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Direito Administrativo p/ AFT e RFB Profº. Cyonil Borges e Sandro Bernardes – aula 00 Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 39 AULA DEMONSTRATIVA SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 2 e 3 2. Cronograma 4 e 5 3. Metodologia 6 e 7 4. Teoria 8 a 34 5. Questões de Fixação 34 a 39 Observação: apesar de ser um curso teórico, serão intercaladas, ao longo das aulas, muitos exercícios da ilustre ESAF e bancas mais tradicionais. A ESAF está um pouquinho diferente, por isso, além da teoria, é ponto-chave a resolução da lista de exercícios.

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    AULA DEMONSTRATIVA

    SUMRIO PGINA

    1. Apresentao 2 e 3

    2. Cronograma 4 e 5

    3. Metodologia 6 e 7

    4. Teoria 8 a 34

    5. Questes de Fixao 34 a 39

    Observao: apesar de ser um curso terico, sero intercaladas, ao longo das aulas, muitos exerccios da ilustre ESAF e bancas mais

    tradicionais. A ESAF est um pouquinho diferente, por isso, alm da teoria, ponto-chave a resoluo da lista de exerccios.

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    APRESENTAO

    Concursandos de todo o Brasil,

    As provas de ESAF de Direito Administrativo esto diferentes. As

    realizadas no ano de 2012 foram cyonistras. E, quanto mais difceis, maior a necessidade de nos prepararmos, tomando por base, obviamente, excelentes materiais (livros, apostilas, PDFs, vdeos).

    E, por falar em materiais para concursos, nos fruns da vida, vemos

    posts de que seria premente adquirir livros. Amigas(os), ledo engano. As provas de ESAF foram construdas com base em 8 ou mais literaturas especializadas, e, sobretudo, base da jurisprudncia do STJ e

    do STF, e, por vezes, do Tribunal de Contas da Unio. Ou seja, haveria a necessidade de aquisio de, pelo menos, 5 livros de DOUTRINA, e

    leitura de mais de 2 mil folhas de jurisprudncias e cartilhas, incluindo os Manuais da Controladoria-Geral da Unio.

    Pra ter ideia de quo diferente se comportou a ESAF, em trs dos melhores livros de concursos pblicos, totalizando mais de 2.500 folhas

    de leitura, no havia duas das dez questes de Direito Administrativo da prova da Receita Federal.

    certo que, com esse manancial de informaes, a(o) amiga(o) concursando vai se safar em Direito Administrativo, e estar pronto para

    ser Professor de cursinho... Mas tambm certo que no haver tempo

    para nenhuma outra matria!

    E o material PDF? suficiente?

    Nem sempre! E a lgica tambm simples de compreender. Os alunos, infelizmente, prezam materiais mais resumidos, sintticos, direto ao ponto. E, dentro de uma lgica empresarial, os Professores acabam

    traduzindo no PDF a tendncia (passada) das ilustres organizadoras, com materiais objetivos, pragmticos. Se a tendncia se perpetuar, o

    Professor se consagra entre os concursandos. Se a biruta tomar vento de Sudoeste, o PDF do Professor no ser suficiente, e, portanto, perder as

    graas dos concursandos.

    O bom do PDF no ter limitao de folhas. Ns, Professores,

    podemos avanar por doutrina, jurisprudncia, questes de fixao. Pra ter ideia, nos materiais em PDF, temos conseguido 70 ou mais por cento

    das provas de Direito Administrativo de qualquer ilustre organizadora,

    incluindo ESAF. O problema que as aulas ficam gigantescas, cansativas, e at enfadonhas. Mas um mal necessrio! E, para tentarmos chegar aos 100%, a volta do Sandro Maranho, parceiro de outras empreitadas.

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    As aulas deste curso so preparadas de acordo com mais de 15

    bons livros doutrinrios de Direito Administrativo, alm de algumas teses de Mestrado/Doutorado, e jurisprudncias do STF,

    STJ e TCU. Ressalte-se que a ideia no criar o Direito, mas sim

    organiz-lo, pare simplicar os seus estudos.

    Ento, amigas(os), se voc procura estratgia, no perca tempo, vem

    para o curso estratgia. Aqui no stio do curso on-line estratgia voc vai encontrar os melhores Professores, os melhores materiais.

    Com relao banca ESAF, , sem sombra de dvidas, uma das melhores organizadoras de concursos pblicos. Tempos atrs, falvamos horrores

    da instituio (chegamos a ponto de cham-la de ERRAF, do tanto de lambana que a banca fez). Hoje, o verbo distinto. A banca tem prezado pela qualidade dos certames, porm nem sempre preza pela novidade, o que um lado positivo para os Professores de cursinhos

    preparatrios, afinal sempre acertamos na mosca! Esse ser o caso deste curso, claro!

    Ah! Apesar de ser um curso mais dirigido aos entendimentos

    ESAFEANOS, um curso de teoria, e, enquanto tal, servir para todas as carreiras fiscais, jurdicas e Tribunais em geral. s curtir!

    No site www.tecconcursos.com.br, h mais de 28 mil questes

    comentadas das mais diversas disciplinas. Em Direito Administrativo, h

    quase mil questes s de ESAF. Das oportunas dicas de estudo, os 1s

    colocados da Receita Federal indicaram o treinamento por meio de

    questes comentadas. O comercial do TECCONCURSOS porque somos

    Professores de l tambm! Mas a ferramenta no tem qualquer vinculao

    societria com o curso Estratgia Concursos.

    Forte abrao a todos,

    Cyonil Borges e Sandro Bernardes.

    Observao: a aula demonstrativa s parte da nossa realidade. A aula completa estar disponvel para os alunos regularmente matriculados. Aguardo vocs! Se voc pretende se matricular, peo que aguarde e imprima a aula 01 (verso full).

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    PROGRAMA E CRONOGRAMA

    A seguir, vejamos a distribuio do nosso curso:

    AULA 00: DEMONSTRATIVA: Direito administrativo como direito pblico. Objeto do direito administrativo. Conceito de administrao

    pblica sob os aspectos orgnico, formal e material. Fontes do direito administrativo: doutrina e jurisprudncia na formao do direito

    administrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos e regimentos; instrues; princpios gerais; tratados internacionais;

    costume.

    AULA 01: Direito administrativo como direito pblico. Objeto do direito

    administrativo. Conceito de administrao pblica sob os aspectos orgnico, formal e material. Fontes do direito administrativo: doutrina e

    jurisprudncia na formao do direito administrativo. Lei formal.

    Regulamentos administrativos, estatutos e regimentos; instrues; princpios gerais; tratados internacionais; costume. VERSO COMPLETA

    E DISPONVEL.

    AULA 02 (28/2): Regime Jurdico Administrativo (Princpios da

    Administrao).

    AULA 03 (6/3): Poderes da Administrao e Uso e Abuso de Poder.

    AULA 04 (16/3): Fatos da administrao pblica: atos da administrao pblica e fatos administrativos. Formao do ato administrativo:

    elementos; procedimento administrativo. Atributos ou requisitos.

    Aula 05 (26/3): Ato administrativo: validade, eficcia e

    autoexecutoriedade. Classificao. Mrito do ato administrativo: discricionariedade. Teoria das nulidades no direito administrativo. Vcios

    do ato administrativo. Ato administrativo nulo, anulvel e inexistente. Teoria dos motivos determinantes. Revogao, anulao e convalidao

    do ato administrativo.

    AULA 06 (30/3): Servios pblicos: conceito, princpios, formas de prestao, classificao; concesso, permisso e autorizao.

    AULA 07 (5/4): Parcerias Pblico-Privadas e Consrcios Pblicos.

    AULA 08 (12/4): Responsabilidade civil do Estado e dos prestadores de

    servios pblicos: evoluo, conceito e teorias. Ao e omisso. Responsabilidade civil, penal e administrativa do servidor.

    AULA 09 (18/4): Centralizao e descentralizao da atividade administrativa do Estado. Administrao pblica direta e indireta.

    eduardoMquina de escreverPrincpios bsicos ou expressos da Administrao: legalidade, moralidade, impessoalidade, finalidade, publicidade, eficincia.

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    eduardoLpis

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    AULA 10 (24/4): Agncias Reguladoras e Executivas. Regimes de

    Parceria.

    AULA 11 (30/4): Bens pblicos: classificao e caracteres jurdicos.

    Natureza jurdica do domnio pblico. Utilizao dos bens pblicos:

    autorizao, permisso e concesso de uso; ocupao; aforamento; concesso de domnio pleno.

    AULA 12 (7/5): Licitaes Pblicas (Lei 8.666, de 1993).

    AULA 13 (14/5): Lei 10.520, de 2002 (Lei do Prego). Sistema de

    Registro de Preos. Regime Diferenciado de Contrataes Pblicas (RDC).

    AULA 14 (20/5): Contratos Administrativos (Lei 8.666, de 1993).

    Regime de contratao afeto s microempresas e empresas de pequeno porte.

    AULA 15 (27/5): Convnios. Decreto n 6.170, de 25/07/2007. Portaria Interministerial n 507, de 24/11/2011.

    AULA 16 (4/6): Agentes Pblicos: aspectos constitucionais.

    AULA 17 (10/6): Agentes Pblicos: Lei 8.112, de 1990, e alteraes

    posteriores.

    AULA 18 (17/6): Processo Administrativo Federal (Lei 9.784, de 1999).

    AULA 20 (24/6): Controle interno e externo da administrao pblica.

    Tribunal de Contas da Unio e suas atribuies Procedimento administrativo. Instncia administrativa. Representao e reclamao

    administrativas. Pedido de reconsiderao e recurso hierrquico prprio e imprprio. Prescrio administrativa.

    AULA 21 (30/6): Improbidade administrativa.

    AULA 22 (7/7): Interveno do Estado na Propriedade.

    AULA 23 (10/7): Lei de Acesso Informao.

    AULA 24 (15/7): tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder

    Executivo Federal (exclusivamente em Exerccios).

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    METODOLOGIA

    A metodologia deste curso est baseada, essencialmente, em trs

    pilares:

    I) Objetividade: os assuntos sero tratados de forma direta, sem

    pirotecnias jurdicas", buscando o que h de mais importante para ser destacado em cada questo, sem, obviamente, perder de vista os pontos

    cruciais (mais cobrados em concurso) de to rica disciplina que o Direito Administrativo;

    II) Conciso: este curso visa ser claro e preciso, sem incorrer na prolixidade to comum dos estudos acadmicos, a qual, apesar de ser

    importante nas discusses doutrinrias, muitas vezes acaba por afastar o aluno do foco pretendido, qual seja: a indicao da posio correta

    que est sendo adotada pelas principais bancas examinadoras,

    especialmente ESAF, por razes bvias; e

    III) Abordagem da matria sem perda de contedo: a objetividade e

    a conciso almejadas no foram pensadas com sacrifico do contedo necessrio.

    ORIENTAES FINAIS1

    A seguir, algumas breves consideraes acerca da preparao

    necessria, baseadas na experincia como professores de cursos preparatrios, somada prpria trajetria como concursandos.

    No h um mtodo nico para a aprovao em concurso. No existe uma receita de bolo infalvel que possa ser utilizada por todas as pessoas. Tambm no h como pr-determinar de forma generalizada um

    nmero de horas mnimo ou mximo por dia que o aluno deve se dedicar aos estudos, como se fosse a chave do sucesso. No se pode dizer, ainda, que est certo ou errado estudar somente uma matria (ou mais de uma) numa semana. Em sntese, o segredo : crie a sua prpria

    estratgia.

    Claro que, a partir de experincia prpria, como estudante e,

    sobretudo, como colaborador na preparao de alunos para concursos, principalmente os realizados pela Esaf, Cespe e FCC, algumas concluses

    podem ser tiradas:

    1. Planejamento: preciso que se estabelea um ciclo de estudos.

    No ciclo, independentemente do nmero de horas de estudo que for definido para cada dia da semana, o importante estudar TODOS os dias,

    1 As dicas so sintticas, fruto de minha experincia colhida no magistrio, especialmente em minhas turmas de Tribunal de Contas da Unio, que tive o prazer de orientar nos ciclos de estudo no ano 2003 em Braslia. Para um maior aprofundamento, recomendo a excelente e criativa obra do autor Alexandre Meirelles. Simplesmente adorvel.

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    ainda que apenas meia hora. Aqui vale o ditado de que o hbito faz o monge. Pode ser uma matria de cada vez, mais de uma, ou todas numa semana. Mas preciso, fundamentalmente, uma rotina, um mtodo, algo

    padronizado. importante informar aos candidatos que,

    independentemente do concurso, so sempre trs os requisitos para a aprovao PLANEJAMENTO (a tal da rotina), DISCIPLINA (cumprir o planejado) e DISPOSIO (cumprir o planejado, com todo afinco possvel);

    2. Seu projeto pode durar seis meses, um ano, ou mais anos. De todo modo, o caminho ser mais curto se voc no perder o foco no

    concurso desejado. preciso que voc ponha algo em sua cabea: no posso esmorecer. De fato, necessrio continuar entusiasmado,

    avanando sobre a matria, pois como j diz um velho almirante fuzileiro naval, um corpo que no vibra um esqueleto que se arrasta, ou seja, se voc no quer ser um esqueleto se arrastando sobre a disciplina ento vibre com cada tpico novo que voc aprende de cada matria que ir

    cair na sua prova;

    3. No escolha cursinhos preparatrios por grife. Informe-se

    sobre as qualidades dos professores, analisando se atendem s suas

    necessidades. Verifique com ex-alunos do curso que pretende fazer se as aulas esto em sintonia fina com o que h de mais recente na

    jurisprudncia dos Tribunais Superiores;

    4. Tenha f! O candidato a concurso pblico deve ter f, deve crer

    que no dia D far a sua melhor prova, deve crer que durante a sua preparao no medir esforos para estudar todos os itens do edital e,

    principalmente, deve crer que capaz de ocupar aquele to sonhado cargo pblico!

    Outra coisa, jamais acredite nas LENDAS que so contadas nos corredores dos cursinhos de que Fulano de tal passou no concurso sem estudar porque muito inteligente. No caia nessa. Passar em concurso exige: DISCIPLINA e DEDICAO. No h glria sem

    sofrimento, mesmo para o Fulano de tal (o Sr. Inteligncia).

    Assim, com voc imbudo desse nimo de confiana ficar mais fcil

    para assimilarmos os conceitos constantes dos tpicos sobre Direito

    Administrativo.

    Bom, passemos aula-demo. Espero que se deliciem com o assunto.

    Abrao a todos,

    Cyonil Borges e Sandro Bernardes.

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    Parte 1 Noes gerais

    1.1. Estado: conceito, elementos, classificao

    Essa primeira aula bastante conceitual, porm, no suficiente para nos angustiar. Vamos passear um pouco nas linhas introdutrias do Direito Constitucional, para garantirmos a completa compreenso dos

    detalhes do nosso querido Direito Administrativo.

    De fato, o conceito de Estado no fixo no tempo e sequer no espao. O

    prprio signo Estado recente, aparecendo, com o sentido que ora se utiliza, pela primeira vez na obra O Prncipe, de Maquiavel (sc. XVI). Apesar disso, alguns elementos ditos constitutivos costumam ser constantes: o humano, o geogrfico, e o poltico-administrativo. Com

    outras palavras, e respeitadas as posies doutrinrias divergentes, a figura do Estado s se faz presente a partir da constituio, nessa

    ordem, por um povo, por um territrio, e por um governo soberano.

    Sinteticamente, cada um desses pode assim ser definido:

    POVO elemento humano, a base DEMOGRFICA.

    TERRITRIO so os limites do Estado, sua base GEOGRFICA.

    GOVERNO SOBERANO diz respeito ao elemento condutor, responsvel pela organizao do Estado, afinal no h Estado real sem soberania!

    Ao lado desses, h bons autores que acrescentam o elemento

    finalidade como informador do Estado, verdadeiro elemento teleolgico leia-se: finalstico, como nosso Jos Afonso da Silva. Isso porque no se pode pensar a figura do Estado sem um projeto para o futuro. A leitura do art. 3 do texto constitucional esclarece bem esse sentido, ao ilustrar

    as normas constitucionais programticas.

    Muitos autores fazem questo de destacar que os elementos acima so

    INDISSOCIVEIS, ou seja, precisam andar juntos para que se chegue noo conceitual que se tem, atualmente, de Estado.

    Um breve exemplo permite-nos chegar a tal concluso: imaginemos um Estado sem um governo soberano, ou cuja soberania no reconhecida

    pelos demais Estados. Imaginou?

    Nessa hiptese, o que teremos no um Estado, mas problemas, como

    no caso do Estado palestino frente a Israel.

    Como Israel no reconhece, de regra, a soberania do Estado palestino, h

    o entendimento de que tem legitimidade para, por exemplo, prender

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    ministros e outras autoridades palestinas, se descumprirem leis

    israelenses, dentro da Faixa de Gaza. Faixa essa entendida por Israel como parte de seu territrio, e, portanto, lugar de aplicao de suas leis.

    Se ainda no caiu a ficha, pensa rapidamente se existe o Estado da

    Atlntida! Se considerssemos a descoberta desta ilha perdida, mesmo assim no poderamos encaix-la na qualidade de Estado, pois, no lugar

    de POVO, encontraramos POLVO, o qual no nos parece ser elemento constitutivo do Estado!

    Alm disso, registre-se que a uniformidade lingustica no elemento de formao dos Estados, apesar de excelente para que se d identidade

    a um povo e facilite a formao de um grande Estado.

    Nosso pas, por exemplo, de grande extenso territorial, sendo a

    integrao bastante facilitada por conta da presena de um nico idioma, o portugus. De outro lado, h pases em que se fala mais de um idioma

    e nem por isso deixam de ser vistos como Estado. Exemplos disso, apenas para ilustrar, a Blgica, Sua e Canad. No precisa nem dizer

    que h pases da frica com variados dialetos, e, nem por isso, deixam de ser considerados Estados.

    Nesse instante, alguns dos leitores logo pensam: entendi! O Estado

    formado pelos elementos POVO, TERRITRIO E GOVERNO SOBERANO. Mas por que aqui no Brasil existe Unio, Estados, Distrito Federal

    e Municpios? O que esse pessoal todo ? E os Territrios, como se situam?

    Antes de responder a tal quesito, o concursando deve ter mente que diversas so as formas de Estado, a depender da poca, do territrio, e

    de razes histricas.

    Entre as formas de organizao do poder poltico, destacam-se: a

    Confederao, o Estado Unitrio, e o Estado Federal. Na Confederao, h a reunio de Estados Soberanos. No Estado Unitrio

    (puro e impuro) existe um nico centro de poder, responsvel por todas as atribuies polticas, por exemplo: a Frana. J no Estado

    Federal, h diferentes polos de poder, os quais atuam de forma autnoma entre si, por exemplo: o Brasil.

    Retornemos ao quesito (mas por que aqui no Brasil existe Unio, Estados,

    Distrito Federal e Municpios?).

    Vamos resposta.

    A Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios so as pessoas integrantes da Federao, ou seja, so entes

    polticos/federados componentes da Federao Brasileira. So pessoas

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    jurdicas de direito pblico INTERNO. A Federao a FORMA DE

    ESTADO, portanto, adotada aqui no Brasil.

    E os Territrios?

    J os territrios no so, hoje, entes federados, detendo competncia

    exclusivamente administrativa, e, bem por isso, no sendo considerados entes federados pela CF/1988. Os territrios so definidos

    doutrinariamente como autarquias da Unio (as ditas autarquias territoriais), afinal a capacidade de autogoverno inexistente, isso

    porque o Presidente da Repblica responsvel pela nomeao do Governador do Territrio depois da sabatina pelo Senado Federal. Sobre o

    tema, vejamos o art. 84, inc. XIV, da CF/1988 (competncia exclusiva do

    Presidente da Repblica):

    nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Ministros do

    Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territrios, o Procurador-Geral da Repblica, o

    presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei.

    Dizem as boas lnguas que nossa forma Federativa espelho do sistema norte-americano. Essa afirmao s metade verdadeira. No bem um

    espelho, isso porque a Federao Brasileira foi formada por desagregao (movimento centrfugo, segregador), diferentemente do

    sistema norte-americano (centrpeto ou agregador).

    Trocando em midos, nos EUA, havia Estados Soberanos, reunidos em

    Confederao (desde 1776), os quais largaram a soberania para aglutinarem-se em torno da Federao (isso em 1787). Note:

    movimento da periferia para o centro - agregao. J no Brasil, tnhamos um Estado Unitrio, e por desagregao (efeito segregador) foi criada a Federao (CF/1891), atribuindo-se aos Estados-membros

    mera autonomia, sendo a Repblica Federativa a guardi do atributo da soberania.

    O Federalismo est ligado, essencialmente, distribuio interna de poder por diferentes centros polticos. Todos os entes federativos so

    autnomos, ou seja, podem criar suas prprias normas (legislar), mas

    no so soberanos ou independentes. Como sobredito, a soberania atributo da Repblica Federativa do Estado Democrtico de

    Direito Brasil, atributo que significa, em breves palavras, o reconhecimento que o Estado Brasileiro tem frente aos demais Estados

    Soberanos. Vejamos o art. 18 da Constituio Federal:

    A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o

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    Distrito Federal e os Municpios, todos autnomos, nos

    termos desta Constituio.

    Os destaques no constam do texto original. Todos aqueles que integram

    a Federao so entes polticos ou federados, com capacidade de trplice autonomia (legislar, administrar e se autogovernar). Para Jos

    dos Santos, autonomia, no sentido tcnico-poltico, significa ter a entidade integrante da federao capacidade de auto-organizao,

    autogoverno e autoadministrao. No primeiro caso, a entidade pode criar seu diploma constitutivo; no segundo, pode organizar seu

    governo e eleger seus dirigentes; no terceiro, pode ela organizar seus prprios servios.

    Esses traos, por exemplo, diferenciam as pessoas polticas das entidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas,

    sociedades de economia mista e empresas pblicas), pois essas so pessoas jurdicas exclusivamente administrativas.

    Por exemplo: o Banco Central como autarquia no edita leis autolegislao; a Caixa Econmica como empresa pblica no elege governador, prefeito, ou Presidente autogoverno.

    Pois bem. Autnomo deriva de AUTOS (prprio), mais NOMOS (regras - donde deriva, tambm, o termo normas). Assim, dizer que os entes federativos so autnomos significa dizer que podem estabelecer as prprias regras, ou seja, legislam, produzindo normas prprias.

    Linhas acima, houve a citao de que o Estado Brasileiro Repblica Federativa e Estado Democrtico de Direito. Dois novos conceitos para

    agruparmos ao rol j existente: o que Repblica? O que ser de Direito e Democrtico?

    O que Repblica? Na viso do autor Jos Afonso, a Repblica (a coisa do povo para o povo) forma de governo, ao lado da Monarquia, mas

    desta distinta, referindo-se maneira como se d a instituio do poder na sociedade e como se d a relao entre governantes e governados.

    Responde questo de quem deve exercer o poder e como este se exerce.

    Obviamente, o exerccio de tal poder no vitalcio. No vigente

    ordenamento republicano e democrtico brasileiro, por exemplo, os cargos polticos de chefia do Poder Executivo, alm de eletivos, no so

    exercidos nem ocupados em carter permanente, por serem os mandatos temporrios e seus ocupantes, transitrios.

    Em sntese, podem ser apresentadas as seguintes caractersticas da forma de governo - Repblica:

    eduardoAnotaoOU SEJA AS PESSOAS ADMINISTRATIVAS.

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    Legitimidade popular dos Chefes dos Executivos (Presidente, Governadores, e Prefeitos) e das Casas Legislativas;

    Temporariedade dos mandatos eletivos (contraponto da vitaliciedade monrquica);

    Prestao de contas pelos gestores pblicos.

    Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direito internacional, apenas a Repblica Federativa do Brasil tem

    competncia para a formalizao de tratados, dela no dispondo a Unio, os Estados-membros ou os Municpios. Nesse particular, o

    Presidente da Repblica no subscreve os tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado. Sobre o tema, vejamos

    precedente do STF:

    Recepo pela CR de 1988 do acordo geral de tarifas e comrcio.

    Iseno de tributo estadual prevista em tratado internacional firmado pela Repblica Federativa do Brasil. Art. 151, III, da CF.

    Art. 98 do CTN. No caracterizao de iseno heternoma. (...) A iseno de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e

    Comrcio para as mercadorias importadas dos pases signatrios,

    quando o similar nacional tiver o mesmo benefcio, foi recepcionada pela CR de 1988. O art. 98 do CTN possui carter nacional, com

    eficcia para a Unio, os Estados e os Municpios (voto do eminente Min. Ilmar Galvo). No direito internacional apenas a Repblica

    Federativa do Brasil tem competncia para firmar tratados (art. 52, 2, da CR), dela no dispondo a Unio, os Estados-membros ou

    os Municpios. O presidente da Repblica no subscreve tratados como chefe de Governo, mas como chefe de Estado, o que

    descaracteriza a existncia de uma iseno heternoma, vedada pelo art. 151, III, da Constituio.

    (RE 229.096, Rel. p/ o ac. Min. Crmen Lcia, julgamento em 16-8-2007, Plenrio, DJE de 11-4-2008.)

    O que Estado de Direito?

    Para respondermos ao quesito, vejamos, inicialmente, o que diz art. 1 da Constituio Federal de 1988:

    A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem

    como fundamentos: (...).

    Do trecho, pode ser destacado Estado de Direito, que, abreviadamente, pode ser assim traduzida: O Estado cria as leis (em

    sentido amplo a norma) para que a todos sejam impostas, inclusive a

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    si mesmo. O Estado no se afasta de cumprir a norma que cria, dado

    que, como diria um educador famoso: educar dar exemplo.

    De que valeria o Estado criar a norma para v-la cumprida por todos, se

    no fosse o Estado o primeiro cumpridor?

    A ideia de Estado de Direito baseia-se na imposio de freios atividade do prprio Estado. A Lei diz respeito vontade geral, a qual, obviamente,

    significa a vontade do povo, a conteno do Estado pelo povo, e no o inverso (pargrafo nico do art. 1 - todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio).

    Com efeito, o Estado de Direito surgiu, essencialmente, para fazer frente ao Estado Absolutista, cujo poder de base divina e contratualista por vezes centrava-se na figura do soberano (rei, prncipe). No Estado de Direito a conteno do poder feita pela lei. Aplica-se a frmula

    ocidentalizada do rule of law (o Estado que cria as regras, mas a estas deve se sujeitar).

    De se destacar que esse primado da lei no Estado de Direito gera uma presuno para todo e qualquer ato que provenha do Estado: a

    presuno de legitimidade dos atos estatais.

    De fato, se o Estado de Direito e, assim, pressupe-se que cumpra a lei, todo e qualquer ato proveniente do Estado produzido,

    presumidamente, de acordo com a ordem jurdica, legtimo, portanto.

    Nesse instante alguns amigos devem estar pensando: ento todos os atos do Estado, no s os administrativos, possuem a caracterstica

    da presuno de legitimidade? Resposta: SIM! Mas, ento, por serem presumidos legtimos, tornam-se inquestionveis? Resposta: NO!

    A presuno de legitimidade uma presuno relativa (ou juris tantum, para aqueles que gostam de latim), ou seja, pode ser questionada, com a

    necessidade de produo de provas invertida em desfavor dos administrados.

    Isso ocorre porque o Estado, ao fim, composto por seres humanos. Por exemplo, o servidor da Receita Federal o Estado quando atua, assim

    como boa parte dos amigos leitores tambm o sero, logo depois dos

    respectivos concursos e do derradeiro ato de posse.

    Sabemos que servidores so seres falveis. Logo, os atos falhos dos

    agentes pblicos, porventura produzidos nessa qualidade, podem ser questionados por terceiros, uma vez que tais atos contam com

    presuno relativa de legitimidade.

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    E voc se pergunta: em que o conceito de Estado de Direito importa para

    o Direito Administrativo? A resposta : em tudo! Isso porque o Direito Administrativo nasceu com o Estado de Direito. Como sinaliza Dirley

    Cunha, o Direito, ao qual o Estado passou a se submeter, que regula as

    relaes entre a Administrao Pblica e os administrados, assegurando a correta e legtima gesto do interesse pblico e garantindo os direitos dos

    administrados.

    Por fim, o que vem a ser Estado Democrtico? A Constituio, ao

    mencionar Estado Democrtico de Direito, deixa evidente que no se trata de reunio meramente formal de elementos, e que os termos

    Democrtico e Direito, portanto, tm alcances diferenciados, sendo a democracia mais abrangente do que o direito.

    Por exemplo: o Estado da Venezuela de Direito? Acredito que sim, o problema saber como so feitas tais leis, ser que com a real

    participao dos cidados ou meramente semntica ou formal, como ensinou, certa vez, Karl Lowenstein.

    Exatamente por isso que nosso texto constitucional se preocupou em inserir expressamente o termo Democrtico, para afastar, de vez, a

    ideia de que a Constituio meramente garantia (negativa ou

    liberdade, como o caso da Norte-americana), assumindo o compromisso formal de evoluo para a ideia de Constituio Dirigente

    (leia-se: preocupada com os direitos sociais de 2 gerao e no to-somente os de 1 gerao civis e polticos).

    Parte II Origens histricas do Direito Administrativo; conceito; objeto; e fontes do Direito Administrativo.

    2.1. Consideraes gerais

    No tpico anterior, aprendemos que o Estado Brasileiro tem FOrma de GOverno a REPBLICA e Forma de Estado a FEderao.

    Vamos agora, distinguir as trs principais funes do Estado: legislar, julgar, e administrar, as quais, inclusive, do origem aos Poderes constitudos, tal qual escrito na Constituio (art. 2):

    So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Diversos pensadores, modernos e clssicos, ocuparam-se da abordagem de quais e quantas seriam as principais funes a serem desempenhadas

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    pelo Estado. Apenas para citar alguns mais conhecidos, Aristteles,

    Hobbes, Locke e Rosseau, com textos bastante difundidos no campo da filosofia jurdica.

    Contudo, modernamente, o autor mais influente e discutido a respeito da

    repartio das atividades de Estado , muito provavelmente, Charles-Louis de Secondat, o Baro de Montesquieu.

    No seu clssico O Esprito das Leis, Montesquieu registrou que as misses fundamentais do Estado, de legislar (funo legislativa: criar o

    Direito novo), de julgar (funo judicial ou jurisdicional: aplicar o Direito aos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e de administrar

    (funo administrativa ou executiva: usar a norma jurdica criada, para, aplicando-a, dar atendimento s demandas concretas da coletividade)

    deveriam ser exercidas por rgos diferentes, independentes.

    Desse modo, quem julgasse, no administraria; quem administrasse, no

    legislaria, e assim sucessivamente. Esta ideia rodeia quase todo o direito ocidental moderno, tal como no Brasil, que, como dito, consagra essa

    tripartio de poderes no art. 2 da CF/1988.

    Acontece que, tecnicamente, a abordagem inicial de Montesquieu no

    falava de Poderes, mas sim de rgos distintos, exercentes do Poder. Decorre da o entendimento de que o Poder UNO, havendo apenas uma distribuio funcional aquilo que os constitucionalistas chamam de princpio da especializao.

    De fato, o Poder do Estado, que um s, indivisvel, exercido em

    diversas frentes. A diviso do Poder entre rgos diferentes possibilita aos rgos constitucionalmente estabelecidos controlar-se entre si,

    constituindo o que se reconhece na doutrina constitucionalista como sistema de Freios e Contrapesos (ou checks and balances, para os mais chegados lngua inglesa).

    Todavia, diferentemente da tripartio de Montesquieu (considerada

    rgida), o exerccio dos Poderes no Brasil d-se por precipuidade (preponderncia, especializao) de funo, enfim, no h

    exclusividade. Tome-se como exemplo a ordem jurdica brasileira. Vejamos, a seguir, a representao grfica da tripartio brasileira, como

    no poderia deixar de ser, em forma de pizza:

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    Veja os ensinamentos do autor Carvalho Filho, que sintetiza a referida

    distribuio de funes:

    Os Poderes estatais, embora tenham suas funes normais (funes tpicas), desempenham tambm funes que materialmente deveriam pertencer a Poder diverso (funes

    atpicas), sempre, bvio, que a Constituio o autorize.

    O Legislativo, por exemplo, alm da funo normativa, exerce a

    FUNO JURISDISCIONAL quando o Senado processa e julga o Presidente da Repblica nos CRIMES DE RESPONSABILIDADE (art.

    52, I, CF) ou os Ministros do Supremo Tribunal Federal pelos mesmos crimes (art. 52, II, CF). Exerce tambm a FUNO

    ADMINISTRATIVA quando organiza seus servios internos (arts.

    51, IV, e 52, XIII, CF).

    O Judicirio, afora sua funo tpica (funo jurisdicional), pratica

    atos no exerccio de FUNO NORMATIVA, como na elaborao dos regimentos internos dos Tribunais (art. 96, I, "a", CF), e de

    FUNO ADMINISTRATIVA, quando organiza os seus servios (art. 96, I, "a", "b", "c"; art. 96, II, "a", "b" etc.).

    Por fim, o Poder Executivo, ao qual incumbe precipuamente a funo administrativa, desempenha tambm FUNO ATPICA

    NORMATIVA, quando produz, por exemplo, normas gerais e abstratas atravs de seu poder regulamentar (art. 84, IV, CF), ou,

    ainda, quando edita medidas provisrias (art. 62, CF) ou leis delegadas (art. 68, CF). Quanto FUNO JURISDICIONAL, o

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    sistema constitucional ptrio vigente no deu margem a que

    pudesse ser exercida pelo Executivo.2

    Portanto, no Brasil, a funo administrativa de Estado exercida,

    essencialmente, pelo Poder Executivo. Contudo, no h como se negar

    que a mesma funo desempenhada por todos os demais Poderes. A questo seria identificar a quem outorgada a funo de forma tpica ou

    atipicamente. Vejamos.

    A misso tpica do Poder Judicirio aplicar o direito aos casos

    litigiosos que lhes sejam submetidos. Contudo, atipicamente, o mesmo Poder pode deflagrar o processo legislativo, quando encaminha

    normas para apreciao do Poder Legislativo.

    Da mesma forma, o Judicirio faz licitaes (administrao de compras,

    obras, servios) e concursos pblicos para seleo de servidores (administrao de pessoas), no que o Judicirio est, de maneira atpica,

    exercendo funes administrativas.

    Essa mesma funo administrativa pode ser percebida com relao ao Poder Legislativo, o qual tambm exerce atipicamente funes administrativas, quando abre procedimentos administrativos e realiza

    concursos pblicos para acesso aos cargos pblicos. O Legislativo tambm

    desempenha a atividade jurisdicional quando, por exemplo, o Senado processa e julga o Presidente da Repblica nos crimes de

    responsabilidade (inc. I do art. 52 da Constituio Federal).

    O Poder Executivo, cuja misso tpica a atividade administrativa,

    tambm exerce, atipicamente, a misso legislativa. O melhor exemplo disso a possibilidade de edio por parte de seu chefe de medidas

    provisrias, que, no caso federal, o Presidente da Repblica, medidas estas que possuem fora de lei desde sua edio (art. 62 da CF/1988).

    Em havendo previso na Constituio dos Estados e nas Leis Orgnicas, tanto os Governadores como os Prefeitos ficam autorizados a

    editarem medidas provisrias.

    Contudo, como bem informado por Jos dos Santos, ao Poder Executivo

    no dado o exerccio da atividade jurisdicional (em seu sentido estrito), com o sentido que esta deve ser vista, ou seja, com fora de

    definitividade. Ainda que o Executivo adote decises em processos

    administrativos de sua competncia, estas no constituiro coisa

    2 A discusso sobre a possibilidade de ser exercida funo jurisdicional pelo Executivo, atravs do sistema do contencioso

    administrativo, foi superada pelo advento da nova Constituio. A Carta anterior ainda abria certa fenda para essa

    possibilidade no art. 205, que, na verdade, nunca chegou a ser aplicado com efetividade. A nova, todavia, ao contrrio da

    anterior, sequer alude quela expresso. Enfatizo, ainda, que nossa afirmao feita luz do ordenamento jurdico ptrio.

    DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO ("Contencioso Administrativo", p. 23) admite que o Executivo exera jurisdio,

    contudo, sem definitividade. Ousamos discordar do ilustre professor. Para ns, o fato de existirem contendas na via

    administrativa suscetveis de deciso no implica o exerccio da funo jurisdicional tpica, esta sim, a nica que produz a res

    iudicata (por Jos dos Santos Carvalho Filho).

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    julgada material ou definitiva, em sentido estrito, como a deciso

    proveniente do Judicirio.

    Por isso, podem seus atos ser levados apreciao do rgo judicirio

    competente, em razo do princpio da inafastabilidade de jurisdio,

    contido no inc. XXXV do art. 5 da Constituio Federal. Transcreva-se: a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a

    direito. Obviamente, essa apreciao judicial no ilimitada, conforme se ver no devido momento.

    Mas, de antemo, adiante-se: h limites para apreciao de atos administrativos pelo Poder Judicirio, como o mrito da deciso administrativa, que no pode ser invadido pelos rgos judiciais.

    A Jurisdio quase que monopolizada pelo Poder Judicirio e apenas

    em casos excepcionais pode ser exercida pelo Legislativo. Essa a posio da doutrina majoritria e que devemos levar para a prova.

    H quem defenda que o Poder Executivo exerce atividade jurisdicional, porm sem definitividade (sem o colorido jurisdicional), como o caso

    do autor Diogo Figueiredo, que, no entanto, tem sido voz vencida, tratando-se, claro, de concursos pblicos, porque, como sobredito, o

    Executivo no exerce atividade jurisdicional em sentido formal.

    Mas, Professor, o Poder Executivo no julga?!

    No h duvida que a questo tormentosa. No mundo dos concursos,

    no h verdades absolutas. E, nesse ponto, h forte divergncia doutrinria, de modo que as bancas no deveriam formular quesitos

    dessa natureza. Entretanto, a organizadora Cespe j formulou diversos itens sobre a atividade judicante a ser levada a efeito pelo Poder

    Executivo. Normalmente, estes itens se referem s funes exercidas

    pelas Comisses de Processo Administrativo Disciplinar. A banca considera, nesses casos, o conceito material de jurisdio,

    fundamentado pela resoluo das lides (conflitos) e no o conceito formal de jurisdio, em que se exige a formao da coisa julgada

    material (trao da definitividade).

    Em relao tipicidade ou atipicidade das funes, Carvalho Filho informa

    que pode suceder que determinada funo se enquadre, em certo momento, como tpica e o direito positivo venha a convert-la como

    atpica, e vice-versa. Por exemplo: com a Lei 11.441, de 2007, o divrcio consensual funo jurisdicional atpica (jurisdio voluntria) , que era processado pelo juiz, passou a ser realizado por escritura pblica em Ofcio de Notas (funo administrativa tpica).

    Quanto tripartio de Poderes, ressalta-se que no h verdades absolutas, especialmente tratando-se de concursos pblicos. Para parte

    da doutrina, no h distino entre atividade administrativa e

    jurisdicional. H, de um lado, a funo de estabelecer normas gerais e

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    abstratas (a funo legislativa); de outro, a aplicao da lei (abstrata e

    geral) aos casos concretos (funes judicante e administrativa).

    Por fim, valem os ensinamentos de Alexandre Santos Arago, para

    agregar na carga mental de vocs novos conceitos. Analisemos.

    Para o autor, atipicamente os Poderes Legislativo e Judicirio exercem competncias administrativas em duas situaes bsicas:

    >> Atividades administrativas-meio: administrao interna do seu pessoal, bens e servios, realizando concursos pblicos, licitaes e

    concedendo frias, por exemplo. Salvo disposio em sentido contrrio na CF, cada Poder competente para editar seus prprios atos

    administrativos;

    >> Atividades administrativas-fim: algumas atividades-fim dos Poderes Legislativo e Judicirio tm natureza administrativa. Por exemplo,

    quando o Legislativo aprova a nomeao de autoridades indicadas pelo Executivo e edita leis de efeitos concretos (leis-medida, exemplo da

    criao de autarquias); quando o Judicirio, em matria de administrao oramentria, expede precatrios. Salvo disposio expressa na CF,

    as atividades-fim so, em princpio, do Poder Executivo.

    2.2. Direito: ramos e sub-ramos

    Se lhe perguntassem: com que p acordou hoje? Provavelmente, responderia: com o p direito. Se lhe perguntassem: voc entregaria a

    mo de sua filha para um traficante de drogas? Obviamente no, afinal no um homem direito. Fcil verificar, portanto, que o conceito da

    palavra direito tem estreita ligao com retido, estar certo, conduta irrepreensvel.

    Em nosso mundo jurdico no diferente. O Direito comparece, em parte, como conjunto de normas norteadoras da conduta humana. Leia-

    se: impostas obrigatoriamente coativamente, coercitivamente pelo Estado.

    Aprendemos que o Direito uma cincia UNA, por ser indivisvel,

    macia, monoltica. Porm, o que seria da vida dos Professores de Direito se tivessem que conhecer toda a cincia jurdica? Simplesmente no

    seria! A cincia jurdica bastante complexa e difusa, logo, para facilitar que o ser humano cresa, e, antes de morrer, reproduza, o direito foi

    dividido em ramos, logicamente, por questo meramente didtica, sendo encontrados os ramos: pblico, privado e social.

    O autor Celso Antnio ensina que o Direito Privado governado pela autonomia de vontade, isto , as partes elegem as finalidades que

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    desejam alcanar, servindo-se para tanto dos meios que elejam, desde

    que, obviamente, tais finalidades ou meios no esbarrem no Direito.

    De modo distinto, o Direito Pblico se ocupa de interesses da

    sociedade como um todo, interesses pblicos, cujo atendimento no

    um problema pessoal de quem os esteja a curar, mas um dever/encargo/mnus pblico inescusvel. Assim no h espao para a

    autonomia da vontade, que substituda pela ideia de funo, de dever de atendimento do interesse pblico.

    O ramo da ordem social sui generis, afinal citado por literatura

    especializada. um ramo responsvel pelos Direitos concernentes aos hipossuficientes, como o caso do Direito Acidentrio e Assistencial. A citao ao referido ramo apenas demonstrativa, isso porque, at hoje, constitui tema raro em concursos pblicos.

    Como sub-ramos do Direito Privado, h o Direito Civil e o Comercial, sendo este, parcialmente, positivado no prprio Cdigo Civil. So sub-

    ramos em que o predomnio o interesse individual. Resgatando Orlando Gomes, o Direito Privado pode ser entendido como aquele que

    regula as relaes entre os homens, tendo em vista o interesse particular

    dos indivduos, ou a ordem privada (Direito Civil e Comercial).

    J o Direito Pblico se encarrega da disciplina dos interesses coletividade,

    do interesse pblico e social, competindo-lhe a organizao do Estado (por exemplo: o Direito Constitucional); a atividade financeira

    (arrecadatria) do Estado (por exemplo: o Direito Tributrio); a disciplina da hierarquia entre seus rgos, das relaes com seus servidores (como

    o caso do Direito Administrativo).

    Nessa passagem, percebemos, claramente, que o Direito Administrativo

    sub-ramo do direito pblico interno, uma vez que regula as relaes em que predominam os interesses do Estado, em posio de

    verticalidade, de supremacia, e porque em pelo menos um dos polos da relao disciplinada por ele est a Administrao Pblica.

    Por fim, cabe alertar que essa dicotomia (pblico e privado) meramente didtica. Por exemplo: h normas do direito privado que defendem

    interesses pblicos (por exemplo: direito de famlia), o chamado

    dirigismo estatal; por outro lado, existem normas de direito administrativo para a defesa de interesses dos particulares (leia-

    se: dos administrados), como so as normas de segurana e os direitos fundamentais.

    Fixao

    2011/Cespe

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    eduardoAnotaoDICOTOMIA = DIVISO EM DUAS PARTES.

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    Julgue o prximo item, que se refere ao conceito, ao objeto e s fontes do direito administrativo.

    Segundo a doutrina administrativista, o direito administrativo o

    ramo do direito privado que tem por objeto os rgos, os agentes e as pessoas jurdicas administrativas que integram a administrao

    pblica, a atividade jurdica no contenciosa que esta exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de natureza pblica.3

    2.3. Origem do Direito Administrativo

    Como ilustre a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta, a formao

    do Direito Administrativo como ramo autnomo, dotado de princpios e objeto prprios, teve incio, juntamente com o direito constitucional e

    outros ramos do direito pblico, a partir do momento em que comeou a desenvolver-se j na fase do Estado Moderno o conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princpio da legalidade (em decorrncia do qual at mesmo os governantes se submetem lei, em

    especial lei fundamental que a Constituio) e sobre o princpio da separao de poderes, que tem por objetivo assegurar a proteo dos

    direitos individuais, no apenas nas relaes entre particulares, mas tambm entre estes e o Estado.

    O Direito Administrativo Brasileiro certamente no brotou antes do Direito Romano, do Germnico, do Francs, do Italiano, o que, de certa

    forma, para ser visto com bons olhos. O que mais fcil: criticar um

    livro de um grande autor ou fazer um livro de igual quilate? Criticar, obviamente, porque podemos aprimor-lo e no simplesmente partir do

    zero.

    Com o Direito Administrativo Brasileiro no foi diferente, pois, tendo as

    contribuies dos diversos direitos nacionais (francs, ingls, italiano, alemo, e outros), o nosso Direito pode captar os traos positivos e

    reproduzi-los de acordo com a nossa realidade histrica.

    Dos direitos nacionais, provavelmente, foi do francs (de base

    romanstica), bero do direito administrativo, que o nosso sistema se fartou. So exemplos de contribuies francesas:

    - Responsabilidade civil objetiva do Estado: existente, entre ns, desde a Constituio de 1946. encontrada, atualmente, no

    6 do art. 37 da CF/1988, traduzida na ideia de que o Estado ser responsvel pelos atos lcitos ou ilcitos dos agentes;

    3 O item est ERRADO. O Direito Administrativo ramo do Direito Pblico.

    eduardoTachar

    eduardoAnotaoERRADO

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    - Presena de clusulas exorbitantes nos contratos

    administrativos: clusulas que garantem a posio de supremacia do Estado sobre os particulares, como, por

    exemplo, o Estado ficar sem pagar pelos servios e o contratado ter

    a obrigao de execut-los;

    - Insero do princpio da moralidade administrativa de forma

    expressa no texto da Constituio;

    - Regime legal dos servidores (Lei 8.112/1990, na esfera

    federal): com a finalidade de se evitar o sistema de despojos (spoil system), que, com a entrada de novo Governante, todo o corpo de servidores era despojado para a colocao de novos agraciados.

    bem verdade que existem outras contribuies, todavia, tendo em conta o objetivo deste curso (concursos pblicos), penso ser suficiente essa

    apresentao. E mais: nas provas, as ilustres bancas organizadoras insistem em cobrar a contribuio advinda de fora da Frana!

    Vejamos.

    Na Frana, as decises administrativas so definitivas, ou seja, no

    cabe a reapreciao pelo Poder Judicirio. o que a doutrina

    denomina contencioso administrativo. Portanto, na Frana, no temos apenas uma jurisdio, mas sim duas: a administrativa e a judiciria.

    Nesse contexto, as decises geradas pelo Estado-administrador so definitivas e, assim, no sindicveis pelo Poder Judicirio

    Ento responda: no Brasil, ser que existe a separao das autoridades administrativa e judiciria? Ser que as decises adotadas por um

    Ministrio ou por Tribunais de Contas no podero ser sindicveis/controlveis pelo Poder Judicirio?

    A resposta simples. No entanto, primeiro passemos leitura do art. 5, XXXV, da CF/1988:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

    residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou

    ameaa a direito;

    A partir da leitura do texto, desvendamos que no vigora entre ns a

    existncia de duas jurisdies (como na Frana) o sistema contencioso; houve para a formao do nosso sistema de jurisdio a

    contribuio do sistema ingls, em que a definitividade trao formal do Judicirio (sistema de jurisdio UNA ou NICA).

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    Em concluso, as decises adotadas pelas instncias administrativas

    (ressalvado o mrito administrativo) podem ser sindicadas (princpio da sindicabilidade) pelo Poder Judicirio.

    Mas, Professor, e o tal contencioso administrativo? No existe no

    Brasil, afinal j ouvi Professor de Direito Tributrio mencionando, expressamente, sobre contencioso administrativo Tributrio?

    Abaixo explico detalhadamente. Vejamos.

    Essa tal coisa julgada estudada, mais enfaticamente, nas aulas de

    Direito Processual, e, quando muito, em Direito Constitucional. A razo lgica. porque o instituto tpico da funo jurisdicional, naturalmente a

    responsvel por dar definitividade s decises, pela pacificao social. O juiz, nas lides (demandas, litgios), atua de forma imparcial, no sendo

    parte no processo, em si. Portanto, a relao estabelecida nos contenciosos judiciais costuma ser trilateral (de um lado as partes autor e ru, e, em outro, o juiz). Da no ser criticvel a formao de coisa julgada.

    Por outro lado, os litgios que surgem no interior do Estado-administrador (da Administrao Pblica) tm de um lado o

    administrado (particulares ou servidores, conforme o caso), e de outro a

    prpria Administrao. Curioso, no verdade? A Administrao parte na relao, agindo, por conseguinte, de forma parcial. E, por isso, a

    doutrina registra que a deciso administrativa no pode ser definitiva, afinal ningum pode ser juiz e parte ao mesmo tempo. Abre-

    se, dessa forma, a possibilidade de o prejudicado bater s portas do Poder Judicirio para suscitar a reviso da deciso.

    Legal, mas no existe coisa julgada?

    Existe sim! Com um pequeno detalhe. A expresso coisa julgada, no

    Direito Administrativo, no tem o mesmo sentido que no Direito Judicirio. Ela significa apenas que a deciso se tomou irretratvel

    pela prpria Administrao, ensina Maria Sylvia.

    Dois exemplos podem ser citados de coisa julgada administrativa. A

    primeira situao a de exaurimento (esgotamento) da via administrativa, quando no h mais recursos cabveis. A segunda, e

    ser mais a batida em nossas aulas, so os atos irrevogveis. Por exemplo: os atos vinculados os praticados dentro dos limites da lei, sem qualquer flexibilidade so, de regra, irrevogveis, fazendo coisa julgada administrativa.

    Tambm existe litgio (contenda, contencioso) na esfera administrativo.

    Cite-se, por exemplo, o processo administrativo tributrio, em que a Fazenda forma contencioso com o particular, na qualidade de contribuinte

    ou responsvel. Para compreendermos melhor a existncia do contencioso no Direito Administrativo Brasileiro (inconfundvel, reforo, com o

    contencioso do modelo Francs), imperioso que tracemos algumas

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    consideraes sobre os institutos da precluso e coisa julgada

    administrativa.

    Como registra Maral Justen Filho, os institutos da coisa julgada e

    precluso, apesar de deterem pontos em comum, no se identificam de modo perfeito.

    A precluso administrativa consiste na restrio a uma faculdade processual originariamente assegurada ao sujeito, em virtude dos eventos

    verificados ao longo do processo administrativo. H trs formas de precluso: temporal, consumativa e lgica. A temporal, como o nome j

    denuncia, a perda da faculdade em face do decurso do prazo, como, por exemplo, deixar de interpor o recurso no prazo legal. A consumativa,

    por sua vez, d-se pela exausto da prerrogativa uma vez exercida, como, por exemplo, a impossibilidade de o administrativo rever o

    contedo da proposta apresentada em procedimento de licitao. Por fim, a precluso lgica d-se quando o administrado, por ato omissivo ou

    comissivo, adota posio incompatvel com outra dentro do procedimento, como, por exemplo, o prazo decadencial para impugnar o Edital de

    Licitao.

    Para o autor, a coisa julgada formal administrativa o efeito jurdico acarretado pelo encerramento de um procedimento administrativo, em

    virtude do qual se torna vedado rever a deciso nele adotada sem a instaurao de um procedimento especfico e distinto.

    Antes de avanarmos, oportuna a distino entre a coisa julgada material e formal.

    A coisa julgada material acarreta a impossibilidade (imutabilidade)

    de as decises serem revistas no prprio processo objeto da deciso, bem assim, em outros processos em que haja identidade de partes,

    causa de pedir e pedido. E, bem por isso, conclui-se que no h, como regra, no Brasil, a formao de coisa julgada administrativa em sua

    acepo material, afinal as decises administrativas podem ser sindicveis pelo Poder Judicirio.

    A coisa julgada formal, por sua vez, a impossibilidade de a

    sentena ser alterada dentro do prprio processo. E nesse contexto que podemos concluir pela existncia de coisa julgada

    administrativa.

    Para Dirley Cunha, a coisa julgada administrativa torna os atos ou

    decises da Administrao Pblica definitivos e imutveis, mas apenas internamente, ou seja, to-somente para a Administrao Pblica,

    impedindo-a de alterar suas prprias decises. Exatamente por isso, no h impedimento de as decises serem revistas pelo Poder Judicirio, o

    que significa dizer que a coisa julgada administrativa no oponvel ao

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    Judicirio.

    Como registra Carvalho Filho, a coisa julgada administrativa a situao jurdica pela qual determinada deciso firmada pela Administrao no

    mais pode ser modificada na via administrativa. A irretrabilidade, pois, se

    d apenas nas instncias da Administrao, ou seja, a definitividade da deciso administrativa relativa, isso porque o administrado poder

    socorrer-se do Poder Judicirio, e este poder decidir em sentido contrrio ao decidido pela Administrao.

    Ficamos assim: a coisa julgada administrativa ocorre apenas dentro da Administrao Pblica, ora porque a deciso tornou-se irrecorrvel

    (a Lei de Processo Administrativo Federal - Lei 9.784, de 1999, fala em, no mximo, trs instncias), ora porque se est diante de atos

    irrevogveis.

    Perfeito Professor. E se a deciso da Administrao for ilegal? Isso

    vai ficar de graa?

    Opa. Agora mudou de figura! Em casos de ilegalidade, permanece o

    Poder Judicirio livre para a apreciao do ato, vista do princpio da inafastabilidade da tutela jurisdicional (sistema de jurisdio

    uma). E a Administrao tambm deve rever o ato, com aplicao do

    princpio da autotutela administrativa, com o detalhe de que s pode fazer isso enquanto no houver a prescrio/decadncia. Sobre o tema,

    vejamos o disposto no art. 54 da Lei 9.784, de 1999:

    Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os

    destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f.

    1o No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo de decadncia contar-se- da percepo do primeiro pagamento.

    2o Considera-se exerccio do direito de anular qualquer medida de

    autoridade administrativa que importe impugnao validade do

    ato.

    Entendeu essa histria de coisa julgada? Ento mata as questes abaixo.

    QUESTO 44

    Fixao

    (2005/FUNIVERSA/PREF.TO TCI) Quanto Coisa Julgada Administrativa, analise as assertivas abaixo:

    I - uma precluso de efeitos internos, e tem o alcance da coisa

    julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administrao deixa de ser um simples ato administrativo decisrio.

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    II - O que ocorre nas decises administrativas finais atinge e afeta

    direitos de terceiros.

    III - No se limita ao caso apreciado e nem se extingue com o encerramento deste, pela permanncia de seus efeitos.

    (A) Apenas I verdadeira.

    (B) Apenas I e II so verdadeiras.

    (C) Apenas III verdadeira.

    (D) Apenas I e III so verdadeiras.

    (E) Todas so falsas.4

    (2007/CESPE/TJ-PI/Juiz) A jurisprudncia e a doutrina

    majoritria admitem a coisa julgada administrativa, o que impede a reapreciao administrativa da matria decidida, mesmo na hiptese de ilegalidade (CERTO/ERRADO).5

    (2009/CESPE/TCE-AC) A Em face do princpio da

    indeclinabilidade da jurisdio (CF, art. 5, inciso XXXV), no se admite a existncia da chamada coisa julgada administrativa, uma

    vez que sempre dado ao jurisdicionado recorrer ao Poder Judicirio contra ato da administrao. (CERTO/ERRADO).6

    (2009/CESPE TCE-ES Procurador) A deciso do TCU faz coisa julgada administrativa, no cabendo ao Poder Judicirio examin-la e julg-la. (CERTO/ERRADO)7

    (2010/FCC TCM/PA Tcnico) A expresso coisa julgada administrativa significa que a deciso tornou-se irretratvel pela prpria Administrao, no impedindo que seja apreciada pelo

    Poder Judicirio se causar leso ou ameaa de leso (Certo/Errado)8.

    4 Item I FALSO (a deciso no tem o mesmo alcance, isso porque s geram efeitos internos, podendo o particular socorrer-se ao Judicirio). Item II FALSO (os efeitos da deciso so internos, logo no afetaro a terceiros). Item III FALSO (limita-se ao caso concreto, sem que estenda seus efeitos fora do processo). 5 ERRADO. Em caso de ilegalidade, o Poder Judicirio, se provocado, poder rever os atos. E, como sobredito, enquanto no houver a decadncia do direito, deve a Administrao tambm suscitar a nulidade do ato. 6 ERRADO. Ao menos para parte da doutrina, existe, no Brasil, a coisa julgada administrativa, mas, como vimos, no tem o mesmo colorido da coisa julgada na atividade jurisdicional. 7 ERRADO. O TCU rgo administrativo, logo suas decises so administrativas. E, como no vigora o contencioso no modelo francs entre ns, as decises do Tribunal de Contas so sim sindicveis (controlveis), em parte, perante o Poder Judicirio. 8 O item est CERTO.

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    Que tal passarmos, agora, sobre a instncia administrativa de

    curso forado?

    Apesar de as portas do Poder Judicirio permanecerem abertas tutela das ameaas e leses a direito, oportuno salientar que, por vezes, o

    particular deve, primeiramente, vencer a esfera administrativa. o que a doutrina chama de instncia administrativa de curso forado.

    Ento, h ou no necessidade de exaurimento das vias administrativas para batermos s portas do Judicirio? Ser a instncia administrativa de curso forado regra ou exceo? Vejamos.

    O Brasil adota o sistema ingls, de jurisdio una, para controle judicial

    de atos jurdicos. No entanto, a adoo da jurisdio una no impede que a Administrao Pblica instaure processos administrativos visando

    tomar as decises dessa natureza. Com o detalhe de que tais decises no sero dotadas da definitividade tpica das decises judiciais, em razo

    da unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdio do Poder Judicirio.

    No mximo, como pr-falado, a formao de coisa julgada

    administrativa (formal, no definitiva), entenda: a matria torna-se irrecorrvel para a prpria Administrao, que fica proibida de

    rever o ato administrativo, porm, no o Judicirio.

    Pergunta instigante diz respeito ao momento em que um eventual interessado pode socorrer-se do Judicirio, j tendo sido instaurado um

    processo administrativo.

    A regra que a qualquer instante uma matria pode ser levada

    apreciao judicial, ainda que j instaurado ou j decidido o processo administrativo. Isso se d em razo da unicidade de

    jurisdio, prpria do Poder Judicirio. Mas a questo merece temperamentos...

    Por exceo, h situaes em que s depois de esgotada a instncia administrativa, um assunto poderia ser levado apreciao de um juiz. Os casos clssicos para fins de concurso pblico so:

    I) Processos administrativos referentes Justia Desportiva. Com relao a essa, o Judicirio s aceitar aes

    judiciais referentes a competies desportivas depois de se esgotarem as instncias desportivas (1 do art. 217 da CF, de

    1988);

    II) Reclamao a ser interposta perante o STF em razo do

    descumprimento do teor da Smula Vinculante. Vejamos o 1 do art. 7 da Lei 11.417/2006:

    Art. 7o Da deciso judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de smula vinculante, negar-lhe vigncia ou aplic-lo

    indevidamente caber reclamao ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuzo dos recursos ou outros meios admissveis de

    impugnao.

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    1o Contra omisso ou ato da administrao pblica, o uso da reclamao s ser admitido aps esgotamento das vias

    administrativas.

    III) Art. 5, I, da Lei 12.016, de 2009 (nova Lei do Mandado de

    Segurana), disps-se que o MS no cabvel se houver recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de

    cauo;

    IV) Por reforo, acrescente-se que h doutrinadores que

    defendem ser o juzo arbitral (a arbitragem) e o habeas data formas de esgotamento prvio ou de condio de acesso ao

    Judicirio.

    O argumento bastante razovel, sendo foroso reconhec-lo, ,

    isso porque, em havendo a presena de clusula compromissria (leia-se: acordo prvio entre as partes de que futuros conflitos

    seriam resolvidos nas cmaras de arbitragem), as partes devem levar a resoluo dos conflitos surgidos primeiro para o rbitro,

    responsvel por dizer o direito entre as partes (leia-se: de forma extrajudicial).

    Quanto ao habeas data, a organizadora FCC, em prova de Direito

    Constitucional, para APO-SP, considerou o instrumento como instncia administrativa de curso forado. Talvez devido ao teor da

    Smula 2 do STJ, em que se exige a negativa da via administrativa, como condio de acesso ao Poder Judicirio. Penso que a ESAF

    possa trilhar idntica linha de raciocnio. De olho, portanto.

    2.4. Codificao

    Acaba de ser lanado o primeiro Cdigo Administrativo no Brasil! Os amigos foram ao lanamento? Aconteceu no salo nobre da livraria

    Cultura. Cdigo com 200 mil folhas, sistematizando, de forma metdica,

    do tipo livro esquematizado, toda a legislao de mais de cinco mil Municpios, 26 Estados, DF e Unio.

    Brincadeirinha! O Direito Administrativo ressente-se de codificao legal. No entanto, ao vasculharmos os manuais de Direito Administrativo,

    percebemos trs correntes a favor ou contra a reunio de forma harmnica das normas administrativas, assim distribudas:

    1 O Direito Administrativo no pode ser codificado: em sendo o Direito Administrativo bastante dinmico, seus defensores apontam para

    o perigo de petrificar o direito, tornando-o inerte s evolues, s transformaes do mundo, como ocorrido com o Cdigo Civil de 1916

    alterado, to-somente, em 2002;

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    2 O Direito Administrativo deve ser codificado totalmente: segundo seus defensores, haveria facilitao na compreenso e aplicao das normas, garantindo-se aos administrados maior segurana jurdica;

    3 O Direito Administrativo passvel de codificao parcial: das

    correntes, essa parece ser a menos extremada, no defende a inexistncia de qualquer cdigo ou a existncia de um cdigo totalizante.

    So exemplos de codificaes parciais: Cdigo de guas; Cdigo Florestal; Lei 8.112/1990; Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal); Lei

    8.745/1995 (Lei de Concesses de Servios Pblicos).

    2.5. Conceito e Objeto do Direito Administrativo

    A definio de Direito Administrativo no das tarefas a mais fcil, isso porque, a cada livro consultado, temos um leque considervel de opes,

    o que demonstra certa impreciso em torno do conceito e objeto do Direito Administrativo.

    Ao longo da histria do Direito Administrativo, vrios foram os critrios utilizados na tentativa de esmiu-lo, de detalh-lo. Se lhe perguntam,

    hoje: o critrio para a definio do Direito Administrativo do incio do sc. XIX igual ao do incio do sc. XX ou do sc. XXI? Com outras palavras,

    os critrios utilizados em distintos pases e datas podem ser aplicados indistintamente nos dias atuais? Em razo do prprio dinamismo e

    evoluo do Direito Administrativo, a resposta um sonoro no.

    De todo modo, vamos juntos estudar alguns dos critrios existentes, para a definio do Direito Administrativo:

    1 Legalista, exegtico, emprico, catico, ou francs

    Com a revoluo francesa, e imprio da burguesia, houve grande

    preocupao de se consolidar, codificar, o direito que andava espalhado pela natureza em papel (leia-se: positivao do direito natural em

    normas), com a finalidade, entre outras, de se garantir aos cidados maior segurana em suas liberdades e, sobretudo, propriedades.

    Nessa poca, o Direito Administrativo teve por objeto a interpretao das normas jurdicas administrativas e atos complementares (leia-

    se: direito positivo). Assim, estruturou-se a partir da interpretao de textos legais, proporcionada pelos Tribunais Administrativos.

    Crtica: a palavra direito no pode (no deve) se resumir a um amontoado de leis. O direito no deve se resumir interpretao

    de leis e de regulamentos administrativos. Muito mais que leis, o

    Direito Administrativo deve levar em considerao a carga valorativa dos princpios, sem falar da doutrina, da jurisprudncia, e dos

    costumes.

    Pensemos juntos: h um cartaz na entrada do metr que diz proibido entrada com ces; outro na entrada de um Parque que diz

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    proibido entrada com veculos automotores. De acordo com o critrio exegtico (legalista), a soluo seria de se admitir a entrada com cobras (so rpteis) e baleias (so mamferos, mas no so ces) e a de

    no autorizar a entrada da ambulncia, a fim de socorrer pessoas dentro

    do Parque, por exemplo. Porm, nos dias atuais, isso no seria possvel, tendo, por exemplo, o princpio da razoabilidade.

    Fixao

    (2007/ESAF Procurador do DF) Na evoluo histrica do Direito Administrativo, encontramos a Escola Exegtica, que tinha por objeto a interpretao das leis administrativas, a qual tambm

    defendia o postulado da carga normativa dos princpios aplicveis atividade da Administrao Pblica. (CERTO/ERRADO)9

    CESPE - PMP (INSS)/2010

    Acerca do direito administrativo, julgue o item a seguir. Segundo a Escola Legalista, o direito administrativo pode ser

    conceituado como o conjunto de leis administrativas vigentes em determinado pas, em dado momento.10

    2 Do Poder Executivo ou Italiano

    Segundo seus defensores o Direito Administrativo conjunto de princpios regentes da organizao e das atividades do Poder Executivo, includas as

    entidades da Administrao Indireta (autarquias e fundaes, por

    exemplo).

    A crtica bem simples. O Direito Administrativo no se resume

    disciplina do Poder Executivo, afinal, todos os Poderes administram, embora, para alguns, isso constitua misso atpica. E

    mais: no Poder Executivo, nem tudo objeto do Direito Administrativo, como so as funes de governo, regidas que so pelo Direito

    Constitucional.

    Fixao

    (2006/Cespe TCE-AC Analista) O direito administrativo pode ser conceituado de acordo com vrios critrios. Desses, o que

    prepondera, para a melhor doutrina, o critrio do Poder Executivo,

    9 ERRADO. O Direito Administrativo no se resume a um amontoado de leis, ao lado das quais o intrprete deve levar em considerao a carga normativa dos princpios. E, na verdade, veremos que a ofensa a princpios , costumeiramente, mais grave do que o descumprimento das leis, porque, induvidosamente, os princpios contam com funo normogentica (servem para construir e balizar as as leis, alicerando-nas). 10 O item est CERTO. Segundo o critrio exegtico ou Francs, o Direito Administrativo resume-se a um amontoado de leis. A interpretao, poca, desprezou a carga normativa dos princpios.

    eduardoAnotaoCERTO

    eduardoAnotaoCERTO

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    eduardoAnotaoLEGALISTA.

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    segundo o qual o direito administrativo o conjunto de regras e

    princpios jurdicos que disciplina a organizao e a atividade desse poder. (Certo/Errado)11

    3 Relaes jurdicas

    Para seus defensores, o Direito Administrativo responsvel pelo

    relacionamento da Administrao Pblica com os administrados.

    O critrio vlido, porm, no imune de crticas. O que fazer com o

    Direito Tributrio, Penal, Eleitoral, Processual, e outros, que mantm relao com os administrados? Enfim, no o Direito Administrativo o

    nico, entre os ramos, a manter relao com os administrados.

    Fixao

    (2009/Cespe AGU) Pelo critrio teleolgico, o Direito Administrativo considerado como o conjunto de normas que

    regem as relaes entre a administrao e os administrados. Tal critrio leva em conta, necessariamente, o carter residual ou negativo do Direito Administrativo. (Certo/Errado)12

    4 Do servio pblico

    Essa escola de pensamento inspirou-se, basicamente, na jurisprudncia

    do conselho de Estado francs, mais precisamente quando do julgamento da responsabilidade civil do Estado (atropelamento de menina Agns Blanco por prestadora de servios pblicos).

    Para seus defensores, o Direito Administrativo regula a instituio, a

    organizao, e o funcionamento dos servios pblicos, bem como a

    prestao aos administrados. Enfim, todas as atividades do Estado se resumem a servios pblicos.

    A definio do que servio pblico encontrou terreno frtil, especialmente na Frana do sc. XIX, tendo tal critrio contado com

    fortes defensores, entre eles: Leon Duguit e Gaston Jze.

    No entanto, tais autores diferiram quanto ao alcance do servio pblico,

    como objeto do Direito Administrativo: Duguit (sentido amplo) e Jze (sentido estrito).

    11 ERRADO. O critrio que prepondera o da Administrao Pblica. O critrio do Poder Executivo no totalmente aplicvel porque, no Brasil, a separao de poderes moderada, permitindo-se que, ao lado de uma funo tpica, haja ou possa haver o exerccio de uma atpica. No caso, todos os Poderes estruturais do Estado administram. 12 ERRADO. A banca misturou trs critrios. O que estabelece as normas entre o administrao e a Administrao o critrio das relaes jurdicas. Por sua vez, o direito administrativo enquanto atividade distinta da judicante e legiferante o critrio negativista ou residual.

    eduardoAnotaoERRADO

    eduardoAnotaoCERTO //

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    Para Duguit, servios pblicos incluem todas as atividades Estatais,

    de direito constitucional a atividade econmica (sentido amplo), deixando, portanto, de distinguir a atividade jurdica do Estado e a

    atividade material, a ser prestada aos cidados.

    J Jze considerou servio pblico to-somente a atividade material do Estado (leia-se: aquela de dentro para fora, com a finalidade de

    satisfao das necessidades coletivas) (sentido estrito), cercada de prerrogativas de direito pblico, excluindo, portanto, os servios

    administrativos (internos) e os servios industriais e comerciais (predominantemente privados).

    No entanto, essa escola encontra severas crticas, isso porque, ao lado dos servios pblicos, o Estado realizava, por exemplo, Poder de Polcia, o

    qual, como de conhecimento, uma atividade eminentemente negativa, da inconfundvel com os servios pblicos (atividade positiva do Estado).

    Fixao

    (2007/ESAF Procurador do DF) Na evoluo do conceito de Direito Administrativo, surge a Escola do Servio Pblico, que se desenvolveu em torno de duas concepes. Na concepo de Leon

    Duguit, o Servio Pblico deveria ser entendido em sentido estrito, abrangendo toda a atividade material, submetida a regime

    exorbitante do direito comum, desenvolvida pelo Estado para a satisfao de necessidades da coletividade. (Certo/Errado).13

    5 Teleolgico

    Tambm chamado de finalista, segundo o qual o Direito Administrativo

    um conjunto harmnico de princpios que disciplinam a atividade do Estado para o alcance de seus fins.

    O critrio vlido, mas, assim como o das relaes jurdicas, no isento de crticas. O que so os fins do Estado? No h uma resposta precisa,

    matemtica, para o que sejam finalidades do Estado. Na verdade, o Direito Administrao no se destina propriamente aos fins do Estado,

    mas sim ao atendimento dos interesses da coletividade.

    Na viso de Dirley Cunha, no o Direito Administrativo que estabelece

    os fins do Estado. a Constituio que fixa esses fins, notadamente quando o texto constitucional apresenta-se como Constituio dirigente,

    composta por normas que estabelecem fins, metas, programas e diretrizes vinculantes e obrigatrias para o Estado. Cumpre to-somente

    ao Direito Administrativo realiz-los, com as caractersticas de ser

    concreta, direta e imediata a sua atuao.

    13 ERRADO. A concepo restrita de Gaston Jze e no Duguit. Pura maldade da banca.

    eduardoAnotaoERRADO

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    6 Da hierarquia orgnica

    Bem curtinho: o Direito Administrativo rege os rgos inferiores do Estado, enquanto o Direito Constitucional estuda os rgos superiores.

    O critrio parcialmente vlido, porque, igualmente, recebe crticas,

    vejamos: a Presidncia da Republica objeto de estudo do Direito Administrativo e no rgo inferior, mas sim independente e

    indispensvel estrutura do Estado (leia-se: rgo superior).

    (2006/Esaf AFC/CGU) O Direito Administrativo considerado como sendo o conjunto harmonioso de normas e princpios, que regem o exerccio das funes

    administrativas estatais e

    a) os rgos inferiores, que as desempenham.

    b) os rgos dos Poderes Pblicos.

    c) os poderes dos rgos pblicos.

    d) as competncias dos rgos pblicos.

    e) as garantias individuais.14

    7 Residual

    Tambm denominado de negativista. As funes do Estado so em nmero de trs: judicial, legislativa, e administrativa. Assim, o que no

    judicial, no legislativo, s pode ser (por sobra, residualmente) administrativo. Com outras palavras, o Direito Administrativo ramo do

    direito pblico que disciplina todas as atividades estatais que no sejam

    judiciais ou legislativas.

    No um critrio isento de crticas. A primeira que as definies

    servem para dizer o que as coisas so e no o que no so. A segunda que dentro do Poder Executivo nem tudo regulamentado

    pelo Direito Administrativo, exemplo disso a atividade poltica, disciplinada essencialmente pelo Direito Constitucional.

    Apesar da crtica, o critrio residual ou negativista relevante para encontrarmos o objeto do Direito Administrativo. Para a doutrina, O

    Estado sobrevive sem leis e sem juzes, mas um Estado sem Administrao anarquia. Nesse contexto, a Administrao , entre as

    funes estatais, a mais compreensiva (abrangente).

    8 Da Administrao Pblica

    De acordo com esse critrio, o Direito Administrativo constitui o ramo do direito que rege a Administrao Pblica como forma de atividade; define

    14 Letra A.

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    suas pessoas administrativas, organizao e agentes; regula, enfim, os

    seus direitos e obrigaes, umas com as outras e com os particulares, por ocasio do desempenho da atividade administrativa.

    Ainda que se possa criticar o conceito, pode-se afirmar que no direito

    brasileiro, hoje, o mais aceito pela doutrina, utilizado por autores de peso para traar a definio de Direito Administrativo.

    A expresso Administrao Pblica pode assumir sentidos diversos, conforme o contexto em que esteja inserida. Entretanto, como ns

    teremos oportunidade de tratar de mais coisas ao longo do nosso curso, a parte terica, hoje, encerra-se por aqui. A seguir, algumas questes, para

    fixao do contedo.

    QUESTES DE FIXAO

    Chamamos a ateno para o fato de que no se trata de um curso de

    questes comentadas. Por isso as questes nos servem para a fixao da

    matria. Eventuais dvidas sero resolvidas em nosso frum.

    1) (2007/Cespe MP-AM Promotor) A ideia de Estado de Direito, desde

    os primrdios da construo desse conceito, est associada de

    conteno dos cidados pelo Estado. (Certo/Errado)

    2) (2007/Cespe Bombeiros/DF) O termo Unio designa entidade federal

    de direito pblico interno, autnoma em relao s unidades federadas. A

    Unio distingue-se do Estado federal, que o complexo constitudo da

    Unio, dos estados, do DF e dos municpios e dotado de personalidade

    jurdica de direito pblico internacional. (Certo/Errado)

    3) (2008/Esaf EPPG) Assinale a opo que contempla todos os

    entes da organizao poltico-administrativa da Repblica

    Federativa do Brasil, nos termos da Constituio.

    a) Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, todos soberanos.

    b) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios,

    todos soberanos.

    c) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios,

    todos independentes.

    d) Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios Federais e Municpios,

    todos autnomos.

    e) Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, todos autnomos.

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    eduardoAnotaoERRADO OK!

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    eduardoAnotaoERRADO //

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    4) (2006/Esaf - ENAP Administrador) So entidades polticas,

    com personalidade jurdica de direito pblico interno, integrantes

    da Repblica Federativa do Brasil:

    a) as autarquias da Unio e dos Estados.

    b) as autarquias e empresas pblicas da Unio.

    c) os Estados brasileiros.

    d) os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio da Unio.

    e) os Trs Poderes da Unio, dos Estados e dos Municpios.

    5) (2010/ESAF CVM Agente Executivo) Correlacione as colunas

    abaixo e, ao final, selecione a opo que expresse a correlao

    correta.

    ( ) Repblica (1) Forma de

    Governo

    ( ) Estado Unitrio (2) Sistema de

    Governo

    ( ) Parlamentarismo (3) Forma de

    Estado

    ( ) Federao

    ( ) Monarquia

    ( ) Presidencialismo

    a) 1, 2, 3, 1, 2, 3

    b) 1, 3, 2, 3, 1, 2

    c) 3, 1, 2, 1, 2, 3

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    eduardoTachar

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    eduardoMquina de escrever1

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    eduardoMquina de escrever2

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    eduardoAnotaoPAROU AQUI

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    d) 2, 3, 1, 2, 3, 1

    e) 3, 2, 1, 2, 1, 3

    6) (2010/ESAF CVM Analista outras reas