Segurança na montagem da cobertura de um estádio

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Relatrio de Estgio da Ps-Graduao em Segurana e Higiene no Trabalho Aluno: Filipe Carlos Instituio: Instituto Superior Miguel Torga Data: 15 de Setembro de 2003

ndice1 2 Introduo........................................................................................................................... 6 Contextualizao ................................................................................................................ 8 2.1 A ASST, Lda. ......................................................................................................... 8 2.1.1 Aces de preveno tcnicas ............................................................................ 8 2.1.2 Aces de preveno de programao ............................................................... 9 2.1.3 Aces de preveno de vigilncia .................................................................... 9 2.1.4 Aces de preveno de aconselhamento .......................................................... 9 2.1.5 Aces de proteco ......................................................................................... 10 2.2 O Estdio Municipal de Leiria Dr. Magalhes Pessoa ...................................... 10 2.2.1 A insero urbanstica ...................................................................................... 12 2.2.2 Descrio geral ................................................................................................. 13 2.2.3 Evacuaes de emergncia do pblico ............................................................. 15 2.2.4 Quantidades ...................................................................................................... 17 2.2.5 Aspectos gerais da construo.......................................................................... 17 2.3 A segurana no estdio ......................................................................................... 18 3 Avaliao de riscos........................................................................................................... 21 3.1 Princpios gerais de preveno ............................................................................. 21 3.1.1 Eliminar os riscos ............................................................................................. 21 3.1.2 Avaliar os riscos ............................................................................................... 22 3.1.3 Combater os riscos na origem .......................................................................... 22 3.1.4 Adaptar o trabalho ao homem .......................................................................... 23 3.1.5 Atender ao estado da evoluo tcnica ............................................................ 23 3.1.6 Substituir o que perigoso pelo que isento de perigo ou menos perigoso .... 24 3.1.7 Integrar a preveno num todo coerente .......................................................... 24 3.1.8 Eliminar perigos e avaliar riscos ...................................................................... 25 3.1.9 Objectivos de avaliao de riscos..................................................................... 26 3.2 As especificidades do acto de construir ............................................................... 26 3.2.1 Fase de concepo ............................................................................................ 27 3.2.2 Fase de organizao ......................................................................................... 27 3.2.3 Fase de execuo .............................................................................................. 28 3.2.3.1 Execuo da obra ......................................................................................... 28 3.2.4 Envolventes fsicas ........................................................................................... 29 3.3 Mtodos de avaliao de riscos ............................................................................ 31 3.3.1 Mtodos pr-activos: ........................................................................................ 31 3.3.2 Mtodos reactivos: ........................................................................................... 31 3.3.3 Mtodos Estatsticos ......................................................................................... 32 3.3.4 Mtodos Descritivos ......................................................................................... 32 3.3.5 Mtodos Matemticos ...................................................................................... 33 3.3.6 Mtodos Pontuais ............................................................................................. 33 3.3.7 rvores Lgicas ............................................................................................... 34 3.4 Anlise Preliminar de Riscos (APR) .................................................................... 35 3.4.1 Caractersticas da APR ..................................................................................... 35 3.4.2 Relatrio final ................................................................................................... 36 3.4.3 O que a Anlise de Riscos do Posto de Trabalho (ARPT)? .......................... 37 3.4.3.1 Existem vantagens de executar a anlise de riscos do posto de trabalho? ... 38 3.4.3.2 Quais so as quatro operaes bsicas do processo de ARPT? ................... 39 3.4.3.3 O que importante saber para a seleco do posto de trabalho? ................. 39

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3.4.3.4 Como se divide em operaes bsicas sequenciais? .................................... 40 3.4.3.5 Como identificar potenciais riscos? ............................................................. 41 3.5 A avaliao de riscos da cobertura ....................................................................... 42 O Plano de Segurana e Sade ......................................................................................... 52 4.1 Aspectos tericos.................................................................................................. 53 4.1.1 Natureza do plano............................................................................................. 53 4.1.2 Momento da elaborao ................................................................................... 53 4.1.3 Responsabilidade pela elaborao .................................................................... 54 4.1.4 Utilizao do plano........................................................................................... 54 4.1.5 Estrutura do plano ............................................................................................ 54 4.1.6 Riscos especiais ................................................................................................ 56 4.1.7 Anexos do plano ............................................................................................... 57 4.2 O Plano de Segurana e Sade no estdio............................................................ 57 4.2.1 Enquadramento legal e objectivos da segurana .............................................. 58 4.2.2 Gesto da aplicao do P.S.S. .......................................................................... 59 4.2.3 Organizao e competncias ............................................................................ 59 4.2.4 Caracterizao da obra ..................................................................................... 61 4.2.5 Identificao dos elementos do dono da obra .................................................. 61 4.2.6 Identificao dos autores de projecto ............................................................... 61 4.2.7 Identificao dos empreiteiros e dos subempreiteiros...................................... 61 4.2.8 Levantamento do local; preveno dos riscos .................................................. 62 4.2.9 Organizao do estaleiro/preveno riscos ...................................................... 63 4.2.10 Organizao do trabalho/preveno riscos ....................................................... 63 4.2.11 Equipamentos/preveno dos riscos................................................................. 66 4.2.12 Materiais/preveno dos riscos ........................................................................ 73 4.2.13 Actividades/preveno dos riscos .................................................................... 74 4.2.14 Verificao de conformidade ........................................................................... 75 4.2.15 Medidas de emergncia / primeiros socorros ................................................... 76 4.2.15.1 Medidas a adoptar para os primeiros socorros: ........................................ 77 4.2.15.2 Participao de Acidente Grave ao IDICT ............................................... 77 4.2.16 Formao e informao para a preveno dos riscos ....................................... 80 4.2.17 Anexos .............................................................................................................. 82 A avaliao dos parmetros de segurana ........................................................................ 86 5.1 Avaliao da segurana no topo Sul .................................................................... 87 5.2 Segurana nas frentes Nascente e Poente ............................................................. 95 Concluso ....................................................................................................................... 103 Glossrio......................................................................................................................... 104 Bibliografia..................................................................................................................... 113

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ndice de FigurasFigura 1 Antigo Estdio Dr. Magalhes Pessoa .................................................................... 11 Figura 2 Bancada Poente a destruir ....................................................................................... 11 Figura 3 Imagem virtual do novo Estdio ............................................................................. 12 Figura 4 Organigrama ........................................................................................................... 20 Figura 5 Peas da cobertura .................................................................................................. 43 Figura 6 Passadio ................................................................................................................. 43 Figura 7 Esquema geral da cobertura .................................................................................... 44 Figura 8 Escoramento das asnas............................................................................................ 47 Figura 9 Localizao da zona de aparafusamento da escora ................................................. 50 Figura 10 Pormenor da ligao do tirante ............................................................................. 50 Figura 11 Ficha tipo .............................................................................................................. 56 Figura 12 fluxograma de apoio Gesto do P.S.S. ............................................................... 60 Figura 13 Registo de Seguros de Acidentes de Trabalho...................................................... 64 Figura 14 Registo de Subempreiteiros e Trabalhadores........................................................ 65 Figura 15 Registos de Exames Mdicos ............................................................................... 65 Figura 16 Ficha de informao de serralheiros civis............................................................. 81 Figura 17 Acidentes Zero ......................................................................................................... 87 Figura 18 Pilar metlico e plataforma de apoio .................................................................... 88 Figura 19 Montagem dos elementos de apoio ....................................................................... 88 Figura 20 Montagem das asnas do Topo Sul ........................................................................ 89 Figura 21 Operaes de verificao antes do levantamento da asna .................................... 90 Figura 22 plataforma de trabalho para aparafusamentos dos tirantes ................................... 90 Figura 23 Colocao dos elementos de apoio ....................................................................... 91 Figura 24 Montagem dos elementos de apoio ....................................................................... 92 Figura 25 Vista da dimenso de uma asna ............................................................................ 92 Figura 26 Vista posterior da cobertura do topo Sul .............................................................. 93 Figura 27 Vista interior da cobertura do topo Sul ................................................................. 93 Figura 28 Aparafusamento da trelia .................................................................................... 94 Figura 29 Escoramento da Frente Nascente .......................................................................... 95 Figura 30 Vista da montagem do escoramento da Frente Poente ......................................... 96 Figura 31 Apoios do escoramento ......................................................................................... 97 Figura 32 Montagem do travamento do escoramento ........................................................... 97 Figura 33 Montagem do travamento entre pilares do escoramento ...................................... 98 Figura 34 Asna da frente Nascente ....................................................................................... 99 Figura 35 Ligao da trelia asna ..................................................................................... 100 Figura 36 Pormenor do assentamento da asna no escoramento .......................................... 100 Figura 37 Pormenor dos Macacos hidrulicos com clula de carga ................................... 101 Figura 38 Transporte de asnas ............................................................................................. 102

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Introduo

Depois de finalizar parte terica do curso de Ps-graduao em Segurana e Higiene no Trabalho, no Instituto Superior Miguel Torga., houve a necessidade de complementar este mesmo curso com um estgio, que teve a durao de duzentas horas.

Com este estgio pretendeu-se aplicar e aprofundar os conhecimentos tericos, e alguns prticos, adquiridos durante as aulas dos vrios mdulos, mas tambm desenvolver a preparao profissional, para que haja uma natural integrao no mundo do trabalho. Assim, o meu estgio foi realizado e desenvolvido na ASST Servios Ambiente, Segurana e Sade no Trabalho, Lda. O meu orientador de estgio foi o Sr. Dr. Jorge Seabra, um dos proprietrios da ASST. Esta empresa presta servios externos nas reas do ambiente, segurana e sade no trabalho. O local de estgio foi o Estdio Municipal de Coimbra Dr. Magalhes Pessoa.

Para estar integrado e realizar da melhor maneira possvel o trabalho que me era solicitado, procurei conhecer melhor a instituio e desta maneira aprofundar os meus conhecimentos e tambm apreender conhecimentos novos sobre a rea na qual estava a estagiar. Houve alguma facilidade de adaptao devido minha formao base a Engenharia Civil.

Desta maneira, o estgio inseriu-se na equipa de Segurana do Estdio de Leria. Comecei por me informar, atravs do meu orientador e colegas de preveno, acerca das obrigaes e deveres do tcnico de preveno, bem como os procedimentos necessrios para a realizao da preveno no Estdio.

O estgio teve duas fases distintas, sendo a primeira dedicada essencialmente preveno e a segunda fase foi mais vocacionada para a avaliao de riscos e elaborao do P.S.S. Com este relatrio tive como objectivo apresentar todas as fases da segurana numa obra. Como conhecido a cobertura no estdio Municipal de Leiria ainda se encontra em construo e como o estgio tinha finalizado no incio de Abril, tive de realizar algumas visitas ao longo deste

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tempo para desta forma apresentar algumas imagens que sero elucidativas tanto dos riscos em questo como das aces de preveno. Quanto ao facto de no apresentar quaisquer referncias da primeira fase do estgio, penso que seria importante apresentar uma sequncia lgica do processo de segurana e tendo em conta que a parte da preveno no foi omitida.

Este relatrio constitudo por quatro partes, na primeira, feita uma contextualizao da empresa onde estagiei, do estdio e da segurana no estdio. Na segunda parte abordada a avaliao de riscos sendo a terceira parte dedicada ao Plano de Segurana e Sade e finalmente na quarta parte so apresentadas as aces de preveno.

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Contextualizao

2.1 A ASST, Lda.A ASST Servios de Ambiente Segurana e Sade no Trabalho, Lda. foi a empresa que acolheu o estgio. Esta empresa tem como objecto social a prestao de servios (Servios Externos segundo preconiza o Decreto-Lei n. 109/2000, de 30 de Junho) nos domnios do ambiente, segurana e sade nos locais de trabalho, incluindo a actividade de organizao dos servios de segurana e sade e de formao profissional. Um dos titulares do corpo social da empresa o Sr. Dr. Jorge Seabra que foi o coordenador deste estgio. Esta empresa tem como mtodo de trabalho o envolvimento das organizaes e das pessoas nas seguintes fases:

Planeamento; Organizao; Preveno;

Quanto preveno ter-se- de frisar as vrias aces realizadas pela empresa nesta rea.

2.1.1 Aces de preveno tcnicas

As solues tcnicas so primordiais em qualquer sistema de gesto de segurana, higiene e sade. As aplicaes tcnicas so necessrias em:

Identificao de perigos; Avaliao dos riscos; Indicao das medidas de proteco; Analisar os postos de trabalho; Informao tcnica (sobre o equipamento, matrias-primas e produtos); Controlo dos riscos de exposio (a agentes qumicos, fsicos e biolgicos); Relatrios de avaliao de riscos; Elaborar estatsticas relativas a acidentes; Elaborar planos de emergncia e medidas de primeiros socorros. 8

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Elaborar planos de segurana e sade.

Para cada um destes factores so necessrios conhecimentos tcnicos, mtodos (medio, avaliao e controlo) e aplicao de instrumentos.

2.1.2 Aces de preveno de programaoAs tarefas de programao, sob ponto de vista de preveno, prendem-se com o que mais fundamental tem a preveno. Factores adstritos programao:

Elaborar plano de preveno (Plano de Segurana e Sade); Programar a implementao das medidas tcnicas; Programar aces de formao/sensibilizao; Planificar e implementar medidas de organizao, como, por exemplo, a sinalizao de segurana;

Coordenar as medidas em caso de perigo eminente.

2.1.3 Aces de preveno de vigilncia

Inspeccionar o cumprimento dos requisitos legais quanto sade no trabalho; Participar os casos de doena profissional e de acidentes; Analisar as condies de trabalho, de grupos especialmente sensveis a determinados riscos;

Promover campanhas sanitrias.

2.1.4 Aces de preveno de aconselhamento

As tarefas de aconselhamento prendem-se com as funes consultivas da preveno. Os factores mais relevantes so:

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Aconselhar sobre processos, mtodos e organizao; Aconselhamento para a aquisio de novos equipamentos; Aconselhamento sobre a aquisio de matrias-primas e produtos; Exercer as funes consultivas junto de todos os trabalhadores.

2.1.5 Aces de proteco

Aces de proteco so essencialmente correctivas. Ocorrem principalmente em trs situaes:

Anlise do ps-acidente; Ineficincia ou falta de proteces do equipamento; Verificao de situaes de potenciais acidentes.

Outro ponto de interveno da ASST a elaborao e organizao de registos (relatrios e outros documentos essenciais para provar o cumprimento das normas legais). O quadro tcnico da ASST composto por tcnicos reconhecidos pelo IDICT (Tcnicos Superiores de Segurana e Higiene ou como Tcnicos de Segurana e Higiene do Trabalho).

2.2 O Estdio Municipal de Leiria Dr. Magalhes PessoaDono de Obra: Leirisport Desporto, Lazer e Turismo, EM O Estdio Municipal de Leiria teve como projectista o Sr. Arquitecto Toms Taveira. O Consrcio, liderado pela Construtora do Leria, S.A., tem contado com a experincia e know-how da Construtora do Tmega, S.A. e Somague Engenharia, S.A.., bem como dos cerca de meia centena de subempreiteiros que, no terreno, contribuem diariamente para o crescimento desta obra. Custo global da obra (estdio, projectos, acessibilidades e estacionamento): 55 milhes de euros. Custo da construo do estdio: 35 milhes de euros.

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A remodelao do estdio Municipal de Leiria Dr. Magalhes Pessoa, localizado junto ao Rio Liz, consiste no reaproveitamento de uma bancada e pista de atletismo existentes, para dar lugar a uma obra que poder ser um Ex-Libris da cidade de Leiria. Esta remodelao permitiu o aumento da capacidade de 11.000 lugares para 30.000 lugares sentados. Este aumento significativo deve-se construo de trs novas bancadas e a ampliao da existente.

Figura 1 Antigo Estdio Dr. Magalhes Pessoa

Figura 2 Bancada Poente a destruir

Este Estdio ser servido, em termos de acessos, por todo um conjunto de vias em estudo pelo programa Polis.

Uma das ideias mais marcantes quanto ao design deste projecto, est relacionada com o impacto ambiental que ele dar sua localizao urbana efectivamente, esta localizao possui duas constries diferentes e com leituras opostas, a saber:

Por um lado est localizado numa cidade que tem alguma importncia em termos de imagem e seguramente, uma grande importncia em termos sociais e humanos;

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Por outro lado, o facto de fazer parte da imagem do Castelo traz, para este local, uma abertura espacial e uma exposio extremamente importante.

A partir destas duas constries de ordem urbana e visual, criou-se um objecto que, respondendo sua funo e dimenso (que grande), tivesse ao mesmo tempo uma imagem de grande impacto e de modo a no ferir com a sua imagem e presena o ambiente j construdo e ocupado que a rodeia.

A procura de uma imagem dupla e com dois cdigos, um, o da "presena incontornvel" e outro do "apagamento" levou que se levasse a um tipo de edifcio normalmente monoltico e muito pesado tenha de ser, como agora se apresenta, extremamente leve e multifacetado.

Figura 3 Imagem virtual do novo Estdio

O Novo Estdio, projectado para servir o Campeonato da Europa de 2004, engloba, para alm do recinto desportivo propriamente dito, outras funes consideradas autnomas. Assim, no lado nascente surgem funes anexas que correspondem a associaes/clubes e ao acompanhamento administrativo de outras actividades atlticas resultantes.

2.2.1 A insero urbanstica

Conforme j se referiu, a insero urbanstica do Estdio corresponde actual na medida que se construiu um projecto tendo em conta uma pista de atletismo e uma bancada existentes.

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Para alm do mais que considerar que esta localizao pode, a partir da nova rede viria a criar dentro do programa Polis, vir a tomar a ligao entre a cidade velha e nova, mais atractiva e fluida.

A implantao resultante desta opo no possibilita grandes reas de expanso, mas justifica que se faa uma articulao paisagstica com a zona poente, que se pode tomar, de igual modo, extremamente bonita dados os desnveis que a tero de ser vencidos. Nenhuma destas constries obstculo entrada e sada do pblico, prevendo-se, simultaneamente, uma faixa exterior para veculos de emergncia. A circulao exterior do pblico est assegurada, de modo a que este tenha um percurso dinmico, confortvel e seguro. Toda a rea exterior envolvente ao Novo Estdio poder dispor de compartimentao exterior temporria de modo a fasear a entrada do pblico nos casos de grandes eventos.

2.2.2 Descrio geral

O Estdio tem capacidade para 29.083 espectadores, incluindo 35 espectadores deficientes, durante o Euro 2004. dividido por assim dizer em duas grandes reas que se localizam em plos opostos. Estes plos so o lado Poente e o lado Nascente.

No lado Poente localizam-se todas as reas:

VIP, o Camarote presidencial, restaurante; A comunicao social, com as respectivas instalaes; Os elementos funcionais tais como as cabinas para os jogadores, rbitros, e demais apoios, como sejam mdico, polcia, gabinete anti-doping, e postos mdicos de apoio aos espectadores.

No lado Nascente localizam-se todas as reas:

Relacionadas com a prtica da modalidade de atletismo (balnerios e apoios);

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Administrativas do clube, museu, restaurante; Camarotes especiais, e respectivo restaurante;

A sua capacidade, 29.083 espectadores define-o como um estdio de Classe B, destinado disputa de eliminatrias at aos quartos de final.

O Estdio tem no piso -1 parqueamento automvel, sendo 82 o nmero de lugares e, tambm, espao para 2 autocarros, destinado aos Vip's, atletas, rbitros, mdicos e algumas entidades oficiais. O controlo de entradas dos espectadores para as bancadas nascente e poente, feito ao nvel do piso -1 e do piso 0, respectivamente; a bancada sul, tem acessos a cotas diferentes: piso -1: piso 1, respectivamente, de acordo com a topografia do terreno, a partir de escadas perifricas, dimensionadas de acordo com as necessidades reais de circulao de cada sector. A bancada Norte, tem acesso cota 28.00 e 28.70 (piso -1).

Existe uma rea blindada no Estdio que constituda pela entrada dos jogadores, rbitros, dirigentes, Vips, e meios de comunicao social situada a Poente, e cujo acesso se processa de igual modo no piso 1 junto a um corpo exterior. Este corpo permite acessos e uma circulao independente relativamente aos dois anis de bancadas. Deve igualmente referir-se, a existncia de uma entrada separada para os meios de comunicao social, com acesso directo sala de conferncias e zonas de trabalho.

Os balnerios e reas de apoio a estes situam-se no piso 0, com acesso privado ao terreno de jogo e cumprem as recomendaes enunciadas pela EUFA FIFA.

O Anfiteatro do Estdio basicamente constitudo por dois anis:

O primeiro, com 14.084 lugares; O segundo anel com 14.999 lugares, incluindo cerca de 880 lugares para jornalistas (durante a fase do Euro 2004);

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A zona da entrada principal est orientada a Oeste. tambm aqui que se tem acesso a um Restaurante de 5 estrelas, e respectiva cozinha.

A lotao geral do pblico no Estdio divide-se em 7 sectores diferentes, sempre com uma capacidade abaixo dos 10 00 lugares: Os elementos de vedao dos sectores sero constitudos por painis envidraados ou redes metlicas com uma altura superior a 2.20m. Cada seco possui um nmero confortvel de instalaes sanitrias assim como reas de expanso sempre asseguradas com servio de bares e o acesso s escadas ou aos corredores de acesso s bancadas acesso facilitado a postos de pronto-socorro. Os dispositivos de entrada (torniquetes com controlo informtico dos bilhetes e capacidade de recolhimento automtico em caso de emergncia) facilitam o acesso s escadas ou aos corredores de acesso s bancadas.

Os lugares reservados a espectadores portadores de deficincia motora dividem-se pelos topos Sul, Bancada VIP, a poente, em reas com instalaes prprias. Os lugares reservados aos acompanhantes situam-se imediatamente ao lado. O acesso e evacuao ao topo Sul realiza-se directamente da rua, evitando elevadores ou rampas. Os lugares de estacionamento destinados a estes espectadores encontram-se prximos a estas entradas de modo a facilitar a sua deslocao.

O acesso s bancadas, constitudas por elementos de beto pr-fabricado assente em vigas de beto, feito atravs de vomitrios devidamente protegidos com guardas em ferro. As coxias respeitam as unidades de passagem de 1/250 e esto a ser consideradas guardas de apoio assim como marcaes no pavimento que exaltem a marcao dos degraus.

2.2.3 Evacuaes de emergncia do pblico

Como normal em empreendimentos deste tipo e de acordo com as disposies regulamentares nacionais e internacionais, a concepo arquitectnica fortemente condicionada pelos aspectos de segurana ao nvel da segurana contra riscos de incndio ou outras catstrofes naturais, distrbios ou actos de vandalismo.

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Comum a todas as vertentes da segurana e de importncia vital para se conceber um estdio intrinsecamente seguro, a questo da Evacuao de Emergncia de todos os ocupantes do recinto. Num imvel deste tipo, este aspecto de dificuldade acrescida em face dos elevados efectivos a evacuar. Relativamente evacuao das bancadas, estas esto divididas em 7 sectores. Cada um destes sectores possui percursos de evacuao prprios, e independentes. Em alguns casos, poder haver partilha de partes dos percursos de evacuao por indivduos de sectores anexos (leia-se 1 anel e 2 anel), estando as capacidades devidamente dimensionadas para o nmero de efectivos total a evacuar. Em termos de regulamentos e recomendaes tcnicas foram seguidas as recomendaes apresentadas em documentaes internacionais, nomeadamente "Guide to Safety at Sports Grounds", e nas disposies legais do Decreto-Lei n. 317/97, Decreto-Regulamentar 34/95 e no Decreto-Regulamentar n. 10/2001, de 7 de Junho, especfico para Estdios de Futebol e similares. Para as restantes reas do estdio, foram seguidos os regulamentos especficos para cada utilizao, como por exemplo:

Regulamento de Segurana contra Incndio em Parques de Estacionamento Cobertos, Regulamento de Segurana Contra Riscos de Incndio a Aplicar em Estabelecimentos Comerciais,

Medidas de Segurana contra Riscos de Incndio Aplicveis na Construo, Instalao e Funcionamento dos Empreendimentos Tursticos e dos Estabelecimentos de Restaurao e Bebidas.

Regulamento de Segurana contra Incndio em Edifcios Administrativos.

Para cada zona do estdio, foram respeitadas as distncias mximas nos percursos de evacuao distintas de cada um dos regulamentos. As portas dispostas nos percursos de evacuao tero abertura livre no sentido da sada, e quando necessrio sero vigiadas durante os eventos desportivos. Todas as portas de evacuao de espectadores tero barra anti-pnico. Regra geral, para efeitos de segurana contra intruso, as portas apenas daro acesso no sentido da sada.

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2.2.4 Quantidades

193.442 metros cbicos de terra movimentada desde o incio da obra; 3.300.871 quilos de ao utilizado at ao final da quarta empreitada; 20.500 metros quadrados de chapas de ao a aplicar na cobertura; 12 quilmetros de bancadas, 17 vomitrios (unidades pr-fabricadas de entrada e sada de espectadores); 880 lugares para comunicao social, durante o Euro 2004; 2 painis electrnicos a instalar em cada um dos topos.

2.2.5 Aspectos gerais da construo

O Edifcio em geral constitudo com elementos de beto armado e pr-fabricado pintado, paredes de painis pr-fabricados de beto e fachadas em painis de vidro. Os revestimentos interiores variam entre o beto afagado e pintado nos pavimentos das circulaes interiores do pblico, mosaicos cermicos nas zonas hmidas, tectos falsos em gesso cartonado, paredes em beto aparente. As escadas destinadas ao grande pblico so constitudas por estruturas em beto (includo degraus) e so revestidas com uma estrutura metlica revestida a tijolo de vidro. As zonas previstas para a circulao dos espectadores apresentaro pavimentos antiderrapantes e de fcil lavagem. A cobertura do estdio ser transparente e as vrias reas permitiro uma iluminao natural do recinto. Importa referir que os trabalhos tiveram incio em Setembro de 2001, contudo e devido a vrios factores, os trabalhos atrasaram e somente no ltimo trimestre de 2002 a que a construo comeou a crescer em altura!

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2.3 A segurana no estdioA equipa de segurana do estdio (na fase de execuo da obra) composta por um coordenador de segurana da obra (Sr. Eng. Germano Seabra), por dois tcnicos de segurana (Sandra Timteo e Nuno Feliciano) e por uma tcnica superior de segurana (Dr. Idalina Fartaria). de referir que os servios de segurana foram requisitados pelo consrcio, este facto tem alguma relevncia, pois seria de esperar que a responsabilidade recasse ao dono de obra. Neste ponto ser importante frisar que a nvel de segurana existem algumas lacunas, no processo organizacional da segurana, pois como se veio a verificar no foi nomeado por parte do dono de obra nenhum coordenador de projecto o que levou a um maior cuidado na avaliao de riscos.

O papel dos coordenadores de projecto poder traduzir-se nas seguintes funes fundamentais:

Integrar os princpios gerais de preveno nas opes arquitectnicas e nas escolhas tcnicas utilizadas em projecto atravs de troca activa de informaes com os projectistas;

Elaborar o Plano de Segurana e Sade tendo em vista a preveno de riscos no estaleiro;

Estruturar e dar incio Compilao Tcnica da Obra, tendo em vista a preveno de riscos profissionais durante a utilizao da obra construda, bem assim como no decurso das intervenes posteriores sua concluso.

Conforme se pode verificar no caso concreto do estdio municipal de Leiria, e tendo em conta que, a realidade portuguesa em tudo semelhante, pode-se concluir que existe ainda pouca experincia do desempenho da funo de coordenao de segurana e sade na fase de projecto. Infelizmente, os Donos de Obra esto ainda pouco sensibilizados para o imperativo legal da nomeao dos Coordenadores, pondo em causa toda a filosofia da Directiva Estaleiros.

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Tambm de relevar a nova mentalidade dos grandes empreiteiros nacionais, que comeam a encarar as questes de segurana como algo de imprescindvel para as suas organizaes, contudo, a segurana efectuada nestas condies revela alguns problemas, nomeadamente o paradigma produo/segurana. O organigrama do estdio mostra que a segurana est realmente no local exacto, ou seja, imediatamente a seguir aos postos hierrquicos de deciso (no caso concreto sero o Sr. Eng. Vtor Santos, director de obra e o Sr. Eng. Vtor Ruivo, director de obra adjunto). Conforme se poder verificar no organigrama o Eng. Poo (Responsvel pela estrutura da cobertura), no um elemento do consrcio, sendo neste caso um subempreiteiro da obra.

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COF Sr. Amlcar / Eng. Armindo Eng. Vasco Carvalho Eng. Jos Garnel

Gestor de Projecto Geral / Dir. Obra Eng. Vtor Santos

Adj. Dir. Obra Eng. Vtor Ruivo

Segurana Eng. Seabra Sandra Timteo Dr. Idalina Fartaria

Qualidade Eng. Cludia Martins

Dr. Carla Pereira Eng. Helena Perestrelo

Direco Produo Eng. Santana

Dir. Sup. Proj. Acessibilidades Eng. Loureno

Direco Administrativa Dr. Agostinho Costa

Enc. Frente Guerra

Estrutura / Cobertura Eng. Poo

Administrativos Armando Gomes Marina Pedro Jos Monteiro

Recepcionista Celine Santos

Figura 4 Organigrama

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Avaliao de riscos

Antes de se proceder avaliao de riscos propriamente dita ir-se- fazer uma breve explicao dos princpios gerais de preveno. Deste modo ter-se- uma maior percepo dos objectivos inerentes avaliao de riscos.

3.1 Princpios gerais de prevenoConsistindo a preveno na aco de evitar ou diminuir os riscos profissionais, atravs de um conjunto de disposies ou medidas tomadas em todas as fases da actividade produtiva, os princpios gerais de preveno, introduzidos pela Directiva Quadro, funcionam como matriz referncia daquela aco.

3.1.1 Eliminar os riscos

Antes do risco propriamente dito, temos a considerar o perigo. Com efeito, enquanto o perigo a propriedade intrnseca de um componente de trabalho potencialmente causador de dano, o risco a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano na sua sade ou integridade fsica provocado pelo trabalho. O perigo integra a natureza de determinado componente de trabalho, enquanto o risco pressupe a interaco do homem com tal componente. Assim, a primeira atitude preventiva deve consistir em identificar os perigos existentes em qualquer componente de trabalho e sua eliminao. A eliminao dos perigos traduz-se em aces no s na fase de laborao, mas tambm, nas fases de concepo e projecto. Nestes ltimos domnios, ser de destacar, por exemplo, as intervenes possveis de eliminao de perigos na concepo de produtos (segurana intrnseca) e no projecto da sua fabricao (estabelecimento do layout).

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3.1.2 Avaliar os riscos

Os perigos no eliminados transformam-se, ento, em riscos, porque iro subsistir no contexto real de trabalho em situao de potencial interaco com o trabalhador. Face aos riscos, a primeira atitude consistir na sua deteco e avaliao. A avaliao dos riscos uma etapa que determina o desenvolvimento de toda a abordagem preventiva subsequente, porque a partir do conhecimento dos riscos a obtidos que se podero identificar as aces adequadas a desenvolver, tais como:

Situaes de risco a dar prioridade:

Trabalhadores expostos, Medidas de controlo de riscos, Medidas organizativas, Aces de informao e de formao.

Facilmente se conclui, assim, que da avaliao de riscos depende, em grande medida, no s uma planificao adequada da preveno na empresa, mas, inclusive, a prpria eficcia das suas aces.

3.1.3 Combater os riscos na origem

Este princpio geral associado ao controlo dos riscos relaciona-se com o critrio geral da eficcia que deve presidir preveno. Com efeito, a preveno ser tanto mais eficaz quanto mais a montante se exercer. A aco de controlo do risco na sua fonte de origem evitar no s a sua propagao (ou diminuir a sua escala), como, tambm, a potenciao de outros riscos (a interaco dos riscos), eliminando ou reduzindo toda a aco subsequente de controlo dos seus efeitos. Este princpio est includo na essncia da preveno integrada e ope-se preveno correctiva que se limita a agir sobre os efeitos do risco.

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3.1.4 Adaptar o trabalho ao homem

Este princpio conhece um vasto alcance, na medida em que respeita no s aos componentes fsicos do trabalho (domnio clssico da ergonomia), mas tambm aos seus componentes organizacionais e humanos. Entre outros, constituem grandes domnios de aplicao deste princpio:

Concepo dos locais e dos postos de trabalho, Escolha das ferramentas e dos equipamentos de trabalho, Definio dos mtodos e processos de trabalho, Adequao dos ritmos de trabalho, Anlise dos tempos de trabalho (pausas, trabalho nocturno, trabalho por turnos, etc.).

3.1.5 Atender ao estado da evoluo tcnica

A permanente e profunda inovao tecnolgica que caracteriza a modernidade produz efeitos em todos os domnios da actividade produtiva. Assim, a preveno ter de equacionar de forma constante o impacte dessa inovao nos nveis seguintes:

Componentes fsicos do trabalho, Componentes organizacionais e humanos do trabalho, Tcnicas de avaliao e controlo de riscos, Metodologias de gesto e sade do trabalho.

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3.1.6 Substituir o que perigoso pelo que isento de perigo ou menos perigoso

Este princpio relaciona-se de perto com outros trs j apresentados:

Eliminar os perigos, Combater os riscos na origem, Atender ao estado de evoluo da tcnica.

A sua incluso no elenco dos princpios gerais de preveno justifica-se como chamada de ateno para a circunstncia de a evoluo tecnolgica apresentar, simultaneamente, melhores solues preventivas e novos riscos, de que resulta a necessidade de manter em permanncia o funcionamento dos mecanismos de avaliao e de controlo dos riscos e de reviso das actuaes, num esforo permanente de conhecimento dos riscos e de melhoria das condies de trabalho.

3.1.7 Integrar a preveno num todo coerente

Este princpio indica de forma muito directa a necessidade de a preveno ser enquadrada por um sistema de gesto da segurana e sade do trabalho, cuja poltica integre a concepo, a produo, a organizao do trabalho, as condies de trabalho e as prprias relaes sociais na empresa. Por outro lado, este princpio orienta, ainda, a adopo e a implementao de medidas preventivas, cuja eficcia depender da sua integrao/adequao num quadro em que se desenvolvem outras intervenes na organizao produtiva, como, por exemplo:

Isolar/afastar a fonte de risco, Eliminar/reduzir o tempo de exposio ao risco Reduzir o nmero de trabalhadores expostos ao risco.

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3.1.8 Eliminar perigos e avaliar riscos

A avaliao de riscos consiste no processo de identificar e estimar os riscos para a segurana e sade dos trabalhadores.

Na identificao dos riscos trata-se de detectar, numa situao determinada, a possibilidade de que um trabalhador sofra um dano provocado pelo trabalho. Esta noo evidencia, desde logo, a diferena do conceito de risco face ao conceito de perigo. Conforme j se aflorou, o perigo relaciona-se com a propriedade ou capacidade intrnseca de um componente do trabalho potencialmente causador de danos. Por isso mesmo que, previamente avaliao de riscos, deve ser realizada a identificao de perigos e, tanto quanto possvel, resolvida a sua eliminao. Por sua vez, o risco pressupe a interaco pessoa/componente do trabalho e, da, definir-se como possibilidade de que um trabalhador sofra um dano provocado pelo trabalho. noo de risco est sempre, tambm, associado o elemento de incerteza.

Estimar o risco significa medir, o mais objectivamente possvel, a sua magnitude. Esta, por sua vez, resulta da conjugao dos indicadores obtidos de probabilidade de ocorrncia do dano e da sua gravidade. Na estimativa do risco devero ser tidos em conta os sistemas de controlo j existentes, uma vez que eles vo interferir na prpria magnitude do risco.

Quantificar o risco o processo atravs do qual se compara a estimao (magnitude do risco) com os padres de referncia da segurana e sade, tendo como objectivo estabelecer se o risco aceitvel ou no e, no caso de ser, qual o grau de aceitabilidade.

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3.1.9 Objectivos de avaliao de riscos

S a avaliao de riscos permite o conhecimento suficiente das interaces do trabalho sobre as quais h que intervir. Mas, tambm, s a partir da avaliao se pode determinar como e quando intervir. Assim, a determinncia da avaliao de riscos, pode ser exemplificada a partir dos seguintes objectivos que lhe esto associados:

Identificar trabalhadores expostos, Identificar medidas de preveno e de proteco adequadas, Ver quais as prioridades de intervenes, Programar actuaes, Organizar os meios necessrios.

3.2 As especificidades do acto de construirAs metodologias de preveno de riscos profissionais s so eficazes quando se adequam s especificidades dos respectivos sistemas de trabalho. Portanto dever-se- considerar que os sistemas de trabalho praticados na Construo so muito diversos dos que se utilizam na indstria transformadora. Essas especificidades to relativas dinmica do acto de construir, o qual se desenvolve em trs fases especficas e sucessivas:

Concepo Organizao Execuo

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3.2.1 Fase de concepo

nesta fase de concepo que se definem as opes arquitectnicas e escolhas tcnicas que vo influenciar decisivamente a problemtica dos riscos profissionais, no s ao nvel da construo da obra, mas, tambm, ao nvel da utilizao, manuteno e conservao da edificao. Nesta fase intervm quer o dono da obra, quer a equipa de projecto, e aquelas definies processam-se atravs das etapas seguintes:

O dono da obra estabelece o programa preliminar, identificando o tipo de produto desejado, a natureza da sua utilizao, o valor do investimento e o prazo pretendido para a sua execuo;

O autor do projecto desenvolve, ento, a sucesso dos documentos seguintes que vai submetendo aprovao do dono da obra:

O programa-base, onde analisa as condies de viabilidade da encomenda e, eventualmente, pondera solues alternativas;

O estudo prvio, onde desenvolve as grandes linhas definidas no programa-base; O projecto-base, onde desenvolve com pormenor as solues previstas no estudo prvio.

3.2.2 Fase de organizao

Na fase de organizao, por sua vez, desenvolvem-se os processos relacionados com a criao das condies necessrias execuo do produto desejado pelo dono da obra e j definido pelo autor do projecto. Tais condies assumem uma relevncia decisiva na configurao da lgica produtiva subsequente, da resultando um enorme impacto ao nvel das prprias definies prvias da segurana e sade do trabalho em obra. Estas condies assumem uma dupla natureza;

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Condies tcnicas de execuo do projecto, definidas pelo autor do projecto, o que d lugar ao projecto de execuo;

Condies econmicas de execuo, o que d lugar negociao de propostas entre o dono da obra e o empreiteiro;

Condies temporais de execuo, o que d lugar elaborao do programa de trabalhos que , tambm, ajustado entre o dono da obra e o empreiteiro.

3.2.3 Fase de execuo

A fase de execuo, por fim, compreende trs grandes domnios, todos eles com significado relevante na gesto da segurana do trabalho. So eles:

A gesto do empreendimento e a fiscalizao da execuo da obra por parte do dono de obra;

O planeamento e a gesto da execuo da obra por parte do empreiteiro; A execuo da obra por parte do empreiteiro e dos subempreiteiros.

3.2.3.1 Execuo da obra

A execuo da obra, propriamente dita, desenvolve-se, por sua vez, atravs de uma sucesso de fases, em que se evidenciam especificidades tecnolgicas e de organizao do trabalho profundas, tornando-se, assim, necessrio equacionar na preveno quer os riscos prprios de cada fase, quer os riscos especficos de cada processo e mtodo construtivo, quer, ainda, os riscos inerentes "interface" de tais momentos, mtodos e processos construtivos. Para o estabelecimento de uma, adequada estratgia preventiva ser, assim, de atender, em geral, s seguintes fases que integram o processo construtivo global:

Preparao do estaleiro; Preparao do local de construo; Construo da edificao: 28

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Execuo das fundaes; Execuo da estrutura; Execuo das alvenarias e da cobertura; Instalao das redes tcnicas e demais instalaes especiais; Execuo dos acabamentos.

Em toda esta dinmica no se verificam, pois, os condicionalismos da indstria transformadora em que marcante a lgica produtiva baseada num layout pr-definidos e consideravelmente duradouros, verificando-se, precisamente, a repetio de todo este processo complexo para cada produto que emana da actividade construtiva. A estratgia preventiva no pode, assim, assentar num sistema definido a partir de uma empresa e de um diagnstico inicial sobre um processo industrial estabilizado. Ter, antes, de equacionar:

O papel de destaque do dono da obra; A determinao das definies resultantes do projecto e da organizao da sua execuo;

A aco de um vasto e diversificado conjunto de intervenientes ao longo das diversas fases da execuo da obra.

3.2.4 Envolventes fsicas

Contudo existe outra especificidade da Construo a considerar na preveno de riscos profissionais relaciona-se com as envolventes fsicas do processo construtivo. Estas envolvente determinam, frequentemente e de forma acentuada, o desenvolvimento dos trabalhos, fazendo emergir riscos profissionais considerveis e potenciando o efeito de outros riscos prprios da actividade de construo. Da a importncia de uma melhoria contnua na avaliao dos riscos. Desta forma tem todo o sentido poder-se afirmar que os Planos de Segurana e Sade no so estanques tendo de se proceder a melhoramentos ao longo do tempo.

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No quadro de tais envolventes sero de destacar os seguintes factores principais:

A proximidade de outras exploraes, tais como, linhas elctricas areas, vias rodovirias e vias ferrovirias, eventualmente em funcionamento;

A existncia de lenis freticos e redes tcnicas no sub-solo; A presena de outros edifcios; A frequente exiguidade do espao disponvel para os apoios da produo (armazenamento de materiais, produtos e ferramentas; instalao e operao com equipamentos; instalaes de produo, tais como central de beto e armao de ferro);

A presena de pessoas no espao circundante da obra; A natureza do prprio terreno de implantao da edificao; Os constrangimentos associados aos acessos; Os constrangimentos associados s instalaes sociais.

Tambm neste domnio, a Construo confronta-se com dificuldades acrescidas, pois que, ao contrrio da indstria transformadora em que tais elementos so passveis de resoluo integrada com o prprio projecto de instalao e funcionamento da unidade produtiva, nesta actividade tais condicionantes impem-se face a cada acto de construir, tornando-se necessrio, em cada caso, implementar um conjunto de medidas especficas de adaptao do sistema de trabalho ao prprio ambiente determinado pela envolvente.

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3.3 Mtodos de avaliao de riscosA avaliao de riscos deve desenvolver-se de acordo com metodologias adequadas, recomendadas em:

Regulamentos jurdicos; Normas tcnicas; Cdigos de boa prtica; Manuais de procedimento; Metodologias especficas.

Nas metodologias de avaliao de riscos combinam-se, em regra, procedimentos, instrumentos de avaliao e valores de referncia.

Os mtodos de avaliao de riscos classificam-se em pr-activos e reactivos.

3.3.1 Mtodos pr-activos:

Observao: Baseia-se na experincia do observador e deve ser completado com outro tipo de metodologia;

rvore de falhas: Mtodo quantitativo que permite calcular a probabilidade de um acontecimento.

3.3.2 Mtodos reactivos:

Anlise de falhas: Permite uma avaliao qualitativa; ndices estatsticos: Permitem verificar a frequncia, a gravidade e o tipo de acidentes; Estudos de caso: Permitem identificar medidas que evitem a repetio do caso analisado.

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Os resultados das avaliaes dos riscos devem, assim, ser tratados, seja para permitirem o desencadeamento das medidas de controlo adequadas, seja para a sua reutilizao como referncia de anlise em reavaliaes. Entre a vasta documentao de interesse neste mbito, poder-se-iam realar os seguintes documentos:

Registos dos resultados das avaliaes de riscos; Relatrios de avaliao de riscos; Notificaes obrigatrias; Relatrios de exames mdicos; Relatrios de acidentes de trabalho; Relatrios de incidentes.

Outra forma de dividir os vrios mtodos de avaliao de riscos segundo os seus campos de aplicao e os critrios fundamentais em que se baseiam.

3.3.3 Mtodos Estatsticos

Anlise de acidentes - ndices de frequncia e de gravidade Anlise de incidentes - ndices de ocorrncias Anlise de avarias - ndices de fiabilidade Anlise probabilstica - taxas mdias de falha

3.3.4 Mtodos Descritivos

Mapas e tabelas de reaces qumicas perigosas Normas de segurana Genricas Especficas Cdigos de execuo Estudos de implantao

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Estudos de movimentao Fluxogramas Planos de sinalizao Listas de verificao ("checklists")

3.3.5

Mtodos MatemticosModelos de falhas Modelos de difuso de nuvens de gs Clculo da fiabilidade de sistemas complexos Anlise estatstica; correlao causa/efeito

3.3.6 Mtodos Pontuais

GRETENER ERIC (Cluzel & Serrat) PURT CEA DOW IFAL FMEA HAZOP ORZOP NELSON & SHIBE SAFEM TRABAUD AMD Mtodos "what-if' Grficos de estado Estabelecimentos de cenrios 33

Risco de incndio Risco de incndio Risco de incndio Risco industrial e comercial Risco industrial e comercial Risco industrial e comercial Risco industrial e comercial Risco industrial e comercial Risco das organizaes Risco hospitalar Risco em edifcios Risco florestal Risco geral Risco geral Risco geral

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3.3.7 rvores Lgicas

De acontecimentos De falhas De causas De decises (causa--> efeito) De decises (efeito -> causa)

Os Mtodos Estatsticos implicam o conhecimento de dados correspondentes a um nmero suficientemente elevado de casos, de modo a que sejam aplicveis as noes estatsticas de ndice, mdia, mediana, desvio, varincia, tendncia, limite, etc.

A probabilidade de um determinado acontecimento se dar, de uma certa falha se verificar, de uma deciso conduzir a um resultado esperado, pode deduzir-se a partir de observaes feitas num nmero suficientemente grande de casos de tal modo que se possa considerar que constituem um universo estatstico aceitvel.

Listas de verificao (checklists) Anlise Preliminar de riscos (PRA - Preliminary Risk Analysis) HAZOP (Hazard Operability Studies) FMEA (Failure Modes and Effects Analysis) rvores de Falhas (PTA - Fault Tree Analysis) rvores de Acontecimentos (ETA - Event Tree Analysis) MCA (Maximum Credible Accident Analysis)

No estudo efectuado foi utilizado o mtodo de Anlise Preliminar de Riscos. Seguidamente far-se- uma pequena abordagem ao mesmo.

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3.4 Anlise Preliminar de Riscos (APR)A tcnica de Anlise Preliminar de Riscos (MA - Preliminary Risk Analysis) um primeiro levantamento de riscos, um diagnstico, uma primeira avaliao dos riscos de segurana, higiene e sade, de um determinado sistema ou organizao. Constitui, um requisito essencial do planeamento do sistema de SHS e tem como objectivo conhecer os riscos inerentes s actividades e aos equipamentos.

A APR uma avaliao onde so identificados todos os riscos e procedimentos e condies de segurana, higiene e sade. Trata-se de uma metodologia para aplicao nas primeiras fases do desenvolvimento de um processo de Anlise de Riscos, quando a informao disponvel referente a pormenores e procedimentos de operao ainda escassa e no sistematizada. Esta anlise dever ser mais elaborada com o passar do tempo, podendo-se recorrer a outros mtodos, tais como os estatsticos ou outros. Porm na construo civil esses mtodos deixam de ter algum significado pois as equipas de trabalho nem sempre so as mesmas, a prpria diversidade de tarefas muito grande, conforme j foi frisado anteriormente.

Contudo este mtodo essencial no sector da construo civil, pois conforme se poder verificar mais frente, a ARP vai de encontro filosofia que ser aplicada no Plano de Segurana e Sade.

3.4.1 Caractersticas da APR

As vantagens de uma APR so evidentes:

Faz uma primeira abordagem aos riscos da organizao (Empreitada); Permite identificar perigos potenciais numa altura em que ainda podem ser corrigidos (podendo desta forma ser considerado um mtodo pr-activo);

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um instrumento imprescindvel para o desenvolvimento de sistemas de gesto e para o estabelecimento de procedimentos de segurana (essencial para a elaborao do Plano de Segurana e Sade).

Pode ser organizada tendo em conta os seguintes factores:

Actividades: identificar as actividades, operaes, processos e procedimentos que contenham um grau de risco sobre pessoas, equipamentos ou ambiente. Interaces entre a matria-prima e os sistemas de controlo;

Equipamentos e materiais perigosos: mquinas, ferramentas, combustveis, produtos qumicos de elevada reactividade, substncias txicas, sistemas de alta presso, etc.

Procedimentos: identificao das formas actuais de controlo, testes, manuteno, monitorizao, treino e respostas a emergncias;

Legislao e outros regulamentos: identifica toda a legislao e outros regulamentos subscritos pela organizao. A legislao e regulamentos incluem as actividades da empresa, equipamentos e produtos;

Servios auxiliares e equipamento de segurana: identifica os riscos de armazns, energia e fluidos, bem como o equipamento de segurana e a sua eficcia.

3.4.2 Relatrio final

O relatrio final , essencialmente, uma lista exaustiva de riscos, elementos bsicos e situaes perigosas. Neste caso, o relatrio mais no que uma primeira verso do Plano de Segurana e Sade (ainda que bastante incompleta).

O relatrio deve conter no mnimo:

Componentes e locais com propriedades perigosas, como, por exemplo, combustveis, explosivos, substncias perigosas, sistemas pressurizados, catalisadores, resduos e produtos finais;

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Factores caractersticos do ambiente de trabalho: rudo, qualidade do ar, vibraes, substncias txicas;

Estado de prontido e respostas a emergncias: deteco e combate a incndios, sadas de emergncia, comandos de componente humana;

Equipamentos e ferramentas, suas proteces e riscos operacionais; Condies e procedimentos de trabalho, relacionados com a interaco homemmquina e homem-ambiente de trabalho;

Disponibilidade e condies de utilizao, relacionado com o Equipamento de Proteco Individual;

Matrias-primas e outros produtos que apresentam no seu manuseamento, ou em funcionamento, aspectos crticos.

A APR requer um estudo antes de ser executada. Toda a informao respeitante organizao deve ser disponibilizada e estudada. Uma descrio conceptual do processo indispensvel. Poder ser determinado o objectivo da APR e o seu mbito. Previamente, podem ficar determinados o alcance e a profundidade do relatrio final.

A APR requer uma equipa ( conveniente que seja constituda pelo menos por 2 elementos) com alguma experincia em anlise de riscos e formao em Segurana, Higiene e Sade. No caso estudado a equipe foi formada pelo coordenador de estgio (Dr. Jorge Seabra) e por mim.

3.4.3 O que a Anlise de Riscos do Posto de Trabalho (ARPT)?

Uma forma de aumentar o conhecimento dos riscos no posto de trabalho executar uma Anlise de Riscos do Posto de Trabalho. A ARPT um procedimento que ajuda a integrar os princpios e prticas aceites da Higiene e Segurana, dirigido a uma operao particular. Na ARPT, cada operao bsica do posto de trabalho examinada para identificar potenciais riscos e determinar a melhor soluo para o posto de trabalho.

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3.4.3.1 Existem vantagens de executar a anlise de riscos do posto de trabalho? Existem! E a maior delas que este mtodo no confia na memria para identificar os riscos. A observao de desempenhos pouco frequentes, ou novos postos de trabalho, no prtica com a observao. Com esta anlise, a abordagem feita por um grupo mais alargado de trabalhadores experientes e os supervisores completam a anlise, atravs da discusso. Uma vantagem deste mtodo consiste em envolver mais pessoas, permitindo uma base mais alargada e mais experiente e promovendo maior credibilidade e aceitao dos procedimentos de trabalho resultantes.

Embora se possa considerar que a empreitada a executar no seja uma empreitada comum, algumas das operaes executadas so bastante comuns, o que torna mais fcil a identificao dos riscos.

A vantagem inicial quando se desenvolve uma APR toma-se mais clara com a evoluo da sua preparao. A anlise permite identificar riscos no detectados e aumentar o conhecimento desta participao. O conhecimento da Higiene e Segurana atingido, a comunicao entre trabalhadores e supervisores aumenta e a aceitao de procedimentos de trabalho promovida.

No caso concreto da cobertura do estdio recorreu-se colaborao da equipa de Preveno da Segurana, os quais fizeram tambm uma anlise dos vrios elementos.

A anlise completa, ou melhor, um procedimento escrito baseado na anlise, pode formar uma base para um contacto regular entre trabalhadores e supervisores, no que respeita Higiene e Segurana. Pode, tambm, servir para uma formao inicial e um guia de treino para trabalhos menos frequentes. O seu uso em inspeces e checklists importante, bem como nas investigaes de acidentes. Conforme se poder ver no Plano de Segurana e Sade esta anlise serviu para elaborar uma ficha de informao aos trabalhadores.

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3.4.3.2 Quais so as quatro operaes bsicas do processo de ARPT?

As quatro operaes bsicas na conduo de uma ARPT so:

Seleccionar o posto de trabalho para anlise; Dividir o posto de trabalho em operaes bsicas sequenciais; Identificar potenciais riscos; Determinar medidas de preveno para os riscos identificados.

3.4.3.3 O que importante saber para a seleco do posto de trabalho? O ideal ser analisar todos os postos de trabalho. Conforme se poder verificar no Plano de Segurana e Sade a filosofia aplicada tem esta orientao, ou seja, tentar identificar todos os riscos associados a uma determinada tarefa. Como ser bvio far-se- este estudo para todas as tarefas. Cada posto de trabalho requer uma reviso sempre que o equipamento, matria-prima, processos ou ambiente de trabalho sofrem mudanas. Por estas razes, necessrio identificar os postos de trabalho que merecem uma anlise. Mesmo que seja planeado analisar todos os postos de trabalho, esta operao deve ser seguida tendo em vista a prioridade dos postos que so mais crticos.

Factores a considerar na anlise da prioridade de postos de trabalho:

Frequncia e gravidade de acidentes (postos de trabalho com acidentes frequentes ou ocorrncias pouco frequentes mas com eleva da gravidade);

Potencial de danos para a Segurana e Sade (as consequncias dos acidentes potenciais, a perigosidade das condies existentes ou o grau de exposio a factores de risco grave;

Novos postos de trabalho (devido pouca experincia associada a estes postos, os riscos podem no ser evidentes ou antecipados);

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Mudanas no posto de trabalho (novos riscos podem estar associados aos factores objecto de mudanas);

Trabalhos no frequentes (trabalhadores podem estar expostos a um risco maior, quando executam trabalhos de no rotina e a ARPT providencia para uma reviso dos riscos).

3.4.3.4 Como se divide em operaes bsicas sequenciais?

Depois de feita a escolha do posto de trabalho, a sua anlise implica a diviso em operaes bsicas sequenciais. Por operao bsica entende-se um segmento da operao necessrio ao avano do trabalho. Deve ser posto algum cuidado ao dividir-se em operaes bsicas muito genricas, pois a falta de algum segmento importante poder esconder riscos associados relevantes. Por outro lado, se dividirmos com muito detalhe, poderemos ter demasiadas operaes. Para muitos postos de trabalho a descrio poder ser feita em menos de dez operaes. Se for necessrio uma descrio com mais do que dez operaes, deve, ento, dividir-se em dois segmentos de trabalho, cada um separadamente.

Um ponto importante na descrio ser manter as operaes de uma forma sequenciada. Uma operao fora do lugar, ou no lugar errado, pode conduzir no considerao de riscos ou introduo de riscos que no existem de facto na sequncia do trabalho.

Esta anlise preparada atravs da observao do trabalhador em laborao normal, mas no caso da construo ser efectuada tendo em conta a experincia da equipe que faz a anlise de riscos e perigos. O trabalhador do posto analisado deve ser envolvido no processo de anlise como forma de se obter a sua colaborao na identificao dos riscos e o seu empenhamento nas medidas preventivas subsequentes. O trabalho deve ser observado nas suas condies normais de exerccio (por exemplo, se o trabalho normalmente realizado noite, deve, ento, ser observado noite).

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Quando estiver completa a observao e registo, as operaes devem ser discutidas por todos (incluindo o trabalhador), para se assegurar que esto registadas na sua ordem correcta.

Neste caso de difcil execuo a tarefa de observar o trabalhador, devido s contingncias dos trabalhos realizados na construo civil e devido a anlise ser efectuada mesmo antes de se realizarem as tarefas. Para resolver este passo confiou-se na maturidade e conhecimento do Sr. Dr. Jorge Seabra.

3.4.3.5 Como identificar potenciais riscos?

Uma vez registadas as operaes bsicas, temos de identificar os potenciais riscos para cada operao. Baseado nas observaes, conhecimento de acidentes (suas causas) e pessoal experiente, listam-se as situaes que podem estar erradas em cada operao. Uma segunda observao pode ser executada se for necessrio. Uma vez que as operaes bsicas esto registadas, pode ser prestada maior ateno aos potenciais riscos. Neste momento, no devemos ser tentados a enunciar medidas correctivas ou preventivas.

Para ajudar a identificar potenciais riscos, o analista pode formular as seguintes questes:

Pode alguma parte do corpo ficar entre objectos? As ferramentas, mquinas ou equipamento apresentam algum risco? Pode o trabalhador ter algum contacto perigoso com objectos? Pode o trabalhador escorregar, tropear ou cair? Pode o trabalhador sofrer alguma fora para o elevar, puxar ou empurrar? O trabalhador est exposto a extremo frio ou calor? Existe demasiado rudo ou vibraes? Existe risco de queda de objectos? Existe algum problema de iluminao? Podem as condies atmosfricas afectar a segurana? Existe a possibilidade de radiaes? 41

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Pode haver contacto com substncias quentes, txicas ou custicas? Existem poeiras, fumos, vapores ou aerossis no ar?

3.5 A avaliao de riscos da coberturaAps uma primeira reunio com o Eng. Poo (responsvel da empresa que iria efectuar a colocao da cobertura), foram entregues vrias peas desenhadas, diagramas de Gantt (calendarizao dos trabalhos) e metodologias de trabalho, isto tudo para se ter uma melhor percepo da obra em si. Aps um estudo aos documentos fornecidos, ficou-se a saber que: A cobertura do estdio de Leiria foi projectada com elementos metlicos e foi pr-fabricada em instalao industrial exterior ao estaleiro. As tarefas envolvidas na sua montagem podemse dividir da seguinte forma:

Montagem dos pilares; Montagem dos elementos de apoio; Montagem das escoras; Montagem das asnas; Montagem da trelia e vigas circunferenciais; Montagem das vigas de contraventamento; Montagem das madres; Montagem dos mastros; Montagem dos tirantes; Montagem dos passadios.

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Figura 5 Peas da cobertura

Figura 6 Passadio

Embora esta avaliao de risco (efectuada para a elaborao do P.S.S.) tenha sido efectuada pela equipa de preveno na fase de execuo, no seguindo as linhas orientadoras da Directiva Estaleiros, esta no traz s desvantagens, pois desta forma ficam a conhecer-se as metodologias de construo que sero empregues pelo construtor. A ilao que se pode tirar que talvez a Directiva Estaleiros necessite de alguns ajustamentos (o que j est a ser feito!).Filipe Carlos

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Uma das melhorias que se poder fazer passa pela necessidade de responsabilizar os empreiteiros na elaborao do Plano de Segurana, pois existem alguns aspectos que o projectista no conhece partida, tais como os equipamentos utilizados pelo empreiteiro as tcnicas utilizadas na construo entre outros. Desta forma poder-se- verificar que o topo Norte no ter cobertura, e que, os topos nascente e poente tero asnas de maior dimenso. Tambm visvel na imagem a colocao dos mastros, isto , s sero colocados de trs em trs asnas.

Figura 7 Esquema geral da cobertura

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A primeira preocupao foi o transporte das asnas da unidade fabril para o estdio, visto estas apresentarem dimenses e pesos elevados. Dadas as caractersticas houve a necessidade se providenciarem os meios necessrios ao transporte dessas peas, nomeadamente um pedido Direco Geral de Viao, pois trata-se de um transporte especial. Este implica que o camio seja acompanhado por batedores. Outros riscos associados a esta tarefa so:

Coliso; Capotamento; Atropelamento; Queda de objectos; Deteriorao.

Contudo tambm foi identificada a tarefa antecessora que o carregamento da asna no camio/tractor com plataforma de carga. O carregamento ser efectuado atravs de uma grua prtico. Os riscos identificados foram a queda de objectos e entalamentos.

O descarregamento das asnas tambm foi tido em conta, pois este envolve o risco de queda de objectos. Esta tarefa ser efectuada atravs de uma grua mvel.

A segunda preocupao foi saber onde se iriam colocar as asnas no estdio. Como o estaleiro j estava definido, tanto os espaos sociais bem como os administrativos, fez-se um pequeno reajustamento ao mesmo tendo sido fornecido uma zona para a colocao das asnas e outros materiais antes de estas irem para a zona onde seria colocada. Foi tambm atribuda uma zona administrativa E.I.P. e uma social. Os riscos envolvidos no plano de estaleiro so essencialmente a desorganizao e as interferncias. Quanto ao Estado Geral do Estaleiro e utilizao do estaleiro foram identificados os seguintes riscos:

Insulabridade; Incomodidade; Coliso;

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Atropelamento; Quedas ao nvel; Queda de objectos; Electrocusso; Incndio; Desarrumao; Dificuldades de acesso.

Aps um primeiro estudo das peas fornecidas comearam a surgir algumas dvidas, nomeadamente ao nvel do escoramento das asnas e do modus operandi de algumas tarefas. Quanto ao do escoramento o Eng. Poo revelou-nos que j tinha delegado a um tcnico experiente essa questo, tendo desde logo apresentado o estudo j efectuado com as respectivas peas desenhadas.

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Figura 8 Escoramento das asnas

Conforme se pode verificar a montagem deste escoramento tambm apresenta alguns riscos, desta forma tentou-se entender o processo da colocao do escoramento para se poder separar todas as tarefas inerentes ao processo. Seguidamente fez-se o levantamento de riscos entre os quais podem-se destacar:

O transporte do escoramento envolve riscos de capotamento e a queda da carga; Na elevao do escoramento (risco de queda de objectos, quedas em altura, esmagamentos);

Na colocao dos contraventamentos (perigos de queda de objectos, esmagamento, queda em altura, cortes, caso a unio seja soldada pode haver risco de queimaduras).

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Em relao ao prprio escoramento pode-se afirmar que este apresenta perigos de colapso da estrutura caso exista alguma avaria do macaco hidrulico ou caso exista um defeito na elevao da asna podendo esta embater no escoramento provocando assim o colapso. Tambm se deve dar primazia plataforma de assentamento do escoramento, pois esta tambm pode provocar o colapso do mesmo. Ainda em relao ao escoramento ficou-se a saber que somente as asnas maiores (do topo nascente e poente) necessitariam do mesmo.

A tarefa seguinte a ser efectuada seria ento a montagem do pilar. Os riscos envolvidos restringem-se queda de objectos e queda em altura. Os equipamentos envolvidos nesta operao sero a grua mvel e plataformas elevatrias mveis. Os equipamentos tambm apresentam riscos nomeadamente o momento mximo tanto da grua mvel como da plataforma, ao qual podem ocorrer riscos de queda em altura e queda de objectos.

Seguidamente sero colocados os elementos de apoio. As principais preocupaes envolvem a queda em altura bem como a queda de objectos, tambm no de excluir os cortes e entalamentos.

A montagem das asnas foi explicada pelo Sr. Eng. Poo e verificou-se que inicialmente seriam colocadas as asnas do topo sul. O processo de colocao consistia na elevao de duas asnas de cada vez. Este processo implicaria que as vigas circunferenciais, a trelia e as madres fossem montadas antes da elevao das mesmas, o que implicaria uma reduo de riscos, pois evitava os trabalhos em altura. Um problema que se levantou foi saber se as gruas teriam ou no capacidade suficiente para elevar estas peas. Foi confirmado pelo Eng. Poo que as gruas mveis que iriam para a obra teriam capacidade suficiente para executar esta tarefa.

Conforme j foi referido as asnas dos topos nascente e poente so de maior dimenso que as do topo sul, da resulta que a colocao no ser da mesma forma, ou seja, sero colocadas de uma a uma. Da mesma forma que se levantaram dvidas quanto capacidade da grua para elevar as asnas do topo sul mantiveram-se para a elevao destas. Foi garantido que este problema no se punha, contudo ainda no estava decidido se as asnas seriam elevadas na sua

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totalidade ou por partes. Este aspecto devia-se ao facto das asnas serem de grandes dimenses (algumas tinham um comprimento superior a 60 metros) o que obrigava a uma diviso destas. Esta opo foi tomada para evitar alguns problemas no momento do transporte. Como estas peas iriam para o estaleiro partidas havia duas hipteses, que consistiam em:

Elevar uma parte da asna e coloc-la no pilar e seguidamente elevar a restante parte e proceder ao seu aparafusamento;

A outra hiptese consistia em aparafusar as duas partes da asna no solo e s depois que se iria elevar a mesma.

Ambas as solues apresentam desvantagens ao nvel da segurana. A segunda hiptese apresenta como riscos adicionais o aparafusamento das duas peas em altura o que implica os riscos de queda de objectos e queda em altura, estes no seriam de considerar caso se optasse pela primeira hiptese.

O passo seguinte a fixao do tirante tubular, conforme se pode ver na figura n. 8 o tirante localizado no lado direito. Este j vai ligado asna no momento da sua elevao faltando por isso a sua ligao ao pilar de beto armado. Os riscos envolvidos so por isso as quedas em altura, queda de objectos e entalamentos. A tcnica utilizada para a fixao do tirante implicou a utilizao de tir-for. Outros equipamentos utilizados foram a grua mvel, plataforma elevatria e macacos hidrulicos.

A colocao do mastro, a montagem das trelias, vigas circunferenciais, as vigas de contraventamento, as madres e os passadios, embora sejam operaes distintas envolvem a mesma filosofia de trabalho, apresentam os mesmos riscos que so:

Quedas em altura; Queda de objectos; Entalamentos.

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Figura 9 Localizao da zona de aparafusamento da escora

Figura 10 Pormenor da ligao do tirante

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Foi tambm comunicado pelo Sr. Eng. Poo que iriam ser evitadas as soldaduras, caso estas ocorram seriam espordicas. Outro assunto importante a possvel utilizao de bailus em substituio das plataformas elevatrias, embora os riscos sejam os mesmos existem algumas condicionantes que mais adiante iro ser apresentadas.

Conforme foi explicado na ARPT a abordagem seria feita por um grupo mais alargado e com pessoas experientes, foi o que veio a verificar-se, pois a anlise a equipamentos, matriaprima, processos ou ambiente de trabalho, foi realizada pelo Sr. Dr. Jorge Seabra que contou tambm com a restante equipa de preveno.

Existem tambm factores que so passveis de apresentarem riscos como por exemplo:

Admisso do pessoal de trabalho (falta de qualificao, falta de condies de sade adequadas, clandestinidade);

Carga de pessoal na obra (riscos de interferncias, insuficincia de equipamentos de proteco, insuficincia das instalaes sociais, controlo de equipas e de actividades);

Cooperao entre subempreiteiros (interferncias, desorganizao); Condies de trabalho (falta de ambiente de trabalho, irregularidades tais como o lcool a droga);

Horrio de trabalho (muito importante, pois conforme se veio a verificar houve um atraso da obra o que levou laborao 24 horas por dia criando riscos de stresse, cansao).

Nesta fase no se ir apresentar as medidas de preveno pois estas sero referidas no plano de segurana. Quanto ao relatrio da ARPT e como este mais no representa que um rascunho do PSS no ser apresentado.

Quanto a questes de segurana pode-se afirmar que as tarefas envolvidas na montagem da cobertura so de risco elevado.Filipe Carlos

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O Plano de Segurana e Sade

O Plano de Segurana e Sade constitui o principal instrumento da Preveno para a segurana na obra.

O PSS relaciona-se com as duas grandes "Fases" de uma obra de construo civil:

O Projecto A Execuo

Desta forma, ele integra os dois grandes princpios enformadores da "Directiva Estaleiros"/Decreto-Lei 155/95:

A Preveno Integrada A Coordenao Plano de Segurana Sade, constitui em si mesmo, a expresso correcta da integrao no processo de construo do factor Preveno. Para isso, o Coordenador de Segurana Sade no Projecto (neste caso, conforme j foi referido, esta tarefa recaiu ao Coordenador de Segurana e Sade na obra), presente desde o incio de todo o processo na fase de elaborao do projecto fez intervir, atravs da previso de riscos, a necessidade de serem tidas em conta as questes da preveno na concepo geral do projecto, nas orientaes definidas para a execuo global da obra.

Coordenador de Segurana e Sade na obra, por seu lado, utilizar o plano para confrontar as exigncias com as condies reais criadas pelos empreiteiros que executaro a obra, aproximar estas o mais possvel daquelas, tendo de adoptar uma flexibilidade suficiente para garantir um nvel satisfatrio de cumprimento das indicaes contidas no plano, por um lado e aceitar as propostas de alterao dos empreiteiros, por outro no mbito da realizao dos vrios trabalhos que ela inclui.

Coordenador de Segurana e Sade na obra, desenvolver portanto, como a prpria identificao da sua funo indica, a coordenao designadamente entre os vrios empreiteiros que esto presentes no estaleiro, para que, em termos de Preveno em 52

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primeiro lugar, seja adquirida uma resultante ao nvel da segurana que corresponda ao que definido no Plano de Segurana Sade, que diminua ao mnimo as possibilidades de ocorrncia de acidentes de trabalho.

4.1 Aspectos tericosSeguidamente far-se- uma pequena apresentao terica das caractersticas que se devem observar na elaborao do Plano de Segurana e Sade.

4.1.1 Natureza do plano

O Plano de Segurana identificado no regime legal como o principal instrumento de preveno dos riscos profissionais nos estaleiros das obras de construo. Entende-se, pois que face especificidade da actividade da Construo, a preveno dos riscos profissionais s poder ser desenvolvida eficazmente se for apoiada num projecto que contenha a identificao dos riscos previsveis e a relao das principais medidas preventivas a observar. O Plano de Segurana e Sade ter um contedo sempre muito dependente do tipo de obra que se vai executar, da sua dimenso, do grau de especializao dos vrios trabalhos a desenvolver, da diversidade de empreiteiros, enfim do grau de complexidade da obra.

4.1.2 Momento da elaborao

A lei determina que a abertura do estaleiro no se poder verificar sem a existncia do Plano de Segurana e Sade respectivo. Significa isto que o Plano dever ser elaborado durante a fase de projecto e ter em linha de conta as definies arquitectnicas estabelecidas para a edificao e as solues tcnicas preconizadas para o processo construtivo. Assim, para alm das peas constitutivas do projecto sero, tambm, elementos importantes para uma correcta elaborao do Plano, algumas referncias contidas nos cadernos de encargos e diversos aspectos decorrentes da negociao das propostas de adjudicao.

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4.1.3 Responsabilidade pela elaborao

A lei estabelece que o Dono de Obra deve assegurar a existncia do Plano de Segurana e Sade. Dever, pois, entender-se que o Dono de Obra ter de cumprir esta obrigao, confiando a elaborao deste documento a um tcnico qualificado para o efeito. Este tcnico ser, preferencialmente, como a lei sugere, o Coordenador de Segurana e Sade para a fase de projecto ou, eventualmente, outro tcnico por si designado, caso em que deve, igualmente, dispor da indispensvel qualificao tcnica.

4.1.4 Utilizao do plano

Conforme j se referiu, o Plano de Segurana constitui o principal instrumento de preveno de riscos profissionais no estaleiro da obra. Por isso, o Dono de Obra deve remeter este documento ao empreiteiro e aos subempreiteiros, atravs do Coordenador de Segurana da Obra. Por outro lado, os empreiteiros e os subempreiteiros devem propor quele Coordenador as necessrias alteraes do Plano sempre que verifiquem a existncia de especificaes desajustadas aos processos construtivos ou aos mtodos de trabalho por si utilizados naquela obra.

4.1.5 Estrutura do plano

O Plano de Segurana s poder pois, desempenhar a sua funo se responder directamente s situaes concretas de uma determinada obra. Assim, julga-se que na sua estrutura fundamental se devero reunir elementos essenciais de informao, caracterizao e planificao.

Entre os elementos de informao possveis, destacaramos os que se reportam a:

Interlocutores: Dono de obra, autor do projecto, coordenadores de segurana tcnico responsvel da obra e fiscal da obra;

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Intervenientes: Empreiteiro, subempreiteiro e trabalhadores independentes; Obra: Elementos identificadores da obra; Trabalhos: Incio e termo previsveis e volume de mo-de-obra.

Ao nvel da caracterizao, ser de sistematizar elementos de anlise relativos a:

Projecto: Tipologia da edificao, uso previsto, opes arquitectnicas relevantes, solues tcnicas preconizadas e materiais a utilizar;

Obra: Implantao da obra, geologia do terreno e envolvncias, incluindo as redes tcnicas pr-existentes;

Estaleiro: Processos de armazenagem e de apoio produo, sistemas de acesso, de circulao, de apoios sociais e de redes tcnicas provisrias do estaleiro e, ainda, a previso relativa evacuao dos resduos;

Trabalhos: Cronograma das operaes; Equipamentos: Natureza dos equipamentos a utilizar, em particular dos equipamentos fixos e equipamentos de utilizao comum.

A Planificao, por sua vez, dever ter em conta dois grandes domnios de interveno:

A organizao do estaleiro; O processo construtivo.

No que respeita organizao do estaleiro, devero ser equacionados todos os aspectos determinantes do seu bom funcionamento, como sejam: Os elementos da envolvente (linhas areas, redes tcnicas subterrneas, por exemplo), as zonas de armazenagem e de apoio produo, os acessos e as vias de circulao, a sinalizao de segurana, as redes tcnicas do estaleiro, a instalao dos equipamentos fixos, a evacuao e depsito de resduos, os apoios sociais, os avisos e o sistema de emergncia. O processo construtivo, por sua vez, dever ser abordado de acordo com o cronograma, operao a operao, estabelecendo-se para cada uma delas a previso dos riscos correspondentes, por referncia sua origem (materiais, equipamentos e modos operatrios).

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Uma vez listados e hierarquizados os riscos, haver que estabelecer as adequadas tcnicas de preveno. A apresentao desta planificao poder, deste modo, obedecer a uma sistematizao do tipo seguinte:

Figura 11 Ficha tipo

4.1.6 Riscos especiais

Caso a execuo do projecto implique a ocorrncia de riscos especiais para a segurana e sade dos trabalhadores, o Plano deve conter uma programao detalhada dos respectivos trabalhos.

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4.1.7 Anexos do plano

O Plano de Segurana e Sade pode ainda incluir, como anexos, outros documentos que se afigurem necessrios e adequados situao concreta do projecto em execuo, como sejam:

Determinadas peas do projecto; Planos de pormenor (riscos e trabalhos especiais); Contratos relativos coordenao de segurana; Definio de papis, tarefas e responsabilidades; Informaes e conselhos de segurana sobre situaes relevantes (como seja, produtos qumicos, manuteno de equipamentos...);

Suportes para registo da actividade de coordenao de segurana e sade, tais como: o Fichas de controlo de equipamentos e instalaes, o Modelos de relatrios de avaliao das condies de segurana do estaleiro; o Fichas de inqurito de acidentes de trabalho: o Modelos para registo de reunies de coordenao; o Modelos para notificao aos empreiteiros, subempreiteiros e trabalhadores independentes.

4.2 O Plano de Segurana e Sade no estdioAps o procedimento da avaliao de riscos necessrio materializar este processo no Plano se Segurana e Sade. Conforme foi notrio na avaliao de riscos no se indicaram nenhumas medidas de preveno, esse facto foi pr