Revista_Concreto_73

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  • & Construes& Construes& Construes

    Ano XLI

    nJAN-MAR 2014ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br

    73Instituto Brasileiro do Concreto

    HISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAESHISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAES

    CIMENTOS E CONCRETOSCIMENTOS E CONCRETOS

    PRICLES BRASILIENSE FUSCO: LIES DE UM MESTRE DAS ESTRUTURAS

    ESPECIFICAO E CONTROLE DE ALVENARIAS EM BLOCOS DE CONCRETO

    PERSONALIDADE ENTREVISTADA ESTRUTURAS EM DETALHES

    ABNT NBR 6118 E OS CONCRETOS DE ALTA RESISTNCIA

    NORMALIZAO TCNICA

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    Capa Revista Concreto e Construes IBRACON 73

    quinta-feira, 13 de maro de 2014 17:13:06

  • 2Esta edio um oferecimento das seguintes Entidades e Empresas

    a revistaAdote concretamente

    CONCRETO & Construes 05

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    Oferecedores

    quarta-feira, 19 de maro de 2014 21:23:21

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    Fique bem informado!www.ibracon.org.br facebook.com/ibraconOfce twitter.com/ibraconOfce

    Instituto Brasileiro do ConcretoOrganizao tcnico-cientfica nacional de defesa e valorizao da engenharia civil

    Fundada em 1972, seu objetivo promover e divulgar conhecimento sobre a tecnologia do concreto e de

    seus sistemas construtivos para a cadeia produtiva do concreto, por meio de publicaes tcnicas, eventos

    tcnico-cientficos, cursos de atualizao profissional, certificao de pessoal, reunies tcnicas e premiaes.

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    da revista CONCRETO & Construes

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    Descontos nos eventos promovidos e apoiados

    pelo IBRACON, inclusive o Congresso Brasileiro

    do Concreto

    Oportunidade de participar de Comits Tcnicos,

    intercambiando conhecimentos e fazendo valer

    suas opinies tcnicas

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    Mantenedores

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    Mantenedores

    segunda-feira, 17 de maro de 2014 17:12:23

  • 6Revista Oficial dO iBRacONRevista de carter cientfico, tecnolgico e informativo para o setor produtivo da construo civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto

    issN 1809-7197tiragem desta edio: 5.500 exemplaresPublicao trimestraldistribuida gratuitamente aos associados

    JORNalista ResPONsvelfbio lus Pedroso MtB [email protected]

    PuBlicidade e PROMOOarlene Regnier de lima [email protected] [email protected]

    PROJetO GRficO e dtPGill [email protected]

    assiNatuRa e [email protected]

    Grfica: ipsis Grfica e editoraPreo: R$ 12,00as ideias emitidas pelos entre-vistados ou em artigos assinados so de responsabilidade de seus autores e no expressam, neces-sariamente, a opinio do instituto.

    copyright 2014 iBRacON. todos os direitos de reproduo reservados. esta revista e suas partes no podem ser reprodu-zidas nem copiadas, em nenhu-ma forma de impresso me-cnica, eletrnica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos autores e editores.

    PResideNte dOcOMit editORialn eduardo Barros Millen (protendido)

    cOMit editORial - MeMBROsn arnaldo forti Battagin (cimento e sustentabilidade)n enio Pazini de figueiredo (durabilidade)n evandro duarte (protendido)n frederico falconi (projeto estrutural)n Guilherme Parsekian (alvenaria estrutural)n Hugo Rodrigues (cimento)n ins l. da silva Battagin (normalizao)n ria lcia Oliva doniak (pr-fabricados)n Jos tadeu Balbo (pavimentao)n Nelson covas (informtica no projeto estrutural)n Paulo Helene (Phd, alconpat, epusp)n selmo chapira Kuperman (barragens)

    IBRACONRua Julieta esprito santo Pinheiro, 68 ceP 05542-120 Jardim Olmpia so Paulo sPtel. (11) 3735-0202

    EntEndEndo o ConCrEto

    PEsquisa E dEsEnvolvimEnto

    normalizao tCniCa

    obras EmblEmtiCas

    insPEo E manutEno

    Estruturas Em dEtalhEs

    como comprar, estocar e manusear adequadamente o cimento Portland

    eNd em estruturas de concreto: correlao entre cravao de pinos, esclerometria e ruptura de corpos de prova

    Os concretos de alta resistncia na aBNt NBR 6118:2014

    concretos autocicatrizantes com cimentos brasileiros com escrias de alto forno ativados por catalisador cristalino

    Projeto e construo da arena Pernambuco

    anlise da degradao do concreto em estrutura do Porto de Recife

    especificao e controle de alvenarias em blocos de concreto

    Recomendaes sobre o uso dos distintos cimentos nas diferentes aplicaes

    Norma no lei, mas por fora de lei obrigatria

    evoluo da normalizao, finura e resistncia compresso dos cimentos brasileiros

    influncia da montagem de testemunhos nos resultados de resistncia compresso do concreto

    & Construes& Construes& Construes

    Ano XLI

    nJAN-MAR 2014ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br

    73Instituto Brasileiro do Concreto

    HISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAESHISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAES

    CIMENTOS E CONCRETOSCIMENTOS E CONCRETOS

    PRICLES BRASILIENSE FUSCO: LIES DE UM MESTRE DAS ESTRUTURAS

    ESPECIFICAO E CONTROLE DE ALVENARIAS EM BLOCOS DE CONCRETO

    PERSONALIDADE ENTREVISTADA ESTRUTURAS EM DETALHES

    ABNT NBR 6118 E OS CONCRETOS DE ALTA RESISTNCIA

    NORMALIZAO TCNICA

    & Construes& Construes& Construes

    Ano XLI

    nJAN-MAR 2014ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br

    73Instituto Brasileiro do Concreto

    HISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAESHISTRIA, TIPOS, NORMALIZAO, PESQUISAS E APLICAES

    CIMENTOS E CONCRETOSCIMENTOS E CONCRETOS

    PRICLES BRASILIENSE FUSCO: LIES DE UM MESTRE DAS ESTRUTURAS

    ESPECIFICAO E CONTROLE DE ALVENARIAS EM BLOCOS DE CONCRETO

    PERSONALIDADE ENTREVISTADA ESTRUTURAS EM DETALHES

    ABNT NBR 6118 E OS CONCRETOS DE ALTA RESISTNCIA

    NORMALIZAO TCNICA

    CRdItOs CApAPlanta de Cimento da interCement.

    Crdito: interCement

    7 Editorial

    8 Coluna Institucional

    9 Converse com IBRACON

    11 Encontros e Notcias

    17 personalidade Entrevistada:

    pricles Brasiliense Fusco

    87 Mercado Nacional

    93 Mantenedores

    102 Acontece nas Regionais

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    INstItutO BRAsIlEIRO dO CONCREtO

    fundado em 1972declarado de utilidade Pblica

    estadual | lei 2538 de 11/11/1980

    declarado de utilidade Pblica federal | decreto 86871

    de 25/01/1982

    dIREtOR pREsIdENtEtlio Nogueira Bittencourt

    dIREtOR 1 VICE-pREsIdENtEJulio timerman

    dIREtOR 2 VICE-pREsIdENtENelson covas

    dIREtOR 1 sECREtRIOantonio domingues de figueiredo

    dIREtOR 2 sECREtRIOarcindo vaquero Y Mayor

    dIREtOR 1 tEsOuREIROclaudio sbrighi Neto

    dIREtOR 2 tEsOuREIROcarlos Jos Massucato

    dIREtOR dE MARkEtINgHugo da costa Rodrigues filho

    dIREtOR dE EVENtOsluiz Prado vieira Jnior

    dIREtORA tCNICAins laranjeira da silva Battagin

    dIREtOR dE RElAEs INstItuCIONAIs

    Ricardo lessa

    dIREtOR dE puBlICAEs E dIVulgAO tCNICA

    Paulo Helene

    dIREtORA dE pEsquIsA E dEsENVOlVIMENtO

    ana elisabete Paganelli Guimares a. Jacintho

    dIREtORA dE CuRsOsiria lcia Oliva doniak

    dIREtORA dE CERtIFICAO dE MO dE OBRA

    Roseni cezimbra

    INstItutO BRAsIlEIRO dO CONCREtO

    fundado em 1972declarado de utilidade Pblica

    estadual | lei 2538 de 11/11/1980

    declarado de utilidade Pblica federal | decreto 86871

    de 25/01/1982

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    EdItORIAl

    com imenso prazer que apresentamos mais um nmero da Revista concreto & construes,

    que procura sintetizar as inmeras atividades de nossa entidade, o instituto Brasileiro do

    concreto, e divulgar as pesquisas tcnicas sobre o concreto e seus sistemas construtivos. esta

    nova formatao da revista foi brilhantemente conduzida pelo eng. Hugo Rodrigues, que soube

    imprimir uma nova dinmica esta publicao, com o inestimvel apoio do comit editorial, coordenado pelo Prof. dr. Paulo Helene.

    Nesta edio, temos como Personalidade entrevistada o Prof. dr. Pricles Brasiliense fusco, cuja carreira acadmica e de

    pesquisador proporcionou a formao de inmeros profissionais (dentre os quais, tenho orgulho de me incluir), que atuam

    na cadeia produtiva do concreto. vocs, leitores, tero a oportunidade nica de conhecer um pouco mais deste cone da

    engenharia estrutural Nacional.

    O tema central desta edio - cimentos e concretos - trata dos materiais construtivos cujo consumo est diretamente

    atrelado ao desenvolvimento econmico sustentvel que nosso pas est vivendo.

    O Brasil sempre se destacou na pesquisa e desenvolvimento do concreto. contamos com profissionais reconhecidos

    internacionalmente, que introduziram inovaes e usos do concreto que se tornaram referncia mundial. tome-se, como

    exemplo, a aplicao da tcnica de construo das pontes de concreto em balanos sucessivos, to brilhantemente conduzida

    pelo Prof. emilio Baumgart.

    O Brasil consome atualmente cerca de 70 milhes de toneladas, permanecendo nos ltimos anos atrs apenas da

    china, ndia e eua.

    existe uma expectativa de crescimento para os prximos anos atribuda s imprescindveis obras de infraestrutura e mercado

    imobilirio, cuja demanda obrigar um forte investimento na construo de novas fbricas de cimento e modernizao das

    existentes. este um dos desafios da cadeia produtiva da construo civil.

    desejo a todos que apreciem e usufruam do contedo desta edio.

    Boa leitura!

    Jlio timerman1 ViCe-Presidente do iBraCon l

    Cimentos e concretos: sinnimos de desenvolvimento econmico sustentvel

    prezado leitor,

  • 8cOluNa iNstituciONal

    tendncias temticas nas edies recentes do Congresso

    Brasileiro do Concreto

    desde 1972, o instituto Brasileiro do concre-to tem como mis-so criar, divulgar e

    defender o correto conhecimento sobre materiais, projeto, constru-o, uso e manuteno de obras de concreto, desenvolvendo o seu mercado, articulando seus agen-tes e agindo em benefcio dos consumidores e da sociedade em harmonia com o meio ambiente.

    toda a diretoria do instituto tem se empenhado arduamente ao longo dos anos em fazer cum-prir esta nobre misso, principal-mente na organizao e realizao do congresso Brasileiro do concreto (cBc), que vai este ano para sua 56 edio, na cidade de Natal, RN.

    O cBc tem tratado de temas complexos e variados referentes ao material concreto desde seu primeiro evento, seja voltado para as estruturas, seja voltado para o material em si.

    H cerca de 10 anos, o nmero de trabalhos somava 200 artigos para aproximadamente 300 resumos recebidos. No lti-mo congresso Brasileiro do concreto, recebemos 1100 resumos e publicamos 560 artigos. a avaliao tcnica dos trabalhos fei-ta por um comit cientfico de profissionais, que hoje composto por 76 pessoas, entre profissionais tcnicos e doutores, todos scios e voluntrios do iBRacON. Precisamos de mais associados que possam contribuir nesta tarefa!

    Recentemente, em vista de pesquisas mundiais focadas na escassez de recursos naturais em todos os continentes, o congres-so Brasileiro do concreto voltou sua ateno para estimular o meio tcnico para o surgimento de novas ideias sobre a confeco do concreto, para que este possa ser cada vez mais eco-sustentvel.

    Pesquisadores e profissionais tem apresentado trabalhos orais e psteres, participado de mesas-redondas, feito discus-ses em grupos, de como pode ser melhorada a composio do concreto com relao ao uso desses recursos e onde este novo

    material poderia ser usado sem perda da sua eficcia e eficincia, j to bem estabelecidas.

    Os comits que fazem as normas brasileiras ou suas revi-ses tm discutido, em algumas edies do cBc, como normali-zar os novos materiais pesqui-sados para se fazer concreto, tais como: resduos de demoli-o e construo, borracha de pneus inservveis, cinzas de cas-ca de arroz, cinzas de cana de acar, fresado asfltico, dentre outros. No h regras para sua utilizao e nem garantias. as pesquisas caminham para uma

    otimizao do consumo do cimento, com o concreto alcanan-do maiores resistncias.

    O rumo dos novos eventos que ocorrero nos prximos anos deve se manter no que se refere sustentabilidade do concreto, aliado agora ao uso das novas tecnologias dos equipamentos de anlise de patologias, de transmisso e anlise de dados e os ensaios no destrutivos, que avanam de forma rpida.

    este ano em Natal, espera-se que mais de 1200 pessoas par-ticipem deste evento, que se tornou o maior frum nacional sobre o concreto e seus sistemas construtivos. Pesquisadores e profissio-nais do mundo inteiro tm vindo ao Brasil participar das discusses srias e objetivas que o evento proporciona sobre Gesto e Nor-malizao, sistemas construtivos especficos, anlise estrutural, Projeto de estruturas, Materiais e Propriedades, sustentabilidade, Materiais e Produtos especficos e Mtodos construtivos.

    a cidade, com mais de 800.000 habitantes, belssima, com praias, dunas, lagoas e coqueiros. um belo cenrio para discusses relevantes para o crescimento de nossa sociedade tcnico-cientfica.

    Ana Elisabete paganelli guimares JacinthoDiretora De Pesquisa e Desenvolvimento Do iBraCon l

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    CONVERsE COM O IBRACON

    PeRGuNtas tcNicas

    estOu eNcaRReGadO dO RetROfit de uMa edificaO aNtiGa. dO PONtO de vista da estRutuRa de cONcRetO, qual O fcK a seR utilizadO?eng. antonio Carlos da silVa,Belo Horizonte, mg.trata-se de tema muito complexo e com opinies controversas, pois ainda no est suficientemente normalizado no pas. tanto o american concrete institute quanto o eurocode e fib Mo-del code 2010, tratam do assunto de forma bem mais detalhada que a nor-malizao brasileira. O novo texto da aBNt NBR 7680 vai contribuir muito para esclarecer o tema, porm certos aspectos fundamentais ainda ficaro para uma segunda etapa, como, por exemplo: h necessidade de retroagir 28 dias, pois isso seria muito com-plicado sem saber o cimento nem o trao? H necessidade de considerar o efeito Rsch, pois a estrutura j esteve carregada por 30 anos? a maioria dos pesquisadores consideram que o fck deve ser aquele obtido dos testemu-nhos aps corrigidos por coeficientes de dimenses, cura, adensamento, broqueamento, etc., ou seja, o va-lor obtido do ensaio (nova aBNt NBR 7680). Outros pesquisadores consi-deram que, somente para o caso de aumento de cargas, h necessidade de aplicar efeito Rsch; se as cargas

    CONVERsE COM O

    IBRACON(uso da edificao) forem as mesmas, no h necessidade de regredir 28 dias nem de reduzir por efeito Rsch. concluindo: o tema est em discusso.resPondido Pelo Prof. Paulo Helene (diretor de PuBliCaes do iBraCon)

    Perguntas do eng. rafael CaPelo tiet/sPquaNdO se cONstRi estRutuRas de cONcRetO que ficaRO suBMeRsas Ou seMi-suBMeRsas NO MaR, quais cui-dadOs tOMaR?a gua, de um modo geral, um dos agentes ambientais mais nocivos s construes. essa agressividade se po-tencializa em zonas sujeitas a ciclos de molhagem e secagem, como no caso de quebra-mares, pilares de ponte semi-submersos e estruturas do tipo. Hoje, as normas aBNt NBR 12655 e aBNt NBR 6118 classificam essas re-gies, sujeitas a respingos ou variao de mars, como sendo de agressivida-de Muito forte ou nvel iv, com eleva-do risco de deteriorao da estrutura, o que obriga a adoo de cobrimentos maiores, menor relao gua/cimento, maior consumo de cimento e, conse-quentemente, maior resistncia do concreto compresso. estruturas totalmente submersas no sofrem os mesmos problemas, devido a no terem ciclos secos e midos, e tambm a no haver presena de oxignio; entretanto, necessrio se tomar cuidados relativos execuo.

    eM OBRas cOMO MaRiNas, edificaes PORtuRias, diques e PONtes, que fi-caM cOM PaRte de suas estRutuRas suBMeRsas, quais sO as PatOlOGias Mais fRequeNtes?

    as zonas de variao de mars so as mais sujeitas ao aparecimento de mani-festaes patolgicas. em geral, os casos mais frequentes so o de corroso das ar-maduras, devido carbonatao e ataque de cloretos presente na gua do mar. a abraso superficial do concreto tambm um problema comum em casos de es-truturas submetidas a impacto direto das ondas do mar e de embarcaes.

    O cONcRetO usadO Nessas OBRas PRecisa ReceBeR alGuM PRePaRO es-Pecial e teR alGuMa esPecificaO difeReNciada?em ambientes de classe de agressividade elevada, a aBNt NBR 12655 especifica a utilizao de concretos de classe de resistncia mais altas e com baixa rela-o gua/cimento, pois esses concretos tem menor porosidade, o que resulta em um desempenho superior frente ao

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    ataque de agentes agressivos externos. do ponto de vista da tecnologia do con-creto, o uso de adies minerais, tipo sli-ca ativa e aditivos redutores de gua, so alternativas extremamente viveis para melhorar a compacidade do concreto. quando necessrio, protees superficiais podem ser aplicadas, como as base po-liuretano e poliuria, por exemplo.

    quaNtO aO ciMeNtO, qual O Mais RecOMeNdadO PaRa essas OBRas?O tipo de cimento depende muito do tipo de pea estrutural e seu volume e da agressividade ambiental. No caso es-pecfico e mesmo no caso de peas de grande volume, recomendvel o uso de cimentos tipo cP-iii e cP-iv, devido ao seu baixo calor de hidratao, quando comparado aos outros tipos de cimento. em geral, preciso primeiramente se

    observar a disponibilidade dos ci-mentos na regio da obra, e estudar a alternativa mais vivel do ponto de vista tcnico e econmico.

    a iMPeRMeaBilizaO O fatOR-cHave PaRa PReseRvaR essas estRutuRas?O concreto, se especificado, dosado e executado adequadamente para o fim ao qual se destina, pode, por si s, ser suficiente para garantir durabilidade a uma estrutura, seja ela qual for. Obvia-mente, o ciclo de manuteno de uma estrutura deve prever, durante sua vida til, intervenes que visem perpe-tuao de sua durabilidade, pois, como sabemos, o concreto no um material eterno e precisa de manuteno, assim como qualquer outra coisa feita pelo ser humano. Hoje, em termos de dosagem e especificao de concreto, tem-se feito uso de aditivos cristalizantes no concre-to, com objetivo de diminuir sua perme-abilidade. em estruturas martimas, de concreto aparente ou similares, essa

    uma alternativa interessante com vistas durabilidade. evidentemente, prote-es superficiais podem ser uma exce-lente alternativa em ambientes marti-mos, desde que respeitadas as questes de manuteno.

    adies de slica ativa Ou Metacau-liM sO cOMPONeNtes esseNciais PaRa iMPeRMeaBilizaO dO cONcRetO exPOstO aOs efeitOs MaRtiMOs?as adies minerais pozolnicas melho-ram muito o empacotamento das par-tculas no concreto, o que lhe confere menor porosidade e, consequentemen-te, maior resistncia a intempries. No caso de estruturas sujeitas aos efeitos do mar, a utilizao dessas adies me-lhora muito o desempenho do concreto frente aos agentes agressivos, embora no sejam aditivos cristalizantes. resPondidas Por eng. douglas Couto (PHd engenHaria, Coordenador adjunto aBe-Ce inoVao, mestrando em engenHaria CiVil ePusP e sCio iBraCon). l

    eNcONtROs e NOtciasCONVERsE COM O IBRACON

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    eNcONtROs e NOtcias

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    presente no Brasil h mais de 50 anos:

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    local: sede da aBcP so Paulo sPHorrio: 8h00 s 17h00Carga horria: 8 horasprograma MAstER pEC: 8 crditospromoo: aBcPInformaes: www.abcp.org.br

    Opavimento de concreto um sistema construtivo de alta durabilidade, indicado para estradas e vias de trfego intenso e pe-sado. O curso apresenta informaes bsicas e atuais sobre o tema, desde as caracters-ticas do concreto at o dimensionamento do pavimento, tratando das diretrizes de proje-

    to, tcnicas construtivas e controle de qua-lidade. alm disso, traz informaes bsicas sobre a reabilitao de pavimentos asflticos com emprego de cimento Portland.palestrantes: eng. Ronaldo vizzoni, eng. leo-valdo foganhole, eng. Marcos dutra de carva-lho e eng. Rubens curti (aBcP)

    datas: 29 e 30 de abrillocal: sede da aBcP so Paulo sPHorrio: 8h00 s 17h00Carga horria: 16 horasprograma MAstER pEC: 8 crditospromoo: aBcPInformaes: www.abcp.org.br

    Ocurso apresenta a construo em pare-des de concreto com viso sistmica, sua normalizao, processos de dimensiona-mento e detalhes construtivos deste sistema que vem conquistando o mercado brasileiro.

    palestrante: arnoldo augusto Wendler filho (projetista estrutural)data: 15 de abrillocal: sede da aBcP so Paulo sPHorrio: 8h00 s 17h00

    Carga horria: 8 horas

    programa MAstER pEC: 8 crditos

    promoo: aBcP

    Informaes: www.abcp.org.br

    tecnologia Bsica das paredes de Concreto

    tecnologia de pavimento de Concreto

    projeto Estrutural em paredes de Concreto

    eNcONtROs e NOtcias Cursos

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    O CIMENTO COM A FORA DO BRASIL SEMPRE UMA GARANTIA DEQUALIDADE NA SUA OBRA.

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    Ocurso aborda a execuo de uma obra em paredes de concreto, seus mate-riais, logstica de canteiro, montagem e desmontagem de frmas, armao, insta-laes e demais servios complementares.

    palestrante: Jlio augusto de aguirre (cons-trutora e incorporadora aguirre)data: 20 de maiolocal: sede da aBcP so Paulo sPHorrio: 8h00 s 17h00

    Carga horria: 8 horas

    programa MAstER pEC: 8 crditos

    promoo: aBcP

    Informaes: www.abcp.org.br

    Ocurso mostra uma viso sistmica do processo construtivo com pr-fabrica-dos de concreto: projeto, produo, monta-gem e suas interfaces, controle de qualida-de, normalizao, selo de excelncia abcic,

    sustentabilidade e BiM (Building informa-tion Modeling).palestrante: carlos franco (cal-fac consul-toria e engenharia)data: 15 de maio local: salvador-Ba

    data: 16 de setembro local: Braslia-dfdata: 4 de novembro local: so Paulo-sPCarga horria: 8 horaspromoo: abcicInformaes: www.abcic.org.br

    Oobjetivo do curso preparar os pro-fissionais para tirar mais proveito dos benefcios do concreto. O curso leva aos participantes o conhecimento bsico sobre a tecnologia do concreto, como materiais constituintes e ensaios, dosagem e pro-

    priedades, produo e controle, aplicao e critrios de aceitao.palestrantes: eng. Rubens curti e eng. fl-vio andr da cunha Munhoz (aBcP)datas: 27 a 29 de maiolocal: sede da aBcP so Paulo sP

    Horrio: 16h00 s 22h00

    Carga horria: 18 horas

    programa MAstER pEC: 8 crditos

    promoo: aBcP

    Informaes: www.abcp.org.br

    Execuo de Edificaes em paredes de Concreto

    pr-fabricados de concreto: uma abordagem completa da fbrica aos canteiros de obras

    Intensivo de tecnologia Bsica do Concreto

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    aassociao Brasileira da construo industrializada em concreto (ab-cic) e o instituto Brasileiro do concreto (iBRacON) realizam conjun-tamente o seminrio sobre projeto, construo, sistemas construtivos e manuteno de obras de infraestrutura viria e mobilidade urbana na Brazil Road expo, evento sobre infraestrutura viria e rodoviria, que acontece de 9 a 11 de abril, no transamrica expo center, em so Paulo.O seminrio abcic/iBRacON vai acontecer no dia 9 de abril, das 9 s 17:30h, e debater, entre outros cases: o projeto, a tecnologia do concreto autoadensvel, a produo e a montagem das megavigas pr-fabricadas na obra de acesso virio ao Porto de au, no Rio de Janeiro, que ser apresentado pelo gerente da cassol Pr-fabricados, Gustavo Rovaris; e as tipologias e sistemas construtivos aplicados execuo de pontes rodovirias e ferrovirias a partir de casos reais

    na espanha, que ser ministrado pelo consultor da fhecor, Hugo corres Peiretti.Informaes: www.brazilroadexpo.com.br

    seminrio sobre projeto, Construo, sistemas Construtivos e Manuteno de Obras de Infraestrutura Viria e Mobilidade urbana

    eNcONtROs e NOtcias Eventos

    aa associao Brasileira de cimento Portland (aBcP) promove de 19 a 21 de maio, em so Paulo, o 6 congresso Brasileiro do cimento.O evento tratar das inovaes na fabricao do cimento, nos temas

    relacionados competitividade, emisses de gases, controles am-bientais, normalizao e qualidade do cimento.as inscries esto abertas com preos promocionais at 30 de abril.Informaes: www.abcp.org.br

    6 Congresso Brasileiro do Cimento

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    que fazem parte da construo do Pas. Com um portflio amplo e diversificado, a Holcim est sua disposio,

    nas pequenas construes e nos grandes empreendimentos.

    frfrum de discusso e troca de ideias sobre as possibilidades e os desafios da alvenaria estrutural, o evento vai acontecer na universidade do Minho, em Portugal, de 7 a 9 de julho de 2014, co--organizado pela sociedade internacional de alvenaria (iMs).

    a conferncia recebe at 31 de maro de 2014 os trabalhos tcnico-cient-ficos revisados. dentre eles, est o trabalho do membro do comit editorial da revista cONcRetO & construes, Prof. Guilherme Parsekian, da ufscar.Informaes: www.patologiadasconstrucoes.com.br

    9 Conferncia Internacional sobre Alvenaria

    aescola Politcnica da universidade de so Paulo est organizando, juntamente com a associao internacional para as cascas e as estruturas espaciais (iass), o vi simpsio latino-americano sobre tensoestruturas e o simpsio internacional da iass 2014, que acon-tecero de 15 a 19 de setembro, no centro de convenes ulysses Guimares, em Braslia.com o tema geral cascas, membranas e estruturas espaciais: footprints, os simpsios esperam receber contribuies de tra-balhos sobre o projeto conceitual, anlise e projeto estrutural,

    morfologia estrutural, ferramentas computacionais de projeto, materiais inovadores e reciclveis, detalhamento estrutural, tecnologias de construes de estruturas leves, de baixo con-sumo de materiais, com capacidade de vencer grandes vos; em suma: capazes de contribuir para a reduo da pegada ecolgica do setor construtivo.Os eventos recebem at 17 de maro resumos de trabalhos e at 31 de maio os trabalhos completos.Informaes: www.iass2014.org

    VI simpsio latino-Americano sobre tensoestruturas e simpsio Internacional da IAss

    em comemorao aos 40 anos da Ponte Rio-Niteri, o vii con-gresso Brasileiro de Pontes e estruturas ser realizado de 21 a 23 de maio, no Hotel Pestana, no Rio de Janeiro.O evento uma realizao conjunta da associao Brasileira de

    Pontes e estruturas (aBPe), international association for Bridge and structural engineering (iaBse) e associao Brasileira de en-genharia e consultoria estrutural (abece).Informaes: www.cbpe2014.com.br

    VII Congresso Brasileiro de pontes e Estruturas

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    SOMOS MAISDE 200 MILHESTORCENDO PELO BRASIL. E UMA COMPANHIAINTEIRA TORCENDOPOR VOC.

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    eNcONtROs e NOtcias Eventos

    servir de plataforma para que pesquisadores, professionais do setor industrial, engenheiros e acadmicos apresentem suas pesquisas e atividades de desenvolvimento em engenharia civil e arquitetura, a

    iii conferncia sobre engenharia civil e arquitetura ocorrer de 30 de

    julho a 1 de agosto, na faculdade de engenharia civil, arquitetura e

    urbanismo da universidade de campinas (unicamp).Organizada pela unicamp, pela international association of computer science and information technology (iacsit) e pelo international Journal of engineering and technology, o evento recebe trabalhos completes at 5 de abril.Informaes: www.iceaa.org

    Realizado a cada trs anos pelo conselho internacional para Pes-quisa e inovao na construo (ciB, na sigla em ingls), a xiii international conference on durability of Building Materials and com-ponents (dBMc, como internacionalmente conhecida), vai aconte-cer de 03 a 05 de setembro, em so Paulo.Promovido pela escola Politcnica da universidade de so Pau-

    lo, pela faculdade de engenharia da universidade do Porto e pelo secovi (sindicato da Habitao), o evento objetiva discutir os diversos aspectos ligados ao tema da vida til e durabilidade das estruturas.O evento recebe os trabalhos completos revisados at 30 de maio.Informaes: www.dbmc2014.org

    III Conferncia sobre Engenharia Civil e Arquitetura

    XIII Conferncia Internacional sobre durabilidade de Materiais e Componentes Construtivos

    com uma periodicidade de oito anos, as Jornadas Portuguesas de engenharia de estruturas (JPee) tm sido organizadas desde 1982 pelo laboratrio Nacional de engenharia civil (lNec). a quinta edio vai acontecer de 26 a 28 de novembro, em lisboa, conjuntamente

    com o encontro Nacional de Beto estrutural 2014 e o 9 congresso Nacional sobre sismologia e engenharia ssmica.Os eventos recebem resumos de trabalhos at 30 de abril.Informaes: www.jpee2014.lnec.pt l

    V Jornadas portuguesas de Engenharia de Estruturas

    PeRsONalidade eNtRevistada

  • pricles

    PeRsONalidade eNtRevistada

    Brasiliense FusCo

    Graduado em engenharia civil, em 1952, e em engenharia Naval, em 1960, pela escola Politcnica da universidade de so Paulo (usP), onde, em 1968, obteve seu doutorado, com tese sobre critrios do projeto estrutural dos navios de superfcie,

    sua carreira profissional iniciou-se como estagirio do escritrio franco Rocha, onde participou de projetos estruturais de edifcios altos. de 1953 a 1956, foi engenheiro do departamento de estruturas do instituto

    de Pesquisas tecnolgicas de so Paulo (iPt), onde, segundo ele, aprendeu a conversar com a natureza. de 1957 a 1970, manteve escritrio prprio de engenharia, onde projetou edifcios altos, pontes e viadutos, e obras industriais, principalmente de expanses da siderrgica Barra Mansa e da companhia Brasileira de alumnio. com o fechamento de seu escritrio, de 1970 a 1980, trabalhou como engenheiro dirigente de projetos especiais na themag engenharia, com os projetos de expanso da cosipa (companhia siderrgica de so Paulo) e das estaes da linha norte-sul do Metr de so Paulo.

    durante esta trajetria, fusco nunca abandonou sua paixo por aprender e ensinar. J, em 1954, era professor na faculdade de engenharia industrial (fei) das disciplinas de resistncia dos materiais e estruturas metlicas. em 1956, passou a ser professor-assistente da cadeira de concreto armado na escola Politcnica da usP. a partir de 1958, experimentou uma guinada em sua carreira acadmica com sua transferncia para o recm-criado curso de engenharia Naval da Poli, para ser professor de estruturas de navios. Na rea naval, fusco fez estgio em estaleiros na Holanda e dinamarca, patrocinado pela Petrobrs, aprendendo a construir navios.

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    O IPT (InsTITuTO de PesquIsas TecnOlgIcas de sO PaulO)

    fOI Para mIm uma escOla muITO ImPOrTanTe sObre cOmO cOnversar cOm a naTureza

    IBRACON Conte-nos sobre suas esColhas profissionais. por que, por exemplo, voC esColheu Cursar engenharia Civil e, logo em seguida, engenharia naval na universidade de so paulo?BRAsIlIENsE FusCO eu me formei em engenharia civil na escola Politcnica da universidade de so Paulo (usP) em 1952. Nos ltimos dois anos do curso, trabalhei como estagirio no escritrio de engenharia de Paulo franco Rocha, com quem aprendi muito. de modo que, quando me formei, j tinha nas costas o projeto da estrutura do meu primeiro arranha-cu. ainda estava no escritrio franco Rocha, quando, em 1953, encontrei um colega, Guilherme Kranert, engenheiro civil formado numa turma antes da minha na escola Politcnica da usP. ele trabalhava no instituto de Pesquisas tecnolgicas (iPt). tomamos um caf juntos e, durante a conversa, ele me convidou para assumir sua vaga no iPt, pois estava de partida para Pernambuco, sua terra natal. eu aceitei.Meu primeiro desafio no iPt foi o descimbramento da cpula do estdio Municipal de Jundia. este foi meu primeiro entrevero com a natureza. Naquele tempo, descimbrar uma cpula de 30 ou 40m de dimetro era visto como um problema filosfico e difcil. se retirasse o cimbramento de forma errada, poderia quebrar a cpula. Primeiramente, instrumentei com extensmetros a cpula ainda cimbrada.

    Pude constatar, desse modo, que a cpula no estava sempre apoiada no cimbre, mas que nas horas mais quentes do dia, ao redor de 15 h, o cimbre estava pendurado na cpula. No tive dvida: ordenei a retirada dos eucaliptos! Mas, ainda assim, segui as orientaes do projetista para o descimbramento, por uma questo de responsabilidade. Posteriormente, com esse conhecimento, descimbrei do meu jeito a cpula do Parque ibirapuera. com esses exemplos, quero contar que o iPt foi para mim uma escola muito importante sobre como conversar com a natureza. Nele fiquei at meados de 1956, quando o professor Nilo andrade amaral, catedrtico do concreto armado na escola Politcnica da usP, convidou-me para ser seu assistente. como agradecimento pelo que tinha aprendido no iPt, projetei, antes da minha sada, a ampliao da estrutura do tanque de provas do departamento Naval, usado para se estimar a fora necessria para a propulso dos navios.Paralelamente ao cargo de assistente na Poli e de professor de resistncia dos materiais e de estruturas metlicas na faculdade de engenharia industrial (fei), cargo assumido desde que me formei, montei meu escritrio de projetos de estruturas. ainda em 1956, a escola Politcnica da usP e a Marinha do Brasil criaram o curso de engenharia Naval, que contou com uma misso de professores norte-americanos. O contra-almirante reformado da Marinha americana e professor do

    com poucas chances de desenvolver sua criatividade na engenharia Naval, fusco retornou engenharia civil no incio da dcada de 70, onde defendeu sua livre-docncia em 1975, foi chefe do departamento de estruturas durante 6 anos, e criador e diretor do laboratrio de estruturas e Materiais estruturais leM da escola Politcnica, chegando ao cargo de professor titular em 1980.

    dentre as obras escritas em sua longa carreira acadmica, podem ser destacadas: estruturas de concreto: fundamentos do projeto estrutural (1976); estruturas de concreto: fundamentos estatsticos da segurana das estruturas (1976); estruturas de concreto-solicitaes Normais (1981); tcnica de armar as estruturas de concreto (1994); estruturas de concreto-solicitaes tangenciais (2008); tecnologia do concreto estrutural (2008); Princpios Bsicos para Projeto de estruturas de concreto, in concreto: cincia e tecnologia, iBRacON,(2011).

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    Massachussets institute of technology (Mit), George charles Manning, seria, de incio, o professor na rea de estruturas. O Prof. Manning ficaria apenas por dois anos na Poli. com as dificuldades de encontrar quem pudesse vir do estrangeiro, a Poli resolveu encontrar quem se dispusesse a enfrentar autodidaticamente o problema. Por alguma razo atvica, resolvi aceitar o desafio. fui transferido do departamento de engenharia civil para o recm-criado departamento de engenharia Naval no segundo semestre de 1957, ano que no dei aula, mas simplesmente estudei engenharia naval. No ano seguinte, assumi as aulas sobre estruturas. assim, assumi o cargo de professor do curso de estruturas no departamento Naval da Poli. No entanto, percebi que me faltava o conhecimento da profisso de engenheiro naval para falar como professor aos meus alunos. Por isso, matriculei-me como aluno no curso de engenharia Naval. desta forma, fui oficialmente, na escola Politcnica, simultaneamente

    aluno e professor! formei-me na segunda turma do curso de Naval, em 1960. em seguida, ganhei uma bolsa de estudos da Petrobras, da frota Nacional de Petroleiros, para estgios na Holanda, em Rotterdam, e na dinamarca, em copenhague. desse modo, aprendi a construir navios.de volta escola Politcnica, participei do grupo de profissionais organizado para projetar uma frota de navios guarda-costas. Projetar navio de guerra no o mesmo que projetar navio mercante. No caso deste, tudo est catalogado. J, para aquele, parte-se do zero, fazendo uso do que se sabe. a verolm united shipyards enviou um time para o Brasil, para verificar nosso projeto. viram o projeto e, com ele, entraram na concorrncia de construo com uma proposta 30 milhes de dlares. uns meses depois, o Jnio quadro se elegeu Presidente da Repblica, e o Brasil ficou sem frota de navios guarda-costas. O episdio mostrou-me que a engenharia Naval no me daria tantas possibilidades de desenvolver a

    O ePIsdIO (da ParalIsaO na cOncOrrncIa de cOnsTruO de navIOs guarda-cOsTas

    brasIleIrOs) mOsTrOu-me que a engenharIa naval nO me darIa POssIbIlIdades

    de desenvOlver a crIaTIvIdade quanTO a engenharIa cIvIl

    Modelo de embarcao em ensaio de manobrabilidade no tanque de provas do Ipt

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    as nOrmas se cOnsTITuem na esPInha dOrsal

    dO cOnhecImenTO TecnOlgIcO

    de um Pas

    criatividade quanto a engenharia civil. apesar disso, em 1968, conclu meu doutorado em engenharia Naval. Mas, em 1970, voltei para o departamento de engenharia civil da Poli. Neste nterim, j tendo projetado grandes estruturas industriais, como as das expanses da siderrgica Barra Mansa e da companhia Brasileira de alumnio, entendi que meu escritrio de projetos no tinha futuro, porque comearam a surgir as grandes empresas de projeto de engenharia, como a Promon, a themag, a figueiredo ferraz. como a themag tinha ganhado a concorrncia dos projetos de expanso da cosipa, aceitei o convite de Milton vargas, para coordenar esses projetos e os da linha Norte-sul do Metr, e fechei meu escritrio de projetos. Nesta ocasio, viajei para vrios pases, como frana, Japo, Grcia, sempre em funo do concreto armado. como professor da Politcnica, em palestra no instituto de engenharia, impedi que na nova linha leste-Oeste do Metro fosse repetido o erro de envelopamento total dos tneis com chapas de cobre, como fora feito na linha Norte-sul.Nos 13 anos em que fui professor da engenharia Naval, no pude acompanhar toda revoluo que havia acontecido na engenharia civil. com a segunda guerra mundial, os europeus haviam se conscientizado da necessidade entre eles da colaborao econmica e tecnolgica e, para isso, comearam com a unificao da normalizao tecnolgica. isto porque as normas se constituem na espinha dorsal do conhecimento tecnolgico de um pas. com isso, os europeus criaram o comit europeu do Beto (ceB)*, que publicou diversas snteses dos projetos de pesquisa que procuraram reestudar de novo tudo que se sabia sobre o concreto estrutural. em 1973, o ceB promoveu um curso internacional de concreto armado com base nas informaes que publicou. dado em lisboa, Portugal, pelos maiores professores do assunto na poca, o curso foi oferecido a 50 profissionais do mundo, que se encarregariam de retransmitir o conhecimento a seus pases. tive a sorte de ser um deles.em 1975, fiz minha livre-docncia, com base no novo

    panorama de conhecimentos mostrado no curso do ceB, na minha experincia de professor e nos trabalhos de normalizao tcnica do cB-02 da aBNt (comit Brasileiro da construo civil da associao Brasileira de Normas tcnicas), onde coordenei a comisso de estudos que elaborou as Normas smbolos grficos para o projeto de estruturas e aes e segurana nas estruturas, alm de ter sido secretrio na comisso de estudos de reviso da NBR 6118 e presidente da comisso de estudos de reviso da Norma de Projeto de concreto Protendido. um episdio marcante deste perodo: nos trabalhos da comisso de estudos da NBR 6118, influi para que o coeficiente de segurana de majorao das aes passasse de 1,5 para 1,4 e o coeficiente de minorao da resistncia do concreto passasse de 1,5 para 1,4 em relao ao que era empregado pelo ceB. O clube de engenharia do Rio de Janeiro, no concordando com a sugesto, convidou a comisso de estudos para expor nossas razes para a mudana. logo no incio do debate, surgiu a provocao: vocs acham que no Brasil ns construmos melhor do que na alemanha?. eu respondi: No! a comisso est sugerindo a mudana porque estamos num pas onde h crianas que morrem de fome!. O problema de segurana tambm um problema social: medida que a sociedade evolui econmica e socialmente, o nvel de segurana de todos os sistemas materiais aumenta. Os coeficientes reduzidos so vlidos at hoje.em 1980, assumi o cargo de professor titular na usP, em dedicao integral. aps 30 anos de experincia na profisso, resolvi dedicar-me exclusivamente ao ensino e pesquisa. quando assumi o cargo de professor titular, o Hall tecnolgico da escola Politcnica, com 75m de comprimento e 45m de largura, era um espao vazio. um colega, dcio de zagotis, que havia sido chefe do departamento, havia conseguido comprar uma mquina de ensaios mecnicos. como na fei, eu havia dado aulas no edifcio salvador arena, nome do cidado formado pela escola Politcnica da usP que havia doado um prdio para a fei, resolvi ligar para ele e marcar um encontro para lhe

    *atualmente fiB (federao internaCional do Beto)

    PeRsONalidade eNtRevistada

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    O PrOblema de segurana Tambm um PrOblema sOcIal: medIda que a sOcIedade evOluI ecOnmIca e sOcIalmenTe, O

    nvel de segurana de TOdOs Os sIsTemas maTerIaIs aumenTa

    explicar o plano de montagem do laboratrio. O salvador arena acabou por me doar uma ponte rolante para o laboratrio, bem como todas as estruturas de movimentao. anteriormente, com o governador do estado, Paulo Maluf, que era formado na Poli na turma de 1954, j havia conseguido, para a escola, uma doao de 80 toneladas de sucata de ao do Metr, em chapas de duas polegadas, e oito vigas pesadas de quatro toneladas cada uma. Outro amigo doou trs mil sacos de cimento para as estacas raiz para a fundao das estruturas doadas por arena. a Prefeitura da cidade universitria cedeu a mo de obra. a fapesp (fundao de amparo Pesquisa no estado de so Paulo) ajudou com uma pequena verba. desta forma, o laboratrio saiu. quando pronto, a Poli abriu concurso para duas vagas de tcnicos e eu consegui dois excelentes funcionrios, que l trabalham at hoje. em um livro que acabei de escrever, fao um agradecimento para eles.

    quando me aposentei, em 1997, depois de formar 21 mestres e 21 doutores, de ter sido chefe do departamento de estruturas e fundaes durante 6 anos, de ter sido o relator da comisso Politcnica 2.000, que visitou o mundo vendo como os pases desenvolvidos ensinavam engenharia, de ter sido decano do conselho universitrio da usP, e de ter sido vice-reitor da usP por 6 meses, quando o ento reitor renunciou, salvador arena convidou-me para ajud-lo a dirigir sua escola tcnica filantrpica. trs meses depois, ele acabou falecendo e sua fundao salvador arena estendeu o convite para ser diretor acadmico dos cursos mantidos filantropicamente pela termomecnica, onde fiquei por nove anos. Neste tempo, reformulei e ampliei os cursos, chegando a criar uma faculdade de tecnologia. Nesse caminho fui estudar pedagogia para enfrentar os problemas de educao. tambm contratei com a faculdade

    Busto em bronze de salvador Arena

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    de educao da usP um curso de 2 anos de aperfeioamento dos professores do centro educacional da termomecnica. tambm fiz esse curso e, posteriormente, at o lecionei para turmas vindouras. deixei a faculdade de tecnologia em 2007, com os cursos de Mecatrnica, de tecnologia de alimentos, de tecnologia da informao e de tecnologia da Gesto, e com a organizao de um novo curso de ps-graduao em tecnologia.voltei, ento, para a Politcnica, onde exero a funo de Professor snior, cuidando de pesquisas em uma nova rea, com resultados inditos, que estou apresentando em um novo livro, anlise de estruturas helicoidais, que est submetido anlise para publicao pela edusP, no qual apresento uma teoria a respeito das estruturas metlicas das tubulaes que vo buscar petrleo no fundo do mar. dessas pesquisas, resultaram dois pedidos de patente de inveno, que fiz em parceria com a usP.

    IBRACON de que forma, a engenharia estrutural tem se benefiCiado do enorme desenvolvimento CientfiCo e teCnolgiCo do ConCreto?BRAsIlIENsE FusCO a tecnologia do concreto no tem muito mais do que esperar apenas nos captulos da resistncia e durabilidade, porque ela j evoluiu muito. claro: sempre possvel evoluir mais!Por isso, o correto foi a atitude do iBRacON em publicar dois volumes enciclopdicos do livro concreto: cincia e tecnologia do qual tambm sou colaborador. ainda outro dia, tive que me valer desse livro para me informar sobre algo que no sabia: a ao do fogo nas estruturas estaiadas, por conta do incndio na ponte estaiada Orestes qurcia, que agora est sendo recuperada. fiz um estudo, que se baseou nos resultados experimentais que estavam publicados no livro. muito importante que o iBRacON, a cada perodo, reedite o livro. O trabalho do iBRacON nesta rea nota 10 e deve ser continuado.

    um problema que a engenharia civil ainda no assumiu so as obras no fundo do mar. Os engenheiros da Petrobrs so, em sua maioria, engenheiros civis. No livro meu que est sob anlise para publicao pela edusp (editora da usP), discuto a estrutura das tubulaes para poos de petrleo, que liga uma estrutura de concreto no fundo do mar com uma estrutura de concreto flutuante em cima. saber como se calculam essas tubulaes de mais de 1,5km ainda segredo industrial, que o Brasil precisa dominar.

    IBRACON o brasil tem aCompanhado o desenvolvimento CientfiCo e teCnolgiCo da engenharia estrutural?BRAsIlIENsE FusCO No existe mais diferena de avano cientfico de um pas para outro, porque o conhecimento se internacionalizou. Mas o avano tecnolgico autctone depende do avano tecnolgico da indstria mecnica, porque a tecnologia da engenharia estrutural avana para a automao do trabalho. No quesito normalizao, as diferenas entre normas so apenas detalhes.

    IBRACON o desenvolvimento das CinCias da Computao tem Contribudo imensamente para a rea de projeto de estruturas?BRAsIlIENsE FusCO Hoje em dia, com os computadores, possvel determinar muito aproximadamente os valores de tenses em qualquer ponto de uma estrutura. Hoje, o engenheiro coloca as informaes corretas num programa e obtm dele as respostas. todavia, este um caminho perigoso, porque pode dispensar os engenheiros de conhecerem as teorias das estruturas, que esto por trs dos programas de computador. O engenheiro pode passar a ser um simples alimentador de dados para o programa. se ele coloca um dado errado, pode sobrevir uma catstrofe. um absurdo o engenheiro que faz uso desses programas, mas que no sabe a ordem de grandeza dos esforos solicitantes, de modo que ele no sabe dizer se o resultado

    um absurdO O engenheIrO que faz usO desses PrOgramas, mas que nO sabe a Ordem de grandeza dOs esfOrOs sOlIcITanTes, de mOdO que ele nO sabe dIzer se O resulTadO dO

    cOmPuTadOr Tem Ou nO errOs

    PeRsONalidade eNtRevistada

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    quanTO aO PrOjeTO esTruTural (dO sIsTema Pr-mOldadO), ele fIca maIs

    sImPles, relacIOnadO mOnTagem das Peas Pr-fabrIcadas. mas, ImPOrTanTe saber cOmO cada Pea cOnTrIbuI Para a

    resIsTncIa dO TOdO na esTruTura

    do computador tem ou no erros. preciso que, no projeto estrutural, exista o Matre Projecteur, que realmente saiba o que est sendo feito. este o perigo! O projetista no pode se transformar num assistente da mquina. como dizem os filsofos: o trabalho para as mquinas; as decises para os computadores; e a criatividade para os homens.eu mesmo j fiz muito pronto-socorro de prdio em iminncia de desabar por falhas no projeto estrutural. e eles continuam caindo. O ponto crtico so as estruturas construdas sem que haja um verdadeiro projeto de concepo estrutural, que mostre porque as coisas foram projetadas do modo que foram feitas.

    IBRACON qual a importnCia da industrializao da Construo e qual sua interfaCe Com a engenharia de estruturas?BRAsIlIENsE FusCO a industrializao importante, principalmente com o uso de peas pr-moldadas. No faz mais sentido uma obra com tudo concretado no local. Mas, o ponto crtico das estruturas pr-fabricadas so os ns, que exigem um maior investimento do intelecto para imaginar ns suficientemente seguros, inclusive contra fadiga, a repetio de carregamento. se eu tivesse mais 20 anos pelo frente, eu escreveria um livro sobre construes pr-moldadas, pois, creio que seja uma tendncia na construo civil.quanto ao projeto estrutural, ele fica mais simples, relacionado montagem das peas pr-fabricadas. Mas, importante saber como cada pea contribui para a resistncia do todo na estrutura. No basta saber como montar as peas, qual pea se une com qual pea.

    IBRACON Considerando toda sua experinCia em modelos experimentais de elementos em ConCreto armado, e tambm a realidade atual de fCil aCesso a modelos numriCos Com auxlio de Computadores potentes, que

    sugestes voC daria aos profissionais que hoje trabalham na rea?BRAsIlIENsE FusCO que faam modelos experimentais e ensaiem. quando publiquei meu livro tcnica de armar as estruturas de concreto, o meio tcnico no tinha uma ideia clara de como armar algumas peas estruturais em funo dos esforos solicitantes. Por exemplo, no caso de lajes cogumelos, pensava-se em colapso por ruptura por puno. Mas, como? com toda a armadura de ao da laje? em estudos experimentais, alguns deles publicados no livro, eu mostrei que a puno no existia em lajes cogumelos, porque a rede de ao segura o esforo, no permitindo o afundamento necessrio para puncionar. Na verdade, os modelos apontavam o rompimento por cisalhamento e por grandes deformaes. eu mesmo s me convenci disso, quando eu ensaiei. Nada supera a investigao experimental!quando era engenheiro do iPt, tive a oportunidade de participar da construo da primeira ponte pr-moldada com vigas protendidas feita no pas, em so Paulo, prxima estao da luz. eu ensaiei uma das vigas no canteiro de obras, chegando a arrebent-la com macacos hidrulicos para saber o quanto ela aguentaria de carregamento. e conclui que as vigas poderiam ser usadas e a ponte foi construda com tranquilidade.desta forma, nada supera a evidncia, como j dizia aristteles! cristo usou a evidncia para provar que ele era divino! ele fez milagres, que eram evidncias de seus poderes divinos. a prova da verdade a evidncia! isso tambm vale na investigao tecnolgica.

    IBRACON Como hoje o ensino do ConCreto armado nas esColas de engenharia do pas? ele est adequado ao tempo atual, ao que demandado pelo setor Construtivo brasileiro?BRAsIlIENsE FusCO todo mundo fala em ensinar, mas poucos falam em aprender. eu li os dois primeiros volumes da obra de Moersh, que foi quem inventou a

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    Exemplo delaje cogumelo

    em esTudOs exPerImenTaIs, mOsTreI que a PunO nO exIsTIa

    nas lajes cOgumelOs. eu mesmO s me cOnvencI dIssO, quandO

    eu ensaIeI. nada suPera a InvesTIgaO exPerImenTal!

    teoria do concreto armado, linha por linha, captulo por captulo, s vezes, mais de uma vez, sempre aps o jantar, durante meu quinto ano no curso de engenharia civil. intuitivamente aplicava a regra de ouro do aprendizado, que, depois, vim a saber que aristteles j a havia ensinado: para saber algo, voc deve saber at a ltima mincia, at a menor de suas partes! Para escrever o livro tcnica de armar as estruturas de concreto, fui aprender como que os ganchos funcionam, para seu melhor aproveitamento na pea de concreto. Na investigao terica interessante remontar s origens das coisas. ao estudar concreto armado da forma como fiz, eu fui entender a menor das partes e remontei fundao do concreto armado. Por isso, voc est conversando comigo hoje.O que falta no ensino das escolas de engenharia entender que ningum ensina nada para ningum: aprende-se, no se ensina. O professor um mero guia do

    aprendizado do aluno. quem explicou bem isso foi Piaget, com seu construtivismo.um dos motivos pelos quais eu gostava do professor Nilo andrade amaral que ele permitia a frequncia livre em suas aulas tericas, na parte da manh. Obrigatrias eram apenas as aulas na parte da tarde, que consistiam de exerccios. isto me permitia estudar e aprender. O professor no deve ser o expositor das ideias, mas deve auxiliar os alunos no acesso e debate das informaes necessrias para o aprendizado.Regra de ouro da aprendizagem: no pode ficar com nenhuma dvida! se voc entendeu mais ou menos porque no entendeu! verifique porque voc no est aprendendo. volte e veja se no uma falha em seu conhecimento. como o aluno julga que aprendeu? se ele for capaz de ensinar o que aprendeu para outro colega ou para si mesmo, como se as ideias fossem invenes suas. estas ideias eu j as expus

    PeRsONalidade eNtRevistada

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    MC-Bauchemie - Innovation in building chemicals

    Conhea as mais modernas soluespara impermeabilizao de estruturas.Estaes de Tratamento de gua | Estaes de Tratamento de Efluentes | Reservatrios

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    O concreto, devido a sua prpria natureza, no estanque, e em muitos faz-se necessria a devida impermeabilizao. H mais de 50 anos a MC-Bauchemie fornece solues inovadoras para impermeabilizao de estruturas de concreto. Conhea mais sobre nossas solues atravs do site: www.mc-bauchemie.com.br

    O PrOfessOr nO deve ser O exPOsITOr das IdeIas, mas

    deve auxIlIar Os alunOs nO acessO e debaTe das

    InfOrmaes necessrIas Para O aPrendIzadO

    em um trabalho publicado pela revista da escola Politcnica da universidade federal da Bahia.a cincia tem por objetivo o entendimento da natureza. segundo Maxwell, a cincia o departamento do conhecimento, que se relaciona ordem na natureza, ou, em outras palavras, a regular sucesso de eventos. Ou seja, se no consigo, na investigao, fazer o percurso de comeo ao fim, porque existem eventos que no foram e precisam ser levantados.

    IBRACON o que voC gosta de fazer em sua hora de lazer?BRAsIlIENsE FusCO quando eu fiz minha livre-docncia,

    em 1975, lamentava-me por no ter tido uma educao musical. estudei msica e fiz curso de rgo por dez anos. Mas, em 1985, quando estava construindo o laboratrio do departamento de estruturas da escola Politcnica, a vida me levou para outros lados e parei de tocar. foi quando percebi que meu hobbie, que vinha desde criana, era o gosto pelo aprendizado. eu gosto de estudar e aprender, leio de tudo: sobre religio, sobre os filsofos helensticos, sobre as teorias do Big Bang e dos multiversos, sobre mecnica quntica... e eu ainda tenho minha empresa individual de consultoria, e o mundo continua girando. l

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    eNteNdeNdO O cONcRetO

    Como comprar, estocar e manusear adequadamente

    o Cimento portlandaRNaldO fORti BattaGiN gelogo, gerente do laBoratrio

    assoCiao Brasileira de Cimento Portland (aBCP)

    Os critrios tcnicos que balizam a escolha de uma empresa fornecedora de cimento devem incluir requisitos que contemplem empresas que forne-am cimentos com o selo da qualidade - da aBcP

    ou de qualquer outro rgo - que possa comprovar a qualidade do produto. caso no haja selo, os consumidores devem pedir ao revendedor ou ao fabricante o laudo tcnico com os ensaios. um direito do consumidor e um dever do lojista, de acordo com o cdigo Brasileiro do consumidor. O usurio deve estar atento ao prazo de validade, que de trs meses, ao peso da sacaria, identificao do tipo de cimento e nome do fabricante e referncia norma da aBNt. definido o tipo de cimento, falta apenas atentar para os cuidados necessrios conservao do cimento (que um produto perecvel), pelo maior tempo pos-svel, no depsito ou no canteiro de obras.

    O cimento embalado em sacos de papel kraft de ml-tiplas folhas. trata-se de uma embalagem usada no mundo inteiro, para proteger o cimento da umidade e do manuseio no transporte, ao menor preo para o consumidor. alm disso, o saco de papel o nico que permite o enchimento com material ainda bastante aquecido, por ensacadeiras autom-ticas, imprescindveis ao atendimento do fluxo de produo (ao contrrio de outros tipos de embalagem j testados, como a de plstico). Mas, o saco de papel protege pouco o cimento nele contido da ao direta da gua.

    se o cimento entrar em contato com a gua na estoca-gem, ele vai empedrar ou endurecer antes do tempo, inviabi-lizando sua utilizao.

    a gua o maior aliado do cimento na hora de confeccio-nar as argamassas e os concretos. Mas o seu maior inimigo antes disso. Portanto, preciso evitar a todo custo que o ci-mento estocado entre em contato com a gua. essa gua no vem s da chuva, de uma torneira ou de um cano furado, mas tambm se encontra, sob forma de umidade, no ar, na terra, no cho e nas paredes.

    Por isso, o cimento deve ser estocado em local seco, coberto e fechado de modo a proteg-lo da chuva, bem como afastado do cho, do piso e das paredes externas ou midas, longe de tan-ques, torneiras e encanamentos, ou pelo menos separado deles.

    Recomenda-se iniciar a pilha de cimento sobre um tablado de madeira, montado a pelo menos 30 cm do cho ou do piso e no formar pilhas maiores do que 10 sacos. quanto maior a pilha, maior o peso sobre os primeiros sacos da pilha. isso faz com que seus gros sejam de tal forma comprimidos que o cimento con-tido nesses sacos fica quase que endurecido, sendo necessrio afof-lo de novo, antes do uso, o que pode acabar levando ao

    Figura 1 Sacos de cimento empilhados e

    prontos para expedio

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    rompimento do saco e perda de boa parte do material. a pilha recomendada de 10 sacos tambm facilita a contagem, na hora da entrega e no controle dos estoques.

    Para evitar ou minimizar as duas principais causas de dete-riorao do cimento aqui apontadas, ou seja, a umidade e carre-gamento excessivos dos sacos, recomenda-se a construo de um depsito coberto, bem arejado, com piso resistente, onde o cimento possa ser adequadamente armazenado.

    so sugeridos, a seguir, alguns dados para construo de um depsito de cimento para 1200 sacos (pilhas de 10):a) rea coberta de 58m2 (7,50m x 7,70m);b) sacos de 50 kg, com dimenses aproximadas de: 0,66m

    x 0,42m x 0,16m;c) estrado de madeira, com altura de 0,30m, com capaci-

    dade para 3t/m2;d) Previso de um corredor de acesso s pilhas com lar-

    gura de 1,20m e um afastamento mnimo das paredes de 0,30m;

    e) Piso de concreto com 0,10m de espessura, sobre base de 0,15m de brita; cobertura em telhas de fibrocimento;

    paredes de blocos de concreto de 0,20m de espessura. recomendvel utilizar primeiro o cimento estocado h

    mais tempo, deixando o que chegar por ltimo para o fim, o que evita que um lote fique estocado por tempo excessivo, j que o cimento, bem estocado, prprio para uso por trs meses, no mximo, a partir da data de sua fabricao.

    1. iNfluNcia da teMPeRatuRaa fabricao de cimento processa-se rapidamente. O cln-

    quer de cimento Portland sai do forno a cerca de 80oc, indo diretamente moagem, ao ensacamento e expedio, po-dendo, portanto, chegar obra ou depsito ainda quente. necessrio desfazer o mito da influncia da temperatura do cimento no aumento da temperatura do concreto e, por con-sequncia, no aparecimento de manifestaes patolgicas. estudos comprovam que h necessidade de aumento de 8oc na temperatura do cimento para aumentar em 1oc a tempe-ratura da maior parte dos concretos frescos, tendo a gua e os agregados influencia mais expressiva. assim, para controle de recepo, recomenda-se aceitar para uso imediato cimen-tos com at cerca de 70oc para a maior parte das aplicaes. acima dessa temperatura, poder haver problemas com traba-lhabilidade da argamassa ou do concreto com ele confecciona-dos. assim, deve-se deixar o cimento descansar at atingir a temperatura mais baixa e, para isso, recomenda-se estoc-lo em pilhas menores, de 5 sacos, deixando um espao entre elas para favorecer a circulao de ar, o que far com que eles se resfriem mais rapidamente.

    Nas regies de clima frio, a temperatura ambiente pode ser to baixa que ocasionar um retardamento do incio de pega. Para que isso no ocorra, convm estocar o cimento em locais protegidos de temperaturas abaixo de 12c.

    2. PROdutO cOM PRazO de validadetomados todos os cuidados na estocagem adequa-

    da do cimento para alongar ao mximo sua vida til, ainda assim alguns sacos de cimento podem se estragar. s ve-zes, o empedramento apenas superficial. se esses sacos forem tombados sobre uma superfcie dura e voltarem a se afofar, ou se for possvel esfarelar os torres neles contidos entre os dedos, o cimento desses sacos ainda se prestar ao uso normal, pois o empedramento pode ter se originado das cargas eletrostticas durante a moagem. caso contrrio, ainda se pode tentar aproveitar parte do cimento, peneirando-o. O p que passa numa peneira de malha de 5 mm (peneira de feijo) pode ser utilizado em aplicaes de

    Figura 2 Sacos de cimento estocados de

    forma correta

  • 28

    Figura 3 Projeto de um depsito de cimento para 1.200 sacos

    menor responsabilidade, como pisos, contrapisos e caladas, mas no deve ser utilizado em peas estruturais, j que sua resistncia ficou comprometida, pois parte desse cimento j teve iniciado o processo de hidratao.

    enfim, observa-se que fundamental a estocagem corre-ta, pois no apenas h o risco de perder-se parte do cimento, como tambm se acaba reduzindo a resistncia final do cimen-to que no chegou a estragar. deve se enfatizar que a cor do cimento no indicativa de resistncia mecnica. necessrio desmitificar o fato que o cimento mais escuro mais forte e o cimento mais claro mais fraco, sendo a colorao ligada to somente s caractersticas das matrias-primas.

    3. cuidadOs sadeas pessoas que trabalham com o cimento e com materiais

    de construo devem estar esclarecidas a respeito da natureza dos materiais e os possveis riscos que possam oferecer.

    cada produto empregado na construo tem comporta-mento prprio, que deve ser conhecido para que se evite o seu mau uso ou manuseio incorreto, que poder resultar dano sade. O cimento, por exemplo, quando reage com a gua, li-bera o hidrxido de clcio que confere mistura alcalinidade elevada.

    a alcalinidade a propriedade das substncias alcalinas ou bsicas que misturadas com gua apresentam soluo com pH superior a 7. em virtude desse comportamento alcalino do cimento, necessrio tomar precaues em seu manuseio, para evitar riscos sade do trabalhador.

    se a pele for exposta a forte alcalinidade do cimento, em

    associao abrasividade dos materiais de construo, podem ocorrer leses conhecidas como queimaduras do cimento. a alcalinidade retira a camada de gordura protetora da pele, expondo-a a outros tipos de infeces.

    em geral, os materiais com que se trabalha na constru-

    o civil so abrasivos e at cortantes, incluindo-se tijolos,

    telhas, blocos de concreto, ferragens, madeira, vidros, areia,

    pedra, concreto, cal, cimento, etc.

    sem a devida proteo, esses materiais agridem cons-

    tantemente a pele, causando microtraumatismos, o que fa-

    cilita ainda mais a ao alcalina dos cimentos. desta forma,

    h que se proteger as mos, os braos e ps e toda parte

    que possa entrar em contato com a alcalinidade.

    durante o trabalho com o cimento, recomenda-se o uso

    de equipamento de proteo individual, entre eles:n luvas de Pvc e botas de borracha para servios de

    concretagem;n luvas de lona com ou sem raspa para a desforma e ma-

    nuseio dos materiais diversos;n capacetes de segurana para uso constante na obra;n culos de segurana e mscaras; n creme protetor contra eventuais dermatoses devem ser

    usados somente sob orientao mdica.

    se ocorrerem acidentes, devem ser tomadas as seguin-

    tes precaues:n Olhos

    em caso de contato do cimento com os olhos, lavar as

    reas afetadas com gua em abundncia;n pele

    em caso de contato do cimento com a pele, lavar as

    reas afetadas com gua em abundncia e remover as

    roupas contaminadas;

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    as reas afetadas melhorarem. a dermatose ocorrida no ser-vio considerada acidente de trabalho. se isso acontecer, a empresa deve emitir a comunicao de acidente do trabalho (cat), a fim de assegurar o tratamento integral da dermatose.

    em suma, as dermatoses pelo cimento podem ser per-feitamente evitadas se medidas de higiene forem adotadas juntamente com a utilizao dos equipamentos de segurana adequados para cada atividade. l

    n Inalao

    O nariz e a garganta devem ser lavados com gua por

    pelo menos 20 minutos e remover o paciente da

    exposio;n Ingesto No induzir vmito. lavar previamente a boca com gua

    e beber quantidade abundante, procurando atendimento mdico em todos os casos.

    se as mos ou os ps de um trabalhador da construo civil estiverem feridos ou irritados aps contato com o cimen-to, ele deve procurar o servio mdico, seja na empresa ou no posto de sade mais prximo. durante o perodo de tra-tamento, o trabalhador deve evitar contato com cimento at

    Figura 4 Luvas de lona para assentamento

    de blocos de concreto

    Figura 5 EPIs usados na construo civil

  • 30

    Recomendaes sobre o uso dos distintos tipos

    de Cimento portland nas diferentes aplicaes

    aRNaldO fORti BattaGiN gelogo, gerente do laBoratrioHuGO ROdRiGues diretor de marketing do iBraCon e gerente de ComuniCao

    assoCiao Brasileira de Cimento Portland

    1. iNtROduO

    O cimento Portland, misturado com gua e ou-tros materiais de construo, como agregados midos e grados, adies cimentcias, aditivos qumicos, pigmentos, cal e outros, resulta nos

    concretos e nas argamassas usadas na construo de ca-sas, edifcios, pontes, barragens etc.

    as caractersticas e propriedades desses concretos e

    argamassas vo depender da qualidade e propores dos materiais com que so compostos.

    dentre esses materiais, o cimento o mais ativo quimi-camente, sendo o principal responsvel pela transformao da mistura no produto final desejado (uma laje, uma viga, um revestimento etc.).

    Para aproveitar da melhor forma possvel o potencial de desempenho resultante das caractersticas e propriedades in-

    trnsecas dos diversos tipos de cimentos na aplicao que se tem em vista de fundamental importncia utiliz-lo correta-mente e, assim, escolher o tipo de cimento mais adequado.

    H tempos havia no Bra-sil, assim como na maioria dos pases, um nico tipo, o cimento Portland comum, que predominou at fins da dcada de 1980.

    com a evoluo do conheci-mento tecnolgico, fo ram sendo fabricados e consumidos novos tipos de cimento Portland, cujos existentes hoje no mercado bra-sileiro servem para o uso geral. Museu Iber Camargo: destaque para o uso de cimento portland branco

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    alguns deles, entretanto, apresentam certas caracte-rsticas e propriedades que os tornam mais adequados para determinados usos, permitindo que se obtenha um concreto ou uma argamassa com a resistncia e durabilidade deseja-das, de forma econmica.

    uma das melhores maneiras de conhecer as caracters-ticas e propriedades dos diversos tipos de cimento Portland conhecer sua composio, pois esta a base adotada mundialmente nas normas tcnicas para classificao dos diversos tipos de cimento.

    2. cOMPOsiO dOs difeReNtes tiPOs de ciMeNtOO cimento Portland composto de clnquer e de adies.

    O clnquer o componente obrigatrio presente em todos os tipos de cimento Portland. as adies podem variar de um tipo de cimento para outro e so principalmente elas que definem os critrios de classificao dos diferentes tipos de cimento.

    2.1 ClnquerO clnquer tem como matrias-primas o calcrio e a

    argila, obtidos de jazidas em geral situadas nas proximi-dades das fbricas de cimento. a rocha calcria primei-ramente britada, depois moda e, em seguida, misturada, em propores adequadas, com argila moda. a mistura conduzida a um forno rotativo de grande dimetro e comprimento, cuja temperatura interna chega a alcan-ar 1450oc. O intenso calor transforma a mistura em um novo material, denominado clnquer, que se apre-senta sob a forma de pelotas. Na sada do forno, o clnquer, ainda incandescente, bruscamente resfriado para posteriormente ser finamente modo, transfor-mando-se em p. O clnquer em p tem a peculiaridade de desenvolver uma reao qumica em presena de gua, formando silicatos, aluminatos e ferroaluminatos clcicos hidratados, endurecendo e adquirindo elevada resistncia e durabilidade. essa caracterstica do cln-quer faz dele um ligante hidrulico muito resistente, sua propriedade mais importante.

    2.2 adiesas adies so outros componentes do cimento que,

    misturadas ao clnquer, geralmente na fase de moagem, permitem a fabricao dos diversos tipos de cimento Portland hoje disponveis no mercado. so elas: o sulfato de clcio, as escrias de alto-forno, os materiais pozol-nicos e os materiais carbonticos.

    O sulfato de clcio tem como funo bsica contro-lar o tempo de pega. caso no se adicionasse o sulfato de clcio moagem do clnquer, o cimento, quando en-trasse em contato com a gua, endureceria quase que instantaneamente, o que inviabilizaria seu uso nas obras. Por isso, o sulfato de clcio uma adio presente em todos os tipos de cimento Portland. a quantidade adicio-nada pequena, em geral, 3% a 4% de sulfato de clcio em massa.

    as escrias de alto-forno so obtidas durante a pro-duo de ferro-gusa nas indstrias siderrgicas e se asse-melham a gros de areia. antigamente, as escrias granu-ladas de alto-forno eram consideradas como um material sem maior utilidade, at ser descoberto que elas tambm tinham a propriedade de ligante hidrulico muito resis-tente, ou seja, que reagem em presena de gua, quando ativada por um meio alcalino, desenvolvendo resistncia de forma muito semelhante do clnquer. essa descober-ta tornou possvel adicionar a escria moagem do cln-quer com sulfato de clcio, guardadas certas propores,

    Estruturas de concreto do Edifcio M. Bigucci, feitas com cimento Cp-II E

  • 32

    e obter como resultado um tipo de cimento que, alm de atender plenamente aos usos mais comuns, apre-senta melhoria de algumas propriedades, como maior durabilidade e maior resis-tncia final. essa interao clnquer-escria na pasta hidratada de cimento de-corrente da ativao alcalina da escria pelo hidrxido de clcio liberado pelas reaes de hidratao do clnquer.

    Os materiais pozolnicos constituem um conjunto de materiais, como certas ro-chas vulcnicas, certos tipos de argilas calcinadas em elevadas temperaturas (550oc a 900oc) e cinzas da queima de carvo mineral nas usinas termeltricas, conhecidas como cinzas volantes. como no caso da escria de alto-forno, pesquisas levaram desco-berta de que os materiais pozolnicos, quando pulverizados em partculas muito finas, tambm passam a apresentar a propriedade de endurecimento se forem colocados em presena de cal, que justamente o mesmo hidrxido de clcio liberado no processo de hidratao do clnquer. esse o motivo pelo qual a adio de materiais pozolnicos ao clnquer modo com sulfato de clcio perfeitamente vi-vel, at um determinado limite. e, em alguns casos, at recomendvel, pois o tipo de cimento assim obtido ainda oferece a vantagem de conferir maior impermeabilidade, por exemplo, aos concretos e s argamassas, o que con-tribui para sua durabilidade.

    Outros materiais pozolnicos, como o metacaulim, resultante da microssinterizao de argilas caulinticas puras ou cinzas resultantes da queima de cascas de ar-roz, e ainda a slica ativa, um p finssimo que sai das chamins das fundies de ferro-silcio regional, j tm seu uso consagrado no Brasil como adio no concreto, a exemplo de outros pases. alguns fabricantes de cimento j praticam sua incorporao direta ao cimento.

    Os materiais carbonticos so rochas modas que apresentam carbonato de clcio em sua constituio, como o prprio calcrio. quando presentes no cimento so conhecidos como fler calcrio. a adio de fler cal-

    crio causa um efeito qumico e fsico durante a hidrata-o do cimento. O efeito qumico limitado e decorre da formao de carboaluminatos, com influncia na pega e na resistncia, fruto da incorporao de cacO

    3 na estru-

    tura do c-s-H, o principal composto da hidratao das pastas de cimento e que responsvel pelo desenvolvi-mento da resistncia mecnica. O efeito fsico da adio calcria se deve unicamente ao preenchimento dos poros (efeito fler), por ser geralmente um material extrema-mente fino. Por apresentar moabilidade mais fcil que o clnquer, durante a moagem conjunta nos moinhos in-dustriais, ele se concentra nas fraes mais finas do ci-mento. essas fraes preenchem os poros e, ao mesmo tempo, promovem uma acelerao da hidratao ao se comportarem como locais de nucleao na formao dos novos compostos de hidratao, servindo para tornar os concretos e as argamassas mais trabalhveis.

    2.3 ClassifiCao dos distintos tiPos de CimentoO uso de adies - cujo teor constitui um dos critrios

    de classificao dos tipos de cimento - vem aumentando no mundo inteiro, inclusive no Brasil, pois contribui para diminuir as emisses especficas de cO

    2, um dos gases de efeito estu-

    fa, tema muito discutido por conta das mudanas climticas.a indstria brasileira de cimento apresenta nveis

    de emisso bastante reduzidos, o que a tem posicionado como uma das mais ecoeficientes, transformando-a em benchmark mundial.

    pavimento de Concreto na serra de so Vicente, com cimento Cp-III

    eNteNdeNdO O cONcRetO

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    O quadro 1 apresenta os tipos de cimento bsicos nor-malizados pela associao Brasileira de Normas tcnicas (aBNt) e as respectivas composies, em funo do teor de adies presentes.

    Os principais tipos oferecidos no mercado, ou seja, os mais empregados nas diversas obras de construo civil so:n cimento Portland composto com escria (cP ii-e);n cimento Portland composto com pozolana (cP ii-z);n cimento Portland composto com material carbontico

    (cP ii-e).em menor escala so consumidos, seja pela menor

    oferta, seja pelas caractersticas especiais de aplicao ou disponibilidades regionais, os seguintes tipos de cimento:

    n cimento Portland comum (cP i);n cimento Portland de alto-forno (cP iii);n cimento Portland pozolnico (cP iv);n cimento Portland de alta resistncia inicial (cP v).

    alem dos tipos descritos, que se pode classificar como bsicos, existem no mercado tipos especiais de cimento que deles derivam por apresentar proprie-dades adicionais, como cimento Portland resistente aos sulfatos, o cimento Portland branco, o cimento Portland de baixo calor de hidratao e o cimento para poos petrolferos.

    Os cinco tipos bsicos de cimento podem ento ser resistentes aos sulfatos, desde que se enquadrem em

    pelo menos uma das seguin-tes condies:n 1) teor de aluminato tri-

    clcico (c3a) do clnquer e

    teor de adies carbonti-cas de, no mximo, 8% e 5% em massa, respecti-vamente;

    n 2) cimentos do tipo alto--forno que contiverem en-tre 60% e 70% de escria granulada de alto-forno, em massa;

    n 3) cimentos do tipo po-zolnico que contiverem entre 25% e 40% de ma-terial pozolnico, em mas-sa; e

    Quadro 1 Tipos bsicos de cimento e sua composio normalizada

    Tipo de Cimento Portland

    Sigla

    Composio (% em massa)

    Norma Brasileira

    Comum

    Composto

    Alto-fornoPozolnico

    Alta resistncia inicial

    CP ICP I-SCP II-ECP II-ZCP II-FCP IIICP IV

    CP V-ARI

    Clnquer+

    sulfato de clcio

    Escria granuladade alto-forno

    (sigla E)

    Material pozolnico

    (sigla Z)

    Material carbontico

    (sigla F)

    10099-9594-5694-7694-9065-2585-45

    100-95

    6-34

    35-70

    1-5

    6-14

    15-50

    0-100-106-100-50-50-5

    ABNT NBR 5732

    ABNT NBR 11578

    ABNT NBR 5735ABNT NBR 5736ABNT NBR 5733

    pavimento de concreto da BR-101, com cimento Cp-II Z

  • 34

    n 4) cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa durao ou de obras que comprovem resistncia aos sulfatos.

    desse modo, os cimentos resistentes a sulfatos so de-signados pelo tipo de cimento do qual se deriva, acrescido do sufixo Rs. a principal proprie-dade caracterstica - como o prprio nome e sigla adicionais destacam - que eles oferecem resistncia aos meios agressivos sulfatados, como redes de esgo-tos de guas servidas ou indus-triais, gua do mar e a alguns ti-pos de solos. Podem ser usados em: concreto dosado em central, concreto de alto desempenho, obras de recuperao estrutural e industriais, concreto projetado, armado e protendido, elementos pr-moldados de concreto, pisos industriais, pavimentos, arga-massa armada, argamassas e concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estaes de tratamento de gua e esgotos, obras em regies litorneas, subterrneas e martimas.

    O mesmo acontece com o cimento Portland de Baixo calor de Hidratao (Bc), que, alm das siglas e classes de seu tipo, recebe o acrscimo da sigla Bc. Por exemplo: cP iii-32 (Bc) o cimento Portland de alto-forno com baixo calor de hidratao, determinado pela sua composio. esse tipo de cimento tem a propriedade de retardar o despren-dimento de calor em peas de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem trmica, de-vido ao calor desenvolvido durante a hidratao do cimento.

    como o primeiro cimento Portland lanado no mercado

    brasileiro foi o conhecido cP, correspondendo atualmente ao cP i, sem quaisquer adies alm do sulfato de clcio como retardador da pega, ele acabou sendo considerado, na maioria das aplicaes usuais, como termo de referncia para com-parao com as caractersticas e propriedades dos tipos de cimento posteriormente fabricados. seguindo o exemplo de pases tecnologicamente mais avanados, surgiu no merca-do brasileiro, em 1991, um novo tipo de cimento, o cimento Portland composto, cuja composio intermediria entre os cimentos Portland comuns e os cimentos Portland com adies (alto-forno e pozolnico). atualmente, os cimentos Portland compostos so os mais encontrados no mercado, respondendo por quase 70% da produo industrial brasileira e so utilizados na maioria das aplicaes usuais.

    O quadro 2 mostra a evoluo da produo dos vrios tipos de cimento, de acordo com estatstica efetuada pelo sindicato Nacional da indstria do cimento sNic.

    Quadro 2 Evoluo da produo por tipo de cimento (%)

    Tipo decimento

    Ano

    CPICPIICPIIICPIVCPV

    Branco

    1960 1970 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012

    95,5

    3,8

    89,7

    7,62,1

    80,8

    11,47,5

    73,2

    10,116,2

    75,0

    12,312,50,020,17

    2,974,110,99,42,60,12

    1,279,76,55,86,70,05

    2,065,017,56,65,30,2

    0,266,514,411,67,3

    0,263,115,213,48,1

    0,161,115,414,88,6

    detalhe das estruturas do vertedouro da Barragem de Castanho, Cear, feitas com cimento Cp-IV

    eNteNdeNdO O cONcRetO

  • & C

    onst

    ru

    es&

    Con

    stru

    es

    & C

    onst

    ru

    es

    35

    3. iNfluNcia dOs tiPOs de ciMeNtO Nas aRGaMassas e cONcRetOs e RecOMeNdaes Nas difeReNtes

    aPlicaesas propriedades dos concretos e argamassas depen-

    dem fundamentalmente das caractersticas de seus cons-tituintes, da proporo entre eles, das condies de cura e adensamento, da sua interao com o ambiente em que est inserido, entre outras.

    Quadro 3 Inf luncia dos tipos de cimento nas argamassas e concretos

    PropriedadeTipo de cimento Portland

    Resistncia compresso

    Calor gerado na reao do cimento

    com a gua

    Impermeabilidade

    Resistncia aos agentes agressivos

    (gua do mar e de esgotos)

    Durabilidade

    Comum e composto

    Alta resistncia inicial

    Resistente aos sulfatos

    Branco estrutural

    Baixo calor de hidratao

    Alto-forno Pozolnico

    Padro

    Padro

    Padro

    Padro

    Padro

    Muito maior nos primeiros

    dias

    Maior

    Padro

    Menor

    Padro

    Padro

    Padro

    Padro

    Maior

    Maior

    Padro

    Maior

    Padro

    Menor

    Padro

    Menor nos primeiros

    dias e padro no final da cura

    Menor

    Padro

    Maior

    Maior

    Menor nos primeiros

    dias e maior no final da cura

    Menor

    Maior

    Maior

    Maior

    Menor nos primeiros

    dias e maior no final da cura

    Menor

    Maior

    Maior

    Maior

    de forma geral, todos os tipos de cimento Portland so adequados, em sua maior parte, a todos os tipos de es-trutura e aplicaes.

    existem, entretanto, al-guns tipos de cimento que so mais vantajosos ou reco-mendveis para determina-das aplicaes.

    dentro desse princpio, pode-se afirmar que os ci-mentos cP i e cP ii se desti-nam a aplicaes gerais, ao passo que o cP iii, cP iv e aRi comportam-se melhor em al-gumas situaes especficas.

    Mantidos outros parme-tros constantes, o quadro 3 mostra, de maneira simplifica-da, de que forma os diversos tipos de cimento agem sobre as argamassas e concretos de funo estrutural com eles constitudos.

    as influncias assinaladas no quadro 3 so relativas, podendo-se ampliar ou reduzir seu efeito sobre as arga-massas e concretos por meio do aumento ou diminuio da quantidade de seus componentes, sobretudo a gua e o cimento. as caractersticas dos demais componentes, que

    pr-fabricados de concreto feitos com cimento Cp-V

    cr

    dIT

    O: c

    aT

    lOg

    O d

    O In

    sTIT

    uTO

    Idd

  • 36

    so principalmente os agregados (areia, pedra britada, p de pedra etc.), tambm podero alterar o grau de influncia, sobretudo se contiverem matrias orgnicas, apresenta-rem-se friveis ou mesmo potencialmente reativos ou ain-da se forem fontes de substncias deletrias ao concreto. finalmente, podem-se usar aditivos qumicos para reduzir certas influncias ou aumentar o efeito de outras, quando desejado ou necessrio.

    tudo isso leva concluso de que necessrio estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e con-cretos a partir do tipo de cimento escolhido ou disponvel na praa, de forma a estabelecer uma composio que d o melho