Rouquayrol Almeida Filho_ Epidemiologia & Saúde c 14

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Articulo de epidemiologia

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  • Eduardo MotaDa Mara T. Carvalho

    Sistemas de Informaaoem Sade

    INTRODUC;OA informao essencial a tomada de deci

    ses. O conhecimento sobre a situao desade requer informaes sobre o perfil demorbidade e mortalidade, os principaisfatores de risco e seus determinantes, ascaractersticas demogrficas e informaes

    sobre os servios. Esse conhecimento seaplica ao planejamento, a organizao, aoperao e a avaliao de aes e servios.Alm disso, na ateno a sade, as informa

    es so imprescindveis ao atendimentoindividual e a abordagem de problemascoletivos, utilizando-se o conhecimento

    que gera desde a assistencia a populaonas unidades de sade at o estabelecimento de polticas especficas, a formulao deplanos e programas, sua implementao e

    avaliao. Os sistemas de informao contribuem com os meios para a construo do

    conhecimento em sade.Especialmente em epidemiologia, osregistros rotineiros que so incorporados

    aos sistemas de informao, os censos e osinquritos de base populacional so valio

    sas fontes de dados que devem ser utilizadas para conhecer e acompanhar a situao de sade .(Viacava, 2002). Um grandeconjunto de indicadores pode ser calculadocom esses dados secundrios, aplicando-os

    em estudos e pesquisas que tem ampliadoo conhecimento epidemiolgico (Brasil,2002a, OPAS, 2002, Simes, 2002). As atividades que visam a intrar, articular e dis-

    ponibilizar os dados de interesse, a fim deque contribuam para a produo de informaes e para o conhecimento epidemiolgico, constituem-se em uma rea especficado saber em sade a que se dedicam os profissionais de informao. Em vista disso, oconjunto das informaes deve conter oselementos para a explicao e entendimento dos processos causais, com o elenco de

    fatores sensveis as intervenes, possibilitando tambm o acompanhamento e a avaliao dos resultados das medidas imple

    mentadas. As atividades de vigilancia epidemiolgica, voltadas a monitorizao contnua da situao de sade, dependem de

    informaes que possibilitem surpreendero mais precocemente possvel a ocorrencia

    de mudanas nos padres de riscos, demorbidade e mortalidade e indicar asmedidas de controle pertinentes. A perma

    nente atualizao das informaes, a suaqualidade e a disponibilidade em tempooportuno so fatores importantes para a

    deciso e a ao correspondente. Convmobservar, entretanto, que o trabalho cominformaes uma .a1ivid-...de-meio que

    apia os processos de gesto e de ateno asade.

    As informaes oferecem subsdios parao exerccio das funes gestoras, tanto asrelacionadas a ateno individual, as aescoletivas e a administrao de unidadesquanto ao sistema de sade como um todo(Lippeveld, 1997). Nesse contexto, alm dosuporte a gesto,' as informaes orientam

    60S

  • 606 Epidemiologia & Sade

    a implantao dos modelos de ateno, deproteo e promoo da sade e as a6es

    de preveno e controle (Mota, 2002).Assim, o conhecimento sobre a situao de

    sade baseado em informa6es essencialpara estabelecer prioridades, alocar e gerir

    recursos de forma direcionada para amodificao positiva das condi6es de

    sade da populao. E, para possibilitartudo isso, as informa6es devem ser amplamente difundidas entre todos os profissionais e disponibilizadas l populao. A crescente partlcPao social erilCOilSelhos de

    sade tem ampliado a demanda por informa6es que subsidiem a formulao de planos e o acompanhamento dos servios e dautilizao dos recursos.

    Considerando que se constituem emmeios para obter e transmitir dados e informa6es, os sistemas de informao utilizamlargamente os recursos do processamento

    eletronico de dados, aplicando de formaintensiva equipamentos e recursos computadorizados (informtica) e redes de comu

    nicao eletronica (telemtica). A tecnologia de computao e de telecomunica6es,

    de rpido crescimento, tem possibilitadoobter, organizar e processar um conjuntocada vez maior de dados, sejam eles num

    ricos ou os veiculados em meios apropriados para udio, vdeo e textos em geral, o

    que facilita o funcionamento e aumenta aeficiencia desses sistemas. No entanto, issorepresenta um desafio especial para os profissionais que necessitam conhecer e fazero melhor uso dos recursos tecnolgicos, utilizando-os para racionalizar a obteno de

    dados, para que sejam efetivamente analisados e produzam o conhecimento neces

    srio e oportuno. Os novos recursos tecnolgicos, equipamentos e programas infor

    matizados tem ampliado as possibilidadesde coletar, armazenar, consolidar, transmitir e difundir dados e informa6es. Neste

    caso, incluem-se, entre outros, a utilizaoda internet, de crescente importancia

    (Edejer, 2000), os cart6es magnticos deidentificao de clientela, a informatizao

    dos pronturios clnicos, os recursos que sedenominam telemedicina e de apoio ao trabalho profissional (Lovell, 1999), os siste

    mas de agendamento eletronico e sua aplicao as centrais informatizadas de marca

    o de consultas e interna6es hospitalares

    (Carvalho, 1998). Entretanto, a incorporao dessa tecnologia deve ser feita de

    maneira coerente com as necessidades dosservios e com as condic;6es objetivas exigi

    das para a sua implantac;o e seu funcionamento (OPAS/OMS, 1999).

    O papel das administraes municipaisna gesto em sade, conseqente aos processos de descentralizac;o e de reorganizao do sistema de sade, tem apresentadonovos desafios a rea de informao. Esseprocesso inclui a responsabilidade compartilhada dos nveis de governo para com as

    informac;6es (Branco, 1996). No nvellocal,as administrac;6es, que at o incio da dcada de 90 apenas alimentavam os sistemasde informao, atualmente realizam novasatividades de organizac;o e gesto desses

    sistemas. Os sistemas estaduais e municipais de informac;o, que se integram aos

    sistemas nacionais correspondentes, temsido progressivamente implantados e propiciam os meios para a produc;ao das infor

    mac;6es de interesse para a gesto de servic;os, para a vigilancia e para a ateno asade.

    ELEMENTOS DOS SISTEMASDE INFORMAf;OUm sistema de informac;o em sade (SIS)

    pode ser definido como um conjunto decomponentes (estruturas administrativas

    e unidades de produc;o) integrados e articulados que atua com o propsito de obtere selecionar dados e transform-Ios eminformao, com mecanismos e prticasprprios (Moraes, 1994). Como tal, o SIS deve conter os requisitos tcnicos necessrios

    ao desempenho das suas funes bsicas.Estas se relacionam com o planejamento, a

    coordenac;o e a superviso dos mecanismos de seleo, identificac;o, coleta, aquisi

    C;o, registro, transcric;o, classificao,armazenamento,processamento,recuperao, anlise, apresentac;o e difuso. Os

    seus dispositivos de entrada, processamento e sada de dados e informac;6es so doconhecimento dos profissionais da rea

    especfica. Todavia, trata-se de considerar,no ambito dos servic;os de sade, os elementos bsicos de um SIS para que os profissio-

  • Sistemas de Informao em Sade 607

    nais de sade conhe

  • 60S Epidemiologia & Sade

    no rotineiros que sejam teis a tomada dedecises (OPAS/OMS, 1998). Por outrolado, os dados obtidos na rotina dos servi

    os devem ser incorporados as operaesde um sistema formal de informaes para

    que seja possvel sistematizar e padronizarsua aplicao.

    Para possibilitar a produo de conhecimentos, o SIS lida com dados e informa

    es, dois conceitos distintos que se examinam a seguir. Entre os diversos conceitosde dado, a definio comum a expresso

    de um valor quantitativo ainda no trabalhado, quando se refere a dados numricos.

    O dado tende a ser unidimensional, e podeser a simples enumerao de eventos ou de

    suas caractersticas quantitativas ou, ainda,a representao numrica das proprieda

    des dos eventos, que necessitam ser consolidadas e analisadas, conferindo-Ihe umainterpretao coerente. Uma vez submeti

    dos aos mtodos de consolidao e de clculo de erro ou de variao, so considera

    dos dados estatsticos. De uma maneirageral, os dados podem ser obtidos prospectiva ou retrospectivamente, de maneira

    regular e padronizada ou no; podem noter uma finalidade explcita e so apresen

    tados em forma tabular como freqenciasbrutas ou relativas. Uma relao de casos

    de bitos de uma maternidade ou o peso aonascer dos recm-nascidos so exemplos

    de dados em sade que necessitam ser consolidados de acordo com critrios preestabelecidos e submetidos a anlise estatstica

    descritiva ou inferencial, para que revelempadres, tendencias e diferenas ou con

    trastes que sugiram uma apreciao interpretativa, isto , que contribuam para a

    produo de informaes.Entende-se por informao uma descrio de uma situao real associada a um

    referencial explicativo sistemtico (Moraes,1994). Para a informao em sade, essadefinio inclui, portanto, a representaoda realidade de acordo com as referencias

    dos campos de saber em sade, sejam as daclnica, da epidemiologia, das reas bsicasou aplicadas, operacionais ou profissionaisem sade e de campos diversos que se pretendam articular para a descrio, explicao ou entendimento de situaes e problemas. A utilizao de dados para compor ummdulo de informao requer que se esta-

    belea uma finalidade ou que se formuma conjectura ou hiptese a ser verifica

    ou testada. Como exemplos, a proporobitos por causas relacionadas a gestaao parto pode indicar a qualidade da ass

    tencia prestada por hospitais, ser compada com a utilizao do pr-natal ou sede base para a organizao da oferta de svios para gestantes de alto risco de co

    plicaes do parto. A proporo de recnascidos com peso inferior a 2.500g poindicar a existencia de gestantes em risnutricional e, dessa maneira, contribpara a programao de aes dirigidas

    promoo da sade da mulher, a reduda mortalidade infantil e para a avalia

    de seu impacto.A informao necessria nem semp1, resulta da quantificao de eventos. In

    maes de natureza qualitativa que inclueregistros ou relatos diversos sobre os eve

    tos e condies relacionadas, opiniesexpresses de percepes so igualme

    importantes para compor o quadroconhecimentos. A informao em sade

    tipicamente variada. Os processos de geo de conhecimento sobre situaes e pblemas de sade requerem que se artic

    lem, combinem ou se comparem dados tcos da sade e de todos os outros campos

    interesse, integrando-os em um conjuntoinformaes. No entanto, nem todos

    dados se convertem em informao (OPAOMS, 1998). Em servios de sade prodzem-se grandes quantidades de dados q

    no fazem parte do SISe Em algumas c.cunstancias, os dados no so transformdos em informaes com potencial de upela falta de pessoal treinado, pela ause

    cia de mecanismos para processar e assgurar sua disponibilidade em formatomomento adequados e por problemassua qualidade.

    Com relao a qualidade, alguns aspetos de especial interesse para o cump

    mento das funes de um SIS se referempadronizao e a cobertura dos dado

    Quanto a padronizao, devem ser establecidos os instrumentos e mecanismos

    coleta em funo da coerencia e comparbilidade das informaes que se pretendaobter; mantendo-se a uniformidade na denio, no registro e na codificao. Isto vibiliza a troca de dados, a automao d

  • Sistemas de Informao em Sade 609

    processos e facilita a produ

  • 610 Epidemiologia & Sade

    pem o conjunto de informa

  • Sistemas de Informao em Sade 611

    sade, gerenciado por rgos do governofederal. Entre estes se destacam os de usomais freqente em epidemiologia, como os

    do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatstica (IBGE) e os do Ministrio da

    Sade (MS). Outras instituies governamentais disponibilizam dados de interesse:o Ministrio da Previdencia Social (Sistemanico de Benefcios, Comunicao de Aci

    dentes de Trabalho [CAT], Cadastro deInformaes Sociais e informaes sobre

    segurados e empresas), o Ministrio do Trabalho (Relao Anual de Informaes So

    ciais [RAIS], Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e o Instituto de

    Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA),rgo vinculado ao Ministrio do Planejamento e Oramento, que produz e divulga

    estudos e informaes nas reas de polticassociais em que se incluem temas em sade,educao, emprego, renda e qualificao dotrabalhador. A Fundao Sistema Estadual

    de Anlise de Dados (SEADE), vinculada aSecretaria de Economia e Planejamento doEstado de So Paulo, realiza, entre outros

    estudos, a Pesquisa de Emprego e Desemprego e a Pesquisa de Condies de Vida. A

    primeira, efetuada desde 1984, um levantamento mensal, domiciliar, sobre o merca

    do de trabalho urbano na regio metropolitana de So Paulo, em parceria com o

    Departamento Intersindical de Estatsticae Estudos Socioeconmicos (DIEESE),realizada tambm em seis regies metropolitanas do pas por convenio com rgos

    federais e estaduais. A segunda foi efetuada pela primeira vez em 1990 e, em 1998,

    obteve dados sobre a situao socioeconmica nos municpios da regio metropoli

    tana de So Paulo e naqueles com populao urbana maior de 50.000 habitantes

    daquele estado.O IBGE, criado em 1938, realiza os censosnacionais de populao e produz, entreoutros, dados demogrficos de fundamental

    importancia para o trabalho em epidemiologia, editados em publicaes, em disco compacto (CD-ROM) e via intemet. Este rgo

    responsabiliza-se pela produo de estatsticas vitais com a coleta nacional sobre nascimentos, bitos e casamentos no nvel muni

    cipal. A partir de 1975, realiza o levantamento peridico conhecido como PesquisaAssistencia Mdico-Sanitria (AMS), com

    dados sobre a capacidade instalada dos estabelecimentos de sade, equipamentos,

    recursos humanos e produo de servios,disponveis desde 1981 via intemet, sendo omais recente para o ano de 2002 (Brasil,

    2002c). Os inquritos nacionais como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios

    (PNAD), contem urna abrangente coleode dados socioeconmicos. Para a rea da

    sade, a PNAD foi primeiramente realizadaem 1981, sendo a mais recente a do ano de

    1998, com dados sobre necessidades, acessoe utilizao de servios e planos de sade

    (Brasil, 2000a). Entre outros inquritos eestudos, citam-se: Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF), em 1974-1975;Pesquisa Nacional sobre Sade e Nutrio

    (PNSN), de 1989; Pesquisa sobre Padro deVida (PPV), de 1996-1997; Pesquisa de

    Oramentos Familiares (POF), com informaes de 1995-1996 para algumas regies

    metropolitanas; Pesquisa Mensal de Empregos, implantada em 1980, produz indica

    dores sobre a fora de trabalho na reaurbana de algumas regies metropolitanas;Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico,

    realizada em 2000 para todos os municpioscom dados sobre oferta e qualidade de abastecimento de gua, esgotamento sanitrio,

    drenagem e limpeza urbana, e o acompanhamento do perfil econmico-financeiro

    do pas com outras informaes teis ao conhecimento da situao de vida e sade(Baldijo, 1992, Viacava, 2002). Assinale-seque, apesar das iniciativas dirigidas a padro

    nizao, os sistemas de informao do ffiGEe do Ministrio da Sade no so comple

    mentares e em algumas situaes utilizamdefinies diferentes sobre servios (Almeida, 1996).

    O Sistema nico de Sade (SUS) contacom diversos sistemas de informao, destacando-se os de maior abrangencia na

    assistencia ambulatorial e hospitalar e osde vigilancia epidemiolgica e sanitria,

    estabelecidos no ambito federal e dassecretarias de sade dos estados e municpios. No Ministrio da Sade, diversos

    rgos realizam o desenvolvimento, a gesto e a manuteno de sistemas de infor

    mao de interesse: o Departamento deInformtica do SUS (DATASUS) da Se

    cretaria Executiva (SE), as Secretarias dePolticas de Sade (SPS), de Assistencia a

  • 612 Epidemiologia & Sade

    Sade (SAS), de Gesto de Investimentosem Sade (SIS), o Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi) da FUndao Nacionalde Sade (FUnasa), com atribuies definidas em norma (Portaria MS/GM 130/1999),

    alm da FUndao Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), o Instituto Nacional de Cancer(INCA) e as Agencias Reguladoras Nacionais de Vigilancia Sanitria (Anvisa) e deSade Suplementar (ANS).

    Os sistemas nacionais de informao emsade so mantidos em cumprimento a dispositivos legais. Seu desenvolvimento segue o que estabelecem os princpios constitucionais do SUS quanto a descentraliza

    o, atendimento integral, acesso universale participao da comunidade (Brasil,

    1994). A Lei Federal 8.080, de 1990, estabelece o papel das informaes em sade e aformao dos sistemas de informao,quando trata no Captulo II - Dos princpios e diretrizes do SUS, Artigo 72, incisoVII: sobre a "utilizagao da epidemiologiapara o estabelecimento de prioridades, a alo

    cagaD de recursos e a orientagao programtica". No Captulo IV - Da Competencia e

    das Atribuies, na Seo 1, Artigo 15, inciso essa Lei estabelece ainda: a "organizagao e coordenagao do sistema de informa

    gao em sade" (Brasil, 1990). Quando editoua Norma Operacional Bsica SUS 01/96

    (Brasil, 1996), o Ministrio da Sade definiu como responsabilidade das administra

    es estaduais e municipais a operao dossistemas de informao em sade para os

    estados e municpios habilitados. Essasatribuies foram mais recentemente ampliadas com a Norma Operacional daAssistencia a Sade - NOAS-SUS 01/2001-, em vista da reorganizao da assistencia,

    da ateno bsica, da descentralizao eregionalizao (Brasil, 2001a), para a ali

    mentao regular dos sistemas de informao e aplicao de indicadores para acom

    panhamento e avaliao da gesto do SUSe da efetividade das aes e servios. Com

    a consolidao da municipalizao, os sistemas nacionais de informao vem-se adaptando ao estabelecimento de sistemas 10

    cais, ampliando o conhecimento e o acompanhamento da situao de sade referen

    ciada as microrregies homogeneas e reasdefinidas, alm de integrarem-se a siste

    mas locais de informao. A alimentao

    dos bancos de dados de interesse nacional feita por todos os municpios e estados, ea consolidao e anlise ascendentes sorealizadas para atender as necessidades deinformao de cada nvel de gesto.

    O DATASUS disponibiliza, em tempointegral para os gestores em sade e instituies do setor, todos os sistemas de infor

    mao utilizando a internet e o BulletinBoard System (BBS), meio de comunicao

    exclusivo para a transmisso de aplicativosinformatizados, dados e documentao pertinentes. O acesso aos manuais de operao

    e dados dos sistemas nacionais de informao, facilitado pela edio e distribuio em

    CD-ROM, pode ser feito via internet1Publicaes, como o Anurio Estatstico de

    Sade do Brasil, 2001 (Brasil, 2002a), e adivulgao de resultados de estudos especiais, como o Levantamento Epidemiolgico em Sade Bucal, 1996, contrlbuempara a difuso de informaes. No Quadro

    21-1 so apresentadas as principais caractersticas de alguns sistemas de informao,

    com urna breve apreciao das suas principais aplicaes em vigilancia, planejamen

    to, avaliao, controle e auditorla, que temsido ampliadas para apoiar diversos proces

    sos de trabalho em sade.H aplicativos informatizados que realizam a leitura e a tabulao e que contemrecursos para a realizao de clculos estatsticos, construo de indicadores, repre

    sentao grfica e geogrfica dos dados emmapas por municpio, estado e regio,

    como o TABWIN, lanado em 1997 (Brasil,1998a). Isto facilita a produo de informaes com os dados de alguns sistemas de

    informao, como o SIM, SINASC, SIASUS e SIH-SUS. A seguir, urna descrio

    lA documentao sobre os sistemas de informao em sade sob coordenao nacional doMinistrio da Sade, pelos seus diversos rgos,

    sobre outras fontes de dados e informaes deinteresse, os bancos de dados correspondentes e

    aplicativos informatizados, citados no texto,encontram-se nos endereos eletronicos www.

    saude.gov.br e www.datasus.gov.br. nos quais sepodem acessar outras pginas da internet sobreassuntos correlatos e de outras instituies.

  • Cuadro 21-1. Principais Caractersticas dos Sistemas Nacionais de InformaCfo em Sade

    Aplicac;oSistemas de Informac;o Referencia Alimentac;o

    o...

    eca G) o.u E lea G) ca

    ca (,)1 "S .Ce .- .S!! ocea ... .......c, e ii e :eca o :> Zi: O SIM bitos DeclaraCfo de bitos X X XSINASC Nascidos vivos DeclaraCfo de nascidos vivos X X XSINAN Agravos notificveis Fichas de notificaCfo e investigaCfo X X XSISVAN Estado nutricional Boletim de produCfo da assistencia nutricional X X XSI-API VacinaCfo Boletim de produCfo X X X XSICLOM Assistencia ao portador de HIV Registro de dispensaCfo de medicamentos X X X X XSIAB AtenCfo bsica Boletins de produCfo X X X X XSIH I nternaCfo hospitalar AutorizaCfo de internaCfo hospitalar (AIH) X X X X X

    SIA Atendimento ambulatorial Boletim de produCfo de serviCfos ambulatoriais (BPA) X X X X

    APAC Atendimento ambulatorial de alta complexidade AutorizaCfo de procedimento de alta complexidade (APAC) X X X XSIOPS OrCfamento em sade Dados orCfamentrio-financeiros X X X X

    Modificado de Carvalho, 1997.

    ,--------------

    r.nfilo

  • 614 Epidemiologia & Sade

    dos elementos essenciais de cada um dossistemas de informac;o em sade de basenacional.

    SISTEMA DE INFORMAc;OSOBRE MORTALIDADE

    Estabelecido pelo Ministrio da Sade em1975 e com abrangencia nacional desde1979, o Sistema de Informac;o sobre Mortalidade (SIM) utiliza um instrumento padronizado de coleta de dados - a declara

    c;o de bito (DO) -, com srie histrica disponvel em CD-ROM e via internet a partir

    de 1979. essencial para o Sistema Nacional de Vigilancia Epidemiolgica (Brasil,2002b) porque contm informac;es sobre

    as caractersticas de pessoa, tempo e luga!;condic;es do bito, inclusive sobre a assistencia prestada ao paciente, e causas bsi

    ca e associada. A sua descentralizac;o foifacilitada pela implantac;o nas secretarias

    de sade de rotina informatizada de apoioa selec;o da causa de bito, denominada

    seletor de causa bsica (SCB), que automatiza a aplicac;o de regras de classificac;o,

    desenvolvida pelo Centro Brasileiro deClassificac;o de Doenc;as, vinculado aUniversidade de So Paulo, e pelo DATA

    SUS. O preenchimento integral e adequado da DO, com a codificac;o correta dacausa do bito, utilizando-se a Classificac;o Internacional de Doenc;as (CID) (OMS,

    1994)2, requisito essencial a boa qualidadedos dados do SIM.

    O Ministrio da Sade recomenda abusca e recolhimento ativos da primeira

    via de DO pelas secretarias de sade paraassegurar o registro oportuno de todos os

    bitos. No caso de bitos naturais queocorrem em estabelecimento de sade, a

    segunda via deve ser entregue ao representante legal ou familiares para a obten-

    2A loa Reviso da Classificao Interncional deDoenas (CID) (OMS, 1994) foi incorporada ao

    SIM em 1996. Aplica-se a CID 9a Reviso naanlise dos bitos registrados no SIM em anos

    anteriores.

    c;o da Certido de bito junto ao Cartriode Registro Civil e a terceira via arquivada

    na unidade notificadora. Para os bitosnaturais ocorridos em domiclio, o mdico

    assistente ou o Cartrio de Registro Civilprovidenciar o preenchimento da DO. Os

    casos de bito que ocorrem sem assistencia mdica, em via pblica ou por causas

    acidentais e ou violentas so encaminhados ao Servic;o de Verificac;o de bito ou

    ao Instituto Mdico-Legal. O registro obrigatrio, inclusive para bitos fetais, talcomo consta na Lei 6.015/1973, alteradapela Lei 6.216/1975, sem o que no dever

    ocorrer nenhum sepultamento. A codificac;o, a crtica e o processamento dos dadosda DO devem ser realizados nos rgos

    responsveis das secretarias de sade,gerando informac;es o mais oportunamente possvel ros nveis locais e regionais

    de gesto. Uma vez informatizados e processados, os dados so enviados para o

    Cenepi, que os consolida e difunde viainternet e em CD-ROM. Apresenta-se naFig. 21-1 o luxo bsico da DO, de acordo

    com a Portaria MSllfunasa 474/2000, embora existam variac;es entre estados.

    H necessidade de realizar a crtica dopreenchimento da DO para detectar erros

    de definic;o de causa bsica e em outroscampos do formulrio. Entre os fatores que

    comprometem a qualidade dos dados destacam-se: o preenchimento inadequado, o

    que alcanc;a 36,30/0 para o "grau de instruc;o", em estudo realizado com as declarac;es de 1995; a subnotificac;o, com proporc;o estimada de 48,10/0, na regio Norte,naquele ano, e o expressivo percentual debitos por "Sintomas e Sinais Mal Definidos"3, o que revela as limitac;es dos servic;os de sade quanto ao estabelecimento

    da causa de bito e a ocorrencia de bitossem assistencia mdica (Carvalho, 1997). Registre-se, entretanto, que tem sido observada melhoria de qualidade, pela compara-

    3Verificou-se, com os dados do SIM de 2000, quea proporo de casos classificados como "Sintomas, sinais e achados anormais aos examesclnico e laboratorial no classificados" - ROOR99 (Captulo 18) - foi, no total, de 14,30/0 e variou

    de 6,30/0 na regio Sul at 28,40/0 na regio Nordeste.

  • - ......

    Sistemas de Informa

  • 616 Epidemiologia & Sade

    Partos em estabelecimentos de sade

    Preenche

    1 via

    2 via

    3 via

    Encaminha Famlia1CARTRIO DE

    REGISTROCIVIL

    Segundo Portaria FUnasa/MS Nll 475/2000.

    ...--_._._-

    1iIi

    I11

    Ii:

    Famlia

    Fig. 21-2. Fluxo das declara96es de nascidos vivos.

    podem conhecer as caractersticas dos nascimentos e avaliar a ateno a gestao e aoparto. As secretarias de sade realizam a cr

    tica e o processamento, providenciam a alimentao do banco de dados do SINASC e

    os encaminham ao Cenepi, que os consolidanacionalmente. A validao de algumas

    informaes feita pelo cruzamento devariveis, como, por exemplo, do peso do

    recm-nascido com a durao da gestaoou da idade da me com paridade. Os dados

    do SINASC esto disponveis a partir de1994 via intemet e em CD-ROM. Avalia-seque a DN tenha sido implantada nacional

    mente, embora nem todas as secretariasmunicipais de sade operem o sistema

    Partos domiciliares

    FamlialDeclarante

    IDeclara

    1CARTRIO DE

    REGISTROCIVIL

    Preenche

    +1 Vil

    2 via

    3 viaEncaminha

    FamliaSECRETARIA

    DE SADE Arquiva

    informatizado de entrada de dados e processamento.

    Estudos de avaliao dos dados sobrenascidos vivos tem sido feitos, apontandose mtodos de determinao e acompanhamento de qualidade (Almeida, 2000; Silva,2001). Como fonte de dados para o conheci

    mento da situao de sade, o SINASCcontribui para obter informaes sobre natalidade, morbidade e mortalidade infantil

    e materna e sobre as caractersticas daateno ao parto e ao recm-nascido. Essasinformaes so essenciais para a atenointegral a sade da mulher e da criana epossibilitam a adoo de medidas voltadaspara o pleno desenvolvimento e crescimen

    to infantil. Um recm-nascido de baixo

  • Sistemas de Informa
  • 618 Epidemiologia & Sade

    I UNIDADE DE SADE IIPreenche

    Arquiva FICHAINDIVIDUAL DE

    NOTIFICAc;O

    Envia

    Consolida,analisa.

    Arquiva

    Investiga e preenche

    Consolidaanalisa.

    Arquiva

    Enviat

    MINISTRIODASADE ..

    SECRETARIAESTADUAL DE SADE

    IEnvia

    I

    Consolida, analisa, arquiva, difundeAdaptada de Carvalho, 1997.

    Fig. 21-3. Fluxo dos formulrios e de informa(foes doSINAN.

    se em Autorizao de Internao Hospitalar (AIH) em 1983 (Baldijo, 1992). Como

    um sistema de informac;o, sua coberturafoi ampliada para os hospitais de ensino

    entre 1986 e 1987, porm permaneceu dedicado a apurac;o de contas hospitalares,

    com fins administrativos, de controle decustos e auditoria (Carvalho, 1997). Esse

    sistema de informao apresenta sua conforma

  • .......

    Sistemas de Informao em Sade 619

    Paciente Laudo examinado ---+ encaminhado --+

    Envia

    +I HOSlTAL I

    Digita e envia

    Municipal,

    Estadual

    Critica, processa,analisa e envia

    MINISTRIO DA I -------SADEConsolida, analisa,arquiva e difunde

    Adaptada de Carvalho, 1997.

    Fig. 21-4. Fluxo bsico das autorizaQoes de internaQaohospitalar (AIH).

    dos resultados de aes e servios. A cobertura do SIH-SUS do total de internaesvaria entre regies, estados e entre reas

    dos municpios, a depender do grau de utilizao e acesso da populao aos servios

    pblicos de sade. Por outro lado, os dadosso utilizados para a apurao de contas epagamentos aos prestadores de servios, o

    que pode gerar distores relativas a limitao de recursos do SUS que resultam em

    sub-registro das internaes. O banco dedados de cada competencia mensal somente se completa aps transcorrido o prazo devalidade da AIH, o que requer cautela na

    anlise e interpretao de dados maisrecentes. H dados nacionais publicados

    (Brasil, 2000b) e apresentados em srie histrica a partir de janeiro de 1992, via inter

    net e editados em CD-ROM pelo DATASUS.

    SISTEMA DE INFORMAf;ESAMBULATORIAIS

    O Sistema de Informaes Ambulatoriaisdo SUS (SIA-SUS) foi implantado nacional

    mente em 1991, seguindo a mesma lgica doSIH-SUS relativa a apurao de custos epagamento a prestadores de servios, em

    substituio aos sistemas utilizados pelaprevidencia social para o controle da pro

    duo ambulatorial (Carvalho, 1997). Noentanto, diferentemente do SIH-SUS, aunidade de registro de informaes o pro

    cedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais (consultas,

    exames laboratoriais, atividades e aes,etc.), de acordo com o preenchimento doBoletim de Produo Ambulatorial (BPA).

    Logo, no h dados sobre diagnstico ou omotivo do atendimento, o que impede sua

    aplicao direta no levantamento de perfisde morbidade populacional, exceto peloque se pode inferir da utilizao de servios

    dessa natureza no estudo da situao desade. H algumas informaes adicionaiscomo para a faixa etria de indivduos vacinados, para atendimentos de emergencia,

    especialidades profissionais e para as aesde programas especiais (por exemplo, preveno do cancer do colo do tero e contro

    le da tuberculose e doena de Hansen). OSIA-SUS foi implantado com o processamento descentralizado e base informatiza

    da para todos os estados e municpios, oque permite as secretarias de sade conhecer e acompanhar os servios produzidos.

    O luxo de dados do SIA-SUS apresentado na Fig. 21-5.

    A tabela de procedimentos do SIA-SUS,utilizada para a codificao dos atos profis

    sionais, foi completamente reformulada(Portaria MS/SAS 35/1999) e periodicamente atualizada, permanecendo, porm, o

    registro por procedimento. Isto especialmente importante porque, para o estudo desries histricas dos atendimentos ambulatoriais, necessrio realizar a correspon

    dencia entre procedimentos que tiveramcdigos e definies modificados. Com ahabilitao de municpios a gesto da aten

    o bsica (Brasil, 1996), o SIA-SUS passoua contar, em 1998, com um conjunto de pro

    cedimentos includos no elenco do Piso de

  • 620 Epidemiologia & Sade

    Paciente atendido

    Preenche

    +

    Envia

    Municipal,

    Estadual SECRETARIADE SADE

    Critica, processa,analisa e envia

    IConsolida, analisa,

    arquiva e difundeAdaptada da Portaria 8A8/M8

    Fig. 21-5. Fluxo bsico de dados da produCfao ambulatorialdo SIA-SUS.

    Aten

  • 7Sistemas de Informa
  • 622 Epidemiologia & Sade

    se o Sistema de Informao do ProgramaNacional de Imunizao (SI-PNI), sob ges

    to do Cenepi, que registra dados sobredoses de vacinas aplicadas em servios derotina e em campanhas de vacinao, e aocorrencia de eventos adversos ps-vacinao. A implantao do SI-PNI foi iniciadaem 1993 e encontra-se em funcionamentoem todas as coordenaes estaduais doPrograma, que repassam os dados registra

    dos desde as unidades de sade e secretarias municipais at a Coordenao Naciona!. Com esses dados, importantes para

    a vigilancia epidemiolgica, realizam-se,local e nacionalmente, o acompanhamento

    e a avaliao da cobertura vacinal, o controle de estoque e distribuio de imunobiolgicos.

    A redefinio das caractersticas dessessistemas de informao tem sido cogitada,em vista da necessidade de se avaliar oimpacto do conjunto das aes da atenobsica (Medina, 2000). Dessa maneira, a

    reorganizao das aes e servios e a necessidade de aperfeioar a base tecnolgicae de realizar a integrao dos dados e infor

    maes so razes que tem motivado oaperfeioamento do SIAB, ampliando-se

    sua abrangencia e promovendo-se a articulao com o registro de procedimentosdo Piso de Ateno Bsica do SIA-SUS,

    com outros SIS e com os sistemas de informaes cadastrais e de gerenciamento deunidades.

    OUTROS SISTEMASDE INFORMAOAlguns sistemas de informao so dedica

    dos a aspectos especficos, como para avigilancia de problemas especiais, o supor

    te a gesto e o desenvolvimento de infraestrutura de informao. Na rea de vigilancia, inclui-se o Sistema Nacional de Infor

    maes Txico-farmacolgicas (SINITOX),vinculado a FIOCRUZ. Constitudo em

    1980, realiza a coleta, compilao, anlise edivulgao dos casos de intoxicao e envenenamento registrados pela rede de

    Centros Estaduais de Informao e Controle de Intoxicaes. H informaes

    sobre agentes txicos e causa determinante, freqencia de casos e bitos e prevenoespecficas, divulgadas anualmente empublicaes desde 1985. No ambito da

    Coordenao Nacional de DST/AIDS, desenvolveu-se o Sistema de Informao paraos Centros de Testagem e Aconselhamentoem AIDS (SI-CTA), atualmente em implantao e avaliao nos estados, o qual realiza

    o registro das aes de preveno, diagnstico sorolgico e encaminhamentos aos servios de assistencia especializada. Dois

    outros sistemas de informao, entre outros, integram o conjunto de aplicativos in

    formatizados dessa Coordenao: o Sistema de Controle Logstico de Medica

    mentos (SICLOM), instrumento da unidade dispensadora de medicamentos especficos, que possibilita o cadastramento dospacientes, a emisso de carto magntico

    de identificao e o controle da compra,distribuio e dispensao e o Sistema de

    Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL), pelo qual so registrados os resultados de exames laboratoriais da rede de unidades de sade para a determinao decarga viral e outros exames e a emisso delaudo mdico integrado ao sistema APAC,proporcionando a racionalizao da distribuio do quantitativo de exames, a segu

    rana nos resultados, o acesso e o acompanhamento dos laboratrios. H dados disponveis sobre casos de AIDS notificados e

    registrados no SINAN desde 1980.Para o suporte a gesto do SUS, foi criado o Sistema de Informaes sobre Oramentos Pblicos em Sade (SIOPS), apartir de iniciativas do Conselho Nacional

    de Sade, do Ministrio da Sade e daProcuradoria-geral da Repblica (PortariaInterministerial 529/1999 e Portaria Conjunta MS 1.163/2000), sob responsabilidade

    da SIS/MS e desenvolvido pelo DATASUS.Sua implantao em 1999 teve como objetivos: organizar e executar a coleta, o proces

    samento e a divulgao de dados sobrereceitas e despesas em sade nos tresnveis de gesto. Os dados do SIOPS, disponveis e consolidados via internet a par

    tir do ano de 1998, so repassados pelasadministraes municipais e estaduais epossibilitam o clculo de indicadores eco

    nomico-financeiros por habitante e portipo (transferencias, fontes, investimentos,

  • Sistemas de Informa
  • 624 Epidemiologia & Sade

    como aplicativo informatizado para asCentrais de Regulao de A6es de Sade,integradas em uma rede regionalizada(Vasconcelos, 2002). A melhoria gerencial

    das unidades de sade se acompanha deaumento da qualidade das informa6es.

    Ao final de 1999 iniciou-se a realizaodo projeto Carto Nacional de Sade(CNS) foi criado o sistema de informaopara o suporte ao cadastramento de usu

    rios do SUS (SCNS). Os principais objetivos relacionavam-se com a modernizao

    dos instrumentos de gerenciamento, com aintegrao e com a melhoria da sua quali

    dade das informa6es. Com a aplicao datecnologia de carto magntico de identificao e da informatizao dos registros de

    atendimentos, o CNS possibilita a vinculao dos procedimentos executados pelarede de servios ao usurio, ao profissional

    e a unidade de sade. Com isto, cria-seuma base de dados de histrico clnico e

    acompanham-se o fluxo e a referencia depacientes. A implantao do SCNS teve

    abrangencia inicial para 44 municpiosselecionados em todas as regi6es do Pas.Todavia, o cadastramento da populao

    tem cobertura nacional, realizado por estados e municpios com o suporte do aplicativo CadSUS, do DATASUS, que confere

    numerao nica aos usurios e tem recursos de segurana e confidencialidade (Portarias GM/MS 17/2001 e SE/MS 39/2001). A

    completa utilizao do SCNS pela populao e pela rede de unidades, com o suporte de informtica, facilitar o acesso e con

    tribuir para a melhoria da qualidade daassistencia e da produo de informa6es,integrando-se os sistemas de informao

    da assistencia, de vigilancia e do apoiogerencial. Inclui-se no conjunto dos siste

    mas cadastrais, o Cadastro Nacional deEstabelecimentos de Sade (CNES), insti

    tudo pela Portaria MS/SAS 376/2000. Oregistro desses dados para todas as unida

    des de sade, caracterizadas por tipo, servio, instala6es, equipamentos e recursos

    humanos, oferece meios para o efetivoexerccio da gesto nos tres nveis de governo, possibilitando, ainda, a integrao

    dos sistemas de informao estaduais emunicipais em urna mesma base cadastral.Alm disso, o Repositrio de Tabelas, sob

    gesto do DATASUS, visa, entre outros

    objetivos, a unificar as tabelas dos sistemasde informao em sade, a assegurar apadronizao e a promover sua atualiza

    o constante.A formao de redes interinstitucionaistem promovido a melhoria do SIS, inte

    grando os esforos para ampliar o acessoaos dados, a produo de conhecimentosem epidemiologia e o suporte a tomada de

    decis6es. No ambito governamental, aRede Nacional de Informao para a Sade

    (RNIS), foi iniciada efetivamente em 1998,com apoio do Projeto Reforo a Reorganizao do Sistema nico de Sade

    (REFORSUS) do Ministrio da Sade. ARNIS dirige-se a ampliao da comunica

    o eletronica, servios de rede informatizada, e ao intercambio de dados e informa

    6es, apoiando projetos que integram unidades e secretarias de sade, alm de promover a capacitao para a rea de infor

    mao. Sua meta interligar todos osmunicpios para promover a difuso e o

    acesso as informa6es necessrias a gestoe ao controle social e contribui, desde o in

    cio, para a implantao dos sistemas deinformao em sade de base nacional. ARede Interagencial de Informa6es para

    Sade (RIPSA) foi formada a partir de1995, por iniciativa do Ministrio da Sadee da Representao da Organizao Pan

    americana da Sade (OPAS) no Brasil, queestabeleceram acordo para o aperfeioamento das informa6es em ao interinstitucional (Portarias MS/GM 2.390/1996 eMS/GM 398/2000), articulando rgos governamentais e institui6es representantes

    dos gestores e de segmentos tcnico-cientficos. Contribui6es da RIPSA incluem,entre outras, a definio de matriz de indicadores, a integrao de informa6es, anlises das condi6es de sade e consensos

    sobre conceitos, mtodos e critrios de utilizao das bases de dados, participando da

    melhoria da capacidade gestora, da produo de conhecimento epidemiolgico e daavaliao de polticas e a6es setoriais. Publicao como o IDB, com srie desde 1997

    at 2001, sobre dados demogrficos, socioeconomicos, morbimortalidade e fatores derisco, recursos e cobertura demonstra o

    amplo potencial da aplicao dos dados dossistemas nacionais de informao (OPAS,2002).

  • "'"

    Sistemas de Informao em Sade 625

    Instrumentos que facilitam a produo edifuso de informaes incluem o Projeto

    Sala de Situao e o Caderno de Informaes de Sade. O primeiro foi criadopara apoiar a gesto, dirigindo-se ao acom

    panhamento e avaliao de situao desade por meio de indicadores seleciona

    dos. A partir de experiencias que datam de1994, o Ministrio da Sade e OPAS desenvolveram urna verso ampliada e adequada

    ao nvellocal de gesto, informatizada peloDATASUS a partir de 1997. Com a instala

    o e uso da Sala de Situao possvelacompanhar a evoluo de indicadores, emplanilhas e grficos de fcil visualizao,

    com dados da populao de rea definida,entre outros: demogrficos e demanda,recursos financeiros, produo de servios,

    situao sanitria, cobertura vacinal, desnutrio e bitos infantis por causas evitveis, pr-natal, doenas notificveis e as

    medidas adotadas com os resultados correspondentes. O Caderno de Informaes

    de Sade, desenvolvido e mantido peloDATASUS, est disponvel desde 2000 efacilita o acesso dos gestores e profissionais

    aos dados dos sistemas nacionais de informao por municpio, regio metropolitana, estado e para o Pas. O aplicativo informatizado pode ser instalado e operado emcomputador conectado a internet, automatizando o clculo de indicadores em dife

    rentes formatos (viso geral e resumo) esobre temas de interesse. As fontes de dados so consultadas pelo aplicativo, deforma dinamica, tornando-se um instru

    mento valioso sobretudo onde no hrecursos tcnicos para a consolidao dedados demogrficos, de nascimentos e bitos, da assistencia ambulatorial e hospita

    lar, dos programas de ateno a sade e dosrecursos financeiros.

    INFORMA(;O EM SADEAo examinar a importancia das informaes

    em sade para o conhecimento epidemiolgico e o papel dos sistemas de informao

    em sade, esses assuntos devem provocarurna reflexo sobre a informao no contex

    to dos servios e sua organizao no Brasil,

    sobre as polticas em ciencia e tecnologia e sobre a democratizao da informao. A

    Oficina de Trabalho promovida em 2000pela Associao Brasileira de Ps-graduao

    em Sade Coletiva (ABRASCO) apontouI que ainda ocorre "o baixo uso da informa

    o no processo de gesto da sade" e considerou os diversos determinantes dessa

    situao, entre os quais se destacaram as}-desigualdades de acesso e de atendimento

    das necessidades da populao, a aindad-rrestrita experiencia dos servios em abor

    dagens intersetoriais e a inadequao dossistemas de informao ao desempenhodas funes gestoras (Moraes, 2001). A isto\ poder-se-ia acrescer que h carencia de

    informaes sobre os aspectos econmicose sociais dos padres de risco a sade, demorbidade e mortalidade que melhor

    orientem a formulao de polticas e planos para a melhoria das condies de

    sade da populao. A propsito, urnareviso sobre a utilizao de variveis

    sociais dos sistemas de informao expe anecessidade de ampliar o processo de produo de conhecimentos sobre as desigualdades sociais em sade com as informaes disponveis, apesar de considerar

    as dificuldades terico-metodolgicas nadefinio e padronizao dessas variveis(Travassos, 2000). Convm destacar, porm, que as informaes existentes oferecem indicaes para o estabelecimento deprioridades e para a avaliao de resulta

    dos. Todavia, o desafio da formao de umsistema nacional de informaes em sadeinclui oferecer respostas adequadas asnecessidades da gesto, no que concerne

    ao conhecimento de grupos populacionaisde risco, ao acompanhamento e a avaliao de

    acesso, a pertinencia da oferta, aos processos de trabalho, a qualidade e aos resulta

    dos da assistencia e as necessidades daparticipao social.

    Ao ser ampliada a aplicao da informao aos processos de gesto no se deve

    deixar margem para a percepo de quetrabalhar com informaes significa incorporar tecnologia em equipamentos, o que,

    nesse caso, obedece a lgica e as pressesde mercado e de produo em informtica.Ao se confundir informao com informati

    zao, os meios tecnolgicos superam emimportancia o contedo da informao, sua

  • 626 Epidemiologia & Sade

    qualidade e significados e sobretudo suadestinao social, elementos que devem serconsiderados na definio do valor dainformao. Por um lado, so reconhecidasas vantagens excepcionais da aplicao dastecnologias de informao e comunicao

    em sade. Entretanto, por outro lado, essamesma aplicao pode contribuir paraampliar as desigualdades quando e ondepersistem baixos nveis de educao e limitaes nos investimentos que impedem o

    amplo acesso da populao (Edejer; 2000;Chandrasekhar, 2001). Em vista disso, osdesafios do atendimento das necessidadesda gesto em sade e para o processo dedeciso "convergem para os aspectos mais

    crticos da poltica de informaes emsade no Brasil" (Mota, 2002). Nesse ambito, urna poltica de informao se insere

    apropriadamente no conjunto mais amplodas polticas de ciencia e tecnologia e, maisespecificamente, das polticas para a aplicao de tecnologias em sade coletiva,temas abordados cada vez mais freqente

    mente (Novaes, 1996; Moraes, 2001; Gmez,2002; Moraes, 2002; Noronha, 2002; Vas

    concelos, 2002). O papel do Estado no ordenamento da captao, produo e difuso

    de dados e informaes em sade inclui ainsero das polticas de ciencia e tecnologia correspondentes no conjunto das polticas sociais, assegurando-se dessa maneira

    o acesso da populao aos recursos informacionais e aos seus benefcios.

    Experimenta-se, mais recentemente,urna expressiva mudana de orientao no

    sentido de integrar os diversos sistemas deinformao em sade de base nacional. Nopassado, os sistemas de informao eram

    criados e implantados por instituiesdiversas do nvel federal que no se articu

    lavam e que seguiam lgicas diferentesquanto aos modelos de organizao de servios e de ateno a sade. Por esse motivo

    necessrio aplicar procedimentos metodolgicos de maior complexidade e grau dedificuldade quando se deseja realizar

    algum estudo especial para o conhecimento da situao de sade, como, por exem

    plo, para avaliar as relaes entre a demanda por servios, o perfil de morbidade assis

    tida e os dados de mortalidade. Emboraainda no seja completa a compatibilidadeentre os diversos sistemas de informao,

    iniciativas como o Carto Nacional deSade apontam na direo da integraoentre esses sistemas, um elemento essencial para a produo de informaes e, emespecial, para o conhecimento da situaoepidemiolgica.

    O desenvolvimento e o aperfeioamentodos sistemas de informao devem contemplar a disponibilidade de informaes e

    possibilitar o conhecimento sobre a situao de sade para a tomada de decises,

    alm de facilitar e promover a participaosocial. Sob esse ltimo aspecto, interagem

    os campos da informao e da comunicao social, considerando-se que a relaoprodutiva entre atores presentes ao proces

    so decisrio realiza-se com a informaonecessria sobre a situao de sade e o

    seu significado poltico (Mota, 1995). Dessamaneira, a informao gerada pelos servios de sade um bem coletivo e de car

    ter pblico, considerando-se os benefciossociais da produo de conhecimentos.Disso decorre a necessidade de assegurar

    acesso universal e controle social sobre aspolticas relacionadas com sua produo e

    difuso. Assim, para participao e controle social, tema central das Conferencias de

    Sade, a difuso da informao e o uso dosmeios de comunicao para a promoo da

    sade possibilitam as expresses do exerccio de cidadania (Rocha, 2000). Como temacorrelato e imprescindvel, necessrio

    considerar ainda as questes ticas relacionadas com a preservao da privacidade eda confidencialidade. Informaes sobre osindivduos que tiveram dados pessoais

    registrados nos sistemas de informaodevem ser preservadas por mecanismosde segurana especficos, e as polticas deinformao devem contemplar satisfatoria

    mente esse importante aspecto.

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  • 628 Epidemiologia & Sade

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