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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | ABRIL 2019 | EDIÇÃO 213 | ANO 17 Foto: Rodrigo De Marco Rua Amos Perissutti, 489, bairro Santa Helena | Bento Gonçalves 54 3453.9074 | 9 9944.6934 | [email protected] | instagram @lojapropolar O melhor custo/benefício Materiais de qualidade com pronta entrega “LIVRAI-NOS DO MAL O ritual do exorcismo em notoriedade

Ritual do exorcismo desmistificado · “A Igreja tem vários rituais, por exemplo: o ritual do batismo, ma-trimônio, confissão e também do exorcismo. O ritual é um livro que

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | ABRIL 2019 | EDIÇÃO 213 | ANO 17

Foto: Rodrigo De Marco

Rua Amos Perissutti, 489, bairro Santa Helena | Bento Gonçalves54 3453.9074 | 9 9944.6934 | [email protected] | instagram @lojapropolar

O melhor custo/benefícioMateriais de qualidade com pronta entrega

“LIVRAI-NOSDO MAL”O ritual do exorcismo em notoriedade

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EXORCISMO JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 20192

Por Rodrigo De MarcoEdição Kátia Bortolini

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Mensal | Circulação: Primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves, Garibaldi, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 |

Jornalista: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Social Media e Colunista: Natália Zucchi | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. | Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André

Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ancilla Dall´Onder Zat, Bruno Nascimento, Cesar Anderle, Elvis Pletsch, Melissa Maxwell Bock, Rogério Gava, Thompsson Didoné

“Espaço Livrai-nos do Mal”, em Farroupilha, em um ano de implementação recebeu milhares de visitas e já conta com visita virtual em 360º no site do Santuário de Caravaggio

“Espaço Livrai-nos do Mal”, situado na an-tiga sacristia do Santuário Nossa Senhora do Caravaggio, de Farroupilha, que reúne informações sobre um exorcismo que acon-

teceu no imóvel, em 1947, exposição de objetos e muitas cruzes, completou um ano de implemen-tação no último dia 26 de março contabilizando milhares de visitas. Muitos anos antes, em 1973, foi lançado o filme norte americano “O Exorcista”,

Foto: Rodrigo De Marco

dirigido por William Friedkin, com ampla repercus-são mundial por ter sido o primeiro trabalho cine-matográfico sobre o tema, até então confinado ao imaginário popular e às páginas de livros raros e res-tritos.

Hoje, o debate acerca da prática do exorcismo continua sendo um tabu, despertando um misto de curiosidade, medo e fascinação. A reportagem de capa desta edição do Jornal Integração da Serra é

especial, diferente de todas as outras que você, lei-tor, já teve o privilégio de ler. Fomos em busca de respostas e depoimentos exclusivos sobre o tema. Nas linhas seguintes vocês terão acesso a depoi-mentos reveladores, desmistificando questões que ainda geram dúvidas. Do Santuário de Caravaggio, em Farroupilha, passamos também por Buenos Aires e Brasília, colhendo histórias que devem deixá-lo, no mínimo, com calafrios.

Ritual do exorcismodesmistificado

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“O diabo é um cachorro amarrado”

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019 EXORCISMO 3

A equipe do Jornal Integração da Serra con-versou com dois sacerdotes do Santuário do Carava-ggio que explicaram as razões pelas quais o memo-rial foi criado e aberto ao público. A explicação da existência do memorial está em um exorcismo feito no local no ano de 1947. A história é contada pelos padres Jocimar Romio e Leonardo Dall Osto, ambos com 34 anos.

“O diabo é um cachorro amarrado, só morde quem chegar perto, é um ser maligno, que tem for-ça, mas é apenas uma criatura. Diante de Deus é ape-nas uma criatura”. Essa foi uma das frases proferidas pelo padre Dall Osto, durante a entrevista. Era uma tarde de março com temperatura amena, típica de fim de verão. O silêncio reinava no santuário e os padres, gentis, iniciaram o relato da história que até hoje intriga a comunidade de Farroupilha.

De acordo com os sacerdotes, o exorcismo, en-volvendo uma mulher, teria sido realizado na sacristia da igreja velha que hoje sedia o espaço. O rito, que teria durado cerca de oito horas, foi realizado pelo padre Theodoro Portolan, autorizado pelo bispo Dom José Barea. O protagonista do rito teria caído nas gra-ças da comunidade, que passou a vê-lo como um “homem de Deus”, um reli-gioso forte na fé.

“O famoso exorcismo na história da comunidade ocorreu em 1947, no san-tuário antigo (inaugurado em 1890). O Espaço Livrai--nos do Mal foi instituído para instruir e desmistificar

Padres Jocimar Romio e Leonardo Dall Osto

Janela por onde teria saído o espírito maligno no “Espaço Livrai-nos do Mal”, no Santuário de Caravaggio

Fotos: Rodrigo De Marco

as informações sobre o fato que continuavam a ser transmitido de geração a geração. O espaço estava fechado e muitas pessoas viam do lado de fora a ja-nela com a grade retorcida por onde o diabo teria sido expulso e faziam comentários entre si. No me-morial há vários textos, alguns em formato de ora-ção. Entre eles, um em específico que explica o que é um exorcismo na igreja católica e os passos a se-rem observados. O nome “Espaço Livrai-nos do Mal”, não é apenas para recordar algo da década de 1940, mas mostrar que hoje devemos continuar pedindo a Deus que nos livre do mal”, acentua Romio.

O padre acrescenta que o tema sobre a prática do exorcismo deve ser analisado com precaução e cuidado. Os próprios sacerdotes, segundo ele, são instruídos a não tratar o assunto como sendo um “espetáculo público”.

Fachada do memorial

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019EXORCISMO4

“A Igreja tem vários rituais, por exemplo: o ritual do batismo, ma-trimônio, confissão e também do exorcismo. O ritual é um livro que tem orações, textos bíblicos, salmos, preces, e há uma parte que é mais imperativa, no sentido de ordenar que o mal se afaste da pes-soa e do espaço. Tem também momentos de louvor e gratidão ao Deus. Nós sacerdotes somos formados a partir do que a Igreja cató-lica nos ensina, e com relação ao exorcismo, somos prudentes. Não se deve espetacularizar e expor um indivíduo atormentado. Antes de ser feito qualquer ritual maior (o exorcismo) é preciso consultar a ciência médica que assegure não se tratar de sintomas de alguma doença física ou psíquica”, explicam eles.

Os sacerdotes ressaltam que o Vaticano está oferecendo um cur-so voltado a formação de padres exorcistas. Explicam que o curso foi viabilizado porque o número de italianos que busca a oração de libertação de exorcistas praticamente triplicou nos últimos tempos, chegando a quase meio milhão, segundo estimativas de especialis-tas.

“Às vezes quem faz o curso traz alguns relatos sobre os sinais da possessão, que são: mudança de voz, levitação, saber de algo que não teria como a pessoa saber. Tudo isso são indícios, mas que não são provas, porque os sinais podem ser uma estrutura paranormal humana, e não diabólica”, observam.

Os padres comentam ainda sobre o famoso caso da jovem ale-mã, Annelise Michel (1952-1976), que foi submetida a uma intensa série de sessões de exorcismo pelos padres Ernest Alt e Arnold Renz entre 1975 e 1976. Romio e Dall Osto dizem que esse caso foi com-provado se tratar de uma questão médica e não demoníaca, como foi afirmado na época pelos familiares e os próprios padres envolvi-dos nos rituais fracassados de exorcismo.

“É preciso ter um pouco de cuidado, porque se de fato a pessoa foi possuída e o exorcismo é celebrado, o demônio tem que sair. Se tem continuidade exagerada é um evidente sinal que é uma doença psíquica. Esse caso era mais do que certo que era uma doença psí-quica e naquela época não podiam nomear a doença porque não tinham alcance científico para isso, e acabaram apelando por um ritual litúrgico. Só que o risco é muito grande porque quando é ce-lebrado um ritual de exorcismo diante de uma pessoa doente ela vai introjetar que está possessa, piorando a situação ”, enfatiza Dall Osto.

“A criação do “Espaço Livrai-nos do Mal”, su-gerida pelo padre Jocimar Romio, prontamente abraçada pelos demais colegas e pelo bispo Dom Alessandro, foi uma iniciativa historiográfica ma-ravilhosa. A memória tem essa dádiva de nos fa-zer eternos alunos”, avalia o psiquiatra Caetano Fenner, de Caxias do Sul.

Ele observa que o exorcismo ultrapassa a questão de crença popular. “Na verdade, foi quase uma instituição dentro do dogma religioso, que provocou muita perseguição, cisão e injustiças inclusive com pessoas que sofriam de epilepsia ou outros males neuropsiquiátricos, hoje em dia entendidos como curto-circuitos neuro-elétricos e neuro-químicos”, analisa.

Vaticano oferece curso voltado à formação de padres exorcistas

Foto: Rodrigo De Marco

A opinião do psiquiatra

Caetano Fenner, médico psiquiatra

Arquivo Pessoal

De acordo com Fenner, a medicina não costu-ma classificar o rito como eficaz porque cientifica-mente o exorcismo nunca foi testado contra um padrão de placebo. “Taí um estudo que seria legal de averiguar”, acrescenta. Ele diz que às vezes a discussão sobre exorcismo não deixa claro que a figura do diabo é ficcional.

“É um personagem criado desde antes das literaturas religiosas para circunscrever diversas aleatoriedades “malignas” do cotidiano. Até a história cristã de queda do anjo-filho preferido é algo muito bonito, como se houvesse uma tenta-tiva de aproximar os dois opostos, o mal tendo se originado de um bem que foi mal-entendido. É de fato uma história belíssima, mas não passa de uma história”, afirma o psiquiatra.

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O Bispo exorcista de Buenos AiresEm depoimento exclusivo para

o Jornal Integração da Serra, o bis-po argentino Manuel Adolfo Acuña, 56 anos, residente em Buenos Aires, contou sobre o trabalho de exorcis-ta e demonólogo, que exerce há 17 anos. Acuña, um dos mais renomados exorcistas da América do Sul, defende a ideia de que as possessões, além de demoníacas, também são provoca-das por espíritos humanos desencar-nados. Ele é autor do livro “Ritual de Exorcismos”, lançado em 2015.

Entre os cerca de 1.200 exorcis-mos já praticados, cita como mais im-pactantes os feitos em uma criança de seis anos e em uma adolescente de 15 anos.

“A adolescente, que se encontrava invadida por três espíritos humanos, apresentava uma força descomunal. Devo esclarecer que não existe ape-nas possessões de demônios, tam-

“O livro ‘Ritual de Exorcismos”, de minha autoria, foi apresentado em 2015, na Sociedade Argentina de Escritores, por dois psiquiatras de renome nacional. Destaco que esse foi o único livro de sua catego-ria, em toda a América Latina, apresentado por profissionais da saúde mental”, afirma o bispo Manoel Acuña.

O religioso acentua que está organizando um museu para conter o que ele gosta de chamar de “troféus do combate espiritual.”

“O espaço vai abrigar desde objetos de rituais e bruxarias até um altar satânico retirado da casa de um matrimônio arrependido da es-curidão. Exorcismos e desapropriações de ambientes serão reporta-dos em videos. Cinco espaços temáticos apresentarão elementos re-ais no combate contra o mal e o triunfo de Deus. A visita terminará na Capela das Latenias, pois o triunfo é sempre de Deus”, comemora ele.

É sabido que padres exorcistas convivem diariamente com ameaças demoníacas, sendo sucetíveis a ata-ques. Com Acuña não é diferente. Ele diz não temer o mal, que enfrentou “numa troca de cartão de visitas”.

“Numa noite, ao sair da paróquia em que atuava, vivi uma experiência interessante. Ao entrar no meu carro, estando com as chaves na mão, as luzes altas e baixas começaram a se acender e apagar intermitentemente. A buzina soava sem ser tocada e os trincos das portas subiam e desciam a toda velocidade. Nessa noite tive a certeza que estava trocando cartão de visitas com o diabo. Que a partir desse momento ele me conhecia e anuncia-va a batalha que seguiria para sempre. Rezei até que a manifestação de raiva diabólica parasse nesse tempo em que fiquei prisioneiro dentro do veí-culo”,

Ele reitera que ser um sacerdote demonólogo é um estilo de vida no qual a oração deve ocupar um lugar preponderante. “O diabo conhece os pecados. Já dizia Jesus Cristo que ele é o “acusador dos irmãos”. Para não ser atingido por ele é preciso cuidar das virtudes. Deus conhece teus pecados

bém ocorrem casos de possessões de desencarnados. Esse exorcismo teve várias sessões e sua repercussão originou na série “Puertas al más allá” do canal Discovery Channel. Outro exorcismo de impacto envolveu uma criança de 6 anos que dominava o idioma aramaico e que, no momento do exorcismo, estando em posição horizontal enquanto acontecia o ritual se levantou dez centímetros do piso. Mesmo que seja o único caso em que vi, posso afirmar que existe a levitação como manifestação de possessão”, re-lata ele.

Acuña também cita como mar-cante o caso de uma jovem paraguaia, possuída após realizar invocações num cemitério. “Isso nos ensina que a benção segue o abençoado e o Espíri-to Santo faz chegar a quem necesita. Por isso é tão importante viver em es-tado de graça e bênção”, ressalta.

Bispo é autorde livro sobre o tema e agora organiza museu com objetos e vídeos

Na opinião do Bispo não há mais tantas divergencias entre a ciência e a fé

Fotos: Arquivo Pessoal

“Rezei muito, até cessar a manifestação de raiva diabólica”

e te chama pelo teu nome, mas o dia-bo conhece teu nome e te chama pe-los teus pecados. Se vive em combate, em guerra espiritual, em alerta, mas não em tensão, porque sabemos que Deus é o grande exorcista e com ele nós asseguramos a vitória. O exorcista é um simples instrumento. A glória é para Deus e somente Deus”, afirma.

“Humanidade deve recuperar o olhar dos transcendentes”

Acuña salienta que “um dos maio-res êxitos do diabo é o de fazer com que as pessoas não acreditem em sua existencia”. O Bispo enfatiza que a humanidade deve recuperar o olhar dos transcendentes segundo o qual o mal não é um conceito, é uma perso-nalidade com uma estratégia, um anjo caído que tomou sob seu domínio um exército de demônios e mortos con-denados para fazer o homem perder seu destino de felicidade, deixá-lo de-sesperado, renegando Deus.

“É urgente, eu diria, recuperar a vi-são e interpretação espiritual da vida, que dá sentido a totalidade da exis-tência mais além da prática religiosa de cada um”, avisa.

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“Falta fé e seriedade com o mundo espiritual”, afirma padre de Brasília

“Nem todas as pessoas acreditam nessa realidade espiritual, incluindo sacerdotes e parte dos fiéis. Alguns acham que são questões psicológicas e distúrbios diversos. Outros , que é charlatanismo. Ainda tem os que que-rem ver pra crer. Em síntese: falta fé e seriedade com o mundo espiritual”. A avaliação é do padre exorcista da Ar-quidiocese de Brasília, Vanilson Silva.

Ele diariamente atende pessoas que dizem estar sendo perturbadas por demônios.

“O exercício da missão do exor-cismo tem sido pesado e desgastan-te. Nosso povo não tem clareza para distinguir entre o que é orgânico ou espiritual. Tudo se atribui ao espiritual e o padre tem que resolver. Eu sei que a humanidade vive oprimida sem sa-ber. Mas não basta um padre rezar. É preciso mudança de rota e de hábitos. Todo dia atendo pessoas que se dizem oprimidas por demônios e na verdade enfrentam problemas de ordens hu-manas”, desabafa o padre.

Ele acrescenta que exorcismos são marcados por cenas tristes, de pessoas se jogando no chão, se mor-

Foto: Arquivo Pessoal

Padre Vanilson Silva

dendo, tentando se enforcar com as mãos ou agredir a equipe envolvida com o proceso.

“Há casos de pessoas que levam meses e até mesmo anos para se liber-tarem. Casos extraordinários, que não posso relatar para não expor as pes-soas. Eu amo o que faço. Mas se você me perguntar se eu queria o exercí-cio desse ministério, responderia que não. Aceito por compaixão do povo”, afirma.

Silva ressalta que no ritual de exor-cismo nunca fica somente o sacerdo-te. Acompanham o ato um represen-tante da família e das áreas médica e jurídica.

Ele acrescenta que a missão exi-ge discernimento para distinguir se o mal tem causa orgânica ou espiritual. “É o caso da depressão, que pode ser diagnosticada tanto como doença como consequência de uma opressão espiritual, diabólica. Os demônios são astuciosos e, portanto se disfarçam e camuflam. A avaliação do caso, por meio de perguntas relacionadas a saúde e ao uso de medicamentos, é fundamental”, acentua.

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Um ritual que ao longo dos séculos ganhou novos episódios acerca de sua veracidade é fortemente debatido entre profissionais de diferentes áreas. O antro-pólogo Rafael José dos Santos, doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, diz que, do ponto de vista antropológico, o exorcismo é um exemplo de tipo de ritual que ocorre em diferentes culturas.

“A presença do demônio é bastante forte no catolicismo popular, aquele catoli-cismo que, de certa forma, foge às práticas canônicas. Basta você prestar atenção nos diferentes nomes que a cultura popular atribui ao demônio, isso aparece bem no livro Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Agora, é bastante diferente quando se trata de um exorcismo autorizado pelo Vaticano, por alimentar com mais força o imaginário popular sobre o mal e sua en-carnação”, interpreta ele.

A visão do antropólogoFoto: Arquivo Pessoal

Antropólogo Rafael José dos Santos

“A antropologia é uma ciência na qual é preciso separar, distinguir o que é eficaz. Rituais podem ser eficazes ou não do pon-to de vista de fazer a pessoa acreditar que está curada, ou que um demônio foi expul-so. Isso foi profundamente estudado pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss e desen-volvido em um texto clássico intitulado “A eficácia simbólica”. Note que não estou assumindo a existência do sobrenatural, mas a crença das pessoas no sobrenatural”, esclarece.

Ele acentua que, para a antropologia, o mito é uma narrativa que dá sentido a algum aspecto da vida social. “Tanto as crenças como os mitos oferecem às pes-soas uma espécie de quadro de referência e de explicação da vida, da natureza, dos acontecimentos. Ambos, mitos e crenças, são concepções de mundo interiorizadas nas pessoas pela via da cultura”, conclui.

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INHASV JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 20198

Festeiros e Festeiros Jovens da 141ª Festa de Santo Antônio: Ana Paula Nascimento da Silva e Fernando Giordani Rossatto, Érica Bellé e Diego Marodin

da Silva, Fábio Luis Piazza e Silvana Casagrande Piazza, Gilmar Cantelli e Dalvina Maria Osmarin Cantelli, Clarice Toniolo Rossatto e José Antonio

Rossatto, Natalina dos Santos do Rosário e Setembrino do Rosário, Leandro Moro e Carla Zortéa, Ricardo Tonet e Lea Cristiane Gonzatti Tonet, Rosita

Spadari Poletto e Valmor Poletto, Susana Tercila Giordani e Clacir Rasador foram apresentados em jantar festivo no Salão Paroquial Santo Antônio

Foto: Kátia Bortolini

Foto: André Pellizzari

Diego Bertolini, Guilherme Pasin, Elton Paulo Gialdi e Rogério Capoani com a corte da próxima Fenavinho, formada pelas Damas de Honra Ana Paula

Pastorello e Sandi Corso e Imperatriz Bárbara Bortolini, eleitas no último dia 6 de abril

Foto: Divulgação

O casal Graciela e Filipe Lampert, em sessão fotográfica no Vale dos Vinhedos

Foto: Nina Ghiggi

O empresário e fotógrafo André Pellizzari (à direita) esteve prestigiando a inauguração da Casa Rigo, dos sócios Roberto Rigo e Lidiane Vieira

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019 9PERFIL

IntEgRaçãO - Quais são as metas da tua Diretoria frente à Abimóvel, além as de dar continuidade ao trabalho do ex-presidente Daniel Lutz?

MaRIStEla - A principal meta é a recuperação gradativa e a articula-ção da cadeia produtiva de madeira e móveis e sua competitividade, através do seu desenvolvimento sustentado. Estes últimos anos foram difíceis para os setores produtivos, com queda nas vendas, baixas margens de lucrativida-de, falta de linhas de crédito e incenti-vos à exportação. Acreditamos em um novo momento, com um ambiente de negócios melhor, o qual temos que aproveitar para incrementar as vendas e também as exportações, pois as empre-sas brasileiras possuem competência, tecnologia, parques industriais e produ-tos para atender mercados exigentes. Já estamos alinhando com o governo uma pauta estrutural para o setor, no mercado interno e externo, além de apoiarmos as pautas econômicas, como reforma da Previdência, simplificação tributária, desburocratização, desonera-ção da folha, combate à corrupção e o Reintegra, pois, só assim, teremos uma economia alicerçada, com ciclos eco-nômicos mais equilibrados e o retorno gradativo do crescimento.

IntEgRaçãO - O teu perfil profis-sional, de administradora de empresas, foi se desenvolvendo ao longo dos anos a partir de que fase da tua vida?

MaRIStEla - Desde pequena, sempre tive uma fascinação muito gran-de por números, por isso da escolha do curso de Auxiliar de Escritório, Eco-nomia e outros na área financeira e de gestão. Meu sonho era trabalhar em um escritório, parece que o universo cons-pirou para isso... comecei a trabalhar em empresa de móveis da família (tios) em 1976, onde tive a oportunidade de aprender e me aperfeiçoar em todos os setores administrativos, pois na época as estruturas eram pequenas e tínha-mos que ser polivalentes. Em 1980 sai

MULHERES BRASILEIRAS DO SÉCULO XXI

Maristela Cusin Longhi

da empresa da família, pois desejava mais e sentia que poderia crescer. Fui trabalhar na área contábil para empre-sas moveleiras. No mesmo ano, eu e meu marido Euclides abrimos nossa primeira empresa, que vendia matérias--primas para a indústria de móveis. Nela, eu cuidava de toda a parte operacional, conciliando com o serviço de conta-bilidade que prestava para outras em-presas. Analisando a potencialidade do mercado de móveis, em 1995, convidei meu irmão Ivo Cusin para fundarmos a Multimóveis, onde atuo desde então como Diretora Administrativa Financei-ra, o que muito me orgulho.

IntEgRaçãO - Ao contrário das mulheres europeias, que optam entre carreira profissional e família, as brasi-leiras assumem os dois desafios. Como conseguistes conciliar a administração de tua empresa e a participação em entidades de classe com a atuação fa-miliar?

MaRIStEla - Não é fácil. Tem que ter foco, determinação e ser muito or-ganizada para conciliar tudo. Tenho na empresa uma estrutura que respalda a minha participação em entidades, me dando todo o suporte necessário. Te-nho um amor muito grande pelo que faço. Creio que isso ajuda a enfrentar os desafios que estes cargos impõem. Meu trabalho nas entidades, em prol do setor de móveis, também ajuda as nos-sas empresas, pois na minha visão, não é simplesmente uma empresa, ou um setor, é parte da minha vida. Comecei a participar das atividades nas entidades quando minhas filhas já tinham idade e responsabilidade para não precisarem da constância da mãe. Criei elas para serem independentes, para serem do mundo e, ao mesmo tempo, responsá-veis com o meio e a sociedade em que estão inseridas. E observo que acertei... quando as vejo profissionais competen-tes, centradas, mães amorosas e zelosas com seus filhos. Por outro lado, meu marido sempre foi um grande compa-

nheiro e incentivador dessas escolhas e isso, com certeza, fez a grande diferen-ça. Isso muito me orgulha, pois vejo que hoje as mulheres têm um papel funda-mental no mundo globalizado, quer por sua força, competência, determinação e foco, quer pela aliança que construímos com nossos colegas e parceiros na so-ciedade.

IntEgRaçãO - No mundo de negócios e na diretoria de entidades setoriais, onde ainda prevalecem os homens, chegastes a enfrentar alguma “saia justa” por ideias ou posturas mais ligadas ao emocional, forte no sexo fe-minino, em contraponto ao contexto ra-cional, próprio do sexo masculino?

MaRIStEla - No início da minha carreira realmente isso era mais pre-mente e frequente. Como sempre tra-balhei em cargos de gerência, muitas vezes lidei com situações em que ho-mens mais velhos eram subordinados. Em decorrência havia a diferença por eu ser mais jovem e também mulher, o que gerava alguns problemas. Mas sempre procurei tratar estas questões de forma profissional e, com o tempo, a gente aprende a dar valor somente ao que merece. Nunca entendi que compe-tência e comprometimento fossem tra-tados por gênero. Para mim não existe esta diferença. Profissionalmente somos colegas de trabalho e não estamos aqui para competir e sim para aproveitarmos as melhores competências de cada um em prol dos melhores resultados. Eu sou uma pessoa muito emotiva com a minha família, com meus amigos e com as pessoas que eu gosto, mas profissio-nalmente sou muito racional, objetiva e determinada. Sou uma prova do novo mundo que estamos vivendo. Foram homens que lideram o setor e também as entidades, que me escolheram e me indicaram para os cargos que assumi e que continuo dando a minha contribui-ção. Cargos que honro com o meu tra-balho e dedicação.

IntEgRaçãO - Quantos polos mo-veleiros existem no Brasil e quais são seus diferenciais?

MaRIStEla - São basicamente 17 grandes polos moveleiros, localizados em Bento Gonçalves (RS), Lagoa Verme-lha (RS), São Bento do Sul (SC), Chape-có (SC), Arapongas (PR), Curitiba (PR), Grande São Paulo, Votuporanga (SP), Mirassol (SP), Valentin Gentil (SP), Ubá (MG), Belo Horizonte (MG), Grande Rio de Janeiro, Linhares (ES), Recife (PE) e Fortaleza (CE). São polos com perfis dis-tintos de móveis, tecnologias, inovação e design, mãode-obra aplicada, plantas industriais e que, em síntese, produzem dormitórios, sala de jantar, sala de estar, estofados, modulados, escritórios, col-chões e outros.

IntEgRaçãO - Quanto por cento das empresas de móveis do Brasil tra-balham exclusivamente para o mercado interno e quantas exclusivamente com o mercado externo?

MaRIStEla - A maioria das em-presas brasileiras está voltada para o mercado interno - cerca de 80%, por ser um mercado grande, de domínio e conhecimento dos fabricantes e das ne-cessidades dos consumidores. Para as empresas acima de 30 funcionários, o índice de exportadores é de 20%, o que nos mostra um total de quase 800 ex-portadores de móveis no país - regular ou ocasional. Abaixo de 30 funcionários, a ocorrência de exportadores é de qua-se 0%.

IntEgRaçãO - A fórmula do setor moveleiro é o Associativismo?

MARISTELA - Acredito muito no Associativismo como o diferencial para as indústrias e os setores produtivos e sempre dei o melhor de mim por esta causa. Trabalho com muita dedicação, transparência e profissionalismo, contri-buindo para o fortalecimento da cadeia produtiva de madeira e móveis e do se-tor como um todo.

Cada vez mais as mulheres brasileiras, guerreiras, brilham administrando empresas e liderando entidades representativas de cadeias econômicas. A maioria dessas mulheres tem família para dar atenção e atende à demanda.

Qual é a formula do sucesso para o conciliamento das funções? Cada mulher tem a sua, mas todas parecem envolver amor e determinação, como a da empresária Maristela Cusin Longhi, de Bento Gonçalves, que no dia primeiro de janeiro deste ano assumiu a presidência da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), com mandato até 31 de dezembro de 2021.

Maristela, que também integra o Conselho de Administração do Hospital Tacchini, diz ser “uma prova do novo mundo que estamos vivendo”.

Foto: Arquivo Pessoal

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019ENTIDADES10

Com mais de 500 alunos, o Projeto Servir, do Sindiserp, tem mostrado a importância da qualificação acessível e de baixo custo para servidores públi-cos municipais e para a comunidade em geral.

Os cursos oferecidos, de idiomas e semiprofissionais, atendem desde crianças a terceira idade, criando op-ções de melhorias na vida profissional, lazer e conhecimento.

Os cursos de idiomas oferecidos são os de Inglês, Francês, Italiano e Espanhol. Os de conhecimento e se-miprofissionalizantes são de Libras, Informática Básica, Patchwork, Corte

Sindiserp conta com mais de 500alunos nos cursos do Projeto Servir

e Costura Básico I e II e E.V.A. Também são oferecidas aulas de Reforço Escolar para dependentes de sócios do Sindi-serp, nas disciplinas de Matemática e Português.

A Presidente do Sindicato dos Ser-vidores Públicos Municipais, Neilene Lunelli, ressalta que a procura pelos cursos tem aumentado e o objetivo é aumentar a oferta também. “Pensa-mos na qualificação do servidor e dos seus dependentes e também na me-lhoria de vida do apostando que pode utilizar o conhecimento adquirido nos cursos para aumento da renda, além de lazer” destaca.

Foto: Divulgação

Contribua para a construçãodo Tabernáculo de Deus

A Campanha RETA FINAL para a conclusão do prédio principal do Ta-bernáculo de Deus, lançada em 2017 pela Fundação Fraternidade, conta com a sua oração e sua colaboração financeira. O complexo em constru-ção, em Porto Alegre, vai compreender:

l FORMAÇÃO ESPIRITUAL: Formação de Seminaristas e Sacerdotes, Retiros e Cursos de Espiritualidade, Adoração ao Santíssimo Sacramento, Santas Missas e atendimento espiritual

l FORMAÇÃO HUMANA: Cursos para jovens, Aulas de música, Pales-tras com temas de interesse da comunidade

l ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA: Capela para 200 pessoas, Espaço ao ar livre para eventos, Loja de Artigos Religiosos

l CENTRO DE APOIO AO MISSIONÁRIO: Secretaria da Fraternidade, Dormitórios para missionários, Biblioteca

l MEIOS DE COMUNICAÇÃO: Estúdios de Rádio e Televisão, Centro de Processamento de Dados

Você pode ajudar na construção do Tabernáculo de Deus fazendo o seu depósito em nome de FUNDAÇÃO FRATERNIDADE em uma destas contas bancárias:

BanCO DO BRaSIlAgência: 2822.3 - Conta: 4292.7

CaIXa ECOnÔMICa FEDERalAgência: 0958 - Conta: 013 - 34154.2

BanRISUlAgência: 0624 - Conta: 06850035.0-4

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019 11ENTIDADES

O Sindicato Rural da Serra Gaúcha, com sede em Bento Gonçalves, pro-moveu uma festa para comemorar os cinco anos de fundação da entidade, em 28 de março de 2014, e o primeiro ano de vigência da carta sindical, obti-da em 5 de abril de 2018.

O evento, ocorrido no último dia 7 de abril, reuniu cerca de 600 pesso-as no salão comunitário do distrito de Tuiuty, interior de Bento Gonçalves. A programação iniciou com assembleia, seguida de pronunciamentos de lide-ranças e autoridades, homenagens e almoço festivo. O presidente do Sin-dicato, Elson Schnneider, foi home-nageado pelo sistema Farsul por sua atuação frente à entidade. Em para-lelo, houve exposição de produtos de empresas parceiras do Sindicato.

O evento foi marcado ainda pelo lançamento oficial da terceira edição da Tecnovitis, que será promovida pela entidade de 4 a 6 de dezembro deste ano, no Hotel Villa Michelon, no Vale

Sindicato Rural da Serra Gaúchacomemorou fundação e legalização

Evento também foi marcado pelo lançamento da terceira edição da Expovitis

dos Vinhedos. Schnneider ressaltou que a Tecno-

vitis, promovida a cada dois anos pela entidade, reúne produtores, fornece-dores e profissionais da cadeia pro-dutiva da uva, para a apresentação de novas técnicas, equipamentos e pro-

dutos. “Além disso, a próxima edição, a exemplo das anteriores, também será marcada por palestras, demonstrações

técnicas em campo e discussões em torno das dificuldades atuais enfrenta-das pelo setor”, adiantou ele.

Presidente do Sindicato, Elson Schnneider, foi homenageado pelo sistema Farsul Exposição de produtos agrícolas

Fotos: Marlove Perin

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019OPINIÃO12

ElvisPletsch

[email protected]

sobre metas e sonhosO pote cultural:

á algum tempo, sentia-me per-dido quanto ao o que queria para a minha vida. Tinha mui-

tos problemas para organizar minhas ideias, pois queria fazer muita coisa e não sabia por onde começar. A ansie-dade, assim como a pressão do am-biente para tomar decisões rápidas, transformou-me em um verdadeiro estrangeiro - no sentido Gessinger da palavra - sem metas definidas e sem rumo certo para seguir.

Foi através dessa frustração que, juntamente a Natália Zucchi (namo-rada, jornalista e colunista deste mes-mo jornal), desenvolvemos aquilo que apelidamos de “pote cultural”.

O nome surgiu por acaso. A inten-ção inicial era colocar frases e trechos de livros e músicas que gostaríamos de lembrar, mas a ideia não pegou. Por isso, reaproveitamos o nome para criar um procedimento para armazenar ob-jetivos, metas e ideias em um velho pote de cerâmica.

O que aconteceu após o uso dessa metodologia foi inesperado: escreve-mos ao menos 50 papéis com aquilo que gostaríamos de fazer, dobrando--os e separando-os em metas de curto, médio e longo prazo. Aos poucos, en-chemos o pote com lugares para via-jar e restaurantes para conhecer, além de metas de vida, como empreender, terminar a graduação, aumentar os in-vestimentos na bolsa, voltar a escrever, fazer cursos ou ver o show de algumas bandas. Se ao longo do ano houvesse algo novo que poderia ser feito, fazía-mos um novo papel para ser adiciona-do aos outros.

Quase um ano depois, não haviam muitas lembranças daquilo que esta-va escrito no pote, pois não tínhamos o hábito de olhar o que estava por lá. Mas, após um breve momento de dú-vidas quanto ao futuro, resolvemos rever todos os papéis. O resultado nos surpreendeu. Cumprimos muita coisa que havíamos esquecido, e boa parte das outras metas e ideias estavam sen-do encaminhadas.

Faça você mesmoNão é difícil aplicar essa metodolo-

gia em casa. É necessário um recipien-te qualquer, caneta e papel. No nosso caso, utilizamos um pote de cerâmica, caneta hidrográfica e papel colorido.

Após conseguir esses itens, basta anotar tudo aquilo que você quiser fazer, seja amanhã ou em cinco anos. Pode ser qualquer ideia. Comece lem-brando das coisas pequenas, como visitar um amigo ou conhecer algum lugar, para depois se aprofundar e colocar seus maiores desejos, como viajar para outro país, conseguir um novo emprego ou ter filhos. Não existe ideia ruim, até porque, posteriormen-te, você vai mudar sua personalidade e descartar aquilo que não desejar mais.

Também há a possibilidade de criar uma gamificação, escrevendo prêmios atrás de cada folha para gra-tificar-se ao cumprir com aquilo que foi escrito. Mas lembre-se de ir com cautela, pois isso pode lhe deixar sem dinheiro algum. Em nosso caso, não desenvolvemos nenhum sistema de recompensas por nossas metas, até porque entendemos que alcançar as metas é a própria recompensa.

Por fim, basta trabalhar para alcan-çá-las e estabelecer um período para verificar o que está dentro do pote. Nós pretendemos olhar os papéis uma vez por ano, sem o compromisso de ficar verificando-os regularmente, mas nada lhe impede de fazer isso com fre-quência.

Para marcar aquilo que foi alcan-çado, nós colocamos os papéis desdo-brados no fundo do pote, para futu-ramente lembrarmos de tudo aquilo que conquistamos, além de desfrutar da mesma sensação de olhar para um antigo álbum de fotografias.

O verdadeiro aprendizadoJá havia ouvido falar sobre a ne-

cessidade de uma definição de metas, mas por acreditar na habilidade huma-na perante a incerteza, sempre achei que uma organização de objetivos

pessoais era besteira.É claro que eu estava errado. Ape-

sar da nossa fórmula focar somente no resultado, e não nos meios para al-cançá-lo, colocar os objetivos no papel tornou-se um método inconsciente de organizar aquilo que é mais significa-tivo.

Foi através dessa experiência que conseguimos perceber a mudança da nossa mentalidade durante todo esse ano. Várias conquistas realmente fo-ram grandiosas para a nossa realidade, mas como amadurecemos e nossos gostos mudaram, vários objetivos já não faziam mais sentido e simples-mente foram rasgados. Assim, a pos-sibilidade de encarar alguns velhos sonhos e deixá-los para trás ficou mais fácil, pois conseguimos visualizar to-dos os outros sonhos prestes a entrar no forno.

A experiência também serviu como uma injeção motivacional – veja só, rendeu até um texto. Não somos diferentes da maioria. Assim como nossos pais e avós, muitas vezes re-clamamos que o ano passou rápido e temos convicção de que não fizemos nada. Mas quando tiramos os papéis e vimos que muita coisa foi conquistada, acabamos deixando de lado o pensa-mento rotineiro de que as coisas não andam bem. Na verdade, boa parte da cobrança diária por novas conquistas só existia porque criamos o costume de esquecer as nossas conquistas an-teriores.

Seguindo os passos de Eric Ries, chegamos à conclusão de que até não falarmos a nossa ideia atual, nunca vamos ter uma melhor. É por isso que nessa última revisão de metas, outros dez papéis foram escritos, e espera-mos que boa parte deles possam ser colocados no final do pote pelos pró-ximos anos. Caso isso não aconteça, ao menos teremos aprendido uma grande lição: sem valorizar o presente e o passado, vamos viver sempre pelo futuro - e quem é que sabe o que vem por aí?

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

...sem valorizar

o presente e o

passado, vamos

viver sempre pelo

futuro - e quem é

que sabe o que

vem por aí?

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019 13OPINIÃO

ancillaDall Onder

[email protected]

Zat

Do Livro à Leitura

omemora-se, no dia 23 de abril, o Dia Mundial do Livro, mas pouco se reflete sobre o seu significa-

do através dos tempos.O homem utilizou os mais diferentes materiais

para registrar sua passagem pela terra desde a pintura rupestre (escrita e pintura no rochedo) ao e-Book dos dias atuais. Assim, ao olhar para a pequena Gabriela, de oito meses, virando curiosamente as páginas de seu livro de pano, percebe-se o significado inicial dado pe-los dicionários ao livro: “reunião de folhas ou cadernos presos por um dos lados em capa flexível ou rígida”. Através dos tempos variaram as folhas de papiro, per-gaminho, papel e/ou virtual, conservando a essência da sua finalidade.

É interessante lembrar que a escrita no papiro deu surgimento à classe dos escribas, enquanto o pergami-nho, de maior durabilidade, favoreceu a conservação de ideias e da história.

Na Idade Média, os mosteiros eram os guardiões dos livros sagrados, inclusive a Bíblia, e os copistas transcreviam obras do pensamento grego e atuais daquela época. Convém lembrar a invenção da pren-sa por Gutemberg para estudar melhor o processo de evolução para o livro impresso. Hoje, o livro digitaliza-do pode ser lido no seu celular ou tablet, facilitando o

C acesso às obras e a leitura das mesmas.Em 1926, a Câmara de Barcelona oficializou o Dia do

Livro, 5 de abril, data de nascimento do escritor Miguel de Cervantes, que foi proposta pelo escritor Valenciano Vincet Clavel Andrés. Entretanto, em 1995, foi criado o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, organizado pela Unesco, para promover o prazer da leitura, a publica-ção de livros e a proteção dos direitos autorais de quem escreve. Esse dia, 23 de abril, lembra a data de morte de William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Graci-liano de la Vega. Na tradição catalã, que comemora São Jorge nesse dia, é costume dar uma rosa para quem com-pra um livro.

Em abril, dia 18, comemora-se também o Dia do Livro Infantil, em homenagem a Monteiro Lobato, numa refe-rência à data de seu nascimento. Aliás, no Brasil comemo-ra-se o Dia Nacional do Livro e a Semana da Biblioteca, de 23 a 29 de outubro, desde 1980, para incentivar o ensino, a pesquisa e extensão.

As datas não são apenas lembretes, mas um incentivo à leitura, cujo hábito deve ser desenvolvido desde cedo em casa pelos pais e na escola pelos professores. A leitura abre as portas para o conhecimento e dá asas à imagina-ção. Este é o significado e o sentido do livro, não impor-tando se for de pano, papel ou virtual.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019RURAL14

Valor biológico e nutricional da Carne de Peixe

thompssonDidoné

EnólogoEmater/RS - ascarBento gonçalves

[email protected]

Neste mês aumenta o consumo de peixes, em decorrência da Semana Santa e da tradição do consumo de pescado.

O consumo do pescado deveria ocorrer com mais frequência. Reco-mendações nutricionais indicam seu consumo como importante, ao menos uma vez por semana.

Existem muitas razões para intro-duzir o peixe na alimentação, além de ser um alimento muito saboroso. Os peixes são fontes de proteínas, vita-minas e sais minerais. Peixes gordos têm maior teor de vitaminas A e D no corpo. Os magros concentram estas vitaminas no fígado.

A proteína da carne dos peixes é de alta digestibilidade e de grande va-lor biológico, ou seja, é possível absor-ver até 45% do volume da carne de um peixe que se tenha ingerido. A quanti-dade necessária de carne de peixe por dia para suprir as necessidades de ma-nutenção de um ser humano de tama-

nho e peso normal é de 100 gramas. O valor biológico se dá em função de que as proteínas presentes na carne de peixe apresentam todos os amino-ácidos essenciais ao organismo huma-no, entre outros.

Os minerais presentes na carne de peixe são Cálcio, Ferro, Iodo, Fósforo, Cobre e Magnésio em grandes propor-ções. Estes mine-rais são necessários para a formação de ossos e dentes e também ajudam as proteínas e vitami-nas na formação, regularização e fun-cionamento do organismo.

A carne de peixe possui baixo teor de gorduras e tem menor valor calóri-co que outros tipos de carne. Deve-se observar que peixes muito gordos po-

dem apresentar até mesmo colesterol, uma vez que possam ter sido criados com uma dieta desbalanceada e se-jam animais muito velhos.

tEMPO DE aRMaZEnagEMl Peixes magros: de 6 a 8 mesesl Peixes gordos: de 1 a 3 meses

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 2019 ESPORTES 15

Com dificuldades financeiras, Bento Vôlei cobrará mensalidade para atletas das categorias de base

A realidade financeira do Brasil não é das mais pujantes e o reflexo é sentido também no esporte. O Ben-to Vôlei, instituição criada em 1999, também tem absorvido os efeitos do momento negativo. Após abandonar a Superliga (principal competição de voleibol do país) em 2017 por falta de recursos e patrocínios, o clube voltou a atenção para as categorias de base. As aulas, que eram gratuitas para crianças e adolescentes, agora terão uma mensalidade a partir de maio. Atualmente 140 crianças participam do projeto de categorias de base e es-tão divididas nas categorias Mini (sub 11), Mirim (sub 13), Infantil (sub 15) e Infanto Juvenil (sub 18), nas modalida-des masculino e feminino. De acordo com o presidente do clube, Romildo Rizzi, o valor será de R$ 50 reais para a categoria Mini (sub 11) e de R$ 100 reais para as demais categorias.

“Estamos instituindo uma mensa-lidade para complementar o projeto de Categoria de Base, que tem um enfoque mais competitivo. Isso foi ne-cessário pois todo o esforço de buscar recursos através do imposto de renda não foi suficiente para cobrirmos os custos do Projeto. Entendemos que estamos vivendo um momento eco-nômico onde os recursos estão es-cassos. Fizemos uma reunião com os pais e explicamos isso detalhadamen-te. Também explicamos que o nosso objetivo não é excluir ninguém, que se tiver alguma família que tem difi-culdade em pagar este valor deve nos procurar (ou a Comissão de Pais) para buscarmos alternativas”, explica.

A Comissão de Pais, formada por representantes de cada categoria, serve de interlocução entre os pais e a diretoria. “Cada categoria tem um grupo de WhatsApp, onde recebem as informações e os líderes conduzem os assuntos. O que se percebe é que tem pais que não querem se envolver e depois entendem as coisas de forma equivocada”, lamenta.

O ano de 2019 deve ser um dos mais difíceis para o Bento Vôlei. A

Famílias de crianças e adolescentes contribuirão com mensalidade a partir de maio. Presidente e coordenador das categorias de base justificam a cobrança em função da falta de patrocinadores

esperança de dias melhores está na aposta em um projeto que pode dar fôlego ao clube. “O desafio é transpor este ano, que entendemos ser o mais crítico. Estamos contando com a apro-vação de um Projeto de Base no Pró--Esporte para conseguir isso (só com o valor das mensalidades não dá para cumprir o compromisso assumido em participar do Campeonato Gaúcho, os custos são muito altos). Depois, bus-caremos recursos para 2020”, diz.

Ainda de acordo com Rizzi, as ca-tegorias de base são de extrema im-portância, porque têm por objetivo principal formar cidadãos e não ape-nas atletas. “O nosso objetivo princi-pal não é formar atletas profissionais, mas sim, cidadãos com valores e que possam contribuir para uma socie-dade melhor. Evidente que vibramos quando temos atletas que seguem a carreira profissional. Mas o grande trabalho está nas centenas de adoles-centes que passam pelo Bento Vôlei e

carregam consigo os bons valores que o esporte proporciona”, destaca.

Com a palavra, ocoordenador da baseO coordenador das categorias de

base, Mauricy Jacobs, compartilha do mesmo pensamento do presidente do clube. Para ele, a situação do Bento Vôlei não é diferente das demais as-sociações esportivas, culturais e assis-tenciais do município, estado e país, já que todas dependem de recursos financeiros para exercer suas funções e estes recursos provém de diversos modos. O pagamento de mensalida-de também é justificado com a ideia de que o clube oportuniza as melho-res condições de treino e professores para os atletas, independente da ida-de.

“São três treinadores de nível nacional, que já atuaram em com-petições da Superliga A, ou seja, da mais alta qualidade. O clube oferece

treinamento técnico na quadra (duas horas por dia), totalizando 10 horas de treino semanal para cada categoria. Para isto, paga um alto aluguel pela utilização dos três ginásios usados para treinamento das equipes, com exceção do ginásio municipal, que é gratuito. São mais três horas semanais de treino físico em academia, orienta-dos por professor de Educação Física habilitado a trabalhar nesta área, pa-gos pelo clube, ou seja, são 13 horas semanais de treinos, isto sem contar quando viajam para competições, que normalmente são 12 horas ou mais de atividades”, explica.

Mauricy explica ainda que cada atleta recebe três camisas de treinos, três calções ou bermudas para treinos e jogos, camisas de passeio, uniformes para competição. Em cada ginásio são disponibilizadas de 15 a 20 bolas ofi-ciais, utilizadas nas competições da Federação Gaúcha de Voleibol, que possuem alto custo para sua aquisi-ção”, destaca.

Na opinião do coordenador, mes-mo com todas as dificuldades finan-ceiras, o clube está entre os melhores do país no quesito formação de atle-tas. “São grandes os desafios. O maior é buscar recursos para viabilizar as atividades. É sabido que as empre-sas não patrocinam as categorias de base como forma de negócio ou de-senvolvimento de mídia. Isto é feito somente na Superliga Nacional. Outra dificuldade é o tempo que o trabalho demora para apresentar resultados. Para formar um atleta, é necessário no mínimo seis anos de treinamento, aprendizado, competições, e muita capacidade para ensinar a jogar volei-bol competitivo. Fica mais fácil para os grandes clubes, que possuem recur-sos para contratar atletas já formados do que investir muito tempo e dinhei-ro neste processo. Por este motivo, são raros os clubes formadores de atletas no Brasil. O trabalho que o Bento Vôlei desenvolve, garanto, é um dos melho-res dentro dos clubes formadores no Brasil”, salienta.

Categorias de base do Bento Vôlei revelaram atletas para todo o Brasil, como Matias Provensi (primeiro à esquerda) e Welinton Oppenkoski (quarto à esquerda), que atualmente fazem

parte da equipe do Sada Cruzeiro e da base da seleção brasileira

Foto: Divulgação

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Abril 201916 PÁSCOA

Viver a Páscoa com intensidade!

PadreEzequiel

[email protected]

Dal Pozzo

palavra Páscoa significa passagem. Continuamen-te a vida necessita de passagem de uma condição para a outra. A Páscoa vem para nos ajudar a vis-

lumbrar essas passagens necessárias. Em cada momen-to que acontece uma superação, uma renovação, uma mudança da tristeza para a alegria, da crise para a vida que flui, do mal para o bem, em tudo isso, acontece a Páscoa.

Jesus em sua vida fez essa passagem. Ele só fez o bem, mas sofreu a morte, imposta pela maldade e ven-ceu pela força do amor, na ressurreição. As nossas mor-tes também esperam a ressurreição pela confiança no amor. O amor é a força da eternidade para o mundo, para a nossa vida e nossa obra. O amor eterniza a vida. Em Jesus nós também ressuscitamos.

Na Igreja, a Páscoa é a celebração dos últimos acon-tecimentos da vida terrena de Jesus e de sua glória. A Semana Santa inicia com o Domingo de Ramos, onde Jesus é aclamado Rei ao entrar em Jerusalém. Claro, o povo não estava entendendo que o seu reinado se daria pela entrega e não pela força. A Semana Santa é uma oportunidade de retiro espiritual. Cada um pode sintonizar com sua vida, seu coração, angústias e espe-ranças, acertos e erros, meditando a partir da vida de Jesus e do seu caminho de dor, de cruz e de glória.

Tríduo Pascal são três momentos muito importan-tes. Eles formam junto uma única celebração. A Quinta--Feira Santa inicia com o sinal da cruz e esse mesmo

sinal da cruz só é feito novamente no final do ritual do sábado à noite. Na quinta à noite temos o lava pés e a última ceia. Nasce a missa ligada ao serviço. Mesa da partilha com lava-pés da fraternidade universal.

A Sexta-Feira Santa é um dia de silêncio, de medita-ção sobre a dor de Jesus e nela as dores nossas e da hu-manidade. É o sofrimento inocente que precisa de uma resposta. Nesse dia, a contemplação da cruz é a melhor atitude. O jejum é um pouquinho no nosso sacrifício unido ao sacrifício de Jesus. É um dia de silêncio inte-rior e exterior. Música alta e barulho agridem o sentido desse dia.

No Sábado Santo, à noite, temos a celebração da Ressurreição. É o dia mais importante do ano para a Igre-ja. É a Vigília Pascal, segundo Santo Agostinho é “Mãe de todas as Vigílias”. É a festa da ressurreição, a passagem da morte para a vida, da tristeza para a alegria, da de-solação para a esperança. Nessa celebração o mundo inteiro é convidado a ressuscitar. As crianças, os jovens, adultos e idosos, tristes e desesperançados, todos tem um convite a levantar-se de seus túmulos de escuridão, para a luz da vida verdadeira. O Domingo de Páscoa e a semana que sucede a Páscoa são um convite para a con-tinuidade da vida alegre em Jesus ressuscitado. Os ritu-ais convidam a isso. Cada pessoa, pela sua decisão, na força da graça, pode acolher essa intensidade da Páscoa em sua vida. Caminhemos com Jesus que Ele é capaz de renovar nossa alegria e nossa esperança.

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Caderno de Cultura e Arte | Jornal Integração da Serra | Nº 66 | Abril 2019

TERAPIAS ALTERNATIVAS:

EM BUSCA DOEQUILÍBRIO

PÁGINAS CENTRAIS

Reprodução Web

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2 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Abril 2019

Rogériogava

[email protected]

O Homem Mais Feliz do Mundonarrativa nos foi legada pelo historiador grego He-ródoto. Conta ele que no século V antes de Cristo,

existia um reino muito poderoso chamado Lídia, locali-zado na Ásia Menor (onde hoje é a Turquia). Lá, aos trin-ta e cinco anos de idade, subiu ao trono o rei Creso. Ele era um bom monarca; um tanto esnobe demais, é ver-dade, mas o povo de Lídia não tinha do que se queixar.

Eis que certo dia chega à Sárdis, capital do reino, um viajante vindo de Atenas, de nome Sólon. Homem muito sábio, logo despertou a vaidade de Creso, que ordenou fosse ao visitante, mostrada toda a opulência do reino. Creso, você já entendeu, queria se exibir.

Após o tour por riquezas extraordinárias, que incluiu até piscinas gigantescas transbordantes de pedras preciosas, Sólon foi levado à presença do rei. Creso o aguardava em seu modelito básico: um manto craveja-do de diamantes e bordado em ouro.

“E então, caro Sólon” – disse Creso – “agora que viste as maravilhas de meu reino, me responda: quem é o homem mais feliz do mundo?”.

Sólon, que não se deixara impressionar por toda aquela fenomenal fortuna, responde: “É Telos de Ate-nas, majestade”.

Creso ficou estarrecido. Perguntou então a Sólon quem era aquele tal de Telos, de quem nunca tinha ou-vido falar. Como ele poderia ser o homem mais feliz do mundo?

Sólon então explica o porquê da escolha: “Telos era morador de Atenas, nem pobre, nem rico, com uma fa-mília numerosa e bela. Morreu de forma nobre, defen-dendo a cidade que amava. Até hoje é lembrado com láureas”.

Creso não entendeu muito bem o que Sólon estava querendo dizer. “Como um homem que já morreu pode ser o mais feliz do mundo?”, pensou ele. Creso, então, não satisfeito, perguntou a Sólon quem viria logo após Telos no ranking de felicidade. Afinal, o segundo lugar até que não estaria tão mal.

A resposta de Sólon traz nova decepção: “Cleóbis e Bíton” – diz ele –, “dois irmãos de uma nobre família de Argos, honestos e grandes guerreiros. São verdadeiros heróis nacionais. Morreram de total fadiga, após percor-rerem quarenta e cinco estádios puxando a carroça que levava a própria mãe doente ao templo”.

Creso, vendo que nem a medalha de prata da felici-dade lhe fora reservada por Sólon, se enfurece de vez e vocifera com o visitante: “E eu, serei menos do que esse

A Telos e dos dois irmãos heróis? Além disso, estão to-dos mortos! Por acaso não viste toda a minha riqueza? Eu, o grande rei, vivo e afortunado?”.

Ao que Sólon argumenta: “Prezado rei, vossa ma-jestade realmente é um homem muito poderoso e rico, além de admirado por seus súditos. No entanto, quem garante como estarás amanhã? Veja, só posso dizer se um homem é feliz quando sua vida se esgota, para que saibamos se ele morreu na felicidade ou na desgraça”.

Creso seguiu sem compreender. Ao contrário, fi-cou ainda mais bravo com Sólon. Assim, ordenou aos soldados que o mandassem embora de mãos vazias, sem nenhum dos presentes que a ele tinha reservado. Creso não admitia que alguém não o considerasse o homem mais feliz do mundo.

O tempo passou. Dois anos depois, Creso come-çou a se incomodar como os vizinhos Persas (atual Irã), que estavam ampliando o território de forma ame-açadora, sob o comando do rei Ciro. Creso, que não era de levar desaforo para casa, declara então guerra ao reino inimigo. Durante doze dias e doze noites os soldados dos dois lados guerreiam de forma cruel. Ao final, o exército da Lídia é derrotado e o rei condenado à morte.

O fim de Creso estava próximo. Já em seu suplí-cio, ao alto da fogueira e contemplando a própria ruína, ele então começa a gritar: “Sólon, Sólon, Sólon!” Ciro, ouvindo aquilo, chama os intérpretes para interrogar Creso. Quem era esse Sólon que Creso tão fortemen-te evocava? Creso conta então toda a história sobre o aviso de Sólon a respeito da felicidade.

Ciro, emocionado, perdoa Creso, e ordena que o tirem do fogo. Esse, porém, já está em altas chamas, que em vão os soldados tentam apagar. Com as laba-redas lhe alcançando os pés, Creso, em desespero, ergue as mãos para o céu e suplica ao deus Apolo: “senhor dos oráculos, me salve deste fim terrível!”

Creso ainda bradava quando irrompeu uma chuva diluviana sobre o local, apagando de vez o fogo. Ciro, impressionado com a história de Creso, o nomeia con-selheiro do rei. Creso, a partir daí, se torna um homem sábio e ponderado. E muito mais humilde. Ele apren-dera a lição de Sólon: a felicidade é sempre frágil e provisória, e a nenhum homem – nem mesmo ao mais rico de todos – cabe saber até quando será feliz.

* * *

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Mosaico | Jornal Integração da Serra | Abril 2019 | 3

Os jornalistas Carina Furlanetto e João Paulo Mileski estão rodando a América do Sul de carro com o projeto “Crônicas na Bagagem”, em uma expedição que deve durar até dois anos. Suas experiências estão sendo contadas na redes sociais instagram: @cronicasnabagagemfacebook.com/cronicasnabagagemsite www.cronicasnabagagem.com e nas páginas do Integração da Serra.

Fotos: Arquivo Pessoal

O passo mais difícil

Por João Paulo Mileski

uando completamos a sexta noite consecutiva dormindo no carro, com temperatura inferior a

10 graus e um vento congelante de 40 km/h, com o Sandero estacionado na beira da rua onde um “zor-ro” caminhava sossegadamente, no pequeno povo-ado de Cerro Sombrero - na parte chilena da Terra do Fogo - publicamos uma foto nas redes sociais do nosso “dormitório” e algumas pessoas escreveram ressaltando que era preciso coragem para isso.

Pensei por um tempo naquilo e, analisando o contexto, de fato talvez tivemos que ser um pouco audaciosos para simplesmente dormir em um carro pequeno, em local público, em uma cidade desco-nhecida. Mas a verdade é que, na hora, nos pare-ceu como algo natural. Havia bons motivos para nos acomodarmos em Cerro Sombrero por uma noite: os banheiros públicos mais limpos que eu já conheci, ducha quente e wi-fi grátis, além de referências de outros viajantes que já haviam passado por lá ante-riormente. Todos esses fatores, somados ao peso do cansaço, fez com que não titubeássemos quando le-vantamos a hipótese de ali ficar.

Antes disso, já havíamos ficado dois dias con-secutivos sem banho e nos arriscado em estradas bastante ameaçadoras para um veículo sem tração – tanto é que atolamos uma vez. Mesmo assim, apesar de tudo o que já vivemos nesses quase dois meses de expedição, talvez nosso principal ato de cora-gem tenha sido antes disso tudo começar, quando

decidimos largar tudo para gastar todas as nossas economias e viver dois anos na estrada. Tanto que consideramos a hipótese em 2015 e somente em meados de 2018 vencemos o medo e decidimos le-var a ideia adiante.

Aquele não foi apenas o primeiro passo, mas o mais difícil, o que mais nos custou dias de dis-cussão, análises e noites de sono. O que estava em jogo era abrir mão de trabalho, trancar a faculdade e, possivelmente, voltar a Bento Gonçalves com a poupança raspada.

Hoje, no “final do mundo” – escrevo de Ushuaia -, refletindo sobre o que passou para que chegás-semos até aqui, no entanto, começo a me dar conta de que o maior medo talvez nunca tenha sido deixar tudo isso para trás, mas sim “dar um tempo” em uma forma de vida que, em algum momento, se convencionou como a correta e que, de certa ma-neira, sem nos darmos conta, acaba moldando tudo o que fazemos.

Nós abrimos mão de praticamente tudo para ver e descobrir como é viver exatamente como a gente quer. E por mais difícil e custoso que esteja sendo, a sensação, isso eu posso garantir, é libertadora. Essa é uma experiência que não durará para sem-pre, mas hoje já não vemos o mundo sob uma única perspectiva, e isso, por si só, faz tudo valer a pena. Quando isso terminar, já não seremos os mesmos que éramos antes.

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“O amor, que permeia a tudo e a todos, é a representação do Oni-presente em nós”, afirma a psico-terapeuta holística Katia Ramona Fiedler, que há 15 anos atua na área de saúde energética alquímica volta-da à cura do corpo físico, pelo trato do emocional, mental e espiritual. “O processo alquímico, que propi-cia a limpeza do campo energético, vai ao encontro da necessidade de elevação da consciência individual e coletiva da raça humana, envolta em amarras mentais, emocionais e crenças limitantes”, explica Ka-tia Ramona. De acordo com ela, o processo ajuda as pessoas a se conectarem com o que já são, lim-pando bloqueios, travas, crenças

Saúde energética alquímicaPsicoterapeuta

holística, Katia Ramona

Fiedler, explica técnicas da

proposta à serviço do bem-estar e da qualidade de vida

das pessoas

limitantes, trazendo equilíbrio para desvendar a essência e propósito de vida de cada ser humano. Somos todos importantes e temos todos um papel, uma tarefa a cumprir, seja ela pequena ou grande.

Katia Ramona, formada pela Escola de Alquimia e Florais Joel Aleixo, acrescenta que as técnicas complementares voltadas à saúde energética são indicadas em situa-ções de desequilíbrios físicos e emo-cionais, estresse, depressão, ansie-dade, insônia, bloqueios, traumas, medos, inseguranças, luto, conflitos pessoais e profi ssionais, entre ou-tras de fundo emocional, mental e/ou espiritual. Katia Ramona trabalha com florais, interpretação de mapa natal, alinhamento de chakras com óleos essenciais ou com pedras/cristais, massagem sensitiva, aro-materapia, geobiologia e mesa radi-ônica quântica. De acordo com ela,

essas técnicas podem ser aplicadas em todas as pessoas que estão em busca de saúde, energia, motivação e equilíbrio emocional. “Também são indicadas para quem está se sentin-do fora do seu propósito de vida”, complementa.

Katia Ramona atende no espaço Cuore Coaching Terapias In-tegrativas, na rua Humaitá, 234, centro de Bento Gonçalves, fone (51) 99695-1824.

Florais AlquímicosA terapia floral alquímica é um

sistema de cura holística, que equili-bra a mente, o corpo e a alma. Para a Alquimia, ao longo da vida, cria-mos uma memória energética de tudo que vivenciamos. Os florais do Sistema Joel Aleixo são essências vibracionais que seguem técnicas alquímicas específicas na sua elabo-ração, que atuam/trabalham sobre

essas memórias que, quando nega-tivas ou traumatizantes, podem ser somatizadas como desequilíbrios físicos, emocionais ou mentais.

Alinhamento dos ChakrasCom a aplicação de Reiki, que

além de alinhar os chakras, também reduz e alivia o estresse, provocan-do no organismo uma profunda sen-sação de paz, relaxamento, conforto e tranquilidade. Auxilia ainda na cura de doenças, reduzindo os efeitos colaterais de medicamentos (incluso câncer e os efeitos nocivos da qui-mioterapia) e na desintoxicação de órgãos importantes ao bom funcio-namento do corpo humano, como rins, fígado, bexiga e intestinos.

Massagem AlquímicaA massagem alquímica ou sensi-

tiva estimula e ativa o sistema límbi-co, encarregado de várias funções, entre elas, a do aprendizado e da memória. Benefícios: regula o sono, a libido, o apetite, a temperatura cor-poral; tonifica o poder do olfato e da visão, melhora o sistema de defesa do ser, do instinto primordial.

GeobiologiaA Geobiologia é a ciência que

estuda o impacto das interferên-cias do espaço físico sobre a vida das pessoas que nele habitam ou trabalham. A técnica detecta as in-terferências contidas no ambiente e a quantidade e qualidade dessas energias para posterior harmoniza-ção do imóvel e ativação do fluxo de prosperidade e abundância.

Terapias alternativasbusca por um estado mental, espiritual e físico saudável tem gerado um aumento na procura por terapias alternativas, incluindo uma série de opções de tratamentos. É por isso

que o mercado de trabalho para profissionais de saúde que optam pelas terapias não convencionais, como homeopatia, acupuntura, uso de fitoterápicos e até mesmo a realização de sessões de hipnose têm crescido nos últimos anos. O Jornal Integração da Serra conversou com duas profissionais que trabalham com métodos alternativos para o tratamento de diversos sintomas físicos e psicológicos.

Reprodução

Psicoterapeuta holística Katia Ramona Fiedler

Fotos: Divulgação

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A Hipnose Clínica é um recurso para promoção e restabelecimento da saúde. Tem sido aplicada com êxito em casos de origem psicoló-gica, fisiológica e comportamental. O atendimento é disponibilizado em Bento Gonçalves pela hipnóloga Lia-ra Nunes, cruzaltense de 44 anos, que há nove anos reside no muni-cípio. Ela domina diversas técnicas da terapia, entre elas Hipnose Con-dicionativa, Hipnose Transpessoal, Hipnose Ericksoniana e Hipnose Regressiva. Liara é filiada ao Institu-to Brasileiro de Hipnologia e à Socie-dade Brasileira de Hipnose.

Liara, que esbanja simpatia e bom humor, não esconde a paixão pela hipnose e suas técnicas. Ela é graduada em Letras e Psicopedago-gia, tem duas pós-graduações e um mestrado em Linguística. Também possui certificação em Psicologia Positiva e é Terapeuta Floral.

Ela explica que o principal é entender a necessidade de cada paciente.“Como conheço as várias linhas da hipnose, utilizo as técnicas que melhor se ajustam ao processo terapêutico”.

“Um dos modelos criados para melhor exemplificar como a nossa mente funciona no estado de hipno-se é o desenvolvido pelo hipnotista americano Gerald Kein (1939-2017).

Atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza 29 práticas alternativas de tratamento, sendo que 10 foram intro-duzidas no último ano. Em Bento Gonçal-ves, de acordo com o Secretário Adjunto de Saúde e Coordenador da Fisioterapia do Município, Gilberto Junior, são disponi-bilizadas as técnicas de Acupuntura e Auriculoterapia.

“Adotamos essas técnicas em 2018. A acupuntura, aplicada na Central de Fisio-terapia por três profissionais, é voltada ao

Hipnose Clínica

Tratamento é disponibilizado em Bento Gonçalves pela hipnóloga

Liara Nunes, no Centro Clínico Oswaldo Cruz. Técnica tem sido aplicada com êxito em casos de

origem psicológica, fiosiológica e comportamental

Foto: Rodrigo De Marco

Ele dividiu a mente em três: cons-ciente, subconsciente e inconscien-te. O cérebro é a parte física, como se fosse o hardware do computador, e a mente é a parte não tangível, como o software. A mente conscien-te é onde estamos o tempo todo, é você no seu dia a dia e como você lida com a rotina. Temos a mente subconsciente, que é quem nós so-mos em essência, aquilo que está lá guardado no fundo. Cinco por cento da nossa mente é consciente e no-venta e cinco por cento é subcons-ciente. A hipnose atua na mente subconsciente”, afirma.

“Através da hipnose consegui-mos ultrapassar o fator crítico da mente consciente e, desta forma, es-tabelecer comportamentos e emo-ções desejáveis. Por meio de uma regressão de idade, o paciente con-segue localizar a primeira vez que sentiu determinado mal estar. Desta forma, é capaz de ressignificar emo-ções e comportamentos. A hipnose é um método terapêutico curto, com média de cinco consultas, centrada em uma terapia breve”, salienta.

Bem-estar do paciente

O trabalho de Liara é centrado no bem-estar do paciente, aliando sua empatia ao profissionalismo.

Mesmo após o término da terapia, a hipnóloga tem por hábito conti-nuar acompanhando o progresso da pessoa que fez o tratamento. De acordo com a profissional, “o que-rer” parece óbvio, mas há pessoas que vão ao consultório motivados por outra pessoa, normalmente a mãe ou o cônjuge. “Sendo assim, é fundamental deixar claro que só en-tra em transe hipnótico quem quer entrar, ninguém hipnotiza ninguém. O transe é sempre uma auto-hipno-se, em que o hipnólogo, que é um técnico hábil, guia o paciente. O pa-ciente precisa confiar em você para ser guiado a um estado de transe hipnótico, como é necessário tam-bém que ele permita que você seja o guia nesse processo de autocura. Esses fatores são primordiais para o sucesso da hipnose”, diz.

“Às vezes as pessoas pensam que vão ter que contar segredos e coisas que não querem porque esta-rão hipnotizadas. Isso não acontece, elas irão falar o que desejam falar. O hipnotizador não controla o dese-jo do paciente, como também não existe a possibilidade da pessoa não voltar do transe. Estaremos jun-tos para resolver o problema, somos uma dupla. Esse é o primeiro ponto! Depois é se entregar ao processo. A mente subconsciente será “repro-

gramada” para comportamentos e pensamentos, sempre respeitando os valores éticos e morais da pes-soa”, salienta.

“A hipnose é indicada para uma série de questões e não tem con-traindicação. Tratamos fobias, trau-mas, medos, ansiedade, insônia, preparação para o parto e para pro-vas escolares, de CNH, concursos, vestibulares, entre outros, por dimi-nuir a ansiedade e aumentar a con-centração. Também é indicada para tratamento de alergias, gagueira, emagrecimento, sinusite, bronqui-te, asma, tabagismo e alcoolismo,” destaca.

Liara cita o um caso de uma pa-ciente que antes do tratamento le-vava uma vida repleta de medos. “A paciente chegou até mim queixan-do-se de isolamento, falta de moti-vação e de vontade de viver em co-munidade. Ela sofria de fobia social. Nós conseguimos chegar às causas que a levaram a esse sentimento. Com o tratamento, suas emoções e comportamentos se modificaram. Sua vida tomou um novo rumo”.

O consultório de Liara Nunes está localizado no Centro Clínico Oswaldo Cruz, sala 1001, na rua Ge-neral Osório, 309, em Bento Gonçal-ves. Contato através do Whatsapp/celular: (54) 99197 8034.

Em Bento, duas terapias alternativas são disponibilizadas pelo SUSatendimento de pacientes crônicos, com um quadro de dor prolongada”, explica.

De acordo com a enfermeira Nubia Beche Lopes, a Auriculoterapia também é indicada para amenizar dores, através da utilização de sementes e cristais. “Todas as quintas-feiras a técnica é aplicada em até 15 pacientes. Na terça-feira pela ma-nhã aplicamos em funcionários da saúde. O ambulatório da Auriculoterapia está lo-calizado na Unidade central do SUS”, en-fatiza.

Acupuntura Auriculoterapia

Reprodução

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Cesaranderle

Diretor da Anderle Transportes

Páscoa

...a Páscoa existe

para relembrarmos o

quanto é importante

nos darmos conta

de que cometemos

erros iguais aos que

julgamos do alheio.

Programe-se

stamos entrando num período do ano em que as mentes dos fiéis das igrejas cristãs ficam mais focadas na reflexão a res-

peito do perdão e de como está em nosso coração esta tão deli-cada, mas abençoada, palavra.

Jesus nos desafia em suas narrativas a atirar a primeira pedra quem nunca cometeu algum deslize. Complicado para qualquer pessoa dizer e confirmar que jamais cometeu um erro. Incrível como o ser humano, que é dotado de inteligência, não consegue ser coerente em seus atos. Incrível constatar que, apesar de co-metermos o erro, voltamos a cometê-lo novamente.

Mudando o raciocínio, muitas vezes nos vemos a julgar os outros, comentamos e aniquilamos as pessoas com nossos co-mentários. Neste sentido eu me pergunto e lanço esta pergunta para você: - A satisfação de lançar pedras sobre os outros não seria uma maneira de encobrirmos os nossos próprios defeitos ou nossas próprias intenções?

Cabe aqui uma minuciosa reflexão, tomarmos um pouco do nosso tempo e analisarmos no mais ínfimo de nossa sabedoria o quanto de bom tem este questionamento ou o quanto de ruim existe ali neste pensamento.

Se a todo instante nos deparamos com pensamentos e con-versas alheias, será que não estamos esquecendo de nós e dan-do valor somente para os outros? Fico imaginando que, quando isso ocorre, se temos tempo de olhar para os outros é porque não conseguimos olhar para a nossa própria pessoa, ou então porque olhar para dentro de si dá um certo receio, ou nos ma-chuca muito. Se for por esse motivo, então realmente precisamos nos reciclar e refletir a quantas anda nossa consciência.

Mas a Páscoa existe para relembrarmos o quanto é importan-te nos darmos conta de que cometemos erros iguais aos que jul-gamos do alheio. Ela também nos ensina, através de seu mestre, que podemos ser melhores, que podemos perdoar e ser perdo-ados. Jesus transformou pessoas apenas com seus atos e suas palavras de bondade e fé e nos ensina até hoje. Nós também temos a oportunidade de reiniciar nosso viver, basta querermos e nos engajarmos para tal, dependendo unicamente de nossas atitudes e de nosso esforço.

Battle in The CypherQuando: 15 a 21 de abrilOnde: Casa das Artes, Praça Vico Barbieri, Sesc, Dom Quixote LivrariaDançarinos, grafiteiros, rappers, DJs e amantes da cultura urbana e do hip hop do Brasil, de grande parte da América do Sul e até de países europeus estarão na Serra, na atividade que integra o Calendário Municipal de Eventos de Bento.

Cine SescQuando: 23 e 30 de abrilOnde: Sesc BentoSessões da mostra cinematográfica comentada “O Cotidiano e as Cidades como Poesia”. As exibições ocorrem às 20h e têm entrada franca. Os filmes escolhidos para a mostra são “Paterson”, “O Sabor da Vida”, “O que Está por Vir” e “Columbus”. A atividade tem como objetivo mostrar a poesia que não enxergamos devido a imersão em nossas cansativas rotinas.

“Ser feliz é tudo que se quer”Palestra e lançamento do livro “Ser feliz é tudo que se quer”, do escritor gaúcho Juremir Machado da SilvaQuando: 25 de abrilOnde: Dom Quixote Livraria

Festival Música de RuaQuando: 4 e 5 de maioOnde: Rua CobertaUma das atrações definidas é a banda Tuyo, que se apresentará em Bento Gonçalves e Caxias do Sul. Com mais de 35 milhões de seguidores e cinco milhões de views o trio paranaense Tuyo é formada por Machado, Lay e Lio Soares.

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“A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a na-tureza e descobre que ela também tem uma alma”. A frase é do escul-tor francês Auguste Rodin, e que, de certo modo, traduz o pensamento da historiadora Cristine Tedesco. Com doutorado em História pela Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universita Ca’ Foscari de Veneza, Cristine traz consigo uma bagagem cultural repleta de apren-dizados e estilos. Foi pensando em compartilhar seu conhecimento e a vivência que teve em Veneza, na Itá-lia (país onde residiu entre maio de 2016 e maio de 2017), que a jovem decidiu criar o curso História social da arte: conceitos, práticas e visu-alidades. O projeto que iniciou no último dia 11 foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Ben-to Gonçalves. As aulas seguem até o dia 14 de setembro. Para o encer-ramento das atividades está previs-ta uma exposição com os trabalho desenvolvidos. Para a historiadora, um dos grandes objetivos do curso é proporcionar às pessoas a oportu-nidade de conhecer e ter um contato mais próximo com a história da arte.

“Pensei o projeto para oportuni-zar para as pessoas algo a mais so-bre a arte. Eu acredito que falte essa parte mais educativa sobre a arte e como foi produzida ao longo do tempo, porque as pessoas precisam disso, não é só produzir imagem, é importante entender o que significa”, diz.

História social da arteProjeto da

historiadora Cristine Tedesco,

contemplado pelo Fundo Municipal de

Cultura do último ano, promove curso

gratuito

O curso conta com 40 alunos para as aulas conceituais no Sesc e 20 alunos para as aulas práticas na Casa do Artesão. Serão 50 horas de atividades gratuitas e com certifica-ção. Cristine convidou oito artistas para o desenvolvimento das aulas práticas. São eles: Micael Biasin, Geison Ranzi, Eliane Averbuck, Nei-va Poletto, Vildete Pessutto, Rafael Dambros, Celso Bordignon e Juliane Cescon.

Cristine, que é entusiasta e com amplo conhecimento acerca da his-tória da arte, não esconde o otimis-mo acerca do curso. “Estou bem empolgada com a possibilidade de conhecer essas pessoas e entender o interesse delas em participar do curso. Será uma ótima oportunidade para que essas 40 pessoas que irão frequentar o curso conheçam umas às outras e dialoguem sobre a pro-

dução, o consumo e os significados da arte. Também penso em rece-ber sugestões das pessoas para a seleção dos conteúdos. O espaço criado pelo curso oportunizará a construção de saberes e trocas de experiências e, quando as pessoas retornarem aos seus locais de atua-ção, poderão utilizar esses conheci-mentos para ampliar o horizonte de outros indivíduos”, acredita.

O cursoOportuniza reflexões sobre his-

tória da arte a partir de aulas con-ceituais e práticas referentes às téc-nicas utilizadas no passado e suas relações com as formas atuais de produção artística, reconhecendo mudanças e permanências nas re-presentações visuais, no ideal de beleza e nos usos da arte.

Está dividido em dois grandes

blocos de aulas. Um voltado para história, arte, cultura e sociedade, cujas aulas são desenvolvidas no teatro do SESC-BG; e outro de ca-ráter prático, ministrado por artistas convidados, no atelier da Casa do Artesão e do Artista Plástico.

Aulas conceituaisTendo como questão introdutó-

ria a discussão de alguns conceitos fundamentais da história da arte, o curso foi organizado a partir dos períodos histórico-artísticos que cor-respondem à cronologia tradicional, contemplando nuances da história e da arte produzida pelos povos ditos “primitivos”, pelas civilizações egípcia e greco-romana, bem como a produção visual do Ocidente Me-dieval e dos períodos conhecidos como: Renascimento, Barroco, Ro-cocó, Neoclassicismo, Impressionis-mo, Pós-impressionismo, chegando aos mais recentes como o Surrealis-mo, o Dadaísmo, a Arte Déco, a Op Art e a Pop-Art.

Aulas práticas1. Técnicas de desenho e repre-

sentações do ideal grego de beleza;2. Técnicas de pintura sobre ma-

deira e mural utilizadas no Medievo;3. O Renascimento e a técnica

sanguínea;4. Pintura a óleo - técnicas e ma-

teriais do Barroco;5. A pintura de figuras femininas

a partir dos usos da tinta acrílica;6. Representação do feminino

em diferentes locais de trabalho ma-nual na região da serra gaúcha.

7. Técnicas de ilustração com ênfase em aquarela;

8. A Pop Art e os materiais alter-nativos de produção artística.

Historiadora Cristine Tedesco

Rodrigo De Marco

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RIR 2019

natáliaZucchi

[email protected]@nataliazucchi de glamour, cheio de história, mas

tem seu darkside que você conhece por aqui, caso ainda não teve a ex-periência de ficar bem próximo das atrações.

Possíveis cenáriosO negativo: desodorante nem

sempre cumpre seu papel (então passe bem o seu) e nem todo mundo é educado ou se importa com o seu bem-estar. Estou falando principal-mente da galera que entra no parque já no início dos shows e quer chegar na grade nem que seja no tapa - sempre tem. Água é ouro depois do segundo show do Palco Mundo, en-tão garanta a sua garrafa bem cheia para sobreviver até o último minuto. Depois da segunda banda, dificil-mente vai aparecer um ambulante lá na frente, e abandonar os centíme-tros quadrados conquistados está fora de cogitação. Lembre que são mais de 100 mil pessoas que estão bem atrás de você.

O positivo: tem aquele outro lado lindo que todo mundo fala. A energia dos shows, ver a banda que você mais curte dando o máximo em cima do palco e as amizades, a galerinha do outro lado do país, dos estados mais longínquos, quem veio curtir o festival e foi super gente fina com você, cantou com você, divi-diu água com você, chocolate com

O que você precisasaber antes de ir

inguém fala sobre o sol forte, sobre o calor carioca, sobre

as horas na fila, sobre a correria na entrada, as horas de espera próximo às grades, do calor, da chuva, do suor, dos cheiros desagradáveis, de gente fazendo xixi no seu tênis, mui-to menos sobre o fato de que você corre o risco de ser esmagado por outras pessoas mais altas que você, caso decida manter seu lugar perto de um dos maiores palcos de um dos maiores festivais do mundo. Ali-ás, você provavelmente vai ficar sem ar muitas vezes ao passar pelas on-das humanas, que empurram primei-ro a galera contra a grade e depois a galera da grade empurra de volta - tudo para movimentar o pessoal e ver se alguém decide (na força) abrir espaço. Sim, o Rock in Rio é cheio

você, dorflex com você (droga lícita que sugiro levar para o festival caso queria aguentar o dia inteiro em pé na festividade). Adicionou no Face-book, seguiu no Instagram e até hoje você mantém contato. A energia do lugar mescla diferentes estilos e pes-soas de todos os estados, e prova-velmente você vai encontrar alguém do Sul, de Caxias ou Porto Alegre perto de você.

Dicas dadas, vamos ao contexto históricoO Rock in Rio chega a sua 20ª

edição neste ano, a oitava em solo carioca, que será realizada nos dias 27 a 29 de setembro e 3 a 6 de ou-tubro, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, com ingressos entre R$ 262,50 a R$ 525. Abril é o mês das vendas para o público geral, sen-do comum o esgotamento dos dias mais disputados em poucas horas.

Mas vamos fazer um tour ao pas-sado. A edição first one do RIR foi em 1985, com uma programação mais rock impossível. Graças ao seu fundador, Roberto Medina, que está por trás do festival até hoje, o Bra-sil viu o maior festival de música do planeta com AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Queen, Scorpions, Whitesnake, Rod Stewart, Yes, Barão Vermelho, Os Paralamas do Suces-so e mais. O evento foi um incentivo

para essas grandes bandas incluí-rem a América do Sul nas turnês, que antes não chegavam perto daqui. De 85 até então, já se passaram 19 edi-ções (BR, Europa e EUA), melhoran-do ano a ano, não só na produção musical, como também na estrutura de entretenimento que o evento vem se consolidando (aqui mais uma parte positiva, continue a leitura). É um verdadeiro parque de diversões! Roda Gigante,Tirolesa, Montanha Russa e a rua temática já são clás-sicos. Hoje uma série de lojas, área vip, áreas gastronômicas e diversas opções de tendas e espaços com música vem agregando ainda mais as atrações do festival. Fui em 2013 e em 2017, e a estrutura ganhou um up considerável entre esses quatro anos. Para 2019, Nave, Rock Street Ásia e Espaço Favela prometem ser os diferenciais da edição.

Desde 2011, a Cidade do Rock abre suas portas a cada dois anos para receber bandas e artistas do mundo inteiro. Nesses mais de 30 anos, mais de nove milhões de pes-soas passaram pelo festival.

Dica finalSe você tiver condições financei-

ras e tempo para programar um dia extra no Rock in Rio, vá para curtir o parque e finalize a noite com os shows, mesmo que seja de longe.