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Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências e Tecnologia Engenharia do Ambiente – Saúde Ocupacional Trabalho elaborado em 28-11-2009 pelos alunos: André Andrade nº 18990, Patrícia Neto nº 18652 e Pedro Sousa nº 19013. Saúde Ocupacional Riscos Psicossociais no Trabalho Docente: Prof. Dr. Aguiar Coelho

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Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências e Tecnologia

Engenharia do Ambiente – Saúde Ocupacional

Trabalho elaborado em 28-11-2009 pelos alunos: André Andrade nº 18990, Patrícia Neto nº 18652 e Pedro Sousa nº 19013.

Saúde Ocupacional

Riscos Psicossociais no

Trabalho

Docente: Prof. Dr. Aguiar Coelho

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Índice

1.Resumo .......................................................................................................................... 3

2. Enquadramento dos Riscos Psicossociais .................................................................... 4

2.1. Breve Retrospectiva ................................................................................................... 4

2.2. Actualidade ................................................................................................................ 5

2.3. A estratégia comunitária de 2002-2006 ..................................................................... 6

Os dez principais riscos psicossociais emergentes identificados pelos peritos podem

agrupar-se nas cinco áreas seguintes: ............................................................................... 7

3. Violência no Trabalho .................................................................................................. 9

3.1. O Trabalho, as Organizações e a Violência ............................................................... 9

3.2. O que é a Violência no Trabalho? ............................................................................. 9

3.3. Causas/Factores de Risco da Violência no Trabalho................................................. 9

3.4. Trabalhadores mais afectados pela Violência no Trabalho ..................................... 10

3.5. A dinâmica da Violência no Trabalho ..................................................................... 11

3.6. Tipos de Violência no Trabalho .............................................................................. 11

3.7. Consequências da Violência no Trabalho ............................................................... 13

3.8. Prevenção da Violência no Trabalho ....................................................................... 14

4. Assédio Moral ............................................................................................................ 17

4.1. Conceito de assédio moral no trabalho .................................................................... 17

4.2. Determinantes: assediado, assediador e a organização ........................................... 18

4.3. Tipos e etapas do assédio moral .............................................................................. 20

4.4. Consequências do assédio moral ............................................................................. 22

4.5. Medidas contra o assédio moral .............................................................................. 23

5. Conclusão ................................................................................................................... 24

6. Bibliografia ................................................................................................................. 25

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1.Resumo

Na primeira parte do trabalho realizou-se o enquadramento dos riscos psicossociais no

contexto da saúde ocupacional, tendo sido realizada também uma retrospectiva do

surgimento das primeiras investigações realizadas no âmbito dos riscos psicossociais,

nomeadamente o stress. Também é abordada a estratégia comunitária para a mitigação

dos novos riscos e riscos emergentes, onde se enquadram as cinco áreas, que incluem os

dez principais riscos psicossociais emergentes, efectuada pelos peritos do Observatório

Europeu dos Riscos que pertence à European Agency for Safety and Health at Work

(EU-OSHA).

Na segunda parte do trabalho é abordado o tema da violência no trabalho, apresentando

a definição de violência no trabalho, quais as suas causas/factores de risco, quais são os

trabalhadores mais afectados e como funciona a dinâmica da violência no trabalho. No

tópico 3 é ainda referido quais os tipos de violência no trabalho, quais são as

consequências desta violência para os trabalhadores e são apresentadas algumas

medidas de prevenção da violência no trabalho.

Por fim, é abordado com mais especificidade um dos tipos de violência no trabalho, o

assédio moral, sendo este um tema bastante actual no tempos que correm, visto serem

registados cada vez mais casos deste tipo de violência no trabalho.

Um pouco à semelhança do tópico anterior, na parte final deste trabalho, é definido o

conceito de assédio moral no trabalho, são apresentadas as principais entidades

envolvidas neste processo, assim como são apresentados os diferentes tipos e etapas do

assédio moral, quais as suas consequências e quais as medidas necessárias para a sua

prevenção.

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2. Enquadramento dos Riscos Psicossociais

“O mundo do trabalho está a passar por transformações, que implicam novos desafios

em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores. Estas transformações levam ao

surgimento de riscos psicossociais (…)”

(Jukka Takala, 2005)

Segundo Jukka Takala, Director da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no

Trabalho (EU – OSHA), os riscos psicossociais estão relacionados com a forma como o

trabalho é concebido, organizado e gerido, bem como com o seu contexto económico e

social. Estes riscos suscitam um maior nível de stress e podem originar uma grave

deterioração da saúde mental e física do trabalhador.

A partir das últimas décadas do Século XX, a natureza do trabalho mudou drasticamente

em muitos aspectos, com reflexos a diversos níveis, nomeadamente quanto ao tipo de

riscos ocupacionais e ao paradigma da sua prevenção. (Coelho,2008).

O conceito de Saúde Ocupacional, começou a ser objecto de estudo por diversos

investigadores após: a alteração do trabalho na Sociedade Pós-Industrial; o

aparecimento de novos riscos de Saúde Ocupacional (fundamentalmente os riscos com

origem psicossocial) e a crescente consciencialização por parte de algumas entidades

internacionais da importância e da necessidade de prevenção deste tipo de riscos.

Os factores de risco inerentes ao trabalho estão presentes de forma significativa no

mundo laboral, pondo em risco um número demasiado elevado de trabalhadores e com

reflexos negativos em todas as sociedades. Estes riscos podem ser produto das novas

tecnologias, de uma maior variedade de serviços, do envelhecimento da população

activa, do aumento da participação feminina no mercado de trabalho, das novas formas

de organização e do novo conceito de trabalho. (Cabral et al, 2005)

2.1. Breve Retrospectiva

Há muito tempo que a literatura médica menciona a relação entre o stress ocupacional e

as doenças. Mas o interesse por este tipo de investigação cresceu, em especial nos EUA,

a partir do momento em que os investigadores chamaram a atenção para os efeitos de

certos factores de stress ao nível do sistema imunitário, por intermédio de mecanismos

hormonais, humorais, etc.(Marc, et al, 2004).

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Em 1967 surgem as primeiras investigações realizados por Holme e Rahé com uma

incidência mais particular sobre o stress que se centra nos acontecimentos da vida « life

events». A metodologia utilizada na investigação tinha por base compilar uma lista de

acontecimentos limitadores da vida do cidadão médio.

Segundo os autores do livro Ecologia e saúde, Marc and Janet , o leque de evidências

que foram surgindo progressivamente demonstra a importância do papel dos factores

psicológicos e sociais no desenvolvimento da doença. Dois desses factores, o stress e o

suporte social foram objecto de um vasto número de investigações.

Em 2005, um estudo realizado pela EU-OSHA – European Agency for Safety and

Health at Work, revelou que mais de 20% dos trabalhadores dos 25 Estados-Membros

da União Europeia acreditavam que a sua saúde estava em risco devido ao stress

relacionado com o trabalho.

2.2. Actualidade

Até há bem pouco tempo, a qualificação de um acidente como de sendo um acidente de

trabalho parecia estar reservada à perda de saúde física por parte dos trabalhadores. Na

realidade, tanto o legislador como os operadores jurídicos vinculavam os acidentes de

trabalho unicamente aos casos de perda de saúde física. Mas, felizmente os estudiosos

têm identificado os diferentes riscos psicossociais e aquilo que, antigamente se

denominava genericamente como stress laboral agora já se conhece como uma variada

gama de patologias como por exemplo o “ Síndrome de Burn Out”; a” Work –

addiction”, a gripe do “yuppie”, o “tecnostress” ou a dificuldade de adaptação a novas

tecnologias, etc. (Arochena. J, 2008)

Mas os avanços mais significativos na tarefa de identificação de novas patologias estão

relacionados com a violência psicológica no trabalho sendo exemplo protótipo disso o

assédio moral. Este tema será abordado com mais pormenor no ponto 4.

“ Só se pode ser vigilante se se tiver conhecimento da eventualidade de um

perigo”

(Suzanne e Pierre Déoux, s/d)

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2.3. A estratégia comunitária de 2002-2006

Os riscos psicossociais emergentes, analisados pela previsão de peritos são apresentados

num novo relatório, o terceiro de uma série dedicada a novos riscos e a riscos

emergentes, elaborado pelo Observatório Europeu dos Riscos, que tem como principal

objectivo a prevenção, pois «antecipar o conhecimento dos riscos novos e emergentes

pode significar uma redução substancial dos impactes associados aos riscos

psicossociais». Mas antes da abordagem sobre o estudo efectuado pelo Observatório

Europeu dos Riscos, convém definir alguns conceitos sobre o significado dos riscos

emergentes.

Risco de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) emergente - é qualquer risco

simultaneamente novo e que está a aumentar a sua repercussão.

Novo Risco – significa que o risco não existia anteriormente e que é causado por novos

processos, novas tecnologias, novos tipos de local de trabalho, ou pelas transformações

sociais ou organizativas das empresas, ou por uma questão há muito existente e que é

agora considerada como um risco, devido a novos conhecimentos científicos ou a uma

alteração da percepção do público.

O risco está a aumentar a sua repercussão se: o número de perigos que contribuem

para o risco estiver a aumentar ou a probabilidade de exposição aos perigos estiver a

aumentar; ou ainda, se os efeitos dos perigos sobre a saúde dos trabalhadores se

estiverem a agravar.

A previsão efectuada sobre os riscos psicossociais neste relatório reflecte os pontos de

vista dos peritos neste domínio, que responderam a três inquéritos baseados em

questionários em 2003 e 2004. Os peritos, representavam 13 Estados-Membros da UE,

os EUA e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e a maioria deles trabalhava

em investigação no campo dos riscos psicossociais.

Da metodologia utilizada na realização do terceiro relatório constam as análises

bibliográficas para estudar mais aprofundadamente os principais riscos psicossociais

emergentes e o inquérito dos peritos, através do método Delphi1.

1 O método Delphi é um método sistemático e interactivo de estimativa que se baseia na experiência independente de vários especialistas. Os especialistas são cuidadosamente seleccionados pela sua experiência e respondem a um questionário em um ou mais ciclos.

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No que respeita à análise bibliográfica, o relatório teve em conta a prevalência dos

riscos, os resultados em matéria de segurança e de saúde, as medidas de prevenção

possíveis e as necessidades de investigações futuras.

Os dez principais riscos psicossociais emergentes identificados pelos

peritos podem agrupar-se nas cinco áreas seguintes:

O trabalho precário coloca em risco a saúde dos trabalhadores

Em termos gerais, o trabalho precário define-se como o emprego mal remunerado e de

baixa qualidade, com poucas oportunidades de formação e de progressão na carreira. Os

trabalhadores com contratos precários tendem a efectuar os trabalhos mais perigosos,

trabalham em piores condições e recebem menos formação em matéria de segurança e

saúde no trabalho. Trabalhar em condições instáveis pode gerar insegurança no

emprego, o que, por sua vez, agrava significativamente o stress profissional.

A intensificação do trabalho causa problemas de saúde

Com a imposição de prazos rigorosos e o aumento do ritmo de trabalho, são cada vez

mais os trabalhadores da UE que têm de fazer face a maiores volumes de trabalho e a

maior pressão no emprego. A redução dos locais de trabalho, a quantidade crescente de

informação a tratar devido às novas tecnologias de comunicação e o aumento das

exigências impostas a um menor número de trabalhadores também podem levar a um

aumento do stress profissional.

A violência e a intimidação colocam em risco os trabalhadores

O problema da violência e da intimidação no local de trabalho suscita cada vez mais

preocupações. Embora afecte todas as profissões e sectores de actividade, é mais

comum nos sectores dos serviços, podendo levar a perda de auto-estima; ansiedade;

depressão e até mesmo ao suicídio. (Observatorio)

A difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada afecta as famílias

Os grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda

mais esta conciliação, sobretudo para as mulheres que, muitas vezes, são obrigadas a

acumular a actividade profissional e as tarefas domésticas. Esta situação pode causar

stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente

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quando estes não têm possibilidade de ajustar as condições de trabalho às suas

necessidades pessoais. Mais de 40% dos trabalhadores da UE 27 com longos horários

de trabalho afirmaram estar insatisfeitos com a conciliação entre a vida profissional e a

vida privada.

A mão-de-obra em envelhecimento

É evidente que um trabalhador com mais idade tenha um desempenho diferente de outro

com idade inferior nomeadamente em termos de constituição física, problemas

cardiovasculares, a nível do aparelho respiratório, dos órgãos sensoriais, entre outros

reflectindo-se em termos de performance e adequação às tarefas que tem que exercer,

requerendo mais cuidados no âmbito da saúde ocupacional. Esta reflexão não é apenas

essencial durante o decorrer da sua profissão mas também, após a reforma pois pode

levar a que este venha a ter problemas psicopatológicos (implicações na: auto-avaliação,

autonomia pessoal e auto-estima) que pode prejudicar a saúde futura do trabalhador.

(Coelho, 2008)

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3. Violência no Trabalho

3.1. O Trabalho, as Organizações e a Violência

Todas as Organizações, independentemente da sua actividade e da sua dimensão, são

constituídas por pessoas e são essas pessoas que muitas vezes no seu relacionamento

são geradoras de situações de conflito. A violência no trabalho surge então, porque de

alguma forma acontece uma situação de conflito que se torna incontrolável.

De facto, cada vez mais, ocorrem situações de violência nos locais de trabalho, fazendo

a violência no trabalho parte dos denominados “riscos emergentes para a saúde” que

afectam grande parte da população trabalhadora a nível mundial (Ferreira, 2007).

3.2. O que é a Violência no Trabalho?

Normalmente existe a tendência de associarmos a violência no trabalho à agressão

física, sendo este tipo de associação completamente errado e ultrapassado. Apesar de

não existir uma definição única de violência no trabalho, existe um consenso no

conjunto de definições encontradas, que é o de que o conceito de violência no trabalho

deve ser mais abrangente do que uma mera agressão física, deve também incluir acções

de natureza psicológica que possam afectar os trabalhadores (Ferreira, 2007).

A violência no trabalho pode no entanto ser designada de forma genérica, como

qualquer forma de pressão exercida sobre os trabalhadores, sendo esta consubstanciada

em agressões físicas ou agressões psicológicas (que incluem assédio moral e sexual,

ameaças e difamação, insultos e qualquer tipo de discriminação), por parte de pessoas

relacionadas com o trabalho (trabalhadores, chefias, fornecedores, clientes, etc.) e que

se reflectem como um risco para a saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores.

3.3. Causas/Factores de Risco da Violência no Trabalho

Existem muitas teorias sobre as possíveis causas da ocorrência de violência no trabalho,

e devido a ser impossível referi-las todas, assim como muitas situações de violência no

trabalho ocorrem sem que se conheçam totalmente quais as suas causas, irão ser

referidas neste trabalho apenas algumas das causas mais significativas de violência no

trabalho (Soares, 2006).

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Inúmeras situações de conflito podem surgir devido a um mau ambiente de trabalho,

principalmente em empresas que possuam falhas na sua organização e práticas de gestão

pouco claras. Neste tipo de empresas, geralmente surgem situações de exploração dos

trabalhadores, pressões para o aumento de produtividade dos mesmos, competitividade

por cargos entre trabalhadores, assim como problemas de comunicação dentro da

empresa, que podem levar a um aumento da violência dentro do local de trabalho,

geralmente implicando agressões físicas ou verbais. Também o abuso de autoridade por

parte de um superior hierárquico sobre um trabalhador representa um acto de violência

no trabalho, mais especificamente assédio moral, que muitas vezes é desvalorizado

pelos trabalhadores porque estes têm medo de perder o seu emprego (Ferreira, 2007).

O trabalhador em si também pode ser uma das causas de violência no trabalho,

dependendo da postura e atitude que este demonstra. Uma inadequada prestação de

serviços para com um cliente (elevado tempo de atendimento ou serviço prestado

incorrectamente) assim como a apresentação ao trabalho sob o efeito do álcool ou de

drogas podem ser factores de risco a ter em conta no surgimento de acções violentas no

trabalho (Soares, 2006).

Existem ainda muitos outros factores que podem ser propícios a que ocorram situações

de violência no trabalho, como: o posto de trabalho estar inserido numa localização

geográfica que possui elevados índices de violência; atendimento de clientes mais

problemáticos (pessoas com problemas psicológicos, pessoas drogadas ou alcoolizadas,

pessoas com problemas familiares, etc.); situações de redução salarial ou de

despedimento dos trabalhadores; manuseamento de mercadorias, dinheiro e valores;

trabalho nocturno e trabalho isolado; postos de trabalho com uma proporção sexual

desigual, isto é situações em que existe muito mais trabalhadores de um sexo do que

outro (comum ocorrerem situações de assedio sexual); assim como simplesmente

podem surgir situações de conflito pela confrontação de personalidades com visões

opostas sobre um mesmo assunto, etc.

3.4. Trabalhadores mais afectados pela Violência no Trabalho

É importante referir que qualquer trabalhador pode ser vítima de violência no trabalho

independentemente da sua actividade, mas existe um conjunto mais específico de

trabalhadores que pode ser considerado mais vulnerável à violência no trabalho

comparativamente com outros trabalhadores.

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Os ambientes de maior risco estão em larga medida concentrados no sector dos serviços,

porque são postos de trabalho onde existe maior contacto com o público em geral. Entre

estes encontramos o sector da Saúde que é frequentemente referido por vários estudos

como sendo uns dos sectores mais afectados pela violência, mas também o sector dos

transportes, comércio a retalho, restauração, banca e educação.

As profissões do sector dos serviços mais expostas ao risco de violência são:

enfermeiros e outro pessoal de saúde, motoristas de táxi, condutores de autocarro,

trabalhadores que efectuam reparações em casa do cliente, trabalhadores das estações de

serviço, operadores de farmácias, trabalhadores do sector da segurança, mensageiros,

agentes da polícia, fiscais de estacionamento, guardas prisionais, assistentes sociais e

gestores de habitação social.

3.5. A dinâmica da Violência no Trabalho

Em primeiro lugar, é importante referir que a violência no trabalho raramente ocorre

como uma relação isolada entre duas pessoas, – o “assediador malvado” e a “vítima

inocente” – é o produto de uma acção colectiva, e no caso do trabalho que se rege por

uma hierarquia, é o produto de múltiplas relações sociais. É também perceptível que na

maioria dos casos em que ocorre violência no trabalho há uma continuidade na sua

frequência, não são meros casos pontuais (Cal/OSHA).

Um dos grandes problemas da violência no trabalho é, sem dúvida, a complexidade que

envolve a mensuração da extensão da violência num ambiente de trabalho, quer seja

pelo facto de muitos trabalhadores sujeitos a actos de violência se manterem em

silêncio, quer seja pelo facto de muitos trabalhadores não reconhecerem determinados

actos como sendo actos de violência, à excepção das agressões físicas (Ferreira, 2007).

3.6. Tipos de Violência no Trabalho

A violência nos locais de trabalho pode revestir-se de diversas formas e podem atingir a

vítima na sua estrutura física ou psicológica, podendo ser classificada como (NIOSH):

� Agressão Física: O uso de força física contra outra pessoa ou grupo, que resulta

num dano físico, sexual e/ou psicológico. Inclui bater, pontapear, esfaquear,

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alvejar, empurrar, contaminar com produtos orgânicos (por exemplo saliva ou

sangue), entre outros;

� Assédio Moral: Comportamento ofensivo, repetido e prolongado no tempo,

com tentativas vingativas, cruéis ou maliciosas, de humilhar ou enfraquecer um

indivíduo ou grupo de trabalhadores;

� Assédio Sexual: Qualquer comportamento de natureza sexual indesejado, não

recíproco e mal recebido que é ofensivo para a pessoa envolvida e que faz com

que esta se sinta ameaçada, humilhada ou embaraçada.

� Agressão Verbal: Comportamento que humilha degrada ou indica uma falta de

respeito pela dignidade e valor de uma pessoa;

� Ameaça: É a comunicação por palavras, tom ou postura, que rebaixa, ameaça,

acusa ou desrespeita o outro;

� Discriminação: Qualquer conduta ameaçadora baseada na raça, cor, linguagem,

nacionalidade, religião, deficiência ou outro status que não é recíproca nem

desejada e que afecta a dignidade dos trabalhadores.

Podemos dividir também a violência no trabalho em diferentes tipos, segundo as

pessoas intervenientes e o tipo de relação existente entre elas (Cal/OSHA):

• Violência do Tipo I: Caracteriza-se pelo facto de aqueles que levam a cabo as

acções violentas não possuírem nenhuma relação com a empresa ou com a

vítima, possuindo estes apenas a intenção de cometer um assalto ou outro acto

criminoso. Este tipo de violência envolve geralmente ameaças verbais,

comportamentos ameaçadores e/ou agressões físicas, sendo também responsável

pela maioria dos acidentes fatais relacionados com a violência no trabalho. Os

locais e pessoas que possuem maior risco de sofrerem deste tipo de violência são

os estabelecimentos comerciais em geral, as joalharias e as estações de serviço

em particular, os bancos, assim como os taxistas e o pessoal que realiza

transporte de valores ou dinheiro.

• Violência do Tipo II: Este tipo de violência é cometido por clientes

beneficiários de um serviço fornecido no local de trabalho da vítima. Geralmente

este tipo de violência surge através da frustração do cliente pelo excesso de

tempo de espera da prestação do serviço, pela negação da prestação do serviço

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por parte do trabalhador ou devido a um serviço prestado incorrectamente. Por

outro lado, este tipo de violência pode surgir também devido ao cliente que está

a ser atendido possuir um comportamento violento intrínseco ou encontrar-se

com problemas psicológicos, problemas familiares, drogado ou alcoolizado.

Assim como a violência do tipo I, a violência do tipo II envolve geralmente

agressões verbais, discriminação e/ou agressões físicas por parte dos clientes. Os

trabalhadores que estão mais sujeitos a este tipo de violência são: os

profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros; os professores; agentes

da polícia; condutores de transportes públicos; guardas prisionais; inspectores

em geral; juízes, entre outros.

• Violência do Tipo III: Diz respeito à violência que ocorre entre trabalhadores

da mesma instituição, podendo esta ocorrer entre elementos de toda a

organização da empresa (empregados, supervisores, entidade patronal, etc.).

Todo o tipo de empresas podem estar sujeitas a este tipo de violência, que pode

envolver quer agressões físicas ou verbais, quer assédio sexual ou assédio moral,

assim como discriminação ou ameaças. As causas deste tipo de violência podem

ser inúmeras e de natureza muito diversificada, tendo sido algumas delas

referidas no tópico Causas/Factores de Risco da Violência no Trabalho.

3.7. Consequências da Violência no Trabalho

Geralmente quando um trabalhador é alvo de um acto violento no seu posto de trabalho

reage de duas formas: ou reage em conformidade confrontando o agressor ou interioriza

a agressão e não reage de imediato. Esta variação na forma como o trabalhador

responde a um acto de violência no trabalho depende muito da personalidade de cada

um e de certa forma as consequências que essa agressão possa provocar num indivíduo

irá depender da sua vulnerabilidade psicológica (NIOSH).

Apesar de cada caso ser um caso, existe um conjunto de consequências gerais que

podem afectar de forma similar as várias entidades envolvidas numa situação de

violência no trabalho (Soares, 2006).

A Organização pode: ver a sua imagem deteriorada enquanto instituição; podem

aumentar os níveis de absentismo; pode ocorrer um decréscimo da motivação dos

trabalhadores e consequentemente uma redução na sua produtividade; as relações

laborais podem deteriorar-se e poderão surgir dificuldades no recrutamento de novos

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trabalhadores; podem também surgir prejuízos financeiros decorrentes de processos de

indemnização ou decorrentes de processos judiciais (Di Martino, 2003).

Também o agressor poderá sofrer consequências negativas decorrentes dos seus actos,

tais como o pagamento de indemnizações às vítimas, danos na sua saúde física e mental,

o seu despedimento da empresa, pressão social pelo estigma de ser um agressor, assim

como poderá ter de responder perante a justiça pelos seus actos (Cal/OSHA).

Mas em todo este processo de violência no trabalho, o agredido é aquele que mais

consequências sofre, desde consequências físicas, psicológicas e profissionais.

A nível de danos psicológicos, o agredido pode: ter crises de ansiedade; entrar em

depressão; ficar de mau humor; possuir um sentimento de culpa; ter vontade de desistir

de tudo; surgirem-lhe ideias suicidas; sentir-se triste; irritar-se com tudo; sentir dúvidas

em relação à sua capacidade laboral; sentir medo e solidão; sentir vergonha e

constrangimento para falar sobre o que sente; sentir falta de motivação; sentir-se

humilhado e desonrado; sofrer alterações na memória e dificuldades de concentração;

sofrer de stress pós-traumático, baixar a sua auto-estima; sentir raiva e rancor; ter crises

de identidade; possuir transtornos psiquiátricos com traços delirantes e distúrbios

psicossomáticos (aumento de peso, emagrecimento intenso, distúrbios

endocrinológicos, distúrbios digestivos, crises de hipertensão), entre outros.

Os danos psicológicos são muito mais difíceis de identificar do que por exemplo os

danos físicos, porque não são danos imediatos, surgem com o passar do tempo, e são

danos que muitas vezes não são perceptíveis (Di Martino, 2003).

Quanto aos danos que o agredido pode sofrer a nível social, estes podem ser: sentimento

de desconfiança para com os outros trabalhadores; dificuldades nas relações fora e

dentro do trabalho; conflitos nas relações familiares; agressividade para com os outros;

dificuldade no desempenho das suas tarefas e o aumento de despesas médicas e

jurídicas.

Ao nível físico, o agredido pode sentir dores em várias partes do corpo, geralmente

devido a agressões físicas sofridas, mas também pode sofrer alterações no seu apetite,

alterações no seu sono e cansaço.

3.8. Prevenção da Violência no Trabalho

Todas as Organizações nas suas Avaliações de Risco, deveriam ter em consideração as

perturbações emocionais dos trabalhadores, em que medida estas podem afectar o Clima

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Organizacional e em que medida elas podem ser geradoras de potenciais situações de

conflito ou mesmo violência. No fundo, as empresas deveriam ter em consideração os

riscos psicossociais em todo o processo de avaliação e prevenção de riscos, o que na

maioria dos casos não se sucede (Soares, 2006).

Quanto ao caso da violência no trabalho, uma empresa pode actuar de duas formas

distintas relativamente a este assunto: pode prevenir a ocorrência de actos de violência,

ou pelo menos, reduzir os efeitos dos mesmos, ou então pode actuar depois de a

violência ter ocorrido, providenciando o apoio necessário à vítima e minimizando os

efeitos nocivos do incidente. Como este trabalho se enquadra numa disciplina de Saúde

Ocupacional, interessa-nos essencialmente abordar os métodos de prevenção da

violência no trabalho, e não tanto o ressarcimento das vítimas depois dos actos violentos

terem acontecido (Di Martino, 2003).

Desta forma, é apresentado um conjunto de possíveis medidas que podem ser aplicadas

para se prevenir a ocorrência de situações de violência no trabalho (Cal/OSHA):

• Promoção de um clima de harmonia e bom relacionamento entre trabalhadores;

• Identificação de incidentes ou conflitos geradores de descontentamento;

• Acompanhamento de indivíduos potencialmente agressivos;

• Auscultação dos trabalhadores de forma secreta (Exemplo: Caixa de Sugestões);

• Questionários de auto-avaliação, sob a forma de check-list;

• Sensibilização das chefias;

• Tomar medidas em matéria de segurança física como, por exemplo: fechaduras

nas entradas, ecrãs, iluminação adequada, recepcionistas, saídas de emergência,

instalação de sistemas de videovigilância, eliminação ou limitação de zonas sem

saída e de objectos que possam ser usados como projéctil;

• Fornecer cadeiras e decoração de boa qualidade aos clientes e informação

periódica sobre atrasos;

• Gerir e reduzir as filas de espera;

• Admitir pessoal em número suficiente;

• Remover periodicamente dinheiro e valores; utilizar alternativas que não

envolvam dinheiro;

• Evitar o trabalho isolado e, se possível, manter contacto com os trabalhadores

que trabalham isolados;

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• Melhorar o serviço de recepção e de informação ao público;

• Formar e informar os trabalhadores relativamente a: identificação de

comportamentos inaceitáveis e dos primeiros indícios de agressão; gestão de

situações difíceis com clientes; cumprimento dos procedimentos criados para

proteger os trabalhadores, tais como, as instruções de segurança, o

estabelecimento de uma comunicação adequada, actuação de forma a minimizar

a agressão de um indivíduo, identificação dos clientes com um passado de

violência; gestão do stress inerente à situação de modo a controlar as reacções

emocionais.

• Estabelecer canais adequados de comunicação evitando ruídos e mal-entendidos;

• Reconhecer o desempenho e o esforço de cada membro da equipa de trabalho;

• Estabelecer regras internas claras;

• Permitir a liberdade de pensamento e espírito crítico dos trabalhadores;

• Esclarecer de forma precisa todos os elementos da empresa de que não são

admitidos, no decurso das actividades laborais, qualquer tipo de violência e que

serão tomadas prontamente medidas para investigar e punir os agressores, assim

como prestar apoio e solidariedade aos agredidos.

• Entre outras medidas.

As medidas adequadas para evitar que ocorram situações de violência no trabalho, vão

também depender muito do contexto em que a empresa em causa se situe, podendo estas

medidas assumir formas muito variadas.

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4. Assédio Moral

4.1. Conceito de assédio moral no trabalho

O assédio moral não é novo no mundo do trabalho. No entanto, o seu estudo é recente.

A nível europeu, vários estudos existentes só surgiram a partir dos anos oitenta. De

modo semelhante, a realização de conferências para abordarem este tema são

igualmente um acontecimento recente.

O assédio moral ocorre nas diversas organizações e em diferentes países assumindo

diferentes terminologias:

• Assédio moral;

• Moral Harassment;

• Ijime;

• Acoso moral;

• Bullying;

• Harcèlement moral.

Existem várias definições do conceito de assédio moral no trabalho. Diferentes autores

conceberam diferentes definições para o conceito de assédio moral no trabalho:

O Professor Heinz Leymann, investigador em psicologia do trabalho que exerce a sua

profissão na Suécia é pioneiro nesta matéria, e define assédio moral como sendo:

“Uma interacção social, através da qual um indivíduo (raramente mais do que um) é

atacado por um ou mais (raramente mais de quatro) indivíduos de forma diária e

continuada durante meses, levando a pessoa assediada a sentir-se numa posição

completamente desprotegida e correndo um elevado risco de exclusão”. (Leyman, 2000)

Segundo Marie-France Hirigoyen, psiquiatra francesa e destacada estudiosa do tema:

“O assédio moral no trabalho define-se como sendo qualquer comportamento abusivo

(gesto, palavra, comportamento, atitude…) que atente, pela sua repetição ou pela sua

sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa

pondo em perigo o seu emprego ou degradando o clima de trabalho” (Hirigoyen, 2002:

14 e 15)

Segundo Barreto o assédio moral é:

“A exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e

prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício das suas funções. Estas

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situações são mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que

predominam condutas negativas e relações desumanas de um ou mais chefes dirigidas a

um ou mais subordinados, destabilizando a relação da vítima com o ambiente de

trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”

(Barreto apud Site Assédio Moral no Trabalho, 2004)

No entanto, é importante referir algumas situações que não constituem assédio moral.

Situações de agressões, humilhações e ofensas que ocorram uma única vez podem ser

expressões de violência no trabalho mas não são consideradas assédio moral.

Apesar das diferentes abordagens do conceito de assédio, verifica-se que se trata de uma

perseguição continuada com o objectivo de destruir psicologicamente a vítima. Esta

prática faz com que a vítima se sinta ofendida, inferiorizada, constrangida e com a sua

auto-estima em baixo. No extremo a relação torna-se tão dolorosa para a vítima que a

leva à sua demissão ou mesmo ao suicídio.

4.2. Determinantes: assediado, assediador e a organização

São vários os factores para o surgimento do fenómeno de assédio moral no trabalho: as

características da personalidade e as características físicas do assediado, as

características da personalidade do assediador, o grupo e as características da

organização onde se desenvolvem as actividades laborais.

No ambiente de trabalho, o assédio moral pode acontecer a qualquer trabalhador e a

qualquer momento no decurso da sua trajectória profissional.

O assediado é caracterizado como sendo uma pessoa fraca, com pouca confiança em si

própria e que desempenha as suas funções de modo incorrecto, ou seja, de

personalidade fraca e pouco competente. Estas debilidades podem torná-lo num alvo

fácil de assédio moral. Mas mesmo, sendo um indivíduo com imensas qualidades

profissionais e pessoais, o que gera no assediador sentimentos de inveja ou ciúme, este

pode ser sempre uma vítima de assédio moral. As características psicológicas não são as

únicas características a serem favoráveis para que um trabalhador se torne uma vítima

de assédio moral. Segundo vários estudos verifica se que o género e a idade dos

indivíduos também podem ser características de assédio moral.

Se compararmos os géneros como uma característica geradora de assédio moral,

verificamos que o facto de se ser mulher trás algumas desvantagens em relação ao facto

de se ser homem.

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No estudo de Heinz Leymann, na Suécia, as mulheres representavam (55%) dos

assediados e os homens (45%) e no inquérito realizado por Marie-France Hirigoyen, em

França, aponta-se para um resultado onde 70% de mulheres são assediadas contra 30%

de homens, podendo estes resultados variar conforme o país em estudo.

Segundo a autora, a idade é também uma característica fundamental do assediado. A

faixa etária que é mais atingida situa-se entre os 40 e 55 anos. No entanto, dentro da

mesma, existe um maior número de vítimas acima dos 50 anos, porque são

“considerados como tendo desempenhos inferiores nas suas funções ou como não sendo

suficientemente adaptáveis” (Hirigoyen, 2002: 83).

Em resumo poderemos dizer que “é a sua [da vítima] capacidade de resistir à autoridade

[o agressor] apesar das pressões, que marca a pessoa como alvo [de assédio moral] ”

(Hirigoyen, 1999: 64).

O assediador pode ser um indivíduo ou um grupo de indivíduos. As características do

assediador têm a ver com a: personalidade, ameaças de perda de poder e controle e

liderança negativa. Assim o agressor, num processo de assédio moral pretende o

controlo e o domínio absolutos do assediado. Desta forma “o agressor pode

engrandecer-se rebaixando o outro, sem culpa e sem sofrimento; trata-se de perversão

moral” (Freitas, 2001: 11).

Por norma, pretende demonstrar o seu poder na relação com o assediado e também com

o grupo onde está inserido. Na grande maioria dos casos, o assediador age de forma

tácita através de gestos subtis e palavras dúbias.

Para Hirigoyen (2002) estes procedimentos hostis do assediador com os assediados são

agrupados em quatro categorias, partindo da mais difícil de detectar até à mais evidente:

1. Atentados às condições de trabalho (colocar a vítima em falta para a fazer parecer

incompetente. O agressor passa a recriminá-la ao ponto de a conseguir afastar);

2. Isolamento e recusa de comunicação (são procedimentos dolorosos para a vítima mas

banalizados ou negados pelo agressor);

3. Atentados à dignidade (são gestos de desprezo, atitudes que desqualificam, notados

por todos, mas a vitima é tida como responsável por eles);

4. Violência verbal, física ou sexual (este tipo de violência surge quando o assédio já

está instalado, apesar de notado por todos, a vítima está extremamente fragilizada e não

tem o apoio de quem testemunha os factos).

É também possível traçar o perfil dos assediadores, com base nos relatos feitos pelos

trabalhadores:

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• “Profeta”: exibe as suas qualidades, humilha com cautela e de maneira

reservada;

• “Pitt-bull”: agressivo, frio, violento, perverso nas palavras e humilha por prazer;

• “Tigrão”: esconde a sua incapacidade com atitudes mal-educadas e necessita de

ser popular;

• “Troglodita”: brusco, não admite discussão e não aceita reclamações;

• “Garganta”: não conhece bem o seu trabalho mas não admite que saibam mais

que ele;

• “Grande-irmão”: primeiro protege para depois atacar, ou seja, aproxima-se e

mostra-se sensível aos problemas e de seguida usa o que sabe para humilhar ou

prejudicar.

(Barreto apud Site Assédio Moral no Trabalho, 2004)

Nas organizações laborais o fenómeno do assédio moral tem vindo a agravar-se nos

últimos anos. Actualmente, o trabalho é fisicamente menos duro devido ao

desenvolvimento tecnológico, mas psicologicamente as pessoas sofrem mais, porque há

menos solidariedade. A necessidade de uma maior competitividade, produtividade e

eficiência gera uma degradação das condições de trabalho. A fim de manter a sua

sobrevivência no mercado, a organização, muitas vezes, não desenvolve boas políticas

de gestão e de organização funcional e direccional. O sistema de trabalho hoje

proporciona um tipo de comportamento que trata o trabalhador como um objecto

descartável. Isto é um factor que, por norma, gera um mau ambiente de trabalho no qual

é fácil aumentar o assédio moral.

4.3. Tipos e etapas do assédio moral

Dentro das organizações, do mundo do trabalho, encontramos diferentes tipos de

assédio que ocorrem em vários níveis hierárquicos e com autores distintos.

Segundo Hirigoyen (2002) são vários os tipos de assédio:

• Assédio vertical descendente (proveniente da hierarquia), ou seja, procedimentos

abusivos de um superior para com um subordinado. A subordinação hierárquica pode

induzir o superior a tirar partido do seu poder abusando dele e tendo prazer em submeter

o subordinado à sua vontade;

• Assédio horizontal (proveniente de colegas). Este tipo de assédio é frequente quando

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dois colegas disputam um lugar ou uma promoção;

• Assédio misto (um assédio horizontal que passa a assédio vertical descendente). O

assédio horizontal prolongado e sem interferência da hierarquia, que desta forma se

torna cúmplice, passa a ser um assédio vertical descendente;

• Assédio ascendente (proveniente de um ou mais subordinados que assediam um

superior).

O assédio vertical descendente é aquele que ocorre com maior frequência e do qual

decorrem consequências mais graves, quer física, quer psicológicamente, para o

assediado. Isto porque é uma situação que se desenrola entre um subordinado e um

superior hierárquico, o que aponta para uma relação de desigualdade. Daqui resulta que

o subordinado se sinta isolado e tenha dificuldades em encontrar recursos para resistir

ao assédio.

Em relação ao assédio horizontal as consequências não se apresentam tão graves porque

a relação entre o assediador e o assediado é igualitária.

No caso do assédio misto quem se acha assediado, por culpa dos colegas ou do superior

hierárquico, acaba por ser culpabilizado pelo grupo de trabalho por tudo o que não está

bem.

Também o assédio ascendente pode ser tão destruidor como qualquer um dos outros

tipos. Isto porque o assediado não sabe como defender-se e as queixas que fizer não são

encaradas seriamente.

O processo de assédio moral, além de ser de diversos tipos, passa também por diferentes

etapas que têm como ponto comum e de partida uma recusa de comunicação.

Assim, de acordo com Hirigoyen (1999), temos as seguintes etapas:

• Recusa de comunicação directa: o conflito não é directo mas sim através de

atitudes de desqualificação. Nada é dito abertamente o que torna difícil a defesa da

vítima;

• Desqualificar: é uma agressão feita de forma subtil, normalmente através de

linguagem não verbal ou mesmo com críticas dissimuladas utilizando brincadeiras,

o que não permite facilmente replicar. A vítima, por vezes, tem dificuldades em

compreender ou pensa estar a dar valor exagerado aos factos;

• Desacreditar: para tal bastam ligeiras insinuações, construir mal entendidos,

falsos argumentos, difamações, calúnias, etc. Isto deixa a vítima fragilizada e com

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dificuldades em se defender, o que facilita o assédio;

• Isolar: quebrar todas as alianças possíveis. Desde, a vítima não ser convidada

para as reuniões formais e informais, ser posta num espaço físico isolado e só,

privada de informação, ficar sem acessos privilegiados no seu computador, etc.

Tudo isto a torna mais vulnerável e debilita a sua posição no seu local de trabalho;

• Vexar: atribuir à vítima tarefas inúteis ou degradantes, objectivos não

concretizáveis, solicitar tarefas a executar fora do horário normal, exigir a realização

urgente de tarefas que depois de realizadas não são valorizadas sendo até

desprezadas, etc;

• Empurrar o outro para cometer uma falta: é uma maneira habilidosa de

desqualificar o outro e de seguida o criticar e justificar a sua despromoção. Isto

origina na vítima sentimentos negativos. Passa a ter uma má imagem de si própria

deixando mesmo de acreditar nas suas capacidades. Por vezes, estas atitudes levam a

vítima a revoltar-se e a ser agressiva, o que é aproveitado pelo abusador para

justificar o seu comportamento;

• Assédio sexual: é um passo para o assédio moral. Por norma, as mulheres são as

mais atingidas e muitas vezes pelos seus superiores hierárquicos. É a necessidade de

afirmar o seu poder e considerar a mulher como seu objecto. Existem diferentes

categorias de assédio sexual: o assédio de género (tratar a mulher de forma

diferenciada porque é mulher), o comportamento sedutor, a chantagem sexual, a

atenção sexual não desejada, a imposição sexual e o ataque sexual. Em qualquer

delas o abusador não admite a recusa da mulher e se tal acontecer parte para

agressões e humilhações à mulher.

4.4. Consequências do assédio moral

Segundo Leymann (2000), o assédio moral causa efeitos diversos e a vários níveis:

indivíduo e organização.

Nas organizações temos dois tipos de custos como resultado do assédio moral: os que

resultam das consequências que afectam os trabalhadores assediados com custos pelo

absentismo, baixas por doença prolongadas, baixa produtividade, etc; e os custos

acrescidos pela necessidade de melhorar o ambiente de trabalho, do combate à falta de

motivação pessoal e da diminuição da produtividade.

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Nos indivíduos, segundo Hirigoyen (2002), o assédio moral tem consequências físicas e

psicológicas com sintomas semelhantes aos do stress, da ansiedade, da depressão e

ainda perturbações psicossomáticas.

No entanto as consequências específicas do assédio moral são a vergonha e a

humilhação. E estas duas consequências acabam por levar ao afastamento das vítimas

do seu local de trabalho de modo pontual (ex: baixas médicas) ou em definitivo (ex:

despedimento, demissão).

Em resumo, e citando Rocha Pacheco (2007: 274) “O assédio moral pode ter

repercussões negativas difíceis de contabilizar. Pode originar na vítima danos

irreversíveis e, em casos extremos, poderá, inclusivamente, levar ao cometimento de

suicídio. As consequências podem ser extremamente nefastas, com possíveis reflexos ao

nível da saúde física ou psíquica do assediado, influindo negativamente na sua própria

família tal com nas relações sociais. Os seus efeitos nocivos poderão estender-se mesmo

à própria empresa que permite este fenómeno, mas, por fim, repercutir-se-ão sempre

sobre a sociedade.”

4.5. Medidas contra o assédio moral

Devido aos efeitos danosos do assédio moral no trabalho o melhor seria mudar de

emprego o mais rapidamente possível. Mas nem sempre é possível optar por essa

solução. Assim, é importante que existam mecanismos que impossibilitem a ocorrência

do assédio moral no ambiente de trabalho.

Para Leymann (2000), existe um conjunto de medidas a tomar, dentro da organização,

devendo em primeiro ser analisada a fase em que se encontra o processo de assédio

moral.

Numa fase inicial, o empregador deverá estabelecer uma política de prevenção de

conflitos, de informação e formação dos quadros dirigentes para evitar futuras situações

de assédio.

Deve também considerar-se importante a existência de um quadro legal que proteja a

saúde mental física dos trabalhadores e que imponha aos empregadores a manutenção

de boas condições de trabalho e de funcionamento nas suas empresas.

Como refere Hirigoyen (2002), é importante atribuir responsabilidades à organização

laboral na prevenção do assédio moral. Como tal, esta deverá definir estratégias de

prevenção e funcionar com regras de ética para que estas políticas permitam dissuadir

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os assediadores. É importante que a organização dê o exemplo, através de modos de

funcionamento que permitam um bom ambiente de trabalho.

Por último, salienta-se a importância de um enquadramento legal para o problema do

assédio moral, com o intuito de informar as pessoas e sancionar os agressores.

5. Conclusão

Quanto ao enquadramento dos riscos psicossociais no contexto do trabalho, podemos

concluir que actualmente, toda a sociedade deseja ter um local de trabalho seguro e

saudável, mas o que as pessoas estão dispostas a fazer para atingir esse valioso

objectivo pode variar muito, pois nem todas as entidades patronais ou trabalhadores

colaboram para que isto aconteça.

Este trabalho permitiu-nos ainda concluir que os efeitos indesejáveis num posto de

trabalho não são apenas os “riscos clássicos” (cortes, fracturas, etc.), também existem

outros tipos de riscos emergentes no trabalho, como os principais riscos psicossociais

que estão relacionados com novas formas de contratos de trabalho, insegurança no

emprego, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas, violência no

trabalho e difícil conciliação entre a vida profissional que, por não causar danos

visíveis, não são tão abrangidos pelas entidades empregadoras.

Relativamente à violência no trabalho, na qual se enquadra o assédio moral, pode

concluir-se com a realização deste trabalho, que se as organizações adoptarem uma

cultura de responsabilidade e um clima de promoção da harmonia de trabalho e de bom

relacionamento, muitas das situações de violência não chegam a ser despoletadas.

Conclui-se também que a violência no trabalho, apresente-se como se apresentar, deve

ser combatida e denunciada por todos os que lidam de perto com tais situações, assim

como todas as formas de violência exercidas em contexto de trabalho, devem ser

severamente punidas, por caracterizarem uma cobardia inqualificável.

O aparecimento de situações de conflito, não é de todo inevitável no contexto laboral.

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