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Santo IMAGINÁRIA DOMÉSTICA EM MINAS GERAIS NOS SÉCULOS XVIII E XIX Márcia de Moura Castro Com a colaboração de Eliana de Moura Castro IPHAN de casa

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IMAGINÁRIA DOMÉSTICA EM MINAS GERAIS NOS SÉCULOS XVIII E XIX

Márcia de Moura Castro

Com a colaboração de Eliana de Moura Castro

IPHAN

de casa

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Santo

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de casaI m a g I n á r I a d o m é s t I c a e m m I n a s g e r a I s n o s s é c u l o s X V I I I e X I X

márcIa de moura castro

com a colaboração de elIana de moura castro

Iphan

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Créditos

C355s Castro, MárCia de Moura. santos de Casa : iMaginária doMéstiCa eM Minas gerais nos séCulos XViii e XiX / MárCia de Moura Castro. – Brasília, dF : iphan, 2012. 176 p. : il. ; 26 CM. – (aCerVos ; 2)

isBn: 978-85-7334-231-4

1. esCultura saCra. 2. arte saCra - Brasil. i. título. ii. série.

Cdd 730

presIdenta da repúblIca do brasIl

dilMa rousseFF

mInIstra da cultura Marta supliCy

presIdenta do InstItuto do patrImônIo hIstórIco e artístIco nacIonal

JureMa MaChado

dIretorIa do Iphan

andrey rosenthal sChlee

Célia Maria Corsino

esteVan pardi Corrêa

Maria eMília nasCiMento santos

coordenador nacIonal adjunto do programa monumenta

roBson antônio de alMeida

coordenação edItorIal sylVia Maria Braga

edIção

Caroline soudant

organIzação

rosângela nuto

reVIsão letra guia/graCe elizaBeth e rosalina gouVeia gilka leMos

projeto gráfIco e dIagramação raruti CoMuniCação e design/Cristiane dias

fotos Miguel aun

nelson kon (p. 20)pedro daVid (guarda, p.6,8,10,12,13,14,16,18,19,24,32,48,49,172,173)

dados de IdentIfIcação das Imagens e preparação das legendas silVana Cançado trindade e Carla de Castro silVa

conserVação da coleção márcIa de moura castro

Carla de Castro silVa (restauradora)leonardo a. M. MaCiel (assistente)

este trabalho foI realIzado em cooperação com a representação da unesco no brasIl.

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SumárioAPRESENTAÇÃO

JureMa MaChado

A COLEÇÃO DE EX-VOTOS E SANTOS DE CASA DE MÁRCIA DE MOURA CASTRO:

MODOS DE VER

silVana Cançado trindade

PREFÁCIO

Claudio de Moura Castro

A IGREJA E A ARTE

O BARROCO EM MINAS GERAIS

SANTO DE CASA

O CRISTO E A CRUZ

OS SANTOS E SUAS IMAGENS

CONCLUSÃO

referências BIBLIOGRáFIcAs

07

09

13

17

21

25

33

61

174

175

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U U

proMessa e Milagre PO Ex-voto s mineiro s

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A p r e s e n t A ç ã o

apresentação

Com este segundo volume da série Acervos, o Iphan apresenta a Coleção Márcia de Moura Castro, de santos

de casa, recentemente adquirida para integrar o acervo do Memorial Congonhas, cuja instalação em breve

estará concluída.

A criação do Memorial resulta da parceria criada entre o Instituto, a Prefeitura e a Unesco, que decidiram equipar a

cidade com um espaço para a melhor valorização de seu sítio, bem como para a divulgação de conhecimentos a respeito

da conservação dos monumentos em pedra, tema inerente ao acervo que caracteriza Congonhas. Nada mais oportuno

também do que dotar esse espaço com as coleções representativas de Minas Gerais, como esta composta, na maior parte,

de imagens produzidas nos séculos XVIII e XIX.

São ao todo 208 peças, entre oratórios, crucifixos e imagens de santos, que, estudadas em minúcia pelas especialistas

Silvana Cançado Trindade e Carla de Castro Silva, terão seus dados de identificação estabelecidos em definitivo. O leitor

poderá conhecer a coleção na íntegra por meio das fotos que compõem este livro.

Mas Márcia de Moura Castro, a colecionadora que agora nos permite apreciar um conjunto tão rico da imaginária domésti-

ca, não apenas selecionou ao longo de sua vida essas esculturas – de procedência, autoria, estilo e material diversos –, como

ainda nos deu o prazer de apresentá-lo com suas próprias palavras e reflexões e a colaboração da filha Eliana.

Assim, ela nos conduz à época da intensa atividade mineradora na capitania das Minas e ao costume das famílias de

dedicar um altar para os santos protetores de sua devoção no cômodo principal da casa, ou mesmo na cabeceira da cama.

É dessa intimidade com o sagrado, com a arte e com a vida dos santos mais populares no Brasil que Márcia de Moura

Castro e sua coleção nos oferecem seu testemunho.

Jurema Machado

Presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Dezembro 2012

Peças em prata da colecionadora

Márcia de Moura Castro.

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Santo de casa

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P a r e c e r t é c n i c o

A verve de colecionadora que distinguiu D.

Márcia de Moura Castro se expressa, de

forma exemplar, na sua coleção de ex-votos e

santos de casa. Os trezentos e quarenta e dois objetos,

classificados por tipologia em 72 tábuas votivas, 36

votos esculturais, 26 medalhas, 9 oratórios e 199 santos

de casa, foram adquiridos pelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional em 2011, para serem

expostos no Memorial Congonhas. Tal inserção vai ao

encontro das origens históricas do Santuário do Bom

Jesus de Matosinhos, como ex-voto erigido por Feliciano

Mendes em meados do século XVIII em reconhecimento

por graça alcançada, além de revalorizar as práticas

devocionais locais inscritas no contexto espacial, social e

religioso do referido Santuário.

Do simples deleite estético à identificação da forma,

da época, do material, da técnica e do estilo, a Coleção

instiga diferentes olhares, que se verticalizam e que

podem derivar em análises referendadas nos conteúdos

intrínsecos das peças, conferindo à coleção inestimável

valor documental.

Do ponto de vista da época de confecção, os objetos

percorrem os séculos XVIII, XIX e XX, à exceção de

dois santos de casa datados do século XVII. As tábuas

dividem-se, equitativamente, entre os séculos XVIII

e XIX; os oratórios, em sua maioria, são do XVIII,

enquanto nas medalhas há o predomínio do século XIX.

Os votos esculturais, por sua vez, são todos do século XX,

e os santos de casa, mais da metade, são do século XVIII.

A diversidade observada nas datações dos objetos se repete

na identificação das origens, dos materiais e das técnicas.

São peças originárias de Minas Gerais, do Rio de Janeiro,

de São Paulo, da Bahia, do Rio Grande do Sul, da região

Nordeste do Brasil, do Peru, da Bolívia, de Portugal,

da Espanha, Alemanha, Itália e França. Interligam-se

também na profusão de materiais – madeira, marfim,

prata, pedra, metal – e das técnicas - pintura a têmpera, a

óleo, desenho, gravura, entalhe, recorte, moldagem etc.

Por outro lado, como expressão genuína de fé e devoção,

a Coleção materializa mais de sessenta invocações, seja na

forma das tábuas pintadas ou votivas, dos santos de casa,

dos oratórios e de algumas medalhas. Há as invocações

que representam os episódios do Nascimento, Paixão

e Morte de Jesus, a exemplo do Menino Jesus, Senhor

de Matosinhos, Cristo da Coluna, Cristo no Horto das

Oliveiras, Cristo Crucificado, Senhor do Bonfim, dentre

outros. Há as diferentes titulações da Virgem Maria,

como Nossa Senhora da Conceição, do Ó, das Dores,

Mercês, da Piedade, Misericórdia, Soledade, Saúde, do

Rosário, Amparo, da Luz, dos Milagres e Remédios. Já

os chamados santos da família de Cristo corporificam-se

nas imagens de Sant’Ana, São José e São João Batista.

Significativamente mais numerosos, aparecem, em

profusão, os santos e as santas mártires e/ou pertencentes

a ordens religiosas, em dimensões compatíveis com o

culto doméstico. São os santos bispos, cardeais, papas e os

que se notabilizaram por estudos de Teologia, como Santa

Gertrudes, São Gregório VII, São Carlos Borromeu;

a coleção de eX-Votos e santos de casa de márcIa de moura castro: modos de Ver

Imagens em miniatura da Coleção

Márcia de Moura Castro.

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Santo de casa

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P a r e c e r t é c n i c o

os penitentes eremitas, como Santa Maria Egipcíaca,

Santo Onofre, Santo Antão e Santa Maria Madalena; os

fundadores das ordens, a exemplo de São Domingos de

Gusmão, São Francisco de Assis, São Francisco de Paula

e Santo Inácio de Loyola; os santos arcanjos Miguel e

Rafael; e os santos e santas de notória predileção popular,

como Santo Antônio, Santa Rita, São Benedito, Santa

Efigênia, São Sebastião, Santa Luzia, São Jorge, São

Cosme e São Damião.

Tais invocações sugerem outro interessante arranjo,

balizado pelos diferentes patronatos identificados na

Coleção (santos protetores dos alfaiates, arquitetos,

pedreiros, cabeleireiros, jardineiros, tecelões, costureiros,

negociantes de ferragens, militares, mineradores,

marinheiros, livreiros, enfermeiros, médicos,

farmacêuticos, barbeiros). O arranjo reforça-se mais ao

se associar as invocações e os patronatos da Coleção a

episódios de perigo vivenciados no cotidiano, quando é

comum chamar pelo santo: para casos de pestes, feridas,

enfermidades incuráveis; mordidas de cães; questões de

amor; infertilidade; partos difíceis; epilepsia e doenças na

cabeça; tempestades com raios; dificuldades na colheita,

ou mesmo problemas que parecem sem solução –

vicissitudes múltiplas e atemporais do dia a dia tratadas na

Coleção por meio dos santos de casa.

Importante e expressivo conjunto de peças são os Votos

Esculturais que instigam a proposta de um último recorte,

conformando um grupo especial na Coleção, por não

apresentarem os signos que comumente particularizam

os objetos de culto religioso. São representações do corpo

humano fragmentado em uma série de cabeças, mãos,

pernas e pés, seios, ventres, olhos, toscamente esculpidos e

recortados em madeira ou moldadas em barro, de intensa

expressão, que correspondem à parte doente do corpo que

foi curada.

As possibilidades de olhar, admirar e estudar a Coleção

são, de fato, muitas. Mas, qualquer que seja o caminho

escolhido, ele deve ser antecedido pela percepção da

Coleção como um conjunto de objetos que expressam

um código de domínio coletivo, que tem sentido de rito

religioso e que exterioriza a relação milenar estabelecida

entre o homem e o plano divino. A sensibilidade e o

olhar arguto de D. Márcia de Moura Castro souberam

reconhecer o valor artístico, histórico e antropológico

na prática votiva e orientaram o colecionismo de seus

ex-votos e santos de casa, os quais estarão, no Memorial

Congonhas, oferecidos e postos, em definitivo, para a

exibição e fruição de todos.

Silvana Cançado Trindade*

Agosto de 2012

*Historiadora, integrante da equipe do projeto Memorial Congonhas.

Sala de visitas da residência de

Márcia de Moura Castro.

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Santo de casa

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Prefác io

Bernard Berenson, um dos maiores peritos em arte

europeia, começa o seu livro comentando que

muitas pessoas lhe diziam não saber nada de arte,

mas que sabiam perfeitamente do que gostavam e do que

não gostavam. Em contrapartida, ele retrucava que sabia

tudo sobre arte, mas tinha grande dificuldade de decidir

do que gostava.

Essa dificuldade de decidir do que gostar está muito

mais próxima da nossa realidade do que poderia parecer.

Somente depois da Semana de Arte Moderna de 1922,

quando Mário de Andrade lidera uma viagem exploratória

às Minas Gerais, descobrimos o nosso barroco e o nosso

mobiliário colonial. A escolha da palavra “descobrir” não

é casual. Antes disso, os olhos brasileiros iam à Europa e

se deleitavam com o que havia

sido decretado como arte séria.

Mas não viam o que tínhamos

por aqui.

Minas Gerais custou ainda mais a

redescobrir suas próprias riquezas.

Antes de ter críticos de arte e

profissionais preparados para

decifrar nossa tradição artística,

o Brasil tinha colecionadores.

Com eles começa o processo

de definir o que é arte, de

interpretar o que tinham diante

de si, de decidir para o que

valia a pena chamar a atenção

e de selecionar o que era para

ser considerado como valioso. Alguns valorizam,

colecionam e preservam. Outros foram mais longe e

tentaram escrever sobre suas coleções.

O que quer que seja considerado arte, são os

colecionadores particulares que, inicialmente, dão

substância e significado concreto à descoberta de uma

manifestação artística. Na prática, não adianta que

intelectuais decretem que isso ou aquilo é maravilhoso.

É preciso que alguém junte e mostre tal acervo. Em

São Paulo e no Rio, após a Semana de Arte Moderna,

começam a aparecer pessoas que entendem o significado

da nossa arte colonial e constroem coleções importantes.

Em muitos casos, são esses colecionadores que salvam

imagens e móveis destinados a

virar lenha para os fogões.

Só muito mais tarde objetos

e coleções começam a migrar

para os museus públicos e

semipúblicos. De resto, foi

assim também na Europa.

A palavra museu aparece no

Renascimento, para denominar

coleções privadas.

Durante as muitas décadas em

que o nosso barroco religioso

foi glorificado, nossos olhos não

viram arte fora dos adros e dos

altares. De fato, a percepção do

que é arte não é espontânea e

nem intuitiva.

prefácIo

Arranjos com imagens

da coleção.

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Santo de casa

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Relegados aos fundos das sacristias ou depósitos e depois

queimados, os ex-votos levaram tempo para serem

percebidos como uma manifestação reveladora da arte

popular brasileira. Márcia de Moura Castro, minha mãe,

foi uma das primeiras a ver o seu conteúdo artístico.

Depois de escrever um livro sobre ex-votos e de emprestar

peças de sua coleção para uma sequência enorme de

exposições no Brasil e fora, a autora passa a explorar

outras vertentes das artes brasileiras. Volta-se, então, para

os santos de casa.

Ao contrário do exuberante barroco das igrejas, os

santos de casa – pequenos, modestos – tendem a ser

mais ingênuos. Mas, nem por isso, menos interessantes e

expressivos. Os santos de casa falam mais da cultura e da

estética do nosso povo. Eles fazem parte da intimidade

da família.

A autora é o exemplo clássico do colecionador

cuja visão treinada percebe o valor do que não era

valorizado. Constrói ao longo dos anos uma bela

coleção com essas imagens.

Trata-se de uma colecionadora geneticamente

programada. O bisavô materno foi colecionador. A

mãe, Anna Amélia Carneiro de Mendonça, além de

grande colecionadora, militou muito próximo do

grupo liderado por Rodrigo Melo Franco de Andrade,

responsável pela criação do Iphan. O pai, Marcos

Carneiro de Mendonça, além de historiador, formou

uma vasta biblioteca sobre o Brasil. O irmão tornou-se

também colecionador de arte brasileira.

É, portanto, com muito orgulho filial que prefacio este

ensaio. Talvez seu papel maior tenha sido descobrir a

arte que se esconde nas pequenas imagens que havia

em quase todas as casas mineiras. Mas, ao contrário

da maioria dos colecionadores, a autora foi além das

descobertas. Ela analisou, interpretou e deu coerência a

sua coleção, situando a arte sacra popular mineira numa

perspectiva histórica. Completam o texto fotografias

de todas as imagens da coleção de santos que estará

na íntegra em exposição permanente no Memorial

Congonhas.

Claudio de Moura Castro

Prefác io

Imagens da coleção em meio a

fotos de família.

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Santo de casa

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A I g r e j A e A A r t e

A Igreja sempre teve a arte a seu serviço. Ela logo

verificou que a imagem pintada ou esculpida

penetra mais fundo na sensibilidade do povo do

que as palavras do Evangelho e permanece indelével em

sua memória. Desde tempos imemoriais, o ídolo sempre

polarizou a fé como representante da força superior.

Quando da invasão dos países já cristianizados pelos

bárbaros, a religião teve que se refugiar nos conventos

quase inacessíveis, onde os monges, em seu isolamento,

enfeitavam com belas iluminuras os velhos textos

sagrados, tornando-os mais atraentes aos olhos de quem

a eles tinha acesso.

Depois desse prolongado hiato no qual a cultura greco-

romana foi esquecida, deixando a população ignorante,

os chefes bárbaros, aos poucos, foram se integrando

ao mundo cristão. Foi através das esculturas sacras das

paredes externas das igrejas românicas e das catedrais

góticas que o povo iletrado foi atraído e conquistado pela

religião cristã: era a chamada “Bíblia dos Pobres”.

Da mesma maneira, a escultura sacra teve um papel muito

importante na catequese dos índios nos primórdios da

colonização do Brasil. Constituía uma das armas usadas pelos

missionários, pois aos nativos era mais fácil acreditar nas

imagens visíveis e palpáveis do que em abstrações teológicas.

Por serem fáceis de transportar, elas prestavam-se

muito bem a esse papel evangelizador. Disse um

historiador português que os catequistas com seus altares

improvisados e santos rústicos conquistaram mais terras

para Portugal do que seus próprios exércitos.

ContrarreForMa e BarroCo

A situação de descalabro em que se encontrava a Igreja

Católica nos séculos XV e XVI provocou uma série de

movimentos de rebeldia que a modificaram radicalmente.

O humanismo da Renascença desestruturara a religião

monolítica da Idade Média, e cada um se julgava no

direito de pensar e agir como bem lhe aprouvesse. Até o

papado foi atingido pela desordem. As grandes famílias

manipulavam a alta hierarquia da Igreja. Papas como

Alexandre VI (1431-1503), com seus filhos Lucrécia

e César Bórgia, levavam uma vida de devassidão

despudorada. A comercialização da devoção, por meio da

venda de indulgências e relíquias, em sua maioria falsas,

minou a confiança dos devotos e a base da Igreja.

A Reforma proposta por Lutero, a princípio apenas uma

tentativa de moralização, não tendo sido aceita pela

cúpula católica, provocou um cisma irremediável e logo

obteve muitos adeptos como Calvino e Zwinglio, na

Suíça. João Huss, na Boêmia, os Huguenotes, na França, e

Wyclif, na Inglaterra, fizeram com que quase todo o norte

da Europa se afastasse de Roma. Itália, Espanha e Portugal

mantiveram-se fiéis ao papado.

A Igreja Católica saiu muito enfraquecida desse cisma.

Tornava-se necessária uma forte reação. O primeiro

esforço nesse sentido partiu de Santo Inácio de Loyola,

ao fundar a Companhia de Jesus, em 1540. Ele propunha

uma atitude de luta, apoiada por uma disciplina militar.

O Concílio de Trento (1545) foi convocado pelo papa

Paulo III para estudar outras maneiras de combater as

novas seitas e revitalizar o catolicismo. Esse movimento

a Igreja e a arte

Detalhe da Coleção

Márcia de Moura Castro.

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Santo de casa

tomou o nome de Contrarreforma e visava uma volta ao

medievalismo, com combate ao paganismo e aos temas

carnais. Tudo ficou restrito às normas do Concílio e os

jesuítas foram os que mais se identificaram com elas.

Todas as armas foram empregadas nessa luta e a arte foi

uma delas. A Igreja de Gesù em Roma, primeira sede dos

jesuítas, serviu de modelo ou inspiração para todas as que

foram construídas na Contrarreforma. Sua fachada cheia

de curvas e contracurvas contrariava o estilo clássico e suas

linhas mestras a diferenciavam dos templos anteriores.

A Igreja tridentina deu grande importância à arquitetura

religiosa, no exterior bem como no interior dos templos,

que adquiriram um aspecto um tanto teatral, influenciado

pelo estilo italiano. Foi dada também grande importância

aos aspectos visíveis da fé: procissões, romarias; na

decoração das igrejas, a pintura e a escultura tornaram-se

imprescindíveis. Também a música desempenhou papel

importante nas normas determinadas pelo Concílio.

Esse apelo ao visual, ao belo, ao colorido, visava à

elevação do espírito, aproximando-o do ideal almejado – a

revitalização do catolicismo.

A esse estilo, que nasceu em Roma, foi mais tarde dado

o nome de “barroco”, palavra que a princípio tinha a

conotação depreciativa de defeituoso ou imperfeito,

como nas pérolas barrocas, menos valorizadas que as

perfeitas. Com o tempo, o termo foi aceito como o estilo

característico de uma época.

Para despertar os sentidos e atingir o aspecto afetivo da

fé, são empregados efeitos de luz, de movimento, linhas

curvas, drapeados e jogos de perspectiva.

Esse estilo espalhou-se rapidamente, não só nos países que

se mantiveram fiéis ao catolicismo, como em toda uma

faixa da Europa central, às vezes até com mais exagero

do que no Sul. Os palácios dos príncipes e nobres, que

proliferaram ao longo do século XVII, rivalizavam em

luxo e riqueza. Cada sala exibia uma decoração especial.

O rococó sucedeu ao barroco mais austero.

Arquitetos italianos foram chamados para fazer os projetos

e a França teve muita influência nos detalhes decorativos.

Artistas locais também fizeram belos trabalhos nos

palácios e nas igrejas.

Materiais exóticos, como conchas verdadeiras, foram

utilizados pelos europeus como elemento de decoração.

Conchas estilizadas também se tornaram um motivo muito

comum no mobiliário da época em Portugal e no Brasil.

Não tivemos aqui os exageros das colônias hispânicas.

Nossas virgens são menos lacrimosas, nossos santos são

menos torturados.

As imagens das padroeiras das primeiras capelas

construídas ao longo do litoral brasileiro vinham da

Metrópole; logo, porém, começaram a chegar os mestres

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A I g r e j A e A A r t e

santeiros portugueses, que, seguindo a tradição da

sua terra, modelaram no barro belas virgens coloridas

para os altares. Surgiram depois os aprendizes, que,

ainda no século XVI, produziram bonitas imagens. Por

volta de 1560, a Bahia já tinha o seu santeiro famoso:

Mestre João Gonçalo Fernandes. Atendendo este a uma

encomenda, enviou duas belas imagens de barro cozido

para a capitania de São Vicente: uma Nossa Senhora da

Conceição, padroeira da vila de Itanhaém, e uma Nossa

Senhora do Rosário, para a vila de São Vicente, ambas no

litoral paulista. Por erro ou distração, as imagens foram

trocadas na sua destinação, indo a da Conceição para

São Vicente e a do Rosário para Itanhaém. Ambas ainda

existem em bom estado de conservação e continuam nas

sedes trocadas.

No século XVII, a atividade de santeiro adquiriu uma

enorme importância, com artistas do porte de Frei

Agostinho da Piedade, nascido em Portugal e atuante

na Bahia e em Pernambuco. Seu aluno, o brasileiro

Frei Agostinho de Jesus, brilhou com seus trabalhos em

Salvador e São Paulo.

Muitos outros artistas, na maioria anônimos, surgiram

na Capitania de São Vicente, contribuindo para que

o século XVII se tornasse a época áurea da imaginária

paulista. Lindas virgens de barro cozido enriqueceram

os altares, tanto das vilas do litoral como do planalto.

Outros santos eram mais representados em bustos-

relicários, com o característico nicho no peito, onde

se colocavam as relíquias. O barro ainda constituía a

matéria-prima predominante.

As imagens tinham postura ereta, com predominância da

verticalidade nos trajes. Ainda sofriam influência medieval

e renascentista. Os rostos, de traços belos e regulares,

eram pouco expressivos. Os cabelos tinham sulcos de

desenho convencional, terminando em forma de “V” ou

em linha horizontal. Mais tarde, foram adotadas pequenas

mechas onduladas, espalhadas de maneira regular sobre

as costas e os ombros. A cabeça nunca era coberta por um

véu ou manto. O vestuário, de colorido forte, apresentava

pequenos ornatos em relevo. Nas virgens adolescentes

nota-se às vezes um sorriso enigmático que faz lembrar as

Kórai da Grécia arcaica.

Ao aproximar-se o século XVIII, disseminou-se entre os

santeiros o uso da madeira, tão abundante no Brasil de

então, tornando assim a imagem mais leve, mais fácil de

transportar e, além disso, mais resistente. Por ser também

um material dócil, permitia dar maior movimentação às

roupagens e ao cabelo, que se apresentava mais revolto e

volumoso. Já eram prenúncios das mudanças que estavam

a caminho.

A Capitania de São Paulo, depois da fase épica e heroica

do bandeirantismo, entrou em um período de estagnação

do qual só bem mais tarde se libertou. Chegou, então, o

momento de Minas brilhar no cenário artístico brasileiro.Imagens de santos em

miniatura.

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Santo de casa

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O b a r r O c O e m m i n a s G e r a i s

O estilo mineiro, embora muito influenciado por

Portugal, adquiriu aqui novas características

que o diferenciam também das outras regiões

do país.

Na arquitetura sacra de Minas houve uma integração das

diversas manifestações artísticas dentro da mais perfeita

harmonia, evidenciando o trabalho de equipe e grande

consciência profissional.

Na alvenaria branca, com suas curvaturas e sinuosidades,

as belas portadas inseriam-se com a leveza e a suavidade

que só a pedra sabão permite. Ela se deixa talhar com

uma riqueza e harmonia de detalhes espantosa. Os

frontões e as torres sineiras, em abóbadas ou bulbos

orientais, passaram a arrematar com delicadeza as

ricas fachadas.

No interior das naves, a pintura ganha espaço, assim

como o relevo em madeira policromada. Os altares são

prodígios de composição, onde se entrelaçam colunas

torças, cachos de uvas, anjos, atlantes, pássaros, rocalhas e

reposteiros. As abóbadas dão imenso campo aos pintores,

que tentam atingir o infinito com o fundo em perspectiva.

A folha de ouro não foi poupada. Certas igrejas têm seus

altares totalmente cobertos por ela.

Nunca a arte esteve tão ligada à devoção como nas

Minas Gerais do século XVIII. Quase todas as atividades

artísticas eram dirigidas para a edificação dos templos, sua

decoração, imagens dos altares, prataria litúrgica e alfaias.

Mesmo nas obras de utilidade urbana, como pontes e

chafarizes, raramente faltava um símbolo religioso.

As igrejas mineiras são, por isso, prodigiosos repositórios

do que de mais belo se produziu no período barroco do

século XVIII. Elas constituem as obras-primas da época.

Os projetos arquitetônicos, as talhas de madeira ou

pedra sabão, os objetos de culto e até mesmo as joias que

adornavam as vestes litúrgicas e as imagens, tudo é da

mais alta qualidade artística. A escultura se destaca entre

as diversas atividades e produziu as mais significativas

obras de arte de Minas Gerais.

A obra pictórica, por sua própria natureza, sempre teve

de ficar bem protegida dentro das igrejas: tanto os painéis

sacros pintados sobre madeira ou tela, como os detalhes

decorativos incorporados à arquitetura interna das naves e

das sacristias.

A escultura sacra, porém, sempre saiu às ruas: as lindas

virgens e os santos padroeiros, apoiados nos ombros dos

devotos ou sobre belos andores, aproximavam-se das

multidões, nas procissões, para protegê-las e emocioná-las.

Na Semana Santa, o Senhor dos Passos, na sua imensa

tristeza, vinha lembrar aos fiéis o quanto sofrera. Em

Congonhas, as estátuas monumentais destacam-se na

paisagem e atraem os peregrinos de toda parte.

as Irmandades

Na colonização do litoral, as ordens religiosas já tinham

mostrado seu poder secular e sua capacidade de ingerência

nos interesses da coroa portuguesa. Nas Minas Gerais,

a Carta Régia de 1721 proibiu a instalação de ordens

religiosas e conventos em toda a região: “Para não se

o barroco em mInas geraIs

Portada e profetas do adro do

Santuário do Bom Jesus de

Matosinhos. Foto de Nelson Kon,

2010.

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Santo de casa

consentirem nas Minas religiosos de qualquer religião

que seja por ter mostrado a experiência o grande

prejuízo e perturbação que nelas fazem”1. Por isso, em

Minas, no século XVIII, não há conventos, mas apenas

recolhimentos, como o de Nossa Senhora da Conceição

de Macaúbas2. Toda a atividade religiosa teve, então, que

partir dos leigos.

Aos poucos foram se formando as ordens terceiras, as

confrarias e as irmandades. Essas organizações, a princípio

de caráter apenas beneficente, adquiriram depois um

papel importantíssimo na vida das vilas e cidades.

Foram elas que promoveram a construção das igrejas e

capelas, livres das normas tradicionais que vinham das

matrizes europeias. Essas irmandades planejavam seus

templos de acordo com suas possibilidades, cabendo

a autoria dos projetos a mestres de obra locais ou de

origem portuguesa, que construíam baseando-se em sua

inspiração e em lembranças de além-mar. Resultava daí

um barroco mais solto e sensual, que foi se tornando

característico da região.

A seleção dos membros dessas organizações era feita

segundo a cor da pele e a posição social. Algumas só

aceitavam brancos em seus quadros, como, por exemplo,

as ordens terceiras de Nossa Senhora da Conceição, Pilar,

Santíssimo Sacramento, São Miguel e outras. Os pardos

formaram as irmandades de Nossa Senhora do Amparo,

São Francisco de Paula e São José dos Bem- Casados.

As confrarias dos negros eram as de Nossa Senhora do

Rosário, a mais importante, São Benedito e Mercês. A

de Santa Efigênia pertencia aos crioulos, isto é, negros já

nascidos no Brasil. As irmandades mais pobres tinham

apenas um altar lateral nas Matrizes. A eleição das

mesas de irmãos era realizada democraticamente, por

meio de votação. A rivalidade existente entre as diversas

irmandades contribuiu enormemente para a evolução e

embelezamento da arquitetura e da arte sacra em geral.

A escola mineira do século XVIII é uma das mais

importantes do barroco. Enquanto na Europa o estilo, já

na sua fase rococó, atingia paroxismos de movimentação

e sofisticação, o nosso barroco libertou-se dos exageros,

mantendo-se contido e harmonioso. Bernini tornou a

escultura sacra sensual e passional. As igrejas da Baviera,

muitas vezes comparadas às mineiras, pecam pelo exagero

na ânsia de desafiar a lei da gravidade, usando para isso

materiais leves e de fácil manejo, como o gesso. Em lugar

do ouro, tão usado aqui, as roupagens eram contornadas

com tinta amarela.

No Brasil, além da alta qualidade artística das esculturas,

somente materiais nobres eram usados: madeira de lei,

granito e pedra-sabão. Nas imagens mineiras, mesmo nas

mais simples, nota-se vigor e elegância de linhas. Nas mais

requintadas, há um despojamento que foge aos exageros

atingidos nessa época pelos artistas da América espanhola,

sempre em busca do teatral e do dramático.

Coincidindo com o ciclo do ouro e por ele motivado,

chegamos ao apogeu da nossa história artística. A riqueza

aurífera, atraindo gente de toda a espécie, fez brotar aqui

grande quantidade de artistas prontos para satisfazer a

necessidade da arte, que sempre cresce com a euforia da

riqueza. Por estranho que pareça, toda essa riqueza quase

não era usada para requintes pessoais e sim dirigida para

irmandades e confrarias leigas, que com ela construíram

e embelezaram suas igrejas e capelas. A vida dos cidadãos

continuava primitiva e rústica ao extremo.

Arquitetos, entalhadores, pintores e santeiros proliferaram

nas Minas pela qualidade do seu trabalho. Poder-se-ia

supor que fossem fruto de uma cultura sedimentada

e que tivessem estudado em velhas universidades com

professores ilustres. No entanto, na maioria dos casos, seu

aprendizado foi informal, nas oficinas em que, às vezes,

autodidatas transmitiam aos aprendizes, mais do que

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O b a r r O c O e m m i n a s G e r a i s

teoria e técnica, seu amor pelo trabalho e pela beleza. Foi,

no entanto, revelada pelo pesquisador Geraldo Dutra de

Menezes a existência de um Liceu dos Ofícios Mecânicos,

incluindo matérias como carpintaria, pintura, escultura,

serralheria etc., onde teriam estudado alguns dos

principais artistas de Vila Rica, como Antônio Francisco

Lisboa, Valentim Fonseca e Silva, Manuel da Costa Ataíde

e outros. Não se sabe, no entanto, por quanto tempo teria

funcionado essa instituição.

As circunstâncias especiais da vida em torno da mineração

do ouro em Minas Gerais permitiam aos membros da

raça negra certas liberdades no convívio com os brancos,

que dificilmente podiam ser encontradas nas fazendas e

nas cidades. No dizer de Sylvio de Vasconcellos, “todos

comiam da mesma gamela”. Resultou daí uma intensa

miscigenação, produzindo uma geração de mestiços

que veio a brilhar no panorama artístico mundial.

No livro A Idade de Ouro do Brasil..., C. R. Boxer cita

uma frase de Antonil que reflete de certo modo a situação

naquela época: “inferno dos negros, purgatório dos

brancos e paraíso dos mulatos”.

As diferentes heranças culturais que se acoplaram naquele

período produziram grandes artistas na arquitetura, na

pintura e principalmente na escultura e na imaginária.

Para citar apenas os mais importantes, tivemos Mestre

Valentim, mineiro que mostrou seus dotes como escultor

e projetista no Rio de Janeiro; Mestre Ataíde, que se

revelou na pintura monumental das igrejas de Minas, na

de cavalete e também na encarnação das figuras da Via

Sacra de Congonhas, esculpidas pelo Mestre Antônio

Francisco Lisboa, conhecido como o “Aleijadinho”.

Este último já foi chamado de “Miguel Ângelo dos

Trópicos” e é considerado um dos maiores artistas das

Américas. Superando todas as dificuldades pessoais, abriu

lugar para a arte mineira do século XVIII na cultura

universal. Pioneiro na independência artística brasileira,

ao desrespeitar os cânones da Metrópole, foi precursor do

anseio de liberdade que marcou essa época privilegiada.

inFluênCias

Várias fontes alimentaram as diversas manifestações

culturais de Minas Gerais. A influência portuguesa

sempre foi a predominante. A espanhola, a italiana e

a francesa atuaram indiretamente, através de Portugal.

A africana pode ser muitas vezes notada nos traços

fisionômicos de alguns anjos e santos na pintura de

Ataíde. Na Nossa Senhora do Rosário, que domina

a sinfonia pictórica da abóbada da sua igreja, nota-se

nitidamente essa influência.

A inspiração da China se faz sentir não só nas chinesices

pintadas em dourado sobre fundo de laca vermelha,

bastante usada em móveis e objetos, mas também nos

traços fisionômicos de certas imagens. Onde ela mais se

manifestou foi na cidade de Sabará: lá estão as célebres

portas da sacristia da Matriz, das quais, segundo a

tradição, uma veio pronta da China e a outra foi copiada

no local por artesãos chineses.

A Igreja de Nossa Senhora do Ó, também em Sabará,

tem o telhado com o galbo do contrafeito que lembra

as construções chinesas. O autor do projeto foi um

arquiteto vindo do Oriente. A pintura interna da nave

tem painéis com chinesices. Também nas imagens feitas

pelo Aleijadinho nota-se às vezes que os olhos têm um

pouco do amendoado oriental. A Matriz de Mariana, por

sua vez, apresenta um cadeiral destinado ao alto clero com

a decoração achinesada.

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Santo de casa

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S a n t o d e c a S a

Com a grande quantidade de artistas que se

concentrou na nova capitania, teve início uma

nova modalidade de escultura: as pequenas

imagens. Elas entraram sem cerimônia em todos os lares,

podendo assim atender às necessidades devocionais das

famílias. O convívio era mais fácil, evitando grandes

caminhadas até as igrejas distantes.

No cômodo principal da casa havia, geralmente, um

lugar destinado aos oratórios, com os santos protetores

materializando a fé pessoal. Em torno desse altar

doméstico, mais ou menos luxuoso de acordo com

as posses do seu proprietário, a família se reunia para

rezar, fazer novenas e reverenciar as divindades. Cada

membro da família podia também possuir seu próprio

santo de devoção no quarto, junto à cabeceira da cama,

acessível a qualquer hora do dia ou da noite. As jovens

em suas alcovas faziam confidências amorosas a Santo

Antônio, que ouvia as preces mais íntimas e fervorosas.

Frequentemente havia ainda, ao lado das imagens, flores,

velas votivas, figas, amuletos ou simpatias. Os elementos

do culto pagão, associados à tradição cristã, testemunham

o sincretismo religioso no culto doméstico.

Cada um podia ter o santo predileto ao seu alcance. Mais

do que em qualquer outro país católico – como Portugal,

Espanha, Itália, ou mesmo nos países da América

espanhola –, esse hábito se disseminou por aqui. Em

Minas Gerais não havia casa, fazenda ou cafua onde não

se encontrasse pelo menos um santo de devoção.

Esses santos de casa raramente tinham os atavios e a

riqueza das santas de altar, que ostentavam ricas coroas

de ouro e pedrarias, brincos de crisólitas e vestes cuja

policromia procurava imitar os brocados de Veneza. Seu

tamanho reduzido exigia um poder de síntese que os

torna especialmente interessantes. Na sua simplicidade,

são às vezes de alta qualidade artística.

Essa religião familiar veio a desempenhar um papel

importante na vida das comunidades. Algumas residências

ostentavam grandes nichos em suas grossas paredes ou

mesmo capelas, onde dezenas de imagens policromadas se

abrigavam. As devoções foram se diversificando, atingindo

grande variedade. O tamanho dessas imagens raramente

ultrapassava trinta centímetros. No centro, ocupando

o lugar de honra, estava sempre o grande crucifixo de

madeira. O Cristo Crucificado também era encontrado

em várias peças da casa e, às vezes, do lado de fora, perto

da entrada.

O santo de casa faz parte da família; com ele, o fiel

desfruta de uma relação direta e pessoal, carregada de

emoção. Ao santo protetor o devoto pede favores e

dedica orações. Com ele, as demandas e dádivas são

objeto de negociação e fé. O santo é tratado segundo seu

desempenho, numa relação pontilhada de recompensas, se

a graça for alcançada, ou maus-tratos, no caso contrário.

Assim, há imagens adornadas com joias e resplendores,

em sinal de gratidão. Mas encontramos também imagens

parcialmente queimadas ou com as mãos cortadas;

a ausência do Menino Jesus nos braços do santo ou

de Nossa Senhora pode também ser resultado de um

castigo. Um exemplo contundente é uma imagem de

Nossa Senhora da Conceição cujas mãos e rosto foram

sistematicamente serrados, assim como os do Menino

santo de casa

Imagens de santos em

miniatura.

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Santo de casa

Jesus, só escapando incólume a serpente enrolada entre as

nuvens do pedestal. Sendo a madeira um material muito

resistente e o corte dessas partes visivelmente resultado do

uso de um instrumento apropriado, não se pode duvidar

do caráter intencional da mutilação.

Ao longo do século XVIII, as imagens dos altares

assim como as domésticas aos poucos se adelgaçam,

as roupagens adquirem mais leveza, aparecem alguns

detalhes como fitas e flores no cabelo, além de brincos,

tornando-as afinal mais mundanas. O colorido é mais

alegre e delicado, pequenos buquês de inspiração rococó

são salpicados nos vestidos de Nossa Senhora.

Acentuam-se a movimentação e o relevo. Os braços se

desprendem do corpo em gestos suaves. Os cabelos,

que até o início do século ficavam soltos e caídos sobre

os ombros, passaram a ser mais curtos e cobertos por

pequenos véus triangulares de pontas esvoaçantes,

deixando uma ou duas mechas de cabelo aparecendo.

Nossa Senhora Menina tem sempre o cabelo à mostra, às

vezes preso em um pequeno coque.

Na segunda metade do século XVIII, novos ventos

sopravam na Europa ocidental: a influência de Voltaire,

Rousseau e de outros filósofos começou a abalar o

regime absolutista.

Como sempre acontece, o sistema político influi na arte.

O barroco era uma “arte abstrata”, em que raramente

apareciam elementos da natureza. Somente na sua última

fase, surgiram flores. O estilo tornou-se menos pomposo,

adquirindo certa leveza, com laçarotes e guirlandas. O

rococó de Maria Antonieta foi de certa forma uma volta

à natureza. A rainha vivia como pastora na pequena

fazenda chamada Hameau, que fez construir no parque

do Castelo de Versailles. Flores, folhagens, paisagens

surgiram na decoração.

A Igreja Matriz de Santo Antônio de Tiradentes foi um

pouco influenciada pela nova moda. Podem-se notar

certas mudanças nos detalhes decorativos: guirlandas de

flores e troncos de pirâmide invertidos.

Quanto à qualidade das esculturas, pode-se variar ao

infinito. Algumas imagens, como o Cristo na Cruz,

Nossa Senhora da Conceição, São Miguel, Santa Luzia e

Sant’Ana costumam ter um tratamento privilegiado por

parte dos artistas.

Também é incrível a diversidade de estilos que é

encontrada nas imagens mineiras. Desde as rústicas,

sem policromia, que lembram, às vezes, pequenos ídolos

africanos, até as eruditas, de alta qualidade, especialmente

belas e harmoniosas, onde a policromia ajuda a realçar

a perfeição dos traços e o movimento das roupagens.

Embora cada artista ou artesão tenha deixado nas obras

suas características, que muitas vezes permitem identificá-

los, todas têm uma “mineiridade” que as distingue

das procedentes de outras regiões do país. Mesmo as

“mundanas” mantêm uma dignidade intrínseca.

Há uma categoria ainda mais fascinante: as miniaturas.

Com poucos centímetros de altura conseguem às

vezes reunir todos os detalhes das imagens maiores.

Destinavam-se ao uso mais pessoal. Algumas tinham

um pequeno orifício ou alça, para serem costuradas

nas roupas íntimas, ou mesmo na própria pele, e

acompanhavam seus donos ou donas nas arriscadas

viagens pelas brenhas desconhecidas. Atuavam como uma

espécie de amuleto. O material usado na sua feitura podia

ser madeira, marfim, osso, ouro ou prata.

Em Minas Gerais, no século XVIII, o crucifixo tornou-se

peça obrigatória em todos os lares: eram, em sua maioria,

bem simples, tendo apenas a plaqueta com as iniciais

INRI. Com a disseminação do barroco, ele foi adquirindo

detalhes do estilo, como as ponteiras trabalhadas e o

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S a n t o d e c a S a

pedestal cada vez mais elaborado. A imagem do Cristo

também foi se aperfeiçoando, atingindo alto nível estético

na mão de artistas como o Mestre Piranga, o Aleijadinho

e outros.

Também se tornou comum o uso, por moças e senhoras,

de cruzes e outros símbolos cristãos em ouro, alguns

ricamente trabalhados, presos com uma corrente ao

pescoço. Encontram-se, frequentemente, no interior

de Minas Gerais, crucifixos feitos à mão, em latão ou

cobre, todos diferentes entre si. Por seu tamanho, entre

12 cm e 15 cm, provavelmente, eram de uso masculino.

O trabalho, apesar de rústico, tem às vezes detalhes

harmoniosos e delicados. Talvez fossem obras de escravos,

para seu próprio uso.

O crucifixo nunca faltava no interior das casas; bem

simples, pendurado na parede ou arrematado com

detalhes barrocos cuja complexidade ia crescendo de

acordo com a riqueza do possuidor.

Materiais utilizados

Cada época e cada região dá preferência a um

determinado material que considera mais adequado à

execução de suas obras de arte. Nas antigas civilizações,

a pedra foi usada para esculpir ídolos e heróis. A Grécia

escolheu o mármore, e só mesmo o mármore poderia

permitir aquele culto pela beleza idealizada e perfeita

que nenhuma outra cultura pode igualar. Os incas

utilizavam o ouro, que abundava na região. O jade e o

marfim prestavam-se maravilhosamente para os trabalhos

minuciosos e requintados dos chineses. A arte plumária

permitiu a manifestação artística dos nossos índios.

Portugal, durante séculos, esculpiu seus santos em grandes

blocos de calcário ou pedra de ançã. Depois foi no barro

que modelou as imagens e foi nele que desenvolveu sua

arte mais característica: os painéis de azulejos. Eram

de barro as virgens que vieram abençoar as primeiras

capelas do Brasil recém-descoberto. Essa tradição foi aqui

conservada quase até o final do século XVII. Quando,

no limiar do século XVIII, Minas se tornou o centro

econômico e artístico do Brasil, os santeiros começaram

a trabalhar na madeira, realmente a matéria-prima ideal.

Havia abundância e variedade, sendo que, em geral,

a preferência ia para o cedro, que se presta para obras

delicadas, não só na parte escultórica como também ao

receber a policromia. A esteatita, vulgarmente chamada de

pedra-sabão, foi principalmente empregada na escultura

monumental e na decoração das fachadas das igrejas.

São raras as imagens de pequeno porte trabalhadas na

pedra sabão de tons cinza, azulado ou esverdeado. Já

com a variedade conhecida como talcita, branca ou

translúcida, eram feitas as miniaturas eruditas colocadas

dentro dos lindos oratórios comumente chamados Dom

João V, feitos de madeira sobre uma base em losango,

com três faces protegidas por vidro. Os menores têm

base retangular e apenas a face frontal é protegida

por um vidro. Uma família da cidade de Santa Luzia

manteve a tradição, continuando a fabricação dessas

belas peças até recentemente.

O marfim, apesar das dificuldades de transporte e do

alto preço, chegou a ser utilizado por santeiros do Brasil,

principalmente na Bahia. Os navios que retornavam da

Índia atingiam os portos brasileiros, para abastecerem-se

de água e víveres, e, apesar da proibição, sempre deixavam

aqui pequenas partes das mercadorias destinadas

a Portugal. A Bahia teve artistas que trabalharam

lindamente esse material, aplicando a policromia usada no

Oriente. São muito raras as peças ainda existentes.

Em São João del-Rei foram encontrados alguns

exemplares de pequenos Cristos bastante rústicos,

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Santo de casa

esculpidos em marfim, evidenciando a falta de

familiaridade com esse material. As boas peças

encontradas no Brasil vieram de Goa, antiga

colônia portuguesa na Índia, onde, no século XVII,

estabeleceram-se grandes oficinas em que artífices

locais se especializaram em esculpir no marfim imagens

cristãs em quantidade inacreditável (só no Museu

Histórico Nacional do Rio de Janeiro existe um acervo

de quase 1.500 exemplares). A iconografia, embora

represente imagens ocidentais, sempre tem um leve

toque de Oriente. Repetiam os mesmos temas e os

mesmos motivos decorativos. Os pedestais de marfim ou

madeira reproduziam às vezes uma flor de lótus ou eram

ornamentados com anjos e flores. Alguns têm folhas de

acanto cercando uma pequena esfera.

poliCroMia

Ao observar a policromia das imagens mineiras,

principalmente as eruditas, podemos ver que a camada

pictórica era de alta qualidade, contribuindo grandemente

para sua beleza e durabilidade.

Segundo Carlos del Negro, grande conhecedor das

técnicas de pintura, o processo empregado é o conhecido

como “estofamento”. Nele, a tinta não era aplicada

diretamente sobre a madeira e, sim, sobre uma camada

fina de gesso que, por sua vez, era coberta pelo “Bolo

Armênio”, que vem a ser óxido de alumínio. Sobre essa

base era aplicada a pintura a têmpera, que consiste em

dissolver os pigmentos num adstringente como cola ou

clara de ovo, o que facilitava a adesão da matéria pictórica

ao suporte.

Quando se desejava dar acabamento com folha de ouro,

usava-se uma cola à base de pelica e, para que a tinta

aderisse ainda melhor, usava-se o fel de boi desidratado.

Os pigmentos mais usados no decorrer do século XVIII

tinham nomes bastante pitorescos: sangue de dragão, bolo

branco ou amarelado, verdoxo, vermelhão fino, carmim

fino, nácar de pingos superfinos, sinopla cor-de-rosa

(quartzo), rom de pedra, ialde amarelo, nanquim gris,

flor de anil, fezes de ouro e outros. O azul era obtido do

lázuli, mas, por ser muito caro, foi substituído pelo azul

cobalto. Muitas dessas substâncias estão hoje fora de uso

ou são designadas por outros nomes.

Nas imagens mais importantes, para que as roupagens

tivessem aparência de um brocado veneziano, cobria-se

toda a superfície com folha de ouro, aplicando-se sobre

ela a têmpera, que, ainda úmida, era riscada com um

estilete, deixando o ouro aparecer formando pequenos

arabescos ou flores exóticas e folhagens. É o chamado

sgraffito. A pintura simples era apenas arrematada com

frisos e pequenas flores douradas.

Para obter pintura em relevo, trabalhava-se antes o gesso

no sistema pastiglio, cobrindo-o com folhas de ouro.

Usava-se essa técnica em imagens ricas e de grande vulto,

geralmente nas de tamanho natural.

Para dar polimento à pintura, usava-se esfregá-la com

bexiga de carneiro ressecada. Quando se queria dar

ao rosto o aspecto de marfim, essa fricção era mais

prolongada. Às vezes, imagens de madeira tinham o rosto

de marfim.

Nas imagens populares aplicava-se, às vezes, uma

pátina escura, que pouco se diferenciava da madeira

empregada. Quando ficavam em dependências perto

da cozinha, uma camada de fuligem ia aos poucos se

incorporando à imagem.

Na verdade, a qualidade da escultura mineira é tão

alta que mesmo as imagens que, por qualquer motivo,

perderam sua policromia mantêm a beleza da forma e

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S a n t o d e c a S a

a elegância das linhas: a proporção, o movimento, os

detalhes do rosto e do cabelo, formando um conjunto

sóbrio e harmonioso.

autoria

Um dos mais difíceis problemas no estudo das imagens

mineiras e brasileiras, em geral, é o da autoria. Quase

não há obras assinadas e são raríssimas as que podem ser

realmente autenticadas3.

Quando se encontram, em alguma igreja, recibos que

comprovadamente se referem a determinada peça, pode-

se, então, pelo método comparativo, tentar identificar

outras peças do mesmo autor. Um expert com grande

prática tem possibilidade de acertar.

Peças de Mestre Aleijadinho, Xavier de Brito, Vieira

Servas e mais alguns têm sido, assim, identificadas.

Porém, outros artistas de alto valor artístico permanecem

em total anonimato.

Alguns estudiosos têm conseguido identificar várias

obras de um mesmo autor, observando certos traços

característicos que aparecem nas diversas obras. Um

pequeno detalhe tem às vezes maior valor na identificação

do que a composição no seu conjunto. Por exemplo: a

maneira de representar as nuvens, a posição dos pés, a

movimentação do manto, a curvatura do joelho e outros

toques individuais.

Quando várias obras de um mesmo autor são encontradas

em torno de determinada vila ou região, esses atentos

observadores passam a usar o nome do antigo vilarejo

para identificar suas obras. É o caso de Mestre “Piranga”,

Mestre “Acaiaca”, Mestre do “Inficionado”, Mestre de

“Oliveira” e alguns outros. Não se tem nem ideia do

nome verdadeiro desses artistas. Muitas das igrejas que

poderiam ter alguma indicação foram criminosamente

demolidas, destruindo não só o patrimônio arquitetônico

e artístico como livros de registro de nascimentos,

arquivos, enfim, tudo que poderia lançar luz sobre esse

assunto ou mesmo sobre outros fatos históricos.

Outras vezes, uma característica que aparece em diversas

obras serve como alcunha para o autor, como acontece,

por exemplo, com o Mestre Borboleta, cujas imagens,

quando olhadas por trás, apresentam como que um par de

asas abertas, lembrando o inseto.

O Aleijadinho é um caso à parte: além de ter muitas

obras autenticadas, de maneira a não deixar nenhuma

dúvida, seu trabalho tem características tão marcantes que

permitem reconhecê-las desde que sejam cuidadosamente

estudadas. Doente e deformado durante grande parte da

sua vida, dedicou todo seu tempo ao trabalho artístico.

Felizmente, sua obra é extraordinariamente abundante,

não só na imaginária como na escultura de grande porte,

nos altares, nos relevos e nos monumentos decorativos

como fontes e chafarizes. Isso sem falar na arquitetura,

onde também brilhou.

Essa diversidade artística, a universalidade da sua arte,

a multiplicidade de materiais e de temas utilizados

confirmam sua primazia na arte das Américas. Já

no século XVIII era chamado “novo Praxíteles” por

Antônio José da Silva, vereador e crítico de arte, seu

contemporâneo. Com o esgotamento das minas de

ouro de Minas Gerais, ficou praticamente esquecido.

Somente alguns viajantes, como Burton e Saint-Hilaire,

mencionaram ligeiramente seu nome e seus trabalhos.

Somente no século XX sua obra e sua personalidade

receberam a devida atenção dos estudiosos, a partir do

interesse do grupo de escritores e artistas, paulistas na

sua maioria, que, na década de 1920, redescobriu a arte

mineira, incluindo-se Mario de Andrade, Pagu, Maurice

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Santo de casa

Santos popularesSanta Rita de Cássia, Santa Luzia, Santo Antônio (3 unidades), São Sebastião (3 unidades), Santos Cosme e Damião, São Benedito e Santa Efigênia

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S a n t o d e c a S a

Pianzola, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e

Blaise Cendrars.

O espírito libertário de Aleijadinho manifestou-se

não só na sua obra, independente dos cânones da

Metrópole, como na sua ligação, com o Movimento

dos Inconfidentes, que vem sendo recentemente

estudada. Seu desaparecimento de Ouro Preto, sede do

governo, durante cinco anos, desde 1789, parece ter

essa explicação. Por causa de seu envolvimento com a

conspiração, refugiou-se em Rio Espera, onde várias de

suas obras foram executadas.

Sintetizando o que foi Antônio Francisco Lisboa, cito

as palavras de Germain Bazin, no seu livro Baroque and

Rococo: “O grande escultor brasileiro, Aleijadinho, o

último gênio do Barroco em qualquer parte do mundo”.

atriButos

Desde o século V, os atributos foram usados para

identificar o santo. A partir do século XVIII, o mundo

ibérico adotou o hábito de enriquecer suas imagens

acrescentando atributos ou alguma característica especial

que realçava a importância do santo. No Brasil também se

adotou esse hábito, tendo o prateiro feito maravilhas nesse

setor, como coroas, resplendores etc.

Nossa Senhora e o Menino Jesus têm direito a ostentar

coroas de prata ou ouro encimadas por uma pequena

cruz ou pela pomba do Espírito Santo. Para isso, as

imagens têm um pequeno furo no alto da cabeça, onde se

coloca a coroa.

Os santos usam resplendores que acompanham a

curvatura da cabeça e terminam em raios pontiagudos,

como os que costumam representar o sol. São

ornamentados com flores ou outros detalhes barrocos.

O Cristo Crucificado costuma ter por trás de sua cabeça

um resplendor terminado em raios de sol, preso à cruz

por uma haste do mesmo metal. Por trás do seu corpo há,

às vezes, presa à cruz, uma grande placa ovalada também

cercada de raios. E, no topo do crucifixo, uma pequena

placa de madeira ou prata com a inscrição J.N.R.J., que

significa “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, título que lhe

deram, como escárnio, durante seu julgamento.

As santas mártires seguram na mão direita a palma do

martírio. O cajado é usado pelos santos idosos, como

São José e São Joaquim, e pelos santos peregrinos, como

Santiago. No caso destes últimos, acrescenta-se ao bastão

uma cabaça, para levar água ou vinho nas longas jornadas.

O atributo de São João Batista costuma ser um

estandarte terminado em duas pontas triangulares, onde

se lê Ecce Agnus Dei (Eis Cordeiro de Deus), frase com

que ele apresentou Jesus. Nas representações mais antigas,

ele segura na mão a concha com que batizou Cristo,

que está ao seu lado. Para dar maior realismo, às vezes

pendiam da concha alguns fiapos de algodão, sugerindo a

água que caía.

O arcanjo São Miguel, sempre pomposo e elegante,

segura na mão direita uma espada e, na outra, uma

pequena balança, geralmente feitas em prata. Com a

balança irá pesar os pecados e as boas ações de cada um,

por ocasião do Juízo Final.

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Santo de casa

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O C r i s t O e a C r u z

No início da luta pelo cristianismo,

quando as perseguições obrigavam os

fiéis a abrigarem-se nas catacumbas,

surgiu no seu interior uma arte simbólica em que

flores, animais e alguns objetos adquiriram um

significado religioso. Cristo era representado por

um peixe, pois peixe, em grego, se diz “IKHTHYS”,

representando uma abreviatura da designação “lesoûs

khristòs theoû Hyiòs sotér”, isto é, “Jesus Cristo filho de

Deus Salvador”.

Um pedaço de pão simbolizava a Eucaristia; o pavão

representava a Ressurreição; a paisagem campestre sugeria

o paraíso. O pelicano, que dá a vida aos filhos com o

próprio sangue, era a alegoria do Cristo.

Quando, no século IV, Santa Helena, mãe do imperador

Constantino, encontrou o Santo Lenho, a cruz tornou-

se o principal e mais difundido símbolo da cristandade.

A princípio, os convertidos que queriam usá-la eram

humilhados pelos pagãos e pelos judeus. Precisavam

dissimulá-la de alguma forma ou disfarçá-la em

monogramas enigmáticos, compreendidos apenas pelos

próprios cristãos.

O chamado Khrismon era composto pela cruz entrelaçada

com as iniciais de Cristo, formando desenhos variados,

sendo mais conhecido o que, em tempos recentes,

foi muito usado no traje das primeiras comungantes.

Segundo a tradição, esse foi o sinal que apareceu no céu

ao imperador Constantino, enquanto uma voz lhe dizia In

Hoc Signo Vincis (Com este sinal vencerás). Tendo obtido

a vitória sobre seu inimigo, atribuiu-a ao sinal da cruz e

decidiu reconhecer o cristianismo e dar-lhe liberdade de

culto (ano 313).

O sinal da cruz continua até hoje sendo o gesto que

afirma a convicção da fé. Ao longo dos séculos, inúmeras

variedades de cruz surgiram, podendo apresentar os mais

diversos formatos: a Cruz Latina, que procura reproduzir

o Santo Lenho em que Jesus foi morto, a Cruz de Malta,

a de Jerusalém, a Ortodoxa ou Russa, com braços curtos,

a de Santo André, em que o santo foi martirizado, a

Patriarcal e muitas outras.

Ao longo dos séculos, ela foi sofrendo modificações

e adquirindo novas características. Na Idade Média,

distinguia-se pela riqueza com a qual era ornamentada. A

cruz peitoral dos altos dignitários da Igreja transformou-

se em joia de grande valor, usada depois pelas rainhas

e senhoras da nobreza. Nos países católicos, a cruz

fazia parte das principais condecorações das Ordens

Honoríficas, como a Ordem de Cristo, a Ordem de Avis e

a de Santiago e Espada.

Nas cruzadas, era ostentada com orgulho. Também

as caravelas portuguesas, quando saíam pelos mares à

procura de novos mundos, tinham em suas velas grandes

cruzes que as protegiam.

No interior de Minas Gerais, eram comuns os cruzeiros

de beira de estrada, assinalando o local de mortes. No

alto dos morros colocavam-se grandes cruzes de madeira,

às quais se acrescentavam os símbolos da paixão de

Cristo: a cana verde, o galo, a coroa de espinhos, o

alicate, as lanças, os cravos, a escada, a esponja, os açoites

o crIsto e a cruz

Cristo Crucificado.

Peça em madeira.

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Santo de casa

e os dados com que foi disputado o manto de Cristo

pelos centuriões.

Todas as etapas da vida de Cristo têm sido muito

representadas nos países católicos, tanto na pintura como

na escultura. É claro que não se trata de um santo, pois é

o próprio Deus encarnado, mas tem presença constante

ao lado das devoções variadas, nas igrejas, capelas e lares.

À época do nascimento de Jesus, vigorava um decreto do

imperador Augusto, pelo qual os súditos de Roma deviam

se alistar nas cidades de origem. José e Maria, sendo da

família de Davi, dirigiram-se a Belém, obedecendo assim

às profecias que diziam que ali havia de nascer o Messias.

Encontrando a cidade fechada, tiveram de se abrigar

em uma estrebaria fora da cidade. Foi ali que nasceu o

Menino Jesus. Em seguida ao grande acontecimento,

apareceram os anjos com seu canto celestial. Mais

tarde chegaram os Reis Magos e os pastores. Quarenta

dias depois, o menino foi levado a Jerusalém, para ser

apresentado no templo, conforme mandava a lei.

Segundo a tradição, foi São Francisco de Assis o primeiro

a representar o presépio, na noite de Natal, para uma

grande multidão, no bosque de Greccio, no ano de 1223.

O cenário é um estábulo, tendo ao centro a manjedoura

coberta de palha onde repousa o Menino Deus; ao seu

lado, Nossa Senhora e São José estão ajoelhados em

atitude de adoração; bem junto ao recém-nascido, o boi

e o burro ajudam a esquentá-lo com seu bafo; carneiros

e outros pequenos animais ficam espalhados ao redor. Os

três Reis Magos costumam ser acrescentados, entregando,

além de incenso e mirra, os ricos presentes que trouxeram.

Alguns pastores vieram também conhecer o Salvador,

orientados pela Estrela Guia. No alto paira um anjo

segurando uma faixa onde se lê: Gloria in Excelcis Deo.

Na pintura, houve época em que os artistas europeus

davam asas à sua imaginação e o estábulo era substituído

por ambientes muito elaborados, aos quais eram

acrescentadas centenas de figurantes. Quando eram

encomendados por príncipes ou reis, empregavam-se

matérias nobres, como esmaltes e pedras preciosas.

Os presépios domésticos, em Minas Gerais, são até hoje

muito cultuados. Enfeitados de maneira simples, com

o musgo das montanhas, flores de papel e pequenos

animais, estão mais de acordo com a modéstia do

nascimento de Cristo.

Jesus Menino aparece sempre no colo de Maria, em

várias das suas invocações. É sempre um lindo bebê louro

e rosado, às vezes com a cabeça encostada na da mãe ou

segurando sua mão. Em algumas representações, ajuda

São José nos trabalhos de carpinteiro.

Devido à perseguição de Herodes, São José recebeu de

Deus, por intermédio de um anjo, a ordem de fugir para

o Egito, onde ficou com a família até morrerem seus

perseguidores. Nessa representação, São José aparece

puxando o burrico que carrega a Virgem e o Menino.

No grupo da Sagrada Família os três estão em pé, de mãos

dadas, como se estivessem passeando no campo. Às vezes

Menino JesusMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 8,5 cm Larg. 4 cm Prof. 2,5 cm

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O C r i s t O e a C r u z

uma árvore sugere o cenário. A chamada Santa Parentela

inclui também Sant´Ana e São Joaquim, avós de Jesus.

Todo ano, pela Páscoa, Jesus, Maria e José iam a

Jerusalém oferecer os sacrifícios da lei. Quando Jesus tinha

doze anos, no momento em que deveriam voltar a Nazaré,

ficou durante três dias desaparecido. Foi grande a aflição

dos pais, que o acharam no templo, conversando com os

sacerdotes e os doutores.

Cenas como a da apresentação no templo ou a de Jesus

entre os doutores só aparecem em pinturas. Imagens dessa

fase de menino crescido são raríssimas em Minas Gerais.

As Santas Mães formam um conjunto harmonioso do

qual participam Maria e Sant’Ana.

Na cena do Calvário, Maria torce as mãos em grande

sofrimento. Ali também estão os companheiros da Cruz,

São João Evangelista, o discípulo querido que consola

Maria enquanto olha para Jesus Crucificado, e Maria

Madalena jogada ao chão, abraçada ao pé da cruz. O

bom e o mau ladrão aparecem às vezes amarrados às suas

cruzes, um de cada lado do Cristo.

O Menino Jesus adolescente aparece na figura do Bom

Pastor, carregando um cordeirinho às costas, numa figura

simbólica do tempo das catacumbas romanas. Só tornou a

aparecer muito mais tarde, nos marfins indo-portugueses

de Goa, dos séculos XVII e XVIII. Nessa rara e elaborada

representação, ele está sentado, pensativo, com a ponta

Família de CristoSão João Batista, Sant’Ana, São José

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Santo de casa

Menino Jesus Oriente, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 15,5 cm Larg. 5,5 cm

Prof. 4,5 cm

Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 8 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,3 cm

Menino Jesus Portugal, Séc. XVIII

Madeira esculpida,

policromada e dourada

Alt. 16 cm Larg. 7,5 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XIXChumbo policromado Alt. 5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2 cm

Menino JesusOrigem não identificada

Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada

Alt. 9 cm Larg. 3 cm Prof. 2,5 cm

Menino Jesus Minas Gerais

Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada

Alt. 32,7 cm Larg. 15 cm Prof. 7 cm

Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 4,7 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2 cm

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Santo de casa

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O C r i s t O e a C r u z

dos dedos tocando a testa e cercado de cordeiros, sendo

que um deles está no seu ombro esquerdo e outro no seu

colo. O mais importante, porém, é o trabalho do pedestal

que integra a obra. Costuma medir o dobro da imagem

e constitui, por si só, uma peça interessantíssima pela

quantidade de figuras e símbolos orientais e ocidentais

que apresenta. Tem a forma de uma “lapinha” vertical de

onde jorra uma “Fonte da Vida” e onde pássaros estão

pousados. Leões e outros animais, cercados de vegetação

exótica, compõem o cenário. Dentro de uma gruta está

a figura de Madalena arrependida, deitada com a cabeça

apoiada na mão direita, enquanto a outra segura um livro.

Outros cordeiros estão espalhados entre cabeças de anjos

e cisnes.

Há um longo período da vida de Cristo do qual

pouco se tem conhecimento e que não consta na sua

iconografia. Ele reaparece para ser batizado por São

João Batista quando já tinha 30 anos. É bastante rara

essa representação, em que São João, com uma concha,

derrama água do rio Jordão sobre a cabeça do primo e diz:

“eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.

Essa frase prenunciava que ele, Jesus, ia ser sacrificado

para salvar a humanidade.

Começa nessa época a fase de pregação, milagres

e sermões, período que ficou bem documentado e

conhecido através dos Evangelhos. Porém, é pouco

representado na imaginária mineira.

Paixão é o nome dado à fase final da vida de Cristo,

quando ele é preso, julgado, condenado e crucificado. Esse,

sim, tem sido tema inspirador para milhares de artistas,

cada um dando sua interpretação pessoal a cada cena.

A primeira delas é a vulgarmente chamada de “O Senhor

da Pedra Fria”, que apresenta Jesus sentado, de busto

nu, tristonho, aguardando o julgamento. A segunda é

a do “Senhor da Sentença”, em que ele já está de pé e

suas mãos se encontram atadas. Em seguida, ele aparece

coroado de espinhos, amarrado para ser vergastado; é o

chamado “Cristo da Coluna” ou “Cristo Doloroso”.

Na cena mais humilhante, depois de ser coroado de

espinhos e alcunhado de “Rei dos Judeus”, jogam sobre

suas costas um farrapo de púrpura à guisa de manto real

e põem-lhe nas mãos uma vara imitando um cetro, e

Pilatos o apresenta ao povo para ser escarnecido. Essa é

a cena conhecida como Ecce Homo (Eis o Homem) ou,

popularmente, como “Jesus da Cana Verde”, o momento

em que Pilatos, embora o julgasse inocente, permitiu que

fosse condenado pela fúria popular.

Segue-se a via-crúcis, quando Jesus inicia a subida ao

Calvário ou Gólgota, carregando a cruz em que ia ser

crucificado. Não aguentando o peso, devido ao seu estado

de fraqueza e cansaço, Jesus cai três vezes, sendo então

ajudado por um homem chamado Simão.

Conhecida como “Senhor dos Passos”, essa cena é

reproduzida, nas procissões, por uma imagem de Cristo

em tamanho natural, articulada, para poder ajoelhar,

vestido com um camisolão roxo amarrado na cintura

por um cordão branco. A cabeleira é feita com cabelos

naturais que chegam até o ombro. Sua fisionomia, em que

o sangue escorre das feridas feitas pelos espinhos, exprime

toda a sua dor e sofrimento. Essa representação existia

também em tamanho reduzido para se ter em casa, mas,

por ser tão triste, não era muito usual.

Verônica é a mulher que, ao ver o rosto de Jesus coberto

de suor e sangue, dele se apieda e o enxuga com um pano,

sobre o qual milagrosamente fica impressa a fisionomia do

Cristo (Santa Face). Segundo alguns estudiosos, o nome

da mulher é desconhecido e a palavra “Verônica” é uma

corruptela da expressão Vero Icone (Verdadeira Imagem),

que, com o correr dos séculos, transformou-se em

Verônica. Ela é pouco representada, mas a imagem sobre

Crucifixos e imagens do Cristo, da

esquerda para a direita, em sentido

horário:

Cristo do Horto das Oliveiras Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira

Alt. 13,5 cm Larg. 7,5 cm

Prof. 5,5 cm

Cristo da Coluna Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira Alt. 16,7 cm Larg. 5,8 cm

Prof. 5,2 cm

Ecce Homo Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 14,5 cm Larg. 5,5 cm Prof. 3 cm

Cristo Crucificado Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira

Alt. 13,5 cm Larg. 4,5 cm Prof. 5 cm

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Santo de casa

Cristo Crucificado Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira Alt. 10,5 cm Larg. 4 cm Prof. 2,3 cm

Cristo RessuscitadoOrigem não identificadaSéc. XIXMadeira policromada

Alt. 19,3 cm Larg. 7,3 cm Prof. 2,8 cm

Jesus Ressuscitado Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 16 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5,6 cm

Cristo CrucificadoOrigem não identificada

Séc. XVIIIMadeira

Alt. 22 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4 cm

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O C r i s t O e a C r u z

o pano tornou-se o ícone em que se baseavam os artistas

ao representarem Jesus.

De todos os episódios da via-crúcis, o mais frequente na

imaginária mineira é o do Cristo Crucificado. Cristo entre

os dois ladrões, tendo muitas vezes, junto à cruz, de um

lado, Maria inconsolável e, do outro, João, o discípulo

predileto, de olhos fixos no Cristo agonizante. Nessa hora

extrema, Jesus entrega sua mãe aos cuidados do jovem

apóstolo, dizendo: “Mulher, eis o teu filho.” E a ele diz:

“Eis a tua mãe”. Desde então João sempre a protegeu,

levando-a para Éfeso, onde morava e onde escreveu o

evangelho. O Apocalipse, também a ele atribuído, teria

sido escrito na Ilha de Patmos, onde esteve exilado depois

da morte de Maria. Uma águia que lhe segura o tinteiro,

tornou-se o símbolo de São João como evangelista. Nos

quadros da última ceia, João está sempre ao lado de Jesus,

com a cabeça inclinada sobre seu ombro.

O Cristo Crucificado, em Minas, é geralmente chamado

de Bom Jesus de Matosinhos. Isso se deve à influência da

famosa igreja de peregrinação, perto da cidade do Porto,

em Portugal.

A terceira personagem sempre presente no Calvário

é Maria Madalena, a mais célebre das pecadoras

arrependidas. Ali, ela aparece prostrada aos pés da cruz,

sua vasta cabeleira em desalinho. Depois da morte de

Cristo, ela é a primeira a vê-lo ressuscitado, quando ele

lhe diz: Noli me tangere (Não me toque). Depois, ela teria

partido com a Virgem e com São João Evangelista para

Éfeso. Em outra versão, teria embarcado com Marta,

sua irmã, e o bispo Maximino, chegando até Marselha.

De lá, retirou-se em penitência para uma gruta em

Sainte-Baume, onde teria vivido durante 30 anos. Essa

iconografia aparece sempre no pedestal do Bom Pastor de

Goa e raramente em imagem de madeira. Outra maneira

de representá-la é sentada em uma pedra, com a mão na

cabeça em atitude de arrependimento. Na Europa, ela

está quase sempre muito bem vestida, como nos seus

tempos de mundana, tendo nas mãos o vaso de preciosos

perfumes com que untou os pés de Jesus na casa de

Simão, enxugando-os depois com seus longos cabelos.

Cristo Batizado Minas Gerais Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada

Alt. 22 cm Larg. 8,5 cm

Prof. 5,5 cm

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Santo de casa

Crucifixo, Minas Gerais, Séc. XVIIILatão batido

Alt. 12,5 cm Larg. 6 cm Prof. 0,6 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Crucifixo, Bolívia Séc. XVIII

Latão fundido e banhado em prata Alt. 12,7 cm Larg. 8 cm Prof. 1,3 cm

Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII

Latão fundido

Alt. 13 cm Larg. 6,3 cm Prof. 1,3 cm

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Santo de casa

Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII

Bronze fundido

Alt. 12 cm Larg. 7,5 cm Prof. 1,2 cm

Crucifixo, Minas Gerais/Amarantina Séc. XVIII

Bronze fundido

Alt. 14,5 cm Larg. 7,2 cm Prof. 1,5 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Crucifixo, Bolívia, Séc. XIX Madeira/ Latão fundido e batido

Alt. 30,5 cm Larg. 14 cm Prof. 3 cm

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Santo de casa

Oratório, Minas Gerais, Séc. XIX Madeira esculpida e policromada

Alt. 17 cm Larg. 7 cm Prof. 4,8 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira entalhada, policromada e dourada/Talcita esculpida e policromada

Alt. 52 cm Larg. 25 cm Prof. 10 cm

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Santo de casa

Sant’Ana Guia, Itália, Séc. XVIIIAlabastro esculpido

Alt. 11,5 cm Larg. 7 cm Prof. 3,5 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIIIMadeira esculpida

Alt. 26,5 cm Larg. 17 cm Prof. 11,5 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida, policromada e dourada

Alt. 18 cm Larg. 12 cm Prof. 7,5 cm

Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 4,5 cm Larg. 3,8 cm Prof. 2 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 16 cm Larg. 7 cm Prof. 4,5 cm

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Santo de casa

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 18 cm Larg. 8,5 cm Prof. 5,5 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 22 cm Larg. 11 cm Prof. 8 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida, policromada e dourada

Alt. 20 cm Larg. 9,5 cm Prof. 6 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 10,5 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4 cm

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Santo de casa

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 14,5 cm Larg. 8,8 cm Prof. 4,7 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 15,2 cm Larg. 7,9 cm Prof. 5 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 12,5 cm Larg. 5,2 cm Prof. 3,3 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 10 cm Larg. 7,2 cm Prof. 6,4 cm

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Santo de casa

Sant’Ana, São Paulo, Séc. XVIII Barro modelado e policromado

Alt. 8,2 cm Larg. 9,3 cm Prof. 8 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida

Alt. 12,3 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,7 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 14,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 23,3 cm Larg. 9,7 cm Prof. 5,5 cm

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Santo de casa

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 10,8 cm Larg. 7,4 cm Prof. 3,3 cm

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O C r i s t O e a C r u z

Sant’Ana, Origem não identificada, Séc. XVIII

Pedra esculpida e encerada

Alt. 12,5 cm Larg. 7 cm Prof. 3,2 cm

Sant’Ana, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 10,1 cm Larg. 6,7 cm Prof. 4,3 cm

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Santo de casa

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

preFerênCias deVoCionais e iConográFiCas

A religiosidade presidia todos os aspectos da vida

e do dia a dia na região das Minas, no século

XVIII. Muitas eram as devoções. Quase todos os

santos tinham capelas a eles dedicadas. Cristo em todas

elas era venerado, assim como Nossa Senhora, sob suas

diversas representações. Algumas igrejas só a eles eram

consagradas: as do Bom Jesus do Matosinhos, Nossa

Senhora do Rosário, principal devoção dos negros, Nossa

Senhora do Pilar, devoção espanhola, Nossa Senhora do

Bonsucesso, além de outras devoções locais.

O elenco dos santos era bastante grande e estes

muitas vezes se repetiam em igrejas, capelas e altares,

predominando os de origem portuguesa, os da Europa

Meridional, os contemporâneos de Cristo e os primeiros

mártires. Na listagem das imagens, o número de santos se

reduz, mas a quantidade de reproduções se multiplica.

Jesus Crucificado é indiscutivelmente a imagem

mais frequente. Maria, em todas as suas devoções, o

acompanha de perto. Sant’Ana Mestra; Santo Antônio

e São João Batista são bastante frequentes. O Menino

Jesus aparece muito no presépio, como recém-nascido,

deitadinho na manjedoura ou no colo de Maria. Mas na

posição ereta é raro.

Gilberto Freyre, o grande sociólogo pernambucano, com seu

olhar de observador arguto, percebeu que é na escultura que

a alma nacional encontra sua maior via de comunicação. Em

Minas, durante o seu período do ouro, foi inegavelmente a

escultura que produziu as mais significativas obras de arte.

Aleijadinho, o artista maior, deixou para a posteridade,

além dos impressionantes monumentos de Congonhas,

boa quantidade de belas estátuas dos oragos nos altares.

Mas também deixou uma infinidade de pequenas imagens

veneradas nos lares mineiros.

Antes de relatar a vida de alguns dos santos de maior

devoção em Minas, vale lembrar que é impossível

separar a história da lenda. São os milagres e lendas que

os tornam queridos e respeitados e os diferenciam dos

simples mortais. É, na verdade, o que os torna santos.

Muitos detalhes de suas vidas, na célebre “La légende

dorée”, de Jacques de Voragine (1260), são falsos, mas a

inspiração e os ensinamentos transmitidos, corretos.

Até hoje, os milagres são exigidos para que haja uma

canonização. Não basta uma vida santa e cheia de

virtudes. É preciso algo de sobrenatural que os torne,

de certo modo, possuidores de uma centelha do poder

divino. No século XIII, no pontificado de Gregório IX, a

aprovação do papa se tornou regra para a canonização dos

santos. Para o reconhecimento e atribuição da santidade a

alguém, a pessoa em questão é submetida a um estudo e

uma investigação sobre sua vida e morte.

As lendas são às vezes construídas pela Igreja. Muitas

vezes elas resultaram da incorporação de fatos um tanto

fantásticos que, com o tempo, passavam a ser tidos

como verdadeiros.

Depois do Cristo, vem a Virgem Maria, não só na

hierarquia cristã como na devoção dos fiéis. É incontável

os santos e suas Imagens

Santos arcanjos:

São Miguel, São Miguel

e São Rafael.

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Santo de casa

o número de suas invocações e de seus devotos, assim

como é incalculável a quantidade de suas representações.

Por ser mãe de Deus, ocupa posição de destaque nos

altares e sua imagem é a mais encontrada nos lares. Por

ser a mediadora, é sempre procurada pelos que precisam

de ajuda.

Quando menina, ela aparece sempre ao lado de sua

mãe Sant´Ana, que se encontra sentada e repousa a

mão esquerda no ombro ou nas costas da filha. Ambas

seguram o livro e Maria, de pé à esquerda da mãe, segue

a leitura com o dedo indicador. A cadeira, símbolo de

autoridade, é sempre caprichosamente entalhada,

por vezes em estilo D. João V, com volutas no

espaldar, nos braços e pernas. Às vezes há uma

pequena almofada onde Sant’Ana repousa os

pés. Formam um conjunto harmonioso,

frequentemente esculpido num só

bloco da madeira. Maria adolescente

inspirou imagens cheias de doçura e

pureza.

A figura da Nossa Senhora da

Conceição é a mais importante

das devoções à Virgem, por ser

a padroeira de Portugal e depois

também do Brasil. Pelo dogma

da Imaculada Conceição, a virgem

concebeu sem pecado. Esse dogma

foi confirmado no Concílio de

Trento, marco inicial da grande

batalha travada do Vaticano contra

o movimento protestante iniciado

por Lutero. “Tota pulchra es, Maria, et

macula originalis non est in te” (Tu és

toda bonita, Maria, e o pecado original

não está em ti) foram as palavras que

definiram o dogma.

Nessa imagem, a Virgem aparece, na iconografia

mineira, sem o menino ao colo, sobre o universo cheio

de estrelas, sempre pisando o crescente que representa

a derrota do Império Otomano, que constituía uma

ameaça ao mundo cristão. No pedestal, aparece também

uma serpente ou dragão, representando o demônio, por

ela subjugado.

Há inúmeras outras maneiras de glorificar Maria: Nossa

Senhora das Mercês, de braços abertos, espalhando seus

benefícios; Nossa Senhora da Glória, com o cetro do

poder na mão; Nossa Senhora dos Remédios, do Amparo

etc. Em quase todas, ela carrega o Menino Jesus no

braço esquerdo.

Domingos foi o grande propagador do

rosário e incorporou-o à imagem da Virgem

que carrega o menino Jesus no braço

esquerdo e segura o rosário com a direita.

É uma das devoções mais difundidas,

principalmente pelos negros, na época

da escravidão.

Há também as virgens tristes: a

Mater Dolorosa, aos pés da cruz,

torcendo as mãos na hora da agonia;

Nossa Senhora das Dores, com

as sete espadas cravadas no peito,

representando as dores que sofreu

Maria durante a paixão de Cristo;

Nossa Senhora da Soledade, a

virgem solitária e sofredora; e Nossa

Senhora da Piedade, com o Cristo

morto ao colo.

Muitas vezes, o povo acrescenta o nome

de sua cidade ao de Maria, tornando-a

padroeira do lugar, como Nossa

Senhora da Conceição de Sabará.

Nossa Senhora do Carmo

Minas GeraisSéc. XVIII

Talcita esculpida e

policromada

Alt. 16,3 cm Larg. 6 cm

Prof. 4,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Pode também acontecer o contrário, como na cidade de

Aparecida, em São Paulo, que tomou o nome da santa

que “apareceu” no rio que corta a cidade.

Uma iconografia muito rara é a de Nossa Senhora do Ó,

que representa a Nossa Senhora grávida. Foi proibida pelo

Concílio de Trento, por ser considerada muito carnal.

Raramente é vista nos altares brasileiros. Em Portugal

ainda há algumas que datam do século XIV ou XV.

Atualmente, nos altares a ela dedicados, aparece como

uma Virgem tradicional.

Em Minas Gerais, no entanto, aparecem

alguns pequenos exemplares na arte

popular. Não estão, porém, na mesma

posição das antigas, que apoiavam a mão

esquerda sobre o ventre desenvolvido

e abençoavam com a outra. Aqui,

elas vestem um traje monacal com

escapulário, como o das carmelitas,

e têm as duas mãos colocadas

de maneira a disfarçar o ventre

intumescido.

Esse nome de Nossa Senhora do Ó tem

origem nas antífonas que começavam

sempre por Ó, recitadas na semana

anterior ao Natal, em que a Igreja

demonstra o anseio com que aguarda

o Salvador.

As diversas invocações da Virgem

costumam corresponder a alguma

característica iconográfica, por

exemplo, Nossa Senhora da Penha

está sempre sobre um pedestal em

forma de penhasco; Nossa Senhora

da Apresentação tem o menino Deus

recém-nascido ao colo.

Outra grande devoção em Minas Gerais é a de São João

Batista, primo de Cristo que teve o privilégio de batizá-

lo. É bastante rara a iconografia em que São João aparece

de braço levantado, segurando a concha com a qual

derramou a água do rio Jordão sobre a cabeça de Cristo.

Em sua representação mais comum, ele é ainda menino,

envolto em uma pele de carneiro, tendo a seus pés um

cordeirinho. Segura um estandarte onde estão gravadas as

palavras Agnus Dei, as primeiras da expressão: “Cordeiro

de Deus que tirais os pecados do mundo”.

O discípulo predileto, o jovem São João, irmão

de Santiago Maior – além de aparecer na cena

do Calvário consolando a Virgem, a quem

Cristo o encarregara de proteger –, sempre é

representado pelos pintores na Ilha de Patmos,

tendo ao lado um corvo.

Uma característica peculiar encontrada

em algumas das imagens de madeira é

o fato de ter a parte de trás escavada e

coberta por uma tábua: é o chamado

“santo do pau oco”. Como esse oco

sempre vinha disfarçado por uma

peça cuidadosamente ajustada de

maneira a tornar ignorada a existência

desse vazio, supõe-se ser verdadeira a

tradição de que ali era contrabandeado

o ouro, escapando assim ao quinto

exigido pela Coroa. Em cada viagem

ele traria prata em moedas ou ouro

bruto, que seria trabalhado pelos

ourives locais. Daí a expressão “santo

do pau oco”, referindo-se à pessoa que

aparenta ser digna de confiança, mas, no

fundo, é falsa.

Nossa Senhora da ConceiçãoMinas GeraisSéc. XVIIIMadeira esculpida e

policromada

Alt. 28,5 cm Larg. 10 cm

Prof. 9 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais/Caeté, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 34,5 cm Larg. 16 cm Prof. 12 cm

Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 23,4 cm Larg. 6,7 cm Prof. 5 cm

Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais/Ouro Preto

Séc. XVIIIMadeira

Alt. 13,8 cm Larg. 4,6 cm Prof. 2,8 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora do Carmo Portugal, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 9,7 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,5 cm

Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 9 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2 cm

Nossa Senhora do Carmo Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 14,6 cm Larg. 6,3 cm Prof. 4 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da ConceiçãoOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 27 cm Larg. 8,2 cm Prof. 7,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 14,5 cm Larg. 6,7 cm Prof. 4,5 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 18,3 cm Larg. 6 cm Prof. 4,3 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 26 cm Larg. 12 cm Prof. 6 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 24,5 cm Larg. 8,3 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora da Conceição Rio de Janeiro, Séc. XIX

Barro policromado

Alt. 10 cm Larg. 2,5 cm Prof. 2,7 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 27,5 cm Larg. 12,5 cm Prof. 9,5 m

Nossa Senhora da Conceição/Medalhão Minas Gerais, Séc. XVIII

Talcita

Alt. 9,3 cm Larg. 4,3 cm Prof. 8 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 19,5 cm Larg. 6,2 cm Prof. 3,5 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 9,5 cm Larg. 3,5 cm Prof. 1,5 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 14,8 cm Larg. 7 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Pedra

Alt. 13,8 cm Larg. 6 cm Prof. 5 cm

Nossa Senhora da Conceição Portugal, Séc. XVII

Prata fundida

Alt. 8,2 cm Diâmetro 2,7 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Pedra sabão policromada

Alt. 16,2 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3,3 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Latão fundido

Alt. 4,5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 0,5 cm

Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 18,3 cm Larg. 5,8 cm Prof. 4,5 cm

Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 12,3 cm Larg. 4,5 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 20 cm Larg. 7,5 cm Prof. 7 cm

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Pedra policromada

Alt. 8,3 cm Larg. 4 cm Prof. 3,2 cm

Nossa Senhora da Conceição Origem não identificada, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 10 cm Larg. 3,8 cm Prof. 2,5 cm

Nossa Senhora da Conceição São Paulo, Séc. XIX

Barro policromado

Alt. 19 cm Larg. 8,5 cm Prof. 6,5 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da Conceição Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 27 cm Larg. 11 cm Prof. 7 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora da Boa MorteMinas Gerais, Séc. XVIII

Talcita esculpida e policromada

Alt. 3,7 cm Larg. 11,4 cm Prof. 4,4 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 19,8 cm Larg. 8 cm Prof. 6 cm

Nossa Senhora das MercêsMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 20 cm Larg. 13,8 cm Prof. 6 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira pintada

Alt. 12,8 cm Larg. 4,8 cm Prof. 4,5 cm

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 17,3 cm Diâmetro 8,3 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora, Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira policromada

Alt. 14,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 6,3 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 10,3 cm Larg. 4 cm Prof. 3 cm

Nossa Senhora Origem não identificada, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 4,3 cm Larg. 1,8 cm Prof. 0,8 cm

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 13,7 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,6 cm

Nossa Senhora Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira encerada

Alt. 11,5 cm Larg. 3,7 cm Prof. 3,4 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora do Ó, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira encerada

Alt. 11,6 cm Larg. 4 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora do Ó, Península Ibérica, Séc. XVIII Madeira esculpida e envernizada

Alt. 12,3 cm Larg. 5,8 cm Prof. 4,5 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 13,3 cm Larg. 7,7 cm Prof. 5 cm

Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira encerada

Alt. 17 cm Larg. 7,8 cm Prof. 6,5 cm

Nossa Senhora da Piedade Itália, Séc. XIX Mármore esculpido

Alt. 6 cm Larg. 4,1 cm Prof. 2,3 cm

Nossa Senhora da Piedade Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 27,5 cm Larg. 21 cm Prof. 9 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII

Pedra policromada

Alt. 15,6 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4 cm

Nossa Senhora com Menino Jesus Rio de Janeiro, Séc. XVIII

Prata fundida

Alt. 3,1 cm Larg. 1,5 cm Prof. 0,2 cm

Nossa Senhora com Menino JesusOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX

Barro policromado

Alt. 6,8 cm Larg. 2,5 cm Prof. 1,5 cm

Nossa Senhora do ÓOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 10,6 cm Larg. 5,5 cm Prof. 2,5 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 26,2 cm Larg. 8,5 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora com Menino Jesus Origem não identificada, Séc. XIX

Gesso modelado e policromado

Alt. 18,5 cm Larg. 7,2 cm Prof. 5 cm

Nossa Senhora com Menino Jesus Minas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 10,3 cm Larg. 3,4 cm Prof. 3,3 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 14,7 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 12,2 cm Larg. 6,3 cm Prof. 4,8 cm

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Santo de casa

Nossa Senhora das Dores Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 21,2 cm Larg. 6,6 cm Prof. 5,3 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santa ágata

Nasceu no século III em Catânia, na Sicília. Negando-

se a satisfazer os desejos do prefeito da cidade e também

a cultuar seus deuses, foi por ele enviada a um lupanar,

onde seria violentada ritualmente.

Não achando suficiente esse castigo, ele a mandou para a

prisão. Lá, amarrada de cabeça para baixo a uma coluna,

teve seus seios arrancados por tenazes. Milagrosamente

curada por São Pedro, volta à prisão, onde é então jogada

sobre carvões em brasa e morre.

Seus devotos lhe atribuem o poder de fazer cessar as

erupções do vulcão Etna, perto do qual fica a cidade

onde nasceu. É também evocada pelas mulheres que

sofrem de doenças nos seios, além de ser a padroeira das

amas de leite.

Costuma ser representada sendo arrastada para a prisão

por dois soldados, tendo os seios expostos. Às vezes,

segura uma bandeja onde repousam seus seios. Seus trajes

são luxuosos, evidenciando sua alta classe social.

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Santo de casa

Oratório/Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira entalhada e policromada

Alt. 9,5 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santo antônIo

Pode-se medir a popularidade de um santo pelo número

de cidades a que dá nome ou pela quantidade de igrejas

de que é orago. Também, pela frequência com que

suas imagens são encontradas nos oratórios familiares.

Sob todos esses aspectos, Santo Antônio é um dos

privilegiados. Há 288 capelas a ele dedicadas em Minas

Gerais e setenta localidades têm seu nome. O número de

imagens é incalculável.

Conhecido como milagreiro e casamenteiro, é o

mais procurado para resolver problemas de namoros,

casamentos, objetos perdidos e outros. Goza da maior

intimidade nas famílias. Estava sempre nas alcovas das

moças casadoiras, que com ele se apegavam para resolver

os problemas de amor e, às vezes, o castigavam por não

ter atendido às súplicas, colocando-o de cabeça para baixo

dentro de algum vaso ou mesmo amarrado no fundo de

um poço. Em casos extremos, mutilavam o santo.

Muitos versinhos lhe foram dedicados para reforçar

os pedidos:

Meu Santo Antônio querido

Meu santo de carne e osso

Se tu não me dás marido

Não tiro você do poço.

Essas coisas aconteciam principalmente na roça e nas

fazendas, onde arranjar marido era um problema sério.

Quando o santo atendia ao pedido, penduravam-lhe ao

pescoço pequenos berloques ou medalhas de ouro.

Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195; foi um

grande pregador, tendo atuado em Paris e, depois, em

Pádua, onde se radicou até morrer, aos 36 anos de idade

(por isso é às vezes chamado de Santo Antônio de Pádua).

Vários milagres lhe são atribuídos.

As imagens de Santo Antônio têm sempre as mesmas

características: o burel negro com grande capuz caído

para as costas e o cordão da ordem franciscana. No

período barroco, para dar movimento à imagem, seu

hábito era repuxado em um dos lados formando um

panejamento irregular. Ele tem uma grande tonsura e,

sobre o braço esquerdo, o Menino Jesus sentado sobre

um livro, em referência a uma de suas visões. Às vezes,

tem na mão direita uma cruz, como no exemplar do

museu de Mariana.

Santo Antônio Rio de Janeiro Séc. XVIII Bronze fundido

Alt. 3,6 cm Larg. 1 cm

Prof. 0,7 cm

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Santo de casa

Santo Antônio, Rio de Janeiro, Séc. XVIIIPrata fundida

Alt. 3,2 cm Larg. 1,8 cm Prof. 1 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Oratório/Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira entalhada e policromada

Alt. 12 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,8 cm

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Santo de casa

Santo Antônio, Índia/Goa, Séc. XVIIIMarfim esculpido

Alt. 5 cm Larg. 1 cm Prof. 0,8 cm

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira entalhada e policromada

Alt. 14 cm Larg. 5 cm Prof. 4 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 10,2 cm Larg. 4,5 cm Prof. 4 cm

Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Santo: Alt. 6,2 cm Larg. 2 cm Prof. 1,8 cm

Oratório: Alt. 9,8 cm Larg. 4,5 cm Prof. 2,7 cm

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Santo de casa

Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e envernizada

Alt. 12,8 cm Larg. 4,7 cm Prof. 3,5 cm

Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 8,3 cm Larg. 2,1 cm Prof. 2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 13,5 cm Larg. 4,8 cm Prof. 4,5 cm

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 12 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm

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Santo de casa

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida

Alt. 11,8 cm Larg. 3,7 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 10,5 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XIXMadeira esculpida e policromada

Alt. 4,5 cm Larg. 2 cm Prof. 1,9 cm

Santo AntônioOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 17,3 cm Larg. 7,4 cm Prof. 6,5 cm

Santo Antônio, São Paulo, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 7 cm Larg. 2,5 cm Prof. 2,2 cm

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Santo de casa

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 30 cm Larg. 10,5 cm Prof. 8 cm

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 20 cm Larg. 7 cm Prof. 6 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 6,5 cm Larg. 3,1 cm Prof. 3,5 cm

Santo Antônio, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e encerada

Alt. 10,5 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3 cm

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Santo de casa

Santa Bárbara Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 29 cm Larg. 11 cm Prof. 5 cm

Santo Antão Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e encerada

Alt. 12 cm Larg. 4,3 cm Prof. 3,4 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santa bárbara

Santa Bárbara é muito invocada nas tempestades. Ela dá

nome a uma importante cidade em Minas Gerais. Seu

martírio foi um dos mais cruéis, principalmente por partir

do próprio pai. Ela foi trancada numa torre na cidade de

Nicomédia, na Ásia Menor, onde ele era o sátrapa, para

escapar ao contato com a fé cristã. Mesmo assim, foi

convertida e batizada por um padre que se fez passar por

médico. Para demonstrar sua fé na Santíssima Trindade,

mandou abrir uma terceira janela na torre, representando

a Santíssima Trindade.

Ao saber de sua conversão, seu pai a ameaçou com

uma espada e a colocou na prisão, exigindo que ela se

casasse com um pagão. Tendo ela se negado a fazê-lo, foi

vergastada, rasgada por pontas de ferro, queimada por

lâminas em brasa e teve os seios arrancados por tenazes.

Por fim, foi decapitada pelo próprio pai, que por castigo

dos céus morreu fulminado por um raio. Talvez por isso

ela seja protetora contra raios e tempestades e contra a

morte súbita. No candomblé corresponde a Iansã.

Costuma ser representada com a palma do martírio e

coroa, tendo ao seu lado a torre com três janelas e, às

vezes, um cálice na mão. Seus trajes são belos e ricos.

Como é de costume, usa túnica talar, como as princesas

e as santas que pertenciam a famílias importantes.

santo antônIo abade

Também conhecido como Santo Antão, Santo Antônio

Abade era um anacoreta. Natural do Egito, aos vinte

anos começa a levar vida de asceta. Durante sua

permanência no deserto, foi muitas vezes tentado

pelo demônio, que lhe aparecia sob diversas formas.

O famoso pintor Hieronimus Bosch usou esse tema

em vários de seus quadros surrealistas. Por exemplo, a

tentação de Santo Antônio.

É invocado pelas vítimas da peste, da sífilis, do fogo

selvagem e de moléstias da pele em geral.

Sua representação é bastante pitoresca: ele se cobre com

uma pele de leão ou camelo e tem a seu lado o corvo

que levava diariamente o pão com que se alimentava.

Pendurado ao pescoço, tem uma espécie de rosário.

Santo Antão Origem não identificada Séc. XVIIIPedra Sabão

Alt. 19,5 cm Larg. 9,4 cm

Prof. 5 cm

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Santo de casa

São Benedito, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 12 cm Larg. 3,5 cm Prof. 3 cm

São Benedito, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 15,5 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são bartolomeu apóstolo

Pouco mencionado nos Evangelhos, foi, no entanto,

grande evangelizador depois da morte de Cristo. Teria

atuado na Arábia, na Mesopotâmia e na Armênia. Lá,

sofreu o martírio, tendo a pele totalmente arrancada em

vida, por ordem do rei Astíages, como castigo por haver

convertido ao cristianismo muitos dos seus súditos. Sua

pele, como relíquia, é conservada em Pisa.

Em Minas Gerais, deu nome a uma pequena cidade cuja

matriz é a ele dedicada.

Sua imagem, entre nós, o apresenta como apóstolo,

enquanto na Europa sua representação sempre sugere o

seu martírio.

são benedIto

Nasceu perto de Messina, no século XVI, filho de um

escravo africano. É chamado de São Benedito, o mouro.

Porém, é sempre representado como um negro de cabelo

bem crespo. Serviu como cozinheiro em um convento

franciscano, tendo sido depois nomeado superior de

outro convento, perto de Palermo. Quando deixou esse

posto, voltou a ser cozinheiro. É venerado no Brasil pelos

descendentes de escravos e pelos negros da América em

geral. É cultuado também no candomblé.

Em suas representações, usa o hábito franciscano e leva,

às vezes, um ramo de flores nos braços ou carrega o

Menino Jesus recém-nascido.

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Santo de casa

são bento

Santo famoso, nascido em Núrsia, na Itália. Começou

a vida de eremita em uma gruta perto do lago Subiaco.

Fundou a primeira ordem monástica do Ocidente, a dos

Beneditinos, baseada na oração e no trabalho manual,

cujo tema era ora et labora. As regras beneditinas foram

impostas no ocidente por um decreto imperial.

São Bento construiu o célebre convento de Monte

Cassino, onde morreu no ano de 547. Era irmão de Santa

Escolástica. Os colégios pertencentes à sua ordem são

muito conceituados.

É representado com o hábito branco da ordem e segura

um bastão.

santa catarIna de sIena

Nasceu em Siena em 1347 e, muito cedo, depois de uma

visão, decidiu permanecer virgem e entrou na ordem

dominicana. Catarina lutou para que o papa, que estava

em Avignon, voltasse para Roma e reformasse o clero. Aos

poucos, conseguiu o que queria. Mas os cardeais franceses

não apoiavam Urbano VI, por sua severidade, e elegeram

um antipapa, com o nome de Clemente VII, que foi

novamente para Avignon. Ela continuou lutando pelo

papa legítimo e morreu em 1380.

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santos cosme e damIão

Irmãos gêmeos nascidos na Síria, de família nobre.

Estudaram medicina. Tornaram-se cristãos e exerciam

a profissão sem visar lucro, procurando converter as

famílias pagãs que os procuravam.

Por ordem de Diocleciano, foram presos, acusados

de combater os deuses pagãos e de praticar feitiçaria.

Defenderam-se, dizendo que curavam em nome de Jesus

Cristo, mais do que pela ciência. Foram torturados e

finalmente decapitados, no ano de 303. São padroeiros

dos médicos e dos farmacêuticos e muito cultuados no

Brasil e na Europa Ocidental

Sempre são representados juntos e segurando frascos

com unguentos.

Santos Cosme e DamiãoOrigem não identificada, Séc. XVIIIMadeira esculpida, policromada e dourada

Alt. 14,7 cm Larg. 11,7 cm Prof. 3,6 cm

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Santo de casa

São Domingos de Gusmão, Portugal, Séc. XVIII Cerâmica modelada e policromada

Alt. 18,8 cm Larg. 7,7 cm Prof. 5,5 cm

Santa Efigênia, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 14 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são domIngos de gusmão

Nasceu em Castela, em 1170, filho do governador

de Caleruega. Fundou a Ordem dos Dominicanos

Pregadores. Passou a maior parte de sua vida na França.

Combateu a heresia albigense4.

É por vezes representado, pelos pintores, recebendo um

rosário da mão da Virgem. No entanto, essa devoção não

foi por ele inventada. Ele apenas propagou-a. Muitos

milagres lhe são atribuídos.

São Domingos usa o traje da sua

Ordem: hábito branco e capa

preta, cores simbólicas da pureza

e da austeridade. Segura na mão

um livro e, às vezes, tem uma

estrela sobre a cabeça.

santa efIgênIa

A santa padroeira dos negros do Brasil nasceu na

Etiópia e foi convertida por São Mateus, quando este foi

evangelizar a África. Há uma bela igreja a ela dedicada em

Ouro Preto.

Sua imagem é bastante popular. Usa vestes monacais

e segura na mão esquerda uma igreja em chamas e na

direita traz a palma do martírio.

São Domingos de GusmãoMinas Gerais, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 10,8 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,5 cm

Santa Efigênia Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 18 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4,3 cm

São Domingos de Gusmão Minas Gerais, Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 24,5 cm Larg. 9 cm Prof. 7 cm

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Santo de casa

Santo Elói, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 25 cm Larg. 12 cm Prof. 9 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santo elóI

Nascido perto de Limoges, no século VI, Santo Elói

começou a vida como ferrador de cavalos. Aprendeu

depois o ofício de ourives, chegando a ser tesoureiro

do rei Clotário e, em seguida, de Dagoberto, dois dos

primeiros reis cristãos. Suas obras de ourivesaria ficaram

famosas, apesar de terem desaparecido no correr dos

séculos. Uma das últimas que restaram foi derretida na

Revolução Francesa.

Era padroeiro de inúmeras corporações que lidavam

com metais, como ourives, douradores, mestres de forja,

ferreiros e outros. É até hoje patrono dos metalúrgicos,

mecânicos e ourives.

Depois da morte de Dagoberto, Santo Elói ordenou-se

padre e fez carreira eclesiástica. Teve muitos devotos entre

os que vinham buscar ouro em Minas no século XVIII.

É bastante comum sua representação como bispo, com a

mitra e usando as luvas vermelhas, características do alto

posto clerical.

santo eXpedIto

Padroeiro das causas urgentes, dos estudantes, quando

querem passar nos exames, e dos réus que querem ganhar

seus processos. É um santo que foi “cassado” por Pio XI

por ser chefe da “Legião Fulminante”.

Deve a sua popularidade ao seu nome, que significa

rápido, apressado, que age depressa.

Dizem que seu culto começou quando umas freiras

francesas receberam, da Itália, uma caixa com relíquias,

onde estava escrito: spedito. Não conhecendo a língua,

pensavam tratar-se do nome do santo.

É representado com um legionário romano pisando

um corvo.

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Santo de casa

São Francisco de AssisOrigem não identificada, Séc. XVIII

Marfim esculpido/Madeira esculpida

Alt. 12,3 cm Larg. 5,3 cm Prof. 3 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São Francisco desempenhou um papel importante na

Europa do século XIII, que se encontrava em grande

transformação, com os grupos que viviam no isolamento

dos conventos e castelos começando a se abrir. De família

rica, pregava o amor e a fraternidade em lugar das lutas

pela supremacia e poder. Sua pureza e despojamento e

seu diálogo constante com Cristo, a quem tentava imitar

em tudo, fizeram com que fosse considerado “o único

verdadeiro cristão da história”. Devotou-se a cuidar dos

pobres e doentes e fundou uma ordem religiosa que vivia

de acordo com as regras de pobreza. Morreu em 1226.

Sempre teve muito prestígio em Minas Gerais, o que

é demonstrado pelo grande número de igrejas a ele

dedicadas e pela frequência com que suas imagens são

encontradas nos lares. Além disso, dá nome ao grande rio

que une vários estados do Brasil.

Ele foi retratado por todos os grandes pintores, de Giotto

a Portinari. Vários episódios da sua vida de devoção

foram registrados por eles: a expulsão dos demônios de

Arezzo, seu casamento místico com a senhora pobreza, a

estigmatização em Monte Alverne, o Santo recebendo a

bula em que o papa Inocêncio III aprova a regra da ordem

por ele formada etc.

O prestígio de São Francisco vem

crescendo, por sua tão difundida oração

e pelo seu aspecto “ecológico” de seu

amor aos animais, às plantas e a toda a

natureza.

Na imaginária mineira, porém, foi muito

reproduzido com seu burel singelo,

tendo na cintura o famoso cordão

com os três nós que representam as virtudes da

Ordem: pobreza, castidade e obediência. A cabeça

tonsurada (assim o representou o Aleijadinho

por várias vezes), um crucifixo na mão direita e,

na outra, uma caveira simbolizando a Sorella

Morte.

Menos frequente é a figura do santo ajoelhado,

em êxtase, recebendo os estigmas do Cristo

Crucificado: às vezes, um fio branco liga as

chagas de Cristo aos estigmas de São Francisco.

Nos relevos dos frontões das igrejas de Ouro

Preto e de São João del-Rei que lhe são

dedicadas, foi reproduzida essa mesma cena

pelo genial Aleijadinho.

são francIsco de assIs

São Francisco São Paulo, Séc. XVIIIBarro policromado

Alt. 32 cm Larg. 16 cm Prof. 13,5 cm

São Francisco de Assis Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira

Alt. 9,5 cm Larg. 5,8 cm Prof. 6,2 cm

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Santo de casa

São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 11,5 cm Larg. 4,5 cm Prof. 3 cm

Santa Gertrudes Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida, pintada e encerada

Alt. 9 cm Larg. 3,5 cm Prof. 2,1 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são francIsco de paula

Nascido na Calábria em 1416, foi o fundador da Ordem

dos Mínimos, cujos princípios são penitência, humildade

e caridade. Mesmo em vida, já era conhecido pelos

milagres e profecias que fazia. Foi chamado à França para

curar o rei Luís XI e lá ficou o resto da vida.

É representado vestindo burel com capuz, tendo um

bastão na mão. Pode ser reconhecido pela legenda

Charitas inscrita no seu peito.

santa gertrudes

Foi monja cisterciense. Nasceu em 1256 e entrou para o

convento, como oblata, aos cinco anos de idade. Somente

aos vinte e um anos, quando teve uma visão de Jesus,

manifestou-se o seu grande fervor místico. Nos seus

escritos, preconiza a devoção ao Sagrado Coração, a São

José, e a comunhão frequente.

Muito cultuada na Espanha e em Portugal, é famosa a sua

estátua no convento de Arouca.

É representada com seu traje de monja, com véu preto e

touca branca envolvendo o rosto e o pescoço. Segura na

mão esquerda um livro e, na direita, a pena de ave com

que escrevia. Na iconografia luso-brasileira, sua principal

característica é ter no peito, junto ao coração, um nicho,

onde se encontra o Menino Jesus de pé, abençoando com

a mão direita.

São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 14 cm Larg. 4,5 cm Prof. 2 cm

São Francisco de Paula Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 22 cm Larg. 9 cm Prof. 6,8 cm

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Santo de casa

são gonçalo

São Gonçalo, português como Santo Antônio, é também

muito querido em Minas Gerais, onde existem cinco

cidades com o seu nome. É chamado São Gonçalo

do Amarante, por ter nascido nessa vila de Portugal.

Havendo fome, ele orava à beira do rio e cardumes de

peixes apareciam.

Muitas lendas cercam sua vida: a da ponte que construiu

milagrosamente sobre o rio Tâmega e que é um dos seus

atributos iconográficos; faltando água e vinho, prostrou-se

por terra e pediu a Deus que o socorresse, o que obteve

após tocar um rochedo donde brotou água. Conta-se

ainda que passava as noites de sábado tocando violão para

que as prostitutas dançassem até cansar, evitando assim

que exercessem sua profissão.

Na arte popular das imagens de barro, em São Paulo, ele é

representado tocando violão.

É também considerado casamenteiro das velhas, havendo

uma trova popular em que as moças disso reclamavam:

São Gonçalo do Amarante

casamenteiro das velhas,

porque não casas as moças?

Que mal lhe fizeram elas?

Uma tábua votiva portuguesa confirma essa sua

especialidade: mostra uma senhora, já bem madura,

puxando para o altar o futuro marido. No texto ela

agradece a interferência do santo.

São Gonçalo é representado com o hábito preto dos

dominicanos, capa preta e um livro na mão.

são gonçalo garcIa

Foi um dos vinte e seis mártires do Japão, crucificado no

ano de 1597, em Nagasaki, por ordem do imperador.

Nasceu em Portugal, filho de pai português e mãe

indiana.

Não é santo muito popular no Brasil, mas há uma igreja

a ele dedicada em São João del-Rei.

No museu de Macau, um grande quadro a óleo mostra

o martírio dos padres: de um lado, os três jesuítas e, do

outro, os franciscanos. Existia uma grande rivalidade

entre as duas ordens.

Sua representação é bem original: tem o corpo

trespassado por duas grandes lanças que se cruzam.

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são jerônImo

Foi um dos quatro doutores da Igreja. Nascido na

Dalmácia, foi para Roma, onde se tornou grande retórico

e poliglota. Dedicou-se, a partir do no ano de 382, à

tradução da Bíblia, do hebraico e do grego para o latim, a

chamada Vulgata.

Sua iconografia tem duas versões: como Doutor da Igreja,

ele aparece em sua sala de estudos, escrevendo e tendo

a seus pés o leão do qual retirou um espinho que lhe

machucava a pata. Essa versão aparece nas pinturas. A

outra, mais simples, o apresenta como eremita, vestido

apenas com um manto enrolado que lhe deixa quase todo

o corpo exposto. Usa barba e o cabelo lhe cai até o meio

das costas.

são joão da cruz

Nascido em Castela, no século XVI, carmelita, Doutor da

Igreja, mortificava-se e cuidava dos doentes. Viveu puro e

sem pecado até a morte. Tinha êxtases frequentes. Em um

deles via a morte de Jesus na cruz. Escreveu vários livros

de teologia mística. Foi contemporâneo de Santa Teresa

de Jesus.

Sua imagem, esculpida por Aleijadinho, quase em

tamanho natural, encontra-se na Igreja do Carmo,

em Sabará.

são joão de deus

Fundador dos Irmãos da Caridade, nasceu no ano de

1495, em Montemor. Jovem, saiu de casa e foi ser pastor.

Tomou parte na campanha contra a França e guerreou

contra os turcos na Áustria. Depois, voltou a ser pastor

e trabalhou para um fidalgo, mas, ao ouvir um sermão

de São João D`Ávila, resolveu levar uma vida santa. Deu

tudo que possuía aos pobres e aos presos. Dedicou-se ao

cuidado dos doentes. Fundou um hospital em Granada,

onde, ao irromper um incêndio, salvou a vida dos

doentes, arriscando a sua própria e saindo milagrosamente

incólume. Construiu sobre as ruínas um novo hospital

ainda maior. Socorria também os enfermos em suas casas.

Todos o ajudavam e admiravam. Atendia a gente de todos

os tipos, mesmo os pecadores. Durante uma inundação,

enquanto ele tentava salvar vidas, apanhou uma grave

doença e morreu.

Sua iconografia foi consagrada na bela estátua que dele

fez o Aleijadinho, a qual se encontra na Igreja do Carmo

de Sabará. É representado com o hábito franciscano, às

vezes tem o crucifixo na mão e uma coroa de espinhos

na testa.

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Santo de casa

São João Batista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 16,8 cm Larg. 8,5 cm Prof. 6 cm

São João Nepomuceno, Portugal, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 31 cm Larg. 12 cm Prof. 8,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são joão batIsta

Nascido tardiamente de Zacarias e Santa Isabel, prima de

Maria, sua vinda ao mundo foi considerada milagrosa.

Seu nascimento ocorreu alguns meses antes do de Jesus

Cristo, seu primo, de quem foi predecessor e arauto.

Levava vida de eremita próximo ao rio Jordão.

Tinha muitos seguidores e batizava todos que o

procuravam. Jesus o surpreendeu um dia, pedindo que o

batizasse. Enquanto o fazia, baixou dos céus o Espírito

Santo, sob a forma de uma pomba, confirmando assim

que Jesus era o Messias. Alguns dias mais tarde, João

apresentou-o à turba, dizendo: “Eis o cordeiro de Deus

que tira os pecados do mundo”. Dois de seus discípulos,

André e João, ao ouvirem essas palavras, resolveram

seguir Jesus.

Tempos depois, João Batista denunciou um escândalo: o

rei Herodes tinha seduzido a mulher de seu irmão. Assim,

provocou a ira do rei, que o mandou aprisionar. Mais

tarde, durante uma festa de grande esplendor, Salomé,

filha da adúltera, dançou tão bem que pôde pedir a

Herodes o que desejava, exigindo a cabeça de João Batista

numa bandeja de prata.

É representado como criança com o cordeiro ou como

adulto de barba, vestindo túnica de pele de carneiro e

tendo na mão um estandarte com a legenda Ecce Homo.

são joão nepomucemo

Nascido em Nepomuc, perto de Praga, foi sacerdote

de talento, admirado pelo rei Wenceslau. A rainha

escolheu-o como seu confessor. Contudo, o rei era um

depravado e tentou, de todas as maneiras, que ele revelasse

os segredos da confissão da rainha. O santo negou-se a

isso. Wenceslau não se conformou e, irado, ordenou que

o cozinheiro, por uma falta leve, fosse assado vivo sobre

a brasa. Só São João Nepomucemo teve coragem de

contradizer Wenceslau e tentar a revogação da sentença.

Foi então encarcerado e torturado com tochas ardentes.

Ameaçado, disse que preferia a morte a trair seus

princípios. Foi atirado ao rio Moldávia, da ponte central

da cidade. Uma luz fortíssima acompanhou o corpo rio

abaixo. Séculos depois de morto, seu túmulo foi aberto e

sua língua foi encontrada em bom estado de conservação.

Essa relíquia está na catedral de Praga. O santo é evocado

por quem vê em perigo sua boa reputação.

Muito popular, São João Nepomucemo deu nome a uma

cidade em Minas Gerais.

Sua imagem é das mais elaboradas na iconografia

mineira: seu traje é um hábito de monge e ele tem a

ponte a seu lado.

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Santo de casa

São João Batista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 9,3 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São João Batista Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 26,6 cm Larg. 9 cm Prof. 7,2 cm

São João Batista Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 16,6 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,2 cm

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Santo de casa

São José, Minas Gerais, Séc. XIX Madeira esculpida e policromada

Alt. 12,2 cm Larg. 6 cm Prof. 5,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são jorge

O personagem real, que viveu na Capadócia, durante o

reinado de Diocleciano, foi tão envolvido por lendas que

sua existência foi posta em dúvida, a ponto de o papa João

XXIII eliminá-lo do hagiológio católico.

Era soldado do exército imperial e, ao tornar-se cristão,

enfrentou o imperador, sendo afinal torturado e

decapitado no ano de 290.

Formou-se em torno dele a lenda de que teria chegado

a uma cidade na Líbia, onde um terrível dragão se

alimentava dos jovens que ali habitavam. A própria filha

do rei ia ser imolada, quando São Jorge comprometeu-se

a matá-lo, contanto que todos os habitantes recebessem o

batismo. Como recompensa, ele se casou com a princesa.

Sua fama foi tão grande que chegou à Inglaterra, onde se

tornou patrono do país. A capela do Castelo de Windsor

foi a ele dedicada. Eduardo III tomou São Jorge como

patrono da Ordem da Jarreteira em 1344.

Santo muito popular no Brasil, principalmente entre

descendentes de árabes. É tido, em certas camadas, em

grande consideração.

É representado montado a cavalo, atacando o dragão

com sua lança e vestido com uma armadura de

cavaleiro medieval.

são josé

Foi escolhido para ser esposo de Maria por ser

descendente de Davi. Vivia em Nazaré, onde era

carpinteiro. Homem justo, santo de grande virtude, foi

digno da missão que Deus lhe confiou: ser esposo de

Maria e “pai putativo e nutrício de Jesus”.

Os esponsórios obedeceram a um plano da Divina

Providência: garantir a defesa da virtude da Virgem e uma

satisfação perante a sociedade.

Quando o arcanjo Gabriel anunciou a Maria a missão

que lhe era reservada, ela concordou, consentindo com a

maternidade. Ela deixou José em completa ignorância e

foi para a casa de Santa Isabel, onde permaneceu durante

três meses.

Ao voltar para casa, São José teve as mais cruéis dúvidas.

Estava diante de uma realidade que o torturava. Pensou

em abandonar a esposa e partir. Apareceu-lhe então,

em sonho, o anjo do Senhor e disse-lhe: “José, filho de

Davi, não temas em admitir Maria como tua esposa,

porque o que nela se operou foi obra do Espírito Santo.”

Dissiparam-se as dúvidas de São José e grande alegria o

invadiu: ela era o “tabernáculo vivo do Messias”.

É representado com um bastão florido ou, numa alusão à

fuga para o Egito, usa botas e chapéu; carrega o Menino

Jesus no braço esquerdo.

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Santo de casa

São José de Botas, Minas Gerais, Séc. XIXMadeira policromada

Alt. 37 cm Larg. 11,9 cm Prof. 8 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São José, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 12,6 cm Larg. 5,3cm Prof. 3,5 cm

São José, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 16,5 cm Larg. 5,1 cm Prof. 6,5 cm

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Santo de casa

São José Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 9 cm Larg. 6,9 cm Prof. 4,3 cm

São José de Botas Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 6,2 cm Larg. 3,3 cm Prof. 2,1 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São José Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 31,2 cm Larg. 15 cm Prof. 7,5 cm

São José de Botas Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 13 cm Larg. 5,4 cm Prof. 3,5 cm

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Santo de casa

são lourenço

Foi diácono do papa Sisto II e uma das primeiras

vítimas das perseguições do Imperador Valeriano, em

258. Recebeu instruções para distribuir entre os pobres

as riquezas da Igreja: objetos de ouro, prata e pedras

preciosas. Vendeu tudo e repartiu o dinheiro entre os

miseráveis.

Como castigo, o prefeito Cornélio mandou açoitá-lo e

colocá-lo em uma grelha, onde foi torturado e queimado.

Felipe II, quando construiu o Palácio do Escorial,

dedicou-o a São Lourenço, como agradecimento pela

vitória sobre os franceses na batalha de São Quentim em

1557, e deu-lhe a forma da grelha que lhe havia servido

de instrumento de tortura.

É sempre representado com o hábito de diácono, a palma

do martírio na mão e a grelha a seu lado.

são luís, reI de frança

Filho de Luís VIII e Branca de Castela, também

santificada, nasceu em 1214 e foi educado sempre no

maior rigor religioso, por professores escolhidos. Tornou-

se muito virtuoso e, mesmo depois de assumir o reinado,

levava vida pura e sem luxos. Recebeu de Balduíno,

imperador de Constantinopla, a coroa de espinhos de

Cristo, para a qual construiu uma igreja em Paris.

Participou de uma cruzada e chegou a tomar Damieta,

mas foi feito prisioneiro pelos sarracenos. Seis anos

depois, foi libertado e ainda participou de outra cruzada.

Atacou Túnis, mas a peste atingiu todo o seu exército e

ele próprio adoeceu e morreu. Seu corpo foi levado para

Paris e enterrado em Saint-Denis. Muitos milagres lhe

foram atribuídos e ele foi canonizado em 1305.

É representado carregando a coroa de espinhos.

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são marcos eVangelIsta

Embora não tenha sido um dos doze apóstolos de Cristo

e se tenha convertido depois da Ascensão, Marcos

tornou-se um dos discípulos prediletos de São Pedro e

o acompanhou a Roma. Seu evangelho é considerado

o mais fiel aos ensinamentos de seu mestre. É às vezes

chamado João Marcos.

São Pedro o mandou a Alexandria para difundir a nova

religião. Foi acusado de magia, quando celebrava uma

missa, e arrastado pelas ruas com uma corda ao pescoço.

Morreu em consequência da violência de que foi vítima.

Seu cadáver foi jogado sobre uma fogueira que uma chuva

torrencial apagou. Seu corpo foi, então, sepultado em um

nicho cavado na rocha.

Muitos séculos mais tarde, dois mercadores venezianos

roubaram seu cadáver dentro do sarcófago, que lhes foi

revelado por meio de um clarão maravilhoso. Levaram-

no para o barco, escondido em uma cesta, apregoando

que era carne de porco, para afastar os muçulmanos. As

relíquias foram recebidas com solenidade em Veneza. A

basílica que lhe foi erigida, uma das mais belas e ricas do

mundo, se tornou seu mais importante local de culto.

santa margarIda de cortona

Viveu na Itália, no século XIII. Levou uma vida de

pecadora até o dia em que viu um de seus amantes morto,

em estado de putrefação. Horrorizada, envergonhou-se

e, arrependida, entrou para o convento, onde passou a

viver em severa penitência e autoflagelação.

Patrona das pecadoras arrependidas, é representada com

um cilício em torno do busto nu.

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Santo de casa

Santa LuziaMinas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 16 cm Larg. 8 cm Prof. 3,5 cm

São ManoelOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 14,4 cm Larg. 4,5 cm Prof. 4 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santa luzIa

Quem tem problemas de vista costuma recorrer a Santa

Luzia, nascida em Catânia, na Sicília, a virgem mártir

que em 304, no tempo de Diocleciano, teve seus olhos

arrancados por persistir na fé cristã. No dia da sua festa,

13 de dezembro, multidões acorrem às igrejas de que é

padroeira, principalmente na cidade mineira que leva

seu nome.

É representada sempre com belos trajes, pois era muito

rica, antes do martírio. Segura na mão uma pequena

bandeja onde repousam seus olhos.

são manoel

São Manoel foi um cristão persa, martirizado durante o

reinado do imperador Juliano. Considerado o advogado

da paciência.

Foi bastante popular em Minas Gerais no século

XVIII, sendo frequentemente encontrado nas imagens

dessa época. O Aleijadinho o interpretou em imagem

de madeira.

É representado descalço, de tanga, com um cravo

atravessado no ouvido e outros fincados no peito.

Santa Luzia Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida e policromada

Alt. 19 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,5 cm

São Manoel Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 13,7 cm Larg. 5 cm Prof. 3,5 cm

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Santo de casa

Santa Maria Egipcíaca, Bahia, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 22,5 cm Larg. 11,5 cm Prof. 6,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santa marIa egIpcíaca

Aos doze anos foi para a Alexandria, onde levou uma

vida de devassidão durante dezessete anos. Sua beleza

incomum contribuiu para isso. Ao presenciar o embarque

de peregrinos que iam à Terra Santa, seguindo um

impulso, juntou-se a eles com a intenção de, na viagem,

despertar novas paixões.

No dia da festa em que ia visitar o santuário, uma força

inexplicável impediu-a de entrar. Veio-lhe então a ideia

de que seus pecados a tornavam indigna de participar da

cerimônia santa e de ver o Santo Lenho. Essa revelação

transformou-a imediatamente.

Escondeu-se chorando e, abalada ao avistar a imagem de

Nossa Senhora, lembrou-se que Maria é o “refúgio dos

pecadores”. Prometeu mudar de vida e fazer penitência.

Durante muitos anos sofreu as piores tentações.

Conseguiu, porém, resistir a elas. Só no fim da vida

conseguiu a paz. Morreu no deserto, no ano de 431.

É representada seminua, cabelos longos; às vezes tem um

cilício no busto.

são mateus

São Mateus, um dos evangelistas, assim como os outros

três, apresenta-se sentado, escrevendo.

Nascido na Galiléia, foi, no início de sua vida, cobrador

de impostos em Cafarnaum. Deixou essa tarefa para

seguir Jesus e propagar a fé. É protetor dos contadores,

bancários e banqueiros.

Veste-se como os apóstolos, na maior simplicidade. Seu

símbolo iconográfico é um anjo, sugerindo que tenha sido

uma pessoa suave e pacífica.

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Santo de casa

Santo Onofre Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 11,5 cm Larg. 4,3 cm Prof. 4 cm

São Miguel Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 22,8 cm Larg. 9,5 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são mIguel arcanjo

É o anjo justiceiro e defensor do bem.

É representado alado, usando armadura romana, manto

vermelho e pisando no demônio. Seus atributos são a

balança e a espada.

santo onofre

Era um eremita que viveu setenta anos no deserto da

Tebaida até ser encontrado pelo abade Pafúncio. Um

demônio, disfarçado de peregrino, insinuou a seu pai,

rei da Pérsia, que o filho que lhe ia nascer da rainha seria

um bastardo e que, para tirar a prova, teria que expô-lo

ao fogo. O recém-nascido é jogado sobre um braseiro e

escapa ileso, provando ser filho legítimo do rei. O menino

foi estudar num convento no Egito, de onde saiu para ser

eremita. Foi viver na Tebaida, região deserta a oeste do

Nilo, lugar preferido dos primeiros cristãos anacoretas.

Alimentava-se de tâmaras e do pão que um corvo lhe

trazia diariamente.

Era muito cultuado no interior de Minas Gerais, por

garantir que na casa do devoto não havia de faltar

dinheiro. Para agradá-lo, costumavam pôr ao seu

lado um copinho de cachaça, da qual seria grande

apreciador. Como a cachaça evapora, acreditavam que

ele havia bebido.

Suas vestimentas eram apenas seus próprios cabelos e

barba, que o cobriam até os pés. Usava um cinto de folhas

de palmeira trançadas. Seu aspecto é o de um homem

selvagem, como era representado na Idade Média. O

corvo aparece às vezes ao seu lado.São Miguel, Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 28 cm Larg. 13 cm Prof. 9 cm

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Santo de casa

Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 20,8 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3,7 cm

Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 11 cm Larg. 4,7 cm Prof. 2,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo OnofreMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 5,9 cm Larg. 3,2 cm Prof. 2,2 cm

Santo Onofre, Origem não identificada Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 18 cm Larg. 5,3 cm Prof. 4,8 cm

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Santo de casa

Santa Quitéria Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 14 cm Larg. 9 cm Prof. 4,2 cm

Santa Rita de CássiaOrigem e Data não identificadas

Madeira esculpida, policromada e dourada

Alt. 13 cm Larg. 6,5 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

santa QuItérIa

Figura meio lendária que teria nascido no sul da França

ou na Galícia, num parto múltiplo, com mais oito irmãs.

Santa Liberata seria uma delas. Fez voto de dedicar sua

virgindade a Cristo. Seu pai quis obrigá-la a se casar e,

como ela se negasse, ele a decapitou.

É invocada contra a raiva e a loucura. Sua devoção se

espalhou pela Espanha e Portugal, chegando também

ao Brasil.

Nas suas raras representações, aparece cercada pelas oito

irmãs ou então carregando a própria cabeça. Havia uma

imagem na igreja de Cachoeira do Campo.

santa rIta

Natural de Spoleto, na Itália, casou-se aos doze anos.

Somente após a morte do marido, que a maltratava,

entrou para o convento.

Segundo a lenda, ela rezava muito e implorava a Cristo

que a fizesse sofrer como ele. Um dia, desprendeu-se da

coroa de Cristo um espinho, que penetrou na testa da

santa, provocando dor semelhante à que ele havia sentido.

Morreu de tuberculose em Cascia, em 1457.

É venerada como Santa Rita dos Impossíveis, a ela

recorrendo os devotos em grande dificuldade.

Santa Rita tem aparência modesta, com seu hábito

monacal preto e cabeça coberta com véu da mesma cor.

Tem um pequeno ferimento na testa de onde escorre

uma gota de sangue. Na mão direita ela segura a palma

do martírio.

Santa Rita de Cássia Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 7,8 cm Larg. 3,1 cm Prof. 2,5 cm

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Santo de casa

São Roque, Minas Gerais, Séc. XVIII Madeira esculpida, policromada e dourada

Alt. 31,2 cm Larg. 11 cm Prof. 9 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são roQue

Originário de Montpellier, França, ao se converter à

fé cristã, deu toda a sua riqueza para ajudar os pobres.

Tornou-se eremita e depois cuidou das vítimas da peste.

Ele mesmo foi infectado e salvo por seu cachorro, que lhe

trazia comida diariamente.

É protetor contra cólera e peste.

É sempre representado com seu cão.

santIago maIor

Nenhum santo teve sua vida e sua história tão envoltas em

mistério e lendas.

Era irmão de São João Evangelista, que foi um dos

primeiros e mais importantes apóstolos. Assistiu, com São

Pedro e São João, à transfiguração e à agonia de Cristo no

Jardim das Oliveiras. Foi uma das primeiras vítimas da

perseguição ao cristianismo, sendo decapitado no ano de

44. Muitos milagres lhe são atribuídos.

Contrariando esses fatos de sua “história” verdadeira,

consta que ele foi propagar o evangelho na Espanha,

tendo desembarcado em Cartagena. Ao passar por

Saragoça, a Virgem lhe teria aparecido sobre uma coluna

de jade, dando origem ao culto de Nossa Senhora do

Pilar. Tendo uma espinha penetrado no seu pé, uma

revoada de anjos desceu do céu para arrancá-la.

Foi martirizado, tendo seus despojos sido levados para

a Galícia, em uma barca conduzida por um anjo. Essa

lenda nasceu na ocasião das Cruzadas contra os mouros, a

chamada Reconquista, no século XV.

Conta-se também que, na batalha de Clavijo, que

aconteceu em 834, Santiago apareceu montado num

cavalo branco e, brandindo seu estandarte, pôs em fuga os

infiéis. Por isso é chamado Santiago Matamouros.

A peregrinação a Compostela teve origem na tradição

de que o sarcófago de mármore, em que Santiago foi

transportado, teria sido encontrado por um pastor que,

guiado pelas estrelas, achou-o no “Campo das Estrelas”,

cuja corruptela, “Compostela”, permaneceu até hoje.

Várias outras lendas existem para satisfazer as diversas

categorias de devotos que, pelos séculos afora, tomaram o

Caminho de Santiago.

Santiago, o apóstolo, é representado descalço e com uma

simples túnica. Como peregrino, seu traje inclui botinas,

um chapéu, cuja aba é presa por uma concha de vieira

usada pelos peregrinos para beber água, além de um

bastão, onde se pendura uma cabaça para levar o vinho. A

tiracolo ele leva uma bolsa de viagem.

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Santo de casa

São Sebastião, São Paulo, Séc. XIX Cerâmica modelada e policromada

Alt. 13,5 cm Larg. 5,8 cm Prof. 3,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

são sebastIão

Santo bastante popular no Brasil, padroeiro do Rio de

Janeiro, cuja fundação é comemorada no seu dia. É

bastante querido em Minas Gerais, onde dá nome a seis

cidades. Foi um dos prediletos dos santeiros de Minas no

século XVIII.

Nascido na Gália, foi centurião na corte de Diocleciano,

de quem era favorito. Denunciado como defensor da fé

cristã, o belo efebo foi condenado ao martírio em 288,

em Roma.

Era protetor contra as pestes, pois, segundo a crença antiga,

elas eram provocadas pelas flechas de um deus irado.

Era, a princípio, representado vestido, tendo as flechas

como atributo. A partir do século XV, prevaleceu a

figura de um jovem imberbe, coberto apenas por uma

curta tanga e amarrado a uma árvore, tendo o peito

crivado de setas. Essa iconografia era muito atraente do

ponto de vista plástico, pois proporcionava ao artista

a oportunidade de trabalhar detalhes anatômicos que

poucos santos permitiam.

santa teresa de áVIla

Nasceu na Espanha, no século XVI. Aos 18 anos entrou

para o convento. Foi uma grande mística e fundou a

Ordem das Carmelitas Descalças. Escreveu muitos livros

em que contava suas visões e seus êxtases. Foi transfixada

pelo dardo de um serafim. Reformou sua ordem e tomou

São José como patrono. Teve seu retrato pintado em vida

por frei Juan de la Miseria.

Inspirou a Bernini uma de suas mais primorosas

esculturas, “O êxtase de Santa Teresa”, que se encontra na

Igreja de Santa Maria da Vitória, em Roma. Nela, a santa,

em êxtase profundo e completo abandono, está à mercê

de um serafim que aponta o dardo na direção de seu

coração. É uma cena de grande espiritualidade, permeada

de grande sensualidade.

É sempre representada com o traje de carmelita.

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Santo de casa

São Sebastião, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 27 cm Larg. 7,5 cm Prof. 6 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São SebastiãoOrigem não identificada

Séc. XVIII/Séc. XIXMadeira encerada

Alt. 22,5 cm Larg. 7 cm Prof. 4,3 cm

São Sebastião São Paulo, Séc. XIX

Barro policromado

Alt. 12 cm Larg. 5,3 cm Prof. 3,5 cm

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Santo de casa

São Carlos Borromeu, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 15 cm Larg. 4,7 cm Prof. 3,5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santa Catarina de Alexandria Origem não identificada, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 15,8 cm Larg. 7,5 cm Prof. 5,5 cm

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Santo de casa

Santo não identificadoMinas Gerais, Séc XVIII

Madeira esculpida e envernizada

Alt. 8,3 cm Larg. 6,6 cm Prof. 3,9 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santa Isabel de PortugalPortugal, Séc. XVII

Pedra esculpida e barro modelado policromados

Alt. 47,5 cm Larg. 19,5 cm Prof. 17 cm

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Santo de casa

São Gregório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 13,2 cm Larg. 6 cm Prof. 4,3 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santa Maria Madalena, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 10 cm Larg. 4,8 cm Prof. 3 cm

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Santo de casa

São Tiago de Compostela, Espanha, Séc. XVIII Prata fundida

Alt. 6,5 cm Larg. 2,7 cm Prof. 2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santa Joana D’Arc, França, Séc. XVIIIPrata batida e burilada

Alt. 5,2 cm Larg. 2,7 cm Prof. 0,8 cm

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Santo de casa

Santo Inácio de LoyolaRio Grande do Sul, Séc. XVIII

Madeira esculpida e envernizada

Alt. 36 cm Larg. 12,2 cm Prof. 9 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santa Verônica Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira esculpida e policromada

Alt. 7,7 cm Larg. 3,8 cm Prof. 1,2 cm

Santa Verônica Origem não identificada, Séc. XVIII

Barro policromado

Alt. 8,2 cm Larg. 4 cm Prof. 3 cm

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Santo de casa

São João Evangelista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 7,5 cm Larg. 3,1 cm Prof. 2,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

São João Evangelista, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 24,2 cm Larg. 12 cm Prof. 6 cm

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Santo de casa

São Rafael, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e encerada

Alt. 16,5 cm Larg. 6,5 cm Prof. 4,6 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Anjo da Guarda, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira esculpida e policromada

Alt. 15,2 cm Larg. 5 cm Prof. 5 cm

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Santo de casa

Santo BispoOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 13,4 cm Larg. 5,5 cm Prof. 4,3 cm

Santo BispoMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 25,5 cm Larg. 9,5 cm Prof. 6,4 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo PadreSão Paulo, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 18,2 cm Larg. 6,3 cm Prof. 5 cm

Santo BispoOrigem não identificada, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 20,2 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm

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Santo de casa

Santa MeninaMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 16 cm Larg. 8 cm Prof. 9 cm

Santo EvangelistaMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 26 cm Larg. 6,5 cm Prof. 5 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santo não identificado Minas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 23 cm Larg. 9,5 cm Prof. 5,2 cm

Santo não identificadoOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira policromada

Alt. 18,5 cm Larg. 7,5 cm Prof. 4 cm

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Santo de casa

Anjo PresépioMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 11,8 cm Larg. 6,8 cm Prof. 4,5 cm

Santo não identificadoOrigem não identificada, Séc. XVIII/Séc. XIX

Madeira encerada

Alt. 9,1 cm Larg. 5,7 cm Prof. 4,2 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

OranteMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira encerada

Alt. 13,3 cm Larg. 5 cm Prof. 3,8 cm

OranteMinas Gerais, Séc. XVIII

Madeira policromada

Alt. 8,2 cm Larg. 3,5 cm Prof. 5,7 cm

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Santo de casa

Oratório Esmoler, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 35,5 cm Larg. 26,5 cm Prof. 15,5 cm

Oratório, São Paulo, Séc. XIXPapel/tecido

Diâmetro 10,3 cm Prof. 6,4 cm

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira/Barro

Alt. 12,4 cm Larg. 8,5 cm Prof. 4 cm

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 42,3 cm Larg. 24,2 cm Prof. 18 cm

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 46 cm Larg. 24 cm Prof. 9,5 cm

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 35 cm Larg. 16,5 cm Prof. 7 cm

Oratório, Minas Gerais, Séc. XVIIIMadeira policromada

Alt. 23,5 cm Larg. 11 cm Prof. 5 cm

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Santo de casa

Nossa SenhoraNossa Senhora com Menino, Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora das

Mercês, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Ó, Nossa Senhora da Piedade,

Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santos eclesiásticosSanto Bispo, São Gregório VII, Santo Elói,

Santa Gertrudes, São Carlos Borromeu, Santo Bispo

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Santo de casa

Santos penitentesSanto Onofre (5 unidades), Santo Antão (2 unidades), Santa Maria

Madalena, Santa Maria Egipcíaca

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O s s a n t O s e s u a s i m a g e n s

Santos fundadores de ordens religiosasSão Francisco de Paula (3 unidades), Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Assis

(2 unidades), São Domingos de Gusmão (3 unidades)

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Santo de casa

conclusão

No Brasil, a imaginária doméstica se desenvolveu

extraordinariamente, sendo talvez o país do mundo em

que essa arte foi mais difundida. As pequenas imagens

caseiras eram encontradas tanto nas grandes residências

como nas casas modestas, e mesmo nos pequenos casebres

das classes menos favorecidas. Portugal e Alemanha

também tiveram grande produção de imagens sacras em

madeira, nenhuma, porém, se compara à brasileira.

Cada santo é caracterizado por elementos que permitem

reconhecê-lo: vestimentas, atributos, atitudes ou animais

não deixam dúvidas aos fiéis, que podem apelar para seu

santo protetor. O código de identificação iconográfico,

definido pela tradição, pela devoção e pela arte,

permaneceu constante desde a Idade Média, constituindo

uma linguagem comum ao catolicismo que, a partir da

Europa, se disseminou pelas colônias da América Latina.

Como vimos, com a multiplicação dos santeiros em

Minas Gerais, as imagens que, a princípio, destinavam-se

unicamente aos altares, começaram a fazer parte da vida

cotidiana das famílias. A graça do entalhe lhes dá um

toque todo especial, unindo a cultura popular e a arte

mais refinada. Os santos protetores das diversas atividades

humanas, os curadores de doenças, os defensores contra

acontecimentos nefastos se fazem presentes nas casas onde

seu apoio é necessário.

O santo é um mediador entre o fiel e Deus todo

poderoso. O devoto tem uma relação direta e pessoal com

o santo protetor. Por ser humano, ele talvez compreenda

melhor o sofrimento terrestre, as aflições, as angústias e

as necessidades de intervenção de uma força divina. Por

estar em casa, desfruta de um contato pessoal e íntimo

com o fiel.

O pequeno altar doméstico, o oratório, e o santo de casa

trazem o sagrado para o ambiente privado, tornando a

experiência religiosa um assunto doméstico. A força da fé

e a proximidade das imagens tornam efetiva a participação

do santo que, afinal, faz milagres.

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r e F e r ê n C i a s B i B l i o g r á F i C a s

notas

1 - História antiga de Minas Gerais, Diogo de Vasconcelos.

2 - Barroco mineiro, Suzy de Mello, pág. 54.

3 - Como exceções, há em Pernambuco as imagens de frei

Agostino de Jesus e frei Vicente Salvador.

4 - Seita religiosa que se propagou na região de Albi (França) no

século XII e contra a qual foi feita uma guerra sangrenta.

referêncIas

bIblIográfIcas

BAZIN, Germain. Baroque and rococo art. The World Art Library,

Thames and Hudson, 1974.

BOXER, Charles Ralph. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento

de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.

GIORGI, Rosa. Les Saints. Paris, Ed Hazan, 2003.

JONES, Alison. Les Saints. Paris, Bordes SA, 1995.

LEHMANN, João Baptista. Na luz perpétua: leituras religiosas da vida

dos santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão.

Juiz de Fora, Editora Lar Católico, 1959.

MELLO, Suzy de. Barroco mineiro. São Paulo, Brasiliense, 1985.

RÉAU, Louis. Iconographie de l’art chrétien. Paris, Presses Universitaires

de France, 1958.

VASCONCELOS, Diogo de. História antiga das Minas Gerais. Belo

Horizonte, Editora Itatiaia, 1974.

VORAGINE, Jacques de. La légende dorée. Paris, Perrin et cie, 1925.

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