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ROLAGEM AUTOMÁTICA
Abre-se com o crepúsculo,em longo vestido branco.Vem a aurora, novo modelo,troca-se por outro rosa.Fecha-se quando a manhã está no meio,pois é com a lua, a sua prosa.
Lírio, exagero de beleza,Uapé, pelos tupis batizada,vitória da natureza,Vitória Régia, Rainha dos Lagos.
Todas as noites Naiá,no sonho de ser escolhida,vaga sob os raios do luar.Ao ver, na água, a lua refletida,certa da hora do seu encantar, atira-se ao sonho de sua vida.
Na lenda tupi-guarani,uma índia, estrela pode virar,se a lua, deusa Jaci,a encantar, para no céu brilhar.
Jaci compadecida de Naiá,não deixou de torná-la estrela,que nas águas cintilaráao refletir os raios do luar.
Vitória – régia, Rainha dos Lagos.Uapé, encantada Naiá.
IMAGENS DOS SITES:
arboretto.blogspot.com;docecomoachuva.blogspot.com;
mmarchetti.com.br;mrbrassi.blogspot.com;
palmolivebrasil.com.br; eumbandaimagens.blogspot.com.
A seguir o artigo “A Lenda da Vitória-régia” complementa a canção “Vitória-régia”.
Caso seja de interesse é só utilizar o “ratinho”
A PLANTA VITÓRIA-RÉGIA
A Vitória-Régia ou Victória-régia (Victoria amazônica) é a maior planta aquática do mundo em forma de lírio. É nativa da bacia do Rio Amazonas. Suas folhas circulares, com as bordas pronunciadas e levantadas, que flutuam graciosamente sobre rios e lagos, podem chegar a 2,5 metros de diâmetro e suportar o peso de um jacaré bebê, 40 quilos, se o peso for bem distribuído em sua superfície.
Foram os ingleses, que deram o nome Vitória em homenagem à rainha, quando o explorador alemão, a serviço da Coroa Britânica, Robert Hermann Schomburgk levou suas sementes para os jardins do palácio inglês. Pelos europeus, é chamada de “rosa lacustre”.
Entretanto, os que primeiro a batizaram foram: os guaranis chamando-a de irupé; os tupis, de uapé ou aguapé; e nativos de diversas regiões, de aguapé-açu, jaçanã, nampé, forno-de-jaçanã, rainha-dos-lagos, milho-d’água e cara-d’água.
A floração ocorre desde o início de março até julho. Alguns dizem, que no primeiro dia suas flores são brancas e a partir do segundo dia cor de rosa. Outros, que são brancas ao abrirem-se em torno das seis horas da tarde e tomam a coloração cor de rosa desde o raiar do dia até às nove horas, quando voltam a fechar-se. Suas flores têm perfume adocicado.
A maioria de nós teve o prazer de contemplá-la em visitas aos jardins botânicos ou museus. Os amazônicos, principalmente os nativos, gozam deste privilégio no dia-a-dia.
Além dessas informações visíveis, existem outras do imaginário amazônico, preocupado em explicar as origens das coisas que, com a lenda da vitória –régia, narra como surgiu essa grande e bela planta.
PRINCESA NAIÁ E A HISTÓRIA DO PAJÉ
A mitologia indígena foi transferida pelo costume de pajés e anciões da tribo contar histórias para suas crianças e jovens.
Era uma noite quente, úmida e prateada pelo luar. Um velho pajé de uma tribo tupi-guarani sentara-se à beira de uma lagoa, para contar histórias.
Influenciado pelo ambiente, contou que a Lua – Jaci, era uma deusa. Despontava nas noites, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia - as cunhantãs-moças.
Em algumas de suas aparições, Jaci vinha, escolhia uma virgem da aldeia do seu agrado e a transformava em estrela do céu, para lhe fazer companhia. Acrescentou, ainda, que toda vez que a Lua desaparecia por trás das serras, ou no horizonte, era para encontrar-se com suas virgens prediletas.
Dentre as jovens a ouvir a história, estava Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo.
NAIÁ QUER SER ESTRELA
Naiá, como muitos do nosso convívio urbano, tinha uma sensibilidade muito grande e um desejo ardente de tornar-se uma estrela, de transformar-se em luz. Assim, ficou muito impressionada com a história e, a partir daquele momento, passou a agir em função de virar uma estrela, para brilhar ao lado de Jaci.
Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
Durante o dia, bravos guerreiros tentavam cortejar Naiá, mas era tudo em vão, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar, para tentar mais uma vez ser vista por Jaci.
E, assim fez todas as noites durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza.
Em uma noite, a índia viu a figura resplandecente da lua nas águas límpidas de um lago. A lua descansava calmamente , refletindo sua imagem na superfície da água.
Naiá, em sua pureza e inocência, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, atirou-se nas águas profundas do lago e desapareceu para sempre.
DEUSA JACI TRANSFORMA NAIÁ NUMA ESTRELA DAS ÁGUAS
A deusa Jaci, compadecida daquela tão jovem vida, agora perdida, resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu.
Jaci, por entender que o destino de Naiá não estava no céu, mas nas águas para refletir o clarão do luar, transformou-a então numa "Estrela das Águas".
Naiá encantou-se na Vitória-Régia, a grande flor das águas calmas amazônicas, de um inebriante perfume e de pétalas, que se abrem sobre as águas, para receberem a luz da lua.
Os que conhecem a lenda da Vitória-Régia, quando a contemplam, nas auroras e em noites de luar sentem o mistério nela velado: a vontade expressa na pureza, na inocência e na persistência daqueles que almejam transformar-se em luz.
FONTES: Livro "Cultura Amazônica" de João Paes Loureiro; e os sites: wikipédia.org; sitedicas.uol.com.br; portalamazonia.globo.com; e folclore.vilabol.uol.com.br.