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SAM GOLDY SHOYAMA ODA
ESTUDO BIOMECNICO DE DUAS TCNICAS EXTRA-CAPSULARES PARA ESTABILIZAO DO JOELHO COM RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO
CRANIAL EM CES
SO PAULO
2008
SAM GOLDY SHOYAMA ODA
ESTUDO BIOMECNICO DE DUAS TCNICAS EXTRA-CAPSULARES PARA
ESTABILIZAO DO JOELHO COM RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO
CRANIAL EM CES
So Paulo
2008
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
graduao em Clnica Cirrgica Veterinria da
Faculdade de Medicina Veterinria e
Zootecnia da Universidade de So Paulo para a
obteno do ttulo de Mestre em Medicina
Veterinria
Departamento:
Cirurgia
rea de concentrao:
Clnica Cirrgica Veterinria
Orientador:
Profa Dra Julia Maria Matera
Autorizo a reproduo parcial ou total desta obra, para fins acadmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAO-NA-PUBLICAO
(Biblioteca Virginie Buff Dpice da Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universidade de So Paulo)
T.1992 Oda, Sam Goldy Shoyama FMVZ Estudo biomecnico de duas tcnicas extra-capsulares para
estabilizao do joelho com ruptura do ligamento cruzado cranial em ces / Sam Goldy Shoyama Oda. So Paulo : S. G. S. Oda, 2008. 113 f. : il.
Dissertao (mestrado) - Universidade de So Paulo. Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, 2008.
Programa de Ps-Graduao: Clnica Cirrgica Veterinria. rea de concentrao: Clnica Cirrgica Veterinria.
Orientador: Profa. Dra. Julia Maria Matera.
1. Ruptura do ligamento cruzado cranial. 2. Extra-capsular. 3. Sutura fabelo-tibial lateral. 4. Imbricao do retinculo modificada. 5. Ces. I. Ttulo.
FOLHA DE AVALIAO
Nome do autor: ODA, Sam Goldy Shoyama
Ttulo: Estudo biomecnico de duas tcnicas extra-capsulares para estabilizao do joelho com ruptura do ligamento cruzado cranial em ces
Data:___/___/___
Banca Examinadora
Prof. Dr. __________________________ Instituio: _________________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: _________________________
Prof. Dr. __________________________ Instituio: _________________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: _________________________
Prof. Dr. __________________________ Instituio: _________________________
Assinatura: ________________________ Julgamento: _________________________
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Clnica Cirrgica Veterinria da Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universidade de So Paulo para a obteno do ttulo de Mestre em Medicina Veterinria
Ao meu pai Jos Hirochi Oda
por acreditar em mim e por ser
um exemplo a ser seguido,
minha eterna gratido.
Juliana Koszka pelo apoio
e carinho em mais esta etapa de
minha vida.
Aos meus amigos e familiares
que direta ou indiretamente me
guiam na conquista de cada dia.
DEDICATRIA
Prof. Dra. Julia Maria Matera pela orientao nesta importante etapa de minha vida.
Ao Doutor Roberto Freire da Mota e Albuquerque por viabilizar a execuo deste estudo
junto ao Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade
de So Paulo.
Ao Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
So Paulo por permitir a realizao deste trabalho junto ao Laboratrio de Ensaios
Biomecnicos LIM-41.
Ao Tecnlogo Csar Augusto Martins pelo suporte no desenvolvimento e execuo deste
projeto de pesquisa.
Anglica Ceclia Tatarunas pela ajuda no desenvolvimento inicial deste projeto de
pesquisa.
Aos Companheiros de Ps Graduao por me acompanharem em mais esta conquista, pelo
carinho demonstrado e pelos conselhos e desabafos nos momentos difceis.
Aos funcionrios Jos Miron Oliveira da Silva, Jesus dos Anjos Vieira, Otavio Rodrigues
dos Santos e Cledson Lelis dos Santos pela ajuda neste estudo e pelo indispensvel suporte na
rotina do Servio de Cirurgia de Pequenos Animais da FMVZ/USP.
Aos funcionrios Antonio Carlos Malaquias, Milton Gregrio dos Santos e Carlito dos
Santos Belauda Clnica Mdica de Pequenos Animais pela ajuda no desenvolvimento deste
estudo e por serem to solcitos.
os Mdicos Veterinrios Viviane Sanchez Galeazzi, Tatiana Soares da Silva, Andressa
Gianotti Campos, Patrcia Ferreira de Castro, Sandra Rosner, Joo Luiz Krumenerl e Rodrigo
de Benedetto por contribuirem em meu desenvovimento como mdico veterinrio.
Neuza Gomes da Silva por sua amizade e conselhos que me tornam um homem melhor.
Aos Secretrios Belarmino Ney Pereira e Alessandra Aparecida Araujo de Sousa da
Secretaria do Departamento de Cirurgia da FMVZ/USP.
Elza Maria Rosa Bernardo Faquim e demais funcionrios da Biblioteca Virginie Buff
Dpice pela simpatia, competncia e disposio para ajudar.
Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP) pela bolsa
concedida.
RESUMO
ODA, S. G. S. Estudo biomecnico de duas tcnicas extra-capsulares para estabilizao do joelho com ruptura do ligamento cruzado cranial em ces. [Biomechanical study of two extra capsular techniques for stabilization of the knee with cranial cruciate ligament rupture in dogs]. 2008. 113 f. Dissertao (Mestrado em Medicina Veterinria) Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2008.
A instabilidade do joelho resultante da ruptura do ligamento cruzado cranial apresenta-se como
sendo uma das principais causas de dor, em membro plvico, manifestada por animais da espcie
canina. Tal instabilidade pode gerar alteraes como o desenvolvimento de osteoartrose e leso de
menisco, principalmente o medial. Com o intuito de restabelecer a estabilidade da articulao,
muitas tcnicas vm sendo desenvolvidas de forma que as alteraes provenientes de tal afeco
sejam minimizadas. Com uma dimenso similar de variedades esto os materiais utilizados em
diferentes tcnicas ou at mesmo para o mesmo tipo de procedimento. A tcnica ideal, bem como
o material de escolha ainda so muito discutidos dentre os autores pesquisados. O presente
trabalho avaliou a biomecnica das tcnicas de sutura fabelo-tibial lateral (SFTL) e a tcnica de
imbricao do retinculo modificada (SFTLM), em joelhos de cadveres de ces, na estabilizao
do joelho com ruptura do ligamento cruzado cranial, utilizando-se fio de nilon monofilamento
leader line (60 libras). Foram avaliados rigidez articular e deslocamento craniais e caudais da tbia
em relao aos cndilos do fmur, proporcionados pelo tipo de material e tcnicas cirrgicas,
sendo os resultados obtidos comparados com os resultados do joelho ntegro e entre si. A anlise
estatstica encontrou diferena na gaveta cranial de todos os grupos (ligamento cruzado cranial
ntegro (LCCr), ligamento cruzado cranial rompido (RLCCr), SFTL e SFTLM) e na comparao
da gaveta caudal entre o grupo RLCCr e SFTLM e entre o grupo SFTL e SFTLM. Outras
diferenas foram encontradas na rigidez cranial dos grupos LCCr, RLCCr e reconstrudo, no
sendo observado diferena entre a rigidez de SFTL e SFTLM. As duas tcnicas testadas
diminuem a instabilidade do joelho, sendo a SFTLM mais efetiva em tal promoo, porm tal
tcnica influencia de forma mais evidente na biomecnica do ligamento cruzado caudal, sendo
importante a avaliao de tal interferncia a longo prazo. Estas duas tcnicas extra-capsulares
testadas, apesar de diminuirem significativamente a translao cranial da tbia em relao ao
fmur, no restauram a rigidez articular quando comparadas com a biomecnica do joelho ntegro.
Palavras-chave: Ruptura do ligamento cruzado cranial. Extra-capsular. Sutura fabelo-tibial lateral. Imbricao do retinculo modificada. Ces.
ABSTRACT
ODA, S. G. S. Biomechanical study of two extra capsular techniques for stabilization of the knee with cranial cruciate ligament rupture in dogs. [Estudo biomecnico de duas tcnicas extra-capsulares para estabilizao do joelho com ruptura do ligamento cruzado cranial em ces]. 2008. 113 f. Dissertao (Mestrado em Medicina Veterinria) Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2008.
Knee instability resulting from an insufficient cranial cruciate ligament is the major cause of
hind limb lameness in dogs. This instability can result in osteoarthrosis and medial meniscal
injury. Many surgical techniques have been developed to restore knee stability and to reduce
degenerative joint desease. There is a similarly huge variability in materials utilized for
different or the same techniques. An ideal technique and material arent established yet. This
study analyzed the biomechanics of the lateral fabellar suture technique (SFTL) and the
modified retinacular imbrication technique (SFTLM) in stabilizing cadaveric cranial cruciate
ligament deficient stifles with 60 lb nylon leader line. Articular cranio-caudal stiffness and
tibial translation were evaluated and compared between different techniques and with the
intact knee. The statistical analysis revealed significant differences between all groups (intact
cranial cruciate ligament (LCCr), ruptured cranial cruciate ligament (RLCCr), SFTL and
SFTLM) in the cranial tibial translation. In the caudal tibial translation a significant statistical
difference was seen between RLCCr and SFTLM groups and between reconstructed ones.
Other differences were found in the cranial stiffness between LCCr, RLCCr and reconstructed
groups, but not between SFTL and SFTLM. Both techniques tested reduced joint instability
but SFTLM was more efficient, although it affected the caudal cruciate ligament
biomechanics more evidently when compared with the SFTL technique. This long-term
evaluation of the caudal influence induced by SFTLM will be important. Despite of the
reduction in the tibial cranial translation by these two different extra capsular techniques,
none have maintained normal stifle stiffness.
Key words: Cranial cruciate ligament rupture. Extra capsular. Lateral fabellar suture. Modified retinacular imbrication. Dogs.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Preparao da pea para o ensaio biomecnico destacando o joelho
removido em bloco, o tensionamento do lao com auxlio de dinammetro digital e a fixao do n com auxlio de porta agulha So Paulo - 2007......................................................................................44
Figura 2 Mquina de ensaio biomecnico Kratos 5002 composta por parte
eletrnica e parte mecnica So Paulo 2007 .....................................47
Figura 3 Dispositivo de fixao do joelho mquina de ensaios biomecnicos. A) Garra de fixao do fmur; B) Garra de fixao da tbia; C) Clula de carga So Paulo 2007....................................................................48
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tabela 1 Peso corpreo (quilos), sexo, raa e membro plvico de
cada co utilizado nos ensaios biomecnicos com carga de 100 Newtons - So Paulo 2007 .................................................................52
Tabela 2 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 01. So Paulo, 2007 .............................................................................55
Tabela 3 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 01. So Paulo, 2007 ...........................................................55 Tabela 4 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 02. So Paulo, 2007 .............................................................................56
Tabela 5 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 02. So Paulo, 2007 ...........................................................56 Tabela 6 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 03. So Paulo, 2007 .............................................................................57
Tabela 7 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 03. So Paulo, 2007 ...........................................................57 Tabela 8 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 04. So Paulo, 2007 .............................................................................58
Tabela 9 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 04. So Paulo, 2007 ...........................................................58 Tabela 10 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 05. So Paulo, 2007 .............................................................................59
Tabela 11 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 05. So Paulo, 2007 ...........................................................59 Tabela 12 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 06. So Paulo, 2007 .............................................................................60
Tabela 13 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 06. So Paulo, 2007 ...........................................................60
Tabela 14 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 07. So Paulo, 2007 .............................................................................61
Tabela 15 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 07. So Paulo, 2007 ...........................................................61 Tabela 16 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 08. So Paulo, 2007 .............................................................................62
Tabela 17 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 08. So Paulo, 2007 ...........................................................62 Tabela 18 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 09. So Paulo, 2007 .............................................................................63
Tabela 19 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas no joelho 09. So Paulo, 2007 ...........................................................63 Tabela 20 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 10. So Paulo, 2007 .............................................................................64
Tabela 21 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 10. So Paulo, 2007 ...........................................................64 Tabela 22 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 11. So Paulo, 2007 .............................................................................65
Tabela 23 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 11. So Paulo, 2007 ...........................................................65 Tabela 24 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 12. So Paulo, 2007 .............................................................................66
Tabela 25 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 12. So Paulo, 2007 ...........................................................66 Tabela 26 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 13. So Paulo, 2007 .............................................................................67
Tabela 27 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 13. So Paulo, 2007 ...........................................................67
Tabela 28 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 14. So Paulo, 2007 .............................................................................68
Tabela 29 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 14. So Paulo, 2007 ...........................................................68 Tabela 30 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 15. So Paulo, 2007 .............................................................................69
Tabela 31 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 15. So Paulo, 2007 ...........................................................69 Tabela 32 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 16. So Paulo, 2007 .............................................................................70
Tabela 33 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 16. So Paulo, 2007 ...........................................................70 Tabela 34 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 17. So Paulo, 2007 .............................................................................71
Tabela 35 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 17. So Paulo, 2007 ...........................................................71 Tabela 36 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 18. So Paulo, 2007 .............................................................................72
Tabela 37 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 18. So Paulo, 2007 ...........................................................72 Tabela 38 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 19. So Paulo, 2007 .............................................................................73
Tabela 39 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 19. So Paulo, 2007 ...........................................................73 Tabela 40 Deslocamento cranial e caudal da tbia em relao ao fmur aps
carga de 100 Newtons, nas diferentes situaes testadas no joelho 20. So Paulo, 2007 .............................................................................74
Tabela 41 Rigidez cranial e caudal apresentada nas diferentes situaes testadas
no joelho 20. So Paulo, 2007 ...........................................................74
Tabela 42 - Valores das foras residuais apresentadas pelos joelhos nas diferentes situaes de ensaio. So Paulo, 2007 ...................................75
Tabela 43 - Gaveta cranial (GCRAN) em milmetros apresentada pelos
diferentes grupos nos trs ciclos de 100 Newtons de carga com respectivas mdias, desvios padres (DP) e probabilidades estatsticas (P). So Paulo, 2007............................................................82
Tabela 44 - Gaveta caudal (GCAU) em milmetros apresentada pelos diferentes
grupos nos trs ciclos de 100 Newtons de carga com respectivas mdias, desvios padres (DP) e probabilidades estatsticas (P). So Paulo, 2007............................................................................................82
Tabela 45 - Rigidez cranial (RCRAN) em Newton/milmetro apresentada pelos
diferentes grupos nos trs ciclos de 100 Newtons de carga com respectivas mdias, desvios padres (DP) e probabilidades estatsticas (P). So Paulo, 2007............................................................83
Tabela 46 - Rigidez caudal (RCAU) em Newton/milmetro apresentada pelos
diferentes grupos nos trs ciclos de 100 Newtons de carga com respectivas mdias, desvios padres (DP) e probabilidades estatsticas (P). So Paulo, 2007............................................................83
Tabela 47 - Gaveta cranial (GCRAN) e caudal (GCAU) em milmetros e rigidez
cranial (RCRAN) e caudal (RCAU) em Newton/milmetro apresentadas pelos diferentes grupos nos ensaios biomecnicos com carga de 100 Newtons com respectivas mdias, desvios padres (DP) e probabilidades estatsticas (P). So Paulo, 2007 ................................84
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Exemplo de grfico de ensaio biomecnico de inflexo realizado no experimento. So Paulo, 2007...............................................................53
Grfico 2 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 01 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................55
Grfico 3 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 02 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................56
Grfico 4 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 03 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................57
Grfico 5 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 04 nas diferentes
situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................58
Grfico 6 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 05 nas diferentes
situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................59
Grfico 7 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 06 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................60
Grfico 8 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 07 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................61
Grfico 9 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 08 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................62
Grfico 10 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 09 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................63
Grfico 11 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 10 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................64
Grfico 12 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 11 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................65
Grfico 13 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 12 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................66
Grfico 14 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 13 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................67
Grfico 15 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 14 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................68
Grfico 16 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 15 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................69
Grfico 17 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 16 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................70
Grfico 18 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 17 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................71
Grfico 19 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 18 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................72
Grfico 20 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 19 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................73
Grfico 21 - Ensaios biomecnicos referentes ao joelho 20 nas diferentes situaes testadas, durante os trs ciclos cranio-caudais. So Paulo, 2007.......................................................................................................74
Grfico 22 - Comparao grfica dos valores mdios de gaveta cranial de cada um dos grupos quando submetidos aos trs ciclos de 100 Newtons. So Paulo, 2007.....................................................................................76
Grfico 23 - Comparao grfica dos valores mdios de gaveta caudal de cada um dos grupos quando submetidos aos trs ciclos de 100 Newtons. So Paulo, 2007............................................................................................77
Grfico 24 - Comparao grfica dos valores mdios de rigidez cranial de cada um dos grupos quando submetidos aos trs ciclos de 100 Newtons. So Paulo, 2007.....................................................................................77
Grfico 25 - Comparao grfica dos valores mdios de rigidez caudal de cada um dos grupos quando submetidos aos trs ciclos de 100 Newtons. So Paulo, 2007.....................................................................................78
Grfico 26 - Comparao grfica da mdia e desvio padro da gaveta cranial apresentada pelos diferentes grupos quando submetidos aos ensaios com carga de 100 Newtons. So Paulo, 2007 .......................................79
Grfico 27 - Comparao grfica da mdia e desvio padro da gaveta caudal apresentada pelos diferentes grupos quando submetidos aos ensaios com carga de 100 Newtons. So Paulo, 2007 .......................................80
Grfico 28 - Comparao grfica da mdia e desvio padro da rigidez cranial apresentada pelos diferentes grupos quando submetidos aos ensaios com carga de 100 Newtons. So Paulo, 2007 .......................................80
Grfico 29 - Comparao grfica da mdia e desvio padro da rigidez caudal apresentada pelos diferentes grupos quando submetidos aos ensaios com carga de 100 Newtons. So Paulo, 2007 .......................................81
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BCM: banda crnio-medial
CSK: n quadrado fixado com porta agulha
CT: tratamento conservador
EA: extra-articular
FHT: tcnica de transposio da cabea da fbula
FTS: tcnica de sutura fabelo-tibial padro
HH: sliding half-hitch knot com total de cinco laadas utilizando fio no
estril
HK: duplo n quadrado com total de quatro laadas utilizando fio no estril
e auxlio de Harris Knotter
HOVET FMVZ/USP: Hospital Veterinrio da Faculdade de Medicina
Veterinria e Zootecnia da Universidade de So Paulo
IA: intra-articular
LCCr: ligamento cruzado cranial
LFS: sutura lateral da fabela
LGT: tcnica extra-capsular com enxerto de tendo patelar e fascia lata
NFL: fio de nilon para pesca
NLL: fio de nilon leader line
PCL: poro caudo-lateral
RLCCr: ruptura do ligamento cruzado cranial
SCC: sistema crimp-clamp da Securos
SEC: sistema crimp-clamp da Securos com fio no estril
SFTL: sutura fabelo-tibial lateral
SFTLM: sutura fabelo-tibial lateral e medial
SLK: self-locking knot com total de cinco laadas e fio no estril
SQ: n quadrado fixado aps primeira laada e mais quatro laadas
consecutivas com fio no esterilizado
SS: n quadrado fixado aps primeira laada e mais quatro laadas
consecutivas utilizando fio esterilizado em autoclave
TPA: ngulo do plat tibial
TPLO: osteotomia de nivelamento do plat tibial
TRAP: fosfatase cida resistente ao tartarato
SUMRIO
1 INTRODUO ...............................................................................................19
1.1 OBJETIVOS .....................................................................................................22
1.2 JUSTIFICATIVA..............................................................................................23
2 REVISO DE LITERATURA ......................................................................24
2.1 ETIOPATOGENIA, EPIDEMIOLOGIA E DIAGNSTICO .........................25
2.2 TCNICAS CIRRGICAS..............................................................................28
2.3 MATERIAL DOS IMPLANTES E TCNICAS DE FECHAMENTO DO
LAO................................................................................................................34
3 MATERIAL E MTODOS............................................................................40
3.1 ANIMAIS..........................................................................................................41
3.2 TCNICA CIRRGICA ..................................................................................42
3.2.1 Artrotomia........................................................................................................42
3.2.2 Tcnica da sutura fabelo-tibial lateral...........................................................42
3.2.3 Tcnica da sutura fabelo-tibial lateral e medial ...........................................43
3.3 MATERIAL DE SUTURA E TIPOS DE NS................................................43
3.4 MTODO DE ESTERILIZAO DOS FIOS ................................................44
3.5 ENSAIO BIOMECNICO...............................................................................45
3.6 ANLISE ESTATSTICA ...............................................................................49
4 RESULTADOS................................................................................................50
4.1 COLHEITA DE MATERIAL...........................................................................51
4.2 ENSAIO BIOMECNICO DE INFLEXO ...................................................53
4.3 ENSAIO BIOMECNICO...............................................................................54
4.4 FORA RESIDUAL.........................................................................................75
4.5 COMPARAO NO MESMO GRUPO .........................................................76
4.6 COMPARAO ENTRE OS GRUPOS..........................................................79
4.7 ANLISE ESTATSTICA ...............................................................................82
4.7.1 Comparao no mesmo grupo........................................................................82
4.7.2 Comprao entre os grupos ............................................................................84
4.7.3 Fora residual ..................................................................................................85
5 DISCUSSO....................................................................................................86
6 CONCLUSES ...............................................................................................99
REFERNCIAS ............................................................................................101
1 INTRODUO
INTRODUO 20
ODA, S. G. S.
1 INTRODUO
O joelho do co uma junta de transmisso biarticulada, estabilizada por um sistema
ligamentar e por restritores secundrios que so solicitados conforme a demanda biomecnica
(LEOPIZZI, 1998), ou seja, basicamente formado por um cilindro (dois cndilos), acomodado
sobre uma superfcie plana (plat tibial), sendo sua movimentao controlada por ligamentos
e no por sua estrutura ssea (articulao ligamento-dependente). Trata-se de uma articulao
com dois graus de liberdade sendo um deles a rotao em torno do eixo longo da tbia e o
segundo os movimentos que permitem a flexo e extenso no eixo transverso ao nvel dos
cndilos femorais (SLOCUM; SLOCUM, 1998).
A articulao femoro-tibio-patelar formada por duas articulaes funcionalmente
distintas: a articulao femoro-tibial responsvel pela sustentao do peso e a articulao
femoro-patelar que possui como principais funes manter a patela no sulco troclear,
aumentar a eficincia mecnica do grupo do msculo quadrceps e facilitar o movimento de
extenso (VASSEUR, 2003).
Os meniscos so estruturas fibrocartilagneas de configurao semilunar que se interpe
entre os cndilos femorais e o plat tibial. Possuem sua face dorsal em forma de cunha, sendo
suas bordas mais espessas e sua fixao cpsula articular; cada um deles possui dois pontos
de ancoragem no plat tibial, ligamento menisco-tibial cranial e caudal, bem como um
ligamento intermeniscal unindo os ligamentos menisco-tibiais craniais de ambos. Alm destas
estruturas o menisco lateral ainda possui o ligamento menisco-femoral que o une ao fmur. As
funes dos meniscos incluem absoro de energia e transferncia de estresse atravs da
articulao, estabilizao e lubrificao da articulao, e preveno de leso da cpsula
sinovial entre as faces articulares do fmur e da tbia (VASSEUR, 2003).
Os principais ligamentos responsveis pelo suporte da estrutura do joelho so os
ligamentos colaterais (medial e lateral) e os cruzados (cranial e caudal). Os ligamentos
colaterais limitam os movimentos do tipo varo (ligamento colateral lateral) e valgo (ligamento
colateral medial) da tbia principalmente extenso, j que na flexo os cruzados so mais
importantes neste controle. O ligamento cruzado caudal previne a translao caudal da tbia
em relao ao fmur (movimento de gaveta caudal) e ajuda a limitar a rotao interna da tbia
INTRODUO 21
ODA, S. G. S.
atravs de sua toro com o ligamento cruzado cranial; secundariamente o cruzado caudal
auxilia a conter a hiperextenso e ajuda a limitar os movimentos tipo varo e valgo no joelho
em flexo. O ligamento cruzado cranial (LCCr) dividido em dois componentes funcionais, a
banda crnio-medial (BCM) e a poro caudo-lateral (PCL) (VASSEUR, 2003), e funciona
parcialmente tenso durante a flexo do joelho, onde somente as fibras da BCM esto sujeitas a
solicitao de carga, mudando seu comportamento na extenso, tornando a BCM e a PCL
tensas e ativas funcionalmente (LEOPIZZI, 1998). Possui uma conformao em espiral
formando um ngulo de 90 entre seus pontos de fixao e tem como principais funes
conter o movimento de gaveta cranial e a hiperextenso do membro, assim como limitar a
rotao interna da tbia e prevenir movimento varo e valgo em excesso enquanto o joelho est
fletido (VASSEUR, 2003).
A instabilidade do joelho decorrente da ruptura do ligamento cruzado cranial uma das
mais freqentes causas de dor em membro plvico de ces (ARNOCZKY, 1980). No ano de
2003, nos Estado Unidos, foi estimado um gasto de mais de 1,3 bilhes de dlares, pelos
proprietrios, no tratamento de seus ces portadores de ruptura do ligamento cruzado cranial
(WILKE et al., 2005).
Trauma pode ser um dos motivos da ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCCr), porm
inmeros autores afirmam que a RLCCr secundria a mudanas degenerativas crnicas que
ocorrem no ligamento (HOHN; NEWTON, 1975). Foi observado que o interior do ligamento
e a sua poro mediana deterioram mais cedo que as camadas superficiais e as regies
prximas da insero no osso. Em cada co os ligamentos cruzados cranial e caudal so
afetados e a severidade das alteraes parece ser equivalente nos dois joelhos (VASSEUR;
POOL; ARNOCZKY, 1985).
Alguns fatores como porte da raa e idade dos animais so citados como predisponentes a
RLCCr. Whitehair e Vasseur (1993) referem maior freqncia de RLCCr em ces de raa
grande e gigante do que em ces de raas pequenas. A fora do ligamento cruzado cranial do
co reduz com a idade, sendo correlacionada com a perda da organizao dos feixes de fibras
e mudanas metaplsicas dos elementos celulares (VASSEUR et al., 1985). As alteraes
apresentam-se mais pronunciadas em ces jovens de raas de grande porte, diferentemente das
raas de pequeno porte que ocorre tardiamente (VASSEUR, 2003). O maior ndice de RLCCr
apresentado por ces com idade superior a 5 anos est associado com as alteraes
INTRODUO 22
ODA, S. G. S.
degenerativas observadas no ligamento (HOHN; NEWTON, 1975). A influncia da castrao
de machos e fmeas sobre o aumento da incidncia de RLCCr tambm foi relatada quando
comparados machos inteiros com machos castrados e fmeas inteiras com fmeas castradas,
porm a prevalncia de RLCCr entre machos e fmeas no foi constatada (VASSEUR, 2003).
Muitas so as tcnicas e materiais disponveis para a correo da instabilidade gerada pela
RLCCr, sendo algumas usadas isoladamente ou em associao. Basicamente as tcnicas so
divididas em dois tipos: intra-articulares (IA) e extra-articulares (EA). Segundo Korvick,
Johnson e Schaeffer (1994) a escolha do cirurgio pela tcnica a ser utilizada depende
principalmente do peso do animal e da durao do quadro de injria.
1.1 OBJETIVOS
Os objetivos da pesquisa foram:
1. Avaliar a biomecnica do joelho ntegro e portador de ruptura do ligamento cruzado
cranial.
2. Avaliar a biomecnica do joelho portador de ruptura do ligamento cruzado cranial
submetido tcnica de estabilizao retinacular lateral (HULSE; JOHNSON, 2001)
utilizando fio de nilon leader line1 (60 libras).
3. Avaliar a biomecnica do joelho portador de ruptura do ligamento cruzado cranial
submetido tcnica de imbricao do retinculo modificada (SCHAEFER; FLO,
1998), usando fio de nilon leader line1 (60 libras).
4. Comparar a biomecnica das tcnicas com a do joelho ntegro e entre si.
1 Hard Type Nylon Leader Material, Mason Tackle Co, Otisville, MI, USA
INTRODUO 23
ODA, S. G. S.
1.2 JUSTIFICATIVA
A ruptura do ligamento cruzado cranial a afeco que acomete a articulao do joelho do
co com maior freqncia. Dentre as formas de tratamento cirrgico, as tcnicas ditas extra-
capsulares, ou seja, aquelas que utilizam os tecidos periarticulares para promover a
estabilidade articular so amplamente empregadas. Entre as tcnicas extra-capsulares, a sutura
fabelo-tibial lateral bastante popular na ortopedia canina, havendo vrios estudos pertinentes
aos vrios tipos de materiais utilizados e a sua biomecnica. Em literatura consultada
constatou-se que alguns autores preconizam a adio de uma sutura fabelo-tibial medial.
Porm no foi encontrado nenhum estudo biomecnico referente incorporao concomitante
de ambas as suturas, fabelo-tibial lateral e medial, bem como a comparao entre as duas
tcnicas como forma de reparao do ligamento cruzado cranial rompido. Desta forma, esta
pesquisa teve por objetivo realizar o estudo biomecnico de ambas as tcnicas e compar-las
entre si.
2 REVISO DE LITERATURA
REVISO DE LITERATURA 25
ODA, S. G. S.
2 REVISO DE LITERATURA
Para uma melhor compreenso da reviso de literatura esta foi dividida em:
Etiopatogenia, epidemiologia e diagnstico.
Tcnicas cirrgicas.
Material dos implantes e tcnicas de fechamento do n.
2.1 ETIOPATOGENIA, EPIDEMIOLOGIA E DIAGNSTICO
Vasseur et al. (1985) determinaram as propriedades mecnicas do LCCr de 65 ces de
diferentes idades e pesos corporais. Observaram um decrscimo nas caractersticas do LCCr
com relao idade, bem como a influncia do peso corpreo dos animais sobre tais
caractersticas. A diminuio na carga mxima e energia absorvida com a idade foi
significativamente menor no LCCr de ces com peso inferior a 15 quilos quando comparadas
com as observadas em ces pesando 15 quilos ou mais. Atravs do exame microscpico do
LCCr e dos demais ligamentos femoro-tibiais coletados dos membros plvicos contra-laterais
foi constatado que os animais com mais de 15 quilos j apresentavam evidncias consistentes
de doena degenerativa em LCCr aos cinco anos e piorando com o avanar da idade, sendo
que os ces com menos de 15 quilos em geral demonstraram menor severidade degenerativa,
a qual iniciou-se mais tardiamente nesta categoria. O ligamento cruzado caudal tambm
apresentou degenerao, porm raramente to severa quanto a observada no LCCr e o sexo do
animal no influenciou sobre o grau de degenerao.
O fato de ces mais pesados serem mais propensos a RLCCr suportado por estudo
realizado por Tatarunas et al. (2006) e Tatarunas et al. (2007) os quais constataram que as
raas Rottweiler, Labrador, Boxer e Pit Bull foram as mais acometidas.
REVISO DE LITERATURA 26
ODA, S. G. S.
Em estudo retrospectivo realizado no HOVET FMVZ/USP com animais submetidos ao
tratamento da RLCCr de forma conservadora, Morais, Tatarunas e Matera (2007) constataram
um predomnio de fmeas afetadas (70,9%), sendo as raas mais acometidas o Rottweiler
(19%), Pit Bull (19%) e o Poodle (19%).
Moore e Read (1995) referem que 22% dos animais estudados exibiram RLCCr do
membro contralateral dentro de um perodo de 14 meses aps a leso inicial.
Wingfield et al. (2000) realizaram estudo comparando as propriedades biomecnicas do
LCCr de ces da raa Rottweiler e Greyhound. Observaram que o Rottweiler possui uma
mdia de rea de corte transverso de LCCr maior, porm com o joelho estendido, os valores
de carga mxima e rigidez foram significativamente menores. Notaram tambm que o
mecanismo de falha apresentado com maior freqncia foi a ruptura na poro mdia, seguida
por avulso tibial sendo que nenhuma ruptura por avulso femoral foi observada. Os autores,
segundo os resultados obtidos, sugerem que os ces da raa Rottweiler so mais susceptveis a
RLCCr do que os ces da raa Greyhound.
A investigao das caractersticas histolgicas e ultraestruturais do LCCr
macroscopicamente ntegro de ces da raa Labrador Retriever (predisposta a RLCCr) e da
raa Greyhound (no predisposta a RLCCr) demonstrou diferenas nas propores e
dimetros das fibras de colgeno do LCCr das duas raas, bem como na predominncia de
tecido fibrocartilagneo. Tal tecido, considerado por Vasseur et al. (1985) como representativo
de doena degenerativa do LCCr, sugerido como uma adaptao fisiolgica s demandas
fsicas, trao e compresso, protegendo o LCCr dos ces da raa Greyhound contra
fragmentao mecnica devido a compresso repetitiva (COMERFORD et al., 2006).
Leopizzi (1998) analisou as diferenas de comportamento biomecnico em relao ao
ngulo de flexo-extenso articular (110, 135 e 155) atravs de ensaios mecnicos
destrutivos, avaliando os limites de elasticidade, resistncia mxima, rigidez e deformao,
com a finalidade de caracterizao do tecido ligamentar. Os resultados comprovados
estatisticamente indicaram diferenas significativas entre os grupos de ensaio, mostrando que
o LCCr torna-se mais rgido durante a extenso, e mais frouxo na flexo articular, sendo que
os mecanismos de falncia ligamentar mostraram-se dependentes do ngulo de ensaio.
Romano et al. (2006) avaliou a funo biomecnica da articulao do joelho de ces,
comparando a medida de deslocamento cranial e a rigidez articular da tbia em relao ao
fmur em articulaes ntegras e com ruptura de ligamento cruzado cranial. A anlise
REVISO DE LITERATURA 27
ODA, S. G. S.
estatstica dos resultados encontrados revelou diferena significativa entre os dois grupos
tanto para o deslocamento quanto para a rigidez. Os autores concluem que, quando
comparados, a translao cranial da tbia em relao ao fmur acrescida em quatro vezes e a
rigidez articular diminuda em uma vez e meia.
A importncia do ngulo do plat tibial (TPA) na fisiopatologia da RLCCr no est
completamente elucidada, porm sugerido por Slocum e Slocum (1993) que quanto maior
este ngulo, maior ser a instabilidade do joelho com RLCCr, acarretando desta forma em
evoluo mais rpida e severa de osteoartrose. Tal teoria no foi confirmada por Havig et al.
(2007), os quais avaliaram o efeito da sutura fabelo-tibial lateral sobre o TPA e
correlacionaram-no com a evoluo clnica dos ces tratados por esta tcnica. Observaram
que o TPA no foi alterado aps tratamento com a sutura fabelo-tibial lateral e que no houve
correlao entre TPA e a evoluo clnica dos pacientes. Desta forma os autores referem que
o TPA no possui valor preditivo sobre a evoluo clnica de ces tratados por esta tcnica de
estabilizao do joelho com LCCr deficiente.
Smith (2000) refere a importncia do LCCr no apenas como restritor primrio, mas
tambm como mecanoreceptor para a funo normal do membro. Comenta que a falha no seu
papel como mecanoreceptor, devido a sua degenerao, tem influncia no modo de atuao da
musculatura, levando a diminuio da carga a que o membro exposto.
As propores, dos cirurgies quanto ao mtodo diagnstico utilizado para a RLCCr,
observadas foram: 98% dos cirurgies usam o teste de gaveta cranial com joelho flexionado
em 140 e a radiografia do joelho afetado requisitada principalmente nos casos crnicos
(81%) (KORVICK; JOHNSON; SCHAEFFER, 1994).
Recentemente tem-se observado crescente ateno aos mediadores e clulas relacionados a
inflamao gerada pela RLCCr em busca de um melhor entendimento do processo de leso
ligamentar, bem como seus possveis papis na degenerao articular progressiva. Muir et al.
(2005) observaram aumento na expresso de metaloproteases 2 e 9, bem como catepsina S
associados a RLCCr, sendo estes possveis e importantes mediadores da degenerao
progressiva da articulao do joelho. Tais mediadores podem ser possveis alvos para futura
terapia antiinflamatria.
Comerford et al. (2005) sugere que o aumento da expresso de pro-metaloproteinase-2
encontrado em ces com predisposio a RLCCr pode ser resultado de uma maior amplitude
REVISO DE LITERATURA 28
ODA, S. G. S.
de movimento cranio-caudal do joelho e maior taxa de renovao do colgeno do LCCr,
quando comparados com ces que no possuem tal predisposio.
Muir, Manley e Hao (2006) sugerem envolvimento de clulas mononucleares com
receptores para catepsina K e TRAP (fostase cido resistente ao tartarato) na degenerao do
LCCr. Tais clulas foram observadas infiltradas nos LCCr rompidos e foram relacionadas
com a colagenlise local.
2.2 TCNICAS CIRRGICAS
Flo (1975) desenvolveu a tcnica de imbricao do retinculo modificada que consiste em
suturas fabelo-tibiais lateral e medial adicionadas de uma terceira sutura fabelo-patelar com o
intuito de promover a estabilizao do joelho com RLCCr, porm Schaefer e Flo (1998)
descrevem a mesma tcnica sem a terceira sutura (sutura fabelo-patelar) pois esta raramente
incorporada na tcnica, permanecendo apenas as suturas fabelo-tibiais lateral e medial.
Korvick, Johnson e Schaeffer (1994) caracterizaram a preferncia de cirurgies
veterinrios com relao a tcnica cirrgica utilizada e observaram que para ces com menos
de 11 quilos, 80% dos cirurgies usam tcnicas extra-articulares; para ces que pesam entre
11 e 29 quilos, 52% dos cirurgies utilizam tcnicas extra-articulares; j para ces acima de
29 quilos, 52% preferiram a tcnica extra-articular para os casos crnicos. Dentre as tcnicas
extra-articulares utilizadas a mais comum foi a sutura fabelo-tibial lateral.
Em estudo prospectivo realizado atravs do Colgio Americano de Cirurgies Veterinrios
com 755 ces totalizando 861 joelhos com RLCCr, Lampman, Lund e Lipowitz (2003)
constataram que a tcnica de sutura fabelo-tibial lateral para correo do LCCr rompido foi a
mais comumente utilizada, perfazendo 57% dos joelhos operados pelos diferentes cirugies.
A sutura fabelo-tibial lateral composta por um lao de fio ancorado proximal ao
ligamento fabelo-femoral e distal a um tnel na tuberosidade tibial (KORVICK; JOHNSON;
SCHAEFFER, 1994; LAMPMAN; LUND; LIPOWITZ, 2003; ARTHURS; LANGLEY-
HOBBS, 2007). Trata-se de uma variao da tcnica descrita por DeAngelis e Lau (1970)
REVISO DE LITERATURA 29
ODA, S. G. S.
onde uma sutura era realizada entre a fabela lateral e a poro mais distal do ligamento
patelar.
Gungo et al. (2007) observaram um ndice de 91% de sucesso no retorno a funo
normal do membro em ces de porte grande e gigante com RLCCr estabilizados por uma
variao da tcnica extra-capsular de SFTL, a qual baseia-se na utilizao de ncora ssea no
ponto de fixao femoral e tnel duplo na tuberosidade tibial com fio de polister misto,
siliconizado, multifilamento (Vitafil) fechado com n. Apesar do bom resultado clnico, os
autores citam 21% de falha na fixao da ncora ssea e dois casos de ruptura do fio utilizado.
Comparando a biomecnica de diferentes tipos de ncoras sseas para a sua utilizao nesta
mesma variao da tcnica extra-capsular, Giles et al. (2008) referem melhor posicionamento
da ncora na poro caudal do cndilo femoral e viabilidade de sua utilizao com NLL de 60
libras.
Moore e Read (1995) atravs de um estudo retrospectivo em um perodo de quatro anos e
quatro meses compararam a evoluo clnica de ces com LCCr insuficientes operados por
tcnicas intra-capsulares, extra-capsulares ou por transposio da cabea da fbula. O estudo
retrospectivo demonstrou que indiferentemente da tcnica utilizada 85,7 a 91% dos ces
apresentaram melhora clnica aps a cirurgia, porm menos de 50% dos ces apresentaram-se
clinicamente sos do membro operado e 9 a 14,3% mantiveram dor persistente do membro.
Nenhuma associao estatstica foi encontrada entre o resultado aps a cirurgia e a idade, peso
corporal, sexo, perodo de leso antes da cirurgia, causa da leso, ngulo do plat tibial, grau
de osteoartrite antes da cirurgia e leso concorrente de menisco medial. Ao exame fsico, as
tcnicas extra-capsulares aparentaram superioridade quando comparadas com a transposio
da cabea da fbula em termos de estabilidade da articulao e funo do membro.
Patterson et al. (1991) compararam por biomecnica quatro tcnicas comumente utilizadas
na reparao de RLCCr de ces. Avaliaram a frouxido (gaveta cranial) e rigidez atravs de
joelho de cadveres de ces no ps-operatrio imediato. Quanto s tcnicas testadas a
transposio da cabea da fbula resultou em maior rigidez e menor frouxido quando
comparada com as demais, j a tcnica de imbricao lateral apresentou menor frouxido e
maior rigidez que as tcnicas de tendo patelar e enxerto de fascia. De acordo com estes
resultados, eles sugerem que dentre os mtodos reconstrutivos testados a transposio da
cabea da fbula a tcnica que possui propriedades biomecnicas superiores no ps-
operatrio imediato. Tal sugesto pode ser discutida ao avaliarmos os resultados encontrados
REVISO DE LITERATURA 30
ODA, S. G. S.
por Dupuis et al. (1994) em estudo realizado com esta mesma tcnica de estabilizao do
joelho com RLCCr, onde os autores afirmam que a tcnica de transposio da cabea da
fbula no controla o movimento de gaveta cranial e a instabilidade rotacional, no sendo bem
sucedida na restaurao da funo normal do membro e na preveno de degenerao
articular e de leses de menisco.
Chauvet et al. (1996) realizaram um estudo retrospectivo avaliando a funo do membro e
a progresso de osteoartrose em joelhos de ces de grande porte (peso corpreo maior ou
igual a 22,7 quilos) tratados para RLCCr com a tcnica de transposio da cabea da fbula
(FHT), sutura lateral da fabela (LFS) e tratamento conservador (CT). De acordo com a
avaliao da recuperao dos animais pelos proprietrios a LFS foi a que apresentou melhores
resultados clnicos quando comparada aos demais tratamentos, sendo que a pontuao da
avaliao da recuperao para CT no diferiu estatisticamente de FHT. Aps avaliao por
veterinrios no foram encontradas diferenas significativas na pontuao para dor,
instabilidade do joelho e anlise em placa de fora entre os diferentes tipos de tratamento. Os
autores citam que aparentemente os sinais de gaveta, crepitao e espessamento de cpsula
no so correlacionados com a piora clnica do animal e que a progresso de doena
degenerativa articular ocorreu independentemente do tratamento realizado. Vasseur e Berry
(1992) chegaram a mesma concluso em estudo realizado com progresso da osteoartrose
aps reconstruo intra-capsular em ces com RLCCr.
Harper et al. (2004) realizaram trabalho comparando a estabilidade do joelho normal com a
estabilidade proporcionada pela tcnica extra-capsular com enxerto de tendo patelar e fascia
lata (LGT) no joelho com deficincia do LCCr. Determinaram se diferentes pontos de
ancoragem na tbia proporcionariam um aumento na estabilidade do joelho com LCCr
deficiente quando comparado com a tcnica de sutura fabelo-tibial padro (FTS). Aps
analise dos resultados observaram que a tcnica de enxerto LGT utilizada apresentou rigidez e
deformao similares s apresentadas por FTS em ensaio in vitro, e citam como vantagens da
LGT o uso de material biolgico que elimina a possibilidade de reao ao corpo estranho,
alm de possvel remodelamento do enxerto in vivo proporcionando um menor ndice de
rotao externa, comumente gerada pelas tcnicas extra-capsulares. Com relao mudana
dos pontos de ancoragem na tbia nenhuma melhora do ponto de vista funcional em relao a
FTS foi observada. Concluem que das diferentes tcnicas testadas nenhuma delas apresentou
REVISO DE LITERATURA 31
ODA, S. G. S.
rigidez similar do LCCr intacto e que seria importante um estudo clnico com a tcnica LGT
de tendo patelar e fascia lata.
Romano (2006) realizou ensaios biomecnicos em joelhos de ces e no encontrou
diferena estatsticamente significativa entre o movimento de gaveta cranial do joelho com
LCCr ntegro e estabilizado por SFTL com fio de nilon fechado com anel de ao. Observou
tambm que tal tcnica no recupera a rigidez articular quando comparada com a rigidez da
articulao com o LCCr ntegro.
Selmi et al. (2003) refere a alterao dos vetores de fora e do centro instantneo de
movimento em alguns joelhos reconstrudos pela tcnica SFTL sugerindo compresso das
superfcies articulares, fato tambm sugerido por Smith (2000).
Chailleux et al. (2007), atravs de anlise cinemtica tridimensional, avaliaram a tcnica de
imbricao do retinculo modificada segundo sua influncia durante a flexo-extenso do
joelho. Observaram grande restrio da amplitude de movimento, com aumento significativo
da rotao externa da tibia e abduo do joelho, no sendo observado movimento de gaveta
cranial. Referem que a rotao externa e abduo elas so decorrentes da fixao do fio
lateral, e que devido a esta sua predominncia o uso do fio medial questionvel. Sugerem
tambm que tal diminuio da amplitude de movimento deva ser resultante da fixao dos
fios em pontos no isomtricos, podendo ser justificada tambm pela inibio do movimento
de translao caudal normal do cndilo femoral lateral sobre o plat tibial resultante da
restrio da rotao axial normal da tibia (ARNOCZKY; MARSHALL, 1977).
Barana Jnior et al. (2007) descrevem a tcnica de interligao extra-capsular femoro-
fabelo-tibial e seu uso com sucesso na restrio do movimento de gaveta cranial e rotao
interna excessiva da tibia em ces com RLCCr.
Lopez et al. (2006) descrevem a utilizao de prtese intra-articular em rupturas parciais
do LCCr com bons resultados. A aplicao de tal implante tem como objetivo diminuir a
carga sobre o LCCr permitindo a cicatrizao da leso.
Budsberg et al. (1988) realizou exame com placa de fora em nove ces com ruptura de
ligamento cruzado cranial antes e aps a realizao da tcnica de imbricao do retinculo.
No exame pr-operatrio todos os animais apresentaram pico de fora vertical, impulsos
associados e distribuio do peso significativamente menor no membro afetado quando
comparados com o membro clinicamente sadio. Aos sete meses de ps-operatrio os animais
j apresentavam um aumento em todas as foras verticais e crnio-caudais do membro
REVISO DE LITERATURA 32
ODA, S. G. S.
operado, o qual com o passar do tempo no apresentou diferenas significativas ao exame em
placa de fora quando comparado com o outro membro. Os resultados encontrados indicam
restaurao da funo do membro afetado quando comparado com o membro clinicamente
sadio atravs de placa de fora durante o perodo de estudo.
Atravs de estudo prospectivo a longo prazo, Innes et al. (2000) avaliaram resposta
funcional do membro plvico com RLCCr em um perodo de trs a cinco anos de ps-
operatrio. Segundo avaliao dos proprietrios seus animais apresentaram melhora da funo
do membro na avaliao de um ano aps a interveno cirrgica, porm vinham apresentando
piora gradativa no decorrer do tempo. Ao exame fsico sinais de doena articular degenerativa
foram observados, porm os autores discutem o resultado da avaliao dos proprietrios, j
que grande parte dos animais apresentavam alteraes sugestivas de quadro inicial de RLCCr
no membro contralateral. Desta forma uma possvel alterao do membro no operado
poderia ter influenciado a avaliao dos proprietrios do membro tratado com tcnica de
estabilizao.
A determinao da evoluo e o efeito de trs diferentes tcnicas para reparao do LCCr
rompido sobre a funo do membro em ces da raa Labrador foi realizada por Conzemius et
al. (2005). Em seu estudo os autores constataram que independente da tcnica utilizada, a taxa
de retorno a funo normal do membro baixa e que, segundo os resultados obtidos foram
semelhantes, entre a tcnica de sutura fabelo-tibial lateral e a osteotomia para nivelamento do
plat tibial e as duas foram superiores a tcnica intra-capsular over-the-top.
Em estudo retrospectivo, comparando as tcnicas de osteotomia de nivelamento do plat
tibial (TPLO) e extra-capsular atravs de anlise radiogrfica a longo prazo, no pde ser
observado diferena significativa entre a evoluo da osteoartrose, porm atravs de modelo
de regresso observou-se uma maior probabilidade de evoluo desfavorvel da osteoartrose
nos ces submetidos a estabilizao extra-capsular quando comparados com a TPLO (LAZAR
et al., 2005).
Francis, Millis e Head (2006) avaliaram a quantidade de massa muscular e densidade ssea
do membro plvico de ces portadores de RLCCr submetidos a estabilizao por SFTL em
diferentes perodos do ps-operatrio. Observaram perda significativa de tecido muscular e
diminuio da densidade ssea, sendo esta mais pronunciada nas regies metafisrias da tibia.
O contrrio foi observado no membro contralateral, o qual teve aumento das duas variveis
analisadas, resultado do aumento compensatrio de carga sobre o membro no afetado.
REVISO DE LITERATURA 33
ODA, S. G. S.
Arthurs e Langley-Hobbs (2007) descrevem a luxao de patela, tanto medial quanto
lateral, como complicao da interveno cirrgica para reparo da RLCCr, quer esta seja
intra-capsular, extra-capsular ou TPLO. Em seu estudo retrospectivo, os autores citam a
tcnica extra-capsular como a mais utilizada para o reparo da RLCCr e relatam uma
incidncia de 0,18% de luxao de patela aps realizao de procedimento cirrgico para
reparo do LCCr, sendo a luxao de patela medial em 94% dos casos e lateral nos 6%
restantes. Na maior parte dos casos os autores no conseguiram identificar a causa da luxao
de patela, porm sugerem a falha imediata ou tardia da sutura da cpsula articular, excesso de
tenso na sutura do retinculo, atrofia muscular, flacidez das estruturas periarticulares e
instabilidade de patela como as principais causas da luxao de patela como complicao da
cirurgia de reparo do LCCr.
Tem-se dado crescente importncia aos estudos relacionados a medicina baseada em
evidncias por se tratar de uma avaliao sistemtica de pesquisas, cujo objetivo auxiliar no
processo de deciso dos clnicos e cirurgies sobre sua variedade de problemas clnico-
cirrgicos. Um estudo utilizando a medicina baseada em evidncias para avaliar as tcnicas
cirrgicas disponveis para estabilizao do joelho com RLCCr em ces constatou uma
ausncia de estudos de maior nvel de evidncia (nveis I e II), dificultando o estabelecimento
de uma tcnica cirrgica superior dentre as mais estudadas (TPLO, estabilizao por sutura
extra-capsular, transposio da cabea da fbula e tcnica intra-capsular) (ARAGON;
BUDSBERG, 2005). Fato tambm observado por Kim et al. (2008), os quais compararam as
osteotomias de nivelamento do plat tibial e tcnicas mais tradicionais de estabilizao do
joelho e concluiram no haver dados disponveis suficientes para uma adequada comparao
entre as tcnicas estudadas.
REVISO DE LITERATURA 34
ODA, S. G. S.
2.3 MATERIAL DOS IMPLANTES E TCNICAS DE FECHAMENTO DO N
O nilon e o polipropileno so os materiais mais comumente utilizados, e quando do uso
das tcnicas extra-articulares, os cirurgies utilizam com freqncia o fio de nilon leader line
de 60 libras (KORVICK;JOHNSON; SCHAEFFER, 1994).
Selmi et al. (2003) comparou a utilizao de fio de ao e polipropileno na confeco da
SFTL segundo o centro instantneo de movimento e direo do vetor de velocidade.
Observou manuteno das duas caractersticas nos joelhos reconstrudos com polipropileno,
sendo este material sugerido pelos autores como de caractersticas mais favorveis do que o
fio de ao.
Muitos tipos de materiais para sutura so utilizados na estabilizao de LCCr pela tcnica
extra-capsular. Embora o fio de nilon leader line seja considerado por alguns o mais
apropriado material para este tipo de procedimento, o fio de nilon monofilamento para pesca
muito utilizado. O estudo avalia quatro marcas de fios de pesca monofilamento com o
intuito de determinar a superioridade do material bem como o mtodo de esterilizao de
escolha. As marcas utilizadas foram Ande, Berkley, Hi-Seas e Maxima todas de 36
quilos/teste. Antes da esterilizao as marcas Ande e Maxima apresentaram maior fora.
Com a esterilizao sendo realizada por xido de etileno, mnima deformao dos fios foi
observada, porm trs das marcas testadas (Ande, Hi-Seas e Maxima) obtiveram
significativa queda na fora quando comparadas com os resultados apresentados previamente
esterilizao ou aps esterilizao em autoclave. A esterilizao em autoclave por sua vez,
resultou em significativa deformao dos materiais testados e efeito sobre a fora
demonstrou-se variado. Considerando todos os materiais testados a marca Ande como
sendo a de escolha quando o mtodo de esterilizao a ser utilizado for o xido de etileno e as
marcas Ande ou Maxima quando o mtodo de esterilizao for a autoclave (SICARD et
al., 1999).
Ensaio mecnico comparou duas marcas de fio de nilon para pesca Ande e Sufix e
trs marcas de fio de nilon leader line Ande, Mason e Jinkai todas de 36 quilos/teste, e
avaliou o efeito da esterilizao por autoclave e por xido de etileno sobre suas propriedades,
bem como as propriedades mecnicas do sistema crimp-clamp desenvolvido comercialmente
para o reparo extra-articular do joelho canino. De acordo com os resultados obtidos o mtodo
REVISO DE LITERATURA 35
ODA, S. G. S.
de esterilizao deve ser preferencialmente o xido de etileno o qual preservou a fora e
minimizou a deformao dos materiais testados. Dentre os materiais testados o fio de nilon
leader line da marca Mason foi o que apresentou menor deformao e maior preservao
de sua fora quando submetido esterilizao por xido de etileno. J quando o mtodo de
esterilizao a ser utilizado a autoclave o fio de nilon leader line da marca Mason e o
fio de nilon para pesca da marca Sufix apresentaram caractersticas semelhantes. Quanto
ao sistema crimp-clamp com o fio da Mason este apresentou deformao
significativamente menor do que a apresentada pelo fio da Mason fechado com n
(SICARD; HAYASHI; MANLEY, 2002).
Lewis, Milthorpe e Bellenger (1997) determinaram as propriedades mecnicas de trs
materiais (polipropileno no2, polister multifilamentoso revestido com polibutilato no5 e 18,
27, 36 quilos/teste fio de nilon leader line da marca Mason) comumente utilizados na
estabilizao extra-capsular do joelho de ces com RLCCr. Compararam a eficincia da
estabilizao do joelho com RLCCr de ces com o fio de nilon leader line (36 quilos/teste) e
polister multifilamentoso revestido com polibutilato no5 e avaliaram os efeitos dos diferentes
tipos de esterilizao sobre o fio de nilon leader line. Segundo as propriedades mecnicas
observadas para os diferentes materiais os autores relatam a fraqueza apresentada pelo
polipropileno no2 e no recomendam este tipo de material para o uso clnico. J o polister
multifilamentoso revestido com polibutilato no5 e o 18 quilos/teste nilon leader line
apresentaram carga falha equivalentes, ressaltando que quanto maior for o calibre do fio de
nilon leader line, maior resistncia a carga ele possui. Concluram que dos materiais testados
o fio de nilon monofilamento leader line o melhor para estabilizao extra-capsular do
joelho com RLCCr por ter apresentado caractersticas biomecnicas satisfatrias, devendo ser
esterilizado preferencialmente por xido de etileno.
Caporn e Roe (1996) realizaram estudo com o objetivo de avaliar o comportamento
mecnico de dois tipos de fio de nilon monofilamento de 27 e 36 quilos/teste (fio de nilon
para pesca da marca Ande Premium NFL e fio de nilon leader line da marca Mason
NLL) e a influncia da esterilizao sobre suas caractersticas, bem como o desempenho
mecnico do local de fixao na fabela lateral utilizado na tcnica de sutura fabelo-tibial
lateral. Os laos de NLL no tiveram suas caractersticas afetadas pela esterilizao (xido de
etileno e autoclave) e apresentaram maiores cargas falha e rigidez quando comparados com
os laos de NFL, os quais foram significativamente afetados pela esterilizao apresentando
REVISO DE LITERATURA 36
ODA, S. G. S.
diminuio da carga mxima, rigidez e aumento da deformao. O NLL de 27 quilos/teste
apresentou caractersticas que o tornam o mais habilitado para o uso na tcnica de sutura
fabelo-tibial lateral, j que o efeito apresentado por um n mais volumoso do NLL de 36
quilos/teste e a dificuldade de manuseio do fio mais calibroso no demonstrou ser vantajoso.
Os autores constataram tambm que ao contrrio do que foi observada em outros estudos, a
fixao do NLL com o auxlio de porta-agulha no momento da confeco do n no
enfraqueceu o lao, ao contrrio, permitiu confeco de um n mais justo, o qual apresentou
menor deformao, maior carga mxima e rigidez. Comparando os laos testados com fixao
em parafuso e com fixao na fabela lateral, estes demonstraram desempenho melhor quando
ciclados com carga de 50 Newton e inferiores quando ciclados com carga de 100 Newton.
As caractersticas biomecnicas do fio de nilon leader line de 27,3 quilos/teste da marca
Mason no estril e esterilizado (por autoclave ou xido de etileno) utilizando no
fechamento do fio o sistema crimp-clamp ou n quadrado totalizando cinco laadas foram
comparadas. Os laos fechados com o sistema crimp-clamp foram superiores aos laos
fechados com n em todos os parmetros testados (carga falha, tenso inicial do lao e
deformao do lao) independente do mtodo de esterilizao. Os autores concluram que o
sistema crimp-clamp proporciona caractersticas superiores quando comparado com o mtodo
de fixao por n em ensaio in vitro utilizando-se fio de nilon leader line da marca
Mason de 27,3 quilos/teste (ANDERSON et al., 1998).
As propriedades mecnicas do sistema de reparo de 18 e 36 quilos para ligamento cruzado
cranial da empresa Securos foram avaliadas. Dois mtodos de fechamento do fio foram
utilizados, sistema crimp-clamp da Securos (SCC) e o n quadrado fixado com porta
agulha (CSK). Os autores tambm testaram o fio de 27 quilos com o sistema crimp-clamp
para fio de 36 quilos. Os resultados observados em SCC para 27 e 36 quilos foram iguais ou
melhores que os observados em CSK com os mesmos fios, porm os SCC para 18 quilos
demonstraram eficincia inferior aos CSK. Em todos os testes a ruptura do fio ocorreu
prximo do n ou anel de ao, sendo que apenas o SCC para fio de 18 quilos falhou por
deslizamento do fio pelo anel de ao, apresentando desta forma considervel variabilidade na
deformao e carga falha. Os autores recomendam o uso do sistema crimp-clamp para fios
de nilon leader line de 27 e 36 quilos (BANWELL et al., 2005).
Peycke et al. (2002) compararam mecanicamente seis mtodos de fechamento do fio
utilizando o nilon monofilamento leader line (NLL) da marca Mason de 27,3 e 36,4
REVISO DE LITERATURA 37
ODA, S. G. S.
quilos/teste comumente utilizados por cirurgies veterinrios no reparo extra-capsular da
RLCCr. Os seis mtodos utilizados foram: n quadrado fixado aps primeira laada e mais
quatro laadas consecutivas utilizando fio esterilizado em autoclave (SS); n quadrado fixado
aps primeira laada e mais quatro laadas consecutivas com fio no esterilizado (SQ); sliding
half-hitch knot com total de cinco laadas utilizando fio no estril (HH); self-locking knot
com total de cinco laadas e fio no estril (SLK); sistema crimp-clamp da Securos com
fio no estril (SEC) e duplo n quadrado com total de quatro laadas empregando fio no
estril e auxlio de Harris Knotter (HK). Todos os laos testados falharam por quebra do fio
em at trs milmetros de distncia do n ou anel de ao. O mtodo HK apresentou maior
deformao que os demais mtodos, exceto pela deformao apresentada por SLK. J o
mtodo SEC apresentou fora equivalente aos mtodos tradicionais (SQ e HH) utilizando-se o
fio de 27,3 quilos/teste e mais forte que estes se utilizando o fio de 36,4 quilos/teste.
Nwadike e Roe (1998) compararam a influncia do tipo de n sobre a performance
mecnica de dois tipos de material de nilon monofilamento (fio de pesca Ande Premium
e o fio leader line Mason), ambos de 27 quilos/teste, quando submetidos carga continua
at a falha e ciclos de carga e posterior carga at a falha. Os tipos de ns testados foram o n
quadrado fixado aps a primeira laada e mais quatro laadas consecutivas e o slip knot com
trs laadas consecutivas. Os resultados obtidos demonstraram que determinado tipo de n
pode melhorar o desempenho mecnico de diferentes tipos de nilon monofilamento, desta
forma os autores sugerem o uso do n slip knot para o fio de nilon leader line e o n
quadrado fixado aps primeira laada para o fio de nilon para pesca com intuito de otimizar
o desempenho mecnico do lao na sutura fabelo-tibial.
Huber, Egger e James (1999) avaliaram os efeitos dos diferentes tipos de ns sobre as
propriedades mecnicas de fios monofilamento no absorvveis e de grande dimetro
comumente utilizados na estabilizao extra-capsular de joelhos instveis. Os tipos de ns
testados foram n quadrado, n de cirurgio, sliding half-hitch e n quadrado fixado aps a
primeira laada e os tipos de fios foram nilon no2 USP, polipropileno no2, polybutester no2,
nilon de pesca monofilamento Ande Premium e nilon leader line Mason, ambos de
27 quilos/teste. Levando em conta os parmetros clinicamente importantes (rigidez e ponto de
deformao permanente) os autores referem que o tipo de n no gera efeitos
significativamente diferentes para os fios nilon no2 e polybutester no2; o n de cirurgio no
recomendado para o polipropileno no2, 27 quilos/teste nilon de pesca e leader line; o n
REVISO DE LITERATURA 38
ODA, S. G. S.
sliding half-hitch diminuiu a fora necessria para que o fio de nilon leader line apresentasse
deformao permanente e o n quadrado fixado aps a primeira laada no demonstrou
efeitos adversos imediatos sobre as propriedades dos materiais testados como sugerido por
outros autores. Os autores concluem de seu estudo que os diferentes tipos de ns geram
influncia sobre as caractersticas dos diferentes tipos de material e devem ser considerados.
Moores et al. (2006) descreveram uma variao da tcnica de fechamento do fio pelo
sistema crimp-clamp da Securos para fio de nilon leader line de 80 libras. Nesta tcnica
descrita, os autores utilizaram o alicate do sistema, mas no usaram o dispositivo de
tensionamento do lao. Ela baseia-se na plissagem do anel de ao em seu ponto mdio e
posterior trao manual do fio, desta forma o anel mantm o fio tensionado mesmo aps a
liberao de suas pontas livres. Com o lao j tensionado duas plissagens so acrescentadas
nas extremidades do anel de ao. Comparando-se mecanicamente a tcnica descrita com a
recomendada pelo fabricante no foram observadas diferenas estatsticas significativas
quanto a carga mxima e rgidez dos laos testados. Os autores ressaltam que uma das
vantagens da tcnica descrita a facilidade de execuo sem a necessidade de um auxiliar.
Laos de NLL de 27 quilos/teste (Mason e Securos) fechados por dois tipos diferentes
de n e dois sistemas de anel de ao foram comparados mecanicamente. Ao teste de carga
falha foi observada mais na tenso inicial do lao e rigidez nos sistemas de anel de ao
quando comparados com o fechamento por n verdadeiro fixado aps a primeira laada
totalizando cinco laadas. Ao teste cclico os laos fechados por n apresentaram maior
deformao e queda mais rpida da tenso. Desta forma concluiu-se que os sistemas de anel
de ao apresentam maior rigidez e resistem de forma mais efetiva, em ambos os testes, antes
de se deformarem permanentemente (VIANNA; ROE, 2006).
Moores et al. (2006) constataram que a variao individual da fora aplicada ao anel de
ao, tanto no sistema da Securos, quanto no sistema da Veterinary Instrumentation, tem
relao direta com a carga mxima suportada pelo lao antes da falha.
McCartney, OConnor e McCann (2007) em estudo com 110 casos de animais submetidos
a estabilizao do joelho com RLCCr atravs da tcnica de SFTL encerrada com o sistema
crimp-clamp relatam uma taxa de 8% de falha prematura e um ndice de 9% de infeco
cirrgica quando da utilizao deste sistema.
Olmstead (1993) utilizou fio ortopdico como sutura lateral na estabilizao do joelho com
RLCCr. O autor refere que a tcnica simples e pouco traumtica, promove boa estabilidade
REVISO DE LITERATURA 39
ODA, S. G. S.
e pode ser usada para animais de diferentes tamanhos mudando-se apenas o dimetro do fio
ortopdico. Alguns pontos negativos da tcnica utilizada so a formao de trajetos com
exsudato na regio do fio ortopdico, quebra do fio entre dois e 12 meses e dor gerada pelo fio
rompido. Apesar da quebra do fio, o autor cita que at este perodo a fibrose periarticular j
foi promovida e quase toda estabilidade do joelho est estabelecida. Refere algumas
complicaes com a tcnica, porm todas de fcil soluo.
A utilizao de fio de polister misto, siliconizado, multifilamento (Vitafil) fechado com
n, diferentemente de outros estudos (SMITH, 2000), no gerou reas de seroma e sinais de
infeco, quando utilizados em uma variao da tcnica de sutura fabelo-tibial lateral
(GUNGO et al., 2007).
Buquera et al. (2002) compararam por Raio-X e aspectos macroscpicos a tcnica
extracapsular de SFTL com fio de poliamida ou polister tranado, sendo observado sinais de
efuso, distenso e espessamento da cpsula articular, eroso da cartilagem do cndilo
femoral lateral e perda da tenso do lao, nos dois grupos at a ltima avaliao de 60 dias de
ps-operatrio.
3 MATERIAL E MTODOS
MATERIAL E MTODOS 41
ODA, S. G. S.
3 MATERIAL E MTODOS
O presente trabalho foi realizado na Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da
Universidade de So Paulo no Laboratrio do Aparelho Locomotor e o ensaio biomecnico no
Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clinicas no Laboratrio de Ensaios
Biomecnicos LIM-41.
3.1 ANIMAIS
Foram utilizados 20 joelhos de cadveres de ces que pesavam entre 20 e 30 quilos.
A integridade do sistema locomotor do membro utilizado foi realizada analisando a
amplitude articular, estabilidade (teste de gaveta), aumento de volume de partes moles e
presena de crepitao da articulao do joelho.
Os membros plvicos dos cadveres foram retirados por desarticulao da cabea do
fmur, embrulhados em papel toalha umedecido com soluo fisiolgica NaCl 0,9%,
acondicionados em sacos plsticos e armazenados a 20C (PATTERSON et al., 1991;
LEWIS; MILTHORPE; BELLENGER, 1997).
O material foi descongelado temperatura ambiente apenas no dia do ensaio biomecnico.
Aps o descongelamento do membro, sua musculatura foi dissecada, permanecendo intacta a
cpsula articular, bem como os msculos de origem ou insero prxima a ela (PATTERSON
et al., 1991).
MATERIAL E MTODOS 42
ODA, S. G. S.
3.2 TCNICA CIRRGICA
As descries das tcnicas cirrgicas de estabilizao extra-capsulares utilizadas neste
estudo esto dispostas nos itens:
Artrotomia.
Tcnica de sutura fabelo-tibial lateral.
Tcnica de sutura fabelo-tibial lateral e medial.
3.2.1 Artrotomia
Inicialmente foi realizada uma artrotomia parapatelar lateral (PIERMATTEI, 1993) com
inspeo do espao articular e de suas estruturas, visando verificar a presena de sinais de
doena articular. Articulaes com sinais de doena foram descartadas.
Aps a inspeo, o ligamento cruzado cranial foi seccionado cuidadosamente para evitar
possveis leses s estruturas adjacentes. A sntese da capsular articular foi realizada com fio
sinttico absorvvel poliglactina 910 (Vicryl 3-0) em pontos simples separados no
contaminantes. Para o retinculo foi utilizado fio de nilon 2-0 com sutura do tipo imbricao
lateral.
3.2.2 Tcnica de sutura fabelo-tibial lateral
Por meio da palpao a fabela lateral foi localizada e o fio passado ao seu redor com o
auxlio de agulha de ligamento cruzado (agulha em J). A agulha foi passada no sentido
crnio-caudal proporcionando ao fio um ponto de ancoragem no ligamento fabelo-femoral.
Em seguida foi realizado um tnel na tuberosidade da tbia, caudal e distal a insero do
ligamento patelar, no sentido latero-medial com o auxlio de furadeira, e a ponta distal do fio
foi passada pelo orifcio sem que a configurao em oito fosse formada. A ponta proximal do
fio foi passada por baixo do ligamento patelar no sentido latero-medial e em direo a outra
MATERIAL E MTODOS 43
ODA, S. G. S.
extremidade do fio (prximo ao orifcio na tuberosidade da tbia) com o auxlio de pina
hemosttica, reta de Kelly. Aps estas etapas, o membro foi estendido, a tbia mantida em
direo caudal em relao ao fmur, excluindo o movimento de gaveta cranial, e uma leve
rotao externa a tbia foi aplicada. Neste momento o fio foi tracionado e o n confeccionado
de forma que se localizasse prximo face medial do orifcio na tuberosidade da tbia.
3.2.3 Tcnica de sutura fabelo-tibial lateral e medial
Por meio da palpao as fabelas lateral e medial foram identificadas. O fio foi ancorado no
ligamento fabelo-femoral da mesma forma que foi descrito anteriormente, porm em ambas as
fabelas. O orifcio na tuberosidade da tbia foi confeccionado da mesma forma e no mesmo
local do utilizado para a sutura fabelo-tibial lateral, porm suficientemente calibroso para
permitir a passagem dos fios simultaneamente. A ponta distal do fio da fabela medial foi
passada pelo orifcio no sentido medio-lateral e a ponta distal do fio da fabela lateral no
sentido latero-medial. Aps estas etapas, o membro foi posicionado como descrito
anteriormente, e os ns confeccionados de forma que se situassem prximos tuberosidade da
tbia; sendo que o n do fio proveniente da face lateral foi confeccionado primeiro.
3.3 MATERIAL DE SUTURA E TIPOS DE NS
Utilizou-se fio de nilon leader line (NLL) monofilamento da marca Mason Hard Type 60
libras (equivalente a 27 quilos/teste).
No momento da confeco do n, anterior a sua fixao com porta agulha, manteve-se uma
tenso no lao de aproximadamente 100 Newtons com o auxlio de dinammetro digital1
(Figura 1).
O n empregado foi constitudo por um n simples e dois ns verdadeiros consecutivos,
sendo que a primeira laada foi fixada com porta agulha, deixando trs milmetros de fio
(CAPORN; ROE, 1996). 1 Kern CH15K20, Kern & Sohn GmbH, Balingen-Frommern, Germany
MATERIAL E MTODOS 44
ODA, S. G. S.
Figura 1 Preparao da pea para o ensaio biomecnico destacando o joelho removido
em bloco, o tensionamento do lao com auxlio de dinammetro digital e a fixao do n com auxlio de porta agulha - So Paulo - 2007
3.4 MTODO DE ESTERILIZAO DOS FIOS
O nilon leader line foi esterilizado em autoclave2 com capacidade de 21 litros a uma
temperatura de 121,0 C, presso de 103,4 kPa, durante 20 minutos.
2 Sercon AHMC 5, Sercon, Mogi das Cruzes, SP, Brasil
MATERIAL E MTODOS 45
ODA, S. G. S.
3.5 ENSAIO BIOMECNICO
O ensaio biomecnico foi realizado no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital
das Clnicas no Laboratrio de Biomecnica (LIM-41).
Cada joelho foi submetido a quatro ensaios consecutivos:
1. joelho com LCCr ntegro (grupo LCCr);
2. joelho estabilizado pela sutura fabelo-tibial lateral (grupo SFTL);
3. joelho estabilizado pelas suturas fabelo-tibiais lateral e medial (grupo SFTLM), e
4. joelho com RLCCr sem nenhuma estabilizao extra-capsular (grupo RLCCr).
A coleta de dados de um mesmo joelho sob diferentes condies experimentais possibilitou
eliminar a interferncia da variao individual sobre a comparao dos resultados obtidos
(YAMAMOTO et al., 2004).
Primeiramente o teste foi realizado com o LCCr intacto. Posteriormente, seccionou-se
cirurgicamente o LCCr e o joelho foi estabilizado pela tcnica SFTL e novamente testado.
Aps este segundo ensaio, o material utilizado na primeira tcnica foi retirado e novos fios
foram posicionados para o teste da tcnica SFTLM. Por ltimo foi realizado o ensaio do
joelho com RLCCr sem nenhuma estabilizao extra-capsular.
Utilizou-se, para a realizao dos testes, uma mquina de ensaios mecnicos (KRATOS
5002), dotada de clula de carga de 100 Kgf e conectada a um computador com sistema de
aquisio de dados (Figura 2).
O fmur foi fixado ao brao hidrulico superior da mquina e a tbia plataforma inferior.
Estas duas extremidades foram fixadas mquina por meio de garras constituidas de cilindros
metlicos pelos quais passam parafusos de orientao radial e que se fixo aos ossos
perpendicularmente ao eixo longo da difise ssea. O cilindro de fixao do fmur fixo e o
de fixao da tbia permitiu sua rotao, tanto interna quanto externa, movimentos do tipo
valgo e varo, e movimentos de aproximao e distanciamento da tbia em relao ao fmur,
no momento dos ensaios biomecnicos. As articulaes testadas foram mantidas em ngulo de
135 graus de flexo (HARPER et al., 2004) (Figura 3).
Aps a fixao adequada do joelho, um ensaio de translao com carga parcial de 50
Newtons no sentido cranial e caudal foi realizado para que se pudesse, atravs do grfico
gerado, encontrar o ponto de inflexo. Tal ponto caracterizou-se pelo momento em que as
MATERIAL E MTODOS 46
ODA, S. G. S.
estruturas responsveis pela estabilidade da articulao do joelho estavam sob menor tenso,
sendo este o nosso