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Sanidade
Suínos & Cia Ano VI - nº 36/2010
A prova de elisa: ferramenta útil para o
Introdução
O termo salmonelose é emprega-
do para descrever a infecção causada por
microrganismos do gênero Salmonella. É
uma das infecções mais comuns na suino-
cultura, tendo sido reconhecida como cau-
sadora de uma importante zoonose, em ní-
vel mundial, de impacto econômico tanto
para humanos como para animais. Esta
bactéria é um patógeno dos suínos, capaz
de infectar lotes durante períodos prolon-
gados. A alta densidade animal, o estresse
no desmame ou no transporte e as doen-
ças nutricionais ou infecciosas aumentam
a sua eliminação por parte dos portadores.
Quando todos os animais adoecem si-
multaneamente deve-se suspeitar de uma
fonte contaminada, como alimento, cama,
água ou ambiente. A incidência da doen-
ça está estreitamente relacionada com o sistema de manejo, particularmente os de tipo intensivo.
Há dois tipos de apresentação: a salmonelose entérica, que gera perdas econômicas importantes em consequência do atraso no crescimento e no incremen-to nos índices de conversão alimentar, e a forma septicêmica, na qual os animais estão resistentes à movimentação, acomo-dados em um canto da baia, ou mortos, com cianose abdominal, nasal e nas ex-tremidades.
O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriacea, sendo bacilos Gram negativos, intracelulares, móveis com flagelos perítricos, não esporulados
e anaeróbicos facultativos, capazes de resistir a diversas condições ambientais. Crescem em Agar MacConkey e em ou-tros meios que contenham bile e não fer-
mentam a lactose.As espécies que comumente
afetam o suíno são a Salmonella enteri-
ca, subespécie enterica sorovariedade choleraesuis, e a Salmonella enterica, su-bespécie enterica sorovariedade typhimu-
rium. O local de eleição para a infecção por salmonelas, normalmente, é intestino delgado. Afeta com maior frequência os suínos jovens, a partir do desmame até os quatro meses de idade, podendo também acometer animais adultos.
Embora se possa estabelecer um diagnóstico presuntivo, com base nas ma-nifestações clínicas associadas aos acha-dos de necropsia, ele deve ser confirmado
com o isolamento do microrganismo e estudos sorológicos.
O método padrão para a detecção de suínos positivos para Salmonella é o exame bacteriológico das fezes, embo-ra mais recentemente as provas de ELI-SA para Salmonella estejam disponíveis como seletivas para a resposta sorológica da infecção.
As técnicas de diagnóstico indire-to ou sorológico apresentam uma série de vantagens. Em primeiro lugar, os níveis sorológicos de anticorpos não flutuam,
como no caso da eliminação das salmo-nelas nas fezes e, portanto, permitem que tenhamos uma idéia mais clara do que pode estar ocorrendo, tanto no nível individual, como no de grupo ou granja. A utilização de amostras de soro também evita outros problemas inerentes à coleta de fezes: volume e urgência da remessa ou refrigeração. A estrutura antigênica das enterobactérias é tal que permite re-lacionar vários gêneros entre si, definindo
sorologicamente um sem-número de es-pécies bacterianas.
ROSALBA CARREON NAPOLES1,3
[email protected] CRUZ BENAVIDES 2,3
M.V. Zootecnista e MSc. 1,3
M.V. Zootecnista2
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia3
Grandes populações podem ser infectadas pela salmonelose
A prova de ELISA: ferramenta útil para o diagnóstico
sorológico da salmonelose
Ao delinear uma técnica para o diagnóstico indireto das infecções por Salmonella devemos escolher entre técni-cas específicas, capazes de detectar a res-posta imunitária induzida por um número limitado de sorotipos ou, inclusive, um único sorotipo, e as técnicas de caráter ge-ral, capazes de detectar a infecção por di-ferentes tipos ou grupos desta bactéria ou, inclusive, por todos ou a grande maioria dos sorotipos implicados nas infecções de uma determinada espécie. Por conseguin-te, a medida do nível de anticorpos espe-cíficos de Salmonella por meio da prova de ELISA poderia ser um método útil em programas de prevenção e/ou controle. Em combinação com os exames bacte-riológicos, uma prova de ELISA pode ser uma boa ferramenta para calcular a inci-dência real da Salmonella nos suínos.
As provas podem ser utilizadas para a detecção da infecção causada por cepas de Salmonella dos sorogrupos B, C
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e D (Quadro 1.)
Atualmente há três provas co-merciais de ELISA disponíveis: A, B e C. A prova de ELISA A (norte-americana) consiste em uma imunoanálise enzimáti-ca para a detecção de anticorpos contra Salmonella sp no soro, plasma e extrato de carne suína. Permite a detecção siste-mática rápida de anticorpos contra uma ampla gama de grupos séricos de Salmo-
nella, indicando exposição à bactéria.A prova de ELISA é rápida e con-
fiável para estimar a prevalência de sal-monelose nas granjas de suínos.
A prova de ELISA B (espanhola) é um imunoensaio enzimático indireto (ELISA indireto) para a detecção de an-ticorpos contra Salmonella em suínos, re-lativos aos antígenos LPS O tipos 1, 4, 5, 6, 7 e 12. As placas, nessa prova, contêm o LPS purificado de S. typhimurium e de S. choleraesuis. O conjugado é compos-to por soro de coelho antissuíno marcado com peroxidase. Trata-se de uma prova útil para a prática de screening em gran-de escala e para programas de controle de
A bacteriologia é o método standart para detectar salmonelose. Colônias de Salmonella spp em Ágar SS
Salmonella em suínos. A outra prova de ELISA é de ori-
gem alemã (C) e consiste também em um imunoensaio enzimático para detecção de anticorpos contra Salmonella em amos-tras de origem suína, incluindo extrato de carne, soro e plasma. São detectados, com essa prova, os anticorpos para o antígeno O, tipos 1, 4, 5, 6, 7 e 12. Ela permite a de-tecção de anticorpos em mais de 90% dos sorotipos de Salmonella mais frequentes; sua microplaca é coberta com antígeno de Salmonella.
Atualmente já existem alguns estudos comparando, entre si, algumas destas provas. Em um deles, onde se uti-lizou duas das três provas de ELISA dis-poníveis, concluiu-se que as provas A e B utilizadas podem ser incluídas no progra-ma de controle de Salmonella como meto-dologia para monitorar a soroprevalência desse microrganismo nos lotes, uma vez que – nas duas provas – foram obtidos re-sultados similares em aproximadamente 50% dos soropositivos. As diferenças nos resultados das amostras individuais foram similares entre as provas, e a correlação em conjunto entre os resultados foi boa. A prova de ELISA A apresentou o nível mais alto de amostras positivas, com 52%, enquanto que a ELISA B revelou 48% de positivos.
Outro estudo que utilizou a pro-va de ELISA A mostrou menor sensibi-lidade, com 44% de amostras positivas e 45% de granjas soropositivas. Porém, em outro estudo foi relatado que a sensibili-dade e a especificidade foram mais altas
Colônias de Salmonella spp em Ágar MacConkey.
Quadro 1
Sorotipo Grupo
S. typhimurium
BS. derbi
S. brandenburg
S. choleraesuis
C1
S. livingstone
S. infantis
S. panamáD
S. enteritidis
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com a prova de ELISA A, em comparação a outra prova. Essa maior sensibilidade poderia estar relacionada ao uso de um antígeno de maior espectro (frente aos sorogrupos B, C1 e D de Salmonella) em comparação a um antígeno restrito aos so-rogrupos B e C1 da outra prova. Assim, a prova de ELISA A poderia ter detectado animais com anticorpos circulantes que não teriam sido reconhecidos pela ou-tra prova em comparação. Os resultados sugerem que a sensibilidade das provas varia de modo importante, em função dos sorotipos envolvidos.
Também foi relatado que a sensi-bilidade e a especificidade das provas de
ELISA para salmonelose podem variar, dependendo do ponto de corte e da pre-valência da infecção presente na granja. Por isso o conhecimento dos sorotipos de Salmonella presentes em uma região
A prova de ELISA é rápida e confiável para estimar prevalência de salmonelose em granjas de suínos.
Referências Consultadas
01. Epizootiología de la salmonelosis en bovinos, porcinos y aves. México, D.F. Disponible en: http://www.fmvz.
unam.mx/fmvz/cienciavet/revistas/CVol 3/CVv3c05.pdf <http://www.fmvz.unam.mx/fmvz/cienciavet/revistas/CVol%203/CVv3c05.pdf>
02. Straw B, D´Allaire S, Mengeling WL, Taylor DJ. Enfermedades del cerdo. Tomo I. 8ª ed. Buenos Aires, Argentina: Intermédica, 2001:501,509
03. Threlfall EJ. Salmonella. Health Protection Agency 2008:639-647.
é necessário, no sentido de determinar a precisão das provas sorológicas.
Não há como não admitir que, como já mencionado, o fato de estas pro-vas sorológicas poderem ser realizadas também a partir do extrato de carne seja uma ferramenta valiosa para a detecção da salmonelose no abatedouro, atividade realizada naqueles países onde a salmone-lose é parte de um programa nacional de controle, por ser um importante problema de saúde pública.
Conclusão
A combinação da bacteriologia com a sorologia é a opção mais recomen-dável para o diagnóstico da salmonelose, já que – por um lado – nos permitirá co-nhecer as variedades sorológicas implica-das e – por outro – realizar uma melhor
avaliação da doença e da eficácia das
medidas de controle aplicadas, objetivos importantes para a produção de suínos e para a saúde pública.
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