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magazine Nº 17

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Rtro Portuguese Fashion & Lifestyle Magazine, Revista de Moda & Lifestyle Portuguesa

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magazineNº 17

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neEditorial

“Septembre c’est le temps de la rentrée”, lia-se no primeiro texto do meu livro de Francês do sétimo ano. É de facto de reco-meço que se fala quando chega o nono mês do ano. Mas, numa conjuntura em que muitos portugueses nem férias tiveram e em que a contenção é quase um reflexo natural no dia-a-dia, quase nem se pode falar de regresso porque, na prática, muitos nem tiveram oportunidade de partir.

Mas nem todos os cenários se pintam de cinzento. Que o di-gam revistas americanas como a Vogue ou a Elle, que registaram, na edição de Setembro, os volumes mais expressivos da sua his-tória. Números que reflectem o frenesim que ainda se produz com os famosos September issues – numa eterna disputa para tentar alcançar a maior fatia do bolo publicitário – e que explo-ramos a fundo nesta edição da RTRO.

E porque a história da Moda não corre apenas nas veias da imprensa especializada, este mês a nossa It Girl é a já falecida Anna Piaggi, uma fonte inesgotável de excentricidade e origina-lidade num universo tantas vezes pautado por tendências previ-síveis e pouco inovadoras.

Setembro chega-nos ainda com um aroma VIP, pelas mãos de Carolina Herrera, num perfume que damos a conhecer na ru-brica Smells Like… Perfume cuja utilização pode seguir-se à apli-cação de uma pré-maquilhagem de qualidade. O que é, para que serve e como se faz, eis o que nos propomos explicar no artigo “Aquela base… A importância da Pré-maquilhagem”.

Tivemos ainda a oportunidade de entrevistar José Ribeiro Brandão, um blogger com um repertório cultural invejável para a idade e muita vontade de comunicar.

Não nos esquecemos ainda das principais tendências para a estação e incluímos um resumo das mesmas mais à frente.

Ainda que Setembro assinale o fim do Verão e comecem a espreitar os primeiros sintomas de Outono e dos blues que este muitas vezes traz, na RTRO adoptámos um espírito pragmático e tentámos incluir nesta edição rubricas que, mais do que in-formativas, procuram oferecer soluções para a nossa passerelle colectiva: a vida.

Boa leitura e um óptimo Setembro/Outubro!

Margarida CunhaEditora

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Editora

Margarida Cunha

RedactoresAdriana Couto

Ana Dias

Ana Rodrigues

Catarina Oliveira

Cátia Marques

Joana Fernandes

Joana Vilaça

José Pinheiro

Liliana Ferreira

Margarida Cunha

Mónica Dias

Patricia Silvério

Pedro Resende

Sílvia Cardoso

Fotografia

Catarina Oliveira

Paginação

Ana Dias

Modelo Capa

Joana Vilaça

rtrostaff

A rtro está sempre à pro-cura de modelos, fotógrafos,

stylists, maquilhadores, designers, que queiram

colaborar, expor os seus tra-balhos, se achas que tens o que é preciso contacta-nos

para o nosso email.

www.rtromagazine.com [email protected]

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Tendências Outono 2012

Índice Color meBranco

The issue with the Septemberissues

Focus on DesignerThakoonPanichgul

Smells like

Aquela basePré-Maquil-hagem

6 16

52 68

12

Blogger Chat

48 58

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Rtro Session ModernCouture

Tommy Ton

24 44

74 82

20 32

WishlistChic vs Cheap!

MaquilhagemOutono/inver-no 2012

it girlAnna Piaggi

70Ler.Ver.Ouvir

80Jovens Talentos

Ear Box

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por Djamila Afonsotrendingt0pic.blogspot.pt/

thakoon Panichgul

Focus on

Designers

Taking the Fashion Scene by Storm

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Thakoon Panichgul é um nome a memorizar!

Nascido na magnífica Tailândia, criado em

Omaha (Nebraska) e agora residente em

Nova Iorque, este designer thai-americano tem um

background muito rico e diversificado, bastante vi-

sível nas suas criações.

Com uma licenciatura em Business na mão, muda-

-se para Nova Iorque para começar a sua carreira

na indústria da moda, começando por aventurar-

se pela produção de moda e, logo em seguida, pelo

merchandising. Foi também editor da Harper’s Ba-

zaar, reportando todas as notícias ligadas ao sec-

tor. Quando decidiu aventurar–se pelo mundo do

design de moda candidatou–se a uma das melhores

escolas de Design, a famosa Parsons School of De-

sign. Com este historial, sucesso só poderia ser a

palavra mais indicada para descrever as suas colecções.

Em 2004 apresenta a sua primeira colecção ready-

-to-wear. Uma colecção muito bem recebida que o

colocou logo na ribalta, sendo considerado um dos

designers mais conceituados a emergir da cena da

moda nova-iorquina.

Focus on Desingers

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Com este magnífico percurso, o seu talento cedo co-

meçou a dar que falar. Em 2006 é contemplado com

o CFDA Vogue Fashion Fund e também com uma no-

meação ao CFDA Swarovski Womenswear Award. A

partir daí foi sempre a subir e a somar pontos den-

tro da indústria. Panichgul adquiriu um estatuto

dentro do mundo da moda com que muitos apenas

sonham. O ponto mais alto da sua carreira aconte-

ceu em 2008, quando Michellle Obama usou umas

das suas criações na noite final da Convenção Na-

cional Democrática e Primeiro Debate Presidencial.

Após isso deu–se a criação de uma colecção de sa-

patos em colaboração com Giuseppe Zanotti, é no-

meado Director Criativo da marca de jóias japonesa

Tasaki, lança a sua primeira colecção de malas, etc.

As suas peças têm recebido críticas bastante posi-

tivas, revelando um design intemporal, romântico,

moderno e inovador, chamando por isso a atenção

de celebridades como Beyoncé e Solange Knowles,

Kim Kardashian, Christina Ricci, Eva Mendes, a

sempre fabulosa Rachel Zoe e muitos outros nomes.

Thakoon Panichgul tem ainda muito mais para

mostrar. Com um curriculum já bastante vasto,

aguardamos o que este designer nos apresentará

em seguida.

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10 – 11 | rtroFocus on Desingers

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por Catarina Oliveiraqatch.wordpress.com

Color me

Ainda suamos ao sol, mas já pensa-

mos nas coleções de Inverno. As

tendências para o Verão não aca-

baram e Setembro promete ser tão quen-

te como Agosto. Mas com Outubro vêm

os ventos e a chuva. Não queremos sim-

plesmente ter que trocar as cores claras e

frescas por aquele casaco escuro. Chegou a

solução: branco.

Para o final da estação quente a Rtro pro-

põem o branco total. Branco é uma cor

que completa qualquer visual. Equilibra o

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preto, atenua os neóns e complementa os

padrões fortes. Mas branco total vai mais

além. Passa a linha do convencional para

o avant-garde. Nunca sem, claro, ser exa-

gerado. É fluido por natureza, é elegante

por norma e é ideal para os últimos dias

de calor. Preen e Nina Ricci sugerem o look

total branco na forma de vestido e saia. Os

folhos dão uma personalidade muito femi-

nina a esta cor, e acima de tudo bastante

fresca. Lanvin arrisca umas calças, num

conjunto que é versátil para qualquer oca-

sião e mostra a polivalência do tom: não é

necessariamente apenas feminino. É mais

afinado e os acessórios dão peso às peças.

Se há coisa a que a cor branca é associa-

da, é ao minimalismo. Um look branco é

imediatamente tido como limpo, seguro e

minimal. E muitas peças chave escolhidas

para o verão mostram exatamente isso.

Combinado com cinzento e cores pastel, o

branco dá um tom extremamente deline-

ado e com uma característica arquitetural.

Exemplo disso é a blogger Ivania do love-

-aesthetics.blogspot.com. Conhecida por

ser muito minimalista, Ivania usa aces-

sórios metalizados e transparentes para

acentuar os seus visuais maioritariamen-

te brancos. É perfeito modelo de como o

branco total funciona, e bem.

No blog iamgalla.com vemos o branco

total ser conseguido por um rapaz, o que

demonstra que a tendência não está limi-

tada às mulheres. Nádia de myfashioninsi-

der.com é um exemplo nacional de como o

branco total pode dar uma frescura arqui-

tetural ao tempo de calor.

Como peça chave e mais icónica da cor

branca para o verão, surgem os sapatos

da Mango, que vemos na imagem serem

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usados por Cocorosa de mypreciouscon-

fessions.blogspot.com. O toque mais ines-

perado e avant-garde, que as bloggers já

mencionadas acima também têm nos seus

armários. Os sapatos já estão esgotados,

mas marcaram sem dúvida o Verão.

O outono vem a caminho e embora ainda

esteja calor, é impossível não pensar em

como adaptar a tendência ao frio. Primei-

ro, é de notar que para a estação de Outo-

no-Inverno o branco pode surgir numa to-

nalidade mais marfim, e há várias formas

de continuar com o branco total mesmo

nessa altura. Valentino e Dennis Basso

apostam nos casacos. Pêlo branco ou sim-

plesmente um casaco bem estruturado é

ótima forma de transitar a cor de estação.

Com Doo.ri surge uma solução muito in-

dicada para os vestidos brancos: collants

pretos por baixo.

Em look total ou não, branco é essencial

em qualquer guarda-roupa, e ficam aqui

algumas sugestões da Rtro para todos os

gostos e carteiras.

Color Me

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bra

nc

o

Antes

1 Nina Ricci Primavera Verao 2012

Aqui

2 Dennis Basso Outono Inverno 2012

3 love-aesthetics.blogspot.com

4 iamgalla.com

5 myfashioninsider.com

6 Mango

Asos

Mango

Bimbaylola

Monki

Welikefashion

Asos

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Na adolescência não passei por problemas de pele e fe-

lizmente mantive a minha cara lisinha. Vi as minhas

amigas a debaterem-se com a aplicação da base, que

lhes esconderia as espinhas, mas não aprendi a usar

essa ferramenta. Apesar de me maquilhar desde cedo,

deixei sempre a base de lado. A minha pele sempre foi

muito clara e não queria de forma nenhuma ficar com

esse aspecto cor de laranja de algumas meninas que via

na escola.

O facto é que agora reconheço as vantagens da base,

que faz a pele ter um aspecto saudável, faz durar a ma-

quilhagem e evita o efeito oleoso. Eu tenho olheiras

frequentemente e um corrector ajuda-me imenso. Já vi

casos impressionantes de modelos lindíssimas que só

conseguiram chegar onde estão por terem aprendido

a esconder a sua pele terrivelmente minada pelo acne.

Requer perseverança, mas é a vossa imagem e merece o

esforço. E, para quem a base salva a auto-estima, há que

levar o assunto a sério a partir do instante em que se

apercebam de que ela será vossa aliada.

Se têm acne, o vosso dermatologista não vai concordar

com o uso de maquilhagem, mas vai compreender que

sentirem-se bonitas não é apenas vaidade, é essencial na

construção da personalidade e decerto terá alguns bons

conselhos a dar. Além disso, existem opções minerais

e sem óleo para quem tem a pele oleosa. Actualmente

há imensas marcas de base e o melhor é falarem com

alguém com experiência no assunto para vos ajudar

no fundamental, determinar o tipo de base adequada

e a vossa cor. Interiorizem também este gasto no vosso

orçamento, que foi um passo complicado para mim e

acabei por gastar dinheiro desnecessário em bases mais

baratas que depois não usei. Não precisam de escolher

a mais cara mas procurem a melhor relação preço-qua-

lidade. Nos primeiros tempos vão ter de testar algumas

bases até chegarem à ideal.

A base da auto-estima

AQUELA BASE...

A IMPORTÂNCIA DA PRÉ-MAQUILHAGEM

por Maria Luíshttp://bunnyeme.blogspot.pt/

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Pré-Maquilhagem

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No momento de aplicar a maquilhagem, a vossa pele

deve estar limpa, um passo que devem executar, cons-

cientes dos produtos adequados para a vossa pele. A

temperatura da água deve ser fresca, nunca gelada e

nunca quente.

O ideal era que a vossa maquilhagem contivesse SPF,

que nos protege do envelhecimento da pele por expo-

sição ao sol mas, se não tiver, não descurem o uso dum

protector solar com factor acima dos 30, mesmo no Inverno.

Primeiro aplica-se o corrector debaixo dos olhos e em

algumas imperfeições que possam existir.

Depois, o primer, que tem como função uniformizar

a pele, diminuir a oleosidade, fechar os poros e fixar a

maquilhagem por mais tempo. Ele preenche a superfí-

cie da pele, deixando-a lisinha para receber a base. Nem

sempre é necessário. É indicado principalmente para

quem tem os poros muito abertos, linhas de expressão

ou marcas de acne.

Agora, espalhem a base em pequenas porções, pelo ros-

to, pescoço, orelhas e até quase ao peito se tiver uma

peça decotada. Quando a base estiver invisível, estão

prontas! Tenham atenção aos pormenores, zona do

nariz, sobrancelhas, linha da testa e pescoço, para que

tudo fique homogéneo.

O último passo da pré-maquilhagem é aplicar o pó solto

fixante com um pincel, e se desejar termine com blush

nas maçãs do rosto.

Ao voltar a casa, há que desmaquilhar, tonificar e hidra-

tar para que enquanto dormem a vossa pele se restabe-

leça dos danos a que foi exposta. Nunca durmam sem

retirar devidamente a maquilhagem.

De qualquer forma deixo a minha opinião: se têm uma

pele saudável, deixem a maquilhagem para ocasiões es-

tratégicas e usem-na apenas para pequenos retoques. E

não se esqueçam de que a saúde e beleza estão directa-

mente ligadas.

Aplicação do produto – Como fazer

Para escolher a cor, esta deve ser a mais aproximada

possível do vosso tom de pele. Procurem um espelho

num sítio com boa luz (de preferência luz natural). Apli-

quem três ou quatro tons que lhe pareçam parecidos,

esbatendo suavemente na zona do maxilar (é a zona

ideal para testar porque funciona como um meio-termo

entre o rosto e o pescoço) e sem sobrepor camadas.

Escolham a que se fundir na perfeição com a sua pele,

desaparecendo quase por completo. Não usem o pulso

para a comparação porque as cores são muito diferentes

e lembrem-se que um tom mais escuro dá um ar mais

pesado e não bronzeado e um tom mais claro dá um ar

artificial e não natural. Para esse efeito, podem no final

aplicar blush ou pós bronzeadores.

Os tipos mais comuns de base são a líquida, o pó solto

ou compacto e a cremosa ou mista. Cada um destes ti-

pos tem versões para pele seca, oleosa e mista e há mui-

tas contradições e polémicas sobre se um tipo de textura

é mais apropriado do que outro. Por isso, digo que o me-

lhor é ler o rótulo do produto e procurar o que se referir

ao nosso tipo de pele. Depois é a experiência que nos vai

dar algumas orientações. Eu, por exemplo, tenho pele

mista e comecei por uma base líquida que me tornava a

pele mais oleosa. Mudei então para o pó que melhorava

o efeito mas também me dava um aspecto baço. Agora

uso uma base líquida mais apropriada e finalizo com pó

solto para dar um ar mais natural nas zonas mais bri-

lhantes do rosto.

Tipos e Cores – Como escolher

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COLECÇÕES DE MAQUILHAGEM Outono/Inverno 2012

por Maria Luíshttp://bunnyeme.blogspot.pt/

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Chanel - Les Essentiels de Chanel

Apresentando as tendências de maquilhagem tra-

dicionais de batons ameixa, vernizes escuros (quem

ainda não se perdeu pelo Vertigo?) e brilhos metálicos

nas sombras, esta colecção parece óptima para o Ou-

tono. O duo de sombras em tons de bege, apresentado

num padrão que evoca lantejoulas, combina harmo-

niosamente numa tez iridescente, estendendo o bri-

lho de Verão.

Jill Stuart

Jill Stuart apresenta uma colecção onde o equilíbrio

é perfeito, entre a pureza de uma menina e a sensua-

lidade de uma mulher. Os olhos são smoky e dramáti-

cos, os lábios mostram-se sensuais e o blush suave dá

um acabamento romântico. É o look nocturno ideal.

Guerlain

Natalia Vodianova é novamente o rosto da campanha

publicitária da Guerlain que aparece na campanha pu-

blicitária a usar o novo Rouge G L'Extrait de Guerlain.

Este é um batom líquido com uma textura cremosa, o

que já não é uma novidade. Haverá também um novo

blush duo Rouge aux Joues e, apesar de o Verão já ir

alto, um novo bronzer Terracotta chamado Terra So-

leia que estará disponível em dois tons.

Anna Sui

Uma tendência anos 60 predomina sobre esta colec-

ção. Aqui, os ‘Cat Eyes’ aparecem em vermelho, laran-

ja e chartreuse com linhas interiores nas pálpebras

em branco.

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MAC - Electric Cool

Estas sombras com acabamento de pérola, de acor-

do com a MAC, resultam da evolução das Big Bou-

nce Shadows, lançadas originalmente no ano pas-

sado. Existem 12 tons, todos em edição limitada,

além da promoção do pincel 249, perfeito para apli-

cação de sombras.

Make Up Forever - Black Tango Collection

O lançamento internacional é em Outubro, po-

rém a colecção já está disponível em vários países

da Europa. Esta colecção vem com uma paleta com

sombras cremosas, as famosas Acqua Cream, em

vermelho, azul, verde e marfim, três vernizes, com

um tom de fundo preto, em vermelho, azul e verde e

um batom vermelho.

Givenchy - Acoustic Color

Esta colecção tem a combinação perfeita de tons

escuros agressivos e tons claros inocentes. As qua-

tro cores, dourado, avelã, preto e violeta podem ser

misturadas e combinadas na paleta de sombras. E é

de dar ênfase à colaboração de Liv Tyler nos batons

Rouge Interdit, no gloss Revelateur de Liv,no mais

popular, Rose Revelateur de Liv Lively Pink, em

rosa, e Rouge Interdit Shine Acoustic Wild Rose,

mais escuro que este último. O verniz em roxo me-

talizado, que complementa a colecção, ao secar, fica

mais escuro do que a cor vista pela embalagem.

Colecções de Maquilhagem

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NARS - Andy Warhol’s Limited Edition

Será lançada em Outubro nos EUA e em Novem-

bro no resto do mundo. Mergulha nas cores Pop do

imaginário de Warhol com esta divertida colecção.

Azul, amarelo e rosa em vários tons, são as cores

mais frequentes da paleta, em sombras, vernizes e

outras aplicações. O verniz verde menta tão popu-

lar nas últimas estações, faz a sua aparição nesta

actual colecção.

Bobbi Brown - Desert Twilight

É uma tentadora colecção onde se sugere a mistura

de um bonito turquesa a tons ricos de castanho-es-

curo, em vários produtos multifuncionais.

Yves Saint Laurent

Uma pele mate natural e sofisticada é personaliza-

da com caqui, dourado, preto e vermelho, os clás-

sicos da mulher contemporânea com um toque de

elegância parisiense. O esperado batom fúcsia YSL

continua a estrela da colecção.

Dior

Nesta colecção as peles são jovens e frescas, as pes-

tanas negras e lábios naturais. A caixa de sombras

é adorável com o seu padrão leopardo em dourado.

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A moda não se concretiza apenas nas passerelles e nos

vestidos esvoaçantes que por lá desfilam, pois é cada vez

mais um autêntico desfile desenfreado fora das mesmas,

fora do olhar atento e minucioso dos designers que todos

nós conhecemos. É assim que streetsyle assume uma im-

portância cada vez mais crescente no seio da indústria da

moda. Fala-se de pessoas com looks e estilos distintos que

no mundo quotidiano transportam as tendências à sua

realidade, isto é, à rua. Aqui não só nos referimos a pes-

soas vulgares, mas também aos nomes mais sonantes da

indústria da moda. E é precisamente neste ponto que en-

tra o já famoso fotógrafo Tommy Ton. Nos primórdios da

sua carreira, o mesmo foi impulsionado por alguns blogs

de moda que o ajudaram a ganhar uma maior audiência e

notoriedade, como foi o caso Susie Lai do Style Bubble. No

entanto, foi no desfile da Dolce and Gabbbana (Outono/In-

verno 2009) que protagonizou um momento realmente im-

portante na sua carreira, ao sentar-se como convidado de

honra na fila da frente deste desfile. Desde então, Tommy

Ton atrai magia pelas ruas resultando em fotos exímias que

mostram o que a moda tem de melhor.

TOMMY TON Um olhar por detrás da lente

por Joana Vilaçathefashiondreamcatcher.blogspot.com

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Tommy Ton

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Podemos dizer assim: se há alguém que é verdadeiramente

apaixonado por streetyle (mais concretamente high streets-

tyle), essa pessoa é, sem dúvida, o ousado e irreverente fo-

tógrafo canadiano. Este capta através da sua lente os nomes

mais preponderantes da indústria da moda: as it girls são as

suas musas e elas, por seu lado, não são tímidas e adoram

que ele as fotografe. Miroslava Duma, Anna Dello Russo,

Olivia Palermo, Christine Centenera, entre muitas outras e

outros são alguns exemplos mais célebres. Estas e estes des-

lumbram, não só para o seu conhecido blog (jakandjil.com)

(criado em 2005), mas também para o conceituado site de

moda - www.style.com - passando até mesmo pela conheci-

da revista masculina, a GQ. É impossível ficar indiferente

ao seu talento que é personificado em peças arquitectóni-

cas e espectaculares que nos fazem sonhar e perceber que

a moda é cada vez mais um jogo infindável de audácia e

carisma. Tommy Ton é um apaixonado confesso por deta-

lhes exuberantes e únicos, sendo por isso os mesmos uma

referência constante na sua fotografia.

Tommy Ton

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Tommy Ton

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As semanas da moda são o exemplo mais claro disso mesmo

e, como seria de esperar, Tommy não perde pitada, captan-

do cuidadosamente os pormenores mais extravagantes, ou

seja, padrões exuberantes, cores berrantes, acessórios que

marcam pela diferença, pormenores intrincados que osten-

tam luxo e bom gosto. Mas a moda não se restringe, nem

pode, às Semanas da Moda, sendo que o mesmo colaborou

recentemente com a conhecida editora de moda e freelancer

Miroslava Duma, numa produção de moda no Dubai. O re-

sultado não poderia ter sido melhor: a cor foi o ponto cen-

tral, com a tendência néon a dar as suas cartas no rosa cho-

que, no amarelo berrante e no verde fluorescente. Tommy

Ton é, assim, a par de outros fotógrafos afamados como

Scott Schuman (thesartorialist), uma referência no que toca

a streetstyle e ao mundo na Moda na sua generalidade, que

merece incontestavelmente ser seguido.

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Fotografia Catarina OliveiraModelo Joana Vilaça

rtro session

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por Pedro Resende

Modern? Couture

Alta-costura Parisiense é um termo que designa uma área específica da moda e que le-

vou décadas de regras e especificações a ser construído, mas uma estação apenas a ser

metamorfoseado. Como uma borboleta dos tempos modernos, a alta-costura mudou

no seu casulo de criação e apresenta-se agora numa palavra que caracteriza praticamente tudo

nos dias que correm: modernidade.

E de um M para outro, a mudança parece ser um outro substantivo para uma nova época, com

um novo Raf Simons para a Dior, um novo Atelier Versace e uma possibilidade remota: o re-

torno da maison Yves Saint Laurent (ou Saint Laurent Paris como será designada brevemente)

ao contexto da alta-costura.

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Mudança e modernidade fundem-se

assim em linhas maioritariamente

depuradas que remetem parcialmente

para um passado não distante de en-

feites e embelezamento. Que o digam

Armani Privé ou Giambattista Valli

que em coleções sumptuosas trouxe-

ram linhas de início de século, quer

pelo styling com véus e redes pelo

rosto quer pelas formas quase enclau-

suradas de novo em corpetes e vesti-

dos longos. Mais moderno (a palavra

chave), Raf Simons trouxe a Dior a

um tempo em que o cenário parece

prevalecer sobre looks clean e linhas

democratizadas. Uma Dior de outros

tempos transposta para a mulher do

século XXI, parece ser a discrição

mais usada e mais correta para o feito

(goste-se ou não!).

As cores variam quer entre desfiles

quer dentro de uma mesma apresen-

tação. Entre vermelhos e dourados, os

cinzas e negros parecem fazer desta-

car a sua presença entre os tons vivos

de criadores como Donatella Versace

para o Atelier da casa italiana ou os

salpicos de cor de Jean Paul Gautlier.

Que o diga Chanel, numa coleção qua-

se inteiramente pensada em cores

neutras mas nem por isso menos vi-

vas como o cru, o branco ou o cinza.

O destaque? Os materiais e a forma

como são trabalhados para criar for-

mas austeras e claramente pensadas

para a não ostentação.

Modern? Couture

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Porque a Alta-costura, nesta época de

modernidade, não é mais o barroco de

outrora mas um luxo equilibrado en-

tre o que se quer parecer e o que não

se quer mostrar!

Um barroco que se reinventou para

a Givenchy numa inspiração nómada

que Ricardo Tisci traduziu em franjas,

tons negros e vermelhos, na coleção

mais opulenta da estação. Um barroco

ainda que Gaultier fez questão de re-

lembrar, numa alusão clara aos loucos

anos 20 e à sua parafernália louca de

franjas, volumes e acessórios!

Ostentação diferente mostrou Valen-

tino num desfile em que estampados

e brocados contrastaram com um

azul-marinho (o quase novo verme-

lho Valentino) para se imiscuir numa

feminilidade exacerbada. Num en-

cerramento inesperado já posterior à

mostra parisiense, foi a vez de Dolce

& Gabbana apresentar a sua coleção,

num cenário italiano que serviu para

complementar uma proposta curta,

mas nem por isso menos pensada,

menos luxuosa, menos alta-costura.

Uma modernidade que a mudança pe-

diu, e uma mudança que a moderni-

dade tornou necessária, na nova tem-

porada que agora começa: contida no

aspeto, mas nem por isso menos luxu-

osa no conteúdo!

46 – 47 | rtro

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por Ana Rodriguestoroseparade.blogspot.com

Renascentista - Destacamos, por

exemplo, alguns conjuntos da Valenti-

no e Dolce & Gabbana que optam por

misturar padrões e ornamentos florais

num estilo romântico renascentista.

TENDÊNCIAS OUTONO 2012

São várias as propostas que nos fazem

quando damos uma olhadela nos desfi-

les Fall 2012 para esta temporada que

se aproxima. Os temas em destaque

desta estação são o estilo renascentista,

o gold, vinil, veludo e oversized.

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Gold e veludo – Nesta temporada surgem os tecidos gold e

veludo em looks que conseguem aliar o estilo casual e glam ao

mesmo tempo. Perfeitos para festas e momentos mais espe-

ciais! Podemos ver algumas dessas propostas nas colecções de

Michael Kors, Giambattista Valli, Gucci.

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Vinil – Não é uma novidade. O

vinil espelhado e tecidos acetina-

dos vão continuar em alta nesta

estação, tal como na tempora-

da passada de Primavera/Verão.

Num estilo leve e feminista, Jil

Sander apresentou na sua nova

colecção várias opções que utili-

zam este tipo de tecidos. Pode-

mos ver outras propostas, igual-

mente cativantes, nas colecções

da Marni e J. W. Anderson.

Oversized – A Céline volta a

apresentar uma colecção mi-

nimalista com cortes oversized

conjugando-os com tecidos varia-

dos e cores, sem nunca esquecer

a elegância e simplicidade dos

mesmos. Assim, como objecto de

desejo, são os casacos de inverno

oversized que surgem no conjun-

to de propostas apresentadas.

Tendências Outono 2012

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Os acessórios em destaque são

os sapatos da Valentino e Chloé e,

a acompanhar, as malas Prada e

Valentino num estilo minimalis-

ta e vintage.

Para os dias bonitos de sol de Ou-

tono, e nunca esquecendo as no-

vas tendências, temos os óculos

de sol retro, com formas e cores

um tanto diversificadas – Prada.

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Em Setembro de 2007, a capa da revista Elle americana trazia consigo não só o retrato de uma Lindsay Lohan pré-rehab, como a promessa de se tratar da maior edição alguma vez produzida, com mais de 590 páginas. Com a volumosa dita nas mãos, fiz a contagem: 355 páginas de publicidade. Na al-tura, resolvi enviar à revista um email a questionar se se justificava, apesar dos custos de produção, uma quantidade tão expressiva de anúncios. Não obtive resposta.

THE ISSUE WITH THE SEPTEMBER ISSUESpor Margarida Cunha

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UMA QUESTÃO DE PESONesse mesmo ano foi gravado o documentário The

September Issue (que seria lançado em 2009 e cuja

review pode ser lida na RTRO #3), um olhar sobre os

bastidores da edição mais recheada dessa temporada

e um passe privilegiado para os corredores da Vogue.

Nele ficamos a saber que o mês de Setembro é con-

siderado o Janeiro da Moda e que a edição da Vogue

desse mês é produzida pelo menos com 5 meses de

antecedência. Uma sedutora Sienna Miller de lábios

vermelhos protagonizava aquela que era, até então, a

maior Vogue alguma vez editada, com um total de 840

páginas. 5 anos depois, cabe a Lady Gaga o papel de

protagonista da edição de Setembro da menina dos

olhos de Anna Wintour: uma volumosa revista de 916

páginas. São 2kg de Moda e Beleza – e, essencialmen-

te, anúncios (658 páginas são inteiramente ocupadas

por publicidade, um aumento de 13% face ao ano

transacto). Trata-se de uma edição que bate todos os

recordes, ultrapassando não só números anteriores da

Vogue, como toda a concorrência. Na verdade, a revis-

ta é de tal modo pesada que o Huffington Post escreveu

um artigo em que cita queixas dos carteiros relativas à

entrega da mesma. Uma das entrevistadas conta que

os problemas que hoje apresenta no ombro são o re-

sultado de 13 anos a entregar revistas daquele calibre.

Uma outra revela que já não via revistas tão pesadas

há uma década. Segundo o site de Moda Refinery29, a

este ritmo as edições de Setembro serão editadas em

múltiplos volumes e entregues pelos velhos vendedo-

res de enciclopédias. Um exagero que já esteve mais

longe. No artigo “The Stylish Side of China”, o New

York Times revela que as revistas de Moda na China

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tornaram-se de tal modo volumosas que a Cosmopo-

litan teve de ser dividida em duas edições mensais.

Também a Elle é publicada duas vezes por mês por-

que as revistas ascendem às 700 páginas. Inclusive a

Vogue acrescentou quatro volumes por ano para fazer

face à procura dos anunciantes. Acrescente-se todo o

mediatismo criado nas redes sociais, as centenas de

posts de bloggers e sites especializados e está monta-

do o circo mediático do ano.

Setembro de 2012 marca efectivamente um período

próspero para as revistas femininas americanas, pelo

menos a nível de investimento publicitário. Não foi

só a Vogue que engordou; também a Elle produziu a

maior edição de sempre, com 400 páginas, um acrés-

cimo de 14% face ao ano anterior. Uma tendência que

também se verificou, por exemplo, na InStyle (+2,3%)

e na Harper’s Bazaar (+16,6%). Não tão bons foram os

números da Glamour – que sofreu uma quebra de 16%

– e da Vanity Fair, que viu as suas páginas publicitárias

reduzidas em 2,5%. São números animadores, espe-

cialmente quando comparados com os das vendas da

primeira metade de 2012. Segundo o site Fashionista,

nesse período as vendas em banca da Vogue sofreram

um decréscimo de 16,5%; as da Vanity Fair 18,8%; as

da Allure 19%, tendo a Elle sofrido uma quebra mais

acentuada, na ordem dos 20%. Números que, segundo

Robin Steinberg (vice-presidente executivo e director

de investimento em publicações na MediaVest USA)

não devem preocupar, pois a circulação de revistas já

não é o barómetro de vitalidade das publicações. Em

alternativa, menciona um novo método de avaliação

global da marca, que diz respeito ao desempenho da

mesma em várias plataformas.

The issue with the September issues

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UM SÍMBOLO CHAMADO SETEMBROComo se justificam, então, os números relativos ao

investimento publicitário nas edições de Setembro?

Andarão os anunciantes a guardar-se todo o ano para

esse mês? Há algo de efectivamente extraordinário

nesse período que justifique tal iniciativa?

Setembro é considerado o mês da rentrée, em que –

após as férias – se retoma a actividade criativa, finan-

ceira e cultural. É também um dos períodos a assina-

lar a vermelho no calendário dos fashion lovers, pois

inclui as Semanas da Moda. Segundo o site Ad Age, as

edições de Março e Setembro recebem atenção extra

por parte de anunciantes e leitores porque corres-

pondem aos meses em que são lançadas novas colec-

ções. Segundo Zena Hao, entrevistada para o artigo

citado do NY Times, ler uma versão digital num tablet

ou uma revista em formato físico são coisas bem di-

ferentes, pois, afirma, ler revistas revela que se leva a

Moda a sério. Mas a utilidade da Moda em papel não

termina na leitura em si. Huang Hung, colunista da

publicação de referência Women’s Wear Daily, afirma

que as revistas de Moda desempenham um papel fun-

damental na indústria da Moda chinesa, sobretudo a

um nível simbólico. Isto porque representam status,

fazendo com que, na China, ter uma Vogue na mesa de

café da sala corresponda a ter a revista New Yorker em

Nova Iorque. Talvez, mas então por que é que o bolo

publicitário não é tão expressivo nos restantes meses

do ano? Por quê concentrar o investimento apenas

numa edição – e correr o risco de se passar despercebi-

do entre centenas de outros anunciantes – em vez de

distribuir o dinheiro (e, consequentemente, a atenção

dos leitores) pelas restantes edições?

É bem possível que a edição de Setembro tenha as-

cendido a um estatuto de tal modo icónico que vale

The issue with the September issues

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mais pelo que representa do que pelo que efectiva-

mente oferece. Um símbolo de tal modo forte que

já ninguém questiona os mecanismos por detrás da

produção. E, claro, para o sector editorial, haver um

mês que arrasta consigo uma fonte segura de me-

diatismo e receita é um trunfo na manga. Todos os

outros meses poderão estar sujeitos aos humores

da economia, mas não o mês de Setembro. A indús-

tria de revistas de Moda encontra, assim, um me-

canismo de sobrevivência – sobretudo numa época

dominada pelo digital, as edições de Setembro fun-

cionam como o último fôlego de um colosso em de-

cadência, como que um reminder da imponência do

formato físico. 2 Megabytes nunca serão dois quilos.

SETEMBRO SEM LIMITESCuriosamente, em Portugal, as edições de Setem-

bro não se destacam muito relativamente às de ou-

tros meses. O traço mais distintivo que apresentam

é a oferta de um suplemento de Moda que reúne as

principais tendências para essa estação. Ainda as-

sim, para já, números são números e, como refere o

Washington Post, basta uma única edição de uma re-

vista [a edição de Setembro da Vogue] para sugerir

que, mesmo em tempos difíceis, há sempre alguém

disponível para passar um bom bocado. Lady Gaga

pode, então, sentir-se privilegiada por ter sido a es-

trela eleita de Wintour para cobrir a capa de duas

das edições mais importantes da Vogue: a de Março

de 2011 e a de Setembro de 2012. Graças à cantora

americana talvez a fasquia se eleve ainda mais para

a publicação sediada em Nova Iorque e, quem sabe,

o custo de cada página de publicidade (actualmen-

te nos 165.000 dólares, segundo o site marketplace.

org) sofra um ligeiro aumento. O limite é a imagina-

ção. Ou a caixa do correio.

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José Ribeiro Brandão é um jovem lisboeta e autor do blogue 2X Nº1. Possuidor de uma cultura invejável e um gosto inigualável, diz-se insatisfeito, pecador e duas vezes o número 1. Porque…

uma só não basta!

por Patrícia Silvériohttp://www.pumps-fashion.com/

BloggerChat

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Que idade tens?Tenho 23 anos.

És formado em Comunicação Social. Optaste por esta área por algum motivo em particular?Formei-me em Comunicação Social e Cultural na

Universidade Católica de Lisboa e desde cedo sou-

be que queria trabalhar na área da comunicação. O

contacto com as pessoas, a difusão de informações

e a dinâmica do meio, quer fosse imprensa, televi-

são ou rádio, sempre me fascinou. Para responder

directamente à questão, não optei por nenhum

motivo específico, até me senti um pouco desen-

corajado, uma vez que sempre que falava no cur-

so as pessoas gostam de pegar no senso comum e

encher-nos com chavões do género “ah nessa área

é só desemprego” ou “vais acabar ainda a fazer

uma coisa que não tem nada a ver”. Apesar de ser

uma área difícil acho que lutar também faz parte

do processo e não a trocava por nada.

Trabalhaste na SIC como jornalista na área da cultura. Como foi a tua experiência? A minha experiência enquanto jornalista na SIC

foi muito compensadora. Há cerca de um ano e

meio comecei como estagiário e soube sempre que

era na área de cultura que me sentia mais confor-

tável, porque quer seja música, cinema, arte ou

moda, tudo me agrada e penso ter uma cultura

geral que abrange essa faceta ligada ao entreteni-

mento. Sou um verdadeiro fanático por cinema,

quer seja de autor (Stanley Kubrick, David Lynch,

Sofia Coppola, entre outros) como também gos-

to de um bom popcorn movie. Não sou esquisito

nesse aspecto. O único género que não me apraz

tanto é a ficção científica… não sei porquê mas na-

ves espaciais e aliens não fazem parte do meu uni-

verso ideal. Dispenso. Música também é uma área

que gosto bastante e tenho um gosto que tanto vai

das sonoridades mais mainstream batida chiclete

até ao alternativo, indie ou oldies. Arte também

sou fanático, principalmente pintura e fotografia.

O barroco e o impressionismo são as minhas cor-

rentes artísticas preferidas e sou um aficionado

por galerias e museus. Sou capaz de ficar horas a

observar quadros, a descobrir pormenores, men-

sagens subliminares. Caravaggio, Manet, Renoir,

Degas, Delacroix são os meus “faves”. O meu mu-

seu preferido é o Musée D’Orsay em Paris e o meu

quadro preferido o “Le Déjeuner Sur L’herbe” de

Manet. Quanto à fotografia, está muito ligada ao

meu gosto pela moda. Terry Richardson, Mario

Testino, Ellen Von Unwerth, Tyler Shields, Patrick

Demarchelier, Steven Klein, David LaChapelle são

verdadeiros essenciais. Acho que a arte em todas

as suas formas é uma construção sublime de vida

e não conseguiria viver sem ela. Muitas vezes as

pessoas menosprezam o lado artístico mas é um

verdadeiro escape.

Bom, deixando de vaguear, passei de estagiário

a jornalista e tive a experiência mais importante

da minha vida. Entrevistei pessoas como Michael

Bublé, 30 Seconds To Mars, Florence + The Ma-

chine, The Script, Katie Melua, Sugababes, Scissor

Sisters, assim como pessoas do meio artístico por-

tuguês. Fiz das últimas entrevistas ao Artur Agos-

tinho quando ele foi condecorado em Dezembro

passado. Inesquecível. Acima de tudo situações

que me fizeram crescer. É um trabalho que não é

fácil, exige muito de nós e não nos podemos deixar

iludir pela ideia romanesca das luzes e da ribalta.

Não é nada assim.

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Reparei que a tua forma de escrever é muito expressiva, tens uma capacidade fantástica para exprimir os teus sentimentos e transmi-tes muito bem a mensagem que queres passar no teu blogue. Já te passou pela cabeça escre-ver um livro?  E, por falar em livro, quais fo-ram os livros que mais te marcaram?Adoro literatura. Gosto muito de ler, desde cedo

que os meus pais me estimularam esse lado. Eu

lembro-me que sempre tive muitos livros e mes-

mo quando não sabia ler via as imagens e contava

histórias através delas. Fui sempre cultivando a

minha imaginação e essa paixão amadureceu com

a idade e tornou-se uma forma de canalizar o que

sinto. Não escrevo porque quero escrever; escrevo

por necessidade. Acho que é essa a diferença. O

feedback que recebo dos leitores do blog é incrí-

vel, raramente publico textos mais pessoais, mas

gosto de os partilhar quando escrevo, e as pesso-

as identificam-se de uma forma incrível com as

minhas palavras. É muito bom sentir isso. Não

sei se algum dia surgirá um livro, é uma hipótese,

mas o tempo é que infelizmente não é muito. Daí

também ser um blogger um pouco inconstante. O

trabalho de jornalista ocupava-me a maior parte

do tempo e não tinha um horário fixo (tanto fazia

reportagem de um concerto de noite como repor-

tagens de manhã ou à tarde). A nossa vida acaba

por ficar secundarizada. Mas sempre que posso

leio, releio, escrevo. É uma catarse autêntica. O

meu contrato acabou recentemente, ainda estou

a avaliar o passo seguinte, por isso pode ser que

tenha mais tempo. Gostava um dia de ver algo

meu publicado, nada forçado. Se surgir, tudo bem.

Se não surgir, não vou forjar um livro só porque

sim. Quanto às obras que mais me marcaram, há

várias. “A Capital” de Eça de Queirós, “Madame

Bovary” de Gustave Flaubert, “Rasputin’s Dau-

ghter” de Robert Alexander. Mas se há livro que

me define e que me marcou todas as vezes que já

o li é “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde.

Todo o trabalho do Oscar Wilde, de quem sou um

confesso fã, é a minha leitura preferida. Tenho um

livro só de frases soltas dele na minha mesa de ca-

beceira. Tenho obras dele em inglês e português

e acho os personagens dele incrivelmente profun-

dos e bem construídos, assim como as narrativas

e as alegorias que ele cria. Para mim é um mestre,

uma inspiração.

Gostas de viajar? Quais são os teus destinos de eleição?Adoro viajar, as viagens que fiz até hoje foram

todas marcantes. Tenho de confessar que adoro

destinos de praia, resorts com tudo e mais algu-

ma coisa, passar dias inteiros de “papo para o ar”

a apanhar sol é a minha actividade favorita no Ve-

rão. Punta Cana foi dos sítios mais paradisíacos

que já conheci, assim como o Dubai, que para além

dos 50 graus de puro calor e das praias com água

que mais parece sopa, tem centros comerciais que

nunca mais acabam. O Dubai para mim foi inacre-

ditável; o luxo é tanto, marcas por todo o lado e

uma forma de vida completamente diferente da

ocidental. Fiz muitas compras e foi um sítio que

mais estimulou o meu lado consumista e quero re-

gressar sem dúvida alguma. Outra das viagens que

fiz que também me marcou foi a Itália. Já lá estive

duas vezes. Roma, Milão, Siena, Florença… é sem

dúvida um país mágico com cidades lindíssimas e

repletas de história e arte. Roma é uma das mi-

nhas cidades de eleição e sinto-me lá como nunca

me senti em lado nenhum. Absolutamente mágica.

Numa onda mais cosmopolita gosto de Londres,

Blogger Chat

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mais para compras, mas acima de tudo Paris. Paris

tem uma energia que não se encontra em qualquer

lado. Viajar para mim é uma forma de cultura, de

conhecer. Imprescindível.

Como é que surgiu o teu interesse pela moda?Desde cedo. Os meus pais sempre tiveram muito

cuidado na forma como me vestiam. Esse cuidado

passou para mim e, assim que comecei a decidir

o que vestir, interessei-me logo pelo mundo da

moda. Alta-costura nunca foi um mundo alheio ao

meu, pelo contrário. À medida que fui construindo

o meu estilo, fui passando por várias fases. Acho

que as marcas não são tudo, e podemo-nos ves-

tir com gosto se soubermos escolher. No entanto,

tenho de admitir que o ponto forte das grandes

marcas é o design e a qualidade que não encon-

tramos no fast fashion. Lembro-me que durante

o secundário a minha turma fazia sempre uma es-

pécie de awards da turma e eu recebia sempre o de

“Mais Fashion”. Independentemente de ser vaido-

so, claro que sou, era uma questão de me expressar.

Não vejo na roupa uma forma de futilidade, como

muitas pessoas gostam de rotular, mas sim uma

forma de me comunicar ao mundo. De estar bem

comigo, porque a auto-estima também é impor-

tante. As nossas escolhas reflectem muito sobre

nós próprios e isso é o mais importante, sermos

quem queremos ser, sem pensar o que os outros

vão achar. E para além disso, o que me interessa

na moda é que podermo-nos divertir com ela.

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Quais são os teus estilistas favoritos e as tuas marcas preferidas?Quanto às minhas marcas preferidas tenho a di-

zer que adoro a australiana Insight51. Desde que

há em Portugal que compro peças e grande parte

do meu guarda-roupa é da Insight. Um estilo des-

contraído e alternativo com peças diferentes, que

é aquilo que eu procuro geralmente. As t-shirts

com estampados irreverentes, boardshorts dos

mais originais que alguma vez vi, casacos e jeans

de óptima qualidade. Sou verdadeiramente um fã.

Quanto a alta costura, Burberry Prorsum é sem dú-

vida a minha marca preferida, a par de Tom Ford,

Dolce&Gabbana, Gucci, DSquared, Givenchy e Jil

Sander. Tenho algumas peças destas marcas, mas

infelizmente não tantas como gostaria. Os altos

preços são realmente um impeditivo para que se

consiga ter um guarda-roupa recheado de peças

dessas marcas. No entanto, vou fazendo alguns

mealheiros, vou poupando aqui e ali para ir com-

prando coisas das marcas que gosto. A Fashion Cli-

nic é uma verdadeira perdição para mim! Mas há

outras marcas que também gosto, como por exem-

plo a Gap e a Topman que infelizmente não se ven-

Blogger Chat

Page 63: rtro 17

dem em Portugal, mas dá para comprar online. A

Gap é um estilo mais clássico, mediterrânico, a

Topman tem peças mais vanguardistas e diferen-

tes, exclusivas. A Zara em termos de fast fashion

acompanha sempre as tendências internacionais e

é sem dúvida um dos sítios onde também compro.

Como defines a Moda em Portugal? A moda portuguesa está em crescimento. Acho

que Portugal é um país ainda muito pouco virado

para a Moda, daí não existir a valorização que as

marcas internacionais têm. Todavia, a evolução

é enorme. Temos grandes designers já estabele-

cidos como a Ana Salazar, a dupla Alves Gonçal-

ves, o Nuno Baltazar, o Nuno Gama. Ao mesmo

tempo temos valores emergentes e promissores

como o Ricardo Dourado, que para mim tem um

potencial gigante que já provou nas colecções que

apresenta na Moda Lisboa. A mentalidade portu-

guesa é, no entanto, muito fechada e as pessoas

não se libertam 100% em termos de estilo próprio.

Quando o fazem, são olhadas de lado ou julgados

como esquisitos. Ainda assim, penso que há uma

nova geração atenta aos tumblrs e aos blogs, que

está mais sensível às tendências, e quando falo em

tendências não me refiro às pessoas que andam

todas de igual com as mesmas coisas, falo de ten-

dências enquanto guiding lines que servem para

criar um estilo que reflecte a nossa personalidade,

nas suas várias metamorfoses. Eu sempre procu-

rei ser diferente, não no sentido de extravagante,

mas porque sempre quis ter coisas que ninguém

tivesse, ou usar primeiro que os outros. Muitas

vezes fui olhado de lado por isso, mas, passado

um mês, quando já se tinha democratizado aqui-

lo que usei, perdia a piada. Portanto essa procura

do que está para vir entusiasma-me e espero que

cada vez mais as pessoas pensem assim. Quanto

aos designers portugueses, estão no bom caminho,

mas ainda vejo algumas colecções a arriscar pouco.

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Qual é a tua opinião em relação ao evento Moda Lisboa? Achas que esta à altura, com-parando-o com as  Fashion Weeks Internacio-nais de Paris, Milão, Nova Iorque e Londres?A semana da moda de Lisboa é um evento incon-

tornável. São mais de 20 anos de empreendedoris-

mo português, graças à responsável do projecto

Eduarda Abbondanza. Sem dúvida que está à al-

tura das Fashion Weeks internacionais, mas numa

escala diferente. Acho que a reinvenção tem sido

a palavra de ordem da Moda Lisboa, pelo menos

desde que eu assisto, já lá vão alguns anos. É uma

óptima forma de divulgar e promover o trabalho

que se faz em Portugal. É um evento divertido, im-

portante e que felizmente está em evolução cons-

tante e espelha o mundo da moda portuguesa. Às

vezes, o foco que dão à Moda Lisboa é o errado e

os meios de comunicação social geralmente têm o

mau hábito de mostrar poucos desfiles e dão a tó-

nica às celebridades que assistem e nada percebem

do assunto, ou seja, usam a Moda Lisboa como

pretexto para mais um evento de caras conhecidas.

Como nasceu o teu projecto, o blogue 2X Nº1? O blog 2XNº1 surgiu há quase 4 anos porque rom-

pia dentro de mim uma vontade de partilhar os

meus gostos. Comecei essencialmente a publicar

roupas que comprava, looks de desfiles, de catálo-

gos, campanhas que me chamavam à atenção e de

vez em quando algum texto escrito por mim, al-

guma citação de um livro que eu li, por aí. Tentei

sempre conjugar tudo com imagens de editoriais

de moda, quase sempre masculinos.

De certa forma, também tem algo de blog pessoal,

uma vez que partilho os concertos a que vou, ou

as músicas que oiço, as pinturas que mais gosto.

Um pouco de tudo no fundo, mas muito centrado

na moda.

Inicialmente comecei com poucos visitantes, mas

regulares. Na altura, ainda não havia o boom dos

blogs que existe hoje, portanto fui ganhando o

meu espaço. Não sentia obrigatoriedade em pu-

blicar constantemente, mas apenas quando preci-

sava. O mundo virtual é realmente infinito e pos-

sibilitou-me começar a trocar ideias com os meus

visitantes que tinham os mesmos gostos ou ídolos

que eu. Já não precisava de sentir que falava chi-

nês quando referia um director criativo de alguma

marca numa conversa casual.

Sempre construí os visuais do meu blog. Já teve

várias formas e cores mas sempre optei pela sim-

plicidade. Trabalho os headers no Photoshop, criei

a própria imagem que quero do blog assim como

o logo 2XN1. Nome que inicialmente me surgiu

porque tenho um alter-ego muito insatisfeito e

que não lhe basta ser apenas uma vez número um.

Pensei na altura que podia ser provisório, porque

o que queria mesmo era começar a publicar toda a

“tralha” que acumulava no computador, mas depois

habituei-me, as pessoas acharam graça e acabou

por ficar. Já passei por fases em que sou muito

constante nas publicações, outras fases que nem

tanto. Por sorte, o blog maturou, cresceu e actual-

mente sei que tenho uma base sólida de visitantes

que gostam dos meus conteúdos, dos meus textos

e que me visitam com regularidade. Eu tento ser

o mais completo possível nos meus posts e só es-

crevo e falo acerca de algo que realmente gosto...

Gosto de ter imagens de boa qualidade, textos

completos, com as informações que eu gostaria de

saber se visitasse um blog. Portanto, faço-o com

um ideal muito meu.

Blogger ChatBlogger Chat

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Notas alguma diferença significativa entre  os blogues portugueses e os internacionais? Há blogs internacionais e nacionais muito bons,

mas também os há fracos, como em tudo. A di-

ferença significativa que noto em relação aos in-

ternacionais é que lhes dão bastante importância.

Em Portugal, isso está a acontecer aos poucos mas

não de forma ampla. Hoje em dia a blogosfera é a

melhor forma de veicular a moda em si e as mar-

cas ainda vêem os bloggers como os nerds atrás

dos computadores que publicitam umas coisas. O

crescimento online permitiu também que se gene-

ralizassem os rostos; muitos blogs são conhecidos

por causa da pessoa que publica fotografias suas

e a imagem aí ganha uma maior dimensão. Não

é de todo o meu caso. Partilho de vez em quan-

do alguns looks que uso, mas essencialmente em

evento. Não me promovo com a roupa do dia-a-

-dia, uma vez que esse não é de todo o foco do

meu blog. Na minha opinião não se deve ser ex-

tremista. Deve existir um equilíbrio, porque ape-

sar da moda ser feita pelas pessoas reais, que lhe

dão corpo e vida, também é necessário falar dela,

desmistificá-la e associá-la a outras artes. Porque

a roupa em si é muito efémera no que toca a ten-

dência. Portanto acho que o relevante não é andar

com as roupas das últimas colecções, nem ter um

look todo de uma marca, retirado por absoluto

das passerelles; é sim conjugar várias marcas, de

vários preços, de acordo com as possibilidades de

cada um e estar bem. Optar sempre pelo intem-

poral, é o segredo. Os blogs portugueses estão a

descobrir agora o maravilhoso mundo dos “outfit

posts”, alguns descobrem-no de forma excessiva,

mas no geral há óptimos blogs, com diferentes

ângulos de abordagem. Gosto muito do Artur In

The Woods, do Fashion-à-Porter, da Amberhella,

Homme Model, The Fashionisto, Pure Lovers, The

Teenage Royalty, KateLovesMe, Style Scrapbook e

o teu Pumps, isto para nomear poucos dos muitos

que visito. É uma lista interminável.

Quanto ao teu estilo, como é que o caracterizas?Honestamente não tenho um estilo muito defi-

nido. Adoro um look mais clássico com camisa e

oxford shoes ou derby shoes. Ao mesmo tempo

adoro um look mais descontraído, com jeans, t-

-shirts com golas cortadas e ténis subidos ou All

Star, com um leather jacket. Depende do meu

estado de espírito, da estação, do sítio para onde

vou. Acima de tudo, gosto de estar confortável na

minha pele. Há dias em que acordo e o sol inspira-

-me e eu penso “Hoje vou-me vestir como se esti-

vesse de férias no Hamptons ou em Saint Tropez”,

outras vezes apetece-me optar por um estilo mais

urbano e grunge, como se fosse de Londres. Fe-

lizmente tenho um guarda-roupa cheio de opções

que me permitem ser versátil. Completo sempre

um look com óculos de sol e relógio, de momento

gosto imenso de detalhes dourados e aposto sem-

pre muito nessa vertente. É como digo sempre,

nunca me levo demasiado a sério, gosto de arris-

car conjugações improváveis. Visto muito na base

do preto e branco que são as minhas cores favori-

tas. Depois vou brincando com outras cores, como

azul, coral, verde, laranja, encarnado.

Onde vais buscar inspiração?Esta é uma pergunta interessante porque muitas

vezes a inspiração é volátil. Tanto pode ser em fil-

mes como em obras de arte. Por exemplo há fil-

mes que me inspiram imenso em termos de moda

64 – 65 | rtro

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como “An Education” ou “A Single Man”. Ver pin-

turas impressionistas de Manet, Renoir, Degas

ou também o pós-impressionismo de Toulouse

Lautrec, ajuda-me a conjugar cores, a ter ideias.

Acho que é nessa linha que posso falar de inspira-

ções. Assim como a música. Se estou numa onda

mais rock se calhar apetece-me vestir uma t-shirt

com um leather e umas bleached jeans ou se es-

tou numa de jazz/blues/alternativa se calhar opto

pela camisa, com um pulôver. O mais giro é quan-

do tudo se mistura… a música, a arte, o cinema.

Também me inspiro em desfiles das marcas que

gosto, inspiro-me em ícones como o James Dean

ou o Sean O’Pry. Inspiro-me em livros do Charles

Baudelaire e a descrição do homem dandy, do fla-

neur, a literatura do Oscar Wilde também.

Qual é a tendência à qual vais aderir nesta estação?Esta estação Outono/Inverno estou a aderir aos

casacos grandes, estilo Burberry. Estou também

a aderir às coisas com pêlo, um pouco por arras-

to do ano passado. As cotoveleiras nas camisolas,

adoro. Quero sem dúvida comprar também uma

camisola com ombros de camurça por exemplo,

muito trendy! Sapatos cada vez mais do que ténis.

Calças de corte clássico. Camisas sempre!!! Vou

também aderir a cores como o castanho, cor de la-

ranja, bordeaux, azul velvet; sem nunca esquecer

o preto, óbvio!

Objecto/Peça favorita?Difícil responder porque eu gosto de muitas peças

mas adoro camisas. Óculos de sol. Camisolas. Sa-

patos. Todo um mundo de perdições! Neste mo-

mento a minha peça preferida é uma sweater que

comprei em Roma na Gucci da Via dei Condotti,

feita de angorá e cor de vinho. Foi um investimen-

to (!!!) mas gosto muito dela porque tem uma vida

própria, é muito cozy e quente para a estação in-

vernosa. O pêlo dá uma espécie de aura que trans-

parece também na cor. Sinto-me muito bem com

ela e neste momento é a minha peça preferida.

O que toca no teu iPod?No meu iPod toca um pouco de tudo, sou mes-

mo muito ecléctico nos meus gostos. De Marilyn

Manson a Rihanna toca de tudo um pouco. Nes-

te momento “We Found Love” da Rihanna com o

Calvin Harris está em repeat, porque acho a mú-

sica simples mas genial, assim como o vídeo. De-

pois gosto de música urbana: Chris Brown, Keri

Blogger Chat

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Hilson, Drake, Nicki Minaj, Bruno Mars. O rock

de The Pretty Reckless, The Kooks, Kings of Leon,

Sum41. Um clássico: os The Cure. O novo álbum

de Florence + The Machine “Cermonials”, é uma

masterpiece auditiva. Alternativo gosto de The XX,

Goldfrapp. Também oiço dubstep. Vou ouvindo o

que me apetece, aprecio sonoridades diferentes,

é uma necessidade… estar sempre a ouvir novas

músicas para não enjoar. E como é claro também

oiço o mainstream das rádios se bem que neste

momento já não suporto a Adele, de quem gostava

tanto. Saturei-me!

Desejas passar alguma mensagem aos teus leitores?A única mensagem que gosto de passar aos meus

leitores é que eles se sintam bem com eles próprios,

que não se levem demasiado a sério, que sejam ca-

pazes de ser felizes sem desejar estar na pele de

outra pessoa. Que gostem da simplicidade, das

palavras, da arte. Cada um à sua maneira, porque

acho que a diferença, a homogeneidade completa-

-se e é bonita. A ideia do rebanho uniformizado

dá-me alguma comichão.

Gosto de quem arrisca, de quem é outsider, de

quem é trendsetter, de quem não tem medo de

pensar outside the box, de brincar com as regras,

com o estabelecido. Gosto que cada um sinta que

tem o seu espaço e que consiga respeitar o do ou-

tro sem ter um olhar ditatorial ou uma atitude

castradora em relação às outras pessoas. Devemos

olhar uns para os outros naturalmente sem apon-

tar as diferenças. De que vale sermos todos iguais?

As nossas diferenças e peculiaridades é que nos

tornam únicos. É isto.

Onde te podem encontrar?Podem-me encontrar virtualmente em www.duas-

-vezes-numero-um.blogspot.com. Também na

página de facebook do blog www.facebook.com/

duasvezesnumeroum. No twitter em www.twit-

ter.com/zebrandao e também no tumblr em www.

tumblr.com/thebeautifulissue. No mundo palpá-

vel: em Lisboa, podem-me encontrar no Chiado

frequentemente, na Baixa também, no Bairro Alto

pontualmente mas nunca de noite, no Museu de

Arte Antiga na Rua das Janelas Verdes, perto de

Santos. Nas praias da linha durante o Verão, zona

do Estoril e Guincho. Magoito e Ericeira. Centros

comerciais everywhere!

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Smells like…

212 VIPpor Beatriz Subtilhttp://www.oarmariodabeatriz.blogspot.pt

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V IP, foi como me senti depois de experimentar o perfume

212 VIP da marca Carolina Herrera New York. Um perfu-

me bastante versátil, com umas notas mais carregadas,

sendo elas maracujá, rum, almíscar, gardénia, cumaru e baunilha.

Este perfume tem um toque amadeirado, que lhe confere sensuali-

dade e intensidade. Uma óptima escolha para a estação que se aproxima.

Este perfume foi lançado em 2010 mas tem arrebatado os corações

de muitas mulheres, principalmente daquelas que procuram um

aroma intenso e elegante ao mesmo tempo.

O perfume 212 VIP provém da família dos perfumes 212 da Caroli-

na Herrera, tendo o primeiro sido denominado apenas de 212 e lan-

çado em 1999. Desde então, a família de fragrâncias cresceu, tendo

sido lançadas 6 diferentes, tanto para homem como para mulher.

Sou bastante apreciadora de perfumes, principalmente os desta

marca, devido à sua principal característica: intensidade. No entan-

to, para mim o 212 VIP foi o que me conquistou, não só pela própria

embalagem em si, que é muito prática para quem viaja e não dispen-

sa um bom perfume, mas também pelo facto de ser um perfume que

se mantém activo durante muito tempo.

Aconselho vivamente a quem gosta de um aroma agradável com um

toque invernil.

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Estranho seria restringir o termo It Girl a um

tempo presente e a alguém que exerce a sua in-

fluência apenas nos dias em que vive. Monumen-

tal (se não for exagero) é chamar It Girl a alguém

desaparecido mas cuja influência nem assim di-

minui. Anna Piaggi é um desses casos. Desapa-

recida em Agosto passado, a jornalista e cronista

de moda continua a exercer sobre designers, mo-

delos, trendsetters ou aficionados uma influência

capaz de ser sentida em detalhes ou no conjunto.

Anna começou a sua carreira como tradutora

numa editoria bibliográfica mas depressa se ex-

pandiu para outros mundos, os diversos conti-

dos no vasto Universo que é a moda. Excêntrica

quanto baste, cativou ao longo dos anos as aten-

ções de designers e fotógrafos, tornando-se ami-

ga e inspiração de muitos dos que a vestiram ou

calçaram, como Karl Lagerfeld ou Manolo Blah-

nik. E foi desses que partiu a sua longa coleção

de peças de vestuário e acessórios, numa soma

que ultrapassa os 2865 vestidos e os 265 pares

de sapatos, e que lhe valeram uma exposição no

por Pedro Resende

it girl!From beginning

to end

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Victoria & Albert Museum de Londres no passa-

do ano de 2006. Com o tempo, o destaque das

suas múltiplas transformações, principalmente

no cabelo e adereços que enfeitam o mesmo) foi

fazendo de si um chamariz de eventos sociais e

desfiles um pouco por todo o mundo, levando o

prestigiado Bill Cunningham do New York Times

a afirmar um dia que “Anna é a única personali-

dade italiana que vale a pena fotografar”.

Anna é uma It Girl. Que o diga a sua máquina de

escrever Olivetti vermelha que desde 1969 viu

nascer sob a sua tinta e teclas alguns dos artigos

com os quais encheu páginas de uma das mais

respeitadas publicações mundiais: a Vogue Italia.

Que o digam também os editores da publicação,

para os quais foi consultora criativa desde o ano

de 1988. Que o diga o mundo da moda, que a viu

ascender de fotografias a preto e branco onde os

detalhes eram imperceptíveis para uma aura de

cor que se estendia dos cabelos aos acessórios

com os quais abrilhantava os seus looks. Enfim…

que o digam! Que o digam todos quantos viram a

sua imagem e não conseguiram ficar indiferentes.

Porque é impossível!

Anna Piaggi acabou por se assemelhar a uma len-

da, por vezes mais silenciosa mas nunca silencia-

da que foi marcando presença num império do

efémero em que o que mais perdura é a imagem

e a atitude. Afinal, Coco Chanel disse um dia, e

com razão, que “A moda passa, só o estilo perma-

nece”. E é nesse mesmo raciocínio em parte emo-

cional que Anna Piaggi será lembrada em pala-

vras e imagens como as que vieram a público em

redes sociais e meios jornalísticos um pouco por

toda a parte, nos dias que seguiram a sua morte.

Ícone incontornável, a italiana que encheu o

mundo com a sua figura e as cores dos seus ca-

belos continuará a atenuar as leis do tempo que

ela e muitos outros ousaram desafiar. No passa-

do, no presente e no futuro, Anna Piaggi é e será

sempre, uma It Girl!!!

It girl!

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Aliar a moda à música a partir de Braga

EarBox

por Adriana [email protected]

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E se tivesses oportunidade de dar à tua vida uma banda

sonora que te acompanhasse nos mais variados momen-

tos, sem que interferisse com a tua segurança ou no conví-

vio com os teus amigos? “Vários estudos dizem que o uso de

headphones é perigoso, sobretudo nas passadeiras. Assim, o

sistema áudio da EarBOX permite-nos ouvir o mundo que nos

rodeia.”, afirmam os criadores do projecto.

Sinónimo de inovação, o EarBOX alia as novas tecnologias

à arte. Senão vejamos: o seu vestuário possui um sistema

de áudio integrado, que passa por colunas colocadas es-

trategicamente no capuz das suas sweats ou ‘CacheCool’,

criadas à base de cortiça que, segundo os criadores, pos-

sui variadas vantagens como “a leveza, a acústica que este

material nos oferece, a impermeabilidade e sobretudo porque

é Português.”

Finalistas do concurso de ideias de negócio da Universida-

de do Minho e vencedores do concurso "O Empreendedo-

rismo está na Moda”, arriscar num panorama onde a crise

toma conta de parte dos noticiários todos os dias, tornou-

-se em algo mais do que espírito de aventura. “Não tínha-

mos nada a perder. Se não éramos felizes com o que fazíamos e

se encontrámos um negócio que nos faz feliz, então não havia

razão para não avançar. Não acreditamos numa geração à ras-

ca, mas sim numa geração start-up.”

Pedro Becken e João Oliveira são o rosto do projecto Ear-

BOX que apareceu como uma lufada de ar fresco no mundo

da moda, aliando a música ao design têxtil e gráfico alter-

nativo. Segundo o par de amigos, “Sabíamos que este é um

mercado agressivo e que para vingar era necessário criar algo

único. Adoramos ouvir música mas não conseguíamos usar os

tradicionais headphones e, como ambos temos experiência na

área, surgiu a possibilidade de integrar um sistema áudio no

vestuário!”.

EarBox

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EarBox

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Info

Facebook: https://www.facebook.com/EarBoxWear

A recepção dos seus produtos por parte do público não po-

deria estar a correr melhor e a EarBOX já marca presença

na internet numa loja online que recebe encomendas um

pouco para todo o mundo mas, para já, conquistar Por-

tugal é o principal objectivo. “O primeiro CacheCool que

vendemos, o cliente quando recebeu o produto, enviou mais

dinheiro de forma a dar os parabéns pela ideia e projecto. O

público começa-se a aperceber que temos uma atenção espe-

cial quanto aos materiais utilizados e que não queremos ser

apenas uma marca de roupa que dá música, mas também uma

marca de roupa de luxo”, contam Pedro e João. Mas nem

sempre tudo foi um ‘mar de rosas’ para a jovem empresa.

A equipa teve que enfrentar muitas críticas e negativismo

por parte de muita gente “Principalmente no início. Inicial-

mente reagíamos um pouco mal, mas com o tempo começámos

a mostrar os nossos argumentos. Felizmente houve pessoas

que nos criticaram de forma a podermos evoluir e mostrar que

o nosso projecto era possível. Desde o início que a empresa Con-

fecções Chouselas acreditou em nós, depois contactámos várias

entidades aqui no Minho que nos pudessem financiar o projec-

to mas apenas os Invicta Angels, do Porto, acreditou em nós.

Com eles, reestruturámos a empresa e acima de tudo recebe-

mos uma formação activa que nos fez crescer imenso como em-

presários. O negativismo é um problema sério do nosso país.”

A EarBOX promete não parar por aqui e novos produtos

serão apresentados em breve. “A EarBOX está neste mo-

mento a planear a internacionalização e pretende evoluir nos

têxteis tecnológicos. Queremos ter modelos únicos, tal como o

nosso CacheCool e com uma utilidade tecnológica! Sempre li-

gados à música.”

Um excelente exemplo de empreendedorismo jovem.

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Ler

The Lure of Luxe, Climbing the Luxury Con-

sumption Pyramid

Autor: Jordan Phillips

Editora: Createspace

Ano: 2012

Publicado em Julho, este livro tem como destinatários todos aqueles que pretendem saber um pouco mais sobre os mecanismos de marketing por detrás das in-dústrias de luxo. Da produção à distribuição, cada capí-tulo encerra uma lição de sobrevivência no universo da Moda, oferecendo uma abrangente visão de bastidores muitas vezes vedada ao grande público. Numa altura em que muitos se questionam acerca do destino do Luxo, num mundo em que uma bolsa Prada convive lado a lado com um Happy Meal, The Lure of Luxe propõe-se fornecer respostas.

lEr.VEr. ouVir.por Margarida Cunha

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Ver

Diana Vreeland: The Eye Has to Travel

Realização: Lisa Immordino Vreeland, Bent-Jor-

gen Perlmutt e Frédéric Tcheng

Ano: 2011

Género: Documentário

Exibido este ano em festivais como o Toronto Film Fes-tival ou o Deauville Film Festival, Diana Vreeland: The Eye Has to Travel é um documentário que dá também nome ao livro que acompanha o percurso de Diana Vreeland – uma americana que se estabeleceu como editora de Moda na Harper’s Bazaar em 1936 e que mar-cou a publicação com a sua visão original e controversa.Produzido por Lisa Immordino Vreeland, casada com o neto de Vreeland, Alexander, este documentário pro-cura explorar não só a biografia de uma personagem icónica, como acompanhar 50 anos de mudança no mundo da Moda.

Ouvir

Army of Mushrooms

Musico: Infected Mushroom

Editora: Dim Mak Records

Ano: 2012

Foi lançado em Maio mas é a banda sonora perfeita para a despedida do Verão, com todo o saudosismo festeiro que esta possa albergar consigo.Com o seu Army of Mushrooms, a dupla israelita Infected Mushroom regressa mais comercial e adaptada às tendências da nova era. Ainda que estes cogumelos tenham crescido em campos ao ar livre pulverizados com psytrance, os seus produtores, embora mantendo algumas raízes do género que os lançou, incorporaram no seu exército mais recente elementos provenientes do dubstep e do drum&bass. Faixas como U R So Fucked ficam imediatamente no cérebro e marcam o ritmo de uma viagem que requer um ouvido e paladar bem apurados.

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vspor Ana Rodriguestoroseparade.blogspot.com

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3

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Chic

Wishlist

1Miu Miu, aprox. 945€

2Miu Miu, aprox. 420€/

3Marni, aprox. 1140€

4Acne, aprox. 471€

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vs1

4

3

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Cheap!

1Topshop, aprox. 41€

2Zara, aprox. 40€

4Zara, aprox. 50€

3H&M, aprox. 10€

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