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TEORIAS DA COMUNICA CAO Felipe Matos / Franciele da Silva Elissandro Rodrigues / Tatiane Rodrigues Marshall Mcluhan George Gerbner Paul Lazarsfeld Stuart Hall Impacto sensorial; O meio é a mensagem; Aldeia global Teoria do Cultivo Teoria da Recepção Os meios e seus efeitos na formação da opinião pública Apresenta: Editora Fulano’s Edição 01 - ano 01 - nº 01 08 de junho de 2012

Revista Teoricos da Comunicacao

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Revista sobre os teóricos da Comunicação para a matéria de Teoria do professor Jair Rangel, PUC MINAS.

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TEORIAS DACOMUNICACAO

Felipe Matos / Franciele da SilvaElissandro Rodrigues / Tatiane Rodrigues

Marshall Mcluhan George Gerbner Paul Lazarsfeld Stuart Hall

Impacto sensorial;

O meio é a mensagem;

Aldeia global

Teoria do Cultivo Teoria da RecepçãoOs meios e seus efeitos na formação da opinião pública

Apresenta:

Editora Fulano’sEdição 01 - ano 01 - nº 0108 de junho de 2012

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Editorial

Os teóricos pesquisados para a edição dessa revista trazem importantes teorias e ideias que nos ajudam a compreender alguns fenômenos envolvendo a mídia, o telespectador ou audiência, e até mesmo questões psicilógicas envolvidas no processo de persuasão. A mídia, e em especial a televisão se tornaram verdadeiros membros das família brasileiras e do mundo todo. É impossível viver sem a interferência da comunicação, porque estamos em contado e participando ativamente dessa comunicação. Todos estes pensadores, à sua maneira, fizeram parte de vários conceitos e estudos que carregamos até hoje não apenas em nossas vidas, mas como características dessa complexa sociedade moderna em que vivemos. Stuart Hall fez de suas experiências de vida parte de sua analise. Perguntas como: O que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia? Qual o futuro da sociedade e de nossa cultura? Que efeitos tem a mídia sobre nossas vidas? levantam até hoje varias reflexões sobre as transformações ocorridas na identidade do individuo e em seus comportamentos e, principalmente, até onde a globalização e seus efeitos são capazes de ir como fatores de modificação de uma sociedade.

Pesquisa sobre o teórico Stuart Hall

FRANCIELE DA SILVA

Pesquisa sobre o teórico Paul Lazarsfeld

TATIANE RODRIGUES

Pesquisa sobre o teórico George Gerbner

FELIPE MATOS

Pesquisa sobre o teórico Marshall McLuhan

ELISSANDRO RODRIGUES

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ÍNDICE

12Marshall Mcluhan

04Paul Lazarsfeld

24Stuart Hall

18George Gerbner

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Paul F.

Lazarsfeld

P aul F. Lazarsfeld nasceu em Viena, na Áustria, em 1901. Filho de um advogado socialista foi criado e educado ali. Na década de 1920, mudou-se nos mesmos

círculos como o Círculo de Viena dos filósofos, incluindo Otto Neurath e Rudolf Carnap, recebendo seu doutorado em matemática aplicada da Universidade de Viena em 1925.

Em 1925 ele fundou um instituto de pesquisa dedicado à aplicação da psicologia para os problemas sociais e econômicos. Este foi o primeiro de quatro universitários relacionados com a investigação social aplicada nos institutos fundados por Lazarsfeld, os outros foram o Centro de Pesquisa da Universidade de Newark, o Escritório de Pesquisa Rádio Universidade de Princeton, e da Secretaria de Pesquisa Social Aplicada na Universidade de Columbia.Em 1926 casou-se com a socióloga Marie Jahoda .

Ele veio para a sociologia através da sua especialização em matemática e métodos quantitativos, participando de várias primeiros estudos quantitativos, incluindo o que foi possivelmente o primeiro estudo científico dos ouvintes de rádio, em 1930-1931. Sua tese foi uma aplicação da teoria da gravitação de Einstein para o movimento do planeta Mercúrio. Juntamente com Hans Zeisel que escreveu um estudo clássico, agora sobre o impacto social do desemprego em uma pequena comunidade: Die Arbeitslosen von Marienthal (1932; eds Inglês de 1971.). Ele se divorciou de Maria em 1934 e se casou com seu colega Herta Herzog , que se divorciou dele em 1945.

Com uma formação inicial em Matemática, Lazarsfeld emigrou, nos anos 30, para os Estados Unidos. Tinha entretanto concluído, em Viena, dois estudos sociológicos: Juventude e trabalho (1931) e Os desempregados de Marienthal (1934). Na América, Lazarsfeld constitui um exemplo de integração bem sucedida (ao contrário, por exemplo, de Adorno).

Professor na Universidade de Columbia, funda o Bureau of Applied Social Research, onde propõe, demarcando-se da Escola de Chicago, do marxismo e da Escola de Frankfurt, um novo estilo de sociologia: burocrática, profissional, comercial, padronizada, técnica e empírica. Com Parsons e Merton, Lazarsfeld fecha o triunvirato funcionalista que vai dominar a sociologia americana durante as décadas de 40 e 50 do século XX. Conselheiro, no pós-guerra, da Fundação Ford para o desenvolvimento e a reorganização das Ciências Sociais na Europa, Lazarsfeld assume por vários anos a presidência da Associação Americana de Sociologia.

A sua obra, extensa e variada, percorre disciplinas tais como a Sociologia, a Psicologia Social, a Ciência Política, as Ciências da Comunicação e a Metodologia das Ciências Sociais, deixando um legado incontornável ao nível dos estudos do marketing, da publicidade, da propaganda, da opinião pública, das atitudes e da metodologia das Ciências Sociais, designadamente no que se refere à análise de conteúdo, à análise de dados e à conceptualização .

Introdução e principais ideias

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Lazarsfeld morreu em 1976. Ele tinha um filho, Robert Lazarsfeld , agora um professor de matemática na Universidade de Michigan, que publicou uma positividade em Geometria Algébrica (Springer), em 2004.

A sua obra, extensa e variada, percorre disciplinas tais como a Sociologia, a Psicologia Social, a Ciência Política, as Ciências da Comunicação e a Metodologia das Ciências Sociais, deixando um legado incontornável ao nível dos estudos do marketing, da publicidade, da propaganda, da opinião pública, das atitudes e da metodologia das Ciências Sociais, designadamente no que se refere à análise de conteúdo, à análise de dados e à conceptualização.

Um dos primeiros estudos de Lazarsfeld, em 1940 tratava da influência da mídia nas práticas eleitorais em Erie County, Ohio, durante a campanha presidencial, em colaboração com outros pesquisadores de prestígio na seção de Pesquisa Social Aplicada na Columbia University, Bernard Berelson e Gaudet Hazel. Os resultados foram publicados no livro “A escolha do povo” e é certamente o primeiro grande estudo sistemático das chaves para a formação e evolução do comportamento eleitoral ao longo dos sete meses antes das

Principais ideias

5eleições presidenciais, usando painéis de consulta demoscópicos de consulta sucessiva muito amplos e estratificados. O estudo relaciona a personalidade dos eleitores, sua formação e julgamento, e a influência dos meios de comunicação na tomada de decisão.

Preferencialmente estudou a rádio e os mecanismos de influência social desse meio, através de um estudo empírico que lhe permitiu relacionar o nível educacional do público e a influência da rádio. Enquanto esse meio foi mais extensivamente estudado por Lazarsfeld, sabia-se da transição para a introdução da televisão como um meio de massa, bem como mudanças nas práticas comunicativas das audiências.

Embora o pensamento de Lazarsfeld há nenhuma referência à influência potencial negativa da mídia e seu controle por interesses estrangeiros para os valores do trabalho, o público-alvo é baseado na pesquisa quantitativa, através da utilização de pesquisas de opinião.

Grandes interesses de Lazarsfeld foram baseados na metodologia da pesquisa social e o desenvolvimento dos institutos de formação e investigação nas ciências sociais. Devido à originalidade e diversidade de suas idéias, sua energia e magnetismo pessoal, seu estilo

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Obras mais importantes

The people’s choice, 1944;

The language of politics, 1944;

Personnal influence, 1955;

Latent structure analysis, 1950;

The analysis of communication content, 1948;

Mathematical thinking in the social science, 1954

The language of social research, 1955;

The uses of sociology, 1967;

Philosophie des sciences sociales, 1970

na cidade de Middle West. Katz e Lazarsfeld rompem com as explicações precedentes e dão um valor ilimitado a influência dos meios. Outra teoria de Lazarsfeld é do “fluxo de duas etapas da comunicação” (‘Two step flow of communications’) sobre o processo de influência.

Os meios de comunicação tendem a confirmar ou consolidar os processos de formação de critérios obtidos nos ambientes sociais dos indivíduos. A liderança na formação de opinião é o ‘grupo primário’ ou espaço grupo social, pois é ele quem recebe e processa as informações da mídia e interage com os indivíduos da sociedade. Este grupo produziu uma segunda mediação ou processo de influência para o resto do público. Indivíduos isolados não estão sujeitas a comunicação direta ou indireta com os líderes, os mais afetados na mídia, porque neles não há nenhuma cadeia de mediação.

As críticas ao seu trabalho o acusaram de contradição entre um pensamento político progressista e sua prática investigadora ao serviço de corporações mercantis e institucionais.

único de colaboração com alunos e colegas, e a produtividade dos institutos de pesquisa que ele estabeleceu, sua influência sobre a sociologia e investigação social – tanto nos Estados Unidos e na Europa – foi profunda. Seus colaboradores e alunos aprenderam muito com ele e muito contribuiu para sua fama.

Foi um dos fundadores da análise norte-americana sobre os meios e seus efeitos na formação da opinião pública. Um dos primeiros estudos de Lazarsfeld foi sobre a influência dos meios nas práticas eleitorais em Ohio. Os resultados foram publicados em seu livro “The people’s choice”. Este sem dúvida foi o primeiro grande estudo sistemático sobre a chave da formação e evolução da conduta eleitoral. Tal estudo se relaciona com a personalidade dos eleitores, sua formação de critério e influência dos meios na tomada de decisão. O principal meio estudado como já foi dito, foi o rádio.

Em 1955, publicou juntamente com E. Katz “Personal Influence: The part played by people in the flow of man communications”. A obra foi fruto de uma investigação feita sobre a influência dos meios de comunicação sobre os líderes de opinião e sobre a opinião pública, realizada

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<< Fluxo de duas etapas da comunicação >>

= Opinião do líder

= Indivíduos na sociedade em contato com a opinião do líder

Mass Media

A liderança na formação de opinião é o ‘grupo primário’ ou espaço grupo social, pois é ele quem recebe e processa as informações da mídia e interage com os indivíduos da sociedade.

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Formação da

opinião política

Os estudos de Paul Lazarsfeld foram muito importantes para entender a interação entre as práticas políticas e eleitorais e a formação de opinião do público. Uma das teorias de Lazarsfeld, intitulada Teoria dos efeitos limitados trata dessa influência sofrida pelo público e coloca que essa influência não é exercida apenas pelos mass media, mas por uma forma geral das relações sociais, colocando em vantagem a influência pessoal, em relação à eficácia dos mass media, limitando assim, os efeitos destes. Segundo o autor, os efeitos provocados pelos meios de comunicação de massa dependem das forças sociais que predominam num determinado período, com isso a teoria dos efeitos limitados deixa de salientar a relação causal direta entre propaganda de massas e manipulação da audiência para passar a insistir num processo

indireto de influência em que as dinâmicas sociais se intersetam com os processos comunicativos.

Hoje os políticos usam os meios de comunicação de massas de uma forma bem intensa para poder falar de suas propostas, fazer campanhas eleitorais e se promoverem. Muitas pessoas já tem uma opinião formada e por isso a mensagem transmitida pelos MCM ou reforçam a sua opinião, ou são completamente ignoradas por essas pessoas, ou ainda conseguem mudar sua opinião. E ainda existem aqueles que não tem uma opinião formada, e por isso usam os MCM como um canal entre elas e os candidatos políticos, podendo assim fazer suas considerações e formar sua opinião.

O sistema político em conjunto com os meios desenham um cenário para discurssão pública, e essa talvez seja uma das principais funções da mídia e a principal ideia lançada por Lazasfeld.

Discurssão

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As eleições para a presidência de 2010, que levou Dilma Roussef a presidência da república, gerou uma extensa pauta na mídia e foi sem sombras de dúvida muito repercutida. Dilma que estava na maioria das pesquisas eleitorais à frente dos outros candidatos contou com o apoio do ilustríssimo presidente na época Luiz Inácio Lula da Silva, que já tinha uma imagem formada na cabeça dos eleitores. A boa fama do então presidente, somada as discurssões e campanhas transmitidas e enfatizadas pela mídia em prol de Dilma, com certeza foi um dos fatores que a levou a ser eleita.

A mídia criou uma arena de discurssão, dando chance a todos os candidatos fazerem sua propaganda política e esse assunto por um bom tempo foi pauta de discurssões. A mídia não impôs (e não impõe) como os eleitores devem pensar,

Campanha Dilma Roussef

mas o que eles devem pensar, no sentido de que ela lança os assuntos de interesse social e as pessoas “acatam” essas notícias, ou não; pensam sobre elas, ou não; as discutem, ou não.

A campanha da presidente Dilma contou com a simpatia e aprovação da maioria dos eleitores, que associavam a imagem de Lula (que tinha uma imagem bem positiva) a sua imagem.

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Mesmo os outros candidatos fazendo campanhas brilhantes, tendo boas propostas e usando muito os MCM, eles não conseguiram vencer Dilma, que tinha ao seu lado um líder de opinião dando total apoio.

O papel da mídia é muito importante na divulgação e promoção dessas discurssões políticas. Todos

os partidos tem a oportunidade de expor suas ideias , tentar montar uma imagem positiva e até mesmo tentar persuadir os eleitores, e a mídia abre espaço para isso. E nesse exemplo dado sobre a campanha de Dilma, é possível perceber a importância de um líder de opinião, encaixando bem com a teoria de Lazarsfeld sobre o fluxo de duas etapas da comunicação.

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Marshall

McLuhan

Introdução e principais ideias

Nascido em Edmonton, Alberta (Canadá) em 1911, ele estudou Inglês e Literatura na Universidade de Matinoba e fez seu doutorado aos 31 anos em Cambridge,

com uma tese sobre a retórica na obra de Thomas Nashe satírico Inglês (1567-1600), notável pela riqueza e rigor da análise. McLuhan começou a ensinar na Universidade de Wisconsin e mais tarde dirigiu a escola católica, religião que se converteu em 1937, como os jesuítas de St. Louis, onde conheceu Walter J. Ong. e Assunção College, em Windsor (Ontário). Em 1951 escreveu A noiva mecânica. Folclore dos homens industriais, é o texto que o levou a ser conhecido como um autor sugestivo, ilustrado e crítico, no qual se acerca aos mecanismos de formação e expressão da cultura popular. Um ano depois, em 1952, obteve um cargo de professor no Colégio de São Miguel (Universidade de Toronto), onde permaneceu até 1979. Em Toronto, trabalhou em estreita colaboração com Harold Innis, que exerceu uma influência significativa em suas formulações teóricas, especialmente com em sua obra Império e comunicação. Nesse período, escreveu A Galáxia de Gutenberg, A criação do homem tipográfico (1962), sua obra mais difundida, com claras influências de Harold Innis, onde relaciona as principais contribuições teóricas e discute a visão determinista de extensões tecnológicas dos meios de comunicação. Neste trabalho, que incidiu principalmente sobre a cultura tipográfica, vemos a relação entre a implementação de novas formas tecnológicas de comunicação e conhecimento da organização social. Dois anos depois, ele publicou Compreendendo a Mídia: As extensões do homem

EnTrE as obras divulgadas no brasil EsTão:

1969. a galáxia de gutenberg: a formacao do homem tipografico. Ed. da Univ. de São Paulo. Tradução: Leônidas Gontijo de Carvalho e Anísio Teixeira.

1969. Os meios de comunicação como extensões do homem (understanding Media). Editora Cultrix. tradução: Décio Pignatari

1969. O meio é a mensagem. Ed. Record. Tradução: Ivan Pedro de Martins. (com Quentin Fiore)

1971. guerra e Paz na aldeia global. Ed. record. Tradução: Ivan Pedro de Martins. (com Quentin Fiore)

1973. Do Clichê ao Arquétipo. Ed. Record. Tradução: Ivan Pedro de Martins. (com Wilfred Watson)

2005. McLuhan por McLuhan: conferências e entrevistas. Ed. Ediouro.

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(1964), onde aparece a idéia descritiva sugerida por “o meio é a mensagem” recorrendo a sua sua classificação dos meios de comunicação como “frio” e “quente“, em função da densidade do fluxo transmitido e da participação da audiência. Presidente do Seminário de Cultura e Comunicação da Fundação Ford (1953-1955). Co-editor com Edmund Carpenter na revista Explorações em Comunicação (1954-1959), publicado sob os auspícios da Fundação Ford. Diretor do projeto Compreender a nova mídia para a Associação Nacional de Educação de emissoras dos Estados Unidos(1959-1960). Foi membro da Sociedade Real do Canadá (1964); Consultor da Pontifícia Comissão para a Comunicação Social (1973). Doutor ‘Honoris causa’ por nove universidades norteamericanas. Em 1980 McLuhan morre em Toronto.

Considerado um visionário e profeta da comunicação do século XX, cuja grande projeção pública contribuiu para a divulgação da reflexão sobre os meios de comunicação como um fenômeno central da modernidade. Suas reflexões e insights, provocações e extravagâncias intelectuais estimulou o debate acadêmico e trouxe ao espaço público a importância adquirida pelas novas extensões tecnológicas de comunicação e mídia. Muitas de suas obras foram convertidas a “best sellers”, como O meio é a massagem, A Galáxia de Gutenberg, Guerra e Paz na Aldeia Global, Compreendendo a Media, A aldeia global, etc. O pensamento de McLuhan, combatido a partir de várias posições acadêmicas, resiste ao teste do tempo e antecipa muitas das chaves que enunciaram e descreveram décadas mais tarde a socieadade da informação e o ciberespaço. Sua análise dos usos e aplicações da tecnologia e o impacto desta sobre os modelos e costumes sociais tem sido mantida através de um fluxo de neo-McLuhianos, entre os quais destacam-se Derrick De Kerckhove .

No pensamento de McLuhan é perceptível os traços de numerosos pensadores e teóricos como Sapir , Leavis , Innis , Havelock , etc, que foi capaz de

Principais ideias projetar através de síntese sugestiva, propostas ousadas e uma presença midiática continuada que contornou publicações como Playboy. Suas posições teóricas estão incluídas dentro da corrente geral do determinismo tecnológico. As tecnologias aparecem como extensões ortopédicas, potenciadoras do sistema sensorial biológico, mas, ao mesmo tempo como elementos determinantes da comunicação. Os meios audiovisuais representam a expressão envolvente da comunicação sensorial plena, resultante tecnologia que supera o espaço restritivo e convencional da cultura escrita, uma linha de recuperação do palco de oralidade prealfabética, de superação progresiva da participação individualista, de partição neotribal ao estádio da comunicação global ... De fortes convicções religiosas (ver Eric McLuhan e Jacek Szklarek, O Meio ea Luz: Reflexões de Marshall McLuhan sobre a Religião, Stoddart, Toronto, 1999), seu conceito de aldeia global, a nova sociedade tribal planetária que tende a comunicação como comunhão - “a extensão tecnológica da nossa consciência” - como uma função natural e distintivo do homem, tem uma clara influência do jesuíta francês Teilhard de Chardin . Outro jesuíta, Walter Ong , teórico cultural e de comunicação oral, com quem manteve uma estreita relação também aparece no horizonte de pensamento de McLuhan.

algumas de suas obras.

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CONCEITO DE ALDEIA GLObALO conceito de aldeia global foi desenvolvido por Marshall McLuhan na década de 60, como forma de explicar os efeitos da comunicação de massa sobre a sociedade contemporânea, no mundo todo. De acordo com sua teoria a abolição das distâncias e do tempo, bem como a velocidade cada vez maior que ocorreria no processo de comunicação em escala global, nos levaria a um processo de retribalização, onde barreiras culturais, étnicas, geográficas, entre outras, seriam relativizadas, nos levando a uma homogeneização sócio-cultural. Neste caso, imaginava ele, ações sociais e políticas, por exemplo, poderiam ter inicio simultaneamente e em escala global e as pessoas seriam guiadas por ideais comuns de uma “sociedade mundial”. Considerando eventos como a invenção da roda e do papel, por exemplo, McLuhan demonstra como a comunicação, e a própria sociedade, foi modificada com os avanços tecnológicos: com o advento do papel a comunicação poderia ser real izada

de maneira fiel, bastando ser levada de um lugar a outro. Já o advento da roda permitiu diminuir o tempo necessário para cobrir determinadas distâncias a fim de efetivar uma comunicação.

No entanto, nada se compara ao processo de avanço tecnológico propiciado pela eletricidade e a eletrônica. Nos tempo em que McLuhan desenvolveu suas teorias ele se referia à televisão e aos satélites, que permitiriam a comunicação muito rápida entre os povos. Alguns intelectuais questionam esta definição de aldeia, pelo fato de a comunicação da televisão, ou do rádio, se dar de forma massiva e autoritária, sendo um emissor para milhões de receptores, e em uma aldeia as informações serem passadas de um para um. Mas a evolução dos sistemas, da internet e dos celulares, demonstrou a pertinência das idéias de McLuhan, onde a comunicação se dá de forma

quase instantânea, entre dois interlocutores, em lugares absolutamente distantes. E

com isso também vem ocorrendo certa “padronização da

cultura”, onde a cultura ocidental tem prevalecido

sobre as demais no estilo de vida da maior parte das nações do mundo, ao mesmo tempo em que diversas culturas c o n s i d e r a d a s exóticas têm “Vindo à tona”, tornando-se, independente mente das relações

das relações e t n o c ê n t r i c a s ,

m i n i m a m e n t e conhecidas em outras

partes do mundo.

O mundo é uma aldeia global digitalmente.

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A abolição das distâncias e do tempo, bem como a velocidade cada vez maior que ocorreria no processo de comunicação em escala global, nos levaria a um processo de retribalização, onde barreiras culturais, étnicas, geográficas, entre outras, seriam relativizadas, nos levando a uma homogeneização sócio-cultural.

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Discurssão

O meio é a mensagem

Discurssão:

Mcluhan foi um profeta e um missionário da tecnologia, pois quando ele afirmou, em 1964, o axioma “o meio é a mensagem” a palavra meio não existia em seu significado atual como um canal de comunicação e assim ele defende que os donos dos meios sempre se empenham em dar ao público o que o público deseja, porque percebem que a sua força está no meio e não na mensagem. A preocupação com o poder do meio é vista com prioridade, e para admitir essa atribuição de importância é preciso estabelecer a relação direta da força do meio com a audiência contabilizada diariamente. McLuhan chama a atenção para o fato de uma mensagem proferida oralmente ou por escrito em diferentes estruturas perceptivas, desencadeia diferentes mecanismos de compreensão e ganha diferentes contornos e tonalidades criando diferentes significados. Em outras palavras, Marshall estabeleceu como objeto de estudo o “meio”, e quis mostrar um impacto quanto à frase “o meio é a mensagem”, fazendo-nos conhecer a intensidade e o entorpecimento que os meios têm em proporcionar sentidos, cultura, tecnologia e força de pensamento psicológico.

Qual é a interferência dos meios de comunicação sobre as sensações dos indivíduos, onde por exemplos no caso do 11 de setembro /2011, mesmo não estando nos USA, tivemos nossas sensações alteradas aos assistir em tempo real os ataques terroristas. A convergência na qual o autor foi percussor hoje está enraizada em um mundo cada vez mais “Reality Show”, será que o autor imaginava o rumo feroz em que os estudos midiáticos chegariam?

Outra clara evidencia de onde chegou o poder midiático sobre o individuo está relacionado aos noticiários atuais, onde tempos atrás nos questionávamos como teriam ocorrido determinados casos, já nos dias atuais, se tornam raros os casos onde o poder desse “sistema midiático” não nos possibilita uma interferência em nossas sensações diárias.

Por fim aonde iremos para? Ou até quando teremos ou permitiremos essa interferência em nossas sensações? Será mesmo um caminho sem volta? e quais os dilemas que o autor enfrentaria nos dias atuais diante dos resultados de seu estudo percussor.

Como percussor dos estudos midiáticos, qual analise o autor faria nos dias atuais onde cada vez mais a convergência midiática faz parte da vida dos indivíduos? Essa será nossa discussão onde iremos retratar essa interferência da convergência sobre as atitudes das pessoas, numa era onde os Tablets, Smartphones e celulares cada vez mais modernos invadem a vida dos indivíduos em um caminho sem volta.

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George

Gerbner

Nascido em Budapeste, Hungria Gebner emigrou para os Estados Unidos no final dos anos 30, onde estudou jornalismo em Berkeley. Em San Francisco começou

sua carreira como repórter e colunista do jornal San Francisco Chronicle, atividade interrompida durante a Segunda Guerra Mundial, onde foi recrutado para o Departamento de Serviços Estratégicos do Exército, com as missões ousadas na Europa e permaneceu alguns anos após o conflito. Voltando aos Estados Unidos conclui seus estudos universitários com uma dissertação rumo a uma teoria geral da comunicação, que recebe um prêmio especial da Universidade do Sul da Califórnia.

Ele começou seu ensino como professor de telecomunicações da Universidade Temple. Em 1964 mudou-se para a Escola Annenberg de Comunicação da Universidade da Pensilvânia, estabeleceu-se reitor onde permaneceu até sua aposentadoria em 1989. Professor visitante em várias universidades de Washington, Illinois, Califórnia do Sul, Atenas, Budapeste, Salesiana de Roma, American Cairo, etc. Além disso contribuiu para a Comissão Nacional ,Presidente Johnson sobre as Causas e Prevenção da Violência (1968), foi diretor do projeto de “Indicadores Culturais “ para a medição da violência na televisão e seus efeitos sociais onde desenvolveu um banco de dados com notas sobre mais de 4.000 programas de televisão, presidiu o Movimento Ambiente Cultural (CEM), criado em 1991 como uma iniciativa internacional para o equilíbrio e a diversidade dos meios de comunicação. Foi eleito

presidente do conselho editorial da Enciclopédia Internacional de Comunicação.

Alguns de seus grandes livros não foram traduzidos para o portugês e espanhol entre eles: Massa Mídia Políticas em Culturas mudança, Wiley Interscience, New York, 1977, abuso de crianças: Uma Agenda para a Ação entre outros.

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Em sua principal teoria, intitulada “Teoria do cultivo”, Gerbner relatava e acreditava na socialização da televisão para uma visão comum de mundo, aplicações de valores comuns no espaço de configuração descrita por ambientes homogêneos além das consequências do consumo televisivo na predominancia de aspectos violentos.

Gerbner observou empiricamente o indivíduo e o imaginário criado atravéz da audiência, o mundo pessoal de valores adquiridos através do tipo de programas que utilizam, costumeiramente.

suas obras:

Mass Media Policies in Changing Cultures (1977);

Child Abuse: Na Agenda for Action (1980);

World Communications: A Handbook (1984);

international Encyclopedia of Communications (1988);

violence and Terror in the Media: na annotated bibliography (1988);

The Information Gap. How Computers and Other New Communication Technologies Affect the Social Distribution of Power (1991);

Invisible Crises: What Conglomarate Media Control Means for America and the Word (1996);

Telling All the Stories (2000).

Principais ideiasO pesquisador observou o valor das respostas dominantes das tendências mais importantes na cena social.

Estas ‘culturas’ da psicologia, percepção e conhecimentos pessoais estão relacionados com a intensidade da exposição ao meio, isto é a exposição as audiências de modo que os efeitos sobre a visão do mundo gere consequências (medo, incerteza, paranóia, descencibilização, banalização e etc.) onde sua acentuação dependem do meio.

A intensidade da exposição audiovisual produz frutos de acordo com o tempo de exposição diária e da persistência do hábito no receptor, sendo quanto mais esposto mais o recepetor será “cultivado”. Os efeitos são mais evidentes quando o falante procura por um ‘target’ e cria uma narrativa que captura (o que ele chama de “ressonância” ou “efeito sonoro”), e também o vetor de “convergência” (mainstreaming), que é projetada sobre o conjunto da sociedade do ponto de vista dos espectadores de televisão.

O pesquisador também não acredita que a televisão desenvolve o caráter agressivo nas pessoas ou outras patologias sociais, mas o seu uso contínuo é excludente (quem for intensamente exposto à televisão não costuma usar outros meios), o que favorece o desenvolvimento de atitudes violentas e anti-sociais além de um mundo pessimista e paranóico que como Gebner denomina de “síndrome da mundo mal” que atravéz dessa super exposição de infortmações ruins que são transmitidas pelas mídias (TV, jornal e etc) contribui para construir uma percepção intensa e pessimista da realidade através do que eles dizem na televisão e podemos chamar segundo Gerbner de descencibilização ou banalização do real.

Mais tarde, o projeto se expandiu e passou a investigar os efeitos de qualquer conteúdo televisivo, pode-se afirmar que essa hipótese considera que “cultivo” é um contínuo e dinâmico processo de interação entre as mensagens, audiências e contextos” (GERBNER et al, 2002, pp. 49)

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A intensidade da exposição audiovisual produz frutos de acordo com o tempo de exposição diária e da persistência do hábito no receptor, sendo quanto mais esposto mais o recepetor será “cultivado”.

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O trabalho acadêmico e de pesquisa de Gerbner, é um trabalho de campo muito extenso com mais de 4.500 registros de medição de programas e outras cenas violentas, que atingem o público mais vulnerável em um estado cultural e cívico como crianças e jovens, como percebido por Gerbner que crianças de 12 anos viu em média 8.000 mortes violentas na televisão.

O “imperativo marketing ‘invade o espaço das crianças e define seu ambiente simbólico, cuja a

Métodos de Trabalho

Importante

As crianças de 12 anos já viram em média 8.000 mortes violentas na televisão

exposição à TV ao longo do tempo perde conexões com família, escola, igreja.

Defensor da televisão pública independente, denunciou a degradação da televisão a pedido do mercado. Processo relacionado com a concentração e globalização levando à perda de valores que são característicos de uma cultura democrática.

Visões de Gerbener sempre foram debatidas pelo meio acadêmico e nem sempre foram bem aceitas, embora os novos teoricos utilizem bastante de suas idéias que são reconhecidos internacionalmente entre os analistas da violência na televisão.

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A teoria aplicadaA TV também é responsável por uma super-representação de raças, gêneros, culturas, etc. Ela se tornou o mundo chave das famílias, aquela que conta a maioria das histórias a maior parte do tempo. A medida que a Tv “cultiva” as pessoas criando essa “utopia” da “síndrome do mundo mal” é gerada pela vasta exposição e super-representação de cenas violentas. Os meios de comunicação hoje utilizam de “sensacionalismo” para adquirirem maior audiência. A televisão brasileira e os outros meios de comunicação são uma prova real da teoria de Gerbner, onde o excesso de notícias violentas em jornais, telejornais, e até internet são utilizados como forma de prender o público leitor ex: Jornais Sensacionalistas Super, Programa do Datena, Ratinho entre outros. Outra forma utilizada para prender á atenção do público são as telenovelas e filmes que eximem cada vez um número maior de cenas violentas. Contudo é criado uma espécie de ”vício” no receptor e que para conseguir prender sua atenção aumenta-se cada vez mais u número de violência, como exemplo o filme “Rambo” onde a quantidade de mortes no primeiro para o ultimo filme da série foi aumentada drasticamente.

As telenovelas e seriados também ajudam a comprovar essa ideia como exemplo a novela exibida pela Rede Globo de Televisão, que transmitiu a Novela Mulheres Apaixonadas (2003) que exibia cenas violentas principalmente vividas pelos atores (Dan Stulbach) e (Helena Ranaldi) onde o personagem com ciumes de agredia a companheira com uma raquete de tênis, e uma pesquisa feita em São Paulo, comprovou o aumento drástico nos picos de audiência.

http://veja.abril.com.br/090703/p_068.html

Jornal Brasil Urgente Datena

Cena da novela Mulheres Apaixonadas

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http://veja.abril.com.br/090703/p_068.html

Jornal Brasil Urgente Datena

Cena da novela Mulheres Apaixonadas

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Stuart

Hall

Nem Kingston, na Jamaica em 3 de fevereiro de 1932, Hall viveu sua infância e adolescência cercado pelas contradições impostas pela condição de pertencer a

um país colonizado. Outro aspecto marcante em sua formação foi o fato de pertencer a uma família de classe média, uma vez que a posição social e o estilo de vida de sua família estavam condicionados pelas diferentes formas de classificação e de reconhecimento existentes entre as frações de classe e de cor das quais seus pais vieram (Hall, 2003: 407). O pai de Hall pertencia a uma família de classe média baixa e mista etnicamente, composta por africanos, indianos, portugueses e judeus. Já sua mãe tinha origem familiar na classe média mais próxima culturalmente e economicamente dos colonizadores, tanto a pele clara quanto as origens ligadas aos antigos engenhos e valores culturais a aproximavam mais de uma cultura inglesa. Hall era

o mais escuro entre seus irmãos, sendo que no seu ambiente social a pele escura estava associada a pessoas que ocupavam posições subalternas, inferiores socialmente. Hall foi sempre identificado em sua família como o patinho feio. Em um de seus livros, Hall afirma: que seus amigos da escola, muitos dos quais oriundos de famílias de classe média respeitáveis, porém mais escuros que ele, não eram aceitos em sua casa (Hall, 2003: 408). Nos anos 1950, após ter trabalhado na Universities and Left Review, Hall juntou-se a E. P. Thompson, Raymond Williams e outros para fundar a revista New Left Review. Sua carreira deslanchou após co-autorar com Paddy Whannel “The popular arts” em 1964. O convite feito por Richard Hoggart para que Hall entrasse no Birmingham Center for Cultural Studies foi um resultado direto dessa publicação.

Em 1951 Hall mudou-se para Bristol, aonde viveu antes de ir para Oxford. Estudou como bolsista na

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Universidade de Oxford, onde obteve o seu mestrado. Ele escreveu muitos artigos influentes nos anos que seguiram, incluindo: Situating Marx: Evaluations and Departures (1972), Encoding and Decoding in the Television Discourse (1973). Ele contribuiu também para o livro Policing the Crisis (1978). Após ser nomeado professor de Sociologia na Open University em 1979, Hall publicou uma série de livros influentes, incluindo: The Hard Road to Renewal (1988), Resistance Through Rituals (1989), The Formation of Modernity (1992), Questions of Cultural Identity. O trabalho de Hall é centrado principalmente nas questões de hegemonia e de estudos culturais. Hall concebe o uso da linguagem como determinado por uma moldura de poderes, instituições, política e economia. Essa visão apresenta as pessoas como “produtores” e “consumidores” de cultura ao mesmo tempo. Seus trabalhos – como os estudos sobre preconceito racial e mídia – são considerados muito influentes e fundadores dos contemporâneos estudos culturais como no livro “A identidade cultural da pós modernidade”, em que Hall busca avaliar se estaria havendo uma crise de identidade cultural, o que consiste tal crise e quais as consequências da mesma no mundo pós moderno.

Em sua obra “A identidade Cultural na Pós-modernidade”, Hall discute a emergência de uma “crise de identidade” na modernidade tardia, uma vez que as antigas e estáveis identidades estariam em declínio, o que culminaria na ascensão de novas identidades que apontam para a existência de um sujeito moderno fragmentado. Sendo assim, o autor propõe-se a explorar as questões acerca da identidade, a fim de avaliar se, realmente, existe uma crise de identidade.

Para explicar sobre essa fragmentação, Hall apresenta três concepções de identidade, em diferentes períodos históricos. A primeira identidade diz respeito ao sujeito do Iluminismo caracterizado por ser um indivíduo unificado, centrado e dotado de razão cujo “centro”, seu núcleo interior, praticamente não se alterava ao longo de sua existência. Trata-se, portanto, de uma concepção individualista do sujeito e de sua identidade. A segunda identidade diria respeito ao sujeito sociológico refletiria a complexidade do mundo moderno porque seu “núcleo interior” configura-se na relação com as outras pessoas, logo, é uma concepção interativa da identidade que se forma a partir da relação entre o eu e a sociedade. Já o sujeito pós-moderno, sua terceira identidade, não apresenta uma identidade fixa ou essencial, pois ela é formada e transformada continuamente. Além disso, não se trata de apenas uma identidade, mas de várias, as quais são, algumas vezes, contraditórias ou não resolvidas. Assim, essa concepção de identidade é provisória e perturbadora.

Hall sustenta a ideia de que a sociedade moderna define-se por seu caráter de mudança constante, rápida e permanente, além de ser caracterizada pela diferença, ou seja, inúmeros aspectos e contradições sociais que geram diferentes identidades para o sujeito pós-moderno, identidades estas que são abertas, inacabadas e fragmentadas. Neste livro

“Da Diáspora: Identidades e mediações culturais.” Belo Horizonte: UFMG: Representações da UNESCO no Brasil, 2003.

“a identidade cultural na pós-modernidade”. rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Suas principais obras

fragmentada

A crise da

identidade

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o autor levanta as seguintes questões: O que está acontecendo à identidade cultural na modernidade tardia? Como as identidades culturais nacionais estão sendo afetadas ou deslocadas pelo processo de globalização? O autor destaca que as nações são como comunidades imaginadas, que são perpetuadas pela memória do passado, pelo desejo de viver em conjunto.Na desconstrução da idéia de cultura nacional como identidade unificadora, o autor refere que as culturas nacionais, na verdade, “são atravessadas por profundas divisões e diferenças internas, sendo unificadas apenas através do exercício de diferentes formas de poder cultural”. Neste sentido, para o autor, as nações modernas são verdadeiros “híbridos culturais”. Ele ainda afirma que as culturas nacionais são uma das principais fontes de identidade cultural, pois as nações produzem um repertório cultural com o qual um determinado grupo pode se identificar. Dessa forma, as culturas nacionais constroem identidades.A globalização é outro aspecto da questão da identidade que está relacionada ao caráter da mudança da modernidade. Nesta sociedade moderna, não há nenhum centro, nenhum princípio articulador ou organizador único e não se desenvolvem de acordo com o desdobramento de uma única causa ou lei. Ela está constante-mente sendo descentrada por forças fora de si mesmas.

As transformações associadas à modernidade tardia, diz Hall, libertaram o indivíduo de seus apoios estáveis nas tradições e nas estruturas. Antes se acreditava que estas eram divinamente estabelecidas; não estavam, portanto, sujeitas a mudanças fundamentais.

À medida que as sociedades modernas se tornavam mais complexas elas adquiriam uma força mais coletiva e social. O indivíduo passou a ser visto como mais localizado e definido no interior de grandes estruturas e formações sustentadoras da sociedade.

O que aconteceu à concepção do sujeito moderno, na modernidade tardia não foi simplesmente sua degradação, mas seu deslocamento. As culturas

ImportanteHall sustenta a ideia de que a sociedade moderna define-se por seu caráter de mudança constante, rápida e permanente, além de ser caracterizada pela diferença, ou seja, inúmeros aspectos e contradições sociais que geram diferentes identidades para o sujeito pós moderno, identidades estas que são abertas, inacabadas e fragmentadas.

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nacionais se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural. Pensamos neste tipo de cultura como se fosse parte de nossa natureza essencial. Porém as identidades nacionais não são coisas com as quais nascemos, mas são formadas e transformadas no interior das representações. Em vez de pensar as culturas nacionais como unificadas, deveríamos pensá-la como constituindo um dispositivo discursivo que representa a diferença como unidade ou identidade.

Quando mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas, de tempos, lugares histórias e tradições específicas.

No interior do discurso do consumismo global, as diferenças e as distinções culturais, que até então definiam a identidades, ficam reduzidas a uma espécie de língua franca internacional ou de moeda

global, em termos das quais todas as tradições específicas e todas as diferentes identidades podem ser traduzidas. Este fenômeno é conhecido como “homogeneização cultural”.

Ao lado da tendência em direção à homogeneização global, há também uma fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da alteridade. Há juntamente com o impacto global um novo interesse pelo local, produzindo novas identificações globais e novas identificações locais.

A globalização está tendo efeitos em toda parte, incluindo o Ocidente, e a “periferia” também está vivendo seu efeito pluralizador, embora num ritmo mais lento e desigual.

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O paradoxo da

diásporaA questão da diáspora em sua complexidade se refere à construção e ao imaginário da nação e da identidade. No livro “Da Diáspora: Identidades e mediações culturais.”, Hall trabalha a questão da diáspora ocorrida com os assentamentos de negros caribenhos no Reino Unido, relacionada com as complexidades de se imaginar a nação e a identidade caribenhas, numa era de globalização crescente. Hall ressalta a importância das questões geradas pela diáspora, por serem centrais não apenas para seus povos, mas para as artes e culturas que produzem, onde um certo sujeito imaginado está sempre em jogo. Hall afirma que na situação da diáspora, as identidades tornam-se múltiplas.

Sobre a identidade cultural, presume-se que seja fixada no nascimento, parte da natureza, impressa através do parentesco e dos genes. A pobreza, o subdesenvolvimento, etc. podem forçar as pessoas a migrar, o que causa o espalhamento, a dispersão. Mas cada disseminação carrega consigo a promessa do retorno redentor. Essa interpretação do conceito de diáspora (termo modelado na história moderna do povo judeu) é a mais familiar entre os povos do Caribe. Nessa metáfora, a história circula de volta à restauração de seu momento originário, cura toda ruptura, repara cada fenda através desse retorno. É um cordão umbilical que chamamos de tradição, cujo teste é a fidelidade às origens, sua autenticidade.

Os mitos fundadores da identidade cultural são, por definição, transitórios: não apenas estão fora da história, mas são fundamentalmente aistóricos. A história é linear; a estrutura narrativa dos mitos é cíclica. Mas dentro da história, seu significado é freqüentemente transformado. Aqui surge um paradoxo. Um povo não pode viver sem esperanças, mas surgem problemas ao interpretar tão literalmente nossas metáforas. A verdade é que nossas sociedades são compostas não de um, mas de muitos povos. Suas origens não são únicas, mas diversas. O conceito de diáspora se apóia sobre uma

concepção binária de diferença: por um lado está fundado em uma idéia que depende da construção de outro, e de uma oposição rígida entre o dentro e o fora. Por outro lado, sabendo que o

significado é crucial à cultura, temos a noção moderna pós-saussiriana que insiste que o significado não pode ser fixado definitivamente, pois está sempre em movimento. Hall afirma que a distinção de nossa cultura é manifestamente o resultado do maior entrelaçamento e fusão, na fornalha da sociedade colonial, de diferentes elementos culturais africanos, asiáticos e europeus (p. 31).

Contudo, Hall cita que os hábitos e costumes de Barbados são uma tradução feita através da escravidão africana, que na época reconfigurou a paisagem barbadiana. Hall fala que a cultura caribenha é irremediavelmente impura, essencialmente impelida por uma estética diaspórica, e cita o Caribe como um dos cenários chave do início da globalização.

Assim, a perspectiva diaspórica da cultura pode ser vista como uma subversão dos modelos culturais tradicionais orientados para a nação. Como outros processos globalizantes, a globalização cultural é desterritorializante em seus efeitos. Suas compreensões espaço-temporais, impulsionadas pelas novas tecnologias, afrouxam os laços entre a

cultura e o lugar.

Hall fala ainda da importância da África, ao dizer que cada movimento social e cada desenvolvimento criativo nas artes do Caribe neste século começaram com esse momento de tradução do reencontro com as tradições afro-caribenhas ou o incluíram. Não porque a África seja um ponto de

Estamos sempre em processo de formação cultural. A cultura não é uma questão de ontologia, de ser, mas de se tornar.

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Há dois processos opostos em funcionamento nas formas contemporâneas de globalização: Existem as forças dominantes que ameaçam subjugar todas as culturas que aparecem, impondo uma mesmice cultural homogeneizante (seus efeitos podem ser vistos em todo o mundo); e os processos que sutilmente estão descentrando os modelos ocidentais, levando a uma disseminação da diferença cultural em todo o globo.

Para Hall, A alternativa não é apegar-se a modelos fechados, unitários e homogêneos de pertencimento cultural, mas abarcar os processos mais amplos o jogo da semelhança e da diferença que estão transformando a cultura no mundo inteiro. Esse é o caminho da diáspora, que é a trajetória de um povo moderno e de uma cultura moderna.

referência antropológico fixo [...] A razão para isso é que a África é o significante, a metáfora, para aquela dimensão de nossa sociedade e história que foi maciçamente suprimida, sistematicamente desonrada e incessantemente negada e isso, apesar de tudo que ocorreu, permanece assim. Para Hall, as culturas sempre se recusaram a ser perfeitamente encurraladas dentro das fronteiras nacionais. O texto é concluído com as afirmações:

A cultura não é apenas uma viagem de redescoberta: é uma produção. Tem sua matéria prima, seus recursos, seu trabalho produtivo.

Estamos sempre em processo de formação cultural. A cultura não é uma questão de ontologia, de ser, mas de se tornar.

A Globalização vem elucidando as trevas do próprio iluminismo ocidental. as identidades, concebidas como estabelecidas e estáveis, estão naufragando nos rochedos de uma diferenciação que prolifera .

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O Processo de Codificação / DecodificaçãoStuart esboça, a partir de um determinado entendimento do processo de comunicação, um modelo de codificação e decodificação. Ele desconstrói com o modelo linear de comunicação, onde o processo (linear) trabalha com o emissor enviando mensagens ao receptor, não levando em conta diversos fatores, que são observados no modelo não linear.

Antes se pensava comunicação apenas como um modelo unidirecional, mas comunicação também é uma produção do sistema social que é o capitalismo, pressupondo assim circulação e não transmissão. A linearidade pode ser pronunciada em alguns momentos dentro da mídia, em alguns fenômenos isolados, mas o sistema não funciona dessa maneira.

Uma mensagem é um bem simbólico que circula como qualquer mercadoria, partindo do principio de três etapas: produção, circulação e consumo.

As práticas sociais como produção de sentido no cotidiano, têm um significado para cada sociedade, para cada individuo. O nível de bagagem social e cultural de cada individuo faz com que toda e qualquer mensagem tenha um significado único, variando de pessoa para pessoa.

Os meios de comunicação pegam esse bem simbólico e transformam em uma narrativa, que possui um valor abstrato. Transformando, enfatizando e recortando os fatos da vida social, que tem um significado próprio para cada sociedade, cada cultura em uma mensagem, que é codificada. O que determina a codificação é a produção simbólica e uma estrutura narrativa sobre os fatos é o que circula socialmente.

Hall faz uma analogia entre as práticas sociais dentro do capitalismo, colocando a comunicação como uma pratica a mais.

Existe uma narrativa nos meios de comunicação sobre as práticas sociais que já está pré-configurada, e está pré-configuração é a necessidade de transformar essas mensagens em lucro.

A comunicação circular trabalha com um conceito amplo sobre as decodificações da mensagem. Esse processo inicia quando começa a produção da

mensagem, que podemos dividir em três etapas: a primeira é o recorte do evento no meio social, um evento na sua forma bruta não é notícia, no segundo momento observamos a formatação padrão dos veículos de comunicação e no terceiro e último momento é o consumo e a reprodução da mensagem, onde Stuart coloca como possíveis sentidos que podem encontrar rescaldos nas práticas sociais, não pela perspectiva de produção, mas sim de consumo e nem sempre: Codificação e Decodificação se encontram em consonância.

Abandonando um modelo behaviorista em direção a um marco interpretativo, onde todos os efeitos dependem de uma interpretação das mensagens midiáticas pelas pessoas, concebendo assim uma construção social e lingüística, o autor distingue a produção discursiva de outros meios de produção de sentido dentro da mídia. O que circula não é sempre o que representa o cotidiano social do objeto. Distinguindo o que é um evento significado nos meios de comunicação e o que ele é essencialmente.

As mensagens só conseguem gerar efeitos se forem transformadas em práticas sociais, ou seja, se o público que a recebe conseguir absorver o que ela propõe.

Segundo Stuart Hall, existem três tipos de codificação da mensagem: codificação de dominância, negociação e oposição. Na codificação de dominância o autor coloca que o receptor recebe e interpreta a mensagem pelo modo que o veiculo de comunicação quis transmitir, a idéia cria um conceito e é acatada pelo receptor. Na codificação de negociação o individuo não acata todas as informações fornecidas pelo emissor. E por fim na codificação de oposição é quando a mensagem não é interpretada pelo receptor.

No texto o autor faz também uma analise, uma leitura dos processos de recepção, apontando que conotação e denotação constroem diferentes processos de codificações.

Hoje o receptor está muito mais preparado para questionar seu emissor, deixando de ser aquele individuo passivo aos meios de comunicação.

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Trechos de uma entrevista realizada Hall por Heloisa Buarque de Hollanda (professora da UFRJ e diretora da Aeroplano Editora e Consultoria) e Liv Sovik (professora da UFRJ e organizadora do livro de Stuart Hall, Da Diáspora: identidades e mediações culturais, Editora UFMG, 2003).

Entrevista

Você deixou a Jamaica ainda como estudante e hoje é um dos intelectuais mais importantes da Inglaterra. Imagino que esse deslocamento da colônia para a metrópole tenha marcado seu pensamento e atuação profissional. Isso confere?

Na realidade esta história é crítica para mim. Tudo o que aconteceu a partir de minha decisão de não voltar para a Jamaica definiu meu destino e certamente minhas preocupações intelectuais. Eu saí da Jamaica mais de dez anos antes de sua independência. Toda minha formação foi, portanto num cenário colonial. Minha história era a de um menino da colônia que vai para o centro da metrópole, para o lugar dos colonizadores. (...) O grande choque foi a descoberta da Inglaterra, de sua complexidade, que em muito diferia do imaginário colonial. Já estou na Inglaterra por mais de 50 anos, casei com uma inglesa, meus filhos nasceram na Grã-Bretanha, e hoje vejo um país diferente. Hoje temos uma Inglaterra multicultural, mas minha relação com ela permanece a mesma. Conheço a Inglaterra e os ingleses como a palma de minha mão mas jamais me consideraria um inglês. (...) Quanto à Jamaica, é meu país perdido, onde já não me sinto em casa. A Jamaica é o que eu poderia ter sido, é o que poderia ter acontecido. Portanto tenho uma relação muito romântica, muito nostálgica com a Jamaica. (...) É por isso que me interesso pelo fenômeno das diásporas, é por isso que me interesso por hibridizações, pelo que constitui a “casa” , para a qual nunca se volta efetivamente.

Qual seria o paralelo possível entre a diáspora jamaicana e a diáspora afro-brasileira?

Já pensei muito sobre isso. Na realidade falo sobre uma dupla diáspora, uma experiência de dupla subordinação. A primeira relativa à escravidão no engenho, a segunda, relativa à experiência, na metrópole, da discriminação racista e colonial. (...) Este tipo de experiência dupla nos torna peritos em deslocamentos diaspóricos. Temos que nos adaptar infinitamente a culturas mais poderosas. Aprendemos alguma coisa com a primeira experiência, que levamos para a segunda que acontece anos depois e para a que acontece agora no contexto da globalização e assim infinitamente. (...)

Qual é papel que restou para o intelectual nos dias de hoje?

Isso sim deveria ser um livro. Creio que ser intelectual hoje é dizer a verdade para o poder. É pensar as consequências do poder, aquilo que o poder não quer tratar, o que compõe o inconsciente do poder. Estes são os intelectuais críticos. Existem também os intelectuais tradicionais, como Gramsci os chamava. Os verdadeiros intelectuais ou são alinhados com o poder, tentam abrir seu caminho no mundo, ou têm uma relação crítica com o poder e precisam testar o poder, interrogá-lo e, sobretudo, expor as consequências despropositais ou inconscientes do poder.

Como se poderia hoje articular experiência e conhecimento?

Não acredito de forma alguma na objetividade do conhecimento. Mas também não acredito que o conhecimento é simplesmente partidário. Não acredito também que o objetivo do conhecimento seja a vitória do “nosso lado”. (...) Os intelectuais críticos têm que saber mais, têm que ser mais competentes, seu trabalho tem que resistir melhor a questionamentos. O que significa que têm que testar seu saber, seus argumentos, sua própria posição, para enfrentar as críticas que fatalmente virão e que podem destruir a eficácia de seu trabalho. O trabalho intelectual para enfrentar os novos tempos tem que ser crítico, resistente, de qualidade e produzir conhecimento novo.

Como você está vendo a emergência de possíveis novos paradigmas?

Não vejo este momento como uma mudança tradicional de paradigmas, ou seja, a mudança de um paradigma para outro. O que vejo é uma crise geral dos paradigmas, especialmente nas artes e nas ciências humanas e sociais. (...) Temos é que fazer o possível para resgatar o conhecimento e a produção de conhecimento e de pensamento, sem a garantia de trabalhar dentro de parâmetros seguros. Estamos numa época de pós paradigmas. O termo “pós” sempre significa que não estamos ainda em novos patamares. (...) Estamos num período “pós”: pós-marxismo, alguns dizem “ pós-feminismo” embora eu não saiba o que isso significa, pós-colonialismo, pós-teoria, e, espero, numa pós-nostalgia também.

Seu trabalho sobre as diásporas está de alguma forma ajudando em sua crítica à reprodução das desigualdades no quadro da globalização?

Há uma globalização de cima para baixo, neoliberal, e uma globalização de baixo para cima. Diz-se em geral dos que se opõem à globalização de cima para baixo que são “anti-globalização”. Não sou contra a globalização per se. A interdependência das sociedades é vital, é uma fonte de enorme criatividade, assim como de dificuldades e problemas. Um ponto de grande interesse que vejo como consequência da aceitação da globalização de caráter neoliberal é o surgimento da necessidade de movimentos de deslocamentos laterais. Hoje, o mundo está cheio de pessoas em movimento, afastando-se de guerras civis, da fome, de doenças, de xenofobismo, da pobreza. Esta é um tipo de globalização informal, ilegal. Esta forma de globalização lateral não é uma questão de poder. Ela é um contra-poder. (...) A migração que criou essa mistura de culturas pelo mundo, criou cidades multiculturais, criou novas diásporas mundo afora, vai na contramão da lógica da globalização neoliberal. Assim a diáspora torna-se um conceito crítico no contexto político da globalização. Dá conta de como é possível que uma cultura sobreviva, estabeleça relações, não se volte para defesas fundamentalistas, e tampouco se perca, tornando-se apenas simulacro e cúmplice do Ocidente. Neste sentido as diásporas são, sobretudo, um extraordinário laboratório cultural onde as tentativas de sobrevivência e as contra-negociações são trabalhadas e experimentadas.

Nesta entrevista, Hall fala sobre o impacto de sua condição de imigrante jamaicano em sua produção intelectual; Como nasceram os Estudos Culturais, porque não se preocupa em publicar livros, as perspectivas do engajamento do intelectual hoje e como ainda é possível se trabalhar criticamente a globalização.

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O Processo de Codificação / Decodificação nos tempos atuais

Tentando estabelecer conexões sobre o processo de codificação e decodificação proposto por Hall para os tempos atuais, poderíamos dar destaque aos os efeitos gerados pelas redes sociais, capazes de gerar experiências de relacionamento com o seu publico e propor novos comportamentos e práticas sociais. Com toda a velocidade de circulação de informação, essas redes seriam como espécies de “ferramentas de persuasão” do consumidor, onde mensagens e publicações são utilizadas pelos meios de comunicação para atingi-los, através de experiências ou situações com as quais o usuário se identifique, criando no mesmo uma espécie de submissão não apenas a mensagem, mas a todo o conteúdo simbólico que ela carrega. Porém estas mesmas redes permitem que o usuário se manifeste contra as informações que lhe são impostas,

negando ao antigo modelo unidirecional, através do qual acreditava-se que enquanto a função da comunicação consistia em enviar determinada informação, a do publico receptor era a de apenas aceitar e assimilar aquilo para si, como uma “força” superior até mesmo a sua vontade. Como outro exemplo relacionado a esta analise elaborada por Stuart Hall, podemos citar as novas estratégias de comunicação veiculadas em diversos segmentos de mídias, como a internet, TV entre outros em que a midia não se importa apenas em vender determinado produto, mas de estabelecer através de um contato mais próximo com o consumidor uma fidelidade com o mesmo. O foco agora é fazer com que a marca faça parte da vida das pessoas, influenciando em seu estilo de se alimentar, agir, vestir, falar, enfim de viver.

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RANGEL, Jair, A mídia e seus efeitos: textos Selecionados. Belo Horizonte: s/editora, 2010.