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Saúde e Meio Ambiente

Saúde e Meio Ambiente - Blackboard Learn · e Defesa do Meio Ambiente (CETESB) ... a promoção da saúde é uma forma de consegui-la para todos por meio de um processo voltado para

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Saúde e Meio Ambiente

Políticas de saúde pública, ambiental edesenvolvimento sustentável

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Profa. Ms. Nilza Maria Coradi

Revisão Textual:Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco

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•Introdução

•Políticas de saúde pública

•Políticas de saúde pública no Brasil (vigilância ambiental)

Nesta Unidade discutiremos temas relacionados às políticas de saúde pública, ambiental, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. Para que o profissional obtenha um resultado importante na promoção da saúde e no equilíbrio ambiental, faz-se necessário uma visão holística.

A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil

•Desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e qualidade de vida

•Considerações finais

Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência fazer as atividades de fixação dos conteúdos (Atividade de Sistematização), e as atividades de interação (Fórum, Reflexiva ou Aplicação). É importante também acessar o material complementar.

Explore todos os recursos do blackboard. Não acumule dúvidas, participe, pergunte.

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Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável

Contextualização

Objetivos de aprendizado

Nesta Unidade será abordado os temas de saúde coletiva, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, refletindo como esses caminhos podem nos levar a atingir uma melhor qualidade de vida em um ambiente ecologicamente equilibrado. Aqui fica visível a importância do profissional da gestão ambiental para o atingimento desses objetivos.

Um mundo rápido e em permanente processo de mudança foi o cenário das ultimas décadas. Ao promover um crescente enriquecimento dos países a economia global deixou inúmeros passivos sociais e ambientais. Tal cenário traduz os desafios para a gestão dos espaços antrópicos e naturais, induzindo situações de conflito entre as prioridades políticas.

O panorama que se apresenta quanto a gestão dos espaços antrópicos e naturais mostra um rol de dificuldades dentro de um círculo vicioso. Nesse há um sistema de planejamento que não acompanha a dinâmica das cidades; descontinuidade das políticas, planos e projetos, fazendo com que os resultados esperados pelos investimentos em infraestrutura e operacionalização dos assentamentos urbanos não apareçam; além disso, ainda é tímida a participação social nesse processo de gestão.

Diante desse quadro, reconhece-se a prioridade da promoção de mudanças, entendendo as inter-relações dos ecossistemas naturais construídos, além da urgência no envolvimento comunitário no processo de gestão de seu espaço, nas dimensões local e global.

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Introdução

Nesta Unidade discutiremos temas relacionados às políticas de saúde pública, ambiental, além de desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. Para conseguir um resultado importante na promoção da saúde e no equilíbrio ambiental faz-se necessário uma visão holística, principalmente para os profissionais que trabalham na área. É importante, sobretudo, priorizar sistemas autossustentáveis, onde os princípios ecológicos sejam otimizados e não contrariados.

Em síntese, a questão da saúde ambiental é interdisciplinar e complexa, exigindo um esforço conjunto de instituições com diferentes perfis e de profissionais com diversidade de formação.

O caráter essencialmente interdisciplinar da questão ambiental requer um tratamento que envolva aspectos econômicos, tecnológicos, culturais, políticos, enfim, todos os relacionados a atividade humana com a base que a sustenta.

As ações dos diversos profissionais e instituições para a promoção da saúde têm como resultado a prevenção de doenças e a melhora da qualidade de vida da população. Sem dúvida, a melhor forma de prevenir inúmeras doenças é garantir um ambiente que proporcione condições básicas de vida.

Ideias-chave

Nesse sentido, a saúde pública é definida como a Ciência de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver as saúdes física e mental. Para tanto, faz-se necessário o saneamento do meio ambiente; o controle das infecções na comunidade; a organização dos serviços médicos, diagnósticos e tratamento preventivo das doenças.

A gestão ambiental é um conjunto de medidas e procedimentos que visam reduzir e controlar os impactos referentes a empreendimentos sobre o meio ambiente e que envolve um grande número de variáveis. Para gerenciar as atividades humanas tendo como foco a questão ambiental, não se pode perder a visão do todo. Tal gestão deve garantir a utilização dos recursos ambientais de forma que sejam observados os limites de sua exploração.

Este início de milênio é o momento para concentrarmos esforços no sentido de rever os atuais padrões de consumo e produção, além de reavaliar o impacto que o atual modelo de desenvolvimento tem sobre nossa saúde e meio ambiente.

O entendimento dessas questões sob o enfoque da promoção da saúde pública deve culminar em um conjunto de ações preventivas e de recuperação da saúde e do meio ambiente, além de desenvolver políticas públicas para alcançarmos um desenvolvimento sustentável.

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Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável

Políticas de saúde pública

O conceito de políticas públicas é compreendido como o conjunto de princípios, normas e diretrizes que orientam as ações tomadas e implementadas pelo Estado (PHILIPPI, 2014).

A Constituição de 1988, dentro das políticas públicas estabeleceu a política de meio ambiente. Ao instituir a política ambiental, é necessário estabelecer os objetivos, definir as estratégias e criar as instituições para sua aplicação. Esse universo de implementação da política se refere à gestão ambiental. A gestão ambiental é, portanto, a implantação pelo governo da sua política ambiental.

Nesta perspectiva, a gestão ambiental desenvolve-se a partir de uma política ambiental e como elementos dessa, devem ser definidos também os critérios de uso, manejo e controle das qualidades dos recursos ambientais.

Ultimamente, o conceito de gestão é aplicado também por empresas e instituições não governamentais, no sentido de proteção ao meio ambiente. Nesse sentido, o conceito de gestão ambiental tem evoluído com a ideia que a responsabilidade pela proteção do meio ambiente é de toda a sociedade e não somente do governo, buscando uma postura proativa de todos os agentes inseridos na administração da política ambiental.

A questão ambiental deu um salto significativo desde 1972, quando aconteceu a primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que orientou o controle da poluição em escala mundial. Em 1973 foi criada no Brasil a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), que recebeu as atribuições de coordenar as ações governamentais relativas à proteção ambiental e ao uso dos recursos naturais.

Com a rápida e desordenada industrialização na década de 1960, aconteceu uma rápida deterioração das condições sanitárias dos centros urbanos. Em decorrência desse processo houve um direcionamento nesse período para o controle da poluição provocada pelas indústrias. Mesmo sem uma política formalizada nessa época, havia claramente uma preocupação em controlar a poluição industrial, em especial a qualidade do ar e da água.

Os primeiros programas de controle ambiental passaram a vigorar e ser aplicados pela SEMA e nesse período foram criados órgãos estaduais de meio ambiente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Entre os anos de 1975 e 1979, a política governamental definiu como prioridade o controle da poluição industrial e a necessidade de ordenamento territorial através do zoneamento das atividades industriais. Para dar andamento a esse objetivo foram elaborados sistemas de licenciamento ambiental. Em São Paulo foi criada a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e Defesa do Meio Ambiente (CETESB) que, a partir de 1976, ainda que a sigla tenha se mantido, passou a ser chamada de Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Desde então a CETESB se caracterizou como uma importante agência de controle ambiental.

Paralelamente às políticas ambientais, diferentes ações para a promoção da saúde foram desenvolvidas a partir da década de 1970 em diferentes países, com o objetivo de conseguir mais saúde para todos. Em 1974 foram realizados estudos no Canadá para identificar e analisar as causas determinantes da morbidade e mortalidade da população e como essas influenciavam os níveis de saúde.

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Pela primeira vez foi realizado o paralelo entre saúde e meio ambiente, quando foi formulada a correlação de problemas relacionados com a poluição. Foram avaliados outros fatores, como a incompetência dos serviços de saúde; os comportamentos e o estilo de vida que geravam inúmeras doenças; bem como as causas socioeconômicas, políticas e culturais.

Como já discutido, grande parte dos agravos da saúde está relacionada com a degradação ambiental, pois as alterações no meio interferem de forma incisiva na saúde e qualidade de vida da população, com destaque para as poluições do ar, água e solo.

Sendo a saúde e o meio ambiente indissociáveis, a devida manutenção implica na preparação do Estado para cumprir o papel que a Constituição Federal de 1988 lhe atribui, assim como da sociedade exercer o controle social, a fim de que ambos desenvolvam um sistema de políticas públicas de prevenção, tratamento e recuperação das doenças e manutenção da saúde.

Desde a década de 1980, oito conferências internacionais foram realizadas para a promoção da saúde com a participação de inúmeros países, resultando em cartas, declarações e recomendações sobre esse tema.

Na primeira conferência, realizada em 1986 em Ottawa (Canadá), surgiram as bases de discussão da promoção da saúde, cujas recomendações vigoram até hoje.

De acordo com a carta de Ottawa, a promoção da saúde é uma forma de consegui-la para todos por meio de um processo voltado para a capacitação da população, ou seja, ensinar os povos a obter saúde, segundo as suas diferentes realidades.

Foram estabelecidos como requisitos fundamentais para a manutenção da saúde: a paz; a educação; a moradia e alimentação; um ecossistema equilibrado; a conservação dos recursos e justiça social. Portanto, o atendimento das necessidades básicas à saúde, das quais um meio ambiente saudável é imprescindível, a partir desse evento teve seu conceito ampliado, sendo resultante das condições de vida.

Nesse mesmo evento ficaram estabelecidas algumas áreas de intervenção social prioritárias para a promoção da saúde com a criação de políticas públicas voltadas à saúde, criação de ambientes que favoreçam a saúde, o fortalecimento das ações comunitárias e a reorientação dos serviços de saúde.

Para a obtenção desses resultados foram definidas as seguintes estratégias: uma ação coordenada entre as organizações governamentais e não governamentais, empresas e mídias, capacitação de todas as pessoas no sentido de realizar seu potencial e defesa de saúde com a divulgação das ideias da promoção.

Os participantes também se comprometeram a olhar para o tema ecologia e combater a produção de substâncias prejudiciais à saúde; a depredação dos recursos naturais; as condições ambientais de vida não saudável e a má nutrição, entre outras.

Em 1988 foi realizada a segunda Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde em Adelaide (Austrália). A discussão se concentrou na importância das políticas públicas de saúde e meio ambiente, priorizando a saúde da mulher; a nutrição e segurança alimentar; a prevenção ao tabagismo e ao alcoolismo, que cada vez mais provoca mortes e degradam o meio ambiente.

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Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável

A terceira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde ocorreu em Sundsvall (Suécia) em 1991 e o tema foi a criação de ambientes físicos, sociais e econômicos favoráveis à saúde e compatíveis com o desenvolvimento sustentável. Os tópicos saúde, ambiente e desenvolvimento humano foram tratados conjuntamente. Desenvolvimento envolvendo melhoria da qualidade de vida e da saúde, conservação, proteção e sustentabilidade ambiental.

Em Jacarta (Indonésia) foi realizada em 1997 a quarta edição da Conferência. Foi a primeira a ser realizada em um país em desenvolvimento. Nessa ocasião o tema adotado foi Novos protagonistas para uma nova Era: orientando a promoção da saúde no século XXI. O evento incluiu o setor privado como apoio na promoção da saúde, estabelecendo como prioridades:

·Promover a responsabilidade social em saúde;

· Aumentar o poder das comunidades e do individuo;

· Formar e consolidar alianças em favor da saúde;

· Aumentar os investimentos para o desenvolvimento da saúde;

· Garantir a infraestrutura para a promoção da saúde.

Mais uma vez concluiu-se que a saúde é um direito humano reconhecido e é essencial para o desenvolvimento social e econômico de um país e que a pobreza ameaça a saúde e o meio ambiente, pois usa indiscriminadamente os recursos naturais.

Em 2000 a quinta Conferência sobre a Promoção da Saúde foi realizada na Cidade do México (México). Essa edição procurou consolidar as ideias geradas nas conferências anteriores, entre outros pontos, permitindo a análise das estratégias e diretrizes das medidas de controle das desigualdades no âmbito mundial. O aspecto mais relevante desse evento foi a assinatura inédita de uma declaração por ministros da saúde de diversos países, comprometendo-se com diretrizes para a promoção da saúde em suas nações.

A sexta Conferência Internacional para a Promoção da Saúde foi realizada em Bangkok (Tailândia) em 2005 e o tema foi a Promoção da Saúde em um Mundo Globalizado. A carta de Bangkok deixa claro que as políticas e parcerias devem dar poder às comunidades, melhorar a saúde e a igualdade, além de dar prioridade aos projetos de desenvolvimento global. Reconheceu que a saúde é um direito de todos, sem discriminação de raça, cor, sexo ou poder socioeconômico, além de ratificar de forma positiva o conceito inclusivo de saúde, incluindo o bem-estar mental e espiritual.

Promover a saúde é aumentar o controle dessa e de seus determinantes, levando toda a comunidade a se mobilizar para melhorar a saúde e o meio ambiente. Por sua vez, a função da saúde pública tem como meta o enfrentamento das doenças transmissíveis e não transmissíveis.

Em Nairóbi (Quênia) foi realizada a sétima Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, que teve como tema A chamada para a ação, com o objetivo de estabelecer compromissos para diminuir as dificuldades de implementação em saúde, destacando-se as metas de desenvolvimento do milênio. Ao se implementar a promoção da saúde, tem-se uma sociedade mais justa, de modo que as pessoas podem levar uma vida mais saudável, aumentando o controle sobre sua saúde e os recursos para o bem-estar da comunidade.

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A oitava Conferência Internacional para a Promoção da Saúde foi realizada em 2013, com dezenas de delegados representando países de todo o mundo. Essa discussão abordou como as decisões políticas sobre saúde são implementadas na prática. O principal tema foi sobre como incluir a saúde como prioridade em todas as políticas.

Colocar a saúde em todas as políticas é a solução para aumentar as chances para uma vida saudável. Essa abordagem pode influenciar de forma positiva fatores relevantes relacionados à saúde, como a pobreza, o saneamento básico, a sustentabilidade econômica e o equilíbrio ambiental.

Políticas de saúde pública no Brasil (vigilância ambiental)

A década de 1990 foi importante para a reflexão acerca da relação saúde e ambiente. A noção de vigilância ambiental se iniciou nessa época. Trabalhos voltados à construção de indicadores de desenvolvimento sustentável contribuíram para que fossem verificados indicadores de saúde ambiental, incluindo o contexto sociodemográfico, as condições de saneamento, os riscos ocupacionais, a segurança alimentar, a poluição do ar, água, solo etc.

Esses indicadores de saúde ambiental trazem uma visão abrangente e integrada da relação entre saúde e ambiente. A vigilância ambiental é um processo contínuo de coleta de dados e análise de informação sobre saúde e meio ambiente, com o objetivo de esclarecer a execução de ações no controle de fatores ambientais que interfiram na saúde e contribuam para a ocorrência de doenças.

Com o objetivo de preservar a qualidade de vida por meio da vigilância dos fatores de risco ambiental e embasada pelo Decreto n.o 3.450/2000, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) assume como competência institucional a gestão nacional do sistema de vigilância ambiental, a qual está associada à Regulamentação Normativa n.o 1/2001, do Ministério da Saúde (MS), que define as competências no âmbito federal. Com o fim de proteger a população dos riscos ambientais, a FUNASA tem como prioridade a intervenção sobre os fatores ambientais de riscos biológicos (vetores, hospedeiros, reservatórios e animais peçonhentos) e os fatores de risco não biológicos (qualidade da água, do solo, do ar, desastres naturais e acidentes com produtos perigosos).

Para promover a saúde, prevenir e controlar as doenças, a vigilância ambiental é um campo vasto de ação local para equipes multidisciplinares, levando a uma responsabilidade compartilhada no gerenciamento dos problemas de saúde relacionados ao meio ambiente, no sentido de mitigá-los, preveni-los e até eliminá-los. Para tanto, o campo de atuação em vigilância ambiental está intimamente ligado aos estudos epidemiológicos, sanitários e de saúde do trabalhador, uma vez que os antecedentes mostram a relação entre os sistemas produtivos, o meio ambiente e os processos de saúde e doença.

O Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde (SINVAS) requer articulação de diversos ministérios e secretárias estaduais e municipais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável

Os indicadores de vigilância ambiental são utilizados como suporte para tomadas de decisão. Essas informações chegam através de diversas fontes, tais como estatística, epidemiologia e Sistemas de Informação Geográfica (SIG). O SINVAS é alimentado por inúmeros sistemas (relacionados entre si) de informação em saúde, incluindo fatores biológicos; contaminantes ambientais; qualidade da água para o consumo humano; qualidade do ar e solo; desastres naturais; produtos perigosos, entre outros.

Com a operação do SINVAS em todo território nacional, conta-se com uma ferramenta valiosa para que seja alcançada a qualidade de vida, minimizar impactos relacionados à saúde e ao meio ambiente, além de atingir alguns princípios estabelecidos nas diversas cartas de promoção à saúde.

Como visto, entre saúde e meio ambiente há uma forte relação. O processo de saúde e doença não pode desconsiderar as interações do homem com o meio – tanto o natural como o que sofre seu impactado. Como um conceito em construção, a saúde ambiental tem novos métodos, teorias e abordagens, enriquecidos por outras disciplinas e com o envolvimento de toda a sociedade.

Promover a saúde, construir meios mais saudáveis e em equilíbrio, compatibilizar os desenvolvimentos econômico, social, sustentável e humano é, sem dúvida, o maior desafio para a humanidade neste século.

Desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e qualidade de vida

O desenvolvimento sustentável pressupõe o atendimento às necessidades atuais, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras a atenderem suas próprias necessidades.

A gestão para o desenvolvimento sustentável inclui o entendimento dos fatores econômicos, sociais, políticos, tecnológicos e ambientais, possibilitando uma reflexão sobre os diferentes modelos de desenvolvimento e definindo as direções para o século XXI.

Os estudos mostram que as alterações ambientais provocadas pelas ações humanas, maculando os ambientes naturais, poluindo o meio físico e consumindo os recursos naturais, aumentam o risco de exposição a doenças, atuando de forma negativa na qualidade de vida.

O tema desenvolvimento sustentável está presente em nossa sociedade, representada por um conjunto de discussões e por projetos internacionais e locais que dialogam sobre o tema.

A sustentabilidade é uma questão complexa, o que aumenta a necessidade de ações de todos os setores da gestão ambiental. Para buscar soluções sustentáveis deve-se priorizar a compreensão das questões sociais, econômicas, ambientais e políticas, presentes na sociedade e no ambiente aos quais estão inseridas.

Inúmeros trabalhos são elaborados na área do desenvolvimento sustentável. Em sua maioria possuem como objetivo a colaboração à reversão dos processos de degradação ambiental e ao consumo elevado de recursos naturais, almejando a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos de forma sustentável.

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No processo de gestão ambiental um dos principais problemas encontrados é a falta de reconhecimento da importância das políticas ambientais e o despreparo de órgãos públicos de gestão frente à complexidade dos temas ambientais.

Com pouca disponibilidade dos dados relativos à situação social, econômica e ambiental, aumenta a dificuldade da gestão do meio ambiente e da conscientização popular. Além disso, a ausência de ações interdisciplinares e interinstitucionais se apresentam como mais uma dificuldade no momento da implementação de projetos voltados ao desenvolvimento sustentável. É fundamental, no entanto, a criação de um sistema de indicadores para a orientação da tomada de decisões dentro dos princípios deste desenvolvimento.

Alguns indicadores ambientais são utilizados nos sistemas de planejamento e gestão urbana como ferramentas de diagnóstico e monitoramento da qualidade ambiental. Todavia, com a incorporação dos princípios de sustentabilidade, faz-se necessário à adequação dessas ferramentas convencionalmente utilizadas, pois com indicadores adequados torna-se possível a apresentação de uma forma mais transparente e acessível da complexidade das questões presentes no processo de gestão do meio, possibilitando que a população e tomadores de decisão se conscientizem do panorama socioeconômico e ambiental.

Assim, os indicadores são fundamentais não apenas nas fases de mobilização e conscientização, mas também na elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável, no monitoramento e na avaliação da implantação. Em síntese, a gestão do meio ambiente com foco na sustentabilidade requer uma atuação dinâmica e contínua.

Em função da complexidade dos temas envolvidos na gestão para um desenvolvimento sustentável é necessário não só mais pesquisas sobre as modificações ambientais que o atual desenvolvimento vem causando, mas também que os resultados sejam incorporados como políticas de desenvolvimento sustentável.

Ainda ocorre uma defasagem na qualidade, na padronização e no acesso à informação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para que um indicador ambiental consiga medir o desenvolvimento sustentável, é necessário que esse possibilite uma relação entre as atividades antrópicas e os impactos que são causados e que podem influenciar de forma negativa na qualidade de vida presente e futura.

Com as informações dos indicadores é possível estabelecer as metas para o gerenciamento do futuro e, com isso, as mudanças do padrão de consumo poderão ser atingidas por meio de maior eficiência no sistema de produção através da otimização no uso dos recursos naturais e a minimização da geração de resíduos.

Como resultado, espera-se a diminuição do consumo de recursos naturais como uma natural consequência na redução da quantidade de poluentes lançados no meio, agregando mais saúde e qualidade de vida.

Portanto, de posse dessas informações estratégicas, os indicadores proporcionam o envolvimento da comunidade no processo de gestão, na sua qualidade ambiental. Como resultado, a gestão adequada da qualidade ambiental reduz os riscos à saúde humana, provocados pela poluição, podendo dar um suporte à proteção de grupos mais vulneráveis, inclusive.

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Unidade: Políticas de saúde pública, ambiental e desenvolvimento sustentável

Um bom planejamento urbano, entre outras características, traz um uso eficiente de energia. Os indicadores adequadamente escolhidos e aplicados podem indicar a tendência de melhora ou piora da qualidade de vida e ambiental e, com isso, permite avaliar se a comunidade está na direção do desenvolvimento sustentável.

Portanto, entende-se que a inserção dos indicadores de desenvolvimento sustentável como ferramenta de gestão ambiental é de suma importância, pois possibilita que se faça a conexão das atividades diárias da população com o desejado desenvolvimento sustentável.

Considerações finais

Nesta Unidade discutimos a saúde coletiva, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, refletindo como esses caminhos podem nos levar a atingir uma melhor qualidade de vida, com saúde e em um ambiente ecologicamente equilibrado. Neste texto ficou visível a importância do profissional da gestão ambiental para o atingimento desses objetivos.

Um mundo em rápido e permanente processo de mudança foi o cenário das últimas décadas. A economia global com o crescente enriquecimento dos países deixou inúmeros passivos sociais e ambientais. Esse contexto se traduz em desafios para a gestão dos espaços antrópicos e naturais, induzindo a situações de conflito pelas prioridades políticas dentro de um círculo vicioso.

Temos um sistema de planejamento que não acompanha a dinâmica das cidades, com descontinuidade das políticas, planos e projetos; fazendo com que os resultados esperados pelos investimentos em infraestrutura e operacionalização dos assentamentos urbanos não apareçam. Paralelamente, há uma participação discreta da sociedade nesse processo de gestão.

Diante desse quadro fica reconhecida a prioridade de promoção das mudanças mencionadas, entendendo as inter-relações dos ecossistemas naturais e construídos, assim como na urgência do envolvimento comunitário no processo de gestão ambiental, nas dimensões local e global.

Para dar suporte a essas mudanças há o conjunto de princípios propostos do desenvolvimento sustentável. Essas premissas possuem a necessidade de estabelecimentos de metas para dar subsídios às políticas públicas e tomadas de decisão, incluindo a reflexão sobre os padrões de consumo e produção, tais quais seus impactos, uma vez que o consumo dos recursos naturais em bases insustentáveis resulta na degradação dos sistemas físico, biológico e social, além de ter forte relação com o agravo da saúde pública.

As modificações ambientais, como a disposição inadequada de resíduos e lançamentos de efluentes sem tratamento adequado nos cursos de água podem criar ambientes propícios para a existência de vetores de interesse em saúde pública.

Os determinantes sociais, como hábitos, estilos de vida e aspectos de organização ganham cada vez mais espaço nos projetos de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, a saúde pública deve ter como objetivo a busca de soluções para os problemas que levam ao agravamento da saúde e da qualidade de vida comunitária. Compreende-se como ações de saúde pública as medicinas preventiva e social e as atividades de saneamento do meio.

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Em 1998 o Banco Mundial gerou um relatório de gestão dos problemas de poluição no Brasil, que em ordem de importância incluem: a falta de abastecimento de água potável e coleta segura de esgotos; a poluição atmosférica; poluição das águas superficiais em áreas urbanas, essas com impactos visuais, de odor e restrição às atividades de lazer; gestão inadequada dos resíduos sólidos, o que aumenta a proliferação de vetores potenciais de agravo à saúde e à poluição. Esse conjunto causa danos reais à saúde humana, qualidade de vida e perdas ambientais em toda a sociedade brasileira, o que aumenta a responsabilidade do País no processo de desenvolvimento sustentável.

Ademais, esta Unidade também dedicou atenção às políticas de implementação para um desenvolvimento sustentável com o objetivo de atingimento de maior qualidade de vida, saúde e um ambiente ecologicamente equilibrado, visto que tais questões estão interligadas, de modo que o êxito de um aspecto depende do sucesso dos demais.

Gestão, planejamento, informação, epidemiologia, ética, meio ambiente e políticas são os campos essenciais para a reflexão social, construindo o conhecimento na saúde coletiva. Somos responsáveis por construir e preservar a saúde coletiva, com responsabilidade social e atenção no equilíbrio ambiental, buscando sempre o desenvolvimento sustentável.

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Material Complementar

Explore

http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1969

http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1804

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Referências

BATTAGLIN, P. et al. Saúde coletiva: um campo em construção. Curitiba, PR: Ibpex, 2006.

PHILIPPI, A. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri, SP: Manole, 2014.

______. PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2014.

ROSA, A. et al. Meio ambiente e sustentabilidade (recurso eletrônico). Porto Alegre, RS: Bookman, 2012.

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Anotações

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