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S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18088.720004/201626 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.677 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 07 de agosto de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente PINHEIRO NETO ADVOGADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PRELIMINARES DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA. VALIDADE DO LANÇAMENTO. Não merece acolhida a alegação de nulidade do lançamento, haja vista que todos os relatórios foram entregues ao contribuinte e aos solidários, onde consta a indicação de onde os valores foram extraídos e os dispositivos legais que amparam o lançamento. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PRELIMINAR. PRAZO DE 360 DIAS PARA QUE SEJAM PROFERIDAS AS DECISÕES. LEI 11.457/2007. INOBSERVÂNCIA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O descumprimento do disposto no art 24 da Lei nº 11.457/2007, que delimita em 360 dias o prazo para que a autoridade administrativa profira decisão sobre petições, defesas e recursos do contribuinte, não acarreta a decadência do crédito tributário constituído em auto de infração. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS DESPROPORCIONAL À PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. SOCIEDADE DE ADVOGADOS. SUI GENERIS. LIBERDADE DE PACTUAÇÃO. CONTABILIDADE VÁLIDA. INEXISTÊNCIA DA DESCONSTITUIÇÃO DA CONTABILIDADE. LUCROS EFETIVADOS. NÃO INCIDÊNCIA. Não há vedação legal no que se refere à distribuição desproporcional de lucros em relação à participação social, nas sociedades civis de prestação de ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 18088.720004/2016-26 Fl. 949 DF CARF MF

S2C4T1 Fl. 2 ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO … · previdenciária “desde que tal distribuição esteja devidamente estipulada pelas partes no contrato ... da Advocacia e

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    S2C4T1 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISSEGUNDASEODEJULGAMENTO

    Processon 18088.720004/201626

    Recurson Voluntrio

    Acrdon 2401005.6774Cmara/1TurmaOrdinriaSessode 07deagostode2018

    Matria CONTRIBUIESSOCIAISPREVIDENCIRIAS

    Recorrente PINHEIRONETOADVOGADOS

    Recorrida FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:CONTRIBUIESSOCIAISPREVIDENCIRIASPerododeapurao:01/01/2011a31/12/2011

    PRELIMINARES DE NULIDADE. INOCORRNCIA. VALIDADE DOLANAMENTO.

    Nomerece acolhidaa alegaodenulidadedo lanamento, hajavista quetodos os relatrios foram entregues ao contribuinte e aos solidrios, ondeconstaaindicaodeondeosvaloresforamextradoseosdispositivoslegaisqueamparamolanamento.

    Tendoo fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos quesuportaramolanamento,oportunizandoaocontribuinteodireitodedefesaedo contraditrio, bem como em observncia aos pressupostos formais emateriais do ato administrativo, com esteio na legislao que disciplina amatria,especialmenteartigo142doCTN,nohquesefalaremnulidadedolanamento.

    PRELIMINAR.PRAZODE360DIASPARAQUESEJAMPROFERIDASAS DECISES. LEI 11.457/2007. INOBSERVNCIA. DECADNCIA.INOCORRNCIA.

    Odescumprimentododispostonoart24daLein11.457/2007,quedelimitaem 360 dias o prazo para que a autoridade administrativa profira decisosobrepeties,defesaserecursosdocontribuinte,noacarretaadecadnciadocrditotributrioconstitudoemautodeinfrao.

    DISTRIBUIODELUCROSDESPROPORCIONALPARTICIPAOSOCIETRIA. SOCIEDADE DE ADVOGADOS. SUI GENERIS.LIBERDADE DE PACTUAO. CONTABILIDADE VLIDA.INEXISTNCIA DA DESCONSTITUIO DA CONTABILIDADE.LUCROSEFETIVADOS.NOINCIDNCIA.

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    18088.720004/2016-26 2401-005.677 SEGUNDA SEO DE JULGAMENTO Voluntrio Acrdo 4 Cmara / 1 Turma Ordinria 07/08/2018 CONTRIBUIES SOCIAIS PREVIDENCIRIAS PINHEIRO NETO ADVOGADOS FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntrio Provido Crdito Tributrio Exonerado CARF Rayd Santana Ferreira 2.0.4 24010056772018CARF2401ACC Assunto: Contribuies Sociais Previdencirias Perodo de apurao: 01/01/2011 a 31/12/2011 PRELIMINARES DE NULIDADE. INOCORRNCIA. VALIDADE DO LANAMENTO. No merece acolhida a alegao de nulidade do lanamento, haja vista que todos os relatrios foram entregues ao contribuinte e aos solidrios, onde consta a indicao de onde os valores foram extrados e os dispositivos legais que amparam o lanamento. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lanamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditrio, bem como em observncia aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislao que disciplina a matria, especialmente artigo 142 do CTN, no h que se falar em nulidade do lanamento. PRELIMINAR. PRAZO DE 360 DIAS PARA QUE SEJAM PROFERIDAS AS DECISES. LEI 11.457/2007. INOBSERVNCIA. DECADNCIA. INOCORRNCIA. O descumprimento do disposto no art 24 da Lei n 11.457/2007, que delimita em 360 dias o prazo para que a autoridade administrativa profira deciso sobre peties, defesas e recursos do contribuinte, no acarreta a decadncia do crdito tributrio constitudo em auto de infrao. DISTRIBUIO DE LUCROS DESPROPORCIONAL PARTICIPAO SOCIETRIA. SOCIEDADE DE ADVOGADOS. SUI GENERIS. LIBERDADE DE PACTUAO. CONTABILIDADE VLIDA. INEXISTNCIA DA DESCONSTITUIO DA CONTABILIDADE. LUCROS EFETIVADOS. NO INCIDNCIA. No h vedao legal no que se refere distribuio desproporcional de lucros em relao participao social, nas sociedades civis de prestao de servios profissionais relativos ao exerccio de profisses regulamentadas, quando o contrato social for claro ao dispor de tal distribuio. In casu, havendo contabilidade que cumpre com as formalidades intrnsecas e extrnsecas e sendo a apurao de lucro regular e contabilizada, no h que se falar em tributao dos valores distribudos como lucro. A legislao previdenciria no considera o lucro regular como base de incidncia de contribuies previdencirias. A no observncia de meras formalidades no desvirtuam a natureza dos Juros, ou seja, no gera uma presuno de pagamento de pr-labore. Alm do mais, regular a utilizao de e-mail em substituio a Ata. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Jos Lus Hentsch Benjamin Pinheiro e Miriam Denise Xavier, que negavam provimento ao recurso. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substitudo pelo conselheiro Thiago Duca Amoni. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado) e Miriam Denise Xavier. Declarou-se impedido o conselheiro Matheus Soares Leite. Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. PINHEIRO NETO ADVOGADOS, contribuinte, pessoa jurdica de direito privado, j qualificada nos autos do processo em referncia, recorre a este Conselho da deciso da 5a Turma da DRJ em Belm/PA, Acrdo n 01-033.723/2017, s e-fls. 782/815, que julgou procedente o lanamento fiscal, concernente s contribuies previdencirias devidas ao INSS referente cota patronal, incidentes sobre as remuneraes pagas, devidas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais, em relao ao perodo de 01/2011 a 12/2011, conforme Relatrio Fiscal, s fls. 415/432 e demais documentos que instruem o processo, consubstanciado no DEBCAD n 51.081.652-5.Conforme depreende do Relatrio Fiscal, a auditoria narra que iniciou a ao fiscal por meio de Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) de diligncia, seguindo-se de fiscalizao, com a finalidade de verificar o cumprimento das obrigaes relativas s contribuies previdencirias sobre as remuneraes pagas a ttulo de lucros ou dividendos distribudos e/ou participao nos lucros de administradores contribuinte individual.Detalha os documentos apresentados e esclarecimentos feitos pela empresa, diante dos termos de intimao fiscal emitidos pela fiscalizao. Descreve a sistemtica da empresa para distribuio dos lucros aos scios. Apresenta legislao que dispe sobre o scio cotista ser segurado obrigatrio da previdncia social na qualidade de contribuinte individual, assim como, sobre a no incidncia de contribuio previdenciria sobre os lucros distribudos aos scios, nos termos do art. 201, 1, do Decreto n 3.048, de 6 de maio de 1999, observada a exceo do 5, inciso II desse mesmo artigo.Entende que os lucros distribudos aos scios de forma desproporcional a sua participao no capital social esto abrangidos pela no incidncia de contribuio previdenciria desde que tal distribuio esteja devidamente estipulada pelas partes no contrato social, em conformidade com a legislao societria [...]. Ressalta ainda que os valores pagos pela sociedade, excedentes do montante previsto no contrato social [...], como devidos ao scio, a ttulo de lucro, devem ser considerados retribuio pelo trabalho, sujeitos incidncia de contribuio previdenciria., e conclui que a empresa deveria ter obedecido o disposto no art. 1.007 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Cdigo Civil), pois o contrato social estipulou e remeteu para uma Ata a deciso da distribuio dos lucros e ela no foi feita, [...], sob a alegao de que houve a distribuio por e-mail com a aprovao de todos os scios tambm por e-mail.Informa que os documentos apresentados pela empresa no foram suficientes para demonstrar a concordncia do quorum necessrio para a deciso sobre a distribuio de lucros, conforme determina o Cdigo Civil, e conclui que a distribuio a ttulo de lucro excedentes proporo da participao do capital social estipulada pelas partes no contrato social devem ser considerados retribuio pelo trabalho, portanto, constituiu o crdito tributrio referente a essa rubrica, relativa ao perodo de 01/2011 a 12/2011.A contribuinte, regularmente intimada, apresentou impugnao, requerendo a decretao da improcedncia do feito.Por sua vez, a Delegacia Regional de Julgamento em Belm/PA entendeu por bem julgar procedente o lanamento, conforme relato acima.Regularmente intimada e inconformada com a Deciso recorrida, a autuada, apresentou Recurso Voluntrio, s e-fls. 826/869, procurando demonstrar sua improcedncia, desenvolvendo em sntese as seguintes razes:Preliminarmente sustenta a ocorrncia de um vcio na deciso de piso, uma vez que foi proferida sem o quorum mnimo exigido pelo pargrafo 4 do artigo 15 da Portaria n 341/11.Aduz ter a autoridade julgadora de primeira instncia violado ao disposto no artigo 24 da Lei n 11.457/2007, onde determina que esta obrigada a proferir deciso em relao a peties, defesas ou recursos protocolados pelo contribuinte no prazo mximo de 360 dias, no observado no caso em tela.Afirma a defendente que a fiscalizao no indicou com clareza a apurao da base de clculo adotada, e ainda apurou lucros auferidos por Pinheiro Neto - Empreendimentos Ltda. (PNE), sociedade da qual seus scios tambm participam, no valor de R$ 1.454.030,00, solicita o cancelamento do Auto de Infrao e caso no seja reconhecido, pede pela correo do valor lanado. Transcreve julgados do CARF.Pugna pela decretao da decadncia em relao ao lanamento do segundo semestre de 2010, com base no art. 150, 4 da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Cdigo Tributrio Nacional CTN) e Smula n 99 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), pois embora o pagamento tenha sido efetuado em fevereiro de 2011, os valores so relativos competncia de 2010, alegando o princpio do pagamento. Aduz que a data de ocorrncia do evento que daria causa s obrigaes seria aquela em que se deu o encerramento do perodo de apurao dos lucros distribudos, pois foi quando ocorreu o crdito do que a fiscalizao qualificou como remunerao, transcreve art. 52, inciso III, alnea b da Instruo Normativa n 791, de 13 de novembro de 2009, e cita a Soluo de Consulta Cosit n 115, de 12 de maio de 2015, julgados do CARF e da Cmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF).Ainda preliminarmente, explicita ter a deciso de piso, indevidamente inovado o lanamento, motivo pelo qual deve ser totalmente reformada.J em relao ao mrito, aps breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lanamento, repisa as alegaes da impugnao, alegando que o fato de o lucro ter sido distribudo de forma desproporcional entre seus scios no descaracteriza sua natureza jurdica, para ter a autoridade fiscal a reconhecido como verba de incidncia de contribuio previdenciria.Faz um histrico do incio da empresa, e diz que todos os advogados so contratados pelo regime previsto na Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943 e na Lei n 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - EAOAB), e alguns podem integrar a sociedade ao final do plano de carreira, com direito a participarem das deliberaes societrias, e cada scio tem direito a um voto, independente da participao no quadro societrio. Ressalta que h necessidade de participao na sociedade por perodo superior a dois anos, e possuir ao menos 0,10% do capital social, para que tenha direito a voto nas deliberaes citadas.Explica que existem trs componentes que integram os valores recebidos anualmente pelos scios: pr-labore; antecipaes mensais de lucro; distribuio de resultados lquidos semestrais (em fevereiro, relativo a lucros do segundo semestre do ano precedente; em agosto, relativo a lucros do primeiro semestre). Acrescenta que a distribuio de lucros desproporcional, pois leva em considerao a participao societria individual, e a performance profissional de cada scio, como consta no item 7 de seu Contrato Social, e por isso no poderia ter sido aplicado critrio subsidirio previsto no Cdigo Civil.Acrescenta que as demonstraes contbeis seguiram as regras em vigor, confirmadas por pareceres de empresas independentes de auditoria, com diferenciao de contas relativas aos valores a ttulo de pr-labore e lucros passveis de distribuio em cada perodo.Aduz que a grande controvrsia se limitou suposta ausncia de comprovao, pela Requerente, quanto a observncia dos requisitos formais previstos no seu Contrato Social para a distribuio de lucros (percentual de participao e tempo de sociedade), [...], e defende que tal falta de comprovao no tem respaldo ftico e probatrio, pois as deliberaes relativas distribuio de lucros se deram pelo Comit Diretivo da empresa (composto por nove scios com direito a voto), e por todos os scios do escritrio, com conseqente aprovao dos demais scios com direito a voto, em quantidade de votos superior a 75%. Anexa planilhas, cpia de e-mails, e tabela quantificando o valor a distribuir, nmero de scios, nmero de scios votantes, e nmero de votos que aprovaram a distribuio.Arrazoa que o fato de a distribuio ter sido aprovada por e-mail, no retira a fora probatria desses documentos, e no invalida a distribuio ou a qualifica como pr-labore, uma vez que no h exigncia no Contrato Social para que a aprovao da distribuio se d por meio de ata, mas sim, necessidade de reunio para deliberar sobre a forma de distribuio e de uma ata onde constem os critrios dessa distribuio. Refere-se a precedentes do CARF sobre a possibilidade de a Autoridade Fiscal examinar documentos eletrnicos para apurar a verdade material.Assevera que a exigncia da contribuio previdenciria deve ser cancelada, porque: a) a totalidade dos valores distribudos eram lucros; b) o lucro distribudo foi efetivamente materializado ao final do exerccio, no cabendo fiscalizao requalific-lo, ainda que distribudo de forma desproporcional; c) a falta de suposta ata e quorum para aprovao da distribuio de lucro foram concluses equivocadas da fiscalizao, e a aprovao ter sido feita por meio eletrnico no invalida a natureza jurdica da distribuio; e d) que os fatos, se vistos na verdadeira substncia, apontam a carncia de validade jurdica dos Autos de Infrao. Considera indevida a aplicao da multa de ofcio de 75%, pois agiu de acordo com a legislao, e exagerado o montante devido, que ultrapassa o limite do razovel, e, portanto, deve ser reduzida. Cita julgados do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o princpio do no-confisco, da proporcionalidade e da razoabilidade.Insurge-se quanto aplicao dos juros pela taxa Selic sobre a multa de ofcio, transcrevendo julgados do CARF e do CSRF, no sentido de que essa multa no atualizvel.Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar os Autos de Infrao, tornando-os sem efeito e, no mrito, a sua absoluta improcedncia.No houve apresentao de contrarrazes. o relatrio. Conselheiro Rayd Santana Ferreira - RelatorPresente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheo do recurso e passo ao exame das alegaes recursais.PRELIMINARESINSUFICINCIA DE JULGADORES EM 1 INSTNCIAA recorrente sustenta a ocorrncia de um vcio na deciso de piso, uma vez que foi proferida sem o quorum mnimo exigido pelo pargrafo 4 do artigo 15 c/c o art. 2 da Portaria n 341/11.Sem razo a recorrente!O quorum mnimo para funcionamento das Turmas das Delegacias de Julgamento est disposto no artigo 13 da Portaria 341/11, seno vejamos:Art. 13. Somente pode haver deliberao quando presente a maioria dos membros da Turma, sendo essa tomada por maioria simples, cabendo ao Presidente da Turma, alm do voto ordinrio, o de qualidade.Conforme do excerto encimado, s haver deliberao quando presente a maioria simples dos membros da Turma, ou seja, a metade mais um. Assim, em uma turma composta por cinco julgadores, o quorum mnimo de trs, o que se amolda ao caso concreto. Portanto, afasto a preliminar pleiteada.DA VIOLAO AO ART. 24 DA LEI N 11.457/2007Aduz ter a autoridade julgadora de primeira instncia violado ao disposto no artigo 24 da Lei n 11.457/2007, onde determina que esta obrigada a proferir deciso em relao a peties, defesas ou recursos protocolados pelo contribuinte no prazo mximo de 360 dias, no observado no caso em tela.Tal tese, entretanto, no pode prevalecer.A norma do art. 24 da lei n 11.457/2007, reproduzida a seguir, meramente programtica, no havendo cominao de qualquer sano em decorrncia de seu descumprimento:Art. 24. obrigatrio que seja proferida deciso administrativa no prazo mximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de peties, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.Vale salientar que o crdito tributrio constitudo no momento da lavratura do auto de infrao, sujeito reviso com base nas decises proferidas no processo administrativo fiscal. Com efeito, so muitas as disposies do Cdigo Tributrio Nacional a esse respeito. Em um primeiro momento, o artigo 142 do Cdigo, ao atribuir autoridade administrativa a competncia para o lanamento, deixa claro que por meio desse procedimento que o crdito tributrio constitudo, sem que seja feita nenhuma meno a qualquer tipo de condio resolutiva ou de temporalidade.Art. 142. Compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito tributrio pelo lanamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao correspondente, determinar a matria tributvel, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicao da penalidade cabvel.A seguir, as disposies contidas no Cdigo deixam claro que o lanamento regularmente cientificado ao sujeito passivo s se altera pelas decises de primeira e segunda instncias administrativas de julgamento. Essas, conforme artigo 151, suspendem a exigibilidade do crdito e, ao final, podem extingui-lo, total ou parcialmente. Em nenhum momento faz-se qualquer meno constituio do crdito.Art. 145. O lanamento regularmente notificado ao sujeito passivo s pode ser alterado em virtude de:I - impugnao do sujeito passivo; II recurso de ofcio; III iniciativa de ofcio da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crdito tributrio:(...)III - as reclamaes e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributrio administrativo; (...)Art. 156. Extinguem o crdito tributrio:(...)IX - a deciso administrativa irreformvel, assim entendida a definitiva na rbita administrativa, que no mais possa ser objeto de ao anulatria;Mais uma evidncia, como de conhecimento daqueles que lidam com o direito tributrio, o instituto da decadncia est disposta nos artigos 150 e 173 do Cdigo Tributrio Nacional, os quais no contemplam a hiptese ventilada pela recorrente.No mais, no entender deste Conselheiro, o artigo 24 da Lei n 11.457/07, acaba por ser incuo, eis que impe uma obrigao, mas no estabelece uma penalidade.Por fim, observe-se, em complemento falta de sano quanto ao descumprimento do prazo imprprio estabelecido pela norma do art. 24, da Lei n 11.457/2007, que mesmo nos casos em que o contribuinte se socorre do Poder Judicirio para fins de fazer valer o cumprimento deste prazo, as decises operam no sentido de determinar a realizao da anlise, nunca no sentido de realizar qualquer excluso de juros e/ou de parte dos crditos tributrios exigidosNeste diapaso, no acolho a preliminar.ERRO DA BASE DE CLCULO - NULIDADEAfirma a defendente que a fiscalizao no indicou com clareza a apurao da base de clculo adotada, e ainda apurou lucros auferidos por Pinheiro Neto - Empreendimentos Ltda. (PNE), sociedade da qual seus scios tambm participam, no valor de R$ 1.454.030,00, solicita o cancelamento do Auto de Infrao e caso no seja reconhecido, pede pela correo do valor lanado. Transcreve julgados do CARF.Em que pesem as razes ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, no tem o condo de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, conclui-se que os lanamentos, corroborados pela deciso recorrida, apresentam-se formalmente incensurveis, devendo ser mantidos em sua plenitude.Resta evidenciada a legitimidade da ao fiscal que deu ensejo ao presente lanamento, cabendo ressaltar que trata-se de procedimento de natureza indeclinvel para o Agente Fiscalizador, dado o carter de que se reveste a atividade administrativa do lanamento, que vinculada e obrigatria, nos termos do art. 142, pargrafo nico do Cdigo Tributrio Nacional, acima transcrito.De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explcita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exerccio do seu consagrado direito de defesa e contraditrio, sob pena de nulidade.E foi precisamente o que aconteceu com os presentes lanamentos. A simples leitura dos anexos das autuaes, especialmente o Fundamentos Legais do Dbito FLD, o "Discriminativo do Dbito - DD", o "Relatrio de Lanamentos - RL", o Relatrio Fiscal e demais informaes fiscais, no deixa margem de dvida recomendando a manuteno do lanamento.Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalizao ao promover os lanamentos demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crdito tributrio, no se cogitando na nulidade dos procedimentos.Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, a contribuinte no trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que os lanamentos encontram-se maculados por vcio em sua formalidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstrao do sustentado.Destarte, direito do contribuinte discordar com a imputao fiscal que lhe est sendo atribuda, sobretudo em seu mrito, mas no podemos concluir, por conta desse fato, isoladamente, que o lanamento no fora devidamente fundamentado na legislao de regncia. O argumento de erro na eleio da base de clculo e demais, se confundem com o mrito que iremos tratar posteriormente, no ensejando em nulidadeDito isto, afasto a preliminar suscitada.INOVAO DO LANAMENTO PELA DRJAinda preliminarmente, explicita ter a deciso de piso, indevidamente inovado o lanamento, motivo pelo qual deve ser totalmente reformada.Pois bem!O Relatrio Fiscal quanto a comprovao da participao societria para deliberao acerca da distribuio dos lucros, concluiu o seguinte:5.8. E ainda, conforme amplamente demonstrado, que os documentos apresentados durante a ao fiscal no se mostraram suficientes para comprovar a concordncia dos 75% competentes para a deciso de distribuio de lucros, muito menos para a comprovao da concordncia de todos os scios, como determina o CC.(grifo original)Conforme depreende-se do excerto encimado, a autoridade fiscal conclui por no restar comprovado a concordncia de 75% dos scios competentes para a deciso de distribuio de lucros e, muito menos, a concordncia de TODOS, de acordo com o disposto no Cdigo Civil.Dito isto, observa-se que em nenhum momento a autoridade lanadora restringiu-se ao percentual de 75% como quer fazer parecer a contribuinte. Manifestando-se diretamente ao que determina o CC.Pelo exposto, resta claro que a autoridade julgadora de primeira instncia no inovou as razes e/ou fundamentos do lanamento e, mesmo que houvesse, o que ser tratado neste Acrdo so os fatos e as acusaes do Auto de Infrao.Portanto, no h razo no argumento da recorrente, sobre a necessidade de anular a deciso de primeira instncia.DECADNCIAPugna pela decretao da decadncia em relao ao lanamento do segundo semestre de 2010, com base no art. 150, 4 da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Cdigo Tributrio Nacional CTN) e Smula n 99 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), pois embora o pagamento tenha sido efetuado em fevereiro de 2011, os valores so relativos competncia de 2010, alegando o princpio do pagamento. Aduz que a data de ocorrncia do evento que daria causa s obrigaes seria aquela em que se deu o encerramento do perodo de apurao dos lucros distribudos, pois foi quando ocorreu o crdito do que a fiscalizao qualificou como remunerao, transcreve art. 52, inciso III, alnea b da Instruo Normativa n 791, de 13 de novembro de 2009, e cita a Soluo de Consulta Cosit n 115, de 12 de maio de 2015, julgados do CARF e da Cmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF).Por muito bem analisar as alegaes suscitadas pela recorrente e documentos acostados aos autos acerca da decadncia ora debatida, peo vnia para transcrever excertos da deciso recorrida e adot-los como razes de decidir, in verbis:A alegao de decadncia efetuada pela impugnante no se sustenta, pois o inciso III do art. 22 da Lei n 8.212/91 claro ao dispor que o fato gerador da contribuio previdenciria ocorre na data em que for paga ou creditada a remunerao aos segurados contribuintes individuais:Art. 22. A contribuio a cargo da empresa, destinada Seguridade Social, alm do disposto no art. 23, de:III - vinte por cento sobre o total das remuneraes pagas ou creditadas a qualquer ttulo, no decorrer do ms, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem servios; (Grifei)Em nenhum momento a legislao afirma que o fato gerador da contribuio previdenciria ocorre com a apurao do lucro.Segundo consta nos documentos acostados aos autos, na data de 31/12/2010 ocorreu a apurao do lucro, mas a distribuio s foi efetuada em 02/2010, Isso se confirma pelos e-mails sobre os valores a serem distribudos que s foram enviados no incio de fevereiro de 2011; poucos dias aps ocorreu o crdito da remunerao aos scios. Alis, o contrato social bem claro que a destinao do lucro ser efetuada em reunio dos scios e aprovada por eles. A impugnante no acostou qualquer documento que indique que essa reunio ocorreu em dezembro de 2010, e muito menos que houve o crdito ou pagamento relativo distribuio de lucro aos scios nessa competncia. Para fins de entendimento da impugnante, considera-se creditada a remunerao, no ms correspondente ao reconhecimento contbil da despesa.Quanto Soluo de Consulta Cosit n 115/15, apenas repete o que diz a legislao, contribuio previdenciria devida a partir da ocorrncia do fato gerador, ou seja, do pagamento ou crdito da remunerao aos contribuintes individuais. Nesse aspecto, a cincia ao Auto de Infrao se deu em 26/01/2016 (fls. 434), e em consonncia ao disposto no 4 do art. 152 do Cdigo Tributrio Nacional, ao qual se socorre a impugnante, no h razo para acatar a alegao de decadncia.Neste diapaso, afasto a decadncia.MRITODA DISTRIBUIO DE LUCROSA Autoridade Fiscal cita em seu relatrio que identificou o pagamento de retirada e participao nos lucros na Folha de Pagamento nas rubricas 405, 406, 2 e 412, pagos mensalmente, e nos registros contbeis identificou a conta contbil 210010040003 (PARCELA DISTRIBUDA), em contrapartida com as contas 101020090001 (LUCROS DISTRIB. EXERCCIO-RETIRADAS), 101020090002 (LUCROS DISTRIB. EXERCCIOVARIVEL I), 101020090004 (LUCROS DISTRIB. EXERCCIO-RET. ADICIONAL), mas no faz qualquer meno sobre a efetiva existncia de lucros a serem distribudos, nem sobre a existncia de discriminao dos rendimentos decorrentes do trabalho, de modo que no caber a este colegiado perscrutar acerca dessa matria, ou se estaria a inovar os fundamentos do lanamento.A auditoria fiscal fundamentou o lanamento na ausncia de discriminao no Contrato Social e suas alteraes, quanto forma distinta de participao nos lucros baseada na proporcionalidade de quotas do capital social.Entendeu a Autoridade Fiscal que a impugnante deveria obedecer: a) o disposto no artigo 1.007 do Cdigo Civil, uma vez que a distribuio do lucro foi remetida a uma ata que no foi lavrada; b) o disposto no art. 997 do Cdigo Civil, que mandamental, ao exigir que a forma de distribuio dos lucros desproporcional deve constar expressamente no contrato social e alteraes; e no caso de omisso, os valores excedentes ao disposto em contrato social, ou aos limites previstos no art. 1.007 do Cdigo Civil, estariam sujeitos incidncia de contribuio previdenciria, por serem considerados retribuio pelo trabalho.Considerou ainda, que houve falta de comprovao da aprovao de 75% dos scios com direito a voto para a deciso de distribuio de lucro, conforme contrato social, e muito menos, da concordncia de todos eles, conforme determina o Cdigo Civil.A recorrente, por seu turno, alega que o fato de o lucro ter sido distribudo de forma desproporcional entre seus scios no descaracteriza sua natureza jurdica, para ter a autoridade fiscal a reconhecido como verba de incidncia de contribuio previdenciria.Faz um histrico do incio da empresa, e diz que todos os advogados so contratados pelo regime previsto na Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943 e na Lei n 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - EAOAB), e alguns podem integrar a sociedade ao final do plano de carreira, com direito a participarem das deliberaes societrias, e cada scio tem direito a um voto, independente da participao no quadro societrio. Ressalta que h necessidade de participao na sociedade por perodo superior a dois anos, e possuir ao menos 0,10% do capital social, para que tenha direito a voto nas deliberaes citadas.Explica que existem trs componentes que integram os valores recebidos anualmente pelos scios: pr-labore; antecipaes mensais de lucro; distribuio de resultados lquidos semestrais (em fevereiro, relativo a lucros do segundo semestre do ano precedente; em agosto, relativo a lucros do primeiro semestre). Acrescenta que a distribuio de lucros desproporcional, pois leva em considerao a participao societria individual, e a performance profissional de cada scio, como consta no item 7 de seu Contrato Social, e por isso no poderia ter sido aplicado critrio subsidirio previsto no Cdigo Civil.Acrescenta que as demonstraes contbeis seguiram as regras em vigor, confirmadas por pareceres de empresas independentes de auditoria, com diferenciao de contas relativas aos valores a ttulo de pr-labore e lucros passveis de distribuio em cada perodo.Aduz que a grande controvrsia se limitou suposta ausncia de comprovao, pela Requerente, quanto a observncia dos requisitos formais previstos no seu Contrato Social para a distribuio de lucros (percentual de participao e tempo de sociedade), [...], e defende que tal falta de comprovao no tem respaldo ftico e probatrio, pois as deliberaes relativas distribuio de lucros se deram pelo Comit Diretivo da empresa (composto por nove scios com direito a voto), e por todos os scios do escritrio, com conseqente aprovao dos demais scios com direito a voto, em quantidade de votos superior a 75%. Anexa planilhas, cpia de e-mails, e tabela quantificando o valor a distribuir, nmero de scios, nmero de scios votantes, e nmero de votos que aprovaram a distribuio.Arrazoa que o fato de a distribuio ter sido aprovada por e-mail, no retira a fora probatria desses documentos, e no invalida a distribuio ou a qualifica como pr-labore, uma vez que no h exigncia no Contrato Social para que a aprovao da distribuio se d por meio de ata, mas sim, necessidade de reunio para deliberar sobre a forma de distribuio e de uma ata onde constem os critrios dessa distribuio. Refere-se a precedentes do CARF sobre a possibilidade de a Autoridade Fiscal examinar documentos eletrnicos para apurar a verdade material.Assevera que a exigncia da contribuio previdenciria deve ser cancelada, porque: a) a totalidade dos valores distribudos eram lucros; b) o lucro distribudo foi efetivamente materializado ao final do exerccio, no cabendo fiscalizao requalific-lo, ainda que distribudo de forma desproporcional; c) a falta de suposta ata e quorum para aprovao da distribuio de lucro foram concluses equivocadas da fiscalizao, e a aprovao ter sido feita por meio eletrnico no invalida a natureza jurdica da distribuio; e d) que os fatos, se vistos na verdadeira substncia, apontam a carncia de validade jurdica dos Autos de Infrao. Pois bem!Primeiramente indispensvel mencionar que a autoridade lanadora no faz qualquer meno sobre irregularidades na contabilidade da contribuinte, bem como no questiona a efetiva existncia de lucros a serem distribudos, nem sobre a existncia de discriminao dos rendimentos decorrentes do trabalho. Dito isto, de se ver que a escrita contbil da recorrente no foi desconsiderada, ou descaracterizada por conter omisses, incorrees ou no atender s formalidades extrnsecas, a ponto de no fazer prova a seu favor.Na anlise da contabilidade de uma empresa a auditoria fiscal verifica a obedincia s formalidades intrnsecas e extrnsecas determinadas pela legislao comercial, fiscal e resolues do Conselho Federal de Contabilidade, que visam possibilitar que os usurios da mesma possam analisar a situao da empresa versando seus interesses e que a demonstrao dos resultados seja correta para a apurao do tributos que forem previstos em lei. Os princpios contbeis que regem a contabilidade visam, justamente, que os demonstrativos reflitam a areal situao da sociedade no perodo analisado.No caso presente, o Fisco no se manifesta quanto impropriedade da escrita contbil da contribuinte, o que faz com que a mesma merea f e se preste a fazer prova a favor da recorrente, sendo imprescindvel para o deslinde da controvrsia, como veremos a seguir.Antes de adentrar ao mrito da questo, devem-se verificar os requisitos para distribuio desproporcional de lucros ou dividendos.Nas sociedades simples, a distribuio dos resultados sociais aos scios deve ser feita de forma proporcional s respectivas cotas, podendo, entretanto, ser estipulada uma distribuio desproporcional, como se v da interpretao combinada dos art. 1.007 do Cdigo Civil, abaixo transcritos:Art. 1.007. Salvo estipulao em contrrio, o scio participa dos lucros e das perdas, na proporo das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuio consiste em servios, somente participa dos lucros na proporo da mdia do valor das quotas.No caso concreto, tratando-se de sociedade de advogados, espcie societria sui generis, regida pela Lei n 8.906/94 (Estatuto da OAB), aplica-se o mesmo entendimento, conforme dispe os artigos 4 e 6 do Provimento n 169/2015, seno vejamos:Art. 4 Os scios patrimoniais e de servio faro jus participao nos lucros da sociedade, na forma prevista nos respectivos contratos sociais ou em instrumentos especficos que a disciplinem.(...)Art. 6 Por meio do contrato de associao, de natureza civil, o advogado associado e a sociedade de advogados coordenaro entre si o desempenho das funes profissionais e estipularo livremente os critrios para a partilha dos resultados da atividade advocatcia contratada.(grifo nosso)Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, resta claro a possibilidade da distribuio dos lucros de forma desproporcional.Na hiptese dos autos, a querela se resume em definir se as formalidades exigidas pelo auditor fiscal, quais sejam: ausncia de uma Ata e no comprovao da concordncia dos scios, so capazes de descaracterizar a natureza do lucro distribudo.No obstante as razes de fato e de direito das autoridades fazendrias autuante e julgadora de primeira instncia, o pleito da contribuinte merece acolhimento, como passaremos a demonstrar.Entendo que no caso de sociedade civil de prestao de servios profissionais relativos ao exerccio de profisses legalmente regulamentadas, incidir contribuio previdenciria sobre valores pagos a ttulo de pr-labore, regularmente contabilizados, ou na falta de discriminao contbil do que pr-labore e do que distribuio de lucro, ento sim, deve incidir a contribuio sobre o montante recebido pelo scio.Note-se que, enquanto no apurado o lucro, presume-se que o pagamento se deu a ttulo remunerao, mas, uma vez apurado o lucro, no h dispositivo legal que imponha atribuir a natureza jurdica de remunerao. Nesse sentido:Nada impede que, aps a apurao do resultado do exerccio, constate-se que tenha havido lucro e seja afastada eventual cobrana sobre as parcelas adiantadas a ttulo de participao no lucro. (REsp 1224724/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 24/02/2011)Nesse sentido, competiria autoridade fiscal, efetivamente, demonstrar a inexistncia do lucro.No caso em estudo porm, o Fisco no argiu, nem demonstrou que a contabilidade da recorrente era irregular, o que valida os valores apurados como lucro e assim distribudos, no cabendo, desta forma, contribuio previdenciria sobre lucro.Ademais, a Constituio Federal ao tratar da matriz da contribuio previdenciria no artigo 195, no aponta o lucro das empresas como passvel de incidncia contributiva previdenciria, j que o fato gerador a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho:Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio; (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)Da mesma forma, o Regulamento da Previdncia Social ao dispor sobre as sociedades simples, somente nos casos de falta de discriminao contbil dos valores correspondentes distribuio de lucros que considera como remunerao pelo trabalho o valor total pago aos scios:Decreto n 3.048/99:Artigo 201 (...)5 No caso de sociedade civil de prestao de servios profissionais relativos ao exerccio de profisses legalmente regulamentadas, a contribuio da empresa referente aos segurados a que se referem as alneas "g" a "i" do inciso V do art. 9, observado o disposto no art. 225 e legislao especfica, ser de vinte por cento sobre: (Redao dada pelo Decreto n 3.265, de 1999)I - a remunerao paga ou creditada aos scios em decorrncia de seu trabalho, de acordo com a escriturao contbil da empresa; ou II os valores totais pagos ou creditados aos scios, ainda que a ttulo de antecipao de lucro da pessoa jurdica, quando no houver discriminao entre a remunerao decorrente do trabalho e a proveniente do capital social ou tratar-se de adiantamento de resultado ainda no apurado por meio de demonstrao de resultado do exerccio. (Redao dada pelo Decreto n 4.729, de 2003) (g.n)Portanto, incabvel a incidncia de contribuies previdencirias.Ademais, no sendo o bastante, quanto as formalidades apontadas pelo Sr. Auditor, especificamente em relao ausncia de uma Ata sobre a distribuio de lucros, a contribuinte aduz que as informaes so repassadas digitalmente por e-mails, em substituio a Ata, apresentando uma srie de cpias das mensagens, e-fls. 591 e ss, onde consta a informao sobre a proposta sobre referida distribuio, o seu montante e a data do pagamento.No meu entender, s informaes prestadas via e-mail, in casu, so capazes de substituir a elaborao de uma Ata, pelo seguinte aspecto: a comunicao empresarial, que antes se apoiava em memorandos, murais de aviso, atas, entre outros, com o advento e evoluo da tecnologia, foi potencializada e hoje conta com meios muito mais efetivos e abrangentes, como o caso da mensagem virtual (e-mail). Dito isto, cabvel sua utilizao.Alm do mais, a elaborao da Ata consta da clusula que trata da distribuio mensal dos lucros e no da semestral, sendo facultativa a sua elaborao, conforme depreende-se do contrato social da contribuinte, seno vejamos:7. Todos os scios tero direito de receber mensalmente, a ttulo de retirada por conta de lucros acumulados ou adiantamento de lucros do exerccio, a parcela que a eles for periodicamente atribuda em reunio dos scios, conforme deliberao dos scios tomada em reunio nos termos da ata que ento vier a ser lavrada. (g.n.)No que diz respeito aprovao dos scios, resta claro ter atendido o quorum mnimo estabelecido no contrato social, conforme depreende-se da planilha acostada aos autos. Por este motivo, afasto tal formalidade.Neste diapaso, no que diz respeito a no observncia de meras formalidades, estas no desvirtuam a natureza dos Juros, ou seja, no gera uma presuno de pagamento de pr-labore.Assim sendo, considerando que a contabilidade da recorrente no foi desconsiderada, sendo portanto, idnea, porque no houve demonstrao de qualquer irregularidade para no merecer f e, os lucros sendo apurados, demonstrados contabilmente e assim distribudos na forma como acordado pelos scios, no deve subsistir o lanamento.Por todo o exposto, estando o Auto de Infrao, sub examine, em dissonncia com as normas legais que regulamentam a matria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTRIO para rejeitar as preliminares e, no mrito, DAR-LHE PROVIMENTO, pelas razes de fato e de direito acima esposadas. como voto.(assinado digitalmente)Rayd Santana Ferreira

  • 2

    servios profissionais relativos ao exerccio de profisses regulamentadas,quandoocontratosocialforclaroaodispordetaldistribuio.

    Incasu,havendocontabilidadequecumprecomasformalidadesintrnsecaseextrnsecasesendoaapuraodelucroregularecontabilizada,nohquesefalar em tributao dos valores distribudos como lucro. A legislaoprevidenciria no considera o lucro regular como base de incidncia decontribuiesprevidencirias.

    A no observncia de meras formalidades no desvirtuam a natureza dosJuros,ouseja,nogeraumapresunodepagamentodeprlabore.Almdomais,regularautilizaodeemailemsubstituioaAta.

    Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

    AcordamosmembrosdoColegiado,pormaioriadevotos,darprovimentoaorecurso. Vencidos os conselheiros Jos Lus Hentsch Benjamin Pinheiro e Miriam DeniseXavier, que negavam provimento ao recurso. Declarouse impedido de participar dojulgamento o conselheiro Matheus Soares Leite, substitudo pelo conselheiro Thiago DucaAmoni.

    (assinadodigitalmente)

    MiriamDeniseXavierPresidente

    (assinadodigitalmente)

    RaydSantanaFerreiraRelator

    Participaramdopresentejulgamentoosconselheiros:ClebersonAlexFriess,Andrea VianaArrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira,JoseLuisHentschBenjaminPinheiro,ThiagoDucaAmoni (SuplenteConvocado) eMiriamDenise Xavier. Declarouse impedido o conselheiro Matheus Soares Leite. Ausente aconselheiraLucianaMatosPereiraBarbosa.

    Fl. 950DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.3

    3

    Relatrio

    PINHEIRONETOADVOGADOS, contribuinte, pessoa jurdica de direitoprivado,jqualificadanosautosdoprocessoemreferncia,recorreaesteConselhodadecisoda5aTurmadaDRJemBelm/PA,Acrdon01033.723/2017,sefls.782/815,quejulgouprocedenteolanamentofiscal,concernentescontribuiesprevidenciriasdevidasaoINSSreferente cota patronal, incidentes sobre as remuneraes pagas, devidas ou creditadas aossegurados contribuintes individuais, em relao ao perodo de 01/2011 a 12/2011, conformeRelatrio Fiscal, s fls. 415/432 e demais documentos que instruem o processo,consubstanciadonoDEBCADn51.081.6525.

    ConformedepreendedoRelatrioFiscal,aauditorianarraqueiniciouaaofiscal por meio de Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) de diligncia, seguindose defiscalizao, com a finalidade de verificar o cumprimento das obrigaes relativas scontribuies previdencirias sobre as remuneraes pagas a ttulo de lucros ou dividendosdistribudose/ouparticipaonoslucrosdeadministradorescontribuinteindividual.

    Detalhaosdocumentos apresentadose esclarecimentos feitospela empresa,diante dos termos de intimao fiscal emitidos pela fiscalizao. Descreve a sistemtica daempresaparadistribuiodoslucrosaosscios.Apresentalegislaoquedispesobreosciocotistaserseguradoobrigatriodaprevidnciasocialnaqualidadedecontribuinteindividual,assimcomo,sobreanoincidnciadecontribuioprevidenciriasobreoslucrosdistribudosaosscios,nostermosdoart.201,1,doDecreton3.048,de6demaiode1999,observadaaexceodo5,incisoIIdessemesmoartigo.

    Entendequeoslucrosdistribudosaossciosdeformadesproporcionalasuaparticipao no capital social esto abrangidos pela no incidncia de contribuioprevidenciria desde que tal distribuio esteja devidamente estipulada pelas partes nocontrato social, em conformidade com a legislao societria [...].Ressalta ainda queosvalorespagospelasociedade,excedentesdomontanteprevistonocontratosocial[...],comodevidosaoscio,attulodelucro,devemserconsideradosretribuiopelotrabalho,sujeitosincidnciadecontribuioprevidenciria.,econcluiqueaempresadeveriaterobedecidoodisposto no art. 1.007 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Cdigo Civil), pois ocontratosocialestipuloueremeteuparaumaAtaadecisodadistribuiodoslucroseelanofoifeita,[...],sobaalegaodequehouveadistribuioporemailcomaaprovaodetodosossciostambmporemail.

    Informaqueosdocumentosapresentadospelaempresanoforamsuficientesparademonstraraconcordnciadoquorumnecessrioparaadecisosobreadistribuiodelucros, conforme determina o Cdigo Civil, e conclui que a distribuio a ttulo de lucroexcedentesproporodaparticipaodocapitalsocialestipuladapelaspartesnocontratosocial devem ser considerados retribuio pelo trabalho, portanto, constituiu o crditotributrioreferenteaessarubrica,relativaaoperodode01/2011a12/2011.

    Acontribuinte,regularmenteintimada,apresentouimpugnao,requerendoadecretaodaimprocednciadofeito.

    Fl. 951DF CARF MF

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    Porsuavez,aDelegaciaRegionaldeJulgamentoemBelm/PAentendeuporbemjulgarprocedenteolanamento,conformerelatoacima.

    RegularmenteintimadaeinconformadacomaDecisorecorrida,aautuada,apresentouRecursoVoluntrio,sefls.826/869,procurandodemonstrarsua improcedncia,desenvolvendoemsnteseasseguintesrazes:

    Preliminarmentesustentaaocorrnciadeumvcionadecisodepiso,umavezquefoiproferidasemoquorummnimoexigidopelopargrafo4doartigo15daPortarian341/11.

    Aduzteraautoridadejulgadoradeprimeirainstnciavioladoaodispostonoartigo 24 da Lei n 11.457/2007, onde determina que esta obrigada a proferir deciso emrelaoapeties,defesasourecursosprotocoladospelocontribuintenoprazomximode360dias,noobservadonocasoemtela.

    Afirmaadefendentequea fiscalizaono indicoucomclarezaaapuraoda base de clculo adotada, e ainda apurou lucros auferidos por Pinheiro Neto EmpreendimentosLtda.(PNE),sociedadedaqualseussciostambmparticipam,novalordeR$ 1.454.030,00, solicita o cancelamento doAuto de Infrao e caso no seja reconhecido,pedepelacorreodovalorlanado.TranscrevejulgadosdoCARF.

    Pugnapeladecretaodadecadnciaemrelaoaolanamentodosegundosemestrede2010,combasenoart.150,4daLein5.172,de25deoutubrode1966(CdigoTributrioNacionalCTN)eSmulan99doConselhoAdministrativodeRecursosFiscais(CARF),poisemboraopagamentotenhasidoefetuadoemfevereirode2011,osvaloressorelativos competncia de 2010, alegando o princpio do pagamento. Aduz que a data deocorrnciadoeventoquedariacausasobrigaesseriaaquelaemquesedeuoencerramentodo perodo de apurao dos lucros distribudos, pois foi quando ocorreu o crdito do que afiscalizaoqualificoucomoremunerao,transcreveart.52,incisoIII,alneabdaInstruoNormativan791,de13denovembrode2009,ecitaaSoluodeConsultaCositn115,de12demaiode2015,julgadosdoCARFedaCmaraSuperiordeRecursosFiscais(CSRF).

    Ainda preliminarmente, explicita ter a deciso de piso, indevidamenteinovadoolanamento,motivopeloqualdevesertotalmentereformada.

    Jemrelaoaomrito,apsbreverelatodasfasesprocessuais,bemcomodosfatosquepermeiamolanamento,repisaasalegaesdaimpugnao,alegandoqueofatodeo lucro tersidodistribudode formadesproporcionalentreseus sciosnodescaracterizasuanaturezajurdica,para teraautoridadefiscala reconhecidocomoverbade incidnciadecontribuioprevidenciria.

    Faz um histrico do incio da empresa, e diz que todos os advogados socontratadospeloregimeprevistonaConsolidaodasLeisdoTrabalho(CLT),aprovadapeloDecretoLein5.452,de1demaiode1943enaLein8.906,de4dejulhode1994(Estatutoda Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil EAOAB), e alguns podem integrar asociedadeaofinaldoplanodecarreira,comdireitoaparticiparemdasdeliberaessocietrias,ecadasciotemdireitoaumvoto,independentedaparticipaonoquadrosocietrio.Ressaltaquehnecessidadedeparticipaonasociedadeporperodosuperioradoisanos,epossuiraomenos0,10%docapitalsocial,paraquetenhadireitoavotonasdeliberaescitadas.

    Explica que existem trs componentes que integram os valores recebidosanualmentepelosscios:prlaboreantecipaesmensaisdelucrodistribuioderesultados

    Fl. 952DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.4

    5

    lquidossemestrais(emfevereiro,relativoalucrosdosegundosemestredoanoprecedenteemagosto, relativo a lucros do primeiro semestre). Acrescenta que a distribuio de lucros desproporcional, pois leva em considerao a participao societria individual, e aperformanceprofissionaldecadascio,comoconstanoitem7deseuContratoSocial,eporissonopoderiatersidoaplicadocritriosubsidirioprevistonoCdigoCivil.

    Acrescenta que as demonstraes contbeis seguiram as regras em vigor,confirmadas por pareceres de empresas independentes de auditoria, com diferenciao decontas relativas aosvalores a ttulodeprlabore e lucros passveisde distribuio emcadaperodo.

    Aduz que a grande controvrsia se limitou suposta ausncia decomprovao,pelaRequerente,quantoaobservnciadosrequisitosformaisprevistosnoseuContrato Social para a distribuio de lucros (percentual de participao e tempo desociedade),[...],edefendequetalfaltadecomprovaonotemrespaldofticoeprobatrio,pois as deliberaes relativas distribuio de lucros se deram pelo Comit Diretivo daempresa (compostopornovescioscomdireito avoto), epor todosos sciosdoescritrio,com conseqente aprovao dos demais scios com direito a voto, em quantidade de votossuperiora75%.Anexaplanilhas,cpiadeemails,etabelaquantificandoovaloradistribuir,nmerodescios,nmerodesciosvotantes,enmerodevotosqueaprovaramadistribuio.

    Arrazoaqueofatodeadistribuiotersidoaprovadaporemail,noretiraafora probatria desses documentos, e no invalida a distribuio ou a qualifica como prlabore,umavezquenohexigncianoContratoSocialparaqueaaprovaodadistribuiose d por meio de ata, mas sim, necessidade de reunio para deliberar sobre a forma dedistribuioedeumaataondeconstemoscritriosdessadistribuio.RefereseaprecedentesdoCARFsobreapossibilidadedeaAutoridadeFiscalexaminardocumentoseletrnicosparaapuraraverdadematerial.

    Asseveraqueaexignciadacontribuioprevidenciriadevesercancelada,porque: a) a totalidade dos valores distribudos eram lucros b) o lucro distribudo foiefetivamente materializado ao final do exerccio, no cabendo fiscalizao requalificlo,ainda que distribudo de forma desproporcional c) a falta de suposta ata e quorum paraaprovao da distribuio de lucro foram concluses equivocadas da fiscalizao, e aaprovaotersidofeitapormeioeletrniconoinvalidaanaturezajurdicadadistribuioed)queosfatos,sevistosnaverdadeirasubstncia,apontamacarnciadevalidadejurdicadosAutosdeInfrao.

    Considera indevida a aplicao da multa de ofcio de 75%, pois agiu deacordocomalegislao,eexageradoomontantedevido,queultrapassaolimitedorazovel,e,portanto, deve ser reduzida. Cita julgados do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre oprincpiodonoconfisco,daproporcionalidadeedarazoabilidade.

    Insurgese quanto aplicao dos juros pela taxa Selic sobre a multa deofcio, transcrevendo julgados do CARF e do CSRF, no sentido de que essa multa no atualizvel.

    Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, paradesconsiderar os Autos de Infrao, tornandoos sem efeito e, no mrito, a sua absolutaimprocedncia.

    Fl. 953DF CARF MF

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    Nohouveapresentaodecontrarrazes.

    orelatrio.

    Voto

    ConselheiroRaydSantanaFerreiraRelator

    Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheo dorecursoepassoaoexamedasalegaesrecursais.

    PRELIMINARES

    INSUFICINCIADEJULGADORESEM1INSTNCIA

    Arecorrentesustentaaocorrnciadeumvcionadecisodepiso,umavezquefoiproferidasemoquorummnimoexigidopelopargrafo4doartigo15c/coart.2daPortarian341/11.

    Semrazoarecorrente!

    O quorum mnimo para funcionamento das Turmas das Delegacias deJulgamentoestdispostonoartigo13daPortaria341/11,senovejamos:

    Art. 13. Somente pode haver deliberao quando presente amaioriadosmembrosdaTurma,sendoessatomadapormaioriasimples, cabendo ao Presidente da Turma, alm do votoordinrio,odequalidade.

    Conforme do excerto encimado, s haver deliberao quando presente amaioria simples dos membros da Turma, ou seja, a metade mais um.Assim, em umaturmacompostapor cinco julgadores, oquorummnimode trs, oquese amolda ao casoconcreto.

    Portanto,afastoapreliminarpleiteada.

    DAVIOLAOAOART.24DALEIN11.457/2007

    Aduzteraautoridadejulgadoradeprimeirainstnciavioladoaodispostonoartigo 24 da Lei n 11.457/2007, onde determina que esta obrigada a proferir deciso emrelaoapeties,defesasourecursosprotocoladospelocontribuintenoprazomximode360dias,noobservadonocasoemtela.

    Taltese,entretanto,nopodeprevalecer.

    Anormadoart.24dalein11.457/2007,reproduzidaaseguir,meramenteprogramtica, no havendo cominao de qualquer sano em decorrncia de seudescumprimento:

    Art.24.obrigatrioquesejaproferidadecisoadministrativanoprazomximode360(trezentosesessenta)diasacontardoprotocolo de peties, defesas ou recursos administrativos docontribuinte.

    Valesalientarqueocrditotributrioconstitudonomomentodalavraturado auto de infrao, sujeito reviso com base nas decises proferidas no processoadministrativofiscal.

    Fl. 954DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.5

    7

    Comefeito,somuitasasdisposiesdoCdigoTributrioNacionalaesserespeito. Em um primeiro momento, o artigo 142 do Cdigo, ao atribuir autoridadeadministrativa a competncia para o lanamento, deixa claro que por meio desseprocedimento que o crdito tributrio constitudo, sem que seja feita nenhuma meno aqualquertipodecondioresolutivaoudetemporalidade.

    Art. 142. Compete privativamente autoridade administrativaconstituirocrditotributriopelolanamento,assimentendidooprocedimentoadministrativotendenteaverificaraocorrnciado fato gerador da obrigao correspondente, determinar amatria tributvel, calcular o montante do tributo devido,identificarosujeitopassivoe,sendocaso,proporaaplicaodapenalidadecabvel.

    Aseguir,asdisposiescontidasnoCdigodeixamclaroqueolanamentoregularmentecientificadoaosujeitopassivossealterapelasdecisesdeprimeiraesegundainstncias administrativas de julgamento. Essas, conforme artigo 151, suspendem aexigibilidade do crdito e, ao final, podem extinguilo, total ou parcialmente. Em nenhummomentofazsequalquermenoconstituiodocrdito.

    Art. 145. O lanamento regularmente notificado ao sujeitopassivospodeseralteradoemvirtudede:

    I impugnao do sujeito passivo II recurso de ofcio IIIiniciativa de ofcio da autoridade administrativa, nos casosprevistosnoartigo149.

    Art.151.Suspendemaexigibilidadedocrditotributrio:

    (...)

    III as reclamaes e os recursos, nos termos das leisreguladorasdoprocessotributrioadministrativo(...)

    Art.156.Extinguemocrditotributrio:

    (...)

    IX a deciso administrativa irreformvel, assim entendida adefinitiva na rbita administrativa, que no mais possa serobjetodeaoanulatria

    Mais uma evidncia, como de conhecimento daqueles que lidam com odireito tributrio, o instituto da decadncia est disposta nos artigos 150 e 173 do CdigoTributrioNacional,osquaisnocontemplamahipteseventiladapelarecorrente.

    Nomais, no entender deste Conselheiro, o artigo 24 da Lei n 11.457/07,acabaporserincuo,eisqueimpeumaobrigao,masnoestabeleceumapenalidade.

    Por fim, observese, em complemento falta de sano quanto aodescumprimentodoprazoimprprioestabelecidopelanormadoart.24,daLein11.457/2007,quemesmonoscasosemqueocontribuintesesocorredoPoderJudicirioparafinsdefazervalerocumprimentodesteprazo,asdecisesoperamnosentidodedeterminararealizaodaanlise, nunca no sentido de realizar qualquer excluso de juros e/ou de parte dos crditostributriosexigidos

    Fl. 955DF CARF MF

  • 8

    Nestediapaso,noacolhoapreliminar.

    ERRODABASEDECLCULONULIDADE

    Afirmaadefendentequea fiscalizaono indicoucomclarezaaapuraoda base de clculo adotada, e ainda apurou lucros auferidos por Pinheiro Neto EmpreendimentosLtda.(PNE),sociedadedaqualseussciostambmparticipam,novalordeR$ 1.454.030,00, solicita o cancelamento doAuto de Infrao e caso no seja reconhecido,pedepelacorreodovalorlanado.TranscrevejulgadosdoCARF.

    Em que pesem as razes ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo,contudo,no temocondodeprosperar.Doexamedoselementosque instruemoprocesso,concluise que os lanamentos, corroborados pela deciso recorrida, apresentamseformalmenteincensurveis,devendosermantidosemsuaplenitude.

    Resta evidenciada a legitimidadeda ao fiscal quedeu ensejo aopresentelanamento, cabendo ressaltar que tratase de procedimento de natureza indeclinvel para oAgenteFiscalizador,dadoocarterdequeserevesteaatividadeadministrativadolanamento,que vinculada eobrigatria, nos termosdo art. 142,pargrafonicodoCdigoTributrioNacional,acimatranscrito.

    Defato,oatoadministrativodeveserfundamentado,indicandoaautoridadecompetente,deformaexplcitaeclara,osfatosedispositivoslegaisquelhederamsuporte,demaneiraaoportunizaraocontribuinteoplenoexercciodoseuconsagradodireitodedefesaecontraditrio,sobpenadenulidade.

    Efoiprecisamenteoqueaconteceucomospresenteslanamentos.Asimplesleituradosanexosdasautuaes,especialmenteoFundamentosLegaisdoDbitoFLD,o"Discriminativo doDbito DD", o "Relatrio de Lanamentos RL", oRelatrio Fiscal edemais informaes fiscais, no deixa margem de dvida recomendando a manuteno dolanamento.

    Consoantesepositivadosanexosencimados,afiscalizaoaopromoveroslanamentosdemonstroudeformaclaraeprecisaosfatosquelhessuportaram,oumelhor,osfatosgeradoresdocrditotributrio,nosecogitandonanulidadedosprocedimentos.

    Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, a contribuinte no trouxequalquerelementodeprovacapazdecomprovarqueoslanamentosencontramsemaculadospor vcio em sua formalidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido dedemonstraodosustentado.

    Destarte,direitodocontribuintediscordarcomaimputaofiscalque lheestsendoatribuda,sobretudoemseumrito,masnopodemosconcluir,porcontadessefato,isoladamente,queolanamentonoforadevidamentefundamentadonalegislaoderegncia.Oargumentodeerronaeleiodabasedeclculoedemais,seconfundemcomomritoqueiremostratarposteriormente,noensejandoemnulidade

    Ditoisto,afastoapreliminarsuscitada.

    INOVAODOLANAMENTOPELADRJ

    Ainda preliminarmente, explicita ter a deciso de piso, indevidamenteinovadoolanamento,motivopeloqualdevesertotalmentereformada.

    Poisbem!

    Fl. 956DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.6

    9

    O Relatrio Fiscal quanto a comprovao da participao societria paradeliberaoacercadadistribuiodoslucros,concluiuoseguinte:

    5.8. E ainda, conforme amplamente demonstrado, que osdocumentos apresentados durante a ao fiscal no semostraramsuficientesparacomprovaraconcordnciados75%competentes para a deciso de distribuio de lucros, muitomenosparaacomprovaodaconcordnciadetodososscios,comodeterminaoCC.(grifooriginal)

    Conformedepreendesedoexcertoencimado,aautoridadefiscalconcluiporno restar comprovado a concordncia de 75% dos scios competentes para a deciso dedistribuio de lucros e, muito menos, a concordncia de TODOS, de acordo com odispostonoCdigoCivil.

    Dito isto, observase que em nenhum momento a autoridade lanadorarestringiuse ao percentual de 75% como quer fazer parecer a contribuinte.ManifestandosediretamenteaoquedeterminaoCC.

    Peloexposto,restaclaroqueaautoridadejulgadoradeprimeirainstncianoinovouasrazese/oufundamentosdolanamentoe,mesmoquehouvesse,oquesertratadonesteAcrdosoosfatoseasacusaesdoAutodeInfrao.

    Portanto, no h razo no argumento da recorrente, sobre a necessidade deanularadecisodeprimeirainstncia.

    DECADNCIA

    Pugnapeladecretaodadecadnciaemrelaoaolanamentodosegundosemestrede2010,combasenoart.150,4daLein5.172,de25deoutubrode1966(CdigoTributrioNacionalCTN)eSmulan99doConselhoAdministrativodeRecursosFiscais(CARF),poisemboraopagamentotenhasidoefetuadoemfevereirode2011,osvaloressorelativos competncia de 2010, alegando o princpio do pagamento. Aduz que a data deocorrnciadoeventoquedariacausasobrigaesseriaaquelaemquesedeuoencerramentodo perodo de apurao dos lucros distribudos, pois foi quando ocorreu o crdito do que afiscalizaoqualificoucomoremunerao,transcreveart.52,incisoIII,alneabdaInstruoNormativan791,de13denovembrode2009,ecitaaSoluodeConsultaCositn115,de12demaiode2015,julgadosdoCARFedaCmaraSuperiordeRecursosFiscais(CSRF).

    Pormuitobemanalisarasalegaessuscitadaspelarecorrenteedocumentosacostadosaosautosacercadadecadnciaoradebatida,peovniaparatranscreverexcertosdadecisorecorridaeadotloscomorazesdedecidir,inverbis:

    A alegao de decadncia efetuada pela impugnante no sesustenta,poisoincisoIIIdoart.22daLein8.212/91claroaodisporqueofatogeradordacontribuioprevidenciriaocorrena data em que for paga ou creditada a remunerao aosseguradoscontribuintesindividuais:

    Art. 22. A contribuio a cargo da empresa, destinada SeguridadeSocial,almdodispostonoart.23,de:

    III vinte por cento sobre o total das remuneraes pagas oucreditadasaqualquerttulo,nodecorrerdoms,aosseguradoscontribuintesindividuaisquelheprestemservios(Grifei)

    Fl. 957DF CARF MF

  • 10

    Em nenhum momento a legislao afirma que o fatogerador da contribuio previdenciria ocorre com aapuraodolucro.

    Segundo consta nos documentos acostados aos autos, nadata de 31/12/2010 ocorreu a apurao do lucro, mas adistribuio s foi efetuada em 02/2010, Isso se confirmapelosemailssobreosvaloresaseremdistribudosquesforamenviadosnoinciodefevereirode2011poucosdiasapsocorreuocrditodaremuneraoaosscios.Alis,ocontratosocialbemclaroqueadestinaodolucroserefetuada em reunio dos scios e aprovada por eles. Aimpugnante no acostou qualquer documento que indiqueque essa reunio ocorreu em dezembro de 2010, e muitomenos que houve o crdito ou pagamento relativo distribuio de lucro aos scios nessa competncia. Parafins de entendimento da impugnante, considerasecreditada a remunerao, no ms correspondente aoreconhecimentocontbildadespesa.

    Quanto Soluo de Consulta Cosit n 115/15, apenasrepeteoquedizalegislao,contribuioprevidenciriadevidaapartirdaocorrnciadofatogerador,ouseja,dopagamento ou crdito da remunerao aos contribuintesindividuais.Nesseaspecto,acinciaaoAutodeInfraosedeuem26/01/2016(fls.434),eemconsonnciaaodispostono4doart.152doCdigoTributrioNacional,aoqualse socorre a impugnante, no h razo para acatar aalegaodedecadncia.Nestediapaso,afastoadecadncia.

    MRITO

    DADISTRIBUIODELUCROS

    AAutoridade Fiscal cita em seu relatrio que identificou o pagamento deretirada e participao nos lucros naFolha de Pagamento nas rubricas 405, 406, 2 e 412,pagos mensalmente, e nos registros contbeis identificou a conta contbil 210010040003(PARCELA DISTRIBUDA), em contrapartida com as contas 101020090001 (LUCROSDISTRIB. EXERCCIORETIRADAS), 101020090002 (LUCROS DISTRIB.EXERCCIOVARIVEL I), 101020090004 (LUCROS DISTRIB. EXERCCIORET.ADICIONAL), mas no faz qualquer meno sobre a efetiva existncia de lucros a seremdistribudos,nemsobreaexistnciadediscriminaodosrendimentosdecorrentesdotrabalho,demodoquenocaberaestecolegiadoperscrutaracercadessamatria,ouseestariaainovarosfundamentosdolanamento.

    A auditoria fiscal fundamentou o lanamento na ausncia dediscriminaonoContratoSocialesuasalteraes,quantoformadistintadeparticipaonoslucrosbaseadanaproporcionalidadedequotasdocapitalsocial.

    Entendeu a Autoridade Fiscal que a impugnante deveria obedecer: a) odispostonoartigo1.007doCdigoCivil,umavezqueadistribuiodolucrofoiremetidaaumaataquenofoilavradab)odispostonoart.997doCdigoCivil,quemandamental,aoexigirqueaformadedistribuiodos lucrosdesproporcionaldeveconstarexpressamenteno

    Fl. 958DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.7

    11

    contrato social e alteraes e no caso de omisso, os valores excedentes ao disposto emcontrato social, ou aos limites previstos no art. 1.007 do Cdigo Civil, estariam sujeitos incidnciadecontribuioprevidenciria,porseremconsideradosretribuiopelotrabalho.

    Considerouainda,quehouvefaltadecomprovaodaaprovaode75%dosscioscomdireitoavotoparaadecisodedistribuiodelucro,conformecontratosocial,emuitomenos,daconcordnciadetodoseles,conformedeterminaoCdigoCivil.

    Arecorrente,porseuturno,alegaqueofatodeolucrotersidodistribudodeforma desproporcional entre seus scios no descaracteriza sua natureza jurdica, para ter aautoridadefiscalareconhecidocomoverbadeincidnciadecontribuioprevidenciria.

    Faz um histrico do incio da empresa, e diz que todos os advogados socontratadospeloregimeprevistonaConsolidaodasLeisdoTrabalho(CLT),aprovadapeloDecretoLein5.452,de1demaiode1943enaLein8.906,de4dejulhode1994(Estatutoda Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil EAOAB), e alguns podem integrar asociedadeaofinaldoplanodecarreira,comdireitoaparticiparemdasdeliberaessocietrias,ecadasciotemdireitoaumvoto,independentedaparticipaonoquadrosocietrio.Ressaltaquehnecessidadedeparticipaonasociedadeporperodosuperioradoisanos,epossuiraomenos0,10%docapitalsocial,paraquetenhadireitoavotonasdeliberaescitadas.

    Explica que existem trs componentes que integram os valores recebidosanualmentepelosscios:prlaboreantecipaesmensaisdelucrodistribuioderesultadoslquidossemestrais(emfevereiro,relativoalucrosdosegundosemestredoanoprecedenteemagosto, relativo a lucros do primeiro semestre). Acrescenta que a distribuio de lucros desproporcional, pois leva em considerao a participao societria individual, e aperformanceprofissionaldecadascio,comoconstanoitem7deseuContratoSocial,eporissonopoderiatersidoaplicadocritriosubsidirioprevistonoCdigoCivil.

    Acrescenta que as demonstraes contbeis seguiram as regras em vigor,confirmadas por pareceres de empresas independentes de auditoria, com diferenciao decontas relativas aosvalores a ttulodeprlabore e lucros passveisde distribuio emcadaperodo.

    Aduz que a grande controvrsia se limitou suposta ausncia decomprovao,pelaRequerente,quantoaobservnciadosrequisitosformaisprevistosnoseuContrato Social para a distribuio de lucros (percentual de participao e tempo desociedade),[...],edefendequetalfaltadecomprovaonotemrespaldofticoeprobatrio,pois as deliberaes relativas distribuio de lucros se deram pelo Comit Diretivo daempresa (compostopornovescioscomdireito avoto), epor todosos sciosdoescritrio,com conseqente aprovao dos demais scios com direito a voto, em quantidade de votossuperiora75%.Anexaplanilhas,cpiadeemails,etabelaquantificandoovaloradistribuir,nmerodescios,nmerodesciosvotantes,enmerodevotosqueaprovaramadistribuio.

    Arrazoaqueofatodeadistribuiotersidoaprovadaporemail,noretiraafora probatria desses documentos, e no invalida a distribuio ou a qualifica como prlabore,umavezquenohexigncianoContratoSocialparaqueaaprovaodadistribuiose d por meio de ata, mas sim, necessidade de reunio para deliberar sobre a forma dedistribuioedeumaataondeconstemoscritriosdessadistribuio.RefereseaprecedentesdoCARFsobreapossibilidadedeaAutoridadeFiscalexaminardocumentoseletrnicosparaapuraraverdadematerial.

    Fl. 959DF CARF MF

  • 12

    Asseveraqueaexignciadacontribuioprevidenciriadevesercancelada,porque: a) a totalidade dos valores distribudos eram lucros b) o lucro distribudo foiefetivamente materializado ao final do exerccio, no cabendo fiscalizao requalificlo,ainda que distribudo de forma desproporcional c) a falta de suposta ata e quorum paraaprovao da distribuio de lucro foram concluses equivocadas da fiscalizao, e aaprovaotersidofeitapormeioeletrniconoinvalidaanaturezajurdicadadistribuioed)queosfatos,sevistosnaverdadeirasubstncia,apontamacarnciadevalidadejurdicadosAutosdeInfrao.

    Poisbem!

    Primeiramenteindispensvelmencionarqueaautoridadelanadoranofazqualquer meno sobre irregularidades na contabilidade da contribuinte, bem como noquestiona a efetiva existncia de lucros a serem distribudos, nem sobre a existncia dediscriminaodosrendimentosdecorrentesdotrabalho.

    Dito isto, de se ver que a escrita contbil da recorrente no foidesconsiderada, ou descaracterizada por conter omisses, incorrees ou no atender sformalidadesextrnsecas,apontodenofazerprovaaseufavor.

    Na anlise da contabilidade de uma empresa a auditoria fiscal verifica aobedincia s formalidades intrnsecas e extrnsecas determinadas pela legislao comercial,fiscal e resolues do Conselho Federal de Contabilidade, que visam possibilitar que osusurios damesma possam analisar a situao da empresa versando seus interesses e que ademonstraodosresultadossejacorretaparaaapuraodotributosqueforemprevistosemlei. Os princpios contbeis que regem a contabilidade visam, justamente, que osdemonstrativosreflitamaarealsituaodasociedadenoperodoanalisado.

    Nocasopresente,oFisconosemanifestaquantoimpropriedadedaescritacontbildacontribuinte,oquefazcomqueamesmamereafesepresteafazerprovaafavordarecorrente,sendoimprescindvelparaodeslindedacontrovrsia,comoveremosaseguir.

    Antesdeadentraraomritodaquesto,devemseverificarosrequisitosparadistribuiodesproporcionaldelucrosoudividendos.

    Nassociedadessimples,adistribuiodosresultadossociaisaossciosdeveser feitade formaproporcional s respectivas cotas, podendo, entretanto, ser estipuladaumadistribuiodesproporcional,comosevdainterpretaocombinadadosart.1.007doCdigoCivil,abaixotranscritos:

    Art.1.007.Salvoestipulaoemcontrrio,oscioparticipadoslucros edasperdas, naproporodas respectivasquotas,masaquele, cuja contribuio consiste em servios, somenteparticipadoslucrosnaproporodamdiadovalordasquotas.

    Nocasoconcreto,tratandosedesociedadedeadvogados,espciesocietriasuigeneris,regidapelaLein8.906/94(EstatutodaOAB),aplicaseomesmoentendimento,conformedispeosartigos4e6doProvimenton169/2015,senovejamos:

    Art. 4 Os scios patrimoniais e de servio faro jus participao nos lucros da sociedade, na forma prevista nosrespectivos contratos sociais ou em instrumentos especficosqueadisciplinem.

    (...)

    Fl. 960DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.8

    13

    Art.6Pormeiodocontratodeassociao,denaturezacivil,oadvogado associado e a sociedade de advogados coordenaroentre si o desempenho das funes profissionais e estipularolivremente os critrios para a partilha dos resultados daatividadeadvocatciacontratada.(grifonosso)

    Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, resta claro apossibilidadedadistribuiodoslucrosdeformadesproporcional.

    Na hiptese dos autos, a querela se resume em definir se as formalidadesexigidas pelo auditor fiscal, quais sejam: ausncia de uma Ata e no comprovao daconcordnciadosscios,socapazesdedescaracterizaranaturezadolucrodistribudo.

    No obstante as razes de fato e de direito das autoridades fazendriasautuanteejulgadoradeprimeirainstncia,opleitodacontribuintemereceacolhimento,comopassaremosademonstrar.

    Entendoquenocasodesociedadecivildeprestaodeserviosprofissionaisrelativos ao exerccio de profisses legalmente regulamentadas, incidir contribuioprevidenciria sobrevalorespagosa ttulodeprlabore, regularmentecontabilizados,ounafaltadediscriminaocontbildoqueprlaboreedoquedistribuiodelucro,entosim,deveincidiracontribuiosobreomontanterecebidopeloscio.

    Noteseque,enquantonoapuradoolucro,presumesequeopagamentosedeuattuloremunerao,mas,umavezapuradoolucro,nohdispositivolegalqueimponhaatribuiranaturezajurdicaderemunerao.Nessesentido:

    Nada impede que, aps a apurao do resultado do exerccio,constatese que tenha havido lucro e seja afastada eventualcobranasobreasparcelasadiantadasattulodeparticipaono lucro. (REsp 1224724/PR, Rel. Ministro MAUROCAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em15/02/2011,DJe24/02/2011)

    Nesse sentido, competiria autoridade fiscal, efetivamente, demonstrar ainexistnciadolucro.

    No caso em estudo porm, o Fisco no argiu, nem demonstrou que acontabilidadedarecorrenteerairregular,oquevalidaosvaloresapuradoscomolucroeassimdistribudos,nocabendo,destaforma,contribuioprevidenciriasobrelucro.

    Ademais, a Constituio Federal ao tratar da matriz da contribuioprevidenciria no artigo 195, no aponta o lucro das empresas como passvel de incidnciacontributivaprevidenciria,jqueofatogeradorafolhadesalriosedemaisrendimentosdotrabalho:

    Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda asociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,mediante recursos provenientes dos oramentos daUnio, dosEstados, doDistritoFederal e dosMunicpios, e das seguintescontribuiessociais:

    Fl. 961DF CARF MF

  • 14

    Idoempregador,daempresaedaentidadeaelaequiparadana formada lei, incidentessobre: (RedaodadapelaEmendaConstitucionaln20,de1998)

    a)a folhade salrios edemais rendimentosdo trabalhopagosou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe presteservio, mesmo sem vnculo empregatcio (Includo pelaEmendaConstitucionaln20,de1998)

    Damesma forma,oRegulamentodaPrevidnciaSocial aodispor sobre associedades simples, somente nos casos de falta de discriminao contbil dos valorescorrespondentes distribuio de lucros que considera como remunerao pelo trabalho ovalortotalpagoaosscios:

    Decreton3.048/99:

    Artigo201(...)

    5 No caso de sociedade civil de prestao de serviosprofissionais relativos ao exerccio de profisses legalmenteregulamentadas, a contribuio da empresa referente aosseguradosaquesereferemasalneas"g"a"i"doincisoVdoart.9,observadoodispostonoart.225elegislaoespecfica,ser de vinte por cento sobre: (Redao dada peloDecreto n3.265,de1999)

    Iaremuneraopagaoucreditadaaossciosemdecorrnciade seu trabalho, de acordo com a escriturao contbil daempresaouIIosvalorestotaispagosoucreditadosaosscios,ainda que a ttulo de antecipao de lucro da pessoa jurdica,quando no houver discriminao entre a remuneraodecorrente do trabalho e a proveniente do capital social outratarse de adiantamentode resultado ainda no apuradopormeiodedemonstraoderesultadodoexerccio.(RedaodadapeloDecreton4.729,de2003)(g.n)

    Portanto,incabvelaincidnciadecontribuiesprevidencirias.

    Ademais,nosendoobastante,quantoas formalidadesapontadaspeloSr.Auditor,especificamenteemrelaoausnciadeumaAtasobreadistribuiodelucros,acontribuinteaduzqueasinformaessorepassadasdigitalmenteporemails,emsubstituioaAta,apresentandoumasriedecpiasdasmensagens,efls.591ess,ondeconstaainformaosobreapropostasobrereferidadistribuio,oseumontanteeadatadopagamento.

    No meu entender, s informaes prestadas via email, in casu, socapazes de substituir a elaborao de uma Ata, pelo seguinte aspecto: a comunicaoempresarial,queantes seapoiavaemmemorandos,muraisdeaviso,atas, entreoutros,comoadventoeevoluodatecnologia,foipotencializadaehojecontacommeiosmuitomais efetivos e abrangentes, como o caso da mensagem virtual (email). Dito isto,cabvelsuautilizao.

    Alm do mais, a elaborao da Ata consta da clusula que trata dadistribuiomensaldoslucrosenodasemestral,sendofacultativaasuaelaborao,conformedepreendesedocontratosocialdacontribuinte,senovejamos:

    Fl. 962DF CARF MF

  • Processon18088.720004/201626Acrdon.2401005.677

    S2C4T1Fl.9

    15

    7.Todosossciosterodireitoderecebermensalmente,attuloderetiradaporcontadelucrosacumuladosouadiantamentodelucros do exerccio, a parcela que a eles for periodicamenteatribuda em reunio dos scios, conforme deliberao dossciostomadaemreunionostermosdaataqueentovieraserlavrada.(g.n.)

    No que diz respeito aprovao dos scios, resta claro ter atendido oquorum mnimo estabelecido no contrato social, conforme depreendese da planilhaacostadaaosautos.Porestemotivo,afastotalformalidade.

    Nestediapaso,noquedizrespeitoanoobservnciademerasformalidades,estasnodesvirtuamanaturezadosJuros,ouseja,nogeraumapresunodepagamentodeprlabore.

    Assim sendo, considerando que a contabilidade da recorrente no foidesconsiderada, sendo portanto, idnea, porque no houve demonstrao de qualquerirregularidadeparanomerecerfe,oslucrossendoapurados,demonstradoscontabilmenteeassimdistribudosnaformacomoacordadopelosscios,nodevesubsistirolanamento.

    Portodooexposto,estandooAutodeInfrao,subexamine,emdissonnciacomasnormas legaisque regulamentamamatria,VOTONOSENTIDODECONHECERDO RECURSO VOLUNTRIO para rejeitar as preliminares e, no mrito, DARLHEPROVIMENTO,pelasrazesdefatoededireitoacimaesposadas.

    comovoto.

    (assinadodigitalmente)

    RaydSantanaFerreira

    Fl. 963DF CARF MF