Saga de Um Garoto Cego Durante Os Anos 1970

Embed Size (px)

Citation preview

Saga de um garoto cego durante os anos 1970, que luta contra tudo e todos para alcanar seus sonhos e sua liberdade. Mirco um jovem toscano de dez anos apaixonado pelo cinema, que perde a viso aps um acidente. Uma vez que a escola pblica no o aceitou como uma criana normal, enviado para um instituto de deficientes visuais em Gnova. L, descobre um velho gravador e passa a criar histrias sonoras. Baseado na histria real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indstria cinematogrfica italiana

VERMELHO COMO O CU (Rosso come il Cielo, Itlia, 2006) Drama - 96 min. Direo: Cristiano Bortone Roteiro de Paolo Sassanelli, Cristiano Bortone e Monica Zapelli. Elenco: Francesco Campobasso (Davide), Luca Capriotti (Mirco), Simone Colombari (Padre Achille), Marco Cocci (Ettore), Andrea Gussoni (Valerio), Patrizia La Fonte (Suor Santa), Paolo Sassanelli (Don Giulio). Sinopse: Vero de 1970. Pontedera, perto de Pisa, na Itlia. Mirco Balleri (Luca Capriotti) um garoto toscano de 10 anos que gosta de brincar com os amigos de cabra-cega e de bolinha de gude, de consertar objetos quebrados (que ele mesmo quebra) e principalmente de ir ao cinema com o pai assistir a faroestes e comdias. O cinema a paixo de Mirco. Certo dia, Mirco sobe num caixote sobre uma cadeira para observar a espingarda do pai presa no alto de uma parede de sua casa. O menino escorrega, cai, a arma dispara e Mirco levado para o hospital com ferimentos nos olhos. Pouco tempo depois, vem a notcia: ele est cego. Mirco obrigado por lei a transferir-se de escola, sendo impedido de continuar estudando num colgio normal e acaba indo para um Internato de Cegos em Gnova, o tradicional Instituto Cassoni, onde passar a ser educado com a expectativa de aprender braile e tornar-se um tecelo ou telefonista. Com a ajuda de Francesca, a filha da arrumadeira do Internato, certo apoio do professor Giulio e o auxlio de um gravador/toca-fitas, mas contra o desejo do diretor do Instituto, o padre Achille, Mirco passa a explorar possibilidades alternativas de exercitar sua criatividade e seu modo de captar o que o mundo oferece aos seus sentidos e de expressar-se artisticamente. As descobertas de Mirco logo despertam o entusiasmo dos outros alunos do Internato, levando a

eles uma sensao de liberdade que muitos nunca tinham sentido antes. Os mtodos tradicionais da escola e sua existncia como um local de segregao social so questionados e tudo culminar na apresentao dos alunos no final do ano letivo Saga de um garoto cego durante os anos 70. Ele luta contra tudo e todos para alcanar seus sonhos e sua liberdade. Mirco (Luca Capriotti) um jovem toscano de dez anos apaixonado por cinema, que perde a viso aps um acidente. Uma vez que a escola pblica no o aceitou como uma criana normal, enviado para um instituto de deficientes visuais em Gnova. L, descobre um velho gravador e passa a criar histrias sonoras. Baseado na histria real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da...Leia a sinopse na ntegra. Gnero: Tempo: Lanamento: Classificao: Distribuidora: Drama 95 min. 20 de Abr, 2007 12 anos Califrnia Filmes

Lanamento DVD: Mai de 2008

Assistir, ver e sentir Sinopse: O menino Mirco sofre um acidente e perde a viso. Ele enviado para estudar em um internato para meninos cegos, onde fadado a ser telefonista ou tecelo. Quantos sentidos temos? Pergunta de uma resposta fcil e at um pouco clich: temos cinco sentidos. E quantos desses sentidos ns exploramos? Eis uma das questes principais do filme Vermelho Como o Cu (Rosso come il Cielo), produo italiana dirigida por Cristiano Bortone. Complementando a sinopse, o filme narra a histria de um menino apaixonado por cinema chamado Mirco que, ao sofrer um acidente, perde parte de sua viso e por isso privado da convivncia com pessoas "normais". Ele mandado para um Instituto na cidade de Gnova que acaba se mostrando mais preconceituoso e alienador que a sociedade em si. O menino descobre que o mundo pode ser visto de outras maneiras, que pode ser apalpado, escutado e sentido. Ele encontra um gravador e registra sons e barulhos diversos para transform-los em uma... redao, em uma estria. Mais tarde, e isso o filme no conta, essa narrativa se tornar a vida dele, pois o garoto Mirco Mencacci, consagrado editor de som do cinema italiano.

Bom seria muito pouco para o filme, alis, no seria a palavra certa. A palavra que melhor define a pelcula estimulante. Estimula o corpo a sentir, a aceitar novas experincias; estimula a cabea a se abrir, a aceitar novas diferenas e estimula a alma a pensar, aceitar novas sadas. Recomendo o filme para todos, videntes e no videntes. E, para as pessoas sensveis, recomendo tambm um leno a mais.

Ver escritores Criar perfil e publicar artigos! Minha Conta (Login) Pesquisa de artigos: VERMELHO COMO O CU: SOCIABILIDADE E SUBJETIVIDADE - O INDIVDUO TRANSPONDO OS LIMITES SOCIAISPesquisar

SOCIABILIDADE E SUBJETIVIDADE: O INDIVDUO TRANSPONDO OS LIMITES SOCIAIS[1] Renata Shirley de Santana Barbosa[2] RESUMO: Este artigo comenta o filme italiano dirigido por Cristiano Bortone, em 2004, intitulado Vermelho como o Cu (Rosso Come il Cielo) e tem por objetivo produzir reflexes entre contedos estudados na disciplina Psicologia Social, ministrada pela Professora Wedna Galindo, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o filme, que baseado na histria de vida de Mirco Mencacci, compositor e renomado editor de som do cinema italiano, que ainda na infncia, devido a um acidente, torna-se deficiente visual. Uma histria envolvente de coragem, determinao e superao frente aos preconceitos enfrentados pelo jovem artista na sociedade dos anos 70. PALAVRAS-CHAVE: determinao, preconceito, coragem, deficincia visual. DILOGO ENTRE O RELATO DO FILME E OS TEXTOS PROPOSTOS Vermelho como o Cu inicia com cenas da vida cotidiana do Mirco (protagonista do filme) que morava com seus pais em uma vila da Toscana. Ele costumava brincar com seus amigos e, sempre que podia, seu pai o levava para o cinema criando assim no s o hbito como o encantamento do menino por este tipo de arte. Para ressaltar a importncia da famlia e do contexto social na formao do indivduo e na compreenso de suas aes, destacamos o seguinte:

"Indivduo e sociedade so inseparveis, segundo a dialtica, pois o particular contem, em si o universal;deste modo, se desejamos conhecer cientificamente o ser humano, necessrio considera-lo dentro do contexto histrico, inserido em um processo constante de subjetivao/objetivao." (LANE, 1998, p. 15) Para aprofundar a discusso trazemos a posio de Borsoi (2004, p.22) quando cita Marx para enfatizar o fato do indivduo ser o produto da interao social: "Aqui Marx deixa claro que o indivduo o ser social porque no anttese da sociedade, pelo contrrio, o indivduo o produto da vida dos seres humanos em sociedade". O enredo do filme comea a tomar sentido a partir de um acidente que ocorre ao Mirco quando ele, por curiosidade, brincava com uma espingarda antiga e, ao ouvir a voz do pai, se assusta deixando a arma cair causando disparo acidental que acaba por lhe atingir na cabea, lesionando os seus olhos. Aps vrios exames o mdico explica aos pais que a criana necessita de cuidados especiais e, na poca as escolas pblicas no aceitavam crianas com deficincia visual e o pai de Mirco era de origem pobre, o que levou o mdico a recomendar o Instituto Cassoni, um colgio interno, religioso e tradicional (com mais de 100 anos). Sem mais alternativas os pais levaram Mirco para o Instituto e l foram recebidos pelo diretor, padre Achille, que explicou que o instituto era referncia em lidar com cegos e assim a criana teria a oportunidade de aprender o braile e um ofcio manual, como empalhar cadeiras, ressaltando que, ficando l at os 18 anos, aprender, com a disciplina, a ser "capaz" de viver em sociedade. Em se pensando na metodologia de ensino da instituio, onde era imposta severa disciplina, e o efeito dessa ao frente a subjetividade, citamos o seguinte: "Embora essas disciplinas reduzam em muito efetivamente o campo de exerccio das subjetividades privadas, impondo padres e controles muito fortes s condutas, imaginao, aos sentimentos, aos desejos e semoes individuais, faz parte de seu modo de funcionamento dissimular-se, esconderse, deixando-nos crer que somos cada vez mais livres, profundos e singulares."(FIGUEIREDO & SANTI, 2007, p. 20) A idia de que a disciplina nos levaria a crer que somos livres "capazes", no foi absorvida na subjetividade de Mirco que no aceitava a condio de cego, visto que era capaz de enxergar vultos. E a idia de se moldar s normas daquela instituio no lhe era bem aceita, gerando conflito interior, conforme nos mostra Lane (1998, p. 12):

"Sei que vivo em uma sociedade com normas, suas instituies, mas quem sou eu afinal? Um rob pr-planejado, uma pessoa bem ajustadas s normas vigentes, ou algum capaz de sentir de pensar e de agir de acordo com a minha conscincia?" . O primeiro amigo que Mirco faz no Instituto o Felice, cego de nascena, era uma criana que fugia da judiao dos outros meninos mais levados. Em parceria com Mirco pde questionar sobre como so as cores, e comparando as cores com coisas da natureza, Mirco descrever a cor vermelha comparando com o cu, ao entardecer, o que origina o nome do filme. Mirco no se adapta facilmente escola e no est disposto a aprender o braile, o que gera conflitos internos, aguados pela ausncia da famlia o queFIGUEIREDO & SANTI (2007, p. 20) nos esclarece: "A perda de referncias coletivas, como a religio, a "raa", o "povo", a famlia (grifo nosso), ou uma lei confivel obriga o homem a construir referncias internas. Surge um espao para a experincia da subjetividade privada: quem sou eu, como sinto, o que desejo, o que considero justo e adequado? Nessa situao o homem descobre que capaz de tomar suas prprias decises e que responsvel por elas. A conseqncia desse contexto o desenvolvimento da reflexo moral e do sentido da tragdia" Nesse contexto, Mirco em sua revolta, isolado no quarto, acaba encontrando um velho gravador, e esse equipamento lhe abre um leque de possibilidade, frente ao seu isolamento, pois, " caracterstica do homem a individualizao e isto que estna base da construo de sua individualidade, um processo que, por sinal, s pode ocorrer porque, necessariamente, est atrelado sociabilidade". (BORSOI, 2004, p. 26). Sendo assim Mirco resolve, com ajuda do Felice, fazer o trabalho sobre a natureza, proposto pelo seu Professor Don Giulio, atravs de gravaes. Porm, o trabalho no bem recebido por parte do Diretor que o repreende severamente, acusando-o de roubar o gravador e as fitas da escola para finalidades ilcitas, sem considerar a grande inovao e criatividade do trabalho desenvolvido pela criana. A insensibilidade do diretor, tambm cego, nos leva a trazer a tona o questionamento de Lane (1998, p. 16): "o que aconteceu com a nossa subjetividade para perdemos a capacidade de sentir amizade, de ter/ser amigo?" A partir desse momento Mirco passa a contar com o apoio do Professor Don Giulio que, com a sensibilidade de um educador, lhe presenteia com um gravador novo e o incentiva a utilizar outros sentidos e conseqentemente aprender o braile. Nesse meio tempo Mirco conhece Francesca, uma garota ousada, filha da zeladora da instituio, que em

parceria com Mirco vai viver diversas emoes, pois, o que chama a ateno da menina que ele afirma que ainda consegue enxergar, diferente dos outros garotos que reconheciam sua condio de cegos. E essa aceitao (ou no aceitao) est relacionada s emoes, significados e experincias do indivduo, como nos mostra Gonzlez-Rey: "As emoes tomam formas e relaes que no esto definidas de maneira imediata por um significado. Algo que duas pessoas compartilham com um mesmo significado no vai ter um mesmo valor emocional para elas. (...) Esses sentidos por sua vez sero responsveis pela trajetria de vida diferente dessas pessoas a partir da experincia que enfrentaram". (2004, p. 136) Sendo assim, Mirco pe em questo seus prprios limites, como quando se submete a andar de bicicleta junto com a Francesca, s escondidas, saindo do instituto por uma passagem secreta. Estabelecendo assim uma relao de amizade e cooperao e "a noo de cooperao implica interao e remete noo de sociedade, que, por sua vez, no significa anttese em relao ao indivduo e muito menos pode ser vista como separada da natureza". (BORSOI, 2004, p. 22) Em uma dessas sadas s escondidas, Mirco e Francesca conhecem

Ettore, um estudante cego que participa de protestos polticos e ex aluno do instituto, essa amizade vai ser mantida e bastante significativa no desfecho do filme. De uma forma geral Mirco passa a interagir mais com os colegas e a se dedicar aos estudos, assim podia manter seus encontros secretos e fazer as gravaes que desejava, na interao com os amigos, atitude explicada no trecho seguinte: "(...) o homem no pode desenvolver suas faculdades humanas na ausncia de contato humano e tambm no pode faz-lo se no houver condies biolgicas para tal. Ento, o homem necessariamente, um ser social, inclusive, porque nasce biologicamente em aberto tanto para construir sua hominizao como para construir-se indivduo. somente a partir de condies naturais e referncias sociais que o animal humano, pode tornar-se Homem". (BORSOI, 2004, p. 32) Mesmo sofrendo o risco de ser expulso pelo diretor, padre Achille, que acreditava que a criana cega no deveria se iludir devido a sua incapacidade visual, Mirco continua colocando em prtica a sua subjetividade atravs das gravaes, em udio, de sons de diversas coisas. Com uma imaginao fascinante Mirco e Francesca comeam a inventar uma histria de uma princesa e vrios irmos que eram rfos. Lane ilustra bem, no trecho abaixo, essa resistncia de Mirco:

"Atividade, conscincia, afetividade, identidade esto em processo de consolidao elas podem se cristalizar e teremos um cidado muito bem comportado, ou ela assumem o desafio de se reinventarem a partir de metamorfose da prpria identidade, como prope Ciampa (1987) " (LANE, 1998, p. 15) As sensaes trazidas pelos sons que Mirco conseguia captar acabaram envolvendo vrios outros meninos que, sempre em sigilo, se reuniam para dar sentido e voz a histria que estavam criando, sentido este explicado no seguinte: "O sentido subjetivo a integrao de uma emocionalidade de origens diversas que se integra a formas simblicas na delimitao de um espao da experincia do sujeito. (...) As emoes associadas condio de vida do sujeito se integram em sua produo de sentido". (GONZLEZ-REY, 2004, p. 127) Em uma das suas sadas s escondidas do instituto, Mirco decide levar os amigos ao cinema. As crianas fazem cotas e inventam uma desculpa para assistirem ao cinema sem a presena dos pais. Ali encontramos uma

. A sensao vivida pelas crianas que podiam estar no cinema e ouvir seus sons, mesmo sem poderdas mais belas cenas do filme enxergar as cenas, fato este motivado pelas fantsticas experincias que Mirco j havia tido indo ao cinema com seu pai. Fazendo isso eles rompiam com as normas institucionais para viver uma sensao concreta, realimentando os sonhos perdidos dessas crianas. Trazendo o reconhecimento dessas crianas enquanto protagonistas de suas histrias de vida: "podemos dizer que h um sujeito quando h produo de sentido, quando h diferenciao e singularidade. Sem isso, o sujeito fica anulado por determinaes objetivas externas". (GONZLEZ-REY, 2004, p. 138) No desfecho do filme, veremos que a vivncia dos meninos descoberta pelo diretor que, como punio, decide expulsar o Mirco. Contudo h a apelao do Professor Don Giulio para que o menino no seja expulso, visto que reconhece a produo da criana como uma forma de expresso e questiona frente ao Diretor, os valores da instituio. Em contrapartida, Francesa, a menina amiga de Mirco, procura Ettore, militante poltico que mobiliza toda a cidade e ameaa parar a metalrgica se o Mirco no fosse readmitido.

Por fim, Mirco readmitido e autorizado a apresentar sua histria no espetculo de final de ano da instituio, para os pais, compartilhando-o com os amigos. Mostrando uma nova forma de encarar a realidade por parte dos pais: "a subjetividade como produo de sentido estimula formas de racionalidade que facilitam assumir e compartilhar as produes de sentido em uma cultura". (REY, 2004, p. 133) "A subjetividade representa um sistema aberto, que se expressa de forma permanente atravs da ao, seja a de sujeitos individuais ou a das diferentes instancias e instituies sociais. Portanto, ela se caracteriza por seu carter processual e em nenhum momento representa um conjunto de entidades estticas, situadas em uma essncia que atua como determinante dos comportamentos do sistema". (REY, 2004, p. 133) A ao de Mirco e as parcerias que ele foi capaz de estabelecer, em sua interao social, transformaram a tradicional instituio, confirmando o que nos diz Rey: "Nenhum sistema na histria da humanidade foi capaz de neutralizar os sujeitos individuais, por mais que se tenha investido no progresso de sua domesticao. Essa capacidade subversiva da ordem estabelecida precisamente a que reivindica o valor da subjetividade para uma psicologia crtica e da libertao". (2004, p. 140) No desfecho do filme o diretor, padre Achille, foi destitudo do cargo e tempos depois o governo italiano baixou uma lei que integrou crianas cegas a rede pblica de ensino. Mirco Moncacci direcionou sua carreira para a produo musical. Por muito tempo teve seu prprio estudo na cidade Pontedera (Toscana) e, depois, criou em Roma (1999) uma empresa de psgraduao em som. Hoje responsvel pela edio de som de importantes filmes italianos, e tem planos de formar uma fundao que desenvolva e promova pesquisas no universo sonoro abrangendo o pblico em geral. No d para terminar a discusso sem levantar tantos elementos que foram importantes para que Mirco pudesse ser protagonista de sua histria. A perseverana, a determinao e a ousadia no foram castradas pela sua interao social. Os pais se mostram como fator motivador do desenvolvimento dele. Em uma das cenas iniciais podemos ver a me reclamando o fato dele quebrar (desmontar) todos os brinquedos para depois tornar a consert-los. Apesar de ser uma coisa comum das crianas, essa curiosidade no foi castrada dele e, apesar das reclamaes, os pais apoiavam as suas descobertas, o que pode ter facilitado o interesse dele por equipamentos, e o fato dele poder tornar til um velho gravador. Quando Mirco vence os prprios medos e ousa, ele tambm fortalece a postura do Professor Don Giulio que, mesmo adepto de novas idias educacionais, no tinha

coragem de enfrentar o diretor. Mas no podemos esquecer o papel fundamental de Ettore que, atravs da movimentao popular, conseguiu que o Diretor fosse demitido, reiterando a fora que a interao social em prol de fatores externos, que no lhe afeta diretamente, podem provocar transformaes. O filme nos leva a repensar nossa prtica e os nossos medos de enfrentar os desafios frente s imposies estruturais e sociais, como diria Lane: A subjetividade construda na relao dialtica entre o indivduo e a sociedade e suas instituies, ambas utilizam as mediaes das emoes, da linguagem, dos grupos a fim de apresentar uma objetividade questionvel, responsvel por uma subjetividade na qual estes cdigos substituem a realidade. Assim, objetividade/subjetividade como unidade dialtica mediada por uma estrutura denominada Subjetividade Social, a qual, atravs de cdigo afetivos e lingsticos garantem a manuteno do status quo.Como enfrentar esta cilada?(1998, p. 17) As reflexes e temticas que o longa Vermelho como o Cu provocam so muitas. A cena que traz os pais com olhos vedados assistindo o espetculo nos provoca a ter um olhar diferenciado e, assim como disse o Professor Don Giulio, a usar os outros sentidos e ento perdermos o etnocentrismo frente cultura do outro e as possveis limitaes fsicas. O filme ns incita a questionar ate que ponto estamos deixando que as barreiras sociais e estruturais limitem a nossa subjetividade e o nosso poder de transformao. Quantas coisas no concordamos e nos submetemos? Quantas idias no nos permitimos expor para no provocar a ira ou desconforto de algum? O apelo fica no sentido de que resgatemos a nossa subjetividade e o poder de ao, dentro da interao social na busca de melhorar o que acreditamos ser possvel. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BORSOI, Izabel Cristina Ferreira. O homem (no) um ser social: um debate superado? In: SILVA, Maria de F. S. e AQUINO, Cssia A. B. (org).Psicologia Social: Desdobramentos e Aplicaes. 1 Ed. So Paulo, Escrituras Editora, 2004. FIGUEIREDO, Lus Cludio M & SANTI, Pedro Luiz Ribeiro de. Psicologia uma (nova) introduo: uma viso histrica da psicologia como cincia. So Paulo, Editora Puc, 2007. LANE, Silvia T. Mourer. A dialtica da subjetividade versus objetividade. In: FURTADO, Odair & REY, Fernando L. Gozlez (org). Por uma epistemologia

da subjetividade: um debate entre a teoria scio-histrica e a teoria das representaes sociais. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2002. REY, Fernando Gozlez. O Social na Psicologia e a Psicologia no Social. Petrpolis, Editora Vozes, 2004 Filme: BORTONE, Cristiano. Filme Vermelho como o Cu (Rosso come il Cielo). Produo de Bortone, C. e Mazzocca, D., roteiro de Bortone, C., Zapelli, M. e Sassanelli, P., direo de Bortone, C., DVD, durao 95 minutos, gnero drama, classificao etria 12anos, distribuio nacional: California Filmes, Itlia, 2004. Site: CINTRA, Regina; TEIXEIRA, Erika; PERASSOLO, Joo. & LEIDE, Daiane. Disponvel em Vermelho como o Cu. Acessado em 24 de setembro de 2008.

VERMELHO COMO O CU (Rosso come il Cielo, Itlia, 2006) Drama - 96 min. Direo: Cristiano Bortone Roteiro de Paolo Sassanelli, Cristiano Bortone e Monica Zapelli. Elenco: Francesco Campobasso (Davide), Luca Capriotti (Mirco), Simone Colombari (Padre Achille), Marco Cocci (Ettore), Andrea Gussoni (Valerio), Patrizia La Fonte (Suor Santa), Paolo Sassanelli (Don Giulio). Sinopse: Vero de 1970. Pontedera, perto de Pisa, na Itlia. Mirco Balleri (Luca Capriotti) um garoto toscano de 10 anos que gosta de brincar com os amigos de cabra-cega e de bolinha de gude, de consertar objetos quebrados (que ele mesmo quebra) e principalmente de ir ao cinema com o pai assistir a faroestes e comdias. O cinema a paixo de Mirco. Certo dia, Mirco sobe num caixote sobre uma cadeira para observar a espingarda do pai presa no alto de uma parede de sua casa. O menino escorrega, cai, a arma dispara e Mirco levado para o hospital com ferimentos nos olhos. Pouco tempo depois, vem a notcia: ele est cego.

Mirco obrigado por lei a transferir-se de escola, sendo impedido de continuar estudando num colgio normal e acaba indo para um Internato de Cegos em Gnova, o tradicional Instituto Cassoni, onde passar a ser educado com a expectativa de aprender braile e tornar-se um tecelo ou telefonista. Com a ajuda de Francesca, a filha da arrumadeira do Internato, certo apoio do professor Giulio e o auxlio de um gravador/toca-fitas, mas contra o desejo do diretor do Instituto, o padre Achille, Mirco passa a explorar possibilidades alternativas de exercitar sua criatividade e seu modo de captar o que o mundo oferece aos seus sentidos e de expressar-se artisticamente. As descobertas de Mirco logo despertam o entusiasmo dos outros alunos do Internato, levando a eles uma sensao de liberdade que muitos nunca tinham sentido antes. Os mtodos tradicionais da escola e sua existncia como um local de segregao social so questionados e tudo culminar na apresentao dos alunos no final do ano letivo. AIRTON SHINTO Publicado no Recanto das Letras em 26/04/2007 Cdigo do texto: T465117

Indique para amigos Denuncie contedo abusivo

Comentrios

02/10/2009 19:10 - Raylane Soares Adorei a resenha, muito boa. 26/04/2007 18:56 - Alexandre Halfeld MUITO BOM TEXTO, PARABNS.