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J&iUJiX;lD^ RURAL Órgio OficMil da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo - Março de 1982 Acidente mata dois volantes em Porto Feliz. (Ultima Página). CONTAG e FETAESP vão denunciar a vida ruim do boia fria paulista ^í. . >.;;:: ;. Em defesa do pequeno produtor, um amplo levantamento do seu custo de produção Preste atenção: os Sindicatos em cuja base existem pequenos produtores têm prazo até o dia 20 de abril para avisarem a FETAESP se aceitam ou não um negócio muito fácil: pedir a alguns produtores que fiquem com um formulário na mão durante toda a época de cul- tivo de um produto a ser escolhido, a partir de julho. Os Sindicatos que aceitarem não irão se arrepender. Ao contrário, irão descobrir uma satisfação muito grande com isso, na hora em que puderem juntar todos os seus pequenos produtores em reuniões e apresentar a eles os resultados encontrados pelos que preenche- ram os questionários. Ao perceberem o quanto estão sendo roubados pelo Governo e intermediários, os produtores começarão a entender para que existe Sindicato. (Pág. 4). Na foto acima , à esquerda, o depoimento do presidente da FETAESP, Roberto Toshio Hori- guti, no dia 16 de março, ao lado do presidente da Comissão, dep. Waldemar Chubaci, que é de Guaira. Na foto ao lado, o presidente da CONTAG, José Francisco da Silva, que, junto com Roberto, vai falar no dia /i de abril. E vai valer a pena comparecer à Assembléia Legislativa nesse dia. Aspecto de um ponto de bóias frias em Novo Horizonte. E uma pena que poucos deputados estaduais se interessem de fato pelo problema e pela situação dos bóias-frias, a não ser na hora do voto. Porque a Assembléia Legislativa de São Paulo deu um belo exemplo ao País ao promover a realização de uma Comissão de Inquérito, que é para os deputados estaduais e federais, senadores, governantes e opinião pública saberem como anda a situação dos bóias-frias. De qualquer maneira, a Comissão de Inquérito está indo em fren- te, na base da teimosia, apesar dos boicotes abertos ou misteriosos. E no dia 13 de abril será a vez dos presidentes da nossa CONTAG, José Francisco da Siivá, e da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti (vi- ce da CONTAG), falarem na Comissão de Inquérito. Será às 9,30, na Assembléia Legislativa. Todos estão convidados (pág. 4). ATENÇÃO NOVO SALÁRIO No dia 15 de março o salário do trabalhador rural subiu 43,78%. O seu salário está reajustado? Se não está, então pro- cure o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de sua cidade. Se não tiver, procure a FETAESP, O endereço está na pág. Quem ganha menos de 3 salários teve reajuste menor. Contra o desconto de 3% do aposentado rural A FETAESP e o sindicalismo não aceitam o abuso do governo querer tirar 3 o / ou seja, Cr$ 178,92, do aposenta- da rural. Leia a OPINIÃO DA FETAESP na pág. 3, e pro- teste você também aos deputados e senadores. CAMPANHA DE SINDICAUZAÇ A FETAESP faz a sua parte com bom curso e divulgação; a parte do sindicato e' na base De agora em diante. Sindicato de Trabalhadores Rurais paulista nenhum mais tem argumentos para se queixar que não encontra jeito de arrecadar mais dinheiro, ou então, que não sabe como organi- zar seus bairros e formar quadros de delegados sindicais. Ou que não sabe como sindicalizar a mulher e o jovem. Ou também de ficar com medo do Governo. Basta participar do excelente curso que a FETAESP está ofere- cendo em Agudos, reunindo dois Grupos Regionais de cada vez.. Este curso e para dirigentes sindi- cais e ensina tudo isso, com troca de experiências e debate entre os dirigentes sindicais que participa- rem. Portanto, azar de quem faltar. Ou melhor, azar da base do Sindi- cato cujos dirigentes sindicais fal- tarem. A FETAESP está fazendo a sua parte. Esse curso, que começou a ser ministrado em março e acabará no final de maio, faz parte da CAM- PANHA DE SINDICALIZAÇÃO, lançada pela FETAESP para comemorar o 20' ano de conquista do direito de organização dos Sin- dicatos de Trabalhadores Rurais. Ouem se lembra, sabe que não foi fácil esta conquista. A FETAESP fez um cartaz e O presidente da Fetaesp apresentou o cartaz dos dirigentes sindicais em Agu- dos, destacando o significado do evento. providencia outras formas de divulgação. Cabe aos Sindicatos fazerem a sua parte, que o sucesso é certo.

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J&iUJiX;lD^ RURAL

Órgio OficMil da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo - Março de 1982

Acidente mata dois volantes em Porto Feliz. (Ultima Página).

CONTAG e FETAESP vão denunciar a vida ruim do boia fria paulista

^í. . ■ ■■■■■>.;;::;.

Em defesa do pequeno produtor, um amplo levantamento do seu custo de produção

Preste atenção: os Sindicatos em cuja base existem pequenos produtores têm prazo até o dia 20 de abril para avisarem a FETAESP se aceitam ou não um negócio muito fácil: pedir a alguns produtores que fiquem com um formulário na mão durante toda a época de cul- tivo de um produto a ser escolhido, a partir de julho.

Os Sindicatos que aceitarem não irão se arrepender. Ao contrário, irão descobrir uma satisfação muito grande com isso, na hora em que puderem juntar todos os seus pequenos produtores em reuniões e apresentar a eles os resultados encontrados pelos que preenche- ram os questionários.

Ao perceberem o quanto estão sendo roubados pelo Governo e intermediários, os produtores começarão a entender para que existe Sindicato. (Pág. 4).

Na foto acima , à esquerda, o depoimento do presidente da FETAESP, Roberto Toshio Hori- guti, no dia 16 de março, ao lado do presidente da Comissão, dep. Waldemar Chubaci, que é de Guaira.

Na foto ao lado, o presidente da CONTAG, José Francisco da Silva, que, junto com Roberto, vai falar no dia /i de abril. E vai valer a pena comparecer à Assembléia Legislativa nesse dia.

Aspecto de um ponto de bóias frias em Novo Horizonte.

E uma pena que poucos deputados estaduais se interessem de fato pelo problema e pela situação dos bóias-frias, a não ser na hora do voto. Porque a Assembléia Legislativa de São Paulo deu um belo exemplo ao País ao promover a realização de uma Comissão de Inquérito, que é para os deputados estaduais e federais, senadores, governantes e opinião pública saberem como anda a situação dos bóias-frias.

De qualquer maneira, a Comissão de Inquérito está indo em fren- te, na base da teimosia, apesar dos boicotes abertos ou misteriosos. E no dia 13 de abril será a vez dos presidentes da nossa CONTAG, José Francisco da Siivá, e da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti (vi- ce da CONTAG), falarem na Comissão de Inquérito. Será às 9,30, na Assembléia Legislativa. Todos estão convidados (pág. 4).

ATENÇÃO NOVO SALÁRIO

No dia 15 de março o salário do trabalhador rural subiu 43,78%.

O seu salário já está reajustado? Se não está, então pro- cure o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de sua cidade. Se não tiver, procure a FETAESP, O endereço está na pág.

Quem ganha menos de 3 salários teve reajuste menor.

Contra o desconto de 3% do aposentado rural

A FETAESP e o sindicalismo não aceitam o abuso do governo querer tirar 3o/ ou seja, Cr$ 178,92, do aposenta- da rural. Leia a OPINIÃO DA FETAESP na pág. 3, e pro- teste você também aos deputados e senadores.

CAMPANHA DE SINDICAUZAÇ A FETAESP faz a sua parte com bom curso e divulgação; a parte do sindicato e' na base

De agora em diante. Sindicato de Trabalhadores Rurais paulista nenhum mais tem argumentos para se queixar que não encontra jeito de arrecadar mais dinheiro, ou então, que não sabe como organi- zar seus bairros e formar quadros de delegados sindicais. Ou que não sabe como sindicalizar a mulher e o jovem. Ou também de ficar com medo do Governo.

Basta participar do excelente curso que a FETAESP está ofere- cendo em Agudos, reunindo dois Grupos Regionais de cada vez.. Este curso e para dirigentes sindi- cais e ensina tudo isso, com troca de experiências e debate entre os

dirigentes sindicais que participa- rem.

Portanto, azar de quem faltar. Ou melhor, azar da base do Sindi- cato cujos dirigentes sindicais fal- tarem. A FETAESP está fazendo a sua parte.

Esse curso, que começou a ser ministrado em março e acabará no final de maio, faz parte da CAM- PANHA DE SINDICALIZAÇÃO, lançada pela FETAESP para comemorar o 20' ano de conquista do direito de organização dos Sin- dicatos de Trabalhadores Rurais. Ouem se lembra, sabe que não foi fácil esta conquista.

A FETAESP fez um cartaz e

O presidente da Fetaesp apresentou o cartaz dos dirigentes sindicais em Agu- dos, destacando o significado do evento.

providencia outras formas de divulgação. Cabe aos Sindicatos fazerem a sua parte, que o sucesso é certo.

A OPINIÃO DO LEITOR

Mande'sua carta para Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Pauto (FETAESP) R. Brigadeiro Tobias. 118.39 widar, conjunto f.jorml REAUDADE BIJRAL C£/». 0/0Í2.

Documento denuncia agressões de "gatos" a um dos trabalhadores

que está organizando o novo Sindicato de Taquaritinga

Companheiros. Espero que vocês dêem publicidade a

esta carta que nós, da Pastoral da Terra, região de Ribeirão Preto, estamos envian- do. A organização dos bóias-frias em Taquaritinga está sendo muito pressiona- da conforme vocês podem perceber pelo espancamento de um lavrador ocorrido lá. Abraços, padre José Domingos Bragheto (p/CPT).

CARTA DE SOLIDARIEDADE Nós, trabalhadores rurais, mais agen-

tes da Pastoral da Micro-Regiâo da Comissão de Pastoral da Terra (CPT) de Ribeirão Preto, reunidos no dia 14 de março de 1982, viemos manifestar nosso total apoio à organização dos trabalhado- res dos rurais de Taquaritinga (Diocese de Jaboticabal) em Sindicato.

Por outro lado, queremos também pro- testar com energia contra aquelas pes- soas que estão perseguindo esta organi- zação, a exemplo do que ocorreu no dia 20 de fevereiro de 1982, quando o lavra- dor APARECIDO GOMES foi violenta- mente espancado.

Seguem abaixo as assinaturas dos par- ticipantes deste encontro em solidarieda- de a esta organização dos trabalhadores rurais de Taquaritinga e ao Aparecido Gomes. (Seguem 36 assinaturas).

Caro Pe. Bragheto e trabalhadores: Soubemos pelos presidentes dos Sindi- catos de Jaboticabal, Benedito Vieira de

Magalhães, e Dobrada, Severino Alves da Silva, que, de fato, não está fécil de orga- nizar um Sindicato ai em Taquaritinga. "Gratos" e fazendeiros estariam torcendo a cara, a exemplo do que acontece tam- bém em Dobrada.

Mas, desculpem vocês, esta não é uma noticia ruim. Ao contrário. Todo o Sindi- cato que nasce na luta é Sindicato com bom futuro. Isso significa que os bóias- frias da região podem ficar contentes, pois eles vão ser, mais do que ninguém, o próprio Sindicato aí, sem qualquer estorvo de burocracia.

O presidente do Sindicato de Dobrada informou que até mesmo listas negras estão surgindo, incluindo os trabalhado- res que ousam reclamar na Justiça seus direitos. José Carlos da Silva, de Jaboti- cabal e o José Carlos Miranda, de Matão, não estariam conseguindo mais serviços por causa disso, depois que um emprei- teiro de nome José Gregório os despediu, tendo eles ido logo à Justiça.

0 fato do lavrador APARECIDO GOMES ser espancado por "gatos" por estar organizando uma reunião, visando fundar h Sindicato de Taquaritinga, ao que consta, não^o desanimou, mas serviu para mostrar o valor deste futuro líder sindical. E de gente com fibra assim que o Movimento Sindical precisa.

Que o trabalho de vocês siga em fren- te, por isso é vitamina para o nosso sindi- calismo. Estamos todos no mesmo barco.

Olhe os times e adivinhe quem levou a goleada...

Trabalhador de Palmital diz que na base também se faz bom

sindicalismo, e mostra sonho Minhas saudações ao editor do Realidade Rural e à Diretoria da Fetaesp,

Quero, em primeiro lugar, dizer que em novembro mandei uma carta ao jornal e até o momento não foi publicada, não sei se não chegou no seu destino ou se são outras as causas.

Mas estimados companheiros a luta continua. Estou aqui no meu bairro rural, para lutar por uma reforma Agrária autên- tica, por uma assistência médica mais humana para o trabalhador rural, e por salário mais justo e não mínimo, que dê para morar, comer e vestir. Sou sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmital, participo de quase todas as reu- niões do Sindicato e na medida das

minhas possibilidades, ajudo a levar avan- te as tarefas do nosso sindicalismo. Antônio Fernandes, Sócio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmital, (SP).

Caro Antônio: suas cartas são sempre animadoras, incentivadoras. São um exemplo para certas pessoas que desani- mam de lutar, que encostam, não vão ao Sind.vato, deixam tudo para a diretoria decidir.

Quanto à sua carta de novembro, deve ter ocorrido um estravio no caminho. Mas não faz mal. Continue escrevendo e incentivando outros a escreverem tam- bém.

Documento do Sul lembra que agricultores sem terra de

Ronda Alta precisam de recursos. O Movimento de JUSTIÇA E

DIREITOS HUMANOS de Porto Alegre envia carta, comentando a dura luta dos agricultores SEM TERRA, acampados há um ano rtn Ronda Alta, na localidade de Encru- zilhada Natalino, e que agora há pou- co mudaram-se para uma área adquirida, de 108 hectares, onde per- manecerão provisoriamente.

Depois de historiar as dificuldades de apoiar durante tanto tempo, uma luta tão difícil, e de perto, o documen- to diz que hoje "o horizonte é outro, e é melhor" muito mais quando a Con- ferência Nacional dos Bispos do Bra- sil decidiu coordenar uma campa- nha de arrecadação de recursos e demais atitudes necessárias à localiza-

ção provisória dos agricultores, e mais tarde, ao seu reassentamento em terras gaúchas".

A Carta alerta que "a luta pot Encruzilhada Natalino não está termi- nada" e que "mais do que nunca os agricultores sem terra precisam do apoio de todos para que possam em breve estar trabalhando a terra que é dom de Deus para todos os homens". Lembra o Movimento que é preciso dinheiro, e quem quiser colaborar pode enviar sua contribuição direta- mente à CNBB, ou então à agência Bamerindus, em Ronda Alta, a cargo do padre Arnildo Fritzen, que dá assistência aos AGRICULTORES SEM TERRA, (a conta anterior, de Porto Alegre, já não existe mais).

Sindicato de Dobrada denuncia "gatos" O presidente do nosso novo Sindicato em Dobrada, Severino Alves da Silva, denuncia que os "gatos"" da região andam colocando no bolso, dinheiro que não é deles.

Por exemplo, os "ga- tos" da Usina Santa Adé-

lia recebem Cr$ 696,00 para pagar a cada traba- lhador por dia, mas eles acabam pagando apenas Cr$ 520,00. A usina já paga à parte para o "ga- to .

O mesmo está ocorren- do com outras usinas. "Se o trabalhador recla-

ma - diz Severino - então é despedido e o "gato" para os outros "gatos" não dar serviço para ele".

i ÜS áÜI áül Ê%

A "torcida" ai de cima gritou, xingou, incentivou, mas o time da casa esta- va mesmo era sem gás. No primeiro tempo, a turma da FETAESP, (foto de baixo) resistiu bravamente. Mas no segundo o pessoal de Fernandópoiis (foto de cima) abriu a porteira e enfiou 4 (dizem que foi 5 ) gols prá dentro , conse- guimos fazer um.

Mas valeu a brincadeira. Foi uma ótima confraternização, no dia 20 de mar- ço, em Agudos, reunindo diretoria assessoria e funcionários da FETAESP, e o pessoal do Sindicato de Fernandópoiis. (Fizemos vaquinha) .

Já pedimos revanche...

Pág. 2

AMM.

Diretoria

Roberto Toshio Horiguti Presidente.

Francisco Benedito Rocha Secretário Geral.

Mário Vatanabe I* Secretário Paulo Silva 2* Secretário

Emílio Bertuzzo Tesoureiro Geral José Bento de Santi I* Tesoureiro Antônio David de Souza 2* Tesoureiro Editor Responsável José Carlos Salvagni (SJP 5177) ^ '

Relações Públicas Joio Ferreira Neto

Rua Brigadeiro Tobias, 118. 36* andar - Coni. 3.607

CEP «1032- Ead. Telcgráfico: ,, FETAISP

- Telefones: 228-981' 228-9353-SloPwilo-

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MARÇO DE 1982 REALIDADE RURAL

A OPINIÃO DA FETAESP ütttro ii fatoísi iúyàí

BIBLIOTECA

O INAMPS abusa contra o aposentado rural 0 aposentado rural, que deu seu suor e seu sangue pelo

progresso do Brasil, é humilhado com meio salário mínimo, apesar da Constituição proibir isso.

Pois agora, o aposentado rural, que carregou o Brasil nas costas, está sendo vítima de novo golpe do Governo. E que o INAMPS, abusivamente, por conta própria, está descontando 3% do meio salário mínimo nos novos carnes.

E muita falta de pudor. Porque, em primeiro lugar, o Con- gresso nacional, os deputados federais e senadores, ainda não debateram ou aprovaram o mal afamado "PACOTE" da Previdência, baixado pelo Governo no final de dezembro, depois que os deputados e senadores, em novembro, bota- ram no lixo outro "Pacote".

Em segundo lugar,o INAMPS abusa porqueo mal afamado projeto não altera o regime previdenciário rural, que continua submetido à Lei Complementar ri' 11, que tem seu custeio nos 2,8% na venda da produção, nem o DL 1146.

Mais ainda: o aposentado rural não é bem um aposentado, pois apesar de ganhar o meio salário mínimo, ele pode conti- nuar trabalhando. Quem vive com isso?

Por isso, embora com dificuldade, o sindicalismo do cam- po e da cidade, em nível nacional, está organizando o fim desse abuso e a derrubada do PACOTE DA POUCA VERGO- NHA, que também atingiu os trabalhadores urbanos, aumen- tando o desconto de 8 para 8,5 até 10% do salário, dizendo que o Governo não tem dinheiro.

Não podemos engolir mais esse sapo. Temos de exigir que os deputados e senadores joguem esse PACONTE DA POU- CA VERGONHA no lixo.

Por isso a FETAESP conclama novamente os Sindicatos, trabalhadores rurais e a opinião pública para escreverem aos deputados e senadores, exigindo que votem contra esse PACOTE. E fácil. Basta colocar o nome do deputado ou senador. 0 endere- ço e: CONGRESSO NACIONAL, Brasília, OF. CEP: 70.000.

Dinheiro para a Previdência têm, basta ver os salários pagos no Brasil, que são bem menos que a metade dos salá- rios pagos em países ricos, e até de países pobres da Améri- ca Latina. E nem por isso trabalhamos menos...

A DIRETORIA DA FETAESP

Existem milhões de meio-brasileiros, lembra a Campanha da Fraternidade/82

A escravidão hoje é ou tendencioso,

oficializada, etc. negado

o ensino a mentira

A Conferência Nacional dos Bispos do Bra- sil (CNBB) mais uma vez acertou em cheio ao escolher o tema para a Campanha da Frater- nidade.

Afinal, 1982 é um ano de eleições empa- cotadas, um ano de muita manipulação, um ano de muita mentira oficializada. Tem muito ouro falso por aí.

Mas, especialmente, vivemos há muito tempo com ensino racionado, muito tenden- cioso, voltado apenas para a verdade e o interesse do grupo político que este no Governo.

O povo tem o direito de saber a verdade do que se passa, de se instruir, para decidir por si os seus caminhos, e não como o cavalo que é puxado pelo cabresto.

Quem não sabe ler é meio-brasileiro Hoje até os professores, os

doutores, os engenheiros pas- sam apuros com desemprego. Até eles vão na onda dos ricos e do grupo político que está no Governo.

Imagine-se então como pas- sam aqueles que não sabem ler e escrever: são como cegos que dependem dos outros. Saber ler é o começo da liberdade, é o começo da cidadania. Não será por isso que o Governo gasta tão pouco com ensino?

Eleições em sindicatos Para o mês de abril de 1982, estão programa- das eleições nos seguintes Sindicatos: Dias 24 e 25 - S.T.R. de José Bonifácio Dias 24 e 25 - S.T.R. de Mogi das Cruzes Dia 25 - S.T.R. de Pedregulho Tomarão Posse as Diretorias Eleitas dos Sin- dicatos seguintes: Dia 12 — S.T.R. de Ituverava — Diretoria elei- ta: Euripedes Norato do Nascimento, Antônio Reinaldo Segismundo e Joaquim Alberto de Souza Dia 24 - S.T.R. de Jales - Eleita a Chapa n* 1,

com a seguinte Diretoria: — José Cavalari, Wilson Roberto Donda e Francisco de Sá

Dia 26 - S.T.R. de Penápoiis — Diretoria elei- ta: Antônio da Silva, João Felicio Chotolli e rdelino Veira da Silva. Dia 30 - S.T.R. de Votuporanga - Diretoria Eleita: - Orlando Izaque Birrer, Arnaldo de Freitas Menezes, e Antônio Guerra.

Departamento de Orientação Sindica I-DOS-FETAESP

Os bispos brasileiros, encontraram o tema mais adequado para a CAMPANHA DA FRATERNIDADE de 1982: "A VERDADE VOS LIBERTARÁ".

De fato, é preciso falar a VERDADE em 1982,pois as mentirascampeiam soltas no Bra- sil.

* 1982 será o ano das eleições empacotadas pelo Governo. O Governo usa e abusa de leis e pacotes, aprovados pelo rebanho de carneiros do PDS, para se manter no poder a todo o custo.

Um ano, portanto, de muitas mentiras, manipulação, abuso, corrupção. E preciso lavar o Brasil com a VERDADE dos fatos.

* 1982 será o ano da Copa do Mundo. A com- petição esportiva por si e boa, ajuda a melho- rar o relacionamento entre os povos. Mas os meios de comunicação obedecendo a interes- ses vários, aproveitam para anestesiar a cabe- ça do povo e desviar sua atenção dos proble- mas e da situação que enfrenta. E preciso, portanto, sacudir a consciência do povo com a VERDADE, contra a ilusão.

* 1982 será o ano em que o Brasil vai confir- mar sua posição de 5? exportador mundial de armas, com o início de funcionamento das usi- nas nucleares. Enquanto para isso existe dinheiro de sobra, falta dinheiro para a Refor- ma Agrária, para o ensino, para a saúde, para assistência técnica rural, preços justos, etc.

Para a morte, tem dinheiro de sobra. Para a vida, conta-gotas. E preciso a luz da VERDA- DE contra a escuridão da morte.

E preciso mesmo desintoxicar a cabeça e o coração, que a propaganda anda muito farta, inclusive vestida de verde e amarelo.

* Sete milhões de crianças são candidatas no Brasil ao analfabetismo. Serão sete milhões de escravos amanhã, não podendo decidir seu destino. Hoje o Brasil má tem 14,5 milhões de analfabetos. São 14,5 milhões de escravos, que não podem votar, que não podem infor- mar-se, ter acesso aos bens culturais e mate- riais a que todos os cidadãos têm direito.

* Metade das terras brasileiras e controlada por apenas 5% de tubarões, que apesar disso, ficam combatendo o sindicalismo, a Igreja e os trabalhadores rurais por protestarem con- tra esse abuso, já que a terra é um DOM de DEUS para todos os homens e não apenas para meia dúzia.

A ganância se veste de progresso e justiça, se veste de lei, se veste ate de segurança nacional. E preciso a VERDADE para quebrar as cadeias da escravidão, do egoís- mo, da ganância, da prepotência.

A VERDADE do Evangelho é o pão distri- buído para todos; é a Justiça verdadeira igualando todos os homens; é o respeito ao

•1üeitj-de todos os homens ao trabalho, a uma vida digna, à sua própria educação.

MAS PARA FALAR A VERDADE, É PRECISO MUITA CORAGEM PORQUE O PREÇO DA CORAGEM É A CRUZ, MAS O SEU RESULTADO É A VISTA QUE SE ABRE A MILHÕES DE IRMÃOS, JOGA- DOS ETERNAMENTE PARA O ESCAN- TEIO.

MARÇO DE 1982

A mulher

"Nha" Ze/a, agora, está mais contente.

Finalmente, o Movi- mento Sindical reconhe- ceu o valor e a importân- cia da mulher.

Compadre Belarmino voltou do Curso, com idéias novas.

Vai dar oportunidade a "Nha" Zeja, de traba- lhar na vida sindical. Antes, ela era a conse- lheira do lar, animadora da comunidade familiar, agora, ela ajudará tam- bém no Sindicato.

Não vai criar mais minhoca na cabeça. Acompanhando Belarmi- no, ela verá de perto, quanto sofre o líder sin- dical. Por isso, ajudará Belarmino a carregar o fardo.

Quem sairá ganhando é o trabalhador.

Todas as mulheres da roça deviam acompanhar "Nha" Ze/a.

Assim, a coisa pode melhorar.

J.F.N.

REALIDADE RURAL Pag. 3

FETAESP reivindica ao ministro da Agricultura preço justo para

amendoim e obediência ao Art. 85 Reivindicado preço de Cr$ 1.321,00 para a saca do amen- doim e respeito ao artigo 85 do Estatuto da Terra pelo Gover- no, endossando documento dos Sindicatos da Alta Sorocaba- na (e outros feitos depois).

Os grandes produtores têm as portas abertas no Ministério da Agricul- tura, Já os pequenos produtores, através de seu sindicalismo, sequer rece- bem resposta a documentos que enviam, como ocorreu com os Sindicatos da Alta Sorocabana (e posteriormente por outras regionais), reivindican- do preço justo para a comercialização do amendoim, (1.321,00 a saca) bem como a obediência pelo Governo do artigo 85 do Estatuto da Terra, mais assistência técnica, etc.

Por isso o Presidente da FETAESP, Roberto Toshio Horiguti, por determinação da diretoria, encaminhou ofício ao Ministro da Agricultura reclamando atenção às reivindicações do nosso sindicalismo - discordan- do dos critérios do Governo para fixar o preço mínimo fora do Estatuto da Terra, como vem ocorrendo.

NÃO SE CONSTRÓI AGRICULTU- RA FORTE SEM APOIO AO PEQUENO PRODUTOR

Na apresentação, o presidente da Fetaesp diz ao Ministro que a FETAESP está preocupada com o futuro cada vez mais incerto dos milha- res de pequenos produtores deste Esta- do, sem apoio à produção nem preços incentivadores.

Por isso, a certa altura do documen- to, Roberto Toshio Horiguti diz ao Ministro o aue se seeue.

"SENHOR MINISTRO" Uma agricultura pujante não se

constrói sem estímulos efetivos à pequena produção. E isso tanto é mais correto quando se sabe que o pegueno produtor não desvia sua atenção da terra; aplica na terra o ganho do seu trabalho e o crédito que recebe.

Em memorável audiência concedida por Vossa Excelência, a esta Federa- ção e a representantes da Comissão de Política Agrícola e Agrária em meados do ano passado, expusemos com toda a franqueza a nossa completa discordân- cia em relação à forma como é defini- do o preço mínimo, em evidente deso- bediência ao que manda o artigo 85 do Estatuto da Terra.

Muito embora' Vossa Excelência tivesse defendido com acerto a necessi- dade do reajuste mensal com base no INPC - o que efetivamente_ passou a ocorrer logo após - na ocasião mostra- mos todavia, que isso não seria suficien- te . Da mesma forma, discordamos do critério seguido pelo Ministério de fixar o preço mínimo com base na "produtividade média."

A única saída para a comercializa- ção da produção agrícola é o cumpri- mento do artigo 85 do Estatuto da Terra, esse sim plantado num critério justo, sensato, que premia a produção afetiva e estimula a melhoria das lavou- ras. LUCRO LIQUIDO DE 30% SATIS- FAZ OS PEQUENOS PRODUTO- RES

E prossegue o documento: "Os pequenos produtores, com efei-

to, não estão preocupados com a pre- gação contínua feita pelos grandes pro- dutores em torno da liberdade de mer- cado, etc. Para eles é suficiente o artigo 85, que define um lucro de 30% acima de todo o custo efetivo, livre de frete para o mercado mais pr^rimo;- sacaria, seca- gem, armazenagem, etc.

O Ministro Amaury Stábile

Os pequenos produtores querem é trabalhar, não especular. É com o tra- balho que eles colaboram para a cons- trução do progresso do Brasil.

Infelizmente nem o preço mínimo oferece margem de lucro de 30%, nem assume o Governo a sua responsabili- dade com os custos, como manda o artigo 85.

Tenha certeza Vossa Excelência de que com o prosseguimento da atual política de remuneração da produção - injusta, arbitrária discricionária e, par- ticularmente ilegal não se constrói nenhuma agricultura forte.

Já é mais do que chegada a hora de um homem de largo vislumbre como vossa hxcelencia, mandar cumprir es^e preceito legal, sob pena do Poder Publico vir a desmoralizar-se comple- tamente ante os cidadãos por descum- primento de leis.

Na certeza de uma justa atenção de Vossa Excelência às reivindicações ora apresentadas, aproveitamos a ocasião para reiterar nossos protestos de pro- funda admiração e respeito. Atenciosa- mente, Roberto Toshio Horiguti, presi- dente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo. SP/5 de março de 1982.

12 famílias boias frias vão para a Faz. Primavera. A cooperativa não nasceu

Os delegados sindicais salvaram a Cooperativa de

Santa Fé do Sul O presidente do Sindicato

dos Trabalhadores Rurais de Andradina, João dos Santos Alves Sobrinho, ao partici- par do curso da Campanha de Sindicalização, em Agu- dos, na metade de março, deu duas informações positi- vas e uma um tanto desalen- tadora, envolvendo a Fazen- da Primavera.

As duas informações posi- tivas são de que após debates entre o Incra, o Sindicato a Comissão de Pastoral da !?.r£?'e o Movimento dos Bóias Frias e Pequenos Arrendatários da Noroeste (como também da FETAESP), 12 famílias de trabalhadores volantes serão assentadas na área da Fazen- da Primavera, desapropriada em iulho de 1980. E há a pos- sibilidade de que mais famí- lias sejam assentadas.

Com isso, segundo o presi- dente do Sindicato (esta é a outra notícia boa), é que cen- tenas e centenas de trabalha- dores volantes (bóias-frias) e arrendatários estão indo ao Sindicato informar-se sobre a possibilidade de ser desa- propriada outra área, já que na Primavera não cabe muito mais.

Já foram entregues 70% dos títulos, o resto virá logo. Segundo João, 80% dos pos- seiros da Primavera estão' satisfeito? . 20% se queixam de ter recebido menos terra. Eles fundaram a Associação 8 de Julho dos Moradores da

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Primavera, cujo presidente é Valdecir Rodrigues de Oli- veira.

A notícia desalentadora é que não vai mais sair a Coo- perativa dos Posseiros da Pri- mavera e pequenos produto- res da região, como havia sido projetado. A decisão foi juntar-se a uma Cooperativa de Araçatuba (a COBRAC), que vai implantar filial em Andradina, à qual os novos proprietários dafazenda Pri- mavera já se associaram ou se associarão.

Acpontece que esta é uma grande cooperativa, embora aparentemente "funcione bem". E nenhuma cooperati- va grande em São Paulo, (da Cotia prá frente), permite uma participação ativa _ de seus associados nas decisões. É sempre o grupinho menda- chuva que decide.

A nova Cooperativa Mista de Santa Fé do Sul está salva.

No dia 13 de março houve eleições na Cooperativa, e o nosso Sindicato conseguiu esmagar uma manobra trai- çoeira que fazendeiros e inter- mediários estavam tramando para ficar com a direção da cooperativa, depois aumentar a cota afim de afastar os peque- nos produtores. Depois disso eles desviariam a cooperativa de seus propósitos, impedindo- a de entrar na comercialização e industrialização de produtos agrícolas, como estava projeta- do e que era de interesse dos pequenos produtores.

Os intermediários e dirigen- tes do Sindicato patronal, con- forme conta o presidente do nosso Sindicato em Sta. Fé, Valdomiro Cordeiro, haviam combinado a apresentação de uma chapa única, reunindo

pequenos e grandes produto- res. Mas o nosso Sindicato descobriu que, em surdina, o Sindicato patronal, os interme- diários e políticos da cidade, já tinham outra chapa embaixo da manga e o que pretendiam era apresentar essa chapa na última hora, pegando nosso Sindicato desmobilizado, com quorum contrário no dia das eleições.

Mas, descobrindo a trama, o nosso Sindicato imediatamente mobilizou os delegados sindi- cais (18) a fim dé que convo- cassem todos os pequenos pro- dutores associados da coopera- tiva para não faltarem às elei- ções. Ao mesmo tempo o Sindi- cato conseguiu forçar a coope- rativa a marcar um prazo para apresentação da chapa de 36 horas.

Desta vez os grandes é que foram tomados de surpresas. Perceberem que não tinham mais chances, diante da mobi- lização. Não apresentaram chapa. E no dia das eleições os pequenos produtores compare- ceram em massa, não dando qualquer chance a mais nenhum tipo de manobra.

Com isso a cooperativa foi salva. Agora segundo Valdo- miro, a cooperativa vai prepa- rar-se para entrar de sola na comercialização, que é o gran- de problema dos pequenos pro- dutores. E também aos poucos na industrialização. Há tam- bém o projeto de uma espécie de mercado, aberto a associa- dos e a não-associados.

Presidente da Fetaesp fala na CEI do boia fria e denuncia carranca dura da Faesp e seus filiados

Com a presença apenas dos deputados Valdemar Chuba- ci (presidente da Comissão) e Mauro Bragato, ambos do PMDB, o presidente da Fetaesp jez no dia 14 de março, pela manha, um breve depoimento na Comissão Especial de Inquérito (CEI), que investiga a situação do trabalhador 'bóia-fria" paulista, instalada na Assembléia Legislativa.

Em seu depoimento (que deverá ser aprofundado no dia 13 de abril), o presidente da Fetaesp elogiou a CEI e a atuação dos deputados presentes, por se preocuparem com o esquecido trabalhador volante. E apresentou três denún- cias.

A primeira, mostrando que os representantes dos fazen- deiros paulistas (a FAESP), têm se recusado a qualquer tipo de entendimento com os representantes dos trabalhado- res rurais para conversar sobre melhorias salariais e melho- res condições de trabalho. Por isso, as campanhas salariais nos últimos seis anos sempre foram acabar no Tribunal Regional do Trabalho, em dissíduo coletivo. Os patrões sempre se escoraram no Tribunal, nunca no diálogo.

Apesar disso, através dos dissídios, conforme Roberto, os trabalhadores rurais paulistas conseguiram alguns benefí- cios.

A segunda denúncia apresentada foi tanto em termos da falta de fiscalização do Ministério do Trabalho, como tam- bém as péssimas condições de transporte. Ignorando o dis- sídio coletivo e o Código Nacional de Trânsito, os fazendei- ros e agenciadores transportam os trabalhadores rurais como se fossem bois. Prova disso são os constantes aciden- tes, com mortes.

A terceira denúncia foi quanto à desobediência pelo Governo do Estado da Terra, um decreto-lei sancionado pelo presidente Castello Branco em 1964, mas que acabou sendo jogado para o escanteio pelos generais-presidentes que vieram depois dele. "Só se aplica a lei onde beneficia a classe média e os latifundiários - disse Roberto - deixando de lado os nossos pequenos produtores, que abandonados vão engrossar as fileiras dos trabalhadores volantes."

O presidente da Fetaesp disse ainda que nas nossas cam- panhas salariais temos incluído cláusulas visando defender a saúde do trabalhador rural como aquela que visa tornar obrigatório o uso do recentuário agronômico para a aplica- ção de defensivos agrícolas — pois hoje o trabalhador não sabe com que veneno está mexendo.

DER tem sugestões para diminuir os acidentes

Ao prestarem depoimentos na Comissão de Inquérito sobre a vida do Bóia Fria (CEI DO BOIA FRIA), o diretor do Departamen- to de Estradas de Rodagem (DER), Francisco Carlos Trigo, e o engenheiro Danilo Rosin, também do DER, no dia 23 de março, ofereceram duas sugestões para minimizar o problema dos acidentes com caminhões.

1) Que sejam feitas batidas nos pontos de bóias-frias, não apenas pelos Sindicatos e a polícia, mas sim por um grupo organizado, inclusive com representantes do Juizado de Menores.

2) a formação de um grupo de trabalho, a nivel estadual, para reu- nir toda a legislação existente sobre transporte, bem como as normas do nosso dissídio coletivo.

Também foi sugerida uma Campanha pela TV e rádio,visando conscientizar o volante os "gatos" sobre normas de segurança.

REALIDADE RURAL MARÇO DE 1982

Na campanha de sindicalização ninguém deve ficar de fora

Faltar a este curso é um crime Se hoje a luta sindical é difícil, imagine

então como foi o início. Foi aquela paulei- ra. Quem tinha coragem de ser sindicalista era chamado de comunista, subversivo, agitador, aquela procisão de nome feoi enfim.

Em Pernambuco surgiram as Ligas Camponesas, a raiz dos Sindicatos atuais.

Tinham advogados. Preocupavam-se inicialmente com arrendatários, meeiros, foreiros e por isso mesmo enfrentaram uma guerra por parte dos grandes fazen- deiros.

Em São Paulo a luta também não foi fá- cil. Os fazendeiros aqui também comete- ram violências. Muita gente aqui também

sofreu. Até que a própria Igreja também deu uma mão e a coisa andou mais depres- sa. Mas foi difícil.

Até que no dia 13 de maio de 1962 con- seguimos uma portaria do Governo lim- pando a barra, autorizando os Sindicatos.

Logo foram fundadas a Fetaesp, a CON- TAG. Em 1968 já eram 500 Sindicatos no País. Hoje , são mais de 2.500, com 22 Federações, 2 delegacias da CONTAG e a própria CONTAG, que é respeitada. Em 1963, a 1* grande conquista: O Estatuto do Trabalhador Rural. Em 1964, a 2* grande conquista: o Estatuto da Terra. Cumprir é que é difícil.

Para homenagear quem lutou por tudo isso, a FETAESP decidiu promover a CAMPANHA DE SINDICALIZAÇÃO, com cartazes, divulgação e, especialmen- te, de sua parte, um excelente CURSO PARA DIRIGENTES SINDICAIS, sobre organização política sindical, de março a maio.

Suem faltou, faça o favor de ver o odo do CURSO EXTRA em maio,no

calendário ao lado. Organização de depar- tamento de arrecadação e delegacias sindi- cais, são dois destaques. E o time dos professores é dos bons: José Siqueira, Inácio Albertini, João Ferreira Netto e José A.. Pancotti.

Saiba quem foi ou não ao curso, em maio haverá um curso extra

Curso da Noroeste e da média Sorocabana Curso da Paulista e baixa Paulista - (centro)

Além do cartaz e da divulgação, a partici- pação fundamental da FETAESP na CAM- PANHA DE SINDICALIZAÇÃO se dá através do curso de organização política sin- dical.

Um curso bem bolado, que serve tanto para Sindicato consolidado, jorte , como principalmente para os Sindicatos com difi- culdades de organização. Sindicatos com dificuldade financeira. Realmente é uma lás- tima muito grande um Sindicato ficar ausen- te de um curso destes.

A primeira turma afazer o curso foi o de

dirigentes sindicais da Paulista e Baixa Paulista (ou Centro), no período de 2 a4 de março. O comparecimento da Paulista foi bom, mas da Baixa Paulista, infelizmente, vários Sindicatos faltaram- algfins até não costumam participar de nada. E muito chato isso, O Grupo Regional precisa verificar isso. Há mais uma chance em maio, com um CURSO EXTRA, conforme está no calendá- rio ao lado.

A segunda turma foi das Regionais da Noroeste e Média Sorocabana, com boa pre- sença da Noroeste, mas muitas ausências da Média Sorocabana. Talvez tenham ocorrido

problemas de divulgação, já que na última reunião do Grupo Regional houve muitas ausências. De qualquer forma, o Grupo Regional precisa recomendar aos Sindicatos que faltaram para que participem do curso.

A terceira turma (infelizmente não pude- mos registrar a foto} foi da Baixa Sorocaba- na e Alu Araraquarense. A participação também foi boa. Foi no período de 23 a 25 de março.

Repetimos: quem faltou tem a possibilida- de de participar de um CURSO EXTRA, em maio. Veja no calendário , ao lado.

Grupos Regionais, o debate da campanha e outros assuntos

Grupo regional 8, média Sorocabana O nosso sindicalismo tem 10 Regionais no

Estado. E a nossa tarefa hoje é fazer com que os Sindicatos que fazem parte de cada Grupo Regional participem, comecem a encontrar soluções conjuntamente para os problemas do dia a dia, bem como os pró- prias Sindicatos surgiram posições e HnKa de ação para o sindicalismo, tanto a nível de Estado, como nacional.

Na CAMPANHA DE SINDICALIZA- ÇÃO, os Grupos Regionais têm um impor- tantíssimo papel: o de engajar todos os Sin- dicatos no esforço, fixar tarefas, debater, etc.

Realidade Rural teve ocasião, em março, de participar das reuniões de dois Grupos Regionais, o da Média Sorocabana (Grupo 8j, e o da Baixa Sorocabana (Grupo 3). O

Debate no grupo regional 3, baixa Sorocabana da Média Sorocabana reuniu-se em Fartura, com muitas ausências, no dia 10 de março. E o da Baixa Sorocabana reuniu-se em Itapeti- ninga, no dia 13 de março, com o compareci- mento da imprensa da cidade.

Em ambas as reuniões a FETAESP dei- xou o apelo para participarem dos cursos em Agudos e participarem ativamente da CAM- PANHA DE SINDICALIZAÇÃO, organi- zando quadros de delagados sindicais., orga- nizando os bairros, cumprindo dissídio cole- tivo, reajuste semestral, bem como preparan- do esquema para levantamento do custo de produção de alguns produtos, ou ainda deba- tendo cooperativismo.

Foram reuniões muito boas, mostrando que o nível dos nossos dirigentes sindicais

está evoluindo muito bem, para alegria do Movimento Sindical. Há debates, participa- ção, coragem para discordar, sugestões, bus- ca honesta de soluções.

O problema são as ausências. Na Média Sorocabana, compareceram os Sindicatos de Avaré, Itaí, Taquarituba, Fartura e Lençóis Paulista. Outros normalmente costumam freqüentar, mas estiveram ausentes. Na Baixa Sorocabana,compareceram Angatu ba Guapiara, Capão Bonito, Tatuí, Soroca- ba, Itararé e Itapetininga. Como sempre fal- taram Apiaí, Itapeva, São Roque. Sarapuí, Tapuraí e mesmo Tietê.

Será que as bases concordam com as ausências dos dirigentes sindicais?

PROGRAMAÇÃO DA FETAESP/82

Cursos em abril e maio. 13 de maio, 2Ü9 aniversário de

conquista da sindicalização Em maio, um curso extra

n io ,= EM ABRIL De 13 a 15 - Curso de Organização Política Sindical para ot Grupos Regionais 5 (Média Araraquarense e 70 (Alta Sorocabana), em Agu- dos.

EM MAIO De 4 a 6 -Curso de Organização Política Sindical para os Grupos Regio- nais 7 (Vales do Ribeira e Paraíba! e 9 (Mogiana), em Agudos. Dia 13 de Maio - Lei Áurea e 20' aniversário de conquista do direito de organização do Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Comemoração a critério dos Sindicatos. De 18 a 20 - Curso de Organização Política Sindical para os Sindicatos que não puderam comparecer nos Cursos anteriores. ATENÇÃO: Caso a Diretoria da Fetaesp acate a sugestão do Jurídico, e .apoiada pela Comissão de Trabalhismo e Previdência .a Campanha Salarial poderá ser antecipada. Neste caso, em abril e maio já começará a mobiliza- ção.

MARÇO DE 1982 REALIDADE RURAL

Sugestões do comissão

de sindicalismo Os dirigentes sindicais que fazem parte da Comissão Estadual de

Sindicalismo e Educação, da Fetaesp, decidiram apresentar aos Sin- dicatos uma série de sugestões e medidas práticas, visando o sucesso da CAMPANHA DE SÍNDrCALlZAÇÃÕ,quem circular estão chega» do aos Sindicatos.

1- Que os representantes das Regionais incentivem os Sindicatos a participarem dos cursos, bem como orientem os Sindicatos a realizar reuniões com os associados, aproveitando os alunos que fizeram cur- sos no Itetresp antes;

2. Que os dirigentes sindicais façam palestras nas escolas rurais e urbanas, onde estudem trabalhadores rurais e filhos, visando sindicali- zação;

3. Que os Sindicatos procurem os meios de comunicação, e os Gru- pos Regionais imprimam folhetos reduzidos, divulgando a CAMPA- NHA, para serem distribuídos aos trabalhadores.

4. Afixar os cartazes no maior número de lugares possível: casa de trabalhador, Rodoviária, ônibus de zona rural, igrejas, cooperativas, etc.

Idéias, portanto, não faltam.

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Lorena protesta contra violência solta no campo

O presidente da Associa- ção Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), eng» Aar» Carlos Lorena, enviou tele- grama ao governador do Acre, Joaquim Macedo, onde solicita "enérgicas pro- vidências" para investigar e punir os autores do atentado feito contra Pedro Marques da Cunha, advogado dos tra- balhadores rurais, durante o mês de fevereiro.

No telegrama, o presiden- te a ABRA diz."No momento em que o Governo federal desenvolve enorme campanha de autopromoção em torno da lei de Usucapião, não podemos

admitir que os Estados conti- nuem os atentados contra tra- balhadores rurais e seus defen- sores".

É. Esta história de Usuca- pião especial é a maior piada de português que tentaram aplicar em cima do nosso sindicalismo. E com essa pia- da sem graça, o Governo vem fazendo enorme alarde no rádio e TV visando com- bater a Reforma Agrária - mas não toma nenhuma pro- vidência para punir os res- ponsáveis por crimes e agres- sões contra trabalhadores rurais, dirigentes sindicais e advogados.

Eis os resultados da Pesquisa sobre o Realidade Rural. Diretoria dobra a tiragem

Ao contrário, st o Gover- no puder empurrar ainda mais para o poço, melhor.

Isso é o que se chama hipocrisia.

Fernandópolis faz sindicalismo

também com jogo de truco...

Sindicalismo também é lazer, é camaradagem.

E o que pensa a diretoria do Sindicato de Fernandópo- lis, que além de oferecer reu- niões nos bairros, delegacias sindicais, etc, também resol- veu promover sindicalismo com um CAMPEONATO DE TRUCO.

E pela foto, pode-se ver que o pessoal nem ligou pra fotografias, tanta era a preo- cupação em ganhar a parada. Boa essa...

A partir desta edição, o Realidade Rural vai dobrado ao interior. A diretoria da Fetaesp deci- diu dobrar a tiragem, de 5 para 10 mil exempla- res, atendendo, inclusive, a sugestões dadas pelos Sindicatos na pesquisa Jeita no fim do ano sobre o Jornal.

Por sinal, 52 Sindicatos fizeram a jineza de responder ao questionário enviado pela FETAESP. Em sua quase totalidade, os Sindica- tos mostraram-se satisfeitos com o Realidade Rural.

AS OPINIÕES SOBRE O JORNAL

Um sindicato da Mogiana respondeu que sua opinião sobre o jornal era "muito boa, pois assim ficamos informados do que acontece em outras regiões, o que nos seria impossível saber se não existisse "REALIDADE RURAL". ' Da Araraquarense, outro Sindicato disse que "seria ótimo se pudesse ser distribuído mais, ter uma extensa circulação para que assim, mais pessoas ficassem sabendo que o trabalhador rural e seu órgão de representação também pos- suem seu meio de comunicação, forte e liberal".

Da Baixa Sorocabana dois Sindicatos pratica- mente responderam a mesma coisa, dizendo que Realidade Rural "é ótimo porque é o único infor- mativo que divulga todos os nossos problemas, e lutas dos trabalhadores rurais do Estado e defen- de a nossa classe".

Da Alta Sorocabana dois Sindicatos também responderam mais ou menos da mesma forma dizendo que o jornal é "um dos veículos de infor- mação no momento com mais eficiência que possuímos", colocando a par da situação não apenas ao trabalhador rural como também às autoridades e demais categorias.

Da Regional de Piracicaba, Sindicato respon- deu que "só através deste jornal ficamos sabendo da realidade rural". E a Noroeste outro Sindica- to respondeu que "como o próprio nome diz, ele nos deixa a par do que acontece com os Traba- lhadores Rurais, Sindicatos e Hospitais, intro- missões de poderes na administração dos Sindi- catos".

OUTRAS OPINIÕES Um Sindicato da Média Araraquarense suge-

riu que o jornal não seja apenas "informativo"

mas também seja usado "como órgão de cons- cientização dos trabalhadores rurais".

Alguns Sindicatos disseram que o jornal está- muito bom, mas há dificuldades em penetrar numa grande parte dos trabalhadores, e que o caminho seria o rádio. Mas o Jornal teria que ser mantido, "custe o que custar '.

Um Sindicato, inclusive, comentou longamente que em razão da baixa escolaridade dos Traba- lhadores, os Sindicatos têm um papel maior: "O que o trabalhador precisa e está esperando há tempo- disse esse Sindicato da Média Sorocaba- na - é que as leis e os direitos adquiridos através de Dissídios Coletivos sejam executados com mais precisão, com mais atenção".

Por fim, da Paulista, entre outras, duas opi- niões totalmente opostas. Enquanto um Sindica- to dizia que Realidade Rural "tem pouca utilida- de", outro Sindicato comentava, ao contrário, que o jornal "é muito instrutivo, para que os tra- balhadores rurais sejam os sujeitos de sua ação e não manipulados '.

AS SUGESTÕES APRESENTADAS Os Sindicatos também ofereceram muitas

sugestões. Para começar, que os dirigentes sindi- cais colaborem mais enviando notícias. E tam- bém que a tiragem e o número de páginas sejam aumentadas, "para que os trabalnadores rurais fiquem a par do que é realmente a nossa realida- de rural'.

Até mesmo foi sugerida a publicação de edi- tais, balanços e orçamentos dos Sindicatos como fonte de renda^

Outras sugestões foram a de que o jornal divulgue os nosso projetos e leis relacionados ao trabalhador rural. Que a divulgação dos Grupos Regionais seja mais ampla. Reportagens maiores sobre mobilizações.

Também foi sugerido que o jornal insistisse mais na necessidade de implantar os Núcleos Sindicais nos Bairros, mostrando ao trabalhador porque ele deve ser sindicalizado, pois assim fica- ria valorizada "a nossa palavra de líder sindi- cal".

Pois é. Aí está um resumo da pesquisa. A FETAESP e a editoria do REALIDADE RURAL agradecem aos Sindicatos que respon- deram. As sugestões serão levadas em muita con- sideração.

Imprensa do interior colabora; Veja como o Governo manda a na Baixa Sorocabana, simpatia Reforma Agrária ao escanteio

O Governo está mesmo decidido a mandar o Esta- tuto da Terra para o escan- teio e fazer as coisas do seu modo. Em vez de Reforma Agrária, o Governo prefere construir gaiolas para os tra- balhadores rurais morarem na cidade. E assim os aciden- tes vão continuar, enquanto que os trabalhadores que escaparem vão ficar a vida toda vivendo no salário con- ta-gotas - que é para nunca deixarem de ser trabalhado- res volantes.

Capão Bonito cobra 2,2 milhões de contribuição atrasada.

Um grande aliado do nos- so sindicalismo no interior é grande parte da imprensa, que se interessa pelos nossos assuntos e problemas.

Inúmeros jornais costu- mam divulgar matérias publi- cas no Realidade Rural e emissoras de rádio costu- mam comentar. Ou então, matérias dos próprios Sindi- catos.

Um desses jornais é o "A- parecida do Sul", de Itapeti- ninga, que como o "Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, costu- ma divulgar muitas matérias.

Em dezembro, por exem- plo, 0 "Aparecida do Sul" divulgou ampla entrevista com o presidente do nosso Sindicato de Angatuba Alci- des Bertolai, mostrando o

belo trabalho que vem sendo desenvolvido junto aos jovens do meio rural e na luta por uma Previdência Social mais justa.

Nesse esforço foram envolvidos 252 jovens nos bairros Ribeirão Grande e Bom-Bom, formando-se dois grupos para continuar deba- tendo os assuntos. No Bairro Bom-Bom, inclusive, monta- ram uma peça de teatro para melhor falarem dos proble- ' mas.

REUNIÕES NOS BAIR- ROS DE ITAPETININGA

Além de divulgarem com freqüência as campanhas promovidas pelos Sindicatos do nosso Grupo Regional da Baixa Sorocabana. o iomal costuma também divulgar

notícias de cada Sindicato, incentivando o trabalho fei- to. ■ . ,

Assim, em março o jornal divulgou na primeira página entrevista com o presidente do nosso Sindicato em Itape- tininga, João Paulino Seabra, falando sobre a campanha de sindicalização que vem sen- do feita nos bairros, no esfor- ço para montar o quadro de delegados sindicais.

No final do ano passado o jornal "Cruzeiro do Sul", também havia divulgado entrevista com o presidente do nosso Sindicato de Soro- caba, Benedito Medeiros, falando sobre o trabalho nos bairros.

E isso ai! Vamos trabalhar, que a opinião pública quer ver serviço...

Cansado de avisar e nunca ser atendido, o presidente do nosso Sindicato em Capão Bonito,JoséGomes de Lima decidiu recorrer à Justiça para cobrar das quatro fazendas de reflorestamento das Indústrias Votorantim no município o cumprimento do dissídio coleti- vo, especialmente a cobrança da contribuição assistencial dos empregados, de 1977 a 1980.

Em 1977, a contribuição assistencial era de Cr$ 20,00 por empregado, mais 50,00 de mul- ta; em 1978, CrS 30,00 por empregado, mais 100 de multa. Em 1979, CrS 50,00 por empre- gado, mais Cr$ 100,00 de multa. E de 1980 Cri 100,00 por empregado e CrS 200 de multa.

Calculando por CrS em cima de 3.000 tra- balhadores, o total acumulado reclamado na Justiça foi de CrS 2.275.000,00.

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A Votorantim, na resposta, primeiro negou ser dona das fazendas, mas acabou entrando no mérito do processo, considerando-o como

uma "avçntura jurídica", dizendo também que "a contribuição assistencial é fator, de insatisfação e atrito nas relações do trabalho". Por fim, os advogados da Votorantim mostram que conhecem pouco a legislação trabalhista rural, falando de prescrição bienal, coisa que

só existe para o meio urbano. O trabalhador rural pode reclamar na Justiça qualquer direi- to até dois anos depois de despedido do servi- ço.

É isso aí. Pau na máquina José Gomes de Lima.

ii Enxada em terra alheia nunca traz dia melhor". Música do folclorista Cenair Maicá.

REALIDADE RURAL MARÇO DE 1982

Acredite: estes não são barracos de pescaria. São 'moradias' mesmo...

Para muita gente deste País, trabalha- dor é como casca de banana.

O nosso Sindicato em Capão Bonito, por exemplo, está denunciando a empre- sa reflorestadora ITAFLORA, de Itape- va, que arrendou uma área da Fazenda Santa Helena para derrubar um eucalip- tal. Uma área grande. Essa fazenda é de propriedade das Indústrias Votorantim.

A Itaflora não quer nem saber. Contra- tou famílias de trabalhadores rurais para derrubar o eucaliptal, tratou uma emprei- ta com eles, e deixou o pessoal se virar com moradia, etc. Como se pode ver pelas fotos, aí estão as "moradias" humi- lhantes, onde possivelmente os donos da Itaflora não passariam sequer uma noite de pescaria.

Conforme José Gomes de Lima, presi- dente do nosso Sindicato, a Itaflora anda com várias malandragens, além disso. Não dá recibo de pagamento aos empre- gados. Também não os registra. A empreita é por metro, mas bolou uma esperteza que não agrada nem ao pessoal que compra a lenha, pois a medida de corte seria 1 metro e 60 e ela exige que os trabalhadores cortem com 2 metros. É um rolo que acaba dando tanto prejuízo aos trabalhadores tanto prejuízo aos tra- balhadores que se quer chegam a ganhar o salário mínimo no fim do mês. O corte é a machado.

Vivendo deste jeito, dando o sangue, muita gente não agüentou e saiu, indo ao Sindicato contar a história. Então o Sin- dicato fez as fotos das "moradias" e man- dou o caso para a Justiça. Tem trabalha- dores volantes da cidade também fazen- do serviço, mas eles acabam saindo bem antes. Os caminhões de turma que os transportam não tem banco, nem toldo e muitas menores.

Pois é. O que tem de chupim por este Brasil afora não está escrito...-

Sindicato de Oriente denuncia usina que descumpre dissídio

O presidente do nosso Sindicato em Oriente, Cleodorico Soares da Sil- va, está denunciando a Agropecuária Santa Maria de Guataporanga S/A, por descumprir o dis- sídio coletivo.

Segundo Cleodorico, a empresa, mais conhecida como USINA PARE- DÃO, "está dispensando empregados, e a nossa Delegacia Regional de Marina está fazendo as rescisões de Contrato de. Trabalho na base da res- salva, para solução poste- rior na justiça".

Cleodorico diz que o diretor adjunto da empre- sa, Jaime José da Silva, está enviando minutas ao subdelegado do Trabalho, José Ribamar da Mota Teixeira, com cálculos na

base de Cr$ 12.772,80, ou seja, Cr$ 425,76 ao dia, "enquanto que o salário segundo o posto do traba- lho é de Cr$ 13.320,00 e ao nosso ver é de CrS 13.849,60", reajustado em 43,78% em 15 de março.

O Sindicato recusa-se a fazer qualquer rescisão abaixo de Cr$ 13.849,60,

que é o salário que o nos- so sindicalismo sustenta como o certo até 15 de março. E o rolo fica amar- rado e o jeito é ir para a Justiça mesmo e denun- ciar a Usina Paredão, que anda ignorando o nosso dissídio coletivo.

Cleodorico diz que não entende "onde é que esta- mos com estas leis". Anda aflito com o rolo, quer os trabalhadores numa boa e que a Usina entre na linha.

Mas é isso aí mesmo. Luta-se, luta-se para con- seguir a legislação traba- lhista e hoje, 19 anos depois do Estatuto do Trabalhador Rural, tem muito patrão que nada conhece de lei, depois ficam arrumando rolo conosco. É chato.

O salário do campo subiu 43,78% no dia 15 de marco.

Senador carioca quer prescrição rural

estendida à cidade O trabalhadores rural

tem um privilégio muito importante e precioso: ele pode reclamar qualquer direito na Justiça até dois anos depois que ele saiudo serviço.

Isso é sagrado. Não importa em que época ele foi prejudicado durante o tempo de serviço com o patrão.

Já na cidade é bem dife- rente e tem um deputado gaúcho, do partido do Governo, que quer nos pre- judicar com o mesmo siste- ma. Na cidade tem a droga da Prescrição Bienal. Ou seja, o trabalhador da cida- de só pode reclamar o direi- to na justiça até dois anos depois que ele foi prejudica- do. É muito diferente do que o trabalhador rural, pode esperar para reclamar para depois que largar o serviço.

Por isso, na cidade mui- tos direitos deixam de ser reclamados porque os tra- balhadores não querem ser mandados embora. Os patrões se vingariam.

SENADOR QUER MUDANÇA TAMBÉM

NA CIDADE Contrariando o deputado

governista gaúcho, que quer

voce ESTA DGSPÈDIDO -D*

FIRMA !

«•«fc. Reclamar direito trabalhista é rua certa, no campo e na cidade. Por isso no campo nós podemos reclamar qualquer direito até dois anos depois de sair da firma. O senador carioca quer que isso também valha para a cidade. (Ilustração - CPT)

passar a prescrição bienal para o campo, o senador carioca Nelson Carneiro, apresentou o projeto de Lei ri> 156, mudando o artigo 11 da CLT e extendendo também para o trabalhador da cidade o privilégio do trabalhador rural de poder reclamar seus direitos na Justiça até dois anos depois de largarem o serviço.

Isso seria um reforço muito grande para a ação sindical na cidade. Lei tra- balhista seria mais respeita- da e o próprio trabalhador também seria mais respei- tado pois o patrão saberia que o trabalhador nunca mais iria deixar de recla- mar seus direitos na Justi- ça.

O que acontece, no entanto, é que o senador carioca Hugo Ramos, que era do PDS e agora anda sem partido, requisitou o projeto para "pedido de vis- ta' e deve ter esquecido dentro de qualquer pasta, impedindo que seja aprova- do. Por isso é preciso que os Sindicatos e trabalhadores em geral escrevam para o senador Hugo Ramos para que devolva o projeto, bem como escrevam aos senado- res e deputados pedindo a aprovação do projeto do senador Nelson Carneiro.

É fácil. Basta escrever o nome do deputado e sena- dor. O endereço é: Con- gresso Nacional, Brasília. O Código Postal é 70.000.

Lavrador cobra intermediário; o intermediário chama

a polícia, que bate: 3 dias de hospital!

Vejam só esta barbari- dade!

O tesoureiro do nosso Sindicato em Guapiara, Roque Queiroz do Nas- cimento, denuncia um conhecido atravessador da cidade, chamado Agostinho, que no mês de janeiro comprou toma- te e pimentão de um asso- ciado do Sindicato conhe- cido por Otávio.

No mês de março, um mês e meio depois de ter vendido a produção, Otá- vio procurou Agostinho para cobrar a quantia que lhe era devida. Veio à cidade 3 ou 4 vezes, e Agostinho desconversan- do, desconversando.

REALIDADE RURAL

Na última vez Agosti- nho aprontou uma saca-

MARÇO DE 1982

nagem, que a policia completou.

Agostinho chamou a polícia, dizendo para Otávio: "Comprei e pago a hora que eu quiser".

A polícia então bateu em Otávio, machucou-o e o rapaz precisou ficar três dias internado no hospi- .tal.

Otávio procurou o Sin- dicato, e o Sindicato ime- diatamente exigiu que o gerente do Mercado Expedidor de Origem, ins- talado na cidade e onde Agostinho faz suas com- pras, cobrasse o atraves- sador e o expulsasse do local. O atravessador, então, com medo do rolo 3ue aprontou, deixou o

inheiro para o gerente do mercado. Mas o Sindi- cato não aceitou que Otá- vio recebesse o dinheiro sem antes passar por um exame de corpo delito, para entrar depois comum processo na Justiça contra o atravessador e a polícia.

É o cúmulo, do cúmulo 3ue uma barbariedade . estas ainda aconteça.

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Tristeza em Porto Feliz: dois volantes morrem num acidente

O caminhão de gente conti- nua fincando cruzes nos cemitérios.

Trabalhar é uma verdadei- ra aventura para milhares de companheiros trabalhadores volantes, os "bóias frias", que nunca sabem se voltam para casa quando saem pela manhã.

No dia 10 de fevereiro um grave acidente em Porto Feliz, causado por um Che- vette que entrou embaixo das rodas traseiras de um Ford novo, transportando 17 trabalhadores, causou a mor- te de 2 companheiros e outros sete companheiros foram hospitalizados em Por- to Feliz, Capivari e Piracica- ba.

Eram empregados da fir- ma União São Paulo S/A, machadeiros, que iam cortar lenha. Alguns eram trabalha- dores estáveis. Outros não.

Para a consciência dos ini- migos da Reforma Agrária, aqui vão os nomes dos com- panheiros mortos. José Maria Calixto, de 54 anos, que deixa viúva e nove filhos, e Nelson Antonelli de 45 anos, que deixa viúva e seis filhos.

E, para completar, o INAMPS (cx-Funrural) está rateando para pagar a inde- nização, argumentando que

.oácidente ocorreu no trajeto do serviço e não seria aci-

Nelson Antonelli

dente de trabalho. Vai ver que o bispo vai pagar...

O acidente aconteceu por culpa do motorista João Roberto Ga^liardi, de Capi- vari que dirigindo um Che- vette não respeitou um sinal de parada obrigatória e com a pouca visibilidade existen- te, entrou embaixo da roda- gemtraseira do caminhão onde estavam os trabalhado- res. Com isso, o caminhão tombou.

Todo o dia desafiando o des tino.

Conforme o presidente do Sindicato, Leonaldo de Almeida, o caminhão chegou a dar dois tombos. O que sal- vou os demais trabalhadores de também morreram foi o toldo, que sendo de armação de ferro, impediu que os tra- balhadores caissem fora da carroceria. José Maria Calixto e Nelson Antonelli, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Cairam da carroceria e morreram.

Reunião na CONTAG; CPTprepara encontro nacional dos sem terra

Na CONTAG, dois acontecimentos no final de março e início de abril. Primeiro, no dia 29, a assembléia geral, com análise da atuação da CONTAG a nível do Conselho de Represen- tantes, integrado por dois representantes de cada Federação.

Segundo: de 30 de março a 2 de abril, reu- nião de profundidade entre o Conselho de Representantes, a diretoria e assessoria da CONTAG e assessores e Federações, anali- sando a atuação da CONTAG e das Federa- ções a nível nacional no ano passado, verifi- cando o cumprimento de compromissos assu- midos em encontros interestaduais, e final- mente, definição de tarefas e encontros inte- restaduais para este ano.

Paralelamente, a Igreja também vai se mobilizando e isso tem sido em quase todos os lugares onde atua, uma vitamina para o

nosso sindicalismo. Um reforço que os fazen- deiros querem neutralizar.

Pois a Igreja, através da Comissão de Pasto- ral da Terra (CPT), tem abraçado a conclusão tio nosso III Congresso Nacional dos Trabalha- dores Rurais, de 1979, de organizar os traba- lhadores, prepará-los, para mobilizações visando a Reforma Agrária.

Nesse sentido, através da CPT, tem organi- zado com o apoio do sindicalismo, movimen- tos de Agricultores Sem Terra. Em abril have- rá um encontro estadual. Logo depois, segun- do boletins da CPT, deverá haver um encon-: tro interestadual dos Agricultores Sem Terra do Centro Sul. E, finalmente, o objetivo é um Encontro Nacional dos Agricultores Sem Terra.

O nosso sindicalismo tem organizado 'Encontros Nacionais de Posseiros. O objetivo é o mesmo.

Boas notícias de Ronda Alta; mas, no Pará, um estranho

mistério mantém padres presos Enquanto a Igreja estava metida na sacris-'

tia, os tubarões do Brasil deitaram e rolaram em cima dos fracos, com suas leis feitas no joelho e suas crises políticas artificiais.

Hoje, no entanto, quando a Igreja saiu da sacristia e denunciando as injustiças, os tuba- rões do Brasil e os que estão no Governo botam padres na cadeia e denunciam outros de serem subversivos, etc. Ou então expulsa do País, dizendo serem "perigosos para a segurança nacional".

Pois desde agosto do ano passado, para a vergonha do Brasil, dois padres estão presos no Pará, são mantidos presos pela Justiça, acurados de alta periculosidade, acusados de incitarem a violência. São os Padres Aristides Gamio e Francisco Gouriou, que antes foram

expulsos de um País da Ásia, acusados de serem anti-comunistas...

_E, para completar, o Sindicato de Concei- ção de Araguaia, presidido por um ex-militar, contratou um advogado, para os 13 posseiros presos com os padres. Esse advogado, segun- do a Igreja, foi agente da Polícia Federal,e na sua atuação ele não faz questão de esconder, pois quer a prisão dos padres.

Mas, em Ronda Alta, no Rio Grande do Sul, as notícias são boas. As famílias que estão acampadas na beira da estrada há um ano conseguiram, através da Igreja, adquirir uma área de 108 hectares, para onde se assenta- ram, fugindo da perseguição da polícia e do Governo. Uma coleta será feita para pagar o terreno.Oepois virá o esforço para arrumar a terra tão desejada.

fm Novo Horízonte, sindicato e policio advertem os "gatos

Vejam o estado da carroceria e número de menores

O presidente do Sindicato, com a caixinha distribui as normas do dissídio coletivo. E a policia adver- tiu "gatos."

Para "gatos" e fazendeiros, qualquer coisa serve para transportar o trabalhador. Inclusive carro de transportar gado.

O Presidente do nosso Sindicato em Novo Horizonte, Fioravanti Mazzo (o Fiori). resolveu aprontar uma boa surpresa para os "gatos" qué atuam nojamoso ponto Pilão.

Com a colaboração do comandante do 3f

Pelotão da PM, 3' Sargento Francisco Apendino Netto, dos soldados Waldomiro, Rodrigues, Boina, Ferreira, Lopes, Érico, Adão, Primo e Munhoz, e de umjotógrajo, resolveu Jazer uma vistoria geral numa madrugada de março.

Conforme o próprio relatório do coman- dante da PM, Joram encontrados 16 cami- nhões e um trator transportando trabalha- dores rurais sem a proteção de toldos, ban- cos, grades, expondo os trabalhadores ao mau tempo e ao perigo no transporte.

Não foi lavrada nenhuma multa, mas os motoristas foram advertidos para cumpri- rem as normas do dissídio coletivo e tam- bém do Conselho Nacional de Trânsito. Da próxima vez é pau na moleira.