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Compreensão de Texto Profª Maria Tereza SEFAZ

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Compreensão de Texto

Profª Maria Tereza

SEFAZ

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COMPREENSÃO DE TEXTO

Querido aluno e futuro servidor da Secretaria da Fazenda,

Abaixo, segue o “mapa” de nossas aulas, totalmente focadas no edital.

O objetivo desse polígrafo (apostila é o nome de uma correspondência oficial) é desenvolver de forma simples, mas detalhada, cada um dos assuntos marcados no “mapa”, relacionando-os às possíveis questões da prova.

Em duas aulas, trabalharemos o conteúdo responsável por cinco questões da prova de Língua Portuguesa de 2014.

O edital atual nos promete lindas! questões de Língua Portuguesa; elas nos esperam (provavel-mente) lá em novembro. Nesse dia, vamos detonar a FCC.

Conforme você leu no edital, há outros conteúdos. Eles serão trabalhados pelo Zambeli amadi-nho. Nem preciso dizer que você vai amar as aulas dele, porque é óbvio.

Vamos resolver juntos algumas questões. Contudo, o importante é treinar e trei-nar e treinar... Por isso, o aluno da Casa do Concurseiro conta com a Casa das Questões: uma plataforma com mais de 50 mil questões comentadas em vídeo.

Deu de conversa, amorume. Tenho certeza de que esse concurso será o seu.

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.

O leitor competente é ativo na construção de sentidos. Há quatro estratégias para compreen-derem-se textos:

• formular previsões,

• formular perguntas sobre o texto,

• esclarecer dúvidas e

• resumi-los.

O objetivo principal de várias questões de concursos não é medir o seu conhecimento a respei-to de um conteúdo, mas a sua capacidade de, ao ler o enunciado, extrair as informações capa-zes de indicar a solução correta.

EXEMPLIFICANDO

Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um mila-gre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empre-ender suas viagens.

J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do Medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

1. Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de

a) gosto pela aventura.b) fascínio pelo fantástico.c) temor do desconhecido.d) interesse pela natureza.e) purgação dos pecados.

Todas as alternativas podem ser consideradas corretas quando associadas apenas “ao imaginário das viagens marítimas da época moderna”. Contudo, o texto tem como foco o medo que essas viagens causavam em certos indivíduos, visto terem como “destino” o desconhecido, que podia guardar perigos.

Aula 1

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PROCEDIMENTOS

Compreensão do Texto

1. Observação da fonte bibliográfica, do autor e do título;

2. identificação do tipo de texto (artigo, editorial, notícia, crônica, textos literários, científicos, etc.);

3. leitura do enunciado.

EXEMPLIFICANDO

  Na Inglaterra dos períodos Tudor e Stuart, a visão tradicional era a de que o mundo fora criado para o bem do homem e as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos e ne-cessidades. Tal pressuposto fundamenta as ações dessa ampla maioria de homens que nunca pararam um instante para refletir sobre a questão. Entretanto, os teólogos e intelectuais que sentissem a necessidade de justificá-lo podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos e a Bíblia.

  A natureza não fez nada em vão, disse Aristóteles, e tudo teve um propósito. As plantas foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens. Os animais domésticos existiam para labutar, os selvagens para serem caça dos. Os estoicos tinham ensinado a mesma coisa: a natureza existia unicamente para servir aos interesses humanos.

  Foi nesse espírito que os comentadores Tudor interpretaram o relato bíblico da criação. [...] É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico com que os prega-dores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica.

(Thomas Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 21-22)

Trata-se de um ENSAIO (linguagem predominantemente formal): texto que expõe ideias, críticas e reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema de caráter uni-versal. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de cunho científico. Observe, no enunciado, a expressão “autor concebe” – remete a um texto de opinião.

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1. Trata-se de um ensaio; o autor – Thomas Keith – é um historiador britânico do século XX.

2. O TÍTULO pode constituir o menor resumo possível de um texto. Por meio dele, certas ve-zes, identifica-se a ideia central do texto, sendo possível, pois, descartar afirmações feitas em determinadas alternativas. No excerto em questão, o título do livro – O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). –, somado ao que se afirma no terceiro parágrafo, remete imediatamente o leitor ao gênero do texto que lerá: um breve ensaio baseado em fato histórico acerca da mentalidade do homem dos séculos XVI-XIX.

3. No ENUNCIADO, observa-se a presença da expressão “No excerto” (totalidade), o que nor-teia a estratégia de apreensão das ideias.

4. Destaque das palavras-chave das alternativas (expressões substantivas e verbais).

5. Identificação das palavras-chave no texto.

6. Resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

2. No excerto, o autor concebe a visão tradicional como

a) uma interpretação que entende o homem como uma dentre várias espécies, o que implica isonomia entre elas.

b) uma concepção característica do espírito e cultura dos ingleses, sem nenhuma restrição temporal.

c) um ponto de vista circunstancial necessário, que permitiu ao homem provar sua superiori-dade sobre os animais.

d) uma percepção equivocada, pois pensadores que tentaram entendê-la não achavam su-porte nas culturas que lhes eram contemporâneas.

e) uma suposição tomada como verdadeira e não submetida à análise crítica por aqueles que nela alicerçavam sua prática.

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Identificação da ideia central

PROCEDIMENTOS

• Identificação do “tópico frasal”: intenção textual percebida, geralmente, no 1º e 2º períodos do texto (IDEIA CENTRAL).

• Destaque das palavras-chave dos períodos (expressões substantivas e verbais).

• Identificação das palavras-chave nas alternativas.

• Resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

EXEMPLIFICANDO

Preconceitos

  Preconceitos são juízos firmados por antecipação; são rótulos prontos e aceitos para se-rem colados no que mal conhecemos. São valores que se adiantam e qualificam pessoas, ges-tos, ideias antes de bem distinguir o que sejam. São, nessa medida, profundamente injustos, podendo acarretar consequências dolorosas para suas vítimas. São pré-juízos. Ainda assim, é forçoso reconhecer: dificilmente vivemos sem alimentar e externar algum preconceito.

  São em geral formulados com um alcance genérico: “o povo tal não presta”, “quem nasce ali é assim”, “música clássica é sempre chata”, “cuidado com quem lê muito” etc. Dispensam--nos de pensar, de reconhecer particularidades, de identificar a personalidade própria de cada um. “Detesto filmes franceses”, me disse um amigo. “Todos eles?” − perguntei, provocador. “Quem viu um já viu todos”, arrematou ele, coroando sua forma preconceituosa de julgar.

  Não confundir preconceito com gosto pessoal. É verdade que nosso gosto é sempre se-letivo, mas ele escolhe por um critério mais íntimo, difícil de explicar. “Gosto porque gosto”, dizemos às vezes. Mas o preconceito tem raízes sociais mais fundas: ele se dissemina pelas pes-soas, se estabelece sem apelação, e quando damos por nós estamos repetindo algo que sequer investigamos. Uma das funções da justiça institucionalizada é evitar os preconceitos, e o faz jul-gando com critério e objetividade, por meio de leis. Adotar uma posição racista, por exemplo, não é mais apenas preconceito: é crime. Isso significa que passamos, felizmente, a considerar a gravidade extrema das práticas preconceituosas.

(Bolívar Lacombe)

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3. Atente para as seguintes afirmações.

I – No 1º parágrafo, o autor define o que seja preconceito e avalia a extensão dos prejuízos que sua prática acarreta, considerando ainda a dificuldade de se os evitar plenamente.

II – No 2º parágrafo, o autor reconhece na prática algumas formulações preconceituosas, refor-çando a ideia de que os preconceitos impedem uma identificação adequada das coisas e das pessoas.

III – No 3º parágrafo, o autor estabelece um paralelo entre o juízo preconceituoso, passível de penalização, e o juízo decorrente do gosto pessoal, que se rege por critérios interiorizados e difíceis de definir.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.b) I e II, apenas.c) II e III, apenas.d) I e III, apenas.e) II, apenas.

ERROS COMUNS

EXTRAPOLAÇÃO

Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, normal-mente porque já conhecia o assunto devido à sua bagagem cultural.

REDUÇÃO

É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de que o texto é um conjunto de ideias.

CONTRAPOSIÇÃO

Consiste em entender como correto o oposto do que se afirma no texto.

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EXEMPLIFICANDO

Vista Cansada

  Acho que foi Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despe-dida, de quem não crê que a vida continua, não admira que Hemingway tenha acabado como acabou. Fugiu enquanto pôde do desespero que o roía − e daquele tiro brutal que acabou dan-do em si mesmo.

  Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não vendo. Experi-mente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

  Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou trinta e dois anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer. Como era ele? Sua cara? Sua voz? Não fazia a mínima ideia. Em trinta e dois anos, nunca o viu. Para ser notado, o portei-ro teve que morrer.

  O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos. Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

(Otto Lara Resende, Bom dia para nascer.)

4. Deve-se entender o título do texto − Vista cansada − como uma alusão do autor ao fato de que

a) os pessimistas, como Hemingway, acreditam que nosso olhar para as coisas implica sempre uma visão de despedida da vida.

b) os poetas, ao contrário de Hemingway, pensam ver tudo como se estivessem sempre se revelando um mundo inteiramente original.

c) nós tendemos a deixar de ver as coisas porque mecanizamos nosso olhar, não distinguindo o que lhes é característico.

d) nós tendemos a reparar tão somente nos detalhes das coisas, perdendo o sentido da visão do conjunto a que se integram.

e) nós tendemos, com o tempo, a enfraquecer nossa visão das coisas pelo excesso de atenção que nos esforçamos para lhes dedicar.

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Trata-se de uma crônica: a palavra crônica deriva do Latim chronica, que significava, no início do Cristianismo, o relato de acontecimentos em sua ordem temporal (cronológica). Era, portanto, um registro cronológico de eventos. É, primordialmente, um texto escrito para ser publicado em jornais e revistas, o que lhe determina vida curta. Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro, visto que este inclui em seu texto ficção, fantasia e criticismo. Pode-se dizer, pois, que tal gênero situa-se entre o jornalismo e a literatura – o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia a dia. Na maioria dos casos, é um texto curto narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Apresentam, comumente, linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária.

Comentário:

(A) EXTRAPOLAÇÃO: os pessimistas > Hemingway.

(B) EXTRAPOLAÇÃO: os poetas > o poeta.

(D) REDUÇÃO: detalhes das coisas < um vazio.

(E) CONTRAPOSIÇÃO: excesso de atenção.

ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS

1. COMPREENSÃO DE PALAVRAS DESCONHECIDAS = PARÁFRASES, CAMPO SEMÂNTICO e ETI-MOLOGIA.

Paráfrase = versão de um texto, geralmente mais extensa e explicativa, cujo objetivo é torná-lo mais fácil ao entendimento.

Campo Semântico = conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento.

Exemplo: escola – aluno, professor, livro, quadro de giz...

Etimologia (do grego antigo) é a parte da gramática que trata da história ou da origem das palavras e da explicação do significado de palavras por meio da análise dos elementos que as constituem (morfemas). Por outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica.

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EXEMPLIFICANDO

  Um estudo publicado recentemente mostra que a civilização maia da América Central ti-nha um método sustentável de gerenciamento da água. Esse sistema hidráulico, aperfeiçoado por mais de mil anos, foi pesquisado por uma equipe norte-americana.

  As antigas civilizações têm muito a ensinar para as novas gerações. O caso do sistema de coleta e armazenamento de água dos maias é um exemplo disso. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade de Tikal, na Gua-temala. Durante o estudo, coordenado por Vernon Scarborough, da Universidade de Cincinnati, em Ohio, e publicado na revista científica PNAS, foram descobertas a maior represa antiga da área maia, a construção de uma barragem ensecadeira para fazer a dragagem do maior reservatório de água em Tikal, a presença de uma antiga nascente ligada ao início da colonização da região, em torno de 600 a.C., e o uso de filtragem por areia para limpar a água dos reservatórios. [...]

  No final do século IX, a área foi abandonada, e os motivos que levaram ao seu colapso ainda são questionados e de batidos pelos pesquisadores. Para Scarborough, é muito difícil di-zer o que de fato aconteceu. “Minha visão pessoal é que o colapso envolveu diferentes fatores que convergiram de tal modo nessa sociedade altamente bem-sucedida que agiram como uma ‘perfeita tempestade’. Nenhum fator isolado nessa coleção poderia tê-los derrubado tão seve-ramente”, disse o pesquisador à Folha de S. Paulo.

  Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a ruína dessa sociedade, uma vez que eles dependiam muito dos reservatórios que eram preenchidos pela chuva. É provável que a população tenha crescido muito além da capacidade do ambiente, levando em consideração as limitações tecnológicas da civilização. “É importante lembrar que os maias não estão mortos. A população agrícola que permitiu à civilização florescer ainda é muito viva na América Central”, lembra o pesquisador.

(Adaptado de Revista Dae, 21 de Junho de 2013, www.revistadae.com.br/novosite/noticias_interna.php?id=8413)

Trata-se de uma notícia: conteúdo de uma comunicação antes desconhecida, informa-do pela sua relevância social. O conteúdo de uma notícia deve responder às perguntas seguintes: “quem?”, “o quê?”, “quando?”, “onde?”, “por quê?”, “para quê?” e “como?”. Entre suas principais características, destacam-se a veracidade, a objetividade (o jor-nalista não deve emitir juízos de valor ao apresentar a notícia), a clareza, a brevidade, a generalidade (a notícia deve ser do interesse social, e não particular) e a atualidade.

5. Considerado o contexto, o segmento cujo sentido está adequadamente expresso em outras palavras é

a) permitiu à civilização florescer (último parágrafo) = possibilitou a refutação da barbárie b) para fazer a dragagem do maior reservatório (2º parágrafo) = para empreender a drenagem

da eclusa mais funda c) os motivos que levaram ao seu colapso (3º parágrafo) = as razões que conduziram à sua

derrocada

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d) os pesquisadores fizeram uma escavação arqueológica (2º parágrafo) = os diletantes realizaram um experimento geomorfológico

e) método sustentável de gerenciamento da água (1º parágrafo) = procedimento ambiental de dissipação hídrica

Hermético e postiço, jargão incentiva "espírito de corpo"

  Na maioria dos textos produzidos no universo corporativo, vê-se um registro muito par-ticular da língua, nem sempre compreensível aos “não iniciados”. É o que se pode chamar de “jargão corporativo”, uma linguagem hoje dominada por grande quantidade de decalques do inglês − ou ingênuas traduções literais.

  O termo “jargão”, que em sua origem quer dizer “fala ininteligível”, guarda certa marca pe-jorativa, fruto de sua antiga associação ao pedantismo, ao uso da linguagem empolada. Embo-ra os jargões sejam coisa muito antiga, foi nos séculos 19 e 20 que proliferaram na Europa, fruto de uma maior divisão do trabalho nas sociedades industriais. Na época, já figuravam entre as suas características o uso de termos de línguas estrangeiras como sinal de prestígio e o empre-go de metáforas e eufemismos, exatamente como vemos hoje.

  Os jargões são alvo constante da crítica não só por abrigarem muitas expressões de outras línguas, o que lhes confere um ar postiço e hermético, como por seu viés pretensioso. A crítica a esse tipo de linguagem tem fundamento na preocupação com a “pureza” do idioma e com a perda de identidade cultural, opinião que, para outros, revela traços de xenofobia.

  Essa é uma discussão que não deve chegar ao fim tão cedo, mas é fato que os jargões têm claras funções simbólicas: por um lado, visam a incentivar o “espírito de corpo”, o que deve justificar o empenho das empresas em cultivá-los (até para camuflar as relações entre patrão e empregado), e, por outro, promovem a inclusão de uns e a exclusão de outros, além, é claro, de impressionar os neófitos.

(Adaptado de: CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Caderno “Negócios e carreiras”, do jornal Folha de S. Paulo. São Pau-lo, 24 de março de 2013. p. 7)

Trata-se de um artigo: texto jornalístico que expressa a opinião de alguém sobre um assunto que desperta o interesse da opinião pública. Geralmente, quem esse tipo de gênero textual é um indivíduo notável nas artes, na política ou em outras áreas. Seu objetivo é, via de regra, influenciar o ponto de vista do leitor. Entre suas características estilísticas se destaca a linguagem formal, objetiva simples. Sua principal diferença em relação ao editorial é o fato de ser assinado.

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6. No título e no último parágrafo, a autora aproxima intencionalmente, de modo criativo, as palavras “espírito” e “corpo”. No texto, a expressão “espírito de corpo” assume um sentido mais diretamente relacionado a agrupamentos que se constituem no universo

a) a religião. b) do trabalho. c) da geografia. d) da medicina. e) do esporte.

Adeus, caligrafia

O anúncio do fim dos exercícios para aprimoramento da letra cursiva – as velhas práticas de caligrafia – ocorreu recentemente em Indiana, nos Estados Unidos. Dezenas de escolas já ado-taram o currículo que desobriga os estudantes de ter uma “boa letra” – já dada como anacro-nismo.

7. Caso desconhecesse o significado da palavra “anacronismo”, a fim de apreendê-lo sem o uso do dicionário, o leitor poderia valer-se

I – sua função sintática.

II – paráfrase existente no 1º período.

III – significado dos morfemas que a compõem.

Quais afirmativas estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e II.e) Apenas II e III.

2. BUSCA DE PALAVRAS “FECHADAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser incorreta):

• advérbios;

• expressões totalizantes;

• expressões enfáticas;

• expressões restritivas.

3. BUSCA DE PALAVRAS “ABERTAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser a correta):

• Possibilidades;

• hipóteses (provavelmente, é possível, uso do futuro do pretérito do indicativo (-ria) , modo subjuntivo...).

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EXEMPLIFICANDO

Filosofia de borracharia

  O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora: nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava apenas um bocado mur-cho.

  − Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de pouquíssimos den-tes e enorme simpatia.

  O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente ignorância é es-pecializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do nosso carro periclitante tinha se esva-ziado ao longo da estrada. Não era para menos. Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na Suíça ou na Itália.

  Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo um providencial borrachei-ro dar nova carga a um pneu sgonfiato. Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu, embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a Istam-bul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros de viagem, me pus a teorizar.

  Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu. Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem sabe para a alma.

* Camminando si sgonfia = andando se esvazia.

(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre, Arquipélago, 2011, p. 85-86)

8. A expressão em italiano, dirigida aos dois jovens casais pelo borracheiro,

a) deu oportunidade a que todos reconhecessem na frase do borracheiro a filosofia que ele havia incutido nela para orientar os jovens.

b) foi tomada em sentido puramente metafórico, já que parecia não se aplicar ao problema que os fez parar na borracharia.

c) confundiu ainda mais aqueles aventureiros, que já se sentiam um tanto perdidos no emaranhado de estradas fronteiriças.

d) deu aos turistas a certeza de que se encontravam na Itália, embora eles não atinassem com o sentido daquelas palavras.

e) acabou propiciando uma interpretação mais abrangente, que resultou numa teoria posteriormente levantada numa refeição.

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Inferência

INFERÊNCIA = ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do texto, de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Enunciados = “Infere-se”, Deduz-se”, “Depreende-se”, etc.

Observe as seguintes frases:

a) Viajei nas férias, mas voltei cansadíssimo.

Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita:

a) que ele viajou nas férias;

b) que ele retornou cansado.

Ao ligar as duas informações por meio de “mas”, comunica também, de modo implícito, a que-bra de uma expectativa: durante as férias, descansa-se.

b) Os alunos ainda não chegaram ao local da prova.

Pressuposto: Os alunos já deviam ter chegado ou os alunos chegarão mais tarde.

c) Sua paixão tornou-se pública.

Pressuposto: A paixão não era pública antes.

EXEMPLIFICANDO

“Na minha nova pátria eu tentaria não escrever mais sobre o que por estas bandas tem me angustiado ou ameaça transformar-se num tristíssimo tédio: sempre os mesmos assuntos? Mandaria só questionamentos sobre o que faz a vida valer a pena: as coisas humanas, como fa-mília, educação, transformações, relacionamentos e separação, responsabilidades e escolhas, alegria, vida e morte, incomunicabilidade e o mistério de tudo – até a dor (mas que seja uma dor decente).”

Lya Luft (adaptado)

9. No período até a dor (mas que seja uma dor decente) ao utilizar a palavra até, a autora

a) exclui a dor como parte que faz a vida valer a pena.b) inclui a dor como algo valioso para a vida.c) relega a dor a mero sintoma.d) refuta a dor como argumento à sua posição.e) equipara a dor à vida.

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INTERTEXTUALIDADE

Um texto remete a outro, contendo em si – muitas vezes – trechos ou temática desse outro com o qual mantém “diálogo”. Geralmente, os textos-fonte são aqueles considerados funda-mentais em uma determinada cultura.

• Paródia: subversão do texto fonte, recriando-o de maneira satírica e/ou crítica.

Trecho do poema de “Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade

“Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.”

Trecho do poema “Até o fim” de Chico Buarque

“Quando nasci veio um anjo safadoO chato do querubimE decretou que eu estava predestinadoA ser errado assim”

• Paráfrase: reprodução das ideias de um texto, utilizando-se, contudo, outras palavras, nova organização.

Texto Original“Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.”(Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”)

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Texto Parafraseado“Meus olhos brasileiros se fecham saudososMinha boca procura a ‘Canção do Exílio’.Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?Eu tão esquecido de minha terra...Ai terra que tem palmeirasOnde canta o sabiá!”(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)

• Citação: um texto reproduz outro texto ou parte dele. Para sinalizar que houve a reprodu-ção de outro texto, são utilizados alguns marcadores, como as aspas.

Em entrevista à revista Veja, Milton Santos aponta: “A geografia brasileira seria outra se todos os brasileiros fossem verdadeiros cidadãos. O volume e a velocidade das migrações seriam me-nores. As pessoas valem pouco onde estão e saem correndo em busca do valor que não têm”.

EXEMPLIFICANDO

10. A charge anterior demonstra uma forma de intertextualidade conhecida como paródia, na qual uma concepção textual

a) propõe a recriação de outra de modo a inserir fielmente traços que exponham a mesma temática por meio de recortes temáticos.

b) apresenta uma recriação próxima formalmente da original, mas diferenciada quanto ao tema a fim de promover humor ou crítica.

c) demonstra uma cópia do tema original, de modo que a forma seja completamente reestruturada em seu porte.

d) copia toda a ideia original de modo a promover críticas sociais, a partir de uma mera mudança na concepção artística.

e) utiliza os mesmos traços de construção estrutural de uma obra preexistente com o único intuito de constituir homenagem crítica.

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EXTRATEXTUALIDADE

A questão formulada por meio do texto encontra-se fora do universo textual, exigindo do aluno conhecimento mais amplo de mundo.

EXEMPLIFICANDO

11. A charge é uma releitura da famosa tela de Munch, denominada “O Grito”. O diálogo estabele-cido por Marco Aurélio com a pintura tem por objetivo

a) por meio da figura de um homem, representar o medo da sociedade porto-alegrense, que se encontra presa, devido à violência que impera nas ruas da cidade.

b) por meio de uma figura feminina, representar as dores de amor sofridas pelas mulheres atualmente, o que se comprova por intermédio da figura do coração atingido por uma fle-cha.

c) por meio das grades, representar a necessidade da construção de mais presídios na cidade de Porto Alegre, devido à violência que há no local.

d) por meio do texto não verbal, evidenciar que o texto verbal é desnecessário à compreen-são da crítica estabelecida na charge.

e) por meio de uma figura andrógina, representar momento de profunda angústia e deses-pero por que passam alguns seres humanos vítimas de sério problema social que afeta a comunidade porto-alegrense na atualidade.

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TIPOLOGIA TEXTUAL

Forma como o texto se organiza em relação à informação que será apresentada, aos aspectos sintáticos, aos tempos dos verbos, às relações lógicas etc. Dificilmente se encontram textos com características unicamente narrativas ou descritivas, por exemplo. O que ocorre é a predo-minância.

Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anteriori-dade e posterioridade (observa-se a passagem do tempo). O tempo verbal predominante é o passado.

Exemplo:

Eduardo e Mônica

Quem um dia irá dizerQue existe razãoNas coisas feitas pelo coração?E quem irá dizerQue não existe razão?Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantarFicou deitado e viu que horas eramEnquanto Mônica tomava um conhaqueNo outro canto da cidade, como eles disseram.Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem quererE conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer…Um carinha do cursinho do Eduardo que disse:“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”Festa estranha, com gente esquisita“Eu não tô legal”, não aguento mais birita”E a Mônica riu, e quis saber um pouco maisSobre o boyzinho que tentava impressionar

E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa

“É quase duas, eu vou me ferrar…”

Eduardo e Mônica trocaram telefone

Depois telefonaram e decidiram se encontrar

Aula 2

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O Eduardo sugeriu uma lanchonete,Mas a Mônica queria ver o filme do GodardSe encontraram então no parque da cidadeA Mônica de moto e o Eduardo de “camelo”O Eduardo achou estranho, e melhor não comentarMas a menina tinha tinta no cabelo[...]Construíram uma casa há uns dois anos atrásMais ou menos quando os gêmeos vieramBatalharam grana, seguraram legalA barra mais pesada que tiveramEduardo e Mônica voltaram pra BrasíliaE a nossa amizade dá saudade no verãoSó que nessas férias, não vão viajarPorque o filhinho do Eduardo tá de recuperação[...]

Renato Russo

Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que compõem determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Usa-se da adjetivação para tal.

Exemplo:

A casaEra uma casaMuito engraçadaNão tinha tetoNão tinha nadaNinguém podiaEntrar nela nãoPorque na casaNão tinha chãoNinguém podiaDormir na redePorque a casaNão tinha parede

[...]

Vinícius de Moraes

Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias e opiniões gerais, seguidas da apresen-tação de argumentos que as defendam e comprovem.

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Exemplo:

“Ética, cidadania e segurança pública são valores entrelaçados. Não pode haver efetiva vigência da cidadania em uma sociedade que não se guie pela ética. Não vigora a ética onde se suprima ou se menospreze a cidadania. A segurança pública é direito do cidadão, é requisito de exercí-cio da cidadania. A segurança pública é também um imperativo ético.

A luta pela ética, pela construção da cidadania e pela preservação da segurança pública não constitui dever exclusivo do Estado. Cabe ao povo, às instituições sociais, às comunidades, par-ticipar desse processo político de sedimentação de valores tão essenciais à vida coletiva.”

Exposição: apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias, explica e avalia e reflete Não faz defesa de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo argumen-tativo. O texto expositivo apenas revela ideias sobre um determinado assunto. Por meio da mescla entre texto expositivo e narrativo, obtém-se o que conhecemos por relato.

Exemplo:

“A disseminação do vírus H1N1, causador da gripe denominada Influenza A, ocorre, principal-mente, por meio das gotículas expelidas na tosse e nos espirros, do contato com as mãos e os objetos manipulados pelos doentes e do contato com material gastrointestinal. O período de incubação vai de dois a sete dias, mas a maioria dos pacientes pode espalhar o vírus desde o primeiro dia de contaminação, antes mesmo do surgimento dos sintomas, e até aproximada-mente sete dias após seu desaparecimento. Adverte-se, pois, que as precauções com secreções respiratórias são de importância decisiva, motivo pelo qual são recomendados cuidados espe-ciais com a higiene e o isolamento domiciliar ou hospitalar, segundo a gravidade de cada caso.”

Injunção: indica como realizar uma ação, tomar atitudes a partir de uma sequência de coman-dos por meio do convencimento. Também é utilizado para predizer acontecimentos e compor-tamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, exprimem or-dem, solicitação, pedido. Os pronomes, geralmente, são os da segunda pessoa do discurso.

Exemplo:

Os anjosPegue duas medidas de estupidezJunte trinta e quatro partes de mentiraColoque tudo numa formaUntada previamenteCom promessas não cumpridasAdicione a seguir o ódio e a invejaDez colheres cheias de burriceMexa tudo e misture bemE não se esqueça antes de levar ao forno temperarCom essência de espírito de porcoDuas xícaras de indiferençae um tablete e meio de preguiça [...]

Renato Russo

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Obs.1:

Alguns teóricos não listam as tipologias “Argumentativa” e “Expositiva”. Para eles exis-te a tipologia “Dissertativa”, que se subdivide em “Dissertativa Expositiva” (sem juízos de valor) e “Dissertativa Argumentativa” (defesa de tese).

Obs.2:

Modernamente, inclui-se a tipologia “Dialogal” (reprodução de uma conversa) em tal estudo.

Exemplo:

Olá, como vai?Eu vou indo e você, tudo bem?Tudo bem eu vou indo correndoPegar meu lugar no futuro, e você?Tudo bem, eu vou indo em buscaDe um sono tranquilo, quem sabe…Quanto tempo… pois é…Quanto tempo…[...]

Paulinho da Viola

EXEMPLIFICANDO

Os dicionários de meu pai

  Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca havia visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Aze-vedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco grandes volumes do dicionário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mão numa estante giratória. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era como se ele, cansado, me passasse um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante. E por um tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa; o amor aos dicionários, para o sérvio Milorad Pavic, autor de romances-enciclopédias, é um traço infantil de caráter de um homem adulto.

  Palavra puxa palavra, e escarafunchar o dicionário analógico foi virando para mim um pas-satempo. O resultado é que o livro, herdado já em estado precário, começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante das relíquias ao descobrir, num sebo atrás da sala Cecília Meireles, o mesmo dicionário em encadernação de percalina. Por dentro estava em boas con-dições, apesar de algumas manchas amareladas, e de trazer na folha de rosto a palavra anauê, escrita a caneta-tinteiro.

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  Com esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo dar sinais de fadiga, saí de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro para me ga-rantir um dicionário analógico de reserva. Encontrei dois, mas não me dei por satisfeito, fiquei viciado no negócio. Dei de vasculhar livrarias país afora, só em São Paulo adquiri meia dúzia de exemplares, e ainda arrematei o último à venda a Amazom.com antes que algum aventureiro o fizesse. Eu já imaginava deter o monopólio (açambarcamento, exclusividade, hegemonia, se-nhorio, império) de dicionários analógicos da língua portuguesa, não fosse pelo senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta também tem um quiçá carcomido pelas traças (brocas, carunchos, gusanos, cupins, térmitas, cáries, lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros).

  A horas mortas eu corria os olhos pela minha prateleira repleta de livros gêmeos, escolhia um a esmo e o abria a bel-prazer. Então anotava num Moleskine as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com que embasbacaria as moças e esmagaria meus rivais.

  Hoje sou surpreendido pelo anúncio desta nova edição do dicionário analógico de Fran-cisco Ferreira dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade, revirassem meus baús, espalhassem ao vento meu tesouro. Trata-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra, atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.

(Francisco Buarque de Hollanda, Revista Piauí, junho de 2010)

12. O modo predominante de organização textual é

a) descritivo.b) narrativo.c) argumentativo.d) dissertativo.e) injuntivo.

A Carta de Pero Vaz de Caminha

  De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu nos do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, pa-recendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.

(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações)

13. A respeito do trecho da Carta de Caminha e de suas características textuais, é correto afirmar que

a) No texto, predominam características argumentativas e descritivas.b) O principal objetivo do texto é ilustrar experiências vividas por meio de uma narrativa fictícia.c) O relato das experiências vividas é feito com aspectos descritivos.d) A intenção principal do autor é fazer oposição aos fatos mencionados.e) O texto procura despertar a atenção do leitor para a mensagem através do uso predomi-

nante de uma linguagem figurada.

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Chutney de berinjela

1 pimentão amarelo

2 pimentões verdes

2 pimentões vermelhos

2 berinjelas

200 g de passas

Picar todos os ingredientes e misturar com as passas. Pôr tudo numa assadeira com sal, ½ copo de azeite, ½ copo de vinagre. Levar ao forno até a berinjela ficar bem cozida.

14. Considere as afirmações.

I – O texto insere-se em apenas uma tipologia, a saber, a injuntiva.

II – O texto insere-se predominantemente nas tipologias descritiva e injuntiva.

III – Tal gênero de texto é chamado (além de prescritivo) de instrucional.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e II.e) I, II e III.

GÊNEROS TEXTUAIS

EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) não ex-pressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntos bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública acerca de determinado tema, dirigindo-se (ex-plícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções.

ARTIGOS: são textos autorais – assinados –, cuja opinião é da inteira responsabilidade de quem o escreveu. Seu objetivo é o de persuadir o leitor.

NOTÍCIAS: são autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu objetivo é tão somente o de informar, não o de convencer.

CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é pre-dominantemente coloquial.

BREVE ENSAIO: é autoral; trata-se de texto opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autor expressa a sua opinião. Geralmente, aborda assuntos universais.

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PEÇA PUBLICITÁRIA: modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empre-sa, ideia ou política, visando a influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação. A propaganda comercial é chamada, também, de publicidade. Ao contrário da busca de imparcialidade na comunicação, a propaganda apresenta informações com o obje-tivo principal de persuadir. Para tal, frequentemente, apresenta os fatos seletivamente (possi-bilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Costuma ser estruturada por meio de frases curtas e em ordem direta, utilizando elementos não verbais para reforçar a mensagem.

CHARGE: é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social mediante o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.

CARTUM: retrata situações sociais corriqueiras, relacionadas ao comportamento humano, mas não necesariamente situadas no tempo. Caracteriza-se por ser uma anedota gráfica na qual se visualiza a presença da linguagem verbal associada à não verbal.

QUADRINHOS: hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas peculia-ridades.

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EXEMPLIFICANDO

15. Assembleia Legislativa do Maranhão promoveu audiência pública sobre violência e o extermínio de jovens no Brasil e no Maranhão; o cartaz da campanha encontra-se copiado abaixo.

Em relação ao cartaz, assinale a afirmativa incorreta.

a) Como a mão representada no cartaz aparece, no original, em cor vermelha, há nela uma referência a sangue.

b) A representação da mão espalmada indica uma solicitação de interrupção da violência.c) O extermínio de jovens está incluído entre crimes mais graves e não entre casos de

violência.d) A violência e o extermínio de jovens são os objetivos da condenação da campanha.e) Os vários nomes de pessoas colocados no cartaz devem representar casos de violência já

ocorridos.

Texto para a questão 16.

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16. O efeito de sentido de humor, nessa charge,

a) é pouco perceptível, porque decorre de um enunciado sem nexo lógico com a realidade.b) decorre da constatação, pelo orador, dos principais feitos da humanidade ao longo de sua

existência.c) independe da associação entre a fala e os signos gráficos, porque a situação em que ocorre

a fala desmente o que o orador afirma.d) surge a partir do equívoco que consiste em criar uma situação solene para o orador expor

ideias desconexas.e) é produzido pela interpretação dada à palavra humanidade, decorrente da deformação do

sentido do ditado popular citado pelo orador.

Texto para a questão 17.

http://www1.folha. Uol.com.br/ilustrada/cartum/cartunsdiarios

17. No cartum, a expressão “me sinto bloqueado” significa que o cliente está

a) numa situação de vergonha e tristeza. b) sem vergonha de falar o que pensa. c) sem condições de falar sobre si mesmo. d) com desejo de abandonar o tratamento. e) com vergonha de mudar de posição no divã.

Quadrinhos para a questão 18.

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QUINO, Mafalda 10. São Paulo: Martins Fontes, 2010. p. 20.

18. Nos quadrinhos acima, destaca-se a seguinte ideia:

a) a constatação de que existem erros de impressão num conhecido jornal forma o efeito humorístico da tira.

b) a notícia de jornal é compreendida de forma diferente, conforme a faixa etária e a perspectiva do leitor.

c) a formatação diferenciada do jornal, no terceiro quadrinho, enfatiza a falta de objetividade da notícia.

d) a semelhança entre a perspectiva do adulto e a das crianças fica evidente no quarto quadrinho.

e) a notícia de jornal não pode ser compreendida de formas diferentes.

SEMÂNTICA

Sinonímia e Antonímia

Sinônimos: vocábulos que apresentam significado semelhante entre si, conforme o contexto.

Ex: certo, correto, verdadeiro, exato.

A contribuição greco-latina é responsável pela existência de numerosos pares de sinônimos:

translúcido (lat. para além de, através) e diáfano (gr. para além de, através);

semicírculo (lat. metade) e hemiciclo (gr. metade);

contraveneno (lat. oposição) e antídoto (gr. oposição);

transformação (lat. troca) e metamorfose (gr. mudança);

Antônimos: palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acrés-cimo de um prefixo de sentido oposto ou negativo.

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Exemplos:

mal X bempossível X impossível

simpático X antipático

EXEMPLIFICANDO

“O amor acaba”, disse Paulo Mendes Campos, em sua crônica mais bonita; só não disse o que fica no lugar. É na esperança, talvez, de entender essa estranha melancolia, esse vazio preen-chido por boas lembranças e algumas cicatrizes, que a encontro a cada ano ou dois. Marcamos um almoço num dia de semana. Falamos do passado, mas não muito. Falamos do presente, mas não muito. Há uma vontade genuína de se aproximar e o tácito reconhecimento dessa impossibilidade.

Dois velhos amigos, quando se reveem, voltam no ato para o território comum de sua amizade. Reconstroem o pátio da escola, o prédio em que moraram − e o adentram. Para antigos aman-tes, no entanto, é impossível restabelecer o elo, o elo morreu com o amor, era o amor. O que sobra é feito um cômodo dentro da gente, cheio de objetos valiosos, porém trancado. Senti-mos saudades do que está ali dentro, mas não podemos nem queremos entrar. Como disse um grego que viveu e amou há 2.500 anos: não somos mais aquelas pessoas nem é mais o mesmo aquele rio.

Uma vez vi um filme em que alguém declarava: “Se duas pessoas que um dia se amaram não pu-derem ser amigas, então o mundo é um lugar muito triste”. O mundo é um lugar triste, mas não porque antigos amantes não podem ser amigos: sim porque o passado não pode ser recuperado.

(Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S.Paulo, 20/02/2013)

19. Há uma vontade genuína de se aproximar e o tácito reconhecimento dessa impossibilidade. (1º parágrafo)

Considerando-se o contexto, os termos grifados acima podem ser corretamente substituídos, na ordem dada, por

a) crescente − silencioso b) verdadeira − nefasto c) legítima − implícito d) real − ilusório e) sincera − sombrio

A confirmação de que “genuína” poderia ser substituída por “legítima” pode ser inferida por meio da leitura do trecho “É na esperança [...] marcamos um almoço...”, que remete à “verdadeira” vontade de aproximação. Quanto à palavra “tácito”, substituível por “implícito”, é possível inferir seu significado por meio da leitura do trecho “Falamos [...] mas não muito”.

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  A história é uma disciplina definida por sua capacidade de lembrar. Poucos se lembram, porém, de como ela é capaz de esquecer. Há também quem caracterize a história como uma ciência da mudança no tempo, e quase ninguém aponta sua genuína capacidade de reiteração.

  A história brasileira não escapa dessas ambiguidades fundamentais: ela é feita do enca-deamento de eventos que se acumulam e evocam alterações substanciais, mas também anda repleta de lacunas, invisibilidades e esquecimentos. Além disso, se ao longo do tempo se des-tacam as alterações cumulativas de fatos e ocorrências, não é difícil notar, também, a presença de problemas estruturais que permanecem como que inalterados e assim se repetem, vergo-nhosamente, na nossa história nacional.

  Nessa lista seria possível mencionar os racismos, o feminicídio, a corrupção, a homofobia e o patrimonialismo. Mas destaco aqui um tema que, de alguma maneira, dá conta de todos os demais: a nossa tremenda e contínua desigualdade social. Desigualdade não é uma contingên-cia nem um acidente qualquer, tampouco uma decorrência natural e mutável de um processo que não nos diz respeito. Ela é consequência de nossas escolhas — sociais, educacionais, políti-cas, culturais e institucionais —, que têm resultado em uma clara e crescente concentração dos benefícios públicos nas mãos de poucos. (...) Quando se trata de enfrentar a desigualdade, não há saída fácil ou receita de bolo. Prefiro apostar nos alertas que nós mesmos somos capazes de identificar.

Lilia Moritz Schwarcz. Desigualdade é teimosia. Internet: (com adaptações).

20. O texto é construído sobre uma série de dicotomias conceituais, isto é, de pares de noções opostas entre si, a exemplo do formado pelos termos

a) “mudança” e “reiteração” b) “ao longo do tempo” e “alterações cumulativas” c) “contingência” e “acidente” d) “Desigualdade” e “concentração” e) “disciplina” e “ciência”

Hiponímia e Hiperonímia

Observe este enunciado:

“Fomos à feira e compramos maçã, banana, abacaxi, melão... Estavam baratas, pois são frutas da estação.”

Hiperonímia (frutas) = como o próprio prefixo indica, confere ideia de todo; do todo se origi-nam ramificações.

Hiponímia = (maçã, banana, abacaxi, melão) o oposto de hiperonímia; cada parte, cada item de um todo.

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EXEMPLIFICANDO

21. Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, o seguinte par de palavras:

a) estrondo – ruído.b) pescador – trabalhador.c) pista – aeroporto.d) piloto – comissário.e) aeronave – jatinho.

Polissemia

Significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”, contudo, assim que se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico, isto é, signifi-cado contextual.

Os vários significados de uma palavra, em geral, têm um traço em comum. A cada um deles dá--se o nome de acepção.

• A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.

• Ele é o cabeça da rebelião.

• Sabrina tem boa cabeça.

EXEMPLIFICANDO

Stela era irredutível no seu método terapêutico, dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal, sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o mundo como ele é”. Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embo-ra. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não era bom para seu futuro. Não a culpo.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

22. Assinale a alternativa que apresenta uma forma verbal que expressa o sentido contextual da palavra turvava.

a) distorcia b) refletia c) repetia d) endurecia e) esclarecia

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Denotação e Conotação

Denotação é a significação objetiva da palavra – valor referencial; é a palavra em “estado de dicionário“.

Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realida-des devido às associações que ela provoca.

EXEMPLIFICANDO

A marca da solidão

  Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de pe-numbra na tarde quente.

  Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver para, apenas, ver.

Quando se tem a marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.

(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)

23. No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido figurado é

a) menino. b) chão. c) testa. d) penumbra. e) tenda.

Gabarito: 1. C 2. E 3. A 4. C 5. C 6. B 7. E 8. E 9. B 10. B 11. E 12. B 13. C 14. C 15. C 16. E 17. C  18. B 19. C 20. A 21. E 22. A 23. E