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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 338 | JANEIRO DE 2018 FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Encontrar Deus em todas as coisas e ver que todas as coisas vem do alto Santo Inácio de Loyola

Santo Inácio de Loyolaguaxupe.org.br/wp-content/uploads/2018/02/jornal... · 2018-02-19 · das ordens e congregações religiosas que ... ocupação com as consequências sociais

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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 338 | JANEIRO DE 2018FECH

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Encontrar Deus em todas as coisas e ver que todas as coisas vem do alto

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Santo Ináciode Loyola

“Sei que Deus mora em mimcomo sua melhor casa.

sou sua paisagem,sua retorta alquímica

e para sua alegriaseus dois olhos.

Mas esta letra é minha.” [Direitos humanos, Adélia Prado]

Somos filhos de Deus no Filho Jesus e predestinados a reproduzir a imagem do Filho único de Deus em nossa rea-

lidade (cf. 1 Jo 2, 29s e Rm8, 29). Este fato não é exclusivo de alguns, mas abrange todo e qualquer homem, condição defini-tiva da vocação humana à intimidade em Deus. Esta constituição do homem lhe é fundamental, acompanha-o antes mesmo da Encarnação, mas com este evento ga-nha a essência ontológica, se plenifica com Cristo.

Há inúmeras formas da graça se mani-festar no homem, que deve se abrir a Deus, permitindo ao divino influir nesta realida-de, através de virtudes, que guardam em si uma unidade com o único projeto salvífico da Trindade para a humanidade. As virtu-des são as forças divinas que lançam o ser

humano na busca por concretizar o Reino, marcado pela limitação desta realidade, mas com vistas num futuro esperançoso de transformação pelo bem comum.

“Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3, 16) Partindo desta compreensão se torna possível vivenciar as virtudes que aproximam o homem de seu Criador. Há três virtudes, vias da graça, que elevam homens e mulheres à sua vocação funda-mental resumida e completa na comunhão com o divino. Fé, esperança e caridade são vias de concretização da Graça na vida das pessoas. A fé produz algo essencial na vida do fiel, lhe abre ao Mistério e conduz a uma experiência de vida, baseada na intimida-de com Deus; A esperança não é um sen-timento abstrato, mas uma atuação nesta

realidade como antecipação do destino fu-turo (Reino de Deus) desejado por Deus; A caridade é possibilidade de amar a todos e a tudo, pois se percebe que a marca divina está em toda a Criação.

As três virtudes constituem um único princípio realizado de modos distintos, mas convergentes a uma abertura do homem na sua experiência histórica ao Sentido Absoluto, “ao qual se confia acolhendo seu desígnio (fé), celebrando Sua presença presente como encontro de duas liberda-des e de duas autocomunicações, aquela de Deus e aquela do homem (amor), abrin-do-se para uma história que ainda tem fu-turo e não chegou, todavia, a sua plenitude escatológica (esperança)”. (Leonardo Boff, Graça e experiência humana)

editorial

voz do pastor

expediente

A fé é dom de Deus – dádiva. A fé não se compra, não se vende, não se adquire através de estudos,

universidades e, muito menos, como ob-jeto de troca. Por ser dom de Deus, é pre-sente, oferta gratuita, generosidade da parte de quem dá porque ama. Ninguém pode dar a fé senão Deus. Deus é amor.

É difícil entender a fé, porque só a en-tende quem está aberto para acolhê-la, fazendo uma experiência de confiança e pautando a própria vida a partir dela. Especular sobre o dom da fé equivale a segurar um punhado de água nas mãos, não vai sobrar nada - tudo esvai-se.

A fé, hoje em dia, vai muito além de nossa especulação. Muitos deixaram a fé de lado e outros a confundiram como máscara das coisas santas. Porém, a fé

exige acolhida, confiança, abertura e, como consequência, exige do fiel renún-cia aos grandes encantamentos da vida e do mundo, ilusões descabidas de uma vida fácil e descomprometida.

Muitos não abraçam a fé por des-confiança e pouca vontade de assumir compromissos autênticos, a verdade, a justiça, a liberdade etc. A fé, quando abraçada, nos lança para o alto, nos leva para Deus e descortina o sentido mais profundo em entender a vida e gera grandes transformações.

A fé tem incidência profunda na vida das pessoas, a vida pessoal fica renova-da, transformada, um novo ardor, uma nova alegria surge, uma nova postura nasce no interior do ser humano e a pró-pria pessoa se surpreende e contagia os

Diretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorPE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808

Equipe de produçãoLUIZ FERNANDO GOMESJANE MARTINS

RevisãoJANE MARTINS

Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160

ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃO

Tiragem3.950 EXEMPLARES

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 Centro - CEP: 37.800-000 | Guaxupé (MG)

Telefone35 3551.1013

[email protected]

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br

Dom José Lanza Neto,Bispo da Diocese de Guaxupé

ambientes em que vive, a família, o tra-balho e a própria comunidade.

A vida social ganha, também, um novo significado e tudo passa a ter va-lor, as demais pessoas, a natureza, a família, a cidade e o campo. Nasce um novo olhar. Consequentemente, a par-tir da fé, conceitos e princípios surgem automaticamente, naturalmente. A vida será pautada com um novo olhar. Ter fé é emprestar os olhos de Deus, é ocupar o lugar de Deus. É olhar o mundo e a vida como se fôssemos Deus. Juntos com Deus na eternidade desaparecerão as virtudes próprias desta realidade, a fé e a esperança, permanecendo o amor, essa atitude profunda que nos indica nossa vocação para a eternidade.

2 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Historicamente a Igreja chegou ao Bra-sil junto dos descobridores. Ela e o Estado português eram unidos pela

força do padroado e essa união perpassou o colonialismo lusitano e avançou até após o declínio do Império do Brasil. Durante o padroado, ela se inseriu pelo Brasil através das ordens e congregações religiosas que evangelizaram os indígenas e educaram através dos colégios. Nesse tempo o gover-no mantinha a Igreja (clero, construções e nomeações de bispos).

No século 18 algumas Constituições do Arcebispado da Bahia foram elaboradas vi-sando dar mais autonomia à Igreja, mas não impediram um conflito entre padres e colo-nos em torno da escravidão indígena que desfechou no fechamento da Companhia de Jesus e a “Questão religiosa” culminando na prisão de dois bispos fadados a trabalhos forçados.

Com a Proclamação da República, o Estado e a Igreja se separaram, tendo o “desquite” lavrado no Decreto 119-A/1890. O término do padroado faz com que o Catoli-cismo deixe ser a religião oficial do Brasil e dê lugar ao caráter laico do Estado e a liber-dade religiosa.

Diante dessa abertura à pluralidade religiosa alijada do Estado, paróquias e associações combateram o anarquismo, o comunismo e o protestantismo. Mais tarde, o Getulismo infundiu um projeto desenvolvi-mentista e nacionalista e a Igreja valorizou a identidade cultural do Brasil.

A criação da CNBB (1952) direcionou a ação da Igreja no Brasil, mostrando a pre-ocupação com as consequências sociais do capitalismo materialista. A Revolução Cuba-na influenciou a juventude universitária da década de 60. A Igreja mostrou-se mais con-servadora e foi criada a Ação Popular. Dian-te das propostas reformistas do Presidente João Goulart, a Igreja se dividiu.

O Militarismo de 64 acirrou os conflitos entre Igreja e Estado. O Ato Institucional n.° 5 (1968) trouxe ruptura diante da repressão (prisões, torturas, assassinatos e persegui-ções). A Igreja inspirou-se na Teologia da Libertação e posicionou-se ao lado da socie-dade civil para profetizar a favor da ordem jurídica e dos direitos humanos que estavam sendo abusados.

Da mesma maneira que a história se situa no tempo, também a Igreja tem que ser vista entre a Bíblia e o calendário. Primeiramen-

te o padroado a fazia ser duplamente fiel a cruz da fé e a pena da lei estatal. Depois o Estado fica livre da Igreja pela força do De-creto 119-A, mas também faz a Igreja depen-dente dele. A adaptação dessa separação demorou uns 30 anos aproximadamente e, com o advento do Concílio Vaticano II (1965) a Igreja se colocou melhor em seu lugar de excelência na história.

A redemocratização do estado brasileiro deu-se há 30 e poucos anos atrás e hoje o Brasil apresenta um cenário nacional desa-creditado. Os sentimentos da sociedade são impotência e medo diante dos poderes dos impérios (tráfico de drogas, contrabando, corrupção civil e política, violência, prote-cionismo, etc.) que geram pobreza, miséria, desemprego e até guerras civis em alguns lugares. Este descaso acontece por vezes com a participação de pessoas incumbidas de zelar pelo povo.

A Igreja tem a preocupação com os va-lores do Reino e seus ensinamentos pregam como pode ser uma verdadeira sociedade. Como cidadã desse mundo, é seu direito e dever estar presente nesta realidade e, por isso, procura evangelizar toda a existência humana, inclusive a dimensão política, afinal

opiniãoIGREJA, SOCIEDADE E ESFERA PÚBLICA

a fé não diz respeito apenas à vida pessoal ou familiar. Fé tem a ver com vida profis-sional, economia, política e com o mundo. Desta forma, a Igreja procura iluminar com o anúncio da Palavra transformadora.

O tempo mudou. Hoje não é papel da Igreja apontar quem é bom ou ruim, anjo ou bruxo... Nada de inquisição. Se o Estado é laico, a Igreja é apartidária! Seu incentivo é para que os fiéis naturalmente engajem em partidos e conheçam os seus programas; ajudem nas associações e comitês de bair-ros e que combatam as as forças do indivi-dualismo e facilitem o uso dos bens e das riquezas do mundo. Que haja trabalho para todos e também sejam respeitados os direi-tos de liberdade religiosa e de expressão. Enfim, que não haja violência e nem uso dos jogos do poder.

Ao defender estes princípios, a Igreja se posiciona elegantemente em favor do Evangelho e lança o Ano Nacional do Laica-to, almejando continuar dialogando com os diferentes sujeitos da sociedade e promover a cultura do encontro e do cuidado com a vida e o bem comum, na fiel esperança de que um mundo melhor seja possível desde agora.

Por padre Sidney S. Carvalho, chanceler e pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Guaxupé

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3

notícias

Texto/Imagem: Tales Flávio

Texto: padre José Luiz Gonzaga do Prado / Imagem: Ana Cristina

Texto/Imagem: José Faria da Silva

Texto: Douglas Ribeiro | Fotos: Gabriel Ribeiro

Fortalecimento dos grupos de reflexão é o foco das comunidades rurais

Encontro realizado anualmente visa a integração das comunidades

Voluntários distribuíram 187 cestas a famílias carentes da cidade

Seminaristas que receberam o acolitato com o bispo diocesano (esq. p/ dir.): Luciano, Reginaldo, Hudson, Mateus e José Eduardo

Seminaristas que receberam o leitorato com o bispo diocesano (esq. p/ dir.): Luiz Henrique, Juliano e Douglas

No dia 2 de dezembro, aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora o Encontro das Comunidades Rurais,

no qual os participantes tiveram a oportu-nidade de partilhar as experiências de vida e de fé.

O encontro foi assessorado pelo padre José Luiz Gonzaga do Prado, natural de Paraguaçu e que realiza um trabalho de divulgação e fortalecimento dos grupos de reflexão em toda a diocese.

No encontro, as comunidades foram animadas pelo assessor a dar continuida-de aos grupos de reflexão, além de fazer um forte apelo às comunidades que ainda

No dia 3 de dezembro reuniram-se, como fazem há alguns anos, repre-sentantes dos grupos de reflexão

da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Nova Resende.

Após a oração inicial, Ronei, secretário de Ação Social do Município, apresentou um levantamento feito pela sua secretaria, especificamente sobre as condições de moradia no município. Aí se descobriu que há, ainda, muita pobreza, que algumas fa-

No dia 4 de dezembro, dom José Lan-za Neto, bispo diocesano de Guaxu-pé, presidiu a Santa Missa no Semi-

nário Diocesano Santo Antônio, em Pouso Alegre, com a presença de alguns padres da diocese, religiosas, seminaristas e al-guns familiares.

Na ocasião foi conferido o ministério de leitor para os seminaristas do terceiro ano de Teologia e o ministério de acólito para os seminaristas do quarto ano de Teologia.

As instituições do leitorato e acolitato fazem parte do processo formativo do can-didato ao sacerdócio que, depois de alguns

Uma iniciativa promovida por lei-gos da Paróquia Nossa Senhora da Penha de Passos proporcionou

um natal mais feliz para muitas famílias. Mais de 180 famílias foram auxiliadas com cestas básicas e brinquedos para as crianças.

A campanha realizada pela Pastoral da Criança e outros voluntários da paró-quia foi iniciada com a realização de dois jogos de futebol beneficentes. No primei-ro, foram arrecadados brinquedos para

precisam organizar seus grupos. “É neces-sário estar atentos a voz de Deus que fala através das lutas diárias de seu povo”. Pa-

Paróquia de Paraguaçu realizaEncontro das Comunidades Rurais

PARÓQUIA DE PASSOS SE MOBILIZA EM AÇÃO SOLIDÁRIA

Grupos de reflexão realizamAssembleia em Nova Resende

Seminaristas são instituídos nos ministérios de Leitor e Acólito

dre José Luiz levou os grupos a escolher um fato bíblico e depois refletir com a rea-lidade dos dias atuais, fazendo assim uma

comparação do fato bíblico com a realida-de.

O objetivo foi animar as comunidades que têm respondido de forma positiva ao seguimento cristão, através dos grupos de reflexão, impulsionados pela Semana Mis-sionária.

O próximo passo da paróquia será rea-lizar outros encontros com as comunidades urbanas e com os conselhos paroquiais. No fim do encontro, o pároco, padre Ronei Mendes Lauria, celebrou a missa em inten-ção das comunidades rurais e por cada fa-mília que as compõem.

mílias estariam abaixo da linha da pobreza se não fossem os programas sociais manti-dos pelo Governo Federal.

Os participantes foram divididos em cinco grupos para ler e comentar a recen-te Nota da CNBB sobre o atual momento político do Brasil. O plenário somou e completou as reflexões feitas nos grupos. Destacamos esta: “Não adianta colocar madeira nova sem, antes, acabar com os carunchos”.

anos de formação, dá passos em vista do futuro exercício do ministério presbiteral.

Em sua homilia, o bispo incentivou os seminaristas a serem homens do Evange-lho, proclamando a Boa Nova do Reino. Agradeceu o ‘sim’ generoso de cada um e os exortou a continuarem saboreando o Banquete da Palavra e da Eucaristia, como fizeram os discípulos de Emaús, para que, assim, possam ser grandes servidores de Cristo Jesus.

as crianças acompanhadas pela Pastoral, no segundo, o foco das doações foram alimentos.

Além do volume arrecadado nos dois eventos, a comunidade paroquial se en-volveu com doações nas missas e nas celebrações comunitárias, contribuindo para que mais famílias recebessem o be-nefício. Além as pastorais e movimentos, a ação contou com o apoio dos padres Ailton Goulart Rosa e Vítor Aparecido Francisco.

4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Texto: Douglas Ribeiro| Imagem: Lázara Assunção

Texto: Assessoria de Comunicação / Imagem: Pascom - Catedral

Texto da Secretaria de Comunicação da Santa Sé

Caminhada missionária e planos pastorais foram temas da reunião anual

A busca pelo profissionalismo foi um apelo do papa na criação da nova secretaria

No dia 15 de dezembro, à noite, foi realizado em frente à Casa da Cul-tura, em Guaxupé, um Tributo em

homenagem ao quarto bispo diocesano, dom Inácio João Dal Monte, que teve seu processo de beatificação iniciado no se-gundo semestre do ano passado.

A iniciativa foi promovida pela Casa da Cultura de Guaxupé, especialmente seu presidente, Severo Antônio da Silva, que assumiu a produção artística do tributo. A homenagem teve apoio da Diocese de Guaxupé e da Comissão pela Beatificação de dom Inácio, dirigida pelo padre Regi-naldo da Silva, cura da Catedral Diocesa-na Nossa Senhora das Dores.

No dia 16 de dezembro, teve início um trabalho novo do Vaticano: um portal que conta com uma equipe de cer-

ca 70 pessoas em 6 divisões linguísticas – italiano, inglês, francês, alemão, espanhol e português – e com 4 áreas temáticas: Papa, Vaticano, Igreja e Mundo. O novo site está online no link www.vaticannews.va.

O novo modelo de comunicação de-semboca em uma organização do trabalho – como afirma a Secretaria para a Comuni-cação, presidida pelo monsenhor Edoardo Viganò – que se tornou possível também graças ao amplo programa de formação dos funcionários que teve início desde o momento da criação do dicastério para a comunicação, em 2015.

Reunião Geral avalia 2017 eapresenta processo sinodal com 5ª Assembleia

Casa da Cultura de Guaxupé Homenageia Dom Inácio

Vaticano lança novo portal multimídia para notícias

O padre fez uma exortação sobre a santidade cristã, além de esclarecer aos presentes sobre o processo de beatifica-ção e alguns detalhes sobre a vida e o mi-nistério de dom Inácio.

O evento contou com apresentações de artistas da cidade que através da músi-ca e da poesia puderam celebrar a figura marcante de dom Inácio para Guaxupé. Um vídeo produzido especialmente para a data apresentou ao público uma pequena biografia do bispo, além de imagens de sua trajetória à frente da diocese. Alguns padres da diocese prestigiaram a iniciati-va, além de muitos fiéis e moradores da cidade.

O aspec-to essencial do sistema, fruto de um processo de consolidação seja no plano econômico, seja técnico, é represen-tado pelo Centro Edi-torial Multi-mídia (CEM): uma estrutura unificada para a produção cotidiana de qualquer tipologia de conteúdo (áudio, textos, vídeo, gráfica) em modalidade multilíngua e multicanal,

Na manhã do dia 9 de dezembro, aconteceu, na Cúria Diocesana de Guaxupé, a Reunião Geral de

Pastoral para avaliação dos trabalhos realizados durante o ano de 2017. Parti-ciparam deste encontro o bispo, padres, religiosos e religiosas, seminaristas e leigos das paróquias da diocese.

Após a oração, Dom José Lanza agradeceu a presença de todos e disse que “este é um momento de avaliação, onde iremos enxergar, sob um grande horizonte, nossos pontos positivos e aqueles que podemos melhorar”.

No próximo ano, a diocese de Gua-xupé realizará a 5ª Assembleia Dioce-sana de Pastoral. Padre José Augusto da Silva, integrante da Comissão de Preparação, apresentou um esboço do

texto base elaborado pela equipe res-ponsável que norteará os trabalhos da assembleia.

Após o intervalo, padre Henrique Ne-veston, coordenador diocesano de pas-toral, apresentou os pontos positivos e negativos referentes ao ano de 2017: “Nossa Igreja Particular tem dado pas-sos significativos, mas ainda precisa-mos do apoio de todos para construir o reino de Deus entre nós”, disse o padre.

No final da reunião, foi apresentada a programação para o Ano Nacional do Laicato a ser realizado na diocese, além da nova agenda pastoral para o ano de 2018. Também houve a distribuição de oração feita a favor da causa do proces-so de beatificação de dom Inácio João Dal Monte, que foi iniciada em 2017.

que trabalha sob a guia da Direção Edi-torial e em coordenação com outros grupos de suporte.

Ao seu in-terno conflui-rão progres-s ivamente cerca de

350 profissionais, entre redatores e técni-cos provenientes de todas as 40 redações linguísticas da Rádio Vaticano e das 9 ins-tituições que compõem a Secretaria para

a Comunicação. A partir de 1º de janeiro o percurso se completará com a agregação do jornal L’Osservatore Romano, do Serviço Fotográfico e da Tipografia Vaticana.

O novo site que está online na sua ver-são beta, substituirá os sites de caráter informativo utilizados precedentemente. Assim, Vatican News torna-se também a nova marca que representa grande parte do sistema comunicativo, na intenção de simplificar a imagem e de superar o grande número de logotipos do passado.

Em particular, a partir de agora, o logo-tipo identificará também as redes sociais: Twitter, Facebook e Youtube, para cada uma das redações linguísticas e Instagram, com um perfil comum a todas as línguas.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5

em pautaSÍNODO DOS BISPOS: OS JOVENS NO MUNDO DE HOJE

Em outubro deste ano, a Igreja cele-bra o Sínodo dos Bispos com o tema Os jovens, a fé e o discernimento

vocacional. Após um longo processo de produção do documento preparatório e da consulta aberta às contribuições de jovens e agentes de pastoral de todo o mundo, se aproxima o momento das dis-cussões dos participantes do Sínodo. As-sim, neste mês trazemos o primeiro ca-pítulo do Documento Preparatório com indicações profundas sobre a realidade da juventude em todo o mundo.

1. Um mundo que se transforma rapida-mente

A velocidade dos processos de mudan-ça e de transformação é a principal parti-cularidade que caracteriza as sociedades e as culturas contemporâneas (cf. Laudato Si’, 18). A combinação entre elevada com-plexidade e rápida mudança faz com que nos encontremos num contexto de flui-dez e de incerteza jamais experimentado precedentemente: é uma realidade que devemos aceitar sem julgar a priori, se se trata de um problema ou de uma oportu-nidade. Esta situação exige que se assu-ma um olhar integral e que se adquira a capacidade de programar a longo prazo, prestando atenção à sustentabilidade e às consequências das escolhas de hoje em tempos e lugares remotos.

O aumento da incerteza reflete-se sobre a condição de vulnerabilidade, ou seja, a combinação entre mal-estar social e dificuldade econômica, e sobre as expe-riências de insegurança de amplas cama-das da população. No que diz respeito ao mundo do trabalho, podemos pensar nos fenômenos do desemprego, do aumento da flexibilidade e da exploração, sobretu-do de menores, ou então no conjunto de causas políticas, econômicas, sociais e até ambientais, que explicam o aumento exponencial do número de refugiados e migrantes. Face a poucos privilegia-dos que podem se beneficiar das o p o r t u n i d a d e s oferecidas pelos processos de glo-balização econô-mica, muitos vi-vem em situações de vulnerabilida-de e de insegu-rança, o que tem um impacto sobre os seus itinerários de vida e sobre as suas escolhas.

A nível global, o mundo contemporâ-neo é marcado por uma cultura «cientifi-cista», muitas vezes dominada pela técni-ca e pelas infinitas possibilidades que ela

promete abrir, mas em cujo âmbito «pare-cem multiplicar-se as formas de tristeza e solidão em que caem as pessoas, incluin-do muitos jovens» (Misericordia et misera, 3). Como ensina a encíclica Laudato Si’, o enredo entre paradigma tecnocrático e busca frenética do lucro a curto prazo está na origem daquela cultura do descar-tável que exclui milhões de pessoas, entre as quais numerosos jovens, e que leva à exploração indiscriminada dos recursos naturais e à degradação do meio ambien-te, ameaçando o futuro das próximas ge-rações (cf. nn. 20-22).

Além disso, não podemos esquecer que muitas sociedades se tornam cada vez mais multiculturais e multirreligiosas. Em particular, a presença simultânea de diversas tradições religiosas representa um desafio e uma oportunidade: podem aumentar a desorientação e a tentação do relativismo mas, ao mesmo tempo, cres-cem as possibilidades de confronto fecun-do e de enriquecimento recíproco. Aos olhos da fé, parece que este é um sinal do nosso tempo, o qual exige um cresci-mento na cultura da escuta, do respeito e do diálogo.

2. As novas geraçõesQuem é jovem hoje vive a própria con-

dição num mundo diferente daquele da geração de seus pais e educadores. Não apenas o sistema de vínculos e oportuni-dades muda com as transformações eco-nômicas e sociais, mas, de forma subja-cente, alteram-se, também, os desejos, as necessidades, as sensibilidades e o modo de se relacionar com os outros. Além dis-so, se sob um certo ponto de vista é ver-dade que com a globalização os jovens tendem a ser cada vez mais homogêneos em todas as partes do mundo, contudo, nos contextos locais, subsistem peculia-ridades culturais e institucionais que têm repercussões no processo de socialização

e de construção da identidade.

O desafio da multiculturalidade atravessa de ma-neira particular o mundo juvenil, por exemplo, com as peculiaridades das «segundas gerações» (ou seja, daqueles jo-vens que crescem numa sociedade e numa cultura di-ferente daquelas

dos seus pais, em virtude dos fenômenos migratórios), ou dos filhos de casais de certa forma «mistos» (sob os pontos de vista étnico, cultural e/ou religioso).

Em muitas partes do mundo, os jovens

experimentam condi-ções particularmente ár-duas, em cujo âmbito se torna difícil criar o espa-ço para escolhas de vida autênticas, na ausência de margens até mínimas de exercício da liberda-de. Pensemos nos jovens em situações de pobreza e exclusão; naqueles que crescem sem pais nem família, ou então em quantos não têm a possibilidade de ir à es-cola; nas crianças e nos meninos de rua de nu-merosas periferias; nos jovens desempregados, deslocados e migran-tes; naqueles que são vítimas de exploração, tráfico e escravidão; nas crianças e nos adoles-centes recrutados à for-ça em grupos criminosos ou milícias irregulares; nas noivas-crianças ou nas jovens obrigadas a se casar contra sua pró-pria vontade. No mundo, demasiadas pessoas passam diretamente da infância para a idade adulta e para uma carga de responsabili-dades que não puderam escolher. Muitas vezes, as meninas, as adolescentes e as jovens devem enfrentar dificuldades ain-da maiores do que as dos seus coetâneos.

Estudos realizados a nível internacio-nal permitem identificar alguns traços ca-racterísticos dos jovens do nosso tempo.

Pertença e participaçãoOs jovens não se sentem como uma

categoria desfavorecida, nem como um grupo social que deve ser protegido e, por conseguinte, nem sequer como destinatá-rios passivos de programas pastorais ou de escolhas políticas. Não poucos deles desejam ser parte ativa dos processos de mudança do presente, como confirmam aquelas experiências de ativação e inova-ção a partir de baixo, que veem os jovens como protagonistas principais, embora não únicos.

A disponibilidade à participação e à mobilização em ações concretas, nas quais a contribuição pessoal de cada um seja ocasião de reconhecimento da pró-pria identidade, mistura-se com a intole-rância em relação a ambientes em que os jovens sentem, justa ou injustamente, que não encontram espaço nem recebem estímulos; isto pode levar à renúncia ou à dificuldade de desejar, sonhar e projetar, como o demonstra a difusão do fenôme-

no NEET (not in education, employment or training, ou seja, dos jovens não compro-metidos numa atividade de estudo, nem de trabalho e nem sequer de formação profissional). A discrepância entre os jo-vens passivos e desanimados e aqueles empreendedores e vitais é o fruto das oportunidades concretamente oferecidas a cada um dentro do contexto social e familiar em que cresce, assim como das experiências de sentido, relação e valor feitas, inclusive, antes do início da juven-tude. A falta de confiança em si mesmo e nas suas capacidades pode manifestar-se não somente na passividade, mas tam-bém numa preocupação exagerada com a própria imagem e num conformismo con-descendente com as modas do momento.

Pontos de referência pessoais e institu-cionais

Várias pesquisas demonstram que os jovens sentem a necessidade de figuras de referência próximas, credíveis, coe-rentes e honestas, assim como de lugares e de ocasiões para pôr à prova a capaci-dade de se relacionar com os outros (tan-to adultos como seus coetâneos) e para enfrentar as dinâmicas afetivas. Eles pro-curam figuras que sejam capazes de ma-nifestar sintonia e oferecer apoio, encora-jamento e ajuda a reconhecer os limites, sem fazer pesar o próprio juízo.

O desafio da multiculturalidade atravessa de maneira particular o mundo juvenil, por exemplo, com as peculiaridades das «segundas gerações.

6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Fonte: Documento Preparatório para o Sínodo dos Bispos

Deste ponto de vista, o papel dos pais e das famílias permanece crucial e às vezes problemático. Com frequência, as gerações mais maduras tendem a su-bestimar as potencialidades, colocam em evidência as formas de fragilidade e têm dificuldade de compreender as exigências dos mais jovens. Pais e educadores adul-tos podem também ter em consideração seus próprios erros e o que não gostariam que os jovens fizessem, mas, muitas ve-zes, também não sabem claramente como ajudá-los a orientar seu olhar para o fu-turo. As duas reações mais comuns são a renúncia a fazer-se ouvir e a imposição das próprias escolhas. Pais ausentes ou superprotetores tornam os filhos mais frá-geis e tendem a subestimar os riscos ou a ser obcecados pelo medo de cometer erros.

No entanto, os jovens não procuram apenas figuras de referência adultas: é forte o seu desejo de confronto aberto en-tre pares. Tendo em vista esta finalidade, é grande a necessidade de ocasiões de interação livre, de expressão afetiva, de aprendizagem informal, de experimenta-ção de funções e de habilidades, sem ten-são nem ansiedade.

Tendencialmente cautelosos com aqueles que se encontram fora do círculo das relações pessoais, muitas vezes os jo-vens alimentam desconfiança, indiferença

ou até indignação pelas instituições. Isto não diz respeito unicamente à política, mas refere-se, cada vez mais, às insti-tuições de formação e à Igreja, no seu aspeto institucional. Gostariam que ela estivesse mais próxima do povo e fosse mais atenta aos proble-mas sociais, mas não têm a certeza de que isto acontecerá de forma imediata.

Tudo isto se verifica num contexto em que a pertença confessional e a prática religiosa se tornam cada vez mais características de uma minoria, e os jovens não se colocam «contra», mas aprendem a viver «sem» o Deus apresen-tado pelo Evangelho e «sem» a Igreja, con-fiando, ao contrário, em formas de religiosidade e espiritualidade alter-nativas e pouco institu-cionalizadas, ou então refugiando-se em seitas ou experiências religio-

sas com forte matriz identitária. Em mui-tos lugares, a presença da Igreja torna-se menos minuciosa e, por isso, é mais difícil encontrá-la, enquanto a cultura dominan-te é portadora de instâncias muitas vezes em contraste com os valores evangélicos, quer se trate de elementos da própria tra-dição, quer da declinação local de uma globalização de tipo consumista e indivi-dualista.

Rumo a uma geração hiper(conectada)Hoje as jovens gerações são carac-

terizadas pela relação com as modernas tecnologias da comunicação e com aqui-lo que normalmente é chamado o «mun-do virtual», mas que também tem efeitos muito reais. Ele oferece possibilidades de acesso a uma série de oportunidades que as gerações precedentes não tinham e, ao mesmo tempo, apresenta riscos. No entanto, é de grande importância que se preste atenção ao modo como a experi-ência de relações tecnologicamente me-diadas estrutura o conceito do mundo, da realidade e das relações interpessoais, e é com isto que é chamada a medir-se a ação pastoral, que tem necessidade de desenvolver uma cultura adequada.

3. Os jovens e as escolhasNo contexto de fluidez e de precarie-

dade que pudemos delinear, a transição

para a vida adulta e a construção da iden-tidade exigem cada vez mais um percur-so «reflexivo». As pessoas são forçadas a readaptar seus percursos de vida e a voltar a apropriar-se continuamente das próprias escolhas. Além disso, juntamen-te com a cultura ocidental, difunde-se um conceito de liberdade entendida como possibilidade de aceder a oportunidades sempre novas. Não se aceita que construir um percurso de vida pessoal significa re-nunciar a trilhar caminhos diferentes no futuro: «Hoje escolho este, amanhã vere-mos». Tanto nas relações afetivas como no mundo do trabalho, o horizonte com-põe-se mais de opções sempre reversí-veis do que de escolhas definitivas.

Neste contexto, as antigas abordagens não funcionam mais e a experiência trans-mitida pelas gerações precedentes torna--se rapidamente obsoleta. Oportunidades válidas e riscos insidiosos entrelaçam-se num enredo não facilmente solúvel. Tor-nam-se indispensáveis instrumentos cul-turais, sociais e espirituais adequados, a fim de que os mecanismos do proces-so decisório não se bloqueiem e de que, talvez por medo de errar, não se acabe por se submeter à mudança em vez de a orientar. Eis quanto disse o Papa Francis-co: «“Como podemos despertar a gran-deza e a coragem de escolhas de amplo alcance, de impulsos de coração para en-frentar desafios educativos e afetivos?”. Já repeti muitas vezes: arrisca! Arrisca! Quem não arrisca não caminha. “Mas se eu errar?”. Bendito o Senhor! Errarás mais se permaneceres parado, parada» (Discur-so na Villa Nazareth, 18 de junho de 2016).

Na busca de percursos capazes de despertar a coragem e os impulsos do coração, não podemos deixar de ter em consideração que a pessoa de Jesus e a Boa Notícia por Ele proclamada continuam a fascinar muitos jovens.

A capacidade que os jovens têm de escolher é im-pedida por dificul-dades ligadas à condição de pre-cariedade: a luta para encontrar um trabalho ou a falta dramática do mesmo; os obstá-culos na constru-ção de uma auto-nomia econômica; a impossibilidade de estabilizar o próprio percurso profissional. Nor-malmente, para as mulheres jovens, estes obstáculos são ainda mais árduos de su-perar.

A dificuldade econômica e social das

famílias, o modo como os jovens adquirem alguns traços da cultura contemporânea e o impacto das novas tecnologias exigem uma maior capacidade de enfrentar o de-safio educacional no seu significado mais amplo: esta é a emergência educativa evi-denciada por Bento XVI na Carta à Cidade e à Diocese de Roma sobre a urgência da educação (21 de janeiro de 2008). A nível global, é necessário ter em consideração, inclusive, as desigualdades entre os pa-íses e o seu efeito sobre as oportunida-des oferecidas aos jovens nas diferentes sociedades, em termos de inclusão. Tam-bém fatores culturais e religiosos podem gerar a exclusão, por exemplo no que diz respeito às disparidades de gênero ou à discriminação contra as minorias étnicas ou religiosas, a ponto de impelir os jovens mais empreendedores à emigração.

Em tal contexto é particularmente ur-gente promover as capacidades pesso-ais, colocando-as ao serviço de um sólido projeto de crescimento comum. Os jovens apreciam a possibilidade de combinar a ação em projetos concretos, nos quais medir a própria capacidade de alcançar resultados, o exercício de um protagonis-mo destinado a melhorar o contexto em que vivem, a oportunidade de adquirir e aprimorar no campo competências úteis para a vida e o trabalho.

A inovação social exprime um protago-nismo positivo que inverte a condição das novas gerações: de perdedores, que pe-dem proteção contra os riscos da mudan-ça, para protagonistas da transformação, capazes de criar novas oportunidades. É significativo que exatamente os jovens – com frequência fechados no estereó-tipo da passividade e da inexperiência – proponham e pratiquem alternativas que mostram como o mundo ou a Igreja pode-ria ser. Se quisermos que aconteça algo de novo na sociedade ou na comunidade

cristã, devemos deixar espaço a fim de que pes-soas mais jovens possam agir. Em outras palavras, projetar a mu-dança segundo os princípios da sus tentab i l ida-de exige que se permita às novas gerações experi-mentar um novo modelo de desen-volvimento. Isto é particularmente problemático na-

queles países e âmbitos institucionais em que a idade de quantos ocupam lugares de responsabilidade é elevada, diminuin-do os ritmos de renovação geracional.

A capacidade que os jovens têm de escolher é impedida por dificuldades ligadas à condição de precariedade: a luta para encontrar um trabalho ou a falta dramática do mesmo (...)

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7

liturgiaO SÍMBOLO DA ÁGUA NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

Por Guilherme Ribeiro, bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre

A substância líquida e in-color, insípida e inodora denominada água é par-

te integradora do ser humano e dos seres vivos que há no plane-ta. Não obstante sua composi-ção elementar à vida do cosmos, a água é um elemento presente na história salvífica.

Encontra-se água em toda Sagrada Escritura, do Gênesis ao Apocalipse. No princípio da criação quando tudo era infor-me, o Espírito pairava sobre as águas potencializando-as à geração de vida (cf. Gn 1,2). As águas do Dilúvio fizeram de-saparecer o solo por cerca de quarenta dias e quarenta noites, extirpando todas as espécies de vida humana, vegetal e animal, exceto as que estavam na arca (cf. Gn 7,4).

Atravessar o mar Vermelho foi o caminho de salvação pelo qual Deus fez o povo de Israel passar. Os hebreus foram liber-tos da escravidão escapando do inimigo opressor por meio das águas (cf. Ex 14,15-31). Cansado e com sede estava o povo na caminhada para o deserto de Sur. Ao chegar a Mara, não pôde saciar a sede porque a água era amarga e impossível de beber. Ao clamor de Moisés, o Senhor lhe mostra um pedaço de madeira que, ao ser posto na água, fê-la potável (cf. Ex 15, 22-25). Por uma fenda na roça, o povo sacia sua sede (cf. Ex 17,6). O Jordão testemunha a passagem do povo comandado por Josué (cf. Js 3, 14-17) e a purificação de Naamã (cf. 2Rs 5, 1-14). O templo da visão de Ezequiel corre água em abundância e por onde ela passa gera vida (cf. Ez 47,1-12).

No Novo Testamento a água se faz pre-sente já bem no início. Tal como no princí-pio, o Espírito esteve sobre as águas no ba-tismo de Jesus (cf. Mc 1,9; Mt 3,13; Lc 3,21). Na festa de casamento em Caná, a primeira manifestação de Jesus foi transformar água em vinho (cf. Jo 2,1-11). No diálogo com Nico-demos, Jesus exorta à necessidade de nas-cer da água e do Espírito (cf. Jo 3, 1-21). No encontro com a Samaritana, Jesus se apre-senta como a fonte que sacia para sempre (cf. Jo 4, 14). Jesus caminha sobre águas (cf. Mt 14,26; Mc 6,48; Jo 6,19). Na cruz corre de seu lado aberto sangue e água (cf. Jo 19,34). Estes são apenas alguns trechos onde se encontra o elemento água e seu simbolis-mo diverso. Outras passagens fazem men-ção ao elemento da água, mas estas foram apresentadas apenas para uma visão pano-râmica acerca da presença deste elemento natural.

Cinco são os momentos em que o sím-

bolo da água ganha significativa relevância simbólica: Criação, Dilúvio, travessia do Mar Vermelho, Batismo de Jesus e do lado aber-to de Cristo na Cruz.

Deus serve-se do elemento da água por ele próprio trazer em si significados múlti-plos. Na Criação, a água aparece como ele-mento que contribui para a geração da vida, não por ela mesma, mas pela força do Espí-rito que paira sobre ela. Torna-se elemento símbolo da fecundidade. Símbolo do poder de Deus que cria.

No dilúvio, a água não perde seu caráter simbólico positivo de geração de vida, mas adquire outro significado: de regeneração. A água, neste contexto, possui significados ambivalentes, ou seja, o mesmo símbolo possui dois significados. A mesma água que fez perecer todo o cosmos no caos do dilúvio, nada de mal fez aos que estavam na arca. A água que sepultou os vícios hu-manos foi a mesma que regenerou o novo povo. Aqui se compreende sua ambivalên-cia. O mesmo se apregoa às águas do mar Vermelho.

As águas marítimas, sempre compre-endidas como lugar da habitação do mal, do desconhecido e lugar obscuro ao ser humano, se tornou caminho seguro para a libertação do povo hebreu. Liberdade para o povo cativo e prisão perpétua para os ca-valeiros submersos. O significado da água

neste contexto é o da libertação. Adentram por ela escravos e saem livres. Adentram por ela sem rumo e dela saem repatriados. Imergem por ela pecadores e emergem re-dimidos.

As águas batismais, quer seja do batismo de Jesus ou do batismo celebrado hodierna-mente, é símbolo real de toda salvação do ser humano. São águas fecundadas pela ação do Espírito Santo, são águas regenera-doras porque nelas o homem velho se torna novo, são águas que fazem morrer o homem para o pecado e, no mesmo instante, o faz viver para a graça. São águas matriciais que fazem os povos tornarem-se filhos de Deus e da Igreja.

Da chaga redentora de Jesus sangue e água são jorrados. Interpretados pelos san-tos padres da Igreja como a geração do ba-tismo (águe) e da Eucaristia (sangue). Pela água nascemos e pela Eucaristia somos ali-mentados.

A água ainda é sinal da humanidade re-dimida que só encontra seu lugar junto do divino Criador. A água é símbolo eficaz da presença de Deus na história da salvação, por meio deste possibilitou-se aos homens chegar mais próximo de seu Deus e Nele depositar sua total confiança.

Os símbolos, mais do que nunca neste contexto pós-moderno que se encontra o homem, fazem-se necessários para a sua

relação com Deus. Por meio dos símbolos o homem é recolocado em contato com Deus, restabelece o que outrora perdeu. Na revelação de Deus para com a humanidade, o símbolo da água corroborou para que o humano pudesse participar da divindade de seu Criador que, em seu infinito amor, assu-miu a condição humana.

Na história da salvação, Deus utilizou-se de vários meios para que seu amor chegas-se aos seres humanos, os destinatários pri-meiros da economia salvífica. Utilizou-se de pessoas para guiar o povo, de governantes, de profetas e também de símbolos para Se comunicar de modo concreto com os seres humanos. Por meio da água, elemento vital de todo o cosmos, Deus fez-se próximo e compreensível à experiência humana, para que, por meio dos símbolos, transcendesse à realidade divina. O símbolo da água, pre-sente em todos os eventos da história re-dentora dos homens, quer seja no princípio da criação, no dilúvio, na travessia do mar Vermelho, no banho do Jordão e no lado aberto de Cristo, é sinal comunicante da salvação ofertada generosamente por Deus. A sua quantidade nunca foi relevante. Dos mares aos lagos, dos rios às fontes, das ta-lhas a uma gota no cálice, a água foi e será o símbolo da regeneração do novo homem e da nova mulher, membros do povo de Deus peregrinante neste mundo.

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

bíblia

para se aprofundar

MARCOS, O CRIADOR DO EVANGELHO

O ANÚNCIO DE JESUS CRISTO: TEMPO DE SEMEAR

Antes de se escreverem os Evange-lhos atuais, havia muitos escritos soltos e sem uma ordem, uma cos-

tura dos acontecimentos e das palavras de Jesus. Eram apenas registros por escrito das coisas que os Apóstolos e outros com-panheiros de Jesus contavam. Marcos foi o primeiro a escrever as “Memórias dos Apóstolos” em ordem, indo de João Batis-ta até a Ressurreição. Deu-lhe o nome de Boa Notícia ou Evangelho. Foi o primeiro. Depois dele, os conhecidos Mateus, Lucas e João escreveram também memórias dos Apóstolos no mesmo esquema, destacan-do lados diferentes da figura de Jesus.

A Comunidade apostólicaA comunidade de Marcos já tinha ouvi-

do falar no evangelho ou boa-notícia do Im-pério Romano. Quando o domínio de Roma chegava a um lugar, aquilo era anunciado como evangelho ou boa-notícia. Era notícia de mais opressão, mais exploração e mais sofrimento para o povo, mas a propaganda oficial dizia que era evangelho, boa notícia.

A comunidade de Marcos, entretanto, sabia que essa não era uma boa notícia, a verdadeira Boa Notícia ou Evangelho era o fato de Jesus, aquele pobre galileu cru-cificado, ser a esperança da humanidade. Uma boa notícia que eles deviam levar para todo o mundo. Na época, os zelotes esta-vam tentando tomar o poder dos romanos. Briga pelo poder não é boa notícia, aquilo

Anúncio de Jesus Cristo (Tempo de seme-ar) é o primeiro volume da coleção Vi-ver em Cristo, elaborado pela Província

Eclesiástica de Pouso Alegre (MG).A coleção se destina à catequese com adul-

tos e possui inspiração catecumenal. Os outros dois volumes são: Aprofundamento da fé (Tem-po de cultivar) e Vivência quaresmal e mistagó-gica (Tempo de colher e partilhar os frutos).

Em todos os volumes da coleção, o cate-quista encontrará pistas para preparação do ambiente, dinamização dos encontros, estudo para sua própria formação, e celebrações para cada encontro e para as etapas mais significati-

Por padre José Luiz Gonzaga do Prado, biblista e professor na Faculdade Católica de Pouso Alegre

era uma loucura, foi o início de uma grande desgraça.

Jesus é o co-meço de uma coisa nova que deverá chegar ao mundo inteiro. Por isso, Marcos deu ao seu es-crito o título de Evangelho, que quer dizer “boa notícia”. Mas o escrito era só um começo, a conti-nuação é por con-ta da comunida-de. Por isso, ele diz assim: “Início da boa notícia (ou evangelho) de Jesus o Messias, filho de Deus”.

Foi assim mesmo ou é símboloQuando escreve as memórias dos Após-

tolos, o evangelista não está preocupado com a janela, o que aconteceu tal e qual, mas com o espelho, o que aquilo significa para a comunidade. Em Marcos tudo está cheio de simbolismo.

Os primeiros leitores entenderam, sem dúvida, o que significava o cego sentado, mendigo, à beira do caminho. O que signi-

ficava ele jogar o manto para trás, dar um pulo e ir até Jesus e, de-pois, seguir Jesus pelo caminho. En-tenderam o signi-ficado dos quatro que carregavam a padiola com o paralítico que fi-zeram passar por cima do teto para chegar até Jesus.

O maior erro do fundamenta-lismo bíblico, diz o Documento so-bre a interpreta-ção da Bíblia na Igreja Católica, é

pensar que a verdade da Bíblia é a verda-de histórica tal e qual. E Bento XVI (Verbum Domini 19) diz que essa nossa curiosidade histórica acaba esvaziando a Palavra de Deus na Bíblia.

Precisamos nos perguntar o que cada detalhe daquilo que o Evangelho conta sig-nificou quando foi escrito e o que pode sig-nificar para nós, hoje. Quando queremos explicar tudo como rigorosamente históri-co, esvaziamos a mensagem do Evangelho. É como se, numa encruzilhada, a gente fi-casse examinando a placa como tal e dei-

xasse de se orientar pelo caminho que ela aponta.

As comunidades de hojeSerá que ainda hoje a história da vida

de Jesus chamada Evangelho é apenas o começo da boa notícia? Como dar continui-dade? Será boa notícia esperar a salvação da humanidade de um condenado à pior das mortes? Pode-se acreditar que uma pessoa condenada pelas autoridades des-te mundo tem a ver com Deus? Será que Deus vai se ligar tanto assim a um conde-nado? Vai colocar nele a esperança da sal-vação para todos? Boa Notícia por quê?

A Boa Notícia ainda não acabou de che-gar. Mal começa a se espalhar. Ainda se acredita pouco no valor do pequeno e das pequenas coisas. Precisamos mostrar que a coisa é diferente. Tentam fazer de Jesus um rei potente para esconder que ele foi um condenado pela sociedade. Precisa-mos dar a boa notícia de que Deus levanta aquele que o mundo derrubou. Precisamos mostrar o lado escondido, o lado de Deus.

Ainda querem que a gente esqueça os condenados do nosso mundo para aplau-dir os corruptos e os arrogantes. Precisa-mos mostrar que os condenados à fome e à miséria clamam que está tudo errado. A Boa Notícia de que Deus está do lado dos pobres ainda está só no começo e precisa seguir em frente.

vas do processo, inspiradas no Ritual de Inicia-ção Cristã de Adultos (RICA).

O Tempo de semear é uma oportunidade de oferecer aos iniciandos condições para um primeiro contato com a comunidade, com as celebrações litúrgicas e com a meditação da Palavra de Deus.

No entanto, a principal meta a ser alcan-çada é uma maior clareza de quem seja Jesus Cristo, a quem todo iniciado segue como discí-pulo e amigo. Os encontros são baseados em profundos textos bíblicos, que apontam para os principais aspectos da pessoa e da ação de Jesus.

Texto/Imagem: Divulgação

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9

espaço pastoral

ano do laicato

PASTORAL DA COMUNICAÇÃOE EVANGELIZAÇÃO NAS REDES ATUAIS

O AGIR MISSIONÁRIO DOS DISCÍPULOS

O trabalho realizado pela Igreja no âmbito da Comunicação se inspira no modelo de Jesus de Nazaré, que

cria uma linguagem simples e direta para comunicar o Reino de Deus. A partir de sua vida e sua pregação, Ele desperta nas pes-soas confiança e segurança para que elas possam revelar suas dores, seus sonhos, sua riqueza interior e seus projetos.

E faz isso de modo a favorecer o encon-tro das pessoas consigo mesmas, com sua liberdade interior, com seus dons, e as en-volve no compromisso de uma ética de va-lorização da vida e da dignidade humana, tornando-as protagonistas. (cf. Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 44).

Fiel à sua missão de continuar o anún-cio da Boa Nova do Cristo, a Igreja procla-ma enfaticamente que o movimento rumo à identificação cristã é a proclamação dos di-reitos do homem. Desse modo, a instituição católica não mede esforços para responder eficazmente às exigências imprescindíveis da dignidade humana. A visão da ética dos direitos humanos está relacionada com os valores do Evangelho. Jesus Cristo, no anúncio de sua mensagem, propõe uma nova ética fundamentada no amor a Deus e ao próximo, exemplificada de modo espe-cial na parábola do Bom Samaritano. Para Jesus, a pessoa humana é templo de Deus.

Para se ter um coração missionário primeiramente é preciso encontrar--se com o Ressuscitado, como Maria

Madalena e a outra Maria, como narra Ma-teus no capítulo 28 do seu evangelho. O itinerário do discípulo missionário é: vinde e depois ide!

O ser discípulo missionário é aquele que primeiro se tornou discípulo e, em um segundo momento, se tornou missionário. Primeiro eu estou com Jesus, me conver-to, mudo a minha mentalidade, pois eu também sou território de missão e depois vou ensinar aos outros o que aprendi com o Mestre. Quando não ensino minha fé, ela se torna morna ou acaba. Se como discípu-lo eu aprendo, agora é imprescindível e es-sencial que eu transmita esta mensagem.

O Concílio Vaticano II diz que é preciso

Por: padre Sérgio Bernardes, assessor de comunicação – Diocese de Guaxupé

Texto: Sirley Aparecida Avelino de Souza, leiga de São Sebastião do Paraíso

A ComunicaçãoA comunicação em seu sentido global,

como processos e meios, se reveste de im-portância para a relação entre a Igreja e a sociedade, marcada por desafios e possi-bilidades no diálogo entre fé e cultura. “A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama de nossa época, como o foi também em outras épocas. Assim, importa empregar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas de-vem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas tal encontro não se dará se a Boa Nova não for proclamada” (Dire-tório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 237).

Essa vocação de comunicar se expres-sa por meio do dom da criatividade, do uso da inteligência e liberdade para explorar as ciências, buscar novas linguagens e meios de comunicar seus dons, seus anseios, de expressar sua liberdade e imaginação cria-doras. Portanto, “coloca-se como priorida-de aprimorar as estratégias de comunica-ção para que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente” (Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, n.º 126).

Os agentes da comunicaçãoOs agentes da comunicação, nas di-

ferentes realidades - leigos, ministros ordenados e consa-grados -, precisam desenvolver projetos e trabalhos conjuntos de comunicação, a partir de uma cultura do planejamento e da avaliação das ações comuni-cativas.

É de vital importância pro-mover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas as pessoas que tra-balham com comunicação na Igreja em um processo que valorize sempre mais a ação comunitária sobre as ações individuais. É importante definir metas e estratégias de gestão, estabelecer critérios de decisão e promover encontros que valorizem os acontecimentos nacionais, regionais e dio-cesanos que possam enriquecer a comuni-dade.

O ProcessoA compreensão católica sobre o proces-

so de comunicação avançou consideravel-mente desde o decreto conciliar Inter Miri-fica (1966), marco definitivo na caminhada da Igreja no campo da evangelização mi-diatizada. Vive-se a era da informação, em nenhum momento histórico a sociedade humana foi tão impactada pelo fenômeno

da comunicação como atualmente. Assim, a postura eclesial avança forte-

mente em investir em meios e canais pró-prios e no diálogo com a mídia convencio-nal para estabelecer-se como interlocutor neste grande diálogo múltiplo de ideias, propostas e discursos.

Ao integrar-se ao ambiente da comuni-cação, a Igreja, em sua tarefa de evange-lizar, se esforça em assumir os processos de transmissão da sua verdade de fé, ao mesmo tempo que recebe da realidade in-terpelações e influências, aspecto próprio de uma comunicação eficaz. A partir dessa abertura, a instituição eclesial desenvol-ve uma evangelização que repercuta ver-dadeiramente nas comunidades, pois na prática do diálogo, consegue perceber as necessidades e os anseios dos fiéis, assim como as particularidades do momento his-tórico atual.

conseguir um jeito de pregar o Evange-lho de uma forma que o homem moderno entenda. É a mesma doutrina de sempre, o mesmo Evangelho de sempre. Precisa-mos estar no mundo sem nos mundanizar. Um grande desafio para nós, missionários, pois, muitas vezes, estamos cada vez mais parecidos com o mundo. Não nos diferen-ciamos muito, temos as mesmas ideias, as mesmas ações.

Não vamos conseguir evangelizar com meias verdades do Evangelho, com um pa-ternalismo. É preciso oferecer para o nosso povo a verdade de Jesus Cristo presente na sua Igreja há dois mil anos. Essa é a verdade que suscitou inúmeros homens e mulheres a segui-Lo de todo coração. Ao contrário, a Igreja estará diluída no mundo.

São João Paulo II, na Encíclica Fé e Ra-

zão, nos exorta que a fé e a razão consti-tuem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contem-plação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhe-cer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verda-de plena sobre si próprio.

Quando conhecemos algo que não é verdadeiro nós rejeitamos! Enquanto mis-sionários, precisamos analisar o motivo da queda do número de católicos. Todos que-rem ouvir o verdadeiro Jesus Cristo que é capaz de nos tirar do lamaçal do mundo e nos colocar em seu Reino de amor e glória. O agir missionário do discípulo está vincu-lado à Verdade que salvará toda a huma-nidade.

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

assembleia diocesanaO PROCESSO SINODAL DE UMA ASSEMBLEIA DIOCESANA

Segundo a Constituição Lumen Gen-tium do Concílio Vaticano II, uma vez querida por Deus, fundada por Cristo

e constantemente vivificada pelo Espírito Santo, a Igreja católica é “constituída e or-ganizada neste mundo como sociedade..., governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele” (LG8). Por sua vez, para o ministério pastoral de dirigir uma diocese, o bispo recebe a colaboração do seu presbitério e de muito fieis leigos, os quais se tornam representantes das co-munidades eclesiais espalhadas pelo o território diocesano. Entre as várias formas de cooperação, um delas é a Assembleia Diocesana de Pastoral, representada pela sigla ADP.

Mas o que é uma ADP? Uma Assembleia é qualquer reunião de pessoas com um ob-jetivo comum, que após os debates, elabo-ram um texto para indicar o caminho a ser seguido para o bem de todos. Diz-se dioce-sana por que os temas a serem debatidos nesta reunião es-pecífica nascem da realidade da diocese e bus-cam indicativas para o bem de todas as comuni-dades, pastorais e movimento da mesma diocese. E é pastoral por que seu foco é a forma de evan-gelizar o mundo atual, através das ações pessoais ou coletivas, con-tinuando a obra de Jesus Cristo, Sumo e Eterno Pastor.

Esta é uma ação extreman-te participativa. Uma ADP é or-d i n a r i a m e n t e convocada pelo Bispo que se põe a ouvir e dialogar com o seu povo. Para que este movimento acon-teça é necessária uma previa orga-nização: Primei-ramente o Bispo convoca uma equipe que, jun-to dele, pensará a organização de temas e métodos para que todas as comunidades contribuam.

ANO DO LAICATO

Inspiração da Ilustração Ilustrador: Luís Henrique Alves Pinto

“Vós sois o Sal da Terra!” “Vós sois a Luz do mundo!”Cristãos leigas e leigos, Povo de Deus, da Igreja ‘em saída’.Casas, sobrados e verticais moradas na Terra, Casa comum, das muitas moradas.O Sol e a Lua do tempo e do devir, da História em muitas histórias.Nos Rostos e Mãosa diversidade pródiga do Criador:Mulher, Homem, Lavrador, Operário,Criança, Jovem, Negro, Índio...Nas mãos os Cinco Pães e Dois Peixesda partilha e da comunhão fraterna.Nas mãos a Palavra abrindo horizontes.Nas mãos os Instrumentos de Trabalhodo Campo e da Cidade.Nas Mãos o Maracá da Festa e da Esperança,a Margarida da ternura e do Martírio.Nas mãos a Pomba da Paz, o Sal da Terrae a Luz do mundo.

Hino para o Ano Nacional do LaicatoLetra e Música: Adenor Leonardo Terra

Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo,Levai aos povos todos o amor, meu dom fecundo!Teu Reino, ó Jesus Cristo, queremos propagar,Seguindo o teu exemplo, o mundo transformar!

1. Sendo membros do teu corpo, que é a Igreja,Cristãos leigos e leigas construímos nova história!2. Instruídos por tua santa Palavra,Chamados e enviados para cumprir a missão!3. Alimentados por teu corpo e sangue,Assumimos, com coragem, a nossa vocação!4. “Chamados, antes de tudo, à santidade,Interpelados a viver a santidade no mundo!”5. “Sal da terra, luz do mundo, fermento na massa”,Não deixamos de ser “ramos na Videira”!6. “Na família, no trabalho, na política,Em todos os âmbitos de atividade humana!”7. “Verdadeiros sujeitos eclesiais,Aptos a atuar na Igreja e na sociedade!”

Por padre Dione Piza, vigário paroquial em Cabo Verdee membro da equipe de trabalho da Assembleia Diocesana de Pastoral

Após esta etapa, se elabora um texto único que terá a missão de provocar a re-flexão pastoral. Este texto é encaminhado os concelhos paroquias e setoriais, às coor-denações pastorais, aos religiosos e semi-nários. Estes terão a missão de estudar os temas propostos e enviar à equipe central suas colaborações, críticas e sugestões, e de forma mais plena, destacar propostas de ação, os chamados projetos pastorais.

Então estas propostas são reenviadas à equipe central, a qual as reúne em projetos diocesanos. Estes projetos, nascidos das comunidades e organizados para atingir toda a diocese, serão apresentados, deba-tidos, aperfeiçoados e aprovados na ADP. Este será o dia da Assembleia diocesana de fato, isto, a grande reunião do povo de Deus que compõe a Igreja particular (dio-cese) de Guaxupé.

Todo este processo parece muito ex-tenso e burocrático, mas é a forma mais genuína da ação pastoral da Igreja no mun-

do. Na tradição religiosa, esta metodologia recebe o nome de sinodal, que quer dizer “caminhar juntos”. Embora seu uso mais amplo nas dioceses seja recente, desde os tempos bíblicos já era conhecido. É si-nal disto a forma de organização usada por Moisés (cf. Êx. 18,13-27); a Grande Reunião dos discípulos (cf. At 15,1-40), considerada o primeiro Concílio; e a própria palavra “Igreja” que vem do grego Ekklesia e indi-ca uma assembleia reunida para deliberar sobre algo.

A sinodalidade, ou a organização em vários grupos unidos entre si, cooperan-tes e corresponsáveis, evidencia a beleza da Igreja como sacramento de comunhão, pois mostra a comunhão da Igreja com seu Deus e a comunhão de todos os batizados entre si, formando assim, o único e mesmo Povo Santo de Deus, que enquanto pere-grina neste mundo rumo à santidade, ca-minha sempre junto, feito Povo Santo de Deus.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11

comunicações

CEB’s

aniversários janeiro

agenda pastoral

Natalício05 Padre Gledson Antônio Domingues10 Padre Alessandro Oliveira Faria11 Padre José Luiz Gonzaga do Prado12 Dione Romualdo Ferreira Piza20 Padre Donizete Antônio Garcia22 Padre Marcelo Nascimento dos Santos

1 Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria – Dia Mundial da Paz6 - 7 Retiro do Conselho Diocesano da RCC – Petúnia7 Epifania do Senhor

27 Padre Robervam Martins de Oliveira31 Padre Luiz Tavares de Jesus

Ordenação 03 Padre Alexandre José Gonçalves03 Padre Hiansen Vieira Franco

13 Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Paróquia Mãe Rainha – Guaranésia15 - 21 Curso de Iniciação Teológica – Guaxupé

04 Padre Darci Donizetti da Silva10 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (presbiteral)13 Padre Homero Hélio de Oliveira28 Padre Luiz Tavares de Jesus30 Padre Edimar Mendes Xavier31 Padre José Neres Lara

OS PODERES PODRES

Em preparação ao 35º Encontro Dio-cesano das Comunidades Eclesiais de Base, que acontece neste ano, a

equipe de organização produziu um texto iluminador para o encontro. Logo abaixo, há uma síntese da temática que será abor-dada no próximo encontro.

“Todo poder corrompe e, quando é grande, corrompe grandemente” dizia o P. Lebret. Podemos completar: Quanto mais monárquico e totalitário é o poder, mais é corruptor. Não podemos ser sacramen-to de salvação para o mundo político, se não corrigirmos também as tentações que se infiltram nas nossas estruturas de po-der, quando cada um e todos querem ser onipotentes. “Aqui quem manda é eu!” é uma frase ou pensamento que não deveria existir.

Como agir, então? Des-de o final do Concílio Vati-cano II, que definiu a Igreja como o Povo de Deus, os documentos dos episco-pados brasileiro e latino--americano insistem muito nas comunidades. Comu-nidade hoje é uma pala-vra que serve para tudo e da qual muito se abusa, a ponto de chamarem de co-munidade uma favela com centenas de milhares de moradores.

O documento de Me-dellin (CELAM, 1968), po-rém, define a comunidade como “um grupo homogê-neo que tenha uma dimen-são tal que permita o trato pessoal e fraterno entre os seus membros”. Essa co-munidade deve se tornar

família de Deus e estar presente no mun-do como fermento. Deve ser “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, a célula ini-cial de estruturação eclesial”.

Já o Documento de Aparecida define a comunidade como “família de famílias” (n. 119) a serviço das famílias. Dos documen-tos da CNBB, passando pelo de número 25, chegamos ao número 100: Paróquia, comunidade de Comunidades. Pelo pró-prio título já se entende a proposta de fazer das Igrejas locais, a velha paróquia com sua identidade territorial, redes de Comunidades.

Aí está o caminho para que a gente possa fazer das estruturas eclesiais um novo paradigma de poder, diferente da-

quele dos reis da terra e à luz do Lava-pés. “Vocês me chamam de mestre e senhor e eu sou mesmo”. Ser mestre e senhor agora é fazer como ele fez. Sem isso, as Igrejas deixam de ser fermento e perdem a sua utilidade no mundo.

Na prática como se faz isso? Não se faz, planta-se. Não existe fabricação de comu-nidades eclesiais, muito menos fabricação em série. “Olhem o agricultor – já dizia Tia-go – ele espera com paciência o precioso fruto da terra”. Um conhecido meu divi-diu sua paróquia em tantas comunidades com limites todos determinados por ele. Quem era de uma comunidade não podia ir à Missa na comunidade vizinha, tinha de participar da celebração da Palavra na sua

comunidade. Havia um encarregado das fichas que anotava toda a participação dos membros das comunidades. Ele é quem dizia se aqueles pais podiam pedir o ba-tismo para seu filho ou se aqueles jovens podiam se casar. Contando como era a sua paróquia disse: “Se eu fosse começar de novo,... (arrependeu-se de estar arrepen-dido) faria tudo do mesmo jeito”.

Sem metanoia, sem mudar a cabeça, sem verdadeira conversão pastoral, nada feito. Sem mudar a ideia de poder, só con-tinuamos reproduzindo as estruturas deste mundo na instituição eclesiástica, que vai se reduzindo a apenas um elemento cul-tural que tende a desaparecer em vista da sua inutilidade.

Enviado pelo padre José Luiz Gonzaga do Prado, assessor diocesano das Comunidades Eclesiais de Base

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ