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I
R e v ista d o s
Procuradores
da Fazenda
Nacional
N 1
1 9 9 7
7/24/2019 RPFN
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SINPROFAZ
SINDICATO NACIONAL DOS
PROCURADORES
DA FAZENDA NACIONAL
PRESIDENTE: Ricardo Lodi RibeiroVICE-PRESIDENTE: Gustavo Alcides da CostaPRIMEIRO SECRETRIO: Ernesto Seixas FilhoPRIMEIRA TESOUREIRA: Maria Elisa Quilula Vasconcelos
SEGUNDO SECRETRIO: Valdyr PerriniSEGUNDO TESOUREIRO: Marcelo Colelto PohlmannDIRETORA DE RELAES PBLICAS: Terezinha Silva Frana
CENTRO DE ESTUDOS JURIDICOS
DIRETOR RESPONSVEL: Ricardo Lodi RibeiroDIRETOR EXECUTIVO: Joaquim Lustosa FilhoDIRETOR ADJUNTO: Cairbar Pereira de ArajoDIRETOR ADJUNTO: Jos Galdino da Silva Filho
Sede: SCN _Quadra 6 - Conjunto A - Ed. Venncio 3000, grupo 908,CEP. 70718-900, Brasilia-DF, Tele!ax: (061)323-6816
Subsede: Av. NiloPeanha, 12, sala 1017, CEP. 20020-100, Rio dejaneiro-RJ, Tel. (021) 533-7073, Tele!ax: (021) 533-4527
e-mail: [email protected]
,
Os artigos encaminhados para publicaO na Revista dos Procura-
dor es da Faz end a Na cion al devero ser inditos, sendo submetidos apre-
ciao do Centro de Estudos Jurdicos do SINPROFAZ. Os interessa-dos devem remeter seus textos SCN - Quadra 6 - Conjunto A - Ed.
Venncio 3000, grupo 908, CEP. 70718-900; Brasilia-DF.A reproduo permitida desde que citada a fonte.
mailto:[email protected]:[email protected]7/24/2019 RPFN
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Aspectos do Controle de Constitucionalidade da Reforma
Constitucional Luz da Teoria das Fontes do Direito
G ustavo Just da C asta e S ilva 7
REVISTA DOS PROCURADORES
DA FAZENDA NACIONAL
~ma,publica~odo Centro de Estudos Juridicos do SinprofazSmdlcato NOCIonal dos Procuradores da Fazenda Nacional
Coordenao: Ricardo Lodi Ribeiro
Conselho Editorial: Joaquim Lustosa FilhoCairbar Pereira de Arajo
Jos Galdino da Silva Filho
Co!,ydesk e Reviso: Jacinta Gomes FernandesEditorao Eletrnica: Macrio Costa
Fotolitos: Gradus Produes Grficas LIdaProdu~: EspalhaFato Comunicao & ProduoImpressao: Companhia Forense de Artes Grficas
SUMRIO
ApresentaoUm Salto de Qualidade
Ri ca rd o Lo di Ri be iro
PrefcioCom a PGFN atravs dos Tempos
Cairbar Pereira de Arajo
1
3
A Constitucionalidade da Emenda Constitucional nO12/96
Oswaldo Othon de Pontes Saraiva F ilI lO 29
A Idia de Sistema no Direito Tributrio e a Interpretao
Sistemtica
Gustavo Amaral 35
Sigilo Bancrio: Um Aspecto Inexplorado
Al de fll ar io Ar au jo Ozstro 55
Da Inexigibilidade das Multas Fiscais em Regime de
ConcordataSacM Ozlfllon Navar ro Co lho
M isa be l Ab re u M ac ha do De rz i 63
Consideraes acerca do Falo Gerador do Imposto de
Importao
M ar ce lo Co le tto Pollll1lUltlt 113
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~evLstad OI Pro cu ra d Oml d a F a zen d a Nacional
lncidncla de COPINS sobre Faturamento Decorrente deOperaes com Bens Imveis
Ro dr ig o Da rd ea u Vi eir a
O~. ~ da Lei nO9.249/95e o Parcelamento do CrditoTnbutrio com Inicio de Cumprimento antes doRecebimento da DennciaCelso de Albuquerque Si lva
133
147
A p re se n ta o
UM SALTO DE QUALIDADE
O C?nceito Jurdico de Desenvolvimento e a GlobalizaoD uc lra n Va n M ar se n Fa re na 153
Ricardo Lodi Ribeiro
Presidente do SINPROFAZ
A edio do primeiro nmero daRevista dos Procurado-re s da Faze nda NadoMl representa um grande passo de nos-sa carreira no sentido no s de afirmar a instituio nocenrio jurdico brasileiro, como tambm de consolidar otrabalho que vem sendo desenvolvido pela Procuradoriada Fazenda Nacional, identificada hoje como o maior emelhor escritrio de advocacia do Brasil, pela seriedade eimportncia do papel que exerce na rea governamental.
Estamos conscientes de poder preencher a lacuna queexiste nas publicaes de Direito PbEco, e em especial deDireito Tributrio, ocupando espao onde se discute, sempreocupaes ideolgicas e econmicas, as questes entreo Estado e o contribuinte. ,ainda, mais uma oportunida-de para o estudioso do Direito Tributrio tomar conheci-mento das teses que no tm encontrado o devido desta-que em publicaes congneres. Ou seja, artigos e teses
dos Procuradores da Fazenda Nacional e de juristas quepensam a relao fisco-contribuinte sem que estejam, obri-gatoriamente, comprometidos, a priori, com qualquer das
posies.Isso significa que nOssa revista ter independncia em
relao ao prprio ofcio dos Procuradores da Fazenda Na-cional. publicamos artigos de au tores que no integram a
173
227
18 7
215
233
Reajustes.nos Preos dos Servios de Empresas Contratadaspela A~mistrao Pblica em face de Aumento SalarialConcedido ~os Seus Empregados. Possibilidade e LimitesValdyr Pemm
Limitaes Legais ao Poder Cautelar do JuizSIlVIOPereITa Amorim
A Publicidade e os Contratos Administrativos
Le on Fr ejd a Sz kla ro ws ky
Procuradores da Fazenda Nacional
Abreviaturas e Siglas
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carreira e divulgamos trabalhos com posies divergentesou contrrias PGFN, com a proposta de manter, em car-
ter permanente, essa linha editorial.No h dvida de que est sendo aberto um novo cam-
po de interveno nos projetos editoriais. Temas de Direito
Pblico sero discutidos sob uma perspectiva cientfica mas
com estreito vinculo com a realidade dos nossos tribunais.Uma das razes que levou o SINPROFAZ a criar o
C.en~? de Estudos Jurldicos foi a necessidade urgente devIabilizar aRe VIs ta dJJ sPr ocu rad or es dJJF aze nda Na cio nal , alm
da realizao de outras atividades, como a promoo de
encontros, palestras e congressos onde se discuta o Direito
P?bl~co sob a m:sma p~rspectiva da revista: com indepen-dencla em relaao aos mteresses econmicos hoje cristali-
zados.
Como exemplo dos caminhos traados pelo Centro de
Estudos Juridicos destacamos o I Congresso Goiano de Di-
reito ~ributrio, co-promovido pelo SINPROFAZ, um dosprmlelros congressos de carter verdadeiramente dialtico,
onde as idias defendidas pela Fazenda Pblica tiveram o
mesmo espao das idias tradicionalmente vinculadas aos
interesses do contribuinte.
A periodicidade que se pretende semestraL Tanto a
revista quanto o Centro de Estudos Jurdicos esto abertos
a conu:ibuies doutrinrias de todos os profissionais da
rea. ~malmente, importante ressaltar que os projetos em
q~estao tm como objetivo maior mostrar ao mundo jur-diCOque os Procuradores da Fazenda Nacional no se limi-
tam a defender o Errio Pblico, intervindo com firmezanos debates nacionais e oferecendo subsdios para uma
ampla discusso do Direito Pblico.
P r e ft f c i o
COM A PGFN ATRAVS D~STEMPOS.
CairlJar Pereira de Arajo
Dir eto r do Ce ntr o de Es tud JJs
Jur dic os do SIN PR OF AZ
olanamento desta REVISTA,juntamente com CEN-TRO DE ESTUDOS,visa a atender compromisso tico-in-
telectual assumido pela atual Gesto do Sindicato Nacional
dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ)coma sua Carreira, cujafinalidade , prirnacialmente, propiciar,
atravs do presente veculo, uma nobilitante e indeclinvel
oportunidade de ampla reflexo temtica de nature~a jur-
dico-institucional, decorrente do mbito de atuaao dosProcuradores da Fazenda Nacional.
As diretrizes a serem observadas so as seguintes:
1 _adoo do critrio de transparncia no que tange
anlise, seleo e difuso das idias, posies e aportes ju-
rdicos, seja da Direo, Redao ou dos Colaboradores;
2 _ incentivo busca permanente de uma viso
multiforme dos temas abordados, segundo os vetores da
dinmica e dialtica cultural do Direito, para tanto, acolhen-do, na medida do possvel, as contribuies oriun~as dos
mais diversos segmentos de atuao dos denommados
Operadores do Mundo Jurdico;
3 _concretizar antiga aspirao; dos Procuradores da
Fazenda Nacional, no escopo de se irnianarem no somen-
1",
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I
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te pelo desiderato de alcanar a devida proficinciaex officio,mas pela efetiva adio de fndole axiolgico-juridica, aoestimular as vocaes altaneiras do prprio Quadro e de-mais Cultores do Direito, no trato de questes fundamen-tais inerentes consecuo de seu aperfeioamento tcni-co-institucional e ao cooperar de maneira sincera e cons-trutiva para a elevao e o enobrecimento do DireitoPtrio, como perene e imprescindvel pressuposto demisso maior: SERVIR DIGNAMENTE NACIONALI-DADE E AO PAS!
Neste auspicioso ensejo, para ns - Procuradores daFazenda Nacional -, ante os bices e desafios imensos,exsurgentes em iniciativas deste gnero, que, certamente,sero vencidos, consigna-se, sobretudo, tributo de gratidoao apoio e irrestrita colaborao prestados por todos aque-les que envidaram esforos e expressaram confiana nesteempreendimento.
Finalmente, renovam-se, pelo trabalho, dedicao,conscincia e sentimento cvico, as Iidimas e perenes tradi-es da PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL,cuja traje~riae cujo destino fundem-se com a gnese e sagada NAAO e ESTADO BRASILEIROS,pois, principiada
pelo Regimento do Primeiro Governador-Geral (Tom deSouza -1548), constitui, por excelncia, a Instituio Guardido Errio Nacional, sob a divisa "SUB LEGE FlSCUS".
Esse solene mote .da Procuradoria Geral da FazendaNacional (PGFN) reflete meridianamente principio basilardo Regime Republicano Federativo e do Estado Democr-tico de Direito, outrora exaltado pelo insigne JOO
BARBALHO, cujo inolvidvel magistrio, luz da Consti-tuio Republicana de 24 de fevereiro de 1891, continuavlido e plenamente atual, mxime em razo dorepristinamento da Representao Judicial (art. 131, S 3,eA~,?,., art. 29,S 5, da CF e Lei Complementar nO73/73),retifIcando a Assemblia Nacional Constituinte grave eU'reparvel equvoco do Perodo Histrico Republicano, pois
Cairbar Pereira de Arajo 5
preleciona que a FAZENDANACIONAL, quando compa-rece em Juzo, IGUALaos demais Postulantes, ipso factoampliando a gama de responsabilidade de seus Procura-dores, para plasmar a efetividade desta irrenuncivel eimpostergvel misso: atuar em Juzo de forma isonmicae eficiente, bem como no fielcumprimento das demais atri-buies e misteres sob seu patrocnio, sempre em prol da
UNIO, como Face Visvel do Poder Pblico Nacional eexpresso dos interesses superiores da Coletividade.
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ASPECTOS DO CONTROLE DE
CONSTlTUCIONAbIDADE DA
REFORMA CONSTITUCIONAL LUZ DA
TEORIA DAS FONTES 00 DIREITO
G u st a vo Ju st d a Co st a eSilva
Procurador da Fazenda Nacional
em PernambucoMe str a/I do em Di rei to da Un ive rsi dad e
Federal de PernambucoI
1. A inconstitucionalidade da norma que integra a Constitui-o. 1.1. A tese da inconstitucionalidade exclusiva da proposta. 1.2.
A lese da inexistncia. 1.3. A tese da supremacia malerial do arl. 60da Constituio. 1.4. Os limites da reforma como reserva de supre-macia. 2. Mecanismos e oporlunidades do controle. 2.1. O conlrole
da emenda promulgada. 2.2.0 conlrole da proposta.
1. A INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA QUEINTEGRA A CONSTITUIO
A finalidade do controle de constitucionalidade das
normas preservar a supremacia da Constituio, que re-fora o princpio do Estado de Direito e que se apresentacomoo pressuposto fundamental do controle. deste modoque se explica a excluso do ordenamento jurdico daque-las normas que guardam relao de contrariedade com ospreceitos constitucionais. Assim,' [conceito de inconstitu-ciO/wlidade encerra dois elementos:,
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8 Revista dOProcuradores da Fazenda Nadona~
a) uma antinomia, isto ,uma relao contraditriaentre normas jurdicas;
b) a exist~ncia de uma hierarquia entre as normasconflitantes, situando-se uma no plano constitucional eoutra no plano infraconstituciona1.'
A antinomia, nitidamente vertical, superada afastan-
do-se (ou impedindo-se) a vigncia da norma inferior emfavor da norma superior. fundamental portanto a consi-derao de que oselementos do ordenamento juridico - asnormas - esto ordenados numa estrutura escalonadaestabelecedora de diferentes planos normativos.
A anlise do controle de constitucionalidade da refor-ma constitucional enfrenta assim um embarao terico pre-liminar. A emenda constitucional.' uma vez promulgada,
passa a integrar a prpria ordem constitucional, situando-se portanto no pice da estrutura do ordenamento. Aantinomia - primeiro elemento da inconstitucionalidade
- dever-se-ia resolver pela prevalncia da norma posteri-or de mesma hierarquia. A dificuldade est logo em confi-gurar e conceituar a inconstitucionalidade da norma queintegra a Constituio (inconstitucionalidade num mesmoe nico plano).
Os esforos no sentido de enquadrar teoricamente o
CHmat Ferreira MENDES acrescenta a esses dois elementos o de urna sano
qualificada, consistente nt .nulidade ou na anulabilidade (cf. eO/l/role de
cOllstituciolJalidatk. Aspectos jurldicos e polfticos. So Paulo; Saraiva, 1990, p. 09-
10). Como sededuz dos desenvolvimentos seguintes, considera.se no texto quea sano da invalidalo conseqncia da inconstitucionalidade, e no um
componente de seu conceito: a norma invalidada porque inconstitucional. O
ilustre publicista parCeria considera que a ausncia da invalidao possibilita
a revogao das normas constitucionais pela legislao ordinria, tomando
flexivel a Constituio assim desprovida de supremacia formal. Ainadequao
do raciocnio se evidencia com a considerao de que, nos sistemas de controle
preventivo, como o francs, a conseqncia (sano) da inconstitucionalidade
no a invalidao da norma, mas a proibio de sua promulgao.
2 Emprega-se a expressoel1lelldacotlstitucional para designar a nonna produzida
pelo poder reformador da Constituio, desconsidera.ndo~sc portanto as distin-
es, de resto pouco rigorosas em termos tericos gerais, entre revisO,reformae emenda constitucional.
u!;IIlVOJust da Costa c S il va 9
problema podem seguir quatro direhizes bsicas aborda-das a seguir.
1.1. A tese da inconstitucionalidade exclusivada proposta
A primeira diretriz consiste em assumir sem reservasa premissa da inexistncia de hierarquia entre as normasconstitucionais originrias e as reformadoras, e dela extraIras ltimas conseqncias. Afirma-se aqui fundamentalmen-te que a antinomia entre a norma originariamente consti-tucional e a emenda se resolve, em qualquer caso, pela
prevalncia da norma posterior. Uma vez promulgada, aemenda adquire o mesmo status e grau de validez de todasas demais normas constitucionais: a idia de uma emendaconstitucional inconstitucional encerra uma contradio inadjecto. .
Ao contrrio do que possa pare
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Gustavo Just da Co"t.ll e Silva 11
10 Revista dos Procuradoree da Fazenda Naclonal
tu.lono contempla expressamente a possibilidade de sedeclarar a Invalidade de uma emenda constitucional, ten-do apenas proibido a deliberao de proposta dotada dedeterminado contedo; ao contrrio do que fez com a lei,cujo processo de invalidao est previsto.
Em apoio tese examinada neste item pode-se pre-
tender que a diferena de tratamento frente emenda es demais normas se explica exatamente pelo fato deque, inexistindo hierarquia entre a norma originariamen-te constitucional e a norma reformadora, no poderia aConstituio ignorar, como de fato no ignora, que anorma posterior revoga a anterior. Por tal razo a pre-servao do ncleo rgido da Constituio somente
possivel atravs do controle do procedimento reformador(controle preventivo), e no de sua obra, da proibir aConstituio to-somente a deliberao da proposta,nada consignando quanto invalidao da emenda pro-
mulgada. J lei, por ser norma inferior, est destinadaa invalidao (conseqncia do controle sucessivo) nahiptese de contrariedade Constituio.
A conseqncia mais relevante dessa construo, notocante Constituio de 1988, sem dvida a impossibili-dade de qualquer controle, incidental ou abstrato, da regu-laridade da reforma constitucional j consumada. Pode-sereforar esta conseqncia lembrando que, tendo o consti-tuinte diferenciado 'no art. 59 a emenda Constituio dalei, no plausvel a interpretao extensiva da palavra leiempregada no art. 102,J;,de modo a incluir a emenda no
mbito da ao direta de inconstitucionalidade: no h in-dcios de rompimento, neste particular, da linearidade e daunifornlidade que caracterizmn a Linguagen1etnprl'gndnpelo constituinte de 1988.
A explicao ora apresentada por cc'rtono prevalece-r na experincia jurdica nacional, quer por contrariar fron-talmente a orientao do Supremo Tribunal Federal, quer
por no ter sido cogitada, ao que parece, por nenhum dos
intrpretes da Constituio de 1988.Sua conside~a~~~~
obstante, relevante por expor algu~~ast~ct~::~m dis-tes do problema e por no se tratar, a ma, e
para~~ fato no selhe pode objetarque sua aceitaoco~-. 'a su remacia da Constituio e, em consequ-
~~~:e~epn;inc~i~do Estado de Direito. Recorde-se qulendo
, sistema de contro e eDireito francs, que consagra um . 3 im-constitucionalidade exclusivamente p~eventivo ,u~a ~on-pies lei ordinria promulgada s:m s:r ~preoa~~x::o caso
lhoConstitucional(a apreoaao nao eobng~e I' dinrias) no pode ser invalidada, amda que co~-tr:r~~~r~ntalmenteum dispositivoconstitucional.AdemaIS,
C 'Ih Constitucional tem-serecusado a apreoar a r_e-O onse o . I 4 todaVianaogularidade da reforma constituclOna ,o que r.' ublicistas a negar RepblicaFrancesa a qua 1-mspuaospdade de um Estado de Direito. . .'
Por outro lado, a premissa de que parte o ~ao~cm~o,~
inexistncia de hierarquia entre nor~as conshtuClOnals,eum topos recorrente em DireitoPb!Jco.
1.2. A tese da inexistncia
Uma segunda alternativa consiste em qualificarcomo.' da editada sem a observnoa dos hml-meXIStente a emen . ..' tos ao po-t's formais circunstanciais ou matenalS lmpos;~r reform~dor pelo art. 60 da Constituio. Estimda~seq~e
d .d em desarmonia como proce lmen oa reforma con UZl a . . d stadorevisto na Constituio ou durante a vlgenoa. e :
~e sitio,estado de defesa ou interveno federal e lludnea
__ . . c Uo rresidcntl~da Repblica apresentou um1"" Scl'undonotiClaJcan.PauIJA Q '. d' d un' ~istema de ('onlrole de
I;> 'H "iuual miro uzm o . " . .projeto ~e reforma cons 1.UC , . d ~a-o. aproposta foirejcitada pelo
. l'd d uceSSIVO por Via e cxc...... , . .consti tuClona1 a es , '1991 Cf DroJ!cOlIslifllfiOllllcl cf illstlflltrOllSScnado em 1990e rcaprcsenlada em .. .
Folifiques. Paris:Dal1oz,1994, p. ~184" I ' f l iomlc/ e f la pl l ilosop1l ie d l l r i roi / . Paris:~ Cf. AGUILA, Yann. le COllsel COIIS I ri
LG.DJ.,1993, p.1l.12,36. 82.
- - - ~ - - - - - - - - - - - - . I . I I -
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12 Revista dos Proruradorell da Fazenda Nacional
a produzir Uttla emenda constitucional. que por essa vianllo tem acesso ao sistema do ordenamento, Omesmo su-cede no tocante violao dos limites materiais: como aConstituio probe a deliberao da proposta, o vcio sedesloca do cOntedo da emenda para o procedimento desua criao, o que fulmina a norma enquanto tal, indepen-dentemente do teor de suas disposies. Considera-se que
em tais casos o poder reformador extrapolou a competn-cia delineada nos termos e limites do art. 60: uma emendaaprovada pelo Parlamento em tais condies tem tanto va-lor quanto um decreto-lei "editado" pelo Presidente doSupremo Tribunal Federal.
O recurso categoria da inexistncia torna possivel ocontrole sucessivo da constitucionalidade (nada impede adeclarao, por via de ao ou de exceo, da inexistnciada emenda), preservando ao mesmo tempo integra a pre-missa da inexistncia de hierarquia entre a norma origina-riamente constitucional e a norma reformadora. De fato, a
norma inexistente no integra o ordenamento, de modo queo controle busca averiguar a pertinncia da norma ao siste-ma, e no a sua validade. No se estabelece assim urnaautntica antinomia, que pressupe a existncia de pelomenos duas normas conflitantes entre si.
A fragilidade dessa segunda formulao assenta numinadequado emprego do conceito de ato inexistente, ao qualse atribui via de regra um alcance mais restrito, quer emDireito Privado, onci~se formou, quer no dominio do Di-reito Pblico, ao qual foi incorporado. Qualificam-se comoinexistentes aqueles atos que no apresentam as caracteris-
ticas mnimas Dara serem reconhecidos como tais, ao Con-trrio dos atos invlidos (nulos ou anulveis), que so ape-nas viciados. Em Direito Processual Civil diz-se inexistenteuma sentena proferida ao cabo de um julgamento simula-do realizado numa faculdade de Direito; nula a sentena
proferida por juiz incompetente. No Direito Constitucionalconsidera-se inexistente um decreto-lei editado pelo Presi-
Gustavo Jus! da Cosia eSilva 13
, 'da Constituio brasilei-dente da Repblica sob a vlgnc: iaum preceitoda Cons-rade 1988; invlida, alei que con ar
tituio. , denamento do qual to-, l'd mtegra Oor ,Anorma mv 1 a ., t nte ao contr-
I 5 A norma mexls e ,davia pode ser expu s~. 'd dmitida no sistema atra-
, t ar nao ter SI o a d rio, no o m egra p rmativas ou ncleos e
d estruturas no ,vs de ~enhuma . as , stitudas cioprprio ordenamentoproduaonormativa,m. t (a ad~issO) dos elementos quepara regular o surglmen oI ilexistea norma se o atoo compem. Em outras pa avrdas, rrespondente "fonte do
- . - prove a cocom tal aparencIa nao .nto vi ente.D. 'to" reconhecida pelo ordename g .,
IreI , . a emenda constituclO-No difcil concluu ~ms quetedl'mental descrito no. d a do VICIOpro
naI, amda que p~ e , . ra embora invalidamente, oincio deste tpICO,mteg d"d em que promulgada pelo
. 'd' o na me Iaordenamento Jun lC , d' tal categoria de normas,
t t para pro uZlr .rgo compe en e . . um rgo apropnado'd tifo d em sua ongem
Sendo I en ICa o uida de se afastar ada produo nor~tiva de que se c ,categoria da ineXIstnCIa.
1.3. A'tese da supremacia material do art. 60da Constituio
.. 't mas J'com. h' tese expltcanva acel a,Uma terceua lp .' te hierarquia entre a, missa de que mexls . ,
restries, e a pre, tI'tucional e a norma. . anamente cons .norma ong1l1, . d distino entre supremaciareformadora, Partindo-se a
M I NEVES demonstra sua pertinnciaVersando sobre a lei inconStil~cion.: nt~~~~quados para descrever a invalida,de
aoordenarncnlOcom te~os l~ua Cejinconstitucional norma pertinente~-
da emenda inconstitUCional: ~"'),~.IOestalaI. Pcrtence porque pode retrotrarrValidamente ao ordenamento,lUft IC1 I b 'Icee os rgos bsicos de produ-
, " o oqua es a c d _no ncleo nom\ativo ongm ri , . l'd ue foi I)osta por rgo de pro uao
. () crlcncenamC{J aemq f" t do a toononnativa, ... P , . _ (l suporte ftico su lClcn cnormativa previsto na Constlt,U1~O l'~ndedas leis.So Paulo: Saraiva, 1988,
. . ) " Cf Teoria da IIlCOllsfltuClOlla Ileglslahv o. .
I'
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14 RevilbI dos Procuradores da Fazenda Nacional
formal e supremacia material da Constltuiol
afirma-sequeas normas do art.60 da Carta de 1988gozam de suprema-ciamaterial - e apenas material - frente s emendas cons-titucionais cuja produo por aquelas regulada.
A supremacia formal da Constituio consiste, conso-ante clssica formulao, no fato de que a revogao dasnormas constitucionais exige um procedimento mais com-
plexo do que o processo legislativo ordinrio, o que pr-prio das constituies rgidas '. J a supremacia materialdecorre do contedo mesmo daquelas normas constitucio-nais que definem e fundamentam a produo das demaisnormas, Uma lei produzida em desconformidade com orito previsto nas regras definidoras do processo legislativoestaria fulminando seu prprio fundamento de validade,do qual retiraria sua fora normativa, com base no con-ceito de supremacia material que se sustenta a possibilida-de de se configurar a inconstitucionalidade formal de umalei frente a uma Constituio flexvel.
Analogamente, pode-se considerar que o art. 60 daConstituio, por ser o fundamento de validade das emen-das cuja produo possibilita e regula, ostentaria frente aelas uma supremacia material. Deste modo, a antinomiaentre a emenda editada e os limites previstos no art. 60(inconstitucionalidade formal) seria superada pela
prevalncia da norma (materialmente) superior.Saliente-se que, mesmo no caso de violao dos li-
mites materiais' (as "clusulas ptreas" do s 4), ainconstitucionalidade seria formal, pois a regra contra-riada seria aquela que probe a deliberao da proposta,
o que situa a causa da invalidade no procedimento deformao da emenda (e apenas indiretamente no seucontedo).
A configurao da inconstitucionalidade da emendaconstitucional exclusivamente em funo da supremacia
Cf. BRYCE,}ames. Theamen'ca" cOflmlol/wmJth. 3". l'd. Ncw York/london: The
Macrnillan Company /Macmillan & Co., L1d., '1,')9(;,vaI. I, p.359-361.
Gustavo Just da Costa e Silva 15
material do art. 60frente s normas revisoras plaUSvel,ed. titucionalidade apre-mantm integro o conceito e mcons .
sentado no inicio deste captulo; legitima, ademaI~ o con-trole sucessivo,que retira do ordenamento a emen a que ointegra invalidamente.
Urna decorrncia especialmente relevante d~s~afor-
mulao a de fundamentar a tese da dupla ~evIsao,se~'undo a qual os limites do poder de reforma sao eles prgrios modificveis, De fato, a supremacia material que se~econheces Constituies flexveis,se por um lado rmpe-de o simples desrespeito pelo legislador do pro~e~sole 'slativo vigente, por outro no obsta a re~l.ar modiflCa-
-gId ste ltimo, O mesmovaleria para oshnutes da refor-a0 e "d elo prma constitucional, que poderiam ser supn~I os p .-prio poder reformador, desde que os respeItasse num pn-meiro momento, , ,
Todavia, urna hermenutica constItucIOnalcompro.me-
, d if' -o do principio do Estado de DneIto ebda coma ens Icaa , ,_om a afirmao da identidade da ConstItuIao guarda re-~ervasemrelao tese da dupla reviso, o que enfraquecea explicaoterica objeto deste item.
1.4.Os limites da reforma como reserva de supremacia
A inconstitucionalidade da reforma constitucionalsomente parece estar satisfatoriamente confIgurada
uando se abandona a premissa em que assen.ta a per-~Iexidade antes referida: a idia de que a antmomIa aser afastada se d entre normas situadas n~m mesmo tnico plano, isto , normas entre as quaISnao eXIsteh -
erarquia. , . _ O ponto de partida do raciocino a dIstInaoentreas
normas constitucion~isoriginrias (ou normas conshtuClo-nais emsentido estrito),elaboradas pelopode~ conshtum-te e as normas constitucionais supervementes (ou
dn~mas
r:formadoras), elaboradas pelopoder reformador a ons--I.
__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ _ IiI" 1_ S7
ii111._ d iiiii
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16 Revista d09 Procuradores da Fazenda Nacional Gustavo JUSl da Costa eSilva 17
titl;~~~ri:~J,~eendendo-se que se trata de distintas "fon-
na v:;:s:e~s~o "fontes do Direito" encerra duas acepes,, OISaspectos da mesma realidade:
orde;~;:~~~o:tr~~~o~mas abstratamente previstos pelo
(normas secundrI'as n as ,n~rmdassobre produo jurdica
b) a Vlsao e HART) 7.Os poderes que' tr d 'do ordenamento (pod In o uze~ as normas no sistema
, eres norma tivos).Ecausadora de equivo '
ro sentido da _ " cos a Invocao de um tercei-expressa0 fontes do D' 't"
nar as especficas man'f t _ lTeIo para desig-uso da expressa-o d 1 es aoes do poder decisrio. Esse
eve ser eVItado' a -mentos do siste ' s normas sao ele-
ma, enquanto as font ' -estrutura A f _, es compoem a sua
, onte nao e norma n " 'estrutural da norma" '. ' las o revestImento
Parece claro adernais que dmento central d ' o po er norma t ivo O ele-
o conceIto de font O b I 'critrios de adrnis - I e. esta e eClmento d eordenamento, be~:~~~x~ uso de reg~as de conduta pelo
gram, liga-se busca d e coordenaao das que Jo inte-jurdica _ a urudade do SIstema - unidade
,que por sua vez um I d amplo d ' t _ . corre ato o processo maise In egraao poltica.'
Importa ter em mente 'd g
e de consti'tu' , que a um ade poltica estlon-Ir uma qualtdade " tu I"
um atributo a ser . na Ta da coletividade,
hegemonia culturat~:up~~to lem decorrncia de umaguma outra esp ' 'T ca, 1 eo glCa,religiosa ou de al-
Cle, rata-se, ao contrrio do que parecia
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polifim", glll wll/1jaffl regl/I'IH' r/J'roresso de in!rgraziollc
s visOesoitocentistas, de 11mconstante processo de "uni-
ficallOda pluralidade" (HBSSE),processo que no excluios conflitos, antes OSbusca permanentemente superar edessa superao converter a multiplicidade de interesses,
aspiraes e comportamentos numa unidadede ao, isto ,
uma unidade de tipofu nc ion a!. !O Domesmo modo, a unidade
do ordenamento (unidadejuridica)no um atributo lgico
do sistemajuridico,comoaqualificaaTeoriaPurado Direito,
mas um problema, um processode nificao,l1
A sistematizao das fontes jurdicas portanto, em
ltima anlise, um instrumento de lfTillicaopoltica, Por
isso o elemento central do conceito de fonte o poder: os
diferentes tipos abstratos de norma refletem a diversidade
de poderes aptos a introduzi-Ias nocordenamento,"Assim, a norma constitucional originria e a norma
reformadora so duas distintas fontes do Direito, na medi-
da em que produzidas por poderes diversos: o poder cons-
tituinte e o poder de reforma. A importncia dessa
constatao decorre sobretudo:a) da diferena fundamental e substancial entre poder
constituinte e poder reformador, que a equivocada e
obscurecedora definiodeste ltimo como um poder cons-tituinte derivado tende a se reduzir a uma diferena mera-
mente quantitativa ou de gradao;
lii Cf. H E S S E , Konrad. Gnllldzrlge dcs VerjasslI/lgsreclJfs der Butldesrepublik Deu-
tsclllrlJld, 19. ecl. reelaborada, Heidelberg: Mller Jur. Verl.,1993, p. 5: "Diescs
illswerdCII der Viellleil isllliemals endgiiltig al1gcc1l10ssc/l, so dab eso/me weiteres als
gcgebell vorausgesetzf wcrde/l kiiJlllle, sondem rillsfiilldigcr Prozeb llllddanoll sIrIs
auc1, aufgegebcll".11 Cf. ZAGREBELSKI, op. cit., p. 35: "te cOlldizia"i del/a vita costilllziotlaie
cOlllcmporallea ci illscgllollo c1ICoccorre rasscg/lursi alia mmlCUIlZll (relativa) di ullif
dei sisfema deUefaliU giurdicllc, ill cOllscgllcllza del/a carellw di UII U/lito prillcipio
il'fonllafore della vila col/eUivlI (inslahilit de/ sitcma del/c falI ti (ome cOllsegue/lZa dei
politcismo dei valori politici l! dei pluralismo dclle forzc du: l i 50s/engOlia)".
11 Da mesma forma pensa Miguel REAI.E "Con.
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18 Revista dos Procuradores da Fazenda Nacional
. .Gustavo Just da Costa e Silva 19
b) da impossibilidade de que duas fontes distintas OC-u'
pem Omesmo lugar na estrutura do ordenamento, deven-do sempre existir entre elas uma relao sistmicacontroladora de eventuais antinomias.
A Constituio, regulao juridica suprema do Es-
tado: obr~ de .uma atividade que est na origem (no
sentido lgIco-sIstemtico, e s vezes tambm no crono-lgico) da ordem jurdica; uma atividade portanto cons-
tituinte, fundante e ~ue representa o exerccio de um po-
der, o poder constitumte. Este pode ser ento definido
~o~o a prerrogativa de estabelecer uma Constituio. A
Idem perde em clareza quando se pretende distinguir
entre poder constituinte originrio e poder constituinte
derivado: o primeiro apareceria ao se criar, e o segundo
ao se refor~ar. uma Constituio. Tal distino sugere
que se esteja dIante de dois momentos ou variaes de
um mes~o poder, o que entretanto inexato. O poder
constItumte, como visto, se define como a faculdade de
estabelecer uma Constituio. Opoder de reforma ao in-
verso: pressupe uma constituio j estabelecida, que o
fundamenta e em cujos marcos ser exercido; portanto
um poder constitudo (institudo), como de resto o so
todas as prerrogativas previstas na Constituio (esta
SI:n, obra do poder constituinte). Um poder constitudo
nao pode ser um poder constituinte, o que uma evi-dncia irrefutveI.
. Em lugar de fundar a Constituio, o poder reformador
SImplesmente a modifica. A costumeira confuso se deve
ao fato de s vezes se conceituar o poder constituinte corno
a faculdade de pr normas constitucionais, independente-
.mente do momento em que isso ocorre, se quando do esta-
beleCimento da Constituio ou se durante sua vigncia.
Na verdade, porm, o que confere verdadeira especificidade
ao poder constituinte no mera mente a qualidade das
nonnas que ele produz, l11as a sua relao COlll a ordClll
jurdica posta, que uma relao de desvinculao e inde-
II
pendncia, diferentemente doque se passa com os poderes
constitu1dos (dentre eles o de reforma). .Ao se aceitar a classificao aqui criticada, o conceIto
de poder constituinte restaria de tal modo estendido q~e
perderia a especificidade temtic.aque toma o assunto .tO
especialmente desafiador para o Junsta. De fato, ao se ~Itu-
ar fora do quadro geral de validades traado na Constitu~-
o, mas com tendncia a ele, o fenmeno do poder consti-
tuinte somente pode ser juridicamente aSSImilado.quando
se reconhece que a realidade objetiva do DIreIto nao se re-
duz estrita positividade.13
Compreende-se assim facilmente que o poder consti-
tuinte e o poder de reforma no desempenham o mesmo
papel no processo de integrao poltica, ser;do'patente o
carter primordial do primeiro. Em consequencm, a~ cor-
respondentes fontes no concorrem n~ ~e~ma m:dIda eintensidade para a busca da unidade Jundrca, razao pela
qual no ostentam idntico status na estrutura do
ordenamento. H entre a norma constitucional e a normareformadora uma relao sistmica de hierarquia, que r~.
presenta o critrio bsico de sup~rao de :ventuals
antinomias. Isto se demonstra sob diferentes pnsmas.
Numa perspectiva" externa" ao sistema, Oprocesso de
unificao jurdica somente s~r eficaz se guardar corr:~-
pondncia com as bases sociolgicas do pro:esso de UnifI-
cao poltica, fazendo refletir na coordenaao das fontes a
mesma relao que se verifica entre as correspondentes m~-
tncias decisrias. Assim, o poder constituinte, p~r. real-
zar o processo fundamental de integ~ao d~ ~oletivld~de,
produz uma espcie de norma que nao se SUJeita,em I~ade principio, a ser superada por obra de um processo maIS
11 A 6 .t vl'rSA! DANIIA Nelson () poaernJIIslituilltc. So Paulo: Ed. Rc-prop SI o, . ~ ,.' . . .. , . d T'h . 1986 71'" o problema do puder con!'htumle con!'1S(.
ViSta os n WlalS, ,p. . .... ente em transcender ()sistema formal das validades que compem o
precIsam . 6 . 'b 'Direito positivo, supondo, como SUptlC, uma sltu
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20 Revl8la d08Procuradores da Fazehda Nacional
restri~ode integrao polftica. Emoutras palavras, o acor-do pl'i.rnfloda Nao no se subordina futura maiOlia
parlamentar, ainda que qualificada.
_ Numa perspe.ctiva "interna" ao sistema aparecemrazoes de ordem IgIco-juridicaa explicar a supremacia dasno~mas constitucionais frente s normas revisoras. Com
ef~lto,a coerncia do sistema jurldico impede que uma fonteCneoutras f?ntes do~~as de eficciamaior ou mesmo igual sua prpna. A prOIbIode se criar uma fonte de'maioreficcia se explica pela impossibilidade de algum atribuira outrem um poder de que no dispe; a vedao criaode fontes igualmente eficazes decorre do carter 1111llleruscla~s~~da~ fon~e~dotada~ de um determinado grau de efi-cCIa. A rndeflIUda preVIsode sucessivas fontes dotadasde mesma eficcia eliminaria os marcos objetivos e estveisde identificao do direito na sociedade.
Por outro lado, a norma reformadora uma fonte cria-
da pela Constituio, que representa seu parmetro de va-hd~de. Es.sa uma considerao de grande importncia,pOISa validade de uma norma s pode ser controlada emfuno de parmetros fixados por uma norma superior. ATe~ma P~ra do Direito elatizou esse ponto, embora sob
pns~a dIverso, ao considerar que a norma que prev osurgunento de uma outra norma lhe superior, na medidaem que se apresentra como seu fundamento de validade."
. Por fim, a hierarquia aqui apontada deve ser reconhe-c~da,~omoconsequncia do carter por assim dizer" exau-nvel do poder constituinte. Se a norma constitucional ori-ginria e a norma reformadora se situassem num mesmonvel, eventual antinomia seria afastada em qualquer hip-
1~segue-se de perto. nesse passo. o h'x!o de ZAGREHEISKI lJIJ. cit P 5I.Cf KEIS.' ..' ....
. ~-EN. J lans. UClIIe Redllslrlm::. 2. L>tI.WiL'n:Ostcrreichische Slaatsdruckcrci1960 (rcimp 1992) p 212. "2 . I '" . . ~'.' WISCICII ClIler Nonll haltercr Stllft wld eiJler NormIIfeden:r 5tuft. dashelbt rWlsc"CIl eillcr Norm. dic dic Er"cugllllgcillcrulldercll bcstimlllt
1./IIdd,escr ulUlerell Nonn ka1l1fkel kOllfliktbestc1tcJl, da dic Norm der lliedn-cll 5 t l l f t!lider Norm der 1I61umm St"ft ilrrell Ccltllllg~gnllld Imt".
Gustavo Just da Costa e Silva 21
tese pela prevalncia da norma posterior (critrio relativo sucesso das normas no tempo). Ocorre que a aplica?do principio /ex posterior revogat priori pressupe a conti-nuidade (inexauribilidade) da fonte, quer dlze~,a perma-nncia do poder normativo apto a pr aquele tipOde nor-ma. O poder constituinte, porm, se esgota ao promulgar aConstituio, no lhe sendo possivel voltar a atuar no con-textoda ordem instituda, mas apenas para substitu-la. Porsso a antinomia entre norma constitucional e normarefo;madora s pode ser afastada pelocritrioda hierarquia.
A tese aqui defendida pode parecer incorr~ta ~endoem vista a prpria realidade da reforma wnstttuclOnal,que opera uma revogao de normas conttdas n~ tex~oconstitucional desde a sua promulgao, e que assIm naopoderiam ostentar a referida supremacia. A objeo noprocede quando se observa qua a pre~iso_ da reformatem o sentido de uma expressa mltIgaao, nao da supre-macia mas da maior eficcia formal de que dotado,em li~ha de principio, todo o corpo das normas origi-nalmente constitucionais. A necessidade de se regular aevoluo do Direito Constitucional explica a previso deque dispositivos da Constituio possam ser re~ogados
por obra do poder reformador, nos estntos lImItes fIxa-
dos na Constituo.Nessa linha de raciocnio, o ncleo rgido da Consti-
tuio aparece como uma reserva de supremacia, de modoque no se sujeita revogao por parte de nenhuma nor-ma do ordenamento.
Deve ficar claro que em nenhuma hiptese a normareformadora se considera uma fonte do Direito de mesmahierarquia da norma constitucionaLO que ocorre apenasa atribuio de uma idntica eficciaformal atIva s espe-cficasnormas de reviso, o que lhes permite afastar a valI-dade de norma constitucional anterior. Mas por se man-ter, enquanto fonte, subordinada, no ,po.de anormareformadora instituir outras fontes de Identica efIcCIa
GU !Itavo JU !Il da Costa e Silva 23
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22 Revista dos Procuradores da Fazenda Nadonal
sua, nem dispor sobre si prpria (razo pela qual todos os
dispositivos da Constituio que dispem sobre a reformaconstitucional integram, implicitamente, o seu "cerne inal-tervel"") .
. O ~ue. se ~retende aqui, portanto, configurar arnconstitucIOnahdade da reforma constituc:'l1al como uma
antinomia entre normas de diferente hierarquia. Os limites
reforma constitucional so explicados como uma reserva
~a su!:,remaciaformal que caracteriza, por princpio, a Cons-
titulaO,e que afastada em favor do poder reformador .
.Essa formulao a nica que contorna o embarao
te?rIco a que se fez meno no item 1acima, do qual inex-
plicavelmente no costumam se ocupar os que se debru-
am sobre o tema do controle da reforma constitucional.
Ademais,.a exp~cao aqui proposta aponta para uma
complexa artlculaao das fontes situadas no pice do
ordenamento. Justifica-se inteiramente essa complexidade
quando se observa que o processo de unificao do
ordenamento jurdico particularmente problemtico nop!ano das normas constitucionais, marcada pela viva ten-
sao.entre estabilIdade e transformao. O Direito Consti-
tucIOnal contemporneo articula a polaridade entre es-
ses elementos no em termos de alternativa, mas de co-ordenao."
2. MECANISMOS E OPORTUNIDADES
DO CONTROLE
. A tese aqui defendida permite a otimizao dos meca-
rusmos de proteo da Constituio. Ao se reconhecer a
su.p,:emaciaformal e material do ncleo rigido da Consti-
tUlao (que mclUl as normas que prevem a reforma) tor-
T " A expresso de PONTES DE MIRANDA: COlllrllldrio~ COIIStill1ilio de 1967
com a filieI/da llQ 1, de 1969,2. ed. So Paulo: Revista. dos Tribunais 1973 vai 111'p.146. , .
l7 Cf. HI-:SSE, op. cit., p. 1 5.
GU.!Itavo JU.!Il da Costa e Silva 23
na-se impossvel a chamada" dupla revis.o~'.A norma
revisora no pode, em hiptese alguma, modifIcar a norma
que a regula.Recorde-se que a admissibilidade da tese da dupla re-
viso _ segundo a qual a norma reformadora pode modifi-
car a regra constitucional que a prev, embora no a possa
violar _ era uma conseqncia da atribuio de uma su-
premacia apenas material ao arl. 60da Constituio frentes normas revisoras (ver item 1.3).
2.1. O controle da emenda promulgada
Uma vez promulgada a emenda constitucional
violadora dos limites formais, materiais ou circunstanciais
previstos na Constituio para a sua reforma, ter-se- uma
norma pertinente ao ordenamento, porm invlida por es-
tar em desacordo com uma norma superior. Legitima-se
assim sua expulso do sistema, tal como ocorre com a lei
inconstitucional.Presta-se a tal fim o controle jurisdicional incidental
ou o abstrato, este ltimo a cargo do Supremo Tribunal Fe-
deral, quer atravs da ao direta de inconstitucionalidade,
quer por meio da ao declaratria de constitucionalidade
(ar I. 102, I,a).
Tanto a palavra "lei" comoa expresso" atonormativo"
podem ser interpretadas de modo a incluir a emenda no
mbito do controle abstrato das normas, interpretao ali-
s autorizada pelocapu t do arl. 102, que atribui ao Supre-
mo Tribunal, precipuamente, a guarda da Constituio.
Assim decidiu o Supremo Tribunal Federal ao admitirao direta de inconstitucionalidade tendo por objeto a
Emenda Constitucional n 03, de17 de maro de 1993, que
efetivamente veio a ter dispositivos declarados incons-
titucionais.Cabe lembrar que a possibilidade do controle da emen-
da j editada afastada quando se assume coerentemente
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24 Revl!lta dos Procurador.:. da I:ucnda Nacional
o postulado de inexistncia de hierarquias entre as normas
constitucionais originrias e as normas reformadoras (veritem 1.1.).
2.2.OControle da proposta
. . ~ ~eforma constitucional se sujeita tambm a controleJUrISdiCIOnalpr vio de sua compatibiJidade com a Consti-tuio.
. De..fato, na medida em que o art. 60,S 4, probe a
del1beraao ~a proposta tendente a abolir as clusulas ptreas
que enunCia, resta claro que a Constituio j se encontra
maculada antes mesmo da edio da emenda. A tramitao
de prop.osta d~ e~enda, nessas condies, configura umaconduta mconstitucIOnal por si s, isto , independentementede vir a produzir a norma.
Aparece ento uma srie de questes "tinentes ao con-
trole jurisdicional da proposta, algumas das quais tm me-reCido pouca ateno por parte da doutrina.
A principal delas diz respeito ao instrumento de con-
trole. sem dvida incogitvel a utilizao da ao direta
de inconstitucionalidade (ADIn) ou da ao declaratria de
constitucionalidade, que pressupem a existncia - vale
dizer, a vigncia - de uma norma a ser excluda do siste-
ma se for considerada inconstitucional. Em conseqncia, a
ADIn e a ao declaratria somente se prestam ao controle da
obra da atividade reformadora, e no desta enquanto tal.
. J~o mandario de segurana parece mais adequado sltuaao, J que a deliberao da proposta de emenda sem-
pre ato praticado por autoridade; e s-Io- com ilegalidade
lato sensu ou com abuso de poder se a proposta for daque-
las que probe o art. 60, S 4, da Constituio. indiscut-
vel, ~or oulro la,do: que os membros do Congresso Nacio-
nal tem d,reIto lIqUIdo e certo de no deliberar uma tal pro-posta.
Sob a vigncia da Constituio anterior, cujo art. 47,S
G~llII.VOJu s t d a C os to e S ilVA 25
10, reproduzido, no que aqui interessa, pelo art. 60, S 4,
do texto vigente, o Supremo Tribunal Federal admitiu
mandado de segurana impetrado pelos ento Senadores
Itamar Franco e Antnio Mendes Canale contra a Mesa do
Congresso Nacional, com o objetivode impedir a tramitao
de propostas de emendas constitucionais que os impetrantes
consideravam ferir o preceito ptreo da forma republicana
de governo.Trata-se de um precedente da maior importn-
cia, sendo irrelevante a circunstncia de a segurana haver
sido denegada. O acrdo tem a seguinte ementa:
"Mandadode seguranacontraatoda MesadoCon-gresso que admitiu a deliberaode proposta deemenda constitucionalque a impetraoalega ser
tendente abolioda Repblica._ Cabimentodo mandado de segurana em hip-teses em que a vedao constitucional se dirige ao
prprioprocessamentoda leiou da emenda,vedan-
do sua apresentao (COlllO
o caso previsto no pa-rgrafo nico do artigo 57) ou a sua deliberao(como na espcie). Nesses casos, a inconsti-tucionalidadedizrespeitoao prprioandamentodo
processolegislativo.e issoporquea Constituionoquer - em faceda gravidade dessas deliberaes,se consumadas - que sequer se chegue delibera-
o, proibindo-a taxativamente. A inconstitu-
cionalidade.se ocorrente,j existeantesde o proje-to ou de a proposta se transformar em lei ou ememenda constitucional. porque o prprio proces-samentoj desrespeita, frontalmente,a Constitui-
o._ Inexistncia, no caso, da pretendida inconsti-
tucionalidade.uma vez que a prorrogaode man-datode doispara quatroanos,tendoem vistaa con-venincia da coincidncia de mandatos nos vrios
nveis da Federao, no implica inlToduodo prin-
cipiode que os mandatos no maisso temporri-os, nem envolve, indiretamente, sua adoo de fato.
Mandadode seguranainueferido".(Malldado de 5e-
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gurana n' 20.257 - DF, ac. de08 de outubro de 1980,
pub. na RT/, 99/1.031.)
Alm de parlamentares individualmente considerados,
partid.os polticos com representao n.oC.ongress.o N aci.o-
nal se legitimam a impetrar o maudallllls na sua m.odalida-
de coletiva de que trata o art. 5, LXX, a, da Constituio.
Caberia indagar da legitimidade ativa de cidados, e
no apenas parlamentares. A.oc.ontrri.o do que ocorreria
na hiptese de utiliza.o das vias ordinrias (ver pargrafo
seguinte), n.o parece haver bice algum a uma tal preten-
s.o. Iss.o porque a c.ompetncia para processar e julgar .o
mandad.o de segurana seria sempre d.oSuprem.o Tribunal
Federal (art. 102, I,d), de m.od.oque a deciso seria centra-
lizada, .oque imprescindvel quand.o .oque est em j.og.o
a prpria unidade jurdic.o-p.oltica da c.oletividade.
Resta inexpl.orada, a.o que se saiba, a questo acerca
da p.ossibilidade de se ad.otarem as vias processuais .ordi-
nrias c.om.omei.o de se impedir a deliberao de propostade emenda c.onstituci.onal. O assunto tTaria en.ormes difi-
culdades. Pense-se, p.or exempl.o, na legitimidade passiva
e ativa. R seria, p.or cert.o, a Unio; q l / id j l / r is se a mesma
Uni.o se legitimar ativamente, p.or ser ela a interessada em
impedir a entrada em vigor de emenda que lhe suprimisse,
p.or exempl.o, a faculdade de interven.o nos Estados (o
que p.oderia ser interpretad.o como uma afronta forma
federativa de Estado)?
Igualmente embara.osa seria a determinao da com.
petncia. Pelas regras atualmente vigentes, uma eventual
a.o de procediment.o .ordinri.o env.olvend.o a Unio, ain-da que versand.o s.obre to inc.omum objet.o, seria ajuizada
perante o Juiz Federal de primeira instncia, quer na Seo
Judiciria d.o Distrit.o Federal, quer na de qualquer outro
Estad.o da Federa.o." Essa seria porm uma situao ;11-
1~A no ser que todos os membros da magistralufiI fo~se01interessados ou que o
autor da ao fosse umEstado da Federao, hipteses em que a competncia
seria ('en(mlizada no Supremo Tribunnl Fedcfill (
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2 8 l te vi al A dOi Proeuradare. d" Fazenda Nacional
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A CONSTITUCIONALIDADE DAEMENDA CONSTITUCIONAL n O 12/96
O sw al do O th n d e P on tes S ar ai va
Filho
Consultor da Unio
Procurador da J i ' q nda Nacional em
Bras aia
Scio do Instituto Brasileiro de Direito
Constitucional - IBDC
Embora propiciando a preocupao de uma parcela doseconomistas diante dos objetivos econmico-financeiros,com as hipotticas repercusses sobre a economia (investi-
mentos, produo de empregos e, sobretudo, o poder decompetio nos setores mais desenvolvidos da econorrua),as aplicaes financeiras, o aumento dos juros, desembo-cando no eventual risco estabilidade e ao real, o GovernoFederal obteve do Congresso Nacional a aprovao daEmenda Constitucional nO12, de 1996, publicada no DOUde 16 de agosto de 1996, discriminando a Contribuio Pro-visria sobre Movimentao ou Transmisso de Valores ede Crditos e Direitos de Natureza Financeira - a CPMF,com supedneo no S 3, do art. 60, da Constituio Federal,em face da premente necessidade de se arrumar urna outra
fonte de recursos para a sade pblica, atingida pela insu-ficincia de verba.
O artigo nico diz que fica includo o art. 74 no Atodas Disposies Constitucionais Transitrias, com a seguinte
redao:"Art. 74. A Unio poder instituir contribuio pro-visria sobre movinlentao ou transmisso de va-
lores e de crditos e direitos de natureza financeira,
Oswaldo Othoh de Pontes Saraiva Filho 31
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30 Rev1JtI doa ProcurAdores da FllIundlll NadoOl,l
~.1 AaIlquotada contribuiode quetrata este ar-ligonoexcederavintee cincocentsimosporcen-to, facultado ao Poder Executivo reduzi-la our",:ta~lec-la, total ou parcialmente,nas condiese hmltesfixadosem lei.
~ 2 : A co~tribuiode que trata este artigo no se
aplicao dISpostonosarls. 153 ~5 e 154 I da Constitu' ' , , , -
I o.
~ 3O produto d~ arrecadao da contribuiodeque trata este artigo ser destinado integralmenteao Fundo NaCIOnalde Sade, para financiamentodas aese serviosde sade.
~4:"-.c.ontribuiOde que trata esteartigoter suae:lgIbilidad~s~b~rdinadaao dispostono art. 195, ~6 , da ConslitUlao,e no poder ser cobrada por
prazo superior a dois anos".
Colime-se que a excluso do preceito do S 5 do art
1~3da Constituio, por parte do S 2 do arl. 74 do ADCT'
nao pode ser contestada, mesmo porque o STF por o .- 'do .ui d ' caSIaO
J _gamento a ADIn nO939 (referente ao IPMF), decla-
~~~n~ r~p~es~n~ clusula ptrea a garantia da exclusivi-e. a mC1d~:r:'cIado IOF sobre o ouro, quando definido
em leI como ativ~ financeiro ou instrumento cambial.
DesnecessrIa a referncia no-aplicao do inciso
I do arl.154 da LeiSd s 20 d uprema, por parte do mesmo preceptivo
o o arl. 74, posto que, tambm, o augusto Pretriana supracitada .;"-Dln,acatou argumento nosso (Parece;
~GiN/CRJN/n 987/93) no sentido de que os requisitos
e el co.~plementar para a instituio do gravame, de no-
cumulativldade e no poder ter o novo tributo fatos gerado-
res e bases de clculo prprios dos j estabelecidos, fazem
parte da tcruca da competncia residual da'U '- .serv d . . , , ruao, a ser Ob-a a pelo legISladore no pelo constituinte derivado.
Enfatize-se: O Congresso Nacional acolheu o critrio
poltico de prever a CPMF no com supedneo no uso dacompetncia residual da Unio para criar outras contribui-
es para a seguridade social (arts. 195, S 4, e154,I, CF),
mas deprev-Ia no uso do poder constituinte derivado, sem
a necessidade de submisso s retrocitadas regras. Por isso
a CPMF poder ser instituda, por exemplo, por lei ordinria.
Pondere-se que as normas oriUndas do poder consti-tuinte derivado, tendo atuado este em harmonia com o arl.
60 da Carta poltica, tm a mesma natureza e hierarquia
das normas provenientes do poder constituinte originrio,
como se a nova contribuio j tivesse sido discriminada
entre as hipteses docaput do arl. 195,desde 5de outubro
de 1988, no sendo o caso de se cogitar de inconstitu-
cionalidade da prpria Constituio.
lniludivelrnente, no sepode pretender que a lista das
contribuies para o financiamento da seguridade social,
contida no arl. 195, I e Il, da Lei Suprema, seja imutvel,
por supostamente estar inclusa na clusula intangvel doarl. 60, S 4, impossibilitando que o rgo com poder de
emendar a Constituio, com fundamento no seu critrio
politico, tendo em vista os mutantes interesses e as necessi-
dades da seguridade social e da prpria coletividade, pos-
sa discriminar uma nova contribuio, ou eliminar uma
fonte j prevista, ou substituir uma fonte por outra.
Observe-se que o arl. 60,S 4,da Carta Magna de1988
dispe que no ser objeto de deliberao a proposta de
emenda tendente a abolir, entre outras limitaes, direitos
e garantias individuais, entendidos, apenas, como aqueles
direitos fundamentais derivados da prpria existncia hu-mana e que se colocam acima de toda e qualquer norma,
como os relativos vida, liberdade, e dignidade das
pessoas.A tcnicade tributaocom base na competnciaresidu-
al da Unio, prevista no art. 195, S 4,c/ co art.154,1,da Lei
Suprema, alm de ser dirigida aolegislador e no aoconstitu-
'l
._._---- ..._--.,j
32 Rev15t ll dos Procuradores da Fft7.endaNacional Oswaldo Olhon de PontesSaraivaPilho 33
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inte derivado, no merece ser alada dignidade de umdos
direitos fundamentais, de um dos direitos humanos.
Assim, claro est que a discriminao pela emenda
constitucional, em comento, da nova contribuio provis-
ria sobre ~ovimentao financeira no causa qualquer dano
ao preceIto do art. 60,cnput, S 4, ainda mais que no se
!,o~e ~ons~derar.que isso tenda a abolir direitos e garantias
m~,v,dua,s, mUlto pelo contrrio, j que o novo gravameveIOsocorrer a sade e a vida, mormente, das camadas maisdesfavorecidas da populao.
~ p~o!,s~o da clusula ptrea, insta ponderar que aConstitUlao nao pretende que as instituies arroladas no
S 4 do art. 60 da Carta de 1988 sejam insusceptveis dealteraes.
.. Defato, quart~o h exigncia de tendncia a abolir, sig-nifIca que pode, aInda, haver alteraes tolerveis at ime-
diatamente antes ao ponto em que se caracteriza a tendn-cia abolio.
Vimos que a alquota poder ser, no mximo, 0,25%.O
Governo promete que lei ordinria fixar aJiquota mxima
de 0,20%, podendo o Executivo, por ato administrativo e
respeitada a lei, reduzi-Ia ou restabelec-Ia total ou parcial-
ment~, le~an~o em considerao o principio da capacidade
contrlb~tiva, ~orInador do principio da igualdade no Di-
reI.toTrIbutrIO, como tambm diante de razes justific-veISde ordem extrafiscal.
O que caracteriza as contribuies para ofinanciamento
da seguridade social que os produtos de suas arrecada-
es d~vem ser obrigatoriamente carreados para financiar
as atiVIdades estatais nas reas de sade, previdncia e as-
sistncia social. E isto est sendo observado pelo novo pre-
ceito do S 3 do art. 74do ADCT da CF/88.
A questo da vinculao aos beneficios da contribui-
o, em relao aos sujeitos passivos dessa exao, no deve
ser tida c~mo motivo para considerar a CPMF um impos-
to, espeCIalmente porque, no caso, trata-se de norma
constitucional, embora eInanada do poder consti~~te de-
rivado, que afirIna ter discriminado uma contribUIao!,ara
a sade, tanto que o S 4 do art. 74 do ADCT prevIU,a
ttulo de ratificao, que a nova contribuio s P?de~ ser
exigida aps decorridos 90 dias da data da pu~licaao da
lei ordinria que a instituir, como manda o S 6 do art. 195
do corpo permanente do texto constitucional.
AdeInais, diante de a seguridade social compreender
um conjunto integrado de aes e iniciativas ~os Pode.res
Pblicos e de toda a sociedade, devendo a SOCIedadeahs,
financiar a seguridade social nos termos d~ lei,_no h
obrigatoriedade do sujeito passi:,? das.contnbUIoe~para
a seguridade social obter benef~cIOsduetos da~ aoes desade dos servios de assistnCiae das prestaoes da pre-
vidn~ia social, sendo possvel Oproveito apenas indireto
ou mesmo potencial dessas atividades.
Na espcie em exame, a grande maioria da .populao
brasileira, contribuinte do tributo, certamente u rec:ber
um melhor atendimento por parte dos postos de saude,
hospitais, clnicas e laboratrios do setor pblico ou
conveniados. A minoria privilegiada, se desejar, ter a
contrapartida pela sua contribuio, utilizando-se das ~es
e dos servios de sade patrocinados pelo Fundo NaCIOnal
de Sade, como no caso de vacinao pblica, e as e~p~:-
sas beneficiar-se-o, mesmo indiretamente, pela pOSSibili-
dade de seus empregados gozarem de mais sade, em .vir-
tude de um servio de sade pblica Inais adequado, dIan-
te do recebimento, pelo setor, de mais recursos.
34 Revista dos Procur dora d FazendaN donal
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'.,"' "~I -til ,'.,.,li. I . ,I .,
A IDIA DE SISTEMA NO DIREITOTRIBUTRIO E A INTE~RET AO
SISTEMTICA!
Gustavo AmaralProcurador do Estado do RJEx-Procurador da Fazenda Nacional
" . . .. . Advogado .
,
"1. INTRODUO
i TrahDloapresentado para a cadeira Teoria da Interpretao da Norma Tribut-ria, ministrada pelo Prof. Ricardo I ...o lx JTorres no curso de Mestrado em DireitoTributrio das Faculdades Integradas Cndido Mendes - Ipancma
2 Cf. ENGISH, K.lntroduo ao pensamento jurdico. Trad. de Joo Baptista Ma.chad~. 6.ed. Lisboa: Fwdao Calouste Gulbcnkian, p. 294e remiss."ioa PHIUPP
HECK ali feita.
Muito embora tenha-se como tema a interpretaosistemtica, necessrio dizer, desde j, que inexiste pro-priamente uma interpretao" sistemtica". Existe, sim,a atividade interpretativa, que requer o uso simultneode todos os instrumentos hermenuticas conhecidos. Essainterpretao requer o emprego do mtodo literai, no nosentido de que in claris non fit interpretatio, mas para deli-
mitar o campo possvel da interpretao, para alm do qualj se estar no campo da integrao da norma 2, se isso for
1. Introduo. 2.A idia de Sistema Tributrio. 2.1. Concei-to e noes histricas. 3. A autonomia do Direito Tributrio. 4.Significado da polmica para a interpretao do D ireito Tribut-
rio. 5. Nossa posio. 6 . Concluso. ' .
.,1
34 Revista dos Procur.dora d. FazendaN.donal
Gustavo Amaral 373 Revistado, Procuradore, da FazendaNacional
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, ,
posSvel '. De igual sorte, ao analisar o sistema, em qual-
quer de suas acepes, ter-se-, face a face, a teleologia,
pois a mens legis apreendida da anlise do conjunto
dos dispositivos legais, ao menos.
Inobstante isso, no s possvel fazer o corte, sepa-
rando a interpretao sistemtica dos demais instrumentos
exegticos, como isso tarefa de grande importncia, pois
e~bora integrante de um todo, temela caractersticas pr-
pnas que devem ser dominadas.
Emrnatria de interpretao sistemtica,a grande ques-
to prende-se autonomia, ou no, do Direito Tributrio
notadamente quanto utilizao dos conceitos jurdicos d~
Direito Privado ou a elaborao de conceitos prprios. Para
enfrentar tal questo, iremos primeiramente examinar a
idia de Sistema em Direito, com especial ateno para a
noo de Sistema Tributrio.
Aps isso, enfocar-se- a questo da autonomia
do Direito Tributrio e da utilizao dos conceitos deDireito Privado, dos conceitos jurdicos e dos concei-
tos econmicos, procurando mostrar as diferentes con-
cepes quanto idia do sistema em que estaria in-
serido o Direito Tributrio, concepes essas subja-
centes a tal idia.
Por fim, tentaremos estabelecer um posicionamento
prprio sobre a.matria, analisando as questes expostas
no presente trabalho.
Cumpre dizer, entretanto, que nesse trabalho preten-
demos fazer urna anlise abstraida dos regramentos positi-
vos e que, portanto, no guarda vnculos necessrios com
as opes polticas adotadas pelos diversos ordenamentos
positivos.
Em matria de estrita legalidadc, no cabe a integrao LIanonna. Em matriatri.bulria, vide o art. 108, ~ r, uo crN; em malria no tributria, vide, p. ex.,LUCIA VALLE FIGUEIREDO. Curso de Direito Al1l11illisfrativo. So Paulo:Malheiros, 1994, p. 39.
2. A IDIA DE SISTEMA TRIBUTRIO
2.1 Conceito e noes histricas
a) Conceito
A questo do significado da idia de sistema, para a
Cincia do Direito, ponto de acesas polmicas, ainda emnossOSdias, pois est intimamente ligada concepo de
Direito que se tenha. Sendo o Sistema Tributrio urna
subespcie do Sistema Jurdico geral, uma especializao
deste, evidente que os problemas da Metodologia Jurdi-
ca aplicam-se tambm ao nosso estudo.
Sistema seria, na definio de KANT, "um conjunto
ordenado segundo princpiOS"', ou, na definio de
SAVlGNY,a "concatenao interior que liga todos os insti-
tutos jurdicos e as regras de Direito numa grande unida-
de".5 V-se dessas definies e de tantas outras, destacar-
se a idia de unidade e ordenao interior. No isso de seespantar, pois a hiptese fundamental de toda a Cincia a
de que uma estrutura racional, acessvel ao pensamento,
domine o mundo material e espiiitual. Por conseqncia,
tambm aCincia Jurdica, incluindo-se a o Direito Tribu-
trio, parte, nos seus postulados, da existncia fundamen-
taI da unidade do Direito.O faz, por exemplo, coma regra
da interpretao sistemtica ouatravs da pesquisa deprin-
cpios gerais de Direito, no campo da chamada analogia de
Direito,' colocando-se, com isso, em consonncia com as
doutrinas da hermenutica geral, s quais pertencem o
Mctap llysisc IJe Alzja llgsgr unde der Nahm IJisse llsclta jl.l. ed. (1786), prembulo, p.
IV,apud CLAUS _WILHELM CANARIS. Pellsamr ll to s is temtico e COllceitod t sis.
tema tia Cii'lcia do Direito. Trad. de A. Menezes Cordeiro. Lisboa: Fundao
Calouste Gulbenkian.. p.10.Sys tl 'n1 eles lreu tigell romisc1lcll Rl 'cl l ts. voI. (1MO), p. 214,. apud ob. dt., p. 11.
(. A analogia em Direito Tributrio somente rejcitada para a configurao dofato tlpico (CTN, art. 108, ~1),mas o primeiro processo integrativo previsto
no caputdo mesmo artigo .
._. _ .._._---- -- ~ _ ._ -- -- -- -- -- -- --
38 ltevista dos Procuradores da hzenda NadonalGustavo Amaral 39
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38 ltevista dos Procuradores da hzenda Nadonal
"enol'lda unidade" ou da "globalidade", segundo o qualo intrprete deve pressupor e entender o seu objeto comoum todo em si significativo, de existncia assegurada.
H que se ponderar, entretanto, que afirmar a existn-cia de um Sistema, de uma unidade do Direito a partir danatureza cientfica da Jurisprudncia conduz a uma peti-o de principio, e que, inclusive, muitos adversrios dopensamento sistemtico tm negado o carter cientfico daJurisprudncia, reconhecendo-a apenas como uma espciede arte ou de tCfca.
No difcil demonstrar que a ordem interior e a uni-dade do Direito so bem mais do que pressupostos da na-tureza cientfica e do que postulados da metodologia. Aexigncia de ordem resulta diretamente do reconhecido
postulado da justia, de tratar o igual de modo igual e odiferente de forma diferente, de acordo com a medida dasua diferena.
Descendo para Ocampo mais estreito da tributao,
temos tambm uma variedade de noes quanto ao queseja Sistema Tributrio, que, como anunciamos acima, vema refletir as discusses havidas no plano mais abstrato daTeoria Geral. Conforme indica SAINZ DEBUJANDA,afir-mam uns que, em sentido estrito, no h que se falarenlsistema tributrio, pois "cualquier grupo de impuestos quese establezcan y apliquen por um determinado poder sedenomina "sistema tributaria" de la organizacin politicacorrespondiente, sim que para la validez deI concepto seinvoque nllngn tipo especial de conexin entre los diver-sos gravmenes".' Temos a a noo de sistema como mero
somatrio, cuja unidade interna estaria sempre presente,talvez em decorrncia da petio de princpio acimaindicada.
Prosseguindo na lio de BUJANDA,temos que" quemdiz sistema, diz ordem lgica, fio condutor. Para que exista
EStruclura jurdica dei Sistema Tributrio, i"HI1.1Clldl1lf IJrrcdlO. rvlaurid: Institu-
to de Es('udio$ Polilicos, 1962, p.253. J
---------------_.__ .
um verdadeiro Sistema Tributrio, neces~rio,se~ dvi-da alguma, um vinculo lgico entre os diversos trl~utOS,uma conscinciaclarados objetivosfiscaise extralscals que
I "8os tributos so chamados a a canar . .Dessa ltima observao poqemos extrair duas esp-
cies de abordagens, que do amparo a duas vises de Siste-ma: o sistema interno e o sistema externo. Por sistema m-
terno, temos as inferncias lgicas e axiolgicas decorren-tes das normas e princpiOSpostos ou ima.nentesao siste-ma, mas posteriores ao "fato legislativo". E o vnculo lgi-co acima referido, muito embora deva ser ressaltado que aidia de sistema jurdica como sistema lgico u~ postu-lado do positivismo e da jurisprudncia de co~cellos, hOJelargamente combatida e repelida na expennCla compara-da notadamente a tedesca.9
, J por sistema externo, temos .a ab~rdage~ feita porfatores outros que no apenas as mferenClas ~~adas d~,snormas jurdicas positivas, da a razo do nome exter~o .
Entram aqui em jogoesquemas lgicose mentais pr~lOscompreenso das normas (viso conceptuahsta),condicionantes histrcas, econmicas, sociais e polihcas,ou que do uma coerncia ao todo legislado, no a parhrdele, mas previamente a ele.
Embora no seja de todo incorreto dizer que a s~,gun-da abordagem refoge, de certo modo, do obje,toda Cienclado Direito, imiscuindo-se com critrios de clenClaSoutr,~s,e sem esquecer a advertncia de BUJANDA,p~ra que~ lainvolucracin de conceptos jurdicos, econnucos, p~lC?l-gicos y de otras variadas significaciones ha con~tltuldo,
como es ya de sobra conocido, uno de los entorpeClnuentosms importantes com que ha tropezado, durante largotiempo, el desarrollo de la ciencia.d~ I~Hac~enda: Slo atravs de la diversificacinde las diSCiplinasfmanCleraspor
~ Ob, cil., traduo e grifos noSSOS. , ~ . (' Sob anta vCI'a-semais uma vez, as hoes de CANARIS, ob. Clt, p. 28~ rcesscp, ,,-
seguintes.
40 RQv fs t d dos ~rocuradotetl dd Fazenda Nacional
Gustavo Amaral 41
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40 RQv f s t d dos rocuradotetl dd Fazenda Nacional
razn de perspectivas y mtodos se ha logrado, ai fin, ponerorden en la gran marafia conceptual que envolvia hasta
entonces estas materlas, haciendo que 5Uinvcstigacin yenseilanza discurran por los cauces adecuados", 10 no se
pode perder de vista que o Direito sempre um fenmenocultural. A sua existncia depende da criao humana e
sua e~truturao a.dvm da adoo pelos elementos que
compoem ~. sOCIedade,de certos padres de comporta-
mento. O DueIto decorre de uma experincia histrica, daqual denvam os dados normativos.
A unidade interna de sentido do Direito, que opera
para o erguer em sistema, no corresponde a uma deriva-
o da idia de justia do tipo lgico, mas antes do tipo
valorativo ou axiolgico. Os valores esto, sem dvida
fora ~o mbito da lgica formal e, por conseqncia, a ade~
quaao de vrios valores entre si e a sua conexo interna
n? se deixam exprimir logicamente, mas antes, apenas,
aXlOlglCao~ teleologicamente. Ora, disso se conclui que
embora a Junsprudncia no deva abandonar as ferramen-tas que lhe so prprias, est obrigada a considerar a
organicidade "pr-legal" ministrada pelos fatores histri-
cos, sociolgicos e econmicos, pois, muitas das vezes, ser
desses valores que poder extrair a axialagia e a teJeologiapositivada."
A par dessa diferenciao, dentro do Direito Tribut-
rio fala-se tambm em sistemas histricos e sistemas cient-ficos. .
Sendo o Direito uma decorrncia de uma viso de
mundo, mesmo nos regramentos casusticos, como no Di-
reito Romano, h um fio condutor, urna organicidade queperrmte en.contrar uma sistemtica vigente, ressalvado, tal-
vez, orgaruzaes sociais muito primitivas. Tendo em vista
IIJ Ob. cit., p.268.
11 Dcvc-setambmd' 3 1-..
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ou pagavam em condies bastante minoradas. EmRoma,
houve ~ma. progr~ssiva modificao nas rendas pblicas.
Num p~rmetropenodo, predominaram os esplios de guer-
ra ou a rmposio dos tributos aos vencidos. Com o passar
do tempo, surgiram figuras como a cnpilnio, imposto pes-
soal que. gravava a todos na mesma medida, o vectignl
certum, Imposto sobre a riqueza rstica, a vicesillln
hered', tatum , que gravava as sucesses, a ce"tesitllll renall
vennlrum, que incidia sobre as vendas, opor toriu lIl, inciden-
te sobre o transporte martimo. Havia tambm monopli-
os fiscais, como o do sal.
. Nos ltimos tempos do Imprio Romano, as receitas
denvadas prevaleceram sobre as receitas originrias.
. Quanto a Idade Mdia, bastante difcil falar sobre
tnbuta?o, stricto S~71SU, pois, a rigor, os ingressos
fazendnos no feudahsmo eram patrimoniais, eis que to-
das as terras pertenciam ao rei e eram dadas aos vassalos
em arren~amento ou enfiteuse. Assim, os ingressos po-
d~m ser tidos como patrimOlais ou como tributos, hajavI~taque taIs recursos tambm visavam a sustentar gastos
pubhcos, como a manuteno dos exrcitos.
~e~tro da evoluo havida na Idade Mdia, houve" tri-
butaao (adnta-se que tal fosse a natureza do ingresso)
17l 7lntura~ com a entrega de parte da prpria produo ao
poder trIbutante. Com o passar do tempo, a tributao
passou a ser feita em moeda, mas sempre sobre o patrimnio
ou sobre o produto bruto. O surgimento da tributao so-
bre o produto liquido, como ocorre hoje nos tributos sobre
a renda auferida, bastante recente na evoluo.
, Com o triunfo do liberalismo, passou-se, at o final do
seculo p.assado, a efetivar a tributao sobre ndices reais,
desconSIderando-se as peculiaridades pessoais do sujeito
P~SSIVO,sua capacidade contributiva. Com a virada do
seculo e o aparecimento do Estado Social, surgem novas
demandas de gastos para o Ente Tributante e, assim, mais
neceSSIdadesde receitas, que provocam uma mudana nos
----------------
sistemas tributrios. Seguindo o novo padro de igualda-
de, que no mais era que" todos os homens so iguais pe-
rante a lei", mas que o Estadoreconhecia as desigualdades
e agia para minor-Ias, surgem consideraes com a capa-
cidade contributiva, com a possibilidade de maior coope-
rao do indivduo para o bem comum. Passou-se a ter um
novo dado, apersonaliznio dos tributos.
Assim, nos sistemas impositivos passou-se a ter emparalelo aos chamados impostos reais, impostos pessoais,
informados pelo critrio da progressividade. Almda ren-
da acumulada (patrimnio) e da renda auferida, passou a
ter grande significaoa tributao indireta, tambm infor-
mada muitas vezes pelo critrio da seletividade.
V-se,da, a evoluo dos Sistemas Tributrios atravs
dos tempos, pois a cada tendncia, sem a menor dvida, a
unidade sistmica altera-se.
3. A AUTONOMIA DO DIREITO TRIBUT RIO
Evidenciado est que o Direito organizado de modo
sistemtico, mas parece ser bvio que no se trata de um
sistema nico e indiviso. Aocontrrio, possivel nele loca-
lizar diversos subsistemas, como o Direito Penal e o Direito
Civil, que atendem a postulados e principias prprios. A
questo est em saber se o Direito Tributrio consistiria em
uma subdiviso do Sistema Jurdico, ou se, ao reverso, es-
taria ele inserido dentro das regras comuns ao Direito Pri-
vado.No se trata de questo de menor importncia, mor-
mente porque como visto acima, dependendo dametodologia empregada, a anlise da configurao siste-
mtica de vital importncia. Para os adeptos da jurispru-
dncia dos conceitos e para os positivistas em geral, a com-
preenso do sistema externo, atravs das sucessivas abs-
traes feitaspelas conceituaes, precondiciona a compre-
enso do direito legislado. Ento, se o Direito Tributrio
. . .
44 I~evl!ltftdos Procuradores dn FA7.CndnNnciollll!~ Gustavo Amaral 45
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devesse subservincia aos conceitos de Direito Privado, suacognio estaria vinculada s idias priva tfsticas.
Em perlodos l't'Iaisantigos, tinha-se a divisRo do DireI-to em dois ramos: aquele que exprimia os verdadeiros prin-clpios da legislao e o Direito excepcional, ojus singulare,que compreenderia as leis fiscais e as leis penais, que, pelasua natureza de exceo, estariam vinculadas a uma inter-
pretao restritiva e vinculada aos conceitos e princpiosgerais dados pelo Direito geral. 14 Por ser um Direito ex-cepcional, toma-se claro que no haveria um sistema pro-
priamente tributrio, mas particularidades inseridas pelasregras fiscais dentro do sistema moldado pelas regras ge-rais, de matiz civilista.
Uma sntese desse pensamento feita por LUIZTROTABAS, que diz:
" em face dessa jurisprudncia dissidente que sedefine a doutrina fiscal dos civilistas. Embora a
maioria se limite a proclamar a superioridade dodireito civil sobre o direito fiscal, o que uma afir-
mao gratuita e no uma razo demonstrativa, te-mos, pelo contrrio, a boa sorte de encontrar, na penado deo Gny. a jushficao terica dessa doutrina.O Sr. Gny, em presena da antinomia revelada en-tre a lei fiscal e a lei civil, reconhece que existe 'umatcnica propriamente fiscal que introduzir na tc-nica J~rdica geral alguns elementos novos, que acompletam sem destru-la, que podero mesmo, porvezes estorvar alguns de seus preceitos' (F. Gny,nota em Consto d'Et., de 27 de julho de 1923, Sir.,1927.3.4'1). E esse autor acrescenta: 'Sob a condi-o, apenas, de ser formalmente legalizada, a tcnicafiE'.:al levada a ferir ou atentar contra o direito co-
mum, que, por outro lado, a domina com seu va-Iar universal' (idem). Isto o mesmo que dizer queo din~ito fLC Jcalsomente pode (~xpriJllir"".seatravs de
11'TRO I'ABS, L. A illterprelaLl dflSleis fiscnis. 111npA. v. 1 ,p. :18-.'17,1945.
um texto lega],e que no silnciodo texto, suas difi-culdades devem ser resolvidas de acordo com asregras do direito privado".
"Tal frmula revela, ao nosso ver, o erro da conce~ocivilista do direito fiscal. O ponto essencial da controverSIaest fixado com bastante nitidez: ningum contesta q~e ~
lei tem o poder de estabelecer regras especiais para o dlfel~to fiscal; trata-se simplesmente de saber se, q~ando ~ leifiscal onssa, o juiz e O intrprete devem ou nao sUJeltar-se, para resolver uma questo de direito fiscal, regra dodireito privado." 15 . .
H aqui, sem dvidas, notnas m~uenCl~s d~ pen~a-mento poltico sobre ambas as concepoes, POlSOhb~rahs-mo clssico tendia a ver nos tributos uma excepCIOnalidade,uma odiosa invaso da esfera privada, enq~anto 0~6no~~~reclamos sociais, que comeavam a ser posltIvados. eXigiam no mais a mera igualdade formal pe~ante a lei, mas a
igualdade material, perante as contingnCias da Vida e, c~misso, prestaes positivas por parte do Estado, pres~aoesessas que foravam um cresci.mento da ah~ldadearrecadatria, que no mais podena lcar corno allvldade"excepcional" ou "odiosa",
4. SIGNIFICADO DA POLMICA PARA A ,INTERPRETAO DO DIREITO TRIBUT ARIO
Sem desprezar essas influncias, contudo, temos aq~i,de modo bastante ntido, um problema de dimensIO-namento das estruturas do campo jurdico, ~ue acarretaem problemas para a interpretao, como salie~t~do porTROTABAS, no trecho supra-referi~o. Em uma Vlsao,tem-
"f!j-Ensaio sobre o Direito Fiscal, illT{DA. v. 26, p. :-'9, 1951. ~ejam-se tambm as
notas de rodap 23,na mesma pgin
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se o Direito Tributrio corno um apndice, um"particu\arismo" do verdadeiro Direito, que seria todoestruturado pela civilistica, no compondo um todosistrnico, mas, sim, inserido em um sistema de leis, prin-cfpios e conceitos que lhe so prvios.
J pela outra viso, tem-se que a atividade fiscal de-senvolveu-se a tal ponto, que criou em torno de si urna
sistemtica prpria. Haveria um subsistema tributrio,conectado, inserido dentro de um grande Sistema Jurdico,sim, mas com suas prprias feies e, mais importante, essesubsistema seria paralelo ao sistema privado (ou civilfstico),e no subalterno.
Noapenas nos casosonde se depara comlacwlas, comopensava TROTABAS,mas para toda a interpretao h pro-fundas diferenas de acordo com a concepo adotada. ParaTROTABASeGNY,a questo no sepWlha quando a solu-o poderia ser dada pela interpretao literal,mas, para eles,tal interpretao estava ligada a um resultado unvoco, que
hoje no mais aceito. Atualmente, a interpretao literal, aoinvs de esgotar a atividade exegtica, a delimita, colocandoos entornos do campo da interpretao para alm dos quaisse estar j na integrao.17
Trazendo-se o problema j para o campo da interpre-tao, ficam mais claras ainda as diferenas, pois:
"Inexistea prevalnciade um nicomtodo. (...) Oque s'observa a pluralidade e a equivalncia,sendoos mtodos aplicados de acordocomo caso,e com os valores nsitos na norma; ora se recorre ao
mtodo sistemtico,ora ao teleolgico,ora ao his-trico, at porque no so contraditrios, mas secomplementam e intercomunicam. No direito tri-
butrio os mtodos variam de acordo at com o tri-buto a que se aplicam: os impostos sobre a proprie-dade postulam a interpretaosistemtica,porqueapoiados em conceitos de Direito Privado; os im-
li Cl. remisso feita tlil nola 2 deste trab"lllO.
----------------- ,---'.~~
1 ,
postossobrea renda e o consumoabrem-seinte~-pretaoeconmica,porque basead~sem , concei-toselaboradospeloprprioDireitoTnbutno ouemconceitostecnolgicos. Os mtodosde mterpreta-o, por conseguinte,devemser es~dados den~odavisopl ur al is ta . Entreelesno eXls~ehierarquIa.Tm igual peso, variando a sua Imp?rta~C1a de acor-docomo casOe comas va]oraesJurdIcasnapo-
ca da aplicao,comosemprereconheceua d~utrl-na no extremada, seja no Direito em geral, s:Ja .nosramOSespecializadosdo Constitucionale do fnbu-trio".18
o Direito no pode ser interpretado em tiras, comocostuma afirmar EROSROBERTOGRAU. Saber, portanto,em que contexto essas" tiras" esto inseridas, s.enu~ con-texto de um sistema prprio, de um SIstema tT1bu~no,ounum contexto de urna sistemtica que lhe prvla, _dadapelas regras do chamado Direito Comum, questao de
assaz importncia.
5. NOSSA POSIO
Conforme j se deixou antever at aqui, no pensamosque haja uma "verdade", um correto ou um errad~. As pro-posies de ambos os lados somente fode.ro ser tidas com~verdadeiras ou falsasde acordo com lilgicaformal, vale dl-zer se no forem contraditrias internamente.
, Ao nosso ver, a Cincia do Direito, ao se propor estu:dar os regramentos de convivio soc~ale ~s estruturas dal
advindas tem corno um priorz o desejOsocml, a vontade de
1 8 1 O RRES, R ic a rdo . Normas de illterpretao e in tegraiio do Direito Tributrio. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1994, p.82-83. Cabe a ressalva,entre~~to:que esse ira.
li 11 f' lizado tendo como hiptese de estudo ocasO brasilclro, tendo ema \O otrca d CTN N- devistaale . laoemvigor/notadamenlcosarls.107~11~ o . aosepo ,
" t' gtSdo trecho acima qualquer concluso vhda 11IgCllar, a despeIto daassnn, lrar d'" 't' - d"rcitogeral
'I - S firma"'cs lendo em vista a lrCllO POSI IVO, nm.lo I . ,legtsaao. oa ..(I\~ria Geral).
48 Revisttl dos Procuradores da FAzenda Nacional
Gustavo Amaral 49
7/24/2019 RPFN
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estruturar a comunidade dessa ou daquela maneira.
Inexistindo opressllo, no cabe ao Direito dizer que umaestrutura jurldica como a norte-americana melhor ou pior
que a adotada pelo Sultanato de Brunei, ou o Principado
de Mnaco, ou ainda um regime teocrtico qualquer. Ha-
ver, apenas, a questo da opresso, pois onde vige a fora,
no h direitos garantidos, no h segurana e, portanto,
pensamos no ser posslvel falar em Direito ou emOrdenamento, mas apenas em um simulacro. 19
Admitido esse pluralismo ou relativismo, no possl-
vel falar, de modo abstrato, que urna ou outra concepo
seja "melhor" ou pior. Ento, ser possvel que, em dado
contexto social, o campo da tributao seja moldado corno
direito excepcional, corno "lei odiosa", enquanto que em
outro contexto socialj se prefira a total autonomia do cam-
po tributrio, criando-se um Sistema aberto at mesmo para
a integrao quanto s hipteses de incidncia.
Evidentemente, ao se passar do plano geral para a an-
lise de um ordenamento positivo, ser necessrio verificaros condicionantes constitucionais, sociais e culturais, de
modo que as diferentes concepes j passam a se sujeitar
ao julgamento de aplicveis ou inaplicveis.
nesse sentido, por exemplo, que se pode ver em ummesmo livro" O autor defender a validade de um dado
expediente, corno a interpretao econmica, e o tradutor,
sem criticar ou atacar o trabalho, afirma que as mesmas
concluses no so aplicveis no seu pais, por condi-
cionantes legais que lhe so prprias.
No pensamos aqui em falar no plano da dogmtica
positiva, tendo em vista o Ordenamento Positivo brasi-
[9 Cabe aqui apenas distinguiras casos para os quais (.1prprio regime autocrtico
cria uma ordem de Direito e resolve viol-la. A, talvez seja possvel falar em
direito, mas em casos onde possvel criar leis rl'lroativas, onde os detentores
do poder esto, pelas prprias regras vigentes, acima das leis, no , ao nosso
ver, possvel falar em Direito.
20 HARTZ, W.lntcrprdao da lei tributria _ COIrlcldoe limites do critrioeco/lmico.Trad. de Brando Machado. Silo Paulo: Resenhil Tribulfiriil, 1993.
leiro mas falar no plano da dogmtica geral.No mundo ftico h apenas ocorrncias simples: O
Direito,tentando modificar a realidade (aspectoteleolgt?o),
faz uma reduo, tipificando arqutipos de ocorrnCias,
que, transformados em suportes fticcs, fica~ a?,~gad~s a
uma conseqncia jurldica dentica: O fato Jun~lc~ nao
a mera ocorrncia, mas o reflexo desta nOplano Jundlco ..
O Direito Privado, ao prever as hipteses s quais 11-
gar essas ou aquelas conseqnci~s: o.faz co~ vist~s em
estabelecer um regramento de conVIVlOmtersubJetivo, por-
tanto, ao criar suas hipteses, considerar os fatores que
julga relevantes. _' ..,O Direito Tributrio, ao seu turno, nao Visaa dlsclpl1-
nar o convvio intersubjetivo, mas "permitir ao Estado exer-
cer suas funes prprias, garantindo-lhe os recursos ~e-
cessrios a tal fim, por meio da arrecadao que eleextr~rr
da fortuna dos cidados" .21 Assim, ao formular suas I;ip~
teses, se est a se referir ao domnio das simples ~co~renc~-
as, e no imagem formada pelas hipteses ,de Drrelto Pn-
vado, visto que apenas no mundo dos fatos e que se~ncon-
tra a substncia social que o Direito visa a regrar. E desse
dominio o mundo das simples ocorrncias, que se forma-
ro as ;'agens jurdicas, de acordMcom as finalidades do
regramento criado dessas imagens. Se, num caso,.preten-
de-se disciplinar o convivio social e, noutro, repartir o cus-
teio do Ente Poltico, possivel que de um mesmo pontodo dominio (o mundo dos fatos) tenham-se imagens seme-
lhantes ou dessemelhantes, ou, at mesmo, Imagens em
apenas um dos grupos.Um exemplo seria a eficcia cvel da sentena penal
absolutria.