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“Segundo Tratado sobre o Governo Civil” John Locke

Segundo Tratado sobre o Governo Civil John Locke

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“Segundo Tratado sobre o Governo Civil”

John Locke

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Segundo Tratado sobre o Governo Civil

No “Segundo Tratado sobre o Governo Civil”, Locke expõe a sua teoria política.

O primeiro tratado, de tom polémico, delineia, ponto por ponto, a refutação do

paternalismo de Robert Filmer baseado na Bíblia.

Locke rejeita que os princípios políticos sejam extraídos de passagens da Escritura.

O paternalismo de Filmer fundamentava a defesa da monarquia absoluta na ideia de

que ao homens não são livres, mas sim escravos.

A refutação de tal tese no primeiro tratado permite fundar a limitação do poder dos

governantes na liberdade e igualdade naturais dos seres humanos.

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O segundo tratado propõe-se a estabelecer de um modo positivo “ a origem, os

limites e os fins verdadeiros do poder civil”.

O conjunto formado por ambos os tratados constitui na época uma das mais

vigorosas refutações da monarquia absoluta e legou à posteridade a concepção da

exigência de subordinar a actividade dos governantes ao consentimento popular.

John Locke transferiu o racionalismo para a política, para a análise social. A partir da

crítica e da razão, desenvolveu a concepção da bondade natural humana e sua

capacidade de construir a própria felicidade, ideias que confrontavam com as bases

teóricas do estado absolutista, o seu estado contemporâneo.

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Capítulo I Capítulo introdutório

Nele, Locke faz a ligação entre os dois Tratados;

Locke refere que o Primeiro Tratado consiste na refutação da teoria de Robert Filmer

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Capítulo II“DO ESTADO NATURAL”

pretende-se saber qual é o “estado natural” do homem, concluindo que este é um estado de

Igualdade.

três direitos naturais que caracterizam o indivíduo em Locke: vida, a liberdade e propriedade.

Para Locke, estes direitos podem reduzir- se à propriedade.

No estado natural, todo o homem tem direito à lei natural; a execução desta lei compete a cada

indivíduo, consequentememte cada Homem tem o direito de castigar os infractores desta lei.

Podem surgir algumas dúvidas na execução da lei natural. O governo civil surge como uma

solução a estes inconvenientes do estado de natureza.

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Capítulo III“ESTADO DE GUERRA”

“O estado de guerra é um estado de inimizade e destruição.”

Considera-se inimigo todo aquele que atenta sobre a vida, a liberdade ou a

propriedade de outrem.

No estado natural é lícito destruir aquilo que ameaça com destruição.

Para tentar evitar o estado de guerra, os indivíduos unem-se em sociedade e deixam

o estado natural.

“gnoseologia humana”: o acesso a Deus será a resposta lockeana ao estado de

anomia hobbesina. “Quando não há juiz sobre a Terra, tem lugar o apelo a Deus no

Céu.”

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Capítulo IV“DA ESCRAVIDÃO”

A liberdade natural dos homens deve guiar-se somente pela lei natural.

A liberdade dos homens sob governo deve ter uma regra comum a todos os membros

dessa sociedade.

A liberdade é de extrema importância e necessidade para a preservação do homem e por

isso não lhe é permitido desfazer-se dela.

não possuindo o poder da própria vida, não pode escravizar-se.

A escravidão mais não é do que um estado de guerra contínua entre “o justo vencedor e o

cativo”.

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Capítulo V“DA PROPRIEDADE”

A terra é comum a todos os homens, cada homem tem uma propriedade em

sua própria pessoa, a esta propriedade ninguém tem direito senão ele.

Cada indivíduo vai conhecer na propriedade do outro um limite para as suas

acções. A propriedade justifica-se pelo trabalho, é o trabalho humano que

privatiza as coisas.

Locke acredita que a propriedade existe em abundância, o que significa que

todos têm direito à propriedade, ela chega para todos. O indivíduo mais forte é

capaz de possuir mais, isto porque tem maior capacidade de trabalho.

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O trabalho fixa a propriedade e confere às coisas valor económico, valor que nasce da quantidade

de trabalho que é preciso despender para as obter.

O trabalho tira do estado natural aqueles bens que eram comuns e que passam a pertencer

àqueles que lhes dedicaram o seu próprio trabalho.

cada homem não pode apropriar-se daquilo que não necessita. Assim, pretendem-se evitar os

desperdícios.

Pelo trabalho surge a diferença de valor em tudo o que existe.

o aparecimento do dinheiro vai fazer com que o estado de natureza lockeno se torne

desequilibrado

o dinheiro constitui o motor que vai transportar os homens para fora do estado de natureza

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Capítulo VI“DO PODER PATERNAL”

Neste capítulo refere-se que a primeira forma de sociedade surge da união entre

homem e mulher.

Locke advoga que o poder paternal diz respeito ao pai e à mãe, refere ainda que a

mãe tem iguais direitos que o pai.

Locke defende o termo “parental”, o qual engloba pai e mãe.

Os filhos, ou seja, “os descendentes do mundo” nascem fracos e depois são

educados pelos seus pais segundo a lei natural.

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É também abordada a verdadeira noção de lei, de maneira que, “o fim da lei não é

para abolir ou restringir, mas para conservar e ampliar a liberdade.”

No entanto, Liberdade não é a permissão para qualquer Homem fazer o que quiser.

A liberdade do homem é fundada na razão que ele tem.

O poder dos pais sobre os filhos é somente temporário e não se estende à sua vida

ou propriedade, os pais não tem um poder de domínio sobre os filhos.

O governo dos pais sobre os filhos termina com a sua menoridade.

Locke faz a distinção entre o poder político e o poder paternal.

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Capítulo VII“DA SOCIEDADE POLÍTICA OU CIVIL”

Cada indivíduo renuncia o seu estado natural para entrar em sociedade.

Deus fez o homem de modo a pô-lo na necessidade de se juntar em sociedade.

Os escravos, tendo perdido as suas vidas, as suas liberdades e estados são incapazes de

possuir alguma propriedade, não podem considerar-se nesse estado como parte da

sociedade civil, cujo fim é a conservação da propriedade.

Aqueles que não têm uma apelação comum, estão ainda no estado natural, sendo cada

um juiz e executor para si mesmo.

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A república determina o castigo que se deve impor às diferentes transgressões entre

os membros da mesma sociedade

Só há uma sociedade política e civil quando estiver um certo número de homens

unidos numa sociedade, em que todos deixam o seu poder executivo da lei natural e

o resigna no público.

O Príncipe é o único que contém todo o poder, quer legislativo, quer executivo.

O povo não achava seguras as suas propriedades debaixo do governo como

acontecia.

Ninguém pode evitar a força da lei

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Capítulo VIII“DO PRINCÍPIO DAS SOCIEDADES POLÍTICAS”

Como todos os homens são livres e independentes, ninguém pode ser posto fora do

estado natural e ser sujeito ao poder político de outro, sem o seu próprio consentimento.

Cada homem que se submete a formar uma sociedade, formando um corpo político

debaixo de um governo, tem que aceitar a determinação da maioria e de ser governado

por ela.

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Aquilo que dá principio a uma sociedade política é o consentimento de qualquer

número de homens livres, que têm o uso da razão para se unirem e incorporarem

numa sociedade tal.

Duas objecções a isto:

na história não há exemplos de homens independentes e iguais entre si, que

estabelecessem um governo desta maneira.

contra todo o direito que homens assim fizessem, nascendo debaixo de um governo,

devem submeter-se a ele e não têm liberdade de começar de todo.

Qualquer homem que se integra em qualquer república confere-lhe algumas

possessões que ele tem ou que poderá vir a ter e que já não pertencem a outro

governo.

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Capítulo IX“DOS FINS DA SOCIEDADE POLÍTICA E DO GOVERNO”

O Homem deixa o estado natural quer unir-se em sociedade com outros que já estão unidos ou

que tencionam unir-se, a fim de conservarem mutuamente as suas vidas, liberdade e bens =

propriedade.

Os homens unem-se em sociedade, porque no Estado Natural falta:

uma lei estabelecida, certa e conhecida, tida e recebida pelo consenso comum como estandarte

do justo e injusto, como uma medida comum, para decidir todas as controvérsias entre eles.

um juiz conhecido e indiferente que tem autoridade para terminar todas as controvérsias,

segundo a lei estabelecida.

O poder para proteger e suportar a sentença, quando justa, e para lhe dar a sua devida

execução.

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Capítulo X“DAS FORMAS DE UMA REPÚBLICA”

Tendo a maioria o poder da sociedade, pode empregar, de tempos a tempos, esse poder em

fazer leis e em proceder à sua execução:

por oficiais nomeados por ela mesma – a forma de governo é então uma democracia;

pela mão de alguns homens escolhidos e nos seus herdeiros ou sucessores – oligarquia;

pela mão de um só homem – monarquia;

pela mão de um homem ou dos seus herdeiros – monarquia hereditária;

pela mão de um homem somente enquanto vive e competir por sua morte à sociedade o poder

de nomear um sucessor – monarquia electiva.

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Capítulo XI“DA EXTENSÃO DO PODER LEGISLATIVO”

A principal finalidade da união dos homens em sociedade é o gozo das suas propriedades

em paz e sossego, através de leis.

A primeira lei positiva e fundamental consiste no poder legislativo

O legislativo é sempre o poder supremo

O Legislativo é, então, o poder reunido de todos os membros da sociedade, transferido

para o Legislador

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O legislativo, na sua maior extensão, limita-se ao bem público da sociedade. Visa a

conservação, por isso nunca poderá destruir, escravizar ou empobrecer

propositadamente os súbditos.

A autoridade legislativa é obrigada a distribuir justiça através de leis fixas e juízes

conhecidos e autorizados.

O poder supremo não pode tirar de um homem qualquer parte da sua propriedade

sem o seu consentimento.

O legislativo não pode transferir o poder de fazer leis para quaisquer outras mãos.

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Capítulo XII“DO PODER LEGISLATIVO, FEDERATIVO E EXECUTIVO DA REPÚBLICA”

O poder legislativo é aquele que determina o modo pelo qual a força da república deve ser

empregue para preservar a sociedade e os seus membros.

há preocupação em fazer leis para o bem público.

O poder federativo é o poder de guerra e paz, de fazer ligas e alianças e todas as

transacções com todas as pessoas e sociedades fora da república.

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Capítulo XIII“DA SUBORDINAÇÃO DOS PODERES DE UMA REPÚBLICA”

Numa república estável não pode haver mais do que um poder

supremo – o legislativo – ao qual todos estão subordinados.

O uso da força para com o povo sem ter autoridade e obrar em

oposição aos poderes, leva a um estado de guerra com o povo, o qual

tem direito a reassumir o seu legislativo no exercício do seu poder.

“Salus populi suprema lex” – é uma regra tão justa e fundamental que

aquele que sinceramente a segue, não pode correr risco.

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Capítulo XIV“DA PRERROGATIVA”

O poder de obrar segundo a discrição para o bem público sem

prescrição da lei ou contra ela, é o que se chama prerrogativa.

Estes casos beneficiam, habitualmente, o povo.

A prerrogativa não é mais do que o poder de promover o bem público

sem uma regra para isso estabelecida.

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Capítulo XV“DOS PODERES PATERNAL, POLÍTICO E DESPÓTICO, CONSIDERADOS

TODOS JUNTOS”

O poder paternal é aquele que os pais têm sobre os filhos para os governar em seu

benefício, até que estes cheguem ao uso da razão.

O poder político é aquele que todos os homens têm no estado natural e que cedem à

sociedade e aos governantes com a condição de este ser empregue para seu bem.

O poder despótico é um poder absoluto e arbitrário que um homem tem sobre outro, para

lhe tirar a vida quando lhe agradar. Não há pacto – é um estado de guerra continuado.

“Que pacto se pode fazer com alguém que não é dono da sua própria vida?”

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A natureza dá o poder paternal.

O ajuste voluntário dá o poder político.

O agressor numa guerra injusta que é despojado dee toda a propriedade dá o poder

despótico.

“O poder paternal é tão inferior ao magistrado quanto o despótico o excede”

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Capítulo XVI“DA CONQUISTA”

“A conquista está tão longe de estabelecer um governo quanto o demolir uma casa, o

estado de edificar uma nova no seu lugar”.

A conquista pode dar lugar a uma nova forma de república, destruindo a antecedente, mas

sem o consentimento do povo, nunca pode erigir um novo governo.

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Capítulo XVII“DA USURPAÇÃO”

À conquista pode chamar-se usurpação estrangeira, porque a usurpação é uma conquista

doméstica.

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Capítulo XVIII“DA TIRANIA”

A usurpação é o exercício do poder a que outrem tem direito;

A tirania é o exercício do poder além do que é permitido e ninguém tem direito a isso.

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Capítulo XIX“DA DISSOLUÇÃO DO GOVERNO”

Quando a sociedade é dissolvida, o seu governo não pode continuar a existir

a dissolução pode também dar-se pela força interna: quando o legislativo é alterado

Quando alguém introduz leis novas sem ser autorizado pela sociedade ou subverte as

antigas; desconhece e derruba o poder que as faz – estabelece um novo poder legislativo.

Aquele que retira a liberdade ou impede o ajuntamento ou trabalhos do legislativo nas suas

devidas estações, acaba com o legislativo e põe fim ao governo.

Quando o Príncipe altera arbitrariamente os eleitores ou os meios de eleição sem consultar

o povo, o legislativo também é alterado.

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Quando o Príncipe altera arbitrariamente os eleitores ou os meios de eleição sem

consultar o povo, o legislativo também é alterado.

A entrega do povo à sujeição de um poder estrangeiro, quer feito pelo Príncipe, quer

feito pelo legislativo, é também uma mudança do legislativo, e uma dissolução do

governo.

Quando aquele que tem o poder supremo executivo despreza e abandona o cargo,

as leis já feitas já podem continuar a executar-se. Tudo se reduz a uma anarquia e

dissolve-se o governo.

Quando o governo está dissolvido, o povo tem a liberdade de cuidar de si próprio e

de exigir um legislativo novo que difira do outro quanto a pessoas e formas.

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Quando o legislativo ou o Príncipe obra contrariamente à confiança do povo – o

legislativo dissolve-se.

A lei divina proíbe ao povo, toda a qualidade de rebelião.

Um inferior não pode punir um superior.