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7/26/2019 Rodas de Leitura http://slidepdf.com/reader/full/rodas-de-leitura 1/9 RODAS DE LEITURA COMO ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 1 Márcia Marin Vianna 2 Patricia Braun 3 [...] a roda de leitura, ou qualquer evento onde a  palavra circule, é uma aventura quase sempre imprevisível, o que lhe dá um sabor de novidade. (Garcia, s/d) Planejar e promover dinâmicas que favoreçam tanto a ação pedagógica do  professor quanto a aprendizagem dos alunos são atividades docentes rotineiras !uando tais situaç"es estão relacionadas ao cotidiano escolar das s#ries iniciais do ensino fundamental, temos a percepção de que professores se engajam em uma $usca cont%nua  por formas variadas de ensinar e de aprender &alvez, por ser o in%cio de um processo de engajamento no mundo acad'micoescolar, no qual os estudantes, ainda com idades muito tenras, precisem, de fato, de estrat#gias adequadas sua fai*a et+ria e ao seu desenvolvimento omo professoras de uma escola da rede p-$lica de ensino, tida como um locus de ensino de e*cel'ncia, entendemos ser relevante relatar e compartil.ar como uma estrat#gia de ensino, em especial, # desenvolvida com sucesso alamos das r!a" !# $#itura, procedimento did+tico que # desenvolvido desde o 01 at# o 21 ano do ensino fundamental, sendo um dos alicerces fundamentais da proposta metodológica desta escola p-$lica 3ssim, o presente te*to tem por finalidades apresentar tal dinâmica, refletir so$re aportes teóricos e vantagens da proposta, e trazer e*emplos do cotidiano, que serão ilustrados por algumas imagens omecemos por definir o que são as rodas 4e uma forma gen#rica, 5ouaiss (6770) define roda como 8c%rculo9 peça circular que gira em torno de um ei*o9 grupo de  pessoas: 3 definição que aqui nos ca$e # a de  grupo de pessoas, ou seja, # uma turma de ensino fundamental que forma uma roda para uma atividade rotineira de leitura, rotineira porque comp"e o dia a dia, constitui o tra$al.o realizado 0  Pu$licado em; P<=&>5, ? 4 @ ABCD, G(Drg) Cultura e formação contribuiç!es para a prática docente >erop#dica (AE); =ditora da FAE, p 2HH, 6707 6 Professora 3ssistente do Bnstituto de 3plicação ernando Aodrigues da >ilveira I 3pF=AE e  professora do =nsino undamental do ol#gio Pedro BB Pela Fniversidade do =stado do Aio de Eaneiro (F=AE); graduação em Pedagogia, .a$ilitação em =ducação =special, +rea 4efici'ncia ?ental9 mestrado em =ducação J Professora 3ssistente do Bnstituto de 3plicação ernando Aodrigues da >ilveira I 3pF=AE

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RODAS DE LEITURA COMO ESTRATÉGIASDE ENSINO E APRENDIZAGEM1

Márcia Marin Vianna2

Patricia Braun3

[...] a roda de leitura, ou qualquer evento onde a palavra circule, é uma aventura quase sempre

imprevisível, o que lhe dá um sabor de novidade.(Garcia, s/d)

Planejar e promover dinâmicas que favoreçam tanto a ação pedagógica do

 professor quanto a aprendizagem dos alunos são atividades docentes rotineiras !uando

tais situaç"es estão relacionadas ao cotidiano escolar das s#ries iniciais do ensino

fundamental, temos a percepção de que professores se engajam em uma $usca cont%nua

 por formas variadas de ensinar e de aprender &alvez, por ser o in%cio de um processo de

engajamento no mundo acad'micoescolar, no qual os estudantes, ainda com idades

muito tenras, precisem, de fato, de estrat#gias adequadas sua fai*a et+ria e ao seu

desenvolvimento

omo professoras de uma escola da rede p-$lica de ensino, tida como um locus de

ensino de e*cel'ncia, entendemos ser relevante relatar e compartil.ar como uma

estrat#gia de ensino, em especial, # desenvolvida com sucessoalamos das r!a" !# $#itura, procedimento did+tico que # desenvolvido desde o

01 at# o 21 ano do ensino fundamental, sendo um dos alicerces fundamentais da proposta

metodológica desta escola p-$lica

3ssim, o presente te*to tem por finalidades apresentar tal dinâmica, refletir so$re

aportes teóricos e vantagens da proposta, e trazer e*emplos do cotidiano, que serão

ilustrados por algumas imagens

omecemos por definir o que são as rodas 4e uma forma gen#rica, 5ouaiss(6770) define roda como 8c%rculo9 peça circular que gira em torno de um ei*o9 grupo de

 pessoas: 3 definição que aqui nos ca$e # a de  grupo de pessoas, ou seja, # uma turma

de ensino fundamental que forma uma roda para uma atividade rotineira de leitura,

rotineira porque comp"e o dia a dia, constitui o tra$al.o realizado

0 Pu$licado em; P<=&>5, ? 4 @ ABCD, G(Drg) Cultura e formação contribuiç!es para a práticadocente >erop#dica (AE); =ditora da FAE, p 2HH, 67076Professora 3ssistente do Bnstituto de 3plicação ernando Aodrigues da >ilveira I 3pF=AE e

 professora do =nsino undamental do ol#gio Pedro BB Pela Fniversidade do =stado do Aio de Eaneiro

(F=AE); graduação em Pedagogia, .a$ilitação em =ducação =special, +rea 4efici'ncia ?ental9 mestradoem =ducaçãoJProfessora 3ssistente do Bnstituto de 3plicação ernando Aodrigues da >ilveira I 3pF=AE

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Kale dizer tam$#m que a dinâmica de rodas de leitura não # uma atividade nova

no cotidiano social, nem tampouco nas escolas Podemos analisar a evolução e

apropriação desse tipo de dinâmica desde a .istória antiga, quando na Gr#cia eram feitas

leituras p-$licas para divulgar as o$ras de um autor e, mais recentemente, em relação ao

cotidiano de muitas fam%lias quando se reuniam em torno de um adulto para lerem e

ouvirem .istórias, lendas, contos, narrativas de uma cultura Garcia (s/d, p0) define a

roda de leitura especificamente como 8um c%rculo ou semic%rculo, reunindo um

determinado n-mero de pessoas em torno do leitorguia:

Lraun, ?oraes, Dliveira e 3lmeida

(677, p 2) compreendem a roda de leitura a

 partir da organização de um c%rculo entre os

alunos, no espaço f%sico da sala de aula,

 preferencialmente afastados das mesas e

cadeiras9 como 8uma forma de dinamizar um

certo aprendizado ou efetivar um o$jetivo ou

C#na 1; roda de leitura J1 ano  conte-do curricular, as rodas t'm representado

no cotidiano uma oportunidade de di+logo, con.ecimento, pesquisa e aprendizado, não

só para os alunos, como tam$#m para nós, professoras:

Kale dizer que o papel de leitorguia apresentado por Garcia, anteriormente, pode

ser feito tanto pelo professor quanto por um aluno, pois nessa dinâmica não .+ a

intenção de colocar os docentes como -nicos mediadores do processo (como se isso

fosse poss%vel), mas como parceiros Mas palavras do próprio autor, so$re os pap#is de

cada um na roda, temos que;

N importante ressaltar que a denominação roda de leitura como rodanão # gratuita, esta # uma formação que pretende que a .ierarquia nãose esta$eleça a partir do lugar que se ocupa =m$ora todos se voltem para o leitorguia, que # uma esp#cie de regente de orquestra, são os participantes que 8tocam: a roda (G3AB3, s/d, p 6)

 Partindo, então, do conte*to em que nos situamos I 01 segmento do ensino

fundamental I acreditamos que a principal finalidade das rodas de leitura # a

 participação efetiva de todos os alunos e o desenvolvimento do .+$ito de ler, como

elemento $+sico para a emancipação e autonomia pessoal e social

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<eitura e educação t'm uma relação evidente K+rios autores consideram o ato de

ler como c.ave mestra para a formação de alunos cr%ticos, como possi$ilidade de

recon.ecimento de sua cidadania, com direitos e deveres

4entre os teóricos que t'm respaldado nossas aç"es nos processos de ensino e

aprendizagem, citamos Paulo reire (0O, 0) por sua contri$uição consistente e

vision+ria, que ressalta a relevância da escola ao proporcionar aos alunos possi$ilidades

 para 8lerem o mundo:, ao lerem a palavra

 Messe sentido, concordamos com ollelo (6772, p H) ao afirmar que 8Paulo

reire, na d#cada de H7, foi indiscutivelmente, o primeiro a c.amar a atenção dos

educadores para a dimensão pol%tica do ensinar a ler e a escrever, defendendo o sentido

dessa aprendizagem como emancipação do .omem vinculada própria possi$ilidade de

ler o mundo:

3 perspectiva de promover estrat#gias educativas que possi$ilitem ao aluno ler o

mundo nos conduz a aç"es coletivas, pois tal leitura não se d+ a partir de percepç"es

isoladas, mas ocorre em ol.ares compartil.ados pelas percepç"es de seus pares, de

 professores, de informaç"es e o$servaç"es que o ato de ler pode trazer

 avorecer ao aluno a o$servação e an+lise de fatos por diferentes ângulos pode

 propiciar o desenvolvimento de sua autonomia Mo entanto, vale o alerta de que não nos

referimos a um aluno autnomo como aquele que faz tudo sozin.o, que não faz

 perguntas durante as atividades, como se fosse autosuficiente j+ no in%cio de sua

formação, autonomia aqui # participação

>o$re essa an+lise, >molQa (0R) nos ajuda a constatar que a escola e seu

conte*to social t'm a tend'ncia de compreender os processos de ensino e aprendizagem

como individuais Messa mesma lin.a, Lraun, ?oraes, Dliveira e 3lmeida (677, p H)

se apóiam na referida autora e esclarecem que;

=ssa concepção tem redundado na produção da ilusão do sujeitoautnomo oncordando com >molQa, acreditamos que # preciso pro$lematizar e superar essa concepção de autonomia para uma id#iade solidariedade, pois ainda .oje para a escola; 83utnomo # aqueleque entende o que a professora diz9 aquele que realiza sozin.o astarefas9 # aquele que não precisa perguntar9 # aquele que não precisados outros Aevelase o mito da autosufici'ncia que, al#m decamuflar a cooperação, aponta e culpa os fracos e incompetentes:(>?D<S3, 0R, p27)

3 culpa$ilização daqueles que não estão dentro do 8perfil: previsto pela escola

# uma discussão que se une s refle*"es so$re dinâmicas de ensino e aprendizagem,uma vez que, dependendo de como se efetivam, podem minimizar ou ma*imizar ainda

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mais o mito da autosufici'ncia >o$ esse prisma, a organização das rodas de leitura

como um espaço e tempo no qual a interlocução não # e*clusiva de poucos, mas de

todos, o coletivo prevalece, assim como as mais variadas formas de interpretar e

compreender uma informação, uma linguagem liter+ria ou po#tica

C#na 2; roda de leitura J1 ano

 Ma pr+tica, como podem se organizar as rodas de leituraT 3s rodas são uma

construção de espaço e tempo dedicados aprendizagem, num conte*to coletivo, onde o

ato de ler # o condutor do ensino

Ds variados anos de escolaridade se ocupam de diversas rodas de leitura;

liter+rias, po#ticas, de not%cias, de ci'ncias, de apresentação de livros, de leituras emcap%tulos 5+ conte*to para cada roda

=las podem ter como leitorguia o docente, alunos previamente agendados para

sua apresentação, alunos que espontaneamente se disp"em a ler, convidados de outras

turmas, depende das propostas de tra$al.o

 Mas rodas liter+rias circulam te*tos cl+ssicos, contos universais, autores

 $rasileiros consagrados, literatura ligada a temas espec%ficos (de acordo com o

 planejamento escolar), como cultura ind%gena ou africana, por e*emplo 3ssim acontecetam$#m com rodas de poesias, que podem privilegiar este estilo de escrita ou compor as

rodas liter+rias

3s rodas de not%cias t'm o jornal (impresso ou on line) como fonte de

informação, e trazem para as aulas atualidades, cenas locais, acontecimentos que não

t'm como ficar fora da escola irculando (ol.a a rodaU) pela sala de aula e entre

estudantes e docentes os mais variados temas, para os interesses mais diversos

Aodas de ci'ncias são as que tra$al.am com um foco e*clusivo nas informaç"escient%ficas referentes s i'ncias Maturais, elas podem ter como fonte de leitura um

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 periódico, como a revista C"C   (i'ncias 5oje para rianças), a revista

#uperinteressante, o caderno de ci'ncia de um jornal de grande circulação local &al

escol.a se esta$elece a partir do planejamento e das propostas de tra$al.o Ma revista

5, por e*emplo, podese esta$elecer que os alunos apresentem nas rodas uma seção

espec%fica da revista, como $oc% sabia..., ou &'peri%ncias &udo depende de um $om

 planejamento

4ocentes podem envolver seus alunos com o mundo da leitura a partir de

leituras em cap%tulos de te*tos liter+rios cl+ssicos, tal estrat#gia causa e*pectativas,

antecipa situaç"es, desperta a imaginação, causa prazer Fma e*peri'ncia vivida

recentemente foi a leitura de  (eninos do (angue, de Aoger ?ello, da ompan.ia das

<etrin.as 3s crianças de J1 ano vi$raram, esperaram, riram e aplaudiram

ada estudante, numa escala que organize as apresentaç"es, pode ter o

compromisso de, após a leitura feita em casa, com ajuda ou sozin.o, ler um trec.o ou

contar/e*plicar algo so$re a leitura feita de um livro

=stes são alguns e*emplos mais gerais de como podem acontecer rodas de

leitura

 Messe conte*to não .+ lugar para um não sa$er, mas para sa$eres diversos que podem

se completar a partir das opini"es, narrativas, discuss"es e o$servaç"es feitas por cada aluno no

decorrer da leitura apresentada na roda Messe sentido, a roda de leitura como uma açãocoletiva de aprendizagem respeita a condição individual de cada aluno

=ssa # uma das grandes vantagens da estrat#gia did+tica da roda de leitura, pois

favorece o aluno para apropriarse das informaç"es, transformandoas em con.ecimentos

significativos para si 3 partir das percepç"es de cada aluno, que são constitu%das pelo seu

modo de pensar a vida e se relacionar com o mundo, uma rede de significaç"es e interpretaç"es

se forma, favorecendo uma construção coletiva

olello (6772, p HO), a partir da an+lise de v+rios referenciais teóricos que em

seu discurso analisam processos de ensino e aprendizagem, como o j+ citado Paulo

reire na d#cada de H7, KVgotsQV (0RO,0RR)9 erreiro @ &e$erosQV (0RH)9 agliari

(0R)9 LaQ.tin (06)9 Sleiman, (02)W >oares (677J), entre outros, diz que;

 Mo conjunto de tantos referenciais teóricos, não se trata evidentementede forçar um entendimento reducionista e simplificador da escrita oudo processo de alfa$etização, mas de trazer parâmetros essenciais parao posicionamento cr%tico na revisão das tradicionais pr+ticas pedagógicas >e, por um lado, respeitar o tempo e a natureza da

aprendizagem, estimular o processo cognitivo a partir do universocultural do aluno e valorizar a dialogicidade da l%ngua no ensino da

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C#na 3; roda de leitura 61 ano

escrita revolucionaram os paradigmas da pr+tica escolar, por outro,representam um desafio na transposição did+tica

3 dinâmica das rodas de leitura pode oferecer essa possi$ilidade de que$ra do

 paradigma de uma pr+tica escolar formatada, que não considera os conte*tos de origem social e

de e*peri'ncias dos alunos, que não se d+ conta de tornar o con.ecimento algo próprio ao aluno

  Ma contramão de muitas atividades que são desenvolvidas nas s#ries iniciais, nas

rodas de leitura não .+ a preocupação com nen.um tipo de registro escrito formal, ou

com leitura oral coletiva, ou ainda, com sequ'ncia de atividades de interpretação

3 intenção # permitir a cada um que dinamiza a leitura ou que a escuta, e*plorar

ideias, narrar fatos, despertar a curiosidade, opinar, apresentar d-vidas, a partir do que

foi lido para/com o coletivo

Fma vez via$ilizado o espaço de interação na roda, as informaç"es passam por v+rios

interlocutores

Fma situação comum # a 8ciranda de livros: que começa a se formar, os alunos assumem

o papel de informantes so$re livros, recomendam leituras ou não, apresentando an+lises so$re a

leitura realizada

Fma rede de cone*"es entre opini"es,

informaç"es se forma no grupo de alunos a

tal ponto que, em alguns momentos, a

 proposta da roda de leitura ultrapassa as

 paredes da sala de aula Aeferimosnos a

momentos em que alunos, em suas casas,

começam a solicitar aos seus pais a compra

de determinados livros eleitos pelo grupo

como muito interessantes, ou quando

outros começam a trazer livros de seu

acervo pessoal para apresentar e emprestar no grupo, ou ainda quando alguns pais c.egam

 perguntando so$re onde conseguir um determinado livro que foi lido na roda e que o fil.o

tam$#m quer t'lo em casa, para ler outras vezes

&razemos como e*emplo a e*peri'ncia com as rodas, numa turma de 61 ano,

com crianças de O e R anos, num projeto did+tico, com duração de 0 ano, so$re a

formação do povo $rasileiro D tra$al.o pedagógico # organizado por meio de

diferentes projetos did+ticos

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Para 5ernndez e ?onteserrat (0R), uma concepção atual de projeto trata o

estudante como protagonista de seu processo de aprendizagem, dando importância

comunicação interpessoal, criatividade, formulação e resolução de pro$lemas

D projeto nasce de uma situação real, aspecto fundamental para que os

con.ecimentos circulem na escola Muma perspectiva de inclusão, não se pode dei*ar de

tratar todos os con.ecimentos como $ens culturais, isso pode possi$ilitar a participação

efetiva de estudantes na sociedade em que vivem

Partindo desta concepção, as salas de aula transformamse em espaços de

 permanentes di+logos 4i+logos com os sa$eres trazidos pelas crianças, com os sa$eres

e con.ecimentos docentes e com os que vão sendo constru%dos cotidianamente 3 sala

de aula, portanto, caracterizase como um espaço/tempo desafiador, de ação, criação,

movimento, pesquisa e refle*ão

 Ma tentativa de promover um enfrentamento e um (re)con.ecimento da

igualdade entre culturas africanas e afrodescendentes e $rancas (euroc'ntricas),

introduziuse, nos planos de curso, uma discussão mais ampla so$re as diferenças, com

o intento de mostrar uma outra )frica I como $erço de culturas milenares I com todas

as sua $elezas, seus reinos, seus con.ecimentos so$re navegação, agricultura,

matem+tica, sistemas pol%ticos, meio am$iente etc =ntão se desenvolveu um projeto

que pudesse apresentar os valores das culturas africanas e de outros povos

 Mum movimento circular (ol.a a roda a%), em conviv'ncia nas rodas, vão se

descortinando para todos (estudantes e docentes) camin.os descon.ecidos, e

transformamse modos de fazer e pensar (n)a sala de aula e para al#m da escola >ão

leituras produzidas e leitores em formação

Para a realização deste projeto did+tico, circulou variada literatura; grandes

navegadores, aventuras no mar, contos e lendas dos %ndios $rasileiros e dos povos da

Xfrica, tradiç"es, culturas, crenças, diferenças e semel.anças entre variadas gentes Messa circulação (novamente o movimento da roda), docentes se deleitaram lendo,

contando, encantando com palavras, sendo, como nas culturas africanas, os gris Y para

os seus alunos

Y 8Gri, e*plica Sonte, surge porque, como a escrita não era usada em certas regi"es da Xfrica, confiavama um grupo social a tarefa de narrar a .istória e, assim, de desempen.ar o papel de memória do povo

africano a$ia, portanto comunidade gri transmitir oralmente a .istória: (3<K=> @G3AB3, 0, pR)

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>egundo irmino (677O, p 0), 8ensinar os alunos a ler os mais diferentes

g'neros te*tuais, adquirindo o gosto pela leitura, pode garantir o seu sucesso ao longo

de toda sua trajetória escolar, al#m de ampliar sua compreensão de mundo:

D ato de ler, por si só, # uma ação que se d+ em diferentes conte*tos e a partir de

diferentes meios 3 escola # somente mais um conte*to o qual, a partir de dinâmicas

como a roda de leitura, pode valorizar e enriquecer as mais diversas formas de leitura

(irmino, 677O)

3 leitura, 8al#m de ser uma questão de t#cnica, # tam$#m de status, de estatuto

de leitor: (idem, p Y)

3s rodas com suas leituras convidam a con.ecer e a pensar so$re o mundo em

que nos encontramos inseridos Melas vemos alunos, com pouca idade, emitindo suas

opini"es, indagando so$re o que ouvem, repetindo e fazendo uso, em outras situaç"es,

das e*press"es usadas pelos autores e apreciando o valor est#tico do arranjo das

 palavras =sta circularidade como espaço/tempo #, e pode ser, prof%cuo para a formação

de leitores, informados, curiosos, instigados, apai*onados pelas .istórias, pelos lugares

e pelas diferentes culturas

Por isso as rodas de leitura cotidianas são cuidadosamente planejadas, procuram

co$rir a variedade te*tual e de interesse dos alunos, mas acima de tudo, $uscam

despertar o prazer de ler

 Messe movimento da roda, os alunos aprendem a esta$elecer diferenças entre o

que # falado e o que # escrito, desenvolvem o prazer em ler, con.ecem os diferentes

g'neros te*tuais, apreciam a $eleza da linguagem, aprendem e compreendem met+foras,

ampliam voca$ul+rio, desco$rem os diferentes ilustradores e seus estilos, perce$em

diferentes tempos e espaços do mundo, tiram conclus"es, relacionam ideias, enfim,

realizam in-meras aprendizagens e constroem variados con.ecimentos

3s rodas de leitura t'm se tornado uma e*pressão de cultura escolar na nossarealidade, quase um rito de preservação de memória, um espaço da palavra que # lida,

ouvida, retida, guardada, reela$orada, transformada

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R#%#r&ncia" 'i'$i(rá%ica"

3<K=> M @ G3AB3 A < O S#nti! !a E"c$a) Aio de Eaneiro; 4P@3 =ditora,

0

L3S5&BM, ? E"t*tica !a cria+, -#r'a$) >ão Paulo; ?artins ontes, 06

LA3FM, Patricia9 ?DA3=>, Eacqueline, D<BK=BA3, ristiane9 3<?=B43, ?nica

A r!a c. espaçotempo  !# a/r#n!i0a(#. n #n"in %un!a.#nta$ 677 Zno

 prelo[

3G<B3AB, A A$%a'#ti0a+, # Lin("tica >ão Paulo; >cipione,0R

D<=<<D, >ilvia ?attos Gasparian R#/#n"an! a" Din.ica" P#!a(4(ica" na"

C$a""#" !# A$%a'#ti0a+, Bn Kidetur J7 Zon line[ >ão Paulo; ?andruv+, 6772

Disponível na internet em \.ttp;//]]].ottoposcom/videturJ7/silviapdf^ 3cesso em 0R de

nov de 677

BA?BMD, #lia Aodas de leitura; uma proposta de leiturização social Bn Anai" !

156 Cn(r#"" !# L#itura ! Bra"i$ Zon line[ 4ispon%vel em;

.ttp;//]]]al$com$r/anais0H, 677O 3cesso em a$ril/6707

A=BA=, Paulo P#!a((ia !a Autn.ia Aio de Eaneiro; Paz e &erra, 0O

 _____________ E!uca+, c. /rática !a $i'#r!a!# Aio de Eaneiro; Paz e &erra,

0

=AA=BAD, = @ &=L=AD>S`, 3 P"ic(&n#"# !a $n(ua #"crita Porto 3legre;

3rtes ?#dicas, 0RH

G3AB3, Pedro Landeira Ora$i!a!#7 #"crita # .#.4ria8 e*peri'ncias com rodas de

leitura e 8conversas de rua:) 9n $in#: Di"/n-#$ #.8

.ttp8;;]]]tve$rasilcom$r/salto 3cesso em; a$ril/6707

5=AMM4=C, @ K=M&FA3, ? A r(ani0a+, ! currcu$ /r /r<#t" !#

tra'a$= Porto 3legre; 3rtmed, 0R

5DF3B>>, 3 e Killar, ? de > Dicinári >uai"" !a Ln(ua Prtu(u#"a. Aio deEaneiro; D$jetiva, 6770

S<=B?3M, 3 L (org) Ds significados do <etramento; uma nova perspectiva so$re a

 pr+tica social da escrita ampinas; ?ercado das <etras, 02

>D3A=>, ? > A$%a'#ti0a+, # $#tra.#nt >ão Paulo; onte*to, 677J

>?D<S3, 3na < L A crian+a na %a"# inicia$ !a #"crita ampinas; ortez, 0R

K`GD&>S`, < > A ?r.a+, "cia$ !a .#nt# >ão Paulo; ?artins ontes, 0RR

 _______________ P#n"a.#nt # Lin(ua(#. >ão Paulo; ?artins ontes, 0RO.