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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACAO – SEEDPROGRAMA DE DESENVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ARTIGO FINAL

AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM PARANAGUÁDE 1960 A 2010

Paranaguá2012

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NILANDE RIBEIRO FILHO

AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM PARANAGUÁDE 1960 A 2010

O presente Artigo Final foi elaborado com base na Intervenção Pedagógica no Colégio Estadual “José Bonifácio”, em Paranaguá, Paraná, de acordo com as Diretrizes estabelecidas no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

Paranaguá2012

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ARTIGO PDE 2011: “AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM PARANAGUÁ DE 1960 A 2010”

Autor: Nilande Ribeiro Filho1

Orientadora: Ângela Massumi Katuta2

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo mostrar como as transformações urbanas em Paranaguá em um período de cinquenta anos foram trabalhadas no programa PDE. A ausência de um material didático para auxiliar na compreensão por parte dos alunos desse assunto em múltiplas escalas, partindo do seu espaço vivido, a cidade de Paranaguá, me incentivou a elaborar um projeto e, posteriormente, uma Unidade didática, com aulas de prática de campo para coleta de informações como os depoimentos de moradores antigos e material fotográfico, aulas de cartografia e elaboração de texto a partir de leituras e análises de mapas da cidade que apresentavam a evolução e ocupação urbana, contendo também depoimentos e fotografias da cidade. Na sequência (terceiro período de formação) ocorreu o GTR (Grupo de trabalho em rede), no qual houve grandes contribuições ao projeto por parte dos professores cursistas, indicando a importância deste projeto para as escolas públicas do Paraná. Finalmente ocorreu a implementação do projeto em sala de aula, que tratou das “Transformações urbanas em Paranaguá de 1960 a 2010”, por meio do qual os alunos nas aulas entraram em contato com a unidade didática, que objetivava que eles identificassem as transformações que ocorreram na paisagem urbana da cidade ao longo do tempo, através da construção de elementos explicativos das mesmas. O objetivo era que compreendessem que essas mudanças estão associadas a um conjunto de fatores, sobretudo os de ordem econômica, social e política. Foi realizado também o mapeamento dos locais onde ocorreram as transformações urbanas mais intensas. Após os estudos, os alunos elaboraram um blog (cleber-wwwparanaguanossacidade.blogspot.com), maquetes e mural, que foram apresentados e explicados com seus conhecimentos e entendimentos à comunidade escolar. A participação dos alunos foi de grande valia para ampliar os seus conhecimentos e para o professor que sentiu-se realizado.

Palavras-chave: Transformações, Espaço, Urbano, Paranaguá

ABSTRACT

The lack of educational material to assist in understanding by the students of this subject at multiple scales, from your living space, the city of Paranagua, encouraged me to prepare a draft and then a teaching unit, with classes in practice field for collecting information and testimony from former residents and photographic material, mapping and drafting classes from text readings and analyzes of city maps 1 Nilande Ribeiro Filho licenciado em Geografia pelo Instituto Superior do Litoral do Paraná (ISULPAR) e em História pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá, (FAFIPAR). Especiaista em História da Sociedade Ocidental: Idade Moderna e Contemporânea (FAFIPAR) e Educação Especial e Educação Inclusiva, (UFPR). Professor do PDE.2 Ângela Massumi Katuta, orientadora, profa. da Universidade Federal do Paraná - Setor Litoral/Matinhos.

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that showed the evolution and urban occupation, also containing testimonials and photographs of the city. Following (the third period of training) was the GTR Group (networking), in which there were major contributions to the project by the participant teachers, indicating the importance of this project to the public schools of Parana. Finally it occurred to project implementation in the classroom, which dealt with the "Urban Transformations in Paranaguá from 1960 to 2010," through which students in the classroom came into contact with the teaching unit, which they aimed to identify the changes that occurred the city's urban landscape over time, through the construction of any explanation thereof. The goal was to understand that these changes are associated with a number of factors, especially economic, social and political. Was also performed to map the places where the urban transformations occurred more intense. After the studies, students have developed a blog (cleber-wwwparanaguanossacidade.blogspot.com), models and wall, which were presented and explained their knowledge and understanding to the school community. The participation of students was of great value to extend their knowledge and the teacher who felt accomplished.

Keywords: Transformation, Space, Urban, Paranagua

INTRODUÇÃO

Neste artigo apresento o trabalho desenvolvido no projeto intitulado “As

Transformações Urbanas em Paranaguá de 1960 a 2010”, ao longo de nossa

formação como professor do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).

Esse tema foi escolhido em função da necessidade de um material didático que

viesse a contribuir e auxiliar na compreensão dos alunos sobre o processo das

transformações urbanas em Paranaguá, o que me instigou a desenvolvê-lo e,

consequentemente, a unidade didática referente ao tema. Outro elemento que

fortaleceu nossa opção pela construção do trabalho foi decorrente do fato de eu ter

nascido e morado até hoje na cidade. Ao longo dos anos vinha observando as

transformações urbanas que nela vêm ocorrendo. Sendo professor de geografia

verificava a ausência de materiais didáticos para auxiliar na compreensão por parte

dos alunos sobre as transformações urbanas em múltiplas escalas, partindo do seu

espaço vivido, a cidade de Paranaguá. Ao mesmo tempo, pretendia contribuir por

meio dos meus estudos, na elaboração de um material didático pedagógico para

uma educação de qualidade, tanto na minha escola como em outras do Paraná.

Assim, o problema central seria a ausência de um material didático específico para a

pesquisa e trabalho docente e, ao mesmo tempo, verificar quais materiais seriam

mais adequados para instigar e auxiliar os alunos a compreenderem as

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transformações urbanas em Paranaguá nos últimos cinquenta anos. Iniciei o

trabalho lendo autores que abordassem o referido tema. Um dos materiais

importantes naquele momento foram as Diretrizes Curriculares da Educação Básica

da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (PARANÁ, 2008, p. 70), pois o

tema atende o que está disposto neste documento, nos conteúdos estruturantes

relacionado A Dimensão Econômica do Espaço Geográfico, onde cita “da

importância de se analisar para entender como se constitui o espaço geográfico”. Me

referenciei em Milton Santos que comenta: “O espaço geográfico é a natureza

modificada pelo homem através de seu trabalho” (SANTOS, 1986, p. 119). A autora

que também muito me auxiliou foi a Ana Fani A. Carlos que afirma: “[...] o espaço

urbano é produto humano e social em constante processo de transformação."

(CARLOS, 2003, p. 86). Também fui auxiliado por leituras da Maria Encarnação B.

Sposito, que defende que “[...] as transformações que ao longo do tempo

contribuíram para a estruturação do modo de produção capitalista, são

consequências do próprio processo de urbanização, e que o espaço da cidade e a

urbanização, tornaram-se processo expressivo e extenso a nível mundial a partir do

capitalismo." (SPÓSITO, 2004, p. 31). As leituras de Vicente Nascimento Júnior e

Manoel Viana me auxiliaram para compreender o processo de formação da cidade

de Paranaguá. Ao mesmo tempo elaborei um questionário para pesquisa de campo

por meio da qual fui procurar verificar junto aos moradores da cidade o que sabiam

sobre as transformações urbanas em Paranaguá nos últimos cinquenta anos e o que

eles possuíam de materiais fotográficos deste período. Somado a isso, fotografei a

cidade em pontos onde ocorreram as transformações, mais intensas. Concluído

essa parte do projeto, passei a produzir o material, optando por elaborar uma

Unidade Didática onde a mesma foi composta de três atividades utilizando-se de

aulas de campo, noções de cartografia, texto sobre o processo de ocupação urbana,

depoimentos de moradores e fotografias da cidade para aprofundamento da

temática. Na elaboração destas atividades utilizei as leituras que tratam das

referidas metodologias, como as “Diretrizes Curriculares da Educação Básica da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná”. “Múltiplas Geografias”:

Ensino,Pesquisa e Reflexão organizado por Ideni Terezinha et. al. , “Geografia em

sala de aula, práticas e reflexões” de Antonio Carlos Castrogiovanni et al. “Analise

da Dinâmica Espacial da Ocupação Antrópica em Paranaguá/Paraná (1952-1996)”

de Sony Cortese Caneparo, “A natureza do espaço, técnica e tempo - Razão e

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emoção” de Milton Santos. Houve a contribuição e enriquecimento de outros

documentos para a elaboração das atividades, tais como o Mapa Municipal 03.

“Evolução da Ocupação urbana”, disponibilizado apenas para consulta. Mapa da

Praça 29 de Julho, Jornal “ Folha do Litoral “ “Fumtur História- Turismo-Cultura.

Paranaguá e Ilha do Mel, 2009, editora de listas telefônicas. Curitiba: Unilistas. Os

objetivos alcançados através destas atividades foram a identificação, por parte dos

alunos, das transformações urbanas que ocorreram na cidade ao longo do tempo a

partir de suas paisagens (ANEXOS) e por pesquisa de elementos explicativos

destas mesmas. Compreenderam que essas mudanças, a partir do mapeamento

dos locais onde ocorreram as transformações mais intensas, estão associadas a um

conjunto de fatores, sobretudo os de ordem econômica, social e política. Os

resultados alcançados foram contemplados através da compreensão e

conhecimento dos alunos sobre o referido assunto.

1 REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Para a construção do trabalho me utilizei de diversos recursos, dentre os

quais as leituras de vários autores que tratam do referido assunto, que muito

auxiliaram na fundamentação teórica.

A geografia é uma disciplina que pode contribuir com a formação de um aluno

que compreenda a organização espacial dos lugares e, portanto, seja consciente

das relações sócio espaciais de seu tempo, isso porque pode propor análises e

compreensões dos conflitos e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas,

que constituem um determinado espaço e também nele se expressa. Os autores

apresentados na sequência materializam essa afirmativa.

A despeito das escolas e concepções de geografia atual e anteriormente existentes, a elaboração de respostas às perguntas “Onde”? “Por que aí?” Sempre foram identificadas como a localização dos fenômenos, elemento fundamental no entendimento da geograficidade dos objetos. [...] Contudo, as respostas às questões colocadas vão definir em cada momento histórico, grupo social e lugar. (KATUTA, 2009, p. 47)

A disciplina, por sua vez, parte do principio de que é, no ensino, a responsável pelo estudo da interação entre a sociedade e natureza, não sendo, tanto um quanto a outra, separadas do conhecimento, mas sendo as bases fundamentais das noções históricas de lugar e território. Entende-se como lugar o espaço de vida de cada um, onde estão as referências pessoais e onde estão os sistemas de valores, elementos essenciais para construção da identidade pessoal; o território como espaço de vida das

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sociedades, sem o qual não se constroem as identidades regionais e nacionais. (CASTROGIOVANNI et al., 2003, p. 171).

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná no tocante à metodologia de ensino, Deve permitir que os alunos se apropriem dos conceitos fundamentais da geografia e compreendam o processo de produção e transformação do espaço geográfico. Para isso, os conteúdos devem ser trabalhados de forma crítica e dinâmica, interligados com a realidade próxima e distante dos alunos, em coerência com os fundamentos teóricos propostos nas diretrizes. (PARANÁ, 2008, p. 75).

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do

Paraná “[...] é importante que no ensino médio os conteúdos sejam organizados

numa sequência que problematize as relações Sociedade-Natureza e as relações

Espaço-Temporais a partir do espaço geográfico mundial”. (PARANÁ, 2008, p. 79).

No projeto de investigação que elaborei e de intervenção em sala de aula

foram abordados os conteúdos relacionados à urbanização e às transformações

deste processo decorrente.

No desenvolvimento do projeto verificamos pela fundamentação teórica que o

conhecimento e entendimento das cidades na atualidade com toda a sua

organização, estrutura e o seu processo de urbanização era necessário considerar

as suas origens históricas. Isso porque a paisagem urbana apresenta marcas

deixadas pelos seres humanos ao longo do tempo, sendo produzida por inúmeras

sociedades, por isso, os espaços produzidos em cada momento serão sempre

diferenciados.

A evolução que marca as etapas do processo de trabalho e das relações sociais marca, também, as mudanças verificadas no espaço geográfico, tanto morfologicamente, quanto ao ponto de vista das funções e dos processos. É assim que as épocas se distinguem umas das outras. (SANTOS, 2006, p. 96).

No caso das coletividades nômades os grupos humanos transitavam pelos

lugares retirando dos outros elementos da natureza tudo o que necessitavam para o

seu sustento. Mais tarde, aqueles que conseguiram fixar-se nos lugares, em função

do desenvolvimento da agricultura, foram retirando da terra o que necessitavam para

o seu sustento, essa foi uma das condições necessárias para o surgimento das

cidades.

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Com o desenvolvimento e domínio de novas técnicas, com a produção de

excedentes, os grupos humanos passam a ter outras funções e, com isso, reuniu-se

as condições para o surgimento das cidades.

A divisão social do trabalho se intensifica, surgem as primeiras cidades em

regiões onde a agricultura já se desenvolvia, assim, há mais tempo no continente

Asiático e depois na Europa. A divisão social do trabalho cria uma divisão territorial

do trabalho, expressando-se em duas paisagens distintas: o campo e cidade. O

espaço passa a ter características urbanas e rurais.

[...] a urbanização como processo, e a cidade, forma concretizada deste processo, marcam tão profundamente a civilização contemporânea, que é muitas vezes difícil pensar que em algum período da história as cidades não existiram, ou tiveram um papel insignificante. (SPÓSITO, 2004, p. 6).

A aldeia é apenas, um aglomerado de agricultores, uma comunidade de agricultores, por mais densamente aglomerados que vivam seus habitantes e por maior que ela seja de fato, ela não pode ser muito grande, devido ao caráter extensivo das atividades primárias não pode ser considerada uma cidade. (SINGER apud SPÓSITO, 2004, p. 9).

Entende-se por aldeia, comunidades de agricultores que viviam única e

exclusivamente da terra, independente do seu tamanho. Muitas delas,

posteriormente, originaram cidades com outras atividades.

As mais antigas cidades surgem na Ásia mais ou menos por volta de 5000

a.C. na região da Babilônia, atual Iraque.

[...] foi em torno de 5000 a.C. que surgem, junto ao Eufrates e em outros pontos da Ásia Menor, as primeiras povoações às quais se podem dar o nome de cidade. Dentre essas as mais antigas foram provavelmente: Kisch, Ur e Uruk. As duas últimas desapareceram com a mudança do leito do rio Eufrates. (CARLOS, 2008, p. 61).

O período denominado Idade Média é marcado por uma nova organização

econômica social e política conhecida como modo de produção feudal, caracterizado

por suas bases agrícolas e mão-de-obra servil. As cidades neste período

apresentaram certo grau de desenvolvimento, mas um fator que marcou o seu

processo de urbanização foi a queda do Império Romano, as maiores conseguiram

sobreviver, outras menores desapareceram. Posteriormente, com a diminuição do

comércio no Mar Mediterrâneo, muitas cidades desapareceram, outras entraram em

refluxo. Muitas delas reaparecem mais tarde com um comércio fortalecido e em

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expansão, decorrente do fim do modo de produção feudal com o fortalecimento de

um novo modo de produção: o Capitalismo.

Esse início do capitalismo é marcado pela expansão marítima e comercial de

lugares que passaram a ser grandes potências econômicas europeias mais ou

menos ao final do século XV. Com a organização de viagens comerciais ocorreu a

procura de novas mercadorias, mercados e, consequentemente, a necessidade de

novos territórios de domínio, levando a um acúmulo de capitais adquiridos através

do comércio de suas mercadorias, pilhagens e escambos.

As transformações, que historicamente se deram, permitindo a estruturação

do modo de produção capitalista, constituem consequências contundentes do

próprio processo de urbanização. As cidades nunca foram um espaço tão

importante, e nem a urbanização um processo tão expressivo e extenso a nível

mundial, como a partir do capitalismo. (SPÓSITO, 2004, p. 31).

Com o surgimento das primeiras fábricas, posteriormente surgem as

indústrias, resultado das riquezas acumuladas do novo sistema, somado ao

desenvolvimento das novas descobertas científicas em vários ramos e ao avanço

tecnológico, houve um desenvolvimento muito grande das cidades e a intensificação

da urbanização da sociedade.

“Assim a produção em grande escala, com grande número (absoluto) de

empregados, pressupõe a concentração da população e do próprio capital em

determinados pontos”. (CARLOS, 2008, p. 75).

[...] o capitalismo enquanto modo de produção encontra terreno firme para sua formação a nível político, através da aliança estabelecida entre o capital comercial, a realeza, e em nível do ideológico, através das doutrinas mercantilistas. É o processo de acumulação primitivista. (SPÓSITO, 2004, p. 41-42)

Com o surgimento das indústrias, as cidades europeias intensificaram o seu

crescimento urbano, ao mesmo tempo, ocorreu uma queda na qualidade de vida de

seus habitantes. Isso aconteceu porque essas cidades não tinham condições de

acomodar todas essas populações rurais, expulsas do campo para trabalhar nos

novos meios de produção e trabalho. Muitos passaram a morar em lugares

insalubres, sem saneamento básico e sujeitos às doenças e epidemias.

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O crescimento demográfico, junto com o aumento da migração do campo para a cidade e das cidades menores para as maiores, acarretou a formação de favelas, intensificando as ocupações, indicando que as cidades estavam se tornando incapazes de atender as necessidades de saneamento, abrigo etc. (WILHEIM, 2003. p. 34),

As características da sociedade e do espaço geográfico, em um dado momento de sua evolução, estão em relação com um determinado estado das técnicas. Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicos sucessivos é essencial para o entendimento das diversas formas históricas de estruturação, funcionamento e articulação dos territórios desde os albores da história até a época atual. Cada período é portador de um sentido, partilhado pelo espaço e pela sociedade, representativo da forma como a história realiza as promessas da técnica. (SANTOS, 2006, p.171).

[...] cidades europeias modernas eram a manifestação destas transformações que estavam se dando no processo produtivo, para atender os interesses de maior acumulação de capital. Elas eram também o meio que permitia e dava sustentação a estas transformações, na medida em que se constituíam em pontos de concentração populacional, isto é da força de trabalho e de consumidores. (SPÓSITO, 2004, p. 45).

Com o crescimento rápido da economia capitalista houve uma ampliação de

capitais e, ao mesmo tempo, sua centralização em alguns países. Em consequência,

grandes empresas foram surgindo, indústrias, bancos e outras instituições

financeiras, instalando suas filiais em vários espaços mundiais.

No processo de crescimento vertiginoso do sistema capitalista e seu

consequente espraiamento, surgem as Metrópoles e as Megalópoles como resultado

desse fenômeno da concentração populacional urbana em regiões de grande

produção de mercadorias, serviços e tecnologia.

O desenvolvimento das forças produtivas produz mudanças constantes e com essas a modificação do espaço urbano. Essas mudanças são hoje cada vez mais rápidas e profundas, gerando novas formas de configuração espacial, novo ritmo de vida, novos relacionamentos entre as pessoas, novos valores. O espaço tem cada vez mais a dimensão do mundial e as relações entre os homens dependem cada vez mais de decisões tomadas a milhares de quilômetros de seu local de residência. As comunicações se desenvolvem e com ela frequência dos contatos. O fator distância é eliminado pelo desenvolvimento dos jatos, dos satélites e da informática. Esses fatos abrem novas perspectivas para se pensar hoje a cidade. (CARLOS, 2008, p. 69).

“[...] do mesmo modo que não há um tempo global, único mas apenas,

espaços da globalização, espaços mundializados reunidos por redes”. (SANTOS,

2006, p. 333).

Falando sobre o início do processo de Urbanização no Brasil,

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Durante séculos o Brasil como um todo é um país agrário, um país ‘ essencialmente agrícola’, para retomar a célebre expressão do Conde Afonso Celso. O Recôncavo da Bahia e a Zona da Mata do Nordeste ensaiaram, antes do restante do território, um processo então notável de urbanização e, de Salvador pode-se, mesmo dizer que comandou a primeira rede urbana das Américas, formada junto com a capital baiana, por Cachoeira, Santo Amaro e Nazaré, centros de culturas comerciais promissoras no estuário dos rios do Recôncavo”.(SANTOS,1993, p. 17).

Para falar da Formação da cidade de Paranaguá, fui auxiliado por leituras de

historiadores da cidade, que contribuíram na fundamentação teórica.

As suas origens estão relacionadas com a vinda dos primeiros colonizadores

a chegarem em solo paranaense, mais ou menos por volta de 1550, oriundos de

São Vicente e Cananéia, fixando-se inicialmente na Ilha da Cotinga, devido à

presença dos índios carijós que viviam na margem esquerda do Rio Itiberê, no

continente.

[...] depois de 20 anos de lutas e apreensões, passaram, esses heroicos pioneiros à terra firme, na costeira direita da baía. Acontece, porém, que a terra habitada por essa valente tribo, já possuía o gracioso nome de “PERNAGOA” (grande mar redondo), dado pela raça audaz. (VIANA, 1976, p. 11).

“[...] assente o povoado à margem esquerda do Taquaré, iniciou-se a

construção do templo dedicado a Nossa Senhora do Rosário, hoje Matriz da

Paróquia, no ano de 1578”. (NASCIMENTO JÚNIOR, 1980, p. 135).

Paranaguá é elevada a categoria de Vila em 29 de Julho de 1648

[...] instalada oficialmente a Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá (que nessa época pertencia à Capitania Feudal de Santo Amaro, da qual era donatário Pero Lopes de Souza ), o progresso aumentou com a vinda de mais gente de Santos, São Vicente e Cananéia. (VIANA, 1976, p. 14).

“Vila desde 1648, Paranaguá recebeu a 5 de fevereiro de 1842 o

predicamento de cidade, pela lei nº. 5, daquela data, da Assembléia Provincial de

São Paulo”. (NASCIMENTO JUNIOR, 1980, p. 151).

Sobre a Ocupação e as Transformações Urbanas de Paranaguá, devido a

dificuldade em encontrar materiais escritos sobre o assunto, fui auxiliado pela leitura

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de uns poucos que escreveram, realizei pesquisas em mapas, jornais, sites,

informativos da cidade e arquivos públicos, que também contribuíram na elaboração

de uma atividade com texto, para a Unidade Didática sobre a cidade.

A análise do mapa municipal 03 - Evolução da ocupação urbana, consultado

na Prefeitura Municipal de Paranaguá, o qual apresenta o processo de urbanização

e transformação urbana da cidade de Paranaguá, me possibilitou a construção de

uma análise sócio espacial da formação da cidade, que muito contribuiu na

fundamentação teórica do projeto e na atividade III da produção didático

pedagógica:

• O processo de urbanização em 1792 se restringia apenas em uma região

onde supostamente foi o primeiro núcleo de povoamento no continente e a

localização do porto era na rua da praia, margem esquerda do rio Itiberê.

Segundo SANTOS (2001, p. 34), a economia era baseada em produtos como

a farinha de mandioca e o peixe sendo as maiores riquezas do litoral

paranaense, seguidos pelo arroz, feijão e milho sendo estes produtos

consumidos na própria região.

• Em 1896, esse processo se dá em direção mais a leste da cidade.

SANTOS, (2001, p. 54) relata que neste período a economia paranaense

estava alicerçada em três setores principais, sendo o mate, a pecuária e a

extração de madeira, o primeiro era o produto exportado mais importante.

Segundo o mesmo autor (2001, p. 55) as comunicações entre o planalto e o

litoral neste período eram prejudicadas devido à falta de boas estradas. Após

1873, com a construção da estrada da Graciosa, e depois de 1887, com a

inauguração da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, as exportações por

Paranaguá aumentaram consideravelmente, sobressaindo-se também a

exploração da madeira. Diante dessa situação, Paranaguá transformou-se

economicamente, tornando-se o mais importante centro comercial do litoral

paranaense. A exportação se direcionava principalmente aos países platinos;

• Em 1910, há uma expansão da cidade para uma região parcial do atual Porto

D. Pedro II e bairro do Rocio, o motivo de ocupação desta área pode se

justificar pelo fato de que o primeiro contrato para construção do porto foi feito

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em 1916, importante destacar que o mesmo foi reformado várias vezes. O

porto é inaugurado em março de 1935.

Mais de meio século vinha a aspiração de posse de uma certa extensão de cais para atracação de navios em lugar das pontes de madeira, e dar ao nosso porto a situação de relevo a que fazia jus como escoadouro natural e principal do estado e por onde se efetua o seu comércio com o exterior. (NASCIMENTO JÚNIOR, 1980, p. 155).

• Em 1930, houve uma extensão do processo de urbanização compreendendo

o bairro Campo Grande, parte da região central, margem da atual Avenida

Cel. José Lobo sentido Porto D. Pedro II.

[...] a situação do porto da cidade de Paranaguá, que se localizava nas margens do Rio Itiberê, era precária: acanhado, pouco profundo e sujeito ao continuo assoreamento. Era necessário mudar a localização do porto. Em 17 de março de 1935, num local denominado Enseada do Gato, nas margens da baía de Paranaguá, foi inaugurado o porto da cidade, com o nome de Porto D. Pedro II. (CANEPARO 2000, p.117-118).

• Já em 1940, o processo de urbanização da cidade ocorreu em regiões mais

centrais da cidade, como os bairros industriais: João Gualberto, 29 de Julho,

Leblon, Alboit, Bockman, São Sebastião, Raia e margens da atual Avenida

Gabriel de Lara. Neste período, os produtos de exportação eram o mate, a

madeira e o café.

• Na década de 1950, a área urbanizada da cidade compreendia a região

central (centro histórico), região do Bairro da Costeira seguindo ao Porto D.

Pedro II, Rocio, Campo Grande, São Sebastião, Raia, Aeroporto, Estradinha,

Casas Populares, Porto dos Padres, Correia Velho, Bairros da região mais ao

norte da cidade como, Vilas Guarani, Cruzeiro, Serraria do Rocha, Padre

Jackson, Portuária e região dos atuais bairros industriais, João Gualberto, 29

de Julho, Leblon, Alboit, Bockman.

Para GODOY, (1998, p. 111-112) apud CANEPARO (2000, p. 118) o

crescimento das atividades portuárias, somado à expansão das relações capitalistas

no campo tornou Paranaguá pólo de atração de populações expulsas do campo e de

outras localidades, resultando em grandes transformações sociais e espaciais na

cidade. O porto foi um forte elemento que influenciou na organização do espaço e da

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economia local, forçando o crescimento do setor urbano em atividades ligadas ao

setor portuário, ao comércio de bens e serviços.

• Na década de 1960, houve a ocupação da região central da Ilha dos

Valadares, com o aumento das migrações e expulsões de outras regiões, das

ilhas e de outras localidades do litoral paranaense. Tratava-se de populações

ainda atraídas pela dinâmica econômica gerada pela exportação do café. No

final da mesma década ocorre o aterro de região costeira da Ponta do Caju.

No final dos anos 60 iniciou-se a crise do café, seu preço caiu no mercado internacional e o local de beneficiamento passou de Paranaguá para a zona cafeeira no norte do Estado. Este fato gerou desemprego na cidade. O café começou então a ser substituído pela soja e trigo, os quais receberam incentivos do governo federal. (GODOY apud CANEPARO, 2000, p.118);

• Por volta de 1970 há uma expansão no processo de urbanização da ilha dos

Valadares e para as regiões dos bairros São Vicente, Divinéia, Santos

Dumont, Parque São João, Guaraituba, América, Samambaia e Eldorado.

São populações oriundas de desapropriação de áreas da cidade próximas ao

porto e bairros surgidos através de sistemas habitacionais com população da

própria cidade. Em meados da década de 1970, ocorre a dragagem de parte

da baía de Paranaguá em frente ao santuário. No final da década, em 1979,

no caminho das transformações deste espaço a Praça Luiz Xavier (nome

atual Pe. Tomaz), localizada ao redor da igreja, passa por uma reforma de

embelezamento paisagístico, as ruas ao seu redor são fechadas e a grama

original da praça é substituída.

O Paraná tornou-se o maior produtor de soja e o porto de Paranaguá, o principal exportador e tal fato gerou a necessidade da adaptação e ampliação das instalações portuárias. Foram instalados armazéns e silos para atender a demanda de grãos; assim o espaço urbano foi ampliado e remodelado. (GODOY, 1998, p. 118-134 apud CANEPARO 2000, p. 118),

O município passa a ter como elemento central as necessidades econômicas de

alguns segmentos da população ligados à agricultura monocultora, aos transportes e

exportação do produto em questão.

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• Nos anos de 1980, o processo de urbanização da cidade avança em direção

às margens da atual BR 277, Embocuí, Santa Rita, Emboguaçú, Vila dos

Comerciários, Garcia, Esperança. Ocorrem neste período a criação do distrito

industrial do Embocuí e a desapropriação de áreas próximas ao porto, para a

expansão deste. São construídos armazéns e silos para armazenar grãos, em

consequência, o espaço urbano é ampliado. A economia está voltada para a

exportação de granéis (soja e milho) e as transformações paisagísticas

ocorrem atreladas a esse aspecto econômico.

No início dos anos 1980, o aterro existente entre o casario colonial da rua

General Carneiro e rio Itiberê, recebe melhorias com a construção de novas

edificações para melhor atender a população, como Mercado Municipal

(antigo) Estação Rodoviária e Ginásio de Esportes.

• Em 1990 houve uma expansão do processo de urbanização. Surgem bairros

nas regiões oeste e sudoeste da cidade, entre eles Jardim Iguaçu, Vilas

Santa Helena, Marinho, Ouro Fino, Porto Seguro, Jardim Paraná, alguns

resultantes de loteamentos irregulares. “Neste momento ocorre a política de

privatizações do governo federal. O porto de Paranaguá se moderniza através

da iniciativa privada. Nesta fase há um aumento do desemprego em

consequência de novas tecnologias”. Segundo CANEPARO (2000, p. 119) e

outros (TRAMUJAS, 1996, p. 149-150; GODOY, 1998, p. 233-234), no

período há a exportação de granéis, produtos industrializados e inflamáveis.

Ao longo dos anos 70 e 80, foi implantado um aterro que descaracterizava

irremediavelmente a relação histórica do casario com o rio Itiberê. Localização na

área mais importante do setor histórico de Paranaguá, o projeto de urbanização

deste aterro considerou o importante papel desse local na História da cidade.

Valorizando as perspectivas do casario e seu entorno se desenvolve a Praça de

Eventos 29 de Julho, sem obstáculos visuais, tendo como ponto focal o colégio dos

jesuítas. Ao longo do rio, um amplo passeio se estende entre espaços intermediários

constituídos por jardins e mobiliário urbano além de os monumentos estarem

estrategicamente posicionados como: o chafariz de ferro fundido, que marcou a

instalação de água em Paranaguá no início do século, o obelisco, comemorativo, a

elevação de Paranaguá a categoria de cidade e antigo bebedouro de animais e ferro

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fundido. Completando esta explanada, contamos ainda com o Centro Gastronômico,

espaço ideal para alimentação e lazer e com o Palco Tutóia. A Praça de Eventos 29

de Julho foi inaugurada no dia 29 de Julho de 1998, nos 350 anos de Paranaguá.

(FUMTUR, 2009).

FOTO 1 - Foto antiga dos fundos do museu, Acervo IHGP. (1940 a 1965).

FOTO 2 - Foto atual fundos do museu, fonte de Nilande Ribeiro Filho em 06/04/ 2011

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Cada atividade tem um lugar próprio no tempo e um lugar próprio no espaço.

Essa ordem espaço-temporal não é aleatória, ela é um resultado das necessidades

próprias à produção. Isso explica porque o uso do tempo e do espaço não é feito

jamais da mesma maneira, segundo os períodos históricos e segundo os lugares e

muda, igualmente, com os tipos de produção. (SANTOS, 1986, p. 162).

Para a materialização do projeto, elaborei e apliquei questionários

percorrendo a cidade para saber dos moradores sobre as transformações urbanas

ocorridas nos últimos cinquenta anos.

O registro de memória de moradores da cidade, através de conversas e

perguntas nos ajudou a mapear e entender o espaço urbano e as mudanças que

nele ocorrem ao longo do tempo a partir de diferentes perspectivas. Esses

depoimentos têm enorme valor, por serem fontes valiosas de relatos de moradores,

sendo uma fonte histórica e geográfica de grande importância para a compreensão

da transformação dos lugares e como as pessoas a perceberam.

A) A professora senhora S. M. S., natural de Paranaguá, moradora do bairro

Estradinha há 49 anos, na Rua Roque Vernalha, de descendência italiana,

miscigenou com grupos oriundos de colônias da região de Paranaguá. Ela

relatou que: quando era criança as ruas do seu bairro eram todas de areia,

depois passaram a ser de paralelepípedos e hoje são todas de asfalto. Tinha

pouco comércio e poucas residências. Nas esquinas da rua Roque Vernalha

com a Coronel Elíseo Pereira não havia o posto Locatelli, ali era uma chácara

pertencente a uma família de japoneses, com algumas casas de madeira.

Hoje a rua Coronel Elíseo Pereira passou a ser uma rua de bastante

comércio com várias residências. O bairro tem escolas, posto de saúde,

comércios e supermercados, ao lado do Colégio Estadual José Bonifácio, há

a Praça Portugal onde há muitos anos atrás era uma chácara pertencente a

uma família de italianos.

B) O senhor E. F. N., 58 anos, funcionário municipal aposentado e professor,

morador na rua Gerson Constantini, no bairro Ponta do Caju, há 39 anos,

afirmou que sua avó materna veio da Bélgica e seu avô materno era

descendente de portugueses. Nos relatou que: - "as transformações ocorridas

ao longo de minha vivência foi extremamente grande, porém em minha ótica,

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não planejada, um dos exemplos foi a construção do “campo de aviação”,

hoje completamente inadequado pela sua localização, ou seja, não se pensou

no crescimento da cidade quando de sua construção. No meu bairro há trinta

e cinco anos atrás residiam apenas quatro famílias: A predominância de

árvores frutíferas (principalmente a de caju, daí o nome do bairro), lembro-me

com saudades que tinha três campos de futebol, onde a rapaziada, da rua

João Régis e do Largo da Igreja matriz se reuniam. Na gestão do prefeito

Kotzias, cujo apelido era costinha, iniciou-se a aterragem avançando pelo rio

adentro cujo nome é Itiberê, “adeus manguezais, adeus os crustáceos, em

nome de um avanço territorial, não se pensou e não se pensa em respeitar o

meio ambiente”. E aí as invasões desenfreadas, sem estruturas básicas,

esgoto, água encanada, coleta de resíduos entre outras. Nas imediações do

mercado municipal, há pouco tempo o lixão era a céu aberto, contemporizado

na gestão do prefeito Mario Roque, nesta gestão foi construído no bairro, um

Complexo Educacional Esportivo, uma escola municipal. Na gestão do

prefeito Waldir Salmon, foi construído o Ginásio de Esportes, a Estação

Rodoviária e a Escola Eva Cavani, a partir destas construções o seu entorno

foi tendo uma dinâmica menos agressiva ao meio ambiente, mas ainda hoje,

sem nenhum planejamento. Na gestão do Prefeito Mario Roque foi construída

a Câmara Municipal. Estas obras fizeram com que os terrenos outrora

pertencentes ao domínio da União fossem altamente valorizados, sem contar

que no bairro está edificado um hotel internacional. No espaço urbano de

Paranaguá, o crescimento foi bastante acelerado, há trinta anos atrás a

cidade praticamente ia até as imediações do Colégio Estadual José Bonifácio.

Nestes últimos anos foram urbanizados mais de seis bairros, entre eles:

Jardim Jacarandá, Esperança, Nilson Neves, Bertioga, Vila do Povo entre

outros. Nossa população ultrapassa os cento e trinta mil habitantes, temos

quatro faculdades, sendo duas à distância, contamos com um Hospital

Regional de grande porte, várias construtoras emergiram em resposta ao

aumento da população, o trânsito está caótico, “belas lembranças dos carros

com tração animal, fomos contaminados com o crescimento desordenado do

capital dominante”. Já não temos somente um porto que exportava grãos,

hoje temos cargas diversificadas e famílias não dependem economicamente

somente dos serviços portuários, como outrora. Já temos segmentos

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econômicos também diversificados (turismo, comércio, prestadoras de

serviços), entre outras...

2 DESENVOLVIMENTO

Para a elaboração do projeto de Intervenção Pedagógica e a construção da

Unidade Didática foram necessários um ano de afastamento em sala de aula.

Durante a semana pedagógica do mês de julho de 2011, apresentei o projeto à

equipe pedagógica da escola. Ao retornar para a escola no mês de agosto,

apresentei para os alunos do primeiro ano do ensino médio em sala de aula, através

de slides no data show, onde constava o mapa da “Evolução da ocupação urbana de

Paranaguá” conceitos de cidade, espaço urbano e as suas transformações com

fotografias da cidade de “Ontem e Hoje”, o que muito chamou a atenção dos alunos.

Aproveitei o momento para convidá-los a participarem do projeto e aqueles que

aceitaram, de início foram dezoito alunos, levaram para os seus pais ou

responsáveis a autorização solicitando a sua participação no horário de contra-turno

e permitindo-os ao mesmo tempo serem fotografados para fins didáticos do referido

projeto. Para iniciar a atividade I da Unidade Didática os alunos elaboraram um

questionário através de perguntas, auxiliados pelo professor para saber dos

moradores através das aulas prática de campo sobre as transformações

presenciadas por eles nos últimos cinquenta anos. As aulas de prática de campo

foram adiadas durante duas semanas pois houve um período de muita chuva, o que

dificultaria o trabalho naquele momento. A primeira aula de campo ocorreu logo no

início do mês de setembro, onde os alunos entrevistaram moradores do bairro

Estradinha, quadra ao entorno do colégio, onde ocorreram muitas transformações.

A próxima aula de campo ocorreu na Praça 29 de julho (centro histórico), local de

grandes transformações. O que chamou a atenção dos alunos foram os relatos de

alguns moradores sobre as transformações urbanas, pois eram quase sempre os

mesmos. Alguns moradores se propuseram em vir em sala de aula dar o seu

depoimento. A seguir, fotos de saídas de campo:

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FOTO 3 - ALUNOS CAMINHANDO EM AULA DE CAMPO. DATA 06/09/11Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 4 - A SENHORA EUGENIA DO ROSÁRIO LOPES AFONSO, MORADORA DO BAIRRO ESTRADINHA, SENDO ENTREVISTADA PELOS ALUNOS. 06/09/11.

Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 5 - ALUNOS NA PRAÇA PORTUGAL, ONDE ANTES ERA UMA CHÁCARA PERTENCENTE A UMA FAMÍLIA DE ITALIANOS. DATA- 06/09/11

Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 6 - PRAÇA 29 DE JULHO, LOCAL DE GRANDES TRANSFORMAÇÕES URBANAS.13/09/11.

Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 7 - O SENHOR NICOLAU BORGES, COMERCIANTE NO LOCAL, SENDO ENTREVISTADO PELOS ALUNOS NA PRAÇA 29 DE JULHO. 13/09/11.

Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 8 - CÂMARA MUNICIPAL E COMPLEXO ESPORTIVO, LOCAL ONDE ANTES CHEGAVA O RIO ITIBÊRE. 13/09/11

Fotografia: Nilande Ribeiro Filho

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As fotos 3, 4 e 5 foram tiradas dia 06/09/2011 e as fotos 6, 7, 8 foram tiradas

em 13/09/11.

Retornando em sala de aula foram discutidos pelos alunos os resultados das

aulas de campo. Nela os alunos organizaram a coleta de materiais como fotografias

e depoimentos dos moradores para a elaboração de seus trabalhos finais. Após,

fizeram os mapas dos locais da aula de campo. A próxima aula foi a realização da

atividade II da Unidade Didática, com duas aulas com noções de cartografia,

fazendo a relação com os espaços observados. Ao mesmo tempo os alunos

puderam escolher de que forma fariam a representação dos espaços observados e

transformados. Surgiram as opiniões de idéias em que poderiam ser através de

desenhos, mapas, maquetes, mural de fotografias e blogs. As próximas etapas

foram as pesquisas de fotografias da cidade pelos alunos no laboratório de

informática para que pudessem auxiliá-los na produção de seus trabalhos. No mês

de outubro, o professor trabalhou com os alunos a atividade III da Unidade didática

onde constava um texto sobre o processo de “ocupação e transformações urbanas

de Paranaguá nos últimos cinquenta anos” auxiliado por fotografias e depoimentos

de moradores e perguntas que foram trabalhadas, o que muito contribuiu para o

entendimento dos alunos sobre as transformações e ao mesmo puderam sentir-se

inseridos neste processo.

A seguir as fotos onde os alunos em sala de aula, estavam cartografando os

locais das aulas de campo e atividades II com mapas. Fizemos também produções

através das atividades III trabalhadas com texto, fotografias e depoimentos de

moradores.

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FOTO 9 - ALUNO EM AULA DE CARTOGRAFIA DESENHANDO O BAIRRO ESTRADINHA. 27/09/11.

Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 10 - CROQUI DA PRAÇA 29 DE JULHO, FEITO PELOS ALUNOS. 27/09/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 11 - ALUNA CONFECCIONANDO CARTAZ- DATA 27/09/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 12 - ALUNOS CONFECCIONANDO SUAS PRODUÇÕES. 18/10/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 13 - ALUNO FAZENDO BLOG, DIA 18/10/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

O projeto foi desenvolvido no contra-turno onde os alunos construíram os

seus trabalhos sempre auxiliados pelo professor, e foi supervisionado pela equipe

pedagógica da escola e direção. Paralelo a implementação pelo professor em sala

de aula, inicia-se em outubro e estende-se ao mês de novembro o GTR (grupo de

trabalho em rede), onde eu como professor PDE apresentei aos professores

participantes cursistas o projeto, a produção didático pedagógica e a implementação

do projeto. Relatarei aqui as grandes contribuições que eu tive dos colegas cursistas

durante o GTR, onde no fórum I, foi questionado que a ausência de um material

didático pedagógico sobre as transformações urbanas em Paranaguá, dificulta

muitas vezes a pesquisa, o trabalho docente e a compreensão por parte dos alunos

deste assunto. Que tipo de materiais e ou produção são mais adequados para

instigar e auxiliar os alunos a compreenderem as transformações urbanas que

acontecem em Paranaguá, uma vez que ela é considerada o berço da civilização

paranaense?

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• A professora M. H. S., do Núcleo de Paranaguá, comentou “que considera

como material riquíssimo a pesquisa de campo como: entrevista a moradores

antigos, fotos, jornais e revistas da época. Com esse material transformado

em didático pedagógico, o aluno vai ver e saber, como era Paranaguá antes e

comparar com o hoje, compreendendo com mais facilidade as transformações

urbanas ocorridas durante o tempo”.

• A professora I. S. N., do Núcleo de Paranaguá, comentou “Infelizmente na

cidade não encontramos muito acervo de publicações sobre a cidade de

Paranaguá, mas felizmente temos pessoas que se interessem pela história da

cidade que podem ajudar nesse levantamento bem como o museu histórico

que guarda muita coisa interessante a esse respeito”.

• A professora D. L. C. de S, do Núcleo de Paranaguá, comentou o seguinte: “A

ausência de material pedagógico para a consulta histórica do município de

Paranaguá, assim como materiais de consulta sobre as transformações

ocorridas pela urbanização nas últimas décadas é certamente um fato

lamentável para o processo educativo de forma geral. E em especial se

levarmos em conta que desenvolvemos nosso trabalho pedagógico desses

conteúdos com alunos que não presenciaram essas mudanças no espaço

urbano. O projeto apresentado pelo professor é muito importante na medida

em que será divulgado nas escolas, estando disponível para que os

professores possam desenvolver trabalhos pedagógicos sobre o espaço

urbano do município a partir de um balizador. A geração atual requer o uso

das novas tecnologias, sabemos que elas devem estar permeadas pelo saber

elaborado por conceitos geográficos fundamentais, mas o uso de imagens

pela TV multimídia, fotos, mapas antigos e atuais, imagens de satélite no

laboratório de informática são recursos muito bem vindos para despertar

maior interesse nos nossos educandos. Considero que uma forma muito

interessante de provocar os nossos alunos é chamá-los para participar da

pesquisa sobre as transformações espaciais em Paranaguá. Os alunos

podem investigar sobre onde encontrar fotos antigas, depoimentos de

pessoas que vivenciaram as mudanças, pesquisa na internet ou em outras

fontes de consulta como jornais, revistas, documentos históricos”.

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No diário de atividade 1, foi solicitado para o professor refletir e discutir sobre

o tema proposto no projeto com o seguinte questionamento: “No seu ponto de vista

que contribuição este projeto poderá trazer para a escola pública do Paraná”?

• A professora J. P. da S., do Núcleo de Paranaguá, falou que “Uma grande

contribuição, pois há uma carência de material didático nesta área. A

elaboração de material direcionado para utilização em sala de aula com

atividades propostas e sugestões de atividades para os alunos direcionados

para pesquisa de campo, além instigar o interesse contribui efetivamente para

o conhecimento do município de Paranaguá, por onde começou o Paraná”.

No fórum e diário II, os cursistas socializaram as discussões sobre a

Produção didático-pedagógica e a relevância da mesma para a realidade da escola

pública.

• O professor E. G., do Núcleo de Paranaguá, comentou “A escola pública do

Paraná é um dos ambientes que está auxiliando no processo de formação do

indivíduo que hoje, enquanto criança, adolescente ou jovem terá papel

fundamental quando adulto, na transformação de uma realidade adversa que

foi construída em nosso país desde a época do seu descobrimento, mas que

vem melhorando significativamente nos últimos anos. As transformações

urbanas em Paranaguá nesses últimos cinqüenta anos passam pela análise

de conjuntura econômica, social, política e cultural do litoral paranaense. Um

trabalho dessa magnitude pode desvendar determinados mistérios que

possam ter passados despercebidos pela população e, consequentemente,

aumentar o interesse pelo assunto proposto. Atender aos anseios da

comunidade escolar, ou seja, tanto dos educadores como dos discentes é um

dos grandes desafios. Portanto, a produção de um material que contemple os

desejos educacionais, através de um arcabouço teórico empírico, é de grande

importância para nossa escola pública, pois trará os inúmeros

desdobramentos que se passaram no desenvolvimento urbano de Paranaguá

e que, em maior ou menor intensidade, pode ser estendido a outros

municípios paranaenses. Também é válido ressaltar que um maior e melhor

entendimento sobre as inúmeras transformações, têm relevância para a

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escola pública de todo o estado do Paraná, uma vez que Paranaguá é o

berço da civilização paranaense”.

• A professora S. M., do Núcleo de Colombo, comentou “Esse projeto poderia

contribuir muito para as escolas do Paraná, não só para o ensino médio como

também para o fundamental, uma vez que está inserido nos conteúdos do

primeiro ao quinto ano do ensino fundamental da história e dos aspectos

geográficos do Paraná. Porém, faltam materiais didáticos e pedagógicos para

se realizar um bom trabalho em sala de aula. Paranaguá faz parte da nossa

história e as mudanças e transformações ocorridas nesse município, que

foram muitas, não são conhecidas pela população do Paraná. Por isso, acho

necessária a produção desse material. Com certeza esse projeto será bem

vindo e de grande importância para as Escolas públicas do Paraná”.

Na continuidade da Implementação do projeto em sala de aula, os alunos no

mês de novembro de 2011 finalizaram as suas produções e, no final do mesmo mês,

fizeram a apresentação dos seus trabalhos à comunidade escolar com a presença

da imprensa escrita da cidade. O “Jornal Folha do Litoral” publicou no dia 30 de

novembro de 2011 a matéria com o título “Professor implanta projeto e analisa as

transformações urbanas de Paranaguá”. Alguns dos alunos que participaram da

implementação do projeto fizeram falas para o mesmo. O aluno do 1º ano do ensino

médio, R. F. B. R., 16 anos, ressaltou a importância de participar de projetos como

esse. “Participar do projeto do PDE com o professor Nilande foi bastante

interessante, pois tivemos a oportunidade de conhecer a cidade como era antes,

aprender sobre as suas transformações. A minha participação foi relacionada a

buscar as fotos antigas e depoimentos dos antigos moradores”. Da mesma forma, a

estudante L. de O. R. de 16 anos do 1º ano do ensino médio, que participou da

elaboração de uma maquete da Praça 29 de julho, afirmou: “Junto com a minha

equipe, participei da elaboração da maquete da Praça 29 de julho. Com isso,

soubemos que naquela época a região onde hoje, é a praça, não tinha infra-

estrutura nenhuma, e hoje, se tornou um ponto turístico”, contou a jovem. “Foi muito

bom participar desse projeto, muitas coisas fiquei sabendo da nossa cidade por meio

do projeto”, completou. O estudante de 15 anos M. M. A, também estudante do 1º

ano do ensino médio, ficou responsável pela criação do blog “Paranaguá, Nossa

Cidade”. “Eu e mais um colega ficamos responsáveis por elaborar o blog do projeto”.

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No “Paranaguá, Nossa Cidade”, as pessoas podem conhecer as mudanças urbanas

que aconteceram em nossa cidade. “Foi bem legal participar desse projeto e

disponibilizar as nossas pesquisas na internet”, ressalta M.

As fotos a seguir são da apresentação do Projeto à comunidade escolar dia

29/11/11, todas as fotos são de autoria de Nilande Ribeiro Filho.

FOTO 14 - PROFESSORES OBSERVANDO OS TRABALHOS EM EXPOSIÇÃO. 29/11/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 15 - ALUNOS VISITANDO A EXPOSIÇÃO. 29/11/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 16- FOTO DE PARTES DO MURAL DE FOTOGRAFIAS. 29/11/11.Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 17- MAQUETES PRODUZIDA PELOS ALUNOS. 29/11/11. Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

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FOTO 18 - MAQUETE DA PRAÇA 29 DE JULHO, PRODUZIDA PELOS ALUNOS EM 29/11/11Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

FOTO 19 - BLOG FEITO PELOS ALUNOS. 29/11/11. Fotografado por: Nilande Ribeiro Filho

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O professor PDE, responsável pelo projeto elaborou um questionário para

saber dos alunos participantes, as suas impressões através de suas vivências na

participação do mesmo.

1. Os alunos foram questionados sobre os que levaram a participar do projeto,

responderam que foi o desejo de conhecer o passado e o presente da cidade

em seu processo de urbanização;

2. Na questão sobre "O que mais gostou no projeto e por quê?" As respostas

foram as aulas práticas de campo, as entrevistas com os moradores, as

pesquisas no laboratório de informática, os croquis elaborados, o trabalho em

equipe através da interação com os colegas onde se pode entender melhor e

porque ao mesmo tempo conhecemos e aprendemos sobre as

transformações seus fatores e consequências;

3. Ao serem questionados sobre "Na sua opinião, deveria haver mais projetos

desta forma? Por quê?", os alunos foram unânimes em responder que sim e

não só na disciplina de geografia como em todas pois trata-se de uma

maneira diferente de ter as aulas e de aprender;

4. Ao responderem sobre "Participar do projeto no período de contra-turno, o

que você achou?", disseram que foi muito bom pois para eles é um horário

que em casa não tem o que fazer, não atrapalhou as aulas, se aprendeu mais

com um horário maior das aulas normais e o mais divertido foi construir suas

produções através de maquetes, blog mural;

5. Nos comentários sobre o projeto “As transformações urbanas em Paranaguá

de 1960 a 2010” destacaram que a participação nele despertou em muitos o

interesse em conhecer e saber mais sobre a cidade. As transformações que

aconteceram nos últimos cinquenta anos as mais e menos intensas,

destacando que conheceram tudo isso através das entrevistas com

moradores e fotografias antigas, o que contribuiu para tornar Paranaguá

conhecida por todos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A materialização do Projeto “Transformações Urbanas em Paranaguá de

1960 a 2010”, contribuiu muito para enriquecer o meu conhecimento sobre os

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processos ligados às transformações por meio da paisagem urbana da cidade. As

leituras que abordaram o referido assunto foram de grande valia para que eu

pudesse desenvolver o projeto e, consequentemente, a produção didático

pedagógica. Durante o desenvolvimento do projeto percorri a cidade onde entrevistei

antigos moradores que presenciaram as mudanças decorrentes das transformações,

foi um período de muita experiência e novos conhecimentos para mim. Um outro

momento de grandes desafios e contribuições foi o GTR (Grupo de Trabalho em

Rede), pois o uso da tecnologia através de curso online, foi uma grande conquista,

ao mesmo tempo a interação com os cursistas por meio de suas contribuições para

o projeto, de muito me valeram. Ao mesmo tempo, acontecia a implementação do

Projeto em sala de aula através da Produção Didático Pedagógica, com a

participação dos alunos, onde os objetivos foram alcançados por meio da construção

pelos mesmos de suas produções, como maquetes, mural de fotografias e blog. Foi

um dos momentos mais empolgantes, onde os alunos vivenciaram na prática, o que

eles tinham conhecido na teoria sobre as transformações urbanas em Paranaguá.

Finalizando, o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) foi um período de

crescimento muito grande por meio da cultura e tecnologia. Agradeço a todos, em

especial a minha família que muito me incentivou, a minha orientadora que muito me

auxiliou, à direção e a equipe pedagógica da minha escola que sempre estiveram

me acompanhando e se colocando à disposição. Obrigado a todos.

REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONELLO, Ideni Terezinha et. al. Múltiplas Geografias: Ensino, Pesquisa e Reflexão. Londrina: Humanidades, 2004.

CANEPARO, Sony Cortese. Análise da dinâmica espacial da ocupação antrópica em Paranaguá/Paraná (1952-1996). R. Ra’ega UFPR Curitiba: 2000. Disponível em: < WWW.ojs. C3sl.ufpr.br> htpp: // geodados.pr.utfpr: Edu.br/ textos>.

CARLOS, Ana Fani A. A cidade. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et.al. Geografia em sala de aula, práticas e reflexões. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2003.

FUMTUR. História-Turismo-Cultura. Paranaguá e Ilha do Mel, 2009. Editora de listas telefônicas. Curitiba: Unilistas.

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JORNAL FOLHA DO LITORAL. Empresa Gráfica Folha do Litoral - CNPJ 02. 813.229/0001-70

KATUTA, Ângela Massumi et al. Geografia e Mídia Impressa. Londrina: Moriá, 2009.

NASCIMENTO JUNIOR, Vicente. História, Crônicas e Lendas. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1980.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretária de Estado da Educação do Paraná. Projeto e diagramação. Jan. 3 comunicação. Paraná: 2008

SANTOS, Carlos Roberto Antunes dos. Vida material, vida econômica. Coleção História do Paraná. Curitiba: SEED-PR, 2001.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. 4. ed. 2 reimpressão, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 2006.

______. A urbanização Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.

______. Por uma geografia nova. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1986.

SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização. 14. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

VIANA Manoel Paranaguá na história e na tradição. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1976.

WILHEIM Jorge. Cidades: o substantivo e o adjetivo. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003.

Referências Consultadas

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ANEXOS

FOTOS: ANTES E DEPOIS

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FOTO 20 - Foto antiga do Rocio com a antiga gruta, rua em torno do santuário e o mar onde hoje localiza-se a Praça da Fé. Fonte, Acervo IHGP, (1960 a 1970).

FOTO 21 - Foto atual da gruta do Rocio, fonte de Nilande Ribeiro Filho em 02/ 12/ 2010.

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FOTO 22 - Praça 29 de julho - 1998 fonte do álbum de família da senhora Denise Dittmann, 1998.

FOTO 23 - Foto atual da Praça 29 de julho, fonte de Nilande Ribeiro Filho em 10/12/10.