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Rio de Janeiro 2009 - arquivonacional.gov.br©rio.pdf · Maria do Carmo Teixeira Rainho Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo Assistente de curadoria e textos Denise de Morais

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Rio de Janeiro

2009Rio de Janeiro

2009

O Aeróstato e Propulsor sistema de José Passos de Faria quedenomina o Balão Brasil. Rio de Janeiro, 22 de junho de 1873.

Coleção Privilégios Industriais

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Secretária-Executiva da Casa Civil da Presidência da RepúblicaErenice Alves Guerra

Diretor-Geral do Arquivo NacionalJaime Antunes da Silva

Coordenadora-Geral de Acesso e Difusão DocumentalMaria Aparecida Silveira Torres

Coordenadora de Pesquisa e Difusão do AcervoMaria Elizabeth Brêa Monteiro

EQUIPE TÉCNICA

Laboratório de Conservação e RestauraçãoLúcia Peralta, Paulo Cesar Gouvêa, Francisco Gomes da Costa,Alice de Jesus Nunes, Alda Arcoverde de Freitas, PauloFernando Alves Vieira, Álvaro Cesar Moura Carvalho, TiagoCesar da Silva, Leila Ianne Pires

Programação Visual e Design GráficoSanta SucataJac Carrara, Maristela Pessoa, Cecília Gilson (assistente)

Painéis de bambuRecicla Três Rios

Manipulação de imagens e reproduçãoPixel Trade Comércio e Serviços Ltda.

Climatização das vitrinesJoão Batista Francisco & Cia. Ltda.

AgradecimentosJosé Luiz Macedo de Faria Santos e Maria Lúcia Cerutti Miguel(Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos),Mauro Domingues e Flávio Lopes (Coordenação de Preservaçãodo Acervo), Coordenação de Consulta ao Acervo

Projeto gráfico e diagramação do catálogoAlzira Reis

Imagem da capa do catálogoSanta Sucata

Curadoria e textos

Cláudia Beatriz HeynemannMaria do Carmo Teixeira Rainho

Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo

Assistente de curadoria e textosDenise de Morais Bastos

Pesquisa de imagens e textosBeatriz Helena Biancardini Scvirer, Maria Elizabeth BrêaMonteiro, Mariana Lambert, Renata William Santos doVale, Viviane Gouvêa

Assistentes de pesquisaFernanda de Souza Antunes, Gabriela de Souza Gonçalves,Viviane de Oliveira Lima

Revisão de textoJosé Claudio Mattar

IluminaçãoMarcello Camargo, Sergio Penha(Coordenação de Recursos Logísticos)

Coordenação de Preservação do AcervoMauro Domingues

Laboratório de DigitalizaçãoFlávio Lopes (supervisão), Cícero Bispo, Adolfo Galdino, JanairMagalhães, Fábio Martins, Luiz Fernando Nascimento

Brasil: o Império nos trópicos

O Império do Brasil situa-se entre dois exílios, odo príncipe do Antigo Regime tangido pela Revo-lução Francesa e o do monarca que tantas crisessucessivas empurram para a França. A chegada deLeopoldina, a partida de Pedro I, são deslocamen-tos que não foram exclusivos da família imperial.Outros mais trágicos foram feitos a bordo dos na-vios que se ocupavam “do negócio da escravatu-ra”, além das viagens de naturalistas, artistas e deoutros que vinham para ficar, os imigrantes.

O período assinala o nosso século XIX, tal comoo percebemos seguindo a escrita da história e as“pegadas” deixadas em papel. No acervo do Ar-quivo Nacional, que comemora 170 anos de suacriação, seguimos pela diversidade da correspon-dência manuscrita, manifestos impressos, foto-grafias, gravuras, livros raros, mapas e plantas.De origem pública ou privada, eles descrevemparte de um tempo e de uma geografia. Entre acontinuidade do projeto ilustrado luso-brasilei-ro e a ruptura que enuncia um esboço de Nação,o Império se construiu sobre lutas violentas; aunidade garantida pela ordem escravocrata, aidentidade com a natureza opulenta, o espelha-mento com a Europa, entre tantas apostas e con-tradições. Com esse olhar segue-se também pelodiploma escolar, pelas notícias da febre amarela,

vistas do Rio de Janeiro, pela Guerra do Para-guai e a Abolição, desenhos botânicos, projetosurbanos, portos, ferrovias, cartas familiares, car-tas de liberdade, exposições internacionais. Tam-bém se renovam aqui documentos fundadorescomo a Constituição de 1824, a Lei Áurea, e acarta que eleva o Brasil a Reino Unido em 1815.

Esse é o século das multidões, do nascimento dosocialismo, do ideário romântico; século vitoriano,da expansão imperialista, tantas vezes evocadocomo o século da história. É assim que enxergamosas contradições próprias ao projeto senhorial: a fór-mula do Império nos trópicos ilumina a aspiraçãoao modelo europeu conjugada à origem épica ame-ricana. E também o que lhe escapa, uma imagemdesafiando a outra, em textos ou na ilimitada produ-ção iconográfica que circula no oitocentos.

Um reconhecido amante da fotografia e viajanteávido de terras e línguas distantes, d. Pedro IIaparece pela última vez através das lentes do cé-lebre Félix Nadar, síntese de um desfecho. Masem outro trecho há um pouco da alegria e doolhar para o futuro que se anunciaram no oito-centos no dirigível balão Brasil, que tendo à frentea bandeira do Império, pretendia alçar voo.

Cláudia Beatriz Heynemann

Arquivo Nacional (Brasil)

Brasil: o império nos trópicos / Curadoria e textos de CláudiaBeatriz Heynemann e Maria do Carmo Teixeira Rainho. - Rio de Janeiro :Arquivo Nacional, 2008.

52 p.: il.color., retrs., fac-síms., mapas; 21cm

ISBN: 978-85-60207-21-3

1. Brasil - História - Império, 1822-1889 2. Brasil - História -Século XIX. 3. Arquivo Nacional (Brasil). - Fontes - Exposições I.Heynemann, Cláudia Beatriz. II. Rainho, Maria do Carmo. III. Título

CDD 981.04

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Aqui desembarcada a Corte, garante Sérgio Buarque deHolanda, não havia quem pensasse em ficar além do tem-po suficiente para a derrota dos franceses, fato comemo-rado com luminárias e gala em 1811. Em novembro de1807 e apenas quando as tropas do imperador dos fran-ceses cruzam a fronteira da Espanha com Portugal, dá-sea cena no Arsenal de Marinha, permeada pelo caos oupela serenidade conforme as descrições e alegorias. Aesquadra britânica os aguarda fora da barra e descreve oinício de uma longa trajetória na história do Império. Eraa Revolução que em todo o continente europeu abalara oAntigo Regime e que parecia trazer enfim a remissão co-lonial, perspectiva lançada com a abertura dos portos e aposterior elevação do Brasil a Reino Unido.

D. João reina em um Rio de Janeiro pouco afeito à sededa Corte, cabendo ao intendente de Polícia imprimir ci-vilidade à urbe e segurança à costa. Também surgem oTeatro São João e órgãos como o Real Erário e a jurisdi-ção do físico-mor para as práticas médicas, entre outros.Eles serão responsáveis, além dos hábitos cortesãos, doincentivo ao comércio e às manufaturas, pela ideia de queas Luzes aqui haviam chegado. O Real Horto, instaladona área da lagoa de Tretas, abastecia-se então do jardimLa Gabrielle, na Caiena ocupada por Portugal em 1809 edevolvida aos franceses em 1817.

É de um notável membro da Missão Artística Francesa,remunerada pelo Tesouro Nacional, o “pintor de histó-ria” Debret, a autoria das cenas que consolidaram nossoimaginário sobre a presença do rei aclamado na Américae que, em 1821, parte com a sempre estrangeira Carlota.

Corte de d. João

Relato da partida da Corte e da famíliareal de Portugal em novembro de 1807.Papéis relativos a vinda da família realpara o Brasil. S.l., 27 de janeiro de 1808.Negócios de Portugal

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Registro da carta régia de abertura dosportos às nações amigas de Portugal,enviada pelo príncipe regente ao condeda Ponte. Bahia, 29 de janeiro de 1808.Alfândega da Bahia

Planta da cidade de São Sebastião do Riode Janeiro, levantada por ordem de SuaAlteza Real o príncipe regente, NossoSenhor, no ano de 1808, feliz ememorável época de sua chegada à ditacidade. Rio de Janeiro, 1812. Ministérioda Viação e Obras Públicas

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O desligamento formal, em 1822, entre o governoinstalado no Rio de Janeiro e aquele sediado emLisboa, ambos nas mãos da mesma família, resul-tou de uma combinação de interesses: a instalaçãoda estrutura administrativa e a alteração do pactocolonial, ocorridos em 1808, colocaram o Brasil emuma situação ambígua, e permitiram alianças emtorno da ideia de independência.

Embora houvesse diferentes concepções decomo seria a colônia após a ruptura, o interessecomum das elites brasileiras — a manutenção doescravismo — em muito contribuiu para que asforças se aglutinassem em torno de d. Pedro eda proposta de Brasil que ele representava: umEstado monárquico unificado.

Depois de um processo de independência que frag-mentou a América espanhola, o Brasil viu-se cer-cado por repúblicas com as quais teria que disputara integridade da ocupação territorial, herdada dostempos da colônia. Acentuava-se a oposição laten-te entre as repúblicas sul-americanas e o Brasil, umImpério dominado pela presença da escravidão.Essa oposição se materializa no conflito da Cispla-tina, que culmina com a criação de um Estado in-dependente, o atual Uruguai.

Pedro I, imperador do Brasil. S.l., s.d.

Panfleto distribuído pelos envolvidos nomovimento confederado. S.l., s.d.Confederação do Equador

Gênese do Império

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A aglutinação temporária em torno de d. Pedro e doprojeto sustentado pela Corte não significou unani-midade. A dissolução da Assembleia pelo imperadore a outorga de uma Carta em detrimento da versãodos constituintes de 1823 reacenderam ânimos rebel-des em diversas províncias, em especial no Nordeste,onde eclode a Confederação do Equador em 1824.Na Corte, a animosidade contra o imperador se origi-nava da sua insistência em manter alianças com osgrupos lusitanos, ameaçando a autonomia brasileira elevando à sua retirada do país em 1831.

Até que o príncipe regente completasse a maiori-dade, uma regência ocuparia a chefia do Estado,dando início a um período dos mais violentos,marcado por instabilidade, alternância de regênciase tentativas de permitir maior liberdade às provín-cias, descaracterizando o centralismo imposto pord. Pedro I. Tais experiências fracassaram, e as san-grentas revoltas ocorridas, em especial a Cabana-gem e a Farroupilha, ameaçaram esfacelar o Esta-do e inspiraram receio mesmo entre os ditos libe-rais que haviam pressionado pela partida de d. Pe-dro I, fazendo brotar uma campanha pela maiori-dade antecipada do herdeiro da Coroa, que seriaconcedida aos 14 anos de idade.

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A transferência da Coroa portuguesa para o Brasil pro-moveu uma série de medidas de força contra os rema-nescentes tribais localizados próximo à costa brasilei-ra e junto aos principais rios nas regiões de MinasGerais, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Gros-so, para onde se voltava o interesse econômico. Umesforço continuado visava à desorganização e eventualdissolução dos aldeamentos e comunidades indígenase à consequente alienação de suas terras e absorçãodessas populações como mão de obra.

O caráter repressivo perdurou durante o Império quan-do as cartas régias que mandavam mover guerra con-tra os índios e cativá-los deram lugar às portarias, re-soluções, decretos e leis pelos quais províncias e go-verno central legislavam cumulativamente e quase quecaso a caso. A negação do direito dos índios a aspirartanto à autonomia cultural e política quanto à possedas terras ocupadas tradicionalmente é um aspectopresente ao longo de todo o século XIX.

A Independência não trouxe mudanças significativas em vir-tude da ausência de uma política indigenista e da falta declareza na definição do ordenamento da posse de terras,embora várias propostas tivessem sido apresentadas às Cor-tes Gerais por representantes brasileiros. O plano para civi-lização dos índios bravos, formulado por José Bonifácio deAndrada e Silva, apesar da importância política de seu autore do caráter humanístico do projeto, não se sobrepôs aosinteresses dos grandes proprietários de terras que garanti-ram a manutenção dos velhos métodos indigenistas e o “si-lêncio” na Constituição quanto às populações indígenas.

Carta de d. FernandoJosé de Portugal a d.Rodrigo de Sousa Coutinhoencaminhando ordem dopríncipe regente para opagamento de pensãoa dois índios botocudos.Rio de Janeiro, 22 denovembro de 1808.Série Interior

Ornamentos, utensílios e armas doscamacã. Alexander Philipp, prinz vonWied-Neuwied. Reise nach Brasilien in denJahren 1815 bis 1817. Wien: Ben Raul fubund Kramer, Buchanblern, 1825-1826

Índios

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Naturalistas em aldeia dos coroados.Johann Baptist von Spix; Karl FriedrichPhilipp von Martius. Reise in Brasilienauf Befehl Sr. Majestat MaximilianJoseph I Königs von Bairen in den Jahren1817 bis 1820 gemacht und beschrieben.Munchen: Gedruckt bei M. Lindauer,1823-1831

O Brasil é geralmenterepresentado por umaíndia tupi. RichardFrancis Burton.Explorations of thehighlands of the Brazil:with a full account of thegold and diamond mines:also canoeing down 1500miles of the great riverSão Francisco, fromSabará to the sea.London: Tinsley Brothers,1869. Frontispício dovolume 2

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A imagem do grande livro da natureza marca a épocamoderna; para Galileu ele está escrito em números e sig-nifica, sobretudo, a atitude reflexiva do homem comosujeito do conhecimento. Mas os livros da natureza sãotambém o inventário, a apreensão extensiva e que se con-solida essencialmente em torno do sistema de classifica-ção e da nomenclatura de Lineu. Apresentam-se comoherbários, jardins botânicos, coleções de peixes, conchas,insetos. Desenhos científicos como os do brasileiro freiVeloso, que, reproduzidos em livros, popularizaram-separa além das academias e universidades, conservando ofascínio que desde sempre exerceram. A partir do primei-ro quartel do século XIX, empreendem-se as viagens atéentão restritas: membros da Missão Austríaca, filiados aAlexandre von Humboldt, são responsáveis por paisagensdemonstrativas da composição vegetal, de sua fisionomia,sem descurar das sociedades indígenas. Já no Império con-solidado, chegam exploradores como o conde de Castel-nau, que a partir de 1843 vai do Rio de Janeiro ao Amazo-nas, ou Descourtilz que nos anos de 1850 produziu pran-chas de beija-flores nativos. Porém, o grande livro da na-tureza oitocentista é a Flora Brasiliensis, projetada por KarlF. Von Martius. Publicada ao longo de seis décadas, espé-cie de romance de formação da natureza brasileira, inclui acultura do café, os sítios urbanos, as florestas e nestas ce-nas os escravos, lembrando que também de Martius é opremiado ensaio Como se deve escrever a história do Brasil.

Peixes Serranus carauna / Serranus niveatus / Serranusouatabili / Centropristis nebulosus. Francis de la Porte, Comtede Castelnau. Expedition dans les parties centrales del’Amerique du Sud, de Rio de Janeiro a Lima, et de Lima auPara: executée par ordre du gouvernement francais pendantles années 1843 a 1847. Paris: Chez P. Bertrand, Libraire-E’diteur, 1850-1857

Prope Jundicuara Praedium in Districtu Ubatuba, Prov. Rio deJaneiro. Karl Friedrich Philipp Von Martius. Flora brasiliensis:sive enumeratio plantarum in Brasilia hactenus detectarumquas cura musei caes. reg. palat. vindobonensis suisaliorumque botaniorum studiis descriptas et methodo naturalidigestas. Vindobonae, Lipsiae: Apud Frid. Beck, Apud Frid.Fleischer in comm., 1840-1873

Livros da natureza

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O oitocentos inaugura-se com a passagem da então colô-nia à sede de um Império Ultramarino. Império de muitas“nações”: cabindas, monjolos, minas, nagôs, benguelas,moçambiques, convertidas em braços que nas lavourasaçucareiras do Nordeste, nas minas de ouro, já decaden-tes, nos cafezais do Vale do Paraíba, sustentaram a econo-mia brasileira em mais de trezentos anos de escravidão.

Negócio lucrativo, o tráfico de escravos fez fortunasdos dois lados do Atlântico, e resistiu, com fôlego, àspressões inglesas pelo seu fim, mantendo-se por al-guns anos na clandestinidade, após a lei proibitiva de1851. Atravessando o Atlântico nos porões dos naviosnegreiros, a violência que funda a escravidão manifes-ta-se nos açoites, troncos, máscaras de ferro, prisõesque buscam fazer frente à resistência escrava, fartamentedocumentada nos registros policiais.

A escravidão inscreve-se no corpo, submetendo àmarca comum da propriedade, indivíduos que exi-bem as diferentes marcas de suas terras. Apartadosde sua cultura, inseridos à revelia em uma sociedadeestrangeira, os diversos grupos étnicos reorganizamsuas identidades, reinventando “nações” na experi-ência compartilhada do cativeiro.

O cotidiano da escravidão ganha vida nos anúncios deescravos fugidos e nas aquarelas do viajante europeu.Mais raramente, encontramos registros inusitados,como a carta escrita pelo escravo Zacarias pedindo umempréstimo para uma causa, cada vez mais comum noúltimo quartel do XIX: a compra de sua liberdade.

Compartimentos de um navio negreiro.R. Walsh. Notices of Brazil en 1828and 1829. London: Frederick Westley;A. H. Davis, 1830.

África no Brasil

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Lista de africanoslivres transportados

no brigue Ganges,aprisionado portráfico ilegal de

escravos, constandonome, nação

e marcas no corpo.Rio de Janeiro, 15 de

junho de 1839.Diversos (SDH)

- Códices

Maria Rita Meireles da Costa Pintocom a ama de leite Benvinda. Salvador,1880. A.Lopes Cardoso. Carte Cabinet.Coleção Fotografias Avulsas

Uma rua da Bahia. François AugusteBiard. Deux annes au Bresil. Paris:Librairie de L. Hachette et Cie., 1862

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A centralidade conferida às artes, ciência, litera-tura, história e geografia no Brasil, ao longo doséculo XIX, deriva da busca de construção deuma identidade nacional aliada à tentativa de vin-cular o país às “nações civilizadas”.

Neste contexto do estabelecimento de uma pautacivilizatória inspirada em modelos europeus, sãocriadas várias instituições científicas e culturais, en-tre as quais destaca-se o Arquivo Público do Impé-rio, hoje Arquivo Nacional. Fundado em 1838 como objetivo de preservar o patrimônio documentalda nação, suas atividades iniciais consistiam em re-colher a documentação gerada pela administraçãopública e os documentos do período colonial, en-tão dispersos pelas várias províncias. Este trabalhovisava amparar as ações empreendidas por partedo Estado e também subsidiar a pesquisa histórica,segundo a prática em voga nos demais arquivosnacionais surgidos na Europa no século XIX.

O Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, criadoem 1838 por um grupo de políticos e letrados, distin-gue-se por processar o passado histórico da nação epor fortalecer o próprio campo disciplinar da históriaem sua recém-encampada busca por cientificidade.

A Academia Imperial de Belas Artes do Rio deJaneiro, fundada em 1816 no âmbito da chama-da Missão Artística Francesa, foi responsável pelaformação dos artistas que iriam disseminar asimagens da nação que se formava.

Diploma de sócio efetivo do InstitutoHistórico e Geográfico do Brasilconcedido a Eusébio de Queirós.Rio de Janeiro, 15 de abril de 1839.Arquivo Eusébio de Queirós

Arquivo Público do Império. Riode Janeiro, S.d. Arquivo Nacional

Arquivo Nacionale instituições

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Em um século devastado por várias epidemias – fe-bre amarela, varíola, cólera, tuberculose, malária –,diversas medidas foram tomadas para a melhoria dosaneamento, da limpeza pública, do abastecimentode água, e da salubridade do ar, em consonância comas teses médicas vigentes no oitocentos. Amparadopelos estudos desenvolvidos na Academia Imperialde Medicina, o governo criou algumas instituiçõespara melhor controle e fiscalização da saúde públi-ca, como a Junta Central de Higiene Pública, e in-tensificou a vigilância dos portos, por onde váriasepidemias penetravam em solo brasileiro.

A criação das faculdades de medicina contribuiu deforma singular para a regulamentação da profissão demédico e para a tentativa, embora não muito bem-su-cedida, de eliminar as práticas de curandeirismo quevigoravam entre os tratamentos mais populares. Hos-pitais para os mais pobres, lazaretos para isolamentode casos graves, e hospícios para atendimento dos ali-enados – sendo o primeiro e mais exemplar o de Pe-dro II, no Rio de Janeiro – auxiliavam no tratamentodos doentes e no desenvolvimento da saúde mental noBrasil. No entanto, prevalecia o risco iminente de sur-tos epidêmicos nas maiores cidades, frutos da misériae insalubridade em que vivia a maioria da população.Quanto aos indivíduos da classe senhorial, mesmo commais recursos, a doença rondava suas casas, como a doescritor José de Alencar e a dos que se valem de umarsenal composto de bicarbonato, valeriana, estricni-na, xaropes vegetais e águas minerais.

Rótulo de Hygia, xaropevegetal de Araújo Góes.Pelotas, 1876. JuntaComercial do Riode Janeiro

Saúde

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Receita de remédios para o conselheiroTeixeira Jr. pelo doutor Torres Homem.Rio de Janeiro, 8 de abril de 1885.Arquivo Visconde do Cruzeiro

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Em um país no qual a maior parte da populaçãoera analfabeta, a educação reproduzia as hierar-quias da sociedade, sendo o acesso ao estudobastante limitado de modo geral e vedado aosescravos. As aulas do ensino primário, dever dasprovíncias e do Estado, eram em sua maior par-te “domésticas”, dadas normalmente nas casasdos mestres ou nas poucas escolas primárias parameninos e meninas separadamente, enquantoalguma atenção foi dispensada ao ensino dosmeninos cegos e dos surdo-mudos em institutosvoltados para esse fim. Criado para ser o mode-lo de escola secundária no país, o Imperial Colé-gio de Pedro II, embora admitisse alunos pobresgratuitamente, foi um instrumento por excelên-cia para a formação dos futuros estadistas.

O ensino superior nas faculdades de direito ede medicina era considerado um privilégio parapoucos cidadãos e as escassas escolas técnicas enormais não interessavam aos membros da clas-se senhorial, que preferiam as carreiras de Es-tado, e não favoreciam a entrada dos mais po-bres, limitados pelos cursos preparatórios econcursos de ingresso. O século XIX represen-tou uma época de poucos avanços, na qual aeducação serviu muito mais como um elemen-to de “distinção” do que propriamente de for-mação dos cidadãos. Assim, o ensino laico e aseparação entre o Estado e a Igreja tiveram queesperar o programa republicano.

Escudo de Minerva. Jornal manuscritodos alunos do Imperial Colégio de Pedro II.Rio de Janeiro, 18 de maio de 1848.Arquivo Visconde do Cruzeiro

Educação

Carta de bacharel passada a JulioCesar Berenguer de Bittencourtpela Faculdade de Direito de Olinda.Olinda, 14 de outubro de 1844.Itens Documentais

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No século XIX, enquanto o imperador brasileiro é cha-mado de cientista de cetro e coroa, a ciência e as artessão incorporadas ao programa da civilização. A ciênciasegue a trilha vitoriosa das Luzes, ao passo que o ideárioromântico dominará a cena por boa parte do período,assistindo-se ainda a uma certa contaminação mútua en-tre romantismo e realismo.

É assim que o eclipse total do sol em 1858, fenômeno rarovisível no Brasil, foi estudado por uma expedição organiza-da pelo Observatório do Rio de Janeiro, contando com apresença de Emmanuel Liais, renomado astrônomo doObservatório de Paris. Em 1870, Carlos Gomes estreia Oguarani, no Rio de Janeiro, após bem-sucedidas apresenta-ções na Europa. Baseada em livro de José de Alencar, aópera se alinha com a busca de construção de uma identi-dade nacional, evidenciando o tema dos índios.

No teatro, delineia-se uma dramaturgia própria, com aconstrução de novos locais de encenação, apuro nasmontagens, cenografia e figurinos, organização de elen-cos brasileiros e sensibilização do público.

Ainda na literatura, os cenários naturais vão paulatina-mente cedendo espaço ao meio urbano na forma de ro-mances que escrutinam a vida da cidade, suas modas emodos. A formação de um público leitor impulsiona aabertura de bibliotecas e livrarias.

O desenvolvimento da imprensa periódica e ilustrada en-seja a circulação de jornais satíricos e de humor, fazendoflorescer a arte das charges e caricaturas e criando umnovo espaço para pintores e desenhistas.

Cartão com a representação do eclipsetotal do sol. Rio de Janeiro, 7 de outubrode 1858. Série Educação- Observatório Astronômico.

Arte e ciência

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Cena, recitativo e baladada ópera O guarani, deAntonio Scalvini e CarlosGomes. Milão, 30 de agostode 1866. Itens Documentais

Desenho de BordalloPinheiro para O Besouro,em homenagem àencenação de O guarani,de Carlos Gomes.Rio de Janeiro, 1878

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A apresentação do daguerreótipo na França, em 1839,marco da emergência da fotografia, conduz a uma rup-tura no modo como os indivíduos são representados ese dão a ver. Ao mesmo tempo em que rompe com ospadrões de representação visual, tributários da pintura,fornecendo à imagem um estatuto técnico, a fotografiaaponta para a singularidade de cada um, normatizandoainda comportamentos e condutas. Se o ano de 1841 dáinício à produção dos retratos, é graças à carte de visite,patenteada por André Disdéri, que a fotografia se popu-lariza, possibilitando que toda pessoa que se “prezasse”posasse para o seu retrato ao menos uma vez na vida.

Com seu custo acessível, os retratos deixam de serexclusividade dos pintores; fotógrafos e estúdios pro-liferam também no Brasil. Em 1888, o AlmanaqueLaemmert registrava mais de trinta fotógrafos comendereço fixo na Corte, e em cidades como Salvador,Recife, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba o númerode fotógrafos também era expressivo. Boa parte des-ses profissionais era integrada por estrangeiros quefugiam da concorrência em seus países de origem.Outra prática comum era que os fotógrafos ofereces-sem seus serviços em cidades do interior, começan-do, naturalmente, pelos proprietários de terras.

A fotografia vai permitir assim que o retrato, atéentão restrito às paredes das residências mais abas-tadas, se reproduza e se difunda, ainda que se man-tenha como um elemento sagrado, com os álbunsde família tendo como altar as salas das casas.

Desenho da casa da famíliade Fernandes da Cunha Filhoem fazenda no sertãoda Bahia, com anotaçõessobre a casa e as lembrançasdo cotidiano familiar,dedicado a seu pai. 1881.Arquivo Joaquim JerônimoFernandes da Cunha

Casas Evoneas. Habitaçõespopulares. Rio de Janeiro,10 de janeiro de 1882.Ministério da Justiça eNegócios Interiores

Retrato de criança.Salvador, [1867-1882].Alberto Henschel & Co.Carte de visite. ColeçãoFotografias Avulsas

Interior da sala doimperador na sede da

Fazenda Santa Mônica.[18—]. Marc Ferrez.

Estereoscopia. ArquivoFamília Vieira Tosta

Fotografia e vida privada

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Na fumaça dos trens que começavam a cortar oImpério, no café armazenado nos portos que aindase abriam para o mundo, no comércio crescente nascidades que se espalhavam pelas províncias, nas obrasde remodelamento das cidades e da Corte, nos sa-lões das exposições, o Brasil dava mostras da mo-dernidade que buscava alcançar no século XIX.

Rural e arcaico, o Império pretendia mostrar-se mo-derno, civilizado, urbano, sem abrir mão de sua estru-tura social marcada pela exclusão e pela hierarquia.Nesse século, o Brasil conheceu uma de suas lavourasmais importantes, e pela qual mais se faria lembrar: ocafé; porém também perdeu uma de suas atividadesmais lucrativas: o tráfico de escravos. Marca do atra-so, a escravidão era indispensável para a manutençãodas engrenagens econômicas e sociais que trariam oprogresso à nação. No contexto do fim do tráfico eexpansão do café, empreendeu-se uma tentativa deindustrialização marcada pelos esforços do barão deMauá, ao passo que as ferrovias adentravam o país,levando o progresso e os imigrantes que vinham len-tamente substituir a mão de obra escrava.

A Europa servia ao Brasil como espelho e vitrine paranosso progresso peculiar. As exposições eram o pal-co das disputas entre as nações, lugar de exibir seusprodutos naturais e industriais, de demonstrar seuprogresso. O Brasil ainda era a natureza exuberante eexótica, mas também as novas máquinas que surgiam.Entre avanços e recuos, o século XIX representouum largo passo rumo à modernização do país.Porto e Docas de Manutenção da Bahia. S.d.

Ordem econômica

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Cultura do café. Cultura coffeae - inpraedio inter oppidum Magé et MontesSerra dos Orgãos. Karl Friedrich Philippvon Martius. Flora brasiliensis: siveenumeratio plantarum in Brasiliahactenus detectarum quas cura museicaes. reg. palat. vindobonensis suisaliorumque botaniorum studiis descriptaset methodo naturali digestas.Vindobonae, Lipsiae: Apud Frid. Beck,Apud Frid. Fleischer in comm., 1840-1873

Fachada do pavilhão do Brasil naExposição Internacional de Paris.Álbum da Exposição Universalde Paris: exposição brasileira.[1889]. Coleção Fotografias Avulsas

Elevated Tramway - Perspectiva.Rio de Janeiro, 2 de maio de 1881.Ministério da Indústria,Viação e Obras Públicas

Café do Brasil - Pavilhão do Brasil naExposição Internacional de Filadélfia.[1876] Centennial PhotographicCompany. Coleção Fotografias Avulsas

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D. Pedro II foi coroado imperador de uma na-ção ainda por se constituir. Sobre ele eram de-positadas esperanças de estabilização de um paísque atravessava, com as regências, um períodode indefinição política e questionamentos aopoder central. Os primeiros anos do seu reinadoainda presenciam a eclosão de revoltas liberais,em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.

Contudo, as décadas seguintes seriam marca-das por um certo equilíbrio político calcado naimagem de um poder real vinculado ao Estadobrasileiro e à própria nação. Nesse processo, ofazer político tornava-se um negócio para pou-cos, para as elites, a “boa sociedade”, que surgiacomo uma força capaz de levar a cabo este pro-jeto. Construiu-se um imaginário que relacio-nava diretamente a unidade nacional à centrali-zação, e estas, ao poder monárquico.

Paralelamente, estrutura-se em todo o terri-tório nacional um sistema eleitoral baseadoem relações clientelistas e intimidações aber-tas, e a Guarda Nacional, força militar inte-grada por todos os cidadãos e que representaa ordem. A política surgia como um teatro,que reforçava a existência desse Estado cen-tralizado e unificado. Era através dele que asinstituições nas quais a política imperial sesustentava — o Senado, as câmaras locais —ganhavam existência material.

Uniforme do Corpo da Cavalariada Guarda Nacional. Litogravurasaquareladas. Rio de Janeiro,s.d. Litografia Imperialde Heaton e Rensburg

Estado e Nação

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Medalhas da Ordem Imperial do Cruzeiro.Ordens Honoríficas. S.l., s.d.

Charge satirizando a excessivacentralização do Estado imperial.O Mequetrefe. Rio de Janeiro, [188-]

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Como poderá haver uma Constituição liberal e duradoura em

um país continuamente habitado por uma multidão imensa de

escravos brutais e inimigos? O dilema de José Bonifácio,em 1825, resume a contradição entre o pensamentoliberal e a escravidão, que se acirraria ao longo do sé-culo XIX. No entanto, a crítica ao cativeiro ainda nãoencontrava eco na sociedade brasileira.

Papel decisivo no combate ao tráfico de escravos cum-priu a Inglaterra, pioneira na Revolução Industrial, cujointeresse na expansão de mercados e em novas tecnolo-gias de produção determinou a perseguição ferrenha aosnavios negreiros até a extinção do tráfico transatlânticoem 1850. A partir da década de 1860, despontam no par-lamento propostas de reformas no sistema escravista que,aliadas à participação massiva de escravos na Guerra doParaguai, e aos efeitos do fim do tráfico, refletem-se numamaior propensão da opinião pública à causa antiescravis-ta. Em 1871, a Lei do Ventre Livre, ao libertar os nasci-dos de mulher escrava, condena a escravidão no Brasil.

Somente nos anos de 1880, entretanto, o movimentoabolicionista passa a defender a abolição imediata e semindenização. Fugas em massa, rebeliões, quilombos, com-pras de alforria e ações cíveis de liberdade multiplicam-se e ganham nos abolicionistas notáveis aliados.

Antecipando o país em quatro anos, o Ceará é a primeiraprovíncia a libertar seus escravos. Marco da extinção da es-cravidão, a Lei Áurea, que completou 120 anos, é sanciona-da pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, oficializan-do o embate que já se vencia nas senzalas e ruas do Império.

Honra e glória ao Ministério de 7 demarço pela Lei do Ventre Livre. [1871]

Abolição

Cartaz pregado nas ruas de Recifefavorável à abolição da escravidãono Ceará. [Recife,1884]. Série Justiça

Lei Áurea, carta de lei n° 3.353 pela quala princesa regente Isabel declara extinta aescravidão no Brasil. Rio de Janeiro, 13 demaio de 1888. Secretaria de Estado dosNegócios da Agricultura, Comércio eObras Públicas

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O maior conflito bélico internacional ocorrido nasAméricas foi um divisor de águas para os países en-volvidos: Uruguai, Argentina e Brasil lutaram contrao Paraguai, o que no caso do Império brasileiro aca-bou contribuindo para a sua derrocada. Os custos fi-nanceiros e humanos do conflito, ocorrido entre 1864e 1870, esvaziaram os cofres públicos e a credibilida-de do governo, incapaz de dar um fim rápido à con-tenda. Além disso, se no início da guerra o exércitoimperial mostrou a sua fragilidade, ao seu fim era umaforça reestruturada que recuperava o seu prestígio,ideologicamente marcada por ideias republicanas.

Ocorrida em um período de definição dos Estados na-cionais latino-americanos, a Guerra do Paraguai integraum complexo processo de consolidação territorial des-tes países e o fortalecimento das suas instituições. O re-corrente intervencionismo brasileiro no Uruguai, cujoterritório em parte constituíra a província Cisplatina,serviu como gatilho para uma guerra total. Milharesmorreram em consequência dos combates, das epide-mias e da fome. No final da guerra as forças aliadas,esvaziadas dos exércitos argentino e uruguaio, ocupa-ram um Paraguai arrasado e territorialmente diminuído.

O exército imperial em defesa dos interesses comer-ciais e territoriais do Brasil na região do Prata lo-grou derrotar um inimigo moderno, numeroso e trei-nado. Contudo, a guerra viria a expor as fragilidadesdo Estado imperial, incapaz de contar com o mes-mo tipo de força armada, dependente da escravidãoe isolado em um continente republicano.

Posição do exército aliado em frentea Uruguaiana no dia 18 de setembrode 1865. Ministério da Guerra

Guerra do Paraguai

Famílias paraguaias desabrigadas pelaguerra. S.l., [1867]. Arquivo Polidoroda Fonseca Quintanilha Jordão

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Família imperial Reunidos na Floresta da Tijuca, cenário exemplar daCorte e iniciativa ímpar do governo de Pedro II, retra-tados pelo estúdio Alberto Henschel em 1887, os mem-bros da família imperial parecem se despedir do sécu-lo. Este ainda hesita em acabar, aguardando a Lei Áu-rea, a República, a Exposição Internacional de Paris.

Do Rio de Janeiro onde nasceu em 1825, por ondeviaja o imperador, com seus hábitos frugais, rabis-cos e divagações em reuniões no Paço de São Cris-tóvão? Dali também se vai a Petrópolis, a Filadélfia,ou em expedição ao Egito.

Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo SalvadorBebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio MiguelGabriel Rafael Gonzaga sobe ao trono com apenasquinze anos, em uma virada conservadora e, entreoutros papéis, detém o Poder Moderador, “a chavede toda organização política” conforme a Consti-tuição. Considerado por muitos um erudito, homeminteressado na ciência, nos inventos como o telefo-ne, na fotografia, membro de academias e institutosno Brasil e no exterior, alcançou grande populari-dade, sobretudo após o término da escravidão.

Com a Proclamação da República em 1889, precedidapelo famoso baile da Ilha Fiscal, cujo luxo despertou acrítica e a ironia, o monarca foi exilado com toda a suafamília para Portugal. No mesmo ano, faleceu a napo-litana Teresa Cristina com quem era casado desde 1843.Sob um banimento que seria revogado apenas em 1920,Pedro II faleceu na França em 1891.

Desenho a lápis feito pelo imperadorPedro II durante uma reunião.Acompanha um pequeno textoexplicativo por José Clemente Pereira.Rio de Janeiro, 23 de novembro de1868. Coleção José Clemente Pereira

Imperador Pedro II e imperatriz TeresaCristina, com membros da famíliaimperial na Tijuca. Rio de Janeiro,[1887]. Henschel & Co.Coleção Fotografias Avulsas

Bilhete da princesa Isabel, condessa d’Eu,convidando Maria Eufrásia e sua famíliapara uma dança. Rio de Janeiro, 1º demarço de 1867. Itens Documentais

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Princesa Isabel com seus filhos. [188-].Arquivo Família Vieira Tosta

Notícia sobre a Proclamação da Repúblicano Brasil. Diário Popular. São Paulo, 16de novembro de 1889, ano 6, n. 1999

Lunch oferecido à distinta oficialidade doencouraçado Almirante Cochrane. Rio deJaneiro, 1º de novembro de 1889.Coleção Festas Chilenas no Rio de Janeiro

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Ao escolher a fotografia como tema paraa criação de adornos pessoais contemporâneos,o grupo Teor 950, integrado por Aderval Cobal,Hans Stahr, Heloisa Ferreira, Irina Aragão,Leonardo De Aguiar, Luiza Bomeny e Paulino,dá continuidade à proposta iniciada em 2005,de interpretar momentos importantes dahistória brasileira e fluminense, no século XIX.No processo de criação, os artesãos e designersadotam a prata, combinada aos mais diversosmateriais, experimentando novos conceitose expressões. Para a exposição Brasil: o império nos

trópicos, o grupo buscou o diálogo com as fotografiasdo acervo do Arquivo Nacional e cada autor escolheuuma imagem que orientou a interpretação do períodoe a criação das peças: rendas dos vestidos nos retratosdas senhoras da boa sociedade oitocentista, as belaspaisagens do Rio de Janeiro, as locomotivas,as curiosas molduras aplicadas em tornodas fotografias e as câmeras fotográficas.

Fotografia póstuma do Imperador Pedro II. [Paris]. 1891.Felix Nadar. Coleção fotografias avulsas

Luiza Bomeny

Pendente e anelem prata 950,cobre e citrino

Irina Aragão

Pendentes em prata 950,cobre e acrílico

Heloisa Ferreira

Pendente e anel emprata 950, cobre,fotografia ebrilhantes

Hans Stahr

Anéis em prata 925 com turmalina melancia

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Paulino

Pulseira e colar em prata 925,com quartzo branco, fumê ebicolor, pérolas brancas e negras

Aderval Cobal

Colar e pulseira em prata 950,renda e acrílico

Leonardo De Aguiar

Anel e colar em prata 950 equartzo transparente

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