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Érica Micaela Teixeira Pereira de Borja “Nós somos do vocacional, a nós ninguém nos diz nada…” O LUGAR DOS CURSOS VOCACIONAIS NA ESCOLA: O PAPEL DO MEDIADOR SOCIOEDUCATIVO NA SUA (RE) CONFIGURAÇÃO. Relatório apresentado à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação, sob orientação da Professora Doutora Ariana Cosme.

Érica Micaela Teixeira Pereira de Borja · CV – Cursos Vocacionais DT – Diretor/a de Turma EC – Espaço de Convívio EME – Espaço de Mediação Escolar GAAF – Gabinete

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Érica Micaela Teixeira Pereira de Borja

“Nós somos do vocacional, a nós ninguém nos diz nada…”

O LUGAR DOS CURSOS VOCACIONAIS NA ESCOLA: O PAPEL DO

MEDIADOR SOCIOEDUCATIVO NA SUA (RE) CONFIGURAÇÃO.

Relatório apresentado à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

da Universidade do Porto, para obtenção do grau de mestre em Ciências da

Educação, sob orientação da Professora Doutora Ariana Cosme.

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Resumo

O presente relatório foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em

Ciências da Educação e é resultado da intervenção efetuada através do

estágio profissionalizante. O mesmo foi desenvolvido no Agrupamento de

escolas de Santa Bárbara, Fânzeres-Gondomar, mais precisamente na escola

sede que é a Escola Básica 2/3 de Fânzeres, sendo este um contexto TEIP –

Territórios Educativos de Intervenção Prioritária.

As atividades foram desenvolvidas, na sua maioria, através do EME –

Espaço de Mediação Escolar -, serviço que a escola já dispunha mas que

sofreu uma reconfiguração no presente ano letivo. As questões da mediação

socioeducativa assumem-se como centrais nesta intervenção, ainda que esta

intervenção tenha também como objetivo principal compreender um pouco a

realidade dos currículos alternativos, mais especificamente, desenvolver

intervenção com os/as alunos/as dos Cursos Vocacionais. Além da mediação

escolar e da intervenção com os cursos vocacionais que a escola dispõe,

outras atividades foram desenvolvidas sempre na alçada do EME.

Assim, o presente relatório irá descrever e analisar todas as atividades

levadas a cabo durante a minha permanência no contexto de estágio que se

efetuou de outubro de 2014 até junho de 2015. Esta intervenção contribuiu, em

larga escala, para aprofundar conhecimentos e para levar para o terreno

teorias e práticas já estudadas para, desta forma, perspetivar a

profissionalidade em Ciências da Educação, neste caso em específico do

mediador socioeducativo.

A presença do profissional em Ciências da Educação em contexto

escolar é uma mais-valia pois é possível conferir outra visão do contexto e

abordar as dimensões social e escolar conferindo também uma maior

importância aos sujeitos e à sua ação, tendo também em consideração a

importância que a escola tem nas suas vidas. É também importante

transformar os obstáculos e desafios da ação - que são inerentes a qualquer

intervenção - em aprendizagem e refletir acerca dos mesmos.

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Abstract

The following report was developed within a Master Degree in

Educational Sciences and is the result of the intervention through work

experience. This report was conceived at the Agrupamento de Escolas de

Santa Bárbara, Fânzeres-Gondomar, precisely at the school headquarters

Escola Básica 2/3 de Fânzeres, which is a TEIP – Educational Territory of

Prioritary Intervention.

The activities were mostly developed through EME – Scholar Mediation

Space – service which the school had already been fund of but suffered a

reconfiguration at the present term. The social educative mediation questions

are the aim of this intervention, although it also has a main objective to develop

an intervention for the alternative curriculum, most precisely to develop

intervention with the students of the Vocational Courses. Besides the school

mediation and the intervention with the vocational courses that the school

dispouses, other activities were always developed through EME.

Therefore, the present report will describe and analyze all the activities

carried out during my staying at the work experience which was made between

october 2014 until june 2015. This intervention also contributed, at a large

scale, to deepen knowledge and to use theories and practices already studied

so that this way we could plan the professionalism of Educational Sciences,

specifically in this case of the social educative mediator.

The social educative professional’s presence, in scholar context, is a

benefit because it is possible to confere another vision of the same context and

to approach the social and scholar dimensions while also giving a bigger

importance to its subjects and its action while also taking in consideration the

importance of school in their lifes. It is also important to transform the obstacles

and challenges of the action (which are straightly linked to any intervention) into

knowledge and to reflect about them.

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Résumé

Ce présent rapport a été mis au point en vertu du Master en Sciences de

l’Education et est résultat de l’intervention effectuée à travers du stage

professionnalisant. Celui-ci a été réalisé au Regroupement d’écoles de Santa

Bárbara, Fânzeres-Gondomar, plus précisément à l’école siège qui n’est autre

que l’Ecole Básica /3 de Fânzeres, tout en étant un contexte TEIP – Territoires

Educatifs d’Intervention Prioritaire.

Les activités ont surtout été réalisées à travers du EME –, Espace de

Médiation Scolaire -, service que l’école avait déjà mais qui a souffert une

reconfiguration cette année scolaire. Les questions de la médiation

socioéducative s’assument comme centrales dans cette intervention, même si

celle-ci a aussi pour objectif principal comprendre un peu la réalité des

curriculums alternatifs, plus précisément, développer une intervention avec les

élèves des Cours de Formation Professionnelle. En plus de la médiation

scolaire et de l’intervention avec les cours de formation professionnelle que

l’école offre, d’autres activités ont été réalisées toujours dans le cadre du EME.

Ainsi, ce présent rapport décrit et analyse toutes les activités effectuées

durant mon stage qui s’est réalisé d’Octobre de 2014 à Juin 2015. Cette

intervention a contribué, en large échelle, à approfondir des connaissances et à

emmener sur le terrain des théories et des pratiques déjà étudiées pour, de

cette manière, avoir des expectatives sur la profession en Sciences de

l’Education, dans ce cas précis, du médiateur socioéducatif.

La présence d’un professionnel en Sciences de l’Education dans le

contexte scolaire est un atout parce qu’il est possible de conférer une autre

vision du contexte et d’aborder les dimensions sociale et scolaire, donnant

aussi une plus grande importance aux sujets et à leur action, tout en

considérant aussi l’importance que l’école a dans leurs vies. Il est aussi

important de transformer les obstacles et les défis de l’action – qui sont

inhérents à quelconque intervention – en apprentissage et réfléchir sur ceux

mêmes.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de expressar o meu agradecimento especial

à minha família que me apoiou incondicionalmente e que sempre me ajudou e

encorajou para chegar a esta etapa tão importante na minha vida. À minha

Mãe, ao meu Pai e ao meu Irmão o meu sincero obrigada por estarem sempre

presentes e por contribuírem e me fornecerem condições para ser o que sou

hoje.

À Professora Doutora Ariana Cosme, orientadora, por conseguir sempre

iluminar o pensamento e fazer com que o complicado se transforme em algo

mais simples.

Às minhas colegas de estágio, que se tornaram amigas para a vida

Daniela e Sara. Às colegas da faculdade pelo percurso de cinco anos juntas

que nos fez crescer.

Ao meu namorado, Sérgio Moreira, por estar sempre presente para me

acalmar nos momentos em que parecia que nada iria resultar. Obrigada por

seres quem és!

À Sandra Moreira por estar sempre disponível para me ajudar.

À orientadora local de estágio, Professora Maria do Céu que se mostrou

sempre disponível nas opções que fui tomando e nas propostas que fui

fazendo tentando a todo o custo que as concretizasse. À mediadora do

agrupamento Diana Quitério por toda a clarificação e ajuda nos momentos em

que parecia perdida, bem como por todas as técnicas e métodos que partilhou.

A todos os professores e funcionários da escola que se mostraram sempre

prestáveis em todas as ocasiões.

Por último mas não menos importante, aos alunos da EB 2/3 de

Fânzeres, pois sem eles esta intervenção não tinha qualquer sentido.

Convosco cresci e aprendi!

O meu sincero OBRIGADO a todos vocês!

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Abreviaturas

AC – Aulas de Convivência

ADT – Aula de Direção de Turma

CEF – Cursos de Educação e Formação

CV – Cursos Vocacionais

DT – Diretor/a de Turma

EC – Espaço de Convívio

EME – Espaço de Mediação Escolar

GAAF – Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família

JI – Jardim de Infância

PE – Projeto Educativo

TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária

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Escola é

“ ... O lugar que se faz amigos.

Não se trata só de prédios, salas, quadros,

Programas, horários, conceitos...

Escola é sobretudo, gente

Gente que trabalha, que estuda

Que alegra, se conhece, se estima.

O Diretor é gente,

O coordenador é gente,

O professor é gente,

O aluno é gente,

Cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um se comporte

Como colega, amigo, irmão.

Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”

Nada de conviver com as pessoas e depois,

Descobrir que não tem amizade a ninguém.

Nada de ser como tijolo que forma a parede, Indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,

É conviver, é se “amarrar nela”!

Ora é lógico...

Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,

Fazer amigos, educar-se, ser feliz.

É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.”

Paulo Freire

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Índice geral

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 20

1. Estrutura geral ..................................................................................................... 20

PARTE I - COMPONENTE TEÓRICA ........................................................................ 23

Capítulo I – Do conceito ao contexto ...................................................................... 25

1. Teorias e conceitos .............................................................................................. 27

1.1. Da transmissão à comunicação ....................................................................... 27

2. Territórios Educativos de Intervenção Prioritária .................................................. 29

2.1. Definição e caracterização do conceito ............................................................ 29

2.2. Enquadramento Legal TEIP ............................................................................. 30

Capítulo II – A mediação como ferramenta em contexto escolar .......................... 33

1. Mediação: que pressupostos? ............................................................................. 34

1.1. O conflito e a mediação .................................................................................... 38

1.1.2. Mediação Escolar ...................................................................................... 40

Capítulo III – Os Cursos Vocacionais na Escola .................................................... 45

1. Cursos Vocacionais ............................................................................................. 46

1.1. Legislação: surgimento, acesso e prosseguimento de estudos ........................ 46

1.2. Potencialidades vs. Constrangimentos ............................................................. 49

Capítulo IV – Da teoria à ação: opções metodológicas.......................................... 53

1. Enquadramento teórico e metodológico ............................................................... 54

2. Conceção do Projeto ........................................................................................... 56

3. Chegada ao contexto ........................................................................................... 58

3.1. Objetivos iniciais e reformulações .................................................................... 58

4. O desenrolar da ação .......................................................................................... 60

PARTE II - COMPONENTE EMPÍRICA ...................................................................... 63

Capítulo V – O contexto e o desenvolvimento da ação.......................................... 65

1. A trajetória até ao EME ........................................................................................ 66

1. EME: a origem da intervenção. ............................................................................ 69

1.1. Atividades desenvolvidas no âmbito do EME ................................................... 72

1.1.1. Divulgação do EME ................................................................................... 72

1.1.2. Dia da Inclusão ......................................................................................... 74

1.1.3. Semana da Paz e do Entendimento .......................................................... 75

1.1.4. Espaço de Convívio .................................................................................. 76

1.1.5. Aulas de Convivência ................................................................................ 77

1.1.6. Tutorias ..................................................................................................... 79

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2. A mediação no EME ............................................................................................ 81

2.1. Pontos fortes e vulnerabilidades ...................................................................... 82

3. O espaço de convívio como um espelho do olhar dos alunos .............................. 84

4. A intervenção com os Cursos Vocacionais .......................................................... 87

4.1. Ficção e Vida Real ........................................................................................... 88

4.2. O repensar da intervenção ............................................................................... 89

4.3. A aprendizagem na intervenção ....................................................................... 90

5. A ética na intervenção ......................................................................................... 92

6. Virtudes e dificuldades no contexto...................................................................... 93

6.1. O contexto e a sua organização ....................................................................... 93

6.2. O papel do/a mediador/a .................................................................................. 94

6.3. A influência sentida .......................................................................................... 95

6.4. As conversas informais: o lugar dos CV ........................................................... 96

6.5. Balanço final da intervenção ............................................................................ 97

7. A avaliação da intervenção: uma perspetiva ...................................................... 102

7.1. Balanço global e pertinência da avaliação ......................................................... 107

Capítulo VI – O papel do profissional das CE no terreno .................................... 110

8. A cientificidade das Ciências da Educação ........................................................ 111

9. O profissional das Ciências da Educação no terreno ......................................... 115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 119

ANEXOS/APÊNDICES ............................................................................................. 125

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Índice de Anexos/Apêndices

Anexo I – Plano Anual Atividades EME 2014/2015/Estratégias de Mediação

Anexo II – Registos de Frequência EME

Anexo III – Instrumento de Apoio às Aulas de Convivência

Apêndice I – Divulgação do EME/Dinamização do Espaço

Apêndice II – Dia da Inclusão

Apêndice III – Semana da Paz e do Entendimento

Apêndice IV – Espaço de Convívio

Apêndice V – Aulas de Convivência

Apêndice VI – Intervenção com CV: apresentação do projeto

Apêndice VII – Intervenção com CV: resumos dos filmes apresentados

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INTRODUÇÃO

______________________________________________________

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20

1. Estrutura geral

O presente relatório constitui o resultado da intervenção realizada no

âmbito do estágio profissionalizante e insere-se no Mestrado em Ciências da

Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto, mais especificamente no domínio designado

Intervenção Pedagógica em Contextos Educativos Formais. Este estágio

decorreu entre outubro de 2014 e junho de 2015. A opção por este domínio

específico deve-se a diversos fatores: primeiramente porque sempre me

interessei pelas questões da escola e dos/as alunos/as na escola, da forma

como estes/as percecionam a escola e a comunidade escolar. Depois porque

tendo frequentado a escola pública até ao 12.º ano penso que ainda há um

longo caminho para a escola percorrer e cabe-nos a nós, enquanto

profissionais na área da educação, desempenhar o nosso papel junto destes

contextos. Um outro aspeto que condicionou não só para a escolha deste

domínio mas também a opção por realizar o Mestrado em Ciências da

Educação deve-se precisamente a ter uma formação de base – licenciatura –

na mesma área e por considerar que no Mestrado é possível dar continuidade

a conhecimentos já adquiridos e aprofundá-los, tendo em conta as nossas

opções para projetar a vida profissional futura. A própria escolha do contexto

de estágio está intimamente relacionada com estes fatores: escolhi

desenvolver o estágio profissionalizante numa escola TEIP – Territórios

Educativos de Intervenção Prioritária – pois são muitas vezes escolas que

ficam um pouco “à margem” pela conotação negativa que esta definição

acarreta.

Assim sendo e tendo em conta todos estes interesses que me motivam,

o estágio profissionalizante foi desenvolvido no Agrupamento de Escolas de

Santa Bárbara – Fânzeres, Gondomar – mais concretamente na instituição

sede Escola Básica 2.º e 3.º Ciclo de Fânzeres.

É importante, nesta fase, clarificar a estrutura do relatório. O mesmo

está dividido em duas grandes partes que se designam por componente teórica

e componente empírica. A componente teórica subdivide-se em quatro

capítulos:

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Capítulo I – Do conceito ao contexto. Neste capítulo são clarificados e

descritos os principais conceitos que antecedem a prática, tal como o conceito

de Territórios Educativos de Intervenção Prioritária e o seu respetivo

enquadramento legal. É importante, ainda nesta fase, compreender e

esclarecer acerca dos diferentes paradigmas do conhecimento e aprendizagem

que poderão servir de base para a relação pedagógica.

Capítulo II - A mediação como ferramenta em contexto escolar. Neste

capítulo é conferida importância ao conceito de mediação e de que forma este

se relaciona com o estágio que desenvolvi. É também importante refletir acerca

da importância da mediação em contexto escolar, abordando assim as

questões da mediação socioeducativa e da mediação de conflitos.

Capítulo III – Os Cursos Vocacionais na Escola. Nesta etapa do

relatório, é importante mobilizar o que já existe sobre esta temática. Como

surgiu, a adesão que tem e de forma esta valência da escola é encarada pela

comunidade escolar de forma a compreender qual o lugar que ocupam no

projetar do futuro destes/as alunos/as.

Capítulo IV – Da teoria à ação: opções metodológicas. É importante,

antes de iniciar a caracterização da ação e das atividades desenvolvidas no

terreno, clarificar quais as estratégias metodológicas adotadas no decurso da

ação tendo em conta a bagagem teórica que já transporto quando chego ao

terreno.

Na segunda grande parte do relatório surge a componente empírica que

é composta por dois capítulos.

Capítulo V – O contexto e o desenvolvimento da ação. A própria

caracterização do contexto é importante de forma a compreendermos toda a

ação que vai ser desenvolvida. De seguida importa caracterizar o próprio

agrupamento e toda a comunidade envolvente bem como o Plano de

Convivência da escola, que é onde se insere o EME, valência a partir da qual

se desenrola toda a minha ação. Neste capítulo, é também descrita toda a

ação desenvolvida bem como todas as atividades levadas a cabo. A ação

subdivide-se em diferentes tópicos de reflexão além das atividades descritas,

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sendo que faço referência à mediação no EME, ao Espaço de Convívio como

um lugar privilegiado para o estabelecer de uma relação de proximidade com

os alunos o que servirá de rampa de lançamento para a intervenção com os

Cursos Vocacionais. Neste capítulo abordarei ainda a questão da ética

subjacente á intervenção bem como às principais dificuldades e virtudes

encontradas no terreno fazendo ainda referência a uma perspetiva de

avaliação tendo em conta as atividades e dinâmicas desenvolvidas e ainda do

desenrolar da própria ação.

Capítulo VI – O papel do profissional das Ciências da Educação no

terreno. De forma a rematar o relatório desta intervenção é impensável não

focar a profissionalidade do Mestre em Ciências da Educação e do seu papel

no terreno, concretamente em contexto TEIP fazendo alusão ao papel que

desempenha na (re) configuração dos currículos alternativos e da forma como

estes são encarados no seio escolar.

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PARTE I

______________________________________________________

COMPONENTE TEÓRICA

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Capítulo I

______________________________________________________

Do conceito ao contexto

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A escola é: “lugar onde se triunfa, onde se aprende a ‘desenrascar-se’

sozinho, lugar que ajuda à tomada de consciência de si. Sob esta escola oficial

(…) está a escola lugar de vida, de amizade e de solidariedade com os amigos.

(2009:43). A escola é uma instância central na vida de todas as crianças/jovens

e é a partir desta importância da escola que foi desenvolvida a minha

intervenção.

Como já estamos familiarizados, a temática do sucesso e do insucesso

escolar é uma temática considerada central no nosso sistema de ensino

português e cada vez mais as escolas procuram melhores resultados pois

assim também contribuem para melhorar o seu posicionamento a nível

nacional – colocando-se numa posição favorável a nível de rankings1 -.

Contudo, algumas escolas vêm esta meta ser dificultada por diversos

condicionalismos: os alunos com maus resultados escolares contribuem para

que a escola não atinga estes objetivos e, é então necessário para a escola

promover o sucesso destes alunos. Para tal, as escolas, no geral, adotam

diversas estratégias, entre elas: criação de percursos curriculares alternativos,

projetos e atividades de enriquecimento curricular, cursos de educação e

formação2. Assim, a escola acaba por ter como finalidades centrais: melhorar o

ambiente educativo e a qualidade das aprendizagens dos alunos que se traduz

no sucesso educativo e intensificar a relação Escola-Família-Meio. A questão

da família e sua relação com a escola é um aspeto que também me desperta

interesse pois acredito que quanto maior e melhor for o apoio que a família

disponibiliza aos seus educandos melhor será o aproveitamento destes.

Contudo, em escolas TEIP a maior parte das vezes os alunos são sinalizados

por parte dos Diretores de Turma devido a duas questões centrais: por um lado

a questão dos maus resultados escolares e por outro a questão da carência a

nível familiar que acaba por influenciar nos resultados escolares. O foco da

minha intervenção é precisamente este aspeto: os percursos curriculares

alternativos e o impacto que estes têm na comunidade escolar. Dito de outro

1 Os rankings referem-se ao lugar/posição que cada escola ocupa a nível nacional baseando-se no

sucesso educativo dos alunos. 2 Os conhecidos CEF´s foram substituídos, a partir do ano letivo 2012/2013, pelos Cursos Vocacionais,

temática que irei abordar mais adiante no capítulo III.

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modo, os cursos vocacionais e a sua relação com a escola. Que pressupostos?

Que respostas? Que visão predomina sobre estes alunos?

1. Teorias e conceitos

1.1. Da transmissão à comunicação

Tendo em conta tudo o que foi mencionado anteriormente, importa

desde já realizar um enquadramento teórico e concetual. Nesta fase realizarei

uma pequena síntese daqueles que são os conceitos fundamentais para

pensar e refletir acerca da escola. Tal como Charlot defende, a partir do

momento que o ser humano nasce está submetido à obrigação de aprender

(2000:53). Contudo, existem várias maneiras de aprender o mundo e de o ser

humano se apropriar do mundo, pelo que não podemos falar apenas de

aprendizagem mas sim de aprendizagens. Assim como existem diferentes

formas de encarar e de aprender o mundo, também existem diferentes autores

que falam acerca do fenómeno da aprendizagem e do conhecimento de formas

distintas. Enquanto Charlot define aprendizagem mais pela dimensão cultural e

social do indivíduo, Ausubel (2003) define a aprendizagem tendo em conta uma

dimensão mais cognitiva.

Segundo Trindade e Cosme (2010), as escolas são encaradas como

contextos incontornáveis e inevitáveis no mundo em que vivemos (pp. 13), e

sendo espaços onde as crianças/jovens passam a maior parte do seu tempo,

importa que estes sejam espaços de convivência, de reflexão e também de

realização pessoal. Para tal, é necessário que o sistema educativo faça face a

estas questões e é necessário também que se adeque às crianças/jovens que

tem perante si. Na maior parte dos casos, isso não acontece e como podemos

constatar através do nosso Sistema de Ensino atual, o que prevalece é um

sistema de ensino ancorado na transmissão de conhecimentos, onde o

professor é tido como o detentor do saber e os alunos devem receber esta

informação e repeti-la, pois só assim poderão progredir no contexto escolar. É

exatamente neste âmbito que surge o paradigma da instrução: “O ato de

educar, neste âmbito, identifica-se com o ato de ensinar porque se

circunscreve as interações que os alunos estabelecem com o saber à

‘apropriação de um saber-objeto’ (…)” (2010:31). A tarefa dos professores é,

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neste caso, “ (…) redimir os alunos da sua ignorância e incompetência (…) ”

(2010:32). Este é o paradigma que vigora nas escolas de hoje-em-dia, onde se

dá mais valor ao que o aluno responde do que aquilo que o aluno pergunta.

Estamos assim perante uma relevância dada ao ato de subscrever aquilo que é

dito, onde a compreensão dos conteúdos acaba por não ser o fundamental,

mas sim a subscrição daquilo que é transmitido pelos docentes. Tal como

Ausubel (2003) defende, a aprendizagem por receção é caraterizada pelo facto

de os alunos receberem informação já na sua forma final e apenas limitarem-se

a reproduzi-la. Tudo isto nos reporta também para a dimensão da escola

transmissora (Leite, 2007), onde é atribuído a escola simplesmente o papel de

transmitir um saber e é necessário, para que este saber seja assimilado, que

os alunos dominem a informação que lhes é transmitida e depois que a

reproduzam quase que automaticamente. Isto acontece pois “ (…) não são

estabelecidas relações com o mundo e não se questionam as realidades que o

configuram.” (2007:147). Posso também no âmbito deste paradigma fazer

referência à escola tecnicista onde o que importa é “ (…) não o que ensinar,

mas sim com o como ensinar o que os outros dizem ou querem que se ensine.”

(2007:149). A escola, tal como a conhecemos atualmente, pretende que os

alunos e professores funcionem como uma “linha de montagem” (Leite, 2007)

em que apenas é necessário que cumpram o que foi estipulado, sendo assim

apenas importante a dimensão da subscrição e a componente relacional é

desvalorizada.

Numa valência oposta a esta da instrução, surge o paradigma da

aprendizagem que denuncia e recusa: “ (…) o estatuto de memorização a que

a Escola sujeita os seus alunos (…) a normatividade e a unicidade

metodológica (…) os programas de estudo estandartizados (…) as limitações

da instrução como modo de formação.” (2010:42). Este paradigma defende que

ao invés do saber estar diretamente associado ao professor, está assim

diretamente ligado com o aluno, ou seja, o aluno constrói a sua relação com o

saber, ocupando o professor o “lugar do morto” (2010:42). Ora, o conhecimento

não pode partir unicamente do professor, nem unicamente do aluno e nem um

nem outro são detentores do saber. Este deve, sim, ser construído por ambos:

“Deve concluir-se que o conhecimento não parte do sujeito nem do objeto, mas

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da interação que se estabelece entre ambos (…) “ (2010:47). Tal como Ausubel

(2003) defende, neste paradigma os conteúdos deverão ser descobertos pelos

próprios alunos, que posteriormente os assimilarão, reorganizando-os.

Assim, surge um outro paradigma – da comunicação – que se

caracteriza precisamente pela partilha de experiências entre aluno e professor

e onde o saber não está diretamente ligado a nenhum destes pois o saber é

construído diariamente por aluno e professor através do diálogo que

estabelecem entre si. O paradigma da comunicação pressupõe que, “ (…) mais

do que uma relação privilegiada a identificar entre os polos, se identificam,

agora, relações de natureza mais plural, contingente e aleatória (…) “

(2010:59). Este paradigma carateriza-se pela valorização dos mais variados

tipos de interações que acontecem em contexto sala-de-aula e que poderão vir

a ser um fator potenciador das aprendizagens dos alunos (2010:58). Através

deste paradigma, as crianças/jovens poderão estar em contacto com os

professores e partilhar as suas experiências e estas serão valorizadas pelo

Professor/a e serão um contributo essencial para a sua aprendizagem.

2. Territórios Educativos de Intervenção Prioritária

2.1. Definição e caracterização do conceito

A sigla TEIP significa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária e

consiste numa medida de promoção de sucesso educativo, de combate da

indisciplina e abandono escolar. Segundo a Direção Geral de Educação, o

Programa TEIP entra este ano letivo 2012/2013 na sua 3.ª geração, surgindo

na sequência do programa TEIP2 e de outras medidas de apoio às populações

mais carenciadas e como respostas às necessidades e expetativas dos alunos.

Este 3.º programa TEIP tem em vista o alargamento do programa a mais

agrupamentos de escolas. Ainda segundo a DGIDC e a DGE, “(…) numa 1ª

fase o Programa TEIP iniciou-se em 35 Agrupamentos, tendo o Ministério da

Educação, no âmbito das medidas de Política Educativa, fixado o universo de

100 Agrupamentos como meta a atingir. A inclusão de mais 24 Agrupamentos

na 2ª fase e 45 na 3ª fase de alargamento do Programa, perfazendo um total

de 104, permitiu alcançar e até ultrapassar a meta enunciada.” O Programa

TEIP3 visa, de uma maneira geral: melhorar a qualidade das aprendizagens

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traduzida no sucesso educativo dos alunos; combater a indisciplina, o

abandono escolar precoce e o absentismo; criar condições para a orientação

educativa e a transição qualificada da escola para a vida ativa; promover a

articulação entre a escola, os parceiros sociais e as instituições de formação

presentes no território educativo. A criação dos TEIP acaba por fornecer

condições às escolas, nomeadamente mais recursos materiais e profissionais

criando projetos de que promovam a educação inclusiva.

Tudo isto se processa em diferentes escolas do país, nomeadamente

em 137 agrupamentos de escolas, distribuídos pelas cinco Direções Regionais

de Educação: Algarve, Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo; Centro e Norte.

Numa primeira fase, o surgimento dos TEIP foram encarados de uma

forma menos positiva por parte da comunidade escolar visto que facilmente se

associa uma escola TEIP a uma escola diferente que necessita de apoios

diversificados aos mais variados níveis, colocando-se desde logo numa

posição menos favorável ao nível do reconhecimento em termos nacionais.

Hoje em dia, os TEIP são entendidos não como um fator negativo mas como

uma ferramenta que possibilita às escolas obter recursos adicionais para

melhorar, em larga medida, o funcionamento da própria escola e trabalhar, em

parceria, para o sucesso educativo dos/as alunos/as. Os TEIP, tal como os

autores Bettencourt e Sousa (2000) nos referem, acabam por nos levar de

encontro ao conceito de “discriminação positiva” pois se por um lado as escolas

TEIP são escolas diferentes das demais, por outro acaba por ser benéfico

devido à diversidade de recursos que fornece.

2.2. Enquadramento Legal TEIP

Os TEIP são criados em 1996, pelo Despacho 147-B/ME/96, geralmente

referidos como TEIP DE 1ª geração, enquanto territorialização/contextualização

de populações com graves dificuldades no acesso e sucesso escolares. Estes

foram

“Criados em 1996 pelo Ministério da Educação constituem-se como uma medida de política educativa que prescreve uma intervenção num determinado espaço geográfico, administrativo e social de combate aos problemas de exclusão social e exclusão escolar, que supõe uma política de discriminação positiva,

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valorizando-se o papel dos actores locais e o estabelecimento de parcerias enquanto contributo para a criação de condições de igualdade de oportunidades”. (Barbieri, Helena; 2003:1)

A segunda fase (TEIP2) foi objeto de uma reformulação legislativa,

através do Despacho Normativo 55/2008 de 23 de Outubro (Legislação

enquadradora):

“O presente despacho define normas orientadoras para a constituição de territórios educativos de intervenção prioritária de segunda geração, bem como as regras de elaboração dos contrato-programa a outorgar entre os estabelecimentos de educação e o Ministérios da Educação para a promoção e apoio ao desenvolvimento de projetos educativos que, neste contexto, visem a melhoria da qualidade educativa, a promoção do sucesso escolar, da transição para a vida ativa, bem como a integração comunitária."

Na sequência da implementação dos TEIP de 2.ª geração,

pretende-se que esta medida seja alargada com o principal objetivo de

reforçar a autonomia das escolas, que devem ter possibilidades e meios

para implementar projetos únicos assentes no conhecimento que

possuem acerca das realidades locais. Assim, a criação de um programa

TEIP de 3.ª geração assume-se como imperativo, no sentido em que é

possível focar a ação das escolas em temáticas que estas considerem

promotoras de aprendizagem e sucesso educativo. O Programa TEIP3

iniciou em 2012/2013 e visa atingir diversos objetivos gerais, entre eles:

1) Melhoria da qualidade de aprendizagem que se traduz no sucesso

educativo dos alunos;

2) Combate ao abandono escolar e a saídas precoces do sistema

educativo;

3) Criação de condições que favoreçam a transição qualificada da

escola para a vida ativa;

4) Articulação da ação da escola com a dos parceiros dos TEIP.

Os TEIP constituem-se, assim,

“ (…) Como espaços de mediação sociopedagógica, uma vez que procuram responder às tensões e aos problemas sociais dos alunos que provocam o seu desajuste no contexto social e escolar. (…) Procura dar atenção a uma população escolar mais desfavorecida, nomeadamente a nível socioeconómico e cultural,

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tendo como principal objetivo o desenvolvimento e implementação de igualdade de oportunidades, respeito pela diferença e autonomia de cada um dos intervenientes.” (2010:3).

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Capítulo II

_________________________________________________

A mediação como ferramenta em contexto escolar

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1. Mediação: que pressupostos?

Chegados a esta fase e após nos termos inteirado do contexto de

estágio e de todas as dinâmicas que o EME pressupõe, é impensável

prosseguir esta reflexão sem dar especial atenção à temática da mediação que

se assume como central em todo o trabalho que desenvolvi no terreno. Por isso

mesmo, este capítulo pretende abordar e esclarecer o conceito, conferindo

especial ênfase aos seus principais pressupostos bem como às vertentes/tipos

que lhe surgem associadas, não esquecendo que é importante contextualizar o

mesmo.

“Nos últimos anos vimos assistindo a um boom da mediação, principalmente na esfera familiar, laboral e internacional. E, contudo, a sua introdução na área educativa está a decorrer de forma mais lenta e com mais dificuldades, sobretudo no âmbito da educação formal.” (2002:151).

É desta forma que inicio este capítulo, com esta citação de Jares que

muito nos diz acerca da mediação principalmente em contexto escolar. Se nos

reportarmos aos primórdios e à própria origem do conceito e da prática da

mediação ou ainda se nos reportarmos ao conceito de conflito (que está na

origem da mediação) podemos perceber que a nossa sociedade está

constantemente em mudança e mudanças cada vez mais drásticas e

aceleradas. Assim, o conflito alarga-se a variados domínios da nossa

existência. Sempre existiram conflitos e continuarão a existir sejam eles de que

natureza forem, da mesma forma que sempre existiram mediadores, pessoas

sábias, conciliadoras às quais se recorre quando é necessário resolver um

desentendimento entre duas ou mais partes. Através da obra de Torremorell

(2008) podemos verificar que esta figura do mediador3 sempre existiu, ainda

que não fosse com esta designação. “Sempre houve, nas tribos ou povoações,

sábios a quem se recorria (…) que traziam sossego às pessoas diferentes (…)

” (Torremorell, 2008 in Six, 1990:11).

Assim, conseguirmos perceber que facilmente se associa a figura do

mediador a uma “ (…) pessoa razoável, amante da paz e da justiça dialogante

e empática, possuidora de um senso comum relacional que a habilita a

3 Com o termo mediador refiro-me, também, à mediadora.

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participar em conflitos alheios sobre os quais exerce um influxo reestruturante.”

(2008:11). Da época das tribos e povoações que referi anteriormente a

mediação foi ganhando um novo relevo e uma importância social, surgindo

como uma ferramenta essencial para o entendimento entre os seres humanos,

tanto a nível pessoal, comunitário, social e político em formas mais ou menos

institucionalizadas.

Contudo, definir o termo mediação não é uma tarefa tão simples quanto

aparenta. Desde logo, “(…) a mediação é um movimento polifacetado, variado

e pluralista (…). Tratar de definir a mediação não é (…) trivial (…) implica entrar

num discurso teórico complexo.” (2008:16). Nos textos que existem acerca

desta temática não apresentam uma definição única e estática do termo e este

fenómeno acontece porque “(…) cada mediador apoia-se na mistura de

assunções que mais se aproximam da sua formação académica, valores,

âmbito de trabalho, experiência, contexto (…)”. (2008:16). Apesar desta disputa

em termos de definição do conceito, concordamos no aspeto em que a

mediação é entendida como um dos principais métodos de resolução

alternativa de conflitos, que implica a intervenção de uma terceira parte neutra

que irá mediar o processo e conduzir a negociação. É importante caracterizar

os diferentes tipos de mediação que atualmente são abordados bem como

caracterizar o mediador de forma mais aprofundada, sempre com a atenção

voltada para o âmbito da minha atuação que é a mediação socioeducativa.

Apesar de existirem diversos tipos de mediação que irei abordar mais a

frente na reflexão, existe também uma série de características que são

transversais a este processo. Segundo Torremorell podemos destacar algumas

ideias comuns tais como: concordar que todos os tipos de mediação assumem

o compromisso de ser um método alternativo de resolução de

conflitos/disputas; existência de uma terceira pessoa que designamos de

mediador e que deverá assumir uma postura neutra e isenta de poder sendo

que o objetivo principal é chegar a um acordo de forma pacífica, num processo

informal de negociação. Estas são algumas linhas transversais a qualquer

processo de mediação, acrescentando ainda que este deve ser um processo

encarado como uma técnica específica de intervenção que requer a livre

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participação e consentimento dos participantes aos quais pertence a decisão

final. (2008:17)

Antes de passar à apresentação e caracterização dos diferentes tipos de

mediação que vigoram atualmente, é importante ainda esclarecer mais

aprofundadamente de que forma a mediação surgiu em Portugal e de que

forma deu os primeiros passos.

Tal como Correia e Caramelo (2010) nos dizem, a temática da mediação

surgiu em Portugal ainda que com um atraso significativo em relação a outros

países. Refiro-me, concretamente, à produção legal da mediação em Portugal

que pode ser repartida por três momentos distintos: numa primeira fase,

assistimos à emergência da produção legal da mediação4 ainda que numa

escala reduzida e num sentido muito pouco definido acerca da temática. Ainda

assim:

“ (…) Identificamos referência a respeito dos domínios da mediação jurídica, laboral e do consumo (…) aproximando-se (…) de ‘mediação vertical’ (…) de iniciativa estatal e definida em função da relação que supõe entre cidadãos e Estado, estando associada aos dispositivos que permitem aos cidadãos reclamar sobre a administração pública (…) ” (2010:23).

Em relação à profissionalidade do mediador, nesta altura não apresenta

qualquer especificidade, isto é, acaba por ser um complemento à formação de

outros profissionais que se encontram em contextos nos quais a mediação é

pertinente. A mediação surge, assim, com a principal finalidade de aproximar

instituições e cidadãos.

Numa próxima fase ou período, podemos assistir à expansão da

mediação5 que, “ (…) por ser socialmente mais abrangente, agora se torna

social, comunitária, familiar ou escolar e se tende a definir como uma

modalidade alternativa de resolução de conflitos.” (2010:23) Nesta altura

assistimos também ao que parece ser a primeira aparição da figura do

mediador ainda que subordinada a outras figuras profissionais ou instituições

previamente definidas.

4 Até meados dos anos 90.

5 De 1995 a 2000.

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A última fase deste processo, também designada pelos autores como

terceiro período, “ (…) parece ser marcado por uma intensa produção

legislativa visando uma afirmação legal da mediação especializada,

formalizada e pré-definida, no que poderíamos designar de movimento de

consolidação legal da mediação.” (2010:24) Nesta fase assistimos à passagem

daquilo que inicialmente era fulcral, ou seja, estabilizar as relações entre

instituições e cidadãos, para a “ (…) associação da mediação à narrativa da

inclusão social e da transformação dos mecanismos de regulação social (…)

preocupada com a coesão social (…) ” (2010:24)

Após realizar este enquadramento e contextualização acerca do

surgimento legal da mediação em Portugal, é importante agora compreender

quais são os modelos e tipos de mediação que antecedem a prática da

mediação escolar que é o meu âmbito de atuação.

Segundo Tiago Neves (2010), o facto de a mediação não ser entendida

na sua íntegra como uma dinâmica sólida e organizada, faz com que surjam

dois grandes modelos de entendimento desta matéria, modelos esses que se

confrontam entre si a vários níveis, principalmente ao nível dos saberes do

mediador, dos procedimentos e dos objetivos (2010:38). Refiro-me,

concretamente, ao modelo romântico, por um lado, e ao modelo profissional,

por outro. Caracterizando brevemente cada um, a crença no modelo romântico

pressupõe a capacidade que os indivíduos desenvolvem para situações de

mediação apesar de não usufruírem de formação específica, isto é, seriam

apenas “ (…) indivíduos capazes de resolver as situações que se lhes

apresentam exclusivamente pelo recurso às suas competências pessoais e do

relacionamento com os outros.” (2010:38). Por outro lado, o modelo profissional

da mediação pressupõe a formação específica na área. Como referi acima,

este confronto entre estes dois modelos surge a vários níveis e ao nível dos

procedimentos é facilmente percetível que o modelo romântico não os possui

definidos, ou seja, “ (…) a mediação emerge (…) como um processo de

fronteiras indefinidas e estruturação difusa.” Por seu turno, no modelo

profissional “(…) existe (..) um ímpeto claro no sentido de conferir à mediação

um estatuto de cargo.” (2010:39). Relativamente aos objetivos de um processo

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de mediação, se por um lado o modelo romântico visa “ (…) a emancipação

dos sujeitos, a justiça social ou o desenvolvimento local (…) ”, o modelo

profissional “ (…) orienta a sua atuação quotidiana essencialmente para a

resolução de problemas mais ou menos circunscritos”. (2010:39).

O facto de existir a priori um confronto entre estes dois modelos não

significa que estes não possam coexistir. Isto é, podemos a dada altura

posicionarmo-nos numa visão mais romântica da mediação ainda que com a

base da mediação profissional. A lógica de atuação no âmbito do estágio passa

um pouco pela conjugação destes dois modelos.

É claramente percetível que a mediação assume-se como uma forma de

intervenção social e importa agora refletir um pouco acerca daquilo que torna a

mediação uma técnica de intervenção necessária seja em que âmbito for: o

conflito. “ (…) a mediação remete para o reconhecimento de uma determinada

situação como conflitual pelas partes envolvidas e para a sua tentativa de a

resolverem através do recurso a um terceiro independente (…)” (2010:39)

1.1. O conflito e a mediação

Tal como referi acima, a profissionalidade do mediador socioeducativo é

relevante porque existe antecipadamente um conflito. Neste tópico irei abordar

o conceito de conflito, qual o lugar que este ocupa na aprendizagem das

crianças e jovens, a sua estrutura e diferentes formas de o encarar.

Segundo Jares (2001),

“(…) o conflito pode ser definido de diferentes pontos de vista (…) embora a maioria das definições dadas se refiram a um fenómeno de incompatibilidade entre pessoas ou grupos, ou entre grupos e pessoas (…)” (2001:42)

Muitas são as definições que diversos autores conferem ao conflito, ainda

que o autor defenda que entende por conflito “ (…) um tipo de situação em que

as pessoas, ou grupos, buscam ou idealizam metas opostas, afirmam valores

antagónicos ou têm interesses divergentes.” (Jares, 2001 in Jares, 1999a: 111).

Ou seja, o autor acredita que o conflito passa fundamentalmente por uma

questão de incompatibilidade. Esta incompatibilidade pode verificar-se a vários

níveis e é, muitas vezes, um fenómeno que evolui com o tempo (pp.43), sendo

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ainda um fenómeno dinâmico e social que pode apresentar diferentes graus de

intensidade.

Quando estamos perante uma situação de incompatibilidade entre

pessoas ou grupos, é importante aferir se estamos deveras perante um conflito

verdadeiro ou falso (pp.45), ou seja, entende-se por conflito verdadeiro quando

se verifica incompatibilidade ao nível, por exemplo, dos interesses económicos,

educativos, entre outros; por conflito falso entende-se por exemplo a falha da

comunicação e/ou falsas perceções.6 O que acontece comumente é que o

facto de existirem conflitos falsos mal resolvidos podem eles mesmos

desencadear conflitos reais.

Assim e segundo Jares, para falarmos de conflito verdadeiro, existem

determinados elementos que devem estar sempre presentes, sendo eles as

causas que provoca o conflito, os protagonistas intervenientes, o

processo/forma como os protagonistas o encaram e o próprio contexto em que

o conflito ocorre. Por exemplo, uma frase dita por um aluno em contexto sala-

de-aula provavelmente não terá o mesmo impacto que a mesma frase dita em

contexto de recreio. O contexto desempenha, assim, um papel importante na

medida em que nos diz bastante acerca das causas, da sua evolução e

também das possibilidades de resolução. (2001:45)

Relativamente às formas de enfrentar o conflito, que também se revela

uma temática pertinente neste âmbito, o autor destaca cinco graus distintos. O

primeiro grau tem a ver com a competição: neste caso, o protagonista apenas

se preocupa consigo próprio e com os seus interesses e existe também uma

elevada assertividade e ausência de cooperação; o segundo grau remete-nos

para o evitar da situação quando o protagonista têm consciência do conflito;

num grau acima, os protagonistas procuram compatibilizar interesses de

ambas as partes entrando, assim, num processo de negociação; no quarto

grau, os protagonistas acomodam-se, isto é, apenas se torna importante

satisfazer as necessidades do outro, não se preocupando com as próprias; por

fim e idealmente, os protagonistas procuram satisfazer ambas as partes e

entramos num processo de colaboração. (2001:121)

6 No capítulo V, é possível encontrar exemplos de conflitos falsos que se verificaram no EME.

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Como já referi anteriormente, o conflito está cada vez mais presente no

tecido social e torna-se imprescindível aprender a conviver e é certo que esta

abordagem deve ser feita, numa primeira fase, pela família mas cada vez mais

o sistema educativo desempenha um papel fulcral neste âmbito, tendo em

conta que as questões da convivência ocupam um lugar central na vida dos

estudantes.

Ao invés de tentarmos evitar o conflito, é extremamente importante que o

encaremos como um fator de aprendizagem e gerador de mudança visto que é

algo que estará sempre presente ao longo do crescimento seja a nível pessoal

ou profissional, no âmbito das relações que se estabelecem.

É neste âmbito que surgem e se tornam imprescindíveis, por exemplo,

espaços de mediação nas escolas que nos permitem encarar o conflito como

um lugar privilegiado de dinâmica interpessoal/relacional. Assim, os principais

objetivos de um espaço desta génese passam por aprender a olhar o conflito

como algo positivo bem como rejeitar a violência como forma de resolução dos

mesmos. É importante, ainda, prevenir a intimidação e violência entre os

alunos desenvolvendo uma cultura de paz que assenta nos direitos humanos e

no respeito, tolerância e democracia. A escola deve, assim, trabalhar e fornecer

condições para a criação de uma rede de mediadores/as de resolução de

conflitos, assumindo assim que a profissionalidade do mediador socioeducativo

se torna imprescindível neste sentido. (2001:89)

1.1.2. Mediação Escolar

“Entendemos que a educação (incluindo a educação escolar) não poderá ser senão um processo de mediação entre sujeitos, mundos e saberes. A transferência de cultura (…) de conhecimento e (…) de informação não são processos mecânicos. Implicam um constante processo de mediação.” (2010:6).

Tal como esta citação nos mostra, a escola é também ela um local onde a

mediação está, ainda que sob qualquer outra designação que possa assumir,

presente. Seja entre aluno-aluno, entre aluno-professor ou até mesmo entre

aluno-funcionário, a questão da mediação ganha uma relevância importante

visto que a escola é, por si só, sinónimo de relações constantes, relações

essas que muitas vezes fogem ao controlo da própria escola. No caso

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específico do EME, a mediação que levamos a cabo e que se torna mais visível

a priori é a mediação como resolução de conflitos, no entanto, a mediação está

presente sob diversas formas no âmbito das atividades que desenvolvemos

através do EME. Tal como os próprios autores nos mostram “Embora esteja

conotada com práticas conciliadoras, a mediação tem vindo a afirmar-se como

um modo alternativo de resolução de conflitos, como um modo de regulação

social (…) podendo assumir diversas formas, consoante a situação (…) ”

(2010:6).

A mediação socioeducativa é reconhecida como um método de resolução

de conflitos e também como um meio de regulação e de recomposição pacífica

das relações humanas podendo incidir especialmente em aspetos culturais da

comunicação, construção de modalidades alternativas de gestão das relações,

dinamização da cultura e também da prevenção e gestão dos conflitos como

uma oportunidade para melhorar as relações sociais.

“A mediação inclui, necessariamente, uma terceira pessoa, ou seja, a

mediação desenvolve-se, no mínimo, numa interação triangular onde o

mediador funciona como um tradutor de culturas.” (Geertz:1983 in 2010:6)

No âmbito do EME, quando existe uma situação conflituosa entre alunos

seja em contexto sala de aula ou em contexto de intervalo, atuamos no sentido

de tentar resolver aquele conflito em específico mas muitas vezes é necessário

fazer uma intervenção mais aprofundada, isto é, muitas vezes o conflito que

estamos a observar naquele dado momento já provém de conflitos antigos e é

importante desmontar isso para que a situação fique esclarecida. Assim, vamos

de encontro a uma mediação de segunda ordem:

“ (…) ou seja, sustentada em modelos construtivistas, cujos objetivos vão para além da dimensão curativa ou reparadora, centrada na resolução dos problemas, para perspetivas (…) reparadoras e mesmo criativas (…) com objectivos de transformação dos indivíduos e das situações.” (2009:3).

“Actualmente, e desde finais da década de noventa (…) a mediação estará numa quarta-fase, a da ‘hegemonia paradoxal’, que não a reduz a uma mera prática alternativa de resolução de conflitos, mas coloca-a no palco da regulação social.” (2009:2).

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A prática de mediação em contexto escolar remete-nos claramente para o

controlo e a regulação social pois pretendemos amenizar os comportamentos

para que possam ser enquadrados nos padrões aceitáveis da sociedade mas

não só. As práticas de mediação neste contexto conferem “ (…) visibilidade

enquanto processo cooperativo e mesmo preventivo no domínio da cultura de

cidadania e educação para a paz” (2009:2) educação essa que é uma das

metas do plano de convivência desta escola.

Quando falamos em mediação como resolução de conflitos referimo-nos

igualmente a uma tentativa de controlo da sociedade e no estabelecimento de

regras e normas de convivência que devem ser respeitados de forma a não

entrarmos em conflito ainda que este deva ser encarado como gerador de

mudança e aprendizagem. Em contexto escolar a mediação assume a postura

de regular comportamentos de forma a contribuir para amenizar relações que

podem a priori entender-se como difíceis e causadoras de conflito.

É neste sentido que vamos de encontro ao conceito de mediação escolar.

O grande mote da mediação escolar passa precisamente por entendermos o

conflito como gerador de mudança e aprendizagem, como já referi no tópico

anterior. Tal como Schmitt, acredito que “ (…) a mediação constitui um

processo educativo para ensinar às pessoas como podem reapropriar-se da

gestão dos seus conflitos e de que (…) a escola representava o lugar relevante

para esta aprendizagem.” (2010:50).

O desenvolvimento de programas de mediação junto das escolas tem este

objetivo central: dotar os alunos de capacidade e autonomia para conseguirem

resolver os seus próprios conflitos e encontrar soluções para os problemas que

vão surgindo sejam eles de cariz relacional a nível de grupo de pares ou

mesmo de cariz professor-aluno.

Ao longo de toda a licenciatura e também do próprio mestrado em

Ciências da Educação, a questão da mediação foi sempre central em todo o

percurso visto que, no final, a nossa profissionalidade será a de mediador/a

socioeducativa e da formação. No entanto, no âmbito do estágio e mesmo das

próprias saídas profissionais, um licenciado e/ou mestre em Ciências da

Educação pode não fazer da mediação a sua principal área da intervenção.

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Contudo, neste caso específico do TEIP que é onde estagio e onde pretendo

vir a trabalhar, idealmente, numa perspetiva futura, a mediação é algo que

estará, inevitavelmente, presente.

“É frequente encontrarmos associado ao conceito de mediação representações e práticas diferenciadas. Algumas, abrem o conceito (…) a práticas informais (…)” como por exemplo o voluntariado e “(…) outras, remetem a intervenções muito específicas e definidas (…) no âmbito da resolução alternativa de conflitos (…)”. (2009:1).

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Capítulo III

______________________________________________________

Os Cursos Vocacionais na Escola

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1. Cursos Vocacionais

1.1. Legislação: surgimento, acesso e prosseguimento de

estudos

No âmbito do meu interesse pelas vias alternativas ao ensino regular e

mais concretamente no âmbito da minha investigação e intervenção para o

desenvolvimento desta reflexão, torna-se fundamental realizar um

enquadramento concetual e legislativo acerca do meu interesse central que são

os Cursos Vocacionais7, designados de aqui em diante pela sigla CV.

Portanto, tendo como interesse expresso no título a questão dos cursos

vocacionais e que lugar estes ocupam na escola e no ensino em geral, este

capítulo pretende enquadrar e dar a conhecer o surgimento dos CV no sistema

de ensino nacional, nomeadamente quais as razões que motivaram a criação e

desenvolvimento desta vertente de ensino bem como compreender quais foram

os impactos desta medida a nível nacional. Para tal, é indispensável fazer uma

análise da legislação respeitante a esta temática bem como a documentação

oficial a partir da qual possamos ter acesso aos principais impactos, virtudes e

fragilidades desta medida.

Ao iniciar a minha reflexão referi que a escola é uma instância central na

vida de qualquer criança/jovem visto que ocupa uma grande parte das suas

vidas e é neste contexto que se desenvolvem as principais competências a

nível académico mas não só, se tivermos em consideração que a escola é

também um lugar privilegiado para o despoletar das relações entre indivíduos e

para a tomada de consciência e construção das próprias personalidades. Além

de encarar a escola como palco principal para todas estas situações, também

não descuro o importante papel que a escola desempenha no que concerne ao

sucesso e insucesso dos alunos e na construção dos projetos de vida dos

mesmos. É esta questão do sucesso/insucesso escolar que está na origem da

criação de percursos curriculares alternativos nos quais se inserem os CV.

Quero com isto dizer que, ao lidarem com trajetórias e percursos escolares

menos favoráveis, as escolas, na minha ótica, devem fornecer alternativas

7 Refiro-me, ao longo da reflexão, aos Cursos Vocacionais de Ensino Básico.

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reais e adequadas aos percursos de cada estudante. Nesta linha de

pensamento surgem os CV em 2012/2013 pela Portaria n.º 292-A/2012,

antecedidos pelos CEF´s – Cursos de Educação e Formação. Esta vertente

alternativa de ensino surgiu, numa fase inicial e numa lógica de experiência-

piloto, em treze escolas indicadas pelas direções regionais de educação

respeitantes a cada área geográfica.8

A principal distinção que podemos fazer entre os CV e os anteriores

CEF´s é o facto de estes mais recentes poderem receber alunos a partir dos

treze anos de idade, enquanto os CEF´s apenas recebiam alunos a partir dos

quinze anos de idade. Outra distinção importante e que influencia as escolas é

o facto de os anteriores CEF´s serem financiados pelo Fundo Social Europeu, o

que garantia a contratação de técnicos especializados para lecionar. Já nos

CV, as escolas são autónomas a esse nível, isto é, estão dependentes dos

recursos que dispõem.

Os Cursos Vocacionais, segundo a Direção Geral dos Estabelecimentos

Escolares e o Ministério da Educação e Ciência, constituem uma oferta no

ensino básico que privilegia não só a componente teórica da aquisição de

conhecimentos, como é previsto no ensino regular, mas também a componente

prática mais direcionada para o mercado de trabalho, através das atividades

vocacionais. Esta conjugação de interesses faz com que as escolas consigam,

teoricamente, fazer frente às trajetórias e percursos menos favoráveis que

referia anteriormente, bem como favorecer a inclusão de todos os alunos no

8 Para conhecimento, as treze escolas piloto foram:

DRE Algarve – Esc. Bas. 2,3 Dr. António Sousa Agostinho DRE Algarve – Esc. Profissional Cândido Guerreiro DRE Alentejo – Agrupamento de Escolas n.º 2 de Évora (André Resende) DRE Alentejo – Colégio de Nossa Senhora da Graça DREC – Agrupamento Esc. Alcains e S. Vicente da Beira DREC – Esc. Sec. Eng.º Acácio Calazans Duarte DRELVT – Alcochete DRELVT – Esc. Sec. Ferreira Dias DRELVT – Escola Comércio Lisboa DRELVT – Externato João Alberto Faria DREN – Agrupamento Esc. Macedo Cavaleiros DREN – Esc. Bas. 2,3 Sande DREN – Esc. Sec. Senhora da Hora

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percurso escolar, preparando-os para a vida e fornecendo mecanismos

basilares para o futuro no mercado de trabalho.

É importante caracterizar o público-alvo dos CV de forma a compreender

a que alunos se dirige esta medida e quais as condições de acesso à mesma.

Como referi anteriormente, os CV destinam-se a alunos a partir dos treze anos

de idade que manifestem alguns constrangimentos ao nível de ensino regular,

mais concretamente alunos que apresentem duas ou mais retenções no

mesmo ciclo ou três retenções em ciclos distintos na totalidade do seu

percurso. É importante que a seleção dos alunos seja feita previamente de

forma a poder adaptar o currículo aos interesses e motivações destes para que

o curso seja mais rentável. Um aspeto importante é o encaminhamento dos

alunos para esta vertente de ensino. É efetuada uma avaliação vocacional por

parte do/a psicólogo/a da escola que avalia fatores como a idade, o percurso

escolar, os interesses e características dos alunos. O conhecimento e

autorização dos encarregados de educação são fundamentais para este

processo.

Relativamente à estrutura curricular dos CV, estes são organizados

através de módulos, nomeadamente o módulo geral, módulo complementar e

módulo vocacional. O primeiro diz respeito às disciplinas de Português,

Matemática, Inglês e Educação Física. O segundo módulo diz respeito à área

das Ciências Sociais (História e Geografia), das Ciências do Ambiente

(Ciências Naturais e Físico-química) e uma outra língua por exemplo o

Francês. O módulo vocacional engloba as atividades vocacionais e a prática

simulada9 preferencialmente desenvolvida em empresas com as quais as

escolas estabelecem parcerias.

Em relação à qualificação e prosseguimento de estudos, os CV

conferem o 6.º (sexto) ou o 9.º (nono) ano de escolaridade, apesar de não

conferirem certificação profissional. Ao ficarem habilitados com o 9.º ano, os

alunos podem prosseguir estudos de três formas diferenciadas: no ensino

regular, desde que realizem e apresentem aproveitamento nas provas

9 A prática simulada tem lugar no final da lecionação e destina-se a uma demonstração da atividade

prática (por norma não excede as 210 horas).

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nacionais do 9.º ano de escolaridade; no ensino profissional desde que tenham

aproveitamento em todos os módulos do curso; e têm ainda a opção de

continuar no ensino vocacional a nível do secundário desde que apresentem

conclusão em 70% dos módulos da componente geral e complementar e 100%

da componente vocacional.

1.2. Potencialidades vs. Constrangimentos

Após conhecer a legislação acerca da temática dos CV, de tudo o que

esta dinâmica envolve e das características que apresenta, é também

claramente importante realizar uma pequena reflexão acerca das

potencialidades desta vertente de ensino que são visíveis e exequíveis em

termos teóricos, ainda que sempre com a atenção voltada para os

constrangimentos que, inevitavelmente, surgem com a implementação dos CV

nas escolas. Para tal e visto que esta é uma realidade recente no universo

escolar – como já referi os CV foram introduzidos na escola em 2012 -, optei

por realizar esta pequena reflexão relativa às potencialidades e

constrangimentos tendo como referência o relatório acerca da experiência-

piloto que referi anteriormente. Este relatório foi elaborado por um grupo de

acompanhamento específico. 10 Através da análise deste relatório é possível

destacar alguns aspetos que me parecem fundamentais para compreender a

dinâmica dos CV bem como levantar possíveis questões que foram também

alvo da minha atenção tendo em conta o meu objetivo principal que é

compreender qual o lugar que estes cursos ocupam no seio da escola e

também qual a perceção que esta e também a restante comunidade escolar

detém sobre o assunto. As questões que foram surgindo no âmbito da

intervenção serão alvo de reflexão mais adiante quando me referir

especificamente à minha intervenção e aos dados que consegui recolher.

Quando falamos de uma medida que é implementada em contexto

escolar, é pertinente refletirmos também acerca da sua pertinência e do

impacto que esta trouxe visto que nos referimos a um contexto plural, onde 10

Este grupo de acompanhamento estava constituído por seis representantes de diversas áreas de atuação, englobando Institutos Politécnicos, Universidades, Escolas e também representantes do Ministério da Educação e Ciência.

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estão em diálogo e relação diariamente uma multiplicidade de atores com

interesses em comum. Assim, socorro-me do relatório que supra referi, para

tentar perceber quais as principais potencialidades bem como os principais

constrangimentos que surgiram na sua implementação com o propósito de

estabelecer também uma comparação com a minha própria intervenção.

Através de inquéritos por questionário, a equipa de acompanhamento

consegui aferir diversas opiniões acerca de diferenciados tópicos de atuação,

como por exemplo, qual a razão da escolha desta via de ensino pelos alunos;

quais os aspetos que eles e EE e também docentes consideram mais positivos

e negativos na regulamentação e operacionalização do curso, entre outros.

A mim parece-me central a questão da visão que alunos, docentes e EE

têm acerca desta medida visto que, como dizia anteriormente, a escola é um

lugar onde estão em diálogo com interesses em comum: se por um lado o

aluno e o EE procuram melhores respostas e ofertas mais adequadas para o

seu futuro profissional e para os seus educandos, por outro assumo que os

docentes também procurem realização a nível profissional e mesmo pessoal ao

lecionar os CV.

Tal como nos transmite o relatório, a maioria dos alunos opta por esta

via de ensino maioritariamente por demonstrarem uma inadaptação ao ensino

regular seja por dificuldades de compreensão ou por falta de interesse nos

assuntos tratados (pp.24). Para evitar o abandono precoce11 e sucessivas

retenções, surgem estes percursos curriculares alternativos que vão de

encontro, teoricamente, aos interesses dos alunos. A maioria dos alunos que

frequenta os CV assume que não pretendem voltar ao ensino regular (pp. 25) e

focam a questão da saída profissional que consideram mais fácil encontrar com

a frequência do curso em comparação com o ensino geral, bem como a

possibilidade de estar em contacto com diversas empresas, o que confere uma

dimensão prática forte ao curso. (pp.25)

Relativamente à postura que os docentes apresentam, destaco a

questão do interesse demonstrado por parte dos alunos, isto é, a maioria dos

11

A escolaridade é obrigatória, em Portugal, até ao 12.º ano.

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docentes inquiridos afirma que, para os alunos interessados a medida é

bastante adequada, o que não acontece com os alunos menos interessados.

Destacam, ainda, o facto de conseguirem relacionar a vertente teórica com a

vertente mais prática.

Após analisar a legislação acerca dos CV, apraz-me dizer que a oferta é

bastante enriquecedora e voltada para os alunos. No entanto, surgem-me

algumas questões, tais como: até que ponto esta medida é realmente eficaz no

terreno? Tendo em consideração que estamos perante alunos à partida

desmotivados pela escola e pelo ensino em geral, de que forma podemos

cativar os seus interesses? Que estratégias devem os professores utilizar?

Qual o papel do mediador socioeducativo neste âmbito de atuação?

Foram estas as questões que foram surgindo ao longo do contacto com

a escola e com os alunos e que me levaram a querer realizar intervenção com

os CV. 12

12

Os resultados da intervenção com o CV encontram-se no capítulo V, tópico 5.

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Capítulo IV

______________________________________________________

Da teoria à ação: opções metodológicas

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1. Enquadramento teórico e metodológico

Ao longo do percurso nas Ciências da Educação, seja no âmbito da

licenciatura ou até no próprio mestrado, foi possível aprofundar diversos

conhecimentos de modelos epistemológicos de produção de conhecimento e

parece-me pertinente mobilizar aqui alguns contributos de alguns autores

fundamentais para que a perceção sobre o desenvolvimento da minha ação

seja mais fundamentado e enquadrado.

Acerca do conceito de Ciência, António Manuel Baptista e Boaventura

Sousa Santos têm visões completamente distintas daquilo que é um mesmo

conceito. Boaventura Sousa Santos não fornece uma definição única e estática

do conceito de ciência pois considera que esta resulta do social, é um produto

social, sendo assim suscetível de mudança e com uma pluralidade de

significados; diz-nos ainda que, a ciência moderna natural é disciplinar,

totalitária e desconfia do senso comum, enquanto António Manuel Baptista nos

diz que não tem sentido falar em ciência natural, pois toda a ciência é natural.

Numa vertente pós-moderna, Boaventura Sousa Santos fala-nos do carácter

local das medições e do rigor do conhecimento. Relativamente às definições de

ciência social, Sousa Santos defende que a ciência social moderna assenta na

racionalidade das ciências naturais e na sua vertente pós-moderna é

compreensiva, não dualista e aproxima-se das humanidades. Neste caso,

coloca o sujeito no centro do conhecimento e a natureza no centro da pessoa.

“O conhecimento científico é uma construção social porque não há uma relação

directa e imediata entre sujeito e objecto.” (Sousa Santos:2002) Para António

Manuel Baptista, não existe ciência social da mesma forma que existe ciência

natural pois não são aplicáveis os mesmos critérios de verdade, verificação e

validação.

Após este pequeno debate, importa posicionar o conhecimento aqui

produzido num paradigma científico e é a partir deste paradigma que a

intervenção se irá desenrolar. Visto que tenho como principal objetivo auscultar

perceções, representações e sentidos em crianças/jovens e no seu lugar na

escola, insiro-me, assim, numa abordagem qualitativa e fenomenológica que se

insere num paradigma emergente do conhecimento. Segundo Thomas Kuhn

(1989), os paradigmas são diversas formas de ver o mundo e a realidade. Não

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é apenas um entendimento sobre a ciência e o pensamento científico, estrutura

igualmente a forma de compreendermos a vida na sociedade. O paradigma

dominante pauta-se por ser uma visão de ciência que procura o conhecimento

científico universal, determinista e objetivo onde a matemática (clara e objetiva)

constitui o seu principal instrumento de raciocínio. Por sua vez, o paradigma

emergente pauta-se pela maior personalização do trabalho científico, isto é,

está presente uma maior subjetividade e o paradigma emergente, ao contrário

do dominante que se caracteriza como sendo explicativo, acaba por ser de raiz

mais compreensiva. Ou seja, no paradigma emergente, acaba por se dar mais

importância ao senso comum pela simples razão de que este é visto como

orientador das nossas ações e o que nos possibilita uma melhor compreensão

da realidade. Em relação á postura de quem aplica o conhecimento, no

paradigma dominante, este encontra-se fora da situação em que a aplicação

incide e não é afetado por ela; no paradigma emergente está existencial, ética

e socialmente comprometido com as consequências dessa aplicação. Posso,

mais uma vez, referir que me posiciono num paradigma emergente do

conhecimento.

No que diz respeito á questão da objetividade, mediante os dois tipos de

objetividade estudados – forte e fraca – posso afirmar que a produção de

conhecimento que pretendo levar a cabo e a própria intervenção que irei

desenvolver posiciona-me, desde logo, numa objetividade forte. Entende-se por

objetividade uma característica que a ciência muito anseia atingir. Para a

ciência moderna, a objetividade do conhecimento consiste na determinação

das qualidades mensuráveis e quantificáveis do fenómeno e, por conseguinte,

no estudo das propriedades matemáticas e geométricas e não das qualidades

ou propriedades sensíveis. A ciência tem presente de que o fator subjetividade

não pode ser eliminado, isto é, a ciência deve valorizar o fator subjetivo, o

pensamento do investigador para atingir o conhecimento. Deste modo, a

objetividade fraca caracteriza-se como sendo objetiva na qual há a ausência de

valores, imparcialidade e onde o investigador atua de forma desapaixonada,

quase que “de fora” do contexto. Por outro lado, a objetividade forte

caracteriza-se por uma maior valorização do senso comum. Visto que pretendo

“dar voz” aos jovens no que diz respeito às questões escolares, pretendo

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também valorizar as suas representações acerca da escola e é a partir da

informação que me vai chegar que pretendo desenvolver o meu trabalho, isto

é, não cheguei ao terreno com ideias pré-concebidas (apesar de todo o

investigador levar sempre consigo uma bagagem teórica), mas construir o

conhecimento a partir da voz dos meus participantes primordiais, posicionando-

me, assim, num eixo compreensivo em relação ao conhecimento: O eixo

explicativo é

“ (…) tributário do modelo dominante das Ciências Físicas, das Ciências Naturais. Situamo-nos numa posição de alguém capaz de saber o que os outros não sabem sobre a sua própria prática, produzindo um olhar exterior sobre comportamentos considerados como cegos e desprovidos de saber sobre eles próprios”; Já o eixo compreensivo caracteriza-se por “(…) A tarefa do investigador/a – construção do saber – é ir buscar juntos daqueles/as que sabem o discurso de que são portadores (…), em que se considera que o/a verdadeiro/a sociólogo/a é o/a cidadão/ã.” (BERGER:1992).

O facto de o investigador ir para o terreno já com uma bagagem cultural,

social, psicológica e biológica faz com que a sua investigação parta, desde

logo, de um determinado ponto de vista. Se é minha intenção estudar e refletir

acerca das questões da escola do ponto de vista das famílias e dos alunos, já

levo comigo um ponto de vista definido. Esta ideia está intimamente

relacionada com as autoras Sandra Harding e Donna Haraway que nos falam

do conceito de “standpoint” ou conhecimento a partir de um determinado ponto

de vista. Desta forma, podemos afirmar que a investigadora tem um

determinado ponto de vista que, tal como já foi dito, lhe permite “escolher” o

que deseja observar para obter os melhores resultados. Assim sendo, não atua

como uma “tábua rasa”.

2. Conceção do Projeto

Nesta fase é importante compreender quais as etapas centrais pelas quais

o desenvolvimento deste projeto de intervenção passou para que,

seguidamente, a ação seja descrita de uma forma mais contextualizada.

Quando idealizamos um projeto temos presente uma intencionalidade, isto

é, temos como meta, idealmente, a mudança social e não apenas a resolução

de um problema ou situação específica. Para tal e tendo em conta Capucha

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(2008), é necessário efetuar um planeamento da ação a desenvolver e neste

mesmo planeamento damos conta, entre outros aspetos, do diagnóstico, que

constitui uma etapa essencial de qualquer projeto de intervenção e do desenho

do projeto que poderá incluir os objetivos iniciais, os recursos dos quais

dispomos bem como as atividades que pretendemos levar a cabo.

“ Actuar na lógica de projecto consiste, resumidamente, em operar com base na mobilização de conhecimento para identificar as acções necessárias à projecção estruturada e organizada de uma mudança face a uma situação diagnosticada que se pretende alterar dentro de um prazo definido e mobilizando um conjunto determinado de recursos.” (2008:7).

Qualquer que seja o projeto de investigação e/ou intervenção é importante

que não se resuma apenas a uma intencionalidade mas acima de tudo que

seja caracterizado também pela ação existindo assim uma correlação entre a

teoria e a prática. A investigação deve ocupar um lugar central em qualquer

intervenção. Assim, a concetualização de um projeto passa por diferentes

momentos até alcançarmos a mudança que falava anteriormente. Numa

primeira fase, quando clarificamos as nossas intenções com o projeto e quando

justificamos a sua pertinência estamos perante o projeto-visado.

Posteriormente, quando concebemos como ocorrerá a mudança encontramo-

nos na fase do projeto-plano: “ (…) O planeamento é (…) o conjunto articulado

de procedimentos que conduzem ao estabelecimento do plano de acção (…) ”

(2008:7). A fase seguinte, denominada projeto-processo constitui a ação que

irá concretizar o projeto em si que, tal como o nome indica, refere como ocorre

a transição desde o ponto de partida até ao ponto de chegada:

“Assinala os passos críticos dessa transição, identifica os meios e recursos de diversa natureza necessários para que a transformação se produza, incluindo os agentes responsáveis pela consecução das acções que a concretizam. Estabelece prioridades e define as acções a desenvolver e o seu encadeamento no tempo.” (2008:8).

Numa fase final do projeto, idealmente estaremos perante o projeto-

produto que engloba os efeitos que o próprio projeto gerou e com o qual se

espera que a mudança aconteça e que contribua para melhorar a situação que

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esteve na sua origem. Estas fases que foram aqui descritas devem ser

coerentes e exequíveis entre si. Contudo, na maior parte das vezes existem

situações e/ou desvios com as quais nos defrontamos que nos levam a

repensar a nossa ação para uma melhor efetividade do processo. Assim, torna-

se “ (…) necessário pensarmos também num dispositivo de avaliação que nos

ajude a identificar, compreender e intervir bem sobre esses desvios e perceber

(quem age e os outros) se conseguimos ou não a mudança desejada.”

(2008:8).

O processo de avaliação torna-se, assim, indispensável na conceção de

qualquer projeto e é uma dimensão que consiste

“ (…) no processo sistemático de pesquisa, questionamento e reflexão através do qual as pessoas e as instituições envolvidas ou interessadas no projecto pensam criticamente sobre os objectivos planeados (incluindo sobre as teorias implícitas e explícitas que lhes subjazem), aprendem com o que estão a fazer e apreciam quer a qualidade da intervenção, quer os resultados produzidos.” (2008:8).

O diagnóstico constitui a primeira etapa de um qualquer processo de

investigação/intervenção e por isso mesmo é importante iniciar esta meta-

avaliação do projeto de estágio nesse sentido.

“ (…) A elaboração de um diagnóstico constitui uma oportunidade única para promover o debate entre os parceiros de um projecto, facilitando assim a formação de consensos sobre os problemas, as prioridades, as responsabilidades e os objectivos de intervenção.” (2008:23).

3. Chegada ao contexto

3.1. Objetivos iniciais e reformulações

No âmbito do primeiro ano do mestrado em Ciências da Educação e

inserido na Unidade Curricular específica de domínio foi possível perspetivar

alguns objetivos que funcionariam como organizadores da ação, ainda sem

conhecimento do contexto de estágio. Chegada ao contexto, a reformulação

destes objetivos tornou-se imprescindível pois não era exequível aplicar uns

objetivos sem os ajustar ao contexto. Tal como nos diz Capucha (2008), é

desejável que “ (…) as decisões de mudança e as ideias que lhes dão corpo se

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organizem a partir do geral para o particular, ou seja, das orientações e

objectivos gerais para as acções específicas, e do abstracto para o concreto,

isto é, das ideias para a realidade concreta (…) ” (2008:13). Quando

adequamos os nossos objetivos gerais ao próprio contexto onde se irá

desenvolver o projeto de intervenção, estamos a passar do

abstrato/pensamento/ideias para o concreto/ação. Um dos exemplos concretos

deste adequar dos objetivos ao contexto e às dinâmicas deste é, por exemplo,

excluir dos objetivos principais o contacto direto e monitorizado com as

famílias/encarregados de educação dos alunos. Seja por razões de tempo ou

da própria (in) disponibilidade das famílias/encarregados de educação,

consideramos que não seria exequível este contacto. Ao considerarmos,

enquanto equipa de intervenção, que não seria pertinente este contacto,

realizamos uma avaliação das necessidades relativamente aquele objetivo.

Esta reformulação de objetivos é importante pois permite-nos realmente

perceber o que é mais apropriado para o contexto naquele âmbito. Remete-

nos, também, para a importância do diagnóstico contínuo e a avaliação

contínua das necessidades da instituição.

O momento de entrada no terreno é dos momentos mais importantes, a

meu ver, quando se entra numa instituição com a designação de “estagiária”. É

neste momento que se torna imperativa a afirmação do meu papel e da minha

ação de forma a contribuir não só para a minha aprendizagem e crescimento

enquanto profissional mas também a oportunidade que constituo para o

contexto, isto é, de desenvolver novas práticas e novas dinâmicas no terreno

que até então não eram abordadas e colocadas em prática.

A primeira presença no contexto foi importante na medida em que foi

possível dialogar com os principais envolvidos no projeto – membros da

direção incluindo a orientadora local e orientadora da faculdade - e

compreender quais as principais preocupações, fragilidades e até as principais

potencialidades do contexto. Com este encontro foi possível perceber que a

escola usufrui de um gabinete mais direcionado para o apoio às famílias dos

estudantes, numa lógica de assistencialismo e tutoria também com os alunos

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previamente sinalizados pelos DT. O GAAF tem como principal objetivo a

integração destes alunos e pode contar com a presença da AS e da Psicóloga.

Foi também possível compreender e ficar a par de algumas das dinâmicas

que a escola desenvolve: assembleias de alunos com representantes de cada

sala onde estes expõem os problemas previamente dialogados com a turma no

sentido de, ao expô-los, encontrarem possíveis soluções para as questões

identificadas; elaboração de caixas de sugestões na tentativa de compreender,

de uma outra forma, quais as principais preocupações dos alunos e que

mudanças gostariam de ver implementadas. Estas atividades constituem, a

meu ver, uma mudança de paradigma bastante inovadora onde se privilegia a

voz e opinião dos alunos, remetendo-nos para uma lógica do trabalhar com e

não de trabalhar para como se assiste em algumas instituições de ensino.

Em determinado momento deste primeiro encontro, é possível perceber que

existe um local na escola que funciona como um gabinete de mediação de

conflitos mas que se colocam uma série de entraves ao seu pleno

funcionamento: apenas com um ano de existência, a localização do espaço e a

presença de professores como mediadores constituíam dois entraves ao pleno

funcionamento deste espaço. Assim, surgiu a necessidade de reconfigurar este

espaço, transformando-o num local com fácil acesso e com uma equipa de

mediadores qualificados. É a partir do EME que todas as atividades se irão

desenvolver.

4. O desenrolar da ação

Nesta fase do relatório é importante descrever e analisar as principais

técnicas de recolha de informação utilizadas no decorrer do projeto. É

importante pensar e refletir acerca das metodologias que utilizadas e

exploradas. Esta fase do trabalho consiste em descrever algumas

metodologias que utilizei para dar corpo à minha intervenção e pretende ainda

mobilizar alguns contributos teóricos relevantes neste sentido.

“O investigador que utiliza o método de investigação qualitativa está

preocupado com uma compreensão absoluta e ampla do fenómeno em estudo.

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Ele observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno (…) sem

procurar controlá-los.” (1999:22). É nesta abordagem qualitativa que se

posiciona a minha intervenção pois o meu principal objetivo passa por

compreender as perceções que jovens têm sobre a escola, salientando que

esta abordagem pretende principalmente interpretar o conhecimento a partir

daquelas que são as vozes dos participantes privilegiados. Assim sendo, para

que a intervenção seja rigorosa é necessário que seja feita uma seleção das

metodologias mais adequadas para o tema/assunto em questão. “ (…) o

investigador não se coloca como perito, dado que é de uma nova relação

sujeito-objeto que se trata (…) marcada pela intersubjetividade.” (1999:148).

O método que irá caracterizar todo o processo de intervenção denomina-se

método etnográfico e trás consigo um conjunto de técnicas de recolha e análise

de informação tais como: entrevistas, histórias de vida/narrativas biográficas,

análise de conteúdo, análise documental, entre outras.

“A etnografia é o método descritivo da antropologia. Serve principalmente (…) para explicitar os modos de vida e as visões do mundo dos grupos etnoculturais. (…) o que distingue o estudo etnográfico do estudo fenomenológico ou da teoria fundamentada, é que ele se apoia no conceito de cultura e procura compreender um sistema cultural do ponto de vista daqueles que partilham essa cultura.” (Aamodt, 1991 in 1999:153).

Este método pressupõe, fundamentalmente, a presença contínua do

investigador no terreno de modo que este possa observar as ações e os atores,

espaços, discursos, sentimentos, entre outros aspetos. Durante esta

observação, o investigador vai realizando apontamentos – designadas notas de

terreno – para que possam ser alvo de análise e interpretação quando for

oportuno. Assim sendo, numa fase inicial da intervenção foram efetuadas

observações no espaço escolar interagindo simultaneamente com os

participantes o que faz com que a minha observação se denomine de

participante. Este tipo de observação exige períodos de observação mais

longos para ser possível retirar informação acerca das práticas e

representações sociais. As notas de terreno constituem um instrumento

fundamental para futuramente serem analisados os dados obtidos. A esta

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análise posterior denomina-se de análise de conteúdo que pretende,

fundamentalmente, organizar a informação recolhida. Esta é uma técnica de

análise da informação bastante eficaz e permite que a informação fique

organizada de uma forma bastante percetível. Esta técnica “(…) incide sobre

mensagens tão variadas como obras literárias, artigos de jornais, documentos

oficiais, programas audiovisuais (…)” (2008:226). Em ciências sociais é

possível tratar o conhecimento de forma metódica e rigorosa. (2008:227). Esta

técnica apresenta diversas vantagens, entre elas: “(…) o estudo do não dito, do

implícito (…) obrigam o investigador a manter uma grande distância em relação

a interpretações espontâneas e, em particular, às suas próprias. (…) Permitem

um controle posterior do trabalho de investigação (…) ” (2008:230).

As conversas informais constituíram o cerne da investigação enquanto

método de recolha de informação através da observação participante. Este

método é bastante rico pois concede mais liberdade aos participantes: a partir

do tema que sugerimos, conseguimos perceber se é um tema que lhes suscita

interesse ou não, se é um tema com o qual se sentem a vontade para falar e

partilhar experiências e tudo isso importa para a futura análise de conteúdo.

Para que surta melhor efeito a nível de análise de dados é importante que os

encontros em grupo sejam gravados e filmados – com autorização e

consentimento dos participantes – para conseguir captar expressões e gestos

que podem tornar-se pertinentes para a análise da temática em questão.

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PARTE II

____________________________________________________

COMPONENTE EMPÍRICA

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Capítulo V

____________________________________________________

O contexto e o desenvolvimento da ação

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1. A trajetória até ao EME

Fânzeres é uma vila situada no concelho de Gondomar, pertencente ao

distrito do Porto e com cerca de 23 mil habitantes. Tal como podemos constatar

no Projeto Educativo da escola, “ (…) a população residente dedica-se à

indústria metalúrgica, metalomecânica, ourivesaria e marcenaria.” (pp.3). Em

relação ao nível de instrução da população podemos constatar que a taxa de

analfabetismo se situa entre os “(…) 2,9%; 7,49% não tem qualquer nível de

escolaridade; 41,72% das pessoas tem o 1º ou 2º ciclo de escolaridade; com o

3º ciclo 18,29%, e com o ensino secundário 18,57%. Com formação superior a

taxa é de 10,12%.” (pp.3). Um dado bastante importante e que importa referir

no âmbito deste relatório, é o facto de o agrupamento ser caracterizado,

essencialmente, por um tecido social e cultural fragilizado, o que acaba por ter

sequelas ao nível da dinâmica escolar. A este fator, acresce o fato de ser a

localidade com maior percentagem de famílias monoparentais (cerca de 35%).

(PE, pp.3)

O Agrupamento de Escolas de Stª Bárbara caracteriza-se por ser um

agrupamento detentor de uma identidade própria, resultante do contexto a que

pertence, dos elementos que a compõem e das representações, conceções

educativas e expetativas dos seus membros, que, no todo, constituem a

Comunidade Educativa. Assume-se, ainda, como espaço de reflexão e de

diálogo, gerador de exigências de qualidade educativa, envolvendo os diversos

intervenientes num projeto conducente à “institucionalização” do valor

“mudança”, favorecedor da inovação e do aperfeiçoamento contínuo.

Este agrupamento pretende impor-se como uma instituição de referência

que promova o questionamento, a mudança positiva e o repensar contínuo que

permita a inovação e, consequentemente, a sua evolução que tem como

desafio a construção de uma cultura de aprendizagem coletiva que envolva

todas as pessoas da organização que promova a autonomia, a assunção de

responsabilidades e o desenvolvimento individual e coletivo.

O agrupamento de escolas de Santa Bárbara é constituído pela EB 2/3 de

Fânzeres que é a escola sede e onde se desenvolveu o estágio, pela EB 1/JI

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de Montezelo, pela EB 1/JI da Bela Vista, EB 1/JI de Santa Eulália, EB 1.º ciclo

de Alvarinha e pelo JI de Santa Bárbara.

Dado que a minha intervenção se centra na EB 2/3 de Fânzeres, parece-

me importante descrever sucintamente quais as principais características

referente ao espaço físico, recursos e vulnerabilidades desta instituição pois

acredito que isso também exerce influência no que diz respeito ao olhar que os

alunos detém sobre a escola. Assim, a escola é constituída por quatro blocos

principais: A, B, C e D sendo que o bloco A é destinado às aulas de música e é

onde se situam a sala dos professores, a enfermaria, o gabinete da A.S. e

também os restantes serviços como a reprografia, biblioteca, conselho diretivo

e a secretaria. Os blocos seguintes são destinados às aulas sendo que o bloco

C é onde se encontra o EME e o serviço de psicologia; no bloco D está

também a cantina, o bufete dos alunos e ainda a sala multimédia que é

maioritariamente utilizada quando se pretende realizar uma comunicação ou a

passagem de um filme. A estes blocos principais adicionam-se mais dois: E e

F. O bloco E é vulgarmente conhecido como o recanto e neste bloco realizam-

se alguns encontros acerca da educação sexual com técnicos especializados.

Por fim, o bloco F encontra-se quase que anexado ao pavilhão de educação

física e fica um pouco mais afastado dos restantes blocos. Neste bloco, que

funciona em diferentes contentores, situam-se a sala de estudo, o espaço de

convívio e outras salas que são utilizadas maioritariamente para reuniões. No

ano letivo passado era neste bloco que se encontrava o EME que, pelo seu

afastamento do núcleo central da escola, ficava um pouco à margem do acesso

dos alunos. O espaço de convívio (que irei caracterizar mais a frente) surge,

aqui, como um espaço alternativo à sala do aluno que, embora o espaço físico

fosse o mesmo, sofreu uma reconfiguração concetual e estética.

É importante agora clarificar quais as atividades específicas que a

escola de Fânzeres em específico leva a cabo. No âmbito do Plano de

Convivência do agrupamento, são várias as atividades das quais fiz parte e que

têm como objetivo fundamental promover a saúde relacional e convivência

escolar e prevenir a violência, apostando em diferentes medidas educativas

que assegurem a garantia dos direitos de toda a comunidade escolar. Através

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deste plano podemos também perceber que a meta é a criação de uma cultura

de paz baseada numa verdadeira resolução pacífica dos conflitos. Assim, o

Plano de Atividades13 tem diferentes dinâmicas a decorrer entre elas destaco

algumas, tais como: assembleias de alunos; aulas de convivência com turmas

em específico; a “Semana da Paz e do Entendimento” celebrada em janeiro;

encontros temáticos; formação de alunos mediadores; projeto Justiça para

Todos; grupo de desenvolvimento de competências de estudo. Todas estas

atividades estão inseridas no EME – Espaço de Mediação Escolar, que é o

espaço físico da escola constituído por uma equipa de mediadores na qual

também me incluo e também por professores que, em conjunto, dinamizamos

estas atividades. O facto de existirem professores a realizar trabalho de

mediação é um aspeto que pretendo abordar mais a frente nesta reflexão

quando focar a profissionalidade do mediador socioeducativo neste contexto.

O Espaço de Mediação Escolar é o meu espaço de atuação no âmbito

do estágio. É neste espaço que se processa a mediação de conflitos entre os

alunos e, algumas vezes, entre aluno-professor. Assim, ao longo desta reflexão

irei estabelecer o paralelismo da mediação com o EME e as atividades que a

partir dele são desenvolvidas e de que forma o podemos fazer.

O EME tem como objetivos principais fomentar a capacidade dos alunos

de resolverem os seus próprios problemas e conflitos. Atua em três grandes

vertentes, isto é, a presença de alunos no EME pode ter motivações distintas.

Os atendimentos no EME podem ser uma consequência de um comportamento

menos positivo em contexto de intervalo/recreio quando os alunos se

encontram fora das aulas e por algum motivo se dá um desentendimento entre

dois ou mais alunos. Nestes casos, os alunos são encaminhados por um

funcionário de algum pavilhão ou até mesmo pelos vigilantes da escola que se

apercebem da situação e consideram que não é aceitável. Por outro lado, os

atendimentos podem surgir devido a uma ordem de expulsão da sala de aula.

Neste caso assume-se que o aluno não estava a assumir uma postura e

comportamento corretos na sala de aula e por isso mesmo o/a professor/a

responsável encaminhou-os para o EME. É importante compreender que o

EME não é um local para castigo mas este tópico irei abordar mais adiante na

13

Anexo I.

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reflexão, quando abordar a divulgação e dinamização do EME. Por último mas

não menos importante, a frequência de alunos no EME pode ser voluntária e

este é um dos principais objetivos deste espaço. Os alunos devem sentir-se à

vontade para tomarem iniciativa de frequentar o espaço e não se sentirem

constrangidos por o frequentarem.

A minha presença neste espaço é bastante importante de forma a

operacionalizar todo o conhecimento que fui adquirindo seja no âmbito da

licenciatura ou do próprio mestrado.

1. EME: a origem da intervenção.

Como já referi anteriormente, a minha ação enquanto profissional (ainda

que em contexto de estágio) desenrolou-se através de uma base que foi o

espaço de mediação da escola. Visto que era as questões da convivência e do

relacionamento entre pares se assumiam como centrais para a escola, a minha

atenção esteve voltada para este foco em específico, isto é, para o

atendimento de alunos encaminhados para o EME tanto pelos professores em

contexto sala de aula como pelos vigilantes da escola em contexto de intervalo,

ou mesmo ainda por livre vontade devido a algum desentendimento

desencadeado na escola com colegas ou mesmo questões de cariz familiar. O

facto do meu foco inicial de atuação ser o EME e a mediação de conflitos, não

significou que limitasse a minha intervenção a esse nível: no âmbito deste

espaço surgiram outras dinâmicas/atividades pensadas com os alunos que

fizessem sentido para a escola, como é o exemplo do espaço de convívio. Este

espaço foi remodelado de forma a tornar-se mais apelativo e acolhedor para os

alunos que já o frequentavam, comumente designado de sala dos alunos. A

alteração da designação do espaço foi uma das muitas mudanças levadas a

cabo e que irei aprofundar no tópico seguinte. Ainda no âmbito do EME surgiu

a minha intervenção com os Cursos Vocacionais, tendo em conta também o

meu interesse inicial que é compreender qual o lugar que estes cursos e que

os jovens que os frequentam ocupam na escola.

No caso do EME e tendo em conta a minha finalidade principal no

âmbito do estágio que passou por desenvolver a mediação no âmbito da

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resolução de conflitos parece-me importante, então, aprofundar um pouco essa

valência da mediação.

No início do estágio eu e a restante equipa de intervenção optamos por

efetuar uma divulgação do espaço a todas as turmas da escola com o intuito de

clarificar acerca das finalidades e dos propósitos do espaço visto que, apesar

de ser um espaço já existente na escola, funcionava com uma lógica muito

voltada para o castigo além de que a mediação era exclusivamente efetuada

por professores. Assim, consideramos pertinente que existisse esta divulgação

inicial para que tanto alunos como professores entendessem o que

pretendíamos com o espaço. Foi importante, numa primeira fase perceber qual

era a conceção de conflito que os alunos possuíam, isto é, se encaravam o

conflito como algo positivo ou negativo para que pudéssemos refletir com eles

que o conflito pode e deve ser entendido como uma oportunidade de

crescimento e aprendizagem visto que faz parte das sociedades humanas e da

própria vida. De um conflito inicial emerge a necessidade de entendimento e

negociação das partes envolvidas conferindo ao conflito um cariz de regulação

social, pois subentende a criação de normas e regras comuns.

Ao longo da minha presença no EME e tendo em conta todos os casos

de mediação nos quais fui mediadora, posso claramente perceber que existem

conflitos interpessoais verdadeiros, isto é, quando existe uma oposição efetiva

e real entre as partes, e conflitos interpessoais falsos, que se dão quando

existe falha de comunicação entre as partes, provocando assim o conflito.

Muitas vezes a mediação permite também às partes ver o problema de uma

outra perspetiva que não a inicial, o que por si só facilita o entendimento. Para

melhor se efetuarem os acompanhamentos no EME, foi elaborada, juntamente

com a restante equipa de mediação, uma ficha orientadora para orientar as

sessões de mediação. Nesta ficha constam dados como: quem encaminhou o

aluno, se veio de um conflito no âmbito do intervalo ou se foi ordem de

expulsão da sala de aula devido a uma situação conflituosa entre colegas em

determinado momento. A ficha14 refere também as pessoas envolvidas bem

como a duração e complexidade do conflito e as motivações. Após ouvir as

partes envolvidas tentamos com que estas negoceiem (se for exequível) nas

14

Anexo II.

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71

primeiras sessões. Caso contrário, tentamos sempre com que estas sessões

sejam monitorizadas e repetidas semanalmente, por exemplo.

O EME foi também alvo de reconfiguração e passou de um espaço frio e

vazio a um espaço acolhedor e colorido. O EME tem também a atividade

“Deixa a tua marca!” desenvolvida por nós enquanto estagiárias, que pretende

que os/as alunos/as tornem o espaço um pouco mais seu e com o seu

contributo.15

15

Apêndice I.

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1.1. Atividades desenvolvidas no âmbito do EME

Como já referi, além da mediação de conflitos propriamente dita,

desenvolvi outras atividades sempre na alçada do EME que envolveram

diferentes espaços e diferentes intervenientes. As atividades estão descritas

sucintamente, de forma a captar a informação principal pertinente. Mais

desenvolvidas adiante estão as atividades do EC e da mediação no EME.

Estas merecem destaque pois foi através do EC que surgiu a minha

curiosidade pela intervenção com os CV e o EME pois a mediação esteve

sempre presente ao longo da intervenção.

1.1.1. Divulgação do EME16

Duração: 15/10, 16/10, 17/10 e 20/10 de 2014.

Divulgação efetuada a todas as turmas

do 5.º ao 9.º ano de escolaridade,

incluindo Cursos Vocacionais.

Obs.: A divulgação foi efetuada através de um power point com ideias síntese acerca

das questões da mediação. Foram também distribuídos marcadores de livro aos

alunos do 5.º e 6.º ano de escolaridade. A divulgação ocorreu, em cada turma, no

horário de ADT quando as turmas se encontram com os Diretores de Turma. Cada

divulgação teve a duração média de 45minutos.

A Escola Básica 2/3 de Fânzeres usufrui de um serviço de mediação

escolar desde o ano letivo 2013/2014, tendo como equipa de mediadores os

próprios professores da escola que receberam formação para a mediação.

No presente ano letivo (2014/2015), o espaço de mediação escolar

recebeu uma nova configuração: a escola usufrui já de uma Mediadora o que

por si só confere uma nova visão ao espaço. Além da Mediadora, a escola

acolheu também o Projeto de Estágio proveniente da FPCEUP – Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.

16

Apêndice I.

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73

Numa fase inicial consideramos pertinente, enquanto estagiárias e

também responsáveis pelo funcionamento do Espaço de Mediação Escolar,

efetuar uma divulgação do espaço a todos os alunos de todas as turmas da

escola com duas finalidades principais:

1) Dar a conhecer o espaço e as suas finalidades e clarificar qual o

papel do/a aluno/a neste âmbito;

2) Apresentar-nos à escola para que existisse um reconhecimento

acerca do nosso papel tanto por parte dos alunos como dos próprios

professores e da comunidade escolar.

Assim sendo e após termos organizado o calendário para a divulgação

demos início à campanha de divulgação do espaço que, na sua globalidade,

teve uma duração de quatro dias (15/16/17 e 20 de Outubro). O horário da

divulgação foi das 09.25h até às 18.25h sensivelmente, exceto o dia 17 que foi

das 09.25h até às 13.30h.

Em algumas situações pontuais foi necessário ajustar algumas turmas o

que implicou ir uma ou outra vez num horário extra de forma a abranger as

turmas todas.

Relativamente à dinamização da apresentação, foi utilizado um

PowerPoint com 7 slides onde foram abordadas questões muito específicas

relativas ao espaço de mediação. Num primeiro momento procurou-se

compreender quais as representações que os alunos de cada turma tinham

acerca do espaço de mediação. Após este debate inicial foi apresentado um

vídeo intitulado “The Olive Branch – Cold”

(https://www.youtube.com/watch?v=h8RoTy3Mat0) com cerca de 1 minuto e a

principal intencionalidade era discutir o papel do mediador na resolução dos

conflitos e a atitude que os protagonistas devem tomar face a determinada

situação.

Após estes momentos de reflexão e partilha de ideias por parte dos

alunos, apresentamos um slide com um esquema-resumo das ideias principais

para os alunos reterem acerca do espaço e onde a ideia principal era: Expor

interesses, indicar necessidades, expressar posições para partilhar soluções.

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De seguida apresentamos o “Deixa a Tua Marca” que é uma atividade

que está a ser desenvolvida no âmbito do EME e com a qual se pretende que

os alunos deixem um pouco de si no espaço (nome, banda desenhada,

imagem, fotografia ou qualquer outro material que considerem pertinente para

o espaço).

De forma a fazer uma síntese das ideias que foram sendo debatidas ao

longo da apresentação, optámos por elaborar uma sopa de letras onde a ideia

principal era que os/as alunos/as descobrissem as palavras e principalmente

que associassem aquelas palavras e outras semelhantes ao espaço de

mediação escolar. As palavras eram: partilha, apoiar, incentivar, reflexão,

relação, convívio, responsabilidade, espírito crítico, respeitar, compromisso,

integração, organização, diálogo, sucesso, cidadania e cooperação.

Para terminar a apresentação, esclarecemos onde se situava o EME

visto que tinha mudado de sítio em relação ao ano letivo anterior e

apresentamos as ferramentas que iriam servir de suporte ao espaço físico na

escola que eram, neste caso, o grupo Facebook e o e-mail, ambos criados e

geridos por nós enquanto estagiárias.

1.1.2. Dia da Inclusão17

Duração: 03/12/14 das 09.30h até as

12.30h.

Local: Espaço de Convívio.

Obs.: O dia da Inclusão foi uma atividade desenvolvida pelo Serviço de Mediação,

Serviço de Psicologia, Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família e também pela

Atividade Desportiva.

Reflexão

O dia da Inclusão é uma atividade que a escola desenvolve anualmente

e que tem como principal objetivo a participação de vários alunos nas

17

Apêndice II.

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75

atividades, entre eles os alunos sinalizados com NEE – necessidades

educativas especiais.

Neste dia, cada serviço que a escola dispõe organiza uma “barraquinha”

que poderá ser uma sala, onde se desenvolvem diferentes atividades. Os

alunos estão divididos em quatro grupos identificados por diferentes cores e a

ideia é irem-se dirigindo aos diferentes serviços e participar nas atividades que

foram preparadas.

No caso do Serviço de Mediação Escolar, que contou com a minha

participação enquanto estagiária e também da Mediadora do agrupamento,

foram preparadas diversas atividades no âmbito do conflito e da tentativa de

resolução do mesmo, através de situações imaginárias com diferentes opções

de escolha por parte dos alunos. Depois desta fase, os alunos dirigiam-se a

outra fase ainda inserida no serviço de mediação, que consistia em atividades

de caráter mais dinâmico, isto é, os alunos faziam atividades de mímica, de

relaxamento, de criatividade e memória.

De uma maneira geral, a atividade correu bastante bem e foi bem

dinamizada pelos diferentes serviços, dando oportunidade aos alunos de estar

em contacto com atividades que permitem ter um maior conhecimento acerca

dos diferentes serviços prestados pela escola.

1.1.3. Semana da Paz e do Entendimento18

Duração: De 5/01 a 9/01 de 2015.

Semana dedicada à temática da Paz,

com atividades a decorrer nesse âmbito.

Obs.: No âmbito desta semana, destacam-se algumas atividades tais como: Flash

Mob “Bailando pela Paz” e a realização de duas sessões de cinema abertas a todas

as turmas. Filme: Kings of Summer.

Reflexão

18

Apêndice III.

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A semana da Paz e do Entendimento foi uma atividade dinamizada

sobretudo pelo Espaço de Mediação Escolar e teve como principal motivação o

facto de se celebrar o dia mundial da paz a 1 de janeiro. Funcionou ainda como

motivação o facto de preservarmos a não-violência entre a comunidade escolar

e também como uma sensibilização para os casos de bullying que são visíveis

na escola.

A atividade do flash mob consistiu na realização de uma coreografia

utilizando a música “Bailando” que se efetivou no primeiro intervalo da manhã

do dia 8 de janeiro. As sessões de cinema decorreram nos dias 7 e 9 de janeiro

e eram necessárias inscrições por uma questão de organização do espaço.

Uma das turmas (7.ºE) estava automaticamente inscrita visto que a realização

de sessões de cinema foi um dos interesses referidos pelos alunos no âmbito

das assembleias realizadas. As sessões de cinema tiveram direito a pipocas

preparadas pelos alunos do ensino especial/culinária.

1.1.4. Espaço de Convívio19

Duração: Início: Outubro 2014 até ao

final do ano letivo.

Espaço reconfigurado dedicado ao

convívio entre os alunos.

Obs.: O Espaço de Convívio existia na configuração de sala do aluno. O espaço

físico em si estava mal aproveitado e o nosso papel foi de dar um pouco de vida ao

espaço, atraindo os alunos. Funciona também como um espaço para ir

compreendendo a perceção dos alunos em relação à escola.

Quando iniciei o estágio em setembro e quando comecei a ter um

contacto maior com a escola e com as suas instalações, foi possível começar a

aperceber-me que não existia um espaço do qual os alunos pudessem usufruir

para estar nos momentos de intervalo ou até mesmo quando um professor

faltava. Quando falo de espaços para os alunos estarem refiro-me a um espaço

que não fosse dedicado ao estudo pois na escola já existia e em

funcionamento regular a sala de estudo e a biblioteca. A escola necessitava de

19

Apêndice IV.

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77

um local onde os alunos pudessem estar sem a componente do estudo aliada

pois considero ser importante o momento de convívio entre colegas e amigos.

Assim, nos anexos da escola existia a sala do aluno que era um espaço

com bastantes recursos, ainda que mal aproveitados. Pareceu-me pertinente

reconfigurar este local, aproveitando os recursos que já usufruía e colocar um

pouco de criatividade. Foi alterada a disposição das mesas/cadeiras bem como

a disposição das mesas de matraquilhos e ping-pong. Pormenores mas que

fizeram toda a diferença na organização do espaço.

Para a decoração do espaço e para se tornar mais apelativo, foram

dispostas mensagens de pensamento e cartazes de motivação. As prateleiras

que a sala dispõe foram cobertas com papel autocolante colorido para disfarçar

um pouco a madeira mais estragada. As mesas e cadeiras foram dispostas de

forma a criar pequenos grupos de diálogo/convívio entre os alunos. Foi também

elaborado um documento com as regras de utilização da sala, que é uma

componente importante e que se encontra a entrada da sala com o formato de

imagens.

1.1.5. Aulas de Convivência20

Duração: Sessões agendadas com o DT,

durante o ano letivo.

Sessões com uma turma (7.ºE) a pedido

do DT. Sensibilizar para as questões do

bullying, conflito e relação entre pares.

Obs.: As aulas de convivência surgem de um pedido por parte do DT para, de

alguma forma, tentar amenizar algumas questões essenciais.

Reflexão

As aulas de convivência surgem no âmbito do Espaço de Mediação

Escolar e são desenvolvidas por nós enquanto estagiárias do EME e pela

própria Mediadora.

20

Apêndice V.

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No que diz respeito ao 7.ºE, estas sessões partiram de um pedido do

Diretor de Turma com o intuito de sensibilizar a turma para problemáticas como

o bullying visto que é uma situação muito presente na turma. É importante

perceber que estas problemáticas e temáticas abordadas por nós nas

diferentes sessões têm como ponto de partida aquilo que os próprios alunos

indicam como sendo importante, isto é, a escola realizada frequentemente

assembleias de alunos nas quais os alunos são escutados e onde se tenta

perceber quais as questões essenciais a abordar.

Cada sessão tem a duração de 45 minutos, sensivelmente.

Relativamente a calendarização das sessões e respetivas atividades: 21

1) 19/11/14 Balão dos desejos/sonhos

2) 07/01/15 O Conflito

3) 21/01/15 O Elogio

4) 28/01/15 Perceções

5) 11/02/15 Atitudes

6) 25/02/15 Sementes de Felicidade

7) 08/04/15 Fórmula Accers

8) 22/04/15 Perceção que os outros têm acerca de mim

9) 29/04/15 Guarda-chuva emocional

10) 13/05/15 Balanço geral

11) 27/05/15 Troca de dedicatórias

As aulas de convivência tornaram-se uma ferramenta importante para

que esta turma de 7.º ano conseguisse alterar, ainda que em escassa medida,

a visão acerca da escola e dos grupos de pares. Se, numa fase inicial e na sua

grande maioria, os alunos consideravam a escola aborrecida e que não teria

qualquer vantagem para os seus futuros, com o avançar das dinâmicas foi

possível perceber que esta perceção foi-se alterando ainda que vagamente,

pois já consideravam a escola um lugar de partilha e de aprendizagem.

21

As sessões com as respetivas atividades estavam previamente programadas, como podemos constatar no anexo V. No entanto, a pedido da turma/DT ou mesmo tendo em conta temáticas centrais na escola, as sessões foram adaptadas a cada situação de forma a promover um melhor acompanhamento da turma.

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79

De ressalvar ainda a questão do conflito entre pares: a intervenção com

esta turma rondou sempre em torno do conflito interpessoal, vulgarmente

conhecido como bullying e era uma das principais preocupações do DT. Com

as intervenções e as dinâmicas acerca de aprender a lidar com o conflito, foi

percetível que os alunos conseguiram agarrar a mensagem principal e

compreender que, se por um lado os conflitos existem e existirão sempre, por

outro há que saber lidar com estes para que interfiram o mínimo possível no

bem-estar relacional e que, sobretudo, o transformem em aprendizagem e

crescimento.

1.1.6. Tutorias

O acompanhamento de alunos surge também no âmbito do Espaço de

Mediação Escolar e pressupõe um acompanhamento personalizado do aluno

em questão, através de sessões semanais de 45 minutos, aproximadamente.

São abordadas questões como o relacionamento interpessoal, o

relacionamento aluno-professor, aluno-aluno, entre outras e dinamizadas

algumas atividades nesse sentido. Estes encontros foram sempre realizados

juntamente com outra mediadora estagiária pois sentimos a necessidade de

colocar as alunas em questão em conjunto visto que eram ambas da mesma

turma e se sentiam mais confortáveis dessa forma. Utilizávamos estratégias

como tentar perceber o que as fascina a nível profissional para perceber se era

possível motivá-las de alguma forma. Estas alunas não tinham qualquer

motivação a nível escolar nem de objetivos pessoais. De início as alunas

compareceram mas aproximando-se o final do ano letivo começaram a faltar

bastante até que deixaram de comparecer. Esta situação foi reportada à D.T.

Duração: Início: 02/02/15

Acompanhamento/tutoria com alunas

sinalizadas pela DT: 6.º ano.

Obs.: As tutorias surgem no sentido de dar resposta/compreender algumas das

dificuldades sentidas pelos DT relativamente a um aluno/grupo de alunos da mesma

turma.

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Estas sessões eram suportadas por um instrumento de apoio às aulas

de convivência.22

22

Anexo III.

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81

2. A mediação no EME

Como já referi no início deste relatório, a mediação ocupa um lugar central

na minha intervenção seja ao nível da resolução de conflitos no próprio EME

como na intervenção com os CV onde a mediação está sempre presente.

Assim, e no que diz respeito à mediação no EME, a minha intervenção, assim

como qualquer outra intervenção em determinado contexto, teve claramente

pontos fortes e constrangimentos ou vulnerabilidades. Antes de passar a esta

questão, parece-me pertinente salientar alguns casos de mediação dos quais

fui mediadora e ressalvar aspetos que considero importantes para o

entendimento da mediação bem como esclarecer o procedimento que era

efetuado quando os alunos se dirigiam ao EME.

Neste sentido e como já referi na primeira abordagem que efetuei do EME,

a mediação efetuava-se com três origens distintas: na primeira e idealmente o

aluno dirige-se ao gabinete para conversar acerca de determinado assunto que

o incomoda particularmente, podendo ou não trazer um colega que esteja

implicado na situação ou com quem tenha um conflito direto; numa segunda

origem, os alunos são encaminhados pelo/a professor/a quando se encontram

em contexto sala de aula. Nesta situação o docente encaminha o aluno

maioritariamente por este não estar a demonstrar uma postura adequada,

chegando a perturbar o bom funcionamento da turma. Neste caso, o aluno ou

grupo de alunos chegam ao gabinete através do/a funcionário/a do pavilhão

que são solicitados pelo docente. Nestas situações, é importante compreender

qual a origem do conflito e, através do processo de mediação, compreender as

suas causas, duração e possíveis consequências. É ainda importante

compreender se o regresso do aluno à sala é exequível, tendo em conta o

tempo já decorrido da aula, isto é, se faltarem 15 minutos por exemplo para a

aula terminar não é rentável que o aluno regresse à sala, sendo nestes casos

encaminhado para a biblioteca ou sala de estudo. Caso o professor tenha

recomendado ao aluno a resolução de uma ficha ou alguma atividade

diretamente relacionada com a matéria em questão, essa atividade será

desenvolvida e efetuada no local próprio para o efeito, visto que o EME não

atua como um espaço de castigo ou repreensão nem mesmo para resolver

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tarefas relativas à sala de aula. Os alunos poderão, ainda, chegar ao EME por

outra via, isto é, quando estão em conflitos no recreio com os colegas e quando

os vigilantes da escola se apercebem e os encaminham para o gabinete.

Nestes casos, o vigilante chega ao EME, conta a sua versão da história

suportada no que viu e o mediador responsável fica com os alunos envolvidos

no conflito. É importante, nestas situações, escutar os intervenientes para que

cada parte explique a sua versão para ser possível chegar a um consenso. É

maioritariamente nestas situações que se observa a presença de conflitos

falsos, como referi no capítulo do conflito, ou seja, quando o conflito não é mais

do que uma falha de comunicação, por exemplo: o H. chegou ao gabinete a

chorar pois tinha sido ameaçado por uns colegas mais velhos. O conflito surgiu

quando o H. estava na fila da cantina e, sem querer, deu um encontrão a um

dos colegas pois tinha sido empurrado por um amigo que estava na brincadeira

com ele. Os colegas mais velhos entraram logo numa discussão acesa pois

entenderam que o ato do H. tinha sido propositado. Ou seja, nesta situação

estamos perante um conflito falso pois existiu uma falha na comunicação. Se o

H. tivesse esclarecido no momento o que tinha verdadeiramente acontecido,

talvez não tivesse chegado ao EME a chorar e os colegas não o tivessem

ameaçado. (notas de terreno 3/10/14)

Todos os casos de mediação tinham um respetivo dossier onde eram

relatados e arquivados, sendo que alguns dos casos eram monitorizados

semanalmente, quando estávamos perante conflitos verdadeiros. Era

preenchida uma ficha com os dados do/a aluno/a e, em algumas situações, os

alunos preenchiam uma ficha de compromisso que os colocava numa posição

de ter em consideração o conflito e que se tornou uma aprendizagem. Por

vezes, a chegada a este acordo não é conseguida nos primeiros encontros,

sendo necessária monitorização das situações.23

2.1. Pontos fortes e vulnerabilidades

A mediação no EME, como já referi, era levada a cabo pela mediadora, pela

equipa de mediadoras estagiárias na qual me incluía e também por uma equipa

de professores/as que tinham efetuado uma formação que os/as capacita para

23

Anexo II.

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exercer a função de mediação. Como mencionei no início deste tópico, esta é

uma questão que merece atenção e que me remete para a temática do modelo

romântico e profissional que fiz referência num dos capítulos anteriores: será

que a mediação pode ser efetuada por qualquer função, neste caso em

concreto, por professores? Ou a figura do mediador deve ser encarada no

âmbito do modelo profissional, isto é, ser uma profissão específica e

capacitada para tal como o professor, o psicólogo, o AS, entre outras?

Durante a minha presença no EME foi possível constatar que é quase

impossível distanciar o professor do mediador. Por outras palavras, a função de

professor está tão enraizada que dificilmente o/a professor/a conseguirá despir

essa pele para se tornar em mediador. Por outro lado e de uma forma geral, os

alunos olham para o professor como professor e também não se conseguem

distanciar desse aspeto porque, apesar de tudo, os professores são aqueles

que ensinam e cuja relação entre aluno-professor, na maior parte das vezes, se

limita ao contexto sala de aula. Claro que existem exceções. Nas sessões de

divulgação do EME, uma das questões que foram colocadas prendia-se,

essencialmente, com este aspeto. Perguntávamos se, caso fossem à

mediação, se preferiam encontrar uma estagiária mediadora ou a própria

mediadora ou se se sentiriam mais confortáveis caso fosse um professor. As

respostas variavam entre “Sinto-me mais à vontade para falar convosco desde

que crie uma relação de confiança” ou “Prefiro os professores porque já os

conheço” (notas terreno 15/10/14). Ou seja, posso aferir que o estabelecimento

de uma relação de confiança é um requisito para que os alunos se sintam

confortáveis para falar sobre determinado tema. A maioria das turmas assume

que a minha presença no EME é mais confortável também pela questão da

idade, visto que sou mais nova do que a maioria dos professores.

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3. O espaço de convívio como um espelho do olhar dos alunos

“O objetivo de aprender a conviver faz parte, pelo menos de forma

implícita, de todo e qualquer processo educativo. (…) é ao sistema educativo,

juntamente com a família, que é confiada a aprendizagem das normas de

convivência elementares para se viver em sociedade.” (2001:89).

Esta citação diz muito acerca da convivência, do viver em sociedade e

do papel que a escola desempenha nesse sentido. Se, por um lado, a família

desempenha um papel central na socialização primária, por outro a escola

também desempenha um papel fulcral na criação de normas de convivência. É

por esse motivo que considero de extrema importância a existência de um

espaço na escola que estimule o convívio entre os alunos.

Como já referi aquando da caracterização do espaço físico da escola,

este espaço, antigamente designado como “sala dos alunos”, já existia ainda

que com uma configuração e lógica de funcionamento bastante distintas: não

tinha horário fixo o que por si só condicionava a ida dos alunos a este espaço

pois corriam o risco de lá não estar ninguém além de que se encontrava muito

distante do núcleo da escola; quem se encontrava a coordenar este espaço

eram os funcionários do pavilhão de educação física que, quando tinham

horário livre, dispunham um pouco do seu tempo para abrir as portas a este

espaço. Distanciando-me dos entraves a nível de logística, foco-me agora no

espaço em si, portanto, na decoração do espaço bem como no aproveitamento

dos recursos disponíveis.

Este espaço dispunha de cadeiras, mesas e sofás. A questão é que se

encontravam todos encostados às paredes sem utilidade. A reconfiguração

passou por utilizar os recursos que o espaço já dispunha, isto é, criar grupos de

conversa através da simples movimentação das mesas e cadeiras. Além disso,

a sala de convívio dispõe também de uma mesa de ping-pong e matraquilhos

que foram também alterados de lugar para que estas atividades não

transtornassem quem se encontrava nos grupos de conversa.

Além de alterar a disposição das mesas e cadeiras, elaboramos também

mensagens de motivação que dispusemos pela sala de forma a colorir o

espaço e torná-lo mais acolhedor.

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Tendo em conta que “(…) conviver não significa ausência de conflitos

(…)” (2001:89), elaboramos, também, regras de utilização da sala,

precisamente para que os alunos compreendam que aquele espaço, apesar de

se distanciar da lógica de funcionamento de uma sala de aula comum, também

tem regras e o mau comportamento não é permitido, a todos os níveis.

Assim que o espaço foi inaugurado, os alunos começaram a aparecer e

a perguntar se o podiam frequentar. As primeiras impressões que os alunos

deixavam ao assistir à mudança foram fantásticas: “Está mais vivo!”, “Está

melhor organizado” ou ainda “Os recursos já cá estavam, estão é melhor

aproveitados” foi opinião geral da maior parte dos alunos. (notas de terreno

1/12/14).

Os alunos dos CV também frequentavam o espaço com frequência e era

lá que passavam a maior parte do tempo sem aulas. Sempre que os alunos

entravam no espaço teciam alguns comentários agradáveis sobre as mudanças

que observavam e inclusive davam ideias para melhorar este espaço. Colocar

música era, sem dúvida, a aquisição principal pois argumentavam que “este é o

único sítio que estamos à vontade, aqui e no bar/cantina” (notas terreno

1/12/14). Como já referi, os alunos começaram a chegar em peso ao EC e por

isso mesmo foi necessário criar algumas ferramentas que permitissem aferir se

os alunos estavam, por exemplo, a faltar às aulas pois era prática comum,

principalmente junto dos alunos dos CV. As aulas tinham uma duração de 45

minutos e muitas das vezes chegavam 20 minutos atrasados o que não confere

rentabilidade nenhuma às mesmas. Assim, a solução passou por elaborar um

dossier com o registo de todas as turmas, alunos e respetivos horários de

forma a conseguir controlar esta situação.

O EC funcionou como um local onde os alunos estavam mais

confortáveis para falar de determinados assuntos que ainda são tabu para

debater em contexto sala de aula, tais como drogas, vida sexual, questões

familiares ou até mesmo desavenças com professores. Foi possível

estabelecer uma relação mais próxima com os alunos de forma a conseguir a

confiança deles para falarem acerca de determinados temas como estes.

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O EC funcionou também como um espaço de “desabafo” por parte de

alguns alunos no que diz respeito a questões de relacionamento com os

professores, principalmente com os alunos do CV. A dada altura, nos primeiros

momentos de abertura do espaço, questionei uma aluna sobre o facto de eles

estarem no espaço quando deveriam já estar em horário de aula e ela

respondeu-me: “Nós somos do vocacional, a nós ninguém nos diz nada…”.

Esta foi a frase que mais significado e impacto teve em mim pois considero que

é uma frase que diz muito mas que necessita de ser escutada, isto é,

compreender até que ponto o facto de se ser de um curso vocacional confere

menos importância a um aluno ou turma e foi por isso mesmo que decidi

aprofundar a temática dos cursos vocacionais e transformar esta frase no título

desta reflexão.

Assim sendo, o capítulo seguinte pretende dar corpo a esta frase,

mobilizando a intervenção que efetuei com as duas turmas de CV e algumas

conversas informais que fui estabelecendo tanto com professores como com

funcionários da escola, que me foram ajudando a compreender um pouco

melhor a realidade destes jovens e desta dinâmica de currículo alternativo.

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4. A intervenção com os Cursos Vocacionais

A frase que mencionei anteriormente que foi proferida por uma aluna do CV

e que constitui parte do título da minha reflexão e o próprio desenrolar da

minha presença na escola fez com que me motivasse para desenvolver uma

intervenção específica junto dos alunos desta vertente de ensino alternativa.

Primeiramente e como está visível no capítulo III foi necessário efetuar

pesquisa relativa ao enquadramento legal desta medida de ensino de forma a

conseguir compreender quais as principais características desta medida bem

como a sua organização a nível geral. Este enquadramento serviu também

para estabelecer uma relação entre a teoria e a prática que presenciei na

escola com a intervenção com estes alunos.

Apesar de já possuir uma motivação inicial de realizar intervenção junto

destes jovens, a intervenção com os CV adquiriu uma maior importância tendo

em conta as conversas informais que fui estabelecendo ao longo da minha

presença no contexto seja com professores24 ou funcionários mas

principalmente com os próprios alunos, através do EC que, como já referi,

funcionou como um reflexo dos sentimentos, emoções, preocupações e ate

desabafos por parte destes.

Assim, optei por realizar intervenção junto destes alunos principalmente por

se sentirem marginalizados face aos restantes alunos, por existirem, algumas

vezes, atividades da escola nos quais os CV não eram autorizados a participar.

Isto acabou por criar nos alunos a ideia de que não lhes são atribuídas as

mesmas condições do que aos restantes alunos. Por isso mesmo, perspetivei a

intervenção, assumindo de que se tratariam de encontros semanais ou

quinzenais consoante a disponibilidade dos professores em facultar tempos de

aula. Assumi ainda que os encontros teriam de ser apelativos e focar temáticas

do interesse destes jovens de forma a conseguir tocar algumas questões

essenciais relacionadas com o seu percurso escolar e também pessoal.

Surgiram, neste âmbito, os encontros intitulados “Ficção e Vida Real”.

24

Estas conversas informais são abordadas no tópico 6 deste capítulo.

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4.1. Ficção e Vida Real25

Apesar de esta intervenção ter como base motivações e aspirações

minhas em termos de investigação e intervenção, ao longo da minha presença

na escola foi possível perceber que esta intervenção também despertou

interesse nos próprios alunos. Quando eles se encontravam no EC e, entre

jogos de matraquilhos e conversas informais, fui-me apercebendo que de facto

a intervenção poderia mesmo resultar visto que eles se mostravam

interessados em fazer algo “diferente”. A partir deste momento comecei a

estabelecer os contactos necessários com a DT, com a orientadora local e com

a mediadora de forma a conseguir operacionalizar a situação. Nesta fase foi

importante compreender que horários poderiam ser utilizados para a

intervenção e foi necessário falar com os respetivos professores. As turmas

dos CV são duas pelo que os horários preenchidos dificultaram um pouco o

estabelecimento de um horário para a intervenção. Assim sendo, no CV1 o

horário disponível foi numa aula de Técnicas Artesanais ao qual a professora

responsável não colocou qualquer obstáculo, o único senão prendia-se com a

questão de os alunos, neste horário, se encontrarem divididos por turnos o que

fez com que a outra metade da turma tivesse de assumir o compromisso de

comparecer mesmo não estando diretamente implicados. No CV2 a questão

dos horários tornou-se mesmo uma barreira à intervenção pelo que foi

necessário optar por realizá-la numa altura que os alunos tivessem tarde livre.

Estava consciente de que isto seria, desde logo, um constrangimento pois

sensibilizar alunos completamente desmotivados a comparecer na escola na

sua única tarde livre não seria tarefa fácil. Mas não saberia o resultado caso

não experimentasse e assim o fiz. O CV1 ficou agendado em horário de aula e

o CV2 assumiu o compromisso de que comparecia mesmo não estando em

horário de aulas.

De maneira a dar conhecimento publicamente a todos os alunos dos CV

e também aos professores, principalmente à DT, desloquei-me a uma aula de

cada CV a dar conhecimento da intervenção e para oficializar também o

interesse dos próprios alunos na dinâmica.

25

Apêndice VI.

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Estava oficializado. Iria, finalmente, iniciar a minha intervenção com os

CV. Parecia um pouco irrealista e, apesar de ouvir muitas vezes da boca de

professores e até da própria DT que eles não iriam aparecer e levar a sério

esta dinâmica, eles apareceram. Apareceram, conscientes de que seria uma

intervenção diferente e pensada única e exclusivamente para eles. Por uma

questão de viabilidade das sessões optei por não realizar as sessões com as

duas turmas como já referi anteriormente pois penso que se perderia muito da

riqueza das sessões se o grupo de alunos fosse demasiado grande. Assim, a

primeira sessão tanto com o CV1 como com o CV2 correu bastante bem: os

alunos apareceram e assistiram ao filme até ao final, chegando mesmo a

querer ficar no intervalo para terminar de ver o filme26, o que, por si só mostrou

o empenho e dedicação que tiveram na atividade proposta. No que diz respeito

à segunda sessão e, apesar de o número de alunos presentes ter diminuído,

alguns alunos vieram e assistiram ao filme, mas foi notória a falta de

concentração no filme e exprimiram pouco interesse. Esta disparidade sentida

nas duas sessões de cinema tem muito a ver com a temática dos próprios

filmes. Se, por um lado, no primeiro filme os alunos mostraram interesse, no

segundo isso já não aconteceu e parece-me que esta falta de interesse se

deveu ao tema do segundo filme não ser do seu agrado. Se no primeiro filme

temos um jovem que é preso devido a opções menos favoráveis que foi

tomando ao longo da sua vida e que lida com problemas familiares, no

segundo filme o objetivo da personagem principal é tornar-se bailarino, ou seja,

apesar de ambos os filmes tocarem e refletirem acerca de questões como a

motivação e a perseverança os alunos dos CV acabaram por se identificar mais

com o primeiro filme chegando mesmo a constatar-me esse facto.

4.2. O repensar da intervenção

Após estas duas sessões e após conversar com os alunos acerca das

sessões futuras, apercebi-me que já não mostravam o mesmo interesse como

da primeira vez que os abordei. Esta situação revelou-se extremamente

importante para mim pois não fazia qualquer sentido prosseguir com a

intervenção no mesmo registo caso esta não tivesse a fazer sentido para os

26

Consultar sinopses dos filmes no apêndice VII.

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meus principais intervenientes da ação que são, neste caso, os alunos. Assim

sendo, optei por repensar a intervenção, continuando com o mote de abordar

temáticas da ficção e da vida real, mas substituindo os filmes por música, isto

é, organizar algumas músicas e respetivas letras fazendo dinâmicas com os

alunos e suscitar algumas temáticas de conversa que fossem do seu interesse

conversar e, acima de tudo, temáticas que na maior parte das vezes não se

sentem confortáveis ou “não é suposto” abordarem-se na escola.

Temas como projetos futuros, vida familiar, tabaco, drogas, sexualidade,

escola/professores e relações entre pares e até da influência que estes têm no

percurso e escolhas de cada um foram algumas das temáticas mais abordadas

pelos alunos que me permitiram ir um pouco mais fundo ao nível das

conceções que estes detêm sobre a escola e o seu lugar naquele que é um

dos contextos mais importantes nas suas vidas.

Apesar do meu esforço para continuar com os encontros e desta

reconfiguração de última hora, não consegui continuar com a intervenção por

vários motivos: os alunos chegavam consecutivamente tarde às sessões o que

acabava por limitar a intervenção; mesmo estando na escola não apareciam o

que se tornava desmotivador para os colegas que queriam estar presentes e

que consequentemente deixavam de aparecer. Apesar de eu assumir uma

postura de persistência e querer levar a intervenção até ao fim, não foi possível

fazê-lo e vi-me obrigada a terminar com a intervenção não com o sentimento

de insatisfação mas sim com a certeza de que o pouco que foi feito foi pensado

para eles e com eles.

4.3. A aprendizagem na intervenção

A intervenção com os CV foi, sem sombra de dúvida, aprendizagem. Foi

aprendizagem para os jovens mas foi, sobretudo, sinónimo de aprendizagem

para mim enquanto investigadora. O facto de não ter resultado como eu

gostaria em termos práticos, não significa que não valeu a pena o esforço e a

dedicação. Valeu a pena cada momento de esforço para os manter

concentrados assim como valeu a pena o simples ato de pedirem desculpa por

se estarem a distrair. O respeito, a confiança e a consideração que tiveram

para comigo não pode ser colocada, em momento algum, em causa, ao

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contrário do que muitas vezes me tentaram transmitir quando partilhava que iria

realizar intervenção com os CV27. Quando estamos a intervir, é importante

perceber que efeito e que importância é que a intervenção está a ter para os

protagonistas da nossa ação e, neste caso, chegou a um momento em que não

estava a ser rentável prosseguir e, neste caso, tive que reagir e tomar a

decisão mais acertada. Pude verificar, a nível empírico, que a intervenção com

estes jovens e a própria aplicação de programas desta natureza (no âmbito da

cidadania e convivência) muitas vezes é considerada matéria de menor

importância e apesar de se tratarem de temas atuais e que lidam diariamente,

não deixam de estar na escola e é neste aspeto que é necessário trabalhar e

intervir: a relação destes jovens com a escola e qual o lugar que ocupam nela,

muitas vezes um lugar que e marginalizado pelo próprio contexto.

Quando nos referimos aos CV e como se pode constatar no capítulo III,

estamos a referir-nos a jovens que vêm o seu percurso escolar afetado

maioritariamente pelo lugar que ocupam na sociedade, que cada vez se vê

mais estratificada, em que existem lugares privilegiados e lugares

marginalizados, surgindo, assim, desigualdades notórias a nível escolar.

Apesar de estarmos perante uma escola massificada e que é para todos,

a nível geral as diferenças culturais e sociais não são, muitas vezes,

respeitadas o que nos remete claramente para as diferenças a nível de

resultados e sucesso escolares. Para Lima (1987:68),

“ (…) A igualdade de acesso é uma condição necessária, mas não suficiente, para a realização da igualdade de oportunidades. Há não somente que assegurar o acesso, mas também que garantir oportunidades idênticas de sucesso (…) a escola permitirá a participação de todos mas (…) sabe, à partida, que de entre os inscritos certos grupos terão muitas dificuldades em obter bons resultados, ou mesmo de chegar ao final. Apesar disso assume um papel de espectador ou de árbitro, indiferente às diferenças”.

27

Este aspeto será aprofundado no tópico 6 deste capítulo.

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5. A ética na intervenção

Em toda e qualquer intervenção as questões éticas estão presentes e como

profissional no contexto é necessário estar precavido e ter em conta que, por

vezes, diversas questões éticas surgem que podem colocar em dúvida o nosso

trabalho até então. Neste sentido, mostra-se pertinente discutir e refletir acerca

de algumas ideias que visam realçar a pertinência da dimensão da ética.

Compreende-se que o exercício pleno da cidadania passa

irreversivelmente pela reflexão produzida através da ética sendo que “A ética

ajuda-nos a descobrir o valor da liberdade, a superar o nosso próprio egoísmo

(…) ” (2010:13).

Para compreendermos a sua relevância, necessitamos de abordar a

questão da moralidade uma vez que “A ética é uma reflexão filosófica sobre a

moral.” (2010:13). Ao estabelecermos uma relação com o mundo envolvente

vamos construindo um conjunto de significados e perceções acerca daquilo

que nos rodeia, emergindo neste sentido uma condição de respeito pelos

valores e princípios que vão sendo desenvolvidos. A moral vai de encontro a

esta condição de respeito. Assim entendo que, ao estabelecer um conjunto de

valores princípios e missões que fazem parte da intervenção surge

inevitavelmente a necessidade de respeitá-los ao longo de toda a ação

educativa preconizada pelas escolas nomeadamente no desenho das

atividades dinamizadas, “ (…) isto é, fomos contruindo a moral.” (2010:14) A

moralidade surge no sentido de assegurar este respeito que damos conta, pois

“ (…) nenhuma lei pode assegurar a generosidade, a solidariedade, a

fraternidade e o amor.” (2010: 15)

Assim entende-se que a moral e a própria reflexão que se faz dela faz

emergir a necessidade de se praticar o bem e o respeito e é aplicável às mais

variadas áreas quer de investigação quer de intervenção. Um sujeito é dotado

de consciência e é a este nível que desenvolvemos a nossa moralidade e

temos perceção do bem e do mal. Assim, “Esta consciência do que se passa

no «interior» de cada um de nós, quando avalia a nossa ação passada ou

presente, dá sentido ao nosso agir e orienta-o, tomando valores como

referência.” (2010: 21)

Neste sentido, a moral congrega em si responsabilidade, intenção e

consciência sendo orientados por um conjunto de valores e princípios

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estabelecidos. Compreendo, neste sentido, que a ética “ (…) faz apelo às

convicções refletidas e à responsabilidade, ponderando o que se deve fazer de

harmonia com princípios e valores no contexto em causa.” (2010: 27)

“Qualquer investigação efetuada junto de seres humanos levanta

questões morais e éticas”. (1999:113). A ética na investigação é uma temática

central para quem realiza investigação/intervenção. Num contexto como a

escola e na relação com os alunos e encarregados de educação somos muitas

vezes confrontados com situações às quais não temos reação e cabe-nos agir

de uma ou outra forma. Muitas vezes torna-se uma tarefa difícil pois podemos

estar a colocar em causa a relação que já se construiu com aquela pessoa.

Numa investigação, os participantes devem estar a par do trabalho que está a

ser desenvolvido pois têm esse direito bem como o direito à autodeterminação,

à intimidade, ao anonimato e à confidencialidade, à proteção contra o

desconforto e o prejuízo, a um tratamento justo e equitativo. (1999:116-119).

6. Virtudes e dificuldades no contexto

Estar perante um contexto novo de intervenção e principalmente ser

confrontada com uma instituição e com a sua organização própria foi

enriquecedor na medida em que consegui sempre retirar frutos desse contacto

que são importantes para a minha formação e crescimento enquanto

profissional. Por outro lado, existem sempre constrangimentos associados à

minha presença no terreno que me proporcionaram refletir acerca dos mesmos

e repensá-los enquanto ferramentas úteis para enriquecer a minha

profissionalidade.

6.1. O contexto e a sua organização

Destaco como principais virtudes da investigação o facto de ter estado

em contacto com uma instituição que há muito ansiava conhecer mais

pormenorizadamente, o seu modo de funcionamento, a sua organização

interna, o modo de trabalho de professores e de toda a comunidade escolar. As

inúmeras oportunidades que me foram concedidas de estar presente em

diversas atividades da escola revelaram-se muito importantes e consistiu, a

meu ver, uma oportunidade única para estar perante um conjunto de indivíduos

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com responsabilidade e também podermos dar a nossa opinião e contributo

enquanto licenciadas em Ciências da Educação e estagiárias em fase de

conclusão do mestrado.

Foi, acima de tudo, aprendizagem. E tanto aprendi com aquilo que

destaco de positivo mas também aprendi e refleti acerca daquilo que correu

menos bem. De facto posso salientar alguns constrangimentos que resultaram

da intervenção mas que, tal como já disse, constituíram ferramentas para que

pudesse refletir. Estar numa instituição implica entender o seu modo de

funcionamento e de certa forma eu é que tive de me adequar a este. Enquanto

estagiária, estou ciente de que a intervenção acaba por estar condicionada por

dois grandes motivos: primeiramente pela própria designação de estagiária,

isto é, alguém que está a aprender e que ainda não usufrui de uma designação

efetiva em termos do trabalho a desenvolver e em segundo lugar devido ao

próprio não-reconhecimento da profissionalidade das Ciências da Educação,

mais concretamente da mediação socioeducativa, por grande parte dos

membros da comunidade escolar. Estar numa instituição implica

responsabilizarmo-nos pelos nossos atos e ter sempre em atenção que a

comunicação é um fator essencial para que haja entendimento entre todos os

intervenientes.

Destaco, assim, a principal importância da comunicação entre

intervenientes e a importância do trabalho em parceria, pois só assim o

processo consegue ser efetivado.

6.2. O papel do/a mediador/a

Um dos aspetos que pretendo ressalvar e que constituíram, a meu ver, o

maior constrangimento á minha intervenção prende-se com a questão da (in)

visibilidade das Ciências da Educação. Quero com isto dizer que neste

contexto escolar em específico, ainda existem professores que não

compreendem e, mais do que isso, não aceitam a mediação escolar. Acaba por

surgir a ideia de que qualquer pessoa pode fazer mediação e a

profissionalidade do mediador socioeducativo acaba por ser desvalorizada.

Dando um exemplo concreto, esta questão foi muito visível na mediação no

EME, quando os alunos chegavam ao gabinete por algum conflito no intervalo

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ou quando eram expulsos da sala por mau comportamento e perturbação da

aula. Nestes casos e como já referi no tópico 3 deste capítulo, após ser

efetuada a mediação com os alunos envolvidos estes eram encaminhados para

a sala de aula caso o/a professor/a não tivesse dado ordem em contrário e, se

o tempo assim o justificasse, as mediadoras responsáveis pelo caso

acompanhavam o aluno em questão à respetiva sala de aula. Apesar de ser

uma minoria, alguns professores não geriam bem esta situação e, para eles, o

facto de estarem a resolver um conflito no EME não significava nada, chegando

mesmo a ser desagradáveis comigo e com as restantes mediadoras dizendo

“Acham que isto é assim? Chegam aqui como se nada fosse? Estão à vontade,

sentem-se que eu já trago um cafezinho” disse a professora, ironicamente, na

nossa presença. (notas de terreno 26/11/14). Estes casos aconteceram

esporadicamente mas retratam bem a resistência que ainda se sente na escola

face á mediação, por parte de alguns professores. Se neste caso a questão é a

resistência face à mediação, em outros casos também foi visível a falta de

conhecimento acerca dos pressupostos da mediação socioeducativa. Mais uma

vez reportando-me a um exemplo em concreto, uma professora dirigiu-se ao

EME para pedir ajuda com uma turma de sétimo ano visto que alguns alunos

da sua direção de turma precisavam de ajuda para “passar os cadernos diários

a limpo” (notas de terreno 06/11/14). Neste pedido efetuado pela professora,

posso constatar que o desconhecimento acerca da profissionalidade do

mediador socioeducativo influenciou em larga medida o seu pensamento. A

mediação socioeducativa bem como o EME não pressupõe a realização de

tarefas diretamente relacionadas com as questões da matéria curricular. A

escola dispõe de serviços e técnicos apropriados para esse fim. Estas foram as

duas principais dificuldades em termos da relação com os professores que

mais se fizeram sentir, por um lado a resistência e por outro a falta de

conhecimento acerca da profissionalidade.

6.3. A influência sentida

Outro aspeto que considero pertinente refletir é a influência que

professores e funcionários tiveram ao nível da minha visão acerca de

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determinado aluno. A dada altura conversava com um aluno do CV que me

estava a ajudar a colocar umas cadeias do EME no sítio e que lá estava pois

tinha sido expulso da sala de aula. Após o aluno ter saído do gabinete uma

professora diz-me: “Ele parece simpático mas não é, é muito manipulador”

(notas de terreno 30/10/14). Compreendo que os professores tenham uma

visão dos alunos mais aprofundada mas o facto de o verbalizarem sobretudo

para mim que numa fase inicial não conhecia o contexto nem os intervenientes,

tornou-se muito desagradável pois mesmo que me quisesse distanciar dessa

representação de cada vez que falava com o aluno dava por mim a pensar no

que a professora tinha dito que com certeza tinha motivos para o dizer mas

motivos esses que eu não conhecia nem tão pouco partilhava da mesma

opinião. Foi difícil despir essa influência e construir as minhas próprias

representações quando obtinha comentários deste género.

6.4. As conversas informais: o lugar dos CV

Ao longo do estágio foi possível ir estabelecendo diversas conversas

com professores e/ou funcionários e também outros técnicos da escola sobre

determinadas temáticas que contribuíram para compreender mais

concretamente determinadas questões. Neste caso, refiro-me especificamente

às representações e opiniões que fui conseguindo absorver por exemplo, nos

almoços na sala dos professores onde estava juntamente com outros

professores.

Sempre que o tema era os alunos dos CV, era extremamente visível o

desagrado e até repulsa com que alguns professores se referiam aos CV,

alegando que são alunos que não sabem estar, não têm respeito por ninguém

e que não é possível sequer dar uma aula a uma turma destas chegando

mesmo a dizer que apenas se passa o tempo. Claro que existem professores

que não têm esta visão dos alunos mas a grande maioria demonstra um

grande descontentamento em ter de lecionar esta componente curricular o que,

por si só, já influencia a forma como os próprios alunos encaram as aulas.

Posso assumir que esta questão se tornou um constrangimento à

intervenção mas ao mesmo tempo uma potencialidade pois se por um lado as

opiniões que os professores manifestavam poderiam influenciar a minha

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intervenção, por outro também funcionou como aprendizagem visto que ainda

existe muito para trabalhar relativamente ao lugar que estes alunos ocupam na

escola que são, por si só, colocados à margem devido às condições sociais e

culturais de que são provenientes. A opinião que eu construí ao longo da

intervenção aproxima-se à visão do professor apenas na medida em que estes

alunos necessitam claramente de ser acompanhados por profissionais da

educação, psicologia, assistente social, contudo não partilho da opinião de

rotular os alunos dos CV negativamente pois isso irá, desde logo, influenciar a

forma como estes encaram a escola e a sua importância nela.

6.5. Balanço final da intervenção

O meu contacto com a Escola Básica 2/3 de Fânzeres, ainda que em

contexto de estágio, revelou-se extremamente relevante tanto para o meu

conhecimento acerca de uma instituição que sempre me despertou interesse –

a escola – bem como para a minha continuidade em termos profissionais nesta

área. Foi possível, ainda, construir uma visão e um conhecimento acerca

daquilo que é uma escola TEIP, do seu modo de funcionamento, das

características que uma escola deste género apresenta bem como de todo o

funcionamento e organização dos membros docentes. O contacto com os

alunos foi muito enriquecedor visto que consegui partilhar experiências com

eles e funcionar como motivadora e, além de profissional, fui uma amiga

disposta a ajudar. O facto de conseguir fazer com que eles me vejam como

alguém em quem podem confiar foi muito enriquecedor e gratificante. A meu

ver, ainda que este meu contacto não tenha produzido mudanças a nível

imediato (de uma forma geral) tenho a certeza que a longo prazo irá surtir

frutos e que se irão lembrar das experiências que partilhei com eles.

Ao nível de todas as atividades que desenvolvi, posso destacar duas

que me possibilitaram uma maior aprendizagem: as aulas de convivência e,

sem dúvida, a intervenção com os CV. As aulas de convivência foram um

contexto de ação privilegiado pois foi possível estar em contacto próximo com

os alunos e compreender qual a visão que detêm da escola, dos professores e

de toda a restante comunidade escolar. Ao desenvolver sessões temáticas com

eles foi possível também compreender o envolvimento que têm enquanto turma

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e a sua própria dinâmica. As questões do bullying e a forma como devemos

agir para prevenir e saber lidar com este fenómeno foram sempre centrais visto

que a própria escola trava uma luta no sentido de diminuir os casos de conflito

entre alunos e por isso mesmo a intervenção com a turma de sétimo ano

funcionou nesse sentido. Em termos de resultados, como já referi, com uma

intervenção limitada em termos de tempo disponível e de continuidade no

contexto, não é possível palpar resultados concretos contudo, no balanço que

efetuei com a turma para compreender os aspetos bons e menos bons da

intervenção, foi possível apurar a importância que as sessões tiveram em

termos da mentalidade dos alunos e do próprio conhecimento que estes

alcançaram com as sessões. Se, no início da intervenção, os alunos

contemplavam a escola como um lugar onde eram obrigados a estudar, a estar

sentados numa cadeira desconfortável e a realizar tarefas, no final foi possível

compreender que a escola é, afinal, mais do que isso: é um lugar privilegiado

para se conviver, aprender e estabelecer relações, o que constitui, a meu ver,

aprendizagem e mudança de posicionamento e visão destes alunos face à

escola.

“Gostei muito porque é muito fixe”

“(…) provou que, como turma, conhecemo-nos bem uns aos outros, o

que é ótimo e prova a união da turma. Foi importante para nós.”

“Foi importante. Pode não ter aberto a mente de alguns alunos mas

penso que terá aberto de alguns o que contribui para um dia se tornarem

adultos responsáveis e possivelmente bons pais.”

“Achei importante porque assim podemos conversar (…)”

“O que mais gostei foi falarmos sobre o que achamos (…) foi importante

porque ajudou-nos com a vida.”

“Ensinou-nos a ter autoestima (…)”

Notas de terreno 13/05/2015.

A intervenção com os CV foi uma atividade igualmente importante tendo

em conta que constituiu o meu foco ao longo da minha permanência no

terreno. Após ter efetuado pesquisa no âmbito da legislação que sustenta esta

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modalidade educativa, foi interessante estabelecer algumas comparações entre

o que está estipulado teoricamente e o que se observa empiricamente no

contexto.

Uma questão que me parece pertinente é a questão das estratégias que

o/a professor/a utiliza para cativar a atenção dos alunos tendo em conta que

estamos perante turmas de praticamente trinta alunos que, pelo seu percurso

até então, se encontram desmotivados e não encontram sentido na escola. Por

isso mesmo torna-se necessário, a meu ver, desenvolver estratégias de

motivação para que os alunos se sintam mais motivados pela aprendizagem e

pela própria frequência da escola. Como podemos constatar através do plano

curricular dos CV, este é constituído pela componente geral, complementar e

vocacional. As duas primeiras estão mais voltadas para a componente teórica

que se aproxima do ensino regular enquanto a última se direciona para a

atividade profissional em si. Ao longo da minha presença no contexto consegui

perceber que a maior parte dos alunos dos CV não se identifica com as

atividades vocacionais que o currículo pressupõe. Já nos CEF´s, a oferta de

formação acabava por ser mais direcionada visto que cada curso se

especializava numa área e os estudantes optavam consoante os seus

interesses pessoais.

Relativamente à questão das estratégias que os professores devem

desenvolver para cativar estes alunos, foi possível perceber, mediante

conversas informais que fui estabelecendo com professores, que a utilização

de metodologias ativas que promovam a intervenção participativa dos jovens,

no sentido de valorizar os seus saberes e a aplicabilidade dos conhecimentos

adquiridos é uma estratégia fundamental para cativar o interesse bem como a

utilização das novas tecnologias, enquanto estratégia facilitadora do processo

de ensino-aprendizagem em contexto de aula. As visitas de estudo, neste tipo

de cursos revelam também importância pois colocam os alunos em contacto

com diferentes contextos. Estas estratégias funcionam como um complemento

à aprendizagem na aula e podem funcionar como uma oportunidade de

aproximação à realidade do mundo do trabalho.

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O mediador socioeducativo deve trabalhar também as mentalidades do

professor: a visão que alguns professores têm acerca de alguns alunos é de

desistência, de que aquele aluno já não vale a pena. É necessário também que

os professores mudem esta mentalidade, apesar de ter plena consciência de

que não é um trabalho fácil de fazer. Através das conversas informais, pude

também perceber que tipo de representações os professores têm dos alunos

que frequentam os CV: de uma forma geral são alunos desmotivados em

termos teóricos, indisciplinados e que, por exemplo, numa turma de 24 alunos,

existe uma média de 3 ou 4 alunos interessados. (notas de terreno 30/04/15).

O seu percurso vê-se prejudicado devido à desvalorização que demonstram da

escola e, consequentemente, a acumulação de retenções no seu percurso

escolar. Estas condições acabam por determinar um perfil de aluno que,

geralmente, apresenta dificuldades de aprendizagem e/ou dificuldade de

integração. Contudo, existem outros profissionais, por exemplo a mediadora da

escola, que consegue decompor este discurso e, apesar de assumir que são

alunos maioritariamente desmotivados e desinteressados, também assume que

o professor deve procurar estabelecer uma relação proximal para que seja

exequível e possível adaptar o processo de aprendizagem às necessidades

educativas dos alunos. (notas de terreno 22/04/15).

Como já referi no tópico sete deste capítulo, o lugar destes alunos na

escola não deve ser colocado em causa por contrariarem o percurso regular de

ensino. Visto que esta oferta é direcionada e pensada tendo em vista o

sucesso e integração de todos os alunos, é necessário um maior envolvimento

e formação dos professores para lecionar estes cursos pois, na maior parte dos

casos, os professores que lecionam estes cursos não têm formação

científica/pedagógica para tal – tendo em conta que, com o fim dos CEF´s as

escolas estão limitadas aos recursos de que usufruem - e os maus resultados

dos alunos, a falta de acompanhamento a nível familiar e os sucessivos

confrontos e comportamento irregular faz conduz a uma falta de motivação dos

professores, na minha ótica e tendo em conta o que presenciei ao longo do

estágio. Considero que estes cursos constituem uma orientação para o aluno

fazer uma opção mais consciente no que respeita ao seu projeto de vida pois

esta componente curricular alternativa disponibiliza um leque de ofertas

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formativas diversificadas que os ajudam a fazer opções. Apesar de esta oferta

formativa ser um passo essencial para o sucesso educativo de todos os alunos,

não é suficiente nem se traduz em resultados favoráveis atuando isoladamente.

Quero com isto dizer que é necessário que as escolas atuem no sentido de

fornecer condições de equidade aos alunos de forma a alcançarem o sucesso

educativo e estas condições passam pela capacitação dos professores com

formação e estratégias adequadas para lecionar estes cursos. Ainda nesta

linha de pensamento, é importante que a escola não coloque à margem estes

alunos devido à sua condição socioeconómica e/ou cultural. É necessário,

assim, que as escolas estejam capacitadas com profissionais do ramo da

educação que possam intervir neste sentido, contribuindo para uma escola com

sentido para todos.

Acima de tudo é necessário ter em conta as especificidades de cada

aluno, pois cada aluno é um aluno e tem a sua singularidade. Segundo

Sampaio (2005), “ (…) Não basta às escolas falar do tema da participação dos

jovens, se esta não for potenciada no quotidiano da escola (…) ”. É necessário

que se operacionalizem estas questões teóricas para que efetivamente se

verifiquem na prática.

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7. A avaliação da intervenção: uma perspetiva

“ (…) Avaliação refere-se à determinação do mérito, ou valor, de um

processo ou do que dele resultou (…) ” (1997:8).

Ao estabelecer o primeiro contacto com a escola foi possível perceber

que dinâmicas estavam subjacentes e até perceber quais as principais

fraquezas, forças, oportunidades e ameaças. Para a escola, a questão do

conflito entre alunos ou entre aluno/professor constitui a principal fraqueza e é

por esse mesmo motivo que o estágio se desenvolve em torno destas questões

atuando ao nível do EME – Espaço de Mediação Escolar, onde desempenho o

papel de mediadora socioeducativa, dando especial enfoque à gestão dos

conflitos seja entre aluno-aluno ou entre aluno-professor. Neste sentido, isto é,

tendo em conta que a escola realizou um diagnóstico e considerou pertinente

que a minha atuação fosse em torno da questão da mediação escolar é porque

considerou necessária a minha intervenção nesse âmbito. Assim sendo, esta

“encomenda” vinda de alguém superior poderia ser facilmente enquadrada

numa avaliação de caráter externo, visto que “(…) se caracteriza pela fixação

de objectivos que justificam a realização da acção pela sua pertinência social,

económica e/ou profissional.” (2001:109). Dito de outro modo, a questão dos

conflitos entre os alunos constitui uma fragilidade para a escola e, por isso

mesmo, é pertinente que se atua face a esta situação. Trata-se então, de um

projeto orientado para a resolução de um problema inicial ao qual visamos dar

uma resposta efetiva. Inserimo-nos, então, numa lógica de “trabalhar para” a

resolução de algo aproximando-nos de uma visão mais

instrumentalista/tecnicista. Desde logo estamos a trabalhar no sentido de

atenuar uma questão visto que a sua resolução ou apaziguamento tem

pertinência social, neste caso.

No entanto, desde este encontro principal até ao presente já foram

várias as mudanças levadas a cabo tanto a nível de reformulação de objetivos

como das próprias atividades pensadas inicialmente. Por exemplo, visto que o

EME – Espaço de Mediação Escolar é um contexto recente na escola (com

apenas um ano de existência) foram necessárias várias alterações tanto ao

nível do espaço físico em si como das dinâmicas adotadas para que

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conseguíssemos chegar o mais perto possível da comunidade escolar. Esta

avaliação das necessidades foi sempre discutida em parceria com a restante

equipa de intervenção, isto é, “ (…) decorre, primordialmente, da sua realização

em função de objectivos fixados no interior da acção (…)” (2001:109). Além

disso, as atividades/dinâmicas levadas a cabo dependem muito dos interesses

dos alunos, da equipa multidisciplinar e da própria resposta que vão dando às

iniciativas o que torna ainda mais visível a questão do “trabalhar com”, ou seja,

no sentido de um projeto mais orientado para a transformação dos sujeitos e

dos contextos em que estes estão inseridos visando a sua emancipação e

autonomia face à situação. Aproximamo-nos de uma visão emancipatória de

conceber o projeto.

A metodologia adotada num determinado processo de intervenção é já

uma característica importante para nos distanciarmos ou aproximarmos de

determinado modelo de avaliação: subjetivista ou com caráter mais objetivista.

No contexto de estágio no qual me insiro, a voz dos sujeitos assume um

caráter de extrema importância e, por isso mesmo, as principais técnicas

utilizadas para a recolha de dados são as conversas informais das quais

resultam notas de terreno e respetiva análise de conteúdo.

É importante, nesta fase mais conclusiva do relatório, posicionar-me

como avaliadora do projeto de investigação/intervenção que desenvolvi e é

igualmente importante colocar em diálogo duas perspetivas de avaliação que

mencionei anteriormente. Visto que o contexto de intervenção que me refiro é

um contexto onde a subjetividade está bastante presente precisamente por ser

um contexto onde existe uma multiplicidade de atores (professores, alunos,

funcionários, técnicos especializados e outros membros da comunidade

escolar), não me parece descabido que as duas perspetivas de avaliação se

complementem e dialoguem entre si. O objetivo deste tópico é, de facto,

percecionar e aferir de que forma estão presentes estas duas valências e

perceber quais os motivos que levam a que faça realmente sentido este

diálogo. Irei centrar-me em dois momentos que caracterizam bastante bem a

minha ação e que me permitem fazer um paralelismo com os diferentes

modelos de avaliação – externa e interna -. Esses dois momentos resumem-se

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ao estabelecimento de objetivos e às atividades dinamizadas pois são, no meu

entender, os momentos nos quais se torna mais visível a questão da

reestruturação de objetivos, da tomada de consciência da qualidade da

intervenção e também dos resultados produzidos.

A metodologia adotada num determinado processo de intervenção é já

uma característica importante para nos distanciarmos ou aproximarmos de

determinado modelo de avaliação seja ele subjetivista ou com caráter mais

objetivista. No contexto de estágio, a voz dos sujeitos assume um caráter de

extrema importância e, por isso mesmo, as principais técnicas utilizadas para a

recolha de dados são as conversas informais das quais resultam notas de

terreno e respetiva análise de conteúdo. Como podemos constatar, estas

metodologias de recolha de dados transportam-nos para um tipo de avaliação

de caráter mais subjetivo.

No âmbito do primeiro ano do mestrado em Ciências da Educação e

inserido na Unidade Curricular específica de domínio foi possível perspetivar

alguns objetivos que funcionariam como organizadores da ação, ainda sem

conhecimento do contexto de estágio. Chegada ao contexto, a reformulação

destes objetivos tornou-se imprescindível pois não era exequível aplicar uns

objetivos sem os ajustar ao contexto. Tal como nos diz Capucha (2008), é

desejável que “ (…) as decisões de mudança e as ideias que lhes dão corpo se

organizem a partir do geral para o particular, ou seja, das orientações e

objectivos gerais para as acções específicas, e do abstracto para o concreto,

isto é, das ideias para a realidade concreta (…) ” (2008:13). Quando

adequamos os nossos objetivos gerais ao próprio contexto onde se irá

desenvolver o projeto de intervenção, estamos a passar do

abstrato/pensamento/ideias para o concreto/ação. Um dos exemplos concretos

deste adequar dos objetivos ao contexto e às dinâmicas deste é, por exemplo,

excluir dos objetivos principais o contacto direto e monitorizado com as

famílias/encarregados de educação dos alunos. Seja por razões de tempo ou

da própria (in) disponibilidade das famílias/encarregados de educação, assumi

que não seria exequível esse contacto. Ao considerar, enquanto investigadora,

que não seria pertinente este contacto, realizei uma avaliação das

necessidades relativamente aquele objetivo em específico.

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Esta reformulação de objetivos é importante pois permitiu realmente

perceber o que é mais apropriado para o contexto naquele âmbito. Assim, a

avaliação é contínua e participada o que nos remete para um tipo de avaliação

on-going/formativa pois acontece no decorrer do processo, avaliando a eficácia

e eficiência do projeto e define a ação futura, remetendo-nos também para a

importância do diagnóstico contínuo.

Um outro momento que permite perspetivar a avaliação neste contexto

são as atividades desenvolvidas até ao momento. Já foram dinamizadas

diferentes atividades no âmbito do estágio e estas atividades surgiram por

iniciativa quer da própria escola quer da minha iniciativa enquanto profissional

no contexto.

Desde logo e visto que o meu local principal de intervenção seria o EME,

era importante transmitir e colocar a comunidade escolar a par disso e por isso

mesmo foi efetuada uma divulgação do EME a todas as turmas de todos os

anos de escolaridade, como já referi e caracterizei. Esta divulgação foi

importante por diversos motivos: o espaço físico não era o mesmo, os

profissionais envolvidos não eram os mesmos e a própria lógica de atuação

não seria a mesma e por isso mesmo esta divulgação inicial foi bastante

pertinente. No final, foi efetuado o balanço geral desta atividade. Neste caso

em específico, parece-me que o tipo de avaliação aqui presente é de uma

lógica de avaliação interna, se considerarmos que “Para qualificar a avaliação

como sendo ‘interna’ ou ‘externa’, socorre-se do estatuto e da relação que a

pessoa do avaliador tem com o programa, acção ou instituição a avaliar (…) ”

(2001:108). Neste caso, a dinamização e posterior avaliação desta atividade

partiu da minha própria iniciativa e não de uma “encomenda” realizada

previamente.

No entanto, no decorrer destes meses de contacto com o contexto, as

atividades desenvolvidas não foram única e exclusivamente pensadas no

âmbito da minha intervenção, isto é, a própria escola também “encomendou”

algumas atividades por se considerar que seria pertinente para o contexto e

para o seu próprio plano de intervenção. Algumas atividades que são exemplo

disso são, por exemplo, as assembleias de alunos, os encontros temáticos, a

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criação e dinamização do Espaço de Convívio, aulas de convivência, entre

outras. Estas atividades estão a ser desenvolvidas e dinamizadas por mim

enquanto profissional, no entanto, existiu uma “encomenda” por parte da escola

onde solicita que é pertinente trabalhar determinada questão e, por isso

mesmo, era pertinente trabalhar no âmbito da convivência, por exemplo. As

assembleias de alunos bem como os encontros temáticos são atividades nas

quais estou envolvida e em algumas das quais sou a responsável principal mas

existiu sempre um interesse inicial, uma “encomenda” que partiu da escola

para trabalhar nesse âmbito.

Como já foi possível verificar, se por um lado existem indícios que nos

aproximam de uma avaliação de caráter externo, isto é, que pressupõe uma

ausência de participação dos avaliadores na atividade ou projeto a ser

avaliado, também podemos facilmente verificar que este projeto de intervenção

também possui características de uma avaliação interna, ou seja, onde os

avaliadores têm voz ativa no próprio desenvolvimento do projeto. Neste caso

aproximamo-nos da avaliação como um processo/avaliação on-going e na

lógica do trabalhar com a comunidade e não do trabalhar para a comunidade.

A avaliação externa verifica-se quando a escola tem um interesse e faz

uma “encomenda” para que a equipa de intervenção atue em determinado

sentido e a avaliação interna verifica-se, por exemplo, quando estou a intervir

nesse âmbito mas ao mesmo tempo vou discutindo possibilidades, opções e

dinâmicas junto da restante equipa de intervenção o que nos reporta para uma

avaliação contínua. Este aspeto verifica-se quando se realizam as reuniões

com os membros da equipa do EME, onde se discute o processo de

determinada atividade, quais os principais efeitos, os principais êxitos e

fracassos, os efeitos imprevistos e possíveis recomendações de melhoria para

compreender até que ponto aquela atividade foi sinónimo de mudança para o

contexto em questão.

Como podemos constatar, a avaliação é um “termo elástico” pois

podemos avaliar um contexto sob várias perspetivas e, no caso de uma escola

TEIP, essa elasticidade do termo torna-se mais visível. Se, por um lado

verificamos a avaliação como prestação de contas que se foca nos resultados

para fornecer informação, por outro também verificamos a avaliação como um

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processo contínuo que visa identificar, obter e proporcionar informação útil com

o intuito de orientar para a tomada de decisões, tentando solucionar

determinado problema e promover a compreensão dos fenómenos.

A existência destes dois modelos e o facto de fazer sentido a existência

de ambos os modelos avaliativos no mesmo projeto de intervenção faz com

que nos aproximemos de uma lógica de avaliação como investigação, de

investigação-ação que se caracteriza por ser uma forma de investigação social,

sistemática, planificada e dirigida de forma a proporcionar dados válidos e

informação relevante para apoiar decisões, existindo assim um investigador-

coletivo: nós.

7.1. Balanço global e pertinência da avaliação

Quando pensamos em desenvolver um projeto de intervenção, é

importante ter em conta que este deve contribuir de alguma forma para a

mudança social, isto é, deve ser um contributo importante para acrescentar

algo de novo à sociedade em geral. Para tal, é necessário ter em conta alguns

passos que poderão servir de orientadores da nossa ação: primeiramente

projeto visado seguido do projeto plano e projeto processo, terminando com o

projeto produto que será o resultado final de todo o trabalho efetuado. Ao

desenvolvermos um projeto tendo em conta estas fases, estamos a adequar o

nosso trabalho ao contexto no qual estamos inseridos o que nos leva a efetuar

uma contínua avaliação do nosso trabalho, inserindo-nos assim, num modelo

qualitativo da avaliação e direcionando-nos para um tipo de avaliação on-going

e de processo. No meu contexto de estágio, parece-me que esta característica

da avaliação contínua e também de um diagnóstico contínuo e sempre

presente na minha ação são bastante visíveis quando nos referimos às

atividades, por exemplo e à forma como estas se dinamizam e ao papel que os

sujeitos desempenham.

Um dos aspetos que também nos remete para uma avaliação contínua

neste contexto de estágio é o facto de existirem reuniões/encontros regulares

com os elementos de intervenção. Estes encontros têm como objetivo verificar

até que ponto determinada atividade está a fazer sentido ou não, verificar o

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impacto que está a ter e se se justifica existir determinadas alterações para

uma melhor adequação ao contexto.

Assim, posso considerar que a avaliação numa escola TEIP faz todo o

sentido. Tal como Leite, Rodrigues e Fernandes (2006) nos dizem, “ (…) essa

avaliação poderá constituir um ponto de partida para a organização de

mudanças positivas, principalmente se for estruturada em processos de

autoavaliação que comprometam todos os elementos da comunidade escolar

na identificação dos seus pontos fracos e dos seus pontos fortes.” (2006:22).

Esta avaliação constante das atividades remete-nos para o conceito de

autoavaliação que, tal como as autoras defendem, é um conceito de extrema

importância quando nos referimos ao contexto escolar: “ (…) na perspetiva do

conceito de avaliação que nos orienta (…) em que se comprometem os

próprios agentes (…) é evidente a importância do recurso a processos de auto-

avaliação.” (2006:25).

Assim, com a elaboração desta meta-avaliação foi possível colocar em

cima da mesa todo o projeto e esmiuçar todas as suas vertentes de forma a

compreender que, num projeto de intervenção, ambas as dimensões da

avaliação podem estar presentes. Como vimos anteriormente, ainda que possa

existir uma “encomenda” e um pedido inicial para atuar em determinado sentido

bem como a prestação de contas no final pois é sempre necessário dar conta

do trabalho que desenvolvemos (avaliação como accountability), a minha

colaboração e de toda a equipa é constante, bem como a discussão das

possibilidades, efeitos e dos possíveis resultados. Neste caso, assumo uma

postura de implicação e compromisso no processo e, posicionando-me como

avaliadora, a minha participação é fundamental na dinamização da própria

intervenção, o que confere mais ênfase, neste contexto, a uma avaliação do

tipo qualitativa/on-going, e que nos transporta para uma avaliação com caráter

formativo onde o diagnóstico é constante. Afastamo-nos, neste sentido, de uma

avaliação ex-post, que, tal como nos diz Monteiro (2000), “(…) a avaliação ex-

post (…) ou somativa (…) é aplicada no fim de um programa (…) tem como

objetivo fundamental estabelecer se uma ação produziu os resultados ou

efeitos esperados. (2000:142). Aproximamo-nos de um modelo subjetivista da

avaliação e de avaliação formativa visto que não pretendemos apenas

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descrever os resultados nem apenas evidenciar e confirmar efeitos, assim

como não aplicamos a avaliação apenas no início do projeto nem apenas no

final, mas sim no decorrer do mesmo, isto é, efetuamos uma avaliação

retrospetiva. “A avaliação formativa (…) ocorre durante o desenrolar do

programa, interessando-se não só pela eficácia e eficiência do mesmo, mas

igualmente pela metodologia desenvolvida.” (2000:142). Em suma e adotando

uma postura de avaliadora do projeto, posso concordar com o autor na medida

em que,

“ (…) à avaliação qualitativa são cada vez mais associados princípios enquadráveis na filosofia de uma lógica de articulação entre investigação e ação (…) sem necessariamente descurar princípios de análise quantitativa (…) preocupação em torná-la numa ação participativa e democrática (…) conceção de avaliação como instrumento de mudança.” (2000:143).

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Capítulo VI

______________________________________________________

O papel do profissional das Ciências da Educação no terreno

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Este capítulo constitui precisamente o último capítulo do meu relatório de

estágio e pretende, essencialmente, refletir acerca do papel que um

profissional das Ciências da Educação tem no plano profissional, mais

concretamente a sua relevância em contexto escolar, fazendo sempre o

paralelismo com a questão da intervenção com os CV que foi o meu âmbito de

atuação no contexto de estágio. Esta fase do relatório é também importante

para projetar a minha profissionalidade e é também a altura ideal para

ponderação e reflexão acerca daquele que será o meu papel profissional

futuro, tendo em conta todas as virtudes e vulnerabilidades que poderão,

eventualmente, surgir.

8. A cientificidade das Ciências da Educação

A questão da cientificidade em Ciências da Educação é um tema que me

parece pertinente tendo em conta tudo o que foi mencionado anteriormente e

tendo em consideração que a profissionalidade das Ciências da Educação

ainda está a ganhar relevo e a tornar-se reconhecida socialmente.

Assim sendo é importante refletir um pouco acerca da construção sócio

histórica da cientificidade em Ciências da Educação. Segundo diversos

autores, esta tem presentes três eixos de racionalização educativa ou formas

de educação: eixo da ação; experimental e eixo emancipatório. No primeiro

eixo – da ação – temos como principal representante Durkheim. Este desloca a

cientificidade em educação do campo das ciências naturais e morais e define

ciência como o estudo metódico de factos homogéneos com o intuito de os

conhecer e não de os julgar. Segundo o autor, existe uma separação entre

sujeito e objeto, isto é, a educação assenta numa distância entre quem sabe e

quem escuta28. Por seu turno no eixo experimental há uma desqualificação do

vivido e do saber prático e a cientificidade em educação baseia-se na

neutralidade axiológica dos meios técnicos. Neste caso, há uma sucessiva

comparação e julgamento. Tem de existir quantificação daquilo que se sabe e

por isso mesmo as notas e exames são privilegiadas. Há uma desvalorização

da subjetividade e, assim sendo, o senso comum não interessa. No caso

específico da minha intervenção com os CV, esta desqualificação das vivências

28

Esta visão de cientificidade direciona-nos para o paradigma da instrução – Capítulo I.

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não acontece, pois a intervenção é muito centrada nas próprias vivências dos

jovens. Por fim, surge o modelo emancipatório que se apoia nos pressupostos

psicológicos, éticos e pedagógicos. Aqui, confere-se importância ao papel do

aluno, assumindo este um papel fulcral na aprendizagem. A escola funciona

como um contexto que pode colmatar algumas desigualdades sociais. Apoia-se

na psicologia mas acrescenta pressupostos éticos. Assim sendo, reconhece-se

a capacidade de pensar do aluno antes dos saberes ensinados.29

Tanto Rui Canário como José Alberto Correia conferem importância à

temática do impacto social das Ciências da Educação. O primeiro autor diz-nos

que “ (…) a relação entre o científico e o social é marcada, em todas as

circunstâncias, pela sua complexidade, mas é possível estabelecer uma

distinção fundamental entre as ciências que se ocupam do mundo natural e

aquelas que tratam do mundo social.” (Canário:2003). Ainda segundo Canário

(2003), “ (…) Duas características essenciais permitem distinguir o

conhecimento científico de outras formas de conhecimento: a primeira

característica consiste no primado da teoria e a segunda na existência de um

método consciente, explicitado e permanentemente sujeito a revisão crítica.”

De uma forma global, Rui Canário transmite-nos, relativamente á utilidade das

Ciências da Educação, muitos aspetos que importa mobilizar para esta

reflexão: que o trabalho de investigação representa uma resposta a uma

“procura” social; que as ciências da educação atuam como “caçadoras de

mitos” pois há uma produção de uma visão “desnaturalizada” do campo dos

fenómenos educativos; que as Ciências da Educação contribuem para o

aumento da reflexão e lucidez de todos/as os/as atores/as educativos/as e

também para reformular problemas ‘mal colocados’.

Do ponto de vista de José Alberto Correia, “Uma das originalidades mais

marcantes das Ciências da Educação reside na impossibilidade de se lhes

atribuir um estatuto epistemológico estável através da “adaptação” dos

sistemas de legitimação que definiram a cientificidade das Ciências da

Natureza.”

29

Remetemo-nos, então, para o paradigma da comunicação – Capítulo I.

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No que toca aos campos da pesquisa, podemos verificar que existe uma

articulação com os campos axiológico, doxológico, epistémico e da procura

social. Relativamente ao campo da procura social, este torna materialmente

possível a produção de conhecimentos científicos e participa no processo da

sua validação. Deste modo, podemos verificar, através da intervenção, que a

investigação levada a cabo não usufruiu de qualquer financiamento. Caso

usufruísse, este poderia influenciar a escolha das problemáticas e reforçar as

tendências para o desenvolvimento das dimensões “normativas e prescritivas”

da investigação. Temos também o campo axiológico que é precisamente o

campo dos valores sociais e individuais que condicionam a investigação: é o

campo, por assim dizer, da implicação. Neste campo, os valores socioculturais

influenciam a escolha das problemáticas e os valores individuais imprimem

orientações específicas á investigação. Relativamente ao campo doxológico,

este caracteriza-se por ser o campo do saber não sistematizado, da linguagem

e das práticas quotidianas. Podemos assim, afirmar que este é o campo da

opinião, do senso comum. Ora, este é um campo extremamente valorizado ao

longo de toda a minha intervenção, pois valorizo muito as representações que

cada criança/jovem atribui a determinada circunstância e em determinado

contexto. Por último, temos o campo epistémico: este é o campo dos

conhecimentos num dado domínio disciplinar: teorias, métodos e técnicas de

investigação disponíveis num dado momento histórico e é também o campo

das modalidades de legitimação dos processos de produção de conhecimentos

científicos e de modelos de desenvolvimento da ciência.

Como já referi, as conversas informais foram extremamente relevantes e

fizeram parte de toda a minha intervenção, seja na intervenção com os alunos,

seja na observação participante e diálogo com professores, funcionários e

outros técnicos. Pierre Bourdieu, na sua obra “A Miséria do Mundo” fala-nos

acerca da relação que se estabelece entre o “entrevistador” e o “entrevistado”.

O autor fala-nos do tipo de relação que se deve estabelecer nesta relação de

entrevista, que posso remeter para as conversas informais, sendo neste caso

concreto, numa relação de pesquisa e investigação em Educação. “É o

pesquisador que inicia o jogo e estabelece a regra do jogo (…) de maneira

unilateral (…) às vezes mal determinados, ao menos para o pesquisado.”

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“Procurou-se então instaurar uma relação de escuta activa e metódica, tão

afastada da pura não-intervenção da entrevista não dirigida (…) ” (pp. 695).

Bourdieu diz-nos também que temos de ter em conta determinadas

características para que a relação de pesquisa seja a mais próxima possível.

“Para que seja possível uma relação de pesquisa o mais próxima possível do

limite ideal, muitas condições deveriam ser preenchidas (…) principalmente ao

nível da linguagem utilizada e todos os sinais verbais ou não verbais próprios a

estimular a colaboração das pessoas interrogadas (…)” (pp. 696). Ainda

relativamente á postura do investigador, e tal como defende o autor, foi

importante estabelecer, enquanto profissional, um papel de “amiga” pois assim

poderia mais levemente obter informação. Ao longo da minha intervenção no

contexto, os jovens foram tecendo conceções acerca da minha postura e

também da minha própria ação. Ora, como posso facilmente constatar o facto

de assumir uma postura que favoreceu a relação proximal, fez com que os

alunos confiassem em mim e o papel de amiga (ainda que sempre limitado e

influenciado pelo meu papel na escola) facilitou, em larga medida, a minha

investigação enquanto observadora mas também enquanto interveniente na

ação.

Para qualquer profissional das Ciências da Educação, principalmente

para aqueles que, como eu, atuam no contexto escolar, é extremamente

importante estar alerta para as questões da escola e da própria comunidade

envolvente. Todas as escolas são contextos onde posso vir a desenvolver a

minha ação enquanto profissional, mas as escolas TEIP são contextos mais

específicos onde a atividade profissional deve estar mais direcionada, isto é,

conhecendo o conceito TEIP, sabendo quais são os seus objectivos principais

e as suas principais características, podemos adaptar o nosso olhar sobre

determinadas situações ao contexto que temos perante nós. O profissional das

CE está dotados/a de capacidade para interpretar o contexto e ajudar a escola

em questão a procurar diferentes caminhos e possíveis soluções para os seus

alunos. Estou, também, ciente de que a comunidade envolvente e o contexto

familiar são muito importantes para o percurso académico e social dos alunos.

Quando nos referimos ao conceito de educação, temos presente que é

um conceito difícil de ser definido tendo em conta que, ao falar de educação,

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principalmente em contexto escolar, estamos a referir-nos a uma multiplicidade

de atores que se encontram em condições sociais distintas e por isso mesmo a

sua definição torna-se mais complexa. No entanto, e tal como nos diz Amado

(2014), é fundamental que toda a investigação em educação esteja consciente

da própria especificidade do conceito “(…) já que ela define, também, a

especificidade dos objetivos dessa mesma investigação bem como de todas as

decisões de caráter metodológico (…)”. (2014:19).

Quase todas as definições que diversos autores nos transmitem acerca

do conceito de educação nos mostram que a noção de educação é muitas

vezes um fenómeno de aperfeiçoamento pois caminhamos no sentido de “(…)

produzir mudanças desejáveis da sociedade e na cultura (…)”. A intervenção

com os CV, bem como a própria intervenção neste caso específico da escola,

corrobora esta conceção na medida em que se pretende chegar a um

consenso educativo, intensificando “(…) valores essenciais para a convivência,

como a compreensão, a tolerância e a amizade entre cidadãos e cidadãs (…)”

(2014:21). É neste âmbito que o profissional das Ciências da Educação deve

intervir visto que

“(…) reúne o conjunto das disciplinas que tomam os fenómenos educativos como seu objeto central, quer perspetivando-os dominantemente no sentido da ação/intervenção (…) quer fazendo prevalecer preocupação por explicar e/ou compreender os fenómenos, tendo em conta os indivíduos (…) ou os contextos sociais e culturais em que os processos se verificam e desenvolvem (…)” (2014:26).

9. O profissional das Ciências da Educação no terreno

“ (…) Aprender (…) é transformar-se e (…) isso leva à emergência de

uma terceira pessoa (…) não acabada, não estática, sempre mestiça mas

também sempre sujeita a novas reconstruções identitárias.” (2010:6).

A mediação em contexto escolar implica que exista uma terceira pessoa

dotada de capacidade para agir em determinado sentido e esta tarefa pode ser

desempenhada por agentes com especialidade teórica em questões sociais e

mediação pois só assim estarão reunidas as condições para promover a

comunicação e efetivar a técnica da mediação seja ela de conflitos ou não.

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Assim surge uma nova identidade que é o mediador socioeducativo e este

pode trabalhar em diversos locais desde as escolas aos contextos associativos

e municipais. A mediação que pode exercer pode ir desde a mediação de

conflitos, passando pela mediação intercultural até culminar na mediação

comunitária. Esta intervenção requer do profissional envolvido algumas

competências fundamentais de entre as quais se destaca o saber ouvir como

essencial na comunicação, a motivação para a ação que passa pela própria

vontade social para atingir determinada meta e também o respeito pelo outro

como fazendo parte da ética profissional do mediador. Como qualidades

pessoais que também são importantes para a construção desta

profissionalidade destaca-se também a responsabilidade, o autocontrolo, a

motivação, a paciência, inspirar respeito e também a resistência face a

adversidades que possam surgir.

Além da mediação como resolução de conflitos podemos encontrar

outros tipos de mediação, outras valências da mediação neste contexto tal

como a mediação socioeducativa que ganha especial relevância e o objetivo

principal passa pela regulação social que acaba por ser o principal objetivo da

mediação.

Como foi possível verificar, num contexto TEIP, as práticas de mediação

podem ser de caráter diverso tendo em conta todas as alterações que o

conceito foi sofrendo ao longo dos tempos. Assim,

“Tendo em consideração a trajectória histórica da mediação, mas também as características da sociedade actual, poderemos talvez mais facilmente compreender as práticas tão diversas que podem encontrar-se sob a denominação de mediação, diluindo-a em atividades que já não relevam da competência da gestão de conflitos, mas sim da comunicação, da educação, da segurança (…)” (2009:2).

A mediação em contexto TEIP deve ser encarada como

“(…) uma nova forma de ação, que anuncia novas formas de coordenação das relações dos actores entre si (…) numa lógica comunicacional na medida em que o papel do mediador consiste em mobilizar todas as formas processuais para favorecer a comunicação entre as partes (…)” (2009:3).

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Em suma, a profissionalidade de um mediador socioeducativo em

contexto TEIP é sem dúvida uma mais-valia pois é nas escolas que as relações

se aprofundam e onde as crianças e jovens crescem tanto a nível emocional

como cognitivo e se este percurso for suportado e apoiado por profissionais

multifacetados que comuniquem entre si e que possam dar apoio em várias

áreas a aprendizagem torna-se mais produtiva e valorizada.

Tudo isto que foi refletido “(…) pode ser feito na escola, com trabalho em

equipa, onde o professor não esteja tão sozinho e a falar da comunidade (…)

com a qual tem de haver muita comunicação e (…) mediação que (…) nem ele

nem o diretor de turma conseguem concretizar sem outros profissionais em

rede.” (2010:14).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Legislação

Portaria n.º 292-A/2012

Despacho n.º 4653/2013

Diário da República, 2.ª série — N.º 192 — 3 de outubro de 2012

Outros documentos

Balanço da experiência-piloto 2012/2013 – Setembro 2013

Regulamento interno EB 2/3 Fânzeres 2013 – 2016

Projeto Educativo EB 2/3 Fânzeres 2013/2017

Endereços eletrónicos consultados

http://www.dgeste.mec.pt/index.php/2014/06/cursos-vocacionais/ consultado

em 10/02/15.

http://www.anqep.gov.pt/aaaDefault.aspx?f=1&back=1&codigono=56225801AA

AAAAAAAAAAAAAA consultado em 17/04/15.

http://expresso.sapo.pt/sociedade/cursos-vocacionais-combater-insucesso-ou-

limpar-estatisticas=f918605 consultado em 17/04/15.

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ANEXOS/APÊNDICES

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Índice de Anexos/Apêndices

Anexo I – Plano Anual de Atividades EME 2014/2015

Anexo II – Registo de Frequência EME / Estratégias de Mediação

Anexo III – Instrumento de Apoio às Aulas de Convivência

Apêndice I – Divulgação do EME

Apêndice II – Dia da Inclusão

Apêndice III – Semana da Paz e do Entendimento

Apêndice IV – Espaço de Convívio

Apêndice V – Aulas de Convivência

Apêndice VI – Intervenção com CV: apresentação do projeto

Apêndice VII – Intervenção com CV: resumos filmes apresentados

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Anexo I – Plano Anual Atividades EME 2014/2015

______________________________________________________

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EQUIPA DE COORDENAÇÃO TEIP – EME (+Mediadora)

Atividades Descrição Sumária Dinamizadores Público-alvo Colaboradores Data

provável Objetivos específicos

Eixos do Projeto

Educativo

Estimativa

Orçamental

Promoção/Divulgação do EME

Atividades de divulgação

Espaço de Mediação Escolar (EME)/Mediadora

Alunos Estagiárias/Mesrtandas

Outubro Divulgar o Espaço e a sua ação , fomentando a participação ativa dos alunos

Eixo 2 S/C

Assembleias de Alunos

Espaço de discussão com alunos representantes de turma

Espaço de Mediação Escolar (EME)/Mediadora

Alunos dos 1º, 2º e 3º ciclos

DT’s e Coordenadores de Estabelecimentos

Outubro Janeiro Abril

Estimular a participação democrática e mais ativa dos alunos em toda a vida escolar; Fomentar o seu envolvimento, através da Assembleia de Delegados de Turma, de acordo com o previsto no artigo 14º da Lei nº3/2008

Eixo 2 S/C

Aulas de Convivência Espaço pedagógico de relacionamento pessoal

Espaço de Mediação Escolar (EME)/Mediadora

Alunos Estagiárias/Mesrtandas

Todo o ano - Desenvolver boas práticas no domínio da educação para a não-violência e o auto-controlo.

Eixo 1 Eixo 2

S/C

Efeméride “Semana da paz e do entendimento”

Realização de atividades promotoras da paz e do entendimento (Bancas, Oficinas, Debates…)

Espaço de Mediação Escolar (EME)/Mediadora Estagiárias/Mesrta

ndas

Comunidade Educativa

Estagiárias/Mesrtandas

Janeiro - Levar à prática atividades que favorecem o clima e a convivência pacífica; - Sensibilizar os alunos para a efeméride

Eixo 2 S/C

Encontros temáticos

2 Pequenas palestras com alunos sobre temas do seu interesse (Bullyng; …)

Espaço de Mediação

Escolar/Mediadora Alunos

Psicóloga Estagiárias/Mesrtandas

2º e 3º Períodos

- Sensibilizar e promover nos alunos práticas de resolução de conflitos através de aprendizagens positivas

Eixo S/C

Formação de Assistentes Operacionais

Realização de ações de Formação nas pausas letivas

Coordenadora EME e Mediadora – Maria do Céu Moura e Diana

Quitério

Professores Estagiárias/Mesrtandas

1º, 2º e 3º Períodos

- Promover a formação de AO, no domínio da resolução de conflitos, através de mediação

Eixo 2 S/C

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PLANO ESTAGIÁRIAS/MESTRANDAS FPCEUP

Acompanhamento de 3 estagiárias da FPCEUP

Coordenadora EME e Mediadora – Maria do Céu Moura e Diana

Quitério

Estagiárias Consultora TEIP – Dra Ariana Cosme

Todo o ano Eixo 4 S/C

PROJETO JUSTIÇA PARA TODOS

Participação num programa Nacional, promovido pelo IPAV, promotor da cidadania e do direito. Este projeto inclui formação continuada às responsáveis pela sua promoção

Coordenadora EME e Estagiária –

Maria do Céu; Sara Maciel

Alunos Estagiárias/Mesrtandas

De outubro a Maio

- Promover valores democráticos e da participação cívica ativa, informada e responsável - Despertar a consciência para a importância de compreender vários pontos de vista e promover soluções comprometidas com o direito - Ajudar a perceber como a lei pode promover a coesão social e provocar mudanças - Permitir, através de uma fórmula alternativa, introduzir na aprendizagem a educação para a justiça e os direitos humanos

Eixo 2 Eixo 3

S/C

GRUPO DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DE ESTUDO

Sessões dirigidas a pequenos grupos de alunos, devidamente sinalizados para desenvolverem competências essenciais

EME Mediadora

Turma Âncora e 6º G

Estagiárias/Mesrtandas

Todo o ano

- Desenvolver processos de auto-regulação da aprendizagem - Promover de estratégias de estudo

Eixo 1 Eixo 2

S/C

OFICINA DE ESTUDO

Criação de Espaços de de aprendizagem cooperativa em sala de aula, permitindo o desenvolvimento de competências sociais e cognitivas nos alunos, aumentando a sua motivação para a aprendizagem

Mediadora/Estagiárias/Mesrtandas

Alunos 2º e 3º ciclos

- Todo o ano

- desenvolver nos alunos competências sociais e académicas que permitam a sua intervenção e transformação no seu processo educativo e na própria sociedade - motivar a aprendizagem

Eixo 1 Eixo 2

S/C

“CANTINHO DOS AMIGOS”

Criação de espaços de aprendizagem através da arte

EME Mediadora Alunos 1º

ciclo Estagiárias/Mesrtandas

- desenvolver nos alunos competências sociais e académicas que permitam a sua intervenção e transformação no seu processo educativo e na própria sociedade

Eixo 1 Eixo 2

S/C

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- motivar a aprendizagem através da arte

(1) Atividade que implica interrupção das atividades letivas; (2) - Atividade que não interfere com o normal funcionamento das atividades letivas; (3) Atividade que prevê parcerias com outras instituições, participação de alunos na sua organização e colaboração com outros departamentos

OBSERVAÇÕES (registo de informações adicionais, consideradas relevantes): (*) Poderá implicar interrupção de algumas atividades letivas.

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Anexo II – Registos de Frequência EME

Estratégias de Mediação

_____________________________________________

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Registo de ocorrência Enquadramento do conflito Encaminhado por: _____________________________________ Hora: _________ Local: _________________________________ Pessoas envolvidas: Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Nome: ____________________________________________ nº___ Ano/Turma:_____ Duração e complexidade do conflito

□ prolongado □ recente □ episódio pontual □ outra. Qual?____________________

Motivações

□ brincadeiras

□ desentendimentos

□ insultos

□ posse de objetos

□ ameaças

□ outra. Qual?_________________________________

Tipo de conflito

□ violência física

□ violência verbal

□ boatos e calúnias

□ outro. Qual?__________________________________

Reflexão sobre o sucedido Propostas de resolução do conflito: Objetivos e propostas para a resolução do conflito

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Avaliação

Data: _____/_____/_________

Mediador/a

__________________________

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Estratégias de gestão da mediação

Animar: “Podes dizer-me mais alguma coisa? Estavas a dizer que… conta-nos como aconteceu”

Esclarecer: “Desculpa, mas creio que não compreendi bem… estavas a dizer que…”

Criar um bom clima: “Gostava de te agradecer e dar os parabéns por teres/terem optado por

conversar e usar a mediação para resolver os vossos problemas”

Escuta ativa: “Se percebi bem” “Segundo entendi” (Parafrasear e resumir)

Legitimar: “Sinto que esta situação te deixa triste e não há problema em mostrá-lo”

Identificar interesses: “Compreendo que para ti é importante que… “ “segundo percebi,

acreditas que…”

Realçar as coincidências: “Parece que ambos concordam em que… é assim” “ambos dizem

que…”

Reconhecer: Os esforços positivos e o trabalho cooperativo. “Parece que estamos a fazer

progressos…” “Estamos a conseguir cumprir as regras que acordámos no início… e isso é muito

bom” (Passar das emoções para os valores, por exemplo a amizade)

Fazer perguntas abertas: “Como gostarias de ser tratado?” “Conta-me o que sucedeu” “O que

gostavas que tivesse acontecido” “ O que podemos fazer agora diferente?” (intenção positiva

de mudança, não interessa tanto o porquê de ter mudado a sua versão.

Especificar: o acordo. “Quando vais devolver o que te emprestou?” “Onde?” “Pensas que os

teus pais vão estar de acordo?”

Fazer perguntas fechadas: “Concordam com as regras?” “Comprometem-se a cumprir as

regras?”

Estabelecer pontes para o futuro: “Se, por exemplo, amanhã acontecer uma situação

semelhante, o que vão fazer?” “Quando amanhã ambos chegarem à escolas, como se vão

cumprimentar?”

Competências a desenvolver:

Pensamento crítico e criativo;

Comunicação eficaz;

Habilidade para estabelecer e manter relações interpessoais;

Capacidade para tomar decisões;

Autoconhecimento;

Utilização adequadas das emoções e das tensões;

Capacidade de empatia;

Capacidade para resolução de problemas;

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Conceção positiva do conflito.

Papel e funções do mediador:

Inaugura e mantém abertos os canais de comunicação entre as partes;

Legitima e ajuda as partes a reconhecer os interesses e sentimentos dos outros, a obter

revalorização e a conceder reconhecimento;

Facilita o processo de exploração dos problemas, que permita às partes a consideração de

diferentes pontos de vista, identificação de interesses e necessidades e a procura de

opções satisfatórias para ambas as partes;

Atua como agente da realidade na procura de uma solução razoável e viável;

Permite que as partes desenvolvam procedimentos mais efetivos de comunicação e

negociação.

Recursos do mediador:

Escuta ativa: Manifesta que estamos a tratar de compreender o que a pessoa estar a dizer e a

sentir, através do ponto de vista de quem está a falar. Implica não só a técnica, mas também a

sincera disposição a emprega-la para se compreender o que nos estão a dizer. Usar a escuta

ativa implica:

-Capacidade de gerar empatia (colocar-se no lugar do outro para compreender o que diz e

como se sente)

-Demonstrar a essa escuta e empatia através do tom de voz, gestos, expressão, contacto

visual, postura

-Evitar interromper, dar conselhos e fazer sugestões

-Evitar fazer referência a experiências próprias

Perguntas: Permitem obter informação sobre a situação, interesses e necessidades das partes,

sentimentos em jogo, e permitir considerar outros pontos de vista, refletir sobre a sua visão

do conflito, questionar-se acerca de perceções e interpretações, tomando em conta diversas

opções. As perguntas podem ser abertas (como, quando, onde, porque sim, porque não, o que

aconteceria se…), fechadas (confirmar dados, ou clarificar informação já proporcionada), ou

circulares (para que se compreenda a influência recíproca entre os diversos elementos –

conteúdo, relações entre as partes, contexto espacial ou temporal, pensamento de causa-

efeito – “Como era a vossa relação entre este conflito?” “Como achas que se sentiu o teu

colega quando lhe disseste…” “Como é que achas que o teu amigo reagiria se tu fizesses…”)

são usadas para:

- Animar para que a pessoa continue a falar e a explicar o seu ponto de vista: “podias

descrever-me um pouco mais?”

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- Clarificar um ponto e prevenir confusões e mal-entendidos: “Quando é que sentiste isso?”

-Obter informação: “Na tua opinião o que é que isso significou?”

-Oferecer outro ponto de vista: “ Como é que achas que os teus colegas vêm isso?”

Reformulação: Depois de escutar ativamente a exposição de uma das partes, há que

reformular para esta o conteúdo da mensagem, expondo as principais ideias e

acontecimentos, refletindo sobre o sentimento expressado.

-Permite que a pessoa se sinta compreendida, verificar informação e interpretação do

mediador;

-Permite que a parte que está a ouvir receba a história com outras palavras, limpa das

conotações acusatórias;

-Sintetiza e ordena uma versão que, no relato da parte, possa ser apresentada de forma

errónea ou confusa;

Facilitar modos de comunicação assertiva, focalizados nos seus próprios sentimentos e

intenções, em lugar de os imputar aos outros, por exemplo: “Eu sinto-me discriminado

quando” em que de “Ele discrimina-me”.

O Turbilhão de Ideias: O objetivo principal passa por estimular a criatividade pessoal e

grupal, promovendo uma procura conjunta e cooperativa de soluções e situação. Ajuda a gerar

uma grande quantidade de ideias, todas com aspetos passíveis de serem melhorados.

Regras para a produção de ideias:

-Não se pode criticar ou julgar as ideias apresentadas;

-Quantas mais ideias melhor;

-Ajudar a desenvolver as ideias de outros, elaborando-as;

-Procurar ideias não convencionais, quanto mais divergentes melhor;

-Registar cada ideia com, pelo menos, uma palavra-chave;

-Estabelecer um tempo e cumpri-lo.

Regras para avaliação e melhoria das ideias:

-Para cada ideia procurar primeiro os aspetos positivos, úteis ou viáveis antes de descartar os

outros;

-Planear, para as ideias que ficaram, possibilidades de melhoria, combinando-as,

desenvolvendo mais aspetos valiosos;

-Analisar os efeitos e consequências de aplicar cada ideia, como modo final de selecionar as

melhores propostas.

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Acordo: O papel do mediador é ajudar as partes a identificar os seus interesses e/ou

necessidades, expressando adequadamente os seus sentimentos e reconhecendo os do outro.

Pretende-se utilizar formas assertivas de comunicação e chegar a um acordo sobre todos ou

alguns dos aspetos da disputa ou conflito. O mediador deve ter muito claro que o acordo,

quando se conseguir atingir, é das partes, fruto das suas decisões. Não é sua função

recomendar uma solução determinada, em contrapartida deve ter em conta o seguinte:

-Se a proposta é suficientemente específica: se estabelece o como, quando, onde, quem, etc;

-Se é equitativa, tanto a consideração dos interesses de ambas as partes, como na

responsabilidade que cabe a cada aluno desenvolver;

-se é viável, perceber se as partes podem, efetivamente, fazer aquilo a que se comprometem;

-Se consideram algum mecanismo de resolução, em caso de surgirem novas desavenças.

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GABINETE DE MEDIAÇÃO ESCOLAR

REGISTO DE ORDEM DE SAÍDA DA SALA DE AULA

Data Nome do aluno Nº A/Tª Disciplina Motivo Mediador/es (Assinatura)

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GABINETE DE MEDIAÇÃO ESCOLAR

Ocorrências

Data Nome do aluno Nº A/Tª Motivo Mediador/es

(Assinatura)

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Anexo III – Instrumento de Apoio às Aulas de Convivência

______________________________________________________

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA BÁRBARA

Educar para o sucesso pessoal e académico

[Instrumento de apoio às Aulas de Convivência]

.

[Janeiro de 2015]

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AUTOESTIMA E AUTOCONCEITO

A autoestima é a avaliação que tu fazes de ti próprio no que se refere às tuas capacidades,

importância, sucesso e valor.

Se os jovens se sentirem bem com eles próprios e se tomarem bem conta de si, quando

tiverem grandes escolhas a fazer, saberão como fazê-las e aprenderão a dizer não ao que for

prejudicial.

O que é tu achas que há de especial em ti, que faz parte da tua personalidade, e que faz de ti

uma pessoa única e especial?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

______________________

A auto-estima está associada à auto-confiança e para que nos sintamos auto-confiantes é

necessário sentirmo-nos capazes de fazer coisas, ser amados e aceites pelos outros e

responsáveis. Escreve três aspetos em que te sintas:

1. Responsável _________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

2. Apreciado _________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

3. Capaz _________________________________________

_________________________________________

_________________________________________

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A minha personalidade

A Personalidade é o conjunto das características marcantes de uma pessoa, é a força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa, baseado no seu padrão de individualidade pessoal e social, referente ao pensar, sentir e agir.

Traços de personalidade

Não tenho

Tenho pouco

Tenho algum/a

Tenho muito

Caraterística principal

EXTROVERSÃO

SIMPATIA

AUTOCONFIANÇA

SERENIDADE

PONDERAÇÃO

PERSEVERANÇA

INTELIGÊNCIA

CAPACIDADE DE ESFORÇO

AUTOCONTROLO

FOCO

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RECORDA UM DIA EM QUE… DESCREVE-O… Alguém te felicitou por algo que fizeste.

Numa reunião de amigos, propuseste uma ideia que foi seguida por todos.

Alguém te pediu um conselho sobre como agir perante um problema que tinha.

Recebeste um elogio pelo aspeto que tinhas nesse dia.

Um amigo agradeceu-te um favor que tinhas feito.

Pediste desculpa a alguém por o teres incomodado com algo.

Pediram-te desculpa por terem feito algo que te incomodou.

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A garrafa meia cheia

Lembra-te de situações pelas quais tenhas passado, ou que te ocorram agora, em que penses coisas como «isto é um desgraça», «isto é um desastre» ou «isto é um grande fracasso». Já deves ter ouvido dizer que quando uma garrafa está a meio, um otimista diria que a garrafa está meia cheia e um pessimista diria meia vazia. Isto é porque uma mesma realidade pode ser interpretada de várias maneiras. Vamos tentar, com esta atividade, ser como o otimista da garrafa. Agora, que já pensaste em várias situações, deves procurar concentrar-te no seu lado positivo. Segundo o exemplo da garrafa, deves pensar nas coisas que fazem com que a garrafa ainda esteja «meia cheia». Exemplo:

Agora, faz o mesmo, em relação às

situações em que pensaste.

Reprovei a cinco

disciplinas

Fiquei aprovada nas

outras cinco.

No ano anterior,

reprovei a seis,

logo, melhorei um

pouco. Estou a

estudar mais agora

do que antes.

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“O mapa não é o território” Alfred Korzybski

A ideia que construímos sobre as coisas é com base na informação que possuímos, ou seja, a

nossa realidade é subjetiva e, por isso, diferente da dos outros. Trata-se de algo positivo, na

medida em que podemos mudar a realidade, mudando a nossa perceção e isto aumenta o

nosso leque de escolhas. Uma coisa é a realidade, outra coisa é a nossa perceção sobre ela,

com base nas nossas experiências passadas e nas nossas crenças. Se tivéssemos por base

outras experiências talvez pudéssemos ter outras crenças em relação a um mesmo assunto. E,

se aquilo que vivemos no passado influencia a pessoa que somos hoje e a forma como

percecionamos o mundo, significa que aquilo que somos e fazemos hoje, vai influenciar o que

vamos ser e como vamos pensar no futuro.

Para perceberes melhor o teu mapa e ganhares consciência sobre a eventual diferença entre

este e o território, completa as seguintes frases:

1. A vida é…

2. As pessoas são…

3. Eu sou…

Agora volta a completar as mesmas frases, imaginando que és o melhor aluno da tua turma/ a

pessoa que toda a gente admira/uma pessoa muito bem sucedida

1. A vida é…

2. As pessoas são…

3. Eu sou…

1. A vida é…

2. As pessoas são…

3. Eu sou…

Adap. Vieira (2011)

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“A parte mais flexível do sistema tende a dominar o sistema” Pedro Vieira

A flexibilidade comportamental parece ser a forma mais fácil de prever o sucesso que cada

pessoa pode obter no futuro. Quando há alteração de contexto, quem é mais flexível tem mais

sucesso na produção de resultados. Como se desenvolve a flexibilidade? Fazendo coisas

diferentes. As rotinas tornam-nos eficientes, mas também mais fechado à mudança. Para tal

podemos desenvolver a nossa flexibilidade, de forma a nos conseguirmos adaptar a todas as

situações que vamos vivenciando.

1. Que rotinas segues em casa e na escola? Que resultado tens obtido com essas rotinas?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_________________________________

2. Que alternativas podes utilizar? O que pode acontecer se mudares?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_________________________________

3. Em que áreas gostavas de ter comportamentos diferentes?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_________________________________

4. O que acontecerá se conseguires adotar esses novos comportamentos? E o que

acontecerá se não os conseguires adotar?

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Apêndice I – Divulgação do EME

Dinamização do espaço

______________________________________________

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Escada - antes Escada – depois

Os 10 passos para o sucesso

Quadro - antes Quadro – depois

Póster divulgação EME

Deixa a tua marca

Marcadores

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Power Point Apresentação às turmas Mediação: auscultação das turmas

Vídeo Síntese mediação

Atividade Deixa a Tua Marca Sopa de letras

Contactos

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Apêndice II – Dia da Inclusão

_______________________________________________

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Banca EME

Atividades

Atividades Atividades

Póster Dia da Inclusão

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1) Assinala com V as frases verdadeiras e com F as falsas.

1) O mediador atua como agente da realidade na procura de

uma solução razoável e viável.

2) “Escuta ativa”: Manifesta que estamos a tratar de compreender

o que a pessoa está a dizer e a sentir, através do ponto de vista de

quem está a falar.

3) O papel do mediador é ajudar as partes a identificar os seus

interesses e/ou necessidades, expressando adequadamente os seus

sentimentos e reconhecendo os do outro.

4) O mediador tem de criar um clima cordial e de confiança (onde

tem de explicar o seu papel, explicar o processo de mediação e

respetivos pressupostos, como é o caso da voluntariedade e da

confidencialidade).

2) Caso 1

Imagina que estás a entrar no pavilhão B e estão dois alunos a

insultarem-se e aos socos um ao outro. Como agirias? Descreve o modo

com farias para resolver o conflito

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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3) Utiliza as seguintes palavras para completar as frases:

FORTALECER; CONHECER; LIBERTAR; EXPRIMIR

O conflito pode ajudar a:

a) ________________ a relação;

b) ________________ emoções;

c) ________________ a outra pessoa;

d) ________________ a relação de mal entendidos e ressentimentos.

4) Assinala com V as frases verdadeiras e com F as falsas.

1) O objetivo da mediação consiste em julgar e favorecer uma

das partes.

2) A mediação exclui a punição.

3) É importante assumir um compromisso para transformar-mos

os nossos comportamentos e atitudes.

4) O acompanhamento realizado no âmbito da mediação

prevê a escuta de apenas uma das partes envolvidas no conflito.

5) Caso 2

Imagina que estás a entrar no pavilhão C e um colega embate em ti.

Como reages?

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5) Utiliza as seguintes palavras para completar as frases:

COMPREENDER; EXPRESSAR; PARTILHAR; ESTABELECER

O Mediador pode ajudar a:

e) ________________ interesses e necessidades;

f) ________________ soluções;

g) ________________ posições;

h) ________________ laços de comunicação

6) Sopa de letras

R C O M P R O M I S S O I C

I H F R H A S I O V A N R O

T W G V Y Q E T D F L O P M

E E S C U T A R D Q R G L P

L W I N I C I A T I V A I R

F E V E I R S G G R H J B E

E C M D S R Q O U I H E R E

R H K V N M H L R Y A D U N

I O H M G V D A O L T E G D

E F L E X I B I L I D A D E

P L H G R T S D A B M L N R

R E S P E I T O P R Q O J I

O que têm em comum as palavras que encontraste?

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7) Completa a história

História 1) O Carlos deu um encontrão ao Sebastião, que foi contra um

cacifo. Riu-se, juntamente com outros colegas, e foi embora. Os livros do

Sebastião caíram no chão e como o corredor estava cheio de gente, ele

teve que esperar que todos saíssem para os poder apanhar. O Sebastião

sentiu-se envergonhado e triste com o sucedido e chegou atrasado à aula.

No final do dia resolveu ir falar com o Carlos sobre o sucedido, a caminho

de casa.

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8) Completa a história

História 2) A Teresa costuma gozar com a Matilde praticamente todos os

dias. A Matilde fica triste e a maior parte das vezes chora quando ouve a

Teresa dizer: “Tu és uma criancinha, vê se cresces e aprendes a ser adulta,

caso contrário vais aprender a levar na cara!”. Hoje, à hora de almoço, a

Teresa repetiu essa frase, quando a Matilde fez uma expressão estranha

por se ter queimado com a sopa. Teve vontade, mas não chorou e, quando

acabou de comer, decidiu que não ia para a próxima aula sem, primeiro,

falar coma Teresa. Encontrou-a sozinha na casa de banho e começou.

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9) Produz um comentário tendo em conta a banda desenhada que

se segue e a tabela com a fórmula ACCERS.

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A Fórmula ACCERS

Atenção

Exemplo: “Eu preciso de falar contigo sobre um assunto. Agora é uma boa altura para ti?”

Cedo, claro e curto

Exemplo: “Quero falar contigo sobre uma coisa que aconteceu hoje no corredor.”

Comportamento específico

Exemplo: “Eu não gostei que me tivesses empurrado contra o cacifo. Eu deixei cair os

livros e tu jogaste futebol com eles.”

Efeito sobre mim

Exemplo: “Eu fiquei embaraçado e, além disso, já estava atrasado para a aula. Tive que

esperar que o corredor ficasse vazio, antes de poder apanhar os livros.”

Resposta

Esperar pela resposta da pessoa. Ela pode tentar esquivar-se: “Não percebes uma piada?”,

“Qual é o problema?”. Apesar de tudo já é uma resposta, por outro lado, pode acontecer

que te peça desculpa.

Solução

Exemplo: “Eu quero que deixes de me molestar no corredor. Caso contrário vou falar com

o diretor de turma sobre isto.”

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Apêndice III – Semana da Paz e do Entendimento

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Atividades

Atividades

Pacote para pipocas

Visualização do Filme

Bailando pela Paz Póster Sessão Cinema

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Apêndice IV – Espaço de Convívio

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Fotos Espaço Convívio - Antes

Póster Divulgação Espaço Convívio

Espaço de Convívio - Depois Espaço de Convívio - Depois Espaço de Convívio - Depois

Os alunos no espaço

Fotos Espaço Convívio - Antes Fotos Espaço Convívio - Antes Fotos Espaço Convívio - Antes

Entrada Espaço de Convívio Espaço de Convívio - Depois

Espaço de Convívio - Depois

Regras para o bom funcionamento

Os alunos no espaço Póster Espaço Convívio

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Apêndice V – Aulas de Convivência

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Perceções

TEMÁTICA

Integração e perceções

OBJETIVOS

- Identificar e refletir acerca das suas perceções sobre o contexto escolar

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

- O Mediador levanta a seguinte questão: Como se sentem em estar aqui?

- é lhes solicitado que cada um responda à questão numa folha;

- partilha de todas as ideias e diferenciá-las tendo em conta os aspetos

positivos e negativos;

- O Mediador levanta a segunda questão: Qual a vossa postura na sala de

aula?

- é lhes solicitado que cada um responda à questão numa folha;

- partilha de todas as ideias e diferenciá-las tendo em conta os aspetos

positivos e negativos;

- O Mediador levanta a terceira questão apenas para debater: De que forma

relacionam a resposta dada à primeira questão com a resposta dada à

segunda questão?

MATERIAL SUGERIDO

Folhas, quadro, material de escrita

TEMPO APROXIMADO

45 minutos

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Situações:

1. Numa situação conflituosa entre um colega teu e um professor, o que farias?

a)- observo a situação até que termine

b)- peço ajuda para resolver o conflito

c)- colaboro diretamente na resolução do conflito

2. Em contexto de sala de aula, o colega do lado quer conversar contigo acerca

de algo que não tem a ver com o programa da disciplina, o que fazes?

a)- ignoro e espero que ele se cale

b)- converso com ele

c)- explico-lhe que não é o local e altura indicada para o fazer

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Conflito

TEMÁTICA

Resolução de conflito

OBJETIVOS

- Conscientizar acerca das estratégias usadas nas situações de conflito;

- Identificar e refletir acerca dos métodos utilizados para resolver conflitos;

- Introduzir estratégias para negociar e apresentar habilidades para

negociações

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

- O Mediador convida os participantes a realizarem um exercício fictício;

- os participantes devem sentar-se confortavelmente, fechando os olhos e

desligando-se de tudo relaxando completamente;

- o animador diz: todos estão agora a caminhar na rua e de repente

observam a alguma distância que se aproxima alguém com quem têm um

conflito, todos têm que decidir rapidamente de que forma vão enfrentar a

pessoa.

- à medida que esta se aproxima surgem várias alternativas sobre a forma

como vão enfrentar a pessoa;

- os sujeitos decidem o que fazer e é terminado o exercício;

- o mediador diz: a pessoa passou;

- é solicitado que respondam às seguintes questões: Em que alternativas

pensaste? Qual a alternativa que escolheste? Que nível de satisfação

sentiste?

- partilha e reflexão das várias alternativas apresentadas

MATERIAL SUGERIDO

Folhas, material de escrita

TEMPO APROXIMADO – 45 minutos

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Balão dos Desejos

TEMÁTICA

Autoconhecimento e conhecimento mútuo; perspetivas do futuro;

OBJETIVOS

- Refletir acerca dos seus objetivos de vida e do próprio caminho a percorrer

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

- O Mediador entrega um balão colorido e um pedaço de papel para cada

pessoa;

- é solicitado aos alunos que estes escrevam o seu maior desejo;

- Colocar o papel dentro do balão, encher e amarrar;

- Fazer um círculo e conversar sobre os desejos que mencionaram.

- Ao som de uma música, soltar os balões;

- O animador vai motivando o grupo para não deixar cair ou perder nenhum

dos desejos;

“que o ar leve estas intenções para cima, para o mundo, e que sejam para

melhorá-lo.”

MATERIAL SUGERIDO

Balões, papel, material de escrita, música

TEMPO APROXIMADO

45 minutos

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Sapato apertado

TEMÁTICA

O outro e a diferença

OBJETIVOS

- Compreender as nossas diferenças;

- Colocar-se no lugar do outro;

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

- O mediador solicita que o grupo forme um círculo. De seguida solicita que tirem

os sapatos e que troquem o sapato do pé direito com o colega do lado.

- Depois devem calçar os sapatos trocados, olhar para os pés calçados, andar

pela sala, ocupar todos os espaços da sala andando no ritmo da música (mais

lenta, mais rápida, correndo...).

- O mediador pede que retomem o lugar inicial, que se sentem e voltar a calçar

os respetivos sapatos.

- Elaborar com o grupo a descrição da dinâmica passo a passo.

- Conversar com o grupo sobre os sentimentos provocados, relacionando-os

com o desenvolvimento da dinâmica (ficar descalço, trocar os sapatos, calçar o

sapato do outro, olhar para os pés, andar e correr com o sapato do outro...)

- Refletir acerca de:

• Provocou estranheza? Porquê?

• O que significou andar com o sapato do outro? Foi fácil/difícil?

• Como podemos relacionar isso com a nossa vida; com a dificuldade de

colocar-se no lugar do outro; com as nossas exigências e os nossos

preconceitos?

• Se todos somos diferentes, por que temos tanta dificuldade em conviver com

as diferenças?

MATERIAL SUGERIDO – nenhum em específico

TEMPO APROXIMADO 45 minutos

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O Jardim e o Jardineiro

TEMÁTICA

A diversidade escolar e o papel do professor.

OBJETIVOS

- Conscientizar os membros do grupo para a diversidade de sujeitos existentes no

contexto escolar;

- Estabelecer e refletir acerca dos compromissos que podem assumir;

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

- O mediador solicita que as pessoas do grupo fechem os olhos por um instante,

que se desliguem dos sons que estão à sua volta e se imaginem num jardim.

- Depois, o mediador solicita que observem a diversidade, os detalhes e procurem

uma flor diferente, fixando o seu olhar sobre ela.

- Passados alguns minutos, são distribuídas folhas e lápis de cor para que cada

pessoa desenhe e pinte essa flor diferente como a percebeu/imaginou.

- Depois, é-lhes pedido que troquem o desenho com o colega do lado,

conversando com ele sobre o desenho de cada um: o que imaginou e o que

sentiu ao criá-lo; Se foi fácil ou difícil pensar nesse jardim/flor.

- Elaborar uma lista, com o grupo, acerca das ideias/sentimentos que surgiram e

relacioná-las com o dia-a-dia escolar; com as belezas e dificuldades que

aparecem, uma vez que, tal como um jardim, a escola é lugar de diversidade, feita

de pessoas/culturas diferentes que precisam conviver por muito tempo num

mesmo espaço. Como vamos valorizar essas diferenças? Que

sementes/cuidados está precisando o nosso jardim? Que compromissos pessoais

e coletivos podemos assumir no cuidado deste jardim?

MATERIAL SUGERIDO

Material de escrita (lápis de cor) e papel;

TEMPO APROXIMADO

45 minutos

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Fórmula ACCERS

TEMÁTICA

Assertividade

OBJETIVOS

Desenvolver ferramentas práticas ao nível da comunicação assertiva

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

Situação 1: O Carlos deu um encontrão ao Sebastião, que foi contra um

cacifo. Riu-se, juntamente com outros colegas, e foi embora. Os livros do

Sebastião caíram no chão e como o corredor estava cheio de gente, ele teve

que esperar que todos saíssem para os poder apanhar. O Sebastião sentiu-

se envergonhado e triste com o sucedido e chegou atrasado à aula. No final

do dia resolveu ir falar com o Carlos sobre o sucedido, a caminho de casa.

Situação 2: A Teresa costuma gozar com a Matilde praticamente todos os

dias. A Matilde fica triste e a maior parte das vezes chora quando ouve a

Teresa dizer: “Tu és uma criancinha, vê se cresces e aprendes a ser adulta,

caso contrário vais aprender a levar na cara!”. Hoje, à hora de almoço, a

Teresa repetiu essa frase, quando a Matilde fez uma expressão estranha por

se ter queimado com a sopa. Teve vontade, mas não chorou e, quando

acabou de comer, decidiu que não ia para a próxima aula sem, primeiro, falar

coma Teresa. Encontrou-a sozinha na casa de banho e começou.

MATERIAL SUGERIDO

Ficha informativa (A fórmula ACCERS) Beane (2006) A sala de Aula sem

Bullying TEMPO APROXIMADO: 45 minutos

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A Fórmula ACCERS

Atenção

Exemplo: “Eu preciso de falar contigo sobre um assunto. Agora é uma boa altura

para ti?”

Cedo, claro e curto

Exemplo: “Quero falar contigo sobre uma coisa que aconteceu hoje no corredor.”

Comportamento específico

Exemplo: “Eu não gostei que me tivesses empurrado contra o cacifo. Eu deixei

cair os livros e tu jogaste futebol com eles.”

Efeito sobre mim

Exemplo: “Eu fiquei embaraçado e, além disso, já estava atrasado para a aula.

Tive que esperar que o corredor ficasse vazio, antes de poder apanhar os livros.”

Resposta

Esperar pela resposta da pessoa. Ela pode tentar esquivar-se: “Não percebes

uma piada?”, “Qual é o problema?”. Apesar de tudo já é uma resposta, por outro

lado, pode acontecer que te peça desculpa.

Solução

Exemplo: “Eu quero que deixes de me molestar no corredor. Caso contrário vou

falar com o diretor de turma sobre isto.”

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A casa das palavras

TEMÁTICA

Resolução positiva de conflitos

OBJETIVOS

- Trabalhar para desenvolver atitudes pacíficas e melhorar a capacidade de

diálogo.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

Em algumas povoações do Mali existe “A Casa da Palavra”. É lá que as

pessoas vão para negociar e resolver os seus conflitos. A casa é feita com

colunas de pedra, madeira ou argamassa e não tem paredes. Está coberta

apenas por um telhado de palha e é tão baixa que não é possível estar lá de

pé. Para entrar é preciso baixar a cabeça. Desta forma, quem entra lembra-

se que é necessário ser humilde para comunicar com os outros. A Casa da

Palavra não tem móveis e as pessoas sentam-se no chão, umas diante das

outras. Se alguém, levado pela ira ou pelo calor da discussão, se levantar,

irritado para se lançar sobre o outro, bate com a cabeça no teto.

A dor que sente relembra-lhe que é preciso ser paciente e que deixar-se

levar pelas emoções apenas serve para destruir o diálogo.

Questões para debate:

-O que vos parece a ideia da Casa da Palavra? Seria interessante ter um

espaço assim na sala de aula, ou na escola?

-O que sentem quando alguém não pensa da mesma forma que vocês?

Como agem se isso acontece?

-Quais são as palavras que te fazem sentir mal? (Palavras dardo)

-Quais são as palavras que te fazem sentir bem? (palavras ponte)

A palavra é uma forma poderosa de energia que podemos usar a favor da

vida e da paz, ou contra elas. As palavras podem ser dados (picam-nos,

fazem-nos sofrer, bloqueiam-nos) ou pontes (ligam-nos aos outros,

permitem-nos crescer e consolam-nos). A comunicação pacífica é uma arte

difícil, mas que se pode aprender. Exige, no entanto, vontade, esforço e

amor.

MATERIAL SUGERIDO

- Imagem da casa da palavra. TEMPO APROXIMADO 45 MINUTOS.

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PAPAGAIO CAPA (Criativa; Autónoma; Pacífica e Amorosa)

TEMÁTICA

Trabalhar Modelo da pessoa CAPA (Criativa; Autónoma; Pacífica e Amorosa)

OBJETIVOS

- Tomar consciência dos pontos fortes e dos que se podem melhorados)

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

Entrega-se a cada aluno uma folha com um papagaio impresso e o seguinte

texto “Passámos a vida a arrancá-los do chão. Corremos com eles até ficar sem

fôlego. Caem por terra. Chocam com os telhados. Remendamos e consolámos,

ajustamos e ensinamos. Vemos como baloiçam ao vento e asseguramos-lhes

que um dia poderão voar. Finalmente levantam voo, mas precisam de mais fio e

nós soltamos mais e mais e, no fundo, sabemos que em breve a bela criatura

quebrará a corda de segurança que nos une e erguerá nos ares como era seu

destino… livre e sozinha. Só então percebemos que o nosso trabalho está feito.”

A atividade consiste em que cada um decore o seu papagaio de papel, o

personalize através de desenhos e cores. Em cada eixo da armação deve

colocar uma das iniciais do modelo CAPA: o C de Criativa; o A de Autónoma; o P

de Pacífica e o A de Amorosa).

Os papagaios de papel serão expostos na sala de aula, suspensos com um fio

de nylon. Finalmente observa-se a riqueza da diversidade e a beleza única de

cada papagaio.

REFLEXÕES SOBRE A ATIVIDADE

Qual dirias que é a missão de um Papagaio de papel?

O que pode impedi-lo de voar?

Se fosses um papagaio de papel, o que seria o vento?

Indica três coisas que podes fazer cada uma das qualidades CAPA e

conseguires ser uma pessoa mais criativa, mais Autónoma; mais Pacífica

e mais Amorosa?

O que achas fundamental para manter o equilíbrio dos quatro eixos?

MATERIAL SUGERIDO

Folha com o Papagaio de papel impresso

Lápis/ canetas cor; TEMPO APROXIMADO1hora.

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Cicatrizes da ira

TEMÁTICA

Regulação emocional

OBJETIVOS

Darmo-nos conta de que deixarmo-nos levar pela ira tem consequências em

nós próprios e nos outros.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

Discussão do Conto:

O Martim estava sempre mal-humorado. Quando se irritava deixava-se levar

pela ira e fazia coisas que magoavam os que lhe eram próximos. Um dia

opai deu-lhe um saco com pregos e disse-lhe que, de cada vez que tivesse

um ataque de fúria, pregasse um na porta do quarto. No primeiro dia pregou

37! Ao longo das semanas seguintes o número de pregos foi diminuindo.

Pouco a pouco o Martim foi descobrindo que era mais fácil controlar a ira do

que pregar pregos naquela porta de madeira maciça. Finalmente chegou o

dia em que não pregou nenhum. Foi dizer ao pai e sugeriu-lhe que, por cada

dia sem se irritar, arrancasse um dos pregos cravados na porta. O tempo foi

passando e, um dia, o Martim contou ao pai que já tinha arrancado os pregos

todos. Então, o pai levou-o até junto da porta do quarto e disse-lhe:

-Fizeste muito bem, Martim, mas repara nos buracos com que a porta ficou.

Quando alguém não controla a ira, as suas palavras deixam cicatrizes como

estas. Uma ferida verbal pode ser tão dolorosa como uma ferida física. A ira

deixa marcas. Nunca te esqueças disso!

REFLEXÕES SOBRE A ATIVIDADE

-O que é que se passava com o Martim?

-Alguma vez agiste como ele?

Como te sentiste a seguir? Como achas que se sentiram as pessoas sobre

as quais descarregaste?

-Qual é a tua opinião sobre a estratégia de cravar pregos na porta? Ocorre-te

outro sistema para te dares conta de quantas vezes perdes o autodomínio?

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-Alguma vez te sentiste ferido pelos gritos, palavras ou ofensas de uma

pessoa furiosa? Como te comportaste quando isso aconteceu?

-Porque é que achas que às vezes agimos assim?

CONCLUSÕES PARA TRABALHAR

A ira não deixa cicatrizes apenas na pessoa que recebe o seu impacto, mas

também na pessoa que se enfurece, a qual sente, igualmente, os seus

efeitos: os outros afastam-se dela, a sua autoestima baixa e sente-se infeliz.

A ira acumulada que sai de dentro de nós de forma explosiva chama-se fúria.

A pessoa furiosa perde o controlo e age como um tsunamique destrói tudo. A

ira reprimida a que não damos vazão transforma-se em raiva e magoa-nos

por dentro.

Reprimir as emoções também não é saudável. O melhor é deixá-las sair,

mas de forma não agressiva, tendo cuidado com o modo como nos

expressamos, procurando a melhor maneira de dizer o que temos a dizer

sem ferir os outros. É por esse motivo que devemos estar tranquilos antes de

falar com a pessoa que nos enfureceu com o seu comportamento.

MATERIAL SUGERIDO

Martelo, pregos, tábua de madeira

TEMPO APROXIMADO

45 min

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Guarda-chuva emocional

TEMÁTICA

Autoestima

OBJETIVOS

Ter consciência de que há pessoas que atiram as suas contrariedades, os

seus medos, a sua raiva, as suas tensões e a sua agressividade para cima

das outras, como de lixo se tratasse, e de que isso constitui uma agressão e

uma falta de respeito, seja qual for a circunstância.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

Situação para discutir:

Na hora do recreio, durante um jogo de futebol, a Maria tropeça numa pedra

e, sem querer, dá um pequeno encontrão ao Marco, que se estatela no

terreno de jogoe perde a bola. A equipa do Marco está a perder, como

acontece com frequência.

Irritado, o Marco volta-se para trás e, diante de todos, grita para a Maria:

-“És uma inútil! Olha o que fizeste! Por tua culpa caí e perdi a bola! Não

serves para nada. Não sei porque te deixamos jogar connosco. Só serves

para estorvar. Não sabes jogar futebol. Porque não vais para ao pé das tuas

amigas jogar a outra coisa? Não me suportas e fizeste de propósito! Jogar

contigo é uma porcaria. Se tu jogas, eu vou-me embora.

REFLEXÕES SOBRE A ATIVIDADE

Achas que a Maria tem culpa desta situação?

Porque te parece que o Marco reagiu assim?

Como achas que o Marco se sentia quando “encharcou” a Maria com o seu

lixo emocional?

Identifica os detritos emocionais que o Marco atirou à Maria.

Achas que a Maria merece que o Marco a trate assim?

O que pode a Maria fazer nesta situação?

Se estivesses na situação da Maria voltarias a jogar futebol na hora do

recreio?

Já passaste por alguma experiência parecida? Podes partilhá-la?

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Como agirias se fosses o Marco?

A autoestima surge como resultado de sabermos que somos pessoas

valiosas, dignas de amor e respeito. Para cultivar uma boa autoestima, a

primeira coisa que devemos fazer é apercebermo-nos de que temos no

nosso interior qualidades, capacidades e potencial que devemos trabalhar

diariamente. A ignorância acerca de nós mesmos faz-nos sentir inseguros.

Ao longo da vida podemos cruzar-nos com pessoas que conseguem furar até

o mais resistente dos guardas chuvas emocionais. Nesses casos, o melhor é

afastarmo-nos delas e relacionarmo-nos com pessoas mais respeitadoras e

sadias. É importante cuidar do nosso belo guarda-chuva emociona, tendo

melhorá-lo e não deixar que ninguém derrame os seus detritos em cima dele.

Como deve ser o nosso guarda-chuva da autoestima? Que qualidades e que

valores é preciso cultivar para termos uma boa autoestima? (confiança,

respeito conhecimento de si próprio, coragem, assertividade, simpatia,

alegria, otimismo, experiências positivas, amizade, afeto, esforço)

Que ações é que podem reforçar estas qualidades e valores? (Dizer a mim

próprio que, se me sair mal não há problema, Voltar a tentar, Atrever-me a

fazer coisas novas, Relembrar as minhas 10 melhores qualidades.

CONCLUSÕES PARA TRABALHAR

Os “poluidores emocionais” existem e são uma realidade no nosso dia-a-dia.

São pessoas que ferem, atacam e menosprezam os outros, umas vezes de

forma consciente e outras levadas pela ira ou pelo seu próprio mal-estar

emocional. Quando aparecem podem fazer-nos sentir muito mal com as suas

palavras.

É importantíssimo que saibamos proteger-nos das suas ofensas e desprezo.

E isso é algo que podemos conseguir fazer trazendo connosco um grande

guarda-chuva da autoestima.

Mas atenção, todos somos poluidores emocionais em potência. Não

podemos baixar a guarda.

MATERIAL SUGERIDO

Desenho de guarda-chuva em cartolina

Marcadores

TEMPO APROXIMADO: 1 hora

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Apêndice VI – Intervenção com CV: apresentação do projeto

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ESPAÇO DE MEDIAÇÃO ESCOLAR

INTERVENÇÃO: CURSOS VOCACIONAIS

Responsáveis pela intervenção: Daniela Pinho e Érica Borja

No âmbito do estágio relativo ao Mestrado em Ciências da Educação pela Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto que estamos a desenvolver na

EB 2/3 de Fânzeres propusemos à nossa orientadora local Prof.ª Maria do Céu desenvolver

uma intervenção direcionada para os Cursos Vocacionais 1 e 2. Esta proposta advém do nosso

interesse particular nos currículos alternativos.

O nosso plano de intervenção seguirá uma estrutura previamente definida ainda que

com a salvaguarda de alterarmos o plano sempre que se mostrar necessário, dado que

atuamos numa lógica de trabalhar com as turmas com o intuito de verificar a produção de

sentido que as mesmas conferem à intervenção. Em específico, o projeto passa por sessões de

cinema quinzenais. Consideramos ainda importante realizar um primeiro contacto com as

turmas de forma a compreender qual o interesse que demonstram neste projeto.

Proposta de calendarização:

Turma/

Calendário

Atividade

Dia

Hora

Aula

CV 1

Apresentação do

projeto

04/03/2015

Das 12:25 às 13:15

Francês

Prof.ª Cristina Silva

1.ª Sessão cinema 06/03/15 Das 9:25 às 11:20 Técnicas

Artesanais

Prof.ª Rosa Castro

2.ª Sessão cinema 19/03/2015 Das 9:25 às 11:20 Técnicas

Artesanais

Prof.ª Rosa Castro

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Fânzeres, 23 de Fevereiro de 2015

Turma/

Calendário

Atividade

Dia

Hora

Aula

CV 2

Apresentação do

projeto

04/03/2015

Das 10:30 às 11:20

Físico-Química

Prof.ª Fátima

Correia

1.ª Sessão cinema

05/03/2015

Das 14:25 às 16:15

Não se aplica

2.ª Sessão cinema

19/03/2015

Das 9:25 às 11:20

Não se aplica

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Apêndice VII – Intervenção com CV: resumos filmes

apresentados

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Encontros: Ficção e Vida Real

Destinatários: Cursos Vocacionais 1 e 2

Mediadoras responsáveis: Daniela Pinho e Érica Borja

1º Encontro

Data: 04/03/2015

Filme: Jamesy Boy Duração: 1h30min

Reflexão Crítica:

O filme retrata a vida de um jovem que não atribui qualquer significado à

escola e que, por isso mesmo, envolve-se com gangues até que é detido e vai para

uma prisão de segurança máxima. Na prisão, ele cria uma amizade com um detido que

o motiva a não desistir.

A ideia principal que retiramos do filme é que, por mais que a vida nos puxe

para baixo, é imprescindível estabelecermos objetivos e, em função disso, traçar um

caminho com vista à concretização dos mesmos. O importante é focarmo-nos em

alguma coisa que nós amamos e a partir daí lutarmos por isso.

É notável perceber, com o desenrolar do filme, que James era um adolescente

que não se interessava pela escola e, no final, acaba por ingressar na faculdade no

curso de Literatura e Poesia. Baseado em fatos reais.

Observações:

A mensagem que o filme pretendia transmitir foi facilmente percecionada pelos

estudantes e o envolvimento que tiveram durante o filme foi bastante positivo. De

salientar que o comportamento das duas turmas foi muito bom, à exceção de uma

situação com alguns elementos da turma do CV1.

Tarefa proposta: Realização de uma reflexão em forma de imagem, desenho, fotografia,

poema, letra de música (…) para de certa forma relacionar aspetos do filme com a

vivência diária dos estudantes.

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2º Encontro

Data: 19/03/2015

Filme: Poder Além da Vida Duração:1h 30min

Reflexão Crítica: O filme retrata uma história verídica de um jovem que tem uma paixão

pela ginástica acrobática e que tem como principal objetivo competir numa prova de

extrema importância. No início do filme podemos perceber que é um jovem que

sempre teve tudo o que quis, sem limitações. A dado momento o jovem tem um

acidente e esse acidente quase destrói o sonho de competir e vencer a prova. Ao longo

do filme, encontra alguém que o motiva a continuar e, quando já ninguém acreditava

nele, mostra a todos mas principalmente a ele próprio que consegue. Sagra-se

campeão na prova.

Observações: Foi notória a mudança de comportamento e consequente interesse que

os alunos demonstraram nas duas sessões. O 1.º encontro correu muito bem com

ambas as turmas, ao contrário do 2.º encontro que foi notório o desinteresse pelo

filme. Acreditamos, enquanto mediadoras, que esta falta de interesse se deve às

questões abordadas nos filmes: se no 1.º filme abordava-se muito mais a questão dos

gangs, prisões, etc, o 2.º filme era muito mais direcionado para a motivação e a

procura pela realização de objetivos estabelecidos. Consideramos que a temática

presente no 1.º filme suscita muito mais o interesse dos estudantes, no geral.