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Revista sobre políticas públicas agrárias da SDA - Governo do Estado do Ceará - Nº 01
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Projeto São José | Cadastro Agropecuário | Crédito Fundiário
Regulamentação Fundiária | Agricultura Orgânica | Programa de Peixamento
Plano Safra| Programa de Cisternas | Programa Territórios da Cidadania
nossa terraCEARÁGoverno do Estado do CearáSecretaria de Desenvolvimento Agrário
n°1 | ano 01| Julho | 2009
Cid Ferreira GomesGovernador do Estado
Camilo Sobreira de SantanaSecretário do Desenvolvimento Agrário do Estado
Antônio Rodrigues Amorim Secretário Adjunto da SDA
Wilson Vasconcelos BrandãoSecretário Executivo da SDA
José Maria PimentaPresidente da Ematerce
Edílson de CastroPresidente da Agência de Defesa Agropecuária
Francisco Bessa Superintendente do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace)
Marcelo PinheiroPresidente do Instituto Agroplos do Ceará
Reginaldo MoreiraPresidente da Central Abastecimento do Ceará(Ceasa)
textos Claudia Albuquerque , Natércia Rocha | fotografia Celso Oliveira, Davi Pinheiro, Fábio Lima, Natercia Rocha edição de fotografia Celso Oliviera, Fabio Lima, Aldiane Lima | projeto gráfico Ponto2 design
arte final, digitalização, tratamento de imagens e banco de imagens Local Foto edição de textos Claudia Albuquerque | revisão de textos Claudia Albuquerque
jornalistas responsáveis Claudia Albuquerque, Natercia Rocha
Tiragem 5mil exemplares | Impressão Expressaõ Gráfica
Julho 2009
A Secretaria do Desenvolvimento Agrário(SDA) apresenta o primeiro número da
revista “Nossa Terra”. Um canal de comunicação que encontramos para mostrar
de forma clara e transparente as atividades de uma secretaria nova, nascida há
apenas dois anos e meio, na gestão Cid Gomes.
Criada com o intuito de dar uma atenção especial e exclusiva aos agricultores
familiares cearenses, a SDA vem promovendo uma série de ações que visam
provocar grandes mudanças no meio rural cearense. A ideia da revista é
compartilhar os resultados concretos das nossa atuação no campo, das melhorias
que ela vem trazendo ao modo de vida do nosso sertanejo, há tanto tempo
castigado pelo descaso e pelo esquecimento.
Nesta primeira edição, fizemos um traçado de todo território cearense, buscamos
personagens que evoluíram, que hoje dispoem de uma renda fixa que lhes garante
o sustento e, mais que isso, a cidadania. Essas pessoas foram atendidas no seu
direito à terra para morar, para plantar, possuir uma ocupação e desenvolver
atividade produtivas e rentáveis.
O progresso no campo já é realidade no Ceará. Um total de 70¨% dos alimentos
que chegam à mesa do cearenses advém da agricultura familiar, uma atividade
essencial, primordial, para a nossa sobrevivência e para o desenvolvimento do
nosso Estado. Os leitores poderão conhecer muitos exemplos de pequenos
produtores que já comercializam seu produtos para outros estados e cogitam a sua
exportação.
Não há nada mais saboroso do que a vida no interior, perto da natureza, das belezas
e encantamentos naturais que o Ceará nos reserva. É lá onde todos se conhecem,
onde se cresce com tranquilidade, onde se tem mais serenidade para criar os filhos,
onde tudo é mais fácil e acessível.
E a SDA continua trabalhando para criar novas alternativas de emprego e renda. A
promoção da cultura, do lazer, da educação contextualizada no meio rural para
acrianças e jovens também está dentro da nossa missão. As manifestações culturais
e a descoberta de novos talentos, principalmente nos assentamentos rurais,
encantam, dão nova vida ao campo e enchem de esperança os nossos agricultores e
todos os que são sertanejos de coração.
Camilo Santana
secretário
nossa terraCEARÁ
00 Ceará - nossa terra
04 Projeto São José
11Regulamentação Fundiária
16 Crédito Fundiário
22 Cadastro Agropecuário
27 Agricultura Orgânica
Sumário
nossa terra 00
Programa de Peixamento 30
Plano Safra 32
Programa Territórios da Cidadania 36
Programa de Cisternas 41
Programa Leite Fome Zero 47
Produção de Beneficiamento de Castanha Associação Comunitária de Barreiras (CE)
Somente acompanhando de perto o trabalho que envolve a preparação das deliciosas, e tradicionais, Castanhas de Caju produzidas no município de Barreira, no interior do Ceará, para saber o porquê de sua boa fama, e forma.
00 Ceará - nossa terra
Projeto São José
amigos tirando documentos para ir
embora para São Paulo, Manaus,
Brasília. Um dia, deu uma vontade de
implantar uma pequena fábrica de
processamento de castanha de caju”.
Resumindo a história, hoje, o agricultor
Peixoto, que foi buscar no Governo do
Ceará, através da Secretaria do
Desenvolvimento Agrário, recursos do
Projeto São José para concretizar seus
planos, virou prefeito da cidade. E,
pelas redondezas, famílias que
aprenderam a valorizar o que têm em
abundância no quintal de suas casas, já
somam, entre si, mais de 50 mini-
fábricas de beneficiamento de
castanhas, que produzem cerca de 10
toneladas/dia e geram mais de mil
empregos diretos.
“Nosso processamento de castanha,
hoje, em Barreira, fica em torno de
quatro mil toneladas/ano, e o produtor
passou a ganhar e a ter emprego na
própria comunidade. Temos, agora, a
Tudo lá é feito com capricho. Até o
maquinário, bem zelado pelos
funcionários da sede da Associação
Comunitária de Barreira, não substituiu
a conferência manual de tamanho, cor e
possíveis defeitinhos que garantem a
qualidade do produto. Outra etapa
interessante do beneficiamento é o
método de corte da castanha para
retirada da amêndoa. Duplas de
rapazes realizam uma espécie de balé
sincronizado, em equipamentos
rústicos e ágeis, alternando pés e mãos.
Mas o que chama atenção mesmo na
pequena e pacata cidade de Barreira é a
história de luta de um agricultor de
coragem chamado, Antonio Peixoto
Saldanha, que, ainda jovem, no final da
década de 80, acreditou que podia
mudar o rumo da história de seu povo e
lutou para conquistar sonhos. “Eu
ficava olhando aquele tanto de
produção de castanha, tudo indo
embora pra outro município, meus
Quando a dupla tem prática, um chega a cortar a castanha e outro a retirar a amêndoa, de até 80 quilos/dia. Quando estão sendo treinados, com agilidade impressionante, os aprendizes descascam “somente” 40 quilos/dia.
Ceará - nossa terra 00
cultura do processamento da castanha.
Jovens, de 18, 20 anos, terminam os
estudos e vão direto trabalhar nas
fábricas, não tem mais vergonha de ser
cortador de castanha. Hoje, temos
pessoas que estão voltando do sul para
trabalhar nas mini-fábricas”, comemora
o ex-presidente da Associação.
Ti tu lar da Coordenador ia de
Programas e Projetos Especiais, da
Secretaria do Desenvolvimento Agrário
do Ceará (SDA), Josias Farias Neto,
celebra a apresentação da Carta
Consulta do novo contrato do Projeto
São José III, no valor de US$ 100
milhões, o dobro do anterior, junto à
Comissão de Financiamento Externo,
d a S e c r e t a r i a d e A s s u n t o s
Internacionais (SEAIN), do Ministério
do Planejamento. Ele lembra que o
f o c o d o S ã o J o s é I I I é o
desenvolvimento rural sustentável, com
trabalhos junto às redes de associações
comunitárias.
Pro
jeto
São J
osé
“A proposta inicial, apresentada com
sucesso na SEAIN, concentra-se em
agricultores familiares, e busca sinergias
com Políticas Públicas congêneres nas
três esferas de Governo”, comenta
Josias, explicando que “dentro deste
contexto, quatro vertentes estão sendo
postas: universalização no abasteci-
mento de água, intensificação de
políticas de apoio a núcleos ou arranjos
produtivos emergentes - na perspectiva
de economia solidária, focalização no
conjunto da agricultura familiar, nas
etnias quilombolas e indígenas,
geração, gênero e meio ambiente, como
uma questão transversal. Saindo de
subprojetos pontuais, focando a
otimização dos mesmos com o
fortalecimento das cadeias produtivas,
atuando em gargalos e atraindo
parceiros”.
Josias comenta que em 2008 foram
liberados recursos referentes a 404
subprojetos, com aplicação de R$ 32,3
milhões. “Empenhamos R$ 10,3
milhões para ações de abastecimento
d e á g u a e s a n e a m e n t o , e m
comunidades com subprojetos
a p r e s e n t a d o s a o S ã o J o s é ,
concentrados nos 40 municípios de
menor Índice de Desenvolvimento
Social (IDS)”.
Já o São José Produtivo vem avançando
na questão da geração de emprego e
renda. “Com muita responsabilidade,
e s t a m o s d e s e n v o l v e n d o o
f inanc iamento de subpro je tos
“Recentemente, com o Projeto São José, conseguimos reformar a Associação.
Antigamente, aqui era cheio de 'quartim', só cubículo. Conseguindo economizar aqui e ali,
ainda conseguimos fazer outro galpão. As estufas, a máquina de embalagem, o
despeliculador, muita coisa daqui foi conquistada com parceria. Quando começamos, há mais de
20 anos, Barreira tinha quase nada. Hoje, a criação dessa entidade vem gerando muitas
outras. Temos cerca de 50 unidades caseiras de famílias, mini-fábricas que trabalham sua própria
castanha, e 90% deles aprenderam manusear máquinas aqui no PA Rural. Esse lugar aqui é de ensino. Muita gente vem aprender, inclusive de
outros estados, e nós ensinamos, porque quando melhora pra um, fica bom pra todos.”
Vanair Peixoto Saldanha Presidente em exercício da Associação Comunitária de Barreira
“Com apoio de Sebrae, do Projeto São José e de outros parceiros, trabalhamos o
melhoramento de pequenas fábricas e de nossa estrutura. Agora, temos mais espaço, caldeira,
equipamentos importantes e, com isso, passamos a ter presença mais forte no mercado
consumidor do Ceará. Tivemos tempos bons com exportação, mas, hoje, com essa crise, tem sido
mais viável ampliar vendas para São Paulo, Minas Gerais, Bahia e outros. Barreira é
conhecida como 'Terra do caju', lugar onde a amêndoa é de ótima qualidade. Nosso produto
tem sido bem aceito dentro e fora do Brasil”.
Antonio Peixoto SaldanhaPrefeito de Barreira e
ex-presidente da Associação Comunitária
produtivos, dando preferência,
principalmente, a comunidades mais
organizadas, que trabalham com redes
de Associações, com acesso ao
m e r c a d o , m e s m o d i a n t e d a s
c i r c u n s t â n c i a s a d v e r s a s . S ã o
comunidades que, pela própria
organização, têm articulação com várias
instituições governamentais e não
governamentais”.
Enquanto isso, o São José Agrário
encerrou o ano de 2008 com 121
subprojetos atendidos, dos 180
previstos, somando, até o momento,
recursos de, aproximadamente, R$ 9
milhões. A previsão para este ano é
atender os demais. “São projetos
destinados às áreas de assentamentos,
estaduais e federais, por isso nós
mapeamos as áreas socialmente mais
o r g a n i z a d a s ” , p o n t u a J o s i a s ,
acrescentando que houve também um
mapeamento das comunidades
quilombolas e indígenas, nos 40
municípios de menor IDS, para
identificar prioridades a serem
atendidas pelo São José Inclusão Social.
SERVIÇO
Mais informações com Vanair Peixoto
Saldanha, atual Presidente da
Associação Comunitária de Barreira,
pelo telefone (85) 3331.1735; ou com
Ivani Gabriel, Relações Públicas, no
(85) 3331.1216 ou 3331.1171. Sede do
PA Rural, Avenida Francisco Torres
da Gama, s/n, centro, Barreira (CE).
10 toneladas/dia
de produção.
00 Ceará - nossa terra
Fábrica de Polpa de FrutasDistrito de Umarizeiras
O vermelho vivo e o sabor da polpa de acerola, produzida na Associação
Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais da Região de Umarizeiras, distrito
de Maranguape, vem chamando atenção de grandes redes de supermercados da
Capital. De acerola, e de frutas tropicais como, abacaxi, cajá, goiaba, caju, graviola,
manga, seriguela, e outras beldades, cultivadas na Serra, e processadas por gente da
comunidade.
O presidente da Associação, Francisco Eliziário Maia Cordeiro, disse que, cerca de
40 produtores, que vivem da agricultura familiar, estão envolvidos no sucesso dessa
organização. “Tivemos bom êxito em 2008 e, esse ano, o Projeto continua. Agora
precisamos de uma câmera fria e uma envasadeira automática, que faz até mil
embalagens/hora. Temos condições de fazer até 2.400 quilos de polpa/dia, mas
nosso espaço pra congelar é só de 500 quilos. Tem os períodos de escassez, é
importante ter onde armazenar”.
E Eliziário revelou o segredinho rubro da polpa de acerola de Umarizeiras. “Para
ter uma qualidade vermelhinha, ela tem que estar bem madura. Tão madura que
só pode ser colhida perto da fábrica, para ser processada no mesmo instante.
Como tudo, tem que ter o ponto”.
Serviço
Mais informações pelo número (85)
8888.9668, com Eliziário.
Ceará - nossa terra 00
“Por longos anos trabalhei só moendo cana de açúcar, farinha de
mandioca, todo tipo de cultura eu topei. E, quando chegou o Projeto
Pingo D´Água, lhe digo que não foi fácil mudar, mente é coisa difícil.
Mas mudei de uma maneira, que plantar milho e feijão nunca mais. Era
muito sacrifício. Agora é diferente, toda tempo a gente ta colhendo
alguma coisa”.Seu Paulo Tavares
Produtor da Várzea Grande, em Quixeramobim
Pro
jeto
São J
osé
Ceará - nossa terra 00
Projeto Pingo D´águaQuixeramobim
Antigamente, os homens da terra se
dedicavam à agricultura de sequeiro:
milho, feijão, mandioca, arroz, depois
colocavam joelho no chão, olhos no
céu, e pediam a Deus água para fazer
brotar aquele pouco. Se o inverno fosse
bom, muito bem, racionando com
sacrifício, quase dava para esperar a
safra no ano seguinte. Mas, se as chuvas
não caíssem, a situação era cruel.
Hoje, a realidade é outra. Desde
quando o poder público local, uniu-se à
universidades cearenses e francesas,
com o objetivo de aplicar experiências
bem-sucedidas em ex-colônias
francesas da África, o assunto é
desenvolvimento.
Deusimar Cândido de Oliveira,
presidente da Associação dos
Produtores do Vale do São Bento,
conta, com alegria, o envolvimento,
cada vez mais enraizado, dos cerca de
50 produtores da região. “Plantamos
tomate, pimentão, maracujá, melão,
batata doce, pimenta de cheiro,
A história do Projeto Pingo D´Água se passa lá no Vale do Riacho Forquilha, em Quixeramobim, onde a realidade de quase duas mil pessoas foi transformada da seca para fartura.
“Temos o melhor acompanhamento técnico e queremos seguir somente com adubação orgânica, biofertilizante, cultivo protegido
através de telado. Conseguimos reduzir 70% da adubação química e o objetivo é conseguir tirar
totalmente o uso de adubos químicos. Nossa produção é de alta qualidade”.
Deusimar Cândido de OliveiraPresidente da Associação dos Produtores do
Vale do São Bento
repolho, cheiro verde e outros, é um
grande modelo de agricultura familiar.
Nosso grupo sempre teve preocupação
em Fortalecer parcerias, como nós, eles
acreditam nesse projeto”, ressalta
Deusimar.
O agricultor elogia, também, a força e
união dos produtores que, a cada dia,
veem florescer melhor suas hortas.
“Aqui tem gente de muita qualidade,
pessoas comprometidas com o
trabalho. Isso é determinante para que
qualquer projeto dê certo”, diz
Deusimar.
Os agricultores do
Projeto Pingo
D´Água, em
Quixeramobim,
produziram
660 mil quilos de
tomate em 2008.
Seu Francisco e seu Raimundo,
ambos Alves de Andrade, são
dois, de 12 irmãos nascidos no
lugarejo chamado Vale do Meio,
nos arredores do Vale do São
Bento, em Quixeramobim. Eles
relembraram dificuldades do
passado e comemoraram
transformações das gerações
atuais. “Na época de pai, num
tinha luz, água era só quando
chovia e, o sequeiro, só dava de
ano em ano. Agora não, de
quatro em quatro mês, se
conseguir plantar, tem o que
colher”.
O cheirinho de tempero e terra
molhada fica espalhado pelo ar. E é só
olhar para os mais de 30 canteiros de
coentro, cebolinha e alface, cultivados
com esmero, por Socorro, Salete e
Leudiana, para compreender a
espetacular transformação que vem
acontecendo no Vale Forquilha, nos
arredores de Quixeramobim. “Eu era
professora, e adorava. Mas nunca mais
deixo isso aqui, é uma alegria esse
“Antes minha mulher (Socorro)
só conseguia produzir coentro.
Ela saía daqui toda terça,
comprava na Várzea do Meio R$
2,00 de coentro, e fazia 30 mói
de cheiro verde. Levava para
feira e ganhava 1,00. Hoje,
fazendo mil mói por dia, dá R$
100. Por semana, dá R$ 600,
onde é que tem um ganho desse
por aqui?”
trabalho. Tem feito a família trabalhar
junto”, diz Socorro.
O marido, Elano Nogueira, que dá
assistência à plantação de hortaliças,
também deixa brotar a satisfação com o
empreendimento comandado pela
força feminina. A filha já está na
faculdade, mas é ela que, na cidade,
garante apoio aos pais que cuidam da
produção no campo. “Minha menina
cuida dos produtos expostos, toda
semana, na Feira de Agricultura
Familiar, em Quixeramobim. Ela
recebe o cheiro verde, faz entregas,
recebe pagamentos, faz novos pedidos
e liga para a mãe”, diz Elano.
E faz gosto mesmo. Hoje, no pequeno
terreno, cerca de 900 mói (molhos) de
coentro e cebolinha seguem para a
cidade com destino certo. E, se a
produção fosse maior, a venda também
estava assegurada.
Raimundo Alves de Andrade, Francisco Eudo Alves de Andrade - agricultores
Maria do Socorro Fernandes de Oliveira, Antonio Elano Nogueira da Silva, Salete Tavares de Sousa, Leudiana Fernandes Andrade - Vale do Forquilha – São Bento II - Quixeramobim.
Pro
jeto
São J
osé
00 Ceará - nossa terra
Seria suficientemente grandioso tendo somente esses dois argumentos, mas tem
mais. Entre os irmãos que rápido ficavam adolescentes, três das meninas evoluíam
diferente, e mostravam necessidades e talentos bem especiais. Francisca Miguel
Sobrinha, a pequena Cileide, relembra que foi observando, de longe, a habilidade
com agulha e linha da nova madrasta, que conseguiu aprender muitos pontos de
crochê e ensinar às amigas, “embaixo dum pé de mangueira, com lua”, o que, mais
tarde, evoluiriam para compor as bonitas varandas das redes de solasol. “Era
brincando, acho que tenho habilidade pra ensinar. Conseguia pegar o ritmo da
agulha olhando, sempre soube todo tipo de crochê, e repassava pras criança da
comunidade”, diz Cileide.
Essa história poderia contar a vida de sertanejas guerreiras, que vem transformando a realidade da Comunidade do Sítio Mocotó, lá no município de Várzea Alegre, com disposição para trabalhar belíssimas redes artesanais. Ou narrar saga de mais uma família do Sertão do Ceará que, com 10 crianças pequenas para criar, a mãe morre precocemente, de parto, ainda na década de 70, época onde energia em sítio nem se cogitava.
Redes do Sítio MocotóVárzea Alegre - Ce
Ceará - nossa terra 00
Hoje, ao lado da mangueira onde
alinhavavam o futuro, está construída a
sede da Associação Comunitária do
Sítio Mocotó. No salão grande, 10
máquinas industriais, que podem
ajudar a produzir até 170 redes/mês,
trabalho que envolve até mil pessoas, de
quatro comunidades próximas.
Francisca Reinaldo de Oliveira, a
Ceilda, além de talentosa, mostra que
continua aguerrida por melhoras para a
comunidade. “O Projeto São José pra
nós aqui foi tudo, é maravilhoso, nossa
vida é outra, temos ajuda de boas
instituições. Mas queremos reivindicar
agora comercialização. Temos, hoje,
estoque de 170 redes, sem mercado
certo. Essas redes tão gerando emprego
na Carrapateira, Lagoa Seca, e nos
bairros Riachinho e Varjota, em Várzea
MAIS INFORMAÇÕES
Quem quiser comprar redes da
Associação Comunitária do Sítio
Mocotó, tentar pelo telefone
(88) 3541.1776, distante 12
quilômetros, ou pelo celular,
(88) 9259.8498, que nem
sempre funciona. Aliás,
conseguir telefone fixo é outra
reivindicação antiga dos
moradores.
Alegre, com qualidade padronizada
aqui na Associação. Mas precisamos ter
venda certa”, alerta Ceilda.
A mais falante das três pequenas-
grandes artesãs, sem dúvida, é Maria
Miguel de Oliveira, a Rosinha, que já
viajou o Brasil inteiro, “e até para o
exterior” mostrando o artesanato de
qualidade produzido no Sítio Mocotó.
Um retrato do bom humor espalhado
entre as 43 famílias do lugar. “Hoje a
gente tem que acompanhar o
desenvolvimento, a globalização,
porque, senão, depois, fica que nem os
Estados Unidos, tudo aperreado com a
crise em cima. Tem que ser esperto.
Digo, com alegria, que foi com muito
esforço, e o apoio do Governo do
Estado, Banco Mundial, Sebrae e
Banco do Nordeste, que foi erguida e
transformada nossas vidas ”. Rosinha
termina a frase chamando para o
banquete com galinha à cabidela,
preparado no antigo casarão onde tudo
começou.
“Hoje a gente tem que acompanhar o
desenvolvimento, a globalização, porque, senão,
depois, fica que nem os Estados Unidos, tudo
aperreado com a crise em cima.”Maria Miguel de Oliveira, a Rosinha,
Pro
jeto
São J
osé
00 Ceará - nossa terra
Regulamentação Fundiária
Um Marco na História Agrícola
Por ocasião do lançamento do Plano Safra em Fortaleza, o governador Cid Gomes enfatizou a importância do convênio que foi firmado entre o Governo Federal e o Governo do Estado, através do Incra e Idace, para a regularização fundiária em 121 municípios cearenses.
00 Ceará - nossa terra
O acordo é um marco na história
agrícola do Ceará, visto que 70% dos
imóveis rurais do estado não estão
r e g u l a r i z a d o s . “ E s s a a ç ã o
revolucionária contará com um
investimento de R$ 48 milhões e
atingirá mais de 190 mil pequenas
propriedades, beneficiando cerca de
200 mil famílias”, disse o governador.
A ass inatura do convênio de
Regu l a r i z a ção Fund i á r i a e s t á
possibil i tando o levantamento,
identificação, georeferenciamento e
caracterização da malha fundiária nas
diversas regiões do Ceará, para a
implantação do cadastro de imóveis
rurais e a conseqüente regularização
fundiária.
Com isso, é possível conceder títulos de
propriedade rural para os produtores
que não os possuem, legalizando a
situação dos imóveis. Com a posse dos
títulos das terras, os agricultores têm
acesso a recursos financeiros e à
assistência técnica, “Um reflexo bastante
positivo na qualidade de vida e na renda
familiar do meio rural”, destaca o
secretário Camilo Santana.
Emídio Alves, produtor de milho do
município de Pentecoste, recebeu
simbolicamente das mãos do secretário
C a m i l o S a n t a n a o t í t u l o d e
regularização. A propriedade faz parte
da primeira leva de 190 mil terrenos que
estão sendo regularizados. Na opinião
do agricultor, o grande ganho obtido a
partir do título de posse de terra é a
oportunidade de se inscrever em
programas de financiamento ofertados
pelo Governo.
Com isso, os pequenos agricultores têm
acesso aos agentes públicos de
financiamento da produção agrícola,
podendo ampliar e variar sua produção,
também melhorando a qualidade e
aumentando a produtividade dos
Ceará - nossa terra 00
produtos cult ivados. Pequenos
agr icul tores e agr icul toras de
municípios da região do Cariri, como
de Jati, Brejo Santo, Barro, Penaforte,
Porteiras, além de Quixeramobim,
Lavras da Mangabeira e Crateús, já
tiveram acesso a agentes públicos de
financiamento de produção, como o
Banco do Nordeste e Banco do Brasil,
a l é m d e a s s i s t ê n c i a t é c n i c a
espacializada.
Para Francisco Bessa, Superinendente
do IDACE, “a regularização fundiária,
através do cadastro georeferenciado,
tendo como produto final o título de
propriedade, se constitui num dos
maiores programas de inclusão social,
pelos benefícios que traz aos
agricultores e agricultoras familiares, no
que tange ao acesso às políticas públicas
e resgate da cidadania”.
Crédito Fundiário
Crédito Fundiário
O Programa Nacional de Crédito Fundiário beneficia famílias de pequenos produtores rurais, que não tem acesso a terra, facilitando aquisição de propriedades comunitárias. É um programa que vem ganhando destaque, principalmente, pelas transformações efetivas no aumento da qualidade vida das famílias beneficiadas
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
Financiamento com prazo de
pagamento de 14 a 17 anos, carência de
dois anos e juros dede 2% a 5% ao ano.
É o que a linha de Combate à Pobreza
Rural do Programa Nacional de
Crédito Fundiário (PNCF) representa
para as famíl ias de pequenos
produtores rurais, que com isso
desenvolvem condições de adquirir a
própria terra. Pagando em dia, o
trabalhador ainda tem um bônus de
40% sobre o valor das parcelas e,
quando a terra é adquirida, ficam
garantidos recursos para investimentos
básicos de estruturação da propriedade.
Em 2008, foram beneficiadas no Ceará
352 famílias, numa área de 8.926
hectares, totalizando investimentos
para a aquisição de terras de mais de R$
2 milhões, além de recursos para
investimentos comunitários de quase
R$ 4 milhões. Em 2009, a meta é
atender cerca de 700 famílias, nos 181
municípios do Ceará, com exceção do
Eusébio, Maracanaú e Fortaleza, que
praticamente não possuem área rural.
“Mas esse não é um trabalho fácil.
Como em toda grande família, há
diversidade de opiniões, conflitos,
estamos aprendendo juntos a melhorar
sempre”, comenta a engenheira-
agrônoma Maria Leuda Cândido,
supervisora do Núcleo de Apoio à
Gestão (Ela é da UTE?), responsável
pela operacionalização do Crédito
Fundiário no Ceará.
“Nós coordenamos o programa, que
permite ao trabalhador acessar a terra
através do financiamento do Governo
Federal, pelo Programa Nacional de
Crédito Fundiário na linha de Combate
à Pobreza Rural. É um projeto
alternativo e complementar ao Plano
Nacional de Reforma Agrária”,
completa Leuda.
Apesar das dificuldades, a técnica está
animada: “O trabalhador escolhe a terra,
os companheiros e o programa que
quer, não há interferência externa. Isso é
i m p o r t a n t í s s i m o , t a n t o p e l a
transparência quanto pela liberdade.
Muitos deles viram pais e avós
arrendando terras de patrões para
poderem trabalhar. Com esse programa,
caso um proprietário daquele tempo
resolva vender um pedaço do chão, os
que já estão dentro conseguem comprar
a terra. Daí em diante, a história muda e,
quem era empregado, vira patrão.”
Quem também enfatiza a importância
do programa é Adhemar Lopes de
Almeida, Secretário de Reordenamento
Agrário do MDA. “ O Programa
Nacional de Crédito Fundiário tem
permitido às famílias de agricultores
rurais se fixar na terra. Isto revela que o
objetivo de combater à pobreza no o às
campo es tá sendo a lcançado,
possibilitando às famílias beneficiadas o
acesso a outras políticas públicas de
incentivo à produção, moradia, infra-
estrutura, educação e saúde”, afirmou.
O melhor de tudo é que os benefícios
estão ao alcance de todos. “Basta o
trabalhador querer. Inicialmente ele
decide a propriedade, depois a empresa
parceira, Sindicato dos Trabalhadores,
assistência técnica e outros. Nos
municípios, tem ONGs e empresas
credenciadas para mobilizar e capacitar
esse trabalhador a formular a proposta
e encaminhar para cá. Quando há
dificuldades lá, o trabalhador vem e nós
orientamos, fazemos a articulação com
a empresa”, encerra a supervisora
Serviço:
Mais informações pelo
www.creditofundiario.org.br ou (85)
3101.8051 ou (85) 3101.8052
352 famílias
beneficiadas
Ceará - nossa terra 00
Cré
dit
o F
und
iári
o
cultura, sem nenhum extravio. Os
assentados já pediram orientação na
questão do cultivo de frutas. Quando a
gente conseguir produzir aqui, e
abastecer a cidade, ficará valorizado o
trabalho do agricultor, e incrementada a
circulação da renda local”, destacou o
Agente.
A assessora do Crédito Fundiário da
Região Norte, da Ematerce de Sobral,
Maria Goretti de Freitas Ribeiro,
explicou que, esse projeto, tem como
meta facilitar o acesso de agricultores
familiares à terra, em áreas que não
podem ser desapropriadas para
Reforma Agrária. “Elaboramos 51
SIC´s e Subprojetos de Investimentos
Comunitários, que beneficiaram 91
famílias, em 10 assentamentos. Esse
programa vem se desenvolvendo bem
aqui na região Norte. Todos estamos
bem satisfeitos”, destacou Goretti.
“Tem a questão do associativismo, cooperativismo, onde as famílias se unem para
fazer trabalhos coletivos para pagarem os imóveis.
Maria Goretti de Freitas RibeiroAssessora do Crédito Fundiário da Região Norte
Ematerce-Sobral
“Os assentados já pediram orientação na questão do cultivo de frutas. Hoje, tudo que Groaíras consome, vem de outros municípios. Quando a gente conseguir produzir aqui, e abastecer a cidade, ficará valorizado o trabalho do agricultor, além de incrementar a circulação da renda local.”
Dácio Silveira GracianoAgente de Assistência Técnica de Extensão Rural (ATER)
91 famílias
beneficiadas
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
“Meus amigos brincam dizendo que saí
da roça, mas a roça não saiu de mim.
Estudei na cidade, me formei e voltei
para cá. Aquele sonho americano, a
ilusão da cidade grande, acabou. Todos
esses jovens aqui são a prova disso”.
A empolgação contagiante do
tecnólogo, Antonio Carlos dos Santos
Ferreira, Agente Rural da Ematerce,
que dá assistência ao Assentamento
Estrela, em Barbalha, é a imagem
verdadeira do que vem acontecendo
pelo interior Ceará.
Cada vez mais, condições favoráveis,
valorização e ações sincronizadas do
Governo do Estado, têm incentivado a
permanência de jovens, de todas as
cidades, no campo. No assentamento
da Estrela, cinco estagiários em fase de
conclusão do Curso Técnico em
Fruticultura, no CVTC de Barbalha,
praticam, com agricultores experientes,
o que aprenderam nos bancos da
escola.
Assentamento EstrelaBarbalha - Ce
NÚMEROS
O Assentamento Estrela tem,
plantado, 10 ha de Goiaba, 7 ha de
banana e 8 ha de caju de sequeiro.
São 10 famílias, morando em
sistema de Agrovilas, com casas
próximas umas das outras,
facilitando o compartilhamento de
energia, telefone e outros. A
comunidade dispõe de 3 poços
profundos para fazer irrigação e
abastecer as casas.
“Essa é a primeira turma e tem sido uma
experiência fantástica, todos estão de
parabéns. Na minha época, não tive
essa oportunidade, 90% do curso foi
teoria. Quem quisesse prática, tinha que
ir para outras regiões do Estado. Agora
eles só têm que estudar e voltar para
ajudar suas comunidades a crescer”, diz
Antonio Carlos.
E energia para trabalhar não falta.
Quem diz é seu Cícero Raimundo de
Melo, 60 anos, Presidente da
Associação dos Produtores de Fruta do
Distrito Estrela. O agricultor conta, com
alegria, a expansão e melhoria da vida
das 10 famílias beneficiadas com o
crédito fundiário.
“Sou nascido e criado aqui na Estrela,
junto com meus companheiro, na
batalha. Conseguimo terra, água,
implantamo as cultura, principalmente,
da goiaba, antes, plantava um pedacim
de roça aqui, outro acolá, só sequeiro.
Agora, com o apoio desses governante,
tem onde nóis trabaiá, e eu quero é que
evolua mais daqui pra frente”, diz seu
Ciço. E comemora. “Agora, inda tem
esse pessoal jovem, estudando,
partindo pra agricultura. É futuro bom
pra eles e pra nóis também”.
Ceará - nossa terra 00
Personagens Região Norte: Fazenda Atalho, em Groaíras, e Forquilha
O lugar está ficando bonito, mas as dezenas de coqueiros destruídos por queimadas ainda contrastam com a energia de crescimento e evolução que vem se alinhando entre as 10 famílias que irão morar na Fazenda Atalho, município de Groaíras, região norte do Ceará que, no final do ano passado, foi adquirida pelo Programa Nacional do Crédito Fundiário.
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Aos poucos , o sonho desses
agricultores, que já foram peões, e hoje
são patrões, vai se tornando realidade,
quase fazendo lembrar a antiga história
da Terra Prometida. O lugar tem, em
abundância, o bem mais precioso: água.
Nada menos que três rios: Groaíras,
Jacurutu e o perene Acaraú, cruzam a
propriedade de 82 hectares. Além
disso, os assentados que irão morar nas
quatro casas que estão sendo
construídas, e das três que serão
reformadas, com benefícios do
financiamento, também já adquiriram
e q u i p a m e n t o s d e i r r i g a ç ã o ,
implementos agrícolas, material de
construção, tudo guardadinho,
somente esperando hora de serem
usados. Tem, também, um trator
'aradando' os três hectares de terra onde
serão plantadas banana pacovan, e os
dois hectares de capineira para o gado,
que virá com o próximo financiamento.
Ao que tudo indica até chegar o mês de
abril, tudo estará no ponto para
começar. “Fizemo uma reunião e tudim
se engajaro no serviço. Todo mundo tá
disposto a produzir dentro da terra.
Depois que terminar a implantação
desse projeto, vem o Pronaf A, para
adquirir gado, ovelha. É o começo de
um ciclo grande que a gente pretende
fazer aqui dentro”, diz, José Carneiro
do Nascimento, (CONFIRMAR
NOME DELE) pres idente da
A s s o c i a ç ã o C o m u n i t á r i a d o s
Assentados da Fazenda Atalho.
E não é somente tudo isso. A
movimentação positiva em torno da
permanência do homem no campo,
também tem atraído jovens cada dia
mais interessados em incrementar esse
setor. Dárcio Silveira Graciano, é
tecnólogo em irrigação e, atualmente,
presta serviço à Ematerce, como
Agente de Assistência Técnica de
E x t e n s ã o R u r a l ( A T E R ) , n o
assentamento da Fazenda Atalho. “O
sistema de irrigação escolhido para cá é
um dos mais caros e viáveis para terra.
Ele raciona a água diretamente para a
O Programa Nacional de Crédito Fundiário, implantado em parceria
com Governos Estaduais, e entidades ligadas à agricultura familiar, tem
como meta viabilizar o acesso dos agricultores familiares à terra em áreas
que não podem ser desapropriadas para Reforma Agrária. Além de
financiar a compra de imóveis rurais, o Programa investe em infra-
estrutura básica e produtiva.
Dona Maria, seu Raimundo, Sebastiana, Larissa, Wesley, Werles, Verlênio, Gleiciane, Ivo e Maria do
Livramento, fazem parte oito das famílias assentadas, no final do ano passado, na Fazenda Rocha, em
Forquilha, zona Norte do Ceará. Eles, que já passaram pela fase da construção da habitação, com
recursos reembolsáveis do Subprojeto de Aquisição de Terra (SAT), agora mostram, com satisfação,
curral, aprisco, cercas, estábulo, viabilizados com recursos não-reembolsáveis dos Subprojetos de
Investimentos Comunitários, os SICs.
Família de Forquilha na Frente de Curral
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Lá no Assentamento da Comunidade
Malhada, a 13km de Crato, os
membros da Associação Comunitária
Padre Frederico trabalham direitinho.
Cedo, moradores se espraiam para
limpar os seis hectares de goiaba
irrigada, cuidar das bananeiras, do
maracujá consorciado com amendoim,
da mandioca de sequeiro, da criação de
ovinos, caprinos e gado leiteiro, das
hortaliças, além, claro, do cultivo de
milho e feijão, vendidos, ainda verdes,
na famosa feira quinzenal de Ponta da
Serra.
É lá também onde está instalada a
miniusina de pasteurização de leite, de
propriedade de 22 membros, da
Associação dos Pequenos Produtores
de Leite do Sítio Malhada; e a Casa do
Mel, onde são feitos trabalhos ligados à
apicultura, processando e distribuindo
rendimentos de forma compartilhada.
De acordo com Maria Elcileide
Nogueira Mendonça, Extensionista
Social da Ematerce do Crato, vêm
acontecendo mudanças significativas
Comunidade Malhada, Ponta da Serra - Crato
no padrão de vida das famílias da
Malhada. “A comunidade tinha um
terreno que explorava em regime de
comodato. Quando venceu, passou-se a
discutir a aquisição da terra, através do
Crédito Fundiário. Elaboramos projeto
que contemplasse as atividades
diversificadas que os trabalhadores
rurais já vinham desempenhando de
forma rudimentar. Taí, deu certo”,
disse Elcileide.
Tão certo, que, recentemente, até a
antiga Casa de Farinha, depois de cento
e tanto anos de funcionamento,
recebeu recursos do Projeto São José,
passou por reparos, ganhou uma versão
mais moderna, mantendo a estrutura
original, e conseguiu facilitar os
trabalhos nas farinhadas. “Durante o
ano, a comunidade produz, além da
tapioca tradicional, bei ju com
amendoim, gergelim, carne de sol ou
queijo coalho, e vendem em exposições
e feiras distritais. Eles fazem, em média,
quatro farinhadas/ano, para garantir
beiju e tapioca para consumidores
cadastrados”, disse a gerente em
exercício.
Para José Acácio de Moraes Lima,
engenheiro-agrônomo da Ematerce,
outros dois fatores fundamentais na
evolução na Comunidade Malhada são
a permanência dos jovens no campo e a
facilidade de escoamento da produção.
“Aqui eles trabalham com toda família
envolvida e isso é muito interessante,
porque tem jovem que não quer se
engajar nesse tipo de atividade. Aqui,
pais, filhos, moças e rapazes fazem
parte desde o preparo até as vendas.
Eles também têm o Rio Carás,
perenizado pelo açude Tomaz
Osterne, do Crato, têm energia e estão
localizados próximo a um grande
centro consumidor, que é a Região do
Cariri. Veja que, juntos, somente Crato,
Juazeiro e Barbalha, somam cerca de
500 mil habitantes. Tudo que se produz
aqui, é fácil escoar, tanto faz ser inverno
ou verão”, comemora Acácio.
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Circuito Agropecuário Nordeste
O Circuito Pecuário Nordeste (CPNE), evento que reúne Estados do Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte,
Piauí, além, esse ano, da participação especial de representantes de Bahia, Sergipe e Tocantins, foi sediado, em março,
pela primeira vez, no Ceará. O sucesso do encontro fortaleceu a certeza de que, no Brasil inteiro, todas as esferas de
poder, estão unidas para certificar o Nordeste como “Zona Livre de Febre Aftosa”.
Durante o encontro, as principais lideranças e autoridades, locais, regionais e nacionais, ligadas ao setor, expuseram
experiências. Registros antológicos e narrações históricas de líderes contemporâneos, e que a Revista SDA reproduz para
o leitor.
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
“Essa reunião aqui está sendo
grandiosa, tem tudo para
alavancar o comprometimento
com a vontade de melhorar.
Obter reconhecimento de status
sanitário é uma conquista, tem
que ser buscada. Todos os
Estados devem fazer esforços
para que se assista o maior
número de propriedades, se
lancem dados de forma correta,
porque não adianta por um
número qualquer. Temos que
intensificar ações pró-ativas
durante campanhas e pós-
campanhas. Hoje, podemos até
estar na direção certa, mas
temos, também, que avançar na
velocidade adequada”.
Inácio Kroetz
Secretário Nacional de Defesa Agropecuária, do
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA)
“O Governo vem fazendo
esforços com vacinação,
concurso público, cumprindo
todas as diretrizes que o
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(MAPA) está exigindo.
Queremos o Ceará fora do
nível de risco desconhecido, e
esse esforço conjunto dos
Estados é fundamental para que
o Nordeste do Brasil crie a
barreira sanitária necessária
contra aftosa”
Francisco Pinheiro
Vice-governador do Ceará
Camilo SantanaTitular da Secretaria do Desenvolvimento
Agrário do Ceará (SDA)
“É um desejo forte de todos no
Nordeste, avançarmos na
questão da defesa animal. No
Ceará, há muita disposição,
temos aprendido muito. Não
queremos perder mais tempo,
essa é uma questão de
segurança, de saúde pública,
importante para o Brasil. Por
isso, as parcerias e a união de
todos são tão fundamentais. A
cobrança é grande e não vamos
medir esforços para evoluir.
“Esse encontro aqui em Fortaleza foi uma surpresa extraordinária. Ver um grupo de pessoas tão comprometidas, dos diversos setores: público, privado, produtores, indústria, toda uma conjugação de vontades que, realmente, não tem como fracassar. Essa meta estabelecida para 2010 acho fantástica, porque não podemos mais conviver com esse problema. Quem sabe seremos o primeiro continente livre de febre aftosa. O que mais me chamou atenção foi que aqui não existe competição entre organizações, setores, ou estado. Todos estão visando o esforço conjunto”.
“A primeira coisa que tem que fazer é Cadastro. Sem cadastro pronto, não adianta fazer mais nada, porque não vai servir. Isso é lição de casa, tem que fazer cadastro, e cadastro bem feito. A segunda coisa é a manutenção do cadastro. Não adianta fazer cadastro, se não tiver programa de atualização das informações de trânsito, nascimento, etc. Tem que ser simultâneo, cadastro e manutenção. A terceira raiz principal de tudo isso é a Legislação. Se não tiver apoio da Legislação não adianta fazer cadastro, nem manutenção de cadastro. Funciona como três pilares que ajudam, e muito, a tocar o trem. Tem que concentrar nisso.
Outra coisa é criar um Fundo e colocar as GTAs para funcionar. Em Goiás, desde o início de abril, 100% dos escritórios estão informatizados. Acho absurdo que, em pleno século 21, estejamos discutindo febre aftosa. Fico envergonhado quando vou lá fora, em reuniões internacionais, e tenho que justificar aftosa no Brasil. Tem outra coisa. Lei de Defesa Sanitária só funciona se doer no bolso do produtor.
Apesar de tudo, acho que o Nordeste avançou, há entusiasmo, está no ponto de evoluir. Com isso, não ganha somente o Nordeste, mas o Brasil todo. Estamos sem acesso a 60% do mercado mundial de carne, porque o Brasil não é um país livre de aftosa. Ver isso aqui faz acreditar que, em breve, o Nordeste todo estará livre da doença com vacinação”.
Albino BelottoDiretor do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa –PANAFTOSA-OPAS/OMS
Antenor NogueiraPresidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Ceará - nossa terra 00
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
Francisco Edilson de CastroConselheiro Presidente da Agência de
Defesa Agropecuária do Estado do Ceará - ADAGRI
1 - A Febre Aftosa é uma
enfermidade viral de evolução
aguda que não tem cura,
ocasionada por vírus contagioso,
pertencente à família
Picornaviridae, gênero Aphtovírus.
O vírus pode ser contraído por
bovinos, bubalinos, ovinos,
caprinos e suínos, provocando
perda de peso, diminuição na
produção de carne e leite,
comprometimento da função
reprodutiva, levando à morte;
2 - A carne e o leite de animais
contaminados não devem ser
usados nem comercializados. O
FMDV é altamente contagioso e
infecta todos os animais de casco
fendido, disseminando-se,
rapidamente, em populações
susceptíveis através de vários meios
de transmissão. O vírus pode ser
encontrado em altas concentrações
em fluidos das vesículas, saliva,
fezes, urina, sêmen e leite,
Saiba Mais
“As informações em relação ao cadastro são referentes ao produtor e à propriedade. No primeiro caso, temos Nomes, CPF, CNPJ; no caso de empresas, endereços para conhecer o público agropecuário. Com relação à propriedade, definição da localização, exploração animal segregados por idade, todo cadastro adequado às ações do Ministério. Com o Georeferenciamento, será possível localizar qualquer unidade produtiva dentro do Mapa do Ceará, com acompanhamento posterior às vacinações, saber que produtores vacinaram seus rebanhos e muito mais”.
Nome e função do fotografado
MAIS INFORMAÇÕES
Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Ceará – ADAGRI, na
Avenida Bezerra de Menezes, 1820,
bairro São Gerardo, Fortaleza (CE),
CEP 60.325-002, ou pelos números
(85) 3101.2500 e Fax (85)
3101.2499. E-mail:
“O produtor vai melhorar a qualidade
do rebanho, com animais vacinados,
acompanhados, e, no final, todos terão
alimentos mais seguros, saudáveis, de
boa qualidade.”
Cad
astr
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gro
pecuári
o
encontrando-se presente no sangue
e em todos os tecidos do animal no
pico da infecção;
3 - Os principais sintomas da
doença são: febre alta, afta na
língua, falta de apetite, baba em
excesso, lesões nos cascos, feridas
na boca e nas narinas e dificuldade
de locomoção. Além dos prejuízos
diretos, existem os indiretos:
suscetibilidade a outras doenças
(mastites, miocardites, etc.),
desvalorização dos animais e seus
produtos, proibição da
movimentação dos animais,
interdição de propriedades, perda
de tempo e dinheiro no tratamento
de lesões secundárias.
FONTE: Relatório do Programa
Ceará Livre de Febre Aftosa –
CELFA - ADAGRI – Agência de
Defesa Agropecuária do Estado do
Ceará.
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Registro de Marcas de Ferrar GadoPouca gente sabe, mas a propriedade sobre o rebanho bovino, equino, asinino, suíno, ovino e caprino, de qualquer criador, de acordo com o Decreto Estadual n0 523, de 29 de março de 1939, deve ser assegurada pelo Registro de Marcas de Animais.
Atualmente, o Ceará possui 34.632 criadores legalizados, mas, de acordo com a
coordenadora do Programa de Registro de Marcas, da Secretaria do
Desenvolvimento Agrário, Geralda Barroso dos Santos, o Estado ainda se ressente
de trabalhar, junto aos pecuaristas, a importância de identificar seus animais.
“O criador organizado pode usar a marca no queijo, rapadura, cerâmica, nos
caixões que conduzem frutas para Ceasa, tudo do cotidiano da fazenda.
Diariamente recebemos processos de todos as cidades, porque o registro é feito
com participação, indispensável, das Prefeituras, esse trabalho só funciona na base
da parceria entre Estado e Município”, destacou Geraldinha que, recentemente,
foi contemplada com a Medalha de Mérito Funcional, pelos 35 anos dedicados ao
Registro de Marcas no Ceará.
“Fazemos treinamentos com Secretários de Agricultura, Prefeitos, Presidentes de
Sindicatos e Associações, criadores, tanto para orientar, quanto para ajudar na
elaboração dos processos”, explicou.
E a coordenadora é taxativa ao alertar para que criadores não ferrem o gado antes
de registrar a marca, pois, caso haja semelhança, prevalecerá a que está
regularizada, tendo a outra, obrigatoriamente, que ser alterada. “No Estado só
pode haver uma marca para cada criador, sem duplicidade. Existem variações nas
marcas de ferrar gado: letras do alfabeto, desenhos geométricos, números, tudo
que imaginar, uma variedade imensa”, disse.
De acordo com o decreto que oficializou o registro de marcas, a primeira ferra do
gado deve ser feita no terço médio do membro posterior direito. A primeira contra-
marca, no membro anterior direito. As outras, na tábua do pescoço e queixada.
Além disso, o uso da freguesia do município, marca que identifica a localidade do
animal, deve ser colocada sempre, no terço médio do membro posterior esquerdo
e, mesmo mudando de município, não é recomendado uso de duas freguesias,
permanecendo a primeira.
SERVIÇO
Mais informações pelos
telefones (85) 3101.8073 ou (85)
9994.8144
Ag
ricult
ura
Org
ânic
a
Agricultura OrgânicaAssociação dos Produtores Orgânicos da Ibiapaba, (APOI)São Benedito
Tomate cereja, alface americana, repolho roxo, alho poró, macaxeira, pimentão, berinjela, beterraba, cenoura, além de outras hortaliças, frutas e grãos, produzidos de maneira limpa, correta, sadia, livres de agrotóxicos.
São assim os produtos cultivados no
alto da Serra da Ibiapaba, no município
de São Benedito, distante cerca de 250
quilômetros de Fortaleza. Lá, a
vanguarda de agr icu l tores da
Associação dos Produtores Orgânicos
da Ibiapaba, a APOI, movimenta 13
produtores, de outras três cidades,
Ibiapina, Ubajara e Carnaubal – unidos
pelo objetivo de repensar novos
modelos agrícolas, que valorizem o
homem do campo, respeitem o meio
ambiente e evolua em tecnologias
sustentáveis. E a iniciativa tem se
mostrado bem sucedida.
Tanto que, João Costa Gomes, técnico
em agropecuária, e um dos produtores
da APOI, conta, com alegria, as
recentes conquistas que evidenciam a
importância dessa luta.
“O tabu da serra era tomate e repolho.
Quando iniciamos, muita gente
apostou que não daria certo. Mas taí, os
dois são os que produzimos com
melhor regularidade, e sem usar
nenhum tipo de agrotóxico”, destaca
João.
O engenheiro-agrônomo, Hermínio
Recentemente nós ganhamos um
premio do MDA, feito pelo
Carlos Dias, gerente regional da
Ematerce. Ganhamos premio em
peculato pela experiência.
Apenas 2 grupos no ceará foi
contemplado. Somente APOI
recebeu dinheiro.
Premiação
Cícero, Luiz Carlos, Cleide, Vanderléia, Ismael, Valéria, Eliane, Ariane, Denísio e João, na Sede da Associação dos Produtores Orgânicos da Ibiapaba (APOI). Eles organizam grande parte dos produtos orgânicos consumidos em Fortaleza (CE).
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A sustentabilidade das terras de seu Antônio Simeão e dona Gracinha, localizadas no Sítio
Baixa do Cedro, em Carnaubal, é de tirar o chapéu. Agricultor experiente e forte, o patriarca
de 11 filhos, cultiva quase tudo que necessita para viver. Como todo bom sertanejo, a sala de
visita é a cozinha, primeiro vão da casa, com fogão à lenha aceso, esquentando a água do
café plantado lá mesmo e moído na hora. Na prateleira, feijão, arroz, frutas, ovos... E, lá fora,
além das galinhas caipiras presas, aguardando comprador que vem da cidade, pilhas e pilhas
de composto orgânico, feito do bagaço da cana-de-açúcar, palha, cinza e esterco animal,
permutado ou vendido a outros membros da APOI, para ser utilizado em adubação. Aliás,
outra pérola de seu Simeão é a cachaça de alambique produzida de forma artesanal. Com a
matéria-prima cultivada sem aditivos químicos, o processo inicia com a moagem da cana,
que vai para dornas de fermentação, onde é colocado sobre o alambique e, depois de
aquecido, destilado. “A parte de fermentação, inclusive, sem nenhum aditivo químico, tudo
natural”, enfatiza Zé Maria, um dos filhos do casal.
Antônio Simeão e Dona Gracinha.
Ceará - nossa terra 00
SERVIÇO
Mais informações na Sede da
Associação dos Produtores
Orgânicos da Ibiapaba (APOI),
pelo telefone (88) 3626.2498.
Falar com João ou Diana.
“Social, econômico e ambiental, esse tripé precisa ficar equilibrado. Aqui a gente não queima nada, respeitamos os mananciais, a saúde do produtor é assegurada, porque o que queremos é um trabalho viável, com sustentabilidade, que não seja só marketing. Só assim o produtor sempre terá renda e não dependerá somente da chuva”.
João Costa GomesSão Benedito, Chapada da Ibiapaba
Território Rural da SDA
Técnico em Agropecuária e Produtor da Associação dos Produtores Orgânicos da
Ibiapaba (APOI)
produtos orgânicos, para ser vendido a
granel. Daí tem que ir assim, em
bandejas, e isso agrega valor. Mas tanto
produtor, quanto consumidor tem
consciência que estão preservando
mananc ia i s , l ençol f reá t i co e
economizando com remédio”, diz o
técnico.
Hermínio Moreira lembra que o
grande desafio é fazer com que a
população em geral consuma esses
produtos, e não somente as classes A e
B. “É importante que esses produtos
entrem na merenda escolar. Só assim as
crianças terão contato desde cedo com
a questão de produtos mais limpos.
Temos estimulado a venda local,
dentro da comunidade, para que o
excedente seja vendido para outras
redes de comercialização, chamado
“mercado solidário”.
E dá uma dica preciosa. “Produção
orgânica é equilíbrio de solo. É
igualzinho na famíl ia, se tem
desequilíbrio em casa, dá doença,
depressão. Se está em equilibrada,
principalmente na questão nutricional,
o resultado é positivo, fica tudo sadio”,
finaliza João.
José Moreira Lima, do contrato de
gestão Instituto Agropolos com
Secretaria do Desenvolvimento Agrário
(SDA), parte do Núcleo de Apoio a
Agricultura Orgânica, avalia as
dificuldades dos que apostam nos
orgânicos. “Muitos agricultores querem
entrar nesse sistema, mas ainda se
deparam com descaminhos na
assistência técnica ou em como colocar
o produto no mercado. Em relação ao
consumidor, muitas pessoas procuram,
mas os mercados convencionais ainda
estão fechados, principalmente as
grandes redes, que até vendem, mas
colocam preços elevados, que afastam o
consumidor. Temos produção o ano
todo, mas, para colocar no mercado,
mui tas vezes há res t r ição de
quantidade.
Não é o caso da APOI, que vende tudo
que produz para duas grandes redes de
supermercados do Ceará e Piauí, e
trabalha, também, com entregas de
cestas na região para famílias
cadastradas. João Costa Gomes encerra
de vez com o mito de que agricultura
sem agrotóxicos é sinônimo de má
qualidade. “Nossos produtos são
bonitos por dentro e por fora. Hoje, só
se fala em segurança alimentar, e isso só
tem consumindo produto orgânico”,
afirma.
“E num vai me perguntar por que
produto orgânico é caro?” Se adianta,
bem humorado, seu João. “Pois lhe
digo que não é caro. O problema é que
ainda não tem loja especializada em a
Hermínio José Moreira LimaEngenheiro-agrônomo
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
Ensaio
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
Programa de Peixamento
Se cai na rede é peixe
“Esse programa é muito importante para o Ceará, e vem sendo muito bem recebido pela população. As pessoas comemoram quando vêem o nosso caminhão carregado de alevinos”, celebra Max Dantas, Coordenador do Desenvolvimento da Pesca da SDA. Ele refere-se ao Programa de Peixamento de açudes, lançado em 2008 pelo Governo do Estado do Ceará, com excepcionais resultados e números grandes para mostrar.
Ceará - nossa terra 00
Somente no ano passado, foram
beneficiadas 31.475 famílias de 124
municípios, com a distribuição de
6.200.000 alevinos em 1.259 açudes.
Essa distribuição foi gratuita e teve
como meta o repovoamento de
reservatórios públicos, comunitários e
de áreas de assentamentos, todos
devidamente cadastrados. O primeiro
município a receber os alevinos foi
Guaiúba, onde o programa foi
lançado, em janeiro de 2008, Na
ocasião, foram depositados 10.000
alevinos no açude de Itacima.
Conduzida pela Coordenadoria do
Desenvolvimento da Pesca da DAS, a
primeira etapa do programa começou
em fevereiro e terminou em abril de
2008, atingindo 212 açudes e 4.137
famílias, num total de 33 municípios.
Em julho teve início a segunda etapa,
que se estendeu até dezembro, com a
distribuição de alevinos do Governo
do Estado e do DNOCS. “Foi um ano
muito auspicioso para nós. Todos os
objetivos foram atingidos e quebramos
o recorde de distribuição de alevinos.
Agora é continuar trabalhando”, diz
Max Dantas.
O Programa de Peixamento vem
repondo os estoques pesqueiros de
reservatórios públicos, aumentando a
produção de pescado e
proporcionando mais oportunidades
de trabalho e renda para as
comunidades cearenses situadas nas
regiões ribeirinhas, além de ser uma
fonte de segurança alimentar para as
famílias. Esse ano o programa foi
lançado no Icó. e as metas continuam
grandes: 5.000.000 de alevinos serão
distribuídos em 1.072 reservatórios,
beneficiando 26.800 famílias de baixa
renda. “A gente espera aumentar a
produção em 1.000 toneladas de
pescado”, calcula Max, acrescentando
que os açudes foram cadastrados pela
Ematerce e pela Companhia de
Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh).
Somente no ano passado a SDA
investiu mais de R$ 300 mil no
projeto, que de fato está ampliando a
oferta de alimentos, além de
possibilitar o aproveitamento do
potencial produtivo das águas
represadas. As comunidades rurais de
baixo poder aquisitivo, localizados nas
proximidades dos reservatórios
A primeira etapa do
programa, que começou em
fevereiro e terminou em abril
de 2008, atingiu ao todo 212
açudes, 4.137 famílias num
total de 33 municípios.
Utilizando-se de uma verba
de R$1.500.000,00 do
governo do estado e mais
R$100.000,00 do Dnocs.
Em julho começa a segunda
etapa do programa que vai
até dezembro e que tem por
meta atingir todo o estado
através da verba de R$
4.500.000,00.
cadastrados, são as grandes
beneficiadas.
O peixamento contempla todos os
municípios cearenses que atendam as
recomendações técnicas para a
execução da atividade. As espécies
utilizadas são as que já estão presentes
nos reservatórios do Estado,
adaptados às nossas condições
ambientais, como é o caso da Tilápia
do Nilo, Carpa Comum, Curimatã
Comum, Tambaqui e Pescado do
Piauí.
As localidades beneficiadas foram
definidas primeiramente a partir de
locais com menor IDH. A Ematece,
as secretarias de agricultura municipais
e as entidades parceiras ajudam na
distribuição dos alevinos. Todas as
famílias beneficiadas recebem
instruções de procedimentos técnicos,
como o tipo de rede a ser utilizada e o
tamanho ideal para o peixe ser
pescado, de forma a evitar a pesca
predatória. Após cinco meses da
implantação, já dá para avaliar o
impacto e as mudanças ocorridas, pois
este é o tempo necessário para o
crescimento dos alevinos.
Programa Leite Fome Zero
Programa Leite Fome Zero
O Programa Leite Fome Zero, parceria do Governo do Estado com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) distribui, diariamente, 54 mil litros de leite para crianças de até seis anos e gestantes em situação de insegurança alimentar, em 146 municípios cearenses, beneficiando 54 mil famílias.
00 nossa terra
Além de contribuir para o combate à
fome nos municípios cearenses com
menores índices de desenvolvimento, o
Programa Leite Fome Zero ainda
provoca o fortalecimento da agricultura
familiar do Estado, pois garante a
compra do leite de cerca de 1.800
produtores.
“O programa é principalmente voltado
para o produtor. Claro que ele beneficia
crianças, idosos e gestantes. Isso é
muito importante, mas a nossa meta
maior é o homem do campo, o
pequeno produtor profaniano, de até
30 mil litros de leite por dia”, enfatiza
Augusto Jr., coordenador de Pecuária
da Secretaria de Desenvolvimento
Rural do Ceará.
A distribuição do leite garante o
e s c o a m e n t o d o p r o d u t o ,
movimentando a economia local. Para
melhorar a qualidade do rebanho e
aumentar a produção, a SDA orienta
sobre a alimentação do gado. “Estamos
distribuindo sorgo forrageiro e
leguminosas para o rebanho. Também
estamos entrando com a palma
forrageira, um alimento resistente ao
semi-árido e de alto valor energético”,
explica Augusto Jr.
Além da alimentação, cuidados
sanitários. “Garantimos vacinação
contra febre aftosa, e estamos
controlando a tuberculose e a brucelose
no rebanho”, continua Augusto Jr. Kits
de inseminação e boas práticas de
ordenha são difundidos entre os
produtores. De 2005 até agora, o
programa já injetou, no Ceará, recursos
da ordem de R$ 45 milhões, sendo que
20% deste valor contrapartida do
Governo do Estado, através de recursos
oriundos do Fundo Estadual de
Combate à Pobreza (Fecop).
TANQUES DE RESFRIAMENTO
Como todo leite precisa ser resfriado
antes de passar pelo processo de
industrialização, os produtores estão
também recebendo tanques de
resfriamento. “A meta é distribuir 140
tanques, cada um deles beneficiando de
USINAS DE
BENEFICIAMENTO
No início do programa, todo o
trabalho era feito em parceria com as
usinas de beneficiamento de leite. A
produção era repassada para essas
usinas, que realizavam a
pasteurização do leite de vaca tipo C.
Depois desse processo, o leite era
distribuído para a comunidade.
Agora esse processo está mudando.
No Assentamento da Comunidade
Malhada, a 13 km do Crato, já foi
inaugurada a miniusina de
pasteurização do leite, que começa a
dar mais autonomia aos 22 membros
da Associação dos Pequenos
Produtores de Leite do Sítio
Malhada.
“Com a miniusina, o produtor passa a
ser o industrial do leite, não mais
dependendo das grandes usinas de
pasteurização. Isso agrega valor ao
produto dele, gerando mais renda”,
comemora Augusto Jr, que diz que o
próximo município beneficiado será
20 a 30 produtores. Em todo o Ceará, já
são 63 tanques”, contabiliza o
coordenador de Pecuária da DAS,
Augusto Jr.
Pla
no S
afr
a
Plano Safra 2009: Mais Recursos para a Agricultura Familiar.
O pacote governamental reforça programas estratégicos, como a distribuição de sementes e mudas, assistência técnica e crédito rural para o pequeno produtor cearense, mobilizando recursos de R$ 782 milhões.
“É um bom fazermos o lançamento oficial do Plano Safra com essa chuva. Quero
agradecer a Deus por ela. É sinal e garantia de boa safra”. Com essas palavras o
secretário do Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, saudou as caravanas de
agricultores, presidentes de sindicato, autoridades políticas, assentados da reforma
agrária e representantes de órgãos públicos e movimentos sociais que compareceram
ao lançamento do Plano Safra 2009 no Ceará.
Ao lado do governador Cid Gomes e do ministro do Desenvolvimento Agrário,
Guilherme Cassel, o secretário expressou otimismo ante a possibilidade de boas
colheitas: “Não falta mais nada para que o Ceará tenha uma safra recorde esse ano”. O
evento aconteceu em Fortaleza, no Parque de Exposições Governador César Cals, no
dia 21 de janeiro, e abriu a maratona de viagens da comitiva estadual para as várias
Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, o governador Cid Gomes e Secretário SDA, Camilo Santana.
regiões que se beneficiarão com o
Plano Safra.
A ampliação dos investimentos federais
e estaduais no Plano Safra desse ano
v i s a i m p u l s i o n a r o p r o c e s s o
competitivo da produção agrícola
cearense. Um dos destaques do pacote
de ações é a política de correção de
solos que está sendo implantada pela
Secretaria do Desenvolvimento Agrário
(SDA). “Queremos disseminar novas
tecnologias que respeitem o meio
ambiente e que tragam bons resultados
para a nossa agricultura”, explica
Camilo Santana.
PARA O CEARÁ PRODUZIR MAIS
Distribuição de sementes de alta
qualidade, assistência técnica gratuita,
crédito para a compra de terra e
e q u i p a m e n t o s , g a r a n t i a d e
comercialização e outras iniciativas
estratégicas para o homem do campo:
são as fronteiras de atuação do Plano
Safra 2009, um guarda-chuva
institucional que agrega ações,
programas e projetos de apoio ao
pequeno produtor.
Este ano o montante de recursos para o
Ceará ultrapassa os R$ 782 milhões de
reais, beneficiando mais de 300 mil
famílias de agricultores familiares,
espalhadas em todo o estado. A
parceria entre o Governo do Ceará e o
Governo Federal é mais uma vez
fundamental para o bom andamento da
iniciativa, que assegura verbas para o
Programa de Distribuição de Sementes
e Mudas, Biodiesel do Ceará, Garantia
Safra e Crédito Rural Mais Alimentos,
dentre outras frentes.
O valor investido nesses programas será
75% maior que o do ano passado
(quando foram liberados cerca de R$
450 milhões de reais). “Estamos dando
todas as condições para que os
agricultores ampliem a produção de
alimentos”, afiançou o ministro
Guilherme Cassel durante a solenidade
de lançamento em Fortaleza. “O Plano
Safra traz programas que garantirão a
“O aumento dos recursos no Plano Safra
da Agricultura Familiar é proporcional à
importância que o setor vem tendo no
processo de desenvolvimento do Ceará.
Os governos federal e do Estado têm
trabalhado juntos na construção de
políticas públicas com geração de mais
trabalho, mais renda e mais alimentos
para todos os cearenses", avalia o
ministro Guilherme Cassel. Ele
demonstrou entusiasmo no lançamento
do Plano Safra: “Hoje estamos com
tudo. Fizemos convênios para garantir
terra, temos sementes, assistência técnica
e q u i p a d a , p r o g r a m a s d e
comercialização, crédito para quem quer
plantar e, como se não bastasse tudo isso,
tivemos essa chuva maravilhosa”.
Os maiores produtores de alimentos
no Brasil são os agricultores familiares e
assentados de Reforma Agrária. Daí a
importância que eles assumem na
preservação do meio ambiente. O
secretário Camilo Santana observa: “É
importante que o agricultor se preocupe
Práticas Corretas
segurança alimentar e a implantação de
práticas agrícolas conservacionistas,
além de mecanismos importantíssimos
de apoio aos agricultores, como o
Garantia Safra”, completou o secretário
Camilo Santana.
MARATONA DE VIAGENS NO
INTERIOR
A partir do dia 24 de janeiro, quando
estiveram em São Benedito, o
governador Cid Gomes e o secretário
do Desenvolvimento Agrário Camilo
Santana percorreram diversos
munic íp ios cearenses , para o
lançamento do Plano Safra da
Agr icu l tura Fami l iar 2009. A
programação integrou-se às atividades
do Governo do Ceará na Minha
Cidade, e o roteiro incluiu Crateús,
Penaforte, Quixeramobim, Tarrafas,
Iguatu, Itapipoca e Limoeiro do Norte,
cobrindo as diferentes regiões do
estado.
Por onde esteve, a comitiva entregou
implementos agrícolas, veículos e
computadores para os escritórios da
Ematerce, além de sementes e insumos
agrícolas para as comunidades:
su lcadores de t ração motora ,
pulverizadores de tração animal,
escarificadores e trilhadeiras de
mamona. Também foram concedidos
títulos de propriedades rurais para
pequenos produtores das diversas
regiões.
com o cuidado com a terra. O programa
estimula a correção do solo com uso de
calcário, além de práticas de conservação
como captação “in sito”. A prefeitura de
General Sampaio, por exemplo, ganhou o
prêmio “Selo Verde” por ter utilizado
essa prática, garantindo maior umidade
no solo”.
A parceria com o BNB tem sido
importante para impulsionar programas
como o Pronaf, que este ano está
expandindo o f inanc iamento e
simplificando as normas para obtenção
de crédito rural. Roberto Smith,
presidente do Banco do Nordeste,
comenta: “O Pronaf é uma iniciativa que
tem no BNB um grande parceiro. É um
programa com desdobramentos e
avanços a cada ano”. Dentre as
perspectivas para 2009 destaca-se a
implantação de metodologias de crédito,
permitindo que o Pronaf, dentro do
BNB, tenha tratamento preferencial em
termos de tecnologia da informação e
mais agilidade no atendimento
Pla
no S
afr
a
O Plano Safra contempla ainda projetos de piscicultura. Os produtores de peixes e
algas do Litoral Oeste e Zona Norte do Estado, por exemplo, receberam recursos
para a construção de barracas de produção e processamento de algas marinhas,
bóias diferenciadas para zoneamento da área de mar, barragens de alvenaria e
cisternas, dentre outros equipamentos. Nos vários municípios houve debates sobre
agricultura irrigada, tecnologias aplicadas no campo (como a Captação In Situ e o
Plantio Direto) e projetos promissores (como o Cinturão das Águas e as obras do
Eixão
UM MARCO NA HISTÓRIA AGRÍCOLA
Por ocasião do lançamento do Plano Safra em Fortaleza, o governador Cid Gomes
enfatizou a importância do convênio que foi firmado entre o Governo Federal e o
Governo do Estado, através do Incra e Idace, para a regularização fundiária em 121
municípios cearenses. O acordo é um marco na história agrícola do Ceará, visto
que 70% dos imóveis rurais do estado não estão regularizados. “Essa ação
revolucionária contará com um investimento de R$ 48 milhões e atingirá mais de
190 mil pequenas propriedades, beneficiando cerca de 200 mil famílias”, disse o
governador.A assinatura do convênio de Regularização Fundiária está
possibilitando o levantamento, identificação, georeferenciamento e caracterização
da malha fundiária nas diversas regiões do Ceará, para a implantação do cadastro
de imóveis rurais e a conseqüente regularização fundiária. Com isso, é possível
conceder títulos de propriedade rural para os produtores que não os possuem,
legalizando a situação dos imóveis. Com a posse dos títulos das terras, os
agricultores têm acesso a recursos financeiros e à assistência técnica, “Um reflexo
bastante positivo na qualidade de vida e na renda familiar do meio rural”, destaca o
secretário Camilo Santana.
Para o Programa de Distribuição
de Sementes e Mudas, o Plano
Safra reservou mais de R$ 22
milhões, viabilizando a
distribuição de 5 milhões de
quilos de sementes. “O Estado
está aumentando o número de
beneficiados e ampliando o valor
dos investimentos. As sementes
estão sendo distribuídas desde o
início do ano, porque elas
precisam chegar antes das chuvas,
para que o agricultor plante na
hora certa”, pontua o secretário
Camilo Santana. O programa
cearense é referência em todo o
Brasil.
Sementes Para Todos
Assistência Técnica
Os recursos para Assistência
Técnica e Extensão Rural (Ater)
foram elevados de R$ 168
milhões para R$ 397 milhões para
todo país. No Ceará, foram
investidos pelo Governo Federal,
para o fortalecimento da extensão
rural local, cerca de R$ 20
milhões, destinados à safra
2008/2009. Deste total, R$ 15,5
milhões são para a Empresa de
Assistência Técnica e Extensão do
Ceará (Ematerce).
“Essa ação revolucionária
contará com um
investimento de R$ 48
milhões e atingirá mais de
190 mil pequenas
propriedades, beneficiando
cerca de 200 mil famílias”
Cid GomesGovernador do Ceará
Em 2009 o Plano Safra destina R$ 550 milhões para o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura (Pronaf). Este montante é 50% maior que o da safra
anterior (2007/2008), quando foram investidos R$ 350 milhões no estado. Os
atuais recursos do Pronaf contemplarão 167 mil pequenos produtores.
A principal novidade nesta safra é o Crédito Mais Alimentos, que financia a
modernização da infraestrutura produtiva da propriedade familiar. A linha de
crédito atende projetos associados à produção de olerícolas, frutas, arroz, feijão,
milho, mandioca, trigo, leite e ovinocaprinocultura. O limite de financiamento é de
R$ 100 mil por agricultor familiar, com prazo de pagamento de até 10 anos,
carência de até três anos e juros de 2% ao ano.
Além de simplificar as normas para obtenção de crédito rural do Pronaf,
o Plano Safra reduziu as taxas de juros. Para os financiamentos de custeio, elas
agora variam entre 1,5% e 5,5% ao ano, contra 3% e 5,5% na safra 2007/08. Nas
operações de investimento, as taxas foram reduzidas para 1% a 5% ao ano (antes
variavam de 2% a 5% ao ano).
Garantia SafraO programa Garantia Safra
funciona como seguro de
produção para o agricultor, em
caso de perda comprovada de
mais da metade da colheita,
devido à estiagem ou ao excesso
de chuvas. Na safra 2008/2009,
um total de 260.970 agricultores
familiares cearenses aderiram ao
programa. O Ceará é o estado
com o maior número de
municípios (165) que têm
aderido, por isso o Ministério do
Desenvolvimento Agrário
disponibilizou 300 mil cotas para
os produtores locais.
Normas Simplificadas No Pronaf
Territórios para o desenvolvimento
Cidadania, melhoria de renda e qualidade de vida para a população, com foco
nos habitantes do meio rural. Lançado pelo Governo Federal, o Programa
Territórios da Cidadania combina diferentes ações para reduzir as
desigualdades e promove uma maior integração da União, Estados e
municípios, na busca por soluções conjuntas para o desenvolvimento do país.
O programa quebra a lógica setorial de governos, prioriza o ambiente rural e
combate a concentração de renda nos grandes polos, firmando acordos de
cooperação técnica para a execução de ações solidárias em todo o Brasil.
Saúde, saneamento, acesso à água, educação, cultura, infra-estrutura, apoio à
gestão territorial e ações fundiárias são suas áreas de abrangência.
No Ceará, o Territórios da Cidadania foi lançado oficialmente em fevereiro de
2008, somando recursos de R$ 1.686.706.372. Seis territórios já estão
consolidados: Cariri, Inhamuns/Crateús, Sertão Central, Sertão de Canindé,
Sobral e Vale do Curu/Aracatiaçu. “Esses territórios já estão com os colegiados
reestruturados, após oficinas que aconteceram em maio”, explica Bartolomeu
Cavalcante, coordenador do Desenvolvimento Territorial e Combate à
Pobreza Rural da SDA.
A escolha das regiões obedeceu critérios como menor IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) e baixo dinamismo econômico. “Com a
implantação do programa, o Ceará ganha uma poderosa arma de combate à
desigualdade nas três esferas de poder. São ministérios, secretarias estaduais e
os vários representantes dos municípios, todos decidindo em conjunto,
buscando novos investimentos e aproveitando melhor os recursos disponíveis.
As ações têm o apoio do MDA e seguem a mesma pedagogia que está sendo
implantada nos territórios de todo o Brasil. Com isso, o Ceará avança na
estratégia de gestão social e aposta no desenvolvimento sustentável”, acredita
Bartolomeu Cavalcante.
Programa Territórios da Cidadania reúne ações de desenvolvimento regional e de garantias de direitos sociais, combinando políticas públicas para promover o crescimento sustentável.
Ceará - nossa terra 00
632milhões receberão os três territórios
rurais definidos no Ceará. NÚMEROS PARA AVANÇAR
Sessenta territórios em todo o Brasil
foram contemplados em 2008 pelo
Programa Territórios da Cidadania.
A meta é duplicar este número em
2009, com ações de 22 ministérios,
que aportam recursos de 23 bilhões
e 500 milhões de reais, sob a
coordenação da Casa Civil da
Presidência da República.
A Região Nordeste é a que recebe o
maior volume de recursos entre as
regiões, sendo que no Ceará a fatia
mais gorda de investimentos vai
para o desenvolvimento social.
Diferente de outras projetos, o
Territórios da Cidadania não se
limita a enfrentar problemas
específicos com ações dirigidas. Ele
combina diferentes ações para
reduzir as desigualdades sociais e
promover um desenvolvimento
ha rmon io so e su s t en t á ve l .
Humberto Oliveira, secretário do
Desenvolvimento Territorial do
Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), afirma que “apesar
de recente, o programa vem tendo
uma atuação muito positiva”. Ele
explica que em 2009 a participação
dos colegiados e a metodologia do
trabalho em grupo renderam bons
frutos. “Quero também destacar o
envolvimento dos Comitês de
Articulação Estaduais, inclusive o
do Ceará é um dos melhores em
termos de funcionamento regular e
discussões temáticas.
Nesses casos, a adesão do Governo
do Estado faz toda a diferença”,
conclui o secretário.
C O M I T Ê E S T A D U A L :
DECIDINDO EM CONJUNTO
No Ceará, o Comitê Estadual de
A r t i c u l a ç ã o d o P r o g r a m a
Territórios da Cidadania foi
formalizado no dia 04 de abril de
2008, com a missão de definir as
ações e os investimentos em
benefício das políticas públicas para
o interior do Estado. O acordo foi
assinado pelo governador Cid
Gomes e pelo secretário de
Desenvolvimento Territorial do
MDA, Humberto Oliveira.
O Comitê de Articulação do
programa é formado por represen-
tantes da União, do Estado e dos
municípios, cuja tarefa inicial foi
mapear as iniciativas e vocações de
cada território, para que fosse
possível definir os investimentos
prioritários das regiões.
Cabe aos Comitês Estaduais
articular as políticas públicas a
serem implementadas e fiscalizar a
execução das ações do Territórios
da Cidadania em todo o Brasil. A
linha norteadora das ações do
Comitê segue um regime de
colaboração mútua na organização
das diversas políticas públicas que
estão sendo implementadas.
Terr
itóri
os d
a C
idad
ania
1 Cariri
2 Chapada da Ibiapada
3 Litoral Leste
4 Litoral Extremo Oeste
5 Itapipoca ( Vales do Curu e Aracatiaçu )
6 Maciço de Baturité
7 Médio Jaguaribe
8 Região Metropolitana de Fortaleza
9 Sertão Central
10 Sertão Centro Sul
11 Sertões de Inhamuns/ Crateús
12 Sertões de Canindé
13 Sobral
00 Ceará - nossa terra
CASA DO MEL É FONTE DE
RENDA
No assentamento Lagoa do Mato,
distrito de Cipó dos Anjos, a 50 km da
sede de Quixadá, os agricultores
descobriram uma doce fonte de renda:
o mel de abelha. As colméias ficam no
campo e, na época da colheita, os
apicultores levam o que colheram para
a Casa do Mel, onde trabalham na
produção e embalagem do produto.
Inaugurada em 2008, a Casa do Mel de
Lagoa do Mato foi equipada com
recursos do Programa Territórios da
Cidadania.
José Carlos, técnico da Secretaria de
Agricultura de Quixadá, explica:
“Todos os apicultores trabalham com a
agricultura familiar. Cada um tem uma
determinada quantidade de colméias, e
cada produtor traz o seu mel para
trabalhar aqui. A Casa do Mel é para
atender toda região de Cipó dos Anjos”.
Uma das metas atuais é implementar a
embalagem do mel em sachê.
O trabalho local é aproveitado ao
máximo. Associação dos Apicultores
do Quixadá fez um projeto para vender
o produto para a merenda escolar. “O
mel deles, por enquanto, está indo por
um preço melhor”, comemora José
Carlos, lembrando que o projeto teve o
apoio do Governo do Estado, da
Prefeitura de Quixadá e da Fundação
Banco do Brasil, além do Programa
Territórios da Cidadania.
A produção de mel de abelha em
Quixadá já é uma alternativa para quem
mora na zona rural do município. Em
2007, os agricultores foram beneficia-
dos com kits de apicultura. No ano
seguinte os investimentos foram
maiores, com a entrega de duas Casa do
Mel. Além de Cipó dos Anjos, foi
beneficiado o distrito de Riacho Verde.
Inicialmente toda a produção está do
A n t ô n i o L a c e r d a S o u t o ,
Articulador Estadual da Secretaria
de Desenvolvimento Territorial do
MDA acompanha os trabalhos
desde o início, e acha que os
Territórios estão se qualificando em
cima das demandas, planejando
mais e incentivando a organização
dos produtores. “Antes, cada
município só olhava para si, hoje já
olha para a região”, acredita
Lacerda. Ele cita como um bom
exemplo da força da união a Escola
Agrícola de Umirim, que há 20 anos
estava fechada, e que agora foi
reaberta. “Foram os 18 municípios
que fazem o Território do Vale do
Curu e Aracatiaçu que reivindica-
ram a abertura da escola. Hoje, a
primeira turma de 80 técnicos
agrícolas está prestes a se formar”.
Ceará - nossa terra 00
sendo destinada para as escolas
públicas municipais, o que contribui
com uma merenda escolar mais
saudável.
POUSADA RURAL EM SÃO JOÃO
DOS QUEIROZ
No assentamento Boa Vista, distrito de
São João dos Queiroz, a 20 km de
Quixadá, outro projeto importante
conta com recursos do Territórios da
Cidadania. Em maio de 2008 foi
assinada a ordem de serviço para a
reforma da casa-sede do assentamento.
O local dará espaço a um novo hotel-
fazenda, na estrada que liga à BR 116.
Além das belezas da paisagem, os
turistas e hóspedes desfrutarão de um
amplo espaço para esportes, passeios a
cavalo, trilhas, canoagem e pescaria.
A própria comunidade vai gerenciar o
empreendimento. Os jovens serão
capacitados para recepcionar os
hóspedes, como guias turísticos. As
famílias vão produzir alimentos típicos
da região, como galinha caipira, queijo
fresco, pamonha e leite. Com o apoio
do Sebrae, já aconteceram vários .
treinamentos. A Prefeitura entra com
10%, como é obrigatório no Programa
Territórios da Cidadania. O Governo
do Estado quer que a administração
local fique a cargo das famílias.
Todos os que trabalham nas obras
(eletricistas, bombeiros hidráulicos,
pedreiros, serventes e carpinteiros) são
da própria comunidade. “Já existia uma
mão de obra qualificada aqui, e ao ser
utilizada, ela agrega valor ao projeto e
traz emprego para as famílias daqui,
melhorando a renda de todos”,
comenta o técnico José Carlos.
As famílias do assentamento Boa Vista
vivem da agricultura familiar, e
trabalham principalmente com a
pecuária e a bovinocultura de leite.
Agora começam também a se ocupar da
caprinocultura, com apoio do Projeto
Dom Helder Câmara e o recebimento
de 200 cabras de leite. A Embrapa está
trabalhando com o parque de alimenta-
ção, melhoramento genético e
organização das famílias.
São 28 famílias, com renda em media
de um salário mínimo. Todos serão
envolvidos direta e indiretamente no
funcionamento da pousada, cada um
com o que puder oferecer. “O que vai
melhorar para o morador é o seguinte:
se ele têm uma charrete ou uma
carroça, ele vai poder alugar para o
turista. Se o turista quiser andar em um
animal, o morador aluga o animal.
Também tem o leite, a galinha para
vender, o ovo, tem a horta que está
sendo implantada, tem o coco. Então, o
que a gente espera é que pelo menos
70% do que for utilizado aqui, saia de
dentro do assentamento”.
GENTE DA TERRA
Francisco Dalci Gomes Paz e sua
mulher, Helena da Silva Lopes, têm
seis filhos. Eles moram no assentamen-
to Boa vista há nove anos e possuem
água encanada e energia elétrica, que
chegou através do Projeto São José.
Como eles, todas as 28 famílias do local
participam da associação dos morado-
res do assentamento Boa Vista. Eles
plantam principalmente milho, feijão e
girassol.
Para Francisco, o trabalho na pousada
rural já começou, já que ele labuta
183 milhões o investimentona região deItapipoca
Terr
itóri
os d
a C
idad
ania
00 Ceará - nossa terra
Marcelo Sousa Pinheiro é diretor-
presidente do Instituto Agropolos do
Ceará, Organização Social de
destaque no cenário político-
a d m i n i s t r a t i v o , n a c i o n a l e
internacional, principalmente, nas
áreas de Fruticultura Irrigada e
Floricultura do Ceará. Em conversa
com a equipe da revista, o
administrador de empresas, pós-
graduado em Controladoria e
Cooperativismo, falou dos novos
desafios de execução assumidos para
2009, frente ao Programa de
Desenvolvimento Sustentável de
Territórios Rurais, abordando novos
planos para o Programa do Biodiesel,
Desenvolvimento Rural, Agricultura
Familiar, Pequenos Produtores e
outros.
Marcelo explica que quando o Instituto
Agropolos foi criado, em 2002, sua
missão era incentivar algumas
atividades de produtivas do Ceará,
principalmente fruticultura irrigada e
floricultura, em que nos tornamos
referência nacional e internacional.
Mas, com o passar do tempo, o
Instituto foi agregando serviços,
fazendo contratos de gestão com outras
secretarias do Estado e, a partir de
2007, com o advento da Secretaria de
Desenvolvimento Agrário (SDA),
passou a incorporar novas temáticas.
“Nesse governo, a Secretaria do
Desenvolvimento Agrário tem olhado
m u i t o p a r a a q u e s t ã o d o
Desenvolvimento Rural, priorizando a
agricultura familiar, com foco no
desenvolvimento sustentável”, pontua
o diretor-presidente do Instituto
Agropolos, acrescentando que a
partir desse ano, “passamos a
enxergar o Estado dividido em 13
t e r r i t ó r i o s r u r a i s , s e t e
acompanhados pelo MDA e seis
pela SDA, todos com atuação do
Instituto. Somos executores das
duas organizações”.
Marcelo lembra também que o
Governador Cid Gomes e o
Secretár io Camilo Santana
estiveram em Brasília, em agenda
com o Presidente Lula, tratando da
ampliação da assistência técnica
para Agricultura Familiar nos
Territórios da Cidadania. “Como
hoje o Ceará tem seis territórios, a
estimativa feita foi que haverá
demanda de mais 470 técnicos. Se
isso se reverter em pessoal
a b s o r v i d o p e l o I n s t i t u t o
A g r o p o l o s , t e r e m o s u m
contingente significativo em 2009.
E continuaremos discutindo
parcer ias , poss ib i l idades e
incorporando pessoas para garantir
o resultado”
Instituto Agropolos
Ceará - nossa terra 00
como pedreiro na reforma da sede.
“Esse projeto aí é o nosso sonho se
realizando. Ele vai gerar renda e
emprego para os jovens que estão
terminando os estudos. Com isso, a
gente vai poder receber os turistas.
Temos também um projeto de
horticultura orgânica. Quem não se
empregar na pousada, vai produzir na
horta, vai fornecer a galinha caipira, o
queijo, o doce”, aposta Francisco.
Ao seu lado, a mulher, Helena, recorda
que os tempos já foram duros para eles.
“Quando a gente chegou aqui, não
tinha nada. Agora nós já temos nosso
gadozinho, já diferenciou muito. Antes,
para comprar um litro de leite, era ruim.
Hoje, graças a deus a Deus, a gente tem
de sobra, que dá pra fazer o queijo. Eu
tiro 20 litros de leite, antes mal dava
para comprar um”. Ela explica como a
mudança foi possível: “Antigamente a
gente não sabia o que era trabalhar em
parceria com outras instituições. Hoje,
a gente tem a Secretaria da Agricultura,
tem o apoio dos técnicos do Governo,
tem o Programa Dom Helder...” O
assentamento já ganhou uma escola.
Helena sonha: “Nós vamos levar o
queijo para lá, que nós produzimos.
Temos planos de construir uma casinha
para fazer o queijo. A gente já usa a
cozinha, mas queremos um quartinho
só pra isso”.
00 Ceará - nossa terra
Mais informações:
Instituto Agropolos do Ceará,
Rua Barão de Aratanha, 1450,
José Bonifácio, Cep. 60.050-071,
em Fortaleza (CE).
Fone: (85) 3101.1670,
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Ceará - nossa terra 00
Longas caminhadas até o açude mais próximo, doenças provocadas pelo consumo
de água salobra, precárias condições de higiene, extensos períodos na dependência
de carros-pipa. Problemas como esses já não fazem parte da vida do agricultor José
Pinto de Souza, que comemora a construção de uma cisterna no terreno em que
vive, na localidade de Divertido, a 40 quilômetros de Russas: “Água agora é dentro
de casa! É só colocar o balde e trazer!”. Morador antigo do local, seu José, de 67
anos, está entre os beneficiados do Programa Cisternas.
A iniciativa integra uma das frentes de convívio com o semi-árido e beneficia
famílias de baixa renda que não possuem fonte de água ou meios para armazená-la.
Com a tecnologia simples e eficiente das cisternas de placa, está sendo possível
melhorar a capacidade hídrica, através da captação da água da chuva. Seu José
considera que o projeto chegou em boa hora em Divertido. “Antes não dá nem pra
contar como era a vida aqui. A dificuldade era a maior do mundo. Eu carregava
água lá do assentamento, e antes disso eu pegava no rio. Andava uns 13 km com
jumento. Era muito difícil”.
Construídas em regime de mutirão, com treinamento dirigido e utilização da mão-
de-obra local, as cisternas garantem água de boa qualidade e em quantidade
suficiente para o período da estiagem, que dura de seis a oito meses por ano. As
Programa desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com o Governo Federal leva cisternas para localidades de todo o interior. É mais saúde, conforto e dignidade para a população rural de baixa renda.
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
Pro
gra
ma d
e C
iste
rnas
famílias aprendem não só a construir o
reservatório, mas também a fazer a sua
manutenção e a tratar da água. “Eu
ajudei a construir. Cavei os buracos,
botei os trabalhadores para ajudar o
pessoal que veio de fora. Depois
chegou a professora e eu participei das
aulas sobre os cuidados com a água.
Foram três dias. A comunidade estava
toda junta, todo mundo apoiava,
porque nós precisávamos mesmo”,
recorda José Pinto de Souza.
Construídas com areia e cimento, cada
cisterna tem durabilidade média de 10
anos e capacidade para 17 mil litros. Até
outubro de 2009, o Governo do Estado
e o Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS)
pretendem construir 13.450 cisternas
no Ceará, em 61 municípios cearenses.
“Já foram feitas 2.500, e as outras estão
em andamento. As chuvas desse
período vêm atrapalhando um pouco,
mas os trabalhos continuam. Nossa
meta para o futuro é conseguir mais
40.000 cisternas”, afirma Mércia
Cristina Mangueira Sales, da célula de
planejamento e coordenação da
Coordenadoria de Programas Especiais
(SDA).
Desde 2003, o Programa de Cisternas já
construiu mais de 200.000 cisternas em
toda a região do semi-árido.
UNIÃO DE ESFORÇOS, MULTI-
PLICAÇÃO DE BENEFÍCIOS
Em Russas foram construídas 262
cisternas através do programa mantido
pelos governos estadual e federal, além
de 500 cisternas pelo Programa Um
Milhão de Cisternas (P1MC), lançado
em julho de 2003 pela Articulação no
Semi-Árido Brasileiro (ASA), em
parceria com o Governo Federal. Este
programa já beneficiou cerca de 1
milhão de habitantes, com a instalação
de 221 mil cisternas no semi-árido.
Ambas as iniciativas vão além da
simples construção de obras de
captação de água da chuva, pois
incluem ações pedagógicas e de
gerenciamento do sistema pelos
benefic iados. O secretár io da
Agricultura de Russas, José Cândido da
Silva de Freitas, informa que no
município uma parte dos recursos
chegou ao final de 2006 e a outra parte
em 2007. A Prefeitura ajuda com o
material necessário e faz todo o
acompanhamento, desde a fase de
mobilização da comunidade até o
período final da construção.
“A diarréia verminosa, causada pelo
consumo da água sem tratamento, é um
problema que desapareceu das
comunidades bene f i c i adas . A
população tem agora uma água mais da
1milhão de habitantesbeneficiados com a instalação de 221cisternas no Semi-árrio
Ceará - nossa terra 00
pura e limpa, o que evita as doenças”,
diz o secretário, lembrando que dentro
desse processo existe uma demanda
ainda maior. “Nós temos comunidades
que estão fazendo levantamento, no
intuito de serem beneficiadas. Existem
famílias que pensavam em ir embora,
mas que hoje não querem mais sair
daqui. Água é vida. E hoje as pessoas
têm uma fonte de vida no quintal de
suas casas. Com isso a gente estimula a
permanência, evitando o êxodo rural
por conta da falta de energia e água.
Hoje, sentimos o prazer dos que
ficam”.
E D U C A R P A R A N Ã O
DESPERDIÇAR
Mais do que construir reservatórios, o
objetivo é educar e envolver as famílias
no processo. São elas que executam os
serviços gerais de escavação, aquisição e
fornecimento da areia e da água.
Pedreiros locais são capacitados pelos
t é c n i c o s d o p r o g r a m a , c o m
remuneração assegurada.
Depois de construída a cisterna, a
famí l ia aprende a ze lar pe lo
patrimônio.
“ P a r a n ó s e s s a q u e s t ã o é
importantíssima. Não se trata apenas de
construir, mas de saber usar. A cisterna
é um equipamento fundamental na
A cisterna é uma tecnologia popular para a captação de água da chuva e
representa uma solução de acesso a recursos hídricos para a população
rural do semi-árido brasileiro. Uma cisterna de 16 mil litros permite que
uma família de cinco pessoas tenha água para beber, cozinhar e escovar os
dentes durante o período de estiagem, que dura de seis a oito meses.
Mais eficiente que o tipo anteriormente utilizado, a cisterna de placa é um
reservatório cilíndrico, coberto e semi-enterrado, que é construído perto
da residência da família, a fim de captar a água da chuva por meio de
calhas instaladas no telhado.
Os benefícios são muitos, a começar pela queda vertical dos casos de
verminose. A cisterna diminui a dependência aos caminhões-pipa e
promove a educação em questões de saúde, higiene, ecologia e cidadania.
Também ajuda na geração de renda, já que torna o grupo beneficiado
auto-sustentado, e favorece a fixação do homem na terra.
O Que é Cisterna de Placa
convivência com o semi-árido, e o
diálogo com as famílias faz parte dos
benefícios do programa, que vem
provando que é possível haver uma
parceria bem sucedida entre a
sociedade civil e o poder público”,
considera Cristina Nascimento, da
Articulação no Semi-Árido Brasileiro
(ASA).
Na residência de José Pinto de Souza a
cisterna e o telhado da casa são lavados
uma vez por ano, e a tampa do
reservatório é sempre fechada para
evitar a entrada de poeira, folhas e
pequenos animais. Seu José chama a
atenção da mulher, Expedita, quando
ela deixa a porta aberta. “Eu reclamo na
mesmo hora, que é pra água ser limpa
né? Eu tenho muito cuidado”, garante
ele, que chamou um filho que mora em
Russas para ajudá-lo na limpeza da
cisterna.
Ele recorda: “Ah se você soubesse o
que nós fizemos na primeira chuva!
Esse meu filho veio me ajudar, porque
eu não podia mais subir no telhado pra
limpar. Nós varremos tudo, limpamos
todinho. No verão o telhado fica
pegando poeira, aparando folhas dessas
arvores, cai tudo em cima dele. Quando
bate a chuva, se não tiver cuidado, a
sujeira se mistura com a água e fica tudo
uma imundice”.
UM NOVO FUTURO
Quando seu José Pinto de Souza
nasceu, em 1941, Russas já era um
centro importante do Vale do
Jaguaribe. “Eu nasci e me criei aqui.
Tenho 13 filhos e 18 netos. Eu criei
minha família com o poder de meus
braços trabalhando. E sempre fui muito
feliz, mesmo com toda dificuldade”. Os
filhos constituíram suas próprias
famílias e hoje seu José mora com a
mulher Expedita e a cunhada Maria
Maura. Eles plantam milho e feijão, e
têm uma pequena criação de boi,
porco, ovelha, cavalo e jumento. “Aqui
a gente vive do que cria”.
Uma das filhas de seu José e dona
Expedita, Eleneide Maria de Souza,
vive na sede do município. Ela lembra
“Depois que saiu a cisterna
está uma beleza!” Edimilson Guedes SimõesP
rog
ram
a d
e C
iste
rnas
00 nossa terra00 Ceará - nossa terra
dos tempos difíceis em Divertido: “Eu
mesma sofri muito carregando água de
carroça. Passava o dia na roça limpando
mato com enxada, apanhando feijão,
fazendo de tudo. Quando dava três
horas da tarde, eu pegava uma carroça,
botava num boi, enchia de tambor e ia
pegar água lá no assentamento Santa Fé.
O gado eu rebocava para o açude mais
perto que tivesse”.
Eleneide porém, faz questão de
ressaltar: “Eu adoro esse lugar, só não
moro mais aqui por causa do meu
O semi-árido brasileiro é oficialmente definido pelo Ministério da
Integração Nacional e abrange o norte dos estados de Minas Gerais e
Espírito Santo; o sertão da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, e sudeste do Maranhão.
Estima-se que vivam aproximadamente 8 milhões de pessoas na área rural
dessa região, o que a torna o semi-árido mais populoso do mundo.
Sobre o Semi-árido
Ceará - nossa terra 00
emprego, mas a vida aqui, em vista do
que era antes, está uma maravilha!”.
Dona Expedita Jacinta de Souza, a mãe,
f inal iza: “Às vezes, de noi te,
conversando na calçada, a gente fica
pensando no tanto que já sofreu por
aqui. Agora, depois de velhos, temos
tudo nas mãos. Eu digo é graças a deus,
porque não podemos fazer o que
fazíamos antes. Agora estamos
aproveitando”.
COM MAIS CONFORTO
Não muito longe de dona Expedita e
sua família, vivem Idimilson Guedes
Simões e Maria Fernandes de Amorim.
O casal tem dois filhos pequenos. Para
eles, o ano de 2008 inaugurou uma fase
de mais conforto e saúde em casa, pois
e l e s t a m b é m e s t ã o e n t r e o s
beneficiados do Programa Cisternas.
“O projeto chegou aqui em outubro de
2007. Veio uma equipe do governo e
nós ajudamos na mão-de-obra. Antes
eu andava muito para pegar água no
açude. Depois que saiu a cisterna está
uma beleza! A água só não sangrou
porque a casa é pequena, mas está
quase cheia”, pontua Edimilson.
Maria, sua mulher, também elogia a
iniciativa: “Para mim foi muito bom!
Antes até lavar roupa era complicado.
Eu pegava uma trouxa, ia pro açude
com ela na cabeça e ficava até mais
tarde, só voltava lá pras três horas da
tarde. E agora eu lavo aqui, cuido da
casa, estou perto dos meninos, tudo
melhorou”. Foi ela quem participou do
treinamento para aprender a cuidar da
água. “Até hoje eu tenho guardado o
catálogo que a professora distribuiu.
Aqui de casa, fui eu que fiz o curso.
Foram três dias de aula”.
A vida prossegue mansa em Divertido,
mas agora, a exemplo de muitas outras
localidades do semi-árido, existe água
de boa qualidade ao alcance da mão.