando ainda mais sua situaçãoespiritual.

Analisaremos, inicialmente, ossuicídios que têm por causa a ob-sessão.

Elucida-nos o venerável Espíri-to Bezerra de Menezes que Espíri-tos perversos influenciam os encar-

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Suicídio na infância e na adolescência:O problema sob a visão espírita

Clara Lila Gonzalez de Araújo

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nados, sugestionando-os a comete-rem o ato terrível, através do sonode cada noite, por uma pressão ob-sessora do seu desafeto espiritual,(...). Outros existem que não que-rem absolutamente morrer, não de-sejam o suicídio (...). Apesar disso,sucumbem, (...) uma vez que, de-seducados da luz das verdades eter-nas, desconhecedores do verdadeiromóvel da vida humana, como danatureza espiritual do homem, nãolograram forças nem elementos comque se libertarem do jugo mental(...) cujo acesso permitiram6. Essessuicídios, levados a efeito por in-fluências obsessivas, apresentamcerta parcela de atenuantes para asvítimas e graves responsabilidadespara os que os motivaram, respon-dendo, esses algozes, perante a Jus-tiça Divina, pela crueldade cometi-da contra os seus adversários.

Intriga-nos, sem dúvida, queesta situação possa ocorrer comcrianças e jovens.

A análise feita por Allan Kar-dec à resposta dada pelos EspíritosSuperiores, à questão 199a, em OLivro dos Espíritos, esclarece-nossobre o problema. Diz o Codifica-dor: Aliás, não é racional considerar--se a infância como um estado normalde inocência. Não se vêem criançasdotadas dos piores instintos, numaidade em que ainda nenhuma in-fluência pode ter tido a educação? Al-gumas não há que parecem trazer doberço a astúcia, a felonia, a perfídia,até o pendor para o roubo e para o as-sassínio, não obstante os bons exem-plos que de todos os lados se lhes dão? 7

Conclui Kardec, na mesma nota,que esses Espíritos se revelam vicio-sos por não possuírem progresso,sofrendo, então, por efeito de suainferioridade.

Essas crianças, geralmente, ma-nifestam comportamentos desequi-librados, como resultante da rebel-dia, da insatisfação, do nervosismo,da dificuldade intelectual que apre-sentam, agravando-se, cada vezmais, a sua existência, caso não re-cebam os cuidados urgentes dospais, em forma de afeto, compreen-são e providências terapêuticas ade-quadas, para que consigam superarreminiscências tão dolorosas.

Suely Caldas Schubert (1981),ao referir-se ao problema da obses-são na infância, traz de sua expe-riência interessantes depoimentossobre crianças que tentaram o suicí-dio. Um desses casos foi destacadocomo gravíssimo. Conta-nos a au-tora que certa criança de três anose alguns meses vinha tentando osuicídio das mais diferentes manei-ras, o que lhe resultara, inclusive,ferimentos: um dia, jogou-se napiscina; em outro, atirou-se do al-to do telhado, na varanda de suacasa; depois quis atirar-se do carroem movimento, o que levou os fa-miliares a vigiá-la dia e noite. Seucomportamento, de súbito, tornou--se estranho, maltratando especial-mente a mãe, a quem dirigia pala-vras de baixo calão que os pais nun-ca imaginaram ser do seu conheci-mento 8.

Os pais da referida criança bus-caram ajuda no Espiritismo e, apartir das reuniões de desobsessão,realizadas em seu benefício, foi pos-sível diagnosticar, espiritualmente,as causas do seu estado atual. A ora-ção, o passe e a água fluidificada,usados na terapêutica espiritual,melhoraram sensivelmente o pro-blema obsessivo e outras crianças,que apresentavam sintomas seme-lhantes, foram amparadas, igual-

mente. Schubert chama atenção pa-ra a importância das aulas de Evan-gelização Espírita, quando os pe-queninos seres são extremamenteajudados pelos ensinamentos minis-trados, oferecidos por meio das lu-zes do esclarecimento espírita-cris-tão de que tanto carecem (p. 66).

Além das orientações que rece-bemos da profilaxia espírita é im-prescindível procurarmos o auxíliode psicólogos, médicos, educadorese outros, que orientem na utilizaçãode mecanismos preventivos, para oreajustamento dessas crianças.

É importante ressaltar, todavia,que ao tratarmos de suicídio, nãopodemos apenas nos referir às ob-sessões, que influenciam grande-mente essas almas torturadas, masdevemos levar em conta o rol de di-ficuldades que esses Espíritos tra-zem consigo, impulsionando-os acometer desatinos de toda sorte, emprejuízo próprio, não lhes permitin-do viver de forma mais tranqüila esegura.

Aos pais cabe a tarefa maior deampará-los, dispensando-lhes mui-to amor, a fim de que se sintamamados e possam superar esses esta-dos de sofrimento, choques e doresque necessitam ser atenuados pormeio da educação, na prática deexercícios moralizadores, até queconsigam transformar suas disposi-ções mentais, na busca do rumo fe-liz que tanto anelam.

Ao conhecermos os fatorescausais dos sofrimentos que nosatingem, passamos a aceitar comresignação e responsabilidade asprovas indispensáveis para evo-luirmos. Por isso, aceitar filhos di-fíceis é reagir de forma positiva,envolvendo-os em vibrações deternura, anulando-lhes as impres-

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sões negativas, dialogando cons-tantemente com eles, no uso dapalavra envolta em emoção afetuo-sa e franca, e transmitindo-lhes aconfiança de que haverão de se li-vrar dos problemas íntimos que osoprimem, confiando em Jesus enos benfeitores espirituais. A crian-ça, se evangelizada desde cedo, temnoção exata do que significa o am-paro desses Amigos do além-tú-mulo.

O problema do suicídio assu-me dimensões maiores na adoles-cência, quando, quase sempre, nãose recebeu ajuda na fase infantil.

O Espírito Joanna de Ângelis(1998) afirma que a desinformaçãoa respeito da imortalidade do ser eda reencarnação responde pela cor-reria alucinada na busca do suicí-dio. (...) E essa falta de esclareci-mento é maior no período infan-to-juvenil, (...) facultando a fugahedionda da existência carnal (...) 9.

Há que se considerar, tam-bém, o suicídio indireto, quando oadolescente, vivendo em clima delutas acerbas e não tendo recebidouma base familiar de orientaçãosegura, desgasta suas forças moraise emocionais, enredando-se no jo-go das paixões, principalmente nosexo em uso excessivo, na ingestãode bebidas alcoólicas, do fumonocivo e das drogas, resultandonas reações comportamentais re-beldes e agressivas, que causarão so-brecargas destrutivas no conjuntodo ser, desequilibrando suas con-dições física e mental (p. 133).

O panorama traçado até aquimostra que o suicídio de crianças ejovens é constantemente desafiadopelas circunstâncias, muitas vezesimprevisíveis, que surgem dentrodo próprio lar.

O lar deve ser escola de realeducação, sem o caráter autoritárioe impositivo, que torne as relaçõesentre pais e filhos obsessivas e des-gastantes, mas com a preocupaçãosincera de estabelecer-se entre elesuma amizade verdadeira, que lhespermita encontrar a resistência es-piritual de que precisam, para en-frentar as vicissitudes e os desafiosdecorrentes de frustrações e de con-flitos íntimos, surgidos, especial-mente, dos relacionamentos inter-pessoais, nem sempre vividos favo-ravelmente.

A educação que se funda noprocesso de despertar os podereslatentes do Espírito é a única querealmente resolve o problema doser. Educação que deve preparar oindivíduo para a vida como real-mente ela é, destacando, sempre, abênção da reencarnação, que per-mite lutar pelas mais nobres aspi-rações e reconhecendo, com grati-dão, os destinos altaneiros queDeus concebeu e tracejou para oEspírito.

Importa, pois, primeiramente,que a criança e o adolescente te-nham uma visão correta sobre arealidade e o futuro do ser, traçan-do para si valores éticos e cristãosque constituem a verdadeira vida eque os fará esperar pela concretiza-ção de realizações que os estimulemao progresso.

A missão do Espiritismo éeducar para salvar. Tenhamos nós,espíritas, a certeza desta revelação,pois enquanto esse fato não penetrarem nossas mentes e corações não sa-beremos acolher, com compreensão,essas almas infelizes e enfermas, ne-cessitadas de infinito amor. Quan-to a isso, reflitamos sobre a sábia li-ção de Jesus: Ninguém acende uma

candeia para pô-la debaixo do al-queire; põe-na, ao contrário, sobreo candeeiro, a fim de que iluminea todos os que estão na casa. (Ma-teus, 5:15.)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-

piritismo. 105. ed. Rio de Janeiro: FEB. 1991,

cap. V, item 15, p. 113.

2FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA –

FEB. Família, Vida e Paz – Subsídios para a Im-

plantação e Desenvolvimento das Campanhas

Viver em Família, Em Defesa da Vida e Cons-

truamos a Paz Promovendo o Bem! Brasília

(DF): 2005.

3ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

– Departamento de Saúde Mental. “Prevenção

do Suicídio: Um Manual para Profissionais da

Saúde em Atenção Primária”. Genebra, Suíça.

2000.

4WAISELFISZ, Jacobo. UNESCO. “Mapa da

Violência III”. Brasil (DF). Fevereiro de 2002.

5FRANCO, Divaldo Pereira. “Suicídio – Solu-

ção Insolvável”. In: Temas da Vida e da Morte,

pelo Espírito Manoel P. de Miranda. 3. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 1991, p. 98.

6PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão,

pelo Espírito Bezerra de Menezes. 3. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 1976, Primeira Parte, cap. VI,

p. 28-29.

7KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

72. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992, “Sorte das

crianças depois da morte”. Parte Segunda,

cap. IV, questão 199a, p. 134.

8SCHUBERT, Suely Caldas. “A criança obsi-

diada”. In: Obsessão/Desobsessão. 1. ed. Rio de

Janeiro: FEB. 1981, cap. 12, p. 66.

9FRANCO, Divaldo Pereira. “O Adolescente e

o Suicídio”. In: Adolescência e Vida, pelo Espí-

rito Joanna de Ângelis. 4. ed. Salvador (BA),

LEAL editora. 1997, p: 131-135.

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As proposições que vi-sam alterar a legislação so-bre o aborto estão sendoalvo de uma ação organi-zada do Movimento Espí-rita brasileiro. Com vistas aoferecer subsídios a par-lamentares, médicos, juí-zes, autoridades dos Pode-res Judiciário e Legislati-vo, dois documentos fo-ram elaborados e distribuí-dos pela Associação Médi-co-Espírita do Brasil (AMEB) e pe-la Associação Brasileira dos Ma-gistrados Espíritas (ABRAME).

A AMEB elaborou o documen-to A vida contra o aborto – Dezperguntas e respostas sobre a ori-gem da vida e a natureza do em-brião, que apresenta a visão cientí-fica do abortamento. Segundo aPresidente da Associação Médico--Espírita do Brasil, Marlene RossiSeverino Nobre, a vida é um bemindisponível cuja formação não po-de ser atribuída ao acaso e que,mesmo em estágio inicial, demons-

tra profunda complexidade e totalindependência em relação ao corpomaterno.

A ABRAME se utilizou de ar-gumentos jurídicos no livreto ODireito à Vida no OrdenamentoJurídico Brasileiro. O destaque é aafirmação de que todas as proposi-ções que tramitam no CongressoNacional visando descriminalizar oaborto são inconstitucionais, umavez que a Constituição Federal de1988 garante o direito à vida emtodas as circunstâncias desde a con-cepção.

Durante o mês de junho, osPresidentes da Federação Espíri-ta Brasileira (FEB), Nestor Masot-ti; da AMEB, Marlene Nobre; e daABRAME, Zalmino Zimmermann,entregaram exemplares das duaspublicações ao Presidente do Con-gresso Nacional, Senador RenanCalheiros; ao Presidente do Su-perior Tribunal de Justiça (STJ),Ministro Edson Vidigal; ao Pro-curador Geral da República, as-sim como a Procuradores Fede-rais, Senadores e Deputados Fe-derais. Nas visitas à Procurado-ria Geral da República e ao STJ,os dirigentes espíritas foram acom-panhados pelo Ministro Costa Lei-te, ex-Presidente do Superior Tri-bunal de Justiça e Vice-Presidenteda ABRAME.

A Federação Espírita Brasilei-ra também produziu um texto –O Aborto na visão espírita –, quefoi incluído como Suplemento narevista Reformador do mês de ju-lho.

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Autoridades Federais recebem textos coma visão espírita sobre o aborto

Entrega dos documentos ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça

Entrega dos documentos ao Presidente do Congresso Nacional

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Oprimeiro evento de carátermundial, a congregar adeptosdo esperanto oriundos de di-

ferentes nações, realizou-se há cemanos, de 5 a 13 de agosto de 1905,na cidade francesa de Boulogne--sur-Mer, quando a genial criaçãode Lázaro Luís Zamenhof, lançadaem Varsóvia aos 26 de julho de1887, ingressava em sua, por assimdizer, maioridade social.

Até então, não obstante a exis-tência de uma já considerável pro-dução literária, não havia ainda oesperanto sido suficientemente pro-vado nas comunicações orais, exce-to nos domínios do vasto impériorusso, onde florescia intensa ativi-dade cultural entre adeptos das di-versas etnias ali existentes.

Visitas esporádicas de eminen-tes esperantistas dessas regiões àFrança, ensejando exitoso uso oraldo esperanto, inspiram e incenti-vam grupos das cidades de Le Ha-vre e de Callais, desde 1903, à pro-moção de pequenos encontros inter-nacionais que, provando as excelên-cias da língua para a plena comuni-cação, encorajam a que o grupo es-perantista de Boulogne-sur-Mer,sob a direção do advogado AlfredMichaux e com o apoio da Associa-ção Francesa de Esperanto, do Gru-po Esperantista de Paris e do Tou-ring Club, formule o convite para a

realização do primeiro congressomundial de esperanto.

E é então que, naquele memo-rável 5 de agosto de 1905, perantecerca de 700 esperantistas de 20países, reunidos no pequeno teatrode Boulogne-sur-Mer, festivamenteornamentado com as bandeiras daFrança e do esperanto, e após aexecução da Marseillaise e de LaEspero (“A Esperança” – hino oficialdo Esperantismo), o iniciador daLíngua Internacional Neutra, Láza-ro Luís Zamenhof, envolvendoaqueles pioneiros no fervor de seupuro idealismo, profere o discursoinaugural com que anuncia a que-da da maldição de Babel e antevê aaurora da grande era universalistada Humanidade, quando por sobretodas as diferenças e barreiras quedividem as criaturas, pairarão osideais da fraternidade, fundada nacerteza da essencial igualdade doshomens perante Deus:

“Estejamos bem conscientes detoda a importância deste dia, poishoje, entre os muros hospitaleiros deBoulogne-sur-Mer, não se reuniramfranceses com ingleses, russos compoloneses, mas seres humanos comseres humanos. Abençoado seja estedia, grandes e gloriosos sejam seusfrutos!”

No final da comovente peça

oratória, não obstante haver sido for-temente pressionado em sentidocontrário pelos chefes do esperantis-mo francês – em sua maioria técni-cos, cientistas, todos governados pe-lo puro intelecto, pela racionalidade,pelos princípios de uma ciência ma-terialista, refratários ao que conside-ravam misticismo – Zamenhof de-clama a famosa prece-poema inti-tulada “Oração sob o EstandarteVerde”, uma súplica ardente dirigidaa Deus em que afirma novamente aidentidade essencial dos homens.

Zamenhof, entretanto, vê-seobrigado a suprimir uma das maissignificativas estrofes do belo poema,curvando-se à mentalidade daque-les dirigentes e às circunstâncias rei-nantes no país, em que ainda se sen-tiam as repercussões do célebre casoDreyfus, um militar que, por suacondição de israelita, sofreu injustacondenação num processo forte-mente afetado pelo anti-semitismo.

Eis a versão, em prosa, da refe-rida estrofe:

“Reúnam-se os irmãos, entrela-[cem-se as mãos,

Avante com as armas da paz!Cristãos, hebreus, maometanos,Somos todos filhos de Deus.Tenhamos em mente o bem da

[Humanidade,E, apesar das barreiras, não nos

[detenhamos,

A FEB E O ESPERANTO

Centenário do 1o Congresso Universal de Esperanto

Affonso Soares

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Marchemos, com obstinação, para[a meta fraterna,

Sempre avante!”

A prece de Zamenhof selou de-finitivamente, pela chancela de espi-ritualidade evocada, o compromis-so do esperanto e do esperantismocom o Bem, a Paz, a FraternidadeUniversal, arrancando lágrimas emmuitos daqueles pioneiros, tocadostanto pelo ideal superior que ali rei-nava como pela sinceridade, modés-tia, fervor e grandeza moral do gran-de missionário.

Edmond Privat (1889-1962),um jovem suíço que então contavaapenas 16 anos de idade, cujo talen-to e idealismo brilhariam sempremais e mais intensamente nos círcu-los mundiais do esperantismo, dei-xou-nos impressões marcantes sobreo evento:

“Na cidade portuária francesareinava uma atmosfera inteiramen-te única. Homens e mulheres fervi-lhavam em torno do teatro, falan-do-se como velhos conhecidos. Ummilagroso júbilo de pentecostes en-volvia anciãos de barbas brancas,jovens, sacerdotes, professoras, oficiais,

médicos, cientistas, comerciantes, pro-venientes de toda a Europa. Gruposde fervorosos adeptos, ocupando osrestaurantes das redondezas, conver-savam até alta madrugada.”

Sobre o emocionante efeito daprece de Zamenhof, Privat fala como coração:

“Todas as vezes que um parti-cipante se lembra daquela hora,brilham lágrimas em seus olhos. In-discutivelmente nascia então umanova era. Mesmo uma guerra mun-dial não pôde destruí-la.

(...) Um novo nascimento dahumanidade, com odor de berço.Amigos simples e sinceros. Apertosde mão. Compreensão recíproca.Palavras de um homem modesto.Verdadeira grandeza de um gênioque vivia ligado aos nossos lábios.Espírito poderoso de uma alma pu-ra. Palpitar de corações para a hu-manização da Terra. Oh! vibraçãode Bolonha, segue-me até o túmu-lo!...” 1

O 1o Congresso Universal deEsperanto foi fértil em benefí-cios para o movimento, e muitasdas práticas nele adotadas permane-cem vivas e sempre fecundas noscongressos que se seguiram, mas,acima de tais práticas com suas ex-pressões materiais, sempre respeitá-veis e oportunas, perduram princi-palmente os princípios que defi-nem os objetivos dessas grandiosasmanifestações da família esperan-tista mundial, dentre os quais sedestacam o objetivo mesmo doscongressos e o compromisso com oque Zamenhof denominou “idéiainterna”.

Sobre o objetivo, já manifesta-do desde 1905, mas que seria clara-mente explicitado em 1907, porocasião do 3o Congresso, em Cam-bridge, Inglaterra, Zamenhof sen-tenciou:

1Privat escreveu sua impressão em 1920, quan-do foi lançada a primeira edição de sua obra

1o Congresso Universal de Esperanto em Boulogne-sur-Mer (França). Um círculo assinala Zamenhof na primeira fileira

La Vivo de Zamenhof (A Vida de Zamenhof).Conflitos posteriores, principalmente a Segun-da Guerra Mundial, também não conseguiramabalar as poderosas colunas que sustentam o es-peranto e seus ideais, evidenciando-lhe aorigem nas regiões do espírito e sua destinaçãocomo fator de progresso da Humanidade.

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“Reunimo-nos a cada ano, vin-dos de todas as partes do mundo,para desfrutar da alegria de ver osco-idealistas, apertar-lhes as mãos,aquecer em nós, pelo encontro econvivência, o amor e o entusiasmopela idéia que o esperantismo en-cerra em si. Assim como os antigoshebreus se reuniam três vezes aoano em Jerusalém para fortaleceremem si o sentimento monoteísta, nósnos reunimos na capital do territó-rio do Esperanto para revigorar oamor à idéia esperantista. E nissoconsistem a essência e o objetivoprimordial de nossos congressos.”

Quanto à “idéia interna”, queigualmente já impregnava o 1o

Congresso com o seu perfume in-confundível, ela se expressa em di-versas formulações propostas porZamenhof em diferentes ocasiões,como, por exemplo, a que está con-tida nesta estrofe do hino “La Espe-ro”:

“Sobre um fundamento lingüís-[tico neutro,

Compreendendo-se reciprocamen- [te,

Os povos formarão em consensoUm grande círculo familiar.”

Ou esta:

“Desejamos criar um funda-mento neutro, sobre o qual os di-versos grupos humanos possam co-municar-se pacífica e fraternal-mente, sem se imporem reciproca-mente as suas particularidades gen-tílicas.” .......................................................

“Tudo aquilo que contribuapara a queda dos muros entre ospovos pertence ao nosso congresso.”

Outro significativo resultadodos trabalhos do 1o Congresso emBoulogne-sur-Mer foi a famosa“Declaração sobre o Esperantismo”que se tornou como que no “credolingüístico” do esperanto.

Por esse compromisso, unani-memente aceito, ficou assente queo único objetivo, por assim dizer“oficial”, do movimento esperantis-ta é o esforço para divulgar o usoda Língua Internacional Neutra, aqual, “não se intrometendo na vidainterna dos povos e não objetivan-do a extinção das línguas nacionaisexistentes, dará aos homens de di-ferentes nações a possibilidade de secompreenderem reciprocamente,(...) e na qual se poderão publicar asobras que interessam igualmente atodos os povos.”

A “Declaração” também con-firmava o que já Zamenhof ante-riormente havia expressado, isto é,que o esperanto não é propriedadeexclusiva de ninguém, nem mesmode seu autor, cujas “opiniões e obrasterão, como as de qualquer esperan-tista, caráter absolutamente parti-cular e não poderão ser impostas aquem quer que seja”.

A uma única coisa se obrigariatodo e qualquer esperantista: ao res-peito, à fidelidade ao chamadoFundamento do Esperanto, com-posto por um Prefácio de Zame-nhof, pelas 16 regras básicas da gra-mática, pelos textos modelares dosExercícios Fundamentais e pelo Vo-cabulário Universal contendo cercade 2.800 raízes. Com isso se assegu-raria a estabilidade da língua semqualquer obstáculo à sua naturalevolução.

Além da “Declaração”, o 1o

Congresso de 1905 também iniciouas discussões sobre a necessidade de

se dar uma organização ao movimen-to esperantista e instituiu uma Co-missão de Lingüistas renomados, for-ma embrionária do que viria a ser, nofuturo, a Academia de Esperanto.

Boulogne foi um completotriunfo para Zamenhof pela consa-gração do esperanto e seus genero-sos ideais de fraternidade como umdos fundamentos para as edifica-ções do que um dia será a Era Uni-versalista da Humanidade. Compropriedade afirmou Marjorie Boul-ton em seu excelente Zamenhof,Autor do Esperanto:

“Depois de todas as zombariasdos ignorantes, dos anos de aflitivapobreza, dos trabalhos excessivos econstantes, dos prejuízos causadospor burocratas, dos sofrimentos queigualmente provinham de algunsesperantistas, Zamenhof teve a pro-va de que valera a pena o trabalhode sua vida.”

Os congressos universais de es-peranto se impuseram, ao longo dasdécadas, como as maiores e maisimponentes manifestações do mo-vimento esperantista, tanto pela de-monstração irrefutável das excelên-cias da língua para as comunica-ções internacionais, como, princi-palmente, pela antevisão que pro-porcionam da possibilidade de con-vivência fraterna, pacífica entre osmembros da grande família huma-na, congregando-os, por sobre suasmúltiplas diferenças, em um terre-no neutro, para a realização dogrande objetivo da unidade na di-versidade.

A Casa de Ismael, que divulga,ensina e utiliza o esperanto desde1909, associa-se, de todo o coração,à alegria da generosa coletividadeesperantista nos festejos de tão sig-nificativo efeméride.

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Os médiuns não devem esque-cer que, com raras exceções,são Espíritos endividados que

pedem a Deus que lhes dê a opor-tunidade de reparar débitos do pas-sado, de preferência através do tra-balho desinteressado em favor dopróximo, por meio da vivência doamor. E o Criador atende, conce-dendo-lhes o dom da mediunidade.Com isso, são acolhidos na Searado Mestre Jesus na condição de tra-balhadores.

Sem dúvida, há médiuns quenão estão nessa condição, mas nade missionários.

Esses, entretanto, como nos in-forma André Luiz, são raros na Ter-ra e são pessoas dotadas de qualida-des que as distinguem do homemcomum.

Os missionários correm meno-res riscos de falir em suas missões.Já os trabalhadores, devido às im-perfeições que ainda têm, são mui-to mais vulneráveis às quedas.

Dentre as pessoas que cercamos médiuns, muitas se entusiasmamcom as suas faculdades mediúnicase passam a encará-los como missio-nários, atribuindo-lhes méritos queainda não têm. Confundem o mé-dium com o homem.

Algumas delas ficam fascinadaspelos fenômenos que se produzematravés da mediunidade, ignorandoque os verdadeiros autores dasidéias ou das ações curativas são osEspíritos Superiores que agem emnome de Deus. Assim, passam aelogiá-los, endeusá-los, idolatrá-los.

Os Espíritos adversários daDoutrina Espírita utilizam essaspessoas invigilantes e despreparadaspara o verdadeiro apostolado deJesus a fim de exaltarem o ego domédium. Têm por objetivo trans-formá-lo em ídolo para derrubá-lodepois.

O médium vigilante, ciente deque não está isento da vaidade, pro-cura estudar atentamente suas rea-ções mais íntimas. Interroga a suaconsciência para saber se está ounão acreditando nesses elogios; seestá ou não alimentando no íntimoo espírito de grandeza, a vaidade; seestá ou não desejando receber ho-menagens e gostando de ser idola-trado...

Sobre a idolatria observa Em-manuel:

“Os ‘primeiros lugares’, que oMestre nos recomendou evitemos,representam ídolos igualmente. Nãoconsagrar, portanto, as coisas da vi-da e da alma ao culto do imediatis-mo terrestre, é escapar de grosseiraposição adorativa.” (Caminho, Ver-dade e Vida.)1

Com relação a homenagens,asseverou Emmanuel:

“As homenagens inoportunascostumam perverter os médiuns de-dicados e inexperientes, além decriarem certa atmosfera de incom-preensão que impede a exterioriza-ção espontânea dos verdadeirosamigos do bem, no plano espiri-tual.” (Pão Nosso.)2

Foi para os trabalhadores daseara que Jesus dirigiu as palavras:“Brilhe a vossa luz, para que os ho-mens vejam as vossas boas obras eglorifiquem a vosso Pai que está noscéu.”3

Agem com sabedoria os mé-diuns que evitam a exaltação pró-pria, bem como as homenagens aeles propostas por homens ou insti-tuições. É melhor dispensá-las comhumildade, reconhecendo que asglórias devem ser remetidas a Deus.

Poder-se-ia pensar que nossasconsiderações representem críticasa alguns expoentes do MovimentoEspírita que receberam títulos ho-noríficos. Eles são obreiros fiéis, quenão se deixaram levar pelo orgulhoe a vaidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1XAVIER, Francisco C. Caminho, Verdade e

Vida, pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2004, cap. 126, p. 267-268.

2______. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel.

25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 52,

p. 115-116.

3O Novo Testamento, Jesus, Mateus, 5:16.

Tradução de João Ferreira de Almeida, 2. ed.

São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil.

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Idolatria e homenagens a médiuns

Umberto Ferreira

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Há histórias que, por seu con-teúdo envolvente e suas liçõespreciosas, tornam-se emble-

máticas. Uma dessas histórias estáno livro O Céu e o Inferno, no ca-pítulo que reúne as experiências dosEspíritos endurecidos. Entre aque-les seres obstinados, de coração pé-treo, poucos se comparam à Rainhade Oude. Orgulhosa, enfadada comtudo o que não fosse sua tradiçãodinástica, dona de um enorme des-prezo pelos valores espirituais, é umpersonagem que impressiona. A his-tória desse Espírito, sua glória e tra-gédia tornam ainda mais enriquece-dora a leitura de seu diálogo comAllan Kardec.

No século XVIII, os países eu-ropeus buscavam novos mercadosque consumissem os produtos in-dustrializados e onde obtivessemmatérias-primas a baixo custo. A Ín-dia era um dos focos de atenção.Com a criação da Companhia dasÍndias Orientais, a Inglaterra obte-ve o monopólio do comércio india-no, superou a concorrência franco--portuguesa e, um século depois,ocupava praticamente todo o País.Práticas como o confisco de pro-priedades rurais e a cobrança de im-

postos extorsivos inspiravam ânsiasde liberdade. Sem uma autoridadecentral e dividida entre reinos rivais,a Índia reagiu com a “Revolta dosSipaios” (soldados nativos empre-gados da Companhia das ÍndiasOrientais). A Inglaterra esmagou asrebeliões e intensificou a expansãoimperialista. Reinos de marajás enababos foram tomados. Entre eleso reino de Oude (Awadh ou Oudh),governado pelo nababo Wajid AliSha.

A Rainha-mãe de Oude, Mali-ka Kishwar, era uma legítima pur-dah nasheen lady, dama que viviade acordo com os mais rígidos cos-tumes muçulmanos. Em públicoestava sempre coberta pelo véu tra-dicional e a ninguém era permitidocontemplar sua figura. Nas audiên-cias que concedia, ficava isolada porpesadas cortinas e uma secretáriatransmitia suas respostas ao interlo-cutor. Como as outras damas desua estirpe e religião, recebeu edu-cação esmerada e cresceu cercada deluxo e riquezas, em completo reco-lhimento na zenana, uma constru-ção dentro do palácio a que apenasmulheres tinham acesso. Homens,somente os parentes diretos: mari-do, pais e filhos. Descendente dosimperadores mongóis que ocupa-ram a Índia, era filha do nababoHisam ud-din Khan, de Kalpi. Suamãe era a Rainha Vilayati, filha do

famoso nababo Sa’adat Ali Khan.Pelo casamento se tornou Begum(primeira e principal esposa) do ReiAmjad Ali Sha, de Oude, situadoonde hoje é o Estado de Lucknow,ao norte da Índia.

Um dos mais prósperos reinosindianos, Oude foi anexado à Com-panhia das Índias Orientais em1856 e toda a família real, que in-cluía as 148 esposas e os 40 filhosdo Rei, foi transferida para Calcu-tá. O nababo Wajid Ali Sha, entu-siasta das artes – principalmente damúsica, da dança e da poesia – foiacusado de ser um administradordesatento, sem controle sobre as fi-nanças do reino e mais interessadoem prazeres.

A Rainha-mãe viajou até a In-glaterra para interceder junto à Rai-nha Victoria em favor da restituiçãodo reino de seu filho. Desembarcoufazendo jus à fama de extraordiná-ria riqueza dos reis indianos: com apompa de jóias espetaculares, umcortejo que incluía dois príncipes ecentenas de servos, tecidos precio-sos e uma impressionante coleçãode títulos: Janab-i-Aliya Malika-i--Kishwar Khanum, Mukhtar Aliya,Fakhr uz-Zamani Nawab Taj AraBegum Sahiba. “Janab-i-Aliya” sig-nifica algo como “Sua Alteza Real”.“Malika” é o termo árabe para Rai-nha. “Khanum” é o feminino deKhan, título mongol. “Fakhr uz-

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A trajetória da Rainha de OudeSônia Zaghetto

Reformador publica a história inédita de um dos mais impressionantes personagens do livro O Céu e o Inferno, que este mês completa 140 anos de lançamento

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-Zamani” significa “glória de suaépoca”. “Nawab” e “Begum”, jun-tos em um mesmo título, corres-pondem à identificação de uma es-posa da realeza. “Taj Ara” quer dizer“ornamento da coroa”.

Foi recebida com grandes hon-ras pela Rainha Victoria, mas a In-glaterra era uma monarquia consti-tucional e Victoria não tinha pode-res para intervir no caso. Para agra-var o quadro, enquanto a Rainhade Oude estava na Europa, explo-diu a grande rebelião de 1857 con-tra a presença britânica na Índia.Wajid Ali Sha e suas esposas esta-vam diretamente envolvidas. Esseprimeiro levante pela independên-cia ensangüentou o País. Mesmo osmais resistentes, como a lendáriaLakshimi, Rani de Jansi, foram di-zimados pelos ingleses e sua derro-ta reduziu ainda mais as possibilida-des de os reinos retomarem suaautonomia.

A Rainha de Oude permane-ceu na Inglaterra por um ano. Naviagem de volta, durante uma esca-la em Paris, em 23 de janeiro de1858, ela morreu em decorrênciade uma moléstia súbita. Tinha 58anos de idade. Há várias versões pa-ra a morte. Uns apontam o cólera,outros depressão. Um mês depois,seu filho, General Mirza SikandarHashmat, também morreu e foi se-pultado junto da mãe.

Em um gesto de provocação àInglaterra, a França concedeu àRainha de Oude funerais de Chefede Estado. O enterro percorreu asruas de Paris e se tornou um dosacontecimentos mais comentadose noticiados do País. Malika Ki-shwar foi sepultada na área muçul-mana do Cemitério do Père-Lachai-se, na 85a divisão, a poucos metros

de onde está localizado hoje o tú-mulo de Allan Kardec. De sua tum-ba imponente hoje resta somente afundação. Um desenho no localmostra a opulência do monumen-to original.

Atento aos fatos de seu tempo,Allan Kardec evocou a Rainha naSociedade Parisiense de Estudos Es-píritas e publicou a conversa na Re-vue Spirite de março de 1858 e,mais tarde, em O Céu e o Inferno.Evocou-a em duas outras ocasiõessem notar mudanças significativas.O diálogo entre a Rainha e o Codi-ficador é revelador. Ela informa queestá perturbada, que tem saudadesda vida (“Experimento acerba dor,da qual a vida me libertaria” ),mas exige ser tratada como Majes-tade. Nada parece satisfazê-la emsuas aspirações de poder; a morteainda não a faz refletir sobre sua ati-tude perante a vida. É o que se de-duz de sua resposta quando Kardecindaga sobre as honras que lhe fo-ram tributadas por ocasião de seufuneral: “Não foram grande coisa,

pois eu era rainha e nem todos securvaram diante de mim...”

O exclusivismo da realeza estábem traduzido nas respostas da Rai-nha: “Meu sangue não pode mistu-rar-se com o do povo.” Seu apego àspaixões materiais está explícito nodesprezo à figura de Jesus (“O filhodo carpinteiro não é digno de ocu-par meus pensamentos” ) e, mesmosendo muçulmana e cumpridorados costumes, não permitiu que areligião sobrepujasse a posição so-cial (“Eu era bastante poderosa pa-ra que me ocupasse de Deus” ). Se-quer o profeta Maomé lhe mereceum comentário caloroso (“Não é fi-lho de rei” ).

Pode-se entender seu desprezoaté pela liberdade conquistada pelasmulheres do Ocidente (“Que me im-portam as mulheres! Se me falassesde rainhas...” ) se considerarmos queela era a principal dama da sua cortee seu poder político era tremendo.

“Meu sangue reinará, por cer-to, visto como é digno disso”, disseela a Kardec, mas essa aspiração ja-mais se concretizou. A nora da Rai-nha, Hazrat Mahal, se tornou umsímbolo da resistência ao imperia-lismo inglês, mas Wajid Ali Sha eseus filhos morreram no exílio. Em1858, o Parlamento britânico trans-feriu a administração do País para aCoroa e em 1876 o governo inglês,liderado por Benjamin Disraeli,proclamou a Rainha Victoria Impe-ratriz da Índia.

O domínio inglês estendeu-seaté 15 de agosto de 1947, quando,não o orgulho e a guerra, mas a re-sistência pacífica e a não-violênciado Mahatma Gandhi dobraram aresistência dos britânicos e procla-maram a independência da grandepátria indiana.

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Túmulo da Rainha de Oude em 1858

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Realizou-se em Pal-mas, Tocantins, nos dias13, 14 e 15 de maio, aReunião Ordinária da Co-missão Regional Centro,de 2005, com a presençade todas as Entidades Fe-derativas da Região: Fe-deração Espírita do Distri-to Federal (9 participan-tes); Federação Espírita doEstado do Espírito Santo(9); Federação Espírita doEstado de Goiás (14); Fe-deração Espírita do Esta-do de Mato Grosso (10);Federação Espírita de Ma-to Grosso do Sul (9);União Espírita Mineira(7); e Federação Espíritado Estado do Tocantins(24). A representação daFEB compareceu com o Presidentee mais 13 membros. Total de par-ticipantes: 96 (mais a equipe deapoio).

Sessão de Abertura

No dia 13, às 20 horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, no Me-

morial Carlos Prestes, iniciada pelaPresidente da Federação Espírita doEstado do Tocantins, Leila Ramos,que fez a saudação aos componen-

tes das Federativas visitan-tes e passou a palavra aoPresidente da FEB, NestorJoão Massotti, o qual pro-feriu a prece e cumprimen-tou os membros das Fe-derativas visitantes e da an-fitriã. A seguir, assumiu adireção dos trabalhos o Co-ordenador da Comissão.

Palestra: A palestrapública da noite, proferidapor Antonio Cesar Perri deCarvalho e ilustrada pordatashow, tratou das Cam-

FEB/CFN - COMISSÕES REGIONAIS

Reunião da Comissão Regional Centro

Aspecto parcial da reunião dos Dirigentes

Aspecto parcial da reunião do Atendimento Espiritual

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panhas Em Defesa da Vi-da, Viver em Família eConstruamos a Paz Pro-movendo o Bem! – que es-tão sendo relançadas con-juntamente, por decisão doConselho Federativo Na-cional e do Conselho Dire-tor da FEB –, seguida deperguntas e comentáriospelos Dirigentes e outrosparticipantes.

Reunião Geral: Encer-rada a palestra, o Coorde-nador apresentou a Pautados trabalhos e comentou o seu de-senvolvimento, passando à apresen-tação individual dos membros daReunião. Encerrada a Sessão comuma prece, a equipe dos jovens ato-res do Tocantins encenou uma pe-ça teatral muito interessante, vincu-lada a tema espírita.

Reuniões Setoriais

Ocorreram, simultaneamente,com início na manhã de sábado

(dia 14), as seguintes Reuniões Se-toriais: a) dos Dirigentes; b) dasÁreas: Atendimento Espiritual noCentro Espírita, Atividade Mediú-nica, Comunicação Social Espírita,Estudo Sistematizado da DoutrinaEspírita, Infância e Juventude, eServiço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Realizou-se sábado (dia 14),

na sede da Federação Espírita doEstado do Tocantins, com a pre-sença dos seguintes Dirigentes: Dis-trito Federal – César de Jesus Mou-tinho (FEDF); Espírito Santo –Dalva Silva Souza (FEEES); Goiás– Weimar Muniz de Oliveira(FEEGO); Mato Grosso – SauloGouveia Carvalho (FEEMT); Ma-to Grosso do Sul – Maria TúliaBertoni (FEMS); Minas Gerais –Marival Veloso de Matos (UEM);e Tocantins – Leila Ramos(FEETINS); os Dirigentes estavamacompanhados de assessores. PelaFederação Espírita Brasileira: Nes-tor João Masotti (Presidente), Alti-vo Ferreira (Coordenador), Evan-dro Noleto Bezerra (Secretário daReunião) e Antonio Cesar Perri deCarvalho (Assessor).

Feita a prece de abertura dostrabalhos, foram discutidas e apro-vadas a Ata da reunião anterior e anova metodologia proposta para ostrabalhos da Comissão, destinada adar melhor aproveitamento ao tem-po e maior dinamismo às reuniõessetoriais.

Na seqüência, os Dirigentes te-ceram comentários sobre o relança-mento das Campanhas Em Defesa

Aspecto parcial da reunião da Atividade Mediúnica

Aspecto parcial da reunião da Comunicação Social Espírita

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da Vida, Viver em Família e Cons-truamos a Paz Promovendo o Bem!,com base na palestra da véspera.

O assunto da reunião anterior– Como preparar o Centro Espíri-ta para atender à família e integrá--la nas suas atividades – foi analisa-do juntamente com o primeiro as-sunto desta reunião – Reavaliaçãoda Campanha Viver em Família.Cada Federativa discorreu sobre suaatuação junto à família, no âmbitodo seu Estado. Algumas já têm se-tores próprios em sua estruturaadministrativa e todas, em maiorou menor grau, mantêm atividadesvoltadas para a família em seus vá-rios departamentos. Foi lembradoque a mesma atenção dispensada àsfamílias da comunidade deve serdada às famílias dos trabalhadoresda Casa Espírita. Houve unanimi-dade no sentido de reconhecer quea família deve estar integrada noCentro Espírita.

Na avaliação do curso de “Ca-pacitação Administrativa para Di-rigentes de Casas Espíritas”, cadaFederativa relatou suas atividadesnesta área. Algumas já formaramturmas completas de gestão na Ca-sa Espírita e se concentram no trei-

namento de multiplicadores que,por sua vez, ministrarão o curso pa-ra outros Centros Espíritas.

Passou-se, em seguida, à ava-liação das atividades-meio na sus-tentação do trabalho federati-vo, isto é, a busca de recursos ma-teriais e logísticos para que a Fede-rativa se torne auto-sustentável eencontre meios de garantir a suaindependência econômico-finan-ceira. Foram apresentados data-shows muito ilustrativos sobre amatéria.

Ao tratar-se do Assessoramen-to Jurídico-Administrativo às Ca-sas Espíritas, enfatizou-se a impor-

tância da criação nas Federativas deum setor específico nesse campo.Muitas vezes, por desconhecimen-to da legislação, perdem-se opor-tunidades de conseguir recursos ebenefícios provenientes do setorpúblico.

Quanto às sugestões para revi-são do opúsculo Orientação aoCentro Espírita, o Presidente Nes-tor Masotti decidiu dar um prazomaior às Federativas para o estudoe apresentação das propostas deatualização do referido documento.

Sobre a realização do CensoEspírita, aprovado pelo ConselhoFederativo Nacional na Reuniãode 2003, dada a inviabilidade dasua realização em muitos Estados,foi acolhida a proposta da FEB detransformação do Censo em levan-tamento do Cadastro das Insti-tuições Espíritas, via Internet, ha-vendo uma equipe que está traba-lhando no respectivo projeto.

A próxima reunião será realiza-da em Cuiabá (MT), no período de19 a 21 de maio de 2006, com oprosseguimento dos temas destareunião: 1. Avaliação das Campa-nhas Viver em Família, Em Defe-sa da Vida e Construamos a Paz

Aspecto parcial da reunião do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Aspecto parcial da reunião do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Promovendo o Bem!; 2. Avaliaçãodo andamento do curso “Capacita-ção Administrativa para Dirigentesde Casas Espíritas”; 3. Avaliação dasAtividades-meio na sustentação dotrabalho federativo.

Sessão Plenária

Esta Sessão ocorreu na manhãde domingo (dia 15), iniciando-secom a prece de abertura e o relatosucinto dos resultados dos trabalhosrealizados nas seguintes reuniões se-toriais:

Dirigentes: O Secretário Evan-dro Noleto Bezerra mencionou osprincipais assuntos ventilados nessareunião.

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, coordena-da por Maria Euny Herrera Masot-ti. Assuntos da reunião: 1. Atendi-mento Espiritual do Adolescente edo Jovem – a família, o indivíduo eo meio; 2. Atendimento Espiritualda Infância. Assunto para a próxi-ma reunião: O Atendimento Espi-ritual promovendo a integração dostrabalhadores da Casa Espírita.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura. Assunto da reu-nião: Prática mediúnica: dificulda-des e soluções – Critérios para aparticipação na reunião mediúnica;O papel da equipe de apoio; A pos-tura ético-moral do participante; Asdificuldades da prática mediúnica;Reunião mediúnica com Jesus eKardec. Assunto para a próximareunião: Roteiro para Organizaçãoe Funcionamento do Grupo Me-diúnico.

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MerhySeba, com assessoria de Sônia Regi-

na Ferreira Zaghetto. Assunto dareunião: Criatividade na Comuni-cação Social Espírita: da teoria àprática. Assunto para a próximareunião: Relacionamento com amídia.

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordenadapor Cecília Rocha, com assessoriade Elzio Antônio Cornélio. Assun-to da reunião: A interiorização doESDE: Estratégias; Resultados; Cen-so 2005. Assuntos para a próximareunião: Censo, com ênfase na aná-lise dos resultados estatísticos; Inte-riorização: iniciativas e resultadosdas ações desenvolvidas; Minicursopara preparação de monitores.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com assessoria de Miriam Lú-cia Herrera Masotti Dusi. Assun-to da reunião: Acompanhamentodos Projetos elaborados no IV En-contro Nacional de Diretores deDIJ: Apresentação de resultados;Avaliação; Próximas ações a seremdesenvolvidas. Assunto para a pró-xima reunião: Minicurso – “Juven-tude Espírita”: Formação de Lide-ranças; Integração do Jovem naCasa Espírita; Metodologia de Tra-balho; Elaboração de Projetos pa-ra o Trabalho com a Juventude Es-pírita.

Área do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita, coorde-nada por José Carlos da Silva Silvei-ra, com assessoria de Maria deLourdes Pereira de Oliveira. Assun-to da reunião: Levantamento de in-formações sobre a utilização do Ma-nual do SAPSE pelos CentrosEspíritas. Assuntos para próximareunião: 1. Divulgar o Manual doSAPSE através das seguintes ações:Busca e aproveitamento de espaços

nos Encontros de Dirigentes paraapresentação da proposta de tra-balho contida nesse documento;Prosseguimento dos cursos de capa-citação de trabalhadores para asatividades do SAPSE; Criação decondições para o entrosamento doSAPSE e demais áreas da Federati-va; 2. Apresentação dos resultadosdessas ações na próxima reunião daComissão Regional Centro; 3. OSAPSE nas Campanhas Viver emFamília, Em Defesa da Vida eConstruamos a Paz Promovendo oBem!

Concluídos os relatos, o Coor-denador concedeu a palavra a umrepresentante de cada área para ex-ternar suas impressões sobre as ati-vidades nela desenvolvidas. Em se-guida, os Dirigentes das Federativasfizeram suas considerações finais edespedidas, havendo unânime ma-nifestação de júbilo e gratidão àPresidente e toda a equipe da Fede-ração Espírita do Estado do Tocan-tins, pela impecável organização doevento e a fraterna acolhida a todosos visitantes. O Presidente NestorMasotti discorreu sobre o novo siteda FEB e acerca da XII Bienal Inter-nacional do Livro no Rio de Janei-ro; em nome da equipe, ratificou osagradecimentos já formulados àFEETINS, pela harmonia e organi-zação do encontro, manifestando agratidão da FEB a todos os Dirigen-tes e suas equipes, que não medi-ram sacrifícios para comparecer àreunião de Palmas.

Encerrando os trabalhos, oCoordenador agradeceu a coopera-ção de todos e convidou SauloGouveia Carvalho, Presidente daFederação Espírita do Estado deMato Grosso, anfitriã da reunião de2006, para fazer a prece final.

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Otítulo desta obra indica cla-ramente o seu objetivo. Aíreunimos todos os elementos

próprios para esclarecer o homemsobre o seu destino. Como nos nos-sos outros escritos sobre a DoutrinaEspírita, aí nada introduzimos queseja produto de um sistema precon-cebido, ou de uma concepção pes-soal, que não teria nenhuma au-toridade: tudo aí é deduzido da ob-servação e da concordância dos fa-tos.

O Livro dos Espíritos contémas bases fundamentais do Espiritis-mo; é a pedra angular do edifício;todos os princípios da doutrina aíestão expostos, até os que devemconstituir o seu coroamento; masera necessário lhe dar desenvolvi-mentos, deduzir-lhe todas as conse-qüências e todas as aplicações, àmedida que se desdobravam peloensino complementar dos Espíritose por novas observações. Foi o quefizemos em O Livro dos Médiuns eem O Evangelho segundo o Espiri-tismo, em pontos de vista especiais;é o que fazemos nesta obra sob umoutro ponto de vista, e é o que fare-mos sucessivamente nas que nosrestam publicar, e que virão a seutempo.

As idéias novas só frutificamquando a terra está preparada paraas receber. Ora, por terra preparadanão se deve entender algumas inte-ligências precoces, que só dariamfrutos isolados, mas um certo con-junto na predisposição geral, a fimde que não só dê frutos mais abun-dantes, mas que a idéia, encontran-do maior número de pontos deapoio, encontre menos oposição, eseja mais forte para resistir aos seusantagonistas. O Evangelho segundoo Espiritismo já era um passo avan-te; O Céu e o Inferno é mais umpasso cujo alcance será facilmentecompreendido, porque toca ao vivocertas questões; mas não podia virmais cedo.

Se se considerar a época emque veio o Espiritismo, reconhecer--se-á sem custo que veio em tempooportuno, nem muito cedo, nemmuito tarde. Mais cedo, teria abor-tado, porque, não sendo numerosasas simpatias, teria sucumbido sobos golpes dos adversários; mais tar-de, teria perdido a ocasião favorávelde se produzir; as idéias poderiamter tomado outro curso, do qual te-ria sido difícil desviá-las. Era preci-so deixar às velhas idéias o tempode se gastarem e provar a sua insu-ficiência, antes de apresentar outrasnovas.

As idéias prematuras abortamporque não se está maduro para ascompreender e porque ainda nãose faz sentir uma mudança de po-sição. Hoje é evidente para todosque se manifesta um grande movi-mento na opinião; formidável rea-ção se opera, no sentido progressi-vo, contra o espírito estacionárioou retrógrado da rotina; os satis-feitos da véspera são os impacien-tes do dia seguinte. A Humanida-de está no trabalho de parto; háqualquer coisa no ar, uma força ir-resistível que a impele para frente;ela está como um jovem saído daadolescência, que entrevê novoshorizontes sem os definir, e se li-vra das fraldas da infância. Vê-sealgo de melhor, alimentos mais só-lidos para a razão; mas esse melhorainda está no vago; buscam-no;todos trabalham nisto, do crenteao incrédulo, do operário ao cien-tista. O Universo é um vasto can-teiro; uns demolem, outros re-constroem; cada um talha uma pe-dra para o novo edifício, do qualsó o grande arquiteto possui o pla-no definitivo, e cuja economia sóserá compreendida quando suasformas começarem a se desenharacima da superfície do solo. Foi omomento que a soberana sabedo-ria escolheu para o advento do Es-piritismo.

O Céu e o InfernoContendo: o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual,

as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc.; seguido de

numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte. Por Allan Kardec

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Os Espíritos que presidem aogrande movimento regeneradoragem, pois, com mais sabedoria eprevidência do que o fariam os ho-mens, porque abarcam a marchageral dos acontecimentos, ao passoque nós só vemos o círculo limita-do do nosso horizonte. Estandochegados os tempos da renovação,conforme os desígnios divinos, erapreciso que, em meio às ruínas dovelho edifício e para não perder acoragem, o homem entrevisse asbases da nova ordem de coisas; erapreciso que o marinheiro percebes-se a estrela polar, que o deve guiarao porto.

A sabedoria dos Espíritos, quese mostrou no surgimento do Espi-ritismo, revelado quase instantanea-mente em toda a Terra, na épocamais propícia, não é menos eviden-te na ordem e na gradação lógicasdas revelações complementares su-cessivas. Não depende de ninguémconstranger sua vontade a tal res-peito, porque eles não medem seusensinos ao sabor da impaciência doshomens. Não nos basta dizer: “Gos-taríamos de ter tal coisa” para queela fosse dada; e ainda menos nosconvém dizer a Deus: “Julgamosque é chegado o momento para nosdardes tal coisa; nós nos julgamosbastante adiantados para a receber”,porque seria dizer-lhe: “Sabemosmelhor que vós o que convém fa-zer.” Aos impacientes os Espíritosrespondem: “Começai primeiro porsaber bem, compreender bem e, so-bretudo, por bem praticar o que sa-beis, a fim de que Deus vos julguedignos de aprender mais; depois,quando chegar o momento, sabere-mos agir e escolheremos os nossosinstrumentos.”

A primeira parte desta obra,intitulada Doutrina, contém o exa-me comparado das diversas crençassobre o céu e o inferno, os anjos eos demônios, as penas e as recom-pensas futuras; o dogma das penaseternas aí é encarado de maneira es-pecial e refutado por argumentos ti-rados das próprias leis da Natureza,e que demonstram não só o seu la-do ilógico, já assinalado centenas devezes, mas a sua impossibilida-de material. Com as penas eternascaem, naturalmente, as conseqüên-cias que se acreditava delas podertirar.

A segunda parte encerra nume-rosos exemplos em apoio da teoria,ou, melhor, que serviram para esta-belecer a teoria. Colhem sua teoriana diversidade dos tempos e lugaresonde foram obtidas, porquanto, seemanassem de uma única fonte,poderiam ser consideradas comoproduto de uma mesma influência.Além disso, colhem-na na sua con-cordância com o que diariamente seobtém em toda parte onde se ocu-pam das manifestações espíritas deum ponto de vista sério e filosófico.Esses exemplos poderiam ter sidomultiplicados ao infinito, pois nãohá centro espírita que não os possafornecer em notável contingente.Para evitar repetições fastidiosas, ti-

vemos de fazer uma escolha entre osmais instrutivos. Cada um dessesexemplos é um estudo em que to-das as palavras têm o seu alcancepara quem quer que as medite comatenção, porque de cada lado jorrauma luz sobre a situação da almadepois da morte, e a passagem, atéentão tão obscura e tão temida, davida corporal à vida espiritual. É oguia do viajor, antes de entrar numpaís novo. A vida de além-túmuloaí se desdobra sob todos os seus as-pectos, como um vasto panorama;cada um aí colherá novos motivosde esperança e de consolação, e no-vos suportes para firmar a fé no fu-turo e na justiça de Deus.

Nesses exemplos, em sua maio-ria tomados de fatos contemporâ-neos, dissimulamos os nomes pró-prios, sempre que o julgamos útil,por motivos de conveniência fáceisde apreciar. Aqueles a quem taisexemplos podem interessar os reco-nhecerão facilmente. Para o públi-co, nomes mais ou menos conheci-dos e, por vezes, muito obscuros,nada teriam acrescentado à instru-ção que deles se pode tirar.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –setembro de 1865, p. 377-382, traduçãode Evandro Noleto Bezerra – Ed. FEB.(Transcrição parcial.)

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Nada neste mundo foi tão pro-curado e tão exigido da Vida,em sociedade, quanto a liber-

dade. E dela abusaram e abusamsempre os tiranos de todos os tem-pos, enquanto for permitida a suapresença neste mundo. Ou melhor,enquanto os homens não a merece-rem ou dela não forem dignos. Porquê? Porque não é fácil o exercícioda liberdade, enquanto persistir nohomem a imperfeição sob o co-mando do egoísmo.

Por isso, evangelizando os cris-tãos de Corinto, assim Paulo, filo-soficamente, se expressou: “Deus éEspírito, e onde está o Espírito doSenhor, aí há liberdade.” (2 Cor.,3:17.)

É o que, repensando Kardec,procuramos demonstrar nessa mo-desta reflexão em torno do capítuloX da Parte 3a de O Livro dos Espí-ritos, que trata “Da Lei de Liberda-de”, em seus aspectos fundamentais,e finaliza com o Resumo teórico domóvel das ações humanas.

1. Liberdade natural (questões825 a 828): Indaga inicialmente osábio Codificador da Doutrina Es-pírita às Entidades Reveladoras: “Ha-

verá no mundo posições em que ohomem possa jactar-se de gozar deabsoluta liberdade?” Do Alto, res-pondem: “Não, porque todos preci-sais uns dos outros, assim os peque-nos como os grandes.”

Nas questões seguintes, sempreatentos às indagações de Allan Kar-dec, respondem eles tudo quantonós, homens que nos cristianizamosem busca da espiritualização, pre-cisamos compreender a respeitode liberdade como objeto naturalde nossa conduta em relação aosoutros. De modo que, esclarecem,estando juntos dois homens, “há en-tre eles direitos recíprocos que lhescumpre respeitar”. A partir desseponto de vista, a liberdade é semprerelativa, nunca absoluta.

Para evitar conclusão errônea,Kardec formula a questão 827, istoé, se “a obrigação de respeitar os di-reitos alheios tira ao homem o depertencer-se a si mesmo”. E os in-térpretes do Cristo na Espiritualida-de respondem: “De modo algum,porquanto este é um direito que lhevem da natureza.” E concluem, emface do argumento de Kardec naquestão 828 a respeito do despotis-mo de certos homens, no lar e so-bre os subordinados, que efetiva-

mente “eles têm a compreensão dalei natural, mas contrabalançadapelo orgulho e pelo egoísmo”. O queem verdade verificamos à luz daHistória, e ainda em nossos dias, éque eles procuram sustentar-se emprincípios liberais que não cum-prem. Finalizando este item, e emface da última pergunta do Codifi-cador, esclarecem os arautos da Es-piritualidade que “quanto mais in-teligência tem o homem para com-preender um princípio, tanto me-nos escusável é de o não aplicar a simesmo”.

2. Escravidão (questões 829 a832): Vejamos como sintetizar estasquatro questões a partir da pergun-ta de Allan Kardec: “Haverá ho-mens que estejam, por natureza,destinados a ser propriedade deoutros homens?” Respondem os Es-píritos Superiores:“É contrária à leide Deus toda sujeição absoluta deum homem a outro homem.” E fi-nalizam a resposta de modo enfáti-co: “A escravidão é um abuso daforça. Desaparece com o progresso,como gradativamente desaparecerãotodos os abusos.”

Não podemos deixar de con-cordar com o mestre Kardec quan-do afirma que a escravidão do ho-

Repensando Kardec

Da Lei de Liberdade(O Livro dos Espíritos, questões 825 a 872)

1a Parte Inaldo Lacerda Lima

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mem o assemelha ao irracional, de-gradando-o física e moralmente.Para os Espíritos Superiores (ques-tão 830) “o mal é sempre o mal e nãohá sofisma que faça se torne boa umaação má. (...) Aquele que tira provei-to da lei da escravidão é sempre cul-pado de violação da lei da Natureza.”

Realmente, o Evangelho doCristo veio esclarecer à Humanida-de que todos os homens são iguais eé de todos a condição de filhos deDeus, não podendo homem algumser colocado na condição de escravode outro. Quanto à desigualdade na-tural de aptidões de certas raças hu-manas, isso pode colocá-las na de-pendência de raças mais evolvidas,sim, para fazê-las elevar-se, nuncapara embrutecê-las mais ainda sob ochicote da escravização. Amarga ebrutal insensatez mostra-nos a His-tória sobre monarcas negros da Áfri-ca que vendiam seus próprios irmãospara serem escravizados pelo homembranco. Horror dos horrores! Dan-tesca cegueira moral e espiritual!

Quando, na última questãodeste assunto, Kardec chama a aten-ção para o fato de terem existido es-cravocratas que tratavam seus escra-vos com um certo humanismo, osEspíritos afirmam que “esses com-preendem melhor os seus interesses”,e que “igual cuidado dispensam aosseus bois e cavalos, para que ob-tenham bom preço no mercado” . Con-firmam que não eram tão culpados,mas nem por isso deixaram de tra-tar seus escravos como mercadoria,privando-os do direito de se perten-cerem a si mesmos! Atualmente, amídia tem propagado notícias deproprietários de terras, aqui no Bra-sil, que continuam explorando o ho-mem, numa certa forma de escravi-zação, no interior do País!

3. Liberdade de pensar (ques-tões 833 e 834): Pergunta AllanKardec: “Haverá no homem algu-ma coisa que escape a todo cons-trangimento e pela qual goze ele deabsoluta liberdade?” E complemen-ta (questão 234): “É responsável ohomem pelo seu pensamento?” Asduas indagações se entrelaçam e,desse modo, repensemos com osEspíritos Reveladores: A faculdadede pensar é efetivamente ilimitada,por não haver meios de se aniquilaresse vôo do Espírito. Todavia, pe-rante a Divindade, não há comodeixar de ser responsável o homempelos pensamentos que emite. Ora,se o homem é premiado pelos pen-samentos elevados que tem, comodeixar de ser enquadrado na JustiçaDivina por seus maus pensamentos,uma vez que ninguém ignora a for-ça ou poder que um pensamentopossui!

4. Liberdade de consciência(questões 835 a 842): Sobre a cons-ciência O Livro dos Espíritos nosoferece mais do que mera noção.Porém, a real expressão de seu sig-nificado e valor se faz sentir a partirda primeira indagação de AllanKardec: “Será a liberdade de cons-ciência uma conseqüência da depensar?” Respondem os Espíritos:“A consciência é um pensamentoíntimo, que pertence ao homem,como todos os outros pensamentos.”Mas será só isso? Gostaríamos desintetizar todas as indagações numasó, e fazer o mesmo com as sábiasrespostas do Alto. Mas não sendoisso possível, analisemos a respostadada à questão 836, em que AllanKardec pergunta se “tem o homemdireito de pôr embaraços à liberda-de de consciência”. E, na pergunta

seguinte, sobre o que resulta dosembaraços que a ela se oponham.Os Emissários da Espiritualidadeinformam, primeiro, que falece aohomem o direito de opor embara-ços à liberdade de pensar, em facede que somente a Deus competejulgar a consciência de alguém eque o resultado desse procedimen-to é “constranger os homens a pro-cederem em desacordo com o seumodo de pensar, fazê-los hipócri-tas. A liberdade de consciência éum dos caracteres da verdadeira ci-vilização e do progresso”. Compro-vando isso vemos, ainda, o desacer-to das manifestações políticas entretodos os povos do Planeta. A pro-pósito, vimos, mui recentemente,através da televisão, o Papa JoãoPaulo II rogar perdão à cristandadepelos desacertos da Igreja romana,em face dos milhares e milhares dehomens ilustres, verdadeiros missio-nários, queimados vivos por pensa-rem diferentemente dos teólogos deRoma! Mas, o mundo se acha emprocesso de mutação, e tudo deveestar a caminho de uma nova era deregeneração de toda a Humanidade.

Nas questões 838 e 839, Kar-dec insere no assunto a problemáti-ca religiosa. Primeiro, se será respei-tável toda e qualquer crença, aindaquando notoriamente falsa. Os Es-píritos Superiores respondem que“toda crença é respeitável, quandosincera e conducente à prática dobem”. E se “será repreensível aque-le que escandalizar com a sua cren-ça um outro que não pensa comoele”. Os Espíritos respondem sim-plesmente:“Isso é faltar com a cari-dade e atentar contra a liberdadede pensamento.”

Nas últimas questões, voltamosainda à liberdade de consciência.

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Ao perguntar aos Espíritos (questão840) se “será atentar contra a liber-dade de consciência pôr óbices acrenças capazes de causar perturba-ções à sociedade”, eles respondem:“Podem reprimir-se os atos, mas acrença íntima é inacessível.” AllanKardec, então, comenta que repri-mir os atos exteriores de uma cren-ça, quando estes acarretam prejuízoa outrem, não é atentar contra a li-berdade de consciência pois que es-sa repressão em nada tira à crençaa liberdade, que ela conserva inte-gral.

Deus é paciente em aguardar onosso despertar para a Luz. Recor-demos quantos erros as Igrejas vêmalimentando durante séculos, namente de seus adeptos, entre eles,as penas eternas no inferno! Daí asvenerandas potências espirituais en-cerrarem a resposta à questão 841de Kardec com estas palavras: “Aconvicção não se impõe.” E o Co-dificador conclui o assunto buscan-do uma resposta precisa à elucida-ção de todos nós, sobre os indíciospelos quais se possa reconhecer,dentre todas as doutrinas que ali-mentam a pretensão de ser verda-deiras aquela que realmente o seja.Os Espíritos Reveladores das verda-des eternas, graças à bênção da Me-diunidade, assim se expressam: “Se-rá aquela que mais homens de beme menos hipócritas fizer, isto é, pelaprática da lei de amor na sua maiorpureza e na sua mais ampla apli-cação.” Através desse luminoso sinalreconhecer-se-á a verdadeira crença,a verdadeira doutrina sob as bênçãosdo Altíssimo...

5. Livre-arbítrio (questões 843a 850): Este é para mim um estudode grande importância diante de tu-

do o que se prende à Parte 3a destaobra magnífica que é O Livro dos Es-píritos – o livre-arbítrio – e que res-ponde efetivamente por toda a com-preensibilidade da lei de evolução.

Allan Kardec, dada a sua con-dição de mestre em educação, ini-cia o estudo com uma indagaçãomuito simples, mas que conduz aum aprofundamento do assuntodentro da mais profícua logicidade:“Tem o homem o livre-arbítrio deseus atos?” Respondem os EspíritosSuperiores: “pois que tem a liberda-de de pensar, tem igualmente a deobrar”, esclarecendo que sem o li-vre-arbítrio, o homem não passa-ria de simples máquina de ação ir-refletida. Observemos a relação ób-via entre a questão seguinte (844) esua resposta: “Do livre-arbítrio go-za o homem desde o seu nascimen-to?” Respondem os Espíritos: “Háliberdade de agir, desde que hajavontade de fazê-lo.” Explicam quesendo quase nula na infância e noprincípio da adolescência, ela vaicrescendo e sempre mudando deinteresse com o desenvolvimentodas faculdades racionais, isto é, naconformidade de suas necessidades.E exemplificam: “Estando seus pen-samentos em concordância com oque a sua idade reclama, a criançaaplica o seu livre-arbítrio àquiloque lhe é necessário.”

As informações vão-se amplian-do e aprofundando mais e maiscom as indagações de Allan Kardec.Atentemos na questão 845: “Nãoconstituem obstáculos ao exercíciodo livre-arbítrio as predisposiçõesinstintivas que o homem já trazconsigo ao nascer? Afirmam os Es-píritos: “As predisposições instinti-vas são as do Espírito antes de en-carnar.” Ora, não é o homem o

Espírito em processo de desperta-mento num corpo cujas condiçõesde vida crescem com o desenvolvi-mento dos órgãos em formação?Nisso verificamos que estando elemais ou menos adiantado, essaspredisposições ou tendências po-dem arrastá-lo à prática de atos re-preensíveis, influenciado por Espí-ritos simpáticos a tais disposições.Mas os arautos do Alto advertemque “não há, porém, arrastamentoirresistível, uma vez que se tenhavontade de resistir.”

Procurando refletir um poucosobre a questão 846 e sua respecti-va resposta, não vemos a necessida-de de transcrevê-la por inteiro. Real-mente, a matéria não deixa de exer-cer influência sobre o Espírito en-carnado a ponto de embaraçar-lheas manifestações. E na resposta da-da adiantam os Espíritos que hámundos onde os corpos são menosmateriais do que na Terra, permi-tindo ao Espírito desdobramentomais livre de suas faculdades. Entre-tanto, advertem: “(...) o instrumen-to não dá a faculdade.” Ensinam,assim, de modo incontestável, que“tendo um homem o instinto do as-sassínio, seu próprio Espírito é, in-dubitavelmente, quem possui esseinstinto e quem lho dá; não são seusórgãos que lho dão”. Eis, leitor espí-rita, a grande responsabilidade nos-sa! Quantas vezes, nisso, se confun-dem os homens, até mesmo emsuas prescrições jurídicas. E acode--nos à lembrança certo julgamentojurídico ocorrido há algum tempo,em nosso país, em que um assassi-no foi inocentado pela Justiça, soba justificativa de haver matado poramor!... Pasme o leitor! E concluí-mos, diante da publicação do fatonos jornais: Não e não! Por amor

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ninguém mata. Matou por paixão,sob a influência descontrolada dociúme! Amor não mata, não fere,não molesta! É fora de dúvida queaquele que só se ocupa da matéria,realmente nulifica o pensamento, ejá não cuida de premunir-se contrao mal, incorrendo em faltas gravís-simas, no abuso do livre-arbítrio.

Ao aberrar da faculdade depensar, diante do estado de materia-lidade a que se entrega, deixa o ho-mem de ser senhor de um pensa-mento elevado, perdendo a próprialiberdade de agir com consciêncialúcida no bem. Tal aberração, di-zem os Espíritos Superiores, em res-posta à questão 847: “(...) constituimuitas vezes uma punição para oEspírito que, porventura, tenha si-do, noutra existência, fútil e orgu-lhoso, ou tenha feito mau uso desuas faculdades.”

Entendamos melhor o assuntocom a resposta à questão 848: “Ser-virá de escusa aos atos reprováveis oser devida à embriaguez a aberraçãodas faculdades intelectuais?” Veja-mos como os Espíritos respondem:“Não, porque foi voluntariamenteque o ébrio se privou da sua razão,para satisfazer a paixões brutais.Em vez de uma falta, comete duas.”

Nas questões 849 e 850, omestre Kardec deixa um pouco aproblemática da consciência paramelhor fixar-se no caso do livre-ar-bítrio, voltando-se, na primeira ques-tão, para o homem em estado deselvageria – se nele predomina oinstinto ou o livre-arbítrio – e, nasegunda, indaga: se “a posição socialnão constitui às vezes, para o ho-mem, obstáculo à inteira liberdadede seus atos”.

Analisemos ambas as respostasdadas às duas questões. Afirmam os

Espíritos Superiores que, no estadode selvageria, predomina no ho-mem “o instinto, o que não o im-pede de agir com inteira liberdade,no tocante a certas coisas”. No en-tanto, como ocorre com a criança,“(...) aplica (...) essa liberdade àssuas necessidades e ela se ampliacom a inteligência”. E chamam aatenção de Kardec que, sendo elemais esclarecido que um selvagem,

também é mais responsável peloque faz do que um selvagem porseus próprios atos. Obviamente, emrelação à posição social, “(...) Deusé justo e tudo leva em conta” inclu-sive as exigências sociais, sem deixarde estar atento à responsabilidadede cada um, se nenhum esforçoemprega na superação dos obstácu-los que se lhe interponham à mar-cha evolutiva.

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Registramos com justa satisfa-ção o Centenário do jornal O Cla-rim, de Matão (SP). Fundado em15 de agosto de 1905, mantém,desde o início e ao longo dos cemanos de sua existência, fidelidade ecoerência na divulgação da Doutri-na Espírita e do Evangelho de Jesus.Ao que nos consta, é, depois de Re-formador, o mais antigo órgão daimprensa espírita brasileira com cir-culação ininterrupta. Seu fundador– Cairbar Schutel (1868-1938) –foi, no Estado de São Paulo, umautêntico pioneiro na divulgaçãodo Espiritismo, através de mais dedez livros de sua autoria, da tribu-na espírita, da imprensa e do rádio,

sendo, também, fundador da Revis-ta Internacional de Espiritismo, em15 de fevereiro de 1925.

A Casa Editora O Clarim pro-move a comemoração do Centená-rio de O Clarim com um bem elabo-rado programa de palestras e expo-sições, subordinadas ao tema central– Dimensão Espiritual da Nova Era.O evento ocorre na Sociedade Re-creativa Matonense, nos dias 12, 13e 14 deste mês, com a participação,já confirmada, de Divaldo PereiraFranco e André Luiz Peixinho (BA),Raul Teixeira (RJ), Sérgio Felipe deOliveira, Irvênia Prada e MarleneNobre (SP), Alberto Almeida (PA) eMoacir Costa Araújo Leite (RS).

Centenário de O Clarim

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Niterói (RJ) Eventos espíritas na FEERJVI Encontro Fluminense da Doutrina Espírita como Direito: Esse Encontro realiza-se no dia 20 deagosto, das 17h às 19h30, no Salão Nobre da Federa-ção Espírita do Estado do Rio de Janeiro (Rua Coro-nel Gomes Machado, 140 – Centro – Niterói), comoparte da Campanha Em Defesa da Vida, promovidapela FEB em nível nacional. Os oradores e temas sãoos seguintes: Dr. Hélio Ribeiro Loureiro (Advogado eDiretor da FEERJ, com o tema: A questão dos anen-céfalos: Quando começa a Vida?; Dr. Fábio de Sou-za Silva (Juiz Federal em Niterói) – A pena de mortena visão espírita; Joaquim Mentor Júnior (Acadêmi-co de Direito) – A porta falsa do suicídio; e MinistroWaldemar Zveiter (Ministro do Tribunal Federal deJustiça) – O Código Penal da Vida Futura.

Aniversário da FEERJ: A Federativa comemorou98 anos de fundação, com uma solenidade em sua se-de, no dia 30 de junho passado.

CEI: Capacitação do Trabalhador Espírita Promovido pelo Conselho Espírita Internacional(CEI), realizou-se de 20 a 24 de julho de 2005, nasede da Federação Espírita Brasileira, e com apoio des-ta, em Brasília, o Curso de Capacitação do Traba-lhador Espírita. O programa contou com os seguintestemas: Trabalho Federativo e de Unificação do Movi-mento Espírita, Capacitação Administrativa do Diri-gente Espírita, Estudo Sistematizado da Doutrina Es-pírita, Estudo e Educação da Mediunidade e Evan-gelização Espírita Infanto-Juvenil. O Curso do CEIcontou com cerca de 130 participantes oriundos depaíses das três Américas e da Europa.

Pedro Leopoldo (MG): Semana Chico XavierNo período de 30 de junho a 8 de julho foi promovi-da em Pedro Leopoldo, pelo Centro Espírita LuizGonzaga, a II Semana Espírita Chico Xavier, com oapoio da Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopol-do, órgão ligado à União Espírita Mineira. Além deatos de homenagem ao inesquecível médium Francis-co Cândido Xavier em sua terra natal, constou do pro-grama uma série de palestras de cunho evangélico--doutrinário.

Santa Catarina: Bienal do Livro A Federação Espírita Catarinense participou da 1a Bie-nal do Livro de Santa Catarina, em Lages, iniciada nodia 16 de junho, às 9 horas, com um estande em queapresentou novidades e promoções de livros espíritas.O Presidente da FEC, Gerson Luiz Tavares, proferiupalestra pública naquele dia, às 20h30.

AME-Brasil: Dez anos de fundaçãoA Associação Médico-Espírita do Brasil completou

em junho dez anos de fundação, nos quais cumpriusua missão básica de congregar todas as AMEs do País,contribuir para o estudo e a pesquisa cientifica no âm-bito da Medicina e do Espiritismo, difundir por todosos meios o paradigma médico-espírita, além de ou-tros objetivos. A AMEB realizou com grande êxito oseu V Congresso Nacional em São Paulo (SP), no pe-ríodo de 26 a 28 de maio, com a presença de 850profissionais da Saúde de todo o País.

Pernambuco: 140 anos de O Céu e o InfernoA Federação Espírita Pernambucana realiza no dia 20deste mês, às 9 horas da manhã, em sua sede (Av. Joãode Barros, 1629 – Espinheiro – Recife), uma reuniãocomemorativa dos 140 anos do livro O Céu e o Infer-no, publicado por Allan Kardec em 1o de agosto de1865. Falará sobre a efeméride a expositora Ana Gui-marães (RJ). A FEP mantém semanalmente, no cita-do horário, o estudo dessa obra da Codificação Kar-dequiana.

Inglaterra: Minicongresso EspíritaO BUSS (União das Sociedades Espíritas Britânicas)

promoveu, nos dias 10 e 11 de junho, o 1o Minicon-gresso Espírita Britânico, em Wimbledon, com a par-ticipação de 190 congressistas, provenientes de 13 paí-ses: Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Escócia,Espanha, Honduras, França, Inglaterra, Itália, Méxi-co, Portugal e Suécia. Divaldo Pereira Franco fez asconferências de abertura e encerramento. Outras cin-co conferências foram proferidas por: Juan AntonioDurante (Argentina), Charles Kempf e CláudiaBonmartin (França), Evanise Zwirtes e Tânia Steva-nin (Reino Unido).

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