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1 T TIPOS REVISTA Cláudio Rocha Entrevista Helvética A fonte da discórdia Validade da tipografia como processo de impressão na nossa atualidade e as novas tecnologias Tipo gráfico associado ao modernismo e à falta de criativiade www.revistatipos.com.br ANO 2013/N º 01 BRASIL R$14,90

Revista tipos

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Uma revista especializada em tipografia. Projeto de Produção e análise de imagens do 6º período do curso de Desenho industrial- UniverCiadade

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TTIP

OS

REVISTACláudio Rocha

Entrevista

HelvéticaA fonte da discórdia

Validade da tipografia como processo de impressão na nossa

atualidade e as novas tecnologias

Tipo gráfico associado ao modernismo e à falta

de criativiade

www.revistatipos.com.br

ANO 2013/N º 01BRASIL R$14,90

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TTIP

OS

REVISTA

DiretoresUlisses AlcantaraMarcela AquinoJuliana RigoniAndré Cardim

Redação Editor: Caludio PioRepórter: Felipe RigoniChefe de Arte: Silvio SoaresEditor de Arte: Josilene da SilvaRevisão de Texto: Marilene da Silva SantosDesign de Capa: Sérgio Soares

PublicidadeDiretor de publicidade: Aline AlcantaraCoodenador: Junior CardimPublicidade EUA e Canada:Katia Pio

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Editor e Diretor Responsável:Sergio SoaresDiretora Executiva:Tamires PeresDiretor Editorial Responsável:Tatiane Cardim Gomes

ATUALMENTE os computadores possibilitam a criação de todo o tipo de documentos, fornecendo um controle sobre os vários detalhes tipográficos de uma forma que apenas estava ao alcance dos tipógrafos profissionais.Nos tempos da composição com caracteres de chumbo, todos os Tipos de letra adquiridos pelas casas impressoras eram acompanhados por detalhadas folhas-modelo, que exibiam exemplos de todas as utilizações possíveis recomendadas pela fundição. O espaço entre letras e palavras, assim como o espaço entre linhas, estava limitado à natureza física dos caracteres emmetal, contudo hoje em dia, a tipografia digital está completamente liberta deste tipo de constrangimentos.Ao comprarmos um computador, esperamos que ele venha munido de manuais que nos auxiliarão a realizar as várias tarefas e a utilizar o sistema operacional, as aplicações, o mouse, a Internet, o scanner, a impressora, o e todos os outros programas e equipamentos informática. No entanto, estas publicações nunca nos ajudam a usar um dos maiores recursos que temos à nossa disposição: os Tipos de letra.O intuito deste Guia é “ensinar” a aplicar as Fontes, fornecendo, para tal, uma fácil compreensão dos vários conceitos do domínio da Tipografia, dando conjuntamente uma orientação no processo de escolha dos Tipos e demonstrando como, e onde, estes deverão ser apropriadamente empreguadas.

Miguel Souza Editor e Mentor da obraFonte: www.issu.com

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Entrevista com Cláudio Rocha

Helvética

CapaCláudio Rocha, um dos principais tipógrafos brasileiros em uma entrevista imperdível!

Cláudio Rocha, entrevista imperdível!

Quando vai (e volta) de metrô para seu trabalho na Plexifilm, Gary Hustwit vê a mesma coisa por toda parte: a fonte Helvetica.

Resguardar a tipografiaé preservar o conhecimento.

Sum

ário

Validade da tipografia como processo de impressão na nossa

atualidade e as novas tecnologias Tipo gráfico associado ao modernismo e à falta de criativiade

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a fonte

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Quando vai (e volta) de metrô para seu trabalho na Plexifilm, uma pro-dutora de cinema

e selo independente de DVDs com sede no Brooklyn [em Nova York], Gary Hustwit vê a mesma coisa por toda parte: a fonte Helvetica. O metrô, diz, “está coberto de Helvetica. Eu quis entender o porquê disso”.E não é apenas o metrô. Os números dos tá-xis de Nova York também estão em Helvetica. A fonte está presente nos formulários de Imposto de Renda, nas caixas do correio dos EUA e em caminhões da ConEd [empresa de energia].A fonte “sans serif” criada há 50 anos [comple-tos em 2007] é vista em inúmeras logomarcas: Sears, Fendi, Jeep, Toyota, Energizer, Oral-B, Nestlé.Quando você se dá conta de que a Helvetica está em toda parte, diz Hustwit, “não consegue deixar de pensar nisso”. Para desco brir a razão da onipresença dessa única fonte, Hustwit fez um documentário, seu primeiro como diretor (ele já tinha produzido cinco documentários sobre te-mas relacionados à música).“Helvetica” estreou em março do ano passado no festival de cinema South by Southwest e, di-vulgado em grande par te por sites voltados ao design e pelo boca-a-boca, em pouco tempo se tornou sucesso cult internacional. O DVD foi lançado em novembro. Uma semana mais tarde, Hustwit foi indicado ao prêmio Independent Spirit na categoria “Mais Verdadeiro que a Ficção”.Uma fonte tipográfica parece um tema im-provável para um filme, mas o tema da Helvetica suscita reações fortes. Para alguns designers, a fonte representa um tipo de beleza transparente, racional e moderna.

Para outros, ela é tediosa, opressiva e em-presarial demais. Hustwit usa a história da Hel-vetica para relatar a história do design gráfico no pós-guerra e demonstrar a eterna tensão esté-tica entre o expressivo e o clássico. Abaixo, ele explica seu projeto.

(...) há os que gostam daquele estilo clean, minimalista, racional, e os que querem que as coisas sejam mais emocionais e expres-sivas. A Helvetica é a linha divisória que se-para esses dois lados.

Revista Tipos__Por que não um filme sobre a [fonte] Times New Roman? Por que a Helve-tica se impõe a tal ponto?

Gary__ A Helvetica é uma questão que real-mente polariza opiniões dentro da comunidade do design. As pessoas que gostam dela geralmente são pessoas interessadas no modernismo, e as que não gostam são pessoas que o rejeitam.Ela se tornou símbolo do design gráfico moder-nista posterior e do chamado estilo suíço, o estilo internacional que ganhou imensa popularidade mundial nos anos 1960.Na década de 70, todo mundo que se rebelava contra isso odiava a Helvetica, porque ela sim-bolizava uma linguagem visual uniformizada, internacional, corporativa. Ainda existe uma di-visão entre designers, mesmo os jovens: há os que gostam daquele estilo clean, minimalista, racional, e os que querem que as coisas sejam mais emocio-nais e expressivas. A Helvetica é a linha divisó-ria que separa esses dois lados.

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Revista Tipos__Como se sente, pessoal-mente, em relação à questão?

Gary__Acho que provavelmente me situo entre os modernistas. Nos últimos 20 anos, venho gostando dos dois lados. Meu pano de fundo está no punk rock, en-tão gosto daquele estilo visual anarquista, deto-nado, mas também gosto de elementos gráficos “clean”, inspirados na Bauhaus.Minha opinião não chega a ter muita importância no filme, que funciona como vitrine para todos esses diferentes designers gráficos e de fontes. Não gosto de documentários feitos na primeira pessoa. Não me interessam as opiniões do ci-neasta. O que me interessa é o tema das opiniões ex-pressas no documentário.

Revista Tipos__Você mesmo desen-hou algumas fontes um tanto quanto “grunge” no início dos anos 1990. O que se aprende quando se cria uma fonte?

Gary__Descobre-se que o trabalho dos design-ers de fontes é espantosamente complexo. O nível de detalhe que entra em todas as decisões tomadas quando se cria uma fonte tipográfica é simplesmente inacreditável. Que distância deve existir entre duas letras diferentes quando elas aparecem lado a lado, como, por exemplo, um tê em maiúscula e um ó em minúscula? Que distância aquele ó deve deslizar para baixo da trave horizontal do tê?

É preciso tomar essas decisões para cada par de letras que poderia ser formado. É uma coisa capaz de enlouquecer. Alguém como [o britânico] Matthew Carter é mestre nesse assunto. É uma daquelas formas de arte feitas por pessoas completamente invisíveis.É como se elas não quisessem que seu trabalho fosse notado. Querem apenas que as pessoas

leiam a mensagem e compreendam o que o texto diz, sem nenhum tipo de interferência da fonte.Quando as pessoas notam a fonte, geralmente é porque há algo de errado com ela: é difícil de ler ou as letras estão próximas demais uma da outra.

Revista Tipos__O cinema está passando por algo semelhante à trans-formação que atingiu a tipografia no início dos anos 90, com ferramentas digitais barateando muito a produção e distribuição. Existe algo que os cineastas possam aprender com o que acon-teceu na área das fontes?

Gary__ A democratização da tecnologia, seja ela a tecnologia do design gráfico ou a da cinematografia, é uma faca de dois gumes. Ela abaixa as barreiras de entrada, de modo que muitos designers ou cineastas novos podem se expres-sar.Ao mesmo tempo, enche a paisagem de muito lixo. Há algumas coisas interessantes que o YouTube levou à at-enção de um público maior, mas, se você pensar na porcentagem de coisas no YouTube que valem a pena em qualquer sentido cultural, verá que ela é minúscula.O trabalho envolvido na criação de um docu-mentário é muito maior do que pensa a maioria das pessoas quan-do assistem a um programa de meia hora ou a um documentário de uma hora na TV. É preciso muito mais trabalho em termos da edição, do som, da fotografia e tudo o mais.

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Revista Tipos__Você foi a 90 sessões de seu filme em todo o mundo, algu-mas com públicos amplos e outras com platéias formadas por designers gráficos. Quão diferentes foram as reações? Quais eram as perguntas que faziam?

Gary__“Por que fazer um filme sobre uma fonte tipográfica?” é a pergunta mais freqüente. O que acho da Helvetica, como escolhi os designers que trabalham no filme: essas foram as perguntas feitas com mais freqüência.Mesmo quando mostramos “Helvetica” em festivais de cinema em que o públi-co era formado não por designers, mas por pessoas que simplesmente gostam de documentários, a reação foi a mes-ma. Uma coisa que descobri foi que os estudantes de design gráfico são exata-mente iguais em todos os países -até sua aparência é igual. Eles usam as mesmas roupas. É uma rede verdadeiramente global de designers. Eu me senti como se estivesse mostrando o filme 90 vezes dif-erentes para o mesmo grupo de pessoas.

Revista Tipos__Uma das coisas di-vertidas do filme é que ele mostra tantos usos diferentes da Helvetica. Qual é sua favorita?R__No cartaz da Copa do Mundo de Ber-lim. Estávamos passando de carro, por acaso, olhamos para cima e vimos um sujeito suspenso de cordas a 15 metros de altura, costurando as letras gigantes em Helvetica no cartaz da Copa do Mun-do, que devia ter um quarteirão de comprimento. Quase todas as imagens de Helvetica que filmamos em cidades fo-ram encontradas aleatoriamente, por

puro acaso. A meta era encontrar usos interessantes da fonte ou pessoas inter agindo com ela. A bandeira da Copa do Mundo foi um exemplo perfeito disso. Eu também queria encontrar a Helvetica em letras grandes, e as do cartaz estão entre as maiores que encontramos.“Eu me senti como se estivesse mostrando o filme 90 vezesdiferentes para o mesmo grupo de pessoas.“Revista Tipos__O filme discute se a Helvetica pode continuar a ser neutra, depois de ser tão usada.

Gary__É verdade que as fontes tipográfi-cas vão acumulando bagagem em decor-rência de como são usadas. Quando olho para a Helvetica, penso em em American Airlines.Uma das coisas espantosas da Helvetica é que ela vem sendo usada há décadas, inclusive usada em excesso, mas, mes-mo assim, ainda a vemos por toda parte. E alguns designers gráficos jovens, mui-to voltados ao futuro, ainda a usam da mesma maneira como ela era usada nos anos 1960.Não consigo explicar por que, com os milhares de fontes das quais as pessoas dispõem hoje, uma grande porcentagem delas ainda opta por usar a Helvetica.

Revista Tipos__Como você financiou seu filme?R__Foi financiado por meu próprio dinhei-ro, meus cartões de crédito, meus amigos e minha família. Uma firma canadense de design chamada Veer entrou como patrocinadora, quanto o projeto já estava perto de ser finalizado.P__Teria custado muito mais fazer o filme 20 anos atrás?

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Gary__Provavelmente. Rodamos 60 horas de filme. Se tivéssemos filmado com película de celulóide, o custo teria sido maior. E o processo de edição custa muito menos hoje. Dá para fazê-lo num sistema Mac sofisticado. A maior despe-sa ainda é a que se tem com as pessoas -conseguir um bom diretor de fotografia, um bom editor e bons técnicos de som. Isso é algo que não muda. Se você quer fazer um ótimo trabalho, precisa chamar ótimas pessoas.

Revista Tipos__Você já sabe qual será seu próximo projeto?

Gary__Os filmes de música com os quais trabalhei, e “Helvetica”, com toda certeza, tratam da criatividade -do processo criativo e também da comunicação. Acho que esses dois temas vão reaparecer em meu próx-imo filme.Nos últimos cinco a dez anos, percebe-se uma tendência nas pessoas em acharem que um documentário preci-sa ser político para valer a pena.Para mim, isso é lamentável. Há esse outro lado do cinema documental que analisa a criatividade e outras questões não ligadas à justiça so-cial ou à guerra, que são igualmente merecedoras de análise. É como se não pudéssemos ter literatura de não-ficção, como se nunca pudéssemos ter romances.

Eu me senti como se estives-se mostrando o filme 90 vezes

diferentes para o mesmo grupo de

pessoas.

Gary Hustwit é um cineasta e fotógrafo independente com sede em Nova York e Londres. Ele produziu e dirigiu uma série de documentários, incluindo o filme de 2007 Helvetica .

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ATUALMENTE os computadores possibilitam a criação de todo o tipo de documentos, fornecendo um controle sobre os vários detalhes tipográficos de uma forma que apenas estava ao alcance dos tipógrafos profissionais.

Nos tempos da composição com caracteres de chumbo, todos os Tipos de letra adquiridos pelas casas impressoras eram acompanhados por detalhadas folhas-modelo, que exibiam exemplos de todas as utilizações possíveis recomendadas pela fundição. O espaço entre letras e palavras, assim como o espaço entre linhas, estava limitado à natureza física dos caracteres em metal, contudo hoje em dia, a tipografia digital está completamente liberta deste tipo de constrangimentos.

Ao comprarmos um computador, esperamos que ele venha munido de manuais que nos auxiliarão a realizar as várias tarefas e a utilizar o sistema operativo, as aplicações, o rato, a Internet, o scanner, a impressora, o modem, e todos os outros programas e equipamentos informáticos. No entanto, estas publicações nunca nos ajudam a usar um dos maiores recursos que temos à nossa disposição: os Tipos de letra.

O intuito deste Guia é “ensinar” a aplicar as Fontes, fornecendo, para tal, uma fácil compreensão dos vários conceitos do domínio da Tipografia, dando conjuntamente uma orientação no processo de escolha dos Tipos e demonstrando como, e onde, estes deverão ser apropriadamente empreguados.

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Métodos para uso das fontes de PC

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Anatomia do TipoA ANATOMIA do Tipo engloba dois aspectos fundamentais que regulam e condicionam a forma como nos relacionamos com a Tipografia.

O primeiro está relacionado com o aspecto prático e mecânico da sua dimensão física, com os métodos e actividades que estão por detrás da sua criação e com o sistema de medida utilizado. Temos a necessidade de saber a partir de que local medimos uma letra, uma palavra ou uma linha, e que termos deveremos utilizar, para que o nosso programa de paginação faça aquilo que lhe pedimos.

O segundo é a forma, a estrutura e o aspecto visual de cada letra. Se formos capazes de nomear cada parte de um caractere e utilizar com facilidade o jargão tipográfico, estaremos aptos a expressar os nossos gostos e opiniões com maior exactidão.

ALTURA DAS MAIÚSCULAS Altura das letras maiúsculas. Geralmente é um pouco menor que a soma da ascendente com a altura-x.

ASCENDENTE Parte das letras minúscu-las que se ergue acima da linha mediana.

DESCENDENTE Parte das letras minús-culas que passa abaixo da linha de base.

ALTURA-X Também chamada mediana. Medida que define o tamanho das letras mi-núsculas. Distância entre o pé e a cabeça da letra x. Esta medida influencia a leiturabili-dade de um texto; quanto maior for, maiores serão as letras minúsculas relativamente às maiúsculas e, consequentemente, mais legí-veis serão os caracteres.

CORPO Expressão utilizada para de-signar o tamanho das letras, tendo o ponto como unidade de medida. Um alfabeto em corpo 12, por exemplo, tem 12 pontos de al-tura. O corpo é a soma de quatro medidas: ascendente, altura-x, descendente e espaço de reserva.

ARCO Componente de uma letra mi-núscula, formada por uma linha mista em forma de bengala que nasce na haste prin-cipal.

BARRIGA Linha curva de uma letra mi-núscula ou maiúscula, fechada, ligada à has-te vertical principal em dois locais.

BRAÇO Traço horizontal ou oblíquo ligado apenas por uma das extremidades à haste vertical principal de uma letra maiús-cula ou minúscula. Aos dois braços do T tam-bém se chama travessão.

CAUDA Apêndice do corpo de algumas letras (g, j, J, K, Q, R) que fica abaixo da linha de base. Nas letras K e R também pode ser chamado de perna.

ENLACE O modo como uma haste, li-nha ou filete se liga a um remate, a uma se-rifa ou a um terminal: pode ser angular ou curvilíneo.

ESPINHA Curva e contracurva estrutu-

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rais da letra S (maiúscula e minúscula).ESPORÃO A projecção por vezes pre-

sente na zona inferior das letras b e G.FILETE Haste horizontal ou oblíqua, fe-

chada nas duas extremidades, por duas has-tes verticais, oblíquas, ou por linha curva.

HASTE Traço principal de uma letra, ge-ralmente vertical, mas que pode tamb ém ser oblíquo. Quando, numa letra minúscula, ul-trapassa a altura-x superior ou inferiormen-te chama-se, respectivamente, ascendente e descendente.

OLHO O espaço em branco, fechado e de forma variável, definido pelo contorno in-terior das linhas retas ou curvas da letra. A maior ou menor abertura do olho, condicio-nada pela espessura dos traços, determina a maior ou menor legibilidade das letras.

ORELHA Apêndice da letra g, que assu-me as mesmas formas do terminal: em gota, em botão, em bandeira ou em gancho.

PÉ Terminal ou serifa horizontal que remata uma perna na parte inferior da letra.

PERNA Haste vertical ou oblíqua com uma extremidade livre ou rematada por um pé e outra extremidade ligada ao corpo da letra.

SERIFA Também designada por apoio ou patilha. Pequenos segmentos de recta que rematam/ornamentam as hastes de al-

guns Tipos de letra por intermédio de um enlace. Podem ser rectiformes (em forma de cunha), mistiformes (combinando linhas cur-vas e rectas), filiformes (finas, como fios) ou quadrangulares (ou chamadas egípcias).

TERMINAL Forma ou elemento que re-mata a extremidade da linha curva de uma letra. Pode ser em forma de gota, de botão, de bandeira ou de gancho.

VÉRTICE Também chamado ápice. Ân-gulo ou remate formado pela converg ência de duas hastes oblíquas, ou de uma haste vertical com uma oblíqua. Esse pode ser pon-tiagudo, oblíquo, plano ou redondo.

Legibilidade e Leiturabilidade*LEGIBILIDADE e leiturabilidade são

termos para descrever os Tipos de letra e a maneira como estes são usados. Legibilidade refere-se às decisões que o desenhador de Tipos fez, acerca das formas das letras do alfabeto, e à habilidade que o leitor tem de distinguir as letras umas das outras. Leiturabilidade refere-se ao aspecto geral de como o Tipo de letra é composto numa coluna de texto, e tem em conta factores como o corpo, a entrelinha, a largura da linha, etc. A leiturabilidade é no fundo uma espécie de legibilidade.

Enquanto a legibilidade propriamente

dita, diz respeito a cada letra em particular, a leiturabilidade por outro lado, refere-se a um grupo de letras, sendo, por assim dizer, a legibilidade do texto corrido.

Por forma a que um texto seja optimamente lido pelo leitor, temos que ter em consideração tanto a legibilidade como a leiturabilidade.

CONSIDERAÇÕES DE LEGIBILIDADE

Legibilidade é a facilidade com que um leitor consegue discernir o Tipo numa página, e baseia-se na relação do tom da forma com o

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fundo e na capacidade de distinguir as letras entre si. Para que possam ser lidas, as letras terão que ser bem identificadas. Estudos provaram que o olho viaja

através da linha de texto em saltos sacádicos. O olho vê um pequeno grupo de palavras durante aproximadamente 1/4 de segundo, antes de passar para o grupo seguinte e assim sucessivamente. Está provado que os leitores retêm mais a sua atenção na metade superior das letras, em vez da inferior.

De modo a serem legíveis, os Tipos de letra não podem ter uma altura-x muito pequena, pois assim será difícil de discernir as letras. Da mesma forma, se as hastes ascendentes e descendentes forem muito curtas, tornase difícil diferenciar um n de um h, um o de um p ou q. Nos tipos caligráficos, muitas vezes o I e o T são difíceis de

distinguir; por vezes o S e o J são facilmente confundidos. A legibilidade de alguns Tipos Extra-texto (pág. 75) é tão pobre, que nunca deverão ser utilizados em texto corrido.

Alguns Tipos de letra são mais legíveis do que outros. Pesquisas revelaram que Tipos com patilhas são mais fáceis de ler do que os que não as têm.

Para que os detalhes de turabilidade possam ser analizados, um texto

terá de ser primeiramente composto num Tipo de letra legível. Os corpos de letra mais legíveis são 8, 9, 10 e 11 pontos (ver pág. 54-59 e 70-74 onde, apesar de todos os textos estarem compostos em corpo 9, se verifica que uns se lêem melhor que outros). A legibilidade depende sobretudo da altura-x do Tipo de letra escolhido. Se o Tipo escolhido tem uma grande altura-x o corpo deverá variar entre 8 e 10 pontos. De forma oposta, se o Tipo escolhido tem uma altura-x pequena, o corpo a usar deverá estar entre 10 e 11 pontos. Um corpo menor do que 8 pontos não será fácil de ler pois não

permite o rápido reconhecimento das letras. Assim, se for necessária a utilização de um corpo mais pequeno devido, por exemplo, a restrições de espaço, deverá ser escolhido um Tipo condensado, que tenha uma grande altura-x.

ENTRELINHAMENTO, COMPORTAMENTO DA LINHA E LEITURABILIDADE

O terceiro elemento que terá de estar em harmonia com o espacejamento entre letras e entre palavras, é o espaço entre linhas, ou ntrelinhamento.

O valor da entrelinha pode aumentar ou diminuir a leiturabilidade.

Estudos mostraram que o aumento da entrelinha melhora a legibilidade.

O espaço entre as linhas nunca deve ser menor do que o espaço entre as palavras, porque se tal acontecer, o olho do leitor tem

tendência a cair através do espaço entre as palavras das linhas seguintes. As variantes negra (bold) e extra-negra (heavy) requerem por vezes mais entrelinha e espaço entre palavras do que a regular. Como regra geral, poderemos dizer que de forma a maximizar a facilidade de leitura do texto corrido se usa geralmente dois a quatro pontos de entrelinha para além do corpo do texto.

Legibilidade é a facilidade com que um leitor consegue discernir o Tipo numa página

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Por Tânia Galluzzi

Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento

Nascido em 1957, aos 10 anos Claudio Rocha desenhava letras. Na escola era ele o responsável pela diagramação do jornal do grupo de teatro e aos 17 já diagramava as revistas e materiais impressos do Idort. Ele estava na lida muito antes de surgir a denominação designergráfico, à qual deu corpo e importância com seu conhecimento técnico e criatividade. Artista gráfico completo e grande conhecedor de tipos, Claudio Rocha atuou como catalisador para a primeira geração de typedesigners brasileiros em meados da década de 90 com iniciativas como a revista Última Forma Typography, em 1997. Publicação independente, reunia pessoas que tinham alguma relação com a criação e o desenho de letras, como Rubens Matuck, Guto Lacaz, Arnaldo Antunes, Tide Hellmeister e Eduardo Bacigalupo, figurando como um dos primeiros meios de divulgação da tipografia brasileira na comunidade internacional do design.

Mergulhado na escassa literatura sobre o tema, Claudio, entre idas e vindas como freelancer e profissional contratado (foi diretor de criação na Seragini Design), virou designer gráfico especializado no segmento editorial. Ou melhor: tradutor visual, nas suas próprias palavras, uma vez que sua função é entender uma necessidade mercadológica e materializá-la em uma peça gráfica.

Da semente atirada pela Última Forma nasceu, em 2000, a revista Tupigrafia, trazendo um olhar instigante e sensível sobre as manifestações contemporâneas sobre a tipografia no Brasil e no mundo, idealizada em parceria com Tony De Marco. No período que morou na Itália, entre 2007 e 2009, Claudio lançou a revista Tipoitalia, além de colaborar com museus, promover workshopse dar palestras.Antes disso, em 2004, criou, ao lado de Claudio Ferlauto e Marcos Mello, a Oficina Tipográfica São Paulo com o ideal de recuperar a linguagem peculiar do sistema de impressão tipográfica e inserir esse meio de comunicação como um recurso de estilo dentro do universo digital. Agregando ateliê de composição manual e impressão tipográfica, a oficina posicionou-se como um laboratório no qual se experimentava a

linguagem dos tipos de metal e de madeira e onde aconteciam workshops abertos aos interessados em conhecer essa técnica. Em 2005, a Oficina transformou-se em uma organização não governamental, sendo transferida posteriormente para a Escola Senai Theobaldo De Nigris, com a qual mantém um convênio com a missão de preservar a cultura gráfica no País.

Hoje Claudio Rocha, autor de livros como Projeto Tipográfico Análise e Produção de Fontes Digitais e Tipografia Comparada: 108 Fontes Clássicas Analisadas e Comentadas, divide-se entre a rotina da Oficina Tipográfica, as aulas que ministra como professor de Tipografia e projetos pessoais.

Nesta entrevista, ele fala sobre a validade da tipografia como processo de impressão na atualidade e a possibilidade de combiná- la com as novas tecnologias.

Cláudio Rocha: um dos principais tipógrafos brasileiros

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Entrevista Cáudio Rocha

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Revista Tipos: Qual o papel da tipografia hoje? Claudio Rocha – A tipografia é uma tecnologia superada há duas gerações. Foi substituída pelo processo offset e agora pela impressão digital. Só que os parâmetros da tipografia, seus princípios, foram preservados. Resguardar a tipografia é preservar o conhecimento. Nosso objetivo é cultural, didático. Quem cria ou produz peças em tipografia tem a

oportunidade de desenvolver o raciocínio visual, deve trabalhar com os aspectos físicos do grafismo e não grafismo, lidar com os espaços vazios, experiências que a computação gráfica não possibilita. Na tipografia, o designer e o gráfico se complementam e o conhecimento da técnica amplia a bagagem profissional de quem se dedica a ela. Por suas características, a tipografia permite efeitos únicos que o gráfico pode explorar. Algumas editoras, como

a Cosac Naify, utilizam a tipografia na impressão da capa de seus livros como um recurso de estilo, buscando a linguagem visual própria desse sistema.

RT: Ainda há gráficas produzindo impressos em tipografia no Brasil?

CR – O uso é marginal. A tipografia teve uma sobrevida com a impressão de taloná-rios, hot stamping e para numeração de impressos. No interior e

nas periferias ainda se faz envelopes e cartões de visita em tipografia, mas muitas impressoras estão sendo transformadas e utilizadas para corte e vinco. O uso comercial é bem restrito, mesmo porque muitos profissionais que possuíam o

conhecimento dessa técnica já se aposentaram.

RT:É possível unir a impressão tipográfica e a digital?

CR – Um recurso é tirar uma prova de prelo de uma composição com tipos de metal ou de madeira e também de um clichê tipográfico e transformá-los em arquivo digital através do seu escaneamento. Fizemos isso recentemente aqui na Oficina Tipográfica para a programação visual de uma exposição, compondo

Claudio Rocha responde :

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Manual, no qual o Marcos Mello apresenta o sistema e a linguagem da composição com tipos móveis e da impressão tipográfica como recurso formal no design gráfico; Gravura Tipográfica, sob minha direção, onde exercitamos as possibilidades da linguagem tipográfica na produção de cartazes; e Técnicas de Encadernação para Designers, também conduzido pelo Marcos. Também pretendemos nos concentrar na experimentação e na busca da excelência técnica, materializando produtos gráficos e editoriais da própria Oficina. A OTSP não tem fins lucrativos. Vivemos de apoios e dos produtos que desenvolvemos. Pretendemos aproveitar a vocação editorial da Oficina para dar corpo a projetos com caráter cultural.

palavras com tipos de madeira, digitalizando as provas desse material e gerando arquivos digitais para impressão em offset. O inverso também é possível. Elaborar um projeto no computador, produzir um fotolito e a partir deste fazer um clichê para impressão em tipografia. O que determina é a linguagem que se pretende para o projeto, a proposta do trabalho. RT: Você citou uma editora que utiliza a tipografia em seus produtos. Como está a procura pela tipografia como um recurso vi¬sual?

CR – Nesse aspecto, o processo tipográfico é bastante valorizado. Existem oficinas tipográficas com uma nova proposta surgindo em São Paulo, em Goiânia, em Belo Horizonte e outras cidades. A tipografia virou um nicho de mercado e vem sendo utilizada, tanto no Brasil quanto em países como a Itália, na produção de livros, cartazes, convites, em peças com pequenas tiragens, em projetos culturais. Há mercado, porém limitado.

RT :Quais são os planos da Oficina Tipográfica para este ano?

CR – Estamos dando continuidade à catalogação do acervo da Oficina e da Escola Senai. No ano passado recebemos doações importantes, como a do Sesc Pompeia, que repassou para a Oficina uma grande quantidade de tipos históricos. Estamos reorganizando todo esse material. Na área didática vamos manter os mesmos cursos que já estávamos oferecendo: Composição

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